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<p>Saúd� Menta� � Atençã� Psic�ssocia�</p><p>Loucura, Sociedade e Reforma Psiquiátrica</p><p>A loucura já foi associada a certos dons sobrenaturais, à liberdade, à criatividade artística, à genialidade</p><p>intelectual, à pura diferença, à diferença radical, à verdade, à sabedoria do destino, à alegria, à adivinhação,</p><p>ao dom de guiar e/ou liderar determinado grupo, entre outros.</p><p>A esse respeito, basta pensarmos na ascensão de um indivíduo à posição de xamã em determinadas</p><p>culturas, na qual se requer deste uma série de manifestações alucinatórias, convulsivas e “delirantes”</p><p>capazes de explicitar e até mesmo comprovar seus dons de liderança. Vincent Van Gogh, famoso artista que</p><p>apresentava sintomas que apontam para transtorno mental.</p><p>Existe uma boa quantidade de filmes e documentários que retratam as formas preconceituosas de conceber</p><p>a loucura.</p><p>Bicho de Sete Cabeças possui uma importância especial sobretudo por ter servido como disparador de</p><p>diversos debates no contexto da aprovação da Lei nº 10.216 de 2001, conhecida como a Lei da Reforma</p><p>Psiquiátrica brasileira. Seu conteúdo versa sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de</p><p>transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.</p><p>A loucura pôde ser associada a possessões demoníacas, à bruxaria, ao descontrole, à irresponsabilidade, à</p><p>agressividade, à violência, à periculosidade, à criminalidade, à preguiça, à improdutividade, à incompetência,</p><p>à desrazão, à alienação mental e, mais contemporaneamente, à doença e aos transtornos mentais.</p><p>As fogueiras da inquisição, os campos de trabalho forçado, a tortura, a prisão, as sangrias e as purgações, o</p><p>manicômio, as mutilações cerebrais, os castigos de toda sorte, bem como as modernas contenções</p><p>medicamentosas, são apenas alguns exemplos de práticas sociais dirigidas à questão da loucura, quando</p><p>associada aos aspectos negativos descritos acima.</p><p>A contenção medicamentosa é uma prática que muitos pacientes ainda sofrem, sendo submetidos a fortes</p><p>medicamentos e altas dosagens que não só controlam seus sintomas mentais como também inibem sua</p><p>vontade, afetividade etc.</p><p>Um dispositivo, para Foucault (2014), traduz-se como um conjunto dominante e estratégico que comporta</p><p>discursos, instituições, arranjos arquitetônicos, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas,</p><p>enunciados científicos, proposições filosóficas, morais e filantrópicas que, em um dado momento histórico,</p><p>tem por função responder a determinadas questões sociais de seu tempo.</p><p>Arranjo arquitetônico seria aquilo que Foucault chamou de instituições disciplinares, neste caso representado</p><p>pelo manicômio, baseadas num sistema jurídico calcado na segurança social e na reclusão.São esses</p><p>elementos, imbricados uns nos outros, fortalecendo-se mutuamente, que vão produzir a grande teia que</p><p>constitui aquilo que Foucault chama de dispositivo de captura da loucura, transformada em doença mental.</p><p>institucionalização da loucura.</p><p>O conceito de dispositivos de Foucault</p><p>Segundo Foucault (1972), esse processo só foi possível devido a mudanças que ocorreram na sociedade</p><p>ocidental e à constituição de uma série de dispositivos de captura e de apropriação do fenômeno da loucura</p><p>que datam do final do século XVII e início do XVIII.</p><p>No que se refere ao momento em que a loucura passa a ser vista como um problema social a ser tratado, um</p><p>dos principais elementos deste dispositivo será a constituição e o desenvolvimento da medicina mental como</p><p>campo de saber teórico e prático. Esse campo responsável pela construção de toda uma maneira de ver e</p><p>falar sobre a loucura transforma-a, nesse caso, em doença mental, isto é, em uma patologia.