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<p>28ISSN 1517-3135</p><p>Dezembro, 2003</p><p>Acacia mangium</p><p>Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária</p><p>Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento</p><p>Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental</p><p>ISSN 1517-3135</p><p>dezembro, 2003</p><p>Documentos 28</p><p>Luiz Marcelo Brum Rossi</p><p>Celso Paulo de Azevedo</p><p>Cintia Rodrigues de Souza</p><p>Manaus, AM</p><p>2003</p><p>Acacia mangium</p><p>Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:</p><p>Embrapa Amazônia Ocidental</p><p>Rodovia AM-010, km 29, Estrada Manaus/Itacoatiara</p><p>Caixa Postal 319</p><p>Fone: (92) 3303-7800</p><p>Fax: (92) 3303-7820</p><p>www.cpaa.embrapa.br</p><p>Comitê de Publicações da Unidade</p><p>Presidente: José Jackson Bacelar Nunes Xavier</p><p>Membros: Adauto Maurício Tavares</p><p>Cíntia Rodrigues de Souza</p><p>Edsandra Campos Chagas</p><p>Gleise Maria Teles de Oliveira</p><p>Maria Augusta Abtibol Brito</p><p>Maria Perpétua Beleza Pereira</p><p>Paula Cristina da Silva Ângelo</p><p>Sebastião Eudes Lopes da Silva</p><p>Wenceslau Geraldes Teixeira</p><p>Revisor de texto: Maria Perpétua Beleza Pereira</p><p>Normalização bibliográfica: Maria Augusta Abtibol Brito</p><p>Diagramação: Doralice Campos Castro</p><p>Arte: Doralice Campos Castro</p><p>1ª edição</p><p>1ª impressão (2003): 300</p><p>Todos os direitos reservados.</p><p>A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,</p><p>constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).</p><p>Cip-Brasil. Catalogação-na-publicação.</p><p>Embrapa Amazônia Ocidental.</p><p>© Embrapa 2003</p><p>Rossi, Luiz Marcelo Brum</p><p>Acacia mangium / Luiz Marcelo Brum Rossi, Celso Paulo e Azevedo, Cintia</p><p>Rodrigues de Souza. - Manaus : Embrapa Amazônia Ocidental, 2003.29 p.: il.</p><p>color. - (Embrapa Amazônia Ocidental. Documentos; 28)</p><p>ISSN 1517-3135</p><p>1. Acacia mangium. 2. Silvicultura. 3. Doença de planta. 4. Praga de</p><p>Planta. I. Azevedo, Celso Paulo de. II. Souza, Cintia Rodrigues de. III. Título. IV.</p><p>Série.</p><p>CDD 634.973 748</p><p>Autores</p><p>Luiz Marcelo Brum Rossi</p><p>Eng.º Florestal, MSc., Embrapa Amazônia Ocidental</p><p>Rodovia AM 010, km 29, CP 319, 69010-970,</p><p>Manaus-AM, e-mail: mrossi@cpaa.embrapa.br</p><p>Celso Paulo de Azevedo</p><p>Eng.º Florestal, MSc.,Embrapa Amazônia Ocidental,</p><p>Rodovia AM 010, km 29, CP 319, 69010-970,</p><p>Manaus-AM, e-mail: celso@cpaa.embrapa.br</p><p>Cintia Rodrigues de Souza</p><p>Eng.º Florestal, MSc., Embrapa Amazônia Ocidental</p><p>Rodovia AM 010, km 29, CP 319, 69010-970,</p><p>Apresentação</p><p>O pólo oleiro dos Municípios de Iranduba e Manacapuru é o maior consumidor</p><p>de lenha no Estado do Amazonas, abastecendo com telhas e tijolos todo o</p><p>mercado de Manaus. Dos diversos ramos de indústrias do setor primário</p><p>insaladas em Iranduba, a atividade oleira desempenha papel de destaque na</p><p>conomia local.</p><p>Nessa região, ainda hoje, o recurso florestal utilizado como lenha provém do</p><p>extrativismo desordenado das florestas primárias ou secundárias, onde não é</p><p>aplicada nenhuma técnica de manejo, o que faz com que a floresta primária</p><p>comercialmente aproveitável se torne cada vez mais inacessível.</p><p>2No ano de 2000, o Município de Iranduba (com área de 2.354 km ) já</p><p>apresentava um índice de desmatamento de 13,39% de seu território,</p><p>considerado alto, se comparado ao índice de desmatamento do Estado do</p><p>Amazonas, que é de cerca de 2%. Este cenário relacionado às atividades</p><p>econômicas desenvolvidas no Município, principalmente àquelas que utilizam,</p><p>em sua cadeia produtiva, insumos básicos extraídos da floresta.</p><p>No Estado do Amazonas existem poucas iniciativas empresariais com plantios</p><p>florestais ordenados, apesar da exigência do Código Florestal para reposição dos</p><p>volumes de madeira explorados. Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa na</p><p>região de Iranduba indicam que é possível produzir lenha de forma sustentável a</p><p>partir de plantios homogêneos, diminuindo a pressão sobre as florestas nativas.</p><p>Resultados experimentais com um ano de idade mostraram que a espécie Acacia</p><p>mangium apresenta o melhor desempenho no crescimento em altura e diâmetro.</p><p>Setor oleiro de Iranduba consome em média 3,3 estéreos de lenha por milheiro</p><p>de tijolo produzido. Este consumo se reduz para 0,8 estéreos de lenha quando</p><p>se utiliza A. Mangium.</p><p>A Embrapa espera, como produto final da pesquisa, recomendar um sistema de</p><p>produção florestal com fins energéticos e, assim, atender a demanda por lenha,</p><p>de forma contínua e sustentável. O uso desta tecnologia resultará em impacto</p><p>positivo para a economia da região, com a conseqüente redução das taxas de</p><p>desmatamentos nos municípios.</p><p>Aparecida das Graças Claret de Souza</p><p>Chefe-Geral</p><p>Sumário</p><p>Acácia mangium .............................................................9</p><p>Taxonomia e nomenclatura............................................... 9</p><p>O Gênero Acácia............................................................. 9</p><p>Distribuição Geográfica e Requerimentos Edafoclimáticos......9</p><p>Plantios no Mundo.........................................................10</p><p>Simbiose......................................................................11</p><p>Usos............................................................................1</p><p>1</p><p>Hibridação....................................................................13</p><p>Procedências................................................................13</p><p>Reprodução Sexuada.....................................................15</p><p>Germinação..................................................................15</p><p>Produção de mudas........................................................16</p><p>Produção Assexuada......................................................16</p><p>Manutenção e Cuidados Posteriores..................................17</p><p>Preparo do Solo e Plantio.................................................18</p><p>Espaçamento................................................................19</p><p>Adubação....................................................................2 0</p><p>Controle de Pragas e Doenças..........................................21</p><p>Controle de Plantas Invasoras..........................................22</p><p>Silvicultura e Manejo......................................................23</p><p>Crescimento.................................................................23</p><p>Podas..........................................................................25</p><p>Desbastes....................................................................26</p><p>Manejo de brotações......................................................26</p><p>Bibliografia...................................................................26</p><p>Taxonomia e Nomenclatura</p><p>Família: Mimosaceae.