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<p>Conhecimentos Específicos</p><p>Apostilas</p><p>Domínio</p><p>SUMÁRIO</p><p>Educação infantil – conceito e objetivos ............................................................. 1</p><p>Higiene e cuidados com a criança. Auxílio e orientação quanto à alimentação da</p><p>criança; noções básicas de nutrição infantil ............................................................ 8</p><p>A importância do estímulo ao desenvolvimento infantil. Auxílio no</p><p>desenvolvimento de brincadeiras e atividades lúdicas e recreativas. Atenção à criança:</p><p>brincar junto com ela, escutá-la, dialogar com ela – tom de voz, modos de falar com a</p><p>criança .................................................................................................................... 23</p><p>Aspectos do desenvolvimento da criança (físico, social, cognitivo e afetivo) . 45</p><p>Cuidados físicos com a criança; noções de primeiros socorros ........................ 52</p><p>Importância do ambiente seguro, protegido e afetuoso na educação infantil ... 58</p><p>Conhecimento da organização e da conservação dos maternais e do ambiente da</p><p>creche e da pré-escola; noções básicas de assepsia, desinfecção e esterilização do</p><p>ambiente ................................................................................................................ 61</p><p>Organização: espaço, tempo, rotina diária ........................................................ 69</p><p>Procedimentos básicos para atendimento aos pais; acompanhamento de entrada e</p><p>saída de crianças; auxílio a atividades previstas no planejamento escolar ........... 80</p><p>Trabalho em equipe ........................................................................................... 94</p><p>Noções de ética e cidadania .............................................................................. 96</p><p>Noções básicas de relações humanas .............................................................. 108</p><p>Combate ao bullying (Lei nº 13.185/2015 – Institui o Programa de Combate à</p><p>Intimidação Sistemática) ..................................................................................... 108</p><p>Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal nº 8.069/90: artigos 1º ao 6º; 15</p><p>ao 18-B; 53 ao 59; 131 ao 137. BRASIL/MEC .................................................. 111</p><p>Base Nacional Comum Curricular – A Etapa da Educação Infantil. BRASIL116</p><p>Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996.</p><p>BRASIL ............................................................................................................... 131</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>Apostilas</p><p>Domínio</p><p>Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Câmara de Educação</p><p>Básica do Conselho Nacional de Educação. Brasília: 2009. BRASIL ............... 161</p><p>Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das</p><p>crianças – 6.ed. Brasília: MEC/SEB, 2009. BRASIL ......................................... 162</p><p>Indicadores da Qualidade na Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2009. BRASIL.</p><p>Ministério da Educação ....................................................................................... 173</p><p>Brinquedos e Brincadeiras nas creches: manual de orientação pedagógica. Brasília:</p><p>MEC/SEB, 2012 .................................................................................................. 177</p><p>JUNDIAÍ. Manual de Boas Práticas no Atendimento da Rede Municipal de Ensino.</p><p>Jundiaí, SP: 2020. Disponível em:</p><p>https://educacao.jundiai.sp.gov.br/documentos/manual-de-boas-praticas-no-</p><p>atendimento-da-rede-municipal-de-ensino/, acesso em 25/07/2022 ................... 246</p><p>Estatuto dos Funcionários Públicos (Lei Complementar nº 499 de 2010) e alterações.</p><p>JUNDIAÍ ............................................................................................................. 262</p><p>Currículo Jundiaiense da Educação Infantil. Jundiaí/SP: 2019. Disponível em:</p><p>https://sites.google.com/educacao.jundiai.sp.gov.br/curriculojundiaiense , acesso em</p><p>18/07/2022. JUNDIAÍ ......................................................................................... 294</p><p>Guia de Aprendizagem ao Ar Livre em Jundiaí. Jundiaí/SP: 2021. Disponível em:</p><p>https://educacao.jundiai.sp.gov.br/documentos/guia-de-aprendizagem-ao-ar-livre-em-</p><p>jundiai/, acesso em 18/07/2022 ........................................................................... 296</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>1</p><p>Análises a partir do Contexto Recente</p><p>das Políticas Educacionais Brasileiras</p><p>O enfoque das reflexões aqui recai sobre</p><p>duas questões atuais, ainda que derivem de</p><p>legislações não tão recentes, no campo das</p><p>políticas públicas educacionais voltadas à</p><p>Educação Básica, e que articulam e</p><p>possuem repercussões, tanto para a</p><p>Educação Infantil, quanto para os anos</p><p>iniciais do Ensino Fundamental.</p><p>O fio condutor desta análise é o</p><p>ordenamento legal e normativo vigente, na</p><p>medida em que este tem por objetivo</p><p>produzir determinados efeitos tanto sobre a</p><p>oferta da primeira etapa da Educação</p><p>Básica, quanto nos processos iniciais da</p><p>escolarização/alfabetização.</p><p>Assim, a fundamentação teórica é</p><p>sustentada na responsabilidade do Estado</p><p>com a oferta de educação escolar pública,</p><p>gratuita, laica e de qualidade social,</p><p>conforme determina a Constituição Federal</p><p>de 1988 - CF/88.</p><p>O objetivo de tal análise é evidenciar</p><p>que, a despeito das características próprias</p><p>de cada uma destas duas etapas</p><p>educacionais, existe importante interface</p><p>entre ambas que, algumas vezes, é</p><p>desconsiderada nos processos de</p><p>formulação de legislações e normas</p><p>específicas, assim como no momento de</p><p>proposição de programas e projetos</p><p>educacionais. Entende-se que há certos</p><p>aspectos que precisam ser considerados na</p><p>proposição de programas e projetos</p><p>educacionais para esta faixa etária, haja</p><p>vista as repercussões das políticas de</p><p>âmbito nacional junto aos sistemas</p><p>municipais e estaduais de ensino e suas</p><p>consequências para a vida escolar de</p><p>milhares de crianças que se encontram na</p><p>faixa etária compreendida por estas duas</p><p>etapas.</p><p>Dentre as muitas questões relevantes,</p><p>podemos citar duas recentes alterações</p><p>legais com repercussões para a organização</p><p>da oferta de escolarização inicial: a</p><p>implementação do novo Ensino</p><p>Fundamental de nove anos com ingresso</p><p>aos 6 anos de idade e a obrigatoriedade de</p><p>matrícula das crianças de 4 e 5 anos de</p><p>idade na Pré-Escola. Como uma interface</p><p>entre estas duas mudanças, destacamos as</p><p>alterações relativas ao ponto de corte para</p><p>ingresso tanto na Pré-Escola quanto no</p><p>Ensino Fundamental.</p><p>Defendemos que tal questão demanda</p><p>reflexões e ações por parte de gestores</p><p>educacionais, legisladores e integrantes do</p><p>Judiciário, tendo como um de seus</p><p>fundamentos as contribuições de estudos</p><p>sobre currículo no campo educacional.</p><p>Podemos afirmar que ambas as políticas</p><p>citadas se encontram, ainda e já, em</p><p>processo de implementação no país,</p><p>ressalvados, por óbvio os tempos diferentes</p><p>para a efetivação de cada uma delas.</p><p>Dizemos ainda, no caso do Ensino</p><p>Fundamental de nove anos de duração, pois</p><p>mesmo espirado o tempo definido</p><p>legalmente para esta implantação, o ano de</p><p>2010, é possível afirmar que do ponto de</p><p>vista pedagógico este novo Ensino</p><p>Fundamental ainda está a ser construído e,</p><p>portanto, implementado.</p><p>No que se refere à obrigatoriedade de</p><p>matrícula universal das crianças de 4 e 5</p><p>anos na Pré-Escola, cujo prazo final</p><p>previsto pela Emenda Constitucional 59/09</p><p>é o ano de 2016, podemos dizer que esta</p><p>determinação legal está desde já a produzir</p><p>seus efeitos. Afirmamos isso, considerando</p><p>as dificuldades manifestas de algumas redes</p><p>municipais para promoverem a necessária</p><p>expansão de vagas de forma a atender à</p><p>demanda existente, ou mesmo se</p><p>considerarmos alguns movimentos já em</p><p>curso que promovem a entrada de crianças</p><p>aos 5 anos já no Ensino Fundamental.</p><p>A Implantação do Novo Ensino</p><p>trabalho com canteiros ou hortas</p><p>feitos pelas crianças, mesmo que em</p><p>espaços alternativos quando a escola não</p><p>comportar canteiros, predispõe a uma</p><p>alimentação mais saudável. Soluções</p><p>alternativas, como sapateiras, estantes com</p><p>plantas, cultivo vertical em paredes com</p><p>garrafas pets etc podem ser pensadas. Vale</p><p>também agendar visitas em hortas ou</p><p>chácaras.</p><p>● A hora da alimentação também é um</p><p>momento importante para a oportunidade</p><p>de escolha. Temos que estimular as crianças</p><p>a comerem todo tipo de alimento, mas</p><p>também temos que considerar as</p><p>preferências alimentares de cada um,</p><p>oportunizando que selecionem o que</p><p>querem comer.</p><p>● Outro aspecto a ser levado em conta é</p><p>que a alimentação significa mais do que</p><p>manter-se nutrido e hidratado. Ela é</p><p>também um momento de socialização e</p><p>afetividade, pois é realizado num ambiente</p><p>ideal para conversas – geralmente as mesas</p><p>e cadeiras são dispostas de forma a</p><p>acomodar um grupo de pessoas, o que</p><p>propicia a comunicação. Sendo assim, os</p><p>alunos não devem ser proibidos de falar,</p><p>mas deve-se cuidar para que a alimentação</p><p>seja realizada com segurança, sem falar</p><p>enquanto mastigam, e que o processo</p><p>nutricional seja garantido.</p><p>● A qualidade do processo de</p><p>alimentação vai depender também da</p><p>utilização de utensílios adequados. O</p><p>tamanho da colher deve ser adequado ao</p><p>tamanho/ idade da pessoa, por exemplo:</p><p>deve ser oferecida uma colher pequena ao</p><p>bebê respeitando o tamanho de sua boca;</p><p>observar o peso e tamanho da colher para</p><p>que a criança bem pequena consiga segurar</p><p>e o controlar a quantidade do alimento e</p><p>possa mastigar adequadamente e não</p><p>engasgar.</p><p>● Utensílios de vidro também devem ser</p><p>usados com cautela para não oferecer riscos</p><p>às crianças pequenas já que o trabalho</p><p>escolar, desde o início do processo de</p><p>escolaridade, visa à autonomia.</p><p>● Com relação à ingestão de líquidos, o</p><p>controle da quantidade ingerida pode ser</p><p>feita por meio do controle da quantidade de</p><p>líquido colocada no copo da criança,</p><p>favorecendo a autonomia.</p><p>● Cabe ressaltar a importância da</p><p>hidratação, devendo-se oferecer líquidos</p><p>durante todo o dia, inclusive para crianças</p><p>com suspeita ou diagnóstico de disfagia,</p><p>nem que seja por meio de espessante ou via</p><p>sonda (vide orientações no item “Disfagia”,</p><p>p. 35)</p><p>● Não é permitido o envio do “lanche de</p><p>casa”, pois tudo o que é servido na escola é</p><p>preparado pelas cozinheiras com protocolos</p><p>para a higienização dos alimentos e dos</p><p>utensílios, bem como para a manipulação, o</p><p>preparo, o correto armazenamento e</p><p>acondicionamento garantindo-se a</p><p>segurança alimentar das crianças, além do</p><p>equilíbrio nutricional do cardápio. Crianças</p><p>com restrições alimentares prescritas pelo</p><p>médico terão seu cardápio adaptado</p><p>mediante avaliação e orientação do setor de</p><p>alimentação escolar.</p><p>Adaptação alimentar</p><p>Em caso de alergia a alimentos ou</p><p>diagnóstico de disfagia, a escola enviará ao</p><p>setor responsável pela alimentação escolar</p><p>a prescrição médica detalhada para que a</p><p>partir dela sejam feitas as adequações do</p><p>cardápio.</p><p>Deste modo, a criança terá um cardápio</p><p>adaptado às suas necessidades e a escola</p><p>receberá itens específicos da dieta. É</p><p>necessário solicitar também o</p><p>acompanhamento da fonoaudióloga da</p><p>equipe de orientação técnica que fará o</p><p>protocolo de gerenciamento de situação</p><p>alimentar nos casos de suspeita ou</p><p>diagnóstico de disfagia.</p><p>As informações sobre adaptação de</p><p>cardápio devem estar disponíveis no</p><p>refeitório de forma a favorecer o controle</p><p>das cozinheiras e dos educadores. Um</p><p>recurso que torna ainda mais fácil a</p><p>identificação de tais necessidades é o uso da</p><p>Leila</p><p>Máquina de escrever</p><p>dificuldade de engolir.</p><p>Leila</p><p>Destacar</p><p>Leila</p><p>Destacar</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>19</p><p>foto da criança junto das informações de</p><p>seu cardápio adaptado.</p><p>Disfagia</p><p>A inclusão de alunos com deficiência na</p><p>escola tem sido cada vez mais frequente.</p><p>Alunos com paralisia cerebral, síndrome de</p><p>down etc podem apresentar dificuldades</p><p>motoras abrangendo a marcha, a fala e a</p><p>alimentação.</p><p>No que se refere a alimentação, por</p><p>vezes o aluno precisará de maior atenção,</p><p>principalmente nos casos de suspeita ou</p><p>diagnóstico de disfagia. A disfagia se</p><p>caracteriza por um distúrbio na deglutição,</p><p>ou seja, “qualquer alteração que impeça o</p><p>processo de deglutição de forma segura e</p><p>eficiente é classificada como disfagia,</p><p>podendo ser de origem mecânica,</p><p>neurogênica, senil ou psicogênica.”</p><p>(Resende et all, 2015, p. 1610).</p><p>Alguns cuidados devem ser tomados</p><p>frente a suspeita ou diagnóstico de disfagia,</p><p>sendo estes:</p><p>● Atenção para a ocorrência de</p><p>pneumonias frequentes e perda de peso por</p><p>parte da criança, pois podem indicar</p><p>problemas na deglutição e absorção dos</p><p>alimentos. “A disfagia é reconhecida como</p><p>um dos principais fatores de risco para a</p><p>ocorrência de pneumonia aspirativa,</p><p>complicação mais comum dos AVEs, que</p><p>configuram, por sua vez, a principal causa</p><p>de morte no Brasil” (Resende et all, 2015,</p><p>p. 1611).</p><p>● Engasgo e tosse (reflexo) frequente</p><p>também é um sinal de que o alimento está</p><p>fazendo o caminho errado, ou seja,pode</p><p>haver dificuldade de deglutição.</p><p>● Observada a necessidade, o alimento</p><p>pastoso pode facilitar a ingestão, bem como</p><p>o uso de líquido com espessante, se</p><p>prescrito por especialista.</p><p>● Na hora da alimentação, oferecer</p><p>pequenas quantidades, esperar a criança</p><p>engolir para dar outra colherada, esperar</p><p>que descanse um pouco entre as colheradas;</p><p>● A Secretaria de Educação deve ser</p><p>acionada e o fonoaudiólogo da equipe de</p><p>orientação técnica, caso perceba alguns</p><p>sinais citados acima ou se a criança</p><p>matriculada já tenha o diagnóstico de</p><p>disfagia. A fonoaudióloga referência da</p><p>escola então fará o gerenciamento da</p><p>alimentação do criança na escola</p><p>(observação do criança no momento de</p><p>alimentação, conversa com a família,</p><p>orientação e/ou formação à equipe da</p><p>escola escola, parceria com o setor de</p><p>alimentação escolar, contato com outros</p><p>profissionais da saúde e encaminhamentos</p><p>quando necessário);</p><p>● No caso dos alunos disfásicos, a</p><p>Secretaria de Educação, por meio do setor</p><p>de alimentação escolar, oferecerá os itens</p><p>do cardápio de alimentos pastosos e o</p><p>espessante, quando necessário;</p><p>● Dependendo do quadro de disfagia, a</p><p>criança poderá alimentar-se via oral (pela</p><p>boca) e/ou via sonda.</p><p>Alimentação por sonda</p><p>Há casos em que a criança precisa se</p><p>alimentar por meio de sonda. Assim:</p><p>“Quando a alimentação pela boca é</p><p>impossível ou insuficiente, as necessidades</p><p>nutricionais podem ser satisfeitas por meio</p><p>da nutrição enteral. Neste caso, um tubo</p><p>fino, macio e flexível, chamado sonda</p><p>nasoenteral, pode ser passado, pelo nariz,</p><p>até o estômago ou até o intestino delgado.</p><p>Em alguns casos, é preferível utilizar uma</p><p>gastrostomia, que consiste numa sonda</p><p>colocada no estômago pelo cirurgião,</p><p>através da parede abdominal, ou uma</p><p>jejunostomia, colocada da mesma forma no</p><p>intestino Os alimentos são administrados</p><p>diretamente no estômago ou no intestino</p><p>por uma destas sondas. A dieta fornecida</p><p>por sonda é chamada dieta enteral e é</p><p>planejada para fornecer todos os nutrientes</p><p>normalmente ingeridos pela boca e que são</p><p>essenciais à recuperação e à manutenção da</p><p>sua saúde (Dreyer, E; Brito,S.;Santos M.R.;</p><p>Sundfeld, L.C.R ; p 4, 2004).”</p><p>● Conectar o equipo ao frasco, pendurar</p><p>o frasco no gancho, abrir a pinça ou roleta</p><p>para encher o equipo de dieta e, em seguida,</p><p>fechar a roleta.</p><p>● Conectar o equipo à sonda, abrir a</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>20</p><p>pinça ou roleta, regulando o gotejamento; a</p><p>dieta deverá pingar gota a gota,</p><p>aproximadamente 60 a 90 gotas por minuto;</p><p>a administração do frasco levará de uma a</p><p>duas horas.</p><p>● Conectar o equipo à sonda, abrir a</p><p>pinça ou roleta, regulando o gotejamento; a</p><p>dieta deverá pingar gota a gota,</p><p>aproximadamente 60</p><p>a 90 gotas por minuto;</p><p>a administração do frasco levará de uma a</p><p>duas horas.</p><p>● Ao término da dieta, injetar na sonda,</p><p>com a seringa, 20 ou 40 ml de água.</p><p>● Tampar a sonda.</p><p>● Lavar o frasco e o equipo com água e</p><p>detergente, secar e guardar num recipiente</p><p>fechado, na geladeira.</p><p>Recomendamos a troca diária do equipo</p><p>que deve ser mantido limpo e sem resíduos</p><p>de dieta. A seringa e o frasco podem ser</p><p>utilizados enquanto estiverem em</p><p>condições de uso (limpos, sem resíduos,</p><p>sem rachaduras, com o êmbolo deslizando</p><p>facilmente dentro da seringa) (Dreyer, E;</p><p>Brito,S.;Santos M.R.; Sundfeld, L.C.R ; p</p><p>13, 2004).</p><p>Prevenção de engasgo durante a</p><p>alimentação</p><p>É importante o cuidado com a prevenção</p><p>da asfixia na alimentação, como também</p><p>com qualquer outro objeto. Quanto menor a</p><p>criança, maior o cuidado que se deve ter</p><p>com os pedaços de alimentos,</p><p>principalmente carne, e objetos pequenos</p><p>evitando-se acidentes que podem ter</p><p>consequências graves, como desmaios e até</p><p>mesmo sufocamento.</p><p>A tosse é um mecanismo de defesa usado</p><p>para limpar a via aérea evitando que o</p><p>alimento vá para o pulmão (aspiração) ou</p><p>mesmo que obstrua a passagem do ar e</p><p>impeça a respiração (asfixia). Às vezes a</p><p>própria tosse retira o alimento do local</p><p>inadequado. O choro e a fala também são</p><p>um sinal de que as vias aéreas não estão</p><p>totalmente obstruídas, possibilitando a</p><p>respiração. No caso de uma obstrução total</p><p>em que se observa que a criança não</p><p>consegue tossir é necessário realizar as</p><p>manobras para o desengasgo.</p><p>Caso não consiga realizar o desengasgo,</p><p>a pessoa deve ser levada para o pronto</p><p>socorro o mais rápido possível.</p><p>Refluxo gastroesofágico</p><p>Refluxo é o retorno do alimento que</p><p>estava no estômago para o esôfago,</p><p>podendo causar engasgo e sufocamento. A</p><p>escola precisa ter conhecimento e</p><p>orientação para lidar com crianças que</p><p>apresentam refluxo, principalmente os</p><p>bebês e as crianças bem pequenas e que</p><p>permanecem na escola em período integral,</p><p>pois há o período em que dormem na</p><p>escola.</p><p>O refluxo gastroesofágico geralmente</p><p>acontece após as refeições quando o</p><p>alimento pode retornar à boca. Tem como</p><p>característica o “cheiro azedo”. Outros</p><p>sinais de refluxo são: vômito, infecção de</p><p>garganta e ouvido com frequência, pigarro,</p><p>tosse. O médico fará o diagnóstico,</p><p>podendo prescrever medicamento e/ou</p><p>dieta alimentar, além de outras orientações.</p><p>Algumas indicações para evitar o refluxo</p><p>são:</p><p>● Diminuir a quantidade de alimento</p><p>oferecida a cada refeição e aumentar o</p><p>número de refeições (dieta fracionada).</p><p>● Além do intervalo que deve estar</p><p>previsto na rotina da turma, deve-se</p><p>considerar um tempo ainda maior entre o</p><p>momento da alimentação e o período de</p><p>descanso para as crianças que têm refluxo,</p><p>pois em alguns casos, o refluxo pode levar</p><p>ao sufocamento.</p><p>● Recomenda-se não deitar logo após se</p><p>alimentar, mas caso a criança adormeça,</p><p>colocar dois travesseiros pequenos ou</p><p>cunha embaixo dela para que elevada,</p><p>durante pelo menos uma hora após a dieta,</p><p>de modo a evitar o engasgo por refluxo.</p><p>● Não oferecer líquidos durante as</p><p>refeições.</p><p>● O sono deve ser monitorado por</p><p>adulto, durante todo o período e deve-se ter</p><p>atenção ao posicionamento da criança</p><p>enquanto dorme.. O ideal é elevar a</p><p>cabeceira da cama/ berço em um ângulo de</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>21</p><p>30 a 45º e, na medida do possível. A criança</p><p>deve estar deitada em posição supino (de</p><p>barriga para cima).</p><p>● Caso a criança apresente vômitos</p><p>sucessivos é importante contatar a família e</p><p>encaminhar ao médico para avaliação</p><p>precisa da causa. Durante o vômito sempre</p><p>lateralizar a cabeça evitando bronco-</p><p>aspiração (vômito conduzido para o</p><p>pulmão).</p><p>Cuidados com a audição</p><p>Para que possamos ouvir é necessário</p><p>que o som seja captado pelo pavilhão</p><p>auricular e conduto auditivo externo e seja</p><p>transmitido para a membrana timpânica que</p><p>movimenta a cadeia ossicular propagando a</p><p>onda sonora para a cóclea. Os estímulos</p><p>elétricos que saem da cóclea vão até o</p><p>Sistema Nervoso Central onde o som é</p><p>processado e interpretado. (MARTINS,</p><p>2005).</p><p>Qualquer alteração neste processo pode</p><p>levar a um distúrbio auditivo tanto na</p><p>capacidade de detecção do som referente à</p><p>perda auditiva quanto na possibilidade de</p><p>analisar e interpretar a mensagem sonora</p><p>referente à desordem no processamento</p><p>auditivo (PEREIRA, 2005).</p><p>Indícios De Perda Auditiva</p><p>- Não atende a chamados.</p><p>- Falta de resposta ou reação quando</p><p>ocorre ruído.</p><p>- Diminuição ou suspensão da fala aos 9</p><p>meses de idade.</p><p>- Demora para começar a falar.</p><p>- Alteração de comportamento (tem</p><p>alunos que são muito observadores,</p><p>irritados, agitados outros mais apáticos).</p><p>Não há uma regra, mas o comportamento</p><p>chama a atenção.</p><p>As perdas auditivas podem ser</p><p>classificadas por diferentes aspectos, entre</p><p>eles: o grau de perda, que pode ser leve,</p><p>moderada, severa ou profunda. As perdas</p><p>leves e moderadas são mais difíceis de</p><p>serem detectadas no dia a dia, pois a criança</p><p>ainda consegue acessar o mundo pela</p><p>audição. Já as crianças com perdas severas</p><p>e profundas, como acessam o mundo</p><p>principalmente pelo canal visual e não</p><p>respondem ou respondem pouco a</p><p>estímulos sonoros, acabam dando mais</p><p>pistas de que não estão ouvindo.</p><p>Para termos informações sobre a</p><p>acuidade e funcionalidade da audição, além</p><p>de não confundirmos com outras</p><p>deficiências, mostra-se fundamental uma</p><p>avaliação auditiva, e por conseguinte, o</p><p>encaminhamento médico (pediatra e/ ou</p><p>otorrinolaringologista) e fonoaudiológico.</p><p>Atualmente a perda auditiva já pode ser</p><p>detectada a partir do nascimento, por meio</p><p>do teste da orelinha (Lei º 12.303/2010). Há</p><p>exames objetivos como a Emissão</p><p>Otoacústica, Potencial Evocado de Tronco</p><p>Encefálico (BERA), que independe da</p><p>resposta da pessoa avaliada e subjetivos,</p><p>que depende da resposta do avaliado</p><p>(audiometria).</p><p>Na suspeita ou frente a um diagnóstico</p><p>de perda auditiva, a escola deverá entrar em</p><p>contato com a Secretaria de Educação para</p><p>que a escola receba o respaldo necessário</p><p>para inclusão deste aluno seja na própria</p><p>escola, seja na escola polo para alunos</p><p>surdos ou na escola bilíngue que é exclusiva</p><p>para deficientes auditivos. Além disso,</p><p>indica-se que sejam adotadas atitudes</p><p>comunicativas suplementares, tais como:</p><p>● Utilizar recursos visuais dentro e fora</p><p>da sala de aula.</p><p>● Orientar para que todos falem de frente</p><p>para a criança.</p><p>● Certificar-se que de que a criança</p><p>entendeu a mensagem. Se necessário,</p><p>repetir ou explicar individualmente.</p><p>● Utilizar e incentivar o uso das</p><p>diferentes formas de comunicação, como</p><p>apontar imagens e objetos e fazer gestual.</p><p>No que se refere à saúde auditiva e</p><p>acústica da escola, entendemos que um</p><p>ambiente ruidoso causa desconforto,</p><p>irritabilidade, agitação, dor de cabeça,</p><p>interferindo na saúde do professor e do</p><p>aluno e interferindo no processo de ensino</p><p>e aprendizagem. O ruído também pode</p><p>causar perda auditiva induzida por ruído</p><p>(PAIR). Ocorre em função da permanência</p><p>Leila</p><p>Lápis</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>22</p><p>frequente e prolongada num ambiente</p><p>ruidoso e problema vocal (competição</p><p>vocal - o interlocutor fala cada vez mais alto</p><p>para compensar o ruído externo).</p><p>Cuidados com a higiene do ouvido</p><p>Com relação a higiene, é importante ter</p><p>cuidado na limpeza das orelhas, pois o</p><p>cotonete pode, ao ser colocado no conduto</p><p>auditivo, empurrar e concentrar a cera do</p><p>ouvido, formando uma rolha de cera,</p><p>interferindo assim na transmissão do som e</p><p>causando perda auditiva.</p><p>Por isso, orienta-se que a higienização</p><p>seja feita apenas na face externa do conduto</p><p>auditivo por meio da ponta da toalha de</p><p>banho.</p><p>Durante o banho, é importante ter</p><p>atenção para evitar que entre água no</p><p>ouvido do bebê prevenindo possíveis</p><p>infecções e dores.</p><p>Quando a criança tem secreção saindo</p><p>do ouvido,</p><p>há indício de uma perfuração na</p><p>membrana timpânica (por onde sai a</p><p>secreção) e esta também causará uma perda</p><p>auditiva. Neste caso, além de indicar o</p><p>encaminhamento médico à família e</p><p>enquanto a criança estiver em tratamento, é</p><p>necessário tampar o ouvido com algodão na</p><p>hora do banho para prevenir que entre água</p><p>no ouvido com otite.</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de Flores da Cunha/RS</p><p>– Professor de Educação Infantil –</p><p>FUNDATEC - 2022) Analise as seguintes</p><p>características:</p><p>• Educar transcende a ideia de um</p><p>trabalho organizado por currículos ou</p><p>programas pré-definidos e prescritivos.</p><p>• Educar propicia situações de cuidados,</p><p>brincadeiras e aprendizagens orientadas de</p><p>forma integrada e que possam contribuir</p><p>para o desenvolvimento das capacidades</p><p>infantis.</p><p>• Os cuidados de uma criança em um</p><p>contexto educativo demanda a integração</p><p>de vários campos de conhecimentos e a</p><p>cooperação de profissionais de diferentes</p><p>áreas.</p><p>As características acima definem:</p><p>A - Concepção de criança.</p><p>B - Relação cuidar e educar.</p><p>C - Direitos de Aprendizagem e</p><p>Desenvolvimento.</p><p>D - Competências Gerais da BNCC.</p><p>E - Avaliação na Educação Infantil.</p><p>02. (Prefeitura de Córrego Novo/MG</p><p>– Professor de Educação Física –</p><p>Máxima 2022) O cuidar e educar consiste</p><p>em compreender que o espaço e o tempo em</p><p>que a criança vive exige seu esforço</p><p>particular e a mediação dos adultos como</p><p>forma de proporcionar ambientes que</p><p>estimulem a curiosidade com consciência e</p><p>responsabilidade. Nesse sentido, é</p><p>CORRETO afirmar que:</p><p>A - É fazer com que a ação pedagógica</p><p>seja divergente ao universo infantil,</p><p>estabelecendo uma visão fragmentada do</p><p>desenvolvimento da criança com base em</p><p>compreensões que respeitem a</p><p>homogeneidade, o momento e a realidade</p><p>peculiares à infância.</p><p>B - Na Educação Infantil, o cuidado com</p><p>as crianças é visto como uma prática</p><p>pedagógica, uma maneira de mediação, de</p><p>diálogo que os professores estabelecem na</p><p>apropriação dos conhecimentos.</p><p>C - Educar cuidando inclui acolher,</p><p>garantir a segurança, porém sem alimentar</p><p>a curiosidade, a ludicidade e a</p><p>expressividade infantis.</p><p>D - Cuidar e educar implica reconhecer</p><p>que o desenvolvimento, a construção dos</p><p>saberes, a constituição do ser humano</p><p>ocorre em momentos e de maneira</p><p>compartimentada.</p><p>Alternativas</p><p>01 – B | 02 – B</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>23</p><p>BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>Quem trabalha com a educação infantil</p><p>se depara com muitos problemas, um deles</p><p>é a falta de conhecimento na construção da</p><p>alfabetização da criança. Na educação</p><p>infantil vem ocorrendo mudanças desde que</p><p>descobriram que a criança merece um</p><p>estudo de qualidade, a creche era vista</p><p>como um ambiente assistencialista que só</p><p>dava assistência na alimentação, vestuário e</p><p>higiene e hoje passou a ser vista como um</p><p>ambiente de educação, onde a criança</p><p>desenvolve seu potencial motor, cognitivo,</p><p>simbólico, afetivo e expressivo12.</p><p>A creche e a pré-escola que antes era um</p><p>lugar de deposito de crianças, apenas para</p><p>serem tratadas fisicamente enquanto suas</p><p>mães trabalhavam hoje mudou de método,</p><p>crianças aprendem, interagem com as</p><p>outras, e para que seu desenvolvimento</p><p>global seja feito da melhor forma possível é</p><p>preciso que os educadores estejam bem</p><p>preparados com metodologias atualizadas</p><p>onde essas crianças tenham interesse em</p><p>aprender, pois estes estão trabalhando com</p><p>crianças e não com adultos, portanto o</p><p>principal meio de aprendizagem na</p><p>primeira infância é por meio de</p><p>brincadeiras, músicas e jogos. De acordo</p><p>com Vygotsky (1991), a brincadeira é</p><p>entendida como atividade social da criança,</p><p>cuja natureza e origem específicas são</p><p>elementos essenciais para a construção de</p><p>sua personalidade e compreensão da</p><p>realidade na qual se insere.</p><p>O brincar é uma forma de comunicação</p><p>é por meio das brincadeiras que as crianças</p><p>desenvolvem atos do seu dia a dia, seja ela</p><p>12 Lucimário Augusto da Silva. A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS</p><p>NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO</p><p>INFANTIL. Meu Artigo. Brasil Escola.</p><p>com dramatizações que imitam o mundo</p><p>dos adultos, jogos, o faz de conta, com</p><p>palavras, ou seja, não importa o tipo da</p><p>brincadeira, a criança sempre vai está</p><p>adquirindo habilidades criativas, sociais,</p><p>intelectuais e físicas. Piaget (1998), diz que</p><p>a atividade lúdica é o berço obrigatório das</p><p>atividades intelectuais da criança, sendo,</p><p>por isso, indispensável à prática educativa.</p><p>Valorizar o lúdico durante os processos de</p><p>ensino significa considerá-lo na perspectiva</p><p>das crianças, sendo vivido na sala de aula</p><p>como algo espontâneo, permitindo-lhes</p><p>sonhar, fantasiar, realizar desejos e viver</p><p>como crianças de verdade.</p><p>A criança que brinca pode ser mais feliz,</p><p>realizada, espontânea, alegre,</p><p>comunicativa, entre outras características</p><p>positivas que auxiliam no desenvolvimento</p><p>infantil, podendo torná-la assim um ser</p><p>mais humano, cooperativo e sociável.</p><p>Nesse sentindo, consideramos necessário</p><p>buscar saber qual a importância do brincar</p><p>na construção do conhecimento na</p><p>Educação Infantil. Tendo como objetivo</p><p>geral pesquisar sobre a importância do</p><p>lúdico dentro da sala de aula com crianças,</p><p>já que a grande preocupação da maioria dos</p><p>professores, especialmente no final da</p><p>Educação Infantil, tem em antecipar a</p><p>alfabetização da criança, reduzindo seus</p><p>espaços de brincar.</p><p>O lúdico na alfabetização das crianças</p><p>na educação infantil</p><p>A utilização da brincadeira é uma</p><p>atividade natural da criança que traz</p><p>benefício, pois é através do brincar que a</p><p>criança desperta suas emoções, aprende a</p><p>lidar com fatos que interligam seu dia a dia,</p><p>aprende a lidar com o mundo, recriam,</p><p>repensam, imitam, experimentam os</p><p>acontecimentos que lhes deram origem.</p><p>Favorecendo a autoestima, auxiliando no</p><p>processo de interação com si mesmo e com</p><p>o outro, desenvolvem a imaginação, a</p><p>https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-importancia-das-</p><p>brincadeiras-no-processo-ensino-aprendizagem-educacao-infantil.htm.</p><p>Visitado em 12.10.2022.</p><p>A importância do estímulo ao</p><p>desenvolvimento infantil. Auxílio no</p><p>desenvolvimento de brincadeiras e</p><p>atividades lúdicas e recreativas. Atenção à</p><p>criança: brincar junto com ela, escutá-la,</p><p>dialogar com ela – tom de voz, modos de</p><p>falar com a criança</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>24</p><p>criatividade, a capacidade motora e o</p><p>raciocínio.</p><p>É brincando que a criança se desenvolve,</p><p>porque, brincando, a criança tem toda</p><p>riqueza do aprender fazendo, naturalmente,</p><p>sem pressão ou medo de errar, e com prazer</p><p>pelo poder do conhecimento.</p><p>Como afirma Queiros, Martins,(2002),</p><p>Nos jogos e brincadeiras a criança age</p><p>como se fosse maior que a realidade, é isto</p><p>inegavelmente contribui de forma intensa e</p><p>especial para o seu desenvolvimento.</p><p>Mas isto vem trazendo muita polêmica</p><p>nos últimos anos, pois a brincadeira que era</p><p>apenas uma forma de lazer na escola vem</p><p>ganhando seu espaço na educação das</p><p>crianças, e muitos ainda não compreendem</p><p>o quanto o brincar traz benefícios para uma</p><p>criança.</p><p>A visão da educação infantil vem</p><p>ocorreu transformações com os</p><p>movimentos sociais, que visam mudanças</p><p>no trabalho de desenvolvimento da criança,</p><p>a creche era vista como um ambiente</p><p>assistencialista que só dava assistência na</p><p>alimentação, vestuário e higiene e hoje</p><p>passou a ser vista como um ambiente de</p><p>educação, onde a criança desenvolve seu</p><p>potencial motor, cognitivo, simbólico,</p><p>afetivo e expressivo.</p><p>O primeiro passo da mudança foi o</p><p>reconhecimento da educação infantil nas</p><p>creches e pré-escolas, inserindo crianças de</p><p>0 a 6 anos, a criança nessa idade passa a</p><p>merecer um estudo de qualidade que vise</p><p>seu desenvolvimento integral. Mas a falta</p><p>de qualidade cresce junto com este avanço</p><p>também. Como posso educar uma</p><p>criança só com contextos?</p><p>Claro que isso</p><p>seria muito sem interesse para uma criança,</p><p>de acordo com minhas pesquisas o brincar</p><p>vem sendo privilegiado no</p><p>desenvolvimento da criança e ganhando</p><p>cada vez mais espaço na educação infantil,</p><p>o lúdico é uma linguagem natural da</p><p>criança, por isso torna-se importante sua</p><p>presença na escola desde a educação</p><p>infantil, mas quem trabalha com a educação</p><p>infantil se depara com muitos problemas,</p><p>um deles é a falta de conhecimento na</p><p>construção da alfabetização da criança. E a</p><p>brincadeira que é tão importante na</p><p>alfabetização da criança é substituída por</p><p>outras atividades que para os educadores</p><p>são mais importantes, pois muitos ainda</p><p>acreditam que o brincar é apenas um</p><p>simples passatempo, um lazer. Segundo</p><p>Pires (1997), o brincar para a criança não é</p><p>uma questão apenas de pura diversão, mas</p><p>também de educação, socialização,</p><p>construção e pleno desenvolvimento de</p><p>suas potencialidades e habilidades futuras.</p><p>Kishimoto (2000) defende que a</p><p>brincadeira e o jogo interferem diretamente</p><p>no desenvolvimento da imaginação, da</p><p>representação simbólica, da cognição, dos</p><p>sentimentos, do prazer, das relações, da</p><p>convivência, da criatividade, do movimento</p><p>e da autoimagem dos indivíduos.</p><p>Kishimoto (1999, p. 110) complementa</p><p>afirmando que: Nesta linha de pensamento</p><p>é brincando que a criança aprende a</p><p>socializar-se com as outras, desenvolve a</p><p>motricidade, a mente, a criatividade.</p><p>É pelo contato direto com brinquedos e</p><p>materiais concretos ou pedagógicos que se</p><p>estimulam às primeiras conversas, as trocas</p><p>de ideias, os contatos com parceiros, o</p><p>imaginário infantil, a exploração e a</p><p>descoberta de relações. É brincando que a</p><p>criança ordena o mundo a sua volta.</p><p>Toda criança deve brincar, pois é através</p><p>da brincadeira que a criança atribui sentido</p><p>ao seu mundo, se apropria de</p><p>conhecimentos que a ajudarão a agir sobre</p><p>o meio em que ela se encontra. Em alguns</p><p>momentos ela vai reproduzir, em suas</p><p>brincadeiras, situações que presenciou em</p><p>seu meio.</p><p>Contudo, Brougère (2001, p. 99) lembra</p><p>que:</p><p>“brincadeira é uma mutação do sentido,</p><p>da realidade: as coisas tornam-se outras. É</p><p>um espaço à margem da vida comum, que</p><p>obedece a regras criadas pela</p><p>circunstância”.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>25</p><p>Para Winnicott (1982) é no Brincar, e</p><p>talvez apenas no brincar, que a criança ou</p><p>adulto fluem sua liberdade de criação.</p><p>Mesmo as mais simples brincadeiras,</p><p>aquelas que todo mundo faz com bebês, são</p><p>estímulos importantes para o</p><p>desenvolvimento infantil. Nas palavras de</p><p>Bettelheim (1988, p. 105):</p><p>Através de uma brincadeira de criança,</p><p>pode-se compreender como ela vê e</p><p>constrói o mundo – o que ela gostaria que</p><p>fossem quais as suas preocupações e que</p><p>problemas a estão assediando. Pela</p><p>brincadeira a criança expressa o que teria</p><p>dificuldade de colocar em palavras.</p><p>A criança vai agir em função da</p><p>significação que vai dar aos objetos dessa</p><p>interação, adaptando-se à reação dos outros</p><p>elementos da interação, para reagir também</p><p>e produzir assim novas significações que</p><p>vão ser interpretadas pelos outros, como</p><p>numa espiral.</p><p>A experiência lúdica se alimenta</p><p>continuamente de elementos que vêm da</p><p>cultura geral. Essa influência se dá de várias</p><p>formas e começa com o ambiente e as</p><p>condições materiais. O que dizem e o que</p><p>fazem os adultos a respeito dessa atividade,</p><p>bem como o espaço, o tempo e os materiais</p><p>colocados à disposição das crianças (na</p><p>cidade, nas moradias e nas escolas), são</p><p>aspectos que vão ter papel fundamental</p><p>para o desenvolvimento da experiência</p><p>lúdica.</p><p>A forma de comunicação própria da</p><p>brincadeira pressupõe um aprendizado com</p><p>consequências sobre outros aprendizados,</p><p>pois permite abrir possibilidades de</p><p>distinção entre diferentes tipos de</p><p>comunicação: reais, realistas, fantasiosas.</p><p>A criança, quando brinca, entra num</p><p>mundo de comunicações complexas que</p><p>vão ser utilizadas no contexto escolar, nas</p><p>simulações educativas, nos exercícios.</p><p>Nesse sentido, é extremamente importante</p><p>distinguir os diferentes tipos de atividade</p><p>que podem e devem ter seu lugar garantido</p><p>no contexto escolar.</p><p>Entende-se que a atividade lúdica,</p><p>sobretudo, na educação infantil não é um</p><p>mero passatempo, ela ajuda no</p><p>desenvolvimento integral das crianças,</p><p>promovendo processos de socialização e</p><p>descoberta do mundo. A criança tem dentro</p><p>de si potencial e este emerge nas situações</p><p>de sua vida, principalmente, nas</p><p>brincadeiras interativas, são nestes</p><p>momentos, que o indivíduo apresenta ao</p><p>mundo seu ritmo e sua harmonia. A</p><p>brincadeira nada mais é do que a linguagem</p><p>da criança.</p><p>Direito de brincar</p><p>O brincar é tão importante para a criança</p><p>que passou de um simples para um direito</p><p>garantido na Declaração Universal dos</p><p>Diretos da Criança, onde no quarto</p><p>requisito deixa claro que criança terá direito</p><p>a alimentação, recreação e assistência</p><p>médica adequada. Estabelecendo de forma</p><p>igualitária que a recreação é tão importante</p><p>quanto à alimentação e a saúde para a</p><p>criança. Salientando que, o brincar é muito</p><p>importante no processo de</p><p>desenvolvimento da criança.</p><p>No sétimo princípio é estabelecido que a</p><p>criança deva ter plena oportunidade para</p><p>brincar e para se dedicar a atividades</p><p>recreativas, que devem ser orientados para</p><p>os mesmos objetivos da educação. Sendo a</p><p>sociedade e as autoridades públicas</p><p>responsáveis para promoção destes direitos.</p><p>No Estatuto da Criança e do Adolescente</p><p>(ECA) no seu artigo segundo é considerado</p><p>criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa</p><p>até doze anos de idade incompletos, e</p><p>adolescentes aquela entre doze e dezoito</p><p>anos de idade. Sendo assim, no artigo</p><p>dezesseis a criança tem direito à liberdade,</p><p>onde compreende alguns aspectos, entre</p><p>eles o inciso quarto, que é o de brincar,</p><p>praticar esportes e divertir-se. E no artigo</p><p>cinquenta e nove cabe aos municípios,</p><p>juntamente com apoio dos estados e da</p><p>União, estimular e facilitar a destinação de</p><p>recursos e espaços para programações</p><p>culturais, esportivas e de lazer voltadas para</p><p>a infância e a juventude.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>26</p><p>O Referencial Curricular Nacional para</p><p>a Educação nos informa que:</p><p>Brincar é uma das atividades</p><p>fundamentais para o desenvolvimento da</p><p>identidade e da autonomia da criança,</p><p>desde muito cedo, pode se comunicar por</p><p>meio de gestos, sons e mais tarde ter</p><p>determinado papel na brincadeira faz com</p><p>que ela desenvolva sua imaginação... A</p><p>fantasia e a imaginação são elementos</p><p>fundamentais para que a criança aprenda</p><p>mais sobre a relação entre pessoas.</p><p>Visto que o direito de brincar é</p><p>reconhecido por lei. Mas algumas crianças</p><p>são privadas do seu direito de brincar,</p><p>muitas vezes por viver em situações</p><p>vulneráveis que as impedem de desfrutar de</p><p>seu direito de brincar, e não podemos priva-</p><p>las na escola. Conclui-se que juridicamente</p><p>o direito da criança de brincar deve ser</p><p>promovido também pelos educadores.</p><p>O reconhecimento da educação infantil</p><p>em creches e pré-escolas como um dever do</p><p>estado e direito da criança foi estabelecido</p><p>no artigo 208, inciso IV, da Constituição</p><p>Federal de 1988, reafirmada pelo Estatuto</p><p>da Criança e do Adolescente (ECA) em</p><p>1990, pela lei nº 9394 das Diretrizes e Bases</p><p>da Educação Nacional (LDB) em 1996.</p><p>Portanto a Educação Infantil passou a ter</p><p>novos objetivos englobando crianças de 0 a</p><p>6 anos.</p><p>Analisando que esta etapa da educação é</p><p>um momento em que a criança está se</p><p>relacionando e aprimorando seus aspectos</p><p>funcionais é necessário que o educador</p><p>conheça as diferentes etapas no processo de</p><p>desenvolvimento da criança. Muitas vezes</p><p>a Educação Infantil é assumida por leigos,</p><p>que não possuem nem o nível mínimo de</p><p>escolaridade exigido no Brasil de acordo</p><p>com a Lei de Diretrizes e Base da Educação</p><p>9.394/1996, pois muitos ainda priorizam a</p><p>visão de cuidados físicos</p><p>mais do que o</p><p>desenvolvimento global, foi pensando nisso</p><p>que a Lei de Diretrizes e Base da Educação</p><p>levou aos professores curso de formação</p><p>para que estes possam renovar seu método</p><p>de ensino com as crianças. Tal processo</p><p>implica revisar práticas, rever crenças,</p><p>hábitos, ou seja, lidar com resistência as</p><p>inovações (Scarpa, 1998).</p><p>O papel do brinquedo no</p><p>desenvolvimento da criança</p><p>Especialistas em educação infantil como</p><p>pediatras, professores e pedagogos revelam</p><p>a importância do brincar para o</p><p>desenvolvimento saudável das crianças. E é</p><p>através das brincadeiras e brinquedos que a</p><p>criança descobre o mundo, relaciona-se</p><p>com outras crianças, prepara-se para a vida</p><p>e mantém-se saudável. Mas para se ter uma</p><p>ideia da importância do ato de brincar na</p><p>construção do conhecimento é preciso que</p><p>se observe uma criança brincando.</p><p>O brinquedo é entendido como objeto de</p><p>suporte da brincadeira, uma vez que,</p><p>através da inter-relação da criança como o</p><p>mesmo é criado um vínculo de afinidade</p><p>simbólica, “o faz de conta”, sem que haja</p><p>uma cobrança de regras definidas no seu</p><p>desenvolvimento quanto ao uso.</p><p>Quando a criança brinca muitas coisas</p><p>sérias acontecem. Quando ela mergulha em</p><p>sua atividade lúdica, organiza-se todo o seu</p><p>ser em função da sua ação. É indispensável</p><p>que a criança sinta-se atraída pelo</p><p>brinquedo e cabe-nos mostrar a ela as</p><p>possibilidades de exploração que ele</p><p>oferece, permitindo tempo para observar e</p><p>motivar-se. A criança deve explorar</p><p>livremente o brinquedo, mesmo que a</p><p>exploração não seja a que esperávamos.</p><p>Não nos cabe interromper o pensamento da</p><p>criança ou atrapalhar a simbolização que</p><p>está fazendo. Devemos nos limitar a</p><p>sugerir, a estimular, a explicar, sem impor</p><p>nossa forma de agir, para que a criança</p><p>aprenda descobrindo e compreendendo, e</p><p>não por simples imitação. A participação do</p><p>adulto é para ouvir, motivá-la a falar, pensar</p><p>e inventar.</p><p>É nessa perspectiva que Maluf (2003, p.</p><p>45) esclarece: Piaget (1978) mostra</p><p>claramente em suas obras que os jogos não</p><p>são apenas uma forma de alívio ou</p><p>entretenimento para gastar energia das</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>27</p><p>crianças, mas meios que contribuem e</p><p>enriquecem o desenvolvimento intelectual.</p><p>Segundo este autor os jogos e as atividades</p><p>lúdicas tornaram-se significativas a medida</p><p>que a criança se desenvolve com a livre</p><p>manipulação de materiais variados ela</p><p>passa a reconstituir, reinventar as coisas, o</p><p>que já exige uma adaptação mais completa.</p><p>Essa adaptação só é possível, a partir do</p><p>momento em que ela cresce interiormente,</p><p>transformando essa atividade lúdica, que é</p><p>o concreto da vida dela, em linguagem</p><p>escrita que é o abstrato.</p><p>Ao brincar a criança elabora seus</p><p>próprios conceitos, alimentando o mundo</p><p>imaginário, explorando e inventando o faz-</p><p>de-conta, que tem um significado profundo</p><p>em nossas vidas, principalmente, na vida da</p><p>criança, pois seus reflexos elabora o</p><p>desenvolvimento pessoal e social, que fará</p><p>parte da nossa história.</p><p>Na mesma linha de pensamento</p><p>Vygotsky (1994, p. 115) acrescenta que:</p><p>Para o autor que a criança vê e escuta</p><p>(impressões percebidas) constituem os</p><p>primeiros pontos de apoio para a sua futura</p><p>criação, ela acumula material com o qual</p><p>depois estrutura a sua fantasia que progride</p><p>num complexo processo de transformação</p><p>em que jogam a dissociação e a associação</p><p>como principais componentes do processo.</p><p>Na opinião de Brougère (2001) a</p><p>originalidade e especificidade do</p><p>brinquedo, dar-se devido fornecer</p><p>representações e manipulações de imagens</p><p>com volume, deve ser adaptada a criança no</p><p>que se refere ao respeito ao seu conteúdo</p><p>em relação a sua forma para ser reconhecida</p><p>como brinquedo.</p><p>No brinquedo a criança cria uma</p><p>situação imaginária. Mas, devemos lembrar</p><p>que no princípio o brinquedo é muito mais</p><p>a lembrança de algo que aconteceu, do que</p><p>imaginação e nessa situação há regras.</p><p>A ação numa situação imaginária dirige</p><p>a criança a um comportamento direcionado</p><p>para o significado da ação.</p><p>Por meio do brinquedo a criança projeta-</p><p>se nas atividades dos adultos, procurando</p><p>ser coerente com os papéis assumidos.</p><p>Assim no primeiro momento, suas ações se</p><p>direcionam ao significado da situação.</p><p>Brincando a criança cria mecanismos</p><p>para o seu desenvolvimento, pois são ações</p><p>que se traduzem em experimentação,</p><p>descoberta, invenção, exercita o raciocínio</p><p>vivendo assim, uma verdadeira</p><p>possibilidade de se enriquecer em vários</p><p>aspectos e se tornar um indivíduo criativo e</p><p>crítico.</p><p>O sentido da palavra “brinquedo” não</p><p>pode ser reduzido à pluralidade de sentidos</p><p>do jogo, pois tem uma dimensão material,</p><p>cultural e técnica. Vale salientar que como</p><p>objeto é sempre suporte de brincadeira.</p><p>Compreender a construção de um</p><p>brinquedo é transformá-lo em objeto uma</p><p>representação, um mundo imaginário ou</p><p>real. Winnicott (1982) revela que é no</p><p>brincar que o indivíduo, criança ou adulto</p><p>pode ser criativo e utilizar sua</p><p>personalidade integral, ou seja, qualquer</p><p>que seja atividade lúdica conduz ao</p><p>encontro com a criatividade.</p><p>Como bem ressalta Kishimoto; Santos</p><p>(1997, p. 24),</p><p>“Brincando, a criança experimenta,</p><p>descobre, inventa, aprende e confere</p><p>habilidades. Além de estimular a</p><p>curiosidade, a autoconfiança e a</p><p>autonomia, proporciona o desenvolvimento</p><p>da linguagem, do pensamento e da</p><p>concentração e atenção..”</p><p>A criança procura colocar algo em</p><p>substituição a outro, uma vez que, o</p><p>brinquedo representa certas realidades e por</p><p>ocasião da ausência do objeto real o</p><p>brinquedo contempla essa falta,</p><p>oportunizando a criança manipulá-los.</p><p>Com relação a essa assertiva Barros</p><p>(1987, p. 186), faz a seguinte declaração “a</p><p>maioria dos adultos percebe que, à medida</p><p>que a criança avança em idade e</p><p>consequentemente, em seu</p><p>desenvolvimento motor, mental e social,</p><p>vai apresentando mudanças em sua</p><p>atividade lúdica, no uso de brinquedo e nos</p><p>afetos com que brinca”.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>28</p><p>Portanto, no seu primeiro ano de vida</p><p>não necessita de muitos brinquedos, agarra</p><p>e sacode objetos, balbucia onde demonstra</p><p>grande prazer por esses brinquedos</p><p>motores. Que são considerados por Piaget</p><p>(1978) de “jogos de exercícios”. Assim</p><p>sendo, os brinquedos de ficção, ilusão ou</p><p>simbólico são atuados pelas crianças na</p><p>segunda metade do ano de vida e repercute</p><p>até os anos pré-escolares. Nas</p><p>peculiaridades diversas dos brinquedos de</p><p>ficção é comum, as crianças atuarem no faz-</p><p>de-conta imitando carros, motos ou atribuir</p><p>vida a objetos inanimados.</p><p>O primeiro paradoxo contido no</p><p>brinquedo é que a criança opera com um</p><p>significado alienado numa situação real. O</p><p>segundo é que no brinquedo, a criança</p><p>segue o caminho do menor esforço. Ela</p><p>procura desenvolver algo que gosta de</p><p>fazer, pois o brinquedo lhe proporciona</p><p>sensação de prazer.</p><p>O interessante do brinquedo é que sua</p><p>estrutura não tem uma forma pronta, assim,</p><p>seria impossível acontecer situações</p><p>imaginárias, restariam apenas regras.</p><p>Sempre que há imaginação no brinquedo</p><p>são estabelecidas regras.</p><p>Piaget (1978) destaca que nos jogos de</p><p>regras existe algo mais que a simples</p><p>diversão e interação, pois, eles revelam uma</p><p>lógica diferente da racional. Este tipo de</p><p>jogo revela uma lógica própria da</p><p>subjetividade tão necessária para a</p><p>estruturação da personalidade humana</p><p>quanto à lógica formal, advinda das</p><p>estruturas cognitivas.</p><p>Já no “faz-de-conta” as crianças</p><p>procuram se espelharem na imagem de uma</p><p>pessoa, de uma personagem de um objeto e</p><p>de situações que no momento não esteja</p><p>presente e clara para elas.</p><p>Dessa forma, no surgimento do jogo de</p><p>regras elementos fundamentais do</p><p>brinquedo captados e novas transformações</p><p>surgem, promovendo o desenvolvimento</p><p>dos processos psicológicos da criança.</p><p>No entanto, Vygotsky (1979) conclui</p><p>que no brinquedo a criança</p><p>cria uma</p><p>situação imaginária. Na evolução do</p><p>brinquedo tem-se a mudança da</p><p>predominância de situações imaginárias</p><p>para a predominância de regras. Este ainda</p><p>cita as contribuições de Vygotsky (1994, p.</p><p>135) este diz que:</p><p>Nesta época de globalização e de</p><p>avanços tecnológicos o valor dos velhos</p><p>brinquedos e brincadeiras está passando</p><p>por um processo de transição, pois as</p><p>crianças estão deixando de se envolverem</p><p>com tais situações devido a influência do</p><p>computador, vídeo game, televisão e outros</p><p>brinquedos eletrônicos que deixam o</p><p>espaço e o tempo da criança restrito apenas</p><p>a imaginação e não a manipulação que</p><p>corresponde a situação real.</p><p>É o caso da evolução das bonecas que</p><p>andam sozinhas, corresponde menos a uma</p><p>função a um uso do objeto, do que ao</p><p>aprofundamento de sua imagem, no caso</p><p>por animação; a criança não faz a sua</p><p>boneca andar, ela anda sozinha. A esse</p><p>respeito Brougère, (2001, p. 16) ressalta: “É</p><p>por isso que o brinquedo me parece ser um</p><p>objeto extremo, devido a superposição do</p><p>valor simbólico a função. ”</p><p>Diante desse contexto, o brincar é hoje</p><p>um ato de extremo desafio que as crianças</p><p>têm de enfrentar diante da avassaladora</p><p>rede de aparelhos virtuais que invadem sua</p><p>vida, anestesiando seus movimentos</p><p>corporais e seu pensamento.</p><p>Com isso, cria-se um bloqueio, pois é no</p><p>brinquedo a forma pelo qual a criança</p><p>procura resolver seus problemas</p><p>estabelecidos pelas limitações do mundo a</p><p>qual vive inserida e que é eminentemente,</p><p>um mundo dos adultos. Diante disso, Maluf</p><p>(2003, p. 44) afirma que: “Devido à</p><p>emancipação do processo de</p><p>industrialização, os brinquedos tornaram-se</p><p>sofisticados e foram perdendo o vínculo</p><p>com a simplicidade e com o primitivo”.</p><p>De acordo com Oliveira (1996, p. 36)</p><p>“no brinquedo a criança comporta-se de</p><p>forma mais avançada do que nas atividades</p><p>da vida real e também aprende através dos</p><p>objetos e significado”. O brinquedo é,</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>29</p><p>portanto, um refúgio à pressão contínua das</p><p>exigências reais, pois a criança, no mundo</p><p>de suas brincadeiras, pode fazer ou ser o</p><p>que na vida real não lhe é permitido.