Prévia do material em texto
<p>DESENHO DE</p><p>PERSPECTIVA</p><p>Caroline</p><p>Schneider Lucio</p><p>Vistas, cortes e seções</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Reconhecer os conceitos básicos de vistas, cortes e seções.</p><p>� Identificar a aplicação de vistas, cortes e seções nos desenhos.</p><p>� Exemplificar a utilização de vistas, cortes e seções.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você vai estudar os conceitos e as aplicações de vistas,</p><p>cortes e seções, que fazem parte de um importante instrumento chamado</p><p>desenho técnico. Esta leitura é um meio conciso e exato para comunicar</p><p>a forma dos objetos ou plantas arquitetônicas de forma técnica. Sua utili-</p><p>zação contribui para facilitar a interpretação e a universalização de uma</p><p>linguagem para representação gráfica nas diversas áreas da engenharia</p><p>e arquitetura.</p><p>Vistas ortográficas</p><p>A projeção de vistas ortográficas é uma forma de representar graficamente</p><p>objetos tridimensionais em superfícies planas, a fim de transmitir suas carac-</p><p>terísticas com precisão. Para compreender como é feita a projeção ortográfica,</p><p>você deve conhecer três elementos:</p><p>� Modelo: trata-se do objeto a ser representado;</p><p>� Observador: é o que vê, analisando o objeto a ser representado em</p><p>várias posições;</p><p>� Plano de projeção: é a superfície em que se projeta o modelo.</p><p>Assim, para representar as projeções de modelos, utiliza-se um plano vertical</p><p>e um plano horizontal, que se cortam perpendicularmente formando os chamados</p><p>diedros. Cada diedro é uma região limitada por dois semiplanos perpendiculares</p><p>entre si. Esses dois planos, perpendiculares entre si, dividem o espaço em quatro</p><p>regiões, chamadas diedros, conforme representado na Figura 1.</p><p>Figura 1. Representação gráfica do diedro.</p><p>2º diedro</p><p>1º diedro</p><p>3º diedro 4º diedro</p><p>SPHP</p><p>LT</p><p>SPVI</p><p>SPVS</p><p>SPHA</p><p>SPVS - Semiplano vertical superior</p><p>SPVI - Semiplano vertical inferior</p><p>SPHA - Semiplano horizontal anterior</p><p>SPVP - Semiplano horizontal posterior</p><p>Em alguns países, os desenhos técnicos são representados no 3º diedro,</p><p>e seu plano de projeção se situa entre o objeto e o observador. No Brasil, a</p><p>Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), recomenda o desenho no</p><p>1º diedro, no qual o objeto se situa entre o observador e o plano de projeção.</p><p>Quando uma prancha de desenho técnico é feita, deve-se representar o símbolo</p><p>indicativo de qual diedro está sendo utilizado para o desenho. O símbolo, deve</p><p>integrar a legenda no canto inferior direito da folha de papel dos desenhos</p><p>técnicos, e é representado conforme demonstrado na Figura 2.</p><p>Figura 2. Representação gráfica dos símbolos dos diedros.</p><p>Vistas, cortes e seções2</p><p>A norma brasileira (NBR) nº 10.067 (ASSOCIAÇÃO..., 1995) normatiza os</p><p>princípios gerais de representação do desenho técnico, descrevendo o método</p><p>de projeção ortográfica. A representação no 1º diedro, por exemplo, é vista nos</p><p>planos vertical e horizontal, além de um terceiro plano de projeção, chamado</p><p>plano lateral. Observe essas especificações na Figura 3 e nos itens a seguir.</p><p>Figura 3. Rebatimento de faces de uma peça no primeiro diedro.</p><p>� Vista frontal (F): é conhecida como vista de frente ou principal, é a</p><p>vista principal do objeto ou a que melhor o representa.</p><p>� Vista superior ou em planta (S): o observador se posiciona acima do</p><p>objeto.</p><p>� Vista inferior (I): o observador se posiciona abaixo do objeto.</p><p>� Vista lateral direita (LD): o observador se posiciona à direita de sua</p><p>posição considerada de frente.</p><p>� Vista lateral esquerda (LE): o observador se posiciona à esquerda do</p><p>objeto.</p><p>� Vista posterior (P): o observador se posiciona por traz do objeto.