</p><p>Sinônimo: Racosperma mangium (Willd.) Pedley.</p><p>Nomes comuns: acácia, acácia mangium (Brasil), brown salwood, black wattle,</p><p>hickory wattle (Inglaterra e Austrália), tongke hutan (Indonésia), mangge hutan,</p><p>nak (Ilhas Molucas), mangium, krathin-thepha (Malásia).</p><p>O Gênero Acacia</p><p>O gênero Acacia possui mais de 1.300 espécies largamente distribuídas nas</p><p>regiões tropicais e subtropicais do globo. A maior parte das espécies é</p><p>encontrada no hemisfério sul e o principal centro de diversidade é a Austrália. A</p><p>maioria das espécies produtoras de madeira é encontrada na Papua Nova Guiné</p><p>(Lemmens et al., 1995). Grande parte das espécies pertencentes a este gênero</p><p>são arbustos ou pequenas árvores de savanas secas e de regiões áridas da</p><p>Austrália, África, Índia e das Américas, mas há um grupo de espécies natural da</p><p>região tropical úmida, que são adaptadas ao clima quente e úmido, característico</p><p>desses locais. Crescem rapidamente, produzindo madeira densa, que pode ser</p><p>utilizada de diversas maneiras. Devido à sua competitividade inata, as acácias</p><p>tropicais são fáceis de serem cultivadas. Em seu ambiente natural ocorrem em</p><p>agrupamentos puros e densos, sugerindo que podem ser plantadas em</p><p>monoculturas sem problemas sérios de pragas e doenças (National Research</p><p>Council, 1983).</p><p>Distribuição Geográfica e Requerimentos</p><p>Edafoclimáticos</p><p>A Acacia mangium é uma espécie natural da região noroeste da Austrália</p><p>(Queensland), Papua Nova Guiné e leste da Indonésia (Ilhas Molucas, Sula e Aru)</p><p>(Lemmens et al., 1995). Inicialmente a espécie foi descrita como Mangium</p><p>montanum Rumph e também como Acacia glauscenses sensu Kanehira e</p><p>Hatusima (CATIE, 1992). Atualmente distribui-se entre as latitudes 19º Sul e</p><p>Acacia mangium</p><p>Luiz Marcelo Brum Rossi</p><p>Celso Paulo de Azevedo</p><p>Cintia Rodrigues de Souza</p><p>Em seu habitat natural, alcança de 25 a 30 m de altura (em condições adversas não</p><p>chega a 10 m) e 90 cm de diâmetro à altura do peito (DAP). Geralmente apresenta</p><p>fuste reto, com ramificações que começam acima da metade da altura total deste.</p><p>Quando livres de competição, a forma da copa é globular, porém, em plantações</p><p>onde o espaçamento é menor, apresenta-se cônica (National Research Council,</p><p>1983; Yared et al., 1990).</p><p>É uma espécie pioneira e heliófita, que aparece de forma dispersa nas margens</p><p>de áreas de cultivos agrícolas (como cana-de-açúcar) ou nas margens de</p><p>florestas naturais. É considerada uma espécie muito plástica, que cresce tanto</p><p>em locais secos quanto úmidos (entretanto, seu desempenho é superior em</p><p>regiões úmidas), com precipitações médias anuais que variam de 1.000 até</p><p>4.500 mm e temperaturas entre 12ºC e 34ºC. Na Austrália, a espécie ocorre</p><p>descontinuamente ao longo do litoral ocidental de Queensland, onde a maioria</p><p>das árvores é encontrada em altitudes inferiores a 100 m. Entretanto, algumas</p><p>populações ocorrem em altitudes que vão de 450 até 720 m (National Research</p><p>Council, 1983).</p><p>A A. mangium cresce bem em solos compactados, erodidos e degradados, em</p><p>declividades acentuadas e em locais infestados com ervas daninhas (National</p><p>Research Council, 1983; CATIE, 1992). Tolera solos com pH de até 3,5 e se</p><p>desenvolve bem na presença de altos teores de óxidos de ferro e alumínio. É</p><p>intolerante a condições salinas, sombreamento e baixas temperaturas. Por</p><p>causa de sua folhagem densa e raízes superficiais, a espécie é suscetível ao</p><p>vento (Mackey, 1996).</p><p>Com base nas condições de sua distribuição natural e nos resultados de</p><p>diversos experimentos conduzidos em diferentes regiões do mundo, conclui-se</p><p>que a acácia deve ser plantada preferencialmente em locais úmidos, onde a</p><p>precipitação seja normalmente superior a 2.000 mm por ano e com</p><p>temperaturas estáveis (CATIE, 1992). Sabe-se que o prolongamento de</p><p>períodos secos faz com que o crescimento das árvores pare ou diminua de</p><p>forma extrema. Portanto, a espécie adapta-se bem às condições ambientais da</p><p>Amazônia.</p><p>Uma particularidade sobre a espécie é que ela apresenta folhas compostas</p><p>somente durante algumas semanas após a germinação, que são depois</p><p>substituídas por folhas simples e de borda inteira, denominadas filóides, com</p><p>cerca de 25 cm de comprimento e 10 cm de largura. Isso confere à A.</p><p>mangium um aspecto completamente diferente de outras espécies, incluindo</p><p>outras do gênero Acacia (National Research Council, 1983).</p><p>Plantios no Mundo</p><p>O gênero Acacia tem considerável importância nos reflorestamentos com fins</p><p>industriais nas regiões tropicais. A área plantada com espécies desse gênero no</p><p>10</p><p>Acacia mangium</p><p>anos, a A. mangium tem sido plantada amplamente com propósitos comerciais</p><p>em diversos países tropicais, como Bangladesh, Sri Lanka, China, Tailândia,</p><p>Malásia, Nepal, Filipinas, Camarões, Costa Rica e Indonésia. Pelos resultados</p><p>positivos obtidos nos programas de plantio nessas regiões, acredita-se que a</p><p>espécie tenha potencial para difundir-se amplamente na região tropical (National</p><p>Research Council, 1983).</p><p>No Estado de Roraima, a acácia vem sendo plantada com sucesso em pequenas</p><p>e grandes propriedades rurais, tanto nas regiões de floresta como cerrado. Até o</p><p>ano de 2002 já haviam sido plantados aproximadamente 10.000 ha da espécie</p><p>(Embrapa Roraima, 2002). Em outras regiões do Brasil, existem cerca de 2.700</p><p>hectares plantados, somente para fabricação de celulose (BRACELPA, 2002).</p><p>O sucesso da A. mangium em plantios comerciais é devido ao seu crescimento</p><p>vigoroso, tolerância a solos ácidos e pobres, habilidade para se desenvolver bem</p><p>em condições onde a competição é severa, relativa tolerância a doenças e boas</p><p>propriedades da madeira para utilização em diversos fins (National Research</p><p>Council, 1983).