</p><p>No brinquedo, a criança vive a interação</p><p>com seus pares no recíproco, no conflito, na</p><p>elaboração de novas ideias na construção de</p><p>novos significados, interagindo e</p><p>conquistando relações sociais, constituindo</p><p>como tais, num cenário concreto, social,</p><p>histórico e cultural.</p><p>Santos (1997) afirma que foi Froebel que</p><p>introduziu o brincar para educar e</p><p>desenvolver a criança. Sua teoria</p><p>transcendente pressupõe que o brincar</p><p>estabelece relações entre os objetos do</p><p>mundo cultural e a natureza, tornando-se</p><p>um só pelo mundo espiritual. Seu</p><p>paradigma metafísico foi responsável pela</p><p>introdução dos brinquedos e brincadeiras</p><p>no jardim de infância. Ele concebeu o</p><p>brincar como atividade livre e espontânea,</p><p>responsável pelo desenvolvimento físico,</p><p>moral, cognitivo e os dons ou brinquedos</p><p>como objetos que auxiliam as atividades</p><p>infantis.</p><p>O brinquedo possibilita a criação de um</p><p>mundo onde os desejos possam se</p><p>concretizar através da imaginação. Que na</p><p>verdade é uma atividade psicológica</p><p>específica da consciência humana, que</p><p>apenas ocorre com crianças mais velhas. O</p><p>brinquedo tem um papel de fundamental</p><p>importância para o desenvolvimento da</p><p>criança enquanto um ser em formação física</p><p>e psicológica. Nessa perspectiva o</p><p>brinquedo possibilita a criança conhecer e</p><p>analisar o mundo e construir sua</p><p>personalidade.</p><p>Aprendizagem e Materiais</p><p>Pedagógicos</p><p>A escola é de suma importância para o</p><p>desenvolvimento e crescimento das</p><p>crianças, pois é neste ambiente que ela</p><p>passa a maior parte do seu tempo, em</p><p>contato com as outras crianças. Neste</p><p>13 Andreza Dos Santos Silva. O Uso dos Materiais Pedagógicos nas</p><p>Instituições de Educação Infantil. Universidade do Extremo Sul</p><p>Catarinense - Unesc.</p><p>ambiente é que deve ser proporcionado o</p><p>confronto de diferentes ideias, pois é neste</p><p>local que possui as diferentes raças,</p><p>religiões, crenças, entre outros13.</p><p>A educação infantil possui um papel</p><p>fundamental na infância, pois é nela que as</p><p>oportunidades lúdicas podem ser</p><p>vivenciadas, segundo Martinez (2002,</p><p>2003, 2006 apud TESSARO 2007, p.2):</p><p>“No processo de Educação Infantil o papel</p><p>do professor é essencialmente importante,</p><p>pois é ele quem cria os espaços,</p><p>disponibiliza materiais, participa das</p><p>brincadeiras, ou seja, faz a mediação da</p><p>construção do conhecimento”. Dallabona e</p><p>Mendes (2004, p.107) reafirmam estes</p><p>pontos de vistas:</p><p>O lúdico permite um desenvolvimento</p><p>global e uma visão de mundo mais real. Por</p><p>meio das descobertas e da criatividade, a</p><p>criança pode se expressar, analisar,</p><p>criticar e transformar a realidade. Se bem</p><p>aplicada e compreendida, a educação</p><p>lúdica poderá contribuir para a melhoria</p><p>do ensino, quer na qualificação ou</p><p>formação crítica do educando, quer</p><p>redefinir valores e para melhorar o</p><p>relacionamento das pessoas na sociedade.</p><p>As crianças na idade pré-escolar têm</p><p>várias maneiras de brincar, porém suas</p><p>brincadeiras voltam-se muito para o teatro,</p><p>desenho, representação do cotidiano e o faz</p><p>de conta. Repetindo continuamente tudo o</p><p>que observa, desenvolvendo sua fala; a</p><p>criança brinca inclusive enquanto está</p><p>observando. Nesta fase as crianças brigam</p><p>muito, mas são discussões passageiras e</p><p>logo já estão brincando novamente, elas</p><p>possuem uma maior concentração e não</p><p>desistem facilmente das brincadeiras,</p><p>demonstrando assim mais persistência.</p><p>Segundo Lima (1992, p.22): “Embora se</p><p>fale muito da espontaneidade da criança, a</p><p>complexidade do brincar de faz de conta</p><p>depende, na verdade, das experiências pelas</p><p>http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/191/1/Andreza%20dos%20Santos</p><p>%20Silva.pdf. Visitado em 12.10.2022.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>30</p><p>quais ela passa que enriquecem seu</p><p>repertório e nutrem seu imaginário”.</p><p>A criança gosta de desafios, de enfrentar</p><p>barreiras, de conseguir vencer os</p><p>obstáculos. As atividades lúdicas e o tempo</p><p>que o material pedagógico deve ser</p><p>utilizado devem estar de acordo com a</p><p>atenção que a criança está dedicando a ela,</p><p>pois a partir do momento que a criança não</p><p>quer mais fazer aquela atividade e/ou usar</p><p>aquele material, é o momento de começar o</p><p>uso de um novo material. Segundo Lima</p><p>(1992, p.29):</p><p>É importante que a ação do educador se</p><p>oriente no sentido de ampliar o repertório</p><p>das crianças, não só do ponto de vista</p><p>linguístico, como também do cultural. Cabe</p><p>ao educador alimentar o imaginário</p><p>infantil, de forma que as atividades das</p><p>crianças se enriqueçam, tornando-se mais</p><p>complexas (pelas ações que se vão</p><p>estabelecendo).</p><p>O faz de conta pode estar no meio da</p><p>brincadeira de uma, duas ou mais crianças,</p><p>neste momento elas vão além da</p><p>imaginação, pois se tornam pessoas,</p><p>objetos, animais. De acordo com Salomão e</p><p>Martini (2007, p.12):</p><p>Quando utilizam a linguagem do faz-de-</p><p>conta, as crianças enriquecem sua</p><p>identidade, porque podem experimentar</p><p>outras formas de ser e pensar, ampliando</p><p>suas concepções sobre as coisas e pessoas</p><p>ao desempenharem vários papéis sociais ou</p><p>personagens.</p><p>Durante o momento em que a criança</p><p>permanece na instituição, é necessário que</p><p>ela tenha disponível tudo o que precisa, pois</p><p>assim ela terá possibilidades de escolha.</p><p>Espaço físico, materiais, brinquedos,</p><p>instrumentos sonoros e mobiliários não</p><p>devem ser vistos como elementos passivos.</p><p>Mas como componentes ativos do processo</p><p>educacional que refletem a concepção de</p><p>educação assumida pela instituição.</p><p>(BRASIL, 1998, p.68).</p><p>Neste momento, todo material</p><p>pedagógico deve estar ao alcance das</p><p>crianças. São entendidos como materiais</p><p>pedagógicos: “[...] espelhos, brinquedos,</p><p>livros, lápis, papéis, tesouras, cola, massa</p><p>de modelar, argila, jogos os mais diversos,</p><p>blocos para construções, material</p><p>de sucata,</p><p>roupas e panos para brincar etc. [...]“.</p><p>(BRASIL, 1998, p. 69).</p><p>São estes materiais pedagógicos que</p><p>auxiliam a professora durante todo o seu</p><p>trabalho. Esses objetos é que farão parte do</p><p>dia-a-dia das crianças, e elas os</p><p>transformarão em diversas outras coisas de</p><p>acordo com sua imaginação.</p><p>Percebe-se isso no cotidiano, uma</p><p>cadeira pode ser usada para sentar e fazer</p><p>atividades; ou ser um trem; ou ser uma</p><p>cabana; ou apenas servir de apoio para</p><p>aquela criança que começa a andar. Um</p><p>único objeto transforma-se em vários</p><p>brinquedos, e ainda ela consegue brincar</p><p>sem a presença de objetos, pois seu faz-de-</p><p>conta, a permite imaginar toda e qualquer</p><p>situação de acordo com a necessidade de</p><p>cada criança. “É preciso que em todas as</p><p>salas, existam mobiliários adequados ao</p><p>tamanho das crianças para que estas</p><p>disponham permanentemente de materiais</p><p>para seu uso espontâneo ou em atividades</p><p>dirigidas”. (BRASIL, 1998, p. 71),</p><p>Devemos sempre estar observando se os</p><p>materiais são de alta segurança, para não</p><p>expor as crianças a algum perigo. As</p><p>crianças têm a necessidade de estar sempre</p><p>criando, imaginando, e neste momento a</p><p>brincadeira é imprescindível.</p><p>Compreender a brincadeira como mais</p><p>um eixo organizador do trabalho é de</p><p>fundamental importância, pois é através</p><p>dela que se estabelece o vínculo ou o elo</p><p>entre o imaginário e o real. É através da</p><p>brincadeira (faz-de-conta) que a criança</p><p>tem a possibilidade de trabalhar com a</p><p>imaginação: a realidade se constrói pela</p><p>fantasia e a fantasia constrói a realidade.</p><p>(SANTA CATARINA, 1998, p.30).</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>31</p><p>Em alguns momentos, o uso do material</p><p>pedagógico é livre, onde as crianças</p><p>brincam e fazem atividades interagindo e</p><p>socializando com as outras; e em outros</p><p>momentos, as atividades são mediadas e</p><p>orientadas pelas professoras.</p><p>É necessário que nos centros de</p><p>educação infantil e na pré-escola seja</p><p>oferecida a possibilidade da brincadeira ou</p><p>de jogos simbólicos que em alguns</p><p>momentos são organizados e dirigidos e,</p><p>em outros momentos, organizados pelo</p><p>educador, porém de livre opção das</p><p>crianças (SANTA CATARINA, 1998, p. 30).</p><p>A criança, por estar num processo de</p><p>desenvolvimento intenso, aprende com</p><p>facilidade tudo a sua volta, por isso, ela</p><p>precisa ter vários materiais didáticos de</p><p>qualidade ao seu dispor e ser incentivada a</p><p>usá-los. De acordo com Romera (2007,</p><p>p.140):</p><p>[...] que o brinquedo não pode perder</p><p>sua magia enquanto exerce função</p><p>educativa, pois, a partir do momento em</p><p>que deixa de provocar prazer e alegria em</p><p>detrimento da aprendizagem, deixa de ser</p><p>brinquedo e passa a ser tão - somente</p><p>material pedagógico.</p><p>É extremamente importante que exista</p><p>na educação infantil, os dois momentos na</p><p>hora do uso do material pedagógico; o</p><p>momento da socialização, onde as crianças</p><p>ficam livres para brincar, para interagir uns</p><p>com os outros; e o momento didático onde</p><p>ocorre a mediação das professoras. É</p><p>importante que as crianças estejam</p><p>presentes na hora da escolha das atividades</p><p>e que sejam ouvidas sempre.</p><p>Segundo Brasil (1998, p.30):</p><p>A intervenção do professor é necessária</p><p>para que, na instituição de educação</p><p>infantil, as crianças possam, em situações</p><p>de interação social ou sozinha, ampliar</p><p>suas capacidades de ampliação dos</p><p>conceitos, dos códigos sociais e das</p><p>diferentes linguagens, por meio da</p><p>expressão e comunicação de sentimentos e</p><p>ideias, da experimentação, da reflexão, da</p><p>elaboração de perguntas e respostas, da</p><p>construção de objetos e brinquedos, etc.</p><p>É por meio do material pedagógico de</p><p>qualidade que teremos brincadeiras de</p><p>qualidade o que é essencial para as crianças</p><p>e o seu desenvolvimento integral. Material</p><p>pedagógico de qualidade não precisa ser o</p><p>mais caro, mas precisa ser aquele onde a</p><p>criança terá acesso a ele, podendo ainda</p><p>participar de sua confecção.</p><p>Um material muito importante para se</p><p>trabalhar com as crianças, é o reciclável; as</p><p>crianças possuem uma imaginação e</p><p>criatividade esplêndida, capaz de nos</p><p>surpreender. Elas são capazes de</p><p>transformar tudo o que vê na sua frente em</p><p>brinquedos e materiais utilizáveis pelas</p><p>pedagogas. Segundo Salomão e Martini</p><p>(2007, p. 3):</p><p>As atividades em artes plásticas que</p><p>envolvem os mais diferentes tipos de</p><p>matérias indicam às crianças as</p><p>possibilidades de transformação, de</p><p>reutilização e de construção de novos</p><p>elementos, formas texturas etc. A relação</p><p>que a criança pequena estabelece com os</p><p>diferentes materiais se dá, no início, por</p><p>meio da exploração sensorial e da</p><p>utilização em diversas brincadeiras.</p><p>Os materiais de sucata devem estar</p><p>limpos e organizados, e ainda, não expor</p><p>perigo algum para a criança. Pode-se pedir</p><p>para as crianças confeccionarem fantoches,</p><p>trazer roupas de casa da mãe ou do pai para</p><p>montar um teatro, fazer vários brinquedos</p><p>com sucata, como por exemplo, bilboquê,</p><p>peteca, ônibus, inclusive fazer sofás para as</p><p>crianças, mesinha, entre tantas outras</p><p>coisas, basta usar a criatividade. Segundo a</p><p>autora Machado (1994, p. 17): “[...] para</p><p>propiciar um bom começo à atividade</p><p>lúdica e criatividade das crianças, o brincar</p><p>livre e espontâneo é mais importante do que</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>32</p><p>o brinquedo. O brincar extrapola o</p><p>brinquedo”.</p><p>Por isso, as crianças devem participar</p><p>não apenas de forma passiva, mas sim de</p><p>forma ativa na construção desses materiais</p><p>com a mediação das professoras, quanto</p><p>mais ativa a criança estiver neste momento</p><p>de construção, mais ela estará se</p><p>desenvolvendo e estimulando a sua</p><p>capacidade de reciclar e cuidar de cada</p><p>material pedagógico que lhe for proposto.</p><p>É preciso que as crianças tenham</p><p>atividades orientadas, não apenas</p><p>brincadeiras durante o período em que se</p><p>encontra na instituição; porém as</p><p>professoras devem estar sempre atentas na</p><p>hora de oferecer o auxílio, para que ela não</p><p>decida por eles o quê fazer.</p><p>A professora tem um papel essencial na</p><p>vida dessas crianças, ela deve estar ali para</p><p>suprir as necessidades das crianças, mas</p><p>sempre fazendo com que os pequenos</p><p>pensem, reflitam sobre o que está</p><p>acontecendo, pois elas têm uma relação</p><p>direta com o desenvolvimento da</p><p>autonomia, do respeito e do caráter de cada</p><p>pequenino.</p><p>No momento em que as professoras</p><p>mediam as brincadeiras e jogos, as crianças</p><p>aprendem a respeitar limites e regras,</p><p>aprendem a lidar com perdas e ganhos, e a</p><p>enfrentar e superar os obstáculos. Segundo,</p><p>Cunha (2001, p. 14 apud TESSARO 2007</p><p>p.14):</p><p>Brincando a criança desenvolve seu</p><p>senso de companheirismo. Jogando com</p><p>amigos aprende a conviver, ganhando ou</p><p>perdendo, procurando aprender regras e</p><p>conseguir uma participação satisfatória</p><p>nas brincadeiras. No jogo, ela aprende a</p><p>aceitar regras, esperar sua vez, aceitar o</p><p>resultado, lidar com frustrações e elevar o</p><p>nível de motivação. Nas dramatizações, a</p><p>criança vive personagens diferentes,</p><p>ampliando sua compreensão sobre os</p><p>diferentes papéis e relacionamentos</p><p>humanos.</p><p>Durante as brincadeiras, os jogos e o uso</p><p>dos materiais pedagógicos, há uma grande</p><p>troca de experiências e simultaneamente de</p><p>culturas entre as crianças.</p><p>Segundo Lima (1992, p.18):</p><p>A brincadeira e o jogo são processos que</p><p>envolvem o indivíduo e sua cultura,</p><p>adquirindo especificidades de acordo com</p><p>cada grupo. Eles têm um significado</p><p>cultural muito marcante, pois é através do</p><p>brincar que a criança vai conhecer</p><p>aprender e se constituir como um ser</p><p>pertencente ao grupo, ou seja, o jogo e a</p><p>brincadeira são meios para a construção</p><p>de sua identidade cultural.</p><p>Para que os materiais pedagógicos sejam</p><p>utilizados de maneira que contemplem as</p><p>expectativas do trabalho pedagógico e</p><p>desenvolva as características de cada</p><p>criança, precisamos ter um currículo onde</p><p>teoria e prática sejam indissociáveis,</p><p>assim</p><p>como confirma a autora Kramer (2002,</p><p>p.14):</p><p>Entendemos o currículo como uma obra</p><p>que está a meio caminho entre o texto</p><p>puramente teórico e o manual de</p><p>atividades, configurando-se como um</p><p>instrumento de apoio à organização da</p><p>ação escolar, e, sobretudo, à atuação dos</p><p>professores.</p><p>O currículo deve levar em consideração</p><p>as fases do desenvolvimento infantil bem</p><p>como a realidade histórica e cultural das</p><p>crianças, pois é de suma importância que</p><p>isso seja respeitado. O conteúdo e o</p><p>material a ser trabalhado, devem surgir de</p><p>acordo com as necessidades das crianças e</p><p>com o projeto da escola. Ele deve ser</p><p>formulado com organização de acordo com</p><p>o que a escola possui seus materiais,</p><p>brinquedos, sua rotina; neste momento tudo</p><p>deve estar disponível para o</p><p>desenvolvimento das atividades com as</p><p>crianças.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>33</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de São José/SC –</p><p>Professor de Educação Física – FEPESE</p><p>- 2021) “Brincadeira é coisa Séria” (MELO,</p><p>2015). Analise as afirmativas abaixo sobre</p><p>o jogo e a brincadeira no desenvolvimento</p><p>humano.</p><p>1. O brincar é a principal tarefa das</p><p>crianças quando não estão dedicadas às</p><p>suas necessidades de sobrevivência</p><p>(repouso, alimentação, etc.).</p><p>2. O brincar não é envolvente porque</p><p>coloca a criança em um contexto de</p><p>interação em que suas atividades físicas e</p><p>fantasiosas fazem parte de um mesmo</p><p>contínuo topológico.</p><p>3. No brincar, objetivos, meios e</p><p>resultados tornam-se indissociáveis e</p><p>enredam a criança em uma atividade</p><p>gostosa em si mesma.</p><p>4. O caráter autotélico do brincar não</p><p>possibilita à criança aprender consigo</p><p>mesma e com os objetivos e pessoas</p><p>envolvidas nas brincadeiras, nos limites de</p><p>suas possibilidades e de seu repertório.</p><p>5. O jogar é o brincar em um contexto de</p><p>regras e com o objetivo predefinido.</p><p>Assinale a alternativa que indica todas as</p><p>afirmativas corretas.</p><p>A. São corretas apenas as afirmativas 1,</p><p>3 e 5.</p><p>B. São corretas apenas as afirmativas 2,</p><p>3 e 4.</p><p>C. São corretas apenas as afirmativas 1,</p><p>2, 3 e 4.</p><p>D. São corretas apenas as afirmativas 2,</p><p>3, 4 e 5.</p><p>E. São corretas as afirmativas 1, 2, 3, 4 e</p><p>5.</p><p>02. (Prefeitura de Almirante</p><p>Tamandaré/PR – Professor de Educação</p><p>Básica – UFPR - 2022) “Na relação que a</p><p>criança estabelece com o mundo das</p><p>substâncias, corporeidade e artesania,</p><p>quando unidas, são relâmpagos na</p><p>imaginação da brincadeira. O corpo a corpo</p><p>com a matéria acorda os sentidos, que, por</p><p>sua vez, repercutem vontades imaginárias</p><p>no ser. Cada contato com a vida formal,</p><p>com as formas materiais, promove um</p><p>dinamismo onírico e uma conscientização</p><p>corpórea na criança. Aos poucos, tanto o</p><p>mundo se torna mais dado à exploração,</p><p>quanto o corpo se sente mais preparado para</p><p>investigar.” (PIORSKI, 2016, p. 95).</p><p>Sobre o brincar infantil, considere as</p><p>seguintes afirmativas:</p><p>1. A criança deve ter acesso a materiais</p><p>estruturados e previamente preparados para</p><p>a ação do brincar.</p><p>2. A mediação do adulto deve conduzir</p><p>as aprendizagens durante o brincar.</p><p>3. O brincar na natureza respeita as</p><p>escolhas das crianças e desperta a</p><p>imaginação e novas descobertas.</p><p>4. Ao brincar, as crianças se revelam</p><p>como investigadoras do mundo natural.</p><p>Assinale a alternativa correta.</p><p>A. Somente a afirmativa 1 é verdadeira.</p><p>B. Somente as afirmativas 2 e 4 são</p><p>verdadeiras.</p><p>C. Somente as afirmativas 3 e 4 são</p><p>verdadeiras.</p><p>D. Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são</p><p>verdadeiras.</p><p>E. As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são</p><p>verdadeiras.</p><p>03. (Prefeita de Nova Itaberaba/SC –</p><p>Professor de Educação Infantil –</p><p>OBJETIVA - 2021) De acordo com</p><p>Brinquedos e Brincadeiras de Creches,</p><p>sobre o brincar, marcar C para as</p><p>afirmativas Certas, E para as Erradas e,</p><p>após, assinalar a alternativa que apresenta a</p><p>sequência CORRETA:</p><p>( ) Para brincar em uma instituição</p><p>infantil, não basta disponibilizar</p><p>brincadeiras e brinquedos, é preciso</p><p>planejamento do espaço físico e das ações</p><p>intencionais que favoreçam um brincar de</p><p>qualidade.</p><p>( ) O brincar é uma das atividades</p><p>principais da criança. Sua importância</p><p>reside no fato de ser uma ação livre,</p><p>iniciada e conduzida pela criança, com a</p><p>finalidade de tomar decisões; expressar</p><p>sentimentos e valores; conhecer a si mesma,</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>34</p><p>as outras pessoas e o mundo em que vive.</p><p>( ) Para educar crianças pequenas, que</p><p>ainda são vulneráveis, é necessário integrar</p><p>a educação ao cuidado, mas também a</p><p>educação e o cuidado à brincadeira.</p><p>A. C - C - C.</p><p>B. C - E - C.</p><p>C. E - C - E.</p><p>D. E - C - C.</p><p>E. E - E - E</p><p>Alternativas</p><p>01.A - 02.C - 03. A</p><p>O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO</p><p>A sociedade passa por transformações</p><p>culturais e sociais de grande importância,</p><p>como o acelerado avanço tecnológico e</p><p>científico. Nesse contexto, em razão da</p><p>expansão da tecnologia e da crescente</p><p>globalização da economia e cultura, as</p><p>novas gerações sofrem com a comunicação</p><p>mercadológica direcionada à criança de</p><p>forma abusiva. O presente trabalho consiste</p><p>em um breve estudo sobre a infância,</p><p>cultura e a socialização, apontando a</p><p>necessidade de acompanhamento familiar</p><p>no dia-a-dia da criança para evitar o</p><p>desenvolvimento prematuro e possíveis</p><p>problemas causados pela visão</p><p>mercadológica e capitalista abusiva</p><p>direcionada às crianças. Trata-se de uma</p><p>análise acerca da comunicação</p><p>mercadológica dirigida às crianças e as</p><p>implicações para esses sujeitos que sofrem</p><p>toda a forma de exploração possível. A</p><p>pesquisa é bibliográfica e utilizou-se de</p><p>livros, artigos e sites14.</p><p>Percebe-se que a socialização da criança</p><p>é mediada primeiro pela família e depois</p><p>pelas diferentes instituições sociais,</p><p>moldadas pela ideologia presente nestas</p><p>empresas. Nesse sentido, a compreensão da</p><p>cultura e socialização na formação da</p><p>criança perpassa a influência que o</p><p>indivíduo sofre do mundo, os processos de</p><p>14 Márcio Moreira Do Nascimento. A cultura e a socialização na</p><p>formação da criança. Núcleo do Conhecimento.</p><p>https://www.nucleodoconhecimento.com.br/pedagogia/cultura-e-a-</p><p>socialização e os determinantes históricos,</p><p>sociais e simbólicos que o envolvem. O</p><p>trabalho discute acerca da infância, da</p><p>socialização e da prática da socialização na</p><p>vida diária da criança – um agente</p><p>fundamental a família. Discute-se, ainda,</p><p>sobre uma ação fundamental – a fala; sobre</p><p>os contextos socioculturais, desvios da</p><p>socialização e ações vitimadoras da criança</p><p>e sobre os meios de comunicação e novos</p><p>agentes de socialização, assim como sobre</p><p>os usos e abusos midiáticos. A infância é</p><p>mais um produto mercadológico, e, assim,</p><p>sofre toda a forma de exploração possível,</p><p>sendo a família a responsável pela educação</p><p>digital e preservação da infância.</p><p>As ações socializadoras dos meios de</p><p>comunicação estão profundamente</p><p>vinculadas à cultura de consumo. É neste</p><p>cenário que vamos encontrar os focos mais</p><p>poderosos de novos estímulos aos usos e</p><p>abusos da criança, convertendo-a em</p><p>mediação de violência contra si mesma.</p><p>Este artigo delimitou-se em colher</p><p>informações sobre a infância, cultura e a</p><p>socialização para refletir sobre a</p><p>comunicação mercadológica direcionada à</p><p>criança de forma abusiva, tendo, como</p><p>referência, pesquisas em artigos, revistas e</p><p>livros sobre o tema. Diante do que foi</p><p>apresentado, percebeu-se o problema da</p><p>comunicação mercadológica direcionada à</p><p>criança de forma abusiva. Esta situação</p><p>pode ser resolvida com a discussão entre</p><p>entidades que trabalham com este público e</p><p>as famílias das crianças, abordando os</p><p>conceitos de infância, cultura e a</p><p>socialização da criança, apontando a</p><p>necessidade do acompanhamento familiar</p><p>no dia-a-dia da criança.</p><p>Deve-se, portanto, obedecer as etapas de</p><p>desenvolvimento para evitar possíveis os</p><p>problemas causados pela visão</p><p>mercadológica e capitalista da infância.</p><p>O</p><p>presente trabalho tem como objetivo</p><p>discutir os impactos causados pela</p><p>comunicação mercadológica abusiva ao</p><p>socializacao. Visitado em 29.11.2022.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>35</p><p>público infantil, abordando, para isso, a</p><p>importância da família em conhecer os</p><p>conceitos de infância, cultura e a</p><p>socialização para evitar problemas no</p><p>desenvolvimento da criança, que, por sua</p><p>vez, são suscitados pela visão</p><p>mercadológica e capitalista acerca da</p><p>infância.</p><p>A Infância</p><p>Sob a dimensão cultural, a infância</p><p>remete à socialização e à aquisição da</p><p>cultura e um dos agentes importantes neste</p><p>processo é a aquisição da fala. No livro “O</p><p>Emílio”, Rousseau (1995), na contramão da</p><p>tradição cultural dominante, apresenta uma</p><p>visão da criança como adulto inacabado, e,</p><p>assim, postulava que a infância possui</p><p>modos de ver, de pensar, de sentir que lhe</p><p>são próprios. Esse ponto de vista, todavia,</p><p>não chegou a afetar a prática social.</p><p>Foram propostos dois modelos</p><p>diferentes do processo de socialização. O</p><p>primeiro é um modelo determinista, no qual</p><p>a criança desempenha basicamente um</p><p>papel passivo. Nessa vertente, a criança é</p><p>simultaneamente uma “iniciante” com</p><p>potencial para contribuir para a manutenção</p><p>da sociedade e uma “ameaça indomada”</p><p>que deve ser controlada por meio de</p><p>treinamento cuidadoso. No segundo, um</p><p>modelo construtivista, a criança é vista</p><p>como agente ativo e um ávido aprendiz.</p><p>Sob essa perspectiva, a criança constrói</p><p>ativamente seu mundo social é seu lugar</p><p>nele (CORSARO, 2011, p. 19).</p><p>No entanto, a criança continuou sendo</p><p>pensada como adulto miniaturizado. Ao</p><p>analisarmos do ponto de vista da</p><p>humanização, é possível inferir que a</p><p>criança é um humano a ser introduzido na</p><p>ordem da cultura, a partir da socialização. O</p><p>processo de socialização é um objeto de</p><p>pensamento multidisciplinar, pois envolve</p><p>diferentes dimensões do fenômeno</p><p>histórico, econômico, psicológico,</p><p>pedagógico, social e antropológico. Nosso</p><p>foco de interesse é a dimensão</p><p>antropológica, mas essa dimensão não se</p><p>“descola” das demais, e, por isso, em</p><p>muitas vezes, incursionaremos por áreas</p><p>próximas à essas disciplinas. Quando o</p><p>fizermos, todavia, é indispensável ter claro</p><p>que o lugar de onde falamos inscreve-se no</p><p>campo da Antropologia. A inserção da</p><p>criança no mundo da cultura começa a se</p><p>fazer muito antes do nascimento, uma vez</p><p>que a posição social de seus pais define seu</p><p>lugar na sociedade, e, desse modo, supomos</p><p>que a inserção formal de uma dada criança</p><p>no mundo da cultura se inicia com seu</p><p>nascimento.</p><p>A socialização primária decorre durante</p><p>a infância e constitui o período mais intenso</p><p>de aprendizagem cultural. É a altura em que</p><p>a criança aprende a falar e aprende os mais</p><p>básicos padrões comportamentais que são</p><p>os alicerces de aprendizagens posteriores.</p><p>Nesta fase, a família é o principal agente de</p><p>socialização. A socialização secundária</p><p>decorre desde um momento mais tardio na</p><p>infância até à idade adulta. Nesta fase,</p><p>outros agentes de socialização assumem de</p><p>alguma da responsabilidade que pertencia à</p><p>família (GIDDENS; FIGUEIREDO;</p><p>SOBRAL, 2008, p. 28-29).</p><p>A família é o principal agente de</p><p>socialização, mas não deixaremos de referir</p><p>outros agentes. Procuraremos iluminar os</p><p>desvios da socialização e desvelaremos</p><p>usos e abusos da criança em nossa</p><p>sociedade, procurando dar visibilidade à</p><p>violência que as atinge.</p><p>A Socialização</p><p>Segundo Elkin (1968), a socialização</p><p>inclui tanto a aprendizagem quanto</p><p>apreensão de padrões, valores e</p><p>sentimentos próprios da sociedade. A</p><p>criança não apenas sabe intelectualmente o</p><p>que é esperado dela e se comporta de</p><p>acordo.</p><p>Socializar é criar condições de</p><p>cooperação no estabelecimento das “regras</p><p>do jogo” a cooperação produz,</p><p>mentalmente, as operações superiores, da</p><p>inteligência e, socialmente, a negociação</p><p>das relações mútuas (segundo uma lei</p><p>imanente – equilibração – de “máximo de</p><p>lucros e mínimo de perdas” (LIMA, 1980,</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>36</p><p>p. 84).</p><p>Logo, temos um problema pedagógico</p><p>que é superar a coação dos adultos sobre o</p><p>comportamento da criança. As principais</p><p>ações de socialização se orientam em</p><p>direção à diferentes focos e significações do</p><p>ser da criança, compreendendo-se, nesse</p><p>processo, a sua entidade biológica, sua</p><p>entidade psíquica, sua entidade social e</p><p>cultural, e, ainda, os diversos mundos que</p><p>habita, o mundo das coisas, das pessoas, das</p><p>ideias. O indivíduo no processo de</p><p>socialização entra em comunicação com o</p><p>social a partir de símbolos. Desse modo:</p><p>A medida que vão ficando mais velhas,</p><p>as crianças vão se tornando mais hábeis na</p><p>utilização de símbolos para se comunicar</p><p>com os outros. Os símbolos são os gestos os</p><p>objetos e as palavras que formam a base da</p><p>comunicação humana interagindo com</p><p>parentes e amigos, bem como assistindo</p><p>desenhos animados na televisão e vendo</p><p>livros com fotos, as crianças na fase</p><p>preparatória começam a entender a questão</p><p>dos símbolos. Elas continuarão utilizando</p><p>essa forma de comunicação durante toda a</p><p>vida (SCHAEFER, 2006, p. 84).</p><p>O símbolo, nesse contexto, é algo a que</p><p>se atribui valor ou significado. Tal</p><p>atribuição, por sua vez, é designada por</p><p>todos aqueles que o utilizam na sua</p><p>interação e inter-relação. O símbolo tem</p><p>imensa possibilidade de materialidade:</p><p>pode ser uma forma, uma cor, um cheiro,</p><p>um movimento, um som, um sabor, um</p><p>gesto, uma palavra. É mediante o símbolo</p><p>que atribuímos sentido; é com ele, portanto,</p><p>que significamos em nossa existência. Por</p><p>exemplo, quando pronunciamos uma</p><p>palavra, os agrupamentos de sons, ao serem</p><p>pronunciados, garantem materialidade</p><p>sonora à símbolos verbais que podem</p><p>representar sentimentos de quem fala. O</p><p>símbolo verbal é dominante na</p><p>socialização, e, assim, a palavra tem um</p><p>potencial enorme na comunicação humana.</p><p>Em qualquer sociedade, nascemos</p><p>imersos no simbólico e vamos aprendendo</p><p>a lidar com eles, a operar com eles, a brincar</p><p>com eles, a pensar e sentir com eles, a nos</p><p>lambuzar com eles, até que deles estejamos</p><p>tão impregnados que se tornam parte de</p><p>nossa natureza, e, assim, tais símbolos nos</p><p>distingue enquanto humanidade. É bom</p><p>lembrar que não há sociedade humana sem</p><p>cultura e não há cultura sem uma sociedade.</p><p>Outro aspecto da socialização é o de ser um</p><p>processo fundamental tanto para a interação</p><p>indivíduo-cultura, indivíduo-sociedade</p><p>como para garantir a continuidade da</p><p>sociedade e da cultura. É por meio do</p><p>processo de aprendizagem, de socialização,</p><p>que os indivíduos se tornam herdeiros de</p><p>uma tradição cultural e a transmitem,</p><p>tornando-se, pela cultura, membros de uma</p><p>sociedade.</p><p>Um Enfoque: a Prática da</p><p>Socialização na Vida Diária da Criança</p><p>Max Weber (2000) coloca a ênfase da</p><p>pesquisa social sobre a vida, sobre a</p><p>experiência, sobre a heterogeneidade, e,</p><p>assim, a pluralidade nelas implícita,</p><p>acarreta diferentes interpretações. Alfred</p><p>Schutz (1979), na esteira das novas</p><p>posições teóricas defendidas por Weber e</p><p>seguindo a tradição fenomenológica, faz</p><p>uma costura entre experiência e alteridade</p><p>ao propor a orientação da análise na direção</p><p>do outro. O que isso quer dizer? Schutz</p><p>(1978) demonstra que é no contraste entre a</p><p>experiência que vivo e a que você vive ou</p><p>que os outros vivem que se funda a</p><p>compreensão de mundo vivido. A</p><p>experiência vivida cria a proximidade entre</p><p>mim e o outro, construindo o grupo, as</p><p>situações sociais e culturais. Da experiência</p><p>do mundo vivida em grupo, coletivamente,</p><p>emerge a experiência do pensamento.</p><p>É na relação social cotidiana que os</p><p>significados são criados e a ela</p><p>incorporados, conferindo sentido à ação</p><p>social dos indivíduos envolvidos na</p><p>relação. Schutz (1979), concebe o mundo</p><p>social como resultado e consequência de</p><p>uma interação permanente entre os</p><p>indivíduos entre si, entre</p><p>o meio social e o</p><p>meio ambiente físico, entre o mundo dos</p><p>contemporâneos e o mundo dos</p><p>antecessores e, ainda, considera-se o mundo</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>37</p><p>dos parceiros da experiência constitutiva do</p><p>mundo vivido. Berger e Luckmann (1995),</p><p>fazem uma análise fenomenológica da</p><p>experiência subjetiva da vida cotidiana,</p><p>devendo-se aprender a partir dela, logo, a</p><p>realidade é socialmente construída. Para</p><p>eles, o senso comum comporta, como</p><p>Schutz (1979) já havia mostrado, uma</p><p>pluralidade de interpretações sobre a</p><p>realidade cotidiana. Berger e Leckumann</p><p>(1995) enfatizam que a realidade cotidiana</p><p>se impõe à consciência.</p><p>A consciência é sempre intencional;</p><p>sempre “tende para” ou é dirigida para</p><p>objetos. Nunca podemos apreender um</p><p>suposto substrato de consciência enquanto,</p><p>tal somente a consciência de tal ou qual</p><p>coisa. Isto é, pouco importando que o objeto</p><p>da experiência seja experimentado como</p><p>pertencendo a um mundo físico externo ou</p><p>apreendido como elemento de uma</p><p>realidade subjetiva interior (BERGER;</p><p>LUCKMANN, 1995, p. 37).</p><p>O real é aquilo que se apresenta à minha</p><p>consciência, na vida cotidiana e se organiza</p><p>em torno do meu corpo no meu presente, ou</p><p>seja, abarca os fenômenos que estão</p><p>presentes aqui e agora, tanto aqueles</p><p>próximos quanto aqueles distanciados (no</p><p>espaço e no tempo), isto é, partilho a</p><p>realidade cotidiana com outros. A</p><p>experiência compartilhada com o outro</p><p>ocorre na situação vida face à face. O meu</p><p>“aqui e agora” confronta com o “aqui e</p><p>agora” do outro e, na nossa vivência,</p><p>apreendemos um com o outro, por meio de</p><p>nossa expressividade.</p><p>Na situação face à face, a subjetividade</p><p>do outro me é acessível e, reciprocamente,</p><p>a minha também é acessível à ele. Geertz</p><p>(1987), concebe a cultura como teia de</p><p>significados, como sistema ordenado de</p><p>significados e símbolos que permitem a</p><p>comunicação humana. A linguagem</p><p>simboliza a cultura. A função simbólica é</p><p>universal, constituindo uma espécie de</p><p>segundo código, operando ao lado do</p><p>código genético. Os símbolos portam</p><p>concepções. As proposições simbólicas</p><p>articulam o mundo e oferecem orientações</p><p>de ações sobre ele.</p><p>Um Agente Fundamental: a Família</p><p>A organização do grupo familiar, como</p><p>já ressaltamos, varia de cultura para cultura</p><p>e, às vezes, no interior da mesma cultura. O</p><p>estudo antropológico de diferentes culturas</p><p>permitiu identificar várias categorias de</p><p>família (elementar, extensa, composta). A</p><p>família do tipo elementar, também chamada</p><p>nuclear, simples, primária, é uma unidade</p><p>da organização social, basicamente</p><p>formada por um homem, uma mulher e seus</p><p>filhos. Em nossa sociedade, essa categoria</p><p>de família apresenta uma variante, chamada</p><p>maternal, formada por uma mulher e seus</p><p>filhos. A família extensa, também chamada</p><p>múltipla, é formada de duas ou mais</p><p>famílias elementares, ligadas por laços</p><p>consanguíneos.</p><p>A família extensa pode ser composta</p><p>pela linha de parentesco materno ou paterno</p><p>e por mais de uma geração, com residência</p><p>comum ou dispersa. A família extensa é um</p><p>arranjo familiar que ocorre em nossa</p><p>sociedade, tanto na área rural como na área</p><p>urbana, incluindo os grandes centros; esse</p><p>grupo familiar é mais comumente formado</p><p>pela mãe, filhas e/ou filhos (com seus</p><p>cônjuges ou não) e seus netos, residindo</p><p>numa mesma casa ou em “puxados”, num</p><p>mesmo terreno. Nem todos os filhos</p><p>integram essa classificação de família</p><p>extensa. A criança tem participação ativa no</p><p>próprio processo de socialização, mas ela</p><p>depende fundamentalmente dos agentes</p><p>socializadores e das condições de</p><p>socialização.</p><p>O desejo de vir assemelhar-se a uma</p><p>outra pessoa, particularmente ao pai ou à</p><p>mãe, motiva a criança a aceitar e adotar as</p><p>características e imita as ações da pessoa. É</p><p>mais propensa a imitar o comportamento de</p><p>um modelo positivo que o de um outro</p><p>destituído de atrativos. Os pais são</p><p>geralmente modelos positivos porque são</p><p>vistos como figuras revestidas de</p><p>autoridade, porque são eles que fornecem a</p><p>ambientação e porque são competentes</p><p>(MANNING, 1977, p. 107).</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>38</p><p>Os demais integrantes do grupo</p><p>doméstico são também agentes</p><p>socializadores significativos. As ações de</p><p>socialização, mediante várias práticas,</p><p>estimulam a atenção, a observação, o</p><p>interesse pelas coisas e pelas pessoas, a</p><p>descoberta. Ao mesmo tempo, começa a</p><p>aprender um código de expressão de</p><p>sentimentos e emoções. Algumas</p><p>expressões são reforçadas e outras são</p><p>controladas, reprimidas. Segundo Bandeira</p><p>(1988), a criança aprende várias linguagens,</p><p>embora se comunique, principalmente, com</p><p>a linguagem corporal.</p><p>Uma Ação Fundamental – a Fala</p><p>Para inserção da criança na ordem da</p><p>cultura, a aquisição da fala é um objetivo</p><p>perseguido constantemente em dois planos</p><p>complementares: no plano físico, pela</p><p>domesticação do ouvido, das cordas vocais,</p><p>do diafragma, dos diversos órgãos</p><p>envolvidos na fala, e, no plano da</p><p>significação, pela simbolização. A</p><p>produção da fala só se tornou viável porque</p><p>a estrutura do cérebro humano e os órgãos</p><p>que compõem o aparelho fonador</p><p>possibilitou a palavra.</p><p>O desenvolvimento da linguagem na</p><p>criança é materializado em modificações</p><p>quantitativas e quantitativas na compressão</p><p>e produção verbal. A descrição e explicação</p><p>dessas modificações é o objeto de estudo do</p><p>ramo de conhecimento se designa por</p><p>aquisição da linguagem. Compreender a</p><p>evolução de um ramo do conhecimento,</p><p>neste caso a aquisição da linguagem</p><p>(FREITAS; SANTOS, 2017, p. 4).</p><p>A aprendizagem da linguagem oral é</p><p>social e ocorre entre duas pessoas ou mais.</p><p>Ela sofre mudanças e se transforma através</p><p>do tempo. Aprender a linguagem oral não é</p><p>apenas saber codificar e decodificar, mas</p><p>utilizar os signos a partir de conjuntos de</p><p>sinais (CRUVINEL, 2010). A palavra é</p><p>mais que sua materialidade sonora, ela é</p><p>mais que o resultado de uma combinação de</p><p>sons (feita pelos dos órgãos vocais),</p><p>combinação a que se atribui valor simbólico</p><p>(feito pelo pensamento). Ela só constitui a</p><p>fala, a língua, quando um grupo de</p><p>indivíduos, uma coletividade, passa a</p><p>adotar essa combinação de sons com os</p><p>mesmos valores e a usá-las para expressar</p><p>as mesmas ideias com os mesmos sentidos.</p><p>A associação entre os sons e a significação</p><p>que lhes é atribuída é arbitrária fomenta a</p><p>aprendizagem e o uso social da língua. Isso</p><p>faz com que ela se atualize e seja</p><p>perpetuada.</p><p>No que concerne a socialização, nosso</p><p>foco de interesse, a língua exerce uma</p><p>importância especial e essencial. Para</p><p>aquilatar essa importância, basta observar o</p><p>processo de socialização de crianças surdas</p><p>e crianças portadoras de audição. Mesmo</p><p>com todo avanço representado pela</p><p>linguagem de sinais, por técnicas de leitura</p><p>labial que ampliaram a abrangência da</p><p>socialização das crianças surdas, certas</p><p>áreas da cultura não lhes são acessíveis. A</p><p>criança é socialmente pressionada a falar. A</p><p>expectativa social da fala é de tal ordem que</p><p>as crianças, cujo ritmo de aquisição é mais</p><p>lento, tendem a ser submetidas a contínuo</p><p>estresse no sentido de falar; as que têm</p><p>ritmo mais rápido são festejadas,</p><p>valorizadas e também pressionadas a exibir</p><p>suas habilidades linguísticas. A fala,</p><p>portanto, além de código de comunicação,</p><p>é um valor.</p><p>Falar cedo e “corretamente” é fonte de</p><p>admiração para a criança e de prestígio para</p><p>seus pais no meio social em que vivem. Nas</p><p>sociedades ocidentais, a ideia de criança se</p><p>constitui, segundo Ariès (1981), no</p><p>processo histórico da relação criança-</p><p>família. Conforme o mesmo autor, as ideias</p><p>de infância e família na Idade Média não</p><p>eram investidas dos conteúdos sociais que</p><p>mais tarde adquiriram. Não se atribuía</p><p>importância especial à infância, até então</p><p>caracterizada como fase transitória, sem</p><p>significado social.</p><p>Contextos Socioculturais</p><p>A pouca importância</p><p>Fundamental</p><p>Para compreender a</p><p>implantação/ampliação do novo Ensino</p><p>Fundamental de nove anos de duração, é</p><p>importante retomarmos alguns pontos que</p><p>Educação infantil – conceito e objetivos</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>2</p><p>antecederam a mudança do marco legal e</p><p>das normas destinadas a esta etapa da</p><p>Educação Básica.</p><p>Este arcabouço jurídico, apesar de</p><p>formalmente conhecido nos sistemas de</p><p>ensino e nas escolas, instâncias</p><p>encarregadas de implementar tal mudança,</p><p>ainda requer uma compreensão mais</p><p>aprofundada do contexto que o originou e,</p><p>principalmente, de seus desdobramentos de</p><p>natureza pedagógica, para que não fique</p><p>reduzido a mera reorganização técnico-</p><p>burocrática do currículo escolar.</p><p>Do ponto de vista conceitual, os</p><p>argumentos relativos à antecipação da</p><p>escolarização obrigatória presentes nos</p><p>documentos da esfera do governo federal,</p><p>se voltaram, principalmente, para os</p><p>processos de letramento e de alfabetização.</p><p>O teor dos documentos defendia que esses</p><p>processos, no primeiro ciclo do novo</p><p>Ensino Fundamental, deveriam se</p><p>caracterizar por um continuo favorecedor</p><p>de aprendizagens, configurando-se a</p><p>ampliação de um ano de escolaridade como</p><p>uma estratégia promotora de equidade para</p><p>as crianças de grupos sociais de condição</p><p>mais vulnerável.</p><p>Atualmente, com esta mudança em</p><p>pleno andamento, os sistemas de ensino e</p><p>suas escolas convivem, ainda, com a tarefa</p><p>de reconstruírem suas propostas</p><p>pedagógicas e curriculares, ajustando-as</p><p>aos tempos definidos no atual ordenamento</p><p>legal e normativo. Sobretudo, observamos a</p><p>busca por um aprofundamento</p><p>teórico/prático que indique caminhos a</p><p>seguir no planejamento curricular e nas</p><p>práticas pedagógicas referentes aos</p><p>processos iniciais de alfabetização, visando</p><p>à efetiva oferta de um novo Ensino</p><p>Fundamental.</p><p>Há também que considerar interesses de</p><p>natureza administrativo/financeira que</p><p>estiveram presentes no percurso da</p><p>ampliação do Ensino Fundamental,</p><p>cabendo apenas lembrar que a ideia da</p><p>ampliação e de uma possível antecipação</p><p>1SILVA, Maria Beatriz Gomes da. O Ensino Fundamental de nove anos. In:</p><p>DALLA ZEN, Maria Isabel H.; XAVIER, Maria Luisa M. (orgs.). Alfabeletrar:</p><p>do ingresso no Ensino Fundamental se</p><p>fortaleceu, ao longo da vigência do Fundo</p><p>de Manutenção e Desenvolvimento do</p><p>Ensino Fundamental e de Valorização do</p><p>Magistério (FUNDEF).</p><p>Algumas análises de Silva (2010)1</p><p>sustentam que esta teria sido a maior</p><p>motivação dos dirigentes educacionais para</p><p>a ampliação do Ensino Fundamental e para</p><p>a antecipação do ingresso escolar</p><p>obrigatório.</p><p>Além disso, a entrada de crianças aos 6</p><p>anos, já no Ensino Fundamental, sem</p><p>dúvida, se constituiria em uma política que</p><p>reduziria a pressão por vagas na Pré-Escola.</p><p>Atualmente, com a substituição do</p><p>FUNDEF pelo Fundo de Manutenção e</p><p>Desenvolvimento da Educação Básica e de</p><p>Valorização dos Profissionais da Educação</p><p>(FUNDEB) alcançando as três etapas da</p><p>Educação Básica e suas modalidades,</p><p>algumas dificuldades de financiamento da</p><p>Pré-escola foram reduzidas.</p><p>Contudo, persiste uma pressão para a</p><p>matrícula antecipada no Ensino</p><p>Fundamental. Seja porque as crianças de 6</p><p>anos de idade, além de terem um custo</p><p>menor, em termos de insumos</p><p>educacionais, trazem maior retorno</p><p>financeiro aos municípios, uma vez que o</p><p>valor de referência do FUNDEB, para o</p><p>Ensino Fundamental, é maior do que valor</p><p>deste fundo para a Pré-Escola, seja porque</p><p>a pressão pelo aumento de vagas na Pré-</p><p>Escola vem crescendo nas últimas décadas</p><p>e tende a ampliar ainda mais em função da</p><p>perspectiva de universalização do acesso.</p><p>Do ponto de vista curricular, voltando o</p><p>foco das discussões para a dimensão</p><p>pedagógica da mudança, as orientações</p><p>normativas particularmente as direcionadas</p><p>aos anos iniciais do Ensino Fundamental,</p><p>estão documentadas no Parecer CNE/CEB</p><p>Nº: 4/2008 em um conjunto de doze</p><p>princípios que têm por objetivo esclarecer</p><p>as controvérsias ou inadequação dos</p><p>procedimentos pedagógicos recomendados</p><p>para a faixa etária dos seis aos oito anos.</p><p>fundamentos e práticas. Porto Alegre: Mediação, 2010.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>3</p><p>Desse conjunto, sintetizamos alguns que</p><p>vêm ao encontro do que apontam estudos e</p><p>pesquisas relacionados ao desenvolvimento</p><p>curricular do Ensino Fundamental. São</p><p>eles:</p><p>A) A organização do Ensino Fundamental</p><p>com nove anos de duração supõe a</p><p>reorganização da Educação Infantil,</p><p>particularmente da Pré-Escola.</p><p>B) A antiga Pré-Escola não pode se</p><p>confundir com o primeiro ano do Ensino</p><p>Fundamental, pois esse primeiro ano é agora</p><p>parte integrante de um ciclo de três anos de</p><p>duração, que poderíamos denominar de “ciclo</p><p>da infância”.</p><p>C) Os três anos iniciais são importantes para</p><p>a qualidade da Educação Básica: voltados à</p><p>alfabetização e ao letramento, é necessário que</p><p>a ação pedagógica assegure, nesse período, o</p><p>desenvolvimento das diversas expressões e o</p><p>aprendizado das áreas de conhecimento</p><p>estabelecidas nas Diretrizes Curriculares</p><p>Nacionais para o Ensino Fundamental.</p><p>D) A avaliação, tanto no primeiro ano do</p><p>Ensino Fundamental, com as crianças de 6 anos</p><p>de idade, quanto no segundo e no terceiro anos,</p><p>com as crianças de sete e oito anos de idade,</p><p>deverá ser processual, participativa, formativa,</p><p>cumulativa e diagnóstica e, portanto,</p><p>redimensionadora da ação pedagógica.</p><p>Como podemos observar, a ideia do</p><p>continuum está presente, como sempre</p><p>esteve, desde que o próprio conceito de</p><p>Educação Básica passou a ser discutido e</p><p>compreendido como um conjunto de etapas</p><p>que se articulam para alcançar a finalidade</p><p>maior estabelecida no artigo 205 da</p><p>Constituição Federal - CF/88: “[...] pleno</p><p>desenvolvimento da pessoa, seu preparo</p><p>para o exercício da cidadania e sua</p><p>qualificação para o trabalho”.</p><p>Não há como negar que, ainda hoje, as</p><p>tensões para que essas finalidades se</p><p>cumpram são maiores do que as</p><p>articulações, provavelmente porque ainda</p><p>nos encontramos imersos em motivações de</p><p>caráter mais pragmático e que visam</p><p>resolver problemas comuns em sociedades</p><p>desiguais como, por exemplo, a garantia do</p><p>acesso das crianças à Creche e à Pré-Escola</p><p>ou mesmo uma ampliação em número de</p><p>2 ARROYO, Miguel G. Currículo: território em disputa. RJ: Vozes, 2011.</p><p>3 RIBEIRO, Jorge Alberto Rosa. Momentos Históricos da Escolarização.</p><p>anos da escolarização obrigatória como um</p><p>todo, que ainda carrega um viés</p><p>motivacional focado na ampliação de</p><p>tempo das crianças na escola.</p><p>Contudo, é importante salientar que essa</p><p>ampliação dos sujeitos atendidos pelo</p><p>processo formal de escolarização não</p><p>necessariamente é acompanhada da</p><p>garantia de qualidade da educação ofertada.</p><p>Arroyo (2011)2 chama a atenção para o</p><p>quanto em certos contextos os documentos</p><p>legais deixam de enfatizar as características</p><p>dos sujeitos da educação:</p><p>A lógica das Diretrizes Curriculares</p><p>Nacionais para o Ensino Fundamental de 9</p><p>(nove) anos nem faz referência ao fato de</p><p>este nível incorporar o último tempo da</p><p>infância. As ênfases são outras: trajetórias</p><p>escolares, etapas de escolarização e</p><p>capacidades diferentes de aprender, meios</p><p>para domínios plenos, sucesso escolar,</p><p>conteúdos escolares, componentes</p><p>curriculares e suas especificidades a serem</p><p>dominadas, disciplinas científicas, base</p><p>nacional comum.</p><p>A Obrigatoriedade de Matrícula na</p><p>Pré-Escola</p><p>Resgatando a legislação brasileira,</p><p>observa-se que o ensino obrigatório vem</p><p>sendo estendido de maneira regular nas</p><p>últimas décadas, em uma trajetória de</p><p>ampliação não apenas em número de anos</p><p>de escolaridade, mas também no que se</p><p>refere à antecipação desde direito/dever,</p><p>bem como em relação aos grupos incluídos.</p><p>Ribeiro (2006)3 chama a atenção para o</p><p>fato de que na trajetória recente da</p><p>escolarização obrigatória brasileira, cada</p><p>vez mais grupos têm acessado a esse</p><p>direito,</p><p>e a ausência de</p><p>cuidados voltados para o bem-estar criança</p><p>têm seu fulcro, no entender de Áries, na</p><p>mortalidade infantil, aspecto demográfico</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>39</p><p>característico da época. Na Idade Média,</p><p>morriam muitas crianças. A alta incidência</p><p>da mortalidade infantil obliterava a relação</p><p>com a criança que se tornava pouco</p><p>importante. As famílias tinham, então,</p><p>muitos filhos, e, desse modo, assegurava-se</p><p>que apenas alguns sobrevivessem,</p><p>deslocando o foco valorativo da criança</p><p>para a prole. Na modernidade, a separação</p><p>da criança do mundo adulto se dá no bojo</p><p>da separação entre igreja e Estado. A ideia</p><p>de criança como ser indefeso, que requer</p><p>respeito e cuidado, começa a adquirir</p><p>contornos mais claros e a ganhar força no</p><p>século XVII. Os adultos começam a</p><p>valorizar a relação com criança, a</p><p>dispensar-lhe atenção, a brincar com elas e</p><p>animá-las.</p><p>Essa mudança de atitude foi</p><p>acompanhada de mudanças relativas ao</p><p>cuidado, surgindo preocupações com</p><p>higiene e saúde, com a aquisição de “bons</p><p>modos”, finalmente com um bom estado</p><p>emocional da criança. O “sentimento de</p><p>infância” é visto por Ariès (1978) como</p><p>uma produção cultural que se desenvolve</p><p>com à valorização do espaço privado,</p><p>associada à valorização da individualidade</p><p>no contexto da vida familiar. Essa cultura se</p><p>desenvolve numa mudança de</p><p>representação social da criança e da</p><p>orientação cultural em relação à sua posição</p><p>na família, fazendo dela o centro de</p><p>cuidados, de atenção. A criança ganha</p><p>importância na família, na vida social. A</p><p>duração da infância é variável e Ariès</p><p>(1978) utiliza conceitos de “infância curta”.</p><p>Tem como referente dialético a “infância</p><p>longa”, que perdura ao longo do ciclo</p><p>básico de escolarização.</p><p>Cabe inferir, considerando o contexto</p><p>aqui apresentado e discutido, que, na nossa</p><p>sociedade, a ideia de infância “curta” ou,</p><p>ainda, de infância “longa” se correlaciona</p><p>com a situação de classe. A contribuição de</p><p>Ariès (1978) foi, sem dúvida, muito</p><p>importante. Outras análises voltadas à</p><p>questão da infância foram sendo feitas,</p><p>tendo-se, como enfoque, as classes sociais.</p><p>As diferentes classes têm diferentes estilos</p><p>de lidar com a infância. Essas diferenças de</p><p>estilo têm relação com a organização</p><p>familiar e, ainda, deve-se destacar que os</p><p>contextos desta socialização variam</p><p>conforme as classes sociais. No Brasil, as</p><p>crianças escravas já executavam tarefas,</p><p>pois a socialização se orientava para o bem</p><p>servir, para a versatilidade de habilidades,</p><p>para o bem-fazer. Desenvolviam</p><p>habilidades desde muito cedo, cujo intuito</p><p>era aprender ofícios, isto é, a criança</p><p>aprendia a ser uma boa escrava.</p><p>O pequeno Gastão, por exemplo, aos</p><p>quatro anos já desempenhava tarefas</p><p>domésticas leves na fazenda de José de</p><p>Araújo Rangel Gastão, nem bem se pusera</p><p>de é e já tinha um senhor. Manoel, aos oito</p><p>anos, já pastoreava o gado da fazenda de</p><p>Guaxindiba, pertencente à baronesa de</p><p>Macaé (…). O aprendizado da criança</p><p>escrava se refletia no preço que alcançava.</p><p>Por volta dos quatro anos, o mercado ainda</p><p>pagava uma aposta contra altíssima</p><p>mortalidade infantil. Mas ao iniciar-se no</p><p>servir, lavar, passar, engomar, remendar</p><p>roupas, reparar sapatos, o preço crescia</p><p>trabalhar em madeira, pastorear e mesmo</p><p>em tarefa próprias do oito, preço crescia</p><p>(GÓES e FLOENINO, 200, p. 184).</p><p>Enfatizamos que o contexto</p><p>sociocultural escravista e que a criança</p><p>escrava, por extensão as crianças pobres,</p><p>eram vistas como “crias”, cujo valor se</p><p>circunscrevia à reprodução da força de</p><p>trabalho rentável. A família patriarcal se</p><p>organizava em torno da centralidade do pai.</p><p>As crianças, assim como a mãe, deviam-lhe</p><p>obediência, reverência, temor, pois o pai era</p><p>detentor de poder quase absoluto sobre a</p><p>mulher, a prole, os escravos, os</p><p>trabalhadores livres a ele legalmente</p><p>subordinados. A transição do trabalho</p><p>escravo para o trabalho livre não foi</p><p>acompanhada por mudanças significativas</p><p>do contexto sociocultural de socialização,</p><p>que prosseguiu cultivando a desigualdade</p><p>como sua marca característica. A sociedade</p><p>republicana, caracterizada pela rigidez dos</p><p>limites de classe, pela enorme distância</p><p>entre as camadas pobres e a minoria rica,</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>40</p><p>conservava as tradições forjadas na Colônia</p><p>e no Império, mantendo a visão do mundo</p><p>social repartido pela desigualdade.