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<p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>2019</p><p>Prof. Sandro Luis Bazzanella</p><p>Prof. Walter Marcos Knaesel Birkner</p><p>GABARITO DAS</p><p>AUTOATIVIDADES</p><p>2</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>UNIDADE 1</p><p>TÓPICO 1</p><p>1 Os três autores, Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert Michels</p><p>(os dois primeiros natos italianos e o último, um intelectual italiano</p><p>nascido na Alemanha), esforçaram-se por definir uma teoria das</p><p>elites, que permanece atualmente. Há vários pontos em comum</p><p>entre suas ideias. Indique o ponto em comum mais aparente em</p><p>relação à existência das elites, expressa, inclusive, na forma de uma</p><p>expressão que se tornou metafórica por parte de um deles:</p><p>R.: Trata-se de perceber que a existência das elites é uma espécie de lei de</p><p>ferro das oligarquias. Nessa perspectiva, todas as sociedades e organizações,</p><p>políticas ou não e em todos os tempos, sempre produziram elites. Há sempre</p><p>uma minoria no poder, desde os regimes mais autoritários até os mais</p><p>democráticos, seja por uma necessidade humana em sociedade, seja pela</p><p>natural ambição dos homens, que os leva às eternas disputas de poder.</p><p>2 Uma das expressões comumente conhecidas para nos referirmos às</p><p>elites políticas é o termo “oligarquia”. A palavra define muito bem a</p><p>forma como alguns indivíduos se situam socialmente, politicamente</p><p>em relação aos outros, em sociedade. Defina o significado de</p><p>“oligarquia”, como se constitui e qual o principal interesse de seus</p><p>componentes:</p><p>R: Oligarquia significa o governo de poucos, que podem ser membros</p><p>de uma família, de um grupo de amigos com interesses comuns que se</p><p>organizam politicamente para conquistar e manter o poder, controlando e</p><p>influenciando os interesses alheios. No panorama das disputas políticas,</p><p>os indivíduos lutam para chegar ao centro do poder, nos partidos e nos</p><p>governos, e passam a agir para a manutenção de seus status.</p><p>3</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>TÓPICO 2</p><p>1 Weber argumenta que o político no exercício de suas funções ins-</p><p>titucionais, encontra-se constantemente diante do insolúvel dilema,</p><p>qual seja: Agir a partir de uma ética da convicção fundada nos cos-</p><p>tumes, nas tradições comunitárias, nos valores consolidados ao</p><p>longo da vida em relação aos interesses públicos, ou agir a partir de</p><p>uma ética de responsabilidade.</p><p>R.: Sob a compreensão da política como constante produção e comparti-</p><p>lhamento do poder, o político age majoritariamente a partir de uma ética e</p><p>responsabilidade procurando contemplar as mais diversas questões e situa-</p><p>ções que se apresentam, pois, dependendo do contexto é preciso abrir mão</p><p>das convicções para alcançar a melhor decisão possível ao maior número</p><p>de interessados, mesmo que a mesma não contemple a todos os envolvi-</p><p>dos. Na direção de Maquiavel, salvaguardadas às devidas diferenças de</p><p>contexto temporal e, sobretudo de perspectiva de análise política, Weber</p><p>contribui para a compreensão de que a atividade política é exercida por</p><p>seres humanos que não são bons nem maus por natureza, mas são deten-</p><p>tores de vontade de poder, de prestígio, ou até mesmo de vocação para a</p><p>atividade política e que calculam, racionalizam suas atividades e decisões.</p><p>2 Qual a concepção de Estado de Weber explica o pressuposto de que</p><p>o Estado não se define pelos seus fins, mas somente pelos seus</p><p>meios específicos.