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PSICOFARMACOLOGIA APLICADA À SAÚDE MENTAL Profº Dr. Araújo B.S. Biomédico (Patologista Clínico) Doutorado em Hipnologia / Ms. Psicologia Clínica e da Saúde Psicanalista / Hipnólogo / Hipnoterapeuta. Especialista em: Hematologia / Farmacologia / Neurociências / Saúde Mental / Psicopedagogia Quando se tem dor de cabeça, quanto de aspirina ou tilenol deve-se tomar? Por que não se toma 1 cartela de uma vez? Ele começa a agir de 30 á 60 segundos depois de tomar o comprimido? Seu efeito dura uma semana? Como a droga sabe onde deve chegar para agir? Conceitos gerais • Farmacocinética – estudo da cinética da droga o que você faz com o fármaco • Farmacodinâmica – estudo do efeito da droga o que o fármaco faz com você Para que um agente terapêutico seja eficaz ele precisa ser: • Absorvido • Distribuído • Metabolizado • Eliminado O que acontece depois da administração da droga? 1. absorção 2. distribuição 4. eliminação 3. metabolismo Farmacocinética droga no local da administração absorção absorção droga no plasma distribuição metabolismo excreção droga/metabólitos droga/metabólitos excreção Vias de administração de drogas Parenteral (IV) Inalada Oral Transdérmica Retal Tópica Parenteral (SC, IM) vias de administração Injeção intravenosa Injeção intramuscular Injeção subcutânea Inalação Vias de administração: ORAL via de administração mais usada conveniente - auto-administração segura absorção lenta - ineficaz em emergência variabilidade individual irritação gástrica efeito de primeira passagem Efeito de Primeira Passagem Metabolismo de primeira passagem fígado estomago veia porta Intestino delgado metabolismo de primeira passagem para a circulação sistêmica absorção droga metabolizada circulação hepático-portal Metabolismo de primeira passagem Drogas que sofrem metabolismo de primeira passagem (exemplos) Aspirina Metoprolol Clormetiazol Morfina Clorpromazina Nortriptilina Dextropropoxifeno Petidina Dinitrato de isossorbida Propranolol Imipramina Salbutamol Trinitrato de glicerina Levodopa Lignocaína Verapamil Vias de administração: ENTERAL SUBLINGUAL alto fluxo sanguíneo absorção mais rápida que a oral evita o efeito de primeira passagem RETAL vômito irritação Gastro Intestinal pacientes agitados, inconscientes Vias de administração: PARENTERAL INTRAVENOSA início do efeito rápido controle da concentração plasmática infusão constante inadequada para sol. não aquosas irreversível SUBCUTÂNEA absorção lenta inadequada para soluções pouco solúveis em água Vias de administração: PARENTERAL Outras vias de administração Mucosas - nasal, vaginal Pele - dérmica (ação local); transdérmica - adesivos Inalação – pulmões (asma, anest.) Como a via de administração afeta a absorção? Depende do número de barreiras entre o local de administração da droga e a circulação sistêmica Administração IV as drogas são 100% absorvidas A droga é colocada diretamente no sangue Concentrações da droga no plasma Concentração da droga no Plasma (Cp) mcg/mL 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tempo desde a administração da droga (horas) administração IV administração IM administração VO e SC Absorção de drogas Transporte da droga para a corrente sanguínea Fatores que influenciam a velocidade de absorção: • via de administração • circulação no local da administração • dose da droga • formulação da droga • propriedades físicoquímicas da droga (ácido ou base); estado físico (tamanho da partícula, estado físico vs líquido) • tipo de transporte • ligação a proteínas Lipossolubilidade Ionização é o principal fator: quando as drogas são ionizadas (com carga) elas tornam-se muito menos lipossolúveis mais ionizada - menor lipossolubilidade - menor absorção - menor efeito Regras Ambiente pH Básico NÃO-ionizada Drogas ácidas – tornam-se mais NÃO ionizadas em pH ácido Drogas básicas – tornam-se mais NÃO ionizadas