</p><p>A representação social da pobreza como</p><p>produção do próprio indivíduo, isto é, como</p><p>incapacidade pessoal de conquista, com</p><p>falta de vontade de trabalhar para ser bem-</p><p>sucedido, transfere, para o pobre, a</p><p>responsabilidade de sua pobreza,</p><p>resguardando a sociedade e a classe</p><p>dominante de quaisquer responsabilidades.</p><p>Essa representação é uma poderosa fonte de</p><p>significados de caráter desqualificativo,</p><p>fundamentando a restrição dos direitos</p><p>sociais da pessoa pobre. O afastamento da</p><p>sociedade e do Estado em relação à infância</p><p>pobre, associado à impotência da família</p><p>em garantir proteção às suas crianças e em</p><p>assumir plenamente seu lugar central como</p><p>agente de socialização, abriu espaço à</p><p>emergência de formas alternativas de</p><p>socialização, entre as quais a da rua. Muitos</p><p>são os desvios da socialização, mas, para os</p><p>propósitos de iniciação nessa problemática,</p><p>trataremos de três: trabalho infantil,</p><p>abandono e vitimarão de violências.</p><p>Tânia Dauster (1992), com base nos</p><p>dados da pesquisa, analisa a configuração</p><p>simbólica do trabalho infantil como opção</p><p>própria, articulando-a com valores morais</p><p>familiares. Além de ganhar o próprio</p><p>dinheiro para participar do orçamento</p><p>familiar e para comprar algum bem de uso</p><p>pessoal, com o trabalho, a criança busca,</p><p>também, e, principalmente, conquistar,</p><p>segundo Dauster, a autonomia de se</p><p>inscrever na “gramática do gosto”, ou, dito</p><p>de outro modo, de andar na onda, na moda,</p><p>usando o tênis, a roupa, os acessórios que a</p><p>cultura do consumo transforma em objetos</p><p>em desejos. Pelo enfoque que estamos</p><p>dando ao que chamamos desvios da</p><p>socialização, o abandono constitui um</p><p>imenso fosso de privação da infância. Uma</p><p>sociedade com uma desigualdade social tão</p><p>profunda como a nossa, com uma distância</p><p>tão imensa entre ricos e pobres, nas</p><p>camadas populares os adultos se mobilizam</p><p>integralmente em torno do esforço de</p><p>obtenção dos meios de vida, deixando suas</p><p>crianças entregues ao desamparo.</p><p>Desvios da Socialização e Ações</p><p>Vitimadoras da Criança</p><p>Uma das consequências sociais da</p><p>pobreza é a vitimação das crianças pelo</p><p>abandono, principalmente no meio urbano.</p><p>Pais e mães saem muito cedo para o</p><p>trabalho e deixam seus filhos sob a guarda</p><p>uns dos outros ou de outras crianças. Essa</p><p>não é a única prática. Outras saídas são</p><p>buscadas por estratégias como a</p><p>solidariedade espontânea da vizinhança ou</p><p>a cooperação induzida. Quando uma</p><p>mulher, por qualquer motivo (incluindo</p><p>desemprego), permanece em casa, as mães</p><p>que trabalham buscam nela o apoio</p><p>necessário, pedindo sua colaboração para</p><p>“tomar conta” das crianças.</p><p>No mundo ocidental, a violência e o</p><p>abandono de crianças por adultos é fato</p><p>milenar. Na tradição judaica, a criança</p><p>sofria abandono tanto pelos pais como pelo</p><p>Estado. O ato dos pais de desampararem</p><p>seus filhos era perfeitamente aceito, já que</p><p>estes tinham poder de vendê-los, caso</p><p>necessitassem ou simplesmente não</p><p>quisessem dividir os bens. Muitas crianças</p><p>eram raptadas, arrancadas de seus pais, a</p><p>fim de servirem de mão-de-obra barata ou</p><p>escrava; outras eram vítimas de diversos</p><p>tipos de agressões, das mais variadas</p><p>possíveis, desde abusos sexuais até maus</p><p>tratos físicos, como quebrar membros ou</p><p>furar olhos, para obter compaixão dos</p><p>transeuntes (ARAÚJO et al, 2004, p. 149).</p><p>O abandono familiar, entretanto, é</p><p>corolário de um abandono maior e mais</p><p>amplo: o abandono do Estado e da</p><p>sociedade. Estado e sociedade não têm</p><p>a</p><p>criança como preocupação central, como</p><p>prioridade. Políticas públicas de proteção à</p><p>infância são ainda inconsistentes e tímidas.</p><p>A sociedade política não tem, para a</p><p>infância, projetos consistentes fora do</p><p>domínio da retórica. Crianças não formam</p><p>opinião, não votam, não são força política</p><p>de peso no jogo do poder. Elas só seriam se</p><p>a sociedade em que nascem as acolhessem</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>41</p><p>bem, que fossem valor. No entanto, estamos</p><p>longe de garantir às nossas crianças a</p><p>necessária assistência: social. O Estatuto da</p><p>criança e do adolescente, Lei Nº 8,069, de</p><p>13.07.1990, é marco importante no campo</p><p>dos direitos da criança, mas há muito para</p><p>caminhar, pois as leis/por si só não</p><p>transformam a sociedade e a cultura,</p><p>embora criem bases para mudanças.</p><p>Meios de Comunicação, Novos</p><p>Agentes de Socialização</p><p>As tecnologias da comunicação nos</p><p>tempos atuais, como outrora foi a fala no</p><p>alvorecer da humanidade e a escrita no raiar</p><p>das civilizações, invadiram a vida social,</p><p>infiltrando-se nos espaços. É a partir delas</p><p>e com elas que a comunicação e a</p><p>informação alcançaram alto nível de</p><p>capilaridade, inundando o espaço e a vida</p><p>privada, instalando-se no cotidiano</p><p>doméstico como uma presença constante e</p><p>indeclinável. As telecomunicações e a</p><p>informática se enredam cada vez mais nesse</p><p>cotidiano doméstico, elaborando novas</p><p>maneiras de convívio familiar, trazendo</p><p>para nossas casas novos atores, novos</p><p>agentes de socialização.</p><p>É fácil constatar que, enquanto os</p><p>shoppings estão repletos de adolescentes,</p><p>os grêmios e diretórios acadêmicos estão</p><p>quase vazios. O que mais se podia esperar</p><p>de uma geração que teve como agente de</p><p>socialização a televisão, tem como amigo</p><p>do peito o computador, como meta o</p><p>vestibular e como opção de lazer os espaços</p><p>fechados e seguros dos centros comerciais?</p><p>(NASCIMENTO, 2005, p. 24).</p><p>A televisão e o computador trazem às</p><p>nossas casas atores com os quais não temos</p><p>intimidade, mas que têm poder de interferir</p><p>em nossas rotinas e em nossas relações,</p><p>transformar nossa forma e nosso modo de</p><p>viver, desestabilizar nosso universo</p><p>familiar, afetar profundamente as pautas de</p><p>nossa educação familiar. As cenas das</p><p>mídias invadem a cena doméstica e os</p><p>nossos processos de representação. Por</p><p>consequência, infiltram-se em nossos</p><p>processos de construção de pessoa, de</p><p>construção de identidade, colocando-nos</p><p>cada vez mais expostos aos</p><p>contingenciamentos de subjetividades</p><p>mutantes. A crítica às dimensões de</p><p>opressão que as tecnologias da informação</p><p>comportam, conquanto necessárias e</p><p>pertinentes, refratadas no percurso de sua</p><p>vulgarização, tendem a criar uma</p><p>concepção maniqueísta de que seriam uma</p><p>encarnação contemporânea do mal.</p><p>As tecnologias da informação que</p><p>criaram as condições da sociedade em rede</p><p>passaram a encarnar o mal e as formas de</p><p>interatividade que trariam a semente desse</p><p>mal. Não é bem assim. Elas vêm se</p><p>tornando invasivas, mas não se impõem ao</p><p>social de modo tão absoluto, que não restem</p><p>espaços de negociação. O grupo familiar</p><p>está diante de novos atores com os quais</p><p>partilha as ações de socialização e com os</p><p>quais estão constituindo nova expressão de</p><p>cultura doméstica. Assim como partilhamos</p><p>a vida doméstica com parentes, empregados</p><p>domésticos, amigos, vizinhos, revistas,</p><p>cinema, rádio e soubemos culturalmente</p><p>resguardar, como pais, a precedência de</p><p>nossas orientações, também seremos</p><p>capazes de relativizar as ações de</p><p>socialização de atores televisivos e virtuais</p><p>que ingressam em nossa casa. Mais uma</p><p>vez, o cuidar é o caminho e o abandono, o</p><p>descaminho.</p><p>A televisão se impõe cada vez mais ao</p><p>ambiente doméstico, abrindo novas formas</p><p>de experiência e se envolvendo no jogo de</p><p>construção da realidade. Ela é parte do</p><p>mundo e da vida da criança, participando</p><p>continuamente da produção de sentidos,</p><p>atando novos nós à teia de significados em</p><p>que estamos envolvidos. É relevante</p><p>destacar que há pouquíssimas opções de</p><p>programas dedicados ao público infantil.</p><p>Entre eles, muitos são enlatados,</p><p>produzidos em outros países, com pautas</p><p>culturais diferentes da nossa cultura. Por</p><p>falta de opções e pelo controle da televisão</p><p>submetido ao domínio do interesse dos</p><p>adultos, ao início da noite e no chamado</p><p>horário nobre no período noturno, as</p><p>crianças acabam espectadoras de</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>42</p><p>programas voltados para o público adulto.</p><p>Esse horário, até mesmo pela tendência</p><p>de maior audiência do público</p><p>economicamente ativo, constituído pela</p><p>massa de consumidores a quem os</p><p>patrocinadores querem atingir com sua</p><p>publicidade, e a propaganda de seus</p><p>produtos, é geralmente reservado a</p><p>noticiários e a folhetins. Os telejornais cada</p><p>vez mais apresentam a notícia como</p><p>espetáculo e adotam um formato que</p><p>reserva certo destaque a catástrofes,</p><p>desastres e, principalmente, à violência. As</p><p>telenovelas trazem às telinhas, sob outra</p><p>roupagem, a mesma receita básica dos</p><p>super-heróis, explorando, nesse processo,</p><p>um “pseudodebate” entre o bem e o mal,</p><p>como uma constante universalista e não</p><p>como uma visão de mundo, uma concepção</p><p>da vida humana daqueles que os produzem.</p><p>O grande problema que a sociedade</p><p>brasileira enfrenta em relação aos agentes</p><p>virtuais de socialização é que as famílias,</p><p>em larga medida pouco escolarizadas, não</p><p>estão preparadas para a interação</p><p>(harmoniosa ou conflitiva) com eles no</p><p>processo de socialização, a partir de um</p><p>repertório ampliado de formas simbólicas,</p><p>com um leque diversificado de valores. A</p><p>“internet”, tanto quanto a televisão, têm</p><p>conquistado espaço no universo familiar,</p><p>estabelecendo novos fluxos de</p><p>comunicação, novos focos de relação. As</p><p>crianças, nos seus primeiros anos de vida,</p><p>interagem com os computadores. Embora a</p><p>televisão já tenha se disseminado de forma</p><p>bem mais radical nos lares brasileiros, os</p><p>computadores estão chegando e com ele as</p><p>tecnologias de bandas largas tendem a fazê-</p><p>lo com força e velocidade maiores.</p><p>Os celulares, nesse cenário, despontam</p><p>como suporte eficaz e efetivo de</p><p>convergência das mídias. A rede, como</p><p>outros espaços quaisquer, oferece boas</p><p>oportunidades, muitas alternativas</p><p>atraentes, mas também oferece riscos,</p><p>esconde perigos. Não é possível apagar a</p><p>conexão da família com a rede e essa nem</p><p>seria a orientação desejável. Mecanismos</p><p>de controle começam a ser desenvolvidos,</p><p>mas, de modo geral, há reboque dos desvios</p><p>eletrônicos da socialização. As novas</p><p>tecnologias de comunicação não</p><p>distinguem espaços privados e públicos,</p><p>elas se expandem sem considerar qualquer</p><p>outro limite que a restrição ao acesso pela</p><p>renda.</p><p>Mais uma vez o conhecimento e a</p><p>informação é que podem instrumentalizar</p><p>os pais na interação com os outros agentes</p><p>de socialização para que ensinem os seus</p><p>filhos, desde muito cedo, a desenvolver</p><p>uma postura de diálogo e de negociação,</p><p>respeitando, nesse processo, as suas</p><p>escolhas.</p><p>Usos e Abusos dos Meios de</p><p>Comunicação</p><p>As ações socializadoras dos meios de</p><p>comunicação estão profundamente</p><p>vinculadas à cultura do consumo. É na</p><p>cultura do consumo que encontramos os</p><p>novos estímulos aos usos e abusos da</p><p>criança, convertendo-a em mediação de</p><p>violência contra si mesma. A imagem da</p><p>criança é idealmente associada à inocência,</p><p>à pureza e à sentimentos de ternura,</p><p>carinho. Por isso mesmo, tende a comover,</p><p>a estimular afeto. Esse campo semântico</p><p>que a imagem da criança circunscreve</p><p>impregna idealmente não só a criança, mas</p><p>a relação idealizada com ela. São muitas as</p><p>formas de uso e de abuso da criança em</p><p>razão da cultura do consumo, que acarreta</p><p>consequências na construção da criança</p><p>enquanto pessoa, nas suas práticas e</p><p>escolhas. Trata-se do uso exagerado da</p><p>imagem da criança na publicidade; do</p><p>abuso da criança em sites pornográficos; do</p><p>uso excessivo da criança</p><p>como pressão de</p><p>consumo.</p><p>As crianças pequenas são atraídas por</p><p>informações visíveis e concretas, pouco</p><p>familiares, dramáticas e até mesmo</p><p>amedrontadoras. Isso ajuda a explicar por</p><p>que elas são tão facilmente seduzidas por</p><p>ações violentas e pela aparência física sexy</p><p>(seios grandes, pouca roupa), bem como</p><p>pelo comportamento sexy (flertar, posar,</p><p>abraçar muito). Também ajuda a explicar</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>43</p><p>por que os marqueteiros usam imagens</p><p>dramáticas, incluindo as sensuais e</p><p>violentas, para capturar a atenção das</p><p>crianças e vender-lhes coisas (LEVIN;</p><p>KILBOURNE, 2009, p. 63).</p><p>Parece-nos conveniente fazer uma</p><p>distinção preliminar entre publicidade e</p><p>propaganda para construir uma via de</p><p>entendimento comum aos efeitos de sentido</p><p>que um ou outro termo agregam ao contexto</p><p>em que estão sendo usados. Filmes de</p><p>propaganda exibem casais de crianças</p><p>“apaixonados”. Folhetins já começam a</p><p>incorporar, em suas tramas, narrativas de</p><p>experiências sentimentais carregadas de</p><p>erotismo entre crianças. O corpo erótico, no</p><p>discurso do desejo, dá expressão ao eu</p><p>desejado e ao eu desejar-te. Reduzir o</p><p>erotismo ao apelo do prazer sexual é retirar-</p><p>lhe parte importante de sua significação</p><p>primordial.</p><p>Resultados e Discussões</p><p>A criança começa a ser socializada na</p><p>cultura da família desde seu nascimento e</p><p>deve aprender a lidar com as sensações de</p><p>frio, calor, fome, sede, alegria e tristeza,</p><p>com a finalidade de conhecer seu corpo</p><p>para poder se relacionar e conviver com</p><p>outras pessoas, devendo, também, aprender</p><p>a língua materna e, também, o valor do</p><p>símbolo verbal, estabelecendo padrões</p><p>básicos de comportamento, enfim,</p><p>dominando os códigos sociais. Para</p><p>inserção da criança na ordem da cultura de</p><p>aquisição da fala não basta somente a</p><p>maturação biológica, ela deve domesticar o</p><p>ouvido, aprender usar as cordas vocais. A</p><p>intervenção direta do adulto é necessária e</p><p>determinante ao desenvolvimento da</p><p>linguagem oral. Este aprendizado não</p><p>conduz, apenas, a criança a saber codificar</p><p>e decodificar, mas utilizar os signos por</p><p>meio de conjuntos de sinais (CRUVINEL,</p><p>2010). A criança aprenderá que existem</p><p>coisas ao seu redor, objetos brinquedos.</p><p>À medida que cresce, aprende o que</p><p>pode ou não fazer e as normas e costumes</p><p>daquela sociedade a que pertence. Schutz</p><p>(1979) aponta que é por meio do processo</p><p>de aprendizagem, de socialização, que os</p><p>indivíduos se tornam herdeiros de uma</p><p>tradição cultural e a transmitem, concebem</p><p>o mundo social, o meio ambiente físico e a</p><p>interação entre o mundo dos</p><p>contemporâneos, o mundo dos antecessores</p><p>e o mundo dos parceiros da experiência</p><p>constitutiva do mundo vivido. O problema</p><p>aqui é a comunicação mercadológica</p><p>voltada ao público infantil, utilizada de</p><p>forma abusiva, pois considera-se as</p><p>crianças como consumidores, isto é, estas</p><p>empresas não possuem o compromisso</p><p>social e estas ações refletem diretamente</p><p>nas crianças, acelerando o seu</p><p>desenvolvimento prematuro. A criança tem</p><p>participação ativa no próprio processo de</p><p>socialização, mas ela depende</p><p>fundamentalmente dos agentes</p><p>socializadores e das condições de</p><p>socialização.</p><p>O sentimento de infância visto por Ariès</p><p>(1978), voltado à produção cultural,</p><p>desenvolve-se na valorização do espaço</p><p>privado, valorizando a individualidade no</p><p>contexto familiar, e, assim, altera a</p><p>representação social da criança e a</p><p>orientação cultura em relação a sua posição</p><p>na família, variando conforme as classes</p><p>sociais. Uma das consequências sociais da</p><p>pobreza é a vitimização das crianças pelo</p><p>abandono, principalmente no meio urbano.</p><p>Pais e mães saem muito cedo para o</p><p>trabalho e deixam seus filhos sob a guarda</p><p>uns dos outros ou de outras crianças. O</p><p>afastamento da sociedade e do Estado em</p><p>relação à infância pobre, associado à</p><p>impotência da família em garantir proteção</p><p>às suas crianças e em assumir plenamente</p><p>seu lugar central como agente de</p><p>socialização, abre espaço à emergência de</p><p>formas alternativas de socialização, entre as</p><p>quais a da rua.</p><p>Muitos são os desvios da socialização,</p><p>mas, para os propósitos de iniciação nessa</p><p>problemática, tratamos de três: trabalho</p><p>infantil, abandono e vitimização de</p><p>violências. Pelo enfoque que estamos</p><p>dando ao que chamamos desvios da</p><p>socialização, o abandono constitui um</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>44</p><p>imenso fosso de privação da infância, e,</p><p>portanto, a sua menção no escopo deste</p><p>estudo é imprescindível. Uma sociedade</p><p>com uma desigualdade social tão profunda</p><p>como a nossa, com uma distância tão</p><p>imensa entre ricos e pobres, nas camadas</p><p>populares os adultos se mobilizam</p><p>integralmente para o de obtenção dos meios</p><p>de vida, deixando suas crianças entregues</p><p>ao desamparo. É importante ressaltar que</p><p>não é mais o encurtamento da infância que</p><p>se está operando, mas a dissolução da</p><p>fronteira entre ser criança e ser adulto</p><p>diferenciando-os como consumidor.</p><p>Mais uma vez, o cuidar e orientar é o</p><p>caminho, contudo, os meios de</p><p>comunicação se impõem cada vez mais ao</p><p>ambiente doméstico, havendo poucos</p><p>programas dedicados a faixa etária, e,</p><p>assim, deixam de fomentar novas formas de</p><p>interação adequadas à este público. O</p><p>grande problema que a sociedade brasileira</p><p>enfrenta em relação aos agentes virtuais de</p><p>socialização é que as famílias, em larga</p><p>medida, são pouco escolarizadas, não estão</p><p>preparadas para a interação (harmoniosa ou</p><p>conflitiva) com eles no processo de</p><p>socialização a partir de um repertório</p><p>ampliado de formas simbólicas e de um</p><p>leque diversificado de valores. Essa ação</p><p>socializadora da publicidade e propaganda</p><p>é lesiva à criança, pois a envolve numa</p><p>assunção do poder exercido com</p><p>prepotência, como dominação na dimensão</p><p>do consumo e tendendo ao deslizamento</p><p>para outras dimensões da vida comum.</p><p>Mais e mais crianças “adultas” estão se</p><p>replicando. A resolução 163 do Conselho</p><p>Nacional do Direito das Crianças e</p><p>Adolescentes (Conanda) publicada no dia 4</p><p>de abril de 2014, relata o que é a</p><p>abusividade, concepção prevista no Art. 37,</p><p>§ 2º, do Código de Defesa do Consumidor,</p><p>que proíbe a publicidade para as crianças</p><p>com a finalidade de compra, produto ou</p><p>serviço. Mais uma vez, o conhecimento e a</p><p>informação que podem instrumentalizar os</p><p>pais na interação com os outros agentes de</p><p>socialização, para ensinar seus filhos, desde</p><p>muito cedo, a desenvolver uma postura de</p><p>diálogo e de negociação. São elementos</p><p>essenciais ao uso consciente do recurso</p><p>midiático, pois o interesse pelas</p><p>descobertas, ao mesmo tempo, favorece o</p><p>aprendizado de certas sentimentos e</p><p>emoções, reforçando algumas expressões,</p><p>enquanto outras são reprimidas.</p><p>Considerações Finais</p><p>A família é o espaço para a promoção do</p><p>desenvolvimento social, porém, o</p><p>indivíduo, a partir das instituições sociais,</p><p>dos processos de socialização e dos</p><p>determinantes históricos, sociais e</p><p>simbólicos, sofre transformações. A</p><p>infância é um produto mercadológico, e,</p><p>assim, sofre toda a forma de exploração</p><p>possível. Os responsáveis pela criança</p><p>devem estar atentos e preparados para</p><p>inserção de novas mídias no dia-a-dia da</p><p>criança, mas, para que isso aconteça, é</p><p>indiscutível a necessidade de acompanhar a</p><p>evolução tecnológica, pois as crianças já</p><p>nascem imersas na tecnologia e possuem</p><p>um fácil entendimento sobre elas. O</p><p>diálogo, o acompanhamento e,</p><p>principalmente, o bom relacionamento com</p><p>os filhos, ajudam no aprendizado dos</p><p>conceitos do uso digital.</p><p>A partir das discussões aqui elencadas e</p><p>discutidas, é possível concluir que as mídias</p><p>devem ser utilizadas com limites, e, desse</p><p>modo, não devem ser usadas como</p><p>pacificadoras emocionais, e, assim, é</p><p>crucial que os canais de “TV” da “internet”,</p><p>jogos, dentre outras ferramentas, sejam</p><p>configurados pelos responsáveis pela</p><p>criança, isto é, devem ser adequados à sua</p><p>faixa etária,</p><p>e, desse modo, certos cuidados</p><p>são essenciais, pois os marqueteiros, a</p><p>mídia e o consumismo procuram explorar</p><p>este público e as consequências são</p><p>desastrosas para a criança, que avança</p><p>inadequadamente as etapas de seu</p><p>desenvolvimento cognitivo, sendo a</p><p>principal consequência a perda da sua</p><p>infância, acarretando-se problemas como a</p><p>frustração, problemas de saúde e de</p><p>ansiedade neste público.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>45</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de Palma Sola/SC –</p><p>Professor de Educação Infantil –</p><p>AMEOSC - 2021) Com relação aos</p><p>direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento pertencentes à etapa da</p><p>Educação Infantil, considere:</p><p>I. Conviver com outras crianças e</p><p>adultos, em pequenos e grandes grupos,</p><p>utilizando diferentes linguagens, ampliando</p><p>o conhecimento de si e do outro, o respeito</p><p>em relação à cultura e às diferenças entre as</p><p>pessoas;</p><p>II. Explorar movimentos, gestos, sons,</p><p>formas, texturas, cores, palavras, emoções,</p><p>transformações, relacionamentos, histórias,</p><p>objetos, elementos da natureza, na escola e</p><p>fora dela, ampliando seus saberes sobre a</p><p>cultura, em suas diversas modalidades: as</p><p>artes, a escrita, a ciência e a tecnologia;</p><p>III. Expressar, como sujeito dialógico,</p><p>criativo e sensível, suas necessidades,</p><p>emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses,</p><p>descobertas, opiniões, questionamentos,</p><p>por meio de diferentes linguagens.</p><p>Estão corretos:</p><p>A - Todos os itens estão corretos</p><p>B - Apenas os itens I e II estão corretos.</p><p>C - Apenas o item III está correto.</p><p>D - Apenas o item I está correto.</p><p>02. (Prefeitura de Itapiranga/SC –</p><p>Professor de Matemática – AMEOSC -</p><p>2022) A escola é considerada o segundo</p><p>principal ambiente de socialização do</p><p>indivíduo, estando atrás apenas da família.</p><p>Essa afirmação fundamenta a defesa de que</p><p>ela precisa assumir e desenvolver um papel</p><p>social no processo de aprendizagem do</p><p>estudante.</p><p>Como podemos explicar esse papel?</p><p>A - A formação acadêmica deixa de ser</p><p>importante, dando lugar ao</p><p>desenvolvimento de habilidades e</p><p>competência que ensinem o indivíduo a</p><p>entender o meio no qual vive e defender</p><p>seus direitos a qualquer custo.</p><p>B - A escola deve buscar o</p><p>desenvolvimento pleno do indivíduo, dando</p><p>especial atenção às habilidades e</p><p>competências que possibilitem a formação</p><p>de um cidadão capaz de construir uma</p><p>sociedade cada dia melhor.</p><p>C - É na escola que o indivíduo aprende</p><p>a ser subserviente e, assim, a atender às</p><p>demandas da vida em sociedade, no que diz</p><p>respeito à sua participação na vida política</p><p>e econômica do país.</p><p>D - Todos os ensinamentos devem seguir</p><p>os métodos tradicionais desenvolvidos no</p><p>início da criação das instituições de ensino,</p><p>como forma de manter vivos os princípios e</p><p>valores determinados pela sociedade de</p><p>então.</p><p>Alternativas</p><p>01 – A | 02 – B</p><p>Desenvolvimento Infantil</p><p>Teoria de Jean Piaget (1896-1980)</p><p>Apresentar a teoria de Piaget num texto</p><p>introdutório é tarefa especialmente difícil.</p><p>A complexidade desta abordagem teórica,</p><p>diretamente relacionada à riqueza da</p><p>produção piagetiana e à natureza do temário</p><p>abordado pelas pesquisas e reflexões desse</p><p>autor, apontam a necessidade de explicar ao</p><p>leitor alguns aspectos mais gerais de suas</p><p>ideias, remetendo-o posteriormente aos</p><p>textos originais. Ao lado de Freud, o</p><p>trabalho de Piaget representa hoje o que de</p><p>mais importante se produziu no século XX</p><p>no campo da Psicologia do</p><p>desenvolvimento infantil, embora, a rigor,</p><p>Piaget não possa ser qualificado como</p><p>psicólogo do desenvolvimento.</p><p>Um primeiro aspecto geral que merece</p><p>ser explicitado refere-se à concepção de</p><p>conhecimento proposta por Piaget. Um dos</p><p>pontos fundamentais desta concepção diz</p><p>respeito ao sentido atribuído por Piaget à</p><p>palavra “conhecer”: organizar, estruturar e</p><p>explicar o mundo em que vivemos -</p><p>Aspectos do desenvolvimento da criança</p><p>(físico, social, cognitivo e afetivo)</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>46</p><p>incluindo o meio físico, as ideias, os</p><p>valores, as relações humanas, a cultura de</p><p>um modo mais amplo - a partir do</p><p>vivenciado. Se, para Piaget, o</p><p>conhecimento se produz a partir da ação do</p><p>sujeito sobre o meio em que vive, só se</p><p>constitui com a estruturação da experiência</p><p>que lhe permite atribuir significação. A</p><p>significação é o resultado da possibilidade</p><p>de assimilação. Conhecer significa, pois,</p><p>inserir o objeto num sistema de relações, a</p><p>partir de ações executadas sobre esse</p><p>objeto.</p><p>Para Piaget o conhecimento é fruto das</p><p>trocas entre o organismo e o meio. Essas</p><p>trocas são responsáveis pela construção da</p><p>própria capacidade de conhecer. Produzem</p><p>estruturas mentais que, sendo orgânicas não</p><p>estão, entretanto, programadas no genoma,</p><p>mas aparecem como resultado das</p><p>solicitações do meio ao organismo.</p><p>A alteração organismo-meio ocorre</p><p>através do que Piaget chama processo de</p><p>adaptação, com seus dois aspectos</p><p>complementares: a assimilação e a</p><p>acomodação. O conceito de adaptação</p><p>surge, inicialmente, na obra de Piaget com</p><p>o sentido que lhe é dado na Biologia</p><p>clássica, lembrando um fluxo irreversível,</p><p>vai se explicitando em momentos</p><p>posteriores de sua obra, quando adquire o</p><p>sentido de equilíbrio progressivo,</p><p>finalmente, adquire o sentido de um</p><p>processo dialético através do qual o</p><p>indivíduo desenvolve as suas funções</p><p>mentais, ao qual denomina “abstração</p><p>reflexiva”. Esta adaptação do ser humano</p><p>ao meio ambiente se realiza através da ação,</p><p>elemento central da teoria piagetiana,</p><p>indicando o centro do processo que</p><p>transforma a relação com o objeto em</p><p>conhecimento.</p><p>Ao tentar se adaptar ao meio ambiente o</p><p>indivíduo utiliza dois processos</p><p>fundamentais que compõem o sistema</p><p>cognitivo a nível de seu funcionamento: a</p><p>assimilação ou a incorporação de um</p><p>elemento exterior (objeto, acontecimento</p><p>etc.), num esquema sensório-motor do</p><p>sujeito e a acomodação, quer dizer, a</p><p>necessidade em que a assimilação se</p><p>encontra de considerar as particularidades</p><p>próprias dos elementos a assimilar. No</p><p>sistema cognitivo do sujeito esses processos</p><p>estão normalmente em equilíbrio. A</p><p>perturbação desse equilíbrio gera um</p><p>conflito ou uma lacuna diante do objeto ou</p><p>evento, o que dispara mecanismos de</p><p>equilibração. A partir de tais perturbações</p><p>produzem-se construções compensatórias</p><p>que buscam novo equilíbrio, melhor do que</p><p>o anterior. Nas sucessivas desequilibrações</p><p>e reequilibrações o conhecimento exógeno</p><p>é complementado pelas construções</p><p>endógenas, que são incorporadas ao sistema</p><p>cognitivo do sujeito. Nesse processo, que</p><p>Piaget denomina processo de equilibração,</p><p>se constroem as estruturas cognitivas que o</p><p>sujeito emprega na compreensão dos</p><p>objetos, fatos e acontecimentos, levando ao</p><p>progresso na construção do conhecimento.</p><p>Os estágios no desenvolvimento</p><p>cognitivo</p><p>A capacidade de organizar e estruturar a</p><p>experiência vivida vem da própria atividade</p><p>das estruturas mentais que funcionam</p><p>seriando, ordenando, classificando,</p><p>estabelecendo relações. Há um</p><p>isomorfismo entre a forma pela qual a</p><p>criança organiza a sua experiência e a</p><p>lógica de classes e relações. Os diferentes</p><p>níveis de expressão dessa lógica são o</p><p>resultado do funcionamento das estruturas</p><p>mentais em diferentes momentos de sua</p><p>construção. Tal funcionamento, explicitado</p><p>na atividade das estruturas dinâmicas,</p><p>produz, no nível estrutural, o que Piaget</p><p>denomina os estágios de desenvolvimento</p><p>cognitivo. Os estágios expressam as etapas</p><p>pelas quais se dá a construção do mundo</p><p>pela criança.</p><p>Para que se possa falar em estádio nos</p><p>termos propostos por Piaget, é necessário,</p><p>em primeiro lugar, que a ordem das</p><p>aquisições seja constante. Trata-se de uma</p><p>ordem sucessiva e não apenas cronológica,</p><p>que depende da experiência do sujeito e não</p><p>apenas de sua maturação ou do meio social.</p><p>Além desse critério, Piaget propõe outras</p><p>Leila</p><p>Destacar</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>47</p><p>exigências básicas para caracterizar</p><p>estágios no desenvolvimento cognitivo:</p><p>1º) todo estágio tem de ser integrador, ou</p><p>seja, as estruturas elaboradas em determinada</p><p>etapa devem tornar-se parte integrante das</p><p>estruturas das etapas seguintes;</p><p>2º) um estágio corresponde a uma estrutura</p><p>de conjunto que se caracteriza por suas leis de</p><p>totalidade e não pela justaposição de</p><p>propriedades estranhas umas às outras;</p><p>3º) um estágio compreende, ao mesmo</p><p>tempo, um nível de preparação e um nível de</p><p>acabamento;</p><p>4º) é preciso distinguir, em uma sequência de</p><p>estágios, o processo de formação ou gênese e as</p><p>formas de equilíbrio final.</p><p>Com estes critérios Piaget distinguiu</p><p>quatro grandes períodos no</p><p>desenvolvimento das estruturas cognitivas,</p><p>intimamente relacionados ao</p><p>desenvolvimento da afetividade e da</p><p>socialização da criança: estágio da</p><p>inteligência sensório-motora (até,</p><p>aproximadamente, os 2 anos); estágio da</p><p>inteligência simbólica ou pré-operatória (2</p><p>a 7-8 anos); estágio da inteligência</p><p>operatória concreta (7-8 a 11-12 anos); e</p><p>estágio da inteligência formal (a partir,</p><p>aproximadamente, dos 12 anos).</p><p>O desenvolvimento por estágios</p><p>sucessivos realiza em cada um deles um</p><p>“patamar de equilíbrio” constituindo-se em</p><p>“degraus” em direção ao equilíbrio final:</p><p>assim que o equilíbrio é atingido num ponto</p><p>a estrutura é integrada em novo equilíbrio</p><p>em formação. Os diversos estágios ou</p><p>etapas surgem, portanto, como</p><p>consequência das sucessivas equilibrações</p><p>de um processo que se desenvolve no</p><p>decorrer do desenvolvimento. Seguem o</p><p>itinerário equivalente a um “creodo”</p><p>(sequência necessária de desenvolvimento)</p><p>e supõem uma duração adequada para a</p><p>construção das competências cognitivas</p><p>que os caracterizam, sendo que cada estádio</p><p>resulta necessariamente do anterior e</p><p>prepara a integração do seguinte.</p><p>O “creodo” é, então, o caminho a ser</p><p>percorrido na construção da inteligência</p><p>humana, que vai do período sensório-motor</p><p>(0-2 anos) aos períodos simbólico ou pré-</p><p>operatório (2-7 anos), lógico-concreto (7-</p><p>12 anos) e formal (12 anos em diante). É</p><p>preciso esclarecer que os estádios indicam</p><p>as possibilidades do ser humano (sujeito</p><p>epistêmico), não dizendo respeito aos</p><p>indivíduos (sujeitos psicológicos) em si</p><p>mesmos. A concretização ou realização</p><p>dessas possibilidades dependerá do meio no</p><p>qual a criança se desenvolve, uma vez que</p><p>a capacidade de conhecer é resultado das</p><p>trocas do organismo com o meio. Da</p><p>mesma forma, essa capacidade de conhecer</p><p>depende, também, da organização afetiva,</p><p>uma vez que a afetividade e a cognição</p><p>estão sempre presentes em toda a adaptação</p><p>humana.</p><p>O estágio da inteligência sensório-</p><p>motor (0 a 2 anos)</p><p>O período sensório-motor é de</p><p>fundamental importância para o</p><p>desenvolvimento cognitivo. Suas</p><p>realizações formam a base de todos os</p><p>processos cognitivos do indivíduo. Os</p><p>esquemas sensório-motores são as</p><p>primeiras formas de pensamento e</p><p>expressão, são padrões de comportamento</p><p>que podem ser aplicados a diferentes</p><p>objetos em diferentes contextos. A</p><p>evolução cognitiva da criança nesse período</p><p>pode ser descrita em seis sub estágios nos</p><p>quais estabelecem-se as bases para a</p><p>construção das principais categorias do</p><p>conhecimento que possibilitam ao ser</p><p>humano organizar a sua experiência na</p><p>construção do mundo: objeto, espaço,</p><p>causalidade e tempo.</p><p>O estágio pré-operatório ou simbólico</p><p>(2 a 6-7 anos)</p><p>O período pré-operatório realiza a</p><p>transição entre a inteligência propriamente</p><p>sensório-motora e a inteligência</p><p>representativa. Essa passagem não ocorre</p><p>através de mutação brusca, mas de</p><p>transformações lentas e sucessivas. Ao</p><p>atingir o pensamento representativo a</p><p>criança precisa reconstruir o objeto, o</p><p>tempo, o espaço, as categorias lógicas de</p><p>classes e relações nesse novo plano da</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>48</p><p>representação. Tal reconstrução estende-se</p><p>dos dois aos doze anos, abrangendo os</p><p>estádios pré-operatório e operatório</p><p>concreto.</p><p>A primeira etapa dessa reconstrução, que</p><p>Piaget denomina período pré-operatório, é</p><p>dominada pela representação simbólica. A</p><p>criança não pensa, no sentido estrito desse</p><p>termo, mas ela vê mentalmente o que evoca.</p><p>O mundo para ela não se organiza em</p><p>categorias lógicas gerais, mas distribui-se</p><p>em elementos particulares, individuais, em</p><p>relação com sua experiência pessoal. O</p><p>egocentrismo intelectual é a principal forma</p><p>assumida pelo pensamento da criança neste</p><p>estádio. Seu raciocínio procede por</p><p>analogias, por transdução, uma vez que lhe</p><p>falta a generalidade de um verdadeiro</p><p>raciocínio lógico.</p><p>O advento da capacidade de</p><p>representação vai possibilitar o</p><p>desenvolvimento da função simbólica,</p><p>principal aquisição deste período, que</p><p>assume as suas diferentes formas - a</p><p>linguagem, a imitação diferida, a imagem</p><p>mental, o desenho, o jogo simbólico -</p><p>compreendidos como diferentes meios de</p><p>expressão daquela função.</p><p>Para Piaget a passagem da inteligência</p><p>sensório-motora para a inteligência</p><p>representativa se realiza pela imitação.</p><p>Imitar, no sentido estrito, significa</p><p>reproduzir um modelo. Já presente no</p><p>estágio sensório-motor, a imitação só vai se</p><p>interiorizar no sexto sub estágio, quando a</p><p>criança pode praticar o “faz-de-conta”, agir</p><p>“como se”, por imitação deferida ou</p><p>imitação interiorizada. Interiorizando-se a</p><p>imitação, as imagens elaboram-se e tornam-</p><p>se substitutos dos objetos dados à</p><p>percepção. O significante é, então,</p><p>dissociado do significado, tornando</p><p>possível a elaboração do pensamento</p><p>representativo.</p><p>A inteligência tem acesso, então, ao</p><p>nível da representação, pela interiorização</p><p>da imitação (que, por sua vez, é favorecida</p><p>pela instalação da função simbólica). A</p><p>criança tem acesso, dessa forma, à</p><p>linguagem e ao pensamento. Ela pode</p><p>elaborar, igualmente, imagens que lhe</p><p>permitem, de certa forma, transportar o</p><p>mundo para a sua cabeça.</p><p>Entre 2 e 5 anos, aproximadamente, a</p><p>criança adquire a linguagem e forma, de</p><p>alguma maneira, um sistema de imagens.</p><p>Entretanto, a palavra não tem ainda, para</p><p>ela, o valor de um conceito; ela evoca uma</p><p>realidade particular ou seu correspondente</p><p>imagístico. Tendo que reconstruir o mundo</p><p>no plano representativo, ela o reconstrói a</p><p>partir de si mesma. O egocentrismo</p><p>intelectual está no auge dessa etapa. A</p><p>dominação do pensamento por imagens</p><p>encerra a criança em si mesma.</p><p>O pensamento imagístico egocêntrico,</p><p>característico desta fase, pode ser</p><p>observado no jogo simbólico, no qual a</p><p>criança transforma o real ao sabor das</p><p>necessidades e dos desejos do momento. O</p><p>real é transformado pelo pensamento</p><p>simbólico, na medida em que o jogo se</p><p>desenvolve, ao sabor das exigências do</p><p>desejo expresso pelo jogo. É por isso que</p><p>Piaget considera o jogo simbólico como o</p><p>egocentrismo no estado puro.</p><p>Um pensamento assim dominado pelo</p><p>simbolismo essencialmente particular,</p><p>pessoal e, por isso, incomunicável, não é</p><p>um pensamento socializado. Ele não</p><p>repousa em conceitos, mas no que Piaget</p><p>chama pré-conceitos, que são particulares,</p><p>no sentido em que evocam realidades</p><p>particulares, tendo seu correlato imagístico</p><p>ou simbólico próprio à experiência, de cada</p><p>criança.</p><p>Entre os 5 e 7 anos, período geralmente</p><p>chamado de “intuitivo”, ocorre uma</p><p>evolução que leva a criança, pouco a pouco,</p><p>à maior generalidade. Seu pensamento</p><p>agora repousa sobre configurações</p><p>representativas de conjunto mais amplas,</p><p>mas ainda está dominado por elas. A</p><p>intuição é uma espécie de ação realizada em</p><p>pensamento e vista mental mente:</p><p>transvasar, encaixar, seriar, deslocar etc.</p><p>ainda são esquemas de ação aos quais a</p><p>representação assimila o real. Mas a,</p><p>intuição é, também, por outro lado, um</p><p>pensamento imagístico, versando sobre</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>49</p><p>configurações de conjunto</p><p>e não mais sobre</p><p>simples coleções sincréticas, como no</p><p>período anterior.</p><p>O pensamento da criança entre dois e</p><p>sete anos é dominado pela representação</p><p>imagística de caráter simbólico. A criança</p><p>trata as imagens como verdadeiros</p><p>substitutos do objeto e pensa efetuando</p><p>relações entre imagens. A criança é capaz</p><p>de, em vez de agir em atos sobre os objetos,</p><p>agir mentalmente sobre seu substituto ou</p><p>imagem, que ela no meia. Proveniente da</p><p>interiorização da imitação, a representação</p><p>simbólica possui o caráter estático da</p><p>imitação, motivo pelo qual versa,</p><p>essencialmente, sobre as configurações, por</p><p>oposição às transformações. Com a</p><p>instalação das estruturas operatórias do</p><p>período seguinte, a imagem vai ser</p><p>subordinada às operações. Na passagem da</p><p>ação sensório-motora para a representação,</p><p>pela imitação, é possível aprender melhor</p><p>as ligações entre as operações e a ação,</p><p>tornando mais compreensível a origem de</p><p>certos distúrbios dos processos figurativos:</p><p>espaço, tempo, esquema corporal etc.</p><p>O estágio operatório concreto (7 a 11-</p><p>12 anos)</p><p>Por volta dos sete anos a atividade</p><p>cognitiva da criança torna-se operatória,</p><p>com a aquisição da reversibilidade lógica.</p><p>A reversibilidade aparece como uma</p><p>propriedade das ações da criança,</p><p>suscetíveis de se exercerem em pensamento</p><p>ou interiormente. O domínio da</p><p>reversibilidade no plano da representação -</p><p>a capacidade de se representar uma ação e a</p><p>ação inversa ou recíproca que a anula -</p><p>ajuda na construção de novos invariantes</p><p>cognitivos, desta vez de natureza</p><p>representativa: conservação de</p><p>comprimento, de distâncias, de quantidades</p><p>discretas e contínuas, de quantidades físicas</p><p>(peso, substância, volume etc.). O</p><p>equilíbrio das trocas cognitivas entre a</p><p>criança e a realidade, característico das</p><p>estruturas operatórias, é muito mais rico e</p><p>variado, mais estável, mais sólido e mais</p><p>aberto quanto ao seu alcance do que o</p><p>equilíbrio próprio às estruturas da</p><p>inteligência sensório-motora.</p><p>O estágio das operações formais (11 a</p><p>15-16 anos)</p><p>Tanto as operações como as estruturas</p><p>que se constroem até aproximadamente os</p><p>onze anos, são de natureza concreta,</p><p>permanecem ligadas indissoluvelmente à</p><p>ação da criança sobre os objetos. Entre os</p><p>11 e os 15-16 anos, aproximadamente, as</p><p>operações se desligam progressivamente do</p><p>plano da manipulação concreta. Como</p><p>resultado da experiência lógico matemática,</p><p>o adolescente consegue agrupar</p><p>representações em estruturas equilibradas</p><p>(ocorrendo, portanto, uma nova mudança</p><p>na natureza dos esquemas) e tem acesso a</p><p>um raciocínio hipotético-dedutivo. Agora,</p><p>poderá chegar a conclusões a partir de</p><p>hipóteses, sem ter necessidade de</p><p>observação e manipulação reais. Esta</p><p>possibilidade de operar com operações</p><p>caracteriza o período das operações</p><p>formais, com o aparecimento de novas</p><p>estruturas intelectuais e,</p><p>consequentemente, de novos invariantes</p><p>cognitivos. A mudança de estrutura, a</p><p>possibilidade de encontrar formas novas e</p><p>originais de organizar os esquemas não</p><p>termina nesse período, mas continua se</p><p>processando em nível superior. As</p><p>estruturas operatórias formais são o ponto</p><p>de partida das estruturas lógico-</p><p>matemáticas da lógica e da matemática, que</p><p>prolongam, em nível superior, a lógica</p><p>natural do lógico e do matemático.</p><p>Teoria de Lev Semenovich Vygotsky</p><p>(1896-1934)</p><p>Na abordagem da Psicologia Sócio</p><p>Histórica, algumas categorias são centrais.</p><p>Para efeitos da análise duas delas se</p><p>destacam e, por essa razão, serão</p><p>brevemente apresentadas. A primeira delas</p><p>é a de mediação, entendida como "uma</p><p>instância que relaciona objetos, processos</p><p>ou situações entre si ou, ainda, como um</p><p>conceito que designa um elemento que</p><p>viabiliza a realização de outro e que,</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>50</p><p>embora distinto dele, garante a sua</p><p>efetivação, dando-lhe concretude". Adotar</p><p>a categoria teórico metodológica da</p><p>mediação implica não aceitar dicotomias e,</p><p>sobretudo, tentar se aproximar das</p><p>determinações que, dialeticamente,</p><p>constituem o sujeito. É por meio da</p><p>mediação que se explica e se compreende</p><p>como o homem, membro da espécie</p><p>humana, só se torna humano nas relações</p><p>sociais que mantém com seus semelhantes</p><p>e com sua cultura. Nesse sentido, a escola,</p><p>por meio de seus professores, exerce uma</p><p>mediação central na constituição dos</p><p>sujeitos-alunos, uma vez que é com seu</p><p>auxílio que eles conquistam novos saberes,</p><p>apropriam-se de sua "humanidade" e</p><p>constroem, paulatinamente, formas</p><p>próprias de pensar, sentir e agir.</p><p>Uma segunda categoria importante a ser</p><p>aqui discutida é a relação desenvolvimento-</p><p>aprendizagem. Tendo Piaget como</p><p>interlocutor, Vygotsky postula que o</p><p>ensino, quando adequadamente organizado,</p><p>leva à aprendizagem, e essa última, por sua</p><p>vez, impulsiona ciclos de desenvolvimento</p><p>que até então estavam em estado</p><p>embrionário: novas funções psicológicas</p><p>superiores passam assim a existir. Esse</p><p>novo desenvolvimento, mais adiantado,</p><p>abre novas possibilidades de aprendizagem</p><p>que, se vierem a ocorrer, impulsionarão</p><p>mais uma vez o desenvolvimento,</p><p>permitindo novas aprendizagens e, assim,</p><p>sucessivamente. Nesse sentido,</p><p>aprendizagem e desenvolvimento</p><p>constituem uma unidade, visto um ser</p><p>constitutivo do outro, ou seja, um não é sem</p><p>o outro.</p><p>Vygotsky afirma que a relação dos</p><p>indivíduos com o mundo não é direta, mas</p><p>mediada por sistemas simbólicos, em que a</p><p>linguagem ocupa um papel central, pois</p><p>além de possibilitar o intercâmbio entre os</p><p>indivíduos, é através dela que o sujeito</p><p>consegue abstrair e generalizar o</p><p>pensamento. Ou seja, "a linguagem</p><p>simplifica e generaliza a experiência,</p><p>ordenando as instâncias do mundo real,</p><p>agrupando todas as ocorrências de uma</p><p>mesma classe de objetos, eventos,</p><p>situações, sob uma mesma categoria</p><p>conceituai cujo significado é compartilhado</p><p>pelos usuários dessa linguagem" Oliveira .</p><p>O uso da linguagem como instrumento</p><p>de pensamento supõe um processo de</p><p>internalização da linguagem, que ocorre de</p><p>forma gradual, completando-se em fases</p><p>mais avançadas da aquisição da linguagem.</p><p>Para Vygotsky, primeiro a criança utiliza a</p><p>fala socializada, para se comunicar. Só mais</p><p>tarde é que ela passará a usá-la como</p><p>instrumento de pensamento, com a função</p><p>de adaptação social. Entre o discurso</p><p>socializado e o discurso interior há a fala</p><p>egocêntrica, que é utilizada como apoio ao</p><p>planejamento de sequências a serem</p><p>seguidas, auxiliando assim na solução de</p><p>problemas.</p><p>Vygotsky observa que a criança</p><p>apresenta em seu processo de</p><p>desenvolvimento um nível que ele chamou</p><p>de real e outro potencial. O nível de</p><p>desenvolvimento real refere-se a etapas já</p><p>alcançadas pela criança, isto é, a coisas que</p><p>ela já consegue fazer sozinha, sem a ajuda</p><p>de outras pessoas. Já o nível de</p><p>desenvolvimento potencial diz respeito à</p><p>capacidade de desempenhar tarefas com a</p><p>ajuda de outros. Há atividades que a criança</p><p>não é capaz de realizar sozinha, mas poderá</p><p>conseguir caso alguém lhe dê explicações,</p><p>demonstrando como fazer. Essa</p><p>possibilidade de alteração no desempenho</p><p>de uma pessoa pela interferência da outra é</p><p>fundamental em Vygotsky. Para este autor,</p><p>a zona de desenvolvimento proximal</p><p>consiste na distância entre o nível de</p><p>desenvolvimento real e o nível de</p><p>desenvolvimento potencial.</p><p>Vygotsky expõe assim seu pensamento:</p><p>[...] a aprendizagem não é, em si mesma,</p><p>desenvolvimento; mas uma correta organização</p><p>da aprendizagem da criança conduz ao</p><p>desenvolvimento mental, ativa todo um grupo de</p><p>processos de desenvolvimento, e esta ativação</p><p>não poderia produzir-se sem a aprendizagem.</p><p>Vygotsky enfatiza a importância do</p><p>brinquedo e da brincadeira do faz-de-conta</p><p>para o desenvolvimento infantil. Tal</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>51</p><p>capacidade representa um passo importante</p><p>para o desenvolvimento do pensamento,</p><p>pois faz com que a criança se desvincule das</p><p>situações concretas e imediatas sendo capaz</p><p>de abstrair. A imitação é uma situação</p><p>muito utilizada pelas crianças, porém não</p><p>deve ser entendida como mera cópia de um</p><p>modelo, mas uma reconstrução individual</p><p>daquilo que é observado nos outros. Desta</p><p>forma, é importante salientar que crianças</p><p>também aprendem com crianças, em</p><p>situações informais de aprendizado, por</p><p>exemplo.</p><p>Teoria de Henri Wallon (1879-1962)</p><p>Wallon propôs o estudo integrado do</p><p>desenvolvimento infantil, contemplando os</p><p>aspectos da afetividade, da motricidade e da</p><p>inteligência. Para ele, o desenvolvimento da</p><p>inteligência depende das experiências</p><p>oferecidas pelo meio e do grau de</p><p>apropriação que o sujeito faz delas. Neste</p><p>sentido, os aspectos físicos do espaço, as</p><p>pessoas próximas, a linguagem, bem como</p><p>os conhecimentos presentes na cultura</p><p>contribuem efetivamente para formar o</p><p>contexto de desenvolvimento. Wallon</p><p>assinala que o desenvolvimento se dá de</p><p>forma descontínua, sendo marcado por</p><p>rupturas e retrocessos. A cada estágio de</p><p>desenvolvimento infantil há uma</p><p>reformulação e não simplesmente uma</p><p>adição ou reorganização dos estágios</p><p>anteriores, ocorrendo também um tipo</p><p>particular de interação entre o sujeito e o</p><p>ambiente:</p><p>Estágio impulsivo-emocional (1°ano de</p><p>vida): nesta fase predominam nas crianças</p><p>as relações emocionais com o ambiente.</p><p>Trata-se de uma fase de construção do</p><p>sujeito, em que a atividade cognitiva se</p><p>acha indiferenciada da atividade afetiva.</p><p>Nesta fase vão sendo desenvolvidas as</p><p>condições sensório-motoras (olhar, pegar,</p><p>andar) que permitirão, ao longo do segundo</p><p>ano de vida, intensificar a exploração</p><p>sistemática do ambiente.</p><p>Estágio sensório-motor (um a três anos,</p><p>aproximadamente): ocorre neste período</p><p>uma intensa exploração do mundo físico,</p><p>em que predominam as relações cognitivas</p><p>com o meio. A criança desenvolve a</p><p>inteligência prática e a capacidade de</p><p>simbolizar. No final do segundo ano, a fala</p><p>e a conduta representativa (função</p><p>simbólica) confirmam uma nova relação</p><p>com o real, que emancipará a inteligência</p><p>do quadro perceptivo mais imediato. Ou</p><p>seja, ao falarmos a palavra "bola", a criança</p><p>reconhecerá imediatamente do que se trata,</p><p>sem que precisemos mostrar o objeto a ela.</p><p>Dizemos então que ela já adquiriu a</p><p>capacidade de simbolizar, sem a</p><p>necessidade de visualizar o objeto ou a</p><p>situação a qual estamos nos referindo.</p><p>Personalismo (três aos seis anos,</p><p>aproximadamente): nesta fase ocorre a</p><p>construção da consciência de si, através das</p><p>interações sociais, dirigindo o interesse da</p><p>criança para as pessoas, predominando</p><p>assim as relações afetivas. Há uma mistura</p><p>afetiva e pessoal, que refaz, no plano do</p><p>pensamento, a indiferenciação inicial entre</p><p>inteligência e afetividade.</p><p>Estágio categorial (seis anos): a criança</p><p>dirige seu interesse para o conhecimento e</p><p>a conquista do mundo exterior, em função</p><p>do progresso intelectual que conseguiu</p><p>conquistar até então. Desta forma, ela</p><p>imprime às suas relações com o meio uma</p><p>maior visibilidade do aspecto cognitivo.</p><p>Questão</p><p>01. (Prefeitura de Conselheiro</p><p>Mairinck/PR - Professor(a) de Educação</p><p>Infantil - FAU/2022) A teoria do</p><p>desenvolvimento de Piaget tem como</p><p>preocupação central o “sujeito epistêmico”,</p><p>isto é, o estudo dos processos de</p><p>pensamento presente desde a infância a</p><p>idade adulta. Para Piaget os períodos do</p><p>desenvolvimento compreendem quatro</p><p>estágios. Quais estágios de Piaget</p><p>compreendem o desenvolvimento infantil</p><p>na faixa etária em que as crianças estão na</p><p>educação infantil, ou seja, dos 0 aos 5 anos?</p><p>A. Estágio sensório motor e estágio pré-</p><p>operatório.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>52</p><p>B. Estágio sensório motor e estágio</p><p>operatório concreto.</p><p>C. Estágio pré-operatório e estágio</p><p>operatório formal.</p><p>D. Estágio operatório concreto e estágio</p><p>operatório formal.</p><p>E. Nenhuma das alternativas anteriores.</p><p>Alternativas</p><p>01 - A</p><p>NOÇÕES DE PRIMEIROS</p><p>SOCORROS</p><p>Primeiros socorros podem ser definidos</p><p>como os cuidados de emergência</p><p>dispensados a qualquer pessoa que tenha</p><p>sofrido um acidente ou mal súbito</p><p>(intercorrência clínica), até que esta possa</p><p>receber o tratamento médico adequado e</p><p>definitivo15.</p><p>No espaço escolar, os acidentes</p><p>constituem preocupação constante, sendo</p><p>fundamental que os professores e aqueles</p><p>que cuidam das crianças saibam como agir</p><p>frente a esses eventos, como evitá-los e</p><p>como ministrar os primeiros socorros,</p><p>procurando, assim, evitar as complicações</p><p>decorrentes de procedimentos inadequados.</p><p>Este guia contém algumas orientações,</p><p>servindo como instrumento de apoio e</p><p>consulta para os profissionais da Educação.</p><p>Ferimentos</p><p>São lesões em que ocorre destruição de</p><p>tecidos, em diferentes profundidades,</p><p>podendo atingir somente a pele ou camadas</p><p>mais profundas, como musculatura, vasos</p><p>sanguíneos, nervos e até órgãos internos.</p><p>Quando ocorrem, os ferimentos causam dor</p><p>e podem produzir sangramento abundante.</p><p>15 Guia de Primeiros Socorros na Escola. Faculdade Educacional de</p><p>Colombo.</p><p>https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd</p><p>=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjErbzP5Nr6AhXEppUCHf--</p><p>Em todo ferimento devem ser</p><p>considerados o risco de infecção e a</p><p>proteção contra o tétano, através da</p><p>vacinação atualizada, que deve ser</p><p>acompanhada pela escola.</p><p>Os ferimentos podem ser abertos ou</p><p>fechados, superficiais ou profundos.</p><p>Ferimento Aberto</p><p>O ferimento aberto é aquele no qual</p><p>existe perda de continuidade da superfície</p><p>da pele, ou seja, a pele é rompida.</p><p>Os ferimentos abertos podem ser</p><p>superficiais ou profundos.</p><p>Ferimento extenso, com aparecimento</p><p>de tecido gorduroso ou sangramento</p><p>mantido acionar serviço de pré-hospitalar</p><p>ou encaminhar a criança a Unidade de</p><p>Saúde mais próxima para orientação e</p><p>conduta.</p><p>Ferimento Fechado</p><p>No ferimento fechado, a lesão de tecidos</p><p>ocorre abaixo da pele, sem que esta se</p><p>rompa, não havendo comunicação entre o</p><p>meio externo e o interno.