</p><p>A representação de um objeto no sistema de vistas ortográficas deve ser</p><p>compreendida em conjunto, analisando todas as vistas. Para leitura das vistas</p><p>ortográficas, é importante alinhar as projeções de um mesmo elemento do</p><p>3Vistas, cortes e seções</p><p>objeto nas vistas adjacentes, ou seja, que estão sobre o mesmo alinhamento.</p><p>Na Figura 4 você pode observar as vistas ortogonais alinhadas.</p><p>Figura 4. Vistas ortogonais alinhadas.</p><p>Para o desenho das vistas, os contornos e as arestas visíveis são desenhados</p><p>com linha contínua larga. No entanto, as arestas e os contornos que não podem</p><p>ser vistos da posição ocupada pelo observador (na vista que ele está), devem</p><p>ser representados por linhas tracejadas, conforme representado na Figura 5.</p><p>Figura 5. Representação vistas com aresta invisível.</p><p>Vistas, cortes e seções4</p><p>groza</p><p>Insert Text</p><p>de</p><p>A representação das vistas, deve ser feita de forma que seja possível</p><p>desenhá-la em perspectiva isométrica, como você viu na Figura 5, por isso é</p><p>importante representar as linhas visíveis e invisíveis.</p><p>Com o objetivo de facilitar a leitura do desenho, utiliza-se diferentes tipos</p><p>de linhas para que o desenho seja representado, conforme demostra a Figura 6.</p><p>Figura 6. Tipos de linhas.</p><p>A interpretação de vistas, ou a sua criação, é algo relativamente simples,</p><p>dependendo da complexidade do que está sendo representado. No entanto,</p><p>esses desenhos possibilitam, por exemplo, que uma peça seja confeccionada</p><p>em uma indústria.</p><p>A escolha da vista frontal deve ser considerada a vista que mostre a forma mais carac-</p><p>terística do objeto e a que indique a posição de trabalho do objeto, ou seja, como ele</p><p>é encontrado, isoladamente ou em conjunto. Se esses critérios não forem suficientes,</p><p>escolhe-se a posição que mostre a maior dimensão do objeto e possibilite o menor</p><p>número de linhas invisíveis nas outras vistas.</p><p>5Vistas, cortes e seções</p><p>Cortes e seções</p><p>O corte é um recurso de representação gráfica que quer dizer divisão, separação</p><p>e que exibe com exatidão detalhes ou perfis que não estão claramente visíveis</p><p>em outras vistas. Esse corte é sempre imaginário e torna possível ver as partes</p><p>do interior da peça, bem como sua estrutura interna.</p><p>A NBR nº 10.067/1995 normatiza algumas regras de representação de corte,</p><p>para que ele seja legível. A representação dos cortes se dá em imaginar o objeto</p><p>sendo cortado por um ou mais planos e, após o corte, hachurar as superfícies</p><p>das partes da peça interceptadas pelo plano de corte (ASSOCIAÇÃO..., 1995).</p><p>Existe mais de um tipo de corte, que podem ser utilizados de acordo com</p><p>a necessidade de esclarecimento do desenho.</p><p>� Cortes totais: cortam toda a extensão da peça.</p><p>� Meio-corte: utilizado no desenho de peças simétricas, em que metade</p><p>aparece em corte e a outra metade aparece em vista externa.</p><p>� Corte parcial: apenas uma parte da peça é cortada para localizar um</p><p>detalhe, delimitando-se por uma linha contínua estreita à mão livre</p><p>ou zigue-zague.</p><p>� Corte composto: também conhecido como corte em desvio, é utilizado</p><p>para mostrar elementos internos fora de alinhamento.</p><p>Para alcançar o objetivo de passar todas as informações na representação</p><p>gráfica, em alguns casos, é importante se fazer mais de um corte para re-</p><p>presentar aspectos diferentes da mesma peça. Certas peças, que apresentam</p><p>formas longas e constantes, podem ser representadas de maneira mais prática</p><p>utilizando o recurso do encurtamento, que “corta” a peça sem que haja qualquer</p><p>prejuízo na interpretação do desenho. O encurtamento só pode ser utilizado</p><p>no caso de peças longas ou de peças que contêm partes longas e de forma</p><p>constante. As partes imaginadas cortadas são limitadas por linhas de ruptura,</p><p>que são linhas contínuas e estreitas, desenhadas tipo à mão livre, ou, pode-se</p><p>optar pela linha contínua estreita em zigue-zague.</p><p>A hachura é um elemento importante na representação dos cortes, pois</p><p>evidencia as partes maciças. As hachuras têm sempre a mesma direção, mesmo</p><p>quando o corte de uma peça é executado em vários planos de corte paralelos.