</p><p>Simbiose</p><p>Uma grande vantagem silvicultural da A. mangium é sua associação micorrízica</p><p>com microrganismos do solo. Como grande número de leguminosas, essa</p><p>espécie também apresenta simbiose com bactérias pertencentes ao gênero</p><p>Rhizobium, que fixam o nitrogênio, por meio da conversão de nitrogênio</p><p>molecular (N ) em amônia, aumentando a disponibilidade desse nutriente para a 2</p><p>planta. Essa simbiose é importante no aumento da absorção dos nutrientes de</p><p>pouca mobilidade no solo, como fósforo, zinco, cobre e amônio, mas também de</p><p>nutrientes móveis como potássio, sulfato e nitrato (Reddell e Warren, 1986). Por</p><p>isso a espécie é bastante utilizada na recuperação de áreas degradadas. Outra</p><p>relação simbiótica é com o fungo Thelephora ramariodes, relatada em Sabah</p><p>(Malásia). Esse tipo de fungo beneficia a planta, ajudando-a a absorver micro e</p><p>macronutrientes, especialmente o fósforo. Isso permite que as árvores</p><p>apresentem maior crescimento em solos deficientes em nutrientes (National</p><p>Research Council, 1983).</p><p>Usos</p><p>A qualidade da madeira produzida em plantios da espécie é adequada à produção</p><p>de papel, carvão e móveis (National Research Council, 1983; Lemmens et al.,</p><p>31995). A densidade da madeira de A. mangium varia entre 420 e 600 kg/m e o</p><p>peso específico é de 0,65 (MacDicken & Brewbaker, 1984, citados por Mackey,</p><p>1996). Devido à facilidade de manuseio, é também muito utilizada na fabricação</p><p>de painéis de madeira, construções em geral e utensílios para agricultura.</p><p>Segundo Keong (1983) e Nas (1983), citados por Silva et al. (1996), a madeira</p><p>pode ser serrada, polida e plainada facilmente, aceitando pregos sem apresentar</p><p>11</p><p>Acacia mangium</p><p>A celulose obtida da madeira de A. mangium é semelhante àquela produzida a</p><p>partir das espécies de eucalipto, com cerca de 20% de lignina. O comprimento</p><p>da fibra da madeira é de 1,0 a 1,2 mm. Com o processo sulfato, os cavacos</p><p>requerem quantidades moderadas de álcalis para produzir polpa de excelentes</p><p>propriedades papeleiras, com rendimento de 50%. Com o processo</p><p>semiquímico com sulfito, a produção de polpa é ainda maior, alcançando</p><p>rendimentos de 61% a 75%. A celulose é facilmente branqueável, podendo ser</p><p>usada para a fabricação de papéis finos, servindo também para embalagens e</p><p>papéis de embrulho. Devido à sua densidade e produção, a celulose obtida da</p><p>A. mangium pode obter maiores preços do que outras espécies de rápido</p><p>crescimento, como Gmelina arborea, Albizia falcataria e Eucalyptus deglupta.</p><p>Em testes realizados na Austrália, polpas branqueadas e não branqueadas</p><p>foram produzidas satisfatoriamente com madeira proveniente de uma plantação</p><p>de nove anos de idade em Sabah (National Research Council, 1983).</p><p>O maior potencial da A. mangium é na produção de energia. Segundo Mackey</p><p>(1996), a espécie é muito utilizada para esse fim. O autor relata valores de</p><p>poder calorífico que variam de 20.000 a 20.500 kJ/kg, o que equivale a 4.800-</p><p>4.900 kcal/kg. Esses valores tornam a acácia adequada para a produção de</p><p>energia, sendo quatro vezes mais eficiente que o uso de madeira de espécies</p><p>nativas, como é tradicionalmente empregado em olarias e fornos no Amazonas</p><p>(Azevedo et al., 2002).</p><p>Segundo a National Academy of Science (1980), as espécies com potencial</p><p>para produção de biomassa para fins energéticos devem possuir as seguintes</p><p>características: habilidade para fixação de nitrogênio, rápido crescimento,</p><p>habilidade para poda, produção de madeira de alto valor calorífico (que não</p><p>solte fagulhas nem produtos tóxicos) e capacidade de adaptação a diferentes</p><p>ambientes, incluindo diferentes altitudes, tipos de solo, regimes pluviométricos</p><p>e quantidade de iluminação solar.</p><p>A A. mangium foi indicada por Dubois (1996), citado por Vale et al. (2000),</p><p>para plantio em sistemas agroflorestais na Amazônia e posterior produção de</p><p>energia. Estudo realizado em Botucatu (SP), que comparou a produção de</p><p>energia da madeira de A. mangium com a de Eucalyptus grandis,</p><p>concluiu que</p><p>essas espécies apresentam valores de poder calorífico muito próximos - 4.619</p><p>kcal/kg para a acácia e 4.641 kcal/kg para o eucalipto. A diferença entre as</p><p>duas espécies reside na massa seca, cuja média foi, para a acácia, de 19,76</p><p>kg/árvore, e, para o eucalipto, de 47,83 kg/árvore, resultando, assim, em uma</p><p>quantidade de energia disponibilizada, na forma de calor, de 91.285,62</p><p>kcal/árvore de acácia e de 222.085,31 kcal/árvore de eucalipto (Vale et al.,</p><p>2000).</p><p>Em experimento conduzido no Campo Experimental do Caldeirão, da Embrapa</p><p>Amazônia Ocidental, no Município de Iranduba (AM), com sete espécies</p><p>florestais potenciais para produção de lenha (Acacia mangium, Acacia</p><p>auriculiformis, Gmelina arborea, Inga edulis, Tachigali chrysophyllum, Ormosia</p><p>12</p><p>Acacia mangium</p><p>paraensis e Piranhea trifoliata), foram avaliados a biomassa verde, o fator de</p><p>empilhamento, a densidade básica e o teor de umidade das espécies. A A.</p><p>mangium apresentou valores satisfatórios para essas características, como pode</p><p>ser observado na Tabela 1 (Atayde, 2002).</p><p>De acordo com Atayde (2002), a A. mangium destacou-se, juntamente com a A.</p><p>auriculiformis, com características que demonstram potencial para produção de</p><p>lenha, por apresentar rápido crescimento, alto incremento médio anual e alta</p><p>produção de biomassa (características desejáveis quando se quer produção de</p><p>madeira no menor espaço de tempo possível).</p><p>Outros usos incluem produção de adesivos, como forrageira e árvore ornamental.</p><p>A A. mangium é utilizada para recuperação de áreas degradadas, por melhorar a</p><p>fertilidade do solo, devido à fixação de nitrogênio em associação com bactérias</p><p>do gênero Rhizobium. Também é indicada como espécie melífera, pois apresenta</p><p>produção de néctar e de pólen abundante e de boa qualidade (Mackey, 1996).</p><p>Hibridação</p><p>A A. mangium possui 2n= 26 cromossomos. O híbrido A. mangium x A.</p><p>auriculiformis apresenta potencial para tornar-se importante fonte de material</p><p>para plantações florestais, por aliar o tronco retilíneo da A. mangium à habilidade</p><p>de se autodesbastar da A. auriculiformis. O híbrido parece ser mais resistente à</p><p>podridão do caule do que a A. mangium, mas tende a ser mais arbustivo</p><p>(Association of Societies for Growing Australian Plants, 1998). Segundo Logan</p><p>(1986), o híbrido também produz celulose com melhores características.