</p><p>O ferimento fechado, também conhecido</p><p>por contusão, é decorrente do impacto de</p><p>objetos, pancadas, chutes, etc., contra o</p><p>corpo, com rompimento de vasos</p><p>sanguíneos e inchaço no local, de forma que</p><p>o sangue acumulado sob a pele forma um</p><p>hematoma, que pode ser imediato ou tardio.</p><p>Quando o sangue infiltra-se entre os tecidos</p><p>denomina-se equimose (mancha roxa). No</p><p>couro cabeludo formam-se hematomas,</p><p>popularmente chamados “galos”.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Coloque a criança em local tranquilo,</p><p>em repouso.</p><p>- Proteja a pele local com um pano fino</p><p>e limpo.</p><p>- Coloque gelo sobre o pano por 20</p><p>minutos. Reavalie após.</p><p>- Inchaço leve, movimentos preservados,</p><p>pouca dor, orientar pais a manter gelo local</p><p>Cu8QFnoECBoQAQ&url=https%3A%2F%2Fwww.faecpr.edu.br%2Fsit</p><p>e%2Fdocumentos%2Fguia_primeiros_socorros.doc&usg=AOvVaw3H6c</p><p>vRUijgwU2CkjqzqfnX. Visitado em 12.10.2022.</p><p>Cuidados físicos com a criança; noções de</p><p>primeiros socorros</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>53</p><p>e se houver dor em casa levar a criança a</p><p>uma Unidade de Saúde.</p><p>- Inchaço importante, dor aos</p><p>movimentos, encaminhar a criança a</p><p>Unidade de Saúde mais próxima.</p><p>Fraturas, Entorses e Luxações</p><p>Os acidentes são muito comuns e, na sua</p><p>grande maioria, de pequena gravidade. Os</p><p>entorses, luxações e fraturas são muito</p><p>dolorosos, e quase sempre exigem cuidados</p><p>de um médico ortopedista.</p><p>Fraturas</p><p>A fratura é a ruptura do tecido ósseo. O</p><p>paciente pode sentir a fratura ranger. Se o</p><p>ferimento for muito grande, a fratura pode</p><p>ficar exposta.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Se houver fraturas expostas, cubra-as</p><p>com um pano limpo e faça a imobilização</p><p>do membro afetado;</p><p>- É possível imobilizar o braço, usando</p><p>jornal ou revista dobrado e até uma pequena</p><p>tábua debaixo do antebraço;</p><p>- A imobilização do braço pode ser feita</p><p>com</p><p>pano dobrado em forma triangular para</p><p>fazer a tipoia. É importante manter o braço</p><p>na altura do mamilo e amarrar o pano com</p><p>um nó atrás do pescoço;</p><p>Uma tira de pano sempre é útil para</p><p>amarrar a tipoia ao corpo da vítima,</p><p>passando por trás do tórax.</p><p>Entorses</p><p>É uma lesão da articulação na qual os</p><p>ligamentos são torcidos ou distendidos.</p><p>Ocorre Inchaço local, aumento da</p><p>temperatura na região afetada e dificuldade</p><p>ou impossibilidade de mover a parte</p><p>afetada.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Tire as roupas ou sapatos que possam</p><p>comprimir a articulação afetada, o mais</p><p>rápido possível;</p><p>- Aplique compressas frias ou gelo para</p><p>combater o inchaço;</p><p>- Imobilize a junta na posição mais</p><p>confortável possível. Cuidado para não</p><p>apertar muito a faixa. Se isso ocorrer, o</p><p>paciente vai queixar-se de formigamento;</p><p>- Se a dor começar a diminuir, estimule</p><p>movimentos suaves e progressivos da</p><p>articulação comprometida.</p><p>Luxações</p><p>A luxação é uma entorse mais grave.</p><p>Aqui se rompem não só os ligamentos,</p><p>como também se descolam os ossos da</p><p>articulação. É sempre difícil o diagnóstico</p><p>sem a ajuda de uma radiografia.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Procure manter a articulação afetada</p><p>numa posição confortável;</p><p>- Se a luxação for de braço, procure</p><p>prendê-lo junto ao corpo na posição mais</p><p>confortável. É a conhecida tipoia, feita de</p><p>faixas largas de ataduras.</p><p>- Na falta de material, peça ao paciente</p><p>que segure o braço contra o corpo;</p><p>- Observe sempre a ponta dos dedos. É</p><p>preciso acompanhar a cor rósea, testando</p><p>com a compressão dos dedos por dois</p><p>segundos. Se ficar esbranquiçada ou</p><p>arroxeada, é preciso descomprimir e</p><p>procurar ajuda médica;</p><p>- Se a machucadura for na perna, é</p><p>possível imobilizar, utilizando tiras de</p><p>pano,</p><p>- alinhadas na horizontal, embaixo das</p><p>pernas da vítima. Se tiver toalha ou</p><p>cobertor, faça um rolo com um ou outro e</p><p>coloque-o entre as pernas da criança.</p><p>Depois disso, amarre cada tira, mantendo os</p><p>nós sobre a perna que não sofreu</p><p>machucadura;</p><p>- Se a machucadura ocorrer no pé ou</p><p>tornozelo, sem retirar o calçado e meia,</p><p>envolva-os com toalha ou o cobertor;</p><p>- Mantenha a criança deitada e amarre</p><p>firmemente três tiras de pano, envolvendo a</p><p>toalha ou cobertor junto ao pé ou tornozelo;</p><p>- Se a luxação for no pé, procure posição</p><p>confortável, usando travesseiros ou</p><p>almofadas.</p><p>- O uso de faixas largas é importante na</p><p>imobilização da articulação. Não tente</p><p>mover a parte que foi atingida, para não</p><p>piorar o seu estado.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>54</p><p>Queimaduras</p><p>- As queimaduras são lesões causadas</p><p>por calor, substâncias corrosivas, líquidos e</p><p>vapores. Podem ocorrer também pelo frio</p><p>intenso e por radiação, inclusive solar e</p><p>elétrico.</p><p>- Quando apenas a pele é afetada,</p><p>chamamos de queimadura superficial.</p><p>Ocorrem</p><p>- vermelhidão, inchaço e até bolhas. Se o</p><p>tecido subcutâneo é comprometido, a</p><p>queimadura é profunda, ficando a pele</p><p>muito vermelha ou escura, podendo,</p><p>inclusive, soltar água.</p><p>- Considerando a profundidade, as</p><p>queimaduras são classificadas em:</p><p>Primeiro grau: quando a lesão é</p><p>superficial. Aparecerão vermelhidão,</p><p>inchaço e dor.</p><p>Segundo grau: quando a ação do calor é</p><p>mais intensa. Além da vermelhidão,</p><p>aparecem bolhas ou umidade na região</p><p>afetada. A dor é mais intensa também.</p><p>Terceiro grau: há destruição da pele.</p><p>Atinge gordura, músculo e até ossos. Pela</p><p>destruição das terminações nervosas, ocorre</p><p>pouca ou nenhuma dor. A pele apresenta-se</p><p>esbranquiçada ou carbonizada.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Retire as roupas, sapatos e outros</p><p>adereços, respeitando a intimidade da</p><p>criança;</p><p>- Avalie o padrão respiratório (verificar</p><p>a frequência de respiração e esforço</p><p>respiratório);</p><p>- Nunca passe óleo, manteiga, creme ou</p><p>loção antisséptica;</p><p>- Não tente retirar pedaços de roupa</p><p>queimada que tenham grudado na pele;</p><p>- Não mexa na queimadura,</p><p>principalmente se a pele estiver levantando;</p><p>- Nunca arranque a pele;</p><p>- Não fure a bolha;</p><p>- Não passe material felpudo ou</p><p>chumaço de algodão.</p><p>- Lave a área queimada com água limpa,</p><p>cobrindo-a com gaze ou pano limpo;</p><p>“NÃO USE QUALQUER</p><p>MEDICAMENTO NO LOCAL”</p><p>Convulsão</p><p>- Clinicamente, as convulsões são crises</p><p>caracterizadas por perda súbita da</p><p>consciência, geralmente acompanhadas de</p><p>fortes abalos musculares tônico-clônicos</p><p>(relaxamentos e contrações alternados),</p><p>eliminação involuntária da urina e cessação</p><p>da deglutição, acompanhada de apneia com</p><p>duração de alguns segundos e de um</p><p>“despertar” confuso e desorientado.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Afrouxar as vestes que estejam justas:</p><p>cintos, gravatas, colarinhos, etc. Retirar</p><p>possíveis adereços (colares, cachecóis, etc.)</p><p>e próteses (dentadura, aparelhos dentários</p><p>móveis, etc.) que o paciente esteja usando,</p><p>tendo o cuidado de não se ferir em uma</p><p>eventual mordida do paciente.</p><p>- Proteger a cabeça do paciente e colocá-</p><p>la de lado, evitando que a língua caia para</p><p>trás e obstrua a passagem da respiração.</p><p>- Colocar uma proteção entre os dentes -</p><p>um rolo de pano, por exemplo. Isso tanto</p><p>evita o ranger violento dos dentes bem</p><p>como a mordedura da língua. Evitar colocar</p><p>os dedos, que também podem ser feridos.</p><p>- Deitar o paciente sobre um lugar</p><p>espaçoso e contê-lo para que ele não caia e</p><p>não se fira, permitindo que os movimentos</p><p>convulsivos se realizem até que terminem</p><p>espontaneamente. Retirar objetos perigosos</p><p>das proximidades do paciente.</p><p>- Aguardar para que o paciente recobre a</p><p>respiração normal, o que em geral se dá</p><p>após um período de apneia que termina por</p><p>uma inspiração profunda.</p><p>- Manter-se junto do paciente até que ele</p><p>recobre completamente sua orientação.</p><p>- Salvo nos casos de status convulsivos,</p><p>em que as convulsões se repetem sem</p><p>intervalos, ou nos casos em que ocorrerem</p><p>complicações, nenhuma medicação precisa</p><p>ser administrada imediatamente em seguida</p><p>a uma convulsão. Medicações ou outras</p><p>medidas terapêuticas só devem ser</p><p>administradas com vistas a prevenir novas</p><p>crises. E devem ser prescritas por um</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>55</p><p>médico.</p><p>- Em convulsões de causas ainda</p><p>desconhecidas deve ser providenciada</p><p>assistência médica que esclareça a causa.</p><p>Raramente há complicações das</p><p>convulsões, mas elas podem ocorrer:</p><p>luxações articulares, fraturas ósseas,</p><p>principalmente em pacientes com</p><p>osteoporose, e deslocamentos de próteses.</p><p>Intoxicação</p><p>As intoxicações podem acontecer por</p><p>decorrência da introdução, seja ela de</p><p>qualquer maneira, por inalação, por</p><p>ingestão, por contato com a pele ou os</p><p>olhos, de substâncias tóxicas no organismo.</p><p>Também pode ser causada pelo uso de</p><p>medicamento sem dosagens excessivas.</p><p>Intoxicação de Agentes Tóxicos</p><p>A criança apresentará possíveis</p><p>queimaduras ou manchas em volta da boca,</p><p>dor na garganta, náuseas ou vômitos e</p><p>variação na respiração.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Se a criança estiver consciente,</p><p>coloque-a em repouso, deitada em um lugar</p><p>arejado, mantenha as vias aéreas dela</p><p>desobstruídas;</p><p>- Sugira que ela beba uma quantidade</p><p>moderada de água tomando cuidado para</p><p>que não engasgue e mantenha-a aquecida;</p><p>- Em caso de a criança estar</p><p>inconsciente, posicione-a de lado para</p><p>evitar que ela possa engasgar com o vômito.</p><p>- Recolha uma pequena amostra do</p><p>vômito e leve ao laboratório.</p><p>Intoxicação por Inalação</p><p>Possivelmente, a criança apresentará</p><p>dificuldade na respiração, tontura, forte</p><p>dores de cabeça, tosse e olhos irritados.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Mantenha-a em repouso e aquecida,</p><p>deixe suas vias aéreas completamente</p><p>livres.</p><p>- Em caso de a criança estar</p><p>inconsciente, deixe-a em posição lateral</p><p>para evitar engasgamento com um possível</p><p>vômito.</p><p>Intoxicação por Contato</p><p>Os sintomas de intoxicação por contato</p><p>com a pele podem ser coceira, queimadura,</p><p>reações da pele, irritação nos olhos e dor de</p><p>cabeça.</p><p>Como Proceder:</p><p>- Procure remover a substância</p><p>tóxica</p><p>lavando e troque as roupas da criança.</p><p>Traumatismo Craniano</p><p>O cérebro é protegido por uma caixa</p><p>óssea, o crânio. Este órgão é mais nobre e</p><p>sensível do corpo humano, e também o que</p><p>representa menor chance, quando lesado.</p><p>Ele possui diversas artérias e veias, as quais</p><p>podem se romper no trauma. Como o crânio</p><p>é rígido (parte óssea) e o cérebro mais</p><p>macio, uma hemorragia irá gerar um</p><p>hematoma que por sua vez ira crescer</p><p>comprimindo o cérebro, o que certamente</p><p>terá lesões neurológicas.</p><p>Às vezes nem há sangramento, só o</p><p>balançar do cérebro dentro da caixa</p><p>craniana é o bastante para fazê-lo inchar e</p><p>comprimir a ele próprio.</p><p>Como Proceder:</p><p>Primeiramente devem-se observar sinais</p><p>e sintomas como:</p><p>- Área da depressão no crânio;</p><p>- Sangramento pelo nariz ou boca;</p><p>- Paralisia de um lado do corpo;</p><p>- Perda da visão;</p><p>- Convulsões;</p><p>- Vômitos;</p><p>- Dor de cabeça forte e persistente.</p><p>Logo após deve acalmar a vítima se ela</p><p>estiver consciente:</p><p>- Pensar na possibilidade de fratura do</p><p>pescoço antes de movimentar a vítima;</p><p>- Mantenha a vítima deitada e aquecida;</p><p>- Cuide dos demais ferimentos.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>56</p><p>Desobstrução das Vias Aéreas</p><p>Sangramentos</p><p>Como Proceder:</p><p>- Exponha o local ferido, respeitando</p><p>intimidade da criança.</p><p>Limpe o ferimento com soro ou água</p><p>limpa e sabão neutro (líquido ou em barra –</p><p>pedaços utilizados devem ser desprezados),</p><p>retirando toda a sujeira.</p><p>- Avalie o tamanho (em cm) e</p><p>profundidade da ferida (aparecimento de</p><p>tecido gorduroso ou não).</p><p>- Controle o sangramento com</p><p>compressão local e gelo.</p><p>- Cubra o ferimento com gaze ou pano</p><p>limpo.</p><p>- MANTENHA A CRIANÇA</p><p>TRANQUILA e em local apropriado.</p><p>- Ferimento leve (arranhões, superficiais</p><p>sem aparecimento de tecido gorduroso)</p><p>orientar pais sobre manter limpeza local em</p><p>casa e observar.</p><p>Febre</p><p>Sinônimos: Temperatura elevada;</p><p>hipertermia; pirexia.</p><p>A febre é o aumento temporário da</p><p>temperatura corporal em resposta a alguma</p><p>doença.</p><p>Uma criança tem febre quando a</p><p>temperatura é igual ou superior a um destes</p><p>níveis:</p><p>- 38 °C (temperatura anal)</p><p>- 37,5 °C (temperatura bucal)</p><p>- 37,2 °C (temperatura axilar)</p><p>Febre alta a primeira atitude é não entrar</p><p>em pânico, febre é mais comum do que</p><p>muitos imaginam, e existem varias</p><p>maneiras de devolver ao corpo a</p><p>temperatura correta, confira agora as nossas</p><p>dicas e saiba o que fazer no caso de febre.</p><p>Antes de tudo é preciso dizer que a febre</p><p>é uma maneira normal e saudável do corpo</p><p>responder a uma doença, o sistema</p><p>imunológico do corpo libera substâncias</p><p>químicas que aumentam a temperatura</p><p>corporal, isso faz parte do processo normal</p><p>de combate à infecção.</p><p>Então, como se trata de um processo</p><p>normal, antes de corrermos ao médico é</p><p>preciso tentar maneiras de livrar a pessoa da</p><p>febre.</p><p>A primeira dica para abaixar a febre é</p><p>hidratar a pessoa, quando a temperatura do</p><p>corpo sobre ele tende a absorver mais</p><p>rápido a umidade, o que resulta na</p><p>desidratação. Qualquer tipo de líquido é</p><p>recomendado para hidratar, isotônicos e</p><p>água são os mais aconselháveis, soro</p><p>caseiro também é eficaz.</p><p>Segunda dica é tentar abaixar a febre</p><p>com Banhos mornos que ajudam a reduzir a</p><p>febre, podendo ser em chuveiro normal, ou</p><p>em banheira. A pessoa febril relaxa e o</p><p>contato com a água tende a abaixar a</p><p>temperatura corporal.</p><p>Vale lembrar que se a febre persistir ou</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>57</p><p>retornar pouco tempo depois é preciso</p><p>consultar um médico e o uso de</p><p>medicamentos somente com receita</p><p>médica, lembrando que a criança pode ser</p><p>alérgica.</p><p>Considerações Finais</p><p>Sabe-se que a criança apresenta interesse</p><p>em explorar situações novas, para as quais</p><p>nem sempre está preparado, o que facilita a</p><p>ocorrência de acidentes.</p><p>Torna-se, portanto, importante o</p><p>conhecimento dos acidentes mais</p><p>frequentes em cada faixa etária, para o</p><p>direcionamento das medidas a serem</p><p>adotadas para sua prevenção.</p><p>Conforme seu desenvolvimento, a</p><p>criança apresenta novas habilidades e</p><p>diferentes interações com o meio ambiente.</p><p>A criança é um ser imaturo, inquieto,</p><p>curioso e repleto de energia, incapaz de</p><p>avaliar ou prever as consequências de suas</p><p>atitudes. Este fato envolve riscos variados,</p><p>cuja prevenção deve ser conhecida por</p><p>todas as pessoas envolvidas com crianças,</p><p>sejam pais, professores ou cuidadores.</p><p>Questões</p><p>01. (UFJF – Assistente de Alunos –</p><p>FUNDEP - 2022) Segundo o Manual de</p><p>prevenção de acidentes e primeiros</p><p>socorros nas escolas (2007, p. 35), “os</p><p>primeiros socorros podem ser definidos</p><p>como os cuidados de emergência</p><p>dispensados a qualquer pessoa que tenha</p><p>sofrido um acidente ou mal súbito</p><p>(intercorrência clínica), até que esta possa</p><p>receber o tratamento médico adequado e</p><p>definitivo”.</p><p>Acerca dos princípios básicos a serem</p><p>observados na prestação dos primeiros</p><p>socorros a uma pessoa que sofreu acidente</p><p>ou uma intercorrência clínica, conforme</p><p>esse manual, não se pode considerar o</p><p>princípio:</p><p>A. Manter a calma: ter tranquilidade</p><p>contribui para o raciocínio e a avaliação da</p><p>situação da vítima e dos cuidados</p><p>necessários.</p><p>B. Avaliar a cena: a pessoa que for</p><p>socorrer uma vítima de acidente deverá</p><p>averiguar se o local onde o fato aconteceu</p><p>encontra-se seguro, antes de se aproximar</p><p>deste.</p><p>C. Não permitir que outras pessoas se</p><p>tornem vítimas: o socorrista tem a</p><p>responsabilidade de garantir a segurança</p><p>das pessoas ao redor.</p><p>D. Tomar decisões: em todas as</p><p>situações de acidentes, é necessário que os</p><p>cuidados à vítima sejam realizados com</p><p>intervenção imediata.</p><p>E. Manter o número do telefone da</p><p>Central de Emergência (192) em local</p><p>acessível e de conhecimento de todos os</p><p>funcionários da escola.</p><p>02. (Colégio Pedro II – Assistente de</p><p>Alunos – Colégio Pedro II - 2022) As</p><p>principais causas de acidentes com as</p><p>crianças na escola estão relacionadas à</p><p>prática de esportes, recreação e mesmo à</p><p>distribuição dos equipamentos do ambiente</p><p>escolar (corredores, escadas, rampas,</p><p>laboratórios, elevadores etc.).</p><p>Na adoção de condutas preventivas para</p><p>evitar ou diminuir a ocorrência dos</p><p>acidentes, o assistente de alunos deve</p><p>considerar como essencial para o seu</p><p>trabalho</p><p>A. identificar na infraestrutura escolar o</p><p>centro de atendimento a emergências.</p><p>B. informar-se sobre os horários de</p><p>entrada e saída dos alunos na escola.</p><p>C. estar apto a realizar manobras</p><p>técnicas de primeiros socorros.</p><p>D. conhecer os fatores de risco existentes</p><p>no espaço escolar.</p><p>Alternativas</p><p>01.D - 02.D</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>58</p><p>A organização dos espaços e dos</p><p>materiais e o cotidiano na educação</p><p>infantil</p><p>Conforme já afirmamos anteriormente,</p><p>as Diretrizes Curriculares da Educação</p><p>Infantil (BRASIL, 2010), no item 7:</p><p>organização de tempo, espaço e materiais,</p><p>destacam que, para a efetivação de seus</p><p>objetivos, as propostas pedagógicas das</p><p>instituições de educação infantil deverão</p><p>prever condições para o trabalho coletivo e</p><p>para a organização de materiais, espaços e</p><p>tempos16.</p><p>Nessa perspectiva, entende-se que o</p><p>espaço não é simplesmente um cenário na</p><p>educação infantil. Na verdade, ele revela</p><p>concepções da infância, da criança, da</p><p>educação, do ensino e da aprendizagem que</p><p>se traduzem no modo como se organizam os</p><p>móveis, os brinquedos e os materiais com</p><p>os quais os pequenos interagem. Sua</p><p>construção, portanto, nunca é neutra, pois</p><p>envolve um mundo de relações que se</p><p>explicitam e se entrelaçam. A organização</p><p>do espaço na educação infantil tem como</p><p>premissa, portanto, o entendimento do</p><p>espaço como parte integrante do currículo</p><p>escolar e como parceiro pedagógico do</p><p>educador infantil, profissional que exerce o</p><p>importante papel de mediador nesse</p><p>processo. Para compreender essa dinâmica,</p><p>é crucial adentrar nos ambientes das</p><p>creches e pré-escolas para, a partir dessa</p><p>imersão, construir solidariamente um</p><p>espaço que reflita a cultura, as vivências e</p><p>as necessidades dos adultos e das crianças</p><p>que nele habitam.</p><p>A compreensão de que a organização</p><p>dos espaços é um importante elemento do</p><p>currículo remonta aos postulados de</p><p>Friedrich Fröbel e de Maria Montessori, em</p><p>1837 e 1907, respectivamente. Esses dois</p><p>16 Maria da Graça Souza Horn. A organização dos espaços e dos</p><p>materiais e o cotidiano na educação infantil. Brincar e interagir nos</p><p>espaços da escola infantil. https://statics-</p><p>estudiosos já afirmavam, por exemplo, que</p><p>um espaço pensado para crianças pequenas</p><p>deveria contemplar o atendimento de suas</p><p>necessidades e características − com</p><p>certeza, muito diferentes das necessidades</p><p>de crianças maiores e dos adultos. Entre as</p><p>muitas questões por eles abordadas,</p><p>incluem-se os materiais apropriados a essa</p><p>faixa etária, o mobiliário específico e,</p><p>principalmente, os lugares para brincar e</p><p>estar em contato com a natureza, com foco</p><p>na construção da autonomia infantil.</p><p>Ao longo dos anos, outros teóricos foram</p><p>agregando ricas e importantes</p><p>contribuições para essa discussão, como</p><p>Piaget, Winnicott, Wallon, Vygotsky e,</p><p>mais contemporaneamente, Montagné. Em</p><p>comum nas referências teóricas desses</p><p>autores, temos o entendimento de que o</p><p>conhecimento é construído nas interações</p><p>que as crianças realizam com o meio e entre</p><p>si. Se assim compreendemos, a implicação</p><p>pedagógica recorrente é a de que a</p><p>organização do espaço tem contribuição</p><p>significativa nas aprendizagens realizadas</p><p>pelas crianças. No âmbito da sociologia da</p><p>infância, não podem ser esquecidas as</p><p>contribuições de Corsaro (2011) e de</p><p>Sarmento (2004), que postulam que as</p><p>crianças são agentes sociais, ativos e</p><p>criativos, que produzem suas próprias</p><p>culturas infantis enquanto contribuem para</p><p>a construção das sociedades adultas. De</p><p>todas essas contribuições, podemos</p><p>destacar a ideia comum de que a construção</p><p>do espaço é eminentemente social e se</p><p>entrelaça com o tempo de forma</p><p>indissolúvel, congregando, de forma</p><p>simultânea, diferentes influências mediatas</p><p>e imediatas advindas da cultura e do meio</p><p>em que seus atores estão inseridos. Nesse</p><p>processo, convém ressaltar que o ser</p><p>humano diferencia-se das outras espécies</p><p>animais por ser capaz de criar, usar</p><p>instrumentos e simbolizar. Utilizando-se</p><p>basicamente do raciocínio e da linguagem,</p><p>ele consegue transformar suas relações com</p><p>submarino.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/131938082.pdf. Visitado</p><p>em 23.11.2022.</p><p>Importância do ambiente seguro,</p><p>protegido e afetuoso na educação infantil</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>59</p><p>os outros e com o mundo.</p><p>Quando nos propomos a refletir sobre o</p><p>modo como se organizam os espaços na</p><p>educação infantil, é preciso entender,</p><p>primeiramente, de que espaço estamos</p><p>falando e de como as crianças interagem</p><p>nesse espaço. Apesar de estarem</p><p>intimamente ligados, é importante destacar</p><p>o que se entende por “espaço” e o que se</p><p>entende por “ambiente”. O termo “espaço”</p><p>refere-se aos locais onde as atividades são</p><p>realizadas e caracteriza-se pela presença de</p><p>elementos, como objetos, móveis, materiais</p><p>didáticos e decoração. O termo “ambiente”,</p><p>por sua vez, diz respeito ao conjunto desse</p><p>espaço físico e às relações que nele se</p><p>estabelecem, as quais envolvem os afetos e</p><p>as relações interpessoais dos indivíduos</p><p>envolvidos nesse processo, ou seja, adultos</p><p>e crianças.</p><p>Portanto, no espaço, situam-se os</p><p>aspectos mais objetivos, enquanto no</p><p>ambiente situam-se os mais subjetivos.</p><p>Nesse sentido, não se considera somente o</p><p>meio físico ou material, mas também as</p><p>interações que são produzidas nesse meio.</p><p>É um processo que se constrói como um</p><p>todo indissociável de objetos, odores,</p><p>formas, cores, sons e pessoas que habitam e</p><p>se relacionam em uma estrutura física</p><p>determinada que contém tudo e, ao mesmo</p><p>tempo, é contida por esses elementos que</p><p>pulsam nela como se tivessem vida. É como</p><p>se o ambiente nos convidasse a partilhar</p><p>com ele sensações e recordações. Desse</p><p>modo, somos por ele afetados, desafiados e</p><p>instigados. Nesse processo, a indiferença</p><p>cede lugar a inquietações e a</p><p>desacomodações.</p><p>Nisso, se fundamenta a ideia de que não</p><p>basta construirmos prédios qualificados,</p><p>consonantes com o ordenamento legal</p><p>vigente no país, especialmente com as</p><p>DCNEIs. É preciso ter a clareza de como</p><p>esses espaços serão usados, como as</p><p>crianças irão interagir e brincar neles, que</p><p>relações ali serão possíveis e como os</p><p>móveis e os materiais serão</p><p>disponibilizados nesses locais.</p><p>Nessa perspectiva, o espaço também</p><p>assume diferentes dimensões, sendo</p><p>imperioso pensarmos em sua dimensão</p><p>física e em como isso se molda ao cotidiano</p><p>das crianças, como elas poderão utilizar</p><p>esses espaços, em que medida permitiremos</p><p>o tempo necessário para elas iniciarem e</p><p>concluírem suas atividades e,</p><p>principalmente, como a organização e a</p><p>ocupação desse espaço permitirão relações</p><p>entre as crianças e entre elas e os objetos.</p><p>Isso aponta para o entendimento de que essa</p><p>organização se constitui em um elemento</p><p>do currículo, já que, como afirmamos</p><p>anteriormente, a parceria com essa</p><p>organização será elemento fundamental nas</p><p>aprendizagens que as crianças construirão.</p><p>Sintetizando essa ideia, o modo como</p><p>organizamos o espaço estrutura</p><p>oportunidades para a aprendizagem por</p><p>meio das interações possíveis entre crianças</p><p>e objetos e entre elas. Com base nessa</p><p>compreensão, entende-se que o espaço</p><p>pode ser estimulante ou limitador de</p><p>aprendizagens, dependendo das estruturas</p><p>espaciais que estão postas e das linguagens</p><p>que ali estão representadas.</p><p>Quando se aborda a discussão acerca das</p><p>interações entre as crianças e, como</p><p>consequência, da importância do meio no</p><p>desenvolvimento humano, é imprescindível</p><p>buscar, nos aportes de Wallon (1989) e de</p><p>Vygotsky (1984), a legitimidade teórica</p><p>necessária.</p><p>A partir da perspectiva sócio-histórica de</p><p>desenvolvimento, ambos os teóricos</p><p>relacionam a afetividade, a linguagem e a</p><p>cognição às práticas sociais quando</p><p>discutem a psicologia humana no seu</p><p>enfoque psicológico. Segundo eles, o meio</p><p>social é fator preponderante no</p><p>desenvolvimento dos indivíduos, fazendo</p><p>parte constitutiva desse processo, o que nos</p><p>remete a pensar que, da imperícia e total</p><p>dependência de outros seres humanos, os</p><p>bebês percorrem uma fascinante e</p><p>desafiadora trajetória, que não transcorre de</p><p>forma linear. Ao contrário, é um percurso</p><p>carregado de emoções, desafios e</p><p>conquistas que avançam, retrocedem,</p><p>alargam-se e estreitam-se conforme as</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>60</p><p>mediações, as influências e a rede de</p><p>relacionamentos que se estabelecem em</p><p>torno dessa criança. São as chamadas redes</p><p>de significações, constituídas por um</p><p>conjunto de fatores físicos, sociais,</p><p>ideológicos e simbólicos próprios de cada</p><p>cultura e grupo social. Esse conceito foi</p><p>desenvolvido pela profa. Maria Clotilde</p><p>Rossetti-Ferreira e seu grupo de pesquisa na</p><p>Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto.</p><p>Adotando-se tais postulados como</p><p>norteadores, pode-se inferir que as crianças,</p><p>ao interagirem nesse meio e com outros</p><p>parceiros, aprendem por meio da própria</p><p>interação e imitação. Portanto, a forma</p><p>como organizamos o espaço será decisiva,</p><p>pois, quanto mais esse espaço for</p><p>desafiador e promover atividades conjuntas</p><p>entre parceiros, quanto mais permitir que as</p><p>crianças se descentrem da figura do adulto,</p><p>mais fortemente se constituirá como</p><p>propulsor de novas e significativas</p><p>aprendizagens.</p><p>A partir dessa referência teórica,</p><p>também podemos inferir que a ação</p><p>pedagógica descentra-se da figura do adulto</p><p>e passa a ser compartilhada pelo desafio</p><p>imposto pelo modo como disponibilizamos</p><p>móveis e objetos, bem como os materiais</p><p>destacando-se algumas</p><p>especificidades inerentes às modalidades da</p><p>Educação Básica, tais como a educação</p><p>especial, a educação indígena, a educação</p><p>prisional, a educação no/do campo. Dessa</p><p>forma, o autor sistematiza momentos</p><p>históricos do processo de escolarização,</p><p>evidenciando o quanto esta ampliação em</p><p>In: BATISTA, Cláudio Roberto (Org.). Inclusão e escolarização: múltiplas</p><p>perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>4</p><p>termos de anos de estudo tornou-se,</p><p>modernamente, a forma exemplar de</p><p>efetivação do direito à educação para as</p><p>classes menos privilegiadas e para os</p><p>grupos historicamente excluídos, não</p><p>necessariamente acompanhada da</p><p>ampliação do direito à qualidade da</p><p>educação ofertada.</p><p>É assim que, nas últimas décadas, vimos</p><p>surgir pareceres e resoluções, determinando</p><p>e orientando a operacionalização de</p><p>diretrizes curriculares nacionais para todas</p><p>as etapas e modalidades da Educação</p><p>Básica, evidenciando avanço legal e</p><p>conceitual no que se refere à garantia de</p><p>educação, considerados os diferentes</p><p>contextos e grupos atendidos. Some-se a</p><p>essa ampliação de grupos atendidos, uma</p><p>tendência forte de ampliação da carga</p><p>horária em direção à educação em tempo</p><p>integral.</p><p>No caso brasileiro, a educação constitui-</p><p>se em um direito de natureza obrigatória,</p><p>uma vez que a questão da obrigatoriedade</p><p>escolar atinge tanto o Estado, como ente</p><p>responsável pela oferta gratuita e laica,</p><p>quanto o aluno e sua família, os</p><p>destinatários de um direito caracterizado</p><p>como inalienável, assim destacado por</p><p>Duarte (2007)4.</p><p>A faixa etária de 0 até 6 anos é um dos</p><p>grupos recentemente abarcados pelo direito</p><p>ao acesso, a partir do dever do Estado para</p><p>com a oferta de atendimento às crianças e</p><p>suas famílias em creches e pré-escolas</p><p>decretado pela CF/88, significando o texto</p><p>constitucional um marco no</p><p>reconhecimento de tal direito. Oito anos</p><p>mais tarde, a LDBEN 9394/96 veio a</p><p>regulamentar a oferta de Educação Infantil</p><p>como primeira etapa da Educação Básica,</p><p>com unidade pedagógica própria, utilizando</p><p>as nomenclaturas Creche e Pré-Escola para</p><p>diferenciar exclusivamente os dois grupos</p><p>etários atendidos.</p><p>A faixa etária Creche, abrangendo o</p><p>atendimento às crianças de 0 até 3 anos foi</p><p>4 DUARTE, Clarice Seixas. A educação como um direito fundamental de</p><p>natureza social. Educação e Sociedade. Campinas, vol. 28, n.º 100 -</p><p>Especial. p. 691-713, out. 2007.</p><p>5CURY, Carlos Roberto Jamil. Plano Nacional de Educação: questões</p><p>incorporada como segmento inicial da</p><p>Educação Infantil, tendo seu status</p><p>educacional reconhecido em todos os</p><p>aspectos que a lei maior da educação</p><p>vigente determina como necessários para a</p><p>Educação Básica como um todo.</p><p>Exigências como a atuação de profissionais</p><p>com habilitação adequada, elaboração de</p><p>proposta pedagógica pelos</p><p>estabelecimentos de ensino e a efetivação</p><p>dos princípios de gestão democrática são</p><p>aspectos legais inerentes a toda a Educação</p><p>Infantil.</p><p>Cury (2011)5 destaca que o acesso a</p><p>creches, primeira etapa da educação</p><p>infantil, é muito baixo e está longe de ser</p><p>ampliado. A situação um pouco melhor da</p><p>pré-escola, segunda etapa da educação</p><p>infantil, ainda não absorve a demanda total</p><p>por vagas. E sabe-se, também, que essa</p><p>etapa é, em si, um ciclo próprio da vida e</p><p>premissa para outras etapas.</p><p>A despeito dos baixos índices de</p><p>atendimento, a obrigatoriedade de</p><p>matrícula na Pré-Escola não foi recebida de</p><p>maneira satisfatória pela comunidade da</p><p>área em função, também, de outros</p><p>aspectos. Especialistas nos estudos sobre a</p><p>infância pontuaram os riscos de uma</p><p>obrigatoriedade definida sem consulta à</p><p>sociedade e sem parâmetros claros para sua</p><p>operacionalização, no mesmo momento</p><p>histórico em que a maior parte dos</p><p>municípios brasileiros ainda se encontrava</p><p>implementando a ampliação do Ensino</p><p>Fundamental com ingresso a partir dos 6</p><p>anos de idade.</p><p>Exigências concretas referentes à</p><p>ampliação de prédios e à necessidade de</p><p>contratação de mais profissionais,</p><p>somaram-se às expectativas e dúvidas em</p><p>relação à organização curricular. A</p><p>vinculação deste processo de antecipação</p><p>da escolarização à concepção tradicional de</p><p>obrigatoriedade escolar poderia gerar</p><p>modelos curriculares por demais</p><p>escolarizantes, oferecendo a crianças tão</p><p>emblemáticas. In: PINO, Ivany R.; ZAN, Dirce D. Pacheco (orgs.). Plano</p><p>Nacional da Educação (PNE): questões desafiadoras e embates</p><p>emblemáticos. Brasília, DF, INEP -2013, p. 35.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>5</p><p>pequenas uma oportunidade educativa</p><p>inadequada e, quiçá, traumatizante.</p><p>Interfaces entre a Educação Infantil x</p><p>Educação Fundamental e um Currículo</p><p>Centrado na Criança</p><p>Atualmente, além da antecipação da</p><p>idade obrigatória para o ingresso na escola</p><p>a partir dos 4 anos de idade, conforme</p><p>Inciso I, do Art. 208 da Constituição</p><p>Federal de 1988, exigir arranjos e</p><p>adequações físicas, outras exigências de</p><p>caráter conceitual e metodológico precisam</p><p>ser retomadas e intensificadas, pois o que</p><p>está no centro da questão continua sendo a</p><p>concepção de infância e a de educação</p><p>básica que orientam a mudança.</p><p>Se do ponto de vista organizacional a</p><p>Educação Infantil e o Ensino Fundamental</p><p>são etapas distintas, tendo em vista suas</p><p>finalidades educativas estabelecidas na</p><p>LDB e nas Diretrizes Curriculares</p><p>Nacionais Gerais para a Educação Básica e</p><p>também nas Diretrizes Específicas para</p><p>cada etapa, do ponto de vista pedagógico</p><p>continuam indissociáveis.</p><p>Isso ocorre, sendo Silva (2010)6 “[...]</p><p>pois os objetos de conhecimento que levam</p><p>a criança à elaboração de conceitos devem</p><p>continuar sendo trabalhados de forma</p><p>gradativa, integrada e articulada com as</p><p>características de seu desenvolvimento,</p><p>com sua história pessoal e com sua</p><p>trajetória escolar”.</p><p>Ainda hoje, quando participamos de</p><p>encontros com professores ou outros</p><p>profissionais ligados à educação escolar</p><p>somos instados a responder questões</p><p>direcionadas por preocupações com quais</p><p>atividades oferecer às crianças de tal ou</p><p>qual idade. Esse tipo de indagação se</p><p>fortaleceu, sobretudo, no momento da</p><p>ampliação do Ensino Fundamental, quando</p><p>o vocábulo articulação passou a ser</p><p>enfatizado como o melhor caminho</p><p>metodológico para a acolhida das crianças</p><p>de 6 anos de idade no novo Ensino</p><p>6 SILVA, Maria Beatriz Gomes da. O Ensino Fundamental de nove anos. In:</p><p>DALLA ZEN, Maria Isabel H.; XAVIER, Maria Luisa M. (orgs.). Alfabeletrar:</p><p>fundamentos e práticas. Porto Alegre: Mediação, 2010.</p><p>Fundamental.</p><p>Nesse caso, a chamada articulação na</p><p>passagem da Pré-Escola para o Ensino</p><p>Fundamental foi interpretada de várias</p><p>formas, mas que resumimos, aqui, em duas.</p><p>A) A primeira se refere à simples adoção</p><p>das práticas da Educação Infantil no novo</p><p>primeiro ano do Ensino Fundamental com</p><p>alguns arranjos organizacionais, como se</p><p>fosse “uma pré-escola melhorada” ou,</p><p>ainda, “uma pré-escola mais forte”;</p><p>B) A outra se refere à reprodução dos</p><p>métodos da primeira série do Ensino</p><p>Fundamental de oito anos de duração,</p><p>quando o ingresso ocorria por volta dos sete</p><p>anos de idade, agora para crianças com 6</p><p>anos de idade, às vezes incompletos.</p><p>Argumentos em defesa dos dois</p><p>posicionamentos não faltam, os que</p><p>defendem a simples transposição das</p><p>práticas da Pré-Escola para o novo primeiro</p><p>ano, afirmam que, dessa forma, a criança</p><p>manterá a sensação e a experiência lúdica</p><p>características dessa etapa, sem dar-se</p><p>conta de que está sendo ensinada; Os que</p><p>defendem a reprodução antecipada dos</p><p>chamados métodos de alfabetização,</p><p>afirmam que as crianças de hoje,</p><p>influenciadas pela televisão e pelo</p><p>computador, já chegam à escola sabendo</p><p>muitas coisas e não há porque perder</p><p>tempo.</p><p>Cabe também lembrar que a própria</p><p>sociedade contemporânea incentiva e</p><p>promove uma aceleração do ingresso das</p><p>crianças</p><p>aí</p><p>colocados. Certamente, deverá haver uma</p><p>intencionalidade dos educadores na seleção</p><p>desses materiais, tendo, como norte, as</p><p>características do grupo de crianças, a sua</p><p>faixa etária, a cultura na qual estão</p><p>inseridas, suas necessidades e seus</p><p>interesses e as diferentes linguagens a</p><p>serem construídas.</p><p>Portanto, o planejamento do professor</p><p>no que diz respeito à seleção de materiais</p><p>deverá ser cuidadoso e rigoroso. Por</p><p>exemplo, não serão colocados livros</p><p>aleatoriamente na estante: a seleção dos</p><p>jogos obedecerá a critérios relativos à faixa</p><p>etária e às diferentes linguagens, os</p><p>materiais grafoplásticos serão variados,</p><p>atraentes e compatíveis com a idade das</p><p>crianças.</p><p>Quais características, então, esses</p><p>espaços e ambientes deverão ter para dar</p><p>conta disso? Quais materiais serão mais</p><p>instigantes e significativos para interações</p><p>qualificadas e aprendizagens prazerosas?</p><p>Inicialmente, é necessário referir que, à</p><p>medida que crescem, as crianças vão</p><p>estabelecendo relações novas e cada vez</p><p>mais complexas, fruto de importantes</p><p>modificações no plano mental e social.</p><p>Quando se pensa nos espaços para bebês,</p><p>sua organização certamente deverá dar</p><p>conta das necessidades de ampla</p><p>movimentação, interação física com os</p><p>objetos, interação sensório-motora,</p><p>aconchego e segurança oferecidos pelo</p><p>adulto. Os espaços deverão possibilitar,</p><p>portanto, a exploração por meio de todos os</p><p>sentidos, a descoberta de características e</p><p>relações dos objetos ou materiais mediante</p><p>experiência direta, manipulação,</p><p>transformação e combinação de materiais</p><p>variados, a utilização do corpo com</p><p>propriedade, a interação com outras</p><p>crianças, enfim, a oportunidade de construir</p><p>a própria autonomia na resolução de suas</p><p>necessidades.</p><p>A harmonia das cores, das luzes, do</p><p>equilíbrio entre móveis e objetos, assim</p><p>como da decoração da sala, influenciará a</p><p>sensibilidade estética das crianças, ao</p><p>mesmo tempo em que permitirá que elas se</p><p>apropriem dos objetos da cultura na qual</p><p>estão inseridas. Assim, ações simples,</p><p>como a de colocar móbiles coloridos,</p><p>propiciar a audição de músicas relaxantes,</p><p>pendurar objetos em elásticos desde o teto,</p><p>prender folhas secas em fios de nylon,</p><p>colocar tiras de papel que se movem com o</p><p>ar e colocar cortinas em esconderijos,</p><p>podem ser excelentes auxiliares nessas</p><p>construções.</p><p>Para as crianças maiores, outros móveis,</p><p>objetos e acessórios tornam-se</p><p>indispensáveis para povoar o espaço. É</p><p>necessário pensar em novas nuances e</p><p>possibilidades de ação no ambiente que</p><p>constroem, como mesas adequadas para</p><p>pintar e desenhar, caixas com diferentes</p><p>tipos de tintas, pincéis, colas, tesouras,</p><p>papéis de diversos formatos, texturas e</p><p>tamanhos, livros de histórias, baús com</p><p>roupas e fantasias. Com isso, pretendemos</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>61</p><p>destacar que o espaço para crianças não será</p><p>sempre o mesmo. Suas necessidades físicas,</p><p>sociais e intelectuais, ao se modificarem,</p><p>incidem em modificações também no meio</p><p>em que estão inseridas.</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de Louveira/SP –</p><p>Professor de Ensino Básico – Avança SP</p><p>- 2020) No que se refere ao espaço físico e</p><p>materiais, analise os itens a seguir e, ao</p><p>final, assinale a alternativa correta:</p><p>I – Os materiais constituem um</p><p>instrumento importante, porém, somente</p><p>para a socialização da criança, não</p><p>contribuindo significativamente para seu</p><p>desenvolvimento cognitivo.</p><p>II – O espaço na instituição de Educação</p><p>Infantil deve propiciar condições para que</p><p>as crianças possam usufrui-lo em prol de</p><p>seu desenvolvimento e aprendizagem.</p><p>III – Materiais, brinquedos e o espaço</p><p>físico são elementos passivos no processo</p><p>educacional.</p><p>A - Apenas o item I é verdadeiro.</p><p>B - Apenas o item II é verdadeiro.</p><p>C - Apenas o item III é verdadeiro.</p><p>D - Apenas os itens I e III são</p><p>verdadeiros.</p><p>E - Todos os itens são verdadeiros.</p><p>02. (Prefeitura de Palhoça/SC –</p><p>Professor de Educação Infantil – IESES</p><p>- 2021) Assinale a alternativa</p><p>INCORRETA no que diz respeito à</p><p>organização da Educação Infantil:</p><p>A - Para se organizar o cotidiano das</p><p>crianças da Educação Infantil se faz</p><p>necessário antes de tudo, conhecer o grupo</p><p>de crianças com os quais se irá trabalhar e</p><p>consequentemente partir para o</p><p>estabelecimento de uma sequência de</p><p>atividades diárias conforme as necessidades</p><p>delas.</p><p>B - Uma proposta pedagógica para o</p><p>trabalho com as crianças envolveria a</p><p>organização de diferentes atividades com</p><p>17 SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Hábitos de higiene que toda criança</p><p>deve ter na escola"; Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/saude-</p><p>variados materiais e em espaços físicos</p><p>determinados para cada grupo de crianças.</p><p>C - A organização do trabalho</p><p>pedagógico na Educação Infantil deve ser</p><p>orientada pelo princípio básico de procurar</p><p>proporcionar, à criança, a capacidade de</p><p>construir as suas próprias regras e meios de</p><p>ação, que sejam flexíveis e que não possam</p><p>ser negociadas com outras pessoas, sejam</p><p>eles adultos ou crianças.</p><p>D - O Referencial Curricular Nacional</p><p>para a Educação (RCNEI) traz orientações</p><p>sobre como organizar o trabalho didático</p><p>com a criança de 0 a 5 anos de idade, para</p><p>o estabelecimento da rotina.</p><p>Alternativas</p><p>01 – B | 02 – C</p><p>NOÇÕES SOBRE HIGIENE E</p><p>LIMPEZA DO AMBIENTE ESCOLAR</p><p>A fim de assegurar-se a saúde das</p><p>crianças ao frequentarem as aulas,</p><p>separamos, a seguir, os principais hábitos</p><p>de higiene que toda criança deve ter na</p><p>escola. Como sabemos, a escola é um local</p><p>de aglomeração de pessoas, e, devido a esse</p><p>fator, as crianças em idade escolar</p><p>frequentemente são acometidas por</p><p>doenças que contraíram nesse ambiente.</p><p>Algumas dessas patologias podem ser</p><p>evitadas se as crianças adotarem hábitos de</p><p>higiene adequados no ambiente escolar17.</p><p>Hábitos de higiene que toda criança</p><p>deve ter na escola</p><p>Na escola, devemos ter em mente que</p><p>estamos em contato com várias pessoas e</p><p>que algumas delas podem estar doentes,</p><p>na-escola/habitos-de-higiene-que-toda-crianca-deve-ter-na-escola.htm.</p><p>Visitado em 12.10.2022.</p><p>Conhecimento da organização e da</p><p>conservação dos maternais e do ambiente</p><p>da creche e da pré-escola; noções básicas</p><p>de assepsia, desinfecção e esterilização do</p><p>ambiente</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>62</p><p>portanto, temos que tomar precaução para</p><p>evitar contaminações. Além disso, não</p><p>podemos esquecer-nos dos hábitos básicos</p><p>de higiene, os quais devem ser adotados</p><p>tanto em casa quanto em outros locais.</p><p>Lavar sempre as mãos</p><p>Lavar as mãos está entre os hábitos mais</p><p>importantes na prevenção de doenças. Isso</p><p>porque nossas mãos estão em contato</p><p>constante com superfícies que podem estar</p><p>contaminadas. Ao tocarmos essas</p><p>superfícies e entrarmos em contato com</p><p>mucosas, pelos olhos, nariz e boca,</p><p>podemos propiciar o desenvolvimento de</p><p>infecções. Além disso, podemos</p><p>contaminar nossos alimentos ao comermos</p><p>com as mãos sujas. Desse modo, é</p><p>importante adotarmos o hábito de lavá-las</p><p>com frequência.</p><p>Nas escolas devemos estar atentos à</p><p>lavagem das mãos, principalmente, antes de</p><p>lanchar e após usar o banheiro. Além disso,</p><p>caso tenha um ferimento, é importante não</p><p>tocá-lo sem antes higienizar as mãos.</p><p>Adotar a etiqueta respiratória</p><p>Etiqueta respiratória ou etiqueta da tosse</p><p>são medidas simples que podem ajudar a</p><p>minimizar a transmissão de doenças. Trata-</p><p>se de tampar a boca e o nariz com um lenço</p><p>sempre que tossir ou espirrar ou, caso não</p><p>esteja com um lenço em mãos, tossir ou</p><p>espirrar no antebraço.</p><p>Apesar de muitas pessoas utilizarem a</p><p>mão para conter o espirro ou a tosse, esse</p><p>hábito não é recomendado, pois as mãos</p><p>podem contaminar superfícies, por</p><p>exemplo, tornando-se grandes veículos de</p><p>transmissão de doenças. Além disso, é</p><p>importante que, após utilizar o lenço, este</p><p>seja descartado adequada e imediatamente.</p><p>Vale</p><p>destacar que se a criança apresenta</p><p>febre ou tenha o diagnóstico confirmado de</p><p>alguma doença contagiosa, o recomendado</p><p>é que ela fique em casa. Além de ser</p><p>fundamental para que ela se recupere, essa</p><p>atitude ajuda a proteger a comunidade</p><p>escolar.</p><p>Alimentar-se em local adequado e</p><p>limpo</p><p>O momento de comer é um muito</p><p>importante, portanto, alguns cuidados</p><p>devem ser tomados. O primeiro deles, já</p><p>citado, é lembrar-se de sempre lavar as</p><p>mãos. Entretanto, não basta estar com as</p><p>mãos limpas e alimentar-se em um local</p><p>inadequado e sujo. Enquanto come, a</p><p>criança pode tocar em superfícies sujas e</p><p>acabar contaminando seu alimento, o que</p><p>pode acarretar o desenvolvimento de</p><p>doenças.</p><p>Não compartilhar objetos de uso</p><p>pessoal</p><p>É muito comum entre as crianças o</p><p>compartilhamento de objetos de uso</p><p>pessoal, tais como copos, garrafinhas de</p><p>água ou mesmo um frasco de refrigerante</p><p>ou suco. Esse hábito, apesar de parecer</p><p>inofensivo para elas, pode ser responsável</p><p>por desencadear doenças. A gripe H1N1,</p><p>por exemplo, pode ser transmitida dessa</p><p>forma, bem como a amidalite e a herpes.</p><p>Descartar o lixo em local adequado</p><p>Ao descartamos o lixo em local</p><p>adequado, asseguramos um ambiente</p><p>saudável para todos que circulam por</p><p>aquele local. O acúmulo de lixo pode ser</p><p>responsável por atrair animais vetores de</p><p>doenças, como mosquitos, baratas e ratos.</p><p>Além disso, alguns objetos descartados</p><p>podem ser responsáveis por causar</p><p>acidentes.</p><p>Além das dicas citadas, que se referem a</p><p>hábitos adotados no ambiente escolar, é</p><p>importante que a criança preocupe-se</p><p>sempre com sua higiene pessoal antes de ir</p><p>para a escola. Usar roupas e calçados</p><p>limpos, tomar banho todos os dias e escovar</p><p>os dentes são hábitos importantes que</p><p>devem fazer parte da rotina da criança e que</p><p>estão diretamente relacionados com uma</p><p>vida mais saudável.</p><p>Higiene e educação</p><p>As doenças causadas pela água de má</p><p>qualidade matam uma criança a cada 15</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>63</p><p>segundos. Quem nos dá essa má notícia é o</p><p>Fundo das nações Unidas para a infância</p><p>(Unicef), uma agência das Nações Unidas</p><p>que busca promover a defesa dos direitos</p><p>das crianças em 158 países e é a única</p><p>organização mundial que se dedica</p><p>especificamente às crianças. Por isso</p><p>mesmo, torna-se preocupante quando o</p><p>Unicef afirma que essas doenças que</p><p>chegam pela água estão associadas a muitas</p><p>outras e, também, à má nutrição18.</p><p>São muitos os lugares do mundo nos</p><p>quais os alunos faltam às aulas ou saem da</p><p>escola por causa dessas doenças que vêm na</p><p>água que bebem. As mãos sujas por falta</p><p>d’água também causam problemas do</p><p>mesmo tipo. Crianças são as principais</p><p>vítimas das baixas condições de higiene em</p><p>um mundo onde centenas de milhões de</p><p>pessoas lutam pela sobrevivência.</p><p>Sem água de qualidade para consumo e</p><p>sem acesso a instalações sanitárias</p><p>mínimas, as diarréias comuns afetam as</p><p>crianças menores de 5 anos das</p><p>comunidades carentes em todo o mundo.</p><p>Diariamente, mais do que a maioria das</p><p>doenças, essas diarréias matam muitas</p><p>crianças. Elas são a segunda causa da</p><p>mortalidade infantil no planeta, causando a</p><p>morte de aproximadamente 4.500 crianças</p><p>por dia.</p><p>A qualidade da educação é</p><p>profundamente ligada à disponibilidade de</p><p>água potável, por conta da importância da</p><p>higiene. As doenças consomem energia das</p><p>crianças e, conseqüentemente, diminuem</p><p>fortemente sua capacidade de</p><p>aprendizagem. A falta de instalações</p><p>sanitárias adequadas nas escolas é um</p><p>obstáculo a mais para crianças que buscam</p><p>escapar da pobreza. Por causa de doenças</p><p>que podem até levar à morte, as</p><p>comunidades pobres diminuem a</p><p>perspectiva de construírem um futuro</p><p>melhor para seus filhos, mesmo</p><p>matriculandoos em escolas. Daí a</p><p>importância de não somente os prédios</p><p>18 Higiene e Segurança nas Escolas. Ministro da Educação. Secretária de</p><p>Educação Básica. Diretoria de Políticas de Formação, Materiais</p><p>Didáticos e Tecnologias para a Educação Básica.</p><p>escolares serem higiênicos e servidos por</p><p>água potável, como também de a proposta</p><p>pedagógica incluir a educação ambiental e</p><p>sanitária dos estudantes, com extensão às</p><p>suas famílias e residências.</p><p>Caso contrário, o subdesenvolvimento</p><p>torna-se crônico. Isso quer dizer que essa</p><p>pobreza é uma conseqüência do fato de que</p><p>as crianças continuarão morrendo cedo,</p><p>crescendo fracas. As péssimas condições</p><p>dos países em desenvolvimento fazem com</p><p>que os dias “perdidos” na escola e no</p><p>trabalho representem uma perda de</p><p>produtividade anual de bilhões de dólares.</p><p>Nos países da América Latina existem</p><p>imensas desigualdades nos serviços de água</p><p>e saneamento. É possível constatar essas</p><p>desigualdades tanto entre as regiões de cada</p><p>país, quanto entre os vários países da</p><p>região. Os serviços de água e saneamento</p><p>são muito piores para as crianças nas áreas</p><p>rurais do que para as que vivem nas cidades.</p><p>Em toda a região, a pobreza e a exclusão</p><p>social significam que os grupos indígenas e</p><p>minoritários são privados, em muito maior</p><p>escala, do seu direito a estes serviços.</p><p>A saúde, conforme é entendida pela</p><p>Organização Mundial de Saúde (OMS), é</p><p>um estado de completo bem-estar. Isso</p><p>significa estar bem nos aspectos físico,</p><p>mental e social. Em outras palavras, saúde</p><p>não é apenas a ausência de doenças e, sim,</p><p>um bem que pertence ao indivíduo e à</p><p>coletividade. É, também, relacionada com a</p><p>qualidade de vida da sua comunidade e de</p><p>sua família. A legislação brasileira deixa</p><p>claro que a saúde é um direito de todos e um</p><p>dever do Estado (Constituição Federal,</p><p>artigo 196), a ser garantida por meio de</p><p>políticas sociais e econômicas.</p><p>Indiretamente, portanto, a legislação está</p><p>falando da higiene e da educação.</p><p>A Organização Mundial da Saúde</p><p>(OMS) é uma agência especializada em</p><p>saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e</p><p>subordinada à Organização das Nações</p><p>Unidas. Sua sede é em Genebra, na Suíça.</p><p>http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/higiene.pdf. Visitado</p><p>em 12.10.2022.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>64</p><p>A OMS tem por objetivo desenvolver ao</p><p>máximo possível o nível de saúde de todos</p><p>os povos.</p><p>A educação deve ser um fator de</p><p>promoção e proteção à saúde, bem como</p><p>estimular a criação de estratégias para a</p><p>conquista dos direitos de cidadania. Sendo</p><p>assim, a escola deve ajudar a capacitar os</p><p>indivíduos para uma vida mais saudável. A</p><p>educação não deve se limitar a apenas</p><p>informar, pois somente se tornará efetiva</p><p>quando promover mudanças de</p><p>comportamentos. A comunidade escolar</p><p>não deve apenas contribuir para que os</p><p>alunos adquiram conhecimentos</p><p>relacionados com a saúde. Uma coisa seria</p><p>ensinar higiene e saúde. Outra coisa é agir</p><p>no sentido de que todos os que estão no</p><p>ambiente escolar adquiram, reforcem ou</p><p>melhorem hábitos, atitudes e</p><p>conhecimentos relacionados com higiene e</p><p>saúde.</p><p>A comunidade escolar deve discutir a</p><p>relação entre higiene, saúde e condição de</p><p>vida. Como é um direito da população viver</p><p>em condições adequadas de higiene e</p><p>saúde, a educação deve ser capaz de alterar</p><p>os hábitos e os comportamentos dos</p><p>cidadãos. A prática educativa deve</p><p>abranger toda a comuni dade escolar, uma</p><p>vez que devemos estar em condições de</p><p>reivindicar nossos direitos. É preciso</p><p>aumentar a competência dos indivíduos</p><p>para tomar decisões em todos os setores em</p><p>que a participação das comunidades é</p><p>fundamental. A comunidade escolar deve</p><p>ser preparada para discutir as relações entre</p><p>saúde, higiene e alimentação, levando em</p><p>consideração as condições de vida e os</p><p>direitos dos cidadãos. Feita de maneira</p><p>crítica e contextualizada, a difusão dos</p><p>conhecimentos sobre esse tema beneficia</p><p>toda a comunidade.