</p><p>As hachuras são desenhadas a 45° em relação aos contornos, e nunca devem</p><p>coincidir nem ser perpendicular com a orientação de um ou mais traços de</p><p>contorno da peça. Observe exemplos de hachuras na Figura 7.</p><p>Vistas, cortes e seções6</p><p>Figura 7. Hachuras e sua inclinação.</p><p>As hachuras também são utilizadas na representação</p><p>das seções, de</p><p>maneira semelhante ao corte, mas com a diferença de que a representação</p><p>do corte permite visualizar partes internas de peças, já da seção representa</p><p>somente a interseção do plano de corte com a peça. Veja exemplos nas</p><p>Figuras 8 e 9.</p><p>Figura 8. Representação do corte e da seção.</p><p>7Vistas, cortes e seções</p><p>Figura 9. Planta baixa humanizada de uma casa. É comum que a representação de edi-</p><p>ficações seja uma vista de topo, ou seja, uma vista superior da planta. Observe que, na</p><p>representação em planta, é como se a cobertura tivesse sido removida para visualização dos</p><p>espaços. As plantas representam os espaços e podem, ou não, estar cotadas e representadas</p><p>em escala, para visualização dos espaços reais.</p><p>Fonte: Bardocz Peter/Shutterstock.com.</p><p>Um sólido em perspectiva evidenciando a localização da linha de corte na vista superior</p><p>com uma linha traço e ponto pode ser observado na Figura 10, em que se visualiza a</p><p>vista com o referido corte e a peça cortada em perspectiva.</p><p>Vistas, cortes e seções8</p><p>Figura 10. Representação de perspectiva e corte plano e em 3D.</p><p>A representação gráfica de seção de uma peça sempre contemplará uma</p><p>vista, que indicará onde serão feitos os cortes, porém, a projeção da seção será</p><p>somente da interseção do plano. A seção pode ser única ou sucessiva, como</p><p>representado na Figura 11.</p><p>Figura 11. Representação da seção de uma peça.</p><p>9Vistas, cortes e seções</p><p>Aplicação de vistas, cortes e seções</p><p>Com o objetivo de transformar o desenho técnico em uma linguagem padro-</p><p>nizada, foi necessária a universalização dos procedimentos de representação</p><p>gráfica. Essa padronização é feita por meio de normas técnicas, ou seja, códigos</p><p>técnicos que servem para unificar o entendimento de um desenho. Cada país</p><p>elabora as suas próprias normas, que passam a ser válidas em todo território</p><p>nacional. No Brasil, as normas são aprovadas e editadas pela ABNT.</p><p>A combinação de ferramentas de trabalho em desenho técnico utilizado</p><p>depende muito da complexidade do que está sendo projetado. Não é necessário,</p><p>por exemplo, utilizar seis vistas ortográficas e representar cortes e seções em</p><p>todas as projeções. O que deve ser feito, é utilizar as principais vistas (superior,</p><p>frontal e lateral) para representar objetos relativamente simples, pois estas</p><p>serão necessárias para sua interpretação do objeto. Em objetos com maior</p><p>complexidade, o nível de detalhamento aumentará.</p><p>As projeções das vistas ortográficas, cortes e seções podem ser desenhadas com o</p><p>auxílio de um jogo de esquadro e régua. No entanto, atualmente, os projetos são</p><p>desenhados com a ajuda de software de desenho, como o AutoCAD. Esses programas</p><p>apresentam diversos recursos de representação de linhas, com a especificidade de</p><p>tipos, espessuras, hachuras, cotas, entre outras ferramentas.</p><p>Nos projetos de detalhamento de peças mecânicas, é muito comum a uti-</p><p>lização do maior número de vistas, diversos cortes e seções, pois as peças</p><p>necessitam de um detalhamento mais apurado para sua compreensão.</p><p>Na área de engenharia e arquitetura, os detalhes importantes são fornecidos</p><p>por meio de vistas, cortes e legendas, que caracterizam todo o projeto. Desse</p><p>modo, o projetista deve suprir toda a necessidade de informação, lembrando</p><p>que cabe ao projeto e seu autor fornecer, com clareza, cada detalhe, de forma</p><p>clara e organizada.