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Gestão da Inovação no Setor Público Construindo a capacidade de inovação no setor público3 M ód ul o 2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2021 Enap Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Diogo Godinho Ramos Costa Diretor de Desenvolvimento Profissional Paulo Marques Coordenador-Geral de Produção de Web Carlos Eduardo dos Santos Conteudista Andrea Faria (conteudista, 2021) Equipe responsável Andrea Faria, 2021 Curso desenvolvido no âmbito da Diretoria de Desenvolvimento Profissional – DDPRO. Curso produzido em Brasília 2021. Desenvolvimento do curso realizado por meio de parceria entre Enap e Funape. 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1. Laboratórios de inovação .............................................................. 5 1.1 Contextualização ............................................................................. 5 1.2 Laboratórios de inovação em governo ............................................ 6 1.3 Estrutura física ................................................................................. 6 1.4 Atividades principais ........................................................................ 7 1.5 Tipologia dos laboratórios de inovação ........................................... 8 1.6 GNova: laboratório de inovação em governo .................................. 9 2. Casos de inovação ...................................................................... 10 2.1 Contextualização ........................................................................... 10 2.2 Caso de Inovação: Kodak ............................................................... 11 2.3 Caso de inovação: destaque sustentabilidade do 20º Concurso Inovação da Enap ................................................................................ 14 2.4 Caso de inovação: TáxiGov: mobilidade de servidores no governo federal. Finalista do 22º Concurso Inovação da Enap ......................... 15 3. Termos mais utilizados na área de inovação ............................... 16 3.1 Termos ........................................................................................... 16 Referências .................................................................................... 22 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Olá! Estamos muito felizes que você chegou ao último módulo do nosso curso de Gestão da Inovação no Setor Público. Neste módulo 3 abordaremos os seguintes tópicos: Unidade 1. Laboratórios de inovação 1.1 Contextualização 1.2 Laboratórios de inovação em governo 1.3 Estrutura física 1.4 Atividades principais 1.5 Tipologia dos laboratórios de inovação 1.6 GNova: laboratório de inovação em governo Unidade 2. Casos de inovação 2.1 Contextualização 2.2 Caso de Inovação: Kodak 2.3 Caso de inovação: destaque sustentabilidade do 20º Concurso Inovação da Enap 2.4 Caso de inovação: TáxiGov: mobilidade de servidores no governo federal. Finalista do 22º Concurso Inovação da Enap Unidade 3. Termos mais utilizados na área de inovação 3.1 Termos Desejamos um excelente estudo! Unidade 1. Laboratórios de inovação Objetivo de aprendizagem: Ao final da unidade, você será capaz de identificar as características dos laboratórios de inovação. 1.1 Contextualização Os laboratórios de inovação são ambientes criativos e estimulantes, nos quais equipes com perfis multidisciplinares empregam métodos e abordagens variadas, problematizando, criando, experimentando, prototipando e testando novas soluções inovadoras e/ou fomentando uma cultura de inovação. M ód ul o Construindo a capacidade de inovação no setor público3 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública “As melhores ideias raramente surgem quando você está na sua estação de trabalho ou numa imponente sala de reuniões”, disse Vuyo Mpako, diretor de inovação do Standard Bank. De fato, os inovadores geralmente creditam muitos dos seus “momentos eureka” à colaboração em grupo em ambientes criativos ou em eventos imersivos. Atualmente, quase todas as grandes empresas têm um laboratório de inovação. Essa tendência tornou-se tão vital para os negócios que, atualmente, esses laboratórios estão presentes em universidades e diversos setores econômicos, tais como nas telecomunicações, no sistema bancário, na saúde, nos seguros e até em governos. Destaque h, h, h, h, Sabemos que a inovação acontece quando você gera valor a partir de ideias. Os laboratórios de inovação são, portanto, estruturas que exploram criativamente novas ideias para alcançar diferentes resultados. 