</p><p>Uma pesquisa realizada pela Escola</p><p>Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”</p><p>(USP/Esalq), em Piracicaba, SP, no intuito</p><p>de levantar dados quanto à aceitação da</p><p>merenda escolar</p><p>que é oferecida aos alunos</p><p>mostrou resultados interessantes.</p><p>Aproximadamente 33,6% dos escolares da</p><p>amostra pertencem a famílias cuja renda</p><p>familiar per capita não atinge o salário-</p><p>mínimo. Mas, mesmo entre os alunos que</p><p>participam do programa, 66,2% declararam</p><p>rejeitar alguns pratos e, em geral, os</p><p>estudantes optam pela refeição gratuita</p><p>somente quando são atendidos em suas</p><p>preferências. Os motivos mais citados para</p><p>a recusa da merenda escolar foram: “não</p><p>gosto” (40,1%), “não tenho vontade/fome”</p><p>(30,4%), “trago lanche de casa” (5,5%),</p><p>“compro lanche na cantina” (6,3%) e</p><p>“tenho nojo” (5,9%).</p><p>À primeira vista, parece que somente a</p><p>resposta “tenho nojo” tem a ver com</p><p>higiene. Mas, pensando bem, podemos</p><p>considerar bem provável que muitos alunos</p><p>que responderam “não gosto”, “trago</p><p>lanche de casa” ou “compro lanche na</p><p>cantina” talvez façam esse tipo de escolha</p><p>por causa da higiene também. E,</p><p>certamente, por motivos de falta de</p><p>educação alimentar e de planejamento</p><p>científico dos cardápios. Ainda mais que</p><p>25% dos alunos reclamaram das</p><p>características do refeitório e 20% rejeitam</p><p>talheres, copos e canecas, feitos de plástico,</p><p>que são criticados (22%) por conta do</p><p>cheiro que apresentam com o passar do</p><p>tempo. Os pratos, feitos de polipropileno,</p><p>foram rejeitados por cerca de 60% dos</p><p>entrevistados e 13,4% condenaram as</p><p>condições de higiene do refeitório. A</p><p>maioria dos alunos declarou que adquire</p><p>alimentos na cantina mesmo quando</p><p>consomem a merenda.</p><p>Um estabelecimento que vende ou</p><p>distribui alimentos, como a cantina escolar,</p><p>está sujeito às normas sanitárias. Essas</p><p>normas exigem a presença de um</p><p>responsável técnico pelo estabelecimento e</p><p>pelo uso de práticas adequadas, tanto para</p><p>lidar com os alimentos, quanto com a</p><p>higiene pessoal, bem como o correto</p><p>armazenamento de produtos e descarte de</p><p>lixo. E quando o estabelecimento de ensino</p><p>permite que terceiros explorem sua cantina,</p><p>também é responsável por ela.</p><p>A higiene alimentar protege os</p><p>alimentos contra contaminações que podem</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>65</p><p>ser ocasionadas por organismos</p><p>minúsculos, como as bactérias e as</p><p>substâncias químicas tóxicas ou venenosas.</p><p>Os cuidados no preparo dos alimentos -</p><p>lavagem cuidadosa e cozimento adequado,</p><p>por exemplo - são capazes de eliminar</p><p>organismos causadores de doenças sérias.</p><p>Por isso mesmo, quem manipula</p><p>alimentos deve se preocupar muito com a</p><p>higiene. E estamos falando, também, da</p><p>higiene pessoal. Afinal, as bactérias podem</p><p>chegar aos alimentos por meio de mãos,</p><p>braços, rosto e cabelos mal-lavados. Essas</p><p>pessoas devem conhecer muito bem os</p><p>procedimentos de higiene alimentar e de</p><p>higiene pessoal, além das causas e das</p><p>consequências de uma intoxicação</p><p>alimentar. Devem, acima de tudo, ter</p><p>consciência da sua responsabilidade com</p><p>uma permanente busca de um perfeito</p><p>manuseio dos alimentos.</p><p>A falta de higiene em um</p><p>estabelecimento de ensino pode causar a</p><p>interdição da cantina e, consequentemente,</p><p>a demissão de funcionários do</p><p>estabelecimento. A lei permite que sejam</p><p>aplicadas multas pesadas para os</p><p>proprietários e prevê o pagamento de</p><p>indenizações às vítimas. Sempre é bom</p><p>lembrar que a propagação de epidemias</p><p>pode ser facilitada pela falta de higiene e a</p><p>escola não é uma exceção. Ao contrário,</p><p>pelas aglomerações comuns nos pátios e</p><p>nas salas de aulas, a falta de cuidados com</p><p>a higiene pessoal, alimentar e das</p><p>instalações escolares pode ajudar uma</p><p>doença a espalhar-se. Pode causar, até</p><p>mesmo, mortes na escola e fora dela.</p><p>A escola que possui condições sanitárias</p><p>adequadas torna-se um modelo para os</p><p>alunos. E não só para eles. Professores,</p><p>funcionários e toda a comunidade são</p><p>influenciados pelo exemplo da escola.</p><p>Contudo, para que sejam obtidos bons</p><p>resultados é preciso mudar hábitos, dando</p><p>prioridades à combinação de educação, à</p><p>higiene e ao saneamento. Para isso, a</p><p>disponibilidade e a manutenção dos</p><p>equipamentos escolares são essenciais.</p><p>Um bom programa de saneamento e</p><p>higiene escolar deve incluir o uso e a</p><p>manutenção adequada das instalações,</p><p>assim como a melhoria das instalações</p><p>sanitárias. Isso implica a incorporação dos</p><p>funcionários na definição de metas a serem</p><p>atingidas, na elaboração de atividades a</p><p>serem executadas, na implementação e na</p><p>manutenção do programa.</p><p>Especial cuidado se deve ter com a</p><p>correta destinação do lixo produzido na</p><p>escola. O ideal é a coleta seletiva, diária no</p><p>caso dos “orgânicos”. O entorno da escola</p><p>deve ser conservado limpo, como exemplo</p><p>para a comunidade. “Xô mato, xô entulho!”</p><p>Higiene no trabalho do funcionário</p><p>As ações que praticamos para manter a</p><p>saúde física e mental e prevenir doenças</p><p>formam, em seu conjunto, aquilo que, de</p><p>modo simplificado, se pode chamar de</p><p>higiene. Desse modo, falar sobre os hábitos</p><p>higiênicos do funcionário em seu ambiente</p><p>de trabalho é, com certeza, falar sobre os</p><p>hábitos de higiene pessoal do indivíduo.</p><p>Qualquer trabalhador é, também, cidadão.</p><p>Não porque more em uma cidade, mas</p><p>porque ele possui direitos e deveres que são</p><p>definidos pelas leis do seu país.</p><p>Conforme já foi dito aqui, a saúde é um</p><p>estado de completo bem-estar, ou seja, estar</p><p>bem nos aspectos físico, mental e social. Ao</p><p>contrário do que muita gente pensa, a saúde</p><p>é um bem que pertence ao indivíduo e à</p><p>coletividade, fundamentalmente ligada à</p><p>qualidade de vida das comunidades e das</p><p>famílias. O direito constitucional à saúde</p><p>deve ser garantido ao cidadão, mas,</p><p>também, pelo cidadão.</p><p>Portanto, se, por um lado, cada brasileiro</p><p>tem garantido seu direito à saúde no texto</p><p>da nossa Constituição, que deve ser</p><p>materializado por meio de boas políticas</p><p>sociais e econômicas, por outro lado, ele,</p><p>cidadão brasileiro, deve fazer sua parte. É</p><p>isso mesmo, pois a higiene pessoal é uma</p><p>contribuição do indivíduo para o bem-estar</p><p>da família, da coletividade e da sociedade</p><p>como um todo.</p><p>Muitos microorganismos habitam nosso</p><p>corpo. Uns são úteis para a nossa saúde,</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>66</p><p>outros são nocivos. É possível que alguns</p><p>que são úteis passem a ser nocivos,</p><p>dependendo das condições internas e</p><p>externas ao nosso organismo. O contrário</p><p>também é possível. Tudo depende da</p><p>manutenção de um equilíbrio entre a mente</p><p>e o corpo. Por isso, é necessário dar especial</p><p>atenção às boas práticas de higiene e ao</p><p>bom comportamento pessoal, pois, desse</p><p>modo, estaremos cuidando do nosso</p><p>interior e do nosso exterior. Afinal, sempre</p><p>faremos parte do mundo exterior de outras</p><p>pessoas.</p><p>Para que possamos fazer a nossa parte,</p><p>devemos:</p><p>Usar Sempre Roupas Limpas:</p><p>Você não imagina quantos</p><p>microorganismos nocivos uma vestimenta</p><p>de qualquer natureza pode carregar.</p><p>Recentemente, em um programa de TV,1</p><p>uma reportagem alertou os espectadores</p><p>quanto ao perigo representado pelo hábito</p><p>que muitos profissionais da saúde têm de</p><p>sair do hospital usando o mesmo jaleco com</p><p>o qual trabalham. A reportagem mostrou</p><p>que aquela peça do uniforme profissional</p><p>pode carregar microorganismos altamente</p><p>nocivos à saúde. A coisa é tão séria que o</p><p>governo britânico vai proibir os médicos do</p><p>Reino Unido de usarem jalecos de manga</p><p>comprida, gravatas, relógios e jóias.</p><p>O programa mostrou que, na prática,</p><p>bactérias e outros agentes microscópicos de</p><p>doenças pegam “carona” na roupa,</p><p>principalmente nas mangas e nos bolsos do</p><p>jaleco. O mau hábito pode fazer com que</p><p>doenças cheguem tanto da rua para os</p><p>pacientes do hospital quanto do hospital</p><p>para pessoas fora dele. Você pode pensar:</p><p>“Ah, mas isso é no hospital, onde há muita</p><p>gente que já está fraquinha e, por isso,</p><p>vulnerável às infecções”. E, na escola, na</p><p>sua casa, no ônibus, nas calçadas, nos</p><p>elevadores, nos shoppings? Será que você</p><p>tem condição de saber quando alguém está</p><p>mais frágil, a ponto de pegar uma</p><p>doença</p><p>transmitida por um microorganismo que</p><p>você carrega na sua roupa? Lembre-se que</p><p>existem bactérias muito resistentes a</p><p>antibióticos, capazes de causar otites,</p><p>faringites ou até pneumonia. E elas podem</p><p>estar nas suas roupas!</p><p>Usar Calçados Adequados:</p><p>Isso depende da função que o</p><p>profissional exerce. Para aqueles que</p><p>manipulam alimentos, por exemplo, é</p><p>importantíssimo o asseio e os bons hábitos</p><p>de higiene. Eles devem sempre estar com</p><p>uniforme de cor clara, proteção na cabeça,</p><p>unhas aparadas e sem esmalte, sem</p><p>relógios, sem pulseiras e, entre outras</p><p>coisas, usando calçados fechados. Porém,</p><p>essa prática pode causar problemas quanto</p><p>à higiene dos pés. Isso porque, com o uso</p><p>prolongado de calçados fechados, a</p><p>umidade e o calor podem contribuir para o</p><p>surgimento de microorganismos nocivos,</p><p>principalmente fungos, causadores das</p><p>frieiras e micoses.</p><p>O pé precisa respirar. O popular chulé,</p><p>que os médicos chamam de bromidrose</p><p>plantar, é causado pelo suor excessivo na</p><p>planta dos pés e agravado pela falta de</p><p>higiene. Os adolescentes sofrem mais com</p><p>o chulé, mas ele é democrático. Para chulé</p><p>não há diferença de sexo, idade, condição</p><p>financeira ou grau de instrução. O excesso</p><p>de suor nos pés pode estar relacionado com</p><p>doenças, como hipertiroidismo, diabetes e</p><p>obesidade. Muitas vezes, o chulé vem</p><p>acompanhado de micoses, alergias e</p><p>eczemas.</p><p>Esse mau cheiro é o resultado da ação de</p><p>bactérias que se alimentam do suor e de</p><p>materiais que estão em cima da pele. Para</p><p>ficar livre do chulé, é preciso lavar muito</p><p>bem os pés todos os dias e enxugá-los</p><p>totalmente antes de colocar as meias, que</p><p>devem ser trocadas diariamente. Devemos</p><p>secar os pés completamente, inclusive entre</p><p>os dedos, e usar meias de algodão, pois elas</p><p>não retêm o suor. E atenção: se não quiser</p><p>ter chulé, jamais use sapatos sem meias.</p><p>Outra coisa: se o seu calçado já tem chulé,</p><p>danou-se! Quando o mau cheiro chega ao</p><p>calçado, é melhor livrar-se dele. Lave</p><p>sempre seu calçado e deixe-o secar</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>67</p><p>totalmente, de preferência ao sol, pelo</p><p>menos uma vez por mês.</p><p>Manter as Mãos Sempre Limpas e as</p><p>Unhas Curtas</p><p>Mãos sujas e unhas mal-cuidadas</p><p>transmitem doenças, como, por exemplo,</p><p>verminoses. Verminoses são doenças</p><p>causadas por vermes e protozoários. Esses</p><p>visitantes indesejáveis costumam entrar no</p><p>nosso organismo e, pior, permanecer</p><p>durante todo o tempo, causando muitas</p><p>doenças. A contaminação ocorre de várias</p><p>formas. As principais são a ingestão de</p><p>alimentos ou água contaminada e a</p><p>penetração na pele através de pequenos</p><p>ferimentos. Unhas sujas e mal-tratadas são</p><p>muito interessantes para esses sujeitos.</p><p>O número de casos dessas doenças é</p><p>sempre bem maior nas áreas de baixas</p><p>condições socioeconômicas e carência de</p><p>saneamento básico. Por isso, devemos</p><p>exigir das autoridades que essas</p><p>deficiências sejam eliminadas. Porém,</p><p>temos de, mais uma vez, fazer a nossa parte.</p><p>Devemos lavar bem as mãos sempre que</p><p>usar o banheiro e antes das refeições.</p><p>Conservar as mãos sempre limpas, as unhas</p><p>aparadas e evitar colocar a mão na boca.</p><p>Beber somente água filtrada ou fervida.</p><p>Lavar bem os alimentos antes do preparo,</p><p>principalmente aqueles consumidos crus.</p><p>Andar calçados, mantendo a casa e o</p><p>terreno em volta dela limpos, evitando a</p><p>presença de moscas e outros insetos. Comer</p><p>apenas carne bem passada. Não deixar as</p><p>crianças brincarem em terrenos baldios,</p><p>com lixo ou água poluída. Comer somente</p><p>em lugares limpos e higiênicos.</p><p>Tudo isso e mais: o aspecto das unhas</p><p>conta na apresentação de qualquer pessoa,</p><p>especialmente no caso das mulheres. Os</p><p>problemas que afetam as unhas e as</p><p>cutículas, apesar de, na maioria das vezes,</p><p>não serem graves, provocam desconforto e</p><p>preocupação, pois são indícios da falta de</p><p>asseio, além de ser um indicativo de como</p><p>“anda” a saúde. Na ânsia de manter as</p><p>cutículas bem aparadas, muitas mulheres</p><p>acabam exagerando no cuidado ou fazendo-</p><p>o de maneira inadequada, causando</p><p>inflamações, irritações e até</p><p>enfraquecimento das unhas e deformidades.</p><p>Tomar Banho Diariamente:</p><p>Já falamos sobre o hábito do banho, em</p><p>um capítulo anterior. Vimos que os nobres</p><p>europeus preferiam encharcar-se de</p><p>perfume a tomar banho e que, naquela</p><p>época, as pessoas acreditavam que a água</p><p>amolecia nosso corpo, provocando doenças</p><p>e atrapalhando o crescimento das crianças e</p><p>dos jovens. Para muitos, era um único</p><p>banho por ano! No Brasil, dizem os</p><p>historiadores, o rei dom João VI, pai de dom</p><p>Pedro I, só concordou em tomar banho</p><p>depois que teve uma ferida inflamada na</p><p>perna, e o médico real o convenceu a se</p><p>banhar ou não ficaria curado.</p><p>Nossa pele é uma barreira natural à</p><p>entrada de microorganismos no corpo. A</p><p>camada mais externa da pele, a epiderme,</p><p>funciona como se fosse uma capa. As</p><p>células que a formam são cobertas por uma</p><p>camada da substância denominada</p><p>queratina, que não deixa passar água para o</p><p>lado de dentro. Os poros são pequenos</p><p>buraquinhos por onde sai o suor. As</p><p>glândulas sebáceas estão na base dos nossos</p><p>pêlos e recobrem toda a superfície do corpo,</p><p>exceto a palma da mão e a sola dos pés.</p><p>Nossa pele é trocada, diariamente, sendo</p><p>que muitas células mortas devem ser</p><p>eliminadas. Sobre nossa pele existem as</p><p>bactérias comensais, isto é, bactérias que</p><p>vivem conosco e, em geral, não causam</p><p>doenças. Elas, ao contrário, não permitem</p><p>que outros microorganismos mais</p><p>perigosos à saúde se agarrem na pele e, se</p><p>forem poucas, podemos adoecer.</p><p>Quando não tomamos banho</p><p>regularmente, permitimos que os resíduos</p><p>naturais da pele se acumulem. Eles são</p><p>provenientes do suor, do sebo e das células</p><p>mortas. Nesse caso, as bactérias comensais</p><p>podem multiplicar-se descontroladamente.</p><p>Quando isso acontece, nossa pele é</p><p>danificada e passa a ser permitida a entrada</p><p>de bactérias mais nocivas em nosso corpo.</p><p>Dessa forma, abrem-se feridas na nossa</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>68</p><p>pele, permitindo a entrada de</p><p>microorganismos indesejados. Quando a</p><p>gente começa a cheirar mal, pode ser que</p><p>muitas bactérias e restos de pele tenham se</p><p>acumulado. Assim, devemos tomar banho</p><p>não apenas para ficar cheirosos, mas,</p><p>principalmente, por questões de saúde.</p><p>Cuidar da Higiene Bucal</p><p>A higiene bucal é a melhor forma de</p><p>prevenção de cáries, inflamação nas</p><p>gengivas, mau hálito e outros problemas na</p><p>boca. Ela é necessária para que as pessoas</p><p>possam manter a saúde de seus dentes e</p><p>boca. Os dentes, quando estão saudáveis,</p><p>têm menos cáries, são limpos e não há</p><p>quase nenhum depósito de placa bacteriana.</p><p>As gengivas saudáveis são rosas e firmes.</p><p>Para que se possa atingir um estado de</p><p>saúde bucal adequada, a escovação dos</p><p>dentes deve ser freqüente e cuidadosa. O</p><p>uso de fio dental, também, pois ele ajuda a</p><p>prevenir o acúmulo das placas e do tártaro,</p><p>que podem ocasionar cáries. Ainda mais</p><p>que, se a cárie aparecer, o tratamento pode</p><p>custar caro.</p><p>Os dentes devem ser escovados no</p><p>mínimo duas vezes por dia, de preferência</p><p>sempre depois das refeições e antes de</p><p>dormir. O uso da escova de dente é o meio</p><p>mais eficaz e mais simples para a higiene</p><p>bucal. A escova deve ser lavada em água</p><p>corrente, cada vez que for usada, e guardada</p><p>em local limpo. Em geral, ela deve ser</p><p>trocada a cada dois ou três meses de uso,</p><p>pois quando as cerdas estão amassadas e</p><p>tortas não alcançam seu objetivo, que é</p><p>limpar a superfície dos dentes e as gengivas</p><p>Quando vamos escovar os dentes, não é</p><p>necessário colocar uma grande quantidade</p><p>de creme dental ou pasta de dentes. Isso só</p><p>vai aumentar sua despesa, pois não é a pasta</p><p>que limpa os dentes e, sim, a escova. A</p><p>pasta apenas deixa na boca seu sabor e, na</p><p>maior parte dos casos, uma pequena</p><p>quantidade de flúor. Esse elemento químico</p><p>ajuda a prevenir a formação de cáries.</p><p>O ideal é você escovar</p><p>seus dentes após</p><p>as refeições. Mas, se não for possível, ao</p><p>menos limpar os dentes ao acordar e antes</p><p>de dormir. Isso é o mínimo que você pode</p><p>fazer para tentar manter uma boa higiene</p><p>bucal. Lembrese que as bactérias se</p><p>aproveitam do seu sono para ficar atacando</p><p>seus dentes enquanto você dorme.</p><p>O essencial não é o número de vezes que</p><p>se escova os dentes. O importante é</p><p>remover as placas bacterianas. Por isso,</p><p>uma higiene bucal bem feita só será</p><p>conseguida quando dedicarmos cerca de 5</p><p>minutos para a escovação, com uma escova</p><p>em bom estado e fazendo do jeito que o</p><p>dentista ensina.</p><p>Resumindo, a higiene e a segurança no</p><p>trabalho são duas atividades intimamente</p><p>relacionadas. Ambas têm como objetivo</p><p>proporcionar condições de trabalho capazes</p><p>de manter os trabalhadores com um bom</p><p>nível de saúde.</p><p>A Organização Mundial de Saúde</p><p>(OMS) define a saúde como sendo “um</p><p>estado de bem-estar físico, mental e social</p><p>e não somente a ausência de doença e de</p><p>enfermidade”.</p><p>A partir de um ponto de vista não</p><p>necessariamente médico, a higiene no</p><p>trabalho combate as doenças profissionais,</p><p>identificando os fatores que podem afetar</p><p>tanto o ambiente de trabalho quanto o</p><p>trabalhador, procurando eliminar ou reduzir</p><p>os riscos. Já a segurança no trabalho,</p><p>também de um ponto de vista não</p><p>necessariamente médico, combate os</p><p>acidentes de trabalho, eliminando as</p><p>condições perigosas e educando</p><p>preventivamente os trabalhadores</p><p>A última unidade deste módulo será</p><p>sobre segurança no trabalho. Mas, para</p><p>chegar até lá, precisamos penetrar em uma</p><p>reflexão urgente a respeito de algo a que</p><p>não nos acostumamos, por mais que nos</p><p>cerque e nos penetre, no campo, na cidade</p><p>e na escola: a violência, exatamente o</p><p>contrário de segurança.</p><p>E se as enfermidades são a violência à</p><p>saúde, e a higiene uma das armas para</p><p>combatê-la, quais serão nossas armas para</p><p>vencer a violência e a insegurança que</p><p>assola nosso espaço de trabalho, nosso</p><p>espaço educativo?</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>69</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de Uberlândia/MG –</p><p>Profissional de Apoio Escolar – MS</p><p>Concursos - 2022) A Organização Mundial</p><p>da Saúde (OMS), em 30 de janeiro de 2020,</p><p>reconheceu como emergência de saúde</p><p>pública mundial, o surto da doença causada</p><p>pelo novo coronavírus, sendo em março de</p><p>2020 classificado como pandemia. Com sua</p><p>disseminação, foram necessárias medidas</p><p>como o isolamento social, o aumento na</p><p>higienização das mãos e superfícies, a</p><p>utilização de máscaras, com o objetivo de</p><p>minimizar sua dispersão, o que levou ao</p><p>fechamento de escolas, espaços públicos e</p><p>privados de lazer e práticas esportivas.</p><p>(OPAS, 2020). Em todos os países onde a</p><p>retomada das atividades nas escolas foi</p><p>proposta, a taxa de transmissão do SARS-</p><p>Cov19 tinha caído significativamente. Essa</p><p>retomada de atividades é fundamental para</p><p>a saúde física e mental das crianças e</p><p>adolescentes, porém deve ser muito bem</p><p>programada. A estrutura das escolas e a</p><p>periodicidade das atividades devem ter</p><p>planejamento. O espaçamento entre</p><p>indivíduos deve ser aumentado, os hábitos</p><p>de higiene pessoal, a limpeza de superfícies</p><p>e objetos, feitos muito amiúde.</p><p>Com o retorno às aulas pós-pandemia,</p><p>quais foram os itens básicos exigidos e mais</p><p>utilizados pelas crianças e adolescentes</p><p>para frequentar a escola?</p><p>A. Oxímetro, máscara e álcool em gel.</p><p>B. Álcool em gel, sabão e máscara.</p><p>C. Luvas, oxímetro e máscara.</p><p>D. Sabão, luvas e oxímetro.</p><p>02. (Prefeitura de Marechal Cândido</p><p>Rondon/PR – Fiscal de Obras – Instituto</p><p>UniFil - 2021) É necessário dar especial</p><p>atenção às boas práticas de higiene e ao</p><p>bom comportamento pessoal. Sobre</p><p>práticas de higiene, qual pode ser</p><p>considerada como correta?</p><p>19 Texto adaptado de Maria Ghisleny de Paiva Brasil</p><p>http://www.estudosdacrianca.com.br/resources/anais/1/1407100683_AR</p><p>QUIVO_MariaGhislenyBrasil-CongressoLusoBrasileiro_1_.pdf</p><p>A. Usar uniformes até ficarem bastante</p><p>sujos.</p><p>B. Lavar as mãos somente quando for no</p><p>banheiro.</p><p>C. Não escovar os dentes após as</p><p>refeições.</p><p>D. Lavar as mãos constantemente.</p><p>Alternativas</p><p>01.B - 02.D</p><p>Tempo e Espaço</p><p>A Organização do Tempo e do</p><p>Espaço19</p><p>Segundo os estudos de Zabalza,</p><p>Forneiro, Barbosa e Vasconcellos o</p><p>desenvolvimento do conceito de espaço</p><p>pode ser analisado a partir de três</p><p>dimensões. A primeira vincula-se aos</p><p>aspectos estéticos - acolhedor, belo,</p><p>proporcional; a segunda, aos funcionais -</p><p>adequados, com recursos disponíveis,</p><p>exercendo sua finalidade educativa; e a</p><p>terceira, por fim, aos ambientais - o frio, o</p><p>calor, a luminosidade e a segurança. Essas</p><p>três dimensões estão implicadas, segundo</p><p>os autores, no trabalho pedagógico dos</p><p>professores e na aprendizagem e no</p><p>desenvolvimento das crianças na educação</p><p>infantil. Em outras palavras, o espaço é</p><p>pedagógico e o tempo é múltiplo -</p><p>biológico, institucional, coletivo,</p><p>simbólico.</p><p>Para Zabalza, a educação infantil tem</p><p>características muito particulares no que se</p><p>refere à organização dos espaços. O autor</p><p>sinaliza que a infância precisa de espaços</p><p>amplos, bem diferenciados, de fácil acesso</p><p>e especializados, em que as crianças</p><p>possam movimentar-se, interagir, viver e</p><p>conviver, desenvolvendo-se integralmente.</p><p>Organização: espaço, tempo, rotina diária</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>70</p><p>Salienta a necessidade de os espaços</p><p>oferecerem oportunidades diversas de</p><p>interação e de aprendizagem, sejam elas</p><p>coletivas, envolvendo grupos de crianças e</p><p>adultos, ou mesmo individualizadas, nas</p><p>quais os objetos dispostos sejam o foco da</p><p>atenção.</p><p>Forneiro estabelece, conceitualmente,</p><p>uma distinção importante entre espaço e</p><p>ambiente. Refere-se aos espaços como “[...]</p><p>locais para a atividade caracterizada pelos</p><p>objetos, pelos materiais didáticos, pelo</p><p>mobiliário e pela decoração.” Os espaços,</p><p>com seus qualificativos físicos, constituem</p><p>locais de aprendizagem e desenvolvimento.</p><p>O ambiente, por sua vez, corresponde ao</p><p>conjunto do espaço físico e das relações que</p><p>nele se estabelecem (FORNEIRO). O termo</p><p>ambiente, procedente do latim, significa</p><p>“ao que cerca ou envolve”; dito de outra</p><p>forma poderia ser assim definido como</p><p>sendo uma estrutura física na qual se</p><p>encontram objetos, pessoas, relações,</p><p>formas, cores, sons entre outros estímulos</p><p>que se relacionam dentro de uma estrutura</p><p>física que os contem ao mesmo tempo em</p><p>que é contido por eles.</p><p>Essa autora estabelece quatro dimensões</p><p>claramente definidas, mas inter-</p><p>relacionadas para caracterizar o ambiente</p><p>sendo elas a dimensão física, a funcional, a</p><p>temporal e a relacional.</p><p>A dimensão Física refere-se ao aspecto</p><p>material do ambiente, ou seja, o espaço</p><p>físico, suas condições estruturais, objetos e</p><p>toda sua organização. Trata-se da</p><p>arquitetura, da decoração, da forma como</p><p>estão estruturadas as disposições de</p><p>materiais e divisórias, o pátio, o parque</p><p>infantil, as possibilidades de arranjos</p><p>espaciais e físicos do que se denomina</p><p>instituição de educação infantil.</p><p>A segunda dimensão, a funcional,</p><p>relaciona-se com a forma de utilização dos</p><p>espaços, sua polivalência e o tipo de</p><p>atividade ao qual se destinam. Os espaços</p><p>multifuncionais podem ser usados</p><p>autonomamente pela criança, mas com a</p><p>orientação do professor. Nesse sentido, um</p><p>mesmo espaço pode assumir diferentes</p><p>funções. Por exemplo, ao mesmo tempo em</p><p>que um espaço no fundo da sala de aula</p><p>serve para que as crianças sentem com o</p><p>professor, para contar histórias, pode</p><p>também ser utilizados para fins diversos,</p><p>como corte e colagem de figuras,</p><p>brincadeiras com massinha de modelar</p><p>entre outras.</p><p>A terceira dimensão, a temporal, diz</p><p>respeito à organização do tempo para cada</p><p>atividade a ser desenvolvida, portanto dos</p><p>momentos em que serão utilizados os</p><p>diferentes espaços. O tempo de cada</p><p>atividade está diretamente relacionada</p><p>ao</p><p>espaço em que se realiza cada uma delas</p><p>com o tempo de brincar nos cantos, de</p><p>contar histórias, de utilizar os brinquedos, o</p><p>tempo do lanche, do parque entre outros.</p><p>Sendo assim, a dimensão temporal pode ser</p><p>entendida também como relacionada à</p><p>organização da rotina de uma instituição de</p><p>educação infantil.</p><p>A quarta e última dimensão é a</p><p>relacional, que se refere às diferentes</p><p>relações que se estabelecem dentro da sala</p><p>de aula. Tais relações são influenciadas</p><p>pelos diferentes arranjos instituídos, tais</p><p>como: a distribuição dos alunos por faixa</p><p>etária; a forma como se constitui a</p><p>construção de regras na relação</p><p>professor/criança; a divisão do trabalho que</p><p>acontece no pequeno ou grande grupo; a</p><p>interação do professor durante o</p><p>desenvolvimento das atividades propostas.</p><p>Todas essas questões e muitas outras</p><p>configuram uma determinada dimensão</p><p>relacional do ambiente. O ambiente, nessa</p><p>perspectiva, é visto como movimento, e não</p><p>como algo estático - um ambiente vivo, que</p><p>existe à medida que os elementos que o</p><p>compõem possam interagir entre si.</p><p>Para Barbosa, “[...] um ambiente é um</p><p>espaço construído, que se define nas</p><p>relações com os seres humanos por ser</p><p>organizado simbolicamente pelas pessoas</p><p>responsáveis pelo seu funcionamento e</p><p>também pelos seus usuários.” O espaço</p><p>físico, por sua vez, é o lugar de</p><p>desenvolvimento de “[...] múltiplas</p><p>habilidades e sensações e, a partir da sua</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>71</p><p>riqueza e diversidade, ele desafia</p><p>permanentemente aqueles que o ocupam”.</p><p>“Esse desafio constrói-se pelos símbolos</p><p>e pelas linguagens que o transformam e o</p><p>recriam continuamente.” (BARBOSA).</p><p>Segundo Vasconcellos, “as organizações</p><p>do ambiente da creche transmitem</p><p>mensagens sobre a criança e os modos e</p><p>jeitos de lidar com ela, pois carregam</p><p>consigo marcas simbólicas e históricas”.</p><p>Assim, quando analisamos ambientes</p><p>construídos por educadores é necessário,</p><p>sobretudo, considera-los não como um</p><p>produto, pronto e acabado, mas um</p><p>processo.</p><p>Ambiente e espaço são definidos nas</p><p>suas especificidades e compreendidos pelos</p><p>autores, e também por nós, como aspectos</p><p>importantes a serem considerados nos</p><p>processos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento, necessitando de estudo e</p><p>planejamento para as dimensões que os</p><p>envolvem.</p><p>Assim sendo, deve-se considerar a</p><p>organização do espaço na educação infantil</p><p>para que ela se volte ao real interesse do</p><p>grupo de crianças, observando sempre as</p><p>características e as preferências dessas</p><p>crianças como, por exemplo, o espaço em</p><p>que preferem estar, o que gostam de</p><p>brincar, o que atrai sua atenção, como se</p><p>comunicam e interagem entre si e com o</p><p>educador. Desta forma é necessário que as</p><p>atividades sejam planejadas de forma a</p><p>proporcionar experiências significativas</p><p>para a criança possibilitando a</p><p>aprendizagem e as interações sociais.</p><p>Pensar o espaço é, portanto,</p><p>compreender as questões físico-materiais</p><p>como os elementos de cor, texturas, piso,</p><p>altura de janelas, altura das maçanetas das</p><p>portas, os móveis, a louça do banheiro</p><p>(torneira, cuba, vaso sanitário, porta</p><p>toalhas, entre outros), a dimensão métrica</p><p>das salas, corredores, refeitórios, banheiros,</p><p>hall de entrada; a interligação entre estes</p><p>espaços; o desenho arquitetônico e suas</p><p>20 Texto adaptado de Maévi Anabel Nono disponível em</p><p>http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/297/1/01d13t08.</p><p>pdf</p><p>formas. Além das possibilidades de</p><p>interação entre crianças e adultos, o espaço</p><p>exige cuidados e especificidades que</p><p>podem promover a interação da criança</p><p>com o mundo externo, permitindo a</p><p>visualização do que se passa lá fora: olhar a</p><p>chuva, o sol, a neblina, os transeuntes, os</p><p>animais; isto, e muito mais pode ser</p><p>considerado parte da organização, da rotina</p><p>e processo educativo que se desencadeia na</p><p>educação infantil.</p><p>Segundo Maévi Anabel Nono20, convém</p><p>ressaltar que a organização do espaço deve</p><p>ter como objetivo a promoção do</p><p>desenvolvimento integral da criança que é o</p><p>objetivo da Educação Infantil.</p><p>As pesquisas de Maria da Graça Souza</p><p>Horn apontam que a forma como é</p><p>organizado o material, os móveis, a</p><p>utilização das cores, aromas entre outros</p><p>estímulos, bem como esse espaço é</p><p>ocupado tanto pelos adultos quanto pelas</p><p>crianças, bem como a interação entre todos</p><p>esses elementos, revelam a concepção</p><p>pedagógica. Assim, quanto mais bem</p><p>organizado esse espaço a ser utilizado pelas</p><p>crianças, quanto maior a apresentação de</p><p>estímulos e desafios, melhor ele favorecerá</p><p>o desenvolvimento integral desta criança.</p><p>Sendo assim, as escolas de educação</p><p>infantil devem considerar a organização dos</p><p>ambientes como sendo parte importante de</p><p>sua proposta pedagógica.</p><p>Ela traduz as concepções de criança, de</p><p>educação, de ensino e aprendizagem, bem</p><p>como uma visão de mundo e de ser humano</p><p>do educador que atua nesse cenário.</p><p>Portanto, qualquer professor tem, na</p><p>realidade, uma concepção pedagógica</p><p>explicitada no modo como planeja suas</p><p>aulas, na maneira como se relaciona com as</p><p>crianças, na forma como organiza seus</p><p>espaços na sala de aula. Por exemplo, se o</p><p>educador planeja as atividades de acordo</p><p>com a ideia de que as crianças aprendem</p><p>através da memorização de conceitos; se</p><p>mantém uma atitude autoritária sem discutir</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>72</p><p>com as crianças as regras do convívio em</p><p>grupo; se privilegia a ocupação dos espaços</p><p>nobres das salas de aula com armários</p><p>(onde somente ele tem acesso), mesas e</p><p>cadeiras, a concepção que revela é</p><p>eminentemente fundamentada em uma</p><p>prática pedagógica tradicional. Conforme</p><p>Farias, a pedagogia se faz no espaço</p><p>realidade e o espaço, por sua vez, consolida</p><p>a pedagogia. Na realidade, ele é o retrato da</p><p>relação pedagógica estabelecida entre</p><p>crianças e professor. Ainda</p><p>exemplificando, em uma concepção</p><p>educacional que compreende o ensinar e o</p><p>aprender em uma relação de mão única, ou</p><p>seja, o professor ensina e o aluno aprende,</p><p>toda a organização do espaço girará em</p><p>torno da figura do professor. As mesas e as</p><p>cadeiras ocuparão espaços privilegiados na</p><p>sala de aula, e todas as ações das crianças</p><p>dependerão de seu comando, de sua</p><p>concordância e aquiescência. (HORN).</p><p>Alguns educadores e pesquisadores têm</p><p>voltado sua atenção para a organização dos</p><p>espaços para o cuidado e educação de</p><p>bebês. Cândida Bertolini e Ivanira B. Cruz</p><p>enfatizam que “Os espaços e objetos de</p><p>uma creche devem estar a favor do</p><p>desenvolvimento sadio dos bebês,</p><p>propiciando-lhes experiências novas e</p><p>diversificadas” (ROSSETTI-FERREIRA).</p><p>Maria A. S. Martins, Cândida Bertolini,</p><p>Marta A. M. Rodriguez e Francisca F.</p><p>Silva, no capítulo intitulado “Um lugar</p><p>gostoso para o bebê”, publicado na obra de</p><p>Rossetti-Ferreira et al, (2007) observam</p><p>que, normalmente, o espaço destinado aos</p><p>bebês na grande parte das creches é tomado</p><p>por berços, restando poucas possibilidades</p><p>para que os pequenos explorem o ambiente</p><p>e se locomovam por toda parte, com</p><p>segurança. As educadoras pensaram em</p><p>uma organização espacial diferente desta,</p><p>na tentativa de proporcionar aos bebês um</p><p>espaço atraente para seu desenvolvimento.</p><p>Para elas, “O berçário deve ter espaços</p><p>programados para dar à criança</p><p>oportunidade de se movimentar,</p><p>interagindo tanto com objetos como com</p><p>outros bebês. Deve oferecer ao bebê</p><p>situações desafiadoras, possibilitando o</p><p>desenvolvimento de suas capacidades.”</p><p>(ROSSETTI-FERREIRA et al).</p><p>As educadoras Maria, Cândida, Marta e</p><p>Francisca pensaram o espaço de seu</p><p>berçário, levando em conta três partes da</p><p>sala: o chão, o teto e as paredes. Em cada</p><p>uma dessas partes, elas enxergaram</p><p>possibilidades de garantir experiências</p><p>interessantes e desafios para as crianças,</p><p>por meio do uso de divisórias de diversos</p><p>tamanhos e em diversas alturas, caixas de</p><p>papelão recortadas e transformadas,</p><p>brinquedos, canaletas para os bebês</p><p>passarem por dentro, muretas para impedi-</p><p>los de seguir em frente e obrigá-los a</p><p>experimentar outros trajetos, cortinas,</p><p>espelhos, móbiles etc.</p><p>Ainda a respeito do espaço para os</p><p>bebês, as educadoras alertam: “Os espaços</p><p>devem ser sempre atraentes e estimulantes</p><p>para os bebês. Portanto, eles devem ser</p><p>observados, avaliados e mudados pelos</p><p>educadores na medida em que eles se</p><p>desenvolvem e se interessam por coisas</p><p>novas.” (ROSSETTI-FERREIRA).</p><p>As educadoras trazem ainda algumas</p><p>sugestões para pensarmos acerca do espaço</p><p>para os bebês nas creches. Segundo elas, a</p><p>partir da observação de sua própria prática,</p><p>perceberam que [...] existe uma boa forma</p><p>de arrumar o berçário, organizando-o com</p><p>colchonetes, caixas vazadas, móveis</p><p>baixos, que permitem ao educador observar</p><p>todo o movimento da sala e o bebê também.</p><p>Dessa forma, o bebê pode tranquilamente ir</p><p>à busca de um objeto que tenha despertado</p><p>sua curiosidade, pois ele está vendo que o</p><p>educador continua na sala. Isso possibilita a</p><p>ele interagir mais com outros bebês. O</p><p>educador fica então disponível para aqueles</p><p>que estão exigindo sua atenção naquele</p><p>momento. (ROSSETTI-FERREIRA).</p><p>Carvalho e Meneghini enfatizam que “O</p><p>educador organiza o espaço de acordo com</p><p>suas ideias sobre desenvolvimento infantil</p><p>e de acordo com seus objetivos, mesmo sem</p><p>perceber”. Quando o educador ou a</p><p>educadora de Educação Infantil organiza</p><p>sua sala em espaços vazios, com poucos</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>73</p><p>móveis, objetos e equipamentos, ele se vale,</p><p>conforme escrevem as educadoras na obra</p><p>de Rossetti-Ferreira et al. de um arranjo</p><p>espacial aberto.</p><p>Para as educadoras Mara e Renata, nesse</p><p>tipo de arranjo acontece aquilo que</p><p>descrevemos no parágrafo anterior, ou seja,</p><p>a maioria das crianças fica em volta do</p><p>educador, solicitando sua atenção, sem ter</p><p>outra atividade a fazer. Dessa forma, “O</p><p>educador acaba não tendo muita chance de</p><p>manter um contato mais prolongado com</p><p>nenhuma criança. Às vezes nem pode</p><p>atender a todas, mesmo que rapidamente”</p><p>(ROSSETTI-FERREIRA et al.).</p><p>Afim de contribuir para que professores</p><p>e professoras pensem sobre o espaço que</p><p>oferecem para as crianças em creches e pré-</p><p>escolas, a educadora Mara Campos de</p><p>Carvalho (ROSSETTI-FERREIRA et al.)</p><p>faz algumas análises dos ambientes infantis</p><p>e conclui que eles devem estar organizados</p><p>de modo a promover o desenvolvimento da</p><p>identidade pessoal de cada criança, o</p><p>desenvolvimento de diversas competências</p><p>como, por exemplo, poder tomar água</p><p>sozinha e alcançar o interruptor de luz,</p><p>oportunidades para movimentos corporais</p><p>diversos, a estimulação dos sentidos, a</p><p>sensação de segurança e confiança e,</p><p>finalmente ,oportunidades para contato</p><p>social e privacidade.</p><p>Paulo de Camargo analisa os</p><p>“Desencontros entre Arquitetura e</p><p>Pedagogia” em reportagem na qual</p><p>conversa com arquitetos e educadores sobre</p><p>os espaços nas escolas de Educação</p><p>Infantil. Os arquitetos entrevistados por</p><p>Paulo de Camargo ressaltam a necessidade</p><p>de que as creches e pré-escolas sejam</p><p>construídas levando-se em conta que elas</p><p>serão ocupadas e utilizadas por crianças.</p><p>Um dos arquitetos entrevistados, Paulo</p><p>Sophia, esclarece que, para conceber uma</p><p>escola, tenta se colocar no lugar da criança,</p><p>procurando notar como ela irá olhar ou</p><p>perceber o espaço. Para esse arquiteto, as</p><p>crianças têm uma relação própria com o</p><p>21 Texto adaptado de Dorcas Tussi e Alexandra F. L. de Souza disponível</p><p>em</p><p>espaço, bastante diferente daquela dos</p><p>adultos.</p><p>Outra arquiteta entrevistada por Paulo de</p><p>Camargo é Ana Beatriz Goulart de Faria,</p><p>envolvida com diversos projetos de</p><p>arquitetura educativa. Ana Beatriz observa</p><p>que na maioria dos municípios brasileiros,</p><p>os espaços de Educação Infantil seguem</p><p>modelos-padrão elaborados muito longe</p><p>daqueles territórios, desconsiderando sua</p><p>geografia, sua história, sua cultura, suas</p><p>políticas para a infância. Para ela, “São</p><p>projetos-modelo elaborados para uma</p><p>infância sem fala” (CAMARGO).</p><p>Paulo de Camargo também entrevista a</p><p>arquiteta Adriana Freyberger, segundo a</p><p>qual é preciso que se dê mais atenção aos</p><p>espaços da escola de Educação Infantil que</p><p>vão além da sala de atividades. Pátios e</p><p>refeitórios devem ser cuidadosamente</p><p>organizados, já que são espaços de</p><p>aprendizagem.</p><p>Para Adriana, pensar o espaço significa</p><p>pensar além da estrutura física. É preciso,</p><p>segundo ela, planejar os materiais, jogos e</p><p>brinquedos adequados ao projeto</p><p>pedagógico da instituição. A arquiteta</p><p>ressalta a importância do uso de materiais</p><p>de qualidade nas creches e pré-escolas e da</p><p>atenção ao número adequado de crianças</p><p>para cada espaço, evitando-se o excesso de</p><p>crianças por sala.</p><p>Outras Considerações Sobre a</p><p>Organização do Espaço Físico e do</p><p>Tempo na Educação Infantil21</p><p>De acordo com o sentido semântico</p><p>apresentado por Forneiro sobre o conceito</p><p>de espaço, compreendemos que ele</p><p>significa “[...] extensão indefinida, meio</p><p>sem limites que contém todas as extensões</p><p>finitas. Parte dessa extensão que ocupa cada</p><p>corpo”. De acordo com esse conceito de</p><p>espaço pressupõe-se o espaço como sendo</p><p>algo físico que pode ser preenchido por</p><p>objetos. Uma “caixa” que pode ser</p><p>ocupada, esta é uma forma abstrata de ver</p><p>http://www.partes.com.br/educacao/espacotempodisciplinamento.asp</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>74</p><p>extremamente comum entre os adultos; no</p><p>entanto, a percepção da criança sobre o</p><p>espaço é diferente, tendo em vista que ela</p><p>ainda não desenvolveu a capacidade de</p><p>abstração do adulto.</p><p>O espaço pode ser compreendido, ainda,</p><p>dentro da noção de ambiente apontada por</p><p>Forneiro que postula que o ambiente é o</p><p>conjunto do espaço físico e mais a relação</p><p>que se estabelece nele. Estas relações são</p><p>descritas como afetos, relações</p><p>interpessoais entre as crianças, entre</p><p>crianças e adultos, crianças e sociedade em</p><p>seu conjunto. O espaço não é neutro. Ele</p><p>permeia as relações estabelecidas e as</p><p>influencia, na medida em que chega até o</p><p>sujeito e propõe suas mensagens,</p><p>implicitamente. O Espaço é tudo e é</p><p>indissociado da noção de ambiente.</p><p>Indo um pouco além desta visão formal</p><p>e utilitária do espaço, podemos percebê-lo</p><p>também como um “[...]espaço de vida, no</p><p>qual a vida acontece e se desenvolve: é um</p><p>conjunto completo”. Esta visão pode ser</p><p>considerada vitalista porque se adapta à</p><p>forma como a criança vê o espaço, pois ela</p><p>o sente e o vê; portanto, “[...] é grande,</p><p>pequeno, claro, escuro, é poder correr ou</p><p>ficar quieto, é silêncio, é barulho”</p><p>(BATTINI apud FORNEIRO), a criança</p><p>não o concebe abstratamente, pois ainda</p><p>não tem desenvolvida esta capacidade. O</p><p>que a criança pode ver restringe-se ao</p><p>concreto, ao palpável. A criança vê o</p><p>espaço da escola, da sua casa como algo</p><p>concreto, e a partir do seu imaginário</p><p>infantil o lugar para ela só é atrativo se</p><p>puder interagir e vivenciar o ato de brincar.</p><p>A partir disso podemos dizer que a infância</p><p>é uma etapa diferenciada do mundo adulto;</p><p>portanto, o seu modo de ver a vida é</p><p>baseado no poder de manipular os objetos e</p><p>criar formas lúdicas com eles.</p><p>Tonucci faz uma leitura crítica a partir de</p><p>imagens sobre a influência que a escola e a</p><p>família exercem sobre a criança procurando</p><p>organizar o mundo dela com bases na noção</p><p>de mundo do adulto.</p><p>Sabe-se que a forma como a criança</p><p>percebe o espaço é diferente da lógica do</p><p>adulto. O adulto o organiza, muitas vezes,</p><p>não considerando a relevância da</p><p>participação da criança na construção dele.</p><p>Cabe aos professores o olhar atento para as</p><p>especificidades do sujeito infantil e</p><p>organizar o espaço de maneira que</p><p>contemple o jogo, o brincar e o despertar do</p><p>imaginário infantil. O espaço educativo</p><p>deve ser prazeroso e voltado às</p><p>necessidades de cada faixa etária na</p><p>primeira infância.</p><p>Ao falar de um espaço educativo</p><p>não se</p><p>pode deixar de mencionar a intrínseca</p><p>relação entre espaço e organização. Nesse</p><p>caso, percebemos a presença da geometria</p><p>cartesiana como forma bastante marcante</p><p>para organizar espaços. Ele é um lugar</p><p>geralmente retangular, planejado, medido,</p><p>ordenado, estabelecendo de maneira</p><p>disciplinada os móveis e objetos; cada</p><p>objeto em seu lugar determinado. Em se</p><p>tratando de sala de aula há o espaço do</p><p>brincar e contar histórias, o espaço para as</p><p>atividades e para o lanche. Cabe salientar</p><p>que juntamente com a forma disciplinada</p><p>dos equipamentos da sala de aula há a</p><p>disciplina do tempo. A organização do</p><p>tempo em determinada atividade e espaço</p><p>para cada momento da aula.</p><p>É por essa razão que a esta discussão</p><p>cabe focalizar o termo disciplinamento</p><p>como categoria central de análise e também</p><p>como parte integrante da educação das</p><p>crianças em idade de educação infantil.</p><p>Sobretudo no espaço, o disciplinamento é</p><p>imprescindível. Ele permitirá atingir o</p><p>objetivo de compreender quais são as</p><p>estratégias de disciplinamento, pois é</p><p>através da disciplina que poderemos</p><p>observar as ações possíveis de</p><p>autorregulação da criança no espaço</p><p>educativo e seus mecanismos para essa</p><p>ação. Logicamente que não se pode</p><p>descartar o contexto como influente, porém</p><p>a estrutura social e político-educacional</p><p>estão de tal forma posta e desenvolvida ao</p><p>longo da história que “autoriza” a</p><p>educadora, por meio dos próprios</p><p>elementos constitutivos de sala (carteiras,</p><p>materiais didáticos, disciplinas, regras de</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>75</p><p>convivência e obediência), a práticas de</p><p>disciplinamento. Isso pressupõe pensar que</p><p>desde os primórdios da modernidade o</p><p>homem se preocupa com a questão da</p><p>disciplina.</p><p>O Espaço Educativo e as Práticas de</p><p>Disciplinamento</p><p>Pensar em disciplinamento implica</p><p>pensar em tecnologias de individualização</p><p>e de normatização do corpo infantil, na</p><p>produção de sujeito dócil e útil. Estas</p><p>tecnologias enfatizam como a escola e o</p><p>Centro de Educação Infantil produzem e</p><p>controlam através da organização do espaço</p><p>físico o disciplinamento na criança. Kant no</p><p>século XVII já preconizava que “[...] a falta</p><p>de disciplina é um mal pior que a falta de</p><p>cultura, pois esta pode ser remediada mais</p><p>tarde, ao passo que não se pode abolir o</p><p>estado selvagem e corrigir um defeito da</p><p>disciplina”. Não há pretensão de afirmar se</p><p>autor está correto ou não, porém Kant, com</p><p>esta ideia, permite que se promova um</p><p>debate sobre a disciplina na escola. Kant foi</p><p>o primeiro filósofo a caracterizar a escola</p><p>moderna como responsável pelo</p><p>disciplinamento dos corpos infantis nos</p><p>espaços da instituição e concebe que a</p><p>disciplina impede o homem de desviar do</p><p>seu caminho, tendo como dever estreitá-lo,</p><p>contê-lo, e através da educação</p><p>instrumentalizá-lo para que retorne ao seu</p><p>estado humano, ou seja, todo e qualquer</p><p>manifestação de indisciplinamento às</p><p>normas o homem se torna selvagem,</p><p>animal. A disciplina submete o homem às</p><p>leis da humanidade e o faz sentir a sua</p><p>força, mas todo este processo de</p><p>disciplinamento deve acontecer bem cedo;</p><p>sendo assim, as crianças devem ser</p><p>mandadas ainda pequenas à escola para que</p><p>a disciplina tenha seu efeito sobre o seu</p><p>corpo.</p><p>A criança desde cedo é adaptada ao</p><p>modelo escolar na educação infantil, pois</p><p>na hora de fazer atividade deve ficar</p><p>sentada e atenta ao que a professora está</p><p>explicando, e a criança que foge às regras é</p><p>considerada sem limites e é preciso garantir</p><p>mecanismos que a façam ter disciplina com</p><p>o espaço e tempo da sala. A partir disso é</p><p>possível pensar que a criança se torna</p><p>criança, homem, mulher pela educação e</p><p>ela é aquilo que a educação faz dela</p><p>(KANT).</p><p>Para Assmann e Nunes, a arte das</p><p>distribuições como uma categoria</p><p>foucaultiana sobre as práticas disciplinares</p><p>pressupõe que “[...] a disciplina é um tipo</p><p>de organização do espaço”. Ela é uma</p><p>distribuição dos sujeitos nos espaços</p><p>escolares. No espaço educativo da</p><p>educação infantil, trata-se de fechar,</p><p>esquadrinhar e, por vezes, cercar estes</p><p>lugares geometricamente para que não</p><p>ocorra difusão das crianças. Para Duclós, a</p><p>geometria cartesiana se pauta na</p><p>importância da ordem e da medida. Para</p><p>Descartes, na geometria não há dúvidas, ela</p><p>é universal e simples. Assim, constituem-se</p><p>a modernidade e as formas da organização</p><p>do espaço educativo como verdades únicas,</p><p>obtendo-se através das disposições dos</p><p>materiais e objetos pedagógicos uma lógica</p><p>capitalista, moderna, geométrica, lógico-</p><p>matemática produzindo assim a infância.</p><p>Portanto, analisa-se como a constituição</p><p>do espaço, juntamente com a organização</p><p>colabora na não difusão das crianças pelo</p><p>espaço educativo. Cada espaço tem sua</p><p>função e seu tempo de ser utilizado.</p><p>Foucault, dentro da categoria arte das</p><p>distribuições, denomina uma subdivisão</p><p>intitulada localização funcional, que tem</p><p>como pressuposto compreender os espaços</p><p>disciplinares como espaços úteis.</p><p>A organização do espaço colabora na</p><p>criação de espaço útil, pois em determinado</p><p>momento as crianças se dirigem aos</p><p>cantinhos e deles é possível abstrair o</p><p>máximo de proveito para que assim a</p><p>professora possa realizar seu trabalho com</p><p>rapidez e eficiência. Além disso, ajuda a</p><p>professora a vigiar e visualizar todas as</p><p>crianças ao mesmo tempo. Para</p><p>exemplificar ainda mais, no espaço de</p><p>atividades as crianças recortam, pintam,</p><p>desenham, aprendem várias coisas. No</p><p>espaço do brincar as crianças montam</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>76</p><p>jogos, representam e imitam papéis sociais,</p><p>pode-se averiguar que cada espaço tem sua</p><p>função e ele deve colaborar na utilidade</p><p>econômica do corpo e torná-lo docilizado</p><p>em relação ao ambiente.</p><p>Para Foucault quadriculamento “[...] é o</p><p>princípio de localização imediata. [...] cada</p><p>indivíduo no seu lugar e cada lugar um</p><p>indivíduo. O espaço disciplinar tende a se</p><p>dividir em tantas parcelas quando corpos ou</p><p>elementos há repartir”. O quadriculamento</p><p>exige, portanto, para a eficácia do poder</p><p>disciplinar uma repartição, um</p><p>enquadramento das crianças no espaço.</p><p>Quanto mais houver criação de espaços e</p><p>organização do tempo em cada espaço,</p><p>maior é a eficácia do poder disciplinar.</p><p>Algumas Considerações</p><p>É central dizer aqui que a escola é um</p><p>espaço que não é neutro. Do mesmo modo</p><p>ocorre com as instituições de educação</p><p>infantil. A não neutralidade é comprovada</p><p>quando se verifica que, por meio da</p><p>organização e ocupação deste, planeja-se e</p><p>propostas de trabalho são desenvolvidas. A</p><p>criança que integra algum espaço educativo</p><p>passa a ser “educada” e a relacionar-se com</p><p>os objetos e materiais ali presentes e</p><p>também terá seu comportamento</p><p>modificado, ou seja, disciplinado.</p><p>Quando se aborda a questão</p><p>do disciplinamento, a primeira impressão é</p><p>a do sentido pejorativo a que esta palavra</p><p>nos remete, porém esta categoria contribuiu</p><p>significativamente na elaboração das</p><p>análises, pois não possui conotação</p><p>negativa. Foucault ajuda a compreender</p><p>esta questão quando postula que a</p><p>disciplina é um tipo de organização.</p><p>Acrescenta que a disciplina é um conjunto</p><p>de técnicas de distribuição dos corpos</p><p>infantis nos espaços escolares e que tem</p><p>como objetivos espaços individualizados,</p><p>classificatórios e combinatórios, a fim de</p><p>que as práticas disciplinares se incorporem</p><p>nos sujeitos.</p><p>22 Texto adaptado de Manuela A. Crosera e Maria Paula Zurawski,</p><p>disponível em</p><p>http://veracruz.edu.br/doc/ise_tcc_manuela_assuncao_crosera.pdf</p><p>A educação infantil é um tempo</p><p>diferente do tempo do ensino fundamental,</p><p>portanto, precisam-se projetar espaços</p><p>físicos que atendam ao ritmo de “ser</p><p>criança” e deve-se considerar a necessidade</p><p>de que elas participem da organização do</p><p>espaço e tempo, estabelecendo com os</p><p>profissionais que atuam com ela, momentos</p><p>de interação decisórios na produção destes</p><p>espaços e tempos. A criança precisa</p><p>encontrar no espaço educativo algo que não</p><p>seja uma pré- escolarização, mas sim um</p><p>ambiente que prime pela cultura infantil,</p><p>seus valores e ansiedades. A infância é</p><p>produzida por meio de subjetivações e não</p><p>se evidencia o estabelecimento da</p><p>existência de uma única e correta ideia</p><p>sobre a criança, mas sim ela na sua relação</p><p>com os familiares, professores(as) e</p><p>amigos(as). A infância é algo de nossos</p><p>saberes, de nossas tecnologias</p><p>(LARROSA).</p><p>O espaço escolar é estabelecido dentro</p><p>da lógica moderna de espaço fixo, sendo</p><p>constituído e organizado por meio de</p><p>discursos pedagógicos permeados de</p><p>subjetividades. Evidenciam-se à luz das</p><p>leituras que nos Centros de Educação</p><p>Infantil as salas de aula têm fortes marcas</p><p>“escolarizantes” (carteiras e cadeiras,</p><p>quadro de giz e atividades pedagógicas). Os</p><p>espaços podem, muitas vezes, serem</p><p>organizados em espaços funcionais, ou seja,</p><p>espaços construídos pela professora,</p><p>destinados a funções específicas, como o</p><p>cantinho do brincar, das atividades</p><p>pedagógicas e da leitura, propiciando,</p><p>assim, o disciplinamento da criança.</p><p>O tempo na Educação Infantil22</p><p>Outro aspecto a ser considerado no</p><p>contexto da educação infantil é a questão do</p><p>tempo. Segundo Horn, Zabalza e Barbosa</p><p>na educação infantil sempre se deve</p><p>considerar a rotina, uma vez que ela que irá</p><p>nortear o trabalho do educador. Por rotina</p><p>devemos compreender a distribuição das</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>77</p><p>atividades no tempo em que a criança fica</p><p>na instituição, tanto no aspecto do cuidado</p><p>quanto nas brincadeiras e atividades</p><p>didáticas. De acordo com o Referencial</p><p>Curricular Nacional para a Educação</p><p>Infantil “A rotina representa, também, a</p><p>estrutura sobre a qual será organizado o</p><p>tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho</p><p>educativo realizado com as crianças. A</p><p>rotina deve envolver os cuidados, as</p><p>brincadeiras e as situações de</p><p>aprendizagens orientadas” (RCNEI).