</p><p>Procedências</p><p>Os resultados de experimentos conduzidos em diversos países tropicais</p><p>demonstram o potencial da espécie para programas de reflorestamento em</p><p>escala industrial. A Commonwealth Scientific and Industrial Research</p><p>Espécie Biomassa</p><p>(kg/ha)</p><p>Fator de</p><p>empilhamento</p><p>Densidade</p><p>básica</p><p>(g/cm3)</p><p>Umidade</p><p>(%)</p><p>Acacia mangium 104.813,00 0,58 0,61 (média) 46,24</p><p>A. auriculiformis 67.528,42 0,52 0,66 (média) 41,93</p><p>Inga edulis 13.099,65 0,25 0,49 (baixa) 52,45</p><p>Gmelina arborea 71.853,59 0,59 0,44 (baixa) 54,65</p><p>Piranhea trifoliata 29.279,17 0,42 0,69 (média) 42,62</p><p>Tachigalia sp. 29.081,04 0,55 0,50 (baixa) 53,86</p><p>Ormosia sp. 11.109,01 0,55 0,51 (média) 50,52</p><p>Tabela 1. Médias da biomassa verde, fator de empilhamento, densidade básica e teor de</p><p>13</p><p>Acacia mangium</p><p>(CSIRO), da Austrália, dirige um programa de seleção das melhores fontes de</p><p>germoplasma, para estabelecer plantações em escala comercial (CATIE, 1992).</p><p>Vários testes de procedência têm sido executados com a A. mangium nas</p><p>regiões tropicais, e a maioria deles tem mostrado um comportamento</p><p>excepcional em crescimento, como os testes conduzidos na Tailândia, Sabah</p><p>(Malásia), Sri Lanka, Vietnam e China (Turnbull, 1991).</p><p>Silva et al. (1996) avaliaram o comportamento silvicultural (DAP, altura,</p><p>sobrevivência e volume) de procedências de A. mangium da Austrália,</p><p>Indonésia e Papua Nova Guiné, em ensaios instalados no Vale do Rio Doce, em</p><p>Minas Gerais, visando à seleção de procedências aptas para reflorestamento.</p><p>Foi recomendado para a região o plantio das procedências (cujas numerações</p><p>são oriundas da CSIRO e amplamente utilizadas em todo o mundo) 13.460</p><p>(Oriomo River Papua Nova Guiné), 13.241 (Broken Pole Creek Queensland,</p><p>Austrália), 13.229 (Claudie River Queensland), 13.242 (Abergonrie SF</p><p>Queensland) e 13.230 (Mission Beach Queensland), por terem apresentado os</p><p>melhores resultados para as características avaliadas.</p><p>Ferreira et al. (1990), estudando o comportamento de diferentes procedências</p><p>de A. mangium em Belterra (PA), concluíram que há amplas possibilidades de</p><p>melhoramento da espécie, visando ganhos nas características de crescimento e</p><p>sobrevivência.</p><p>Yared et al. (1990) testaram oito procedências de A. mangium, também em</p><p>Belterra (PA), e encontraram diferenças significativas entre elas, a 1% de</p><p>probabilidade, para altura, sobrevivência e volume de madeira. No primeiro ano</p><p>as procedências apresentaram altos índices de sobrevivência, com a maioria</p><p>atingindo valores superiores a 90%. Entretanto, a partir de 18 meses de idade,</p><p>algumas procedências iniciaram um declínio. Aos 30 meses, algumas</p><p>alcançaram taxa de mortalidade de 100% (12.990 Jullaten e 12.992 Rex</p><p>Ranger NR Mossman, ambas de Queensland, Austrália). As procedências mais</p><p>promissoras foram as seguintes: 13.240 (Ellerbeck RD, Cardwell), 13.239</p><p>(Syndicate RD, Tully), 13.242 (Abergowrie SF), 13.238 (Tully Mission Bch Rd)</p><p>e 13.241 (Broken Pole Creek), todas de Queensland, Austrália; e 13.460</p><p>(Oriomo River), de Papua Nova Guiné, com incrementos médios anuais em</p><p>3volume entre 31 e 33 m /ha/ano.</p><p>Em diversos ensaios na China e na Costa do Marfim, as procedências de</p><p>Claudie River de Queensland (Austrália) e Morehead e Oriomo River, de Papua</p><p>Nova Guiné, são relatadas como sendo as melhores (Skelton, 1987; Selamat,</p><p>1991, citados por CATIE, 1992). Chittachumnonk e Sirilak (1991) relatam o</p><p>bom desempenho da procedência 13.846 (Mossman, Queensland, Austrália) na</p><p>Tailândia. Essa mesma procedência se destacou em testes realizados por</p><p>Weerawardane e Vivekanandan (1991) no Sri Lanka e por Kha e Nghia (1991)</p><p>no Vietnam, onde também apresentaram bom crescimento e sobrevivência as</p><p>procedências 13.279 (Daintree, Queensland, Austrália), 16.589 (Pongaki N.</p><p>14</p><p>Acacia mangium</p><p>Morehead), 16.586 (Bimadebun Village), 16.599 (Pongaki E. Morehead) e</p><p>16.605 (Derideri), todas de Papua Nova Guiné.</p><p>Em estudo realizado pela CATIE na América Central, os melhores rendimentos</p><p>em volume de A. mangium foram registrados em Santa Teresa (El Salvador),</p><p>3onde se alcançou um incremento de 27 m /ha/ano, e em Santa Clara (Costa</p><p>3Rica), com um incremento de 22 m /ha/ano. Os sítios que apresentaram as mais</p><p>baixas taxas de crescimento foram os de Los Uveros (Panamá), com</p><p>incrementos médios anuais em altura inferiores a 1,0 m, em virtude da baixa</p><p>profundidade e da textura dos solos (CATIE, 1992).</p><p>Khasa et al. (1994) sugerem que as diversidades genéticas entre e dentro de</p><p>populações de acácia devem ser consideradas nas estratégias de conservação ex</p><p>situ da espécie e nos programas de plantações comerciais.</p><p>Reprodução Sexuada</p><p>A A. mangium inicia a fase reprodutiva aproximadamente aos 2,5 anos de idade</p><p>(Lima e Garcia, 1996). As flores são inflorescências em forma de espiga,</p><p>pequenas, brancas ou de cor creme (CATIE, 1992). A época de florescimento</p><p>difere nas regiões de ocorrência natural e não natural. Na Austrália, o</p><p>florescimento ocorre entre fevereiro e maio, e a maturação das sementes, de</p><p>outubro a dezembro (Joker, 2000); no Brasil, eles ocorrem ao longo de todo o</p><p>ano.</p><p>A frutificação ocorre entre cinco e sete meses após a floração. Os frutos são</p><p>vagens estreitas de 10 cm de comprimento, retorcidas. As vagens sofrem</p><p>deiscência quando atingem o ponto de maturação (Lima e Garcia, 1996).</p><p>A maturação dos frutos é irregular ao longo do</p><p>tempo, sendo que a coleta deve ser feita quando as</p><p>vagens adquirirem uma coloração escura; uma vez</p><p>colhidos, são expostos ao sol para acelerar sua</p><p>abertura e a extração das sementes. Uma árvore</p><p>madura produz em média 0,4 kg de sementes; em</p><p>cada quilo tem-se de 80 mil a 110 mil sementes. A</p><p>semente madura,</p><p>com 3 a 5 mm de comprimento e</p><p>2 a 3 mm de largura, é de cor negra e brilhante;</p><p>quando colhida, é possível distinguir-se entre negro,</p><p>café e diferentes tonalidades de verde. As sementes</p><p>de tonalidades café e negra desenvolvem-se melhor do que as demais (CATIE,</p><p>1992).</p><p>Germinação</p><p>As sementes de acácia apresentam dormência, por ser o tegumento</p><p>impermeável à água (Lima e Garcia, 1996), o que é considerado uma das causas</p><p>Fig. 1. Inflorescência de A.</p><p>Mangium.</p><p>15</p><p>Acacia mangium</p><p>Malvaceae, Chenopodiaceae, Convolvulaceae,</p><p>Liliaceae e Solanaceae. Sem tratamento pré-</p><p>germinativo, a germinação é lenta e irregular</p><p>(Lima e Garcia, 1996). É necessária a imersão</p><p>das sementes em água fervente por 30</p><p>segundos, numa proporção de cinco partes de</p><p>água para uma parte de volume de sementes.</p><p>Deve-se colocá-las em seguida em água a</p><p>temperatura ambiente por 24 horas. As</p><p>sementes começam a germinar em dois a três</p><p>dias após a semeadura e completam o processo em dez dias (Azevedo et al.,</p><p>1998).