</p><p>R.: Segundo Weber a concepção de Estado para um sociólogo não se apre-</p><p>senta, ou se define pelos seus fins ou por seus fins, mas somente pelo</p><p>meio específico que é característico. E, continua argumentando que todo</p><p>agrupamento político somente pode ser definido pelos meios que emprega,</p><p>entre eles a coação física. Assim, o Estado se funda e se define pelo uso da</p><p>força. Se só existissem estruturas sociais de que a violência estivesse au-</p><p>sente, o conceito de Estado teria também desaparecido e apenas subsistiria</p><p>o que, no sentido próprio da palavra, se denomina anarquia. Evidentemente</p><p>o sociólogo alemão tem ciência de que uso da força, seu caráter coercitivo</p><p>não se apresenta como a característica determinante do Estado, mas repre-</p><p>senta seu instrumento específico. Ao lançar um olhar histórico para as mais</p><p>diversas sociedades no espaço e no tempo é possível reconhecer em todas</p><p>as estruturas sociais de poder o uso da violência como marca distintiva de</p><p>sua constituição e operacionalidade. Nesta perspectiva, o Estado contem-</p><p>porâneo que se constitui como decorrência das necessidades inerentes às</p><p>comunidades humanas de um determinado território possui como um dos</p><p>4</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>elementos essenciais de sua condição o monopólio do uso legítimo da vio-</p><p>lência física. Assim, se deslegitima qualquer ato de violência perpetrado por</p><p>indivíduos ou por grupos que não foram avalizados pelo Estado. O Estado</p><p>se transforma, portanto, na única fonte do direito à violência.</p><p>TÓPICO 3</p><p>1 Um dos importantes autores, cujas ideias foram aqui abordadas,</p><p>está o cientista político estadunidense Anthony Downs. Sua</p><p>contribuição à teoria política contemporânea é bastante impactante,</p><p>revelando um realismo político metodologicamente indesprezível.</p><p>Considerando essa importância, descreva sinteticamente sua</p><p>contribuição, nomeando sua teoria, dizendo qual é o pressuposto</p><p>básico desta teoria e respondendo porque podemos dizer que</p><p>ela remete ao pressuposto metodológico básico de Machiavel, o</p><p>inspirador da Ciência Política moderna.</p><p>R.: A teoria da escolha pública/de teoria da escolha racional tem como</p><p>pressuposto geral a ideia de que os agentes políticos fazem escolhas na</p><p>política da mesma maneira que fariam na economia. Sejam eles eleitos,</p><p>eleitores, ou servidores públicos em geral, agem procurando maximizar</p><p>seus ganhos pessoais. Esses ganhos podem ser, e com frequência são,</p><p>compatíveis com o interesse público, mas desde que o interesse egoístico</p><p>esteja preservado. E o principal interesse do político é o voto, isto é,</p><p>conquistar e manter o poder. Por supor a política como ela é, faz lembrar</p><p>Nicolau Machiavel.</p><p>2 O filósofo e sociólogo sueco Tage Lindbom foi um analista de</p><p>franqueza indiscutível sobre a cena política de seu país e seu tempo.</p><p>Descreva resumidamente suas ideias, considerando o seguinte: a)</p><p>qual a utopia política que lhe pareceu uma alternativa real diante</p><p>da crise do capitalismo; b) que autor lhe chamou mais a atenção</p><p>no início de sua carreira acadêmica; c) o que o levou a mudar seu</p><p>entendimento inicial sobre tal utopia.</p><p>R.: A alternativa à crise do capitalismo que afetou a família dele e o fez</p><p>vislumbrar um futuro possível à humanidade foi a utopia socialista. A leitura da</p><p>obra do filósofo alemão Karl Marx, nesse sentido, foi fundamental. Entretanto,</p><p>sua percepção foi alterando na medida em que percebia as inconsistências</p><p>desse ideal político na prática, caracterizadas, sobretudo, pelo caráter</p><p>determinista doutrinário e pelo autoritarismo inerente a essa utopia.