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<p>1</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>Fluxograma para diagnóstico precoce, tratamento e monitorização da</p><p>deficiência de ferro na criança</p><p>Resumo</p><p>Maria Cristina Farias de Araújo1, Carlos Artur da Costa Moraes2, Mônica Patrice Arcoverde Pinheiro1, Fernanda Maria Queiroz Pereira3</p><p>Flowchart for early diagnosis, treatment and monitoring of iron deficiency for children</p><p>1 Hospital Geral de fortaleza, Pediatria - Fortaleza - Ceará - Brasil.</p><p>2 Hospital Infantil Albert Sabin, Pediatria - Hematologia - Fortaleza - Ceará - Brasil.</p><p>3 Unimed, Pediatria - Fortaleza - Ceará - Brasil.</p><p>Endereço para correspondência:</p><p>Maria Cristina Farias de Araújo.</p><p>Hospital Geral de fortaleza. Rua Ávila Goularte, nº 900, Papicu, Fortaleza, CE, Brasil. CEP: 60150-160. E-mail: cristinafariasdearaujo@gmail.com</p><p>A anemia ferropriva é definida como uma concentração de hemoglobina menor que segundo desvio-padrão da média</p><p>de distribuição para uma população do mesmo sexo e idade. É o último evento em uma progressão de balanço negativo</p><p>de ferro, com os estágios: balanço negativo, deficiência de ferro e anemia ferropriva. É a alteração hematológica mais</p><p>comum do mundo, principalmente nos países em desenvolvimento. A principal fonte do ferro no corpo é oriunda do</p><p>sistema de reciclagem de hemácias, enquanto uma parcela menor é proveniente da dieta. Apesar disso, a deficiência</p><p>nutricional é a principal etiologia de ferropenia e anemia ferropriva. O ferro é essencial para diversas funções</p><p>fisiológica e sua deficiência, principalmente na infância, pode comprometer o desenvolvimento mental e físico. As</p><p>manifestações clínicas geralmente se tornam detectáveis na deficiência grave. Por esse motivo, o diagnóstico precoce</p><p>da ferropenia é por meio de exames laboratoriais. Deve ser realizada por meio de triagem aos 12 meses de vida. O</p><p>tratamento deve ser prontamente iniciado após o diagnóstico. A dieta tem pouco valor na correção da devido à baixa</p><p>biodisponibilidade do ferro na maioria dos alimentos. Porém os preparados contendo ferro são facilmente absorvidos</p><p>pelo organismo. Diante da gravidade dessa condição, o tratamento deve ser monitorizado por meio de parâmetros</p><p>laboratoriais. Este estudo objetiva fazer um protocolo de triagem e acompanhamento do tratamento da anemia</p><p>ferropriva para sistematizar e organizar o cuidado trazendo melhores resultados para o desenvolvimento da criança.</p><p>Palavras-chave:</p><p>Anemia ferropriva,</p><p>Prevenção de doenças,</p><p>Tratamento</p><p>farmacológico.</p><p>ARTIGO DE REVISÃO</p><p>Data de Submissão: 26/11/2022</p><p>Data de Aprovação: 10/03/2023</p><p>DOI: 10.25060/residpediatr-2023.v13n3-996</p><p>Este trabalho está licenciado sob uma Creative Commons Attribution</p><p>4.0 International License.</p><p>2</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A anemia é uma condição na qual a concentração de</p><p>hemoglobina encontra-se abaixo do segundo desvio-padrão</p><p>da média de distribuição do seu valor de referência para po-</p><p>pulação do mesmo sexo e idade, vivendo na mesma altitude1.</p><p>Com a diminuição dos níveis de hemoglobina, o transporte de</p><p>oxigênio para os tecidos é prejudicado, afetando o funciona-</p><p>mento do organismo nos indivíduos afetados2.</p><p>A anemia do tipo ferropriva ocorre quando há um</p><p>desequilíbrio entre a absorção do ferro ou sua eliminação e</p><p>as necessidades orgânicas desse mineral, sendo a forma mais</p><p>grave da carência de ferro1.</p><p>Esse metal é vital para a função de uma grande varieda-</p><p>de de enzimas, como as catalases, redutase e peroxidases, que</p><p>dependem das propriedades do ferro para executar reações</p><p>químicas essenciais para sobrevivência. Além disso, o orga-</p><p>nismo depende da hemoglobina, proteína que contém ferro,</p><p>para transportar oxigênio inalado dos pulmões aos tecidos</p><p>periféricos3. A existência humana é dependente do ferro e a</p><p>deficiência pode comprometer o desenvolvimento mental,</p><p>cognitivo e físico da criança, além de diminuir a resistência</p><p>às infecções, com repercussão no aumento da frequência de</p><p>adoecimento4.</p><p>Constitui uma condição comum da infância, principal-</p><p>mente no contexto de desamparo social e econômico, que</p><p>gera a sua principal etiologia que é a carência nutricional.</p><p>Porém pode estar associado a doenças genéticas, infecções,</p><p>uso de medicações específicas que impeçam ou prejudiquem</p><p>a absorção do ferro5.</p><p>A deficiência de ferro é a alteração hematológica mais</p><p>comum, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países</p><p>em desenvolvimento3. Aproximadamente 10% da população</p><p>mundial tem essa carência6.</p><p>No Brasil, é um problema nutricional comum que atin-</p><p>ge, principalmente, crianças, mulheres em idade fértil e ges-</p><p>tantes5. Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de</p><p>agosto de 2022 constataram que 20,9% das crianças com me-</p><p>nos de 5 anos apresentavam a doença6. Nas regiões Nordeste e</p><p>Norte do país, a prevalência dessa anemia em crianças chega a</p><p>um percentual de mais de 53%7. Apesar de ainda serem valores</p><p>altos de prevalência dessa doença em 2020, essa taxa vem</p><p>diminuindo nos últimos anos. Para a SBP, as principais causas</p><p>dessa redução foram o aumento da prevalência do aleitamento</p><p>materno, uso de fórmulas enriquecidas, melhoria do acesso</p><p>a fontes alimentares, campanhas educativas governamentais</p><p>e privadas, além de modificações ambientais7.