1.2 Laboratórios de inovação em governo À medida que aumenta, nas estruturas de governo, o interesse pelo desenvolvimento de estratégias de inovação, a ideia de estabelecer unidades de inovação, equipes de inovação ou laboratórios de inovação torna-se mais popular. Os laboratórios de inovação em governo têm sido vistos como uma solução prática para criarem capacidades de inovação no setor público. Segundo o relatório do PNUD Growing Government Innovation Labs, essas unidades são, fundamentalmente, espaços de parceria em que o governo e outras organizações experimentam novas maneiras de resolver velhos problemas, envolvendo em seus processos funcionários públicos com equipes multidisciplinares formada por designers, engenheiros, desenvolvedores, economistas, pesquisadores entre outros perfis. 1.3 Estrutura física De forma geral, o espaço físico de um laboratório de inovação tem um visual bem diferente do leiaute de uma repartição pública, por exemplo. Desde o mobiliário, que inclui grandes mesas, mesas agrupadas em ilhas, até a escolha das cores, tudo pretende criar uma ambiência que favoreça o acolhimento, a criatividade e a interação. Figura 28 – Ambientes de laboratórios de inovação (Fonte: https://thefinancialbrand.com/52177/7-of-the-coolest-innovation-labs-in-banking/) 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A fim de permitir atividades de brainstorm, por exemplo, as paredes costumam ser transformadas em quadros brancos, do chão ao teto. Também são comuns que espaços sejam criados para lounges, área para café, espaços para reuniões colaborativas e confortáveis. No geral, o espaço possui um plano aberto que ajuda a criar um ambiente divertido, vibrante e estimulante. 1.4 Atividades principais O espectro de atividades de um laboratório varia bastante. Alguns laboratórios trabalham realizando pesquisa etnográfica, outros realizam análises de BigData, muitos se concentram em aplicar o Design Thinking para desenvolver soluções para desafios propostos, alguns realizam experimentos, testes controlados, iniciativas de gamificação, outros animam a formação de redes de inovadores, cursos de capacitação e concursos de inovação. Ou seja, as atividades de um laboratório de inovação podem concentrar-se diretamente no desenvolvimento de inovação e/ou no fortalecimento do ecossistema de inovação e no fomento à cultura de inovação. Figura 29 – Ambientes de laboratórios de inovação (Fonte: https://thefinancialbrand.com/52177/7-of-the-coolest-innovation-labs-in-banking/) Figura 30 – Ambientes de laboratórios de inovação (Fonte: https://thefinancialbrand.com/52177/7-of-the-coolest-innovation-labs-in-banking/) 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A Enap, por meio de seu laboratório de inovação em governo, financiou uma pesquisa a partir da qual foi desenvolvida uma tipologia que poderá ser útil para você visualizar o amplo espectro de atividades que um laboratório pode assumir. 1.5 Tipologia dos laboratórios de inovação Nessa tipologia para laboratórios de inovação em governo foram criados sete tipos de laboratórios de inovação. Ressaltamos que essa tipologia é apenas um esforço para classificaras atividades predominantes de um laboratório. Na prática, um laboratório pode assumir um mix dos tipos a seguir, ou pode variar de tipo ao longo de sua história. Laboratório de inovação tipo: animador Atuam, prioritariamente, na formação de redes e disseminação da cultura de inovação, por meio de espaços colaborativos, prêmios e concursos de inovação, vivências e competições, tais como: hackathons. Laboratório de inovação tipo: hacker Utilizam amplamente a ciência de dados, trabalhando com análises que envolvem um grande volume de dados, também realizam estudos de tendências, experimentos usando inteligência artificial e machine learning, além de prospectarem tecnologias. Laboratório de inovação tipo: financiador Captam e gerenciam recursos financeiros para alocação em projetos de inovação, publicam editais de seleção de projetos, fomentam o ecossistema de start-ups, apoiam e realizam mentoria em plano de negócios. Figura 31 – A importância de ambientes criativos para o processo de inovação (Fonte: Adaptada de https://blogs.ubc.ca/yuka/philosophy/world-outside-of-the-box/) 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Laboratório de inovação tipo: nudge Atuam em experimentos sobre a arquitetura da escolha, pesquisas da ciência do comportamento, mapas de insights e outras ferramentas que possibilitem inspirar mudanças em ações, serviços e projetos. Laboratório de inovação tipo: formador Atuam, prioritariamente, na disseminação e aplicação de metodologias inovadoras, melhorias em processos e na capacitação para inovação. Laboratório de inovação tipo: empático Atuam na execução de pesquisas com os usuários (etnografia) que buscam compreender como o outro se sente impactado pelas ações, projetos e mudanças internas e externas às organizações. Laboratório de inovação tipo: acelerador Atuam somando-se, por um período de tempo determinado, a equipes advindas de diferentes órgãos do governo, nas diversas fases de um projeto de inovação: problematização, ideação, prototipagem, comunicação. 1.6 GNova: laboratório de inovação em governo O GNova é o laboratório de inovação pioneiro do governo federal brasileiro – lançado em agosto de 2016 – sendo resultado de uma parceria entre a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e o, à época denominado, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Nos seus primeiros anos, o GNova contou com a mentoria do laboratório de inovação dinamarquês MindLab. Figura 32 – GNova: laboratório de inovação em governo (Fonte: https://gnova.enap.gov.br/pt/) 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O GNova define-se como um espaço voltado ao desenvolvimento de soluções com menos burocracia e mais eficiência para os serviços públicos. A visão é a inovação como prática sistêmica e transformadora no setor público. Já a missão é desenvolver soluções inovadoras em projetos com instituições do governo federal para que o serviço público possa responder com mais eficiência às demandas dos cidadãos. Fisicamente, o GNova localiza-se na Enap, porém esse laboratório estabelece parcerias com diversos órgãos da administração pública federal, em diferentes estados, em projetos que envolvem: imersão nos problemas, ideação, prototipagem e teste de soluções. O GNova também mantém outras atividades que fomentam o ecossistema de inovação brasileiro, entre elas: o GNPapo (uma reunião informal com convidados especialistas em temas que dividem suas impressões e conhecimentos com toda a comunidade de servidores presentes aos eventos), programa de bolsas de pesquisa e de inovação e o Concurso Inovação no Setor Público. Para conhecer um pouco mais sobre o laboratório de inovação, visite a página do GNova ou acompanhe a rede social @gnovalab. Unidade 2. Casos de inovação Objetivo de aprendizagem: Ao final da unidade, você será capaz de indicar casos de inovação. 2.1 Contextualização Reunimos nessa seção alguns casos de inovação para análise. Antes, porém, vamos apresentar o “modo de uso” desses casos. Sim! Precisamos acordar que os casos não são uma receita pronta a ser seguida. Não espere encontrar uma “receita de inovação” para ser replicada na sua atividade. Figura 33, 34 e 35 – GNova: laboratório de inovação em governo (Fonte: https://gnova.enap.gov.br/pt/) https://gnova.enap.gov.br/pt/ https://gnova.enap.gov.br/pt/ 11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Contudo, temos certeza de que, ao conhecer essas histórias, você irá ampliar seu repertório, fazer conexões e comparações, construir suas lições aprendidas, ampliar a capacidade de observação. Essas ações serão, sem dúvida, preciosas no desenvolvimento e aprimoramento do seu modelo mental inovador e, inclusive, em futuros projetos de inovação. Selecionamos três casos de inovação. Dois deles exitosos. Sim, aprendemos com os erros! Aliás, esse é um conhecido mantra da inovação: Aprender com os erros. Dos três casos a serem apresentados, dois deles são advindos do setor público, e um da iniciativa privada. Novamente, cabe uma ressalva, permitam-se ser inspirados por casos advindos de qualquer esfera, pública ou privada. Estão lembrados? Não estamos em busca de receita pronta, e sim de inspirações e reflexões que irão compor nosso portfólio mental inovador. Quanto à classificação do tipo de inovação dos casos a serem apresentados, um deles é uma inovação de produto (Kodak Company), outro é uma inovação de processo (reciclagem) e o último é uma inovação de serviços (TáxiGov). Vamos lá! O primeiro caso a ser estudado será o da empresa Kodak. Se você tem mais de 30 anos certamente se lembra de filmes em rolo e da necessidade de impressão de fotos em papel para visualizarmos o resultado. 