</p><p>As sementes apresentam taxa de germinação acima de 90%, enquanto as</p><p>armazenadas - secas (de 5% a 8% de umidade) e mantidas em câmara fria, à</p><p>temperatura de 4 a 10ºC - mostram valores entre 75% e 80%, após vários</p><p>anos (National Research Council, 1983; Joker, 2000).</p><p>Produção de Mudas</p><p>É possível produzir mudas de acácia fazendo a</p><p>semeadura em canteiros e cobrindo as sementes</p><p>com uma leve camada de areia. Quando o primeiro</p><p>par de folíolos emergir, as plântulas devem ser</p><p>transplantadas para sacos plásticos. A semeadura</p><p>direta nas embalagens também é possível e, neste</p><p>caso, recomendam-se duas a três sementes pré-</p><p>tratadas, deixando-se apenas uma plântula por</p><p>saco plástico, de preferência a mais vigorosa.</p><p>Aproximadamente três meses após o transplante,</p><p>as mudas podem ser levadas para o plantio</p><p>definitivo (Azevedo et al., 1998). Ao final desse</p><p>período, as plântulas terão entre 25 e 30 cm de altura.</p><p>O desenvolvimento é mais rápido quando são aplicados nutrientes ao</p><p>3substrato. Recomendam-se 100 g de N/m de solo de baixa fertilidade. As</p><p>plântulas respondem também à adubação fosfatada moderada, mas são</p><p>prejudicadas pela adubação potássica.</p><p>Propagação Assexuada</p><p>Diversos autores vêm pesquisando a factibilidade da propagação vegetativa do</p><p>gênero Acacia, porém essa técnica ainda não é adotada comercialmente. A</p><p>propagação assexuada por estaquia, dentre os métodos de propagação</p><p>vegetativa, é considerada a técnica de maior viabilidade econômica para o</p><p>Fig. 2. Frutos de A. Mangium.</p><p>16</p><p>Fig. 3. Sementes de A.</p><p>mangium.</p><p>Acacia mangium</p><p>tempo e a um custo menor, a multiplicação de genótipos selecionados, com a</p><p>vantagem de não apresentar incompatibilidade, como ocorre na enxertia.</p><p>O êxito no enraizamento de estaca depende de uma grande quantidade de</p><p>fatores, relacionados com a minimização do déficit hídrico nas estacas, a</p><p>otimização da fotossíntese durante o processo de propagação, assim como a</p><p>utilização de substratos para o enraizamento e estímulos hormonais que</p><p>favoreçam a iniciação e o desenvolvimento de raízes (Hartmann e Kester, 1983;</p><p>Leakley et al., 1990).</p><p>Com hormônios enraizadores, a propagação de estacas de plantas jovens pode</p><p>obter ótimo índice de sucesso; em alguns ensaios, a idade do material que</p><p>apresentou o maior poder de enraizamento foi 12 meses. É relatada uma taxa de</p><p>enraizamento de 76% quando utilizado o ácido-3-indolbutírico a 500 ppm</p><p>(Ahmad, 1991). Khasa et al. (1995), estudando 12 procedências da espécie,</p><p>também verificaram maiores diferenças no enraizamento entre as procedências</p><p>testadas quando estas foram tratadas com hormônios enraizadores.</p><p>Quisen (2001) avaliou, em uma fase inicial, a germinação da A. mangium e a</p><p>taxa de contaminação do material e, nos subcultivos seguintes, o efeito de</p><p>diferentes concentrações de benzilaminopurina (BAP) na indução de brotações.</p><p>Foram relatados valores para a taxa de germinação in vitro de 91%. A</p><p>contaminação foi de 1,6%, demonstrando ser viável o estabelecimento in vitro</p><p>da espécie. A partir da segunda semana da inoculação dos explantes, foi</p><p>possível observar emissão de novas brotações, com aspecto saudável, verdes e</p><p>com filóides jovens. A espécie necessita da suplementação de reguladores de</p><p>crescimento ao meio de cultura para a multiplicação, sendo que 0,5 mg/L de</p><p>BAP induz satisfatoriamente a formação de novos brotos.</p><p>Crawford e Hartney (1986) afirmam que a A. mangium é uma espécie</p><p>relativamente fácil de ser micropropagada, o que abre a possibilidade de</p><p>utilização de clones em um programa de melhoramento genético. Darus (1991)</p><p>demonstrou que a espécie foi facilmente propagada massivamente via estaquia,</p><p>quando submetida a condições ambientais controladas, retiradas de plantas</p><p>matrizes jovens e com a aplicação de concentração ótima de regulador de</p><p>crescimento. No entanto, Poupard et al. (1994) verificaram que essa habilidade</p><p>permanece, porém limitada em função da idade da planta fornecedora das</p><p>estacas.</p><p>Manutenção e Cuidados Posteriores</p><p>Durante a primeira semana após o transplante, é necessário manter um regime</p><p>de regas diárias, para garantir que o substrato nunca fique seco. Depois da</p><p>primeira semana, pode-se reduzir o regime de regas pela metade, mantendo o</p><p>substrato úmido, porém nunca saturado de água. Um mês antes de levar as</p><p>plantas ao campo, deve-se reduzir as regas para que elas possam suportar as</p><p>condições mais rústicas do campo.</p><p>17</p><p>Acacia mangium</p><p>Para uniformizar o tamanho das plantas e estimular o crescimento no viveiro,</p><p>recomenda-se a aplicação de 1 g por planta de NPK fórmula 10-30-10, quando</p><p>as plantas estiverem com aproximadamente 10 semanas de idade.</p><p>Vários parâmetros são utilizados</p><p>para avaliar a qualidade das</p><p>mudas. Normalmente são</p><p>consideradas as seguintes</p><p>características: altura média (entre</p><p>15 e 30 cm), diâmetro do coleto</p><p>(maior ou igual a 2 mm), sistema</p><p>radicular (desenvolvimento,</p><p>formação e agregação), grau de</p><p>rusticidade (geralmente baseado</p><p>na rigidez da parte aérea), número</p><p>de folhas (nunca inferior a três</p><p>pares), aspecto nutricional</p><p>(ausência de sintomas de</p><p>deficiências) e aspectos fitossanitários (ausência de pragas e doenças). Para a</p><p>expedição das mudas para o campo, o padrão desejado é: raiz pivotante sem</p><p>enovelamento (se ocorrer enovelamento, no caso de produção de mudas em</p><p>sacos plásticos, deve-se proceder ao corte de, aproximadamente, 1 cm do</p><p>fundo do recipiente); parte aérea sem tortuosidade; diâmetro do coleto acima</p><p>de 2 mm; uniformidade; rusticidade; localização no centro do recipiente; uma</p><p>muda por embalagem, que deve ser molhada, por ocasião da expedição (Paiva</p><p>e Gomes, 2000). No transporte a grandes distâncias, as plântulas devem ser</p><p>protegidas do vento, pois ele prejudica sensivelmente a capacidade de fixação</p><p>e crescimento inicial das plantas (CATIE, 1992).</p><p>Preparo do Solo e Plantio</p><p>Fatores como vegetação, topografia, clima e solo, além dos custos envolvidos,</p><p>equipamentos necessários, entre outros, influenciam as práticas de preparo do</p><p>solo (Mead e Miller, 1991). O plantio de A. mangium deve ser feito em áreas</p><p>alteradas pelas atividades de agricultura e pecuária ou em capoeiras de pouca</p><p>idade. Não é recomendada a derrubada da floresta nativa para a implantação de</p><p>plantios comerciais. Após a seleção da área, deve-se coletar amostras do solo</p><p>para análise, que irá orientar os tratos culturais que serão realizados na área.