</p><p>Por sua prevalência grande em crianças, a anemia</p><p>ferropriva torna-se uma condição grave, já que tem efeito no</p><p>crescimento e desenvolvimento de quase toda uma geração</p><p>de uma população em risco, especialmente em crianças pouco</p><p>estimuladas ou de baixo nível social e econômico. A condição</p><p>pode afetar o desenvolvimento físico e cerebral ao longo</p><p>de toda a vida, se não revertida a partir da suplementação,</p><p>principalmente nos primeiros mil dias de vida, momentos de</p><p>máximo desenvolvimento8. Apesar da implantação de políticas</p><p>públicas para prevenção e tratamento, ainda é um grande</p><p>desafio da saúde pública no Brasil8.</p><p>A deficiência de ferro geralmente é assintomática,</p><p>sendo os sintomas mais percebidos nos estágios mais tardios,</p><p>como na anemia ferropriva já estabelecida. Pode se manifestar</p><p>com fadiga, tontura, palidez e cefaleia. Porém há maior impor-</p><p>tância em suas consequências em longo prazo, já que pode</p><p>resultar em sequelas no sistema cardiovascular, neurológico</p><p>e imunológico, podendo afetar as funções cognitiva, auditiva,</p><p>motora e visual de forma irreversível4.</p><p>Estudos mostram que a ferropenia desde o período</p><p>pré-natal, quando presente na mãe, há repercussões impor-</p><p>tantes e deletérias de longo prazo no desenvolvimento de</p><p>habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem e capa-</p><p>cidades motoras das crianças9, sendo que o possível impacto</p><p>negativo permanece mesmo após o tratamento precoce por</p><p>décadas. A anemia materna exerce influência sobre os valores</p><p>de hemoglobina do lactente até os 6 meses de vida, mesmo</p><p>em aleitamento materno exclusivo, dados mostrados em</p><p>pesquisas nacionais10.</p><p>Diante da relevância do tema abordado, é indispensável</p><p>que profissionais de saúde estejam capacitados a orientar</p><p>Abstract</p><p>Iron deficiency anemia is defined as a hemoglobin concentration less than a second standard deviation from the</p><p>distribution mean for a population of the same sex and age. It is the last event in a progression of negative iron balance,</p><p>with the stages: negative balance, iron deficiency, and iron deficiency anemia. It is the most common hematologic</p><p>alteration in the world, especially in developing countries. The main source of iron in the body comes from the red blood</p><p>cell recycling system, while a smaller portion comes from the diet. Despite this, nutritional deficiency is the main etiology</p><p>of iron deficiency anemia and iron deficiency in childhood. Iron is essential for several physiological functions and its</p><p>deficiency, especially in childhood, can compromise mental and physical development. Clinical manifestations usually</p><p>become detectable in severe deficiency. For this reason, the early diagnosis of iron deficiency is through laboratory tests.</p><p>It should be performed through screening at 12 months of life. Treatment should</p><p>be started promptly after diagnosis.</p><p>Diet is of little value in correcting iron owing to the low bioavailability of iron in most foods. However, preparations</p><p>containing iron are easily absorbed by the body. Given the severity of this condition, treatment should be monitored</p><p>using laboratory parameters. This study aims to develop a protocol for screening and monitoring the treatment of iron</p><p>deficiency anemia to systematize and organize care, bringing better results for the childs development.</p><p>Keywords:</p><p>Iron deficiencies,</p><p>Diagnosis of</p><p>health situation in</p><p>specific groups,</p><p>Child care.</p><p>https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/agosto/anemia-ferropriva-deficiencia-de-ferro-e-um-dos-fatores-que-podem-estar-associados-a-mortalidade-materna</p><p>3</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>cuidadores, realizar a profilaxia com eficiência, realizar tria-</p><p>gem, iniciar tratamento quando necessário, avaliar resposta</p><p>ao tratamento e intervir de maneira precisa. Esta revisão</p><p>aborda esse tema de grande relevância para a saúde pública e</p><p>estabelece um protocolo de triagem para anemia ferropriva e</p><p>acompanhamento de pacientes previamente hígidos, além de</p><p>avaliação da resposta ao tratamento de maneira sistemática</p><p>para que o cuidado seja organizado, e o resultado, mais efeti-</p><p>vo. Dessa forma se promove uma puericultura de qualidade,</p><p>garantindo que as crianças cresçam com o máximo de suas</p><p>capacidades físicas e mentais.</p><p>Homeostase do Ferro</p><p>Dentre os metais presentes no corpo humano, o ferro</p><p>é o mais abundante7, sendo um total de aproximadamente 4</p><p>gramas distribuído da seguinte forma:</p><p>1) Hemácias (maior parcela, cerca de 70-75%, ligado</p><p>ao heme da hemoglobina);</p><p>2) Compartimentos armazenadores de ferro (25% do</p><p>total, representados pelas proteínas ferritina e hemossiderina</p><p>presentes principalmente nas células da mucosa intestinal,</p><p>macrófagos do baço e medula óssea);</p><p>3) Circulante no plasma, ligado à transferrina sérica</p><p>(cerca de 2%).</p><p>A apoferritina, hemossiderina e transferrina são proteí-</p><p>nas capazes de se ligar ao ferro, sendo encontradas no plasma</p><p>e no meio intracelular.</p><p>A apoferritina é uma proteína sintetizada pelo fígado</p><p>(um tipo de proteína “reagente de fase aguda”). Possui es-</p><p>trutura capaz de armazenar os átomos de ferro, e, quando</p><p>ligados, ganha o nome de ferritina. Essa proteína é a principal</p><p>responsável pelo armazenamento de ferro no corpo. Sua con-</p><p>centração sérica varia diretamente proporcional às reservas</p><p>de ferro. Os níveis normais de ferritina no plasma variam de</p><p>20 a 200ng/ml. Cada ng/ml de ferritina sérica corresponde a</p><p>10mg de ferro armazenado.</p><p>A maior parte do ferro utilizado no organismo humano</p><p>é proveniente do próprio sistema de reciclagem de hemácias</p><p>por meio da destruição pelos macrófagos do baço. A outra</p><p>pequena parte é adquirida por meio da dieta.