</p><p>A partir da organização do tempo e das</p><p>atividades, as crianças e educadores ficam</p><p>mais seguros, diminuem-se os níveis de</p><p>ansiedade frente às novas situações e</p><p>também se torna possível otimizar o tempo</p><p>escolar, possibilitando uma melhor</p><p>estruturação do trabalho a ser realizado pelo</p><p>educador. Convém ressaltar aqui que o</p><p>educador deve ser flexível para alterar a</p><p>rotina sempre que se fizer necessário.</p><p>A organização da rotina nas instituições</p><p>infantis é importante para a construção da</p><p>noção de tempo nas crianças, possibilitando</p><p>a percepção do tempo das atividades e a</p><p>antecipação, pelas crianças, dos momentos</p><p>que virão. Essa percepção, é importante</p><p>também para auxiliar os educadores a</p><p>situarem-se na sequência das ações que</p><p>realizarão ao longo do dia.</p><p>O tempo deve ser organizado pelo</p><p>educador de acordo com as necessidades</p><p>dos educandos, adaptando a rotina</p><p>conforme às demandas das crianças.</p><p>A padronização e a regulação da rotina</p><p>podem desrespeitar os diferentes ritmos dos</p><p>pequenos, limitando em um único ritmo o</p><p>tempo institucional. A rotina estruturada</p><p>deve regular os educadores, mas não deve</p><p>ser regra absoluta, deve considerar os</p><p>ritmos variados das crianças, que aos</p><p>poucos devem incorporá-la.</p><p>Podemos entender que há dois tempos na</p><p>escola: um tempo da criança e um tempo da</p><p>instituição. Deste modo, Oliveira afirma</p><p>que “há dois lados na consideração do</p><p>tempo na Educação Infantil. Um deles</p><p>23 Texto adaptado de Janaína S. S. Ramos disponível em</p><p>http://periodicos.ufrn.br/saberes/article/view/1076/923</p><p>focaliza a rotina diária da instituição, que</p><p>orienta em especial o trabalho dos</p><p>profissionais que nela trabalham. O outro</p><p>foco está na jornada das crianças, a</p><p>sequência das atividades e experiências que</p><p>elas vivenciam a cada dia”.</p><p>Segundo Janaína S. S. Ramos23 a esse</p><p>respeito, Batista ressalta que “na creche há</p><p>indícios de que as atividades são propostas</p><p>para o grupo de crianças independente da</p><p>diversidade de ritmos culturais das mesmas.</p><p>Todas as crianças são levadas a desenvolver</p><p>ao mesmo tempo e no mesmo espaço uma</p><p>mesma atividade proposta pela professora.</p><p>Trabalha-se com uma suposta</p><p>homogeneidade e uniformidade dos</p><p>comportamentos das crianças. Parece que</p><p>há uma busca constante pela uniformização</p><p>das ações das crianças em torno de um</p><p>suposto padrão de comportamento. Se</p><p>espera que a criança comporte-se como</p><p>aluno: aluno obediente, aluno ordeiro,</p><p>aluno disciplinado, entre outras”.</p><p>Nesse caso, não só ocorre a</p><p>padronização de atividades como o tempo</p><p>destinado a elas. Barbosa acrescenta, ainda,</p><p>que em algumas escolas existe uma</p><p>sequência fixa de atividades que ocorrem</p><p>ao longo do expediente escolar, que</p><p>geralmente são nomeadas como a “hora</p><p>de”. Estas atividades são cronometradas e</p><p>subdivididas em atividades pedagógicas e</p><p>atividades de socialização. Além disso, o</p><p>tempo parece preso a amarras de</p><p>pressupostos e ideias pré-concebidas que</p><p>promovem uma prática sem autocrítica,</p><p>empobrecendo a compreensão da dinâmica</p><p>das relações sociais. Ainda segundo Batista</p><p>“A lógica da rotina da creche também</p><p>parece ser fragmentada, pois separa o</p><p>tempo de educar, do tempo de cuidar, do</p><p>tempo de brincar, do tempo de aprender, do</p><p>tempo de ensinar, entre outras. O tempo na</p><p>creche parece ser recortado</p><p>minuciosamente: há um tempo pré-</p><p>determinado para “todos” comer na mesma</p><p>hora, banhar na mesma hora, dormir na</p><p>mesma hora, brincar e aprender. Parece ser</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>78</p><p>possível dizer que esta organização, antes</p><p>de estar centrada nas necessidades das</p><p>crianças, obedece a uma lógica temporal</p><p>regida basicamente pela sequenciação</p><p>hierárquica e burocrática da rotina”.</p><p>Assim, o educador deve perceber, ainda,</p><p>em quais momentos as atividades</p><p>permanentes são viáveis e necessárias,</p><p>sempre considerando o contexto</p><p>sociocultural da proposta pedagógica da</p><p>instituição, pois as atividades permanentes</p><p>promovem o desenvolvimento da</p><p>autonomia e construção da identidade das</p><p>crianças, e cada atividade propõe diversas</p><p>situações seja de cuidado, higiene ou</p><p>prazer.</p><p>Considerando alguns momentos</p><p>importantes na rotina na Educação Infantil,</p><p>a roda de conversa, por exemplo, é uma</p><p>atividade permanente que possibilita a</p><p>exteriorização dos sentimentos e emoções</p><p>dos alunos, como também de suas</p><p>preferências e desejos, essa ação também</p><p>pode ser utilizada para a contação de</p><p>histórias em que os alunos, a partir de sua</p><p>imaginação, podem reinventar personagens</p><p>e reviver situações que o faz-de-conta</p><p>promove. A esse respeito Amorim</p><p>acrescenta: “É na rodinha da conversa que,</p><p>entre outros assuntos, planejamos os nossos</p><p>momentos; inicialmente é realizado por nós</p><p>e apresentado ao grupo, mas</p><p>gradativamente vai sendo feito junto com as</p><p>crianças”.</p><p>A atividade de higiene, outra atividade</p><p>da rotina, é uma oportunidade de promover</p><p>a autonomia dos infantes, levando em</p><p>consideração que deve ser proporcionada a</p><p>eles a possibilidade de fazerem sozinhos, ou</p><p>com pouca intervenção do adulto. O</p><p>momento do banho, atividade relaxante,</p><p>refrescante e que promove a limpeza da</p><p>pele, deve ser cuidadosamente preparado</p><p>pelos educadores para que seja realizado</p><p>com segurança, provendo condições</p><p>materiais e respeitando regras sanitárias.</p><p>Além disso, deve-se possibilitar, na</p><p>organização dessa ação, que ela se torne</p><p>uma atividade lúdica e de aprendizagem</p><p>para as crianças. Segundo Mello e Vitória:</p><p>“O banho pode ser facilitado e enriquecido,</p><p>oferecendo brinquedos, potes de diversos</p><p>tamanhos, buchas variadas. Podem ser</p><p>organizadas algumas brincadeiras com</p><p>bolhinhas de sabão, livros de plástico,</p><p>retalhos de tecido etc.”. É necessário</p><p>também que durante o momento do banho,</p><p>o faz-de-conta esteja presente através das</p><p>interações da imaginação da criança com o</p><p>ambiente e objetos disponíveis, pois, de</p><p>acordo com Guimarães</p><p>“O banheiro se</p><p>transforma em floresta, castelo encantado,</p><p>piscina, quadra de esportes para</p><p>competições na hora de se trocar, salão de</p><p>cabeleireiro, lojas de roupas... mas é claro</p><p>que nem sempre são usados esses recursos</p><p>de faz de conta. Muitas vezes o banho fica</p><p>mais gostoso só com músicas, com todo</p><p>mundo falando baixinho para ouvir uma</p><p>história enquanto se trocam, lendo gibis, ou</p><p>nos chuveiros externos durante o verão,</p><p>apelidados aqui de cachoeiras”.</p><p>Durante a organização das atividades</p><p>cabe ao educador avaliar as características</p><p>do seu grupo de alunos e transformar o</p><p>banho em uma atividade prazerosa.</p><p>Segundo Mello e Vitória, para o momento</p><p>do banho deve se pensar em espaços que</p><p>facilitem o processo de independência das</p><p>crianças. Já no momento da alimentação,</p><p>que também deve ser prazeroso e agradável,</p><p>o educador pode organizar outra</p><p>oportunidade de socialização das crianças</p><p>através das conversas informais, também</p><p>promovendo a autonomia na hora da</p><p>escolha dos alimentos e da quantidade a ser</p><p>ingerida, pois em certos momentos algumas</p><p>crianças se recusam a alimentar-se, seja</p><p>para gerar tensão ou chamar a atenção dos</p><p>adultos, ou por estar distraída, ou ainda ter</p><p>problemas de saúde. Por isso, Piotto et al.</p><p>apontam que, ao auxiliar a criança na</p><p>alimentação, desde que se possibilite a</p><p>autonomia, é possível uma relação</p><p>satisfatória entre aluno e professor. No que</p><p>se diz respeito a jogos e brincadeiras, é</p><p>necessário que o educador tenha ciência da</p><p>necessidade dessa atividade no cotidiano</p><p>infantil, como é proposto no RCNEI “Para</p><p>que o faz-de-conta torne-se de fato, uma</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>79</p><p>prática cotidiana entre as crianças é preciso</p><p>que se organize na sala um espaço para essa</p><p>atividade, separado por uma cortina,</p><p>biombo ou recurso qualquer, no qual as</p><p>crianças poderão se esconder, fantasiar-se,</p><p>brincar, sozinhas ou em grupos, de casinha,</p><p>construir uma nave espacial ou um trem</p><p>etc”. (BRASIL)</p><p>Sendo assim, o educador deve procurar</p><p>trazer à sala de aula a possibilidade do jogo</p><p>e da brincadeira em um espaço reservado de</p><p>preferência claro e com materiais dispostos</p><p>para as crianças, ter um tempo disponível</p><p>para essa atividade, tendo consciência de</p><p>suas três funções no momento do faz-de-</p><p>conta. Santos mostra que o educador exerce</p><p>várias funções: A primeira delas é a função</p><p>de “observador”, na qual o professor</p><p>procura intervir o mínimo possível, de</p><p>maneira a garantir a segurança e o direito à</p><p>livre manifestação de todos. A segunda</p><p>função é a de “catalisador”, procurando,</p><p>através da observação, descobrir</p><p>necessidades, e os desejos implícitos na</p><p>brincadeira para poder enriquecer o</p><p>desenrolar de tal atividade. E, finalmente,</p><p>de “participante ativo” nas brincadeiras,</p><p>atuando como um mediador das relações</p><p>que se estabelecem e das situações surgidas,</p><p>em proveito do desenvolvimento saudável e</p><p>prazeroso da criança. Além disso, ele deve</p><p>propor às crianças uma conversa sobre suas</p><p>brincadeiras, pois, de acordo com</p><p>Dornelles, essa atividade “Proporciona a</p><p>troca de pontos de vista diferentes, ajuda a</p><p>perceber como os outros o veem, auxilia na</p><p>criação de interesses comum, uma razão</p><p>para que se possa interagir com o outro”.</p><p>Estabelecendo, ainda, situações de</p><p>aprendizagens e enriquecimento cultural a</p><p>partir da intervenção do educador. O</p><p>educador tem à sua disposição, um universo</p><p>de possibilidades de jogos e brincadeiras</p><p>que, segundo Barbosa e Horn, podem ser</p><p>individuais, em grupo, nos mais diferentes</p><p>espaços, com os mais diversos materiais,</p><p>podendo, ainda, dispor de jogos sensoriais,</p><p>naturais ou musicais. Nos ateliês ou</p><p>oficinas de artes visuais ou musicais, é</p><p>preciso que o educador possa não apenas</p><p>estabelecer relações de cuidado com as</p><p>crianças pequenas como também de</p><p>aprendizagem. Gomes indica o trabalho</p><p>artístico como importante para que as</p><p>crianças possam explorar o mundo à sua</p><p>volta. No entanto, por muito tempo a arte</p><p>foi entendida superficialmente e de modo</p><p>arbitrário. Melo afirma que “As Artes</p><p>Visuais foram apresentadas por muito</p><p>tempo aos alunos de Educação Infantil</p><p>como meros passatempos, voltada para a</p><p>recreação, sem conter articulação com o</p><p>conteúdo acumulado do campo da Arte, a</p><p>cultura e a estética. O Ensino de Arte era</p><p>visto como uma forma de auto expressão da</p><p>criança, onde o educador não se fazia</p><p>influente”.</p><p>Por essa razão, o trabalho com Artes na</p><p>Educação Infantil deve transcender o</p><p>caráter de mero passatempo para o de</p><p>linguagem. A fim de que a criança tenha</p><p>contato com a linguagem artística, é</p><p>necessário o planejamento deste início de</p><p>relação. Além disso, segundo Vasconcelos</p><p>e Rosseti-Ferreira, a iniciação dos temas</p><p>artísticos a serem trabalhados podem ser</p><p>sugeridos a partir de passeios variados,</p><p>visitas a exposições, museus e artistas ou,</p><p>melhor ainda, artista e artesãos vindo visitar</p><p>a instituição para compartilhar com as</p><p>crianças a sua arte. É imprescindível nessa</p><p>organização de ateliês e oficinas, a oferta de</p><p>materiais e superfícies para maior liberdade</p><p>criativa da criança e, sua experimentação</p><p>resultará num melhor aprimoramento</p><p>sensorial ao lidar com diversos tipos de</p><p>materiais. As atividades diversificadas</p><p>podem estar envolvidas em um projeto em</p><p>que se possa trabalhar os mais diversos</p><p>assuntos, o importante é que as atividades</p><p>tenham um objetivo e não sejam</p><p>descontextualizadas. Pelo contrário, devem</p><p>integrar-se de forma a levar ao aluno a uma</p><p>totalidade. Vários projetos relacionados ao</p><p>faz-de-conta podem ser desenvolvidos, tais</p><p>como a construção de um cenário para uma</p><p>viagem intergaláctica; a confecção de</p><p>fantasias para brincar de bumba-meu-boi;</p><p>construir castelos de reis e rainhas; cenas de</p><p>histórias e contos de fadas etc. Pode-se</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>80</p><p>planejar um projeto de realização de um</p><p>circo, por exemplo, com todas as crianças</p><p>da Instituição, envolvendo cada grupo em</p><p>função da idade e das capacidades</p><p>(BRASIL).</p><p>As atividades devem, portanto, estimular</p><p>a curiosidade e o interesse das crianças.</p><p>Agassi et al mostram um exemplo</p><p>interessante em que, a partir da curiosidade</p><p>dos alunos ao saberem que o pai de um</p><p>deles criava minhocas, foi construído na</p><p>escola um minhocário, para saber onde as</p><p>minhocas viviam, o que comiam, como</p><p>respiravam etc. Criaram também um</p><p>minhoscópio, pois transportaram o</p><p>minhocário para um aquário e puderam, a</p><p>partir daí, observar o que as minhocas</p><p>fazem debaixo da terra. Como uma</p><p>pesquisa puxa a outra, as crianças também</p><p>quiseram cultivar plantas medicinais,</p><p>promovendo, assim, diversos saberes a</p><p>partir da própria curiosidade delas. Por isso,</p><p>a organização das atividades permanentes</p><p>exige uma observação e compreensão do</p><p>professor das necessidades e gostos da</p><p>criança, para que o dia-a-dia na instituição</p><p>seja envolvente e proveitoso.</p><p>Questões</p><p>01. Dentre os aspectos determinantes no</p><p>processo de saúde/doença da criança, pode-</p><p>se destacar:</p><p>A. Estrutura física da creche e água</p><p>tratada.</p><p>B. Água tratada, higienização correta</p><p>dos alimentos, estrutura física e</p><p>acessibilidade à produtos químicos.</p><p>C. Acessibilidade à produtos químicos,</p><p>higienização correta dos alimentos e</p><p>estrutura física</p><p>D. Estrutura física, água tratada,</p><p>higienização correta dos alimentos,</p><p>acessibilidade à produtos químicos e</p><p>higiene.</p><p>E. Estrutura física da creche, higiene,</p><p>água tratada, higienização correta dos</p><p>alimentos, acessibilidade à produtos</p><p>24 Atendimento ao Público. Secretaria de Estado da Educação do Paraná.</p><p>http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/profuncionario</p><p>químicos e o mais importante de todos, a</p><p>atenção direcionada à criança.</p><p>02. Em relação aos problemas</p><p>gastrintestinais, pode-se afirmar que os</p><p>fatores de risco estão intrinsecamente</p><p>relacionados com as atitudes das</p><p>em atividades de ensino, aulas de</p><p>informática, de língua estrangeira, esportes,</p><p>são exemplos.</p><p>Sabemos que o currículo escolar é um</p><p>espaço de polêmicas e controvérsias e que é</p><p>sempre marcado pelos valores</p><p>predominantes, em cada época, em cada</p><p>classe social, em cada contexto em que a</p><p>escola se situa, conforme Pacheco (2003)7.</p><p>Com base nesse entendimento, e com a</p><p>intenção de contribuir para as discussões</p><p>em torno deste assunto, é que se defende um</p><p>7PACHECO, José Augusto. Políticas curriculares: referenciais para</p><p>análise. POA: Artmed, 2003.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>6</p><p>currículo centrado na criança como ser de</p><p>direitos que vão desde o ir à escola, até o de</p><p>viver intensamente sua infância, pelo</p><p>simples fato de ser o que é: criança.</p><p>Assim, queremos reafirmar o respeito à</p><p>diversidade de pessoas e situações por meio</p><p>de um planejamento curricular com um</p><p>grau de abertura que o torne flexível e que</p><p>possibilite sua adequação ao contexto em</p><p>que está sendo desenvolvido, sem perder de</p><p>vista os objetivos educacionais propostos</p><p>no Projeto Político-pedagógico, seja para a</p><p>Educação Infantil, seja para o Ensino</p><p>Fundamental.</p><p>A partir desses pressupostos,</p><p>destacamos aquilo que já está incorporado</p><p>ao Parecer CNE/CEB nº 11/2010 em</p><p>relação à educação das crianças pequenas:</p><p>a importância do lúdico na vida escolar</p><p>proporcionado pela solução de problemas,</p><p>pela descoberta de novas ideias e</p><p>possibilidades de ação, sem confundi-lo</p><p>com o “[...] prazer hedonista que tudo reduz</p><p>à satisfação do prazer pessoal, alimentado</p><p>pela sociedade de consumo” (CNE/CEB,</p><p>Parecer nº 11/2010, p.16). Ou, também</p><p>podemos trazer o que dizem as Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais para a Educação</p><p>Infantil (Resolução CNE/CEB nº 5/2009,</p><p>quando afirma: “ As propostas pedagógicas</p><p>da Educação Infantil deverão considerar</p><p>que a criança, centro do planejamento</p><p>curricular, é sujeito histórico e de direitos</p><p>que, nas interações, relações e práticas</p><p>cotidianas que vivencia, constrói sua</p><p>identidade pessoal e coletiva, brinca,</p><p>imagina, fantasia, deseja, aprende, observa,</p><p>experimenta, narra, questiona e constrói</p><p>sentidos sobre a natureza e a sociedade,</p><p>produzindo cultura. (Art. 4º da Resolução</p><p>CNE/CEB nº 5/2009)”.</p><p>Propomos, enfim, o estabelecimento de</p><p>pontes entre a Educação Infantil e o Ensino</p><p>Fundamental que garantam à primeira etapa</p><p>da Educação Básica o direito ao brincar</p><p>livremente sem a transformação das</p><p>brincadeiras em ensino e, à segunda, o</p><p>caráter lúdico das aprendizagens</p><p>8 PEREIRA, Eva Waisros; TEIXEIRA, Zuleide Araújo. A Educação Básica</p><p>redimensionada. In: BRZEZINSKI, Iria (org.). LDB interpretada. São Paulo:</p><p>necessárias à uma vida em sociedade, plena</p><p>de possibilidades e de motivações para</p><p>buscar respostas aos desafios do cotidiano.</p><p>Ou, ainda, como lembram Pereira; Teixeira</p><p>(1997)8 propomos cumprir a função social</p><p>de cada uma das etapas da Educação</p><p>Básica, bem como suas finalidades</p><p>educativas, por meio de um trabalho</p><p>pedagógico em que o nível seguinte nunca</p><p>terá o objetivo de suprir fragilidades e/ou</p><p>dificuldades ocorridas no anterior” e vice-</p><p>versa, mas serão sempre complementares e</p><p>integrados, visando a aquisição gradativa</p><p>do saber.</p><p>A complexidade que configura o</p><p>processo educacional de uma criança</p><p>pequena, seja na Educação Infantil ou nos</p><p>anos iniciais do Ensino Fundamental requer</p><p>profissionais que dominem os saberes</p><p>relacionados às diferentes áreas do</p><p>conhecimento e que saibam fazer as</p><p>necessárias relações com o mundo infantil</p><p>a fim de que cada criança, nas interações</p><p>com os adultos e com as demais crianças,</p><p>por meio de jogos, brincadeiras, música,</p><p>teatro e tantas outras linguagens, incluindo</p><p>o silêncio, viva experiências, constitua seu</p><p>repertório de informações e desenvolva</p><p>atitudes de convivência cidadã. É um tempo</p><p>de viver a infância tal como ela é, sem</p><p>antecipações ou preparações de caráter</p><p>antecipatório; a hora de transformar as</p><p>vivências em uma base prazerosa e</p><p>consistente para a formação de conceitos e</p><p>para o relacionamento entre fatos e ideias.</p><p>O alcance dos objetivos de cada etapa da</p><p>Educação Básica e de sua compreensão</p><p>como um caminho de direito a ser</p><p>percorrido por todos requer professores</p><p>com formação inicial e permanente</p><p>atualização. É necessário superar o tempo</p><p>em que pessoas de boa vontade e com</p><p>alguma instrução assumiam à docência.</p><p>Esta é uma tarefa de quem escolhe ser</p><p>professor ou professora reconhecendo que</p><p>essa formação/atualização se dá ao longo da</p><p>vida, como responsabilidade das</p><p>instituições formadoras e do poder público,</p><p>Cortez Editora, 1997.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>7</p><p>tomando como ponto de partida a escola</p><p>contemporânea, com seu aluno</p><p>contemporâneo, com sua família</p><p>contemporânea.</p><p>Articulação entre Educação Infantil e</p><p>Ensino Fundamental</p><p>9 Quando a etapa da Educação Infantil se</p><p>encerra e inicia-se outra, o Ensino</p><p>Fundamental - Anos Iniciais, é preciso</p><p>atenção à essa transição, muitas vezes</p><p>complexa para a criança e a família, pois</p><p>pode ser vista como um momento de</p><p>ruptura. As instituições de ensino precisam</p><p>lembrar que a criança não deixa de ser a</p><p>criança quando passa a ser estudante.</p><p>Essa ideia de dissociação é equivocada e</p><p>muitas vezes pode causar consequências no</p><p>desenvolvimento da criança. Sobre essa</p><p>relação Kramer cita:</p><p>Educação infantil e ensino fundamental são</p><p>indissociáveis: ambos envolvem conhecimentos</p><p>e afetos; saberes e valores; cuidados e atenção;</p><p>seriedade e riso [...]. Na educação infantil e no</p><p>ensino fundamental, o objetivo é atuar com</p><p>liberdade para assegurar a apropriação e a</p><p>construção do conhecimento por todos [...]. Nos</p><p>dois, temos grandes desafios: o de pensar a</p><p>creche, a pré-escola e a escola como instâncias</p><p>de formação cultural; o de ver as crianças como</p><p>sujeitos de cultura e história, sujeitos sociais</p><p>(2007, p. 20).</p><p>Com o tempo, construiu-se o conceito de</p><p>que ao passar para os Anos Iniciais do</p><p>Ensino Fundamental, a criança deixa de ser</p><p>criança, como se houvesse uma ruptura na</p><p>infância. É comum os adultos, sejam os pais</p><p>ou os professores, falarem para a criança</p><p>frases do tipo: “agora as coisas ficaram</p><p>sérias” ou “chegou a hora de estudar”.</p><p>Sobre isso, Nascimento discorre:</p><p>Pensar sobre a infância na escola e na sala</p><p>de aula é um grande desafio para o ensino</p><p>fundamental que, ao longo de sua história, não</p><p>tem considerado o corpo, o universo lúdico, os</p><p>jogos e as brincadeiras como prioridade.</p><p>Infelizmente, quando as crianças chegam a essa</p><p>etapa de ensino, é comum ouvir a frase “Agora</p><p>a brincadeira acabou!”. Nosso convite, e</p><p>desafio, é aprender sobre e com as crianças por</p><p>meio de suas diferentes linguagens. Nesse</p><p>9http://www.referencialcurriculardoparana.pr.gov.br/modules/conteudo/c</p><p>sentido, a brincadeira se torna essencial, pois</p><p>nela estão presentes as múltiplas formas de ver</p><p>e interpretar o mundo (2007, p. 30).</p><p>Suely Amaral Mello (2012) ressalta que</p><p>é necessário compreender o processo de</p><p>aquisição da linguagem escrita como</p><p>formação da atitude leitora e produtora de</p><p>textos na Educação Infantil. Sobre esse</p><p>aspecto, a autora discorre, o sentido que as</p><p>crianças atribuirão à escrita será adequado</p><p>se ele for coerente com a função social,</p><p>coerente com o significado social da escrita.</p><p>Pode-se mostrar às crianças - por meio das</p><p>vivências que proporcionadas envolvendo a</p><p>linguagem escrita - que a escrita serve para</p><p>escrever histórias e poemas, escrever cartas</p><p>e bilhetes, registrar planos, intenções e</p><p>acontecimentos, por exemplo (MELLO,</p><p>2012, p. 78).</p><p>Nesse sentido, primordialmente na</p><p>Educação Infantil, o professor deve</p><p>organizar atividades que favoreçam a</p><p>compreensão da função social da escrita</p><p>com o intuito de captar as intenções</p><p>comunicativas dos textos e ampliar o</p><p>repertório vocabular das crianças. Essas são</p><p>crianças.</p><p>( ) Verdadeiro ( ) Falso</p><p>Alternativas</p><p>01 - E | 02 - Falso</p><p>ATENDIMENTO A COMUNIDADE</p><p>ESCOLAR</p><p>A Secretaria Escolar é o primeiro setor</p><p>da instituição de ensino, que tem contato</p><p>com a comunidade escolar e com o público</p><p>em geral. Este setor é o que guarda a</p><p>memória de todo tipo de documentação da</p><p>escolar produzida e recebida, seja de alunos</p><p>ou de professores, garantindo assim a</p><p>veracidade das informações e o controle de</p><p>toda situação escolar24.</p><p>A função relacionada a este setor da</p><p>Instituição de Ensino é Agente Educacional</p><p>II e quem coordena é um Agente indicado</p><p>pela Direção para ser Secretário (a) Escolar.</p><p>O(a) Secretário(a) escolar também é um</p><p>profissional de Gestão Administrativa</p><p>Escolar e junto com sua equipe, conhece a</p><p>rotina diária da secretaria, que deve ser ágil,</p><p>correta e embasada na legislação vigente.</p><p>O profissional da Secretaria Escolar</p><p>exerce muitas atividades distintas: é</p><p>responsável pela escrituração,</p><p>documentação, correspondência e</p><p>processos referentes à vida legal da</p><p>instituição de ensino e à vida escolar dos</p><p>alunos; organiza o trabalho para que ocorra</p><p>de maneira conjunta com as Equipes de</p><p>/modulo_atendimento_publico. Visitado em 10.10.2022.</p><p>Procedimentos básicos para atendimento</p><p>aos pais; acompanhamento de entrada e</p><p>saída de crianças; auxílio a atividades</p><p>previstas no planejamento escolar</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>81</p><p>Direção e Pedagógica, além de administrar</p><p>as relações humanas decorrentes da</p><p>dinâmica do trabalho. Cabe ressaltar a</p><p>necessidade de haver o correto lançamento</p><p>e efetivação dos registros escolares como,</p><p>os direitos de um candidato à matrícula,</p><p>regularidade da vida escolar, o</p><p>desenvolvimento da aprendizagem de um</p><p>aluno, o acompanhamento pedagógico, os</p><p>resultados parciais ou finais de cada aluno</p><p>para promoção ou expedição de</p><p>transferências, certificados de conclusão ou</p><p>diplomas.</p><p>Quem é o público da Secretaria</p><p>Escolar?</p><p>Público interno — São todos os</p><p>servidores e companheiros de trabalho, tais</p><p>como professores, funcionários,</p><p>estagiários, equipe diretiva. Considera-se</p><p>por público interno da escola o indivíduo</p><p>que trabalha para a instituição, participando</p><p>ativamente dela.</p><p>Público externo — São todos aqueles</p><p>atendidos pela instituição de ensino, como:</p><p>alunos, pais ou responsáveis, representantes</p><p>das instituições que oferecem campo de</p><p>estágio (no caso da Educação Profissional),</p><p>fornecedores e a comunidade em geral.</p><p>Um atendimento de qualidade colabora</p><p>com o bom andamento das ações na escola.</p><p>Quando são bem atendidos, os pais e alunos</p><p>percebem que podem contribuir para a</p><p>manutenção desse ambiente de cortesia,</p><p>respeito e organização. Também se sentem</p><p>motivados a participar da escola por serem</p><p>ouvidos, respeitadas e bem orientadas.</p><p>Uma vez que nossa finalidade escolar é</p><p>preparar para a vida, o atendimento deve</p><p>também ser humanizado, priorizando a</p><p>escuta ativa e a empatia.</p><p>Princípios de um bom atendimento Os</p><p>princípios de atendimento estão</p><p>relacionados à postura do funcionário, com</p><p>as suas atitudes e o seu modo de agir com</p><p>os alunos, pais, professores, outros</p><p>funcionários e comunidade. É necessário</p><p>definir nas políticas da instituição uma</p><p>postura profissional de atendimento, como</p><p>forma de avançar satisfatoriamente as</p><p>relações entre a comunidade escolar em</p><p>geral.</p><p>Os pais e responsáveis esperam</p><p>informações claras sobre a proposta</p><p>pedagógica das instituições e normalmente</p><p>são atendidos pela equipe pedagógica para</p><p>sanar tais dúvidas. Mas também precisam</p><p>de informações frequentes sobre</p><p>documentação dos filhos e outros assuntos</p><p>de rotina e esperam ter suas dúvidas</p><p>esclarecidas.</p><p>Muitas vezes a Secretaria Escolar é o</p><p>primeiro setor da escola que recebe a</p><p>comunidade. Por essa razão, ela se torna o</p><p>cartão de visitas, demonstrando a</p><p>identidade e a imagem da escola. Quem faz</p><p>o atendimento deve ser responsável e adotar</p><p>uma forma de acolhimento baseado no</p><p>respeito e na gentileza.</p><p>Um dos princípios do bom atendimento</p><p>é corresponder às expectativas da pessoa</p><p>que procura a informação e compreender</p><p>que quando se trabalha em um órgão</p><p>público, você está de fato, a serviço da</p><p>comunidade.</p><p>Outro fator importante é percepção de</p><p>que além de esclarecer as dúvidas, o</p><p>funcionário precisa transmitir uma</p><p>sensação de segurança para o público por</p><p>meio da certeza e agilidade do atendimento.</p><p>Por essa razão, é fundamental que o</p><p>funcionário pergunte para os colegas mais</p><p>experientes quando surgir alguma dúvida</p><p>ou ainda, que consulte as legislações</p><p>vigentes e instrumentos que contenham as</p><p>informações que precisa. Mesmo que tenha</p><p>que pedir para a pessoa esperar um pouco</p><p>para obter a informação de forma correta.</p><p>Além de priorizar oferecer a informação</p><p>correta, é necessário oferecê-la de forma</p><p>completa. Muitas pessoas reclamam que</p><p>precisam voltar muitas vezes nos guichês</p><p>de um mesmo órgão público, porque cada</p><p>vez que entrega um documento solicitado o</p><p>atendente comunica que faltou outro.</p><p>Causando irritação e desqualificando a</p><p>instituição.</p><p>Todas as pessoas esperam ser bem</p><p>tratadas, independente de quem ela é, de sua</p><p>formação, situação econômica ou cultural.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>82</p><p>Todos necessitam do sentido de dignidade.</p><p>Em algum momento da vida, todos</p><p>precisam de uma ajuda e esperam serem</p><p>tratadas com respeito, empatia, simpatia e</p><p>paciência. Um apoio e um rosto amigo</p><p>geram um sentimento de conforto na hora</p><p>da dúvida ou de uma dificuldade.</p><p>A pessoa que atende o público se depara</p><p>com um ser humano que muitas vezes nem</p><p>sabe elaborar sua pergunta ou expressar sua</p><p>dúvida, mas espera ser compreendido, bem</p><p>recebido e sentir-se importante. Tais</p><p>expectativas são inerentes ao ser humano,</p><p>que não espera ter que solicitar o respeito e</p><p>consideração aos seus problemas, apenas</p><p>acredita que é seu direito.</p><p>Proposições para quem atende o</p><p>público</p><p>Ao trabalhar com o atendimento ao</p><p>público é preciso considerar a diversidade</p><p>de tarefas que essa função compreende.</p><p>Receber bem cada pessoa na escola é uma</p><p>forma de prestar um bom serviço. Tarefas</p><p>como: recepcionar, informar, esclarecer</p><p>dúvidas, orientar, mostrar opções, evitar</p><p>desperdício de tempo, diagnosticar as</p><p>necessidades dos diferentes públicos,</p><p>apaziguar e solicitar a espera,indicam</p><p>qualidade no atendimento ao público.</p><p>• Iniciar sempre o atendimento com a</p><p>consciência da importância de seu</p><p>atendimento para a pessoa que procura</p><p>informações.</p><p>• Pergunte o nome da pessoa e se</p><p>apresente.</p><p>• Dedicar um tempo para ouvir o que a</p><p>pessoa tem a dizer sem interromper,</p><p>demonstrando interesse e consideração.</p><p>• Se a instituição é de educação, então</p><p>deveria ser o guichê onde as pessoas são</p><p>mais bem atendidas.</p><p>• Caso tenha a informação, atender a</p><p>pessoa com profissionalismo, vontade e</p><p>empatia, procurando perceber se houve</p><p>compreensão integral.</p><p>• Procure não demonstrar insegurança ou</p><p>usar a frase: “NÃO SEI...” Caso não saiba</p><p>de uma informação, peça um instante e</p><p>procure informar-se.</p><p>• Evite utilizar linguagem técnica, pouco</p><p>conhecida. Utilize linguagem clara e</p><p>simples.</p><p>• Evite interromper a fala da pessoa</p><p>atendida.</p><p>• Considere os sentimentos das pessoas:</p><p>inibição, nervosismo, cansaço, etc.</p><p>• Compreenda a importância da presença</p><p>da comunidade para a escola.</p><p>• Caso a informação oferecida esteja</p><p>relacionada a procedimentos que a pessoa</p><p>precisa tomar, verifique se é necessário</p><p>anotar em um papel para ela levar consigo.</p><p>• Procure desenvolver flexibilidade, que</p><p>é a capacidade de lidar com situações não</p><p>previstas.</p><p>• Não se esquecer de COMO VOCÊ</p><p>GOSTARIA DE SER ATENDIDO.</p><p>Obstáculos comuns no atendimento ao</p><p>público</p><p>A habilidade de comunicação é um</p><p>importante aspecto do atendimento. Muitas</p><p>vezes a mensagem recebida não é</p><p>processada pelo receptor</p><p>da forma que foi</p><p>emitida.</p><p>Esse fato é comum porque em todo</p><p>processo de comunicação existem</p><p>obstáculos que podem dificultar o perfeito</p><p>entendimento. Alguns destes obstáculos:</p><p>Significações - são limitações ou</p><p>distorções decorrentes da forma como a</p><p>comunicação é feita. As formas de</p><p>expressão, como: gestos, palavras, sinais,</p><p>símbolos, podem ter diferentes significados</p><p>e sentidos para diferentes pessoas. É</p><p>comum ao ser humano ver e escutar</p><p>seletivamente com base em suas próprias</p><p>motivações, interesses e experiências.</p><p>Sobrecarga - Outro fator comum é</p><p>poluir a fala com excesso de informações</p><p>que acabam ultrapassando os limites de</p><p>processamento de quem a recebe,</p><p>ocasionando perda de informação ou</p><p>distorção do conteúdo.</p><p>Distorção - ocorre quando a mensagem</p><p>é alterada ou modificada, comprometendo</p><p>seu conteúdo original.</p><p>Omissão - ocorre quando os aspectos</p><p>importantes da comunicação são excluídos,</p><p>Leila</p><p>Destacar</p><p>Leila</p><p>Destacar</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>83</p><p>seja pelo emissor ou pelo receptor,</p><p>causando perda parcial da informação ou</p><p>incompreensão por falta de dados.</p><p>Gírias - é uma linguagem de caráter</p><p>popular, que é usada por determinados</p><p>grupos sociais para substituir a forma culta</p><p>ou convencional.</p><p>A comunicação não verbal pode dizer</p><p>mais do que as palavras. Essa realidade</p><p>pode ser explorada no atendimento ao</p><p>público, de forma que facilite a</p><p>compreensão da mensagem. Esse tipo de</p><p>comunicação envolve o uso da linguagem</p><p>corporal, por meio de expressões faciais,</p><p>posturas corporais, distâncias físicas e</p><p>gestos que são de caráter inconsciente ao</p><p>comunicador. Linguagem não verbal</p><p>compreende também toda forma de</p><p>comunicação em que não se usa palavras</p><p>para explicar a mensagem. Pode</p><p>compreender todos os tipos de simbologias</p><p>textuais, como placas de trânsito, gestos,</p><p>ilustrações que transmitem informações ou</p><p>emoções.</p><p>Atendimento Telefônico</p><p>• Inicie o atendimento com um</p><p>cumprimento e apresente o nome de sua</p><p>instituição.</p><p>• Seja cordial e pergunte o nome da</p><p>pessoa com muito respeito.</p><p>• Crie um ambiente favorável para que a</p><p>pessoa atendida possa expressar-se.</p><p>Lembre-se de que todos gostam de ser bem</p><p>atendidos. Por essa razão, explique se</p><p>houver muito barulho naquele momento,</p><p>como o horário de intervalo, som do sinal</p><p>para troca de aulas ou muitas pessoas</p><p>conversando no ambiente.</p><p>• Tenha sempre papel, caneta e lista de</p><p>ramais (se for o caso) em mãos.</p><p>• Encaminhe os recados à pessoa que</p><p>precisa recebê-los.</p><p>• O telefone institucional deve ser</p><p>utilizado apenas para assuntos profissionais</p><p>e não pessoais.</p><p>• Evite deixar as pessoas esperando na</p><p>linha.</p><p>• Não atenda ao telefone olhando o</p><p>computador, pois sua atenção estará</p><p>flutuante e poderá perder detalhes da fala da</p><p>pessoa e não oferecer o atendimento</p><p>adequado.</p><p>Atendimento Virtual</p><p>• Utilize apenas o e-mail institucional</p><p>para fins profissionais e siga as regras</p><p>básicas de etiqueta virtual.</p><p>• Faça uma leitura atenta do e-mail</p><p>recebido antes de respondê-lo para evitar o</p><p>envio de respostas equivocadas. Utilize</p><p>linguagem formal e faça a revisão.</p><p>Peça que outra pessoa leia, no caso de</p><p>enviar mensagens com muitos detalhes.</p><p>• Crie uma assinatura institucional para</p><p>poder identificar-se ao responder as</p><p>mensagens.</p><p>• Preencha sempre o campo “assunto” e</p><p>seja objetivo.</p><p>• Observe sempre se há anexos que</p><p>precisam ser vistos. Envie anexos somente</p><p>quando necessário e descreva, no corpo do</p><p>texto, que há anexos em sua mensagem.</p><p>• Quando precisar encaminhar uma</p><p>mensagem cuide para apagar o que é</p><p>desnecessário, como a lista de e-mail de</p><p>todos que receberam.</p><p>• Lembre-se de que letras maiúsculas</p><p>podem ser interpretadas como grito e não</p><p>como ênfase, evite utilizá-las.</p><p>• Verifique se foram tomadas todas as</p><p>providências necessárias antes de arquivar</p><p>as mensagens.</p><p>• Organize em pastas os e-mails</p><p>recebidos mais importantes para você</p><p>acessar rapidamente a informação quando</p><p>você precisar. (Exemplo: e-mails de</p><p>pais/responsáveis; e-mail do NRE ou</p><p>SEED; e-mails da equipe pedagógica, dos</p><p>diretores, da(o) secretária(o) escolar. Não</p><p>faça muitas pastas para não se atrapalhar, só</p><p>o que é importante para a organização de</p><p>suas demandas.</p><p>• Evite o acúmulo de e-mails sem leitura.</p><p>E faça o possível para respondê-los em</p><p>menos de 24 horas.</p><p>• É inadequado repassar correntes e</p><p>piadas utilizando e-mail ou assinatura</p><p>institucional.</p><p>Leila</p><p>Destacar</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>84</p><p>• Quando fizer um atendimento</p><p>telefônico em que solicitam informações</p><p>oficiais, indique a solicitação por e-mail.</p><p>Documente-se. Lembre-se de que você</p><p>trabalha em instituição pública. Isso vale</p><p>também para quando a solicitação está</p><p>confusa e você precisa de maiores</p><p>esclarecimentos para saber como</p><p>responder.</p><p>Atendimento Pais ou Responsáveis</p><p>• Quando a escola é organizada e possui</p><p>uma gestão democrática, não há motivos</p><p>para não trazer os pais para a escola.</p><p>• Achar que a família não possui</p><p>conhecimento para fazer um determinado</p><p>questionamento é uma atitude grosseira e</p><p>subestima a capacidade de envolvimento e</p><p>interesse deles pela escola.</p><p>• Os que atendem a família e a</p><p>comunidade precisam estar dispostos a</p><p>ouvir sugestões e críticas sem levar para o</p><p>lado pessoal. Eles precisam ser vistos como</p><p>parceiros que podem colaborar muito para</p><p>avanços na escola.</p><p>• Em um local bem visível e estratégico,</p><p>deixe disponível um espaço para que as</p><p>pessoas exponham suas opiniões ou</p><p>sugestões, afinal de contas se eles fazem</p><p>parte da escola, quando podem ser ouvidos?</p><p>Isso também pode ser feito de forma on-</p><p>line. O importante nesse processo é a ampla</p><p>divulgação de que há esse espaço. Não se</p><p>esqueçam de designar uma pessoa para ler</p><p>e agradecer a sugestão, além de encaminhá-</p><p>la para quem é de direito ou ao responsável</p><p>da área (equipe diretiva, pedagógica,</p><p>funcionários ou secretaria, etc.)</p><p>• Essa estratégia, quando bem utilizada</p><p>pode ajudar no planejamento das ações na</p><p>escola e até nos indicadores de avaliação</p><p>interna, pois reflete os pontos fracos e fortes</p><p>da escola.</p><p>Atendimento Pessoal</p><p>• Lembre-se que a postura, a forma de</p><p>vestir e a linguagem utilizada são</p><p>importantes para a imagem da escola.</p><p>• Procure agendar o atendimento, mas</p><p>tenha a sensibilidade de atender a pessoa</p><p>que já está na escola e não tem condições de</p><p>voltar em outro momento.</p><p>Muitos assuntos dependem de prazos e</p><p>precisam de atendimento imediato.</p><p>• Procure cumprir os horários que foram</p><p>agendados, caso aconteça algum</p><p>imprevisto, ligue com antecedência e</p><p>ofereça opções de horários favoráveis para</p><p>a pessoa.</p><p>• Quando for necessário, lembre-se de</p><p>realizar ata para registrar os fatos</p><p>importantes e os acordos firmados.</p><p>Evitando assim, futuros desentendimentos.</p><p>• Procure se inteirar dos assuntos das</p><p>reuniões, verifique se é preciso ter</p><p>documentos ou legislações em mãos e quais</p><p>pessoas precisam estar presentes</p><p>(pedagoga, professor(a), diretor, etc.). Caso</p><p>seja necessária a presença de um</p><p>professor(a), certifique-se de agendar o</p><p>atendimento em hora atividade ou solicitar</p><p>que alguém atenda a turma em que ele (a)</p><p>daria aula.</p><p>• Organize o local de atendimento ou da</p><p>reunião. Leve papéis e canetas. Caso seja</p><p>prevista uma reunião extensa, prepare um</p><p>espaço com água e copos. Caso o</p><p>atendimento seja em sua sala, certifique-se</p><p>da organização de sua mesa.</p><p>• Caso a pessoa que será atendida não</p><p>saiba como chegar à escola, oriente a</p><p>respeito da localização. Lance mão da</p><p>tecnologia! Envie a localização via e-mail</p><p>ou outras ferramentas pelo celular.</p><p>Também informe a portaria da escola ou o</p><p>funcionário responsável pela entrada a</p><p>respeito do visitante.</p><p>Administração do Tempo</p><p>• Cuide de sua saúde.</p><p>• Providencie um calendário de mesa ou</p><p>de parede que tenha espaço para anotar</p><p>eventos em cada data.</p><p>Além disso, use a</p><p>tecnologia a seu favor! Você pode utilizar a</p><p>agenda física, agenda do celular ou agenda</p><p>do e-mail.</p><p>• Planeje tudo no dia anterior para que</p><p>possa providenciar o que é necessário a</p><p>tempo. Faça isso em poucos minutos.</p><p>Aprenda a otimizar o seu tempo.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>85</p><p>• Procure ter atenção focalizada no que</p><p>você faz naquele momento, de forma que</p><p>não se distraia com preocupações</p><p>posteriores que prejudicarão o que você</p><p>está fazendo.</p><p>• Faça tudo com excelência,</p><p>certificando-se de que não precisar refazer</p><p>por descuido.</p><p>• Assuma tarefas de sua</p><p>responsabilidade e diga “não” sem</p><p>constrangimentos quando as tarefas não lhe</p><p>dizem respeito.</p><p>• Selecione o que é mais importante e</p><p>verifique os prazos. Atente para às datas de</p><p>vencimentos dos Atos Administrativos de</p><p>sua escola, entrega de boletins, lançamentos</p><p>nos sistemas eletrônicos da mantenedora,</p><p>entrega de relatórios e outros prazos</p><p>importantes.</p><p>• Esteja certo de quais são as prioridades.</p><p>• A procrastinação é seu maior inimigo.</p><p>• Procure separar tempo para ler e se</p><p>aperfeiçoar profissionalmente.</p><p>Questões</p><p>01. (MTE - Agente Administrativo -</p><p>CESPE) Acerca da qualidade no</p><p>atendimento ao público, julgue os itens a</p><p>seguir.</p><p>A qualidade do atendimento ao público</p><p>fundamenta-se na prestação da informação</p><p>correta, na cortesia do atendimento, na</p><p>brevidade da resposta e na adequação do</p><p>ambiente para a realização do atendimento.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>02. (IFN/MG - Assistente em</p><p>Administração - FUNDEP) Com relação à</p><p>comunicação interpessoal e atendimento ao</p><p>público, é INCORRETO afirmar que</p><p>A - o funcionário que tem capacidade de</p><p>trabalhar com outras pessoas é mais feliz e</p><p>mais produtivo.</p><p>B - o funcionário do setor de serviços</p><p>frequentemente interage com o público.</p><p>C - a satisfação do funcionário está</p><p>25 https://bit.ly/3Td0im2</p><p>26 https://bit.ly/3yrJvUs</p><p>diretamente relacionada com a avaliação</p><p>positiva do público.</p><p>D - o treinamento não é uma das</p><p>estratégias para a melhoria contínua do</p><p>nível de satisfação do público.</p><p>Alternativas</p><p>01 - Certo | 02 - D</p><p>ESCOLA - COMUNIDADE</p><p>25A relação entre comunidade e escola é de</p><p>grande importância para a organização</p><p>pedagógica da escola e para o desenvolvimento</p><p>integral do educando no processo ensino-</p><p>aprendizagem.</p><p>Essa integração visa a construção de</p><p>reflexões a respeito de situações problemáticas,</p><p>sobre a relação família/escola no contexto</p><p>escolar, em relação ao auxilio nas tarefas</p><p>escolares, o incentivo à leitura e envolvimento</p><p>nos eventos pedagógicos promovidos pela</p><p>escola.</p><p>Trata-se de uma relação que deve se formar</p><p>desde os primeiros passos da criança.</p><p>Os espaços disponíveis para educação são</p><p>caracterizados como espaços coletivos e</p><p>fecundos para formação dos indivíduos como</p><p>seres políticos, autônomos e emancipados que</p><p>se fortalecem na construção coletiva da</p><p>sociedade.</p><p>26O espaço ao redor da escola apresenta</p><p>particularidades do grupo de alunos que a</p><p>frequentam, sendo assim, o entorno escolar</p><p>possui um poder de marcar a escola e os alunos</p><p>de diversas maneiras.</p><p>Diversos elementos ao redor da escola</p><p>podem marcá-la, como: associação de pais,</p><p>associação de bairro, igrejas, iniciativas de</p><p>instituições municipais próximas à escola, entre</p><p>outros.</p><p>Mas a escola pode ser marcada também por</p><p>problemas, como: tráfico de drogas,</p><p>banditismo, vandalismo, violências, condições</p><p>ruins de saneamento básico; e por problemas</p><p>ambientais relacionados ao descaso do poder</p><p>público ou ligados acidentes da natureza como,</p><p>por exemplo, enchentes.</p><p>27A comunidade e escola precisam</p><p>estabelecer uma relação de parceria, criando</p><p>maneiras de superar as suas dificuldades por</p><p>27 https://bit.ly/3Moavd6</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>86</p><p>meio da educação, agindo como entes capazes</p><p>de facilitar o desenvolvimento dos educandos.</p><p>O papel do ensinar não é uma competência</p><p>somente da escola, já que os alunos aprendem</p><p>com a família, amigos, pessoas significativas,</p><p>meios de comunicação, e com o cotidiano.</p><p>É por isso que os professores, a família e a</p><p>sociedade devem ter em mente que escola</p><p>precisa do empenho e envolvimento de todos.</p><p>A comunidade pode participar da escola de</p><p>maneira institucionalizada, por meio de setores</p><p>locais, algo parecido com as Associações de</p><p>Pais e Mestres (APM‟s), mas isso não se</p><p>caracteriza como um comunitarismo. Caso</p><p>assim fosse, qualquer escola que contasse com</p><p>uma APM com funcionamento efetivo se</p><p>tornaria uma escola comunitária, e não uma</p><p>escola pública ou particular que conta com a</p><p>participação da comunidade (que é usuária</p><p>dessa escola).</p><p>A escola é parte de uma comunidade, assim</p><p>como a equipe escolar é membro da</p><p>comunidade escola. Todavia, uma participação</p><p>importante da vida escola é a dos pais dos</p><p>alunos, que devem participar de maneira efetiva</p><p>da vida escolar de seus filhos.</p><p>Os próprios professores podem fazer parte</p><p>da comunidade na qual a escola está inserida, o</p><p>que pode tornar a interação entre escola e</p><p>comunidade mais positiva, visto que os</p><p>educadores viriam das mesmas condições que</p><p>os alunos, não se tornando, portanto,</p><p>opressores.</p><p>O conhecimento da comunidade pode</p><p>contribuir para o crescimento da população</p><p>escolar. Os profissionais da escola devem</p><p>trabalhar em conjunto com os alunos e com a</p><p>comunidade, já que isso pode garantir uma</p><p>maior participação ativa da parte dos</p><p>educandos.</p><p>Além disso, o conhecimento da comunidade</p><p>é importante para os profissionais e para os</p><p>alunos. Desse modo, eles podem empregar</p><p>ligações entre os conteúdos adquiridos em sala</p><p>de aula e a sua realidade geográfica, política,</p><p>cultural e econômica. Quando essa relação é</p><p>estabelecida, os conteúdos se tornam muito</p><p>mais relevantes.</p><p>Um bom relacionamento entre a escola e a</p><p>comunidade torna o trabalho da instituição de</p><p>ensino mais eficaz, pois é necessário que esteja</p><p>na comunidade. É preciso usufruir de tudo</p><p>aquilo que a comunidade pode oferecer para</p><p>tornar o trabalho mais interessante, como</p><p>serviços comunitários que podem auxiliar a</p><p>equipe pedagógica, com diferentes atividades,</p><p>como artesanato, culinária, ou mesmo na</p><p>manutenção do espaço físico.</p><p>Temos na escola uma instituição capaz de</p><p>gerar grandes transformações, tanto no sujeito</p><p>de modo individual, quanto no todo, em uma</p><p>comunidade. E, para isso, a escola precisa</p><p>reconhecer e conhecer a comunidade, torná-la</p><p>parte de si.</p><p>Nem sempre a participação da comunidade</p><p>de maneira ativa dentro da escola foi vista como</p><p>algo bom por tarde os agentes pedagógicos.</p><p>Essa relação só acontecia em datas específicas</p><p>e raras, como a participação em alguma</p><p>festividade.</p><p>Esse tipo de participação é importante para</p><p>trazer a comunidade para dentro da escola e</p><p>para fortalecer os vínculos, mas não deve ser o</p><p>único. Hoje, o cenário político, econômico e</p><p>social é bem diferente. A comunidade deve ter</p><p>uma participação mais ativa da vida escolar,</p><p>reivindicando melhorias e ajudando nesse</p><p>processo.</p><p>O que se observa é que as pessoas de classes</p><p>mais elevadas possuem um maior poder de</p><p>organização, que pode gerar reinvindicações</p><p>em diversos setores da vida escolar. As famílias</p><p>de classes mais baixas não possuem esse</p><p>entendimento de maneira clara, aumentando</p><p>ainda mais a disparidade no nível e na qualidade</p><p>educacional entre a elite e as camadas</p><p>inferiores. A falta de organização e a não</p><p>reinvindicação de melhorias junto à direção</p><p>prejudicam a qualidade do ensino.</p><p>Em relação aos professores, as famílias de</p><p>baixa renda tendem a vê-los como autoridades,</p><p>diferente das famílias mais abastadas, que os</p><p>enxergam como concorrentes diretos na</p><p>educação de seus filhos, algo que, muitas vezes,</p><p>pode gerar conflito.</p><p>Essa relação tem muito a ver com a</p><p>educação que os alunos recebem em casa e em</p><p>comunidade, já que é comum os filhos de</p><p>famílias mais ricas chegarem à escola com uma</p><p>bagagem educacional um pouco maior, menos</p><p>“crus”.</p><p>Nas reuniões entre pais e escola, a</p><p>participação pode ficar prejudicada quando os</p><p>pais precisam trabalhar até tarde, muitas vezes</p><p>em mais de um turno. O número de</p><p>participantes é muito maior entre as mulheres</p><p>(mães), que, além de trabalhar fora, precisam</p><p>desempenhar uma jornada dupla com o trabalho</p><p>doméstico. Essa falta de participação ativa pode</p><p>prejudicar a vida escolar dos alunos</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>87</p><p>Pesquisadores notam que a maior parte da</p><p>população não se interessa pelos assuntos</p><p>públicos, muito menos reivindica sua</p><p>participação. Isso gera apenas uma frequência</p><p>dos professores e alunos indo à escola e</p><p>recebendo merenda, consideram isso suficiente.</p><p>É algo que deve mudar e a gestão</p><p>participativa colabora com essa mudança,</p><p>gerando uma união entre escola e comunidade.</p><p>É necessário que ocorram atividades práticas de</p><p>ações conjuntas, aproximando ambas as</p><p>instâncias</p><p>Com a gestão democrática, o poder deixa de</p><p>ser vertical e passa a ser compartilhado entre</p><p>todos os membros da escola, incluindo a</p><p>comunidade. É essa participação na gestão que</p><p>pode garantir melhorias, já que a comunidade</p><p>pode influenciar na tomada de decisões na</p><p>organização escolar.</p><p>28A gestão democrática é um processo</p><p>político no qual as pessoas envolvidas podem</p><p>identificar, discutir, e avaliar problemas</p><p>presentes no contexto escolar, planejando ações</p><p>direcionadas ao desenvolvimento da escola na</p><p>busca da solução para os problemas elencados,</p><p>com o diferencial da participação de</p><p>representantes de todos os segmentos que</p><p>compõem a comunidade escolar.</p><p>É necessário criar um canal de debate, que</p><p>garanta que a comunidade escolar possa</p><p>participar de maneira efetiva dos assuntos</p><p>relacionados ao cotidiano escolar. É dever dos</p><p>gestores propor este debate, realizando uma</p><p>convocação dos membros da comunidade</p><p>escolar, para que aconteça o envolvimento e a</p><p>participação de todos.</p><p>Fica evidente a importância da criação de</p><p>espaços de discussão entre escola e comunidade</p><p>escolar, capazes de efetivar a participação de</p><p>todos nas ações propostas pela escola, já que se</p><p>sabe que quanto maior for essa participação</p><p>maior será o compromisso com a escola e, desse</p><p>modo, o desenvolvimento do ensino e</p><p>aprendizagem.</p><p>Essa participação só será concretizada assim</p><p>que todos os envolvidos terem consciência de</p><p>sua participação, assim como da necessidade de</p><p>contribuírem com sua opinião nos debates dos</p><p>assuntos pertinentes ao ambiente escolar.</p><p>A escola precisa ter a iniciativa de encontrar</p><p>maneiras para atrair a comunidade para dentro</p><p>da instituição.</p><p>O primeiro passo é o conhecimento da</p><p>28 https://bit.ly/3VeDMv0</p><p>própria comunidade por parte escola. A partir</p><p>disso, há a possibilidade de elaboração de um</p><p>projeto político pedagógico que englobe as</p><p>necessidades do bairro no qual a instituição está</p><p>inserida (pois esse documento descreve a</p><p>organização, a composição da escola e a</p><p>participação da comunidade escolar), assim</p><p>como a realização de atividades</p><p>extracurriculares de formação, de vinculação</p><p>com a comunidade e com o território do qual</p><p>faz parte. Agindo desse modo, a instituição</p><p>estará respeitando os sujeitos das</p><p>aprendizagens, trabalhando em uma construção</p><p>coletiva pela educação.</p><p>Para efetivar isso, a escola pode realizar</p><p>atividades que envolvam, por exemplo, o lazer,</p><p>por meio do qual os alunos conseguirão</p><p>conhecer melhor os locais públicos da sua</p><p>localidade, tais quais: praças, clubes, ginásios</p><p>esportivos, comercio, indústria, cinema, rios,</p><p>praias, montanhas.</p><p>Essa proposta faz com que os alunos passem</p><p>a conhecer melhor o bairro onde vivem, bem</p><p>como locais e pontos de interesse dentro da</p><p>própria cidade.