2.2 Caso de inovação: Kodak Penso que todos vocês se recordam da Eastman Kodak Company ou simplesmente Kodak. Uma empresa fundada no século 19, que, ao longo de sua história, transformou-se em uma gigante multinacional, dominando o mercado de filmes fotográficos, papéis e impressão fotográfica, inclusive câmeras e lentes fotográficas durante a maior parte do século 20, e entrando em processo de falência no início do século 21, abalada por uma nova tecnologia: as câmeras digitais. Figura 36 – A importância de aprender com os erros 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Nos seus áureos tempos, a Kodak Company dominou o mercado americano, cerca de 85% das câmeras e 90% dos filmes fotográficos vendidos no Estados Unidos eram Kodak. O seu poderio econômico também alcançou diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Em 1997, a Kodak atingiu seu maior valor de mercado, faturando 31 bilhões de dólares. A Kodak pode ser descrita como uma empresa inovadora. Ao longo de sua história desenvolveu e lançou diversos produtos bastante inovadores, exemplos disso são os filmes fotográficos coloridos e as câmeras portáteis. Até o seu slogan pode ser considerado como “portador de futuro” por apontar, anos antes, para uma tendência atual: Share moments. Share life em uma tradução livre, compartilhe momentos, compartilhe vida. Ou seja, até no seu slogan a Kodak estava antenada com o futuro que a esperaria. Como uma empresa organizada, ela contava com um departamento de pesquisa e desenvolvimento e com muitos funcionários bastante qualificados. Aliás, foi exatamente esse departamento de pesquisa e desenvolvimento que criou a câmera digital! Isso mesmo! Uma inovação de produto que acabou por impactar completamente e negativamente a Kodak. A câmera digital não foi criada por um concorrente, e sim, por um dos seus engenheiros. Em 1975, Steven Sasson (foto) desenvolveu a câmera digital, que já previa compressão dos dados e cartão de memória. Figura 37 – Logo da Kodak (Fonte: https://www.designhill.com/design-blog/history-of-evolution-of-the-kodak-logo/) Figura 38 – Slogan da Kodak: Compartilhe momentos. Compartilhe vida. (Fonte: https://collections.museumsvictoria.com.au/items/2048585) 13Enap Fundação EscolaNacional de Administração Pública Figura 40 – Transição de paradigmas Figura 39 – Steven Sasson e seu protótipo de câmera digital (Fonte: http://www.internethistorypodcast.com/2016/07/inventor-of-the-first-digital-camera-steven-sasson/) Você pode estar se perguntando, será que esse engenheiro contou sobre a novidade aos diretores da empresa? Você pode estar até criando uma teoria da conspiração… Não! De fato, Steve Sasson e equipe apresentaram aquele protótipo inovador (foto) à direção da Kodak! Agora reflita, por que a Kodak não identificou que estava diante de uma inovação disruptiva? Por que a empresa não se preparou para este novo mercado? Poderemos achar que a direção da Kodak não conseguiu identificar a fotografia digital como uma tecnologia disruptiva ou a próxima grande novidade, o que, sem dúvida, deve ter ocorrido por um tempo. Mas o fato que estudiosos desse caso apontam como maior obstáculo foi o de permanecer em negação por muito tempo. Considere que a novidade tinha o impacto de destruir o negócio gigante, complexo e lucrativo, à época. A Kodak tinha todo o seu modelo de negócio com base em impressão de papel fotográfico e venda de filme. Como se reinventar? Esse dilema vivido pela Kodak foi descrito posteriormente por Clayton Christensen como o dilema do inovador. A Kodak apostou que a nova tecnologia demoraria pelo menos uma década para se implantar e decidiu continuar apostando no seu modelo de negócios. Lembra-se do que falamos no início do curso? Sobre a velocidade das mudanças na tecnologia, na ciência e no comportamento? Pois é, moral da história: apesar de a Kodak ter desenvolvido 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública um produto inovador, não apostou no seu potencial, ficou imersa no seu mundo conhecido, não prospectou junto a seus usuários: “você continuaria a imprimir fotos, mesmo se tivesse acesso a estas fotos no computador?”; não apostou que as ondas de inovação são cada vez mais rápidas! Você já deve saber o fim da história. Outras empresas desenvolveram câmeras digitais. Um novo mercado foi criado. E o tempo que a Kodak perdeu, assimilando sua própria criação face ao seu modelo de negócio da época, foi demasiado e resultou na perda de espaço no mercado. A Kodak saiu da posição de uma grande multinacional para uma empresa restrita a um nicho de mercado, faturando fração do seu faturamento anterior. 