</p><p>Existem duas formas de ferros provenientes da dieta:</p><p>(1) ferro ferroso ou ferro heme; é forma mais facilmente ab-</p><p>sorvível de ferro, sendo proveniente do anel heme presente</p><p>em carnes vermelhas, principalmente vísceras, carnes de aves,</p><p>suínos, peixes e mariscos e (2) ferro férrico ou ferro não heme,</p><p>sendo a forma menos absorvida, presente em hortaliças folho-</p><p>sas verde-escuras e leguminosas, como o feijão e a lentilha11.</p><p>Essa capacidade de existir em qualquer um dos estados de</p><p>oxidação estável Fe²+ (ferroso) ou Fe³+ (férrico) dá a ampla</p><p>utilidade biológica desse metal12.</p><p>O ferro não heme sofre intensa influência de fatores</p><p>nutricionais no seu processo de absorção, enquanto o ferro</p><p>heme tem regulagem independente que não varia com a</p><p>dieta7. Alimentos como proteínas da carne, vitamina C, ou-</p><p>tros ácidos orgânicos (cítrico, málico) estimulam a absorção,</p><p>enquanto filatos (presentes em fibras e cereais), minerais (po-</p><p>tássio, zinco, cobre, magnésio), proteínas do ovo (albumina) e</p><p>leite (caseína), fosfatos (presente em leite e ovos) e compostos</p><p>fenólico (chá preto, mate, refrigerantes e café) os inibem.</p><p>A acidez gástrica é responsável pela emulsificação do</p><p>alimento: ácido clorídrico solubiliza os sais de ferro e mantém</p><p>na forma ferrosa Fe²+. Esse é absorvido no intestino delgado.</p><p>No plasma, o ferro se liga à transferrina plasmática e é trans-</p><p>portada pelo sangue até encontrar receptores nas membranas</p><p>dos eritroblastos na medula óssea.</p><p>Na anemia ferropriva, ocorrem algumas alterações</p><p>da homeostase. A capacidade de absorção de ferro pelo in-</p><p>testino pode ser aumentada em até cinco vezes o normal. A</p><p>transferrina tem um aumento importante na sua avidez pelo</p><p>ferro (refletindo no aumento da sua capacidade de ligação do</p><p>ferro ou TIBC), porém com baixa saturação, com redução do</p><p>índice de saturação da transferrina (IST). A deficiência também</p><p>reduz a produção da hepcidina o que leva ao aumento da</p><p>disponibilidade de ferro.</p><p>Estágios da deficiência de ferro</p><p>A anemia ferropriva é o último evento que ocorre em</p><p>uma progressão de balanço negativo de ferro no corpo. Exis-</p><p>tem três estágios para o seu desenvolvimento:</p><p>Primeiro estágio: depleção de ferro. A demanda por</p><p>ferro é maior do que a capacidade de absorção ou de disponi-</p><p>bilidade desse elemento no corpo. Dessa forma, os estoques</p><p>corporais são mobilizados no sistema retículo endotelial fazen-</p><p>do com que diminua a fração de ferro e ferritina na medula</p><p>óssea. Achados laboratoriais nesse estágio são ferro sérico,</p><p>protoporfirina, TIBIC e índices hematimétricos normais e ferri-</p><p>tina baixa. Na medula óssea, o ferro e a ferritina estão baixos. O</p><p>estágio subsequente inicia quando os estoques endógenos de</p><p>ferro chegam a um limite muito baixo (por definição, ferritina</p><p>inferior a 12μg/L é forte indicador de depleção das reservas</p><p>corporais de ferro para crianças menores de 5 anos, e inferiores</p><p>a 15μg/L para crianças entre 5 e 12 anos).</p><p>Segundo estágio: deficiência de ferro. Com estoques</p><p>depletados, o ferro sérico começa a diminuir, o TIBC eleva-</p><p>-se e o IST diminui gradualmente. Assim, a hemoglobina e o</p><p>hematócrito começam a cair, sendo detectada uma anemia</p><p>normocítica e normocrômica e reduz o índice de produção</p><p>eritrocitária. Pode haver plaquetose por uma hiperestimula-</p><p>ção da medula óssea. As células progenitoras de hemácias na</p><p>medula óssea são grandes e normalmente se dividem várias</p><p>vezes para produzir células maduras menores, justificando o</p><p>aumento do nível de anisocitose.</p><p>Terceiro estágio: anemia ferropriva. Com o agravamen-</p><p>to do segundo estágio, a hipocromia e a microcitose tornam-se</p><p>evidentes e, em estágios mais avançados, aparece a anemia</p><p>microcítica com ferritina abaixo de 15µg/mL, saturação de</p><p>transferrina menor do que 15%, ferro sérico abaixo de 30mcg/</p><p>dL, elevação do RDW e níveis de hemoglobina baixo.</p><p>4</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>Etiologia e fatores de risco</p><p>A anemia ferropriva pode ser secundária à deficiência</p><p>na produção, destruição dos glóbulos vermelhos ou decorren-</p><p>tes de perdas sanguíneas5. Existem múltiplos fatores, tanto</p><p>biológicos quanto sociais que podem influenciar na progressão</p><p>da condição.</p><p>A dieta inadequada em termos qualitativos ou</p><p>quantitativos é o principal fator que causa anemia ferropriva5.</p><p>Em termos quantitativos, destacam-se as populações com</p><p>carências nutricionais; com ingestão inadequada de ferro.</p><p>Outras causas são os hábitos vegetarianos, dietas com ex-</p><p>cesso de chá ou café, os quais inibem a absorção de ferro ou dietas</p><p>sem vitamina C (frutas cítricas), que favorecem a sua absorção.</p><p>Perdas sanguíneas podem ser devidas à presença de</p><p>infestações endêmicas (malária, ascaridíase, protozooses intes-</p><p>tinais), ou por malformações intestinais, como no divertículo</p><p>de Meckel, presente em 2 a 4% da população geral5,13. O uso</p><p>de leite de vaca está associado à perda de sangue oculto nas</p><p>fezes em 30% dos casos (enteroproctocolite por alergia ao</p><p>leite de vaca).</p><p>Um fator de risco importante para a anemia ferropriva é</p><p>o baixo peso ao nascer (menos de 1.500g) e a prematuridade.</p><p>Também a alimentação somente com leite materno prolon-</p><p>gada (mais de seis meses) pode associar-se</p><p>à deficiência de</p><p>ferro, anemia e deficiências de micronutrientes4 especialmente</p><p>nos prematuros14.</p><p>A atualização da Sociedade Brasileira de Pediatria</p><p>(SBP)15 de agosto de 2021 estabeleceu fatores de riscos espe-</p><p>cíficos que devem ser avaliados para decisão por início e dose</p><p>da profilaxia da anemia ferropriva. Estão descritos na Tabela 1.