</p><p>5</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>UNIDADE 2</p><p>TÓPICO 1</p><p>1 Porque para Lukács a entrada do proletariado na história é um fato</p><p>determinante na trajetória do capitalismo?</p><p>R.: Para Lukács, o fato determinante na trajetória do capitalismo foi a</p><p>entrada do proletariado na história, sobretudo a partir da Revolução</p><p>de Outubro de 1917 (Revolução Russa). Ou seja, a partir da entrada do</p><p>proletariado na história é possível alcançar o conhecimento da sociedade</p><p>como uma totalidade concreta. Trata-se de uma posição privilegiada que</p><p>revela os mecanismos de estruturação e funcionamento da sociedade em</p><p>seu todo. Coerente com os pressupostos hegelianos, Lukács considera que</p><p>o conhecimento de si mesmo e o conhecimento da totalidade coincidem, já</p><p>que toda a existência do capitalismo se baseia na exploração do trabalho</p><p>assalariado. O proletariado é ao mesmo tempo sujeito e objeto de seu</p><p>próprio conhecimento.</p><p>2 Qual é a importância da constituição da Teoria dos Aparelhos</p><p>Ideológicos de Estado no pensamento de Althusser?</p><p>R.: Althusser, ao constituir a Teoria dos Aparelhos Ideológicos de Estado,</p><p>amplifica a teoria marxista de Estado demonstrando que as classes</p><p>detentoras do Poder de Estado colocam em curso sua</p><p>política de classe</p><p>através dos Aparelhos Repressores e Ideológicos produzindo contradições</p><p>e paradoxos sociais que alimentam a luta de classes. Sob tais pressupostos,</p><p>Althusser estabelece intima relação entre sua concepção de Estado com a</p><p>luta de classes. Ou dito de outra forma, o que está em jogo na disputa do</p><p>Estado é o controle de seu Aparelho Repressor e dos Aparelhos Ideológicos</p><p>de Estado como forma de dar garantias de sustentabilidade a hegemonia</p><p>do poder burguês sobre a classe trabalhadora. Aparelhos Repressores</p><p>ou Coercitivos de Estado e Aparelhos Ideológicos de Estado constituem a</p><p>unidade do Estado como instrumento de manutenção das estratégias de</p><p>expropriação e exploração de classe.</p><p>6</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>TÓPICO 2</p><p>1 Qual a principal contribuição do cientista político polonês Adam</p><p>Przeworski, que é ao mesmo tempo, uma crítica aos socialistas</p><p>revolucionários e demonstração de quem, afinal, conseguiu</p><p>resultados efetivos em relação às demandas trabalhistas?</p><p>R.: Portanto, a contribuição de Adam Przeworski mais lembrada na</p><p>ciência Política é a de ter demonstrado de modo irrefutável os avanços da</p><p>socialdemocracia. Os socialistas do Século XIX estavam certos de que,</p><p>amadurecidas as condições para o socialismo, as revoluções deveriam ser</p><p>feitas. Como os socialdemocratas decidiram participar das eleições, foram</p><p>chamados de “traidores”. Uma vez no legislativo, empenharam-se em obter</p><p>ganhos sucessivos às classes trabalhadoras e, num trabalho historicamente</p><p>incansável, obtiveram os êxitos reconhecidos pelos seus eleitores. Do ponto</p><p>de vista da evolução eleitoral, isso está estatisticamente demonstrado e</p><p>culminou na obtenção de maiorias que assumiram os governos em várias</p><p>nações democráticas.</p><p>2 Indique qual o autor clássico da Sociologia que inspira a noção de</p><p>individualismo metodológico. Diga qual é o conceito central desse</p><p>autor e explique o seu significado.</p><p>R.: Segundo o sociólogo alemão Max Weber, a análise e interpretação dos</p><p>fenômenos sociais tem a ver com a compreensão que somos capazes de</p><p>atingir a respeito das ações dos indivíduos. Weber definiu o conceito de</p><p>“ação social” como o conceito cardinal a possibilitar a análise sociológica,</p><p>isto é, a investigação e compreensão sobre os fenômenos sociais. Sua</p><p>compreensão deve partir sempre da interpretação da ação dos indivíduos.