em pH básico (pH alcalino) Droga Ácida Droga Básica Ambiente pH ácido Regras Ambiente pH ácido NÃO-ionizada NÃO-ionizada Drogas ácidas – tornam-se mais NÃO ionizadas em pH ácido Drogas básicas – tornam-se mais NÃO ionizadas em pH básico (pH alcalino) Droga Ácida Droga Básica Ambiente pH Básico Regras Ambiente pH Básico NÃO-ionizada NÃO-ionizada IONIZADA Drogas ácidas – tornam-se mais NÃO ionizadas em pH ácido Drogas básicas – tornam-se mais NÃO ionizadas em pH básico (pH alcalino) Droga Ácida Droga Básica Ambiente pH ácido Regras pH ácido Ambiente NÃO-ionizada NÃO-ionizada IONIZADA IONIZADA Drogas ácidas – tornam-se mais NÃO ionizadas em pH ácido Drogas básicas – tornam-se mais NÃO ionizadas em pH básico (pH alcalino) Droga Ácida Droga Básica pH básico Ambiente Como uma molécula sabe onde ela deve ir? Ela não sabe! As moléculas das drogas vão “a qualquer lugar” ADMITA, ESTAMOS PERDIDOS! Tipos de transporte Passivo Facilitado Ativo Difusão facilitada Essas moléculas não podem passar a membrana sem ajuda Essas moléculas precisam de um carregador para atravessar a membrana M e m b r a n a C e l u l a r Difusão facilitada Essa é a proteína carregadora da molécula O carregador faz com que a molécula atravesse a membrana M e m b r a n a C e l u l a r M e m b r a n a C e l u l a r Difusão facilitada Essa é a proteína carregadora da molécula O carregador faz com que a molécula atravesse a membrana M e m b r a n a C el u la r Difusão facilitada Essa é a proteína carregadora da molécula O carregador faz com que a molécula atravesse a membrana M e m b r a n a C el u la r Difusão facilitada Essa é a proteína carregadora da molécula O carregador volta ao estado normal Não é usada nenhuma energia para transportar a molécula Apenas o gradiente de concentração move as moléculas Como as drogas saem do sangue e vão para os tecidos? Os capilares NÃO são sólidos Os capilares tem fendas que permitem que as drogas sejam distribuídas para os tecidos moléculas das drogas Capilar corpóreo Tamanhos das: moléculas das drogas vs glóbulos vermelhos (RBC) e proteínas sanguíneas Capilar corpóreo RBC Proteína moléculas das drogas Antidepressivo Ligação às proteínas plasmáticas (%) Tricíclicos ISRS Reboxetina Mirtazapina Fluvoxamina Escitalopram Venlafaxina 92-96 80-98 97 85 77 56 < 30 Exemplos de % de ligação às proteínas plasmáticas Ligação a proteínas sanguíneas Capilar corpóreo RBC moléculas das Proteína drogas Moléculas livres Droga ligada a proteína sangue normal Moléculas livres Droga ligada a proteína Droga ligada a proteína Sangue hipoproteinemico Ligação a proteínas sanguíneas Características Farmacocinéticas de BZD % ligação proteínas T1/2 comp. orig. [metabólito] (h) Tmax (h) Pico de [plasmática] (h) Clonazepam 85 18-60 1-4 1-2 Diazepam 98 20-100 [30-200] 0,5-2 1-2 Estazolam 93 10-24 2 (0,5-6) 0,5-6 Flunitrazepam 77-79 10-20 0,4-0,5 0,3-3 Flurazepam 97 2,3 [40-250] 0,5-1 0,5-1 Midazolam 97 1-12 (2,5) 0,33-1 0,3-1 Nitrazepam 87 15-48 2-3 2-3 Triazolam 89 1,5-5,5 até 2 2 Barreira hemato-cerebral Limita a capacidade das drogas de atingir o cérebro:Lipossubilidade (maior) Ligação a proteinas (menor) Grau de ionização (menor) Psicofármacos Diferentes dos outros medicamentos por obrigatoriamente atuar no SISTEMA NERVOSO CENTRAL - passam a Barreira Hemato-Cerebral Capilares corpóreos são diferentes dos capilares cerebrais Capilar corpóreo Capilar cerebral Fenestrações (janelas) Células da glia BARREIRA HEMATO CEREBRAL SEM Fenestrações Biotransformação Transformação mediada por enzimas de uma substância química em outra Locais de Biotransformação •Fígado •rim, pulmão, epitélio Gastro Intestinal •outros tecidos Objetivo da Biotransformação Converter as drogas, através de reações, em compostos menos lipossolúveis, isto é, hidrossolúveis, para ELIMINAÇÃO pelo rim. Indução enzimática Biotransformação proporção de drogas metabolizadas por isoenzimas CYP450 