</p><p>“o que a psiquiatria denomina ‘curso natural da doença’ é, na realidade, a ‘carreira moral do doente mental’”</p><p>Da mesma maneira, Foucault (1968, p. 87) afirma que “o que se chama ‘doença mental’ é apenas loucura</p><p>alienada”. Ou seja, as ideias, as percepções e os sentimentos que temos sobre a loucura e sua própria forma</p><p>de apresentação se constituem já como um efeito de práticas e discursos que a capturaram historicamente.</p><p>Em outros termos, o que conhecemos como loucura hoje diz respeito às forças que se apoderaram dessa</p><p>experiência ao longo da história, como é o caso da constituição do saber-poder médico que, a partir do final</p><p>do século XVII e início do XVIII. O saber-poder médico-psiquiátrico, como já dissemos, está necessariamente</p><p>relacionado às concepções políticas, sociais e econômicas de seu tempo.</p><p>Analogia com a captura histórica do conceito Infância</p><p>a noção de infância, bem como a criação de instituições específicas para o cuidado infantil, é um</p><p>empreendimento que tem início apenas no fim do século XVII e início do XVIII. Essa criação é efeito dos</p><p>grandes investimentos políticos e econômicos implicados com a máxima eficiência produtiva de seus corpos,</p><p>momento em que o corpo da criança se torna espaço de disputa do poder.</p><p>a criança é destacada do meio adulto e enviada às instituições destinadas à sua “educação”, onde as</p><p>relações de aprendizado mútuo entre jovens, e destes com os adultos, dá lugar ao enclausuramento dos</p><p>primeiros. É instituída uma espécie de “quarentena”, engendrando os processos de escolarização e, ao</p><p>mesmo tempo, oferecendo visibilidade e sentido ao que denominamos contemporaneamente de infância.</p><p>Isso quer dizer que a forma dominante de experimentar a infância tornou-se o modo de vida aluno, eterno</p><p>candidato ao sucesso ou ao fracasso no mercado de trabalho. Assim, quando pensamos em criança,</p><p>pensamos imediatamente em escolarização, num modo de ser aluno.</p><p>Breve histórico da questão social da loucura</p><p>A visão de Foucault</p><p>A mesma coisa se passa com a experiência da loucura que, a partir da construção de processos análogos e</p><p>contemporâneos um do outro, passa a ser atribuída a aspectos negativos, como o descontrole, a</p><p>agressividade, a violência, a periculosidade, a improdutividade, a patologia, entre outros.</p><p>Antes de mais nada, é importante perceber que Foucault estuda a história para pensar o presente. Nesse</p><p>sentido, ele quer saber quando a loucura passou a ser pensada como doença, entendendo que isso nem</p><p>sempre foi assim. Portanto, estudar a loucura numa perspectiva histórica é buscar conhecer a transformação</p><p>desses olhares ao longo do tempo, para entender como chegamos a ver o que vemos hoje.</p><p>quando nos damos conta de que as coisas não são naturais, mas, sim, produções históricas,</p><p>compreendemos também que podem ser modificadas, potencializando assim nossa capacidade de agir no</p><p>mundo, no presente.</p><p>Segundo Foucault, antes de ter sido “dominada” por volta do final do século XVII, a loucura estava “ligada,</p><p>obstinadamente, a todas as experiências maiores da Renascença”</p><p>Naquele momento, a loucura circulava livremente pelos espaços públicos e era tema recorrente de diversas</p><p>expressões artísticas, como peças de teatro, romances, entre outros.</p><p>Os loucos “conhecidos” eram tolerados, e os loucos “estranhos”, com comportamentos desviantes e bizarros,</p><p>incluindo os bêbados e os devassos, eram confinados em navios numa espécie de exílio ritualístico.</p><p>A percepção social da loucura era, então, de uma alteridade pura, ou seja, a loucura era vista como uma</p><p>diferença radical, genuína, experiência originária. Os loucos poderiam até mesmo ser pensados como</p><p>aqueles que diziam a verdade quando todos a escondiam. A loucura era também trágica, uma vez que se</p><p>encontrava fora do alcance de interpretações que visavam ao seu controle e submetimento a uma razão</p><p>universal e abstrata, ou a um sentido interpretativo dominante. Em outras palavras, poderia ser pensada</p><p>como uma simples desrazão, sem conotação médica.