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<p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos taxionomia das relações de poder Territórios políticos: taxionomia das relações de Descrição Relação das dimensões de poder e principais correntes teóricas das Relações Internacionais. Propósito Compreender as diferentes conceituações de poder das Relações Internacionais é central para a reflexão crítica sobre quais ferramentas analíticas são necessárias para entender o cenário global. Objetivos Módulo 1 poder como elemento em disputa Identificar os principais elementos das teorias de poder e suas modificações ao longo do tempo. Acessar módulo Q Buscar Baixar conteúdo em PDF Vídeos Menu 1/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Módulo 2 Escola Liberal e as possibilidades da globalização Analisar o papel de Estados e instituições internacionais nas teorias de poder das Relações Internacionais. Acessar módulo Módulo 3 poder das ideias e das identidades por meio do construtivismo Listar as narrativas sobre os interesses estatais e o papel das nações em temas sensíveis transnacionais. Acessar módulo 2/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Introdução Vamos tratar das formas de poder e da compreensão de que uma dinâmica internacional é viva para todos aqueles que necessitam de seu olhar. Sendo assim, é fundamental um exercício de compreensão do Estado e do poder na sociedade atual. Para isso, primeiramente, abordaremos os principais elementos das teorias de poder e suas transformações ao longo do tempo. Em seguida, analisaremos o papel de Estados e instituições internacionais nas teorias de poder das Por fim, trataremos das narrativas sobre os interesses estatais e o papel das nações em temas sensíveis transnacionais. 1 O poder como elemento em disputa Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais elementos das teorias de poder e suas modificações ao longo do tempo. 3/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder influência.na política internacional Poder nas dinâmicas internacionais Acompanhe um bate-papo sobre o poder nas dinâmicas internacionais. 4/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder A estreita relação que existe entre a escola realista e o conceito de poder decorre de sua percepção básica: conflito e competição são intrínsecos à prática da política internacional. Assim, a aquisição e gestão do poder é a característica central da política entre as nações. Embora os realistas estejam de acordo quanto a isso, há uma variação em como entendem o conceito: Para os realistas Para os estruturais ou clássicos, a luta neorrealistas, é a permanente pelo poder arquitetura do sistema decorre de impulso X internacional que força humano fundamental os Estados a buscar o (Morgenthau, 1948). poder e maximizar sua posição de força (Mearsheimer; Glenn, 2001). Além disso, há divergências sobre como o poder deve ser concebido e medido. A primeira expressão analítica sobre o poder e o realismo se encontra nas considerações sobre o "equilíbrio de poder", expressão identificada nas reflexões do filósofo grego Tucídides, em V a.C., para explicar o início da Guerra do Peloponeso. A reflexão reforça que a política de poder funciona como uma espécie de lei do comportamento humano. Feras MAR EGEU Dodona TESSÁLIA BEOCIA MAR JÔNICO (424) LOCRIDA Tebas aristo ÁTICA Patras ACAIA Mega Miconos CICLADE Sérifo Zaquintos Sifno Nisiro (418) Esparta Esfacteria (425) Citera Creta Cidonia Guerra do Peloponeso: Esparta e a Liga do Peloponeso em rosa, Atenas e seus aliados em amarelo. o comportamento do Estado como um ator é entendido como um reflexo das características das pessoas que compõem o Estado. De 5/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder condição de natureza humana é uma das características definidoras do realismo clássico e é mais famosamente representada em Morgenthau (1948) Morgenthau sustentou que a política é governada por leis objetivas que têm suas raízes na natureza humana. Era importante para Morgenthau reconhecer que essas leis existem e elaborar políticas consistentes com o fato de que os seres humanos possuem uma vontade de poder inerente. Tanto para Tucídides quanto para Morgenthau, a continuidade essencial do comportamento dos Estados é sua busca pelo poder, que está enraizada nos impulsos biológicos dos seres humanos. Essas discussões são relevantes ao pensarmos nas dimensões de Balança de Poder. termo implica que mudanças no poder político relativo podem ser observadas e medidas, principalmente ao analisar como diferentes potências lidam com rivais. A dinâmica de Balança de Poder está pautada em duas considerações: 1 sistema internacional é considerado anárquico, sem que nenhuma autoridade de todo o sistema seja formalmente imposta a seus agentes. 2 As grandes potências têm vários mecanismos para restaurar o equilíbrio, incluindo o acúmulo militar interno, sendo a riqueza econômica convertida em poder militar e formação de alianças. Como não existe um "governo mundial" para proteger os Estados uns dos outros, cada um tem que confiar em seus próprios recursos e estratégias para evitar ser conquistado, coagido ou ameaçado de outra forma. 6/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Ao enfrentar uma nação poderosa, um país pode mobilizar mais recursos próprios ou buscar uma aliança com outros Estados que enfrentam o mesmo perigo, a fim de mudar a balança mais a seu favor. Aqui, o poder é um elemento que confere liberdade ao Estado para buscar sua sobrevivência - o objetivo final de qualquer país. Elementos morais e direitos humanos podem ser considerações importantes, mas são subsidiárias da busca por poder e sobrevivência. Em casos extremos, formar uma coalizão de equilíbrio pode exigir que um Estado lute ao lado de outro país que antes considerava inimigo ou entendesse que seria rival no futuro. Assim, os Estados Unidos e a Bretanha se aliaram à União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, porque derrotar a Alemanha nazista tinha precedência sobre suas preocupações de longo prazo com o comunismo. Alianças dos países aliados durante a Segunda Guerra Considerações clássicas sobre poder no realismo Um dos principais obstáculos na tentativa de fazer do poder o foco em relações internacionais (RI) é a dificuldade de consenso sobre a forma mais adequada de definir e um conceito tão evasivo. Poder significa coisas bem diferentes para pessoas diferentes. Segundo Baldwin (2012), existem duas tradições dominantes de análise de poder em RI: 7/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder A abordagem de poder nacional, que retrata o poder como propriedade dos Estados. A abordagem de poder relacional, que retrata o poder como uma relação real ou potencial. Poder nacional Os proponentes dos elementos da abordagem do poder nacional associam o poder à posse de recursos específicos. Todos os recursos importantes que um Estado