</p><p>Repercussões da anemia para a saúde</p><p>A maioria dos casos são assintomáticos, podendo os</p><p>sintomas somente ser reconhecidos uma vez que, resolvida a</p><p>deficiência de ferro, tenham a efetiva normalidade física para</p><p>comparar com seu estado anterior.</p><p>Além disso, as manifestações sistêmicas da anemia</p><p>ferropriva geralmente só estarão presentes em anemias gra-</p><p>ves. Apesar disso, alguns pacientes com ferritina baixa e sem</p><p>anemia podem ter os mesmos sintomas4.</p><p>Tabela 1. Principais fatores de risco de anemia ferropriva para crianças e adolescentes de acordo com a SBP em 2021.</p><p>Baixa reserva materna</p><p>- Gestações múltiplas com pouco intervalo entre elas</p><p>- Dieta materna deficiente em ferro</p><p>- Perdas sanguíneas</p><p>- Não suplementação de ferro na gravidez e lactação</p><p>Aumento da demanda metabólica</p><p>- Prematuridade e baixo peso ao nascer (<2.500g)</p><p>- Lactentes em crescimento rápido (velocidade de crescimento >p90)</p><p>- Meninas com grandes perdas menstruais</p><p>- Atletas de competição</p><p>Diminuição do fornecimento</p><p>- Clampeamento do cordão umbilical antes de um minuto de vida</p><p>- Aleitamento materno exclusivo prolongado (superior a seis meses)</p><p>- Alimentação complementar com alimentos pobres em ferro ou de baixa biodisponibilidade</p><p>- Consumo de leite de vaca antes de um ano de vida</p><p>- Consumo de fórmula infantil com ferro de baixa biodisponibilidade</p><p>- Dietas vegetarianas sem orientação de médico/nutricionista</p><p>- Ausência ou baixa adesão à suplementação profilática com ferro medicamentoso, quando recomendada</p><p>Perda sanguínea</p><p>- Traumática ou cirúrgica</p><p>- Hemorragia gastrintestinal (ex.: doença inflamatória intestinal, polipose colônica, drogas anti-inflamatórias não esteroides, infecção por Helicobacter pylori,</p><p>verminose – strongyloides, necator, ancylostoma – enteropatias/colites alérgicas, esquistossomose)</p><p>- Hemorragia ginecológica (menorragia, dispositivos intrauterinos)</p><p>- Hemorragia urológica (esquistossomose, glomerulonefrite, trauma renal)</p><p>- Hemorragia pulmonar (tuberculose, malformação pulmonar, hemossiderose pulmonar idiopática, síndrome Goodpasture, etc.)</p><p>- Discrasias sanguíneas</p><p>- Malária</p><p>Má absorção do ferro</p><p>- Síndromes de má-absorção (doença celíaca, doença inflamatória intestinal)</p><p>- Gastrite atrófica, cirurgia gástrica (bariátrica, ressecção gástrica)</p><p>- Redução da acidez gástrica (antiácidos, bloqueadores H2, inibidores de bomba de prótons)</p><p>Legenda: Principais causas de anemia ferropriva.</p><p>Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria 202115</p><p>5</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>Dentre as manifestações, destacam-se alterações em</p><p>unha e epitélio, como palidez da face, das palmas das mãos e</p><p>das mucosas conjuntival e oral, alopécia, unhas quebradiças</p><p>e rugosas, coiloníquia e estomatite angular.</p><p>Destaca-se no sistema gastrointestinal a redução da</p><p>acidez gástrica, gastrite atrófica, sangramento da mucosa</p><p>intestinal e pica (apetite pervertido por alimentos de baixo</p><p>valor nutricional, como amido, terra ou gelo; esse último é</p><p>considerado específica para deficiência de ferro). Pode haver</p><p>queixa de dor na língua, boca seca por diminuição do fluxo</p><p>salivar e atrofia das papilas linguais4.</p><p>Afeta também a psique, gerando anorexia, irritabilida-</p><p>de, distúrbios de conduta e percepção, distúrbio psicomotor.</p><p>Altera a imunidade por causar inibição da capacidade</p><p>bactericida dos neutrófilos, diminuição de linfócitos T, predis-</p><p>pondo a infecções, podendo perpetuar o processo da anemia.</p><p>Nas atividades diárias, é observada diminuição da</p><p>capacidade de trabalho e da tolerância a exercícios, astenia,</p><p>respiração ofegante e dor em membros inferiores16.</p><p>A condição também predispõe a cáries dentárias, dimi-</p><p>nui a discriminação de odores, gera alterações de resposta ao</p><p>estresse metabólico e desenvolvimento audiovisual7.</p><p>A anemia por deficiência de ferro também é responsá-</p><p>vel por escores menores em testes de desenvolvimento mental</p><p>quando comparados com pessoas sem a condição com melhor</p><p>status de ferro, além de dificuldades afetivas, desvantagens em</p><p>relação ao aleitamento materno e às experiências familiares3.</p><p>Trabalhos mostraram que o déficit cognitivo é descrito como</p><p>maior nesses pacientes e não foi revertido com a suplemen-</p><p>tação precoce por períodos curtos (30 dias). É necessário mí-</p><p>nimo de 90 dias para surgirem efeitos positivos modestos na</p><p>depleção das reservas de ferro com plena adesão do paciente.</p><p>O ideal seria tempos prolongados de intervenção, de acordo</p><p>com o sal utilizado17.</p><p>Quando presente na gestação (especialmente no</p><p>primeiro e segundo trimestres), está associado a desfechos</p><p>de risco para a criança, como prematuridade e baixo peso ao</p><p>nascer. Além disso, no pós-parto, pode intervir no cuidado</p><p>com o recém-nascido e seu desenvolvimento, já que gera na</p><p>lactante uma redução da qualidade de vida e aumento da</p><p>prevalência de depressão, desfavorecendo também o aleita-</p><p>mento materno7.</p><p>Diagnóstico diferencial</p><p>No diagnóstico diferencial, devem ser consideradas</p><p>outras causas de microcitose, como as talassemias alfa e beta</p><p>e as anemias da inflamação e/ou doenças crônicas e doenças</p><p>parasitárias, como malária e esquistossomose7. Outras cau-</p><p>sas nutricionais devem ser investigadas, como carência de</p><p>ácido fólico gerando macrocitose, deficiência de vitamina A e</p><p>vitamina B12. A intoxicação por chumbo também pode gerar</p><p>quadro semelhante, podendo a dosagem protoporfirina ele-</p><p>vada ajudar no diagnóstico diferencial. Anemia sideroblástica</p><p>deve ser considerada quando há história familiar conhecida,</p><p>características clínicas que sugerem uma condição sindrômica</p><p>ou falta de outro diagnóstico.