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<p>A COR DA DIGNIDADE MENSTRUAL: UMA ANÁLISE CULTURAL</p><p>Flávia Vieira da Silva1</p><p>1. Introdução</p><p>Este artigo tem como finalidade a cor da dignidade menstrual: uma análise</p><p>cultural, a escolha deste tema foi com base nas discussões assistidas em aula com</p><p>referências aos textos discutidos.</p><p>Neste trabalho veremos como o passar do tempo, as mudanças e contribuições</p><p>culturais de mulheres, especialmente as mulheres negras superaram as barreiras</p><p>impostas por preconceitos enraizados. No primeiro subtítulo será dialogado sobre a</p><p>história das lutas das mulheres, do qual são marcadas por batalhas e conquistas que</p><p>destacam suas contribuições e resistências frente às discriminações e desigualdades</p><p>estruturais de raça, cor e gênero.</p><p>No segundo subtítulo contextualizamos sobre as diferenças e desafios</p><p>enfrentados pelas mulheres negras versus mulheres brancas na sociedade, desde os</p><p>tempos antigos, quem os desafios eram impostos por estruturas patriarcais que</p><p>restringiam sua participação em diversas esferas da vida.</p><p>No terceiro subtítulo, abordamos a questão da mulher negra em relação ao</p><p>conhecimento sobre sua dignidade menstrual, destacando como muitas enfrentam</p><p>desigualdades sociais e socioeconômicas. A falta de acesso a informações e recursos</p><p>adequados agrava essa situação, refletindo uma interseção de discriminações que afetam</p><p>negativamente a saúde menstrual e o bem-estar das mulheres negras.</p><p>A pesquisa metodológica deste trabalho foi realizada por meio de referenciais</p><p>bibliográficos dos textos lidos e discutidos nas aulas.</p><p>1 Mestranda em Estudos Culturais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS por meio</p><p>do Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais do Campus de Aquidauana. Disciplina Estudos</p><p>Culturais: Teorias e Métodos.</p><p>2. O Contexto Histórico das Lutas das Mulheres na Sociedade</p><p>A história de lutas das mulheres na sociedade refere-se às batalhas e</p><p>conquistas ao longo do tempo, destacando suas contribuições e resistências em face às</p><p>discriminações e desigualdades estruturais, racial, cor e gênero em nossa sociedade. Ao</p><p>longo da história, a trajetória da mulher é conhecida por momentos de opressões sociais</p><p>devido a cultura do racismo e machismo.</p><p>Desde os tempos remotos a mulheres enfrentam uma série de desafios e</p><p>barreiras impostas por estruturas sociais patriarcais que restringem a sua participação</p><p>em diversas esferas da vida como elas: o direito básico do voto, a educação e a</p><p>igualdade de trabalho, antigamente as mulheres eram relegadas a papéis domésticos e</p><p>tinham poucas oportunidades de exercer os direitos civis como cidadã.</p><p>A conquista do sufrágio feminino, em muitos países, foi um marco</p><p>crucial, permitindo que as mulheres participassem ativamente da política, ao longo do</p><p>tempo, as mulheres continuaram a lutar por igualdade de oportunidades no mercado de</p><p>trabalho e pela implementação de leis que garantem seus direitos.</p><p>Apesar das muitas barreiras enfrentadas, essas lutas resultaram em</p><p>diversos avanços significativos, estabelecendo as bases para uma sociedade mais</p><p>igualitária e justa, onde as contribuições e capacidades das mulheres estão cada vez</p><p>mais reconhecidas e valorizadas.</p><p>A “emancipação da mulher” estava adquirindo um significado cada vez mais</p><p>vasto. No final do século XIX, algumas mulheres não mais queriam apenas</p><p>respeito, tratamento favorável dentro da família ou direito à educação,</p><p>mesmo educação universitária, mas sim o desenvolvimento pleno de todas as</p><p>suas faculdades, dentro e fora do lar. (...) elas visualizavam as mulheres</p><p>trabalhando em pé de igualdade com os homens em todas as esferas, a ocupar</p><p>“todos os cargos, desempenhar todas as funções; em tudo devemos competir</p><p>com os homens - no governo da família, como na direção do estado”.</p><p>Vinculavam a causa pelo sufrágio à igualdade da mulher e aos direitos</p><p>humanos gerais. (Hahner,1981, p.48,).</p><p>Como cita o autor, a visão ambiciosa e abrangente da emancipação feminina</p><p>vincula diretamente a luta pelo sufrágio à questão mais ampla dos direitos humanos,</p><p>enfatizando que a igualdade de gênero está intrinsecamente ligada à justiça social e à</p><p>democracia.