CYP3A4 36% CYP2E1 CYP1A2 CYP2B6 CYP2A6 Inibição enzimática CYP2D6 19% CYP2C19 CYP2C9 Diazepam Clordiazepóxido Desmetil Nordiazepam Demoxepam Temazepam Oxazepam Flurazepam N-Hidroxietil- flurazepam N-Desalquilflu- razepam 3-Hidroxi- derivado Triazolam Midazolam Alprazolam -Hidroxi- triazolam -Hidroxi- midazolam -Hidroxi- alprazolam Lorazepam Biotransformação dos BZD CYP2C19 CYP3A3/4 CYP3A3/4 CYP3A3/4 Desmet-il- clordiazepóxido Greenblatt e cols 1991, Clin Pharmacokinet 21:165-77 C O N J U G A Ç Ã O P O R G L U C O R O N I D A Ç Ã O idosos idosos idosos Por que o metabolismo é importante? Como ele se relaciona com tolerância à droga? Metabolismo é a conversão de uma molécula em outra Indução enzimática •Certas drogas que são substrato do citocromo P450, após administração repetida, “induzem” ou elevam as quantidades de formas específicas da enzima. •Indução resulta no metabolismo acelerado da droga indutora e muitas outras drogas metabolizadas pela enzima induzida •Ex.: Etanol, Fenobarbital, Tabaco Inibidores Enzimáticos • Algumas drogas são capazes de inibir enzimas • Geralmente importante quando um paciente em um regime estável de droga começa uma segunda droga metabolizada pela mesma enzima • Ex.: cimetidina, etanol Interações Medicamentosas Biotransformação • Indução enzimática - anticonvulsivantes • Inibição enzimática - dissulfiram, ISRS, fenilbutazona, metronidazol, cloranfenicol, tetraciclina • CYP1A2 e CYP2D6 - psicofármacos • CYP3A3/4 - drogas de uso freqüente * venlafaxina, reboxetina, citalopram e mirtazapina são fracos inibidores dos CYP Interações medicamentosas dos benzodiazepínicos Não relevantes Anticoagulantes Anestésicos e bloq.neuromusculares Anestésicos locais Anticolinérgicos Inibidores da MAO Antiinflamatórios não hormonais Hormônios esteroides Possivelmente relevantes Anorexígenos Betabloqueadores Probenecida Xantinas Digoxina Relevantes Antidepressivos tricíclicos (TCA) Etanol Antiácidos Barbitúricos Neurolépticos Anticonvulsivantes Inib. recaptura de serotonina (ISRS) Dissulfiram Bloqueadores H2 Opioides Antibióticos (macrolídeos rifampicina cetoconazol) Dois órgãos principais de eliminação: fígado e rins Eliminação renal vai para a urina Eliminação hepática vai para o ducto biliar e intestino delgado Eliminação renal Sangue flui para os rins água, drogas, pequenas moléculas Urina e Droga fluem pelo uretér para a bexiga MAIOR pressão arterial = MAIOR fluxo MAIS fluxo= MAIS filtrado MAIS filtrado = MAIS RÁPIDA eliminação filtrados no glomérulo Tempo no organismo tempo C o n ce n tr aç ão s ér ic a 0 0.5 1.0 0 Fase de eliminação Fase de distribuição droga é eliminada • Demora para a droga ser distribuída no organismo • Distribuição da droga é afetada pela eliminação 1.5 droga não é eliminada Fatores que interferem na Ação de Drogas Fatores Extrínsecos Dependentes da droga propriedades fisico-químicas formulações farmacêuticas Condições de administração via de administração / dose condições de uso: agudo, cronico interação com outras drogas Meia-Vida Tempo necessário para que a concentração sanguínea da droga caia pela metade 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 6 7 8 9 4 5 Time (hours) C o n c e n tr a ti o n ( m g /L ) Concentração mínima eficaz Meia-vida longa 22 h 6 h 14 h 22h 6 h Sonolência residual com compostos de meia-vida longa compostos de meia-vida curta C o n ce n tr a çã o d o h ip n ó ti co n o s a n g u e Sono Tempo Insônia rebote com compostos de meia-vida curta Efeito hipnótico Efeito hipnótico vs meia-vida Relação Dose-Efeito – idade – sexo – massa corpórea – funcionamento de órgãos – doenças – outras drogas – genética Dose Efeitos Farmacocinética concentração no local de ação Farmacodinâmica via de administração – biotransformação dose da droga – metabolismo de 1a. passagem lipossolubilidade – distribuição ligação a proteínas - eliminação Constitucionais • variabilidade