</p><p>Para casos não resolvidos com o tratamento habitual,</p><p>podem ser utilizados outros exames, como a dosagem do</p><p>ferro sérico, transferrina, zincoprotoporfirina eritrocitária,</p><p>capacidade total de ligação do ferro, entre outros.</p><p>Pode ser recorrido ao teste do pezinho (triagem neo-</p><p>natal) para descartar causas genéticas de anemia e hemoglo-</p><p>binopatias8.</p><p>Diagnóstico</p><p>O diagnóstico é baseado nos achados dos exames</p><p>laboratoriais. Na suspeita de anemia por deficiência de ferro,</p><p>o hemograma (com os índices hematimétricos) e esfregaço</p><p>periférico são de grande valia, mas o “laboratório do ferro”</p><p>(ferro sérico, ferritina sérica e TIBIC) serão mais úteis para a</p><p>confirmação diagnóstica. O hemograma e a ferritina devem</p><p>ser solicitados em conjunto, visto que embora a hemoglobina</p><p>seja utilizada para a avaliação de anemia, ela tem baixa espe-</p><p>cificidade e sensibilidade, sendo a ferritina um biomarcador</p><p>do status do ferro mais confiável18. Em casos duvidosos, o</p><p>aspirado de medula óssea (mielograma) corado pelo azul da</p><p>Prússia, pode ser utilizado para confirmação.</p><p>A concentração da ferritina sérica pode substituir a</p><p>avaliação da medula óssea realizada anteriormente. Os valores</p><p>normais são de 40 a 200ng/mL (mcg/L), e é muito rara situação</p><p>clínica em que índices baixos não signifiquem deficiência de</p><p>ferro. Portanto, todo indivíduo com concentração de ferritina</p><p>menor do que 10 a 15ng/mL pode ser considerado com de-</p><p>ficiência de ferro.</p><p>Por ser um marcador de fase aguda, elevando seus</p><p>níveis em doenças inflamatórias, infecciosas, malignas ou</p><p>hepáticas, pode haver situações de elevação em até três vezes</p><p>da ferritina na presença dessas condições concomitantes à</p><p>anemia por deficiência de ferro. Portanto, nesses pacientes é</p><p>sugerido diminuir o valor da ferritina à 3ª parte, e interpretar</p><p>valores menores ou igual a 20ng/mL sugestivas de anemia por</p><p>deficiência de ferro concomitante.</p><p>Outras medidas, como ferro total, transferrina e a</p><p>saturação da transferrina não são obrigatórios, mas podem</p><p>ajudar na investigação.</p><p>Exames laboratoriais específicos exibem diagnóstico</p><p>em cada um dos estágios da ferropenia19.</p><p>No primeiro estágio, depleção de ferro, ocorre diminui-</p><p>ção dos depósitos de ferro no fígado, baço e medula óssea e</p><p>pode ser verificada a partir da ferritina sérica. Quando menor</p><p>que 12μg/L é forte indicador de depleção das reservas corpo-</p><p>rais de ferro em menores de 5 anos, e inferiores a 15μg/L para</p><p>crianças de 5 e 12 anos8.</p><p>No segundo estágio, deficiência de ferro, a redução</p><p>do ferro sérico é evidenciada, associada ao aumento da ca-</p><p>pacidade total de ligação da transferrina (>250-390μg/dl) e a</p><p>redução da saturação da transferrina (<16%) e transferrina re-</p><p>duzida. Podem ser mensuradas também a zincoprotoporfirina</p><p>6</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>eritrocitária e capacidade total de ligação do ferro. O ferro</p><p>sérico é considerado nesse diagnóstico quando seus valores</p><p>se encontram menores que 30mg/dl8.</p><p>O terceiro estágio, a anemia ferropriva, é o estágio final</p><p>da deficiência de ferro. Uma vez instalada a anemia, inicialmen-</p><p>te aparecem níveis baixos de hemoglobina sendo normocítica</p><p>(volume corpuscular médio - VCM – normal), reticulócitos</p><p>normais e com marcadores do status do ferro baixos (ferritina</p><p>abaixo, ferro, capacidade ferropéxica, transferrina e IST). Com a</p><p>continuação do processo, aparecerá anemia hipocrômica (com</p><p>hemoglobina corpuscular média) e microcitose (com VCM bai-</p><p>xo). Com a piora do quadro, surgem a anisocitose (células de</p><p>tamanhos variados) e, à hematoscopia, poiquilocitose (células</p><p>de formas variadas)20.</p><p>Segundo a OMS, os pontos de corte para diagnóstico</p><p>são valores de hemoglobina menores que 11g/dl para crianças</p><p>de 6 a 60 meses e de 11,5g/dl para crianças de 5 a 11 anos. Em</p><p>relação ao hematócrito, consideram-se inadequados valores</p><p>abaixo de 33% para crianças de 6 a 60 meses e 34% para as</p><p>de 5 a 11 anos. No momento atual, determina-se a utilização</p><p>de variações no nível da hemoglobina de acordo com a idade,</p><p>com intervalos aceitáveis22. O valor normal da série eritrocitária</p><p>varia na criança com a idade e sexo, assim, para o diagnóstico</p><p>de anemia, deverão ser consultados os valores já definidos na</p><p>literatura científica7.</p><p>O diagnóstico laboratorial não é patognomônico,</p><p>devendo ser analisado por meio de combinações de di-</p><p>ferentes exames e a sua interpretação em conjunto com</p><p>a clínica7.</p><p>Somente se, após a investigação laboratorial, ainda</p><p>houver dúvidas quanto ao diagnóstico, pode-se utilizar o aspi-</p><p>rado de Medula Óssea (mielograma). Esse exame é o de maior</p><p>acurácia para o diagnóstico da anemia ferropriva.</p><p>Triagem da anemia ferropriva</p><p>A avaliação clínica na anemia ferropriva não é suficiente</p><p>para diagnóstico precoce, já que as manifestações se tornam</p><p>detectáveis em condição já instalada ou quadro de deficiência</p><p>grave. Essa situação já confere um risco para o pleno desen-</p><p>volvimento da criança.</p><p>A detecção precoce da anemia na infância é uma ur-</p><p>gência, para que seja iniciado prontamente o tratamento, e</p><p>deve ser realizada por meio de exame laboratorial.</p><p>A proposta do consenso é que haja uma triagem de exa-</p><p>mes já em crianças por volta dos 12 meses de vida. Porém, nos</p><p>casos de suspeita baseada na presença de fatores de risco, a</p><p>investigação deve ser realizada precocemente, especialmente</p><p>na ausência de profilaxia adequada com ferro21.