Prévia do material em texto
Cultura do Maracujazeiro Universidade Federal do Vale do São Francisco Campus de Ciências Agrárias Curso de Engenharia Agronômica Disciplina: Fruticultura II Docente responsável: Prof. Dr. Ítalo Herbert Lucena Cavalcante Italo.cavalcante@univasf.edu.br Generalidades • O maracujá, devido às suas características do suco, vida de prateleira da fruta, apresenta boas condições de conquistar novos mercados exportadores. • No Brasil, o principal cultivo é o maracujá amarelo, com grande potencial para o processamento de bebidas, doces, sorvetes e in natura. • Uso na indústria farmacêutica: calmante, diabetes. Generalidades • Uso da casca e das sementes como ração animal. • Crescente interesse pelo maracujá para fins ornamentais. • Excelente fonte de vitamina A. Estados produtores de maracujá Valor da produção de maracujá Aspectos botânicos • Fruto da paixão (passion fruit em inglês): estrutura floral que, segundo alguns pesquisadores, relembra os acontecimentos relativos à crucificação de Cristo. • Família botânica: Passifloraceae • · Cerca de 500 espécies • · Origem: maioria nativa do Brasil • Nomes populares: Maracuya no Equador, Pacha na Venezuela, Lilikoi no Hawaii, Chinola ou Parchita em Porto Rico, granadilla na Colômbia e Maracujá no Brasil. Espécies de potencial Passiflora alata Passiflora giberti Passiflora nitida http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.siamazonia.org.pe/Material%2520educativa/Fotos/Flora/s_1_1_fl00032.jpg&imgrefurl=http://www.siamazonia.org.pe/Material%2520educativa/Fotos/Flora/fotoflora.htm&h=67&w=90&sz=4&tbnid=V678b3vGfiMJ:&tbnh=55&tbnw=73&start=10&prev=/images%3Fq%3Dpassiflora%2Bnitida%26hl%3Dpt-BR%26lr%3D Passiflora edulis. F. sims Flaficarpa Deg. Passiflora setacea Passiflora molissima Passiflora ligularis Aspectos morfológicos Biologia Floral Tipos de flores • Flor TC: estigmas totalmente curvados no mesmo plano das anteras, o que favorece a polinização pelos insetos. Esse tipo ocorre em maior porcentagem em uma lavoura com uma média de mais ou menos 70%. • Flor PC: observa-se que os estigmas estão levantados, acima das anteras formando um ângulo aproximado de 45º, o que dificulta a polinização, mesmo pelas mamangavas. Essas flores ocorrem em uma média de 20%. • • Flor SC: Onde os estigmas aparecem unidos, formando um ângulo de 90º em relação às anteras. Essa flor apresenta também um problema de fêmea esterilidade. Essa flor não produz. • Locais de produção: cultivado em vários países • Ciclo: plantio a colheita decorem 8 - 12 meses, dependendo do local de cultivo. • Exigências climáticas: temperatura entre 21 a 25º C; precipitação entre 800 a 1750 mm/ano; não tolera ventos frios e geadas. • Produtividade anual do maracujá pode atingir 40t/ha. Aspectos Fitotécnicos • A propagação usual: via sexuada, devendo o produtor obter mudas de viveiros idôneos, no entanto os trabalhos com enxertia estão evoluindo bastante, devendo ser uma boa opção em um breve futuro. • Enxertia: tipo garfagem fenda cheia, envolvido em fita plástica ou fita crepe protegidos por sacos de plástico transparente. Propagação Propagação • Sementes: retiradas de plantas selecionadas. • Muitas sementes de poucos frutos e várias plantas. • A polpa é lavada e colocada para fermentar durante 4 a 6 dias e secas a sombra. • Aplicação de Thiram 3 g/kg se semente. • Plantio de 3 a 4 sementes por recipiente. • Plantio no campo ao atingir de 15 a 30 cm de altura. Banco de germoplasma para sementes Produção da muda Produção da muda Fim da