individual, fatores genéticos, idade, peso, composição corpórea. Condicionais (condições especiais do organismo – patológico/ psicológico) • Insuficiência hepática – biotransformação • Subnutrição – ligação às proteínas plasmáticas • Edema, desidratação – distribuição • Insuficiência renal, diarréia, acidose, alcalose - excreção Fatores intrínsecos Placebo vs efeito placebo • Placebo: substância ou tratamento inerte • Efeito placebo: alterações provocadas por um placebo • Efeito placebo: resposta a uma substancia ou procedimento sem qualquer efeito terapêutico • Resposta placebo: individual • Efeito placebo: resposta de um grupo Price et al, 2008 • comprimidos que não contêm princípio ativo • ensaios clínicos: substância inerte vs droga-teste • placebo ativo: mimetiza os efeitos colaterais da medicação testada (evitar quebra da cegueira em estudos duplo-cegos) • qualquer tipo de procedimento que supostamente não provoque nenhum efeito Tipos de Placebo Efeito nocebo • Presença de efeitos colaterais ou piora da condição clínica após a administração de placebo • ¼ dos indivíduos recebendo placebo referem efeitos adversos (mais quando perguntados ativamente) • Efeitos colaterais mais comuns: sonolência, fadiga, queixas gastrointestinais, dores de cabeça • Ensaios clínicos: efeitos previstos pelo médico ou descritos no consentimento informado AJ Barsky et al. JAMA 2002;287:622-7 Placebo Efeito não atribuível a uma ação farmacológica Efeito placebo: efeito inespecífico - interação médico – paciente - expectativa do paciente quanto ao tratamento -fatores: tipo de doença, estado psicológico, personalidade, formulação, via, etc • efeito terapêutico = efeito farmacológico + efeito placebo + remissão espontânea • melhora: combinação do efeito farmacológico (específico), com a remissão espontânea e o efeito placebo (inespecífico) • difícil quantificar a contribuição de cada fator para a resposta final Componentes da resposta clínica Variáveis que interferem no efeito placebo • o placebo é mais eficaz quando: – a pílula for maior – colorida em vez de branca – de sabor amargo – arder – custar caro – difícil de achar – lançamento recente “tratar o maior número de pacientes possível com as drogas novas enquanto elas ainda têm o poder de curar” O efeito placebo nas diferentes condições patológicas • observado em muitas condições clínicas: – angina, asma, hipertensão, cefaléia, artrite reumatóide, febre, etc • o tipo de doença influencia a intensidade do efeito • o efeito placebo é > quandoa doença envolve aspectos psicológicos (dor, depressão, ansiedade) Efeitos Tóxicos em Farmacologia Decorrem de concentrações superiores às terapêuticas, devido ao uso de doses excessivas (superdosagem absoluta) ou à deficiência na eliminação (superdosagem relativa). Efeitos Colaterais em Farmacologia •Ocorrem com níveis terapêuticos, geralmente em órgão ou sistema diversos do alvo terapêutico. • Situação mais freqüente – irritação gastrointestinal produzida por doses usuais de muitos fármacos. Reações de Hipersensibilidade (Reação alérgica) Resposta que envolve ativação de um mecanismo immunológico (reação antígeno-anticorpo) – ex. Choque anafilático, urticária • Requer contato anterior com a droga ou composto • Uma dose relativamente baixa pode ser suficiente para produzir sensibilização e subsequentemente eliciar uma resposta alérgica Efeitos Idiossincrásicos •São reações adversas raras, inesperadas e inexplicadas. •As manifestações são qualitativamente diferentes dos efeitos habituais dos fármacos. • acetilcolina • catecolaminas – dopamina – noradrenalina – adrenalina • indolaminas – serotonina – histamina aminoácidos excitatórios glutamato aminoácidos inibitórios GABA, glicina óxido nítrico Ação dos psicofármacos: Neurotransmissores Agonistas Parcial • Substância capaz de ligar ao receptor provocar alteração conformacional e portanto gerar a