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<p>AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SERRAVILLE/RS</p><p>FLÁVIO DUTRA, estado civil ..., desempregado, inscrito no CPF sob nº ..., e-mail..., residente e domiciliado na rua dos Lestrigões Épicos, nº 725, apt. 42, Serraville/RS, vem à presença de Vossa Excelência, por meio do seu Advogado, infra-assinado, ajuizar</p><p>AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.</p><p>em face de Joana Bradiburgo Dumont, estado civil ..., empresária, inscrito no CPF sob nº ..., e-mail..., residente e domiciliado na Rua das Margaridas, nº 34, Condomínio Vale Verde, Serraville/RS, pelos motivos e fatos que passa a expor.</p><p>DA JUSTIÇA GRATUITA</p><p>Atualmente o autor é desempregado e teve despesas médicas elevadas decorrentes dos fatos narrados nesta inicial, razão pela qual não pode arcar com as despesas processuais.</p><p>Para o benefício, o autor junta declaração de hipossuficiência, a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), o extrato bancário dos últimos três meses comprovando baixa movimentação e os comprovantes de despesas com água, luz, alimentação, remédios e medicamentos.</p><p>Portanto, com base no art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal e conforme o art. 98º do CPC, requer que seja deferida a gratuidade de justiça ao autor.</p><p>DOS FATOS</p><p>Na data de 15 de março de 2023, o requerente trafegava com o seu veículo particular por rua movimentada da cidade de Serraville, respeitando a sinalização e os limites de velocidade da via, quando percebeu um veículo em alta velocidade trafegando pela contramão de direção com o intuito de fazer uma ultrapassagem perigosa. Que, decorrente da ultrapassagem negligente da requerida, aconteceu uma forte colisão com o seu veículo, causando ao requerente lesões físicas, danos materiais de grande monta no automóvel e danos morais graves.</p><p>O acidente resultou em diversas lesões físicas como fraturas ósseas, ferimentos e contusões que obrigaram o requerente a passar por procedimento cirúrgico. Ante o quadro de hipossuficiência, as despesas médicas e a redução de sua qualidade de vida e capacidade para trabalho contribuíram para o aparecimento de quadro de ansiedade e depressão graves, decorrentes do dano emocional causado pelo acidente.</p><p>Os fatos se encontram registrados no boletim de atendimento de acidente de trânsito (BAT) da Polícia Militar em anexo. Os documentos de atendimento e condução pela equipe do SAMU, assim como os que atestam a cirurgia e o estado de saúde posterior também se encontram anexados.</p><p>Em que pese a situação de desemprego, o requerente estava à procura de trabalho, tendo as lesões físicas impossibilitado a continuidade das buscas e eventual contratação, fator que contribuiu para agravar seu quadro financeiro e emocional.</p><p>O veículo do autor era seu único meio de locomoção para a procura de emprego e realização de entrevistas profissionais. A inviabilidade de locomoção contribui para o aumento da angústia vivida diante da falta de perspectiva de contratação. O veículo não pode ser reparado em razão dos danos ao motor, sendo caso de perda total, conforme a análise realizada pela concessionária da marca do automóvel em documento anexo. Por sua vez, o valor de tabela FIPE do veículo na data do fato era R$ 72.000,00.</p><p>Previamente à interposição da ação, o autor compareceu à residência da requerida com o objetivo de realizar acordo e resolução dos fatos, mas esta se recusou a recebê-lo, demonstrando total desprezo. Mesmo sendo a responsável pelos danos sofridos, não o procurou para repará-los ou sequer para saber seu estado de saúde ou se precisava de auxílio.</p><p>A sra. Joana Bradiburgo Dumont possui situação econômica favorável, pois é proprietária da maior rede de supermercado do município de Serravile/RS, razão pelo qual pode arcar com os danos sofridos pelo autor.</p><p>Portanto, tendo sofrido lesão aos seus direitos, faz jus a tutela jurisdicional para ver a requerida condenada a reparar seus prejuízos materiais com o valor de seu veículo e indenização moral decorrente de seu abalo psicológico.</p><p>DO DIREITO</p><p>a) Da responsabilidade civil:</p><p>O direito do Autor encontra respaldo na própria Constituição Federal:</p><p>“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:</p><p>X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. [g. N]</p><p>Por sua vez, os artigos 186 e 927 do Código Civil Brasileiro tratam dos atos ilícitos e da responsabilidade civil e obrigação de indenizar:</p><p>“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”</p><p>“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”</p><p>Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, CTB:</p><p>“Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.”</p><p>“Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:</p><p>IX - a ultrapassagem de outro veículo em movimento deverá ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização regulamentar e as demais normas estabelecidas neste Código, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito de entrar à esquerda;</p><p>c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa extensão suficiente para que sua manobra não ponha em perigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário” [g. N].