</p><p>No que diz respeito aos hospitais, nessa época, não tinham o propósito de cura ou tratamento, mas exerciam</p><p>a simples função de hospedaria, depósito de gente para onde se encaminhava todo tipo de excluídos da</p><p>ordem social, econômica e política. Instituições de caridade abrigavam pobres, mendigos, desabrigados e</p><p>doentes, porém sem nenhuma conotação terapêutica.</p><p>Influências da organização social do trabalho</p><p>Mudanças de ordem social, como o declínio do feudalismo, o início da industrialização, o crescimento</p><p>populacional nas cidades, o aumento da expectativa de vida e, sobretudo, as mudanças na organização</p><p>social do trabalho, tornaram menores os limites de tolerância à loucura.</p><p>O trabalho agrícola de subsistência e o artesanato para trocas imediatas tinham como característica a pouca</p><p>discriminação entre indivíduos considerados aptos ou não aptos para o exercício dessas atividades. Esses</p><p>respeitavam, de certa forma, o tempo ou o ritmo de cada um. Porém, com o declínio do campesinato e o fim</p><p>dos ofícios artesanais, o modo de produção deixa de respeitar o tempo de cada um e passa a ser submetido</p><p>aos batimentos do relógio e ao compasso das máquinas, tornando-se mais discriminatório em ternos de</p><p>diferenças individuais.</p><p>As medidas legislativas de repressão se complementaram pela criação de instituições, as casas de correção</p><p>e de trabalho e os chamados hospitais gerais que, apesar do nome, não tinha qualquer função curativa.</p><p>Destinavam-se a limpar as cidades dos mendigos e antissociais em geral, a prover trabalho para os</p><p>desocupados, punir a ociosidade e reeducar para a moralidade mediante instrução religiosa e moral.</p><p>Os hospitais gerais como estruturas de exclusão</p><p>O louco, que durante longo tempo pôde usufruir de relativa tolerância e liberdade, será incluído no grupo que,</p><p>por não conseguir se adaptar à nova ordem social, constitui-se como ameaça a esta mesma ordem. entre as</p><p>instituições encarregadas de recolher esses indivíduos está o Hospital Geral, que nesse momento passa a</p><p>assumir um novo papel. No fim do século XVII, o hospital, outrora predominantemente caritativo, passa a</p><p>cumprir uma função social e política mais explícita, inserida naquilo que Foucault chamou de “estrutura da</p><p>exclusão”.</p><p>a origem da medicina mental ou da Psiquiatria encontra seu ápice nesse momento, com a criação, em 1656,</p><p>do Hospital Geral de Paris, por decreto do rei da França. É também a partir daí que surge um novo lugar</p><p>social para a loucura, o da segregação e isolamento.</p><p>Com a desorganização social e econômica da Europa, a loucura passa a ser vista como algo a ser excluído.</p><p>Os diferentes em relação à moral, à razão e à ordem social passam a ser encaminhados para o isolamento.</p><p>O objetivo era limpar a cidade, ocupar quem não trabalhava, punir o ócio, reeducar os desviados.</p><p>O hospital, que antes exercia a função de caridade, vai ganhando cada vez mais a função de controle social,</p><p>cujo objetivo é o de dar uma resposta ao problema da escassez de mão de obra, da “vagabundagem” e da</p><p>mendicância. Nesse período na Europa, empreendeu-se uma grande repressão à mendicância, à</p><p>vagabundagem e à ociosidade. Isso se deve à resistência das pessoas à mudança dos modos de produção,</p><p>em que se tratava de inverter a equação trabalhar para viver para viver para trabalhar, do campesinato e dos</p><p>ofícios artesanais para o advento da manufatura.</p><p>Os hospitais destinavam-se a limpar as cidades dos mendigos e antissociais em geral, a prover trabalho para</p><p>desocupados, punir a ociosidade e reeducar para a moralidade mediante instrução religiosa e moral</p><p>(RESENDE, 1990).</p><p>Ainda durante muito tempo a casa de correção ou os locais do Hospital Geral servirão para a colocação dos</p><p>desempregados, dos sem trabalho, e vagabundos.