primeira aula • Mais usual - espaldeira • Uso de mourões com 2,5 m de comprimento, espaçados de 4 a 6 m com 1 fio de arame liso nº 12 • O comprimento da linha de plantio não deve ultrapassar 80m Condução em campo Exigência Nutricional Recomendação de adubação Ordem de exigência do maracaujazeiro: K > N > P > Ca > S > Mg Adubação de fundação Aos 30 dias após o plantio 10 gramas de N → 50 gramas de nitrocálcio Aos 60 dias após o plantio 15 gramas de N → 75 gramas de nitrocálcio Aos 90 dias após o plantio 10 gramas de N e 20 de K2O → 50 gramas de nitrocálcio + 35 de KCl Aos 120 dias após o plantio 30 gramas de N e 30 de K2O → 150 gramas de nitrocálcio + 50 de KCl Preparo do terreno Calagem Elevar a saturação por bases para 80% (0-20cm) Elevar a saturação por bases para 25% (20-40cm) Preparo do solo Uma aração e duas gradagens Abertura de covas 40 x 40 x 40cm, com adubação de 10 a 20L de esterco bovino Espaçamento 3,0 x 3,0m • Permite: Produção satisfatória Pouca massa vegetativa favorece o controle de pragas e doenças e além do menor peso. Melhor aproveitamento das caldas. Poda • Flores auto-estéreis, dependendo das mamangavas abelhas do gênero Xylocopa • Polinização artificial: Plantios com mais de 10 ha População de mamangavas pequena Deve ser feito no período da tarde Obs.: 3 pessoas polinizam 1 ha por tarde Polinização Como avaliar se a população de mamangavas é suficiente, ou se a polinização natural é adequada em uma lavoura? a) Marcar 3 flores por planta em um dia sem chuva, depois que as flores estiverem abertas b) Fazer o mesmo procedimento em mais flores de outras plantas até atingir o número de 100 flores. c) Voltar ao campo 4 a 5 dias após, procurando as mesmas flores marcadas, contando os frutinhos, do tamanho de uma azeitona, caso a polinização tenha ocorrido. Quando não foram polinizados as flores estarão murchas e muitas delas já caíram ao solo. Exemplo. Marcou 100 flores Contou 45 frutinhos depois de 4-5 dias. Resultado: 45% de polinização natural Significando que o produtor está perdendo 55% das flores. Resultados muito inferiores a esse número, indica que a polinização artificial é absolutamente necessária. Dione juno juno Pragas Agraulis vanillae Lagartas • Ciclo de vida: Dione: ovo: 6-7 dias; lagarta: 19-27 dias; pupa: 7-8 dias = adulto. Agraulis: ovo: 3 dias; lagarta: 17 dias; pupa: 7 dias = adulto. • Controle: Catação de ovos e lagartas em cultivos pequenos e aplicação de Bacillus thuringiensis Percevejos • Diactor bilineatus e Holhymenia clavigera Sugam a seiva das plantas, botões e frutos provocando queda de flores e frutos novos e murcha de frutos maiores (enrugamento) Controle: eliminação de plantas como: melão de são caetano; chuchu e bucha; Aplicação de Cartap 500 120 mL/100L de água ou malathion 500 CE 250 mL/100L de água Diactor bilineatus Holhymenia clavigera Leptoglossus gonagra Broca da haste • Besouro de 5 a 7 mm de comprimento coloração marrom com manchas amareladas no dorso. • A fêmea faz a postura na haste principal e ao eclodir a larva penetra e inicia a construção de galerias. • Controle: deltramethrin 25CE 30 mL/100L de água Engrossamento do ramo provocado pela broca da haste Abelha de irapuá Mosca das frutas Doenças da parte aérea • Antracnose principal doença fúngica e de pós colheita causada por Colletotrichum gloesporioides • Sintomas: Folhas: manchas circulares com bordas verde escura que progridem até formar uma enorme lesão enrugada; Ramos: lesões alongadas que formam cancros pardacentos com pontuações pretas Frutos: lesões