</p><p>“Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua velocidade.” [g. N].</p><p>De acordo com os danos do veículo, expostos no boletim de atendimento da Polícia Militar, resta demonstrado que a requerida faltou com o dever de atenção e cuidado indispensável à segurança no trânsito ao realizar ultrapassagem com imprudência na direção de veículo automotor, não se certificando do perigo para os usuários da via ou, ainda que ciente da possibilidade de acidente, assumindo o risco da colisão. Ao descumprir o seu dever de cuidado, violou o direito do autor a um trânsito seguro e a preservação de sua integridade física e patrimonial.</p><p>Nesse sentido, já se manifestou o Egrério Tribunal de Justiça de Minas Gerais, cuja ementa transcreve-se:</p><p>“ACIDENTE DE TRÂNISTO - ULTRAPASSAGEM EM LOCAL PROIBIDO - BOLETIM DE OCORRÊNCIA - PRESUNÇÃO DE VERACIDADE - AUSÊNCIA DE PROVA EM SENTIDO CONTRÁRIO - DANOS MATERIAIS - PROVA. O condutor do veículo que realiza ultrapassagem em local proibido, invadindo a contramão de direção e provocando acidente de trânsito, deve ser responsabilizado pelos danos ocasionados em razão de acidente que ocorreu por sua culpa. O boletim de ocorrência possui presunção "iuris tantum" de veracidade. Ausente prova que refute documento lavrado por agente público, este deve prevalecer.” [g. N].</p><p>(TJ-MG - AC: XXXXX10820213001 MG, Relator: Marco Aurelio Ferenzini, Data de Julgamento: 26/08/2021, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 26/08/2021)</p><p>b) Dos danos materiais:</p><p>O dano patrimonial resta comprovado através da análise do documento da concessionária que atesta a perda total do veículo. Segundo o jurista Flávio Tartuce, os danos patrimoniais ou materiais são aqueles que atingem o patrimônio corpóreo de alguém, ou seja, aquilo que efetivamente se perdeu (Manual de Direito Civil, 13ª Ed., Rio de Janeiro: Método, 2023).</p><p>Diante do fato, conforme provas dos danos apresentada pelo autor e considerando que este não concorreu para o resultado, resta exclusiva a culpa da requerente e o seu dever de indenizar integralmente o valor correspondente ao veículo.</p><p>c) Dos danos morais:</p><p>O artigo 5º da Constituição Federal, em seu inciso X, também</p><p>dispõe sobre a vertente imaterial do dano (moral). Trata-se de uma lesão aos direitos de personalidade e ataque à dignidade humana. Na dicção do STJ:</p><p>“(...) O dano moral caracteriza-se por uma ofensa, e não por uma dor ou um padecimento. Eventuais mudanças no estado de alma do lesado decorrentes do dano moral, portanto, não constituem o próprio dano, mas eventuais efeitos ou resultados do dano. Já os bens jurídicos cuja afronta caracteriza o dano moral são os denominados pela doutrina como direitos da personalidade, que são aqueles reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em suas projeções na sociedade. A CF deu ao homem lugar de destaque, realçou seus direitos e fez deles o fio condutor de todos os ramos jurídicos. A dignidade humana pode ser considerada, assim, um direito constitucional subjetivo – essência de todos os direitos personalíssimos –, e é o ataque a esse direito o que se convencionou chamar dano moral” (STJ, REsp 1.245.550/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 17.03.2015, DJe 16.04.2015).</p><p>Diante das circunstâncias em que se encontra o requerente, narradas nesta inicial, e considerada a perda de seu único meio de locomoção, a impossibilidade de continuar à procura de emprego, as lesões, cirurgias médicas e despesas com medicamentos, tudo em contexto de desemprego. Por fim, considerado também o completo desprezo demonstrado pela requerida, tornou-se inevitável o desenvolvimento do quadro depressivo do requerente, restando evidente também a lesão psicológica e dano em seu aspecto moral, dada a violação da dignidade do autor e o estado precário em que passou a viver desde então.</p><p>DOS PEDIDOS</p><p>Por todo o exposto, REQUER:</p><p>1. A citação do Réu para, querendo, contestar a presente ação no prazo de 15 dias, sob pena de revelia;</p><p>2. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil;</p><p>3. A total procedência dos pedidos para:</p><p>3.1 A condenação do Réu ao pagamento de indenização por danos materiais, no valor de R$ 72.000,00, correspondente aos prejuízos sofridos pelo Autor em decorrência do acidente;</p><p>3.2 A condenação do Réu ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 5.000,00 em virtude do sofrimento físico e emocional causado ao Autor;</p><p>4. A condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;</p><p>5. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial o depoimento pessoal do Réu, oitiva de testemunhas e perícia técnica.</p><p>Por fim, manifesta o interesse na audiência conciliatória, nos termos do Art. 319, inc. VII do CPC.</p><p>Dá-se à causa o valor de R$ 77.000,00.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>SERRAVILE/RS, DATA</p><p>____________________________</p><p>Nome e assinatura do advogado.</p><p>Nº da OAB.</p><p>#7590115 Mon Mar 18 16:42:21 2024</p>

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