</p><p>A medicalização dos hospitais</p><p>No final do século XVIII, com o fortalecimento dos ideais iluministas e o advento da Revolução Francesa</p><p>(1789), que tinha como princípio os ideais de Igualdade, Liberdade e Fraternidade, esses espaços passam a</p><p>receber uma série de denúncias, uma vez que o que acontece em seu interior em nada se assemelha</p><p>àqueles ideais.</p><p>A afirmação desses ideais tem então como consequência a exigência de democratização de todos os</p><p>espaços sociais, dentre eles a instituição hospitalar.É nesse contexto específico que os médicos adentram o</p><p>hospital, com o objetivo de adequá-lo ao novo espírito da época. Tem início aqui o que foi chamado de</p><p>humanização do hospital, com a introdução de uma série de tecnologias disciplinares de controle e</p><p>organização do espaço e do tempo.</p><p>Uma das primeiras medidas de reorganização desses espaços será a libertação daqueles indivíduos que</p><p>haviam sido internados em função das medidas autoritárias do Antigo Regime, caso ainda fossem aptos para</p><p>o trabalho, devido à escassez de mão de obra. Com a criação de outras instituições como as casas de</p><p>correção, os reformatórios, os centros de reabilitação e os orfanatos, os demais indivíduos, jovens demais</p><p>para o trabalho ou considerados perigosos demais para a vida em sociedade, também puderam encontrar</p><p>seus destinos.</p><p>Para os loucos, restou o hospital como herança. pela primeira vez esses indivíduos receberam, ou melhor,</p><p>sofreram, algum tratamento psiquiátrico. o fato é que o hospital começa a se medicalizar ao mesmo tempo</p><p>em que a Medicina vai se tornando um saber hospitalar, extraindo dessa prática um conhecimento cada vez</p><p>maior sobre o hospital, as doenças, suas diferentes categorizações, sua forma de evolução e sua clínica de</p><p>maneira geral. O hospital, lugar de mortificação, torna-se agora lugar de saber e verdade, em estreita</p><p>consonância com os ideais iluministas. O poder sobre o hospital, antes nas mãos da filantropia e do clero,</p><p>passa agora inteiramente para as mãos do médico. É nesse momento que surge a figura de Fhilippe Pinel,</p><p>considerado o fundador da Psiquiatria, que, em 1793, assume a direção do Hospital de Bicêtre, uma das</p><p>unidades do Hospital Geral.</p><p>uma nova fase da história da loucura, inaugurada por aquilo que ficou conhecido como “o gesto de Pinel”, que</p><p>seria o de ter libertado os loucos das correntes, humanizando o hospital. Ele, em um mesmo gesto, teria</p><p>aprisionado a loucura a outras amarras, em uma prisão mais sutil, como se costuma dizer.</p><p>Inserido em uma certa corrente de pensamento de seu tempo, Pinel e seus contemporâneos passam a</p><p>conceber a loucura como “alienação mental”, alienação essa cujas causas estariam presentes no meio social.</p><p>Ora, se as causas da loucura, agora compreendida como “alienação mental”, estavam presentes no meio</p><p>social, seu tratamento deveria se basear no afastamento do louco do mundo exterior. Ou seja, o tratamento</p><p>deveria começar com o isolamento.</p><p>Pinel consolidou o conceito de alienação mental e estabeleceu uma nova profissão, a de alienista. Em suma,</p><p>Pinel fundou os primeiros hospitais propriamente psiquiátricos e instaurou o primeiro modelo de tratamento ao</p><p>estabelecer o chamado “tratamento moral”, baseado no isolamento, na ordem e na disciplina dos internos.</p><p>É assim que, enquanto instituição disciplinar, o hospital de alienados passa a ser pensado como instituição</p><p>terapêutica, destinado a educar a mente, afastar os delírios e chamar a consciência à realidade.</p><p>Os loucos não são mais enclausurados por caridade ou repressão, mas por um imperativo terapêutico, que</p><p>nesse contexto significava garantir a segurança do louco e de sua família, liberá-lo das influências externas,</p><p>vencer suas resistências pessoais, submetê-lo a um regime médico, impor-lhe novos hábitos, entre outros.