resposta – atividade intrínseca Pleno Agonista Antagonistas • Ligam-se ao receptor mas NÃO desencadeia resposta Competitivo Não Competitivo Reversível Irreversível Antagonista Interação Droga-Receptor (Chave e fechadura) Sem Resposta Agonista Antagonista Receptor Não se encaixa Sem resposta Receptor Resposta Droga X A resposta da célula é devida à afinidade e à atividade intrínseca célula receptor Droga A Droga B Droga A tem maior afinidade pelo receptor que a Droga B Droga A se encaixa melhor no receptor que a Droga B A resposta da célula é devida à afinidade e à atividade intrínseca Droga A Droga B Droga B tem maior atividade intrínseca pelo receptor que a Droga A Antagonista combina-se com o receptor mas não produz efeito (não tem atividade intrínseca) célula Ao bloquear o acesso do agonista ao sítio receptor, o antagonista “bloqueia” o efeito do agonista Droga antagonista FARMACODINAMICA O que o fármaco faz com o corpo: Receptores em que atua Curva dose-resposta (cuidar metabolizadores lentos/rápidos e reações indissincráticas – efeito oposto ao esperado) Índice Terapêutico (mediana entre dose tóxica com dose efetiva) ex: haloperidol é alto, lítio é baixo Tolerância (quando perde o efeito ao longo do tempo), dependência é a necessidade de manter a medicação para evitar sintomas de abstinência. INTERAÇÃO COM O RECEPTOR Antagonista: impedem a ativação do receptor Agonista total: ativam receptores que produzem a resposta desejada Agonista parcial: ativam mas produzem uma resposta menor do que o agonista total Agonista inverso: estabilizam o receptor na sua forma inativa produzindo efeito farmacológico inverso FARMACOCINETICA Biodisponibilidade (fração da droga que tem acesso a circulação): Porção ligada a proteínas mantém a meia vida das drogas (tempo para que efeito cai 50%) Somente a porção livre atravessa a barreira hematoencefálica(BHE) Fármacos lipossolúveis atravessam mais BHE (ex: diazepam) Excreção Renal; metabolização hepática Absorção: Via oral – interação com alimentos? Via intramuscular (depósito) - Via intravenosa – mais rápida e mais arriscada DROGA: qual escolher? boa resposta prévia/familiares, padrões de efeitos colaterais, DOSAGEM: causas mais comum de fracasso = dosagem inadequada e/ou por tempo insuficiente DURAÇAO: avaliar resposta em 4-6 semanas (exceções ansiolíticos e estimulantes = 1 hora) DESCONTINUACAO: sempre lenta, optar por farmacos com meia vida mais curta DURAÇAO FASE INICIAL DE ADAPTAÇAO – maior parte dos efeitos colaterais ocorrem nas primeiras semanas e vão reduzindo (ex: sedação da mirtazapina, ISRS podem causar aumento inicial da ansiedade) DURACAO DA FASE DE MANUTENÇAO – inicio precoce, múltiplos episódios, maior gravidade e duração do episódio atual sugerem tratamento mais prolongado RESULTADOS RESPOSTA: Melhora significativa mas seguem com sintomas REMISSAO: Impacto sobre o estado mental e redução das taxas de recaídas INSUCESSO: Diagnóstico correto? (outra condição médica, uso de drogas) Sintomas residuais são efeitos colaterais da medicação? Dosagem adequada e por tempo suficiente? Interação medicamentosa? Falta de adesão? CONSIDERACOES ESPECIAIS CRIANCAS: iniciar com dosagem baixa (checar liberação para uso em crianças) IDOSOS: iniciar com dosagem baixa (metade da normal em geral) GRAVIDAS E LACTANTES: regra básica é evitar medicação (principalmente no primeiro trimestre) com exceção de casos graves. Sempre pesar risco de teratogenia x benefício da droga DOENCAS CLINICAS: causando sintomas? Interação medicamentosa? ALGUNS ASPECTOS PATOLÓGICOS - ALGUMAS PATOLOGIAS Ter Saúde Mental é: • Estar bem consigo mesmo e com os outros; • Aceitar as exigências da vida; • Saber lidar com as boas emoções e também com aquelas desagradáveis, mas que fazem parte da vida; • Reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário. Toda doença importante tem origem na própria alma do paciente (Psiquê). Psicológicas (Aspectos de cada Alma de cada Indivíduo) “A Patologia” Aspectos Psicológicos: Sentimentos de Culpa Frustrações e Insatisfações consigo mesmo Perdas de entes queridos Conflitos Sexuais Materialismo e Vazio Existencial Conflitos na Infância Aspectos Psicológicos: Dificuldade em reagir positivamente, ás dificuldades características do Dia-a-Dia. Depressão Depressão é uma doença do organismo em geral, que afeta como o indivíduo se sente, a maneira de pensar e se comportar, causando sentimentos persistentes de tristeza e perda de interesse em atividades rotineiras. Depressão A Depressão pode levar a uma variedade de problemas emocionais e também físicos. É uma doença crônica que geralmente requer tratamento em longo prazo e multiprofissional. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Major Depressive Disorder and the “Bereavement Exclusion”. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), esse é um distúrbio que se caracteriza pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva. Transtorno de Ansiedade O Transtorno de Ansiedade se dá quando não há motivos aparentes para se sentir tão angustiado a ponto de o comportamento alterar a rotina. Transtorno de Ansiedade Comportamento suicida é definido como suicídio consumado ou tentativa de suicídio. Pensar, considerar ou planejar suicídio é denominado ideação suicida. Comportamento Suicída O comportamento suicida inclui Suicídio concretizado Tentativa de suicídio (com pelo menos alguma intensão de morrer) Gestos suicidas; Ideação suicida consiste em pensamentos e planos sobre suicídio. Comportamento Suicída Principais Classes de Medicações Antidepressivos Estabilizadores do Humor/ Anticonvulsivantes Antipsicóticos/Neurolépticos Ansiolíticos/Benzodiazepínicos Psicoestimulantes Antidepressivos Tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina, clomipramina, imipramina) ISRS – Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (fluoxetina,citalopram, escitalopram, sertralina, paroxetina, fluvoxamina) Antidepressivos ISRN – Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (duloxetina, venlafaxina, desvenlafaxina) IRND – Inibidores da Recaptação de Noradrenalina e Dopamina (bupropiona) DISN – Desinibidor da Serotonina e Noradrenalina (mirtazapina) AIRS – Antagonista da Inibição da Recaptação de Serotonina (trazodona) Estabilizadores do Humor - Litio Efeitos colaterais comuns: ganho de peso; náusea/vômito/diarréia (10-30% inicialmente, 1-10% após 1-2 anos); tremores finos de extremidades (45% inicialmente, 10% após um ano); boca seca (20-50%); dor de cabeça, perda de memória e confusão (40%) alterações no ECG (20-30%) Estabilizadores do Humor - Lítio Intoxicações leves: tremor mais grosseiro, falta de coordenação, fraqueza, náusea e vômito Intoxicações moderadas: apatia, tontura, ataxia, visão borrada Intoxicação grave: confusão mental, convulsão e coma CUIDAR COM DESIDRATAÇAO, IDOSOS E PACIENTES COM RETARDO MENTAL. IECA, AINE e tiazidicos diminuem depuração renal = maior risco de intoxicação Antipsicóticos/Neurolépticos Primeira Geração / Típicos Haloperidol (Haldol) Clorpromazina (Amplictil, Longatil) Trifluoperazina (Stelazine) Efeitos adversos mais comuns: discinesia, parkisonismo, visão turva, constipação intestinal e retenção urinária, sonolência e hipotensão postural Antipsicóticos/Neurolépticos Segunda Geração / Atípicos Olanzapina Quetiapina Risperidona Aripiprazol Ziprasidona Clozapina Efeitos adversos mais comuns: síndrome metabólica, ganho de peso, hiperprolactinemia, incontinência urinária, síndrome extrapiramidal Ansiolíticos Benzodiazepínicos (ligam-se a todos receptores GABA) Ação prolongada (meia vida 30-100 horas): diazepam, clonazepam Ação intermediária (meia vida 8-30 horas): lorazepam, Ação rápida (meia vida 10-15 horas): alprazolam Zolpidem, Zaleplona e eszopiclona (ligam-se as subunidades específicas do receptor de