2.3 Caso de inovação: destaque sustentabilidade do 20º Concurso Inovação da Enap Nosso próximo caso de inovação vem do setor público. Iremos abordar uma inovação de processo que resultou em um incrível e exitoso caso inovador. Assista ao vídeo disponibilizado pelo link a seguir. O vídeo aborda sobre a situação enfrentada pela Receita Federal que apreende um grande volume de bebidas alcoólicas falsificadas e contrabandeadas. Em muitas situações, o único destino recomendado ou permitido para essas mercadorias é a destruição ou inutilização. Veja a solução inovadora encontrada pela instituição. Destaque sustentabilidade: Destinação de bebidas apreendidas pela Receita Federal (MF) A Receita Federal apreende um grande volume de bebidas alcoólicas falsificadas e contrabandeadas. Em muitas situações, o único destino recomendado ou permiti... CLIQUE PARA VER NO YOUTUBE > Após conhecer esse caso de inovação, você poderia apontar qual a maior tecnologia utilizada pela Receita Federal de Santa Maria neste caso? Se respondeu algo como dinamismo, inconformismo, pensamento inovador, articulação ou outros adjetivos nessa linha, acertou. A ação que atingiu o êxito foi a aproximação com a Universidade Federal de Santa Maria em busca de soluções para o problema. Os setores da administração pública envolvidos não se conformaram com o status quo que a apreensão de bebidas falsificadas tinha. Abandonaram a intensa rotina, por um período, e se reuniram em um projeto em busca de soluções. E quais soluções encontraram? Saíram de uma situação de grande impacto ambiental e altos custos de armazenagem e a transformaram em produtos que poderão ser utilizados por toda a comunidade. Figura 41 – Apreensão de bebidas falsificadas pela Receita Federal (Fonte: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/acoes-da-receita-federal) https://cdn.embedly.com/widgets/media.html?src=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fembed%2FXCg6peU_1xw%3Ffeature%3Doembed&display_name=YouTube&url=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DXCg6peU_1xw&image=https%3A%2F%2Fi.ytimg.com%2Fvi%2FXCg6peU_1xw%2Fhqdefault.jpg&key=40cb30655a7f4a46adaaf18efb05db21&type=text%2Fhtml&schema=youtube 15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública No DNA desse caso de inovação, encontramos ingredientes associados ao inconformismo, à esperança de um resultado melhor em nosso serviço público, ao esforço de não se acomodar e procurar articulação com outros parceiros. Lembram-se de quando, no início do curso, afirmamos que nem toda inovação envolve uma tecnologia de ponta e inacessível? Pois é, este é um caso muito inspirador. Acesse o repositório da Enap e veja a iniciativa inovadora que tem por objetivo auxiliar o Ministério da Saúde/SNT/CNT a transportar órgãos, tecidos e equipes médicas com mais eficiência e segurança. 2.4 Caso de inovação: TáxiGov: mobilidade de servidores no governo federal. Finalista do 22º Concurso Inovação da Enap Nosso último caso de inovação também vem do setor público. Iremos abordar uma inovação de serviço e de processo que resultou em um exitoso caso inovador. Assista ao vídeo produzido pela Enap: TÁXIGOV: Mobilidade de servidores no governo federal Cada vez mais, a realidade e a demanda exigente dos cidadãos pressionam o setor público a diminuir despesas com serviços não padronizados entre órgãos da Adm... CLIQUE PARA VER NO YOUTUBE > Tendo assistido ao vídeo sobre a inovação, você consegue perceber uma característica do modelo mental da proposta elaborada pelos servidores? Se respondeu: buscar inspiração em outras iniciativas de outros setores, acertou! A iniciativa desenvolvida pelo então Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão é claramente inspirada em aplicativos de transporte privados, porém adaptada às demandas do setor público. Fechando