</p><p>Os exames laboratoriais de rotina recomendados pelo</p><p>consenso são preferencialmente o hemograma completo (com</p><p>índices hematimétricos), estudo da morfologia dos glóbulos</p><p>vermelhos, contagem de reticulócitos e ferritina.</p><p>Medidas de PCR também são propostas para descartar</p><p>processos inflamatórios e infecciosos que possam interferir</p><p>nos valores da ferritina.</p><p>Na fase de depleção, a ferritina é o marcador, e sabe-se</p><p>que quando há intervenção nessa fase, os resultados são de</p><p>possível profilaxia dos déficits cognitivos. Para o consenso, a</p><p>ferritina deve ter valores acima de 30μg/dl. Valores menores</p><p>que 15μg/dl indicam deficiência grave e intermediários devem</p><p>ser avaliados após suplementação com ferro.</p><p>O diagnóstico da anemia por valor de hemoglobina</p><p>deve ser feito pelas faixas de normalidade (para idade e sexo)</p><p>e não por valor absoluto7.</p><p>Crianças menores de um ano que recebem leite de</p><p>vaca in natura ou fórmula inadequada constituem situação de</p><p>risco nutricional para anemia ferropriva e devem ser avaliadas</p><p>precocemente quanto à necessidade de tratamento7.</p><p>Tratamento</p><p>A terapia dietética não tem valor quando empregada</p><p>isoladamente na correção da anemia ferropriva devido à baixa</p><p>biodisponibilidade do ferro nos alimentos. Em compensação,</p><p>os preparados contendo o ferro na forma ferrosa (Fe²+) são</p><p>facilmente absorvidos pelo organismo.</p><p>Estabelecido o diagnóstico da anemia ferropriva, o</p><p>tratamento deve ser iniciado com urgência, com o melhor sal</p><p>disponível, com controle adequado e pelo tempo necessário,</p><p>associado ao tratamento não medicamentoso7. Mesmo sem</p><p>o diagnóstico confirmado, na presença de anemia leve micro-</p><p>cítica em crianças com diagnóstico presuntivo de anemia por</p><p>deficiência de ferro, a melhor conduta é dar ferro empirica-</p><p>mente e avaliar a resposta4.</p><p>É importante que sejam resolvidas doenças de base</p><p>que possam estar associadas à presença da anemia ferropriva</p><p>na infância.</p><p>O objetivo do tratamento é a melhora dos sintomas,</p><p>seguido de recuperação dos parâmetros hematológicos e dos</p><p>biomarcadores do ferro4.</p><p>Tratamento não medicamentoso</p><p>Deve ser garantida uma dieta com boas fontes de ferro.</p><p>Como já citado, nos alimentos há dois tipos de ferro, o ferro</p><p>heme (origem animal, sendo mais bem absorvido) e ferro não</p><p>heme (encontrado nos vegetais).</p><p>Para potencializar a absorção do ferro, é recomendado</p><p>fazer o consumo simultâneo de alimentos ricos em vitamina</p><p>C, disponível em frutas cítricas.</p><p>Tratamento medicamentoso</p><p>A reposição de ferro deve ser feita com ferro elementar</p><p>nas doses recomendadas de 3 a 6mg/kg/dia, dependendo</p><p>da gravidade, por mínimo de oito semanas. Geralmente são</p><p>indicados 3mg/kg uma a duas vezes ao dia, sendo no máximo</p><p>de 150mg de ferro elementar por dia. Dentro de 4 semanas, a</p><p>hemoglobina deve subir mais do que 1g/dL. A suplementação</p><p>deve ser continuada visando à reposição dos estoques de ferro,</p><p>o deve variar de dois a seis meses ou até obtenção de ferritina</p><p>sérica maior que 15μg/dL, mas idealmente entre 30 e 300μg/</p><p>dL e melhora da sintomatologia7,4.</p><p>7</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>A suplementação férrica está associada a efeitos ad-</p><p>versos que podem tornar o tratamento ineficaz por serem</p><p>pobremente tolerados. Esses efeitos são contornados quando</p><p>a medicação é administrada junto às refeições4. Contudo a</p><p>absorção do sulfato ferroso é melhor quando administrado</p><p>de estômago vazio. Também não devem ser ingeridos com</p><p>antiácidos, bloqueadores da bomba de prótons, bebidas e</p><p>suplementos com cálcio, antibióticos (quinolonas e tetraci-</p><p>clinas), café, chá, leite ou ovos, que também diminuem sua</p><p>disponibilidade.</p><p>Porém, essa medida é maleável a fim de melhorar a</p><p>aderência do paciente e tornar eficaz o tratamento pela via</p><p>oral. Podem ser feitas as doses junto às refeições, fraciona-</p><p>mento ou até a diminuição da dose para amenizar os efeitos</p><p>adversos. É essencial motivar a adesão, com mensagens</p><p>educativas e informações dos benefícios do tratamento aos</p><p>cuidadores4. Deve-se acompanhar a melhora terapêutica, já</p><p>que a absorção do ferro elementar se torna reduzida com o</p><p>pH alcalino dos alimentos.</p><p>As recomendações de consenso sobre anemia ferropri-</p><p>va orientam um tratamento precoce por um período mínimo</p><p>de dois meses de utilização adequada do ferro (sugere-se o</p><p>mínimo de três meses para a reposição das reservas)7.</p><p>Tão importante quanto prevenir ferropenia na infân-</p><p>cia, deve-se também atentar aos riscos da superdosagem de</p><p>ferro. Sabe-se que o intestino absorve apenas um número</p><p>dos nutrientes que passam por ele, e a superdosagem de</p><p>ferro diminui a absorção de outros elementos como zinco e</p><p>cobre, o que gera outros riscos ao desenvolvimento infantil22.</p><p>Além disso, a oxidação do ferro</p><p>ferroso gera radicais livres, e a</p><p>absorção do ferro excessiva eleva a saturação da transferrina</p><p>e o ferro livre no plasma, o que é tóxico para o organismo7.</p><p>A dose máxima de ferro recomendada é de 150 a 200mg de</p><p>ferro elementar por dia, em duas ou três tomadas23.</p><p>Tipos de ferro disponíveis para suplementação</p><p>Existem diversos tipos de sais de ferro para a suplemen-</p><p>tação. Dentre eles, destacam-se os sais ferrosos, ferro amino-</p><p>quelado, complexo de ferro polimaltosado (ferripolimaltose) e</p><p>ferro carbonila7. É importante que o médico tenha ciência da</p><p>quantidade exata de ferro elementar do composto que está</p><p>prescrevendo para o tratamento de seu paciente. A Tabela 2</p><p>resume a quantidade de ferro elementar por gota para cada</p><p>tipo de apresentação.