</p><p>Acontece que, com enorme frequência, as ações dos indivíduos não são</p><p>ações isoladas, mas ações sociais. E a definição de ação social é segunda</p><p>a qual o indivíduo age levando os outros em consideração, a fim de calcular</p><p>qual o melhor resultado possível para si. Essencialmente, o individualismo</p><p>metodológico é isso.</p><p>cce</p><p>Realce</p><p>7</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>TÓPICO 3</p><p>1 North articula sua concepção de Estados a partir das relações que</p><p>se estabelecem entre a dinâmica dos agentes políticos, econômicos.</p><p>Nesta direção apresente a concepção de Estado do referido autor.</p><p>R.: O que North procura demonstrar é que transações políticas e econômicas</p><p>se apresentam equivalentes e como formas válidas dos agentes sociais e</p><p>econômicos efetivarem ganhos que uma determinada estrutura de direitos</p><p>viabiliza. Assim, a concepção de Estado e de instituições que subjaz a esta</p><p>arquitetura social e institucional diferencia-se diametralmente do modelo de</p><p>Estado em que governantes negociam a definição de direitos e a oferta</p><p>de bens públicos em troca de receita fiscal. O que North enfatiza em sua</p><p>concepção de Estado e de instituição é a presença de uma multiplicidade</p><p>de agentes que eventualmente podem investir na mudança, ou mesmo na</p><p>redefiniçao das estruturas políticas que definem e garantem os direitos de</p><p>propriedade. Ou seja, trata-se de reconhecer a complexidade das estruturas</p><p>sociais e políticas compostas por legisladores que interagem entre si e com</p><p>seus representados na formulação das estratégias de poder adequadas à</p><p>manutenção e ampliação do direito de propriedade.</p><p>2 Através das contribuições do cientista Político estadunidense Peter</p><p>Hall, compreendemos que o neoinstitucionalismo tem, ao menos,</p><p>três variáveis analíticas. Denomine as três e diga qual a característica</p><p>de cada uma.</p><p>R.: São as seguintes: o neoinstitucionalismo histórico, o sociológico e o</p><p>da teoria da escolha racional. O neoinstitucionalismo histórico propõe a</p><p>consideração das situações históricas particulares de cada sociedade, a</p><p>fim de saber como cada uma delas se constitui e como são definidas as</p><p>instituições que definem a distribuição dos recursos. Nessa perspectiva,</p><p>devem ser considerados aspectos peculiares a cada sociedade, isto é, que</p><p>não se repetem em outras experiências. O neoinstitucionalismo da teoria</p><p>da escolha racional, cujo principal pressuposto é o de que os agentes</p><p>políticos, assim como os econômicos, procuram maximizar seu interesse</p><p>individual, antes de qualquer outra coisa. Nessa perspectiva, é sinônimo</p><p>do individualismo metodológico, termo comum à Ciência Política. E, por</p><p>fim, o neoinstitucionalismo sociológico, que afirma que os comportamentos</p><p>individuais na política manifestam, com frequência, aspectos de ordem</p><p>cultural, como valores, crenças etc., oriundos de sua educação comunitária,</p><p>expressando suas identidades coletivas. São aspectos anteriores às</p><p>moldagens forjadas pelas estruturas burocráticas, isto é, pelas instituições</p><p>formais (leis, regras e normas formais).</p><p>8</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>UNIDADE 3</p><p>TÓPICO 1</p><p>1 Em que perspectivas as contribuições de Quentin Skinner foram</p><p>decisivas para o gênero História do Pensamento Político?