</p><p>Na perspectiva de Bhabha (1998) sobre o patriarcado e a mulher oferece uma</p><p>análise profunda das complexas intersecções de poder que moldam a condição feminina,</p><p>em sua obra o que mais chama a atenção, é a importância de abordar a igualdade de</p><p>gênero através de uma lente interseccional, reconhecendo as múltiplas formas de</p><p>opressão que influenciam a vida das mulheres e a necessidade de criar narrativas</p><p>emancipadoras a garantia de seus direitos.</p><p>De modo similar, podemos dizer que a autorização do Estado para que a</p><p>polícia prenda e deporte mulheres com véu na França é outro exemplo de</p><p>uma ação discriminatória que visa atingir uma minoria, e que claramente</p><p>nega o seu direito de aparecer em público como quiser. (Butler, 2018, p.36).</p><p>Essa ação não leva em consideração a complexidade das identidades individuais</p><p>e culturais, tratando as práticas religiosas de maneira unilateral e estereotipada. Além</p><p>disso, essa política pode ser vista como uma tentativa de controlar os corpos femininos,</p><p>perpetuando uma forma de opressão patriarcal disfarçada de laicismo e neutralidade</p><p>estatal.</p><p>Segundo Torres (2006), afirma que o preconceito em relação a culturas e</p><p>sociedades não europeias era tal que as disciplinas que se focavam nas mesmas (o</p><p>orientalismo e a antropologia) se aproximavam delas como se estivessem congeladas no</p><p>tempo.</p><p>Ou seja, a visão estática e anacrônica do autor não apenas desconsiderava a</p><p>dinâmica e a evolução dessas culturas, mas também perpetuava estereótipos e reforçava</p><p>uma visão eurocêntrica do mundo. Torres critica essa abordagem, ressaltando a</p><p>necessidade de uma perspectiva mais justa e dinâmica que reconheça a riqueza e a</p><p>complexidade das culturas não europeias.</p><p>É fundamental adotar uma abordagem que valorize a diversidade e a evolução</p><p>cultural, evitando generalizações e estereótipos que perpetuam a opressão e o</p><p>preconceito, e promovendo uma compreensão mais inclusiva e equitativa das diferentes</p><p>identidades culturais relacionadas aos espaços que as mulheres atualmente ocupam hoje</p><p>na sociedade.</p><p>Portanto entende-se que nas últimas décadas, as mulheres têm ocupado cada vez</p><p>mais espaços de poder e decisão, tanto na política quanto no mercado de trabalho, e</p><p>continuam a lutar por um mundo mais justo e igualitário. As batalhas ainda são muitas,</p><p>especialmente no que tange à violência de gênero e à disparidade salarial, mas a</p><p>trajetória das mulheres reflete uma história de resistência, resiliência e progresso</p><p>contínuo.</p><p>2.1 Mulheres Negras versus Mulheres Brancas na Sociedade: Desafios e</p><p>Disparidades</p><p>As mulheres negras e brancas enfrentam desafios distintos na sociedade,</p><p>com disparidades significativas que refletem as intersecções de raça e gênero, por</p><p>exemplo as mulheres negras frequentemente enfrentam uma dupla discriminação, tanto</p><p>racial quanto de gênero, que se manifesta em diversas áreas da vida. Em contrapartida,</p><p>mulheres brancas, apesar de enfrentarem desafios de gênero, geralmente têm maior</p><p>acesso a recursos e oportunidades, devido à ausência do fator racial de discriminação e</p><p>desigualdade.</p><p>Conforme citado por Oliveira (2020) apud Crenshaw (2002) a:</p><p>interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca</p><p>capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação</p><p>entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata</p><p>especificamente da forma pela qual o racismo, patriarcalismo, a</p><p>opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam</p><p>desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de</p><p>mulheres, raças, etnias, classes e outras. (Crenshaw, 2002,</p><p>p.177).</p><p>Como descrito acima a interseccionalidade é uma construção teórica</p><p>que</p><p>visa apreender as consequências estruturais e dinâmicas decorrentes da interação entre</p><p>múltiplos eixos de subordinação, que se proporciona a uma compreensão mais profunda</p><p>e holística das múltiplas formas de discriminação e opressão que coexistem presentes na</p><p>sociedade.</p><p>Foram muitas as marcas deixadas pelo passado foram bem piores do que</p><p>se imagina, pois, as pessoas negras eram tidas como escravos (as), onde se sequer tinha</p><p>seus direitos e apenas serviam aos seus donos os de “cultura branca” os colonizadores:</p><p>As áreas de nativos e colonos, como a justa de corpos negros e brancos, são</p><p>opostas, mas não a posição de corpos negros e brancos, são opostas, mas não</p><p>a serviço de uma unidade superior. (Bhabha apud Fanon,1998, p.99-100).