</p><p>Todos os compostos com ferro apresentam eficácia</p><p>semelhante quanto ao tratamento e prevenção da anemia</p><p>ferropriva.</p><p>O sulfato ferroso é eficaz na correção da anemia e</p><p>reposição dos estoques de ferro, tem baixo custo e rápida</p><p>absorção (difusão ativa e passiva no duodeno)23. Cada 1mg de</p><p>sulfato ferroso equivale a cinco vezes a quantidade de ferro</p><p>elementar em mg. Porém sofre influência dos componentes</p><p>dietéticos, e a suplementação deve ser realizada longe das</p><p>refeições, recomendando-se a tomada em jejum,1h antes das</p><p>refeições ou antes de dormir7.</p><p>Em relação aos efeitos adversos, constatou-se que</p><p>estão presentes em 35% a 55% das crianças que fazem uso</p><p>dos sais ferrosos23.</p><p>Já os sais férricos (ferripolimaltose) podem ser admi-</p><p>nistrados durante ou após a refeição e apresentam menor in-</p><p>cidência de efeitos adversos, o que lhes confere maior adesão</p><p>e melhores resultados ao tratamento23.</p><p>Outras opções são os sais ferrosos com ferro amino-</p><p>quelado (união covalente do ferro na forma ferrosa quelado</p><p>com um aminoácido glicinato e citrato de cálcio) e o ferro</p><p>carbonila23.</p><p>Monitorização do tratamento</p><p>Com a terapêutica estabelecida, a sensação de</p><p>bem-estar é notada nos primeiros dias do tratamento jun-</p><p>tamente ao desaparecimento de sintomas mais intensos,</p><p>como a pica ou a síndrome das pernas inquietas. Nesse</p><p>período, também pode ser observada uma reticulocitose</p><p>discreta, com pico entre 5-10 dias. A hemoglobina eleva-</p><p>-se lentamente dentro de uma a duas semanas, podendo</p><p>chegar a um aumento de 2g/dL em três semanas. Dentro</p><p>de quatro semanas, o déficit diminui em 50% e tende a</p><p>normalizar em seis a oito semanas, se não houver perdas</p><p>sanguíneas. Clinicamente, as papilas linguais são reconsti-</p><p>tuídas progressivamente em semanas a meses. As reservas</p><p>de ferro são restabelecidas dentro dos seis meses do trata-</p><p>mento. O objetivo é manter os pacientes em suas atividades</p><p>normais, minimizando ao máximo os efeitos adversos do</p><p>medicamento em uso4.</p><p>Tabela 2. Quantidade de ferro elementar em cada tipo de sal de ferro.</p><p>Tipo de ferro Ferro elementar por comprimido Ferro elementar forma líquida</p><p>Sulfato ferroso 40-60</p><p>Cada gota equivale a 1,25mg de ferro elementar</p><p>Cada 1mL do xarope contém 8mg de ferro elementar</p><p>Ferripolimaltose</p><p>(pode apresentar duas formas, consultar bula) 100</p><p>Cada gota contém 2,5 a 5mg de ferro elementar.</p><p>Cada 1mL do xarope contém 10mg de ferro elementar</p><p>Ferro aminoquelado 30 a 100 Cada gota contém 2,5mg de ferro elementar</p><p>Ferro Carbonila 120 Cada gota contém 2,5mg de ferro elementar</p><p>Fonte: Cançado (2009)24.</p><p>8</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>Diante da gravidade da ferropenia, o tratamento do</p><p>quadro deve ser monitorizado de forma sistemática. Deve ser</p><p>feita por meio de parâmetros laboratoriais de reticulócitos,</p><p>hemograma completo a cada 30 a 60 dias, e dosagem de mar-</p><p>cadores do estoque de ferro (ferritina), com 30 e 90 dias. O</p><p>tratamento deve durar até a reposição dos estoques de ferro,</p><p>quase sempre por volta dos seis meses7.</p><p>Falhas no tratamento</p><p>A principal causa de falha de tratamento é o uso</p><p>inadequado da medicação, que pode ser por baixa adesão</p><p>ao tratamento devido aos efeitos adversos gastrointestinais,</p><p>dose inadequada ou duração insuficiente. Outras causas</p><p>importantes são a continuidade da perda de sangue (por falha</p><p>na identificação de sangramento ou de distúrbio de absor-</p><p>ção de ferro, como doença celíaca, gastrite atrófica, doença</p><p>comórbidas que interfiram a resposta ao ferro oral), anemia</p><p>doença crônica, doença renal crônica, doença inflamatória ou</p><p>infecciosa associada, diagnóstico incorreto (como talassemia</p><p>beta menor) e deficiências nutricionais combinadas23.</p><p>Fluxograma para diagnóstico precoce, tratamen-</p><p>to e acompanhamento da anemia ferropriva</p><p>O fluxograma a seguir (imagem 1) estabelece de forma</p><p>sistemática o diagnóstico precoce, o tratamento e o acompa-</p><p>nhamento da deficiência de ferro.</p><p>Imagem 1. Fluxograma para diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento da ferropenia.</p><p>Fonte: autoria própria.</p><p>9</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>Prevenção</p><p>São medidas de prevenção da anemia em âmbito cole-</p><p>tivo que devem ser priorizadas por meio de políticas públicas e</p><p>revisadas pelos profissionais de saúde com frequência, estando</p><p>atentos às atualizações citadas no Quadro 1:</p><p>Uma medida também muito importante, devido a sua</p><p>grande prevalência no nosso meio, é orientar quanto ao não</p><p>consumo de leite de vaca in natura e não processado, em</p><p>pó ou fluido, até os 12 meses de vida, e, após esse período,</p><p>limitação de consumo de 500ml por dia7.</p><p>Desde 2005, no Brasil, há políticas para a suplemen-</p><p>tação do ferro, o Programa Nacional de Suplementação de</p><p>Ferro (PNSF). O PNSF engloba crianças de seis a 24 meses</p><p>de idade, gestantes e lactantes até o terceiro mês pós-parto</p><p>orientando suplementação profilática com sais de ferro via</p><p>oral. Segundo o programa, crianças entre seis e 24 meses</p><p>devem ser suplementadas com ferro na dosagem de 1mg por</p><p>quilo de peso ao dia11.</p><p>Atualmente, a Sociedade Brasileira de Pediatria orienta</p><p>em lactentes em aleitamento materno exclusivo, sem fatores</p><p>de risco já citados neste artigo, iniciar suplementação com</p><p>Quadro 1. Medidas coletivas de prevenção da anemia ferropriva na infância.