</p><p>R.: A contribuição de Quentin Skinner foi decisiva para que o gênero</p><p>“História do Pensamento Político” com tradição de estudos e investigações</p><p>nos Estados Unidos e na Inglaterra desde o início do século XX alcançasse</p><p>significativo impulso de renovação. Alguns de seus textos promoveram</p><p>debates permitindo e potencializando a circulação de novos pressupostos</p><p>no âmbito das teorias interpretativas dos textos políticos ainda em voga</p><p>na atualidade. Skinner foi enfático na apresentação de um novo programa</p><p>de pesquisa que se contrapunha a aspectos considerados por ele como</p><p>anacrônicos, ou mesmo simplificadores na abordagem da História do</p><p>Pensamento Político que ainda ocupavam a centralidade nos estudos e</p><p>debates políticos, entre eles a ideia de uma tradição filosófica do Ocidente.</p><p>2 Apresente as definições de liberdade negativa e liberdade positiva</p><p>presentes no pensamento de Pettit.</p><p>R.: Sob tais pressupostos, liberdade negativa significa, para Pettit, desfrutar</p><p>da capacidade de eleição desvinculada de todo e qualquer impedimento ou</p><p>coerção. Por sua vez, a liberdade positiva implica no exercício do autodomínio.</p><p>Para Isaiah Berlin e Pettit seguem a mesma tendência analítica, a liberdade</p><p>negativa assume condição central, na medida em que implica em limitar o</p><p>poder da autoridade. Ainda nessa direção, Pettit chama atenção de que a</p><p>distinção entre liberdade positiva e liberdade negativa de Berlin remete e a</p><p>distinção feita pelo pensador, escritor e político francês Benjamin Constant</p><p>(1767-1830) entre liberdade dos antigos e liberdade dos modernos.</p><p>9</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>TÓPICO 2</p><p>1 Qual a importância do conhecimento na dinâmica de mercado</p><p>pensada e proposta por von Mises? Trata-se do conhecimento</p><p>científico financiado pelo Estado? Ou, trata-se do conhecimento</p><p>cotidiano a partir dos quais os indivíduos se movem no mundo?</p><p>R.: A questão do conhecimento assume centralidade na concepção de</p><p>mercado de von Mises. O pensador austríaco constata que os indivíduos</p><p>estão inseridos em sociedades modernas que ao fazer uma divisão social</p><p>e científica do saber promoveram sua dispersão tornando o domínio do</p><p>conhecimento nas mais variadas esferas da ação humana tarefa complexa</p><p>e, de certa forma, irrealizável pelos indivíduos. Portanto, trata-se de valorizar</p><p>certo tipo de conhecimento que encontre utilização prática no âmbito da</p><p>lógica de mercado. Ou seja, trata-se de valorizar os conhecimentos que os</p><p>indivíduos podem utilizar de forma proveitosa</p><p>no contexto de liberdade de</p><p>competição, de concorrência. A plena participação no mercado pressupõe</p><p>a constituição de conhecimentos individuais, particulares que permitem</p><p>a constante adaptação às mudanças permanentes, que circunscrevem a</p><p>dinâmica do mercado. Estes conhecimentos em suas singularidades e</p><p>especificidades possuem mais eficácia na visão de von Mises do que dados</p><p>estatísticos e análises de tendências cientificamente elaboradas.</p><p>2 Economista britânico de naturalidade austríaca, Friedrich Von Hayek</p><p>é um dos nomes mais conhecidos da teoria econômica mundial,</p><p>com grande repercussão no pensamento político. Sua notabilidade</p><p>está no esforço empreendido em criticar o Estado, particularmente</p><p>um certo modelo de Estado. Indique que modelo é esse e descreva</p><p>as características de seu pensamento liberal (no sentido econômico</p><p>e político).</p><p>R.: Hayek criticava o Estado de bem-estar social (vale dizer também ao</p><p>socialismo). Sua crítica se dirigia ao intervencionismo e ao planejamento</p><p>estatal pela ineficácia e enfraquecimento da Sociedade civil e da economia.</p><p>Posicionava-se favoravelmente ao livre mercado, às liberdades individuais.</p><p>Os indivíduos deveriam ser estimulados à independência em relação ao</p><p>Estado, cuidando de suas vidas ao máximo possível e cultivando o hábito</p><p>da liberdade de iniciativa e de livre associação. Assim, defendia a autonomia</p><p>das comunidades e suas associações civis.</p><p>10</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>3 Milton Friedman foi um economista estadunidense de origem húngara.</p><p>Seu nome é conhecido pelo radicalismo das teses econômicas e pela</p><p>crítica ácida ao intervencionismo estatal. Particularmente, Friedman</p><p>criticava os programas de assistência social. Disserte sobre a crítica</p><p>do autor a esses programas, no sentido de efeitos contrários ao que</p><p>propõe em relação à condição dos indivíduos e sua autonomia.</p><p>R.: Para Milton Friedman, os programas de assistência social frequentemente</p><p>fracassam na tentativa de ajudar os pobres, tentando reduzir as desigualdades</p><p>e injustiças. O efeito lhe parecia ser o contrário, tornando as pessoas mais</p><p>dependentes do Estado e sem iniciativa, sendo este o principal problema</p><p>da condição de pauperização, isto é, a falta de iniciativa pessoal. Nessa</p><p>perspectiva, o autor afirma que os indivíduos são infantilizados e tornados</p><p>eternamente dependentes.</p><p>TÓPICO 3</p><p>1 Sob que pressupostos se justifica para Nozick a lógica do Estado</p><p>mínimo?</p><p>R.: Para Nozick, o Estado mínimo é legitimo e desejável, limitado às funções</p><p>de proteção da propriedade privada contra as demandas dos despossuídos,</p><p>do roubo e, sobretudo, pela sua capacidade de fiscalização e cumprimento</p><p>dos contratos entre os indivíduos imersos na livre lógica de funcionamento</p><p>do mercado. Ou seja, para o pensador político o Estado mínimo, no que</p><p>concerne as suas pretensões de intervenção social e máximo do ponto de</p><p>vista da liberdade de ação do mercado, é o único caminho possível para</p><p>a promoção do direito ao livre desenvolvimento individual. Ou ainda, dito</p><p>de outro modo, o Estado mínimo encontra justificativa suficiente para sua</p><p>existência quando garante serviços de proteção aos bens individuais da</p><p>sociedade. Evidentemente não se trata de proteção de bens supostamente</p><p>públicos, como garantia de emprego, de acesso à educação e à saúde.</p><p>2 O liberalismo igualitário do filósofo político John Rawls significa uma</p><p>importante revisão do histórico debate-embate entre o liberalismo,</p><p>de um lado, e o socialismo, do outro. Trata-se da tentativa de</p><p>responder às insuficiências do primeiro e superar os problemas do</p><p>segundo. E, nesse esforço, sua obra se torna uma notável referência</p><p>à análise politológica e jurídica da sociedade contemporânea. Não</p><p>obstante, em sua concepção originária, o autor de Uma teoria da</p><p>11</p><p>TEORIA POLÍTICA II</p><p>justiça, expressa um pressuposto fundante, isto é, um ponto de</p><p>partida analítico, sobre a concepção da sociedade. Explique esse</p><p>pressuposto e indique o autor clássico da Sociologia, cuja obra é</p><p>igualmente baseada nesse ponto de partida.</p><p>R.: John Rawls define a Sociedade como uma associação humana baseada,</p><p>fundamentalmente, na cooperação. Se a convivência é possível, é porque os</p><p>indivíduos estabelecem acordos, regras, que são compartilhados e aceitos</p><p>pela maioria, na maioria das situações. A cooperação é, portanto, o ponto</p><p>de partida analítico e o objetivo geral, isto é, o ponto de chegada de toda a</p><p>análise na obra do autor. Essa perspectiva compartilha-se com a visão de</p><p>sociedade expressa por Émile Durkheim, um dos fundadores da Sociologia.</p>