</p><p>Assim a cultura nos revela a profunda disparidade e o desequilíbrio de</p><p>poder intrínsecos à relação colonial, onde a segregação física e simbólica entre nativos e</p><p>colonos é perpetuada. Em que a oposição entre corpos negros e brancos ilustra a</p><p>manutenção de hierarquias raciais e a falta de integração verdadeira, indicando que essa</p><p>separação serve para reforçar estruturas de dominação e exploração.</p><p>Portanto, a reflexão crítica proposta por Bhabha apud Fanon nos obriga a</p><p>reconsiderar as narrativas coloniais e a reconhecer como essas divisões artificialmente</p><p>impostas servem para perpetuar a supremacia racial e a subjugação contínua de corpos</p><p>negros, essas barreiras estruturais só poderão ser desmanteladas e substituídas por uma</p><p>compreensão genuína e inclusiva das identidades e experiências diversas das lutas</p><p>alcançada pelas mulheres negras.</p><p>Um dos fatores sociais de desigualdade é a mulher negra ter menos acesso a</p><p>empregos bem remunerados devido à discriminação racial e de gênero e quando</p><p>conseguem emprego, é comum que recebam salários menores em comparação com</p><p>mulheres brancas e homens, mesmo que tenham qualificações semelhantes.</p><p>Há também no âmbito educacional enfrentam diversas barreiras no acesso à</p><p>educação de qualidade.</p><p>Não precisamos de mais nenhuma forma ideal do humano que sempre</p><p>implique formas inferiores do mesmo, o que torne invisíveis modos de vida</p><p>que não podem ser traduzidos nesse modelo, tornando-os certamente menos</p><p>vivíveis em vez de mais vivíveis. (Buther,2018, p.91).</p><p>De acordo com o autor, não devemos buscar uma forma ideal do humano que</p><p>sempre marginalize outras formas, tornando invisíveis estilos de vida que não se</p><p>encaixam nesse modelo, essa abordagem não torna essas formas de vida mais viáveis,</p><p>mas menos.</p><p>A complexidade política em torno do conceito de "o humano" exige que</p><p>reconsideremos seu papel restrito em um conjunto de relações, a fim de explorar como</p><p>diferentes reconhecimentos deste conceito surgem.</p><p>Na história da humanidade voltada a luta das mulheres, o feminismo tradicional</p><p>muitas vezes não considera a intersecção de raça e gênero, deixando de abordar a dupla</p><p>discriminação que mulheres negras enfrentam. Isso significa que, além de lidar com a</p><p>desigualdade de gênero, as mulheres negras também sofrem discriminação racial, uma</p><p>realidade que o feminismo tradicional pode não abordar adequadamente. Para a autora</p><p>Bento (2011):</p><p>Nunca foi tão necessário o feminismo e urge que façamos um bom combate à</p><p>visão hegemônica que considera o feminismo como uma prerrogativa</p><p>exclusiva das mulheres biológicas. Enquanto proposta de reforma das normas</p><p>de gênero, o feminismo uterino foi vitorioso e continua conquistando ganhos</p><p>importantes, seja em relação às questões do mercado de trabalho, ao mundo</p><p>da política, aos direitos reprodutivos das mulheres. (Bento,2011, p.94-95).</p><p>Bento (2011) enfatiza a necessidade do feminismo e a importância de combater a</p><p>visão dominante que limita o feminismo às mulheres biológicas, reconhecendo que o</p><p>feminismo tradicional tem sido bem-sucedido em reformar normas de gênero e</p><p>conquistar avanços importantes em áreas, contudo, apresenta que o feminismo deve ser</p><p>mais inclusivo, abrangendo todas as identidades de gênero desta forma deve continuar</p><p>avançando e promovendo igualdade para todas.</p><p>Enfim, a análise das desigualdades enfrentadas por mulheres negras e brancas</p><p>na sociedade revela a profundidade das disparidades estruturais que persistem, e assim</p><p>através de políticas inclusivas e uma compreensão abrangente das intersecções de raça e</p><p>gênero será possível construir uma sociedade verdadeiramente igualitária na sociedade.</p><p>3. A Influência da Cor na Experiência Cultural Menstrual</p><p>A influência da cor na experiência cultural menstrual é um campo de estudo</p><p>crucial que revela como as percepções e práticas em torno da menstruação são</p><p>profundamente influenciadas pelo contexto cultural e pelas construções sociais da raça.