</p><p>O trabalho inicia-se com a limpeza da área, derrubando as árvores e arbustos</p><p>que porventura existam na capoeira, seguida de gradagem com a deposição do</p><p>material vegetal para que seja incorporado ao solo, tornando-se uma fonte de</p><p>nutrientes para as plantas. Desta maneira, a gradagem deve ser feita alguns</p><p>meses antes do plantio, para que haja a decomposição e a incorporação desse</p><p>material. Alguns dias antes do plantio deve ser feita mais uma gradagem, além</p><p>da calagem (correção do solo), caso o solo seja muito ácido, de acordo com os</p><p>Fig. 4. Mudas de A. mangium aos 3 meses de</p><p>idade.</p><p>18</p><p>Acacia</p><p>mangium</p><p>resultados da análise laboratorial. A necessidade de gradagens é menor no caso</p><p>de o uso anterior da área ter sido lavoura ou pastagem.</p><p>O próximo passo é a marcação e abertura das covas, de dimensões mínimas de</p><p>30 cm x 30 cm x 30 cm. No momento da abertura das covas deve-se separar a</p><p>camada superior de solo, que é mais fértil, da inferior. No plantio, a camada</p><p>superior do solo é disposta no fundo da cova, completando-se com o solo de</p><p>menor fertilidade.</p><p>O plantio deve ser feito no início da estação chuvosa (novembro ou dezembro),</p><p>logo que o solo esteja suficientemente umedecido. No momento do plantio,</p><p>deve-se descartar as mudas de menor tamanho, mal formadas ou com ataque de</p><p>pragas ou doenças. As plantas devem ser vigorosas e com tamanho uniforme,</p><p>para reduzir a diferença de crescimento em campo.</p><p>É importante que a embalagem plástica seja totalmente retirada, para evitar que</p><p>a raiz cresça de forma anormal, o que poderia causar graves prejuízos ao</p><p>desenvolvimento da planta. As raízes devem estar dispostas da maneira que se</p><p>encontravam no recipiente. O colo da planta deve permanecer no mesmo nível</p><p>do solo e a terra ao redor da muda deve ser pressionada em ambos os lados,</p><p>tomando-se o cuidado de não deixar a planta torta, ou de não permitir a</p><p>formação de bacias no terreno ao seu redor.</p><p>É aconselhável manter uma reserva de mudas em boas condições (cerca de 10%</p><p>a 15% do total), para um eventual replantio. De 3 ou 4 semanas após o plantio,</p><p>deve-se fazer uma vistoria na área para identificar o índice de pegamento das</p><p>plantas, e com falhas superiores a 5%, realiza-se o replantio das mudas. Este</p><p>deve ser feito ainda no mesmo período de chuvas (até março), para evitar</p><p>desuniformidade no desenvolvimento das mudas replantadas.</p><p>Espaçamento</p><p>O espaçamento de plantio depende dos propósitos da produção e da fertilidade</p><p>do solo. Estudo conduzido por Selamat (1991) na Malásia indicou que as árvores</p><p>plantadas em espaçamentos menores, como 2 m x 2 m ou 2,5 m x 2,5 m,</p><p>apresentam crescimento em altura significativamente superior àquelas plantadas</p><p>em espaçamentos mais amplos. Recomenda-se que o espaçamento inicial seja</p><p>menor para reduzir a tendência de ramificação da espécie.</p><p>Para a produção de lenha nas condições dos solos de baixa fertilidade da</p><p>Amazônia, recomenda-se espaçamento de 3 m x 2 m. Se o objetivo for a</p><p>produção de madeira para serraria, pode-se adotar este espaçamento inicial e</p><p>posteriormente (aos 2 anos) realizar desbaste para permitir o crescimento em</p><p>diâmetro das árvores.</p><p>19</p><p>Acacia mangium</p><p>Adubação</p><p>O sistema radicular da acácia é raso, mas vigoroso. A maior parte das raízes</p><p>está concentrada, aproximadamente, nos primeiros 28 cm de solo. Elas</p><p>ocupam o terreno rapidamente: observações feitas na Malásia, em um plantio</p><p>de sete meses de idade, encontraram raízes a mais de 3 metros de distância da</p><p>árvore (Mead e Miller, 1991).</p><p>Os objetivos da adubação inicial são</p><p>propiciar maior sobrevivência da plantação,</p><p>favorecer as árvores na competição com</p><p>as plantas invasoras, assim como atingir</p><p>maior uniformidade de crescimento, em</p><p>curto prazo.</p><p>A aplicação do fertilizante pode ser feita</p><p>em covas no momento do plantio, ou após</p><p>um mês aproximadamente, em cobertura.</p><p>Em geral, têm-se observado melhores resultados com a aplicação do</p><p>fertilizante na cova. É recomendada a aplicação de 150 g de superfosfato</p><p>simples na cova de plantio. Segundo Faria et al. (1996), a A. mangium</p><p>responde positivamente à aplicação de superfosfato simples em solos de baixa</p><p>fertilidade natural.</p><p>Em experimentos conduzidos na América Central, observou-se que os fatores</p><p>químicos do solo afetam o crescimento da acácia. O conteúdo de potássio,</p><p>cobre e zinco apresentam correlação positiva (r > 0,5), ou seja, à medida que</p><p>o conteúdo desses elementos no solo é maior, melhor será o crescimento das</p><p>árvores. O pH se correlaciona também positivamente, indicando que os</p><p>melhores crescimentos se dão em solos mais ácidos, até um certo limite. As</p><p>maiores taxas de crescimento se dão nos locais com menos meses secos</p><p>(CATIE, 1992).</p><p>Ensaios indicam que a espécie responde positivamente à fertilização e,</p><p>sobretudo, à adição de fósforo. Por isso sugere-se empregar fórmulas de NPK</p><p>ricas nesse nutriente, como 12-24-12 ou 10-30-10. Na adubação inicial, o</p><p>fósforo deve ser aplicado juntamente com o solo usado no reenchimento da</p><p>cova, ao contrário dos fertilizantes solúveis.</p><p>Dart e Almendras (1991), citados por CATIE (1992), relatam que, em ensaios</p><p>com A. mangium em solos ácidos, houve ampla resposta à aplicação de</p><p>fósforo e, mais raramente, de potássio. Quantidades de 30 a 60 kg de fósforo</p><p>por hectare propiciaram aumento de 64% na altura e de 665% na produção de</p><p>biomassa. A aplicação de fósforo estimula a nodulação, e com ela a fixação de</p><p>nitrogênio, que no conjunto resultam em maior crescimento da árvore.</p><p>Em ensaios desenvolvidos em casa de vegetação por Faria et al. (1996), a</p><p>aplicação de fósforo aumentou o crescimento e a nodulação da A. mangium.</p><p>Fig. 5. Povoamento de A. Mangium.</p><p>20</p><p>Acacia mangium</p><p>superiores a 1.200%, secomparados às condições nas quais não foi aplicado</p><p>fósforo; os maiores incrementos foram obtidos com a aplicação de 30 e 60 mg</p><p>-1de P kg de solo. Entretanto, os pequenos incrementos de crescimento, obtidos</p><p>-1a partir da dose 60 mg de P kg de solo indicam a baixa exigência nutricional</p><p>dessa espécie. Há evidências de respostas diferenciadas da acácia ao fósforo,</p><p>existindo genótipos que exibem respostas negativas à aplicação de doses</p><p>elevadas desse nutriente.