GABA) = efeitos sedativos com ausência de efeitos anticonvulsivantes e de relaxamento muscular Buspirona ANSIOLÍTICOS ANSIOLÍTICOS: fármacos utilizados para diminuir ou abolir a ansiedade, sem alterar em demasia as funções psíquicas e motoras. Transtornos de ansiedade: transtorno de ansiedade generalizada; transtorno do pânico; fobias; transtorno de estresse pós-traumático; trasntorno obcessivo-compulsivo. Outros tipos classes de fármacos usadas para a ansiedade: antidepressivos; antipsicóticos. Classificação: 1.Benzodiazepínicos – grupo mais importante, como agentes ansiolíticos e hinóticos; 2.Buspirona –antagonista dos receptortes 5-HT1A , é ansiolítico, mas não notavelmente sedativo; 3.Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos – propranolol, para tratar algumas formas de ansiedade, em que há tremores, sudorese e taquicardia; 4. Zolpidem – mais hipnótico, pouca atividade ansiolítica; 5.Outros: hidrato de cloral, meprobamato, metaqualona (superados) BENZODIAZEPÍNICOS: Clordiazepóxido: sintetizado acidentalmente em 1956. Fármaco Duração da ação (h) Usos principais Triazolam < 6 Hipnótico Midazolam < 6 Ansiolítico, Anestésico intravenoso Zipidem (não é BZD) -< 4 Hipnótico Lorazepam 12-18 Ansiolítico, hipnótico Oxazepam 12-18 Ansiolítico, hipnótico Tenazepam 12-18 Ansiolítico, hipnótico Lormetazepam 12-18 Ansiolítico, hipnótico Alprazolam 24 Ansiolítico, antidepressivo Nitrazepam 24 Hipnótico, ansiolítico Diazepam 24-48 Ansiolítico, relaxante muscular, anticonvulsivante iv Clordiazepóxido 24-48 Ansiolítico, relaxante muscular Flurapezam > 48 Ansiolítico Clonazepam >48 Anticonvulsivante, ansiolítico (mania) Mecanismo de ação: Agem no sistema de transmissão gabaérgico, facilitando a ação do GABA nos receptores GABAA. Como esse neurotransmissor é inibitório, essas drogas acentuam os processos inibitórios no SNC, provocando um efeito depressor. Como os tranquilizantes ou ansiolíticos são usados? São usados pela boca (via oral) quando apresentados na forma de comprimidos ou cápsulas, ou ainda, são usados por via endovenosa quando apresentados na forma de injeção. As formas injetáveis só podem ser utilizadas em hospitais. Por que as pessoas usam os tranquilizantes ou ansiolíticos? As pessoas que utilizam esses medicamentos sem necessidade médica, fazem esse uso para se sentirem mais calmas, menos tensas, mais relaxadas e algumas vezes para dormirem. Utilizam esses medicamentos inadequadamente em qualquer situação que acreditem que se sentirão nervosas ou estressadas. Efeitos físicos agudos: Nas doses terapêuticas, produzem um estado relaxado, de calma ou dependendo da dose e da droga podem induzir ao sono. Dessa forma, quem utiliza esses medicamentos tem uma atenção prejudicada e não podem desenvolver atividades perigosas onde a atenção é muito necessária como por exemplo dirigir ou operar uma máquina perigosa. Efeitos físicos crônicos: Os ansiolíticos benzodiazepínicos quando utilizados por alguns meses podem levar às pessoas a um estado de dependência. Como conseqüência, sem a droga o dependente passa a sentir muita irritabilidade, insônia excessiva, sudoração, dor pelo corpo todo podendo, nos casos extremos, apresentar convulsões (síndrome de abstinência, mais comum com os de ação curta). Os ansiolíticos benzodiazepínicos podem causar tolerância. Tratamento da toxicidade aguda: flumazenil iv – antagonista competitivo dos BZD Dado o risco de dependência aos BDZ que pode ocorrer mesmo em doses terapêuticas no tratamento prolongado (mais de seis meses) e ainda mais rapidamente com BDZ de alta potência (como alprazolam e lorazepam), recomenda- se sempre a utilização da dose efetiva mais baixa possível e apenas pelo menor tempo necessário para o alívio dos sintomas. Os BDZ devem ser evitados em pacientes com história de alcoolismo ou abuso de drogas, a menos que haja uma indicação precípua ou um acompanhamento cuidadoso.