possui são normalmente combinados para determinar seu poder agregado geral. Recursos indicadores do poder nacional são o nível de gastos militares, o tamanho das forças armadas, o produto nacional bruto, o tamanho do território e a população, por exemplo. BRASIL 2021 / 2022 8.510 215 US$ 1.608.981 10° de 142 milhões milhões bilhão (PwrIndx: 0.1695) ÁREA POPULAÇÃO PIB FORÇAS ARMADAS (2021) (Pwrlndx) Dados acerca da população brasileira, segundo o IBGE e Global Fire Uma das dificuldades com os elementos da abordagem do poder nacional é a questão da conversão, que é: 66 A capacidade de transformar o 8/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder medido pela mudança de comportamento dos outros. (NYE, 2002, p. 31) Não é a mera posse de recursos de poder que importa, mas a capacidade de em influência real. Pode-se argumentar que com a abordagem de controle sobre recursos: Nem sempre é certo que os atores serão capazes de usar elementos que estão nominalmente sob seu controle. Alguns tipos de recursos são extremamente difíceis de medir. o foco no poder nacional exclui a consideração do papel dos atores não estatais e as questões de interdependência, coalizões e ação coletiva. Poder relacional A abordagem de poder relacional foi defendida como alternativa à abordagem do poder nacional. É fundamental para a concepção relacional de poder a capacidade de uma mudança nos resultados dependendo dos atores que estão envolvidos. Nesse sentido, mais importante que o acúmulo de poder - por exemplo, quantos soldados determinado país possui disponível - é a relação desse número com outras nações. 9/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder BRASIL X PORTUGAL 2021/2022 > 8.510 215 US$ 1.608.981 10° de 142 milhões milhões bilhão (PwrIndx: 0.1695) ÁREA POPULAÇÃO PIB FORÇAS ARMADAS (2021) 92.256 US$ 250.053 49° de 142 mil milhões milhões (PwrIndx: 0.7282) Dados acerca da população brasileira e portuguesa, segundo o IBGE e Global Fire. A abordagem de poder relacional provavelmente parecerá muito efêmera para políticos e líderes. A ideia de poder como posse de recursos tem mais apelo para os formuladores de políticas porque faz o poder parecer mais concreto, mensurável e previsível do que a definição relacional. Tais questões reforçam que a política internacional para realistas clássicos é essencialmente uma luta interminável por poder. Morgenthau (1948) proclamou que a política internacional é uma luta pelo poder, e o poder é sempre o objetivo imediato. Ele parece ter endossado tanto a abordagem relacional quanto os elementos da abordagem do poder nacional. Além disso, define o poder político como uma relação psicológica entre aqueles que o exercem e aqueles sobre quem é exercido. 10/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Morgenthau (1948) se compromete a como um ator político, seja um indivíduo ou um Estado, é capaz de induzir uma mudança de resultado favorável àquele que exerce o poder. No entanto, distingue poder político e força física, argumentando que há uma diferença fundamental entre ameaçar o uso da violência para alcançar determinado resultado e seu uso real; o último, para ele, representa uma abdicação do poder político em favor do poder militar. Morgenthau transfere a suposição fundamental do desejo inerente do homem pelo poder para descrever o comportamento dos Estados. Morgenthau comparou os três padrões básicos da luta pelo poder entre os Estados ao desejo do homem pelo poder que se manifesta no "desejo de manter o alcance do poder". Os três padrões básicos da luta pelo poder entre os Estados são: Manter o poder Status quo Aumentar o poder Imperialismo 11/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Conforme essa visão, a política internacional é uma luta contínua entre o status quo e os poderes revisionistas. Deixados por conta própria, cada Estado tende a estender poder sobre uma esfera tão ampla quanto possível. Mas a busca pelo poder não ocorre no vácuo. A tentativa de cada estado de agir em termos de interesse definido como poder influencia diretamente as ações de outros estados. Embora reconhecendo a importância do instrumento militar, Morgenthau (1948) advertiu contra a tendência de se concentrar em um único componente do poder em detrimento de todos os outros. Sustentou que uma das tarefas mais complicadas da política externa era avaliar como os elementos individuais do poder contribuíam para o poder geral da própria nação. De acordo com Morgenthau, a capacidade de diferenciar entre um status quo e uma política imperialista, bem como a busca bem-sucedida do equilíbrio de poder, depende de uma avaliação precisa do poder nacional. De fato, o sistema de poder só atinge um estado de equilíbrio quando o poder de cada Estado está em seu nível ótimo. Reflexões contemporâneas Os chamados realistas estruturais concordam com os realistas clássicos que o domínio da política internacional é uma luta contínua pelo poder, mas não endossam a suposição clássica de que isso é atribuível a certas propensões encontradas na natureza do homem. Para Waltz: 12/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder A política internacional é O reino do poder, da luta e da acomodação (WALTZ. 2010, p. 23) Em vez de explicar a busca contínua pelo poder no âmbito internacional com base na natureza humana, os realistas estruturais substituem o mal pela tragédia. Os realistas estruturais deslocam o lócus da luta pelo poder da natureza humana para o ambiente anárquico que os Estados habitam. Waltz explica que: 66 Do ponto de vista da teoria neorrealista, a competição e o conflito entre Estados derivam diretamente dos fatos duplos da vida sob condições de anarquia: Estados em uma ordem anárquica devem sua própria segurança, e ameaças ou aparentes ameaças à sua segurança são abundantes. (WALTZ. 2010, p. 155) Na ausência de uma autoridade os realistas estruturais argumentam que a autoajuda é necessariamente o princípio da ação. Em uma sociedade internacional anárquica, cada Estado individual continua a depender apenas de si para sua própria existência, tanto quanto para o gozo de seus direitos e a proteção de seus interesses. 