</p><p>O nitrogênio deve estar presente na fertilização inicial para o adequado</p><p>desenvolvimento inicial das plantas, porém, nas demais, não é necessário devido</p><p>à fixação biológica. No experimento anterior, a substituição do rizóbio por</p><p>-1adubação nitrogenada (175 mg de N kg , na forma de nitrato de amônia)</p><p>proporcionou aumentos médios de 123%, 125% e 181%, respectivamente,</p><p>para altura, diâmetro do colo e matéria seca da parte aérea, confirmando que,</p><p>suprida a deficiência de fósforo, a A. mangium responde à adição de N-mineral e</p><p>que a inoculação de rizóbio mostrou-se menos eficiente do que a adubação</p><p>nitrogenada em relação ao crescimento inicial das plantas (Faria et al., 1996).</p><p>Em um ensaio com 14 espécies de diferentes procedências (totalizando 37</p><p>tratamentos), conduzido em pastagens degradadas na Indonésia, com 30 meses</p><p>3de idade a A. mangium apresentou a maior taxa de crescimento (57 m /ha)</p><p>dentre todas as espécies estudadas. A adubação com NPK (180, 78 e 150</p><p>3kg/ha de N, P e K, respectivamente) aumentou a produtividade de 41 m /ha, em</p><p>3média, para 61 m /ha. Não houve resposta significativa no crescimento da</p><p>espécie para aplicações adicionais de fertilizantes contendo micronutrientes</p><p>(Turvey, 1996).</p><p>Estudo realizado no Havaí comparou o crescimento de 12 espécies do gênero</p><p>Acacia em duas condições distintas: (1) solos muito ácidos (alta taxa de</p><p>alumínio) e pobre em nutrientes e (2) solo com alta disponibilidade de nutrientes</p><p>e sem presença de acidez. Os resultados mostraram que a A. mangium cresceu</p><p>significantemente mais no ambiente rico em nutrientes, se comparada às outras</p><p>3espécies, atingindo 36,3 m /ha. Ela também foi a que apresentou o maior</p><p>3volume no solo ácido e pobre em nutrientes (14,0 m /ha) (Cole et al., 1996).</p><p>Controle de Pragas e Doenças</p><p>As plantações de Acacia nos trópicos úmidos geralmente não apresentam</p><p>problemas sérios de pragas ou doenças, ao contrário do eucalipto, que pode ser</p><p>atingido por doenças em diferentes ambientes. Entretanto, diversos locais do</p><p>sudeste da Ásia e do nordeste da Austrália têm a produtividade dos plantios de</p><p>acácia afetada por fungos patogênicos (National Research Council, 1983; Old et</p><p>al., 2000).</p><p>As pragas associadas à acácia provocam danos às plântulas, ramos e tronco.</p><p>Danos às raízes causam o murchamento da planta, que não ocasiona sua morte,</p><p>mas pode deformar o caule ou reduzir o crescimento da árvore (Hutacharern,</p><p>1993, citado por Mackey, 1996).</p><p>21</p><p>Acacia mangium</p><p>O principal grupo de insetos associados à acácia é o da ordem Coleóptera,</p><p>destacando-se a família Cerambycidae, cujo hábito de anelar os ramos e até</p><p>mesmo o fuste para realização de posturas causa muitos danos às árvores. A</p><p>espécie Oncideres saga, conhecida como serrador, é uma das que atacam</p><p>grande número de espécies florestais. Em experimento conduzido em</p><p>Seropédica (RJ), a A. mangium mostrou-se suscetível ao ataque de O. saga,</p><p>demonstrando a necessidade da tomada de medidas adequadas para evitar a</p><p>disseminação desse inseto em áreas plantadas com a espécie, tendo em vista</p><p>os danos consideráveis que o inseto pode causar (Pinto et al., s.d.).</p><p>Antes do plantio, deve-se insistir no combate a formigas cortadeiras (Atta sp.),</p><p>dado que esta é uma das principais razões da mortalidade das plantas durante</p><p>os primeiros meses após o plantio (CATIE, 1992), utilizando para isso iscas à</p><p>base de sulfluramida.</p><p>São relatados também problemas menores com perfuradores do tronco, como</p><p>os provocados pelas famílias Platypodiae e Scolytidae, afetando, sobretudo, a</p><p>qualidade da madeira em tora, mas não a sobrevivência das árvores.</p><p>Muitos agentes de enfermidades de acácia estão associados ou são causados</p><p>por fungos. Os sintomas mais comuns são apodrecimento, escoriações no</p><p>caule, murcha, manchas nos filóides e podridão das raízes (See, 1993, citado</p><p>por Mackey, 1996). Uma das mais importantes e danosas doenças que atacam</p><p>os filóides é um fungo que causa ferrugem, identificado como Atelocauda</p><p>digitata. O fungo ocorre no nordeste da Austrália em uma ampla gama de</p><p>espécies e foi encontrado infectando viveiros e plantios de A. mangium e A.</p><p>auriculiformis em Java, Sumatra e Kalimantan. Há considerável variação entre</p><p>procedências na suscetibilidade à doença, indicando potencial para seleção de</p><p>genótipos resistentes (Old et al., 2000).</p><p>No viveiro, são relatados problemas com fungos do gênero Oidium sp. Os</p><p>danos causados por esse fungo são severos e há casos relatados na Tailândia</p><p>de mortalidade das mudas superior a 75% (Old et al., 2000).</p><p>Controle de Plantas Invasoras</p><p>A A. mangium é uma espécie recomendada para a região tropical úmida, onde</p><p>as condições são favoráveis para o desenvolvimento das plantas invasoras.</p><p>Porém, devido ao rápido crescimento da espécie, as plantas invasoras</p><p>necessitam ser combatidas apenas no primeiro ano, com capinas ou utilização</p><p>de herbicidas. Uma aplicação de herbicida sistêmico antes da plantação</p><p>controla as plantas invasoras durante os primeiros seis a nove meses,</p><p>sobretudo as gramíneas mais agressivas (CATIE, 1992).</p><p>Turvey (1996) relata que, em experimento realizado na Indonésia, o controle</p><p>químico das plantas invasoras foi de extrema importância para o sucesso do</p><p>estabelecimento da A. mangium, praticamente dobrando a produção total de</p><p>22</p><p>Acacia mangium</p><p>3 3 madeira, de 26 m /ha, sem controle das invasoras, para 51 m /ha, com controle.</p><p>Silvicultura e Manejo</p><p>Crescimento</p><p>De acordo com Veiga et al. (1999), a literatura internacional reúne algumas</p><p>publicações sobre quantificação de biomassa de A. mangium, podendo-se citar,</p><p>dentre outras: Bernhard-Reversat et al. (1983), que encontraram boa correlação</p><p>entre DAP e peso de matéria seca, aos sete anos de idade, com biomassa total</p><p>acima do solo entre 120 e 130 t/ha, similar às de plantações de eucalipto no</p><p>mesmo tipo de solo; Schubert e Whitesell (1985) estudaram 28 espécies entre 2</p><p>e 5 anos de idade, constatando bom crescimento e a tendência em apresentar</p><p>troncos múltiplos; Lim e Mohd-Basri (1985) determinaram a biomassa acima do</p><p>solo de árvores com 3,5 anos de idade, relatando o valor médio de 54,4 t/ha;</p><p>Lim (1986), em ensaio de fertilização, encontrou para uma amostra de 11</p><p>árvores a média anual de 18,2 t/ha, e, analisando árvores de 4 anos de idade,</p><p>obteve o valor de 80,4 t/ha de biomassa total acima do solo; Tanouchi et al.</p><p>(1994) determinaram a biomassa aos 5 anos de idade, encontrando o valor de</p><p>147 t/ha. Todos esses autores foram citados por Veiga et al. (1999). No Brasil,</p><p>são poucos os estudos sobre o assunto.