as pontas, lembra-se de quando, no início do curso, afirmamos que uma inovação não precisa ser inédita? Sim, você pode e deve deixar-se inspirar por outras iniciativas! Aliás, esse olhar curioso e atento a outros exemplos, esse desejo, cultivado, de buscar inspirações em outras áreas da vida, cinema e viagens, por exemplo, caracteriza o modelo mental de inovadores. Quanto à iniciativa TáxiGov, você consegue imaginar a Figura 42 – TáxiGov (Fonte: https://www.showmetech.com.br/ taxigov-uber-para-funcionarios-publicos/) https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/2700 https://cdn.embedly.com/widgets/media.html?src=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fembed%2FXRZrES9b1tk%3Ffeature%3Doembed&display_name=YouTube&url=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DXRZrES9b1tk&image=https%3A%2F%2Fi.ytimg.com%2Fvi%2FXRZrES9b1tk%2Fhqdefault.jpg&key=40cb30655a7f4a46adaaf18efb05db21&type=text%2Fhtml&schema=youtube 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública economia de recursos na compra e na manutenção da frota de carros oficiais? Apenas no seu primeiro ano de implantação, mais de 25 mil servidores e colaboradores de 24 órgãos foram cadastrados para utilizar essa solução de mobilidade para deslocamentos a serviço. A média de avaliação dos motoristas e dos carros foi de 4,97 – de um total de cinco estrelas e a economia gerada já alcançou a meta de 60% em relação aos modelos anteriores. Entre os benefícios do TáxiGov para a gestão pública e para os cidadãos, podemos citar: 1 Melhoria do gasto público, com pagamento do serviço pelo quilômetro efetivamente rodado e tempo percorrido, sem cobrança de franquias ou mensalidades. 2 Padronização do serviço, com operação, gestão e pagamento centralizados para os órgãos da administraçãodireta. 3 Solicitação das corridas e gestão do serviço em tempo real, com maior transparência, e com o uso intensivo de tecnologia da informação. 4 Redução dos custos. Ficou interessado em conhecer melhor esse caso de inovação? Então acesse o caso no repositório da Enap. Unidade 3. Termos mais utilizados na área de inovação Objetivo de aprendizagem: Ao final da unidade, você será capaz de identificar expressões e neologismos frequentes no ecossistema da inovação. 3.1 Termos Figura 43 – Grande volume de novos termos e informações https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/4154 17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Chegamos à última unidade do curso! Se você chegou até aqui com os seus neurônios saudáveis e ainda mais criativos… parabéns! Agora, caso esteja cansado de ler ou se sentindo menos inovador, respire um pouco, estamos quase no fim. Vamos lá? Vamos aprender alguns dos termos mais utilizados em inovação, porém é válido ressaltar que existe uma multiplicidade de termos e expressões em constante transformação e criação. Não queira decorá-los, tente incorporá-los aos poucos ao seu cotidiano. Antes, porém, um alerta! Sabia que a menção à inovação pode gerar, em alguns, uma sensação de fadiga ou stress? A fadiga da inovação costuma ser resultante da pressão por constante atualização. A inovação é um conceito cheio de significado e alegria, ficamos aqui na torcida para que você e seus colegas de equipe consigam enxergar seu potencial! E para reduzir o stress da comunicação em ambientes de inovação, reunimos aqui alguns termos comuns na área. Aceleradora Versão ampliada e revista das incubadoras. As empresas aceitas por aceleradoras recebem mentoria e feedback, aprimoramento do seu modelo de negócio, e são apresentadas aos stakeholders. Em geral, as aceleradoras fazem pequenos aportes financeiros e em troca recebem cotas da empresa. Break-even Break-even pode ser traduzido como de equilíbrio. O break-even aponta para o momento no qual uma empresa tem seus custos iguais às suas receitas. Ou seja, neste ponto, não haverá nem lucro, nem prejuízo. Este é um importante marcador no mundo do empreendedorismo. Business Model Canvas Outra expressão em inglês: Business Model Canvas (BMC) significa quadro de modelo de negócios. É uma ótima ferramenta para ajudá-lo a entender o modelo de negócio de uma organização, de maneira direta e estruturada. É composto por nove campos dispostos em uma grande folha de papel, são eles: • segmentos de clientes; • relacionamento com clientes; • canais; • proposta de