13/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Devido à possibilidade de que a força possa a qualquer momento ser usada por um Estado contra outro, todos os Estados devem tomar as medidas apropriadas para garantir sua própria sobrevivência. Os realistas estruturais argumentam que a medida mais importante que um Estado pode tomar nesse sentido é acumular uma quantidade suficiente de poder. o realismo ofensivo, uma subdivisão do realismo estrutural, diferencia- se tanto do realismo de Morgenthau quanto do neorrealismo de Waltz. Morgenthau e Mearsheimer retratam os Estados se esforçando para maximizar seu poder, mas o primeiro atribui isso a um "desejo de poder", enquanto o segundo a uma consequência necessária do sistema internacional anárquico. Para Mearsheimer p. 17), os cálculos sobre poder estão no cerne de como os Estados pensam sobre o mundo ao seu redor: "o poder é a moeda da política das grandes potências, e os Estados competem por ele entre si. o que o dinheiro é para a economia, o poder é para as relações internacionais". Como outros realistas, Mearsheimer vê o poder principalmente em termos militares. Ao contrário deles, porém, sua ênfase na força militar é bastante explícita: 66 Na política internacional, o poder efetivo de um Estado é, em última análise, uma função de suas forças militares. equilíbrio de poder é amplamente sinônimo de equilíbrio de poder militar. Eu defino o poder em grande parte em termos militares porque o realismo ofensivo enfatiza que a força é a última racionalidade da política internacional. (MEARSHEIMER, 2001, p. 55-56) 14/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Nessa lógica, não é apenas o poder militar que importa para o realismo ofensivo, é o "poder terrestre". Os exércitos importam mais do que as marinhas ou as forças aéreas por sua capacidade superior de conquistar e controlar a terra, que é o objetivo político supremo em um mundo de estados territoriais. Nessa teoria, a estrutura do sistema internacional obriga os Estados a maximizarem sua posição de poder relativo. o ambiente que os Estados habitam é responsável pela competição onipresente pelo poder, que leva os Estados a buscar oportunidades para aumentar seu poder graças aos rivais. Mearsheimer (2001) articula cinco suposições básicas sobre o sistema É anárquico. Todas as grandes potências possuem alguma capacidade militar ofensiva. Os Estados nunca podem ter certeza sobre as intenções de outros Estados. 15/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Os Estados são atores racionais. Apreensivos sobre as intenções finais de outros Estados e cientes de que operam em um sistema de autoajuda, os países rapidamente entendem que a melhor maneira de garantir sua sobrevivência é ser o Estado mais poderoso do sistema. o poder é o conceito-chave do realismo ofensivo de Mearsheimer, que considera que somente definindo claramente o poder podemos entender o comportamento das grandes potências. Mearsheimer endossa os elementos da abordagem do poder nacional e define o poder como bens específicos ou recursos materiais que estão disponíveis para um Estado. Vivências do século XXI A atual guerra entre Rússia e Ucrânia é exemplo de como elementos de poder se configuram nas RI atuais. A violência entre os dois países, na modernidade, pode ser rastreada até 2014 e até bem antes da virada do século XXI. Conflito Ucrânia e Rússia. A invasão da Ucrânia sob a liderança do presidente russo, Vladimir Putin, colocou a Europa Oriental no centro do cenário geopolítico. Líderes de todo o mundo são forçados a seguir estratégias distintas e continuamente a alterar seu apoio entre a independência da Ucrânia e o 16/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder uma perspectiva realista no contexto geopolítico moderno, que será aplicada ao conflito que se desenrola na Ucrânia. be of Kyivan Rus. Ano 1054. o realismo na política tenta resolver crises e conflitos internacionais implementando contramedidas que protejam suas fronteiras e a "esfera de influência" geral nos países vizinhos. Ucrânia e Rússia têm uma história complexa e extremamente entrelaçada, que existe há centenas de anos, aos conquistadores nórdicos vikings e Kyivan Rus durante as eras medievais antes de finalmente se fundir com o povo eslavo. A Ucrânia luta para manter sua independência por séculos, conseguindo plena soberania após o colapso da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991. Levou apenas alguns anos até que o governo norte-americano de Bill Clinton começasse a expandir a administração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e de seus Estados-membros. Esse conceito liberal de "alargamento" era muito popular há 25 anos e continua a ser um ideal fundamental embutido nas democracias ocidentais. No entanto, colide com a perspectiva realista preferida por Putin, que tem se manifestado contra a expansão da União Europeia (UE) e a ampliação da OTAN desde que chegou ao poder em 1999. 17/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder OTAN RÚSSIA Otan Rússia Mearsheimer é um dos mais famosos críticos da política externa americana desde o fim da Guerra Fria, sendo um proponente da política de grandes potências - uma escola de RI realistas que assume que, em uma tentativa egoísta de preservar segurança nacional, os Estados agirão preventivamente em antecipação aos adversários. Nessa concepção, os EUA, ao pressionarem para expandir a Otan para o leste e estabelecerem relações amistosas com a Ucrânia, aumentaram a probabilidade de guerra entre potências com armas nucleares e lançaram as bases para a posição agressiva de Putin em relação à Ucrânia. Em 2014, depois que a Rússia anexou a Crimeia, Mearsheimer escreveu que "os Estados Unidos e seus aliados europeus compartilham a maior parte da responsabilidade por esta crise" (MEARSHEIMER, 2014, n. p.). o realismo aponta, nessa lógica, que as raízes da crise atual têm suas origens em 2008, quando a Otan concordou em admitir a Geórgia e a Ucrânia. Os russos deixaram claro que viam isso como uma ameaça existencial. No mesmo ano, a Rússia invadiu a Geórgia e ocupou as regiões da Abkhazia e da Ossétia do Sul. Os esforços da União Europeia (UE) para integrar a Ucrânia em seu coletivo perturbaram a Rússia, que vê a perspectiva de uma "democracia liberal pró-americana" à sua porta como uma grave ameaça à segurança. 18/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Ust Dzhegutinskaya Sochi Baksan Teberda Nalchik Gagra Abkhazia Gudermes Exército Nazran Grozny Gudauta russo Khasavyurt Shali Sukhumi Alagir Frota russa no Mar Negro Zugdidi Marinha South da Georgia Chiatura Ossetia Kutaisi Mar Negro Tskhinval Poti Samtredia Khasuri Akhmeta Baghdat Bloqueio russo Bakurian Guriaan Vale GEORGIA Rustavi Tsnori Zagatala Hopa Kazretic Trabzon Ardahan Guerra Russo-Gorgiana em 2008. A Ucrânia não tem uma economia forte e possui índices de corrupção e administração pública bastante ruins. Outros países têm interesse no território por sua localização, mas nenhum se sente mais forte do que a Rússia. Putin não quer que as democracias ocidentais absorvam a Ucrânia pela OTAN ou UE por várias razões: Putin vê isso como uma questão de segurança e defesa A Ucrânia tem áreas separatistas pró-Rússia, que Putin já usou como justificativa para iniciar a invasão em um esforço para reunir os territórios da antiga União Soviética. forte nacionalismo justifica a preservação da cultura, dos valores e dos costumes de uma Rússia imperial nos próximos anos. Kiev foi uma das três grandes cidades do antigo Império Russo do século XIX ao lado de Moscou e Petersburgo. 