</p><p>Este tema não apenas destaca as diferenças nas experiências menstruais entre grupos</p><p>étnicos e raciais, mas também lança luz sobre como as normas culturais e os</p><p>estereótipos podem impactar a saúde menstrual e o bem-estar das mulheres.</p><p>A explicação de Guyton (1984) a definição da menstruação como:</p><p>A eliminação de sangue e tecido superficial do endométrio em necrose após</p><p>prévia involução, consequente da queda dos níveis de estrogênios e</p><p>progesterona no final do ciclo ovariano (GUYTON, 1984, p.21).</p><p>Dessa forma, a menstruação é compreendida como um fenômeno fisiológico e</p><p>biológico no corpo humano feminino, sujeito a alterações, durante o qual se observa</p><p>uma maior propensão a mudanças de comportamento drásticas e irracionais, isso, por</p><p>sua vez, intensifica a estigmatização em torno do tema da menstruação.</p><p>Um dos fatores que influenciam a percepção cultural da menstruação é a</p><p>desigualdade social, essa desigualdade gera diversas dificuldades no acesso a</p><p>informações e produtos menstruais, como absorventes. Seja em populações mais</p><p>vulneráveis socioeconomicamente e periferias, onde se tem incluído muitas mulheres</p><p>negras, frequentemente não têm conhecimento sobre a obtenção gratuita de absorventes</p><p>em programas como a Farmácia Popular, que atualmente está em vigor por meio do</p><p>Decreto nº 11.432, de 8 de Março de 20232.</p><p>Essa falta de informação e recursos destaca a necessidade de políticas públicas</p><p>que garantem acesso equitativo a produtos menstruais e informações de saúde para</p><p>2 Este decreto teve como deliberação a regulamentação da Lei nº 14.214, de 6 de outubro de 2021, que</p><p>institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual.</p><p>todas as mulheres, independentemente de sua etnia, cor, raça, sexo, sexualidade e</p><p>cultura. É preciso, ainda, situar discursivamente “[...] ‘periferia’ e ‘centro’como</p><p>“categorias que remetem a um imaginário que fala de mundos singulares e contrapostos,</p><p>separados pelas desigualdades sociais”. (SIMÕES; FRANÇA; MACEDO, 2010, p. 45).</p><p>Muitas vezes os costumes aos quais estas mulheres utilizam outros métodos para</p><p>suprir a necessidade da falta de absorventes, as mulheres recorrem a métodos</p><p>alternativos para lidar com a falta de absorventes devido a seus costumes ou tradições.</p><p>Em outras palavras, devido à falta de acesso a produtos menstruais adequados, essas</p><p>mulheres podem utilizar outros materiais ou práticas tradicionais para gerenciar a</p><p>menstruação.</p><p>Isso reflete a adaptação a contextos de escassez e a influência das práticas</p><p>culturais na maneira como a menstruação é administrada, principalmente quando:</p><p>“os costumes realizam algo - não são formulações abstratas dos significados</p><p>nem a busca de significados, embora possam transmitir um significado. Os</p><p>costumes estão claramente associados e arraigados às realidades materiais e</p><p>sociais da vida e do trabalho, embora não derivem simplesmente dessas</p><p>realidades, nem a reexpressem. Os costumes podem fornecer o contexto em</p><p>que a pessoa talvez faça, o que seria mais difícil de fazer de modo direto [...],</p><p>eles podem preservar a necessidade da ação coletiva, do ajuste</p><p>coletivo de</p><p>interesses da expressão coletiva de sentimentos e emoções dentro do terreno</p><p>e domínio dos que deles co-participam, servindo como uma fronteira para</p><p>excluir os forasteiros. (Thompson,2005, p.22 apud Slider 1986, p.940).</p><p>Thompson (2005) ao citar Silder (1986) em sua obra, explora como os costumes</p><p>não são simplesmente construções abstratas de significado nem a busca por</p><p>significados, embora possam transmitir significado.</p><p>Eles estão profundamente enraizados nas realidades materiais e sociais da vida e</p><p>do trabalho, mas não são derivados ou meramente uma expressão dessas realidades,</p><p>além deles preservam a necessidade de ação coletiva e ajuste de interesses dentro de um</p><p>grupo específico, permitindo a expressão coletiva.</p><p>Os costumes tradicionais dessa população vulnerável contribuem para que</p><p>tenham culturalmente menos acesso à saúde menstrual. Mulheres negras, já</p><p>discriminadas, frequentemente sentem vergonha ao lidar com esse assunto, enquanto as</p><p>mulheres brancas têm acesso mais avançado a informações e produtos de higiene</p><p>menstrual.