</p><p>Mudança no modelo de atenção psiquiátrica</p><p>Pressupostos da crítica ao modelo psiquiátrico tradicional</p><p>Será como questionamento dessa forma de aprisionamento daqueles que escapam à ordem social dominante</p><p>que irão surgir as chamadas psiquiatrias reformadas, ou aquilo que recebe o nome de Reforma Psiquiátrica,</p><p>movimentos que, dentro da própria Psiquiatria ou não, têm como horizonte a crítica a esse estado de coisas.</p><p>A Psiquiatria é um saber que já nasceu criticado, principalmente por suas contradições relacionadas àqueles</p><p>ideais da Revolução Francesa, sobretudo os ideais de liberdade e cidadania, uma vez que a formação do</p><p>cidadão pressupõe a convivência e o compartilhamento de uma vida comunitária em liberdade, na pólis, e</p><p>não no confinamento e na exclusão.</p><p>No Brasil, O Alienista, de Machado de Assis, é uma das críticas mais contundentes a esse paradigma, pois</p><p>coloca em xeque os principais pontos problemáticos desse modelo,</p><p>que são a discussão sobre o que é ser</p><p>normal ou anormal, questionando a pretensa neutralidade dos saberes científicos, produtores de verdade</p><p>sobre a loucura.</p><p>Publicado em 1882, o livro conta a história do doutor Simão Bacamarte, um alienista que, ao se aprofundar</p><p>em seus estudos de psiquiatria, constrói um manicômio chamado Casa Verde para abrigar os loucos de sua</p><p>região. A partir de seus próprios critérios de classificação e seleção da loucura, baseados, todavia, em</p><p>estudos e hipóteses pretensamente científicas, o doutor Simão Bacamarte acaba internando quase toda a</p><p>população da cidade fictícia de Itaguaí, uma vez que quase ninguém se enquadrava em seus critérios de</p><p>normalidade, sendo todos anormais, portanto.</p><p>Porém, quando se apercebe que todos são anormais e somente ele mesmo é normal, o Dr. Bacamarte</p><p>conclui que talvez o único anormal seja ele mesmo, internando a si próprio, por consequência, até a morte</p><p>A enorme dificuldade em estabelecer os limites entre a loucura e a sanidade; as evidentes funções sociais</p><p>(ainda) cumpridas pelos hospícios na segregação de segmentos marginalizados da população; as constantes</p><p>denúncias de violência contra os pacientes internados, fizeram com que a credibilidade do hospital</p><p>psiquiátrico e, em última instância, da própria psiquiatria, logo chegasse aos mais baixos níveis.</p><p>não adianta acabar com os manicômios se esses locais permanecerem dentro de nós. Ou seja, mesmo que</p><p>não seja realizada no espaço de um manicômio como descrevemos acima, ainda assim uma prática pode</p><p>guardar características manicomiais.</p><p>Reforma Psiquiátrica ao redor do mundo</p><p>As primeiras tentativas de resgatar a pretensa essência terapêutica da instituição psiquiátrica foram as</p><p>colônias de alienados, aldeias localizadas no interior das cidades para onde familiares enviavam seus loucos</p><p>a fim de serem tratados pelo trabalho no campo e pela própria formação de comunidade de trabalhadores,</p><p>onde ocorria uma suposta cura pelo trabalho.No início do século XX, o Brasil foi um grande signatário dessas</p><p>colônias, criando dezenas delas.</p><p>Novas tentativas de Reforma Psiquiátrica nasceram no período pós Segunda Guerra Mundial, quando essa</p><p>condição histórica revelou aspectos terríveis da natureza humana, demonstrando que o tratamento</p><p>dispensado aos loucos não diferia muito daqueles destinados aos prisioneiros dos campos de concentração e</p><p>de trabalho forçado, violando diversas dimensões da dignidade humana.</p><p>As Comunidades Terapêuticas e a Psicoterapia Institucional</p><p>A partir desse acontecimento histórico, surgem variadas experiências de reforma da instituição psiquiátrica,</p><p>consideradas pós-pinelianas. É o caso das experiências da “Comunidade Terapêutica” na Inglaterra e da</p><p>“Psicoterapia Institucional” na França, que acreditavam que o problema da instituição psiquiátrica estava em</p><p>sua forma de organização, na maneira de gerir as instituições. Sendo assim, essas experiências propunham</p><p>que, modificando as relações no interior do hospital, seria possível resgatar seu caráter terapêutico.