valor; • atividades-chave; • recursos-chave; • parcerias-chave; 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • fluxo de receitas; e • estrutura de custos. O BMC deve ser continuamente avaliado e incorporar mudanças ou atualizações ocorridas no negócio ou no projeto. Frequentemente, o uso do Business Model Canvas leva a insights e uma clareza maior sobre todo o negócio. Também é muito utilizado no setor público. Foi criado pelo suíço Alexander Osterwalder, em um movimento colaborativo com outras 470 pessoas, que resultou no livro Business Model Generation: inovação em modelos de negócios. Aliás, fica esta dica de leitura! Figura 44 - Business Model Canvas Coworking É o compartilhamento de um espaço físico por empresas ou profissionais de diferentes ramos. Os profissionais autônomos geralmente desejam um ambiente alternativo a um home office, enquanto as pequenas empresas não desejam arcar com a burocracia e a logística de uma sede própria. Nesses espaços, além das salas de reuniões e estações de trabalho, é comum encontrarmos lounges, cafeteria, sala de jogos, enfim, o espaço é pensado para que seus ocupantes interajam em um ecossistema, ampliando a troca de experiências e a rede de contatos. Espaços para coworking são uma forte tendência e existem inúmeras unidades espalhadas pelo país. Figura 45 - Ambientes de Coworking 19Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Crowdfunding O crowdfunding ou financiamento coletivo, é um financiamento em que as pessoas investem pequenas quantias de dinheiro apoiando uma ideia empreendedora. Essa vaquinha, geralmente realizada pela internet, é também mais uma ferramenta de comunicação e visibilidade para o projeto. Early adopters E também: innovators, early majority, late majority, laggards. Teoria desenvolvida por Geofrrey Moore sobre o ciclo de vida de adoção de tecnologia. No gráfico 1 estão retratados grupos de usuários e a rapidez com que esses adotam um produto ou serviço inovador. Entenda esses grupos: 1. Innovators (inovadores) são as primeiras pessoas a adotarem uma inovação, um novo produto ou serviço. Costumam ser entusiastas da tecnologia, utilizam o produto logo no início de sua produção, ou como protótipo. 2. Os early adopters (adeptos iniciais, pioneiros) são usuários que rapidamente adotam novas tecnologias, com base no impulso inicial dos inovadores. 3. Early majority (maioria inicial) são os pragmáticos, a grande maioria, representam usuários que apesar de entenderem a importância da tecnologia e da inovação, são mais conservadores (se comparados aos grupos anteriores) e aguardam que a novidade seja consolidada para que as adote. 4. Later majority (maioria tardia) são os indivíduos que, em geral, não se sentem à vontade com novidades tecnológicas, e por essa razão, só adotam a novidade quando há considerável insistência por parte do mercado. 5. Laggards (retardatários) são indivíduos com postura cética e conservadora em relação à tecnologia e/ou inovações. Esses, por sua vez, só adotam uma tecnologia ou novidade quando não existe mais outra opção. Geoffrey indica a existência de um abismo no tempo de adoção de uma nova tecnologia entre os dois primeiros grupos e os demais. Segundo o autor, se um novo produto ou serviço atravessar esse abismo, provavelmente alcançará sucesso por meio de sua utilização abrangente. 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Gráfico 1 – Ciclo de adoção de novas tecnologias Elevator pitch Elevator pitch, ou apenas pitch, é uma expressão frequente no ambiente de inovação, e que significa uma curta apresentação, discurso breve e objetivo sobre um produto ou serviço, feito pelo empreendedor, geralmente para convencer investidores sobre o potencial de seu negócio. É por isso que o pitch é tão importante. Imagine que no curto espaço de tempo em que você compartilha um elevador, fosse possível elencar os objetivos, os “comos”, “porquês” e “para que” de uma ideia inovadora. Isso é apresentar em formato de pitch: ser rápido, envolvente e objetivo. Gamificação Gamificação é a aplicação de técnicas comuns ao mundo dos jogos, em outros contextos, por exemplo, na área corporativa ou educacional. Fidelização do cliente, envolvimento com o usuário, produtividade organizacional, aprendizagem e recrutamento são demandas que a gamificação objetiva resolver. Esse engajamento lúdico, colaborativo e/ou competitivo envolve a definição de tarefas e regras que estão de acordo com o objetivo “do jogo”. As recompensas pelas interações dos participantes variam de incentivos virtuais, como medalhas (badges), até promoções ou prêmios financeiros. Duas fortes características do ser humano são vitais para a gamificação: a cooperação e a competitividade. 21Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 46 - Gamificação Meet up Encontro informal de inovadores, gestores, empreendedores ou executivos que procuram realizar networking (ampliar contatos) e discutir assuntos de negócios de uma maneira descontraída. Costuma ser um encontro presencial de integrantes de comunidades virtuais. Minimum Viable Product (MVP) MVP é a sigla para produto mínimo viável (minimum viable product). É entendido como um protótipo funcional, ou uma versão de teste de um produto (com funcionalidadesbásicas) por meio do qual são realizadas avaliações de eficiência, utilidade e aceitação, assim com pouco investimento pode-se verificar a sua viabilidade no mercado antes de ampliar o investimento. Mashup O termo surgiu no meio musical para designar mixagens entre estilos diferentes. Nos negócios, significa combinar dois ou mais aplicativos para criar um novo serviço ou produto. O Google Maps é um exemplo, já que agrega funcionalidades de Wikipédia e Flickr, entre outros recursos, em único local. Pivotar Neologismo ou versão abrasileirada do termo verbo inglês to pivot, que em outras palavras significa girar ou mudar. No ambiente de inovação, esse verbo é utilizado quando uma solução ou projeto deve alterar seu curso e direção, deve retornar fases para alcançar resultados mais satisfatórios. 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Storytelling Storytelling é a arte de contar histórias usando técnicas inspiradas em roteiros de cinema para transmitir uma mensagem de forma inesquecível. Fundamentalmente, o que o storytelling faz é gerar vida ou significado para um produto ou serviço, cativando sua audiência através de uma história. Saiba mais sobre o ciclo de vida de adoção de tecnologia por meio do vídeo como cruzar o abismo (How to cross the chasm), disponível no canal de J Scott Christianson, na plataforma YouTube. Como o vídeo está em inglês, você pode configurar a tradução da legenda para português. Pois é… navegar no campo da inovação e entender o grande número de termos pode ser um desafio. Existe uma frase muito conhecida atribuída a Steve Jobs: seu tempo é limitado, então não percam tempo vivendo a vida de outro. Jobs certamente se referia ao nosso tempo em redes sociais! O complemento dessa frase, pouco conhecido, é: não sejam aprisionados pelo dogma, que é viver com os resultados do pensamento de outras pessoas e o mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição. E nós acrescentamos: tenham coragem e inspiração para serem cada dia mais inovadores. Destaque h, h, h, h, Queremos que vocês se sintam encorajados a desenvolver seu modelo mental inovador, desmistificar a inovação, encarando casos de sucesso e insucesso como oportunidades de aprendizagem, aventurando-se pelas ferramentas do DT, incorporando novos termos e mantendo sempre a curiosidade. Gostaríamos que refletissem: como podemos inovar no setor público oferecendo serviços melhores, mais ágeis e com maior valor público? E, tomara, que um dia quando esse material for ser atualizado, possamos contar aqui sobre iniciativas inovadoras que você tenha feito parte! Referências ANDRADE, Andréa. Admirável mundo novo: um estudo de futuro sobre os laboratórios de inovação em governo. Cadernos Temáticos. Brasília: Enap, 2020. BARROS, Thiago. Digitalização da indústria fotográfica: o caso Kodak. 2018. Trabalho de https://www.youtube.com/watch?v=OjfpG3hG-e0 23Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública conclusão de curso. Campinas: Unicamp, 2018. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/ Busca/Download?codigoArquivo=508769. Acesso em: 14 jan. 2022. BAZALGETTE, Emily; CRAIG, John. Growing government innovation labs: an insider's guide. Futuregov: UNDP, [2017]. Disponível em: https://www.eurasia.undp.org/content/rbec/en/ home/library/democratic_governance/growing-government-innovation-labs--an-insider-s- guide.html. Acesso em: 14 jan. 2022. BRASIL. Presidência da República. Ministério da Economia. 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