</p><p>É crucial que um foco diagnostical em como a cultura negra e branca</p><p>progride e regride na questão da raça, gênero e sexualidade não elida a tão</p><p>atrasada leitura crítica ou análise textual da criatividade feminina negra</p><p>sobretudo na cultura de massa onde é mais esquecida. (Wallace, 1994, p.67).</p><p>Para Wallace (1994) a necessidade de não negligenciar a leitura crítica ou a</p><p>análise textual da criatividade das mulheres negras, especialmente na cultura de massa</p><p>onde são marginalizadas e esquecidas pela sociedade.</p><p>É essencial reconhecer e valorizar as contribuições das mulheres negras para a</p><p>cultura popular, garantindo que suas vozes e expressões sejam ouvidas e aceitas sem</p><p>serem obscurecidas por tendências dominantes ou preconceitos enraizados. Isso é</p><p>especialmente importante ao discutir questões como a menstruação e o acesso a</p><p>informações.</p><p>Não se pode ignorar a cultura das mulheres negras, muitas das quais enfrentam</p><p>discriminação devido à sua vulnerabilidade ou falta de conhecimentos, é crucial</p><p>demonstrar que todos devem ser tratados igualmente, independentemente de sua</p><p>condição social, racial e sexual.</p><p>4. Considerações Finais</p><p>Por fim, abordando o contexto histórico das lutas das mulheres na sociedade,</p><p>destacou-se neste trabalho como uma trajetória de resistência e conquistas significativas</p><p>ao longo do tempo. Bem como a luta das mulheres, que foram marcadas por desafios</p><p>impostos por estruturas sociais patriarcais, racistas e machistas, tem resultado em</p><p>importantes avanços em diversas áreas.</p><p>No entanto, ainda existem barreiras consideráveis, especialmente para mulheres</p><p>negras, que enfrentam uma dupla discriminação baseada em raça e gênero.</p><p>A interseccionalidade, como conceito fundamental para entender essas</p><p>complexas dinâmicas de opressão, revela como sistemas discriminatórios interagem</p><p>para criar desigualdades estruturais.</p><p>A análise das contribuições femininas na cultura de massa e o reconhecimento</p><p>das vozes das mulheres negras são passos essenciais para superar preconceitos e garantir</p><p>que suas expressões sejam valorizadas. Em suma, a trajetória das mulheres reflete uma</p><p>história de resistência, resiliência e progresso contínuo, onde as conquistas alcançadas</p><p>são apenas o começo de uma jornada em direção a uma sociedade mais justa.</p><p>A menstruação, como exemplo de uma questão que afeta diretamente a saúde e o</p><p>bem-estar das mulheres, demonstra como a desigualdade de acesso a produtos e</p><p>informações impacta de maneira desproporcional as mulheres de diferentes etnias e</p><p>condições socioeconômicas.</p><p>5. Referência Bibliográfica:</p><p>BENTO, Berenice. Política da diferença: feminismos e transexualidades. In: COLLING,</p><p>Leandro. Stonewall 40+o que no Brasil?. Salvador: EDUFBA, 2011, p. 79-110.</p><p>BHABHA, Homi K. O local da Cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.</p><p>BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria</p><p>performativa de assembleia. 1 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.</p><p>BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas. In: BUTLER, Judith. Corpos</p><p>em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. 1</p><p>ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018, p. 75-109.</p><p>HAHNER, June E. A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas: 1850-1937.</p><p>Tradução de Maria Thereza P. de Almeida e Heitor Ferreira da Costa. São Paulo: editora</p><p>Brasiliense, 1981. 140p.</p><p>OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. Nem ao centro, nem à margem: o lugar da bicha</p><p>preta na história e na sociedade brasileira. In: OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de.</p><p>Nem ao centro, nem à margem! Corpos que escapam às normas de raça e de gênero. 1</p><p>ed. Salvador: Devires, 2020, p. 17-28.</p><p>SANTOS, Luiza Chaves. Sufrágio Feminino e Democracia no Brasil. Pontifícia</p><p>Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rua Marquês de São Vicente, 225 - CEP</p><p>22453-900, Rio de Janeiro – Brasil.</p><p>Slider. Gerald.M.Culture and classa in anthropology and history(Cambride,1986),</p><p>p.140.</p><p>THOMPSON, Edward. P. Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular</p><p>tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.</p><p>WALLACE, Michele et al. Imagens negativas: para uma crítica cultural feminista negra.</p><p>Estudos Feministas, 1994, vol. 2, nº 3, p. 65-92.</p>