</p><p>Seria interessante também realizar visitas às</p><p>famílias dos estudantes, sobretudo os</p><p>professores, que passam mais tempo com os</p><p>alunos. Isso pode gerar um diagnóstico das</p><p>necessidades da comunidade, que pode ser</p><p>encaminhado a diversos órgãos públicos, como</p><p>o setor de saúde.</p><p>A comunidade pode apresentar problemas</p><p>que podem ser solucionados com a participação</p><p>da escola. Por exemplo, a questão da limpeza</p><p>do bairro, sendo um problema resolvido por</p><p>meio de um mutirão organizado pela escola</p><p>para recolher objetos que podem acumular água</p><p>parada.</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de São Luís - Professor</p><p>Nível Superior - CESPE/CEBRASPE) A</p><p>partir da participação da comunidade escolar e</p><p>da reflexão a respeito da composição escolar, a</p><p>organização da escola, desde os tempos e</p><p>espaços do currículo até o relacionamento com</p><p>a comunidade, é estabelecida</p><p>(A) no plano de aula anual.</p><p>(B) no plano de curso.</p><p>(C) no conselho de classe.</p><p>(D) na reunião de pais.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>88</p><p>(E) no projeto político-pedagógico.</p><p>02. (Prefeitura de Itaquitinga - Professor</p><p>- Ensino Fundamental - IDHTEC) Ao</p><p>envolver a comunidade escolar na elaboração e</p><p>formulação do projeto político pedagógico da</p><p>escola, este será assumido como:</p><p>(A) Um instrumento de ordem burocrática.</p><p>(B) Um elemento mágico que solucionará</p><p>todos os problemas da escola.</p><p>(C) Uma instância de construção coletiva</p><p>que respeita os sujeitos das aprendizagens.</p><p>(D) Um documento para ser arquivado na</p><p>escola e apresentado no momento das</p><p>avaliações institucionais.</p><p>(E) Um instrumento que pode tirar a</p><p>autoridade do gestor escolar, uma vez que todos</p><p>podem opinar.</p><p>Alternativas</p><p>01 - E | 02 - C</p><p>TRABALHO NA FAMÍLIA E NA</p><p>ESCOLA</p><p>Com o intuito de melhorar a experiência</p><p>educacional dos alunos, o trabalho em</p><p>conjunto entre família e escola é</p><p>fundamental. Quando não há interação,</p><p>surgem dificuldades para a implementação</p><p>de um projeto pedagógico que traga</p><p>resultados efetivos. Assim, ambas as partes</p><p>devem se unir e criar metas simultâneas,</p><p>compartilhando princípios semelhantes</p><p>para conseguirem trilhar um caminho de</p><p>sucesso29.</p><p>Essa atitude de parceria proporcionará</p><p>mais segurança e qualidade na</p><p>aprendizagem dos estudantes, fazendo com</p><p>que eles se tornem bons cidadãos, capazes</p><p>de enfrentar os desafios da sociedade. Mas,</p><p>apesar de ser importante, não é uma tarefa</p><p>fácil, pois algumas questões precisam ser</p><p>trabalhadas.</p><p>Qual é a importância da família na</p><p>formação da criança?</p><p>Conviver, aprender e receber carinho</p><p>dos pais é de grande valia na garantia de</p><p>29 Eleva. Família e escola: por que é importante eles andarem juntos?</p><p>Somos Educação. https://blog.elevaplataforma.com.br/familia-e-escola/.</p><p>uma formação saudável às crianças, pois</p><p>faz com que elas tenham boas referências</p><p>para toda a vida.</p><p>O apoio da família é imprescindível para</p><p>que o jovem possa desenvolver autoestima</p><p>e confiança, adquirindo habilidades para</p><p>saber lidar com suas emoções, como</p><p>alegria, frustração e tristeza, além de</p><p>enfrentar os desafios e medos e assumir</p><p>responsabilidades.</p><p>Sem falar que os pais também são</p><p>responsáveis por promover estímulos para</p><p>o crescimento saudável, a socialização, a</p><p>comunicação, a cidadania, a segurança e a</p><p>aprendizagem da criança e do adolescente.</p><p>A partir de uma convivência de</p><p>qualidade, o indivíduo tende a se espelhar</p><p>nos familiares, seguindo os seus exemplos</p><p>em todas os aspectos da vida. Acompanhe</p><p>quais são as habilidades que a família deve</p><p>desenvolver com a criança.</p><p>Inteligência emocional</p><p>A falta de controle emocional pode</p><p>causar diversos problemas de socialização</p><p>na vida adulta. Por isso, é recomendado</p><p>trazer práticas para a sala de aula que</p><p>contribuam com desenvolvimento da</p><p>inteligência emocional das crianças.</p><p>Nesse contexto, é necessário ajudar os</p><p>pequenos a educarem suas emoções. Da</p><p>mesma maneira que a escola se preocupa</p><p>com o bem-estar físico dos alunos, é preciso</p><p>levar em consideração o seu bem-estar</p><p>emocional, analisando como eles são</p><p>capazes de</p><p>proteger as suas emoções e se</p><p>relacionar com as pessoas.</p><p>Assim sendo, é essencial que as famílias</p><p>invistam na saúde emocional de seus filhos,</p><p>dando abertura para eles poderem conversar</p><p>sobre qualquer assunto. Isso contribui para</p><p>prevenir depressão, ansiedade, fobias,</p><p>estresse e agressividade.</p><p>Também é crucial entender que as</p><p>crianças e os adolescentes precisam</p><p>vivenciar cada etapa da vida. Naturalmente,</p><p>elas têm a necessidade de correr riscos,</p><p>inventar, frustrar-se e brincar.</p><p>Visitado em 09.09.2022.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>89</p><p>Ainda é válido promover eventos com</p><p>atividades que exijam a participação dos</p><p>responsáveis. Isso pode parecer algo muito</p><p>simples, porém é bastante significativo,</p><p>pois auxilia no fortalecimento dos laços</p><p>entre alunos, pais e escola. Com isso, a</p><p>família se mostra atenta e disponível,</p><p>favorecendo o desenvolvimento da criança,</p><p>tanto no aspecto físico quanto emocional e</p><p>intelectual.</p><p>Empatia</p><p>A empatia é definida como a capacidade</p><p>que o ser humano tem de se colocar no lugar</p><p>do outro em determinada situação —</p><p>habilidade indispensável para conseguir</p><p>enxergar o próximo sem preconceitos e</p><p>julgamentos.</p><p>No contexto escolar, a empatia é de</p><p>extrema relevância para a criança saber</p><p>lidar com o diferente, estando disposta a</p><p>acolher os colegas que se diferem em</p><p>termos físicos ou culturais, por exemplo.</p><p>Antes de o aluno conseguir compreender</p><p>o que a outra pessoa está sentindo, ele deve</p><p>saber identificar, nomear e expressar suas</p><p>próprias emoções, além de ficar consciente</p><p>das consequências de suas decisões e ações.</p><p>Diante de uma situação conflituosa, você</p><p>pode perguntar ao estudante o porquê de ele</p><p>ter agido de determinada forma e o que</p><p>sentiu ou pensou para agir assim. Estimule</p><p>a criança a imaginar o sentimento do outro,</p><p>trazendo à tona possibilidades, mas</p><p>incentivando ela mesma a solucionar o</p><p>problema. Além disso, é importante sempre</p><p>dialogar com os pais.</p><p>Trabalho em equipe</p><p>Ter senso coletivo e de cooperação são</p><p>características fundamentais para as</p><p>pessoas que desejam conviver bem em</p><p>qualquer comunidade. Na fase adulta, essa</p><p>habilidade é relevante principalmente no</p><p>ambiente de trabalho.</p><p>Nos primeiros anos da escola, a criança</p><p>já começa a trabalhar em grupo, mesmo que</p><p>seja em atividades de jogos. Em situações</p><p>como essas, ela pode assumir a liderança ou</p><p>se sentir confortável em seguir ordens, mas</p><p>o importante é saber cooperar para o bem</p><p>coletivo. Nesse caso, o professor pode</p><p>distribuir funções para que cada aluno tenha</p><p>uma responsabilidade a ser cumprida.</p><p>O estimulo à cooperação em casa pode</p><p>ser dado de várias formas, desde a aplicação</p><p>de jogos coletivos entre os familiares até a</p><p>determinação de regras para cada membro</p><p>da família para manter a organização do lar.</p><p>Crianças pequenas podem aprender a</p><p>guardar seus brinquedos para manterem a</p><p>casa arrumada, por exemplo.</p><p>Também é indicado verbalizar sobre</p><p>como o trabalho em equipe contribui para</p><p>que tudo fique melhor, como a</p><p>possibilidade de concluir uma atividade em</p><p>menos tempo, sem sobrecarregar uma única</p><p>pessoa.</p><p>Obediência às regras</p><p>Geralmente, as crianças que não</p><p>conseguem seguir regras e acabam sendo</p><p>conhecidas pelo seu mau comportamento,</p><p>além de precisarem refazer diversas vezes</p><p>as tarefas solicitadas, pois não as fazem</p><p>dentro dos padrões exigidos.</p><p>Para que o pequeno aprenda a obedecer</p><p>às regras de casa e da escola, os pais e</p><p>professores também devem orientá-lo</p><p>corretamente. Dar mais de uma direção por</p><p>vez é errado. Em vez de falar ‘’pegue uma</p><p>folha de papel, faça um desenho e pinte-o’’,</p><p>o ideal é esperar a criança pegar a folha de</p><p>papel para depois dar o próximo comando.</p><p>O exemplo é simples, mas serve para</p><p>muitas situações.</p><p>Após dar uma instrução para o seu aluno,</p><p>questione o que ele deve fazer e o aguarde</p><p>explicar o que ouviu de você. É</p><p>perfeitamente normal as crianças menores</p><p>se distraírem, comportarem-se de forma</p><p>impulsiva e esquecerem de suas obrigações.</p><p>Entretanto, é necessário olhar para cada</p><p>erro como uma oportunidade de ajudá-las a</p><p>aperfeiçoar as habilidades delas.</p><p>Respeito ao espaço do outro</p><p>Existem crianças que são muito tímidas</p><p>e evitam o contato com quem não seja</p><p>próximo, mas também há aquelas que</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>90</p><p>buscam os outros o tempo todo, sem se</p><p>preocupar se estão sendo inconvenientes ou</p><p>não.</p><p>Assim sendo, é necessário ensinar a</p><p>criança a respeitar o espaço de outras</p><p>pessoas. Em casa, uma boa dica é criar</p><p>regras domésticas como ‘’não pegue o que</p><p>não é seu sem pedir’’ ou ‘’bata na porta</p><p>antes de abrir’’.</p><p>Na escola, caso o estudante pegue coisas</p><p>das mãos das pessoas sem perguntar ou</p><p>empurre alguém quando está impaciente, o</p><p>professor deve determinar consequências</p><p>para esse tipo de comportamento. Os pais</p><p>precisam ser informados sobre os</p><p>acontecimentos para que possam conversar</p><p>com os seus filhos em casa e reforçar a</p><p>necessidade de respeitar colegas e</p><p>professores.</p><p>Quando trabalhadas em parceria entre a</p><p>família e a escola, essas habilidades ajudam</p><p>a formar seres humanos, filhos e alunos</p><p>com valores e mais conscientes,</p><p>respeitando a comunidades em que vivem.</p><p>Isso resulta em bons relacionamentos com</p><p>os colegas e ótimo desempenho escolar.</p><p>Por que é importante família e escola</p><p>andarem juntas?</p><p>Muitos educadores têm dificuldade de</p><p>lidar com os conflitos dos alunos, pois não</p><p>entendem o que acontece em suas vidas fora</p><p>da escola. De igual modo, alguns pais não</p><p>conseguem contribuir para a educação dos</p><p>filhos porque não compreendem a vivência</p><p>deles no ambiente escolar. Por conta disso,</p><p>é importante revelar os benefícios da</p><p>parceria entre família e escola. Assim,</p><p>todos podem se empenhar nessa tarefa.</p><p>Vejamos a seguir.</p><p>Mantém as responsabilidades</p><p>alinhadas</p><p>Em alguns ambientes escolares, há certa</p><p>discordância entre pais e professores quanto</p><p>às responsabilidades no processo</p><p>educacional. As escolas cobram o empenho</p><p>das famílias que, por sua vez, culpam os</p><p>colégios pelo baixo desempenho dos</p><p>alunos.</p><p>Por isso, é importante que os</p><p>responsáveis façam parte do processo</p><p>pedagógico, compreendendo como as</p><p>atividades são desenvolvidas. Dessa</p><p>maneira, ambos os lados conseguem</p><p>reconhecer seus deveres e se empenharem</p><p>em cumpri-los.</p><p>Minimiza o impacto dos conflitos</p><p>Quando família e escola decidem</p><p>trabalhar em conjunto, a comunicação flui</p><p>com mais facilidade, criando um trabalho</p><p>consistente antes dos problemas surgirem.</p><p>Isso é fundamental, porque, além de</p><p>resolver os conflitos existentes, diminui o</p><p>impacto daqueles que ainda poderão</p><p>ocorrer.</p><p>Agrega valor às famílias</p><p>As famílias podem sentir certo</p><p>desconforto se a escola as chamarem</p><p>apenas para falar sobre o comportamento</p><p>dos filhos. Desse modo, o colégio deve</p><p>estabelecer um vínculo de parceria com os</p><p>responsáveis, permitindo que os dois lados</p><p>possam discutir não somente sobre</p><p>resultados e comportamento, mas também</p><p>outras ideias responsáveis por agregar valor</p><p>à família.</p><p>Gera valor para a sociedade</p><p>A educação se estende por toda a vida.</p><p>Por isso, uma escola que trabalha em</p><p>parceria com as famílias, forma cidadãos</p><p>capacitados não apenas com conhecimento,</p><p>mas com habilidades socioemocionais para</p><p>enfrentar os desafios e, assim, contribuir</p><p>para o desenvolvimento da sociedade.</p><p>Melhora os resultados dos alunos</p><p>Com metas e responsabilidades</p><p>alinhadas, tanto a família quanto a escola</p><p>estarão mais dispostas a ajudar os alunos</p><p>nos ambientes escolar, familiar e social. A</p><p>consequência disso é que o rendimento</p><p>deles aumentará, tendo todo esse empenho</p><p>a favor de sua educação. Isso os deixarão</p><p>mais engajados com as atividades</p><p>pedagógicas.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>91</p><p>Como promover a parceria entre</p><p>família e escola?</p><p>Para que família e escola possam</p><p>trabalhar</p><p>juntas, é preciso planejar algumas</p><p>estratégias e adotar novas práticas no</p><p>tratamento dos estudantes e familiares, com</p><p>o intuito de esclarecer a importância dessa</p><p>parceria para todos. Vejamos a seguir</p><p>algumas medidas para adotar.</p><p>Convide a família para o espaço</p><p>escolar</p><p>É preciso agendar eventos além das</p><p>reuniões comuns, permitindo que os</p><p>responsáveis possam se familiarizar mais</p><p>com o ambiente escolar e entender suas</p><p>atividades. Marcar encontros em horários</p><p>acessíveis, promover festividades e outras</p><p>comemorações podem ser interessantes</p><p>para eles.</p><p>Apresente os colaboradores da escola</p><p>Além disso, o colégio precisa apresentar</p><p>gestores, educadores e demais</p><p>colaboradores às famílias. Assim, elas terão</p><p>ciência da qualidade dos profissionais que</p><p>serão responsáveis por contribuir com o</p><p>desenvolvimento de seus filhos. Dessa</p><p>forma, terão mais respeito e admiração pela</p><p>escola.</p><p>Revele o plano pedagógico às famílias</p><p>Ao revelar o plano de ensino aos</p><p>responsáveis, eles estarão cientes da</p><p>qualidade dos conteúdos e daquilo que o</p><p>colégio deseja proporcionar aos alunos.</p><p>Com isso, a família saberá quais são os</p><p>assuntos trabalhados em sala e as</p><p>habilidades a serem desenvolvidas.</p><p>Incentive os responsáveis a opinar</p><p>sobre os processos</p><p>A família também precisa ser escutada</p><p>para que o colégio entenda o contexto no</p><p>qual o estudante está inserido e descubra</p><p>como ajudá-lo. Tanto educadores quanto</p><p>gestores precisam ouvir os pais e utilizar as</p><p>informações objetivando dar mais sentido à</p><p>educação dos alunos. Com um diálogo mais</p><p>aberto, o ambiente escolar se torna mais</p><p>acolhedor e adequado à realidade da</p><p>comunidade.</p><p>Desenvolva atividades culturais e</p><p>esportivas</p><p>Atividades de lazer e descontração</p><p>estimulam o interesse das crianças e dos</p><p>adolescentes. Sendo assim, a escola precisa</p><p>aproveitar essas oportunidades para se</p><p>aproximar dos alunos e da família. Isso fará</p><p>com que ambos deixem de olhar o ambiente</p><p>escolar como um local tenso e sem alegria,</p><p>passando a considerá-lo como um lugar</p><p>mais prazeroso.</p><p>Utilize ferramentas digitais para</p><p>integrar a família</p><p>Nem sempre os responsáveis podem</p><p>estar presentes em reuniões e acompanhar o</p><p>trabalho escolar de perto. Pensando nisso, é</p><p>necessário assegurar que eles possam</p><p>acessar o desempenho dos alunos, eventos</p><p>e notícias da escola por meio da internet.</p><p>Assim, a família estará ciente de todos os</p><p>acontecimentos.</p><p>Desenvolva atividades para casa</p><p>Além de eventos escolares, é preciso</p><p>promover atividades que permitam a</p><p>participação da família em casa também,</p><p>pois a educação não se restringe aos muros</p><p>do colégio. Para isso, é possível incentivar</p><p>atividades como: leituras, pesquisas,</p><p>atividades extracurriculares, questionários</p><p>e outras tarefas.</p><p>Promova projetos sociais</p><p>Ao desenvolver projetos sociais, além de</p><p>estreitar os laços com familiares e alunos, a</p><p>escola mostrará sua preocupação com a</p><p>comunidade local. Isso permite que os</p><p>estudantes coloquem seus conhecimentos</p><p>em prática, gerando valor para a sociedade.</p><p>Incentive a família a compartilhar</p><p>conhecimento</p><p>O colégio pode permitir que os pais</p><p>compartilhem seus conhecimentos com os</p><p>alunos por meio de palestras. Como a</p><p>família já está inserida no mercado de</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>92</p><p>trabalho, externar essas experiências com</p><p>os demais alunos enriquecerá o pensamento</p><p>crítico e criativo dos jovens. Essa atitude</p><p>também pode deixar as famílias mais</p><p>motivadas a contribuir com a educação</p><p>porque se sentirão úteis no processo.</p><p>A cooperação e o envolvimento das</p><p>famílias fazem uma grande diferença em</p><p>como as crianças e os adolescentes se</p><p>desenvolvem, por isso é primordial estreitar</p><p>os laços entre família e escola. Mas, para</p><p>desenvolver essas ideias, é fundamental</p><p>investir na construção de uma relação</p><p>sólida entre os envolvidos. E tudo isso vai</p><p>favorecer a educação, engajando os</p><p>membros da comunidade na aprendizagem</p><p>e trazendo resultados mais significativos.</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de Itapecerica da</p><p>Serra/SP – Pedagogo – FUDEP - 2021)</p><p>Castro e Regattieri (2009) estudaram a</p><p>interação escola-família tendo como fio</p><p>condutor o questionamento sobre como</p><p>construir uma relação entre escola e família</p><p>que favoreça a aprendizagem das crianças e</p><p>adolescentes. Nesse estudo, a finalidade da</p><p>interação escola-família priorizada pelas</p><p>autoras é descrita como:</p><p>A - O conhecimento do aluno no seu</p><p>contexto social como elemento para que as</p><p>práticas pedagógicas, escolares e</p><p>educacionais possam ser revistas.</p><p>B - A efetivação do direito das famílias</p><p>à informação sobre a educação dos filhos.</p><p>C - Uma maior proximidade entre</p><p>comunidade e escola para conscientização</p><p>dos responsáveis sobre seus papéis na</p><p>educação dos filhos.</p><p>D - A consolidação da gestão</p><p>democrática da escola por meio dos órgãos</p><p>colegiados.</p><p>02. (Prefeitura de Bauru/SP –</p><p>Professor Substituto de Educação Básica</p><p>– Prefeitura de Bauru - 2021) As relações</p><p>entre escola e família estão presentes no</p><p>cotidiano escolar e não raramente</p><p>provocam discussões acaloradas sobre</p><p>como devem ser estabelecidas e qual o</p><p>papel e responsabilidade de cada uma</p><p>dessas instituições sociais no processo de</p><p>ensino e aprendizagem. Sobre estas</p><p>relações, com base na bibliografia indicada,</p><p>podemos AFIRMAR:</p><p>A - No mundo contemporâneo há um</p><p>evidente desinteresse das famílias em</p><p>relação às atividades escolares, enfrentando</p><p>os professores a ausência dos pais no</p><p>acompanhamento das tarefas escolares e na</p><p>resolução de problemas de aprendizagem</p><p>verificados em sala de aula.</p><p>B - As escolas apresentam</p><p>especificidades conferidas pelas</p><p>experiências, valores e conhecimentos dos</p><p>diferentes atores que as constituem, assim,</p><p>ao escolher a escola para a criança e</p><p>adolescente, as famílias devem adequar-se</p><p>às especificidades desta organização, não</p><p>sendo possível relações individualizadas e</p><p>baseadas nas necessidades familiares.</p><p>C - As escolas devem ter no diálogo seu</p><p>principal instrumento de atuação, buscando</p><p>alcançar a melhor comunicação possível;</p><p>desta forma é fundamental avaliar situações</p><p>e contextos concretos, planejar ações e</p><p>oportunizar diferentes formas de</p><p>participação da família na vida escolar.</p><p>D - As convocações das famílias ainda</p><p>constituem as melhores formas de</p><p>resolução de conflitos e confrontos nas</p><p>relações estabelecidas com as escolas. Os</p><p>problemas de aprendizagem e/ou de</p><p>comportamento são evidentemente melhor</p><p>resolvidos quando a escola chama a família</p><p>à responsabilidade que lhe cabe.</p><p>Alternativas</p><p>01 – A | 02 – C</p><p>ACOMPANHAMENTO DE ENTRADA</p><p>E SAÍDA DAS CRIANÇAS</p><p>É comum que os horários de entrada e</p><p>saída acabem se transformando em uma</p><p>confusão na porta da escola. Por conta</p><p>disso, muitos pais precisam acordar mais</p><p>cedo do que o necessário para levar seus</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>93</p><p>filhos à escola, por exemplo30.</p><p>Para ajudar a melhorar o gerenciamento</p><p>da entrada e saída da escola, vamos falar</p><p>nesse post sobre como organizar e controlar</p><p>o fluxo de pessoas no portão da sua</p><p>instituição.</p><p>Otimize a logística de entrada e saída</p><p>da escola</p><p>O controle do fluxo de alunos é</p><p>fundamental para que não ocorram</p><p>correrias, excesso de alunos na porta ou na</p><p>hora de entrar e sair do transporte escolar.</p><p>Há escolas que separam os horários de</p><p>entrada e saída dos alunos por turmas, para</p><p>diminuir o tráfego de estudantes em um</p><p>mesmo horário.</p><p>Além disso, como opção de melhorar o</p><p>tráfego, o uso de sinais como adesivos e</p><p>placas é simples e muito eficiente, já que</p><p>chama a atenção de todos facilmente. De</p><p>início as mudanças pode causar estranheza,</p><p>mas, passando esse período de adaptação,</p><p>tudo será mais fácil.</p><p>Para aqueles que chegam mais cedo ou</p><p>ficam após o horário, é interessante criar um</p><p>espaço de convivência lúdico, com livros,</p><p>brinquedos e pufes. Desta forma, é possível</p><p>manter os alunos confortáveis enquanto</p><p>esperam seus responsáveis ou o início das</p><p>aulas, evitando que eles transitem em</p><p>momentos de grande fluxo.</p><p>Organize a fila de carros e vans em</p><p>frente à escola</p><p>Na hora de deixar ou buscar as crianças,</p><p>tanto os carros particulares como os</p><p>veículos de transporte escolar acabam</p><p>disputando espaço na rua. Quando o portão</p><p>se localiza em uma rua estreita, a via fica</p><p>congestionada por causa do excesso de</p><p>carros de pais de alunos e vans escolares.</p><p>No meio desse caos, a fila de carros para</p><p>deixar os estudantes pode demorar bastante,</p><p>atrasando os pais para o trabalho e</p><p>complicando a já tumultuada rotina</p><p>familiar. Muitas instituições também não</p><p>oferecem locais de estacionamento, o que</p><p>30 WPensar. Entrada e saída da escola – Como organizar e controlar o</p><p>fluxo de alunos. https://blog.wpensar.com.br/gestao-escolar/entrada-e-</p><p>faz com que os responsáveis girem o bairro</p><p>em busca de uma vaga ou simplesmente</p><p>parem o veículo em meio ao tráfego. É</p><p>comum que se formem filas duplas nas</p><p>proximidades das escolas, o que piora o</p><p>trânsito, já bastante complicado nas grandes</p><p>cidades.</p><p>Para evitar essa situação, é preciso que a</p><p>escola oriente todos os motoristas a não</p><p>parar em filas duplas ou estacionar em</p><p>locais inadequados, divulgando essas</p><p>informações em comunicados aos pais, por</p><p>exemplo. Também vale demarcar e</p><p>sinalizar espaços específicos para o</p><p>estacionamento de veículos escolares.</p><p>Desse modo, é possível realizar a entrada e</p><p>saída de alunos sem prejudicar o trânsito</p><p>nos arredores da escola.</p><p>Estabeleça uma política de atrasos</p><p>Para que a entrada e saída não vire uma</p><p>grande bagunça, treine os funcionários da</p><p>escola para explicar aos pais dos alunos as</p><p>regras sobre horários e atrasos já no</p><p>momento da matrícula.</p><p>Além disso, é essencial criar diferentes</p><p>controles e estabelecer minutos de</p><p>tolerância para os diferentes públicos. Tais</p><p>sugestões de possíveis mudanças devem ser</p><p>discutidas e votadas junto ao Conselho</p><p>Escolar, para que todos os envolvidos no</p><p>processo possam dar sugestões e apresentar</p><p>questões.</p><p>Garanta a segurança</p><p>Nem sempre são os pais que vão buscar</p><p>as crianças, às vezes são os motoristas,</p><p>parentes, babás etc. É preciso garantir que o</p><p>aluno sempre saia acompanhado por</p><p>alguém autorizado a buscá-lo. Assim, antes</p><p>do início das aulas, os pais devem conversar</p><p>com a escola e deixar por escrito um</p><p>documento atestando a legitimidade de</p><p>algum outro familiar na hora de buscar o</p><p>estudante. Uma vez que as autorizações</p><p>forem formalizadas, a instituição fica com</p><p>total responsabilidade sobre a criança e</p><p>deve informar rapidamente aos</p><p>saida-de-alunos-como-organizar-e-controlar-o-fluxo-na-escola/. Visitado</p><p>em 23.11.2022.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>94</p><p>responsáveis caso algum desconhecido</p><p>tente retirá-la do ambiente escolar.</p><p>Para garantir a segurança da instituição,</p><p>porteiros, inspetores e professores que</p><p>auxiliam os alunos devem estar atentos</p><p>quanto a movimentações suspeitas. Para</p><p>isso, diminuir o fluxo desnecessário de</p><p>pessoas nos períodos de entrada e saída da</p><p>escola é fundamental.</p><p>Acompanhe o horário da entrada e</p><p>saída da escola</p><p>É importante que o diretor escolar</p><p>acompanhe a entrada e saída da escola</p><p>sempre que possível. Nesses momentos é</p><p>possível perceber se os combinados com os</p><p>outros funcionários, pais e professores</p><p>estão em pleno funcionamento, além de</p><p>possibilitar entender o que deve ser</p><p>melhorado o que deve ser aprimorado neste</p><p>processo.</p><p>O diretor deve conversar abertamente</p><p>com os alunos, explicando os os</p><p>procedimentos nas horas de entrada e saída.</p><p>Ele pode pedir sugestões dos próprios</p><p>alunos e seus responsáveis para que</p><p>contribuam com mais ideias e informações</p><p>que auxiliem no bom funcionamento</p><p>escolar, pois assim é possível estabelecer</p><p>uma rotina benéfica a todos.</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de Santa Luzia</p><p>D'Oeste/RO – Inspetor de Pátio de</p><p>Escola – IBADE - 2020) Nas horas de</p><p>entrada e saída da escola, temos uma</p><p>questão fundamental para que os alunos se</p><p>desenvolvam e não tenham traumas, e é</p><p>essencial para manter a criança na escola</p><p>como garantia de credibilidade e confiança.</p><p>De que estamos nos referindo?</p><p>A - Brincadeira</p><p>B - Caneta</p><p>C - Mochila</p><p>D - Professora</p><p>E - Segurança</p><p>31 Vânia Duarte. A importância da boa postura profissional. Brasil</p><p>Escola. Canal do Educador.</p><p>02. (Prefeitura de Santa Luzia</p><p>D'Oeste/RO – Monitor de Transporte</p><p>Escolar – IBADE - 2020) Como forma de</p><p>organizar o fluxo de alunos durante os</p><p>horários de entrada e saída na escola,</p><p>observe o que NÃO se enquadra nesta</p><p>organização a partir da analise das</p><p>alternativas abaixo.</p><p>A - Escalonamento da entrada e da saída</p><p>de alunos por turmas ou faixas etárias</p><p>B - Uso de mais de um portão, caso a</p><p>escola tenha, para desobstruir os corredores</p><p>C - Alunos que chegam cedo e saem</p><p>tarde fazerem atividades dentro das salas de</p><p>aula</p><p>D - Chegada e partida do transporte</p><p>escolar fora do horário prejudicando os</p><p>estudantes</p><p>E - Disponibilização de funcionário para</p><p>supervisionar o fluxo de alunos nos</p><p>corredores</p><p>Alternativas</p><p>01 – E | 02 – D</p><p>Em meio à convivência proferida no</p><p>ambiente escolar, salienta-se, de forma</p><p>inegável, o fato de que o professor é</p><p>concebido como um referencial para seus</p><p>alunos. Obviamente que tal concepção</p><p>tanto pode ser contemplada de forma</p><p>positiva, quanto negativa31.</p><p>Tendo em vista que o educador,</p><p>teoricamente, deve ser o centro das</p><p>atenções, o mesmo torna-se alvo de</p><p>constantes avaliações. E tal afirmativa</p><p>funde-se com a importância a que se deve à</p><p>constante vigilância no que se concerne à</p><p>imagem pessoal, uma vez que esta reflete</p><p>diretamente no bom profissionalismo.</p><p>Muitas vezes, atitudes dizem mais do</p><p>que qualquer discurso, daí a necessidade de</p><p>as mesmas serem proferidas mediante a</p><p>https://educador.brasilescola.uol.com.br/sugestoes-pais-professores/a-</p><p>importancia-boa-postura-profissional.htm. Visitado em 08.11.2022.</p><p>Trabalho em equipe</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>95</p><p>uma postura correta e coerente, partindo do</p><p>pressuposto de que o respeito, a justiça e a</p><p>moral são elementos primordiais inerentes</p><p>à conduta cotidiana ética, referente a todo</p><p>ser humano.</p><p>O referencial anteriormente mencionado</p><p>muitas vezes é atribuído em consonância</p><p>com o surgimento de possíveis obstáculos,</p><p>dentre os quais, o posicionamento adotado</p><p>pelo educador é automaticamente</p><p>contestado ou aplaudido por parte dos</p><p>educandos.</p><p>Com base nestes postulados, ressalta-se</p><p>a importância de o educador repensar</p><p>constantemente suas práticas pedagógicas,</p><p>procurando aprimorá-las sempre que</p><p>necessário. Bons exemplos, confiança e</p><p>autoridade são virtudes conquistadas de</p><p>acordo com o decorrer da convivência.</p><p>Ao assumir uma postura profissional</p><p>adequada, o educador deverá se ater à</p><p>importância de se instaurar um clima de</p><p>reciprocidade, principalmente no que se</p><p>refere ao respeito. Sendo assim, tal</p><p>possibilidade se concretizará efetivamente,</p><p>tendo ele como principal agente de todo o</p><p>processo.</p><p>Primeiramente, antes de conquistar o</p><p>respeito, é necessário se dar ao respeito, e</p><p>certas atitudes acabam comprometendo os</p><p>objetivos propostos. Portanto, algumas</p><p>medidas tendem a colaborar para que os</p><p>mesmos sejam concretizados de forma</p><p>plausível. Entre elas destacam-se:</p><p>- Evitar que sejam proferidas palavras de</p><p>baixo calão no ambiente de sala de aula,</p><p>pois tal atitude denota falta de respeito para</p><p>com os alunos;</p><p>- Saber contornar de forma autônoma e</p><p>dinâmica os possíveis obstáculos</p><p>provenientes das relações interpessoais,</p><p>bem como dos resultados advindos do</p><p>processo de ensino-aprendizagem;</p><p>- Procurar cumprir com os prazos</p><p>preestabelecidos quanto à entrega de</p><p>resultados referentes a trabalhos,</p><p>avaliações,</p><p>seminários e outras atividades</p><p>32 Adriele Oliveira. E+B Educação. Qual a importância do trabalho em</p><p>equipe? Educa+Brasil.</p><p>https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/carreira/qual-a-</p><p>extraclasse. Posturas como estas conferem</p><p>confiabilidade.</p><p>- Cumprir com regras previamente</p><p>estabelecidas, seja de forma coletiva ou</p><p>individual, uma vez que a atitude mantém o</p><p>instinto de autoridade, fato indispensável na</p><p>preservação do instinto de liderança.</p><p>Qual a importância do trabalho em</p><p>equipe?</p><p>O trabalho em equipe funciona bem</p><p>quando somados diferentes talentos,</p><p>habilidades, formas de pensar e agir,</p><p>trabalhando em harmonia e lidando com</p><p>essas diferenças. Todos dentro do veis por</p><p>suas atividades, ou seja, pelo sucesso de</p><p>uma tarefa bem feita, ou pelo fracasso de</p><p>uma ação mal sucedida. A dedicação e o</p><p>esforço de cada membro da equipe</p><p>precisam ser direcionados para um objetivo</p><p>em comum32.</p><p>Dicas fundamentais para trabalhar</p><p>em equipe:</p><p>Conheça os membros da sua equipe</p><p>A aproximação com os colegas de</p><p>trabalho pode resultar em uma convivência</p><p>mais produtiva e positiva. Por isso, crie</p><p>laços com quem passa a maior do dia ao seu</p><p>lado, conheça os sonhos e a motivação que</p><p>fazem seus colegas trabalharem todos os</p><p>dias, as dificuldades, as limitações e o que</p><p>eles possuem de melhor. Mas cuidado para</p><p>não ser invasivo, procure agir sempre de</p><p>forma natural e respeitosa.</p><p>Cuidado com as críticas</p><p>Ninguém gosta de ser criticado em</p><p>público, ainda que seja uma crítica</p><p>construtiva. Por isso, reserve um tempo</p><p>para uma conversa particular com a pessoa,</p><p>tenha cuidado na forma de falar e busque</p><p>acrescentar algo de positivo para o colega.</p><p>Respeite às diferenças</p><p>É fundamental saber respeitar e lidar</p><p>com as diferenças das pessoas. Algumas</p><p>equipes entram em conflito por falta de</p><p>importancia-do-trabalho-em-equipe. Visitado em 08.11.2022.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>96</p><p>direcionamento correto nas atividades.</p><p>Todo mundo é muito bom em algumas</p><p>coisas, e ruim em outras. Por isso, saiba</p><p>explorar as potencialidades de seus colegas</p><p>de trabalho e aprenda a conviver com as</p><p>limitações de cada um.</p><p>Questões</p><p>01. (FUB – Técnico em Assuntos</p><p>Educacionais - CESPE/CEBRASPE -</p><p>2022) A respeito dos aspectos relevantes</p><p>para a avaliação de um trabalho em equipe,</p><p>julgue o item a seguir.</p><p>A qualidade é um indicador que</p><p>caracteriza quantas vezes determinada</p><p>tarefa precisou ser refeita para se alcançar o</p><p>objetivo do trabalho em equipe.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>02. (FUB – Técnico em Assuntos</p><p>Educacionais - CESPE/CEBRASPE -</p><p>2022) A respeito dos aspectos relevantes</p><p>para a avaliação de um trabalho em equipe,</p><p>julgue o item a seguir.</p><p>A eficiência indica quanto tempo e</p><p>quantos sujeitos necessitaram ser</p><p>mobilizados na realização de uma tarefa.</p><p>( ) Certo</p><p>( ) Errado</p><p>Alternativas</p><p>01 – Errado | 02 – Certo</p><p>Ética:</p><p>Ética é uma palavra de origem grega –</p><p>ethos – que significa caráter.</p><p>Diferentes filósofos tentaram conceituar</p><p>o termo ética:</p><p>33 NALINI, José Renato. Conceito de Ética. Disponível em:</p><p>www.aureliano.com.br/downloads/conceito_etica_nalini.doc.</p><p>34 ADOLFO SÁNCHEZ V ÁZQUEZ, Ética, p. 12. Para o autor, Ética seria</p><p>a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.</p><p>35 Ciência, recorda MIGUEL REALE, é termo que "pode ser tomado em</p><p>duas acepções fundamentais distintas: a) como 'todo conjunto de</p><p>conhecimentos ordenados coerentemente segundo princípios'; b) como</p><p>Sócrates ligava-o à felicidade de tal sorte</p><p>que afirmava que a ética conduzia à</p><p>felicidade, uma vez que o seu objetivo era</p><p>preparar o homem para o</p><p>autoconhecimento, conhecimento esse que</p><p>constitui a base do agir ético.</p><p>A ética socrática prevê a submissão do</p><p>homem e da sua ética individual à ética</p><p>coletiva que pode ser traduzida como a</p><p>obediência às leis.</p><p>Para Platão a ética está intimamente</p><p>ligada ao conhecimento dado que somente</p><p>se pode agir com ética quando se conhece</p><p>todos os elementos que caracterizam</p><p>determinada situação posto que somente</p><p>assim, poderá o homem alcançar a justiça.</p><p>Para José Renato Nalini33 “ética é a</p><p>ciência do comportamento moral dos</p><p>homens em sociedade.34 É uma ciência,</p><p>pois tem objeto próprio, leis próprias e</p><p>método próprio, na singela identificação do</p><p>caráter científico de um determinado ramo</p><p>do conhecimento.35 O objeto da Ética é a</p><p>moral. A moral é um dos aspectos do</p><p>comportamento humano. A expressão</p><p>moral deriva da palavra romana mores, com</p><p>o sentido de costumes, conjunto de normas</p><p>adquiridas pelo hábito reiterado de sua</p><p>prática.</p><p>Com exatidão maior, o objeto da ética é</p><p>a moralidade positiva, ou seja, "o conjunto</p><p>de regras de comportamento e formas de</p><p>vida através das quais tende o homem a</p><p>realizar o valor do bem".36 A distinção</p><p>conceitual não elimina o uso corrente das</p><p>duas expressões como intercambiáveis. A</p><p>origem etimológica de Ética é o vocábulo</p><p>grego "ethos", a significar "morada", "lugar</p><p>onde se habita". Mas também quer dizer</p><p>"modo de ser" ou "caráter". Esse "modo de</p><p>ser" é a aquisição de características</p><p>resultantes da nossa forma de vida. A</p><p>reiteração de certos hábitos nos faz</p><p>virtuosos ou viciados. Dessa forma, "o</p><p>'todo conjunto de conhecimentos dotados de certeza por se fundar em</p><p>relações objetivas, confirmadas por métodos de verificação definida,</p><p>suscetível de levar quantos os cultivam a conclusões ou resultados</p><p>concordantes'" (Fílosofia do direito, p. 73, ao citar o Vocabulaire de Ia</p><p>phílosophie, de LALANDE).</p><p>36 EDUARDO GARCÍA MÁYNEZ, Ética - Ética empírica. Ética de bens.</p><p>Ética formal. Ética valorativa, p. 12.</p><p>Noções de ética e cidadania</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>97</p><p>ethos é o caráter impresso na alma por</p><p>hábito".37”</p><p>Perla Müller38 explica vários aspectos da</p><p>ética, quais sejam: ética especulativa que é</p><p>aquela que busca responder, de forma não</p><p>definitiva, indagações acerca da moral e de</p><p>seus princípios de sorte que, utilizando-se</p><p>de investigação teórica é possível à ética</p><p>explicar algumas realidades sociais.</p><p>Para a mesma, a ética é ainda pedagogia</p><p>do espírito, posto que é o estudo dos ideais</p><p>da educação moral. A ética pode ser vista</p><p>também como a medida que o indivíduo</p><p>toma de si, portanto, é pessoal e voluntária.</p><p>Em suma: “ser ético significa conhecer e</p><p>cumprir o dever; a ética é a condição que</p><p>possibilita o conhecimento do dever. O</p><p>‘dever’ repousa, antes de qualquer coisa, no</p><p>reconhecimento da necessidade de respeitar</p><p>a todos como fins em si mesmos e não como</p><p>meios para qualquer outro objetivo”.</p><p>A ética guarda estreita relação com a</p><p>moral e os princípios, porém com esses não</p><p>se confunde.</p><p>A ética é a ciência que busca estudar a</p><p>melhor forma de convívio humano. No</p><p>convívio social se faz necessário a</p><p>obediência de certas normas que visam</p><p>impedir conflitos e promover a paz social,</p><p>essas são as normas éticas.</p><p>Toda sociedade possui preceitos éticos e</p><p>esses baseiam-se nos valores e princípios</p><p>dessa mesma sociedade e influenciam a</p><p>formação do caráter individual do ser</p><p>humano que nessa convive.</p><p>Os valores de uma sociedade são</p><p>baseados no chamado senso comum, ou</p><p>seja, nos conceitos aceitos e sentidos por</p><p>um número indeterminado de pessoas.</p><p>Quando se fala em valores,</p><p>necessariamente deve-se tratar de juízo de</p><p>aprovação ou reprovação, ou seja, para</p><p>determinada sociedade um comportamento</p><p>pode ser tido como bom e, portanto,</p><p>aprovado, enquanto outro é reprovado por</p><p>ser considerado ruim.</p><p>O ser humano é influenciado por esses</p><p>valores estabelecidos no meio social em</p><p>37 ADELA CORTINA, Ética aplicada y democracia radical, p. 162.</p><p>38 MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço Público. Salvador: Jus</p><p>que convive de sorte que passa a adotá-los</p><p>ainda que inconscientemente. Contudo,</p><p>para agir com ética é preciso que o homem</p><p>reflita sobre seus passos,</p><p>de forma a adotar</p><p>determinado comportamento porque, após a</p><p>devida reflexão, considerou-o justo. Não</p><p>existe ética onde há ausência de</p><p>pensamento.</p><p>Tem-se como valores éticos aqueles</p><p>sobre os quais o homem exerceu atividade</p><p>intelectual. Ao estabelecer juízo de valores</p><p>sobre determinadas situações ou coisas o</p><p>homem está atribuindo a esses conceitos</p><p>morais.</p><p>A moral, portanto, é o fator que</p><p>determina se algo é bom ou ruim. Pertence</p><p>à ética, mas, com essa não se confunde, haja</p><p>vista que a ética tem como objeto de estudo</p><p>o comportamento humano em sua forma</p><p>mais abrangente e a moral é uma expressão</p><p>dos valores humanos, ou seja, quando o</p><p>homem classifica algo como bom ou como</p><p>ruim, está expressando seus valores. São</p><p>esses valores que vão pautar seu</p><p>comportamento.</p><p>Os atos morais possuem dois aspectos,</p><p>quais sejam: o aspecto normativo que se</p><p>traduz nas normas e imperativos que</p><p>revelam o dever ser e o aspecto factual que</p><p>é a aplicação dessas normas no convívio</p><p>social.</p><p>Os princípios são as regras de boa</p><p>conduta, ou seja, são os conceitos</p><p>estabelecidos que regem o comportamento</p><p>humano por serem aceitos como bons,</p><p>portanto, refletem a moral social.</p><p>Características da Ética:</p><p>Imutabilidade: a mesma ética de</p><p>séculos atrás está vigente hoje;</p><p>Validade universal: no sentido de</p><p>delimitar a diretriz do agir humano para</p><p>todos os que vivem no mundo. Não há uma</p><p>ética conforme cada época, cultura ou</p><p>civilização. A ética é uma só, válida para</p><p>todos eternamente, de forma imutável e</p><p>definitiva, por mais que possam surgir</p><p>Podivm, 2014.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>98</p><p>novas perspectivas a respeito de sua</p><p>aplicação prática.</p><p>Para melhor compreensão, elencamos</p><p>demais definições de Ética:</p><p>- Ciência do comportamento adequado</p><p>dos homens em sociedade, em consonância</p><p>com a virtude.</p><p>- Disciplina normativa, não por criar</p><p>normas, mas por descobri-las e elucidá-las.</p><p>Seu conteúdo mostra às pessoas os valores</p><p>e princípios que devem nortear sua</p><p>existência.</p><p>- Doutrina do valor do bem e da conduta</p><p>humana que tem por objetivo realizar este</p><p>valor.</p><p>- Saber discernir entre o devido e o</p><p>indevido, o bom e o mau, o bem e o mal, o</p><p>correto e o incorreto, o certo e o errado.</p><p>- Fornece as regras fundamentais da</p><p>conduta humana. Delimita o exercício da</p><p>atividade livre. Fixa os usos e abusos da</p><p>liberdade.</p><p>- Doutrina do valor do bem e da conduta</p><p>humana que o visa realizar.</p><p>“Em seu sentido de maior amplitude, a</p><p>Ética tem sido entendida como a ciência da</p><p>conduta humana perante o ser e seus</p><p>semelhantes. Envolve, pois, os estudos de</p><p>aprovação ou desaprovação da ação dos</p><p>homens e a consideração de valor como</p><p>equivalente de uma medição do que é real e</p><p>voluntarioso no campo das ações</p><p>virtuosas”39.</p><p>Podemos dizer, de um modo geral, que</p><p>ética é o conhecimento que oferta ao</p><p>homem critérios para a eleição da</p><p>melhor conduta, tendo em conta o</p><p>interesse de toda a comunidade</p><p>humana.40</p><p>Para entender a diferença entre Ética e</p><p>Moral</p><p>Podemos responder à pergunta: “Qual é</p><p>a diferença entre ética e moral? ”, utilizando</p><p>39 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9ª. ed. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>40 ALMEIDA, Guilherme de Assis; CHRISTMANN, Martha Ochsenhofer.</p><p>Ética e direito: uma perspectiva integrada. 3ª edição, São Paulo: Atlas,</p><p>2009, p.4.</p><p>de uma parábola árabe, de Gustavo</p><p>Bernardo41.</p><p>“Certa vez, um homem fugia de uma</p><p>quadrilha de bandidos violentos quando</p><p>encontrou, sentado na beira do caminho, o</p><p>profeta Maomé. Ajoelhando-se à frente do</p><p>profeta, o homem pediu ajuda: essa</p><p>quadrilha quer o meu sangue, por favor,</p><p>proteja-me!</p><p>O profeta manteve a calma e respondeu:</p><p>continue a fugir bem à minha frente, eu me</p><p>encarrego dos que o estão perseguindo.</p><p>Assim que o homem se afastou correndo,</p><p>o profeta levantou-se e mudou de lugar,</p><p>sentando-se na direção de outro ponto</p><p>cardeal. Os sujeitos violentos chegaram e,</p><p>sabendo que o profeta só podia dizer a</p><p>verdade, descreveram o homem que</p><p>perseguiam, perguntando-lhe se o tinha</p><p>visto passar.</p><p>O profeta pensou por um momento e</p><p>respondeu: falo em nome daquele que</p><p>detém em sua mão a minha alma de carne:</p><p>desde que estou sentado aqui, não vi passar</p><p>ninguém.</p><p>Os perseguidores se conformaram e se</p><p>lançaram por um outro caminho. O fugitivo</p><p>teve a sua vida salva”.</p><p>Enquanto a Ética está contida na</p><p>reflexão, a Moral está contida na ação.</p><p>A Moral, verificada na ação reiterada no</p><p>tempo e espaço (costume, hábito), é tida</p><p>como particular. A Ética, de cunho</p><p>filosófico, é tida como universal.</p><p>Se o profeta fosse apenas um moralista,</p><p>seguindo as regras sem pensar sobre elas,</p><p>sem avaliar as consequências da sua</p><p>aplicação irrefletida, ele não poderia ajudar</p><p>o homem que fugia dos bandidos, a menos</p><p>que arriscasse a própria vida. Ele teria de</p><p>dizer a verdade, mesmo que a verdade</p><p>tivesse como consequência a morte de uma</p><p>pessoa inocente.</p><p>41 BERNARDO, Gustavo. Colunas: “Qual é a diferença entre ética e</p><p>moral?” Disponível em:</p><p>http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=68.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>99</p><p>Se avaliarmos a ação e as palavras do</p><p>profeta com absoluto rigor moral, temos de</p><p>condená-lo como imoral, porque em termos</p><p>absolutos ele mentiu. Os bandidos não</p><p>podiam saber que ele havia mudado de</p><p>lugar e, na verdade, só queriam saber se ele</p><p>tinha visto alguém, e não se ele tinha visto</p><p>alguém “desde que estava sentado ali”.</p><p>Se avaliarmos a ação e as palavras do</p><p>profeta, no entanto, nos termos da ética</p><p>filosófica, precisamos reconhecer que ele</p><p>teve um comportamento ético, encontrando</p><p>uma alternativa esperta para cumprir a regra</p><p>moral de dizer sempre a verdade e, ao</p><p>mesmo tempo, ajudar o fugitivo. Ele não</p><p>respondeu exatamente ao que os bandidos</p><p>perguntavam, mas ainda assim disse</p><p>rigorosamente a verdade. Os bandidos é que</p><p>não foram inteligentes o suficiente, como</p><p>de resto homens violentos normalmente não</p><p>o são, para atinarem com a malandragem da</p><p>frase do profeta e então elaborarem uma</p><p>pergunta mais específica, do tipo: na última</p><p>meia hora, sua santidade viu este homem</p><p>passar, e para onde ele foi?</p><p>Logo, embora seja possível ser ético e</p><p>moral ao mesmo tempo, como de certo</p><p>modo o profeta o foi, ética e moral não são</p><p>sinônimas. Também é perfeitamente</p><p>possível ser ético e imoral ao mesmo</p><p>tempo, quando desobedeço uma</p><p>determinada regra moral porque, refletindo</p><p>eticamente sobre ela, considero-a</p><p>equivocada, ultrapassada ou simplesmente</p><p>errada.</p><p>Um exemplo famoso é o de Rosa Parks,</p><p>a costureira negra que, em 1955, na cidade</p><p>de Montgomery, no Alabama, nos Estados</p><p>Unidos, desobedeceu à regra existente de</p><p>que a maioria dos lugares dos ônibus era</p><p>reservada para pessoas brancas. Já com</p><p>certa idade, farta daquela humilhação</p><p>moralmente oficial, Rosa se recusou a</p><p>levantar para um branco sentar. O motorista</p><p>chamou a polícia, que prendeu a mulher e a</p><p>multou em dez dólares. O acontecimento</p><p>provocou um movimento nacional de</p><p>boicote aos ônibus e foi a gota d’água de</p><p>42 ALVES, Clecia. Ética e Comportamento Ético. Disponível em:</p><p>que precisava o jovem pastor Martin Luther</p><p>King para liderar a luta pela igualdade dos</p><p>direitos civis.</p><p>No ponto de vista dos brancos racistas,</p><p>Rosa foi imoral, e eles estavam certos</p><p>quanto a isso. Na verdade, a regra moral</p><p>vigente é que estava errada, a moral é que</p><p>era estúpida. A partir da sua reflexão ética a</p><p>respeito, Rosa pôde deliberada e</p><p>publicamente desobedecer àquela regra</p><p>moral.</p><p>Entretanto, é comum confundir os</p><p>termos ética e moral, como se fossem a</p><p>mesma coisa. Muitas vezes se confunde</p><p>ética com espírito de corpo, que tem tudo a</p><p>ver com moral mas nada com ética. Um</p><p>médico seguiria a “ética” da sua profissão</p><p>se, por exemplo, não “dedurasse” um</p><p>colega que cometesse um erro grave e assim</p><p>matasse um paciente.</p><p>Um soldado seguiria</p><p>a “ética” da sua profissão se, por exemplo,</p><p>não “dedurasse” um colega que torturasse o</p><p>inimigo. Nesses casos, o tal do espírito de</p><p>corpo tem nada a ver com ética e tudo a ver</p><p>com cumplicidade no erro ou no crime.</p><p>Há que proceder eticamente, como o fez</p><p>o profeta Maomé: não seguir as regras</p><p>morais sem pensar, só porque são regras, e</p><p>sim pensar sobre elas para encontrar a</p><p>atitude e a palavra mais decentes, segundo</p><p>o seu próprio julgamento.</p><p>A Moral, portanto, é influenciada por</p><p>fatores sociais e históricos (espaço –</p><p>temporais), havendo diferenças entre os</p><p>conceitos morais de um grupo para outro</p><p>(relativismo), diferentemente da Ética que,</p><p>pauta-se pela universalidade (absolutismo),</p><p>valendo seus princípios e valores para todo</p><p>e qualquer local, em todo e qualquer tempo.</p><p>Comportamento Ético:42</p><p>Comportamento Ético é uma</p><p>consciência moral, atribuída a boa conduta</p><p>e procedimentos individuais, é agir com</p><p>autodeterminação, autocontrole e de forma</p><p>ordenada em qualquer situação e</p><p>fundamental em todos os momentos da</p><p>vida.</p><p>http://equipeetica.blogspot.com.br/p/teste-de-etica.html.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>100</p><p>O comportamento ético é pessoal, não</p><p>coletivo.</p><p>O comportamento ético, não se divulga,</p><p>mas seus efeitos refletem em todos.</p><p>O comportamento ético é nato, mas é</p><p>também uma escolha.</p><p>Agir eticamente é uma escolha sempre</p><p>foi e será uma decisão pessoal de</p><p>consciência para consciência, porém nossas</p><p>escolhas determinam quem somos, ter</p><p>valores morais é fundamental para vida</p><p>pessoal e profissional.</p><p>Platão acredita que exista o agente</p><p>acrítico (Fraqueza na vontade),</p><p>Sócrates acredita que os atos são sempre</p><p>pensados sempre vindos da razão, sempre</p><p>são explicados por um pensamento.</p><p>A ética define padrões sobre o que</p><p>julgamos ser certo ou errado, bom ou mau,</p><p>justo ou injusto, legal ou ilegal na conduta</p><p>humana e na tomada de decisões em todas</p><p>as etapas e relacionamentos da nossa vida.</p><p>Não é difícil imaginar o que leva uma</p><p>pessoa a desviar sua conduta e manifestar</p><p>um comportamento condenável ante o</p><p>padrão estabelecido pela sociedade em</p><p>geral. Naturalmente, ser ou não ser ético</p><p>depende muito dos valores envolvidos em</p><p>cada situação, da sua formação educacional</p><p>e religiosa, da sua experiência de vida e</p><p>também do ambiente onde as pessoas estão</p><p>inseridas. O fato é que não se pode</p><p>desprezar o conceito, pois onde quer que</p><p>você vá, as pessoas estão promovendo</p><p>julgamentos de toda ordem sobre aquilo</p><p>que você pensa, diz, realiza e escreve.</p><p>Ética Profissional</p><p>A Ética profissional nada mais é do que</p><p>proceder bem, correto, justo, agir direito,</p><p>sem prejudicar os outros, é estar tranquilo</p><p>com a consciência pessoal. É também agir</p><p>de acordo com os valores morais de uma</p><p>determinada sociedade.</p><p>A maioria das profissões possuem seu</p><p>próprio Código de Ética, Todos os códigos</p><p>de ética profissionais, trazem em seu texto</p><p>a maioria dos seguintes princípios:</p><p>honestidade no trabalho, lealdade na</p><p>empresa, alto nível de rendimento, respeito</p><p>à dignidade humana, segredo profissional,</p><p>observação das normas administrativas da</p><p>empresa e muitos outros.</p><p>Agir corretamente hoje não é só uma</p><p>questão de consciência. É um dos quesitos</p><p>fundamentais para quem quer ter uma</p><p>carreira longa e respeitada. Em escolhas</p><p>aparentemente simples, muitas carreiras</p><p>brilhantes podem ser jogadas fora.</p><p>Atualmente, mais do que nunca, a atitude</p><p>dos profissionais em relação às questões</p><p>éticas pode ser a diferença entre o seu</p><p>sucesso e o seu fracasso.</p><p>Ter um comportamento ético</p><p>profissional é uma característica</p><p>fundamental, valorize a ética na sua vida e</p><p>no ambiente de trabalho.</p><p>Ser Ético:</p><p>Você se considera uma pessoa ética?</p><p>Ser ético nada mais é do que agir direito,</p><p>proceder bem, sem prejudicar os outros. É</p><p>ser altruísta, é estar tranquilo com a</p><p>consciência pessoal. É, também, agir de</p><p>acordo com os valores morais de uma</p><p>determinada sociedade. Essas regras morais</p><p>são resultado da própria cultura de uma</p><p>comunidade. Elas variam de acordo com o</p><p>tempo e sua localização no mapa. A regra</p><p>ética é uma questão de atitude, de escolha.</p><p>Além de ser individual, qualquer decisão</p><p>ética tem por trás um conjunto de valores</p><p>fundamentais. Muitas dessas virtudes</p><p>nasceram no mundo antigo e continuam</p><p>válidas até hoje. Eis algumas das principais:</p><p>a). Ser honesto em qualquer situação: a</p><p>honestidade é a primeira virtude da vida nos</p><p>negócios, afinal, a credibilidade é resultado</p><p>de uma relação franca;</p><p>b). Ter coragem para assumir as</p><p>decisões: mesmo que seja preciso ir contra</p><p>a opinião da maioria;</p><p>c). Ser tolerante e flexível: muitas ideias</p><p>aparentemente absurdas podem ser a</p><p>solução para um problema. Mas para</p><p>descobrir isso é preciso ouvir as pessoas ou</p><p>avaliar a situação sem julgá-las antes;</p><p>d). Ser íntegro: significa agir de acordo</p><p>com os seus princípios, mesmo nos</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>101</p><p>momentos mais críticos;</p><p>e). Ser humilde: só assim se consegue</p><p>ouvir o que os outros têm a dizer e</p><p>reconhecer que o sucesso individual é</p><p>resultado do trabalho da equipe.</p><p>A ética define padrões sobre o que</p><p>julgamos ser certo ou errado, bom ou mau,</p><p>justo ou injusto, legal ou ilegal na conduta</p><p>humana e na tomada de decisões em todas</p><p>as etapas e relacionamentos da nossa vida.</p><p>O fato, porém, é que cada vez mais essa é</p><p>uma qualidade fundamental para quem se</p><p>preocupa em ter uma carreira longa,</p><p>respeitada e sólida.</p><p>Ética – Uma questão de sobrevivência</p><p>Na atualidade, falar sobre Ética é um</p><p>grande desafio. O Brasil vive um momento</p><p>onde os valores éticos, de forma geral, têm</p><p>sido discutidos pelos diversos meios de</p><p>comunicação e pela comunidade. São</p><p>escândalos constantes, envolvendo</p><p>personalidades públicas onde se tem</p><p>colocado à prova os valores de nossa</p><p>sociedade.