</p><p>Vistas, cortes e seções10</p><p>Os materiais maciços, para os quais são utilizadas as</p><p>hachuras, podem ter a representação do material</p><p>de que a peça será feita. No AutoCAD, utiliza-se a</p><p>configuração das hachuras respectiva ao material.</p><p>Confira no link a seguir um artigo orientando como</p><p>trabalhar as hachuras no AutoCAD.</p><p>https://goo.gl/kWnmLK</p><p>1. As vistas ortogonais são uma</p><p>linguagem de desenho técnico</p><p>amplamente utilizada em plantas</p><p>arquitetônicas. Como é chamada a</p><p>vista da planta baixa de uma casa?</p><p>a) Vista frontal.</p><p>b) Vista superior.</p><p>c) Vista lateral direita.</p><p>d) Vista inferior.</p><p>e) Vista lateral esquerda.</p><p>2. Um diedro é a junção de</p><p>semiplanos, perpendiculares</p><p>entre si, que formam uma figura</p><p>tridimensional. Em um diedro,</p><p>quais os planos são utilizados no</p><p>rebatimento para representação</p><p>das vistas ortográficas?</p><p>a) Plano horizontal e plano vertical.</p><p>b) Somente plano horizontal.</p><p>c) Plano horizontal e plano lateral.</p><p>d) Plano vertical e plano lateral.</p><p>e) Plano horizontal, plano</p><p>vertical e plano lateral.</p><p>3. No desenho técnico das vistas,</p><p>cortes e seções, a linguagem</p><p>gráfica padroniza os tipos de linha</p><p>para facilitar o entendimento</p><p>do desenho. Na representação</p><p>gráfica das vistas ortogonais, as</p><p>faces invisíveis de uma vista são</p><p>representadas por qual tipo de linha?</p><p>a) Linha tracejada.</p><p>b) Linha contínua.</p><p>c) Linha traço e ponto.</p><p>d) Hachura.</p><p>e) Linha contínua a mão livre.</p><p>4. As hachuras de um desenho, são</p><p>utilizadas com frequência em cortes</p><p>para representar as partes sólidas</p><p>de uma peça. A quantos graus</p><p>deve estar inclinada a hachura</p><p>utilizada no desenho técnico?</p><p>a) 35°.</p><p>b) 0°.</p><p>c) 45°.</p><p>d) 90°.</p><p>e) 60°.</p><p>5. Quando uma peça complexa</p><p>está sendo representada</p><p>graficamente, apenas vistas</p><p>ortogonais são insuficientes para</p><p>sua interpretação, o desenho</p><p>11Vistas, cortes e seções</p><p>https://goo.gl/kWnmLK</p><p>groza</p><p>Strikeout</p><p>deve contemplar também</p><p>corte e seção. Qual a diferença</p><p>entre corte e seção?</p><p>a) A seção representa tanto a</p><p>interseção do plano de corte</p><p>com a peça como a projeção</p><p>da parte além do plano de</p><p>corte; já o corte registra</p><p>somente a interseção do</p><p>plano de corte com a peça.</p><p>b) A seção é a representação da</p><p>peça que é mostrada em corte,</p><p>permanecendo a outra metade</p><p>em vista; e o corte significa</p><p>que o plano de corte atravessa</p><p>totalmente o objeto, mostrando</p><p>a projeção completa em corte.</p><p>c) O corte é a representação da</p><p>peça que é mostrada em corte,</p><p>permanecendo a outra metade</p><p>em vista; e a seção significa</p><p>que o plano de corte atravessa</p><p>totalmente o objeto, mostrando</p><p>a projeção completa em corte.</p><p>d) O corte representa tanto a</p><p>interseção do plano de corte</p><p>com a peça como a projeção</p><p>da parte além do plano de</p><p>corte; já a seção registra</p><p>somente a interseção do</p><p>plano de corte com a peça.</p><p>e) Seções indicam as partes</p><p>maciças da peça que foram</p><p>cortadas; já o corte representa</p><p>tanto a interseção do plano</p><p>de corte com a peça como</p><p>a projeção da parte além do</p><p>plano de corte.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10067. Princípios gerais de</p><p>representação em desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10126. Cotagem em desenho</p><p>técnico - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.</p><p>SANTANA, F. E. Desenho Técnico. São Carlos: FATESC, 2005.</p><p>SENAI-ES. Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecânico. Vitória: Senai-ES, 1996.</p><p>SOCIESC. Desenho Técnico. Joinville: Escola Técnica Tupy, 2004.</p><p>Referência</p><p>Vistas, cortes e seções12</p><p>Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para</p><p>esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual</p><p>da Instituição, você encontra a obra na íntegra.</p>