deprimidas com frutificação do fungo na cor preta • Controle: Produtos a base de : benomil , oxicloreto de cobre e clorotalonil Doenças da parte aérea Antracnose • Causada por Cladosporium herbarum • Provoca lesões circulares com halo clorótico e perfuração em folhas; • Nos ramos lesões longitudinais formando rachadura e • No fruto apresenta um aspecto do tipo cortiça na forma de verrugas salientes • Controle: idem antracnose Doenças da parte aérea Verrugose • Causada por Xanthomonas campestris pv passiflorae. • Ataca órgão da parte aérea de forma localizada e ou sistêmica provocando manchas angulares oleosas translúcidas que evoluem para uma coloração pardacenta e seca com halo amarelo, provocando posteriormente queda de folhas e morte prematura. • Controle: Agrimicina e Oxicloreto de cobre. Doenças da parte aérea Mancha Oleosa • Endurecimento dos frutos PWV (passion fruti woodiness virus) • Mosaico do pepino CMV (cucumber mosaic virus) • Pinta verde: semelhante a citrus leprose virus citLV Doenças da parte aérea Viroses http://www.passiflora.org.br/site/p_detalhe_doenca.asp?codigo=14 http://www.passiflora.org.br/site/p_detalhe_doenca.asp?codigo=14 • Fusariose do Maracujazeiro Principal doença, causada por Fusarium oxysporum f. sp passiflorae Doenças do sistema radicular Sintomas: amarelecimento das folhas, murcha e colapso da planta de 24 - 48 horas Fusariose Modo de ação: • Penetra pelas raízes • Coloniza os vasos condutores da raiz, colo, tronco, haste e ramos • Impermeabilizando as paredes e impedindo a passagem de água Condições favoráveis ao fungo: • Solos ácidos, argilosos e ricos em matéria orgânica • Alta umidade e temperatura (20 a 25 C) • Terrenos com drenagem deficiente Fusariose Fusariose Controle deve ser preventivo, utilizando medidas para evitar a entrada do patógeno como: • evitar terrenos recém desbravados • realizar tratos culturais superficiais •Evitar plantio de Passiflora edulis Ao apresentar os primeiros sintomas deve-se: • eliminar as plantas atacadas • erradicar plantas sadias ao redor • abrir valas de isolamento de 20 cm de profundidade • revolver o solo, aplicar cal e sulfato de cobre a 5% Fusariose Podridão do Colo Agente causal: Fusarium solani e principalmente Phytophthora cinnamomi Podridão do Colo Sintomas: • Apodrecimento da região do colo • Casca fina necrosada marrom-escura • Amarelecimento • Murcha parcial ou total Podridão do Colo Condições favoráveis: • Solos argilosos compactos e ricos em matéria orgânica •Alta umidade • Ferimentos na planta • Alto teor de adubações nitrogenadas Controle: • De preferência preventiva • Evitar capinas e solos mal drenados Químico: • Em plantas atacadas retirar a região necrosada e aplicar pasta bordalesa • No plantio: 15 g/cova de metaxil e pulverizar com fosetyl (250 g/100L água), em áreas com a doença Tombamento da Muda Doença típica de viveiro, causada pelos fungos: Phythium aphanidermatum, Phytophthora parasitica, Fusarium sp e Rhizoctonia solani Sintomas: • Encharcamento dos tecidos tenros • Colapso e murcha das folhas • Tombamento e morte Tombamento da Muda Condições favoráveis: • Excesso de água e sombreamento • Uso de solo e sementes contaminadas Controle preventivo: • Vasos de plantio não devem ser colocados diretamente no solo • Aeração entre as mudas Tombamento da Muda Controle Químico Ingrediente ativo Produto comercial Doses do produto em g ou mL/100L de água Benomil Benlate 100 Fosetyl-AL Aliette 250 PCNB Kobutol 500 Produtos indicados para controle de tombamento Classificação AFRUVEC