</p><p>- Aleitamento materno;</p><p>- Suplementação profilática;</p><p>- Fortificação de alimentos e refeições (sugere-se a avaliação da resolutividade do programa nas dosagens atuais);</p><p>- Reforço da consulta pediátrica durante o pré-natal;</p><p>- Estímulo aos testes de triagem neonatal para análise de outras causas da anemia;</p><p>- Clampeamento adequado do cordão umbilical após o parto;</p><p>- Orientações adequadas para alimentação complementar do lactente;</p><p>- Uso adequado de fórmulas infantis;</p><p>- Orientações nutricionais adequadas para famílias com rotinas alimentares específicas (como o vegetarianismo) ou famílias cujas crianças fazem todas as</p><p>refeições na escola.</p><p>Tabela 3. Recomendação de suplementação medicamentosa profilática de ferro em lactentes.</p><p>Recém-nascidos SEM FATOR DE RISCO, a termo, AIG, em AME até o 6º mês 1mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando aos 180 dias de vida até o 24º mês</p><p>de vida</p><p>Recém-nascidos COM FATOR DE RISCO, a termo, AIG, em AME até o 6º mês 1mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando aos 90 dias de vida até o 24º mês</p><p>de vida</p><p>Recém-nascidos a termo, AIG, independentemente do tipo de alimentação 1mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando aos 90 dias de vida até o 24º mês</p><p>de vida</p><p>Recém-nascidos a termo com peso inferior a 2.500g 2mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um</p><p>ano. Após esse prazo, 1mg/kg/dia mais um ano.</p><p>Recém-nascidos prematuros com peso superior a 1.500g 2mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um</p><p>ano. Após esse prazo, 1mg/kg/dia mais um ano</p><p>Recém-nascidos prematuros com peso entre 1.500 e 1.000g 3mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um</p><p>ano. Após esse prazo, 1mg/kg/dia mais um ano</p><p>Recém-nascidos prematuros com peso inferior a 1.000g 4mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante um</p><p>ano. Após esse prazo, 1mg/kg/dia mais um ano</p><p>Recém-nascidos prematuros que receberam mais de 100mL de concentrado</p><p>de hemácias durante a internação</p><p>Devem ser avaliados individualmente pois podem não necessitar de</p><p>suplementação de ferro com 30 dias de vida, mas sim posteriormente</p><p>Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria 202115</p><p>ferro profilático a partir dos 180 dias de vida, até o final do</p><p>segundo ano. Naqueles com presença de fatores de risco, a</p><p>suplementação deve ser iniciada aos 90 dias, independente</p><p>do tipo de alimentação. Os recém-nascidos prematuros (ida-</p><p>de gestacional inferior a 37 semanas) ou com peso inferior a</p><p>2.500g, o início deve ser aos 30 dias23. As recomendações da</p><p>SBP, SPSP e do Instituto PENSI em 2021 para a suplementação</p><p>profilática de ferro estão na Tabela 3.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Mesmo acometendo todos os grupos etários, étnicos</p><p>e níveis sociais, a anemia ferropriva ainda é uma doença que</p><p>atinge prioritariamente as camadas socialmente menos favo-</p><p>recidas, de menor renda e desenvolvimento. Esse fato se torna</p><p>ainda mais socialmente injusto diante de atuais estudos que</p><p>mostram que crianças acometidas com deficiência de ferro</p><p>já estão em patamares inferiores de capacidade cognitiva</p><p>quando comparadas a grupos sem deficiência, mesmo quando</p><p>pareados os níveis sociais e econômicos. Com tratamento há</p><p>melhora cognitiva, mas não se equipara ao grupo-controle</p><p>10</p><p>Residência Pediátrica; 2023: Ahead of Print.</p><p>sem deficiência de ferro. O seguimento de longo prazo mos-</p><p>tra resultados com déficit nos comportamentos, aumentado</p><p>risco de violência, dificuldades sociais, mesmo depois de 20</p><p>anos do tratamento. As sequelas são mais importantes quanto</p><p>menor o grau de estimulação e menor o nível social e econô-</p><p>mico da paciente.</p><p>Diante de toda essa conjuntura, nota-se que a profilaxia</p><p>e identificação precoce da anemia ferropriva trata-se de uma</p><p>verdadeira urgência pediátrica e uma ação de utilidade pública</p><p>que pode mudar a vida de toda uma geração.</p><p>Os esforços e as estratégias para prevenir a deficiência</p><p>de ferro devem contemplar a redução da pobreza, o acesso a</p><p>dietas adequadas para cada faixa etária, a melhora nos serviços</p><p>de saúde e do saneamento básico e a promoção de melhores</p><p>cuidados com as práticas de alimentação. O tratamento pre-</p><p>ventivo e sustentável inclui, primordialmente, a garantia do</p><p>aporte nutricional necessário de ferro para a população mais</p><p>vulnerável e a profilaxia com ferro oral.</p><p>Para que ocorra o mais precocemente possível o diag-</p><p>nóstico e o tratamento da anemia ferropriva, urge a coopera-</p><p>ção e o apoio das sociedades científicas ou mistas no sentido</p><p>de estimular a consulta pediátrica no pré-natal para ajustes</p><p>na avaliação de anemia materna e suplementação preventiva/</p><p>corretiva. A anemia secundária a um pré-natal inadequado,</p><p>ausência de aleitamento materno ou inadequada introdução</p><p>de alimentos complementares com boas fontes de ferro são</p><p>causas potencialmente preveníveis, sendo responsabilidade</p><p>e ação de profissionais da saúde na condução desse grande</p><p>problema de saúde nacional.</p><p>Este estudo se torna de importância do âmbito cientí-</p><p>fico e social, sistematizando a abordagem da ferropenia para</p><p>facilitar e organizar a luta contra essa condição que é uma</p><p>verdadeira urgência na pediatria.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>1. Greer FR, Sicherer SH, Burks AW, American Academy of Pediatrics</p><p>Committee on Nutrition, American Academy of Pediatrics Section on A,</p><p>immunology. 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