</p><p>Isto reflete diretamente nas empresas e</p><p>nos consumidores de todo o mundo que</p><p>estão mais atentos à Ética do que nunca.</p><p>Nos últimos anos, as empresas têm dado</p><p>uma atenção especial à ética corporativa</p><p>promovendo debates com os funcionários e</p><p>chegando, inclusive, a criar um instrumento</p><p>que esclarece as diretrizes e as normas da</p><p>organização: o código de ética.</p><p>Enquanto a ética profissional está</p><p>voltada para as profissões, os trabalhadores,</p><p>as associações e as entidades de classe do</p><p>setor correspondente, a ética empresarial</p><p>atinge as empresas e as organizações em</p><p>geral.</p><p>A empresa necessita desenvolver-se de</p><p>tal forma que a ética, a conduta ética de seus</p><p>integrantes, bem como os valores e as</p><p>convicções primárias da organização</p><p>tornem-se parte de sua cultura. É</p><p>importante destacar que a ética empresarial</p><p>não consiste somente no conhecimento de</p><p>ética, mas na sua prática. É fundamental</p><p>praticá-la diariamente e não apenas em</p><p>ocasiões especiais ou geradoras de opinião.</p><p>O código de ética tornou-se um</p><p>instrumento para a valorização dos</p><p>princípios, da visão e da missão da empresa.</p><p>Serve para orientar as ações de seus</p><p>colaboradores e explicitar a postura social</p><p>da empresa face aos diferentes públicos</p><p>com os quais interage. É da máxima</p><p>importância que seu conteúdo seja refletido</p><p>nas atitudes das pessoas e que encontre</p><p>respaldo na alta administração da empresa,</p><p>pois até mesmo o último empregado</p><p>contratado terá a responsabilidade de</p><p>vivenciá-la.</p><p>A definição de diretrizes e padrões de</p><p>integridade e transparência obriga e deve</p><p>ser observada por todos e em todos os níveis</p><p>da organização. Seu contexto, por sua vez,</p><p>estabelece as diretrizes e os padrões de</p><p>integridade e transparência aos quais todos</p><p>devem aderir e que passarão a incorporar no</p><p>Contrato de Trabalho de cada colaborador.</p><p>Desta forma, costuma trazer para ética</p><p>empresarial a harmonia, a ordem, a</p><p>transparência e a tranquilidade, em razão</p><p>dos referenciais que cria, deixando um</p><p>lastro</p><p>aprendizagens essenciais que antecedem o</p><p>ensino técnico dos procedimentos para a</p><p>escrita.</p><p>Desde que nasce a criança faz parte de</p><p>um mundo letrado, com diversas</p><p>manifestações de leitura e escrita, a escola</p><p>de Educação Infantil é o espaço onde a</p><p>criança terá a oportunidade de pensar a</p><p>escrita em sua função social, por meio de</p><p>diversas linguagens e interações sociais,</p><p>mas, é no Ensino Fundamental que esse</p><p>processo é sistematizado por meio da</p><p>alfabetização, na qual a criança amplia,</p><p>progressivamente, suas capacidades de</p><p>compreender a leitura e a escrita (LEAL,</p><p>ALBUQUERQUE, MORAIS, 2007).</p><p>Portanto, infância, criança e as</p><p>singularidades deste período de vida</p><p>devem, na Educação Infantil, assim como</p><p>no Ensino Fundamental, ser o foco do</p><p>processo de ensino-aprendizagem,</p><p>pautados nos mesmos princípios. Como</p><p>onteudo.php?conteudo=23</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>8</p><p>explicita o documento da BNCC, deve</p><p>“garantir integração e continuidade dos</p><p>processos de aprendizagens das crianças,</p><p>respeitando suas singularidades e as</p><p>diferentes relações que elas estabelecem</p><p>com os conhecimentos” (BRASIL, 2017, p.</p><p>51).</p><p>Desta forma, ante as orientações do</p><p>documento, é necessário que as instituições</p><p>conversem entre si, dando continuidade ao</p><p>processo, inclusive compartilhando as</p><p>informações de vida da criança, como</p><p>relatórios, portfólios ou outros registros que</p><p>evidenciem os processos vivenciados por</p><p>ela, dando oportunidade para que ela</p><p>progrida em todos os seus aspectos</p><p>(BRASIL, 2017).</p><p>Sendo assim, é indispensável a</p><p>articulação dos currículos e das práticas</p><p>pedagógicas que envolvem essas etapas, de</p><p>modo que as instituições de ensino sejam</p><p>incentivadas a traçarem formas de tornar</p><p>essa transição tranquila, pautada na relação</p><p>e continuidade do processo de</p><p>aprendizagem e desenvolvimento humano.</p><p>Questões</p><p>01. (Prefeitura de Goiânia/GO -</p><p>Assistente Administrativo Educacional -</p><p>CS/UFG) A educação infantil é uma etapa</p><p>da educação básica e compreende a creche</p><p>e a pré-escola, englobando as diferentes</p><p>etapas do desenvolvimento da criança. A</p><p>matrícula na creche é facultada a crianças</p><p>com até:</p><p>A. um ano e onze meses.</p><p>B. dois anos e onze meses.</p><p>C. três anos e onze meses.</p><p>D. quatro anos e onze meses.</p><p>02. (Prefeitura de Goiânia/GO -</p><p>Auxiliar de atividades educativas -</p><p>CS/UFG) Em relação à avaliação, as</p><p>instituições de Educação Infantil devem</p><p>criar procedimentos para acompanhar o</p><p>trabalho pedagógico e para avaliar o</p><p>desenvolvimento das crianças, sem objetivo</p><p>10 Silvana dos Santos França. A Importância do Cuidar, Educar e Brincar</p><p>para o Desenvolvimento da Criança Na Educação Infantil. Faculdade</p><p>Campos Elíseos. https://fce.edu.br/blog/a-importancia-do-cuidar-educar-</p><p>de seleção, promoção ou classificação,</p><p>garantindo:</p><p>A. a formação da cidadania da criança.</p><p>B. a não retenção das crianças na</p><p>Educação Infantil.</p><p>C. a transição para o ensino</p><p>fundamental.</p><p>D. o desenvolvimento do processo de</p><p>alfabetização.</p><p>Alternativas</p><p>01 - C | 02 - B</p><p>CUIDADOS ESSENCIAIS</p><p>As Leis a Favor das Crianças</p><p>Atualmente a educação infantil é</p><p>dividida em Creches (crianças de 0 a 03</p><p>anos) e pré-escola (crianças de 04 a 05</p><p>anos), primeiramente é importante</p><p>compreender que por muito tempo as</p><p>crianças pequenas foram historicamente</p><p>desconsideradas, os espaços dos quais as</p><p>crianças eram atendidas, visavam apenas o</p><p>cuidado, os profissionais que atuavam</p><p>nesses ambientes não tinham como objetivo</p><p>a formação das crianças, pois as mesmas</p><p>eram consideradas como “pequenos</p><p>adultos” o foco principal era o cuidar, ou</p><p>seja, esses locais possuíam apenas caráter</p><p>meramente assistencialista , principalmente</p><p>para as camadas mais pobres10.</p><p>Após anos de lutas sociais surgem leis</p><p>a favor da criança, com a promulgação da</p><p>Constituição da República Federativa do</p><p>Brasil (1988), as creches e pré-escolas</p><p>passaram a fazer parte da educação, sendo</p><p>dever do Estado garantir à criança o direito</p><p>e a gratuidade em frequentar creches e</p><p>pré-escolas, conforme Leite Filho (2001, p.</p><p>31) “[…] foi um marco decisivo na</p><p>e-brincar-para-o-desenvolvimento-da-crianca-na-educacao-infantil/.</p><p>Visitado em 12.10.2022.</p><p>Higiene e cuidados com a criança. Auxílio</p><p>e orientação quanto à alimentação da</p><p>criança; noções básicas de nutrição</p><p>infantil</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>9</p><p>afirmação dos direitos da criança no</p><p>Brasil”. Com isso, as creches que eram</p><p>apenas a caráter assistencialista, através da</p><p>Constituição de 1988 avançam, pois dão</p><p>entrada no campo educacional.</p><p>Após dois anos (1990), é aprovada o</p><p>Estatuto da Criança e do Adolescente, o que</p><p>fortifica ainda mais o direito da criança ao</p><p>mundo dos direitos humanos. Além da</p><p>Constituição Federal de 1988, do Estatuto</p><p>da Criança e do Adolescente de 1990, com</p><p>a lei nº 9.394/96, LDB – Lei de Diretrizes e</p><p>Bases da Educação Nacional fica</p><p>estabelecida que seja garantido o</p><p>desenvolvimento integral em seus aspectos</p><p>físico, psicológico, intelectual e social da</p><p>criança de 0 a 5 anos de idade, e a Educação</p><p>Infantil passa a ser definida como a</p><p>primeira etapa da Educação Básica.</p><p>Por meio dessas afirmativas, a criança</p><p>passa a ser reconhecida como sujeito de</p><p>direitos, ser social, cultural e histórico, o</p><p>que torna imprescindível que a escola seja</p><p>um ambiente não focado apenas no Cuidar,</p><p>mas devendo criar condições para o</p><p>progresso da criança, fornecendo uma</p><p>educação de qualidade, colaborando</p><p>efetivamente para o desenvolvimento da</p><p>criança.</p><p>A Educação Infantil obteve avanços e</p><p>conquistas da qual a criança passou a ser</p><p>reconhecida como sujeito social e histórico</p><p>que faz parte de uma sociedade, que tem</p><p>voz, que são protagonistas de suas vidas,</p><p>tendo potencial e sendo sujeito de direitos,</p><p>conforme o RCNEI (1998, v. 01, p. 21)</p><p>“As crianças possuem uma natureza</p><p>singular, que as caracteriza como seres que</p><p>sentem e pensam o mundo de um jeito</p><p>muito próprio”. Porém, ainda estamos</p><p>diante de um grande impasse em relação ao</p><p>Cuidar, Educar e Brincar nas instituições de</p><p>caráter educativo, uma vez que muitas</p><p>de nossas instituições ainda priorizam o</p><p>Cuidar, utilizando momentos lúdicos</p><p>apenas para distração, ou ainda</p><p>desconsideram as especificidades da</p><p>criança e por meio do Educar, elaboram</p><p>metodologias que busca precocemente</p><p>preparar a criança para o Ensino</p><p>Fundamental, excluindo o tempo do</p><p>Brincar.</p><p>Considerando tais aspectos, é de</p><p>fundamental importância que a escola</p><p>busque reconhecer, compreender e perceber</p><p>as peculiaridades e as reais necessidades da</p><p>criança de 0 a 5 anos de idade, sendo</p><p>imprescindível desenvolver práticas</p><p>focadas no desenvolvimento pleno da</p><p>criança, oportunizando experiências com</p><p>suas diversas linguagens de modo que a</p><p>criança possa conhecer a si própria,</p><p>construindo seus próprios conhecimentos,</p><p>por meio de brincadeiras e interação.</p><p>Todavia, conforme MACHADO (2010, p.</p><p>31) “[…] o contato entre parceiros nem</p><p>sempre resulta em aprendizagem, ensino ou</p><p>desenvolvimento. Estar junto, lado a lado,</p><p>agindo e reagindo mecanicamente, não é o</p><p>mesmo que interagir, isto é, trocar, dar e</p><p>receber simultaneamente”.</p><p>O Cuidar, Educar e Brincar na Educação</p><p>Infantil é de fundamental importância e</p><p>pode contribuir significativamente para a</p><p>construção de conhecimentos e</p><p>desenvolvimento das potencialidades e</p><p>capacidades da criança, pois é notório que a</p><p>criança é um ser que está em constante</p><p>desenvolvimento, mas que deve ser</p><p>estimulada a fim de adquirir seu pleno</p><p>desenvolvimento.</p><p>Portanto, é papel da instituição de</p><p>educação Infantil fornecer condições para</p><p>esse desenvolvimento, sendo necessária</p><p>que as atividades sejam devidamente</p><p>planejadas, intenciona lizadas,</p><p>contextualizadas e significativas a fim</p><p>de possibilitar que a criança</p><p>decorrente do cumprimento de sua</p><p>missão e de seus compromissos.</p><p>Assim como as empresas, as pessoas</p><p>também passam por uma profunda crise de</p><p>identidade ética. Há muito tempo que a</p><p>criatividade, característica de nosso povo,</p><p>deu espaço ao "jeitinho" ou à famosa "lei de</p><p>Gerson", onde levar vantagem é</p><p>fundamental. O mercado profissional, os</p><p>meios de ensino e a sociedade capitalista</p><p>vêm formando nas pessoas um</p><p>comportamento de competição acirrada e</p><p>de busca pelo sucesso profissional a</p><p>qualquer preço. Com isto, muitos se</p><p>esquecem ou desaprendem um dos valores</p><p>básicos da convivência em sociedade que é</p><p>o respeito à individualidade do outro.</p><p>Algumas pessoas e empresas</p><p>perceberam que competir com ética é a</p><p>saída para o crescimento pessoal,</p><p>profissional e de mercado, bem como de</p><p>nossa sociedade. Portanto, cada vez mais</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>102</p><p>reaprender as "boas maneiras" do</p><p>comportamento profissional é fundamental.</p><p>Como ter atitudes éticas no ambiente de</p><p>trabalho43</p><p>Hoje, os profissionais requisitados pelos</p><p>recrutadores devem ter inúmeras</p><p>qualidades para obter sucesso na carreira</p><p>profissional. Porém, apesar dos diversos</p><p>conhecimentos que as pessoas possuem,</p><p>existe algo que é um pré-requisito para</p><p>alcançar qualquer posição: a ética. Este</p><p>termo deve ser conhecido e praticado</p><p>dentro e fora das empresas.</p><p>Muitos estudiosos, como Platão,</p><p>Aristóteles e Sócrates, aprofundaram suas</p><p>pesquisas sobre este assunto. Apesar das</p><p>divergências das linhas teóricas e de como</p><p>o comportamento é regido, existe um</p><p>significado para ética que é imutável: ela</p><p>corresponde aos valores morais que guiam</p><p>o comportamento de um indivíduo.</p><p>Ser ético está relacionado a seguir os</p><p>padrões da sociedade e as regras e políticas</p><p>das organizações. Para que você não fique</p><p>confuso ao tomar uma decisão em sua</p><p>carreira, veja algumas dicas para garantir a</p><p>ética profissional:</p><p>Humildade: Esteja pronto para ouvir</p><p>sugestões, elogios e críticas. Você pode</p><p>aprender muito com seus colegas de</p><p>trabalho. Portanto, seja flexível às opiniões.</p><p>Honestidade: Ninguém perde por ser</p><p>honesto. Aliás, a honestidade traz</p><p>dignidade. Esta é a hora de mostrar seu</p><p>caráter e ser um profissional ético.</p><p>Privacidade: Dentro das organizações,</p><p>existem assuntos sigilosos e que devem ser</p><p>tratados de forma discreta. Seja algo de</p><p>clientes ou colegas de trabalho, o seu dever</p><p>é manter segredo e não expor informações</p><p>que são exclusividades da empresa.</p><p>Respeito: Seja com o chefe ou com o</p><p>subordinado, você deve ser respeitoso com</p><p>os colegas de trabalho. Evite falar mal</p><p>daqueles que te incomodam, isso não irá te</p><p>43 MARQUES, José Roberto. Como ter atitudes éticas no ambiente de</p><p>trabalho. Disponível em: http://economia.terra.com.br/blog-</p><p>acrescentar nada e poderá prejudicar sua</p><p>imagem dentro da empresa.</p><p>Portanto, siga essas dicas para que você</p><p>continue com atitudes e comportamentos</p><p>éticos diante da empresa e da sociedade. A</p><p>ética revela seu caráter, sendo assim, seja</p><p>ético e isso poderá te proporcionar</p><p>inúmeras conquistas profissionais.</p><p>Comportamento Profissional: é o</p><p>conjunto de atitudes esperadas do servidor</p><p>no exercício da função pública,</p><p>consolidando a ética no cotidiano das</p><p>atividades prestadas, mas indo além desta</p><p>ética, abrangendo atitudes profissionais</p><p>como um todo que favorecem o ambiente</p><p>organizacional do trabalho. Quando se fala</p><p>num comportamento profissional conforme</p><p>à ética busca-se que a atitude em serviço por</p><p>parte daquele que desempenha o interesse</p><p>do Estado atenda aos ditames éticos.</p><p>“Hoje em dia, cada vez mais as empresas</p><p>procuram “verdadeiros” profissionais para</p><p>trabalharem nelas. Com isso, é evidente que</p><p>não há mais espaço no mercado de trabalho</p><p>para profissionais medíocres,</p><p>desqualificados e despreparados para a</p><p>função a ser exercida, mas sim para</p><p>profissionais habilidosos, com pré-</p><p>disposição para o trabalho em equipe, com</p><p>visão ampliada, conhecimento de mercado,</p><p>iniciativa, espírito empreendedor,</p><p>persistente, otimista, responsável, criativo,</p><p>disciplinado e outras habilidades e</p><p>qualificações.</p><p>É importante que você profissional,</p><p>procure estar preparado para o mercado de</p><p>trabalho, a qualquer momento da sua vida,</p><p>independentemente do fato de estar ou não</p><p>empregado. A história do mercado de</p><p>trabalho atual tem mostrado que</p><p>independentemente do cargo que você</p><p>exerça, você deve estar sempre preparado</p><p>para mudanças que poderão surgir e</p><p>mudarão todo o rumo da sua carreira. As</p><p>empresas não são eternas e nem os seus</p><p>empregos. Não se engane, não existem mais</p><p>quaisquer garantias de emprego por parte</p><p>das empresas, trazendo aos profissionais</p><p>carreiras/blog/2014/05/29/como-ter-atitudes-eticas-no-ambiente-de-</p><p>trabalho/.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>103</p><p>empregados um ônus constante para manter</p><p>o seu emprego. Se para aqueles que estão</p><p>empregados manter a sua empregabilidade</p><p>não é uma tarefa fácil, para aqueles que</p><p>estão ingressando no mercado de trabalho</p><p>atual, as dificuldades serão ainda maiores.</p><p>Portanto, a seguir vou discorrer sobre</p><p>algumas das características dos bons</p><p>profissionais:</p><p>Preparado para mudanças</p><p>As empresas buscam por profissionais</p><p>adaptáveis porque tudo no mundo moderno</p><p>muda. As tecnologias, as relações de</p><p>emprego, o mercado, os valores e o modo</p><p>encontrar soluções para os problemas</p><p>mudaram, enfim tudo mudou</p><p>significativamente nos últimos anos e</p><p>continuarão mudando. Portanto temos de</p><p>acompanhar o ritmo das coisas. Muitos</p><p>profissionais pensam que podem fazer as</p><p>mesmas coisas e do mesmo modo durante</p><p>toda a vida e depois reclamam porque não</p><p>são bem sucedidos.</p><p>Competência</p><p>Competência é uma palavra de senso</p><p>comum, utilizada para designar uma pessoa</p><p>capaz de realizar alguma coisa. O antônimo</p><p>disso, ou seja, incompetência, implica não</p><p>só na negação dessa capacidade como</p><p>também na depreciação do indivíduo diante</p><p>do circuito do seu trabalho ou do convívio</p><p>social.</p><p>Para ser contratado em uma empresa ou</p><p>para a sua manutenção de emprego não</p><p>basta ter diplomas e mais diplomas se não</p><p>existir competência. Por exemplo, um</p><p>profissional que se formou em direito, até</p><p>mesmo na melhor universidade, mas que</p><p>não sabe preparar uma peça processual não</p><p>terá valor competitivo quer como</p><p>profissional empregado, quer como</p><p>prestador de serviços.</p><p>Diplomas servirão para dar referencial</p><p>ao profissional ou até mesmo para enfeitar</p><p>a parede da sua sala, mas a competência é o</p><p>fator chave que atrelada à diplomação lhe</p><p>dará subsídios profissionais para ser bem</p><p>sucedido. Por isso podemos afirmar</p><p>categoricamente que a competência não é</p><p>composta pelo diploma por si só, apesar de</p><p>que ele contribui para a composição da</p><p>competência.</p><p>Espírito empreendedor</p><p>Os dias do funcionário que se comporta</p><p>como funcionário pode estar com os dias</p><p>contados. A visão tradicionalista de</p><p>empregador e empregado, chefe e</p><p>subordinado estão caminhando para o</p><p>desuso.</p><p>As empresas com visão moderna estão</p><p>encarando seus funcionários como</p><p>colaboradores ou parceiros e</p><p>implementando a visão empreendedora.</p><p>Isso significa que os empresários</p><p>perceberam que dar aos funcionários a</p><p>possibilidade de ganhar mais do que</p><p>simplesmente o salário mensal fixo, tem</p><p>sido um bom negócio, pois faz com que o</p><p>profissional dê maiores contribuições à</p><p>organização, garantindo assim o</p><p>comprometimento da equipe na busca de</p><p>resultados positivos.</p><p>Equilíbrio emocional</p><p>O que quero dizer com o equilíbrio</p><p>emocional? Bem, dito de modo simples, é o</p><p>preparo psicológico para superar</p><p>adequadamente as adversidades que</p><p>surgirão na empresa e fora dela.</p><p>Vamos chamar o conjunto de problemas</p><p>que todos nós possuímos de saco de</p><p>problemas. As empresas querem que</p><p>deixemos o nosso saco de problemas em</p><p>casa. Por outro lado, os nossos familiares</p><p>querem que</p><p>tenha prazer</p><p>em executá-las, deve ser entrelaçado</p><p>práticas entre o Cuidar, Educar e Brincar</p><p>constantemente a fim de que a criança possa</p><p>fortalecer vínculos afetivos, sentir segura e</p><p>acolhida nos momentos do cuidado, mas</p><p>que ao mesmo tempo possa ser instigada</p><p>a adquirir novas aprendizagens, ou ainda</p><p>que o momento de aprendizagem possa</p><p>ocorrer de modo espontâneo e prazeroso</p><p>sendo direcionadas por meio de</p><p>brincadeiras, vivenciando experiências</p><p>significativas e condizentes com sua faixa</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>10</p><p>etária.</p><p>O referido artigo busca realizar alguns</p><p>questionamentos, como por que o Cuidar,</p><p>educar e Brincar devem ser considerados</p><p>importantes para o desenvolvimento da</p><p>criança? É de fato necessário que o Cuidar</p><p>e Educar sempre que possível sejam</p><p>realizados por meio de brincadeiras?</p><p>O Cuidar</p><p>Inicialmente são necessários</p><p>compreendermos a definição do que é o</p><p>termo Cuidar, Educar e Brincar. O Cuidar,</p><p>conforme o RCNEI (1998, v. 01, p. 25)</p><p>“[…] é sobretudo dar atenção a ela (criança)</p><p>como pessoa que está num contínuo</p><p>crescimento e desenvolvimento,</p><p>compreendendo sua singularidade,</p><p>identificando e respondendo às suas</p><p>necessidades”. É necessário que o</p><p>profissional esteja atento, deve ser</p><p>comprometido com os pequenos</p><p>percebendo as necessidades dos mesmos,</p><p>sendo solidário e respeitando as</p><p>singularidades de cada criança.</p><p>O Cuidar não se resume aos cuidados</p><p>de uma forma simplista, é fundamental</p><p>comprometimento, tempo e proximidade</p><p>por parte do professor, no qual deve</p><p>perceber que o outro é um sujeito ativo e</p><p>capaz, que deve ser ouvido e respeitado,</p><p>sendo um ser que necessita desenvolver- se</p><p>de modo pleno e autônomo, ou seja, o</p><p>Cuidar necessita construir vínculos entre</p><p>quem cuida e quem é cuidado, envolve</p><p>habilidades em observar as</p><p>especificidades, individualidade, ideias e</p><p>emoções da criança e ajudá-la em todos os</p><p>seus aspectos.</p><p>O Cuidar faz parte essencial das</p><p>instituições de caráter educativo para</p><p>crianças pequenas, o RCNEI (1998, v. 01),</p><p>corrobora que o Cuidar envolve questões</p><p>afetivas, biológicas, como alimentação e</p><p>cuidados com a saúde e higiene da criança</p><p>e que não há como ter educação se não há</p><p>cuidado, ou seja, o Cuidar é parte integrante</p><p>da educação.</p><p>O Cuidar na perspectiva da Educação</p><p>Infantil, segundo Jaqueline Cunha (2010) é</p><p>uma ação cidadã, da qual os professores</p><p>necessitam estar atento e ter consciência</p><p>dos direitos das crianças, que é um ser ativo</p><p>em todo o processo, devendo contribuir</p><p>eficientemente para que haja crescimento e</p><p>desenvolvimento da criança, considerando</p><p>as necessidades da mesma, o que tornará o</p><p>educador mais humano. Para Sonia</p><p>Kramer (2005), o cuidado tem como foco o</p><p>outro, e o adulto deve ser receptível e</p><p>sensível, percebendo e suprindo as</p><p>necessidades da criança, tais atitudes</p><p>exigem proximidade, tempo e entrega.</p><p>Conforme o RCNEI (1998, v. 01, p. 24)</p><p>“A base do cuidado humano é compreender</p><p>como ajudar o outro a se desenvolver como</p><p>ser humano. Cuidar significa valorizar e</p><p>ajudar a desenvolver capacidades”.</p><p>O Educar</p><p>O Educar por sua vez tem forte relação</p><p>com as instituições escolares, o Educar é</p><p>amplo não devendo ser considerado como</p><p>“transferência de conhecimentos”, mas</p><p>envolve propiciar experiências e situações</p><p>significativas de aprendizagens que</p><p>colaborem para que a crianças e já</p><p>protagonista, construindo seus próprios</p><p>conhecimentos, uma prática que possibilita</p><p>que a criança desenvolva capacidades, para</p><p>a conquista de sua autonomia e</p><p>independência.</p><p>O Educar exige que o professor busque</p><p>instigar as crianças a ter “vontade” de</p><p>aprender, despertando o interesse para que</p><p>seja gerada o desenvolvimento de</p><p>habilidades socio afetivas, cognitivas e</p><p>psicomotoras no qual o sujeito</p><p>constantemente adquire novos</p><p>conhecimentos. O educar na educação</p><p>infantil ultrapassa a educação formal,</p><p>necessitando a colaboração dos</p><p>profissionais no qual deve respeitar as</p><p>limitações de cada criança, deve ainda</p><p>possibilitar estratégias a fim de que as</p><p>capacidades infantis sejam de fato</p><p>estimuladas e seu potencial se</p><p>autodesenvolva. O Educar deve guiar e</p><p>orientar a criança a fim de que a mesma</p><p>obtenha resultados positivos para o seu</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>11</p><p>desenvolvimento humano, para as crianças</p><p>pequenas o Educar deve ser associado ao</p><p>Brincar, pois conforme Adriana Lima</p><p>(2002, p. 33), “Não existe nada que a</p><p>criança precise saber que não possa ser</p><p>ensinado brincando […]”, a autora ainda</p><p>ressalta que se determinada coisa não é</p><p>possível se transformar em um jogo, então</p><p>não será proveitoso à criança.</p><p>O Brincar</p><p>Sobre o Brincar, atualmente ainda é</p><p>entendido por muitos profissionais da área</p><p>da educação, como uma atividade de</p><p>ocupação de tempo, Crislaine Salomão</p><p>(2013) corrobora que o Brincar é uma</p><p>linguagem que a criança utiliza para</p><p>promover a interação entre os demais, e que</p><p>através do Brincar, há o desenvolvimento</p><p>de habilidades, autonomia e criatividade</p><p>por envolver o direito de comunicar-se,</p><p>conviver e aprender.</p><p>O Brincar é necessário ao ser humano,</p><p>por meio do lúdico o indivíduo pode</p><p>desenvolver-se socialmente e</p><p>culturalmente, construindo novos c o n h</p><p>e c i m e n t o s , conforme o RCNEI (1998,</p><p>v. 01), o Brincar é uma atividade necessária</p><p>no cotidiano escolar que favorece a</p><p>autoestima da criança, possibilitando que a</p><p>mesma vivencie experiências, o que</p><p>contribui para o seu desenvolvimento.</p><p>De acordo com os RCNEI, (1998, v. 02,</p><p>p. 22) “Brincar é uma das atividades</p><p>fundamentais para o desenvolvimento da</p><p>identidade e da autonomia”, Portanto, o</p><p>Brincar é fundamental na vida das</p><p>crianças permitindo que as mesmas se</p><p>expressem, vivencie emoções,</p><p>possibilitando a troca de conhecimentos,</p><p>interiorizando o mundo que a cerca e</p><p>contribuindo para formação de sua</p><p>identidade.</p><p>Porém conforme Cyrce Andrade (2010)</p><p>há por parte do professor de Educação</p><p>infantil, a falta de atenção às brincadeiras</p><p>livres, não sendo programada e estruturada,</p><p>sendo vista geralmente como menos</p><p>importante. Além disso, conforme o</p><p>RCNEI (1998, vol. 01 p. 31) “A interação</p><p>social em situações diversas é uma das</p><p>estratégias mais importantes do professor</p><p>para a promoção de aprendizagens pelas</p><p>crianças”. É fundamental que o educador</p><p>propicie uma diversidade de situações que</p><p>garantam a troca de conhecimentos, das</p><p>quais as crianças possam expressar-se,</p><p>interagir, dialogarem e brincarem</p><p>contribuindo para sua autonomia e</p><p>autoestima.</p><p>Com isso, sendo as instituições de</p><p>Educação Infantil um ambiente construído</p><p>para a criança pequena, é necessário que a</p><p>escola integre o Brincar no cotidiano, não</p><p>rotulando como uma atividade que</p><p>preencha um determinado período de tempo</p><p>e sem nenhuma mediação intencional, pois</p><p>sem dúvidas é necessário que o Brincar seja</p><p>associado como ação educativa para a</p><p>infância, que colabora grandemente para o</p><p>desenvolvimento da criança.</p><p>As brincadeiras na Educação Infantil é</p><p>ferramenta de suma importância para a</p><p>criança, pois através do Brincar, a criança</p><p>constrói emoções e sentimentos</p><p>colaborando para o seu desenvolvimento,</p><p>portanto no Cuidar e Educar faz-se de suma</p><p>relevância considerar a ludicidade e</p><p>explora- lá como ferramenta de grande</p><p>valia no ambiente de Educação Infantil,</p><p>pois o brincar é inerente à criança.</p><p>A Importância do Cuidar, Educar e</p><p>Brincar</p><p>O tripé cuidar, educar e Brincar é</p><p>importante na Educação infantil, pois pode</p><p>contribuir eficientemente no processo de</p><p>desenvolvimento pleno da criança, pois os</p><p>momentos tornam- se mais proveitosos e</p><p>significativos às crianças. Com isso, o</p><p>tempo do cuidado também é momento de</p><p>aprendizagem, e para a aprendizagem é</p><p>possível que o lúdico seja explorado,</p><p>tornando-se</p><p>momentos prazerosos e de</p><p>contentamento, o que consecutivamente</p><p>contribui para o desenvolvimento da</p><p>criança.</p><p>É notório que a Educação Infantil por</p><p>muito tempo foi vista como “depósito de</p><p>crianças”, que serviam apenas para Cuidar</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>12</p><p>da criança enquanto a família estava</p><p>ausente, e nos dias atuais muitas vezes é</p><p>vista dessa forma pelo senso comum.</p><p>Atualmente, as instituições de Educação</p><p>Infantil cuidam, educam e possibilitam</p><p>momentos de brincadeiras, todavia tais</p><p>ações em algumas dessas instituições são</p><p>realizadas de modo fragmentado e sem</p><p>intencionalidade, por outro lado, as</p><p>instituições comprometidas com o</p><p>desenvolvimento global da criança buscam</p><p>construir por meio do planejamento práticas</p><p>integradas entre o Cuidar, Educar e Brincar,</p><p>pois consideram a criança com um ser que</p><p>possui necessidades e especificidades e,</p><p>portanto devem ser considerados para a sua</p><p>formação integral.</p><p>Com isso é importante que haja a</p><p>transformação das práticas didáticas em</p><p>todas as instituições de Educação Infantil,</p><p>para que seja dissipado a fragmentação de</p><p>ações na rotina escolar, que talvez pelo</p><p>despreparo dos profissionais, ou até mesmo</p><p>por falta de motivação ainda se faz presente</p><p>em algumas instituições. Diante dessas</p><p>afirmações, torna-se fundamental que haja</p><p>reflexão e seja percebida a importância</p><p>desses componentes: Cuidar, educar e</p><p>Brincar, pois cada um deles possui o seu</p><p>devido valor em creches e pré-escola.</p><p>Todavia é ainda comum alguns</p><p>professores utilizar o Cuidar, Educar e</p><p>Brincar de forma fragmentada e sem</p><p>conexão, o que nos leva à conclusão de que</p><p>há uma grande barreira entre teoria e a</p><p>prática. Rosa Batista (1998) enfatiza que há</p><p>uma série de fatores que dificultam as</p><p>instituições escolares exercerem sua</p><p>função, que engloba considerar e valorizar</p><p>os reais interesses e necessidades infantis,</p><p>para o autor é fundamental implementar</p><p>propostas de caráter educacional-</p><p>pedagógico que proporcione às crianças a</p><p>vivência real dos seus direitos.</p><p>Porém Ana Ramos &Alberto Alegre</p><p>(2003, p. 29) enfatiza que o Cuidar e Educar</p><p>somente serão visto de modo integrado</p><p>quando: “culturalmente for assimilado que</p><p>a criança não é um ser que deva ser</p><p>preparado para ser adulto, mas um ser que</p><p>deve e pode vivenciar a sua infância com as</p><p>suas peculiaridades de criança […]”.</p><p>Diante deste cenário, é notório que o</p><p>professor possui sua parcela de</p><p>responsabilidade, devendo ter formação</p><p>adequada e cursos de aperfeiçoamento,</p><p>além disso, é importante que o educador</p><p>supere a visão de Educação Infantil como</p><p>ambiente que se deve Cuidar e Educar de</p><p>modo isolado, e que ainda considera o</p><p>Brincar como somente forma de lazer para</p><p>a criança. Para isso, além da formação</p><p>específica e atualização de conhecimentos</p><p>na área, é primordial a constante reflexão de</p><p>seu próprio trabalho docente, Maristela</p><p>Angotti (2010) corrobora que o professor</p><p>deve assumir com compromisso, práticas</p><p>essenciais para que desenvolva um fazer</p><p>intencionado, reflexivo e profícuo no</p><p>ambiente escolar.</p><p>Para analisarmos que o Cuidar, educar e</p><p>Brincar são indissociáveis, o RCNEI (1998,</p><p>v. 01, p. 23) corrobora que o Educar se</p><p>efetiva por intermédio de ações que envolve</p><p>o Cuidar e o Brincar e ainda através de</p><p>aprendizagens que visam o</p><p>desenvolvimento da criança “Educar</p><p>significa, portanto propiciar situações de</p><p>cuidados, brincadeiras aprendizagens</p><p>orientadas de forma integrada”</p><p>Nesse contexto é primordial que o tripé:</p><p>Cuidar, educar e Brincar sejam revistos</p><p>como elementos de suma importância na</p><p>Educação Infantil, devendo a instituição</p><p>escolar, aprimorar práticas que seja</p><p>derrubada a fragmentação entre os</p><p>cuidados, educação e brincadeiras,</p><p>possibilitando o Cuidar educando</p><p>e o Educar brincando, independente da</p><p>instituição ser creche ou pré-escola.</p><p>Conforme o Manual de Orientação</p><p>Pedagógica (2012, p. 34) “Na educação</p><p>infantil é fundamental a integração dos</p><p>tempos de cuidar, educar e brincar”. Nesse</p><p>sentido, torna-se fundamental que no</p><p>ambiente escolar haja a relação entre o</p><p>Cuidar, educar e Brincar, uma vez que</p><p>contribui para que o educando se</p><p>desenvolva integralmente.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>13</p><p>Cuidados Pessoais da Criança</p><p>Acolhimento e conforto</p><p>As relações interpessoais constituem-se</p><p>fatores de acolhimento e conforto no</p><p>ambiente escolar onde a criança passa a</p><p>maior parte do seu dia. Por isso, é</p><p>importante que essas relações entre adultos</p><p>e dos adultos com as crianças ocorram de</p><p>forma harmoniosa e respeitosa. A relação</p><p>de parceria entre a equipe escolar e as</p><p>família permite que os educadores</p><p>conheçam melhor cada criança e entenda</p><p>seu contexto familiar e social, sua rotina e</p><p>suas especificidades, como as questões de</p><p>saúde. De outro lado, constitui-se uma</p><p>relação de confiança uma vez que as</p><p>famílias percebem que são ouvidas e</p><p>consideradas, desde o momento da</p><p>entrevista inicial, nos momentos de</p><p>interações cotidianas e de reuniões com</p><p>famílias. Para um bom planejamento na</p><p>inclusão de crianças com deficiência que</p><p>exigem cuidados especiais, o estreitamento</p><p>desta parceria é condição essencial para o</p><p>bom atendimento das necessidades da</p><p>criança. A primeira coisa é conhecer a</p><p>criança e sua a família. O contato inicial,</p><p>além de ajudar a conhecer a criança com</p><p>quem os educadores passarão o ano,</p><p>também orienta sobre os materiais e</p><p>mobiliários específicos de que se pode</p><p>precisar. Conforme explica Daniela Alonso</p><p>(Revista Nova Escola, ed. 21, jan/2009)11.</p><p>“Essa troca é importante para o professor</p><p>ter ideia das habilidades e competências</p><p>com as quais está lidando. Com isso, ele</p><p>pode pensar em propostas colaborativas</p><p>dentro de sala e aperfeiçoar seus métodos</p><p>pedagógicos. Cada aluno tem necessidades</p><p>próprias. Nenhuma deficiência é igual.”</p><p>No cotidiano da escola, para que se</p><p>promova o acolhimento e o estreitamento</p><p>de vínculo que favorece a segurança, o</p><p>bem-estar e a aprendizagem, recomenda-se</p><p>que:</p><p>11 EDUCAR E CUIDAR ORIENTAÇÕES SOBRE CUIDADOS, HIGIENE</p><p>E SEGURANÇA NO AMBIENTE ESCOLAR.</p><p>https://educacao.saobernardo.sp.gov.br/images/orientacoes_gerais_2/Ed</p><p>● Ao acolher e despedir-se das crianças</p><p>é necessário ser atencioso, cumprimentar-</p><p>lhes, demonstrar interesse pela sua chegada</p><p>na escola e por sua volta no dia seguinte ou</p><p>após um período de afastamento por motivo</p><p>de saúde, quando for o caso.</p><p>● É essencial nas creches e no trato com</p><p>crianças e faixas etárias menores, pegá-las</p><p>no colo confortá-las e aconchegá-las</p><p>sempre atendendo às suas necessidades. É</p><p>importante que o adulto olhe para as</p><p>crianças, no sentido de tentar identificar o</p><p>que precisam e quais as suas necessidades</p><p>naquele momento, atendendo-as com</p><p>afago, colo, troca, sono, alimentação,</p><p>companhia, ajuda, conversa etc.</p><p>● Quando conversar com famílias ou</p><p>responsáveis pelas crianças, chamá-los pelo</p><p>nome, evitando, palavras que possam ser</p><p>adotadas ou tidas como rótulos.</p><p>Comentários discriminatórios e/ou</p><p>pejorativos não são educativos e nem</p><p>respeitosos, portanto não devem ser</p><p>realizados em relação aos colegas de</p><p>trabalho, às crianças e suas famílias e/ou</p><p>responsáveis.</p><p>● É interessante conversar com as</p><p>crianças, qualquer que seja a sua faixa</p><p>etária, sobre a importância de se reconhecer</p><p>pelo nome e de respeitar as diferenças entre</p><p>elas, sendo que de fato esta é uma atitude</p><p>que contribui para a construção da</p><p>identidade.</p><p>● A atenção dos educadores deve ser</p><p>completamente voltada às crianças. Deste</p><p>modo, não pode haver nenhum tipo de</p><p>distração, como o uso de celulares,</p><p>conversas prolongadas e alheias ao trabalho</p><p>entre adultos em qualquer local da escola ou</p><p>cochilar enquanto observa o repouso das</p><p>crianças.</p><p>● As crianças nunca podem ficar</p><p>desacompanhadas de um adulto em</p><p>qualquer ambiente que estejam,</p><p>nem por</p><p>poucos instantes, pois podem se sentir</p><p>desprotegidas ou mesmo estarem expostas</p><p>a riscos.</p><p>ucar_e_Cuidar/Educar_e_Cuidar_2019_10_09_19.pdf. Visitado em</p><p>12.10.2022.</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>14</p><p>● É importante que os educadores</p><p>tenham um olhar atento para o que ocorre</p><p>com as crianças durante a sua permanência</p><p>na escola, bem como analisem o seu estado</p><p>geral na chegada, na saída e em todo o</p><p>período escolar. Quando observadas</p><p>situações atípicas no seu comportamento,</p><p>como a apatia, ou no estado geral da</p><p>criança, tais como abatimento,</p><p>vermelhidão, respiração ofegante, choro</p><p>excessivo etc, é fundamental intervir</p><p>buscando identificar a causa e restabelecer-</p><p>lhe o conforto na medida do possível,</p><p>principalmente no caso dos bebês. Um</p><p>banho, um momento de descanso ou a</p><p>hidratação podem ser suficientes. De</p><p>qualquer forma, é importante compartilhar</p><p>essas observações com a família e para isso</p><p>a agenda é um importante meio de registro</p><p>e comunicação, podendo ser usada para</p><p>essa troca de informações das</p><p>intercorrências do dia.</p><p>● Caso o atendimento do educador não</p><p>seja suficiente, é necessário informar aos</p><p>gestores da unidade escolar as observações</p><p>relevantes para ações imediatas na busca da</p><p>garantia do bem estar e segurança das</p><p>crianças, como nos casos de acidentes ou</p><p>quando se tratar de questões de saúde que</p><p>podem demandar contato imediato com a</p><p>família e/ou socorro, como febre, mal estar</p><p>ou diarreia (de acordo com as orientações</p><p>dos itens “ Prevenção e cuidados nas</p><p>doenças da infância” e “Primeiros</p><p>Socorros”, na págs. 47 a 56).</p><p>Materiais de uso pessoal das crianças</p><p>● Alguns pais optam por oferecer</p><p>chupeta aos seus filhos pelo seu efeito</p><p>relaxante. Enquanto a criança ainda utilizar</p><p>as chupetas devemos ter cuidado com a sua</p><p>higiene. Elas devem ser lavadas e trocadas</p><p>com frequência e guardadas em potes</p><p>individuais. Recomenda-se, porém, que</p><p>seja evitado o seu uso por um tempo</p><p>prolongado. O tamanho dos bicos das</p><p>chupetas deverá ser proporcional a</p><p>cavidade oral do bebê. Elas podem ser</p><p>usadas apenas enquanto o bebê pega no</p><p>sono, mas deverão ser retiradas logo após</p><p>para que ele consiga manter-se de boca</p><p>fechada criando memória muscular de</p><p>contato entre os lábios e consiga respirar</p><p>pelo nariz. Verificar se o bico está bem</p><p>preso para evitar o risco de engasgo.</p><p>Conforme as crianças se sentem mais</p><p>seguras no ambiente escolar e envolvidas</p><p>com as diferentes propostas e materiais, é</p><p>natural que se desapegue aos poucos da</p><p>chupeta. A escola deve ser sensível para a</p><p>sua retirada. O trabalho com a autonomia,</p><p>comunicação e a promoção de um ambiente</p><p>acolhedor e carinhoso é a forma para a</p><p>retirada gradual da chupeta. Essa retirada se</p><p>fará respeitando o tempo e a vontade da</p><p>criança por meio do incentivo e do</p><p>encorajamento, sendo necessária a parceria</p><p>da família.</p><p>● São também de uso individual: os</p><p>mordedores, as escovas de dente, os pentes,</p><p>lençóis e toalhas. Todos esses materiais</p><p>devem estar identificados, guardados</p><p>separadamente e mantidos sempre limpos e</p><p>higienizados.</p><p>Higiene Bucal</p><p>Considerando-se que os bebês e as</p><p>crianças bem pequenas ficam a maior parte</p><p>do tempo na escola e realizam várias</p><p>refeições, sua saúde bucal depende em</p><p>grande parte dos educadores que farão sua</p><p>higiene bucal até que adquira</p><p>independência para este procedimento,</p><p>tendo a supervisão do adulto. A parceria</p><p>com a família é importante e necessária,</p><p>considerando-se as visitas regulares ao</p><p>dentista e também a realização da higiene</p><p>bucal em casa , principalmente antes de</p><p>dormir. A última escovação é</p><p>imprescindível para a retirada de restos</p><p>alimentares uma vez que durante o sono a</p><p>salivação diminui tornando o ambiente</p><p>bucal mais quente e úmido e, portanto, mais</p><p>favorável à proliferação das bactérias.</p><p>● A limpeza interna da boca deve</p><p>ocorrer mesmo antes do nascimento dos</p><p>dentes dos bebês, por meio de gaze</p><p>embebida em água, com cuidado para a</p><p>criança não engolir a gaze. Logo após o</p><p>nascimento do primeiro dente da criança, há</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>15</p><p>indicação de uso de escova própria para a</p><p>faixa etária ou escovas comuns com cerdas</p><p>macias.</p><p>● A pasta de dente deve ser adequada à</p><p>idade da criança, sendo desde o início com</p><p>flúor, seguindo as novas recomendações da</p><p>Academia Americana de Pediatria que</p><p>preconiza a higienização com creme dental</p><p>com flúor desde o surgimento do primeiro</p><p>dentinho, em quantidade equivalente a um</p><p>grão de arroz. A orientação de usar creme</p><p>dental em bebês é recente, pois havia o</p><p>temor de que o creme dental engolido pelos</p><p>bebês levasse à fluorose (manchas brancas</p><p>nos dentes permanentes antes mesmo de</p><p>sua formação). A preocupação era ainda</p><p>maior, considerando-se que a água corrente</p><p>que sai de nossas torneiras também já vem</p><p>com uma certa quantidade de flúor. Na</p><p>verdade, a fluorose é ocasionada pelo</p><p>excesso de flúor ingerido pela criança, sem</p><p>o controle do adulto. A pasta deve ser</p><p>usada, mas na quantidade certa</p><p>recomendada pelo dentista e sob</p><p>supervisão.</p><p>Por isso, os pais e os educadores devem</p><p>ficar atentos à concentração de flúor no</p><p>creme dental escolhido, à quantidade</p><p>aplicada na escova e se responsabilizar pela</p><p>escovação dos bebês e das crianças bem</p><p>pequenas.</p><p>● Para evitar qualquer tipo de problema</p><p>com a escolha da pasta e do momento certo</p><p>para iniciar o uso da escova e do creme</p><p>dental para fazer a higiene bucal é</p><p>fundamental a visita ao dentista assim que</p><p>nasce o primeiro dente.</p><p>Em crianças com problemas</p><p>neuromotores, o reflexo de mordida pode</p><p>ainda estar presente assim como em</p><p>crianças com problemas neurológicos. O</p><p>educador deve tomar cuidado com a</p><p>mordida reflexa, pois a criança pode, além</p><p>de morder o dedo, travar a mordida e não</p><p>soltar. Neste caso, o educador deve usar</p><p>manobra para o aluno abrir a boca: com os</p><p>dedos indicador e polegar em cada lado da</p><p>bochecha na direção da oclusão dos dentes</p><p>e apertar para destravar a mordida. Há casos</p><p>que a limpeza dos dentes deverá ocorrer no</p><p>dentista e às vezes até por sedação. Se a</p><p>escova de dente ficar entre as arcadas e</p><p>fechar, a própria escova ou o dente podem</p><p>ser quebrados o que pode representar risco</p><p>para a criança. É necessário avaliação</p><p>fonoaudiológica e ortodôntica para</p><p>orientação mais adequada a cada situação.</p><p>Em determinadas situações pode-se fazer</p><p>escovação apenas na parte externa dos</p><p>dentes, evitando colocar a escova dentro da</p><p>boca.</p><p>Higiene das mãos</p><p>● As mãos das crianças necessitam ser</p><p>lavadas com frequência, considerando-se</p><p>que levam as mãos à boca constantemente.</p><p>É fundamental lavar as mãos após brincar</p><p>com areia, brincar nas áreas externas,</p><p>brincar no chão, utilizar tintas, antes das</p><p>refeições, após usar o banheiro e antes do</p><p>repouso. Os bebês e crianças bem pequenas</p><p>precisam de ajuda para fazer a higiene das</p><p>mãos adequadamente, nestes casos é o</p><p>educador o responsável por lavar-lhes as</p><p>mãos, ao passo que as crianças maiores já</p><p>conseguem realizar com independência,</p><p>porém é imprescindível a supervisão do</p><p>adulto. O uso de álcool gel não substitui a</p><p>lavagem das mãos.</p><p>Momento da troca e do banho</p><p>● Sempre que as crianças estiverem</p><p>molhadas ou sujas devem ter suas fraldas e</p><p>roupas trocadas atentando-se que isso</p><p>ocorra o mais breve possível;</p><p>● Deverá ser garantido banho diário aos</p><p>bebês ou meio banho quando se fizer</p><p>necessário, no momento da troca de fraldas</p><p>ou quando evacuar nas roupas.</p><p>● É imprescindível verificar a</p><p>temperatura da água para que não esteja</p><p>muito quente, evitando-se assim o risco de</p><p>queimaduras, pois a pele das crianças é</p><p>muito sensível.</p><p>● Os materiais a serem utilizados no</p><p>banho e na troca (fraldas, roupas, toalhas,</p><p>sabonete) necessitam ser previamente</p><p>organizados pelo educador a fim de que</p><p>esteja à mão, pois nenhuma criança deve</p><p>ficar sozinha no</p><p>trocador ou na cuba de</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>16</p><p>banho, mesmo que por um instante, sob</p><p>risco de quedas e acidentes.</p><p>● O trocador deve ser higienizado após</p><p>cada troca.</p><p>● Deve-se lavar cuidadosamente as</p><p>mãos antes e depois dos momentos de troca.</p><p>● O uso de luvas descartáveis deve</p><p>ocorrer somente quando houver ferimentos</p><p>abertos na pessoa que troca ou as excreções</p><p>estiverem com sangue. Normalmente,</p><p>apenas a lavagem correta das mãos e o uso</p><p>de unhas curtas facilitando a higienização é</p><p>o suficiente para proteger de contaminações</p><p>tanto o educador quanto a criança.</p><p>● Quando necessitar o uso da luva, esta</p><p>deve ser utilizada apenas uma vez e</p><p>descartada em seguida. Portanto, não se</p><p>pode usar a mesma luva com crianças</p><p>diferentes, pois, caso o contrário, visa-se</p><p>somente a proteção do adulto que troca e</p><p>não a da criança.</p><p>● Pomadas preventivas para assaduras</p><p>podem ser usadas sem prescrição médica</p><p>(em geral, oxido de zinco e vitaminas).</p><p>Pomadas para tratamento de assadura</p><p>necessitam prescrição médica.</p><p>● Cuidado com o uso de lenços</p><p>umedecidos, pois podem provocar alergias.</p><p>Por isso, deve-se consultar a família quanto</p><p>à autorização para uso do produto.</p><p>Repouso</p><p>● É importante considerar um tempo e</p><p>um local apropriado para que as crianças</p><p>durmam ou repousem. Geralmente se</p><p>propõe o repouso no início da tarde,</p><p>considerando-se em média o tempo de uma</p><p>hora e meia como tempo suficiente para o</p><p>descanso, possibilitando à criança estar</p><p>bem disposta para as propostas pedagógicas</p><p>do período da tarde.</p><p>● Os horários para o repouso devem ser</p><p>organizados prevendo um intervalo após a</p><p>alimentação, prevenindo-se o refluxo gastro</p><p>esofágico. Neste intervalo, além de garantir</p><p>a higiene dos dentes, é importante que</p><p>ocorra uma proposta como a leitura de uma</p><p>história ou uma brincadeira com música no</p><p>momento que antecede o repouso, evitando</p><p>assim que as crianças deitem logo após</p><p>almoço.</p><p>● O momento para o repouso das</p><p>crianças deve ser organizado e planejado</p><p>pelos educadores de forma que as crianças</p><p>que não querem dormir possam optar por</p><p>uma outra proposta de descanso, como</p><p>folhear um livro, respeitando-se às</p><p>diferentes necessidades de repouso das</p><p>crianças.</p><p>● Música de ninar em baixo volume e</p><p>iluminação reduzida podem contribuir para</p><p>um ambiente mais apropriado ao descanso.</p><p>● É importante garantir um ambiente</p><p>arejado, com circulação de ar através das</p><p>janelas, porém atentando-se às variações de</p><p>temperatura articuladas às necessidades das</p><p>crianças, cobrindo-as ou desagasalhando-as</p><p>durante o repouso.</p><p>● As crianças, quando em repouso,</p><p>devem ficar com a cabeça descoberta e</p><p>serem cuidadosamente observadas pelos</p><p>educadores e assistidas em suas</p><p>necessidades.</p><p>É necessário que o educador tenha</p><p>atenção integral ao cuidado com as</p><p>crianças durante o sono, pois só assim</p><p>poderá perceber situações que exigem sua</p><p>intervenção, tais como: reposicionar uma</p><p>criança no colchão, cobrir quando se</p><p>desagasalhar em tempo frio ou retirar a</p><p>coberta se estiver com calor, socorrer em</p><p>caso de engasgo, acalmar se tiver sono</p><p>agitado ou acordar insegura, trocar as</p><p>roupas ou fraldas caso tenha escapado</p><p>urina.</p><p>Deste modo, deve-se adotar postura que</p><p>evite distração ou sono, como mudar de</p><p>posição e circular pelo ambiente.</p><p>Alimentação</p><p>Nos primeiros anos de vida, por meio da</p><p>oferta de alimentos com diferentes texturas,</p><p>sabores e cores, as crianças vão</p><p>desenvolvendo seus hábitos alimentares. Os</p><p>primeiros hábitos alimentares são</p><p>desenvolvidos na família, ou seja, num</p><p>determinado meio sócio-cultural. Na</p><p>escola, observamos diferentes formas de</p><p>lidar com a alimentação, que retrata nossa</p><p>variedade cultural. Este aspecto deve ser</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>17</p><p>respeitado, pois não há uma única forma de</p><p>pensarmos a alimentação e os hábitos</p><p>adquiridos na família não devem ser vistos</p><p>como o jeito certo ou errado, mas sim como</p><p>a expressão da diversidade também na hora</p><p>da alimentação.</p><p>Culturalmente observamos que há uma</p><p>concepção predominante de que comer bem</p><p>é comer bastante, mas faz algum tempo que</p><p>a ciência tem mostrado que é mais</p><p>importante a qualidade da alimentação do</p><p>que a quantidade.</p><p>É importante termos um olhar sensível e</p><p>flexível às demandas e necessidades de</p><p>cada criança, ajudando-as a regularem as</p><p>quantidades para que sejam o suficiente</p><p>para sua nutrição e saciedade.</p><p>Outro aspecto que também foi</p><p>culturalmente estabelecido é pensar que na</p><p>escola devem comer juntos só os que</p><p>comem o mesmo alimento, e assim</p><p>mantemos separados aqueles que possuem</p><p>alguma dieta especial ou restrições</p><p>alimentares, para que os demais alunos não</p><p>tenham vontade de comer o que for</p><p>diferente. Neste aspecto, vale considerar</p><p>que a escola é um ambiente de construção</p><p>de novas aprendizagens e não faz sentido</p><p>excluir as crianças da vivência com as</p><p>diferenças, inclusive na alimentação.</p><p>Devemos apostar na capacidade de</p><p>compreensão das crianças no que diz</p><p>respeito às diferenças e necessidades</p><p>individuais e trazer para a convivência</p><p>diária em todos os momentos da rotina</p><p>todos os alunos, inclusive os que possuem</p><p>patologias como disfagia, diabetes, alergia</p><p>a corantes etc. e que se alimentam com</p><p>cardápio diferente e de forma diferente,</p><p>como por exemplo, com o uso de sonda.</p><p>Algumas orientações contribuem para</p><p>tornar o momento da alimentação um</p><p>momento importante de nutrição, de</p><p>criação e manutenção de bons hábitos</p><p>alimentares, de aquisição de procedimentos</p><p>adequados para se servir e se organizar no</p><p>refeitório:</p><p>● O momento da alimentação também é</p><p>um momento educativo, no qual a presença</p><p>e a atitude intencional dos adultos</p><p>envolvidos na ação é de suma importância.</p><p>Faz parte do papel do professor, em parceria</p><p>com o auxiliar de educação e com as</p><p>cozinheiras, incentivar as crianças a se</p><p>alimentarem bem responsabilizando-se</p><p>pela sua alimentação. Para as crianças que</p><p>já conquistaram certa autonomia, pode-se</p><p>auxiliá-las nos procedimentos e ao mesmo</p><p>tempo ensiná-las a se servir pegando certa</p><p>quantidade de comida no prato, a segurar a</p><p>colher, a mastigar de boca fechada, a</p><p>experimentar diferentes tipos de alimento, a</p><p>não pegar muita comida quando não se tem</p><p>tanta fome e a organizar os utensílios e</p><p>dispensá-los de forma correta após o uso.</p><p>● Para os alunos que ficam em período</p><p>integral na escola, são oferecidas cinco</p><p>refeições diárias – no caso da creche - que</p><p>devem ser supervisionadas pelos</p><p>educadores evitando o exagero que pode</p><p>causar sono durante as atividades, o refluxo</p><p>depois da alimentação ou a obesidade,</p><p>cuidando-se também para que a criança não</p><p>fique sem comer por longo períodos.</p><p>● A partir de intervenções e aos poucos,</p><p>as crianças vão aprendendo a comer a</p><p>quantidade de alimento relativa à sua fome.</p><p>A criança que comeu bastante no café da</p><p>manhã, poderá não ter tanta fome da hora</p><p>do almoço e isto deve ser respeitado,</p><p>mesmo porque ela terá outros horários de</p><p>alimentação.</p><p>● Os mesmos cuidados de incentivo,</p><p>controle das quantidades e autonomia para</p><p>escolher, servir-se e organizar o ambiente</p><p>também são necessários às crianças que</p><p>ficam na escola em período parcial e têm</p><p>menos momentos de alimentação. A</p><p>mediação do professor é imprescindível.</p><p>● Outro cuidado importante na hora da</p><p>alimentação é a antecipação deste</p><p>momento. Conversar sobre o cardápio antes</p><p>de ir ao refeitório ajuda a criança a se</p><p>preparar para o que vai comer e a conhecer</p><p>e nomear os alimentos, além de diminuir a</p><p>ansiedade do momento. É importante que</p><p>conheçam o alimento que estão comendo e</p><p>para isso as propostas de culinária e de</p><p>apresentação dos alimentos na roda de</p><p>conversa pode ajudar nessas aprendizagens,</p><p>Conhecimentos Específicos</p><p>18</p><p>principalmente no caso de crianças que</p><p>comem pouco ou rejeitam a comida da</p><p>escola.</p><p>● O</p>