</p><p>Segundo a National Research Council (1983), em bons solos a A. mangium</p><p>3cresce rapidamente. Em Sabah (Malásia), alguns plantios produziram 415 m /ha</p><p>3de madeira aos nove anos, representando um incremento anual de 46 m /ha/ano.</p><p>Em solos pobres ou compactados, a produtividade é menor, mas os incrementos</p><p>3anuais ultrapassam 20 m /ha. Na Tanzânia, a espécie foi introduzida em 1985 e</p><p>seu desempenho foi excelente. Aos dois meses de idade a sobrevivência média</p><p>era de 64% e a altura média, 2,6 metros (Kessy, 1986).</p><p>Em estudo conduzido em Botucatu (SP), foram amostradas 152 árvores de A.</p><p>mangium em plantações com 94 meses de idade, com o objetivo de selecionar</p><p>modelos para determinações de biomassa de tronco, filóides e ramos. O modelo</p><p>selecionado para as estimativas de biomassa (w) do tronco com casca e dos i</p><p>ramos foi o de Meyer, modificado: wi = 0 + 1di + 2d2i + 3dihi + 4d2ihi + .</p><p>Para as estimativas de biomassa dos filóides e da copa, foi escolhido o modelo</p><p>de Schumacher-Hall: lnwi = 0 + 1lndi + 2lnhi + (Veiga et al., 1999).</p><p>Em experimento conduzido pela Embrapa Amazônia Ocidental, no município de</p><p>Iranduba (AM), com sete espécies florestais potenciais para produção de lenha</p><p>(Acacia mangium, Acacia auriculiformis, Gmelina arborea, Inga edulis, Tachigali</p><p>chrysophyllum, Ormosia paraensis e Piranhea trifoliata), a A. mangium</p><p>apresentou, aos seis e aos sete anos de idade, os melhores valores de DAP,</p><p>altura, altura dominante, área basal, volume e incrementos médios anuais (IMA),</p><p>23</p><p>Acacia mangium</p><p>Tabela 2. Médias do DAP, altura (h), sobrevivência (SOB), altura dominante (h ), área Dom</p><p>basal (G), volume (Vol) e incrementos médios anuais (IMA) para A. mangium aos seis e</p><p>sete anos de idade na região de Iranduba (AM).</p><p>Em outro experimento da Embrapa Amazônia</p><p>Ocidental, este conduzido em Manaus (AM),</p><p>a A. mangium destacou-se dentre outras 25</p><p>espécies plantadas, tanto nativas quanto</p><p>exóticas, obtendo os melhores valores de</p><p>produção de madeira. Os resultados, aos 2 e</p><p>4 anos, estão contidos na Tabela 3.</p><p>Tabela 3. Médias do DAP, altura (h), área basal (G), volume (Vol), incremento médio</p><p>anual em DAP (IMA DAP) e incremento médio anual em volume (IMA Vol) para A.</p><p>mangium plantada na região de Manaus (AM).</p><p>Idade</p><p>(anos)</p><p>DAP</p><p>(cm)</p><p>h</p><p>(m)</p><p>SOB</p><p>(%)</p><p>hDom</p><p>(m)</p><p>G</p><p>(m2/ha)</p><p>Vol</p><p>(m3/ha)</p><p>IMA DAP</p><p>(cm)</p><p>IMA h</p><p>(m)</p><p>IMA Vol</p><p>(m3)</p><p>6 23,9 14,1 67 22,5 23,55 152,11 3,88 2,29 24,59</p><p>7 25,0 13,1 65 15,4 25,18 155,18 3,57 1,87 22,17</p><p>Idade</p><p>(anos)</p><p>DAP</p><p>(cm)</p><p>H</p><p>(m)</p><p>G</p><p>(m2/ha)</p><p>Vol</p><p>(m3/ha)</p><p>IMA DAP</p><p>(cm)</p><p>IMA Vol</p><p>(m3/ha/ano)</p><p>2 8,7 10,4 9,6 70,10 4,3 35,05</p><p>4 9,5 14,0 25,5 181,26 2,4 45,31</p><p>Fig. 6. Plantio de A. mangium aos 7</p><p>A Tabela 4 mostra dados de crescimento em diferentes países onde a espécie</p><p>Local Idade (anos) IMA altura (m) IMA DAP (cm)</p><p>Malásia 3,0 4,1 4,9</p><p>Indonésia 3,75 4,1 4,1</p><p>Taiwan 4,0 2,2 2,4</p><p>Sabah (Malásia) 6,1 - 9,0 1,9 - 3,3 2,3 - 3,0</p><p>Bangladesh 2,0 4,0 7,5</p><p>Vietnam 2,0 1,9 2,6</p><p>Costa Rica 6,1 3,3 3,4</p><p>Panamá 3,0 1,9 2,1</p><p>Tabela 4. Crescimento de A. Mangium em diferentes países.</p><p>24</p><p>Acacia mangium</p><p>A possibilidade de estimar o volume de madeira por árvore permite predizer a</p><p>produção da população. Oliva (1990), citado por CATIE (1992), empregando</p><p>dados de 41 árvores (16 na Costa Rica e 25 no Panamá), desenvolveu modelos</p><p>para estimar o volume total com e sem casca e a biomassa lenhosa para</p><p>plantações de A. mangium na América Central. O modelo de melhor ajuste foi:</p><p>Ln (p) = a + b x Ln (DAP), onde:</p><p>Ln = logaritmo na base e;</p><p>3p = produção por árvore, em volume (m ) ou biomassa lenhosa (st).</p><p>Os modelos apresentados são válidos para árvores com DAP entre 7 e 11 cm; fora</p><p>desse intervalo, os modelos não são confiáveis. A Tabela 5 apresenta os valores de</p><p>Produto estimado n a b R2 (%)</p><p>Volume total com casca 16 -8,28158 2,25339</p><p>(0,07622)</p><p>98</p><p>Volume total sem casca 16 -8,52880 2,28918</p><p>(0,09704)</p><p>97</p><p>Peso seco biomassa</p><p>total 35 -1,58254 2,11714</p><p>(0,17973)</p><p>80</p><p>Peso seco biomassa lenha 35 -1,99713 2,13791</p><p>(0,18425)</p><p>80</p><p>Tabela 5. Equações para predição da produção por árvore de A. mangium na América</p><p>Podas</p><p>A A. mangium tem tendência a ramificar e a formar fustes múltiplos; não se sabe</p><p>o motivo, mas existe uma relação com a fertilidade do solo. Existem vários</p><p>estudos na América Central que relatam a existência de dois fustes por árvore,</p><p>em média, dependendo do espaçamento de plantio (quanto mais adensado,</p><p>menor o número de fustes).</p><p>A experiência na Malásia Peninsular, assim como na América Central, recomenda</p><p>realizar a primeira poda entre os 18 e 24 meses de idade, com especial atenção à</p><p>preparação do fuste, para produção de toras de alta qualidade. Deve-se eliminar</p><p>os fustes adicionais e os galhos presentes no primeiro terço da altura total da</p><p>árvore, especialmente nos locais com solos mais pobres, a fim de concentrar o</p><p>crescimento e a produção de madeira no melhor fuste (CATIE, 1992).</p><p>25</p><p>Acacia mangium</p><p>Desbastes</p><p>O desbaste consiste na remoção de parte das árvores, com o objetivo de</p><p>fomentar o crescimento das árvores de melhor qualidade (pela diminuição da</p><p>competição por água e nutrientes). Os desbastes devem ser realizados</p><p>repetidamente até atingir determinado número de árvores para a colheita final,</p><p>que deverão ser as melhores, segundo os objetivos de produção do projeto</p><p>(CATIE, 1992).</p><p>Manejo de brotações</p><p>A literatura não apresenta dados sobre o vigor dos brotos, nem tampouco</p><p>detalhes sobre a metodologia de manejo deles (CATIE, 1992). No Brasil não</p><p>existem pesquisas conclusivas a respeito das brotações nem sobre a</p><p>possibilidade de aproveitamento das brotações após a colheita das árvores.</p><p>Bibliografia</p><p>Ahmad, D. H. Multiplication of Acacia mangium by stem cuttings and tissue</p><p>culture techniques. In: Advances in tropical acacia research. Canberra: ACIAR,</p><p>1991. (ACIAR Proceedings, 35) p. 32-35.</p><p>Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA). Reflorestamento:</p><p>Estatísticas. Disponível em: http://www.bracelpa.org.br. 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