19/64</p><p>11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder mundo, uma perspectiva realista é necessária para formar estratégias de defesa militar bem-sucedidas. No entanto, a ampliação da OTAN e a retórica cada vez mais inflamatória dos EUA e de outras nações da Europa Ocidental estão apenas provocando discursos bélicos em Moscou. o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky (esquerda) e o presidente russo Vladimir Putin no Palácio do Eliseu, em Paris. Apesar de toda a cobertura em torno das ações agressivas tomadas por Putin e os militares russos na Ucrânia, há conversas em andamento entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e Putin para chegar a um acordo de cessar-fogo e parar o bombardeio de artilharia e o cerco de cidades ucranianas. Novas alegações de russos perdendo cidades menores e ficando sem combustível e comida também começaram a circular. Putin pode ter subestimado a força dos batalhões militares da Ucrânia e sua vontade de lutar por sua soberania. o financiamento da OTAN para países vizinhos, como a Polônia, também reforça a confiança da Ucrânia. Do ponto de vista das dimensões de poder, uma possível solução para o conflito precisa ser gradual e incorporar a Rússia em um novo tipo de pacto ou "ordem de segurança" ao lado da OTAN e da UE, reconhecendo a soberania ucraniana, aumentando a estabilidade econômica europeia e, mais importante, impedindo que a China use sua influência cada vez mais poderosa para apoiar Putin. A Rússia está em um nível nitidamente mais baixo do que os EUA no cenário mundial. Sua economia é frágil e sua população está envelhecendo. As duas forças mais dominantes na geopolítica atualmente são China e Estados Unidos. Estudiosos realistas argumentam que optar por investir em um conflito 20/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Abandonar as estratégias de alargamento e incluir a Rússia em uma reconstrução alternativa da economia europeia será um desafio, mas o caminho atual é muito mais perigoso. Ao atender a esse aviso, o mundo pode reduzir drasticamente suas chances de suportar uma guerra termonuclear no século XXI. Vamos entender melhor? Ouça as principais provocações sobre o realismo e as formas do poder. 00:00 02:04 1x Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 Vem que eu te explico! Visão clássica de realismo em Relações Internacionais Módulo 1 Vem que eu te explico! EU TE Visão contemporânea de realismo em Relações Intenacionais 21/64</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Questão 1 realismo ofensivo se concentra no poder militar como elemento de influência dos Estados modernos. Porém, essa escola analítica também enfatiza o poder terrestre, já que reforça a necessidade de se A ocupar espaços e territórios para garantir influência. o poder cultural, já que a influência sutil teria efeitos B duradouros para além da força de exércitos. a estrutura internacional, ou seja, o fato de existirem normas e regras transnacionais que moldam o C comportamento das lideranças faz mandatários serem impelidos a tomar decisões semelhantes. a cooperação, de forma racional, promove a integração dos Estados, fazendo as nações se D comportarem de forma semelhante ao longo do tempo. o poder marítimo, já que é necessário projetar poder E através da capacidade naval no século XXI. Responder Questão 2 Existem duas tradições de análise de poder das Relações Internacionais com foco no realismo, A o poder nacional e o poder militar. B os elementos de poder econômico e cultural. C o poder marítimo e o poder terrestre. 23/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder D o poder militar e o poder econômico. E o poder nacional e o poder relacional. Responder 2 Escola Liberal e as possibilidades da globalização Ao final deste módulo, você será capaz de analisar o papel de Estados e instituições internacionais nas teorias de poder das Relações Internacionais. 24/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder O liberalismo como elemento de poder o liberalismo, como uma coleção de conceitos, deriva das ideias de filósofos como Locke e Jeremy Bentham nos séculos XVII e XVIII. Immanuel 25/64</p><p>Territórios políticos: taxionomia das relações de poder 28/08/2024, 11:41 John Locke. 26/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder No século XX, foi desenvolvido pelos chamados idealistas (como Woodrow Wilson), que, após a Primeira Guerra Mundial, estavam determinados a mudar o sistema internacional para evitar que tal devastação acontecesse novamente no futuro. Apesar de ter sido muito difamado durante os anos da Guerra Fria, o liberalismo recentemente recebeu um impulso do fim da Guerra Fria, e foi suplementado pelo "neoliberalismo" (DOYLE, 2018). Um tema central do liberalismo é que os indivíduos são livres para fazer suas próprias escolhas. Portanto, as ações de pessoas e dos Estados não são necessariamente ditadas por um sistema anárquico, mas podem cooperar cuidando dos interesses uns dos outros para trazer segurança para todos. Na questão específica do poder, liberalistas tendem a se concentrar no indivíduo e nos atores que não o Estado-nação em suas análises do sistema internacional. Um corolário disso é que eles não consideram o poder militar necessariamente a fonte mais importante de influência. No mundo contemporâneo, os liberalistas se concentram no: Poder econômico Poder consensual (que leva à cooperação) Poder institucional poder econômico é exercido por atores que possuem ou controlam recursos financeiros. Se essa visão de poder for focalizada, o poder do Estado é imediatamente reduzido em comparação à visão realista. Embora o Estado-nação possa controlar nominalmente mais poder econômico do que qualquer outra instituição, a maioria de seus recursos está vinculada a compromissos de longo prazo com seus cidadãos, na 27/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Portanto, a quantidade de recursos econômicos disponível para mobilizar e usar para influenciar o sistema internacional de várias maneiras é comparável a grandes empresas transnacionais, instituições internacionais e outros atores internacionais não estatais. Essa visão das RI é, no entanto, altamente enviesada para democracias industrializadas e economicamente desenvolvidas, entre as quais alguma liberdade de comércio e movimento foi alcançada. Portanto, é difícil considerar as teorias liberais aplicáveis a todas as áreas ao redor do mundo. Com base nas circunstâncias de seus próprios tempos e países. Nesse sentido, as dimensões sobre "correto" e "evoluído" estão baseadas em interpretações específicas e devem ser entendidas nesse contexto. Continuando, o liberalismo também reforça as questões envolvendo o poder do consenso, que é baseado na livre escolha dos indivíduos para cooperar uns com os outros. É interessante apontar que isso não é incompatível com a ideia de competição: todo poder deriva do consenso de um grupo; mesmo em um Estado totalitário, o ditador detentor do poder só pode controlar esse poder com a cooperação de sua administração e seus militares (ARENDT, 1986). WTO OMC Organização Mundial do Comércio, Suíça. o liberalismo também foca suas análises no poder das instituições internacionais, baseando essa visão na prerrogativa de que tais organizações têm influência significativa no sistema internacional. Elas podem incluir órgãos como as Nações Unidas, a Organização Mundial 28/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder são formados basicamente devido à colaboração entre governos nacionais. No entanto, eles também incluem organismos internacionais que podem ter sido formados por empresas globais, ou mesmo grupos de indivíduos interessados. Exemplos disso incluem órgãos de padrões técnicos, como Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), que administra sistemas que determinam como os nomes de domínio são indexados na internet, ou consórcios de empresas que decidem sobre protocolos de telefonia móvel. www. Search A capacidade dos atores de controlar ou influenciar as ações desses órgãos é vista como poder institucional. Mais uma vez, no entanto, esta fonte de poder pode não estar disponível onde há poucas instituições internacionais estáveis operando, como na África Subsaariana e em outras regiões pobres do mundo - áreas que os liberalistas, muitas vezes, não levam em conta nas suas análises. A última prerrogativa de poder na visão liberal é a interdependência. As interações entre indivíduos, atores subestatais, Estados e organizações internacionais no sistema internacional podem ser, dentro dessa lógica, uma fonte de poder. União Europeia 29/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder São organizações não governamentais, empresas transnacionais, outras organizações internacionais ou supranacionais, como a União Europeia, e também autoridades subnacionais ou regionais, que, em muitos casos, começaram a atuar internacionalmente, como governos estaduais e prefeituras. Essa visão dos atores internacionais parte da ideia de que o indivíduo e outros atores subestatais têm poder político no sistema internacional e a ideia de poder da interdependência prevê que Estados, instituições e outros atores estejam ligados por suas relações e transações. Essas transações incluem fluxos de dinheiro, pessoas, informações e outros bens e serviços. o valor dessas transações cresceu a um ponto em que atores e Estados são mutuamente dependentes; isso significa que essa interdependência se tornou uma fonte potencial de poder, em particular para atores que são menos dependentes de uma transação do que outros. Exemplo Durante a pandemia de covid-19, pudemos observar como a China ganhou influência ao ser um dos centros de insumos de vacinas para todo o mundo. Ao depender de Pequim para a produção de medicamentos em meio a uma crise sanitária, o país asiático se posicionou como uma potência que estabelece ajuda e auxilia a todos. Conforme explicado, um ator internacional, como um Estado, ganhará poder institucional em virtude de sua posição dentro de uma instituição. Ele ganha essa posição negociando com os outros Estados do sistema, de modo a manobrar-se gradualmente para uma posição mais forte. Isso pode ser feito por meio de contribuições econômicas para a instituição e dedicando atenção a ser politicamente proativo e, assim, aumentar seu perfil dentro do organismo. 30/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder 1957 Fundação da União Europeia e adesão de novos Estados-membros É provável que um país tenha uma posição mais forte por ser um membro-fundador da instituição, do que se aderir mais tarde. Isso pode ser visto no caso da União Europeia, onde os membros-fundadores mantiveram um poder político desproporcional na burocracia da UE muito depois de outros membros terem entrado, em parte devido à inércia causada pela natureza de mudança das grandes burocracias, mas também devido aos representantes dos Estados-membros originais na burocracia inclinarem-se para a seleção de seus próprios candidatos preferidos para posições. Nessa lógica, um ator pode usar essa posição para afetar o resultado das negociações internacionais. Se um Estado-nação se engajar em negociações que levarão ao estabelecimento de um tratado internacional ou outro conjunto de regras, ele pode exercer seu poder institucional para garantir que as regras lhe sejam favoráveis. Da mesma forma, uma empresa pode usar sua posição dentro de um consórcio internacional para garantir que suas necessidades sejam atendidas quando o coletivo decidir sobre um padrão internacional. Os liberais acreditam que os Estados podem, por meio de instituições, engajar-se na cooperação para benefício mútuo. A essência de órgãos internacionais, como as Nações Unidas, é que a segurança internacional é melhor salvaguardada por alguma forma de cooperação e consenso internacional, em vez de ações unilaterais. Consequências das perspectivas de poder na lógica liberal e neoliberal As ideias dos liberalistas sobre as relações de poder levam à crença de 31/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder individualista das relações de poder esboçadas acima, mas também baseadas na ideia de cooperação, levam logicamente à formação de instituições internacionais. As ideias de Kant são frequentemente evocadas em representações do liberalismo (ONUF; JOHNSON 1995). Kant acreditava que, apesar das dificuldades que levam a guerras, revoluções e assim por diante, no final, a natureza incentiva as pessoas a cooperar para garantir sua sobrevivência, à medida que aprendem as lições da guerra e do conflito. Países europeus que receberam ajuda do Plano Marshall. Os regimes liberais não travavam uma guerra entre si desde o final do século XVIII. À medida que adquiriram governos amplamente representativos, esses Estados evitaram a guerra como meio de resolver disputas entre si em favor da negociação. Essas observações fornecem evidências poderosas em apoio ao liberalismo kantiano e, portanto, à ideia de que o poder coercitivo não é necessariamente a fonte de poder mais importante, como sugerem os realistas. As teorias e ideias de Kant incorporam a visão liberalista das relações de poder explicada anteriormente. Há forte ênfase no poder político do indivíduo sendo a base de um estado republicano. 32/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder econômico do indivíduo (e de outros atores não estatais). Finalmente, as ideias da zona liberal de paz refletem as visões dos liberalistas sobre cooperação e o poder das instituições internacionais, como tratados e organizações. A zona de paz liberal é uma ideia que foi adotada por muitos liberalistas que tentam os argumentos realistas da anarquia universal. Pode-se dizer que essa zona de paz surgiu devido à realização do liberalismo kantiano. Nas democracias liberais, os indivíduos são livres para expressar seu poder político e econômico e, pelo menos em relação a outras democracias, o fizeram optando pela paz. A competição econômica ainda prospera, mas o elemento do poder consensual pode ser visto no fato de que a verdadeira competição econômica só pode ocorrer em um sistema com certas regras básicas, como leis ou práticas internacionais. A visão liberalista das RI de poder atingiu um ponto alto de influência após a Primeira Guerra Mundial, quando líderes e outros políticos começaram a ver que um sistema de cooperação internacional abrangente e forte era a única maneira de evitar mais desastres. Proeminente entre os defensores de tal sistema foi Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos entre os anos 1913-1921. Sua ideia se materializou na Liga das Nações, um sistema baseado no poder institucional e no poder de consenso, que promoveria ideias liberalistas de RI. Sessão plenária da Comissão Internacional de Cooperação Intelectual, com a presença de figuras conhecidas da cultura e da ciência, entre elas Albert Einstein. Genebra, na década de 1920. A organização, infelizmente, estava condenada desde o início, com a recusa do Congresso em ratificar o acordo e a ascensão de líderes autoritários na Europa, como Hitler, Stalin e Mussolini. Os liberais daquela época foram rotulados como idealistas, que não foram capazes de ver as realidades de como o poder estava sendo usado no sistema internacional na época. 33/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Fundação das Nações Essa era uma linha de pensamento perseguida por pesquisadores que acreditavam que a única maneira de garantir a paz e difundir a democracia liberal era por meio do uso de instituições internacionais fortes. No período após a Segunda Guerra Mundial, teóricos liberalistas argumentaram que as instituições poderiam ser desenvolvidas inicialmente incentivando os governos a cooperar em certas esferas da política, como o comércio. Isso influenciou o desenvolvimento de agrupamentos continentais e regionais, como: UE União Europeia. 34/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder NAFTA Acordo ASEAN Associação das Nações do Sudeste Asiático. Esse novo liberalismo, ou neoliberalismo, toma ideias de Kant, Wilson e seus contemporâneos, mas também responde aos argumentos dos realistas, enfatizando o poder institucional internacional como meio de controlar um sistema internacional anárquico. Economia política internacional A noção liberal da importância do poder econômico, do poder do consenso e do poder institucional, que incentiva o comércio e os vínculos econômicos entre Estados e países, voltou gradualmente à tona, com o advento da crescente globalização. A pesquisa dessa rede de vínculos entre Estados e organizações não 35/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder de uma visão liberal do mundo, embora em tempos mais recentes alguns realistas tenham tentado desenvolver teorias que combinam o desejo de poder dos Estados com suas políticas econômicas. É difícil existir uma economia política internacional sem, até certo ponto, ter relações militares estáveis entre os países que dela participam. Portanto, um Estado de anarquia internacional não seria propício para a formação de tal EPI. Por outro lado, o crescimento da importância dessa forma de poder é justamente levar a um mundo mais liberal. o processo de globalização, o desenvolvimento de estruturas internacionais e a crescente interdependência aumentaram a importância da ideia de poder econômico. Embora tal conceito tenha sido muito relevante nos séculos XVIII e XIX, com os grandes volumes de comércio global da época, tornou-se quase irrelevante pelo sistema global bipolar que surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Fria, as relações comerciais foram regidas em grande parte pelas necessidades de segurança, com o mundo dividido em esferas de influência dominadas pelos EUA e União Soviética. o eventual fim da Guerra Fria permitiu que uma infinidade de vínculos e padrões comerciais ressurgissem. Esse desenvolvimento foi muito amplificado pela explosão de novas tecnologias de comunicação que permitiram que a informação e o capital cruzassem o globo em segundos. A teoria da EPI enfatiza a relação entre política e economia ao considerar a interação do Estado. À medida que aumenta o volume de comércio e fluxos de capital entre os países economicamente liberais, também aumenta a importância do comércio na política internacional. A ideia de que as relações entre os Estados são impulsionadas pelo comércio (poder econômico) e não pelo poder militar é um desafio ao realismo clássico. Um desafio igualmente importante para as visões realistas das relações de poder é o fato de que o aumento da importância do comércio internacional também aumentou a importância dos atores não estatais 1996). 36/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder £ $ ₽ ¥ Um ponto importante levantado pelas teorias por trás da EPI e da visão liberalista das relações de poder é que os Estados não são necessariamente os atores mais importantes no sistema internacional. Em particular, as empresas transnacionais são consideradas importantes detentoras de poder econômico e institucional dentro do sistema internacional. Outro conceito derivado das visões liberalistas de poder é mostrado na ideia de interdependência no sistema global, entre Estados e atores não estatais. Keohane e Nye (2001, p. 8), os proponentes originais dessas ideias, distinguem interdependência de interconexão: "onde há efeitos dispendiosos recíprocos (embora não necessariamente simétricos) das transações, há interdependência. Onde as interações não têm efeitos custosos significativos, há simplesmente interconexão". De acordo com Keohane e Nye (2001): a dependência é mensurável considerando a sensibilidade e a vulnerabilidade de um país às mudanças políticas de outros países. Eles usam o exemplo das relações de poder entre os EUA e o Canadá, pois não há chance de entrarem em guerra, devido a seus laços militares seguros, o que, portanto, anula a vasta superioridade militar dos EUA 37/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder o volume de comércio e a quantidade de outras transações entre os dois países também é muito alto. Portanto, questões de interdependência tornam-se muito importantes quando se considera como esses países tomam decisões sobre o uso do poder entre eles. Strange (1996) também comentou vários aspectos das visões liberais do poder, como a divisão entre poder relacional e poder estrutural. o poder relacional é o poder usado por um Estado sobre outro, por meios como ação militar, pressão econômica ou diplomática. Em outras palavras, o poder relacional é usado diretamente entre Estados ou grupos de Estados. Por exemplo, geralmente a forma de os governos dos EUA e da Coreia do Norte lidarem um com o outro é direta, usando formas de poder relacional que cada um pudesse exercer: Washington com sanções econômicas e presenças militares na região, e a Coreia do Norte com sua suposta defesa nuclear e outras ameaças militares. o poder estrutural é mais indireto, usado por um país para manipular e controlar estruturas internacionais que surgiram da interdependência, incluindo regimes financeiros e comerciais e arranjos políticos internacionais. Strange (1996) cita o exemplo do US Oil Pollution Act, aprovado após o derramamento de óleo do Exxon Valdez em 1992. 38/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Superfície da água em Prince William Sound após o derramamento de óleo do Exxon Valdez. A lei estipulava que todos os navios-tanque que entrassem nos portos americanos deveriam fornecer garantias financeiras de que poderiam aceitar responsabilidade ilimitada pelos custos dos derramamentos de óleo. Isso, portanto, aumentou o preço da importação de petróleo para os EUA e impediu os operadores menores que não podiam arcar com a despesa. Assim, a estrutura do sistema de comércio de petróleo foi afetada por um movimento unilateral dos EUA, mostrando o poder estrutural americano. Comentário Esse tipo de poder, uma vez estabelecido, pode ser mais duradouro do que o uso de poder relacional pontual. Um tipo de poder estrutural é aquele incorporado pelas instituições internacionais. As instituições internacionais criadas originalmente após a Segunda Guerra Mundial são exemplo disso, refletindo o poder relacional dos Estados naquele período. Reino Unido mantém um poder estrutural muito maior do que seu atual poder relacional reduzido sugeriria. Sua presença permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a forte posição nas instituições financeiras de Bretton Woods, que resultaram de estar do lado vitorioso na Segunda Guerra Mundial, ainda lhe permitem influenciar os acontecimentos mundiais de forma desproporcional ao seu tamanho econômico e população. Pelas mesmas razões, a França mantém um poder estrutural igualmente desproporcional no sistema internacional. 39/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Possessões do império britânico, em vermelho, e francês, em azul. Em contraste, os países derrotados da Segunda Guerra Mundial tiveram muito mais dificuldade em tentar influenciar os regimes internacionais incorporados nessas instituições. Japão e Alemanha tiveram que passar muitas décadas tentando aumentar sua influência dentro do FMI e do Banco Mundial, até que estivessem no mesmo nível de seu tamanho econômico. Esses países ainda não têm influência proporcional nas estruturas de segurança das Nações Unidas, quando se considera sua importância política e econômica. o mesmo vale para potências econômicas emergentes, como Brasil e Índia. O poder "brando" o poder brando ou soft power é, muitas vezes, considerado um conceito evasivo. o uso da palavra soft para descrever uma forma de poder parece ser uma contradição em termos. No entanto, a ideia abrange uma ampla gama de atividades influentes no âmbito da política e economia internacionais. Soft power Assista ao vídeo e entenda melhor o que é soft power. Soft power é o poder que tem o consentimento de todas as partes que o efetuam ou são afetadas por ele. Portanto, fundamenta-se na ideia de cooperação nas relações entre as partes. Outra forma de o definir seria contrastá-lo com seu corolário natural: hard power, que consiste em 40/64</p><p>024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder o uso da força ou coerção para obter um resultado é a base tradicional da ideia de poder; a ideia de poder foi assumida como coercitiva pelos realistas ao longo dos tempos e não foi feita uma distinção entre soft power e hard Militares em posição coercitiva. o hard power coercitivo pode ser caracterizado pelo uso ou ameaça de uso de soldados, armas e outros equipamentos militares para forçar um oponente a se comportar de determinada maneira por meio da subjugação. Mesmo que a força militar não seja utilizada diretamente, o posicionamento de meios militares perto de um país, ou o direcionamento de sistemas de armas sobre ele, força o país-alvo a se comportar de maneira diferente. o comportamento dos países com capacidade nuclear (em particular, EUA e União Soviética) durante os anos da Guerra Fria foi um excelente exemplo disso; o medo de ser exposto a uma potencial coerção militar levou ao acúmulo de vastas reservas de armas nucleares em ambos os lados, a fim de impedir seu uso. Pode-se entender de forma mais qualificada o emprego do soft power pela chamada "Grande estratégia" da China no continente africano. o objetivo primordial da Grande Estratégia da China é restaurar-se como uma grande potência, buscando desenvolver e expandir seu alcance financeiro além de suas fronteiras, por meio de maiores investimentos de entidades públicas e privadas. RENMIN YINHANG 41/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder A iniciativa multibilionária "A Nova Rota da Seda", que visa fortalecer as ligações de infraestrutura, comércio e desenvolvimento entre China, África, países do Golfo, Ásia e Europa, é central para esse esforço. A China vê a África desempenhando um papel fundamental na realização desses objetivos. o continente é reconhecido como um mercado emergente com altos dividendos, apesar dos altos riscos. A China, além disso, vê a África como um parceiro disposto, em sua capacidade de influenciar e moldar a tomada de decisões internacionais. A África fornece o maior bloco de votos na Assembleia Geral da ONU, e os membros de suas organizações regionais participam de uma variedade de instituições internacionais que a China procura influenciar no avanço de sua agenda internacional. Ganhar uma vantagem competitiva em ambientes políticos e econômicos menos seguros permite que diplomatas e industriais apoiados pelo Estado chinês cultivem laços pessoais e negociem acordos fora das instituições formais. Essa é uma ideia central na cultura chinesa que é conhecida como guanxi. Refere-se a um sistema de redes sociais e relacionamentos influentes que facilitam negócios comerciais e negócios políticos por meio de laços pessoais, favores e hierarquias. 42/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Sede da União Africana em Addis Ababa, Etiópia. o crescente papel da China na África foi amplamente bem recebido pelos africanos. Em 2008, a União Africana (UA) estabeleceu o diálogo estratégico China-UA para fortalecer os laços. Três anos depois, a UA inaugurou sua sede na Etiópia, totalmente financiada pela China como um "presente". A pesquisa Afrobarometer, de 2016, realizada em 36 países africanos, descobriu que 63% dos entrevistados achavam que a influência econômica e política da China era positiva. Pequim não hesitou em ultrapassar os limites na identificação de novas áreas de engajamento para informar e influenciar debates políticos relevantes para a política externa chinesa, como seus investimentos no Novo Banco de Desenvolvimento com sede em Xangai, que foi criado como um mecanismo de financiamento alternativo ao Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. Em 2011, após anos de deliberação com governos africanos, o Fórum de Centros de Pesquisa China-África (CATTF) foi estabelecido. Financiado pelo Banco de Desenvolvimento da China, o fórum promove pesquisa política conjunta e treinamento entre os principais think tanks privados e governamentais chineses e africanos. Além disso, a Academia Chinesa de Ciências Sociais supervisiona vários acordos institucionais entre centros de pesquisa chineses e africanos como parte de um esforço maior para gerar amplo apoio africano para as posições políticas chinesas. Essas parcerias de pesquisa cobrem tópicos como cooperação de segurança chinesa, relações comerciais, reforma das Nações Unidas e governança. 43/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Edifício da Academia Chinesa de Ciências Sociais A pesquisa é usada para formular políticas governamentais chinesas e influenciar as africanas. Em 2019, a China aumentou o número de bolsas anuais concedidas a líderes governamentais africanos de 200 para 1.000. Seu treinamento de liderança agora inclui parlamentos, governos locais, grupos politicamente neutros e até partidos da oposição. Organizado pela Escola Central do Partido Comunista Chinês, os treinamentos abrangem a teoria e a prática da construção do partido, técnicas de propaganda, treinamento e desenvolvimento de quadros e gerenciamento de interações entre o partido, o governo e os militares. Mentorias em instituições chinesas fazem parte desses programas, e os participantes fazem viagens de campo para obter conhecimento em primeira mão de como os quadros do partido resolvem os problemas locais. Líderes de alto escalão são normalmente treinados em Pequim, enquanto funcionários de nível médio e subalternos são enviados para escritórios provinciais e locais do partido. 44/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder replicados para as ligas juvenis do partido no poder por meio do Fórum de Jovens Líderes China-África. Em 2018, foi realizado na província de Guangdong para 70 jovens líderes africanos de mais de 40 partidos do governo. o Festival da Juventude China-África, a versão de Pequim da Iniciativa de Jovens Líderes Africanos dos Estados Unidos, inclui jovens líderes da sociedade civil, empresas, mídia e estudantes. Seu terceiro fórum foi realizado em Pequim, em junho de 2018. Vamos entender melhor? Ouça e ligue os pontos do que você aprendeu neste módulo. 00:00 02:37 C 00:00 00:00 1x 1x Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 Vem que eu te explico! Teorias liberais de RI Módulo 2 Vem que eu te explico! EU A influência através da cultura: o caso do Fórum de Cooperação China-África 45/64</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Sobre as definições de poder institucional (PI) e poder de consenso (PC), centrais para as dinâmicas de influência na lógica liberal, podemos definir:</p><p>11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder PI como o poder de expulsar países rivais de A instituições, enquanto PC está centrado nas premissas de livre escolha dos indivíduos. PI como a capacidade de estabelecer agenda para os B objetivos de instituições, enquanto PC como a aglutinação de objetivos por meio da livre escolha. PI e PC como práticas idênticas, usadas para C descrever como Estados controlam instituições para garantir seus próprios interesses. PI com dinâmicas de poder brando, enquanto PC foca D lógicas culturais e econômicas. PI como a capacidade de estabelecer agenda aos E objetivos de instituições e PC como dinâmicas de poder militar. Responder Questão 2 Qual a melhor forma de definir a teoria de poder relacionada à Economia Política Internacional? Uma teoria que enfatiza a relação entre política e A economia ao considerar a interação do Estado com esses elementos Uma perspectiva teórica que enfatiza a primazia do B poder econômico sobre o poder cultural e militar. Uma teoria que reforça que o crescimento de países C do Norte global passa necessariamente pela exploração de países do chamado Sul global. 47/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Uma teoria que assinala exclusivamente que países D democráticos, por terem liberdade econômica, não realizam guerras uns com os outros. Uma teoria que reforça o papel do poder militar e E econômico no desenvolvimento de nações do Sul global. Responder 3 O poder das ideias e das identidades por meio do construtivismo Ao final deste módulo, você será capaz de listar as narrativas sobre os interesses estatais e o papel das nações em temas sensíveis transnacionais. 48/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder Construtivismo e poder Construtivismo o construtivismo é um conceito ivamente recente, que tenta introduzir perspectivas da filosofia, psicolog a sobre como ideias interesse e identidades soas afetam as RI de WENDT 1999) Essa escola sudere não e inerentemente anarquico, como De fato. sistema internacional, assim como os definidos dos. Portanto, se os atores-chaves dentro de um sistema acreditam fortemente que ele é anárquico, então ele Os Estados são constituídos por pessoas e, portanto, os próprios Estados são construídos a partir de ideias e modos de pensar. A teoria do construtivismo social está centrada na produção de ferramentas analíticas para entender as RI de poder de forma mais difusa. Questões decoloniais em uma provocação construtivista em RI Acompanhe um debate sobre as questões decoloniais em uma 49/64</p><p>28/08/2024, 11:41 Territórios políticos: taxionomia das relações de poder poder como elemento elusivo A fonte mais importante de poder, de acordo com os construtivistas, deriva de identidades, ideias e interesses das pessoas (WENDT, 1999). Portanto, se um Estado estiver inclinado ao expansionismo territorial, o poder militar será importante para ele, enquanto se um Estado estiver inclinado à construção de riqueza, o poder econômico terá precedência. Portanto, fontes de poder também podem ser consideradas forças que moldam essas ideias e normas. Essas forças controlam a disseminação da informação e do conhecimento; especificamente, incluem estruturas e agentes como o sistema educacional, a mídia de massa e, em certa medida, agências nos governos estaduais que as regulam, entre muitos outros atores. No entanto, além dessa ênfase em identidades, interesses, a maioria dos construtivistas também reforçam a importância de fontes de poder que foram identificadas por realistas e liberalistas, como poder coercitivo, poder institucional e poder estrutural. Essas formas de poder são frequentemente consideradas em relatos construtivistas, mas explicadas e definidas em termos de linguagem própria. Esse caráter abrangente do construtivismo o torna um conjunto de ferramentas mais prático do que o realismo ou o liberalismo. o construtivismo vê a capacidade de afetar ou mudar as ideias e interesses das pessoas como uma das faces modernas do emprego do poder. A ideias das pessoas podem ser alteradas por fatores coercitivos 50/64</p>