</p><p>Comunidades Terapêuticas</p><p>As experiências das Comunidades Terapêuticas tiveram início na Inglaterra, com Maxwell Jones, em meados</p><p>dos anos 1950. Foi um processo de reforma institucional baseado na utilização do potencial dos próprios</p><p>pacientes no processo terapêutico, muitos deles ex-combatentes de guerra. Baseava-se na instauração de</p><p>grupos operativos, grupos de discussão, comunicação livre entre equipe e paciente, participação ativa dos</p><p>pacientes nas atividades propostas e assembleias diárias. Tudo na instituição poderia ser objeto de debate,</p><p>visando destituir a hierarquização e a verticalização dos papéis sociais, com o objetivo de democratizar as</p><p>relações e viabilizar a expressão livre dos sentimentos.</p><p>Psicoterapia Institucional</p><p>Já a Psicoterapia Institucional francesa teve como principal personagem François Tosquelles, um oficial</p><p>espanhol refugiado da ditadura do general Franco, na Espanha. Assim como a Comunidade Terapêutica,</p><p>tinha como objetivo recuperar o potencial terapêutico do hospital. No Hospital de Saint-Alban, Tosquelles</p><p>realizou uma das mais bem-sucedidas experiências de Reforma Psiquiátrica, propondo um movimento de</p><p>gestão autônoma entre pacientes e técnicos com passeios, festas, feiras de produtos dos próprios internos,</p><p>construção de ateliês de arte, oficinas de trabalho, entre outras atividades.</p><p>Esse movimento de gestão autônoma ficou conhecido como Clube Terapêutico. Tosquelles propunha ainda</p><p>que no hospital todos faziam parte de uma mesma comunidade e que, sendo assim, todos os seus agentes</p><p>teriam uma função terapêutica. Sua principal diferença com relação às experiências inglesas era a utilização</p><p>do conceito de transversalidade, que propunha o confronto de papéis, ou seja, uma mistura dos papéis</p><p>profissionais e institucionais com o objetivo de questionar a produção de hierarquias no interior do hospital.</p><p>A Psiquiatria de Setor e a Psiquiatria Preventiva</p><p>No fim dos anos 1950 e início dos 1960, surgem outras duas importantes experiências reformadoras: a</p><p>Psiquiatria de Setor e a Psiquiatria Preventiva.</p><p>A Psiquiatria de Setor tem como personagem principal Lucian Bonnafé, e aponta a necessidade de se realizar</p><p>um trabalho externo ao manicômio, dando continuidade ao tratamento fora do hospital, após a alta, evitando</p><p>novos casos. Para isso, serão criados os Centros de Saúde Mental (CSM), distribuídos em diferentes regiões</p><p>administrativas francesas, de acordo com o índice populacional. Essa experiência teve como característica a</p><p>inauguração da discussão sobre aquilo que ficou conhecido como regionalização da assistência psiquiátrica,</p><p>em que a própria divisão do espaço interno do hospital deveria corresponder à região de origem dos</p><p>pacientes.</p><p>Interessa ressaltar que as equipes também eram divididas, possibilitando o acompanhamento do paciente</p><p>tanto no hospital quanto no local de residência. A própria ideia de equipe terapêutica assume aqui uma</p><p>importância especial, uma vez que retirava do médico a exclusividade do cuidado.</p><p>O paciente passava a ser cuidado por uma equipe multidisciplinar, o que contribuiu para um olhar mais</p><p>integral de sua condição. Em suma, o principal legado dessa iniciativa, ou aquilo que a singulariza, foram as</p><p>noções de regionalização e de equipe multiprofissional.</p><p>A Psiquiatria Preventiva foi desenvolvida nos EUA por Gerald Caplan, considerado precursor dessa corrente.</p><p>Sua principal ideia era tornar o hospital obsoleto a partir de medidas preventivas, ou seja, prevenir para não</p><p>ter que remediar, como se costuma dizer. Por incentivo do próprio presidente dos EUA, a ordem então era a</p><p>de reduzir as doenças mentais das e nas comunidades, promovendo a saúde mental. Caplan acreditava que</p><p>todas as doenças mentais poderiam ser prevenidas, desde que detectadas precocemente, o que daria início</p><p>a uma caça aos suspeitos que possuíssem alguma.</p><p>O que aconteceu foi que, novamente, todos aqueles indivíduos que apresentavam algum tipo de</p><p>desadaptação social passaram a ser recolhidos pela ordem psiquiátrica, com a justificativa médica de buscar</p><p>promover a sua saúde mental, uma vez que apresentavam comportamentos considerados pré-patológicos.</p><p>No fim, ocorreu um aumento da demanda psiquiátrica nos EUA, já que esses serviços de atenção comunitária</p><p>acabaram servindo como centros de captação de uma nova clientela, promovendo o que posteriormente foi</p><p>chamado de medicalização do campo social.</p><p>a Psiquiatria Preventiva deixou como legado conceitos importantes, como a noção de cuidado comunitário e</p><p>de saúde mental, em detrimento da associação da Psiquiatria apenas com a noção de doença, e o conceito</p><p>de desinstitucionalização. Esta, naquele momento, estava muito ligada à noção de desospitalização apenas,</p><p>significando sobretudo a tentativa de reduzir o tempo médio de internação dos pacientes, antes internados</p><p>indefinidamente.</p><p>As experiências da Comunidade Terapêutica e da Psicoterapia Institucional visavam a uma intervenção no</p><p>interior do próprio hospital, numa espécie de reorganização ou democratização</p><p>de suas relações. Já as</p><p>experiências da Psiquiatria de Setor e da Psiquiatria Preventiva tinham como expectativa uma reforma por</p><p>fora, em meio externo, comunitário (ou “comendo pelas beiradas”). Porém, existe ainda um outro conjunto de</p><p>experiências mais radicais que visavam não apenas à reforma ou à melhoria dos hospitais, mas também ao</p><p>rompimento com o paradigma psiquiátrico como um todo: a Antipsiquiatria e a Psiquiatria Democrática.</p><p>A Antipsiquiatria e a Psiquiatria Democrática</p><p>A Antipsiquiatria foi um movimento que ganhou expressão em meio aos movimentos de contestação social</p><p>dos anos 1960.</p><p>Encabeçadas por Ronald Laing e David Cooper, essas experiências partiam do pressuposto de que a mera</p><p>reforma ou melhoria da instituição psiquiátrica não era suficiente. Sua crítica ao modelo psiquiátrico não se</p><p>restringia aos modelos de tratamento, mas sobretudo aos paradigmas teóricos adotados pela Psiquiatria, que</p><p>no seu entender adotava referenciais metodológicos equivocados, herdados das ciências naturais. Em suma,</p><p>com a Antipsiquiatria, veremos surgir a primeira crítica ao saber médico-psiquiátrico, no sentido de</p><p>desautorizá-lo a considerar a esquizofrenia como uma doença, ou como um objeto que poderia ser fixado</p><p>dentro dos parâmetros científicos então adotados.</p><p>Na medida em que o conceito de doença mental era então rejeitado, não existiria exatamente uma proposta</p><p>de tratamento da ‘doença mental’, no sentido clássico que damos à ideia de terapêutica. O princípio seria o</p><p>de permitir que a pessoa vivenciasse a sua experiência; esta seria, por si só, terapêutica, na medida em que</p><p>o sintoma expressaria uma possibilidade de reorganização interior. Ao ‘terapeuta’ competiria auxiliar a pessoa</p><p>a vivenciar e a superar este processo, acompanhando-a, protegendo-a, inclusive da violência da própria</p><p>psiquiatria.</p><p>Para a Antipsiquiatria, o que o hospital fazia era reproduzir as mesmas estruturas opressoras da sociedade,</p><p>produzindo patologias ao invés de tratá-las. Foi nesse sentido que criaram diversos espaços de contracultura,</p><p>lugares de vida, espaços “anti”.</p><p>A Psiquiatria Democrática tem como principal protagonista o psiquiatra italiano Franco Basaglia. No início de</p><p>seu trabalho, Basaglia se inspirou na Comunidade Terapêutica e na Psicoterapia Institucional, a fim de</p><p>recuperar o potencial terapêutico do hospital. Porém, com o passar do tempo, percebeu que esse tipo de</p><p>mudança não era suficiente, posto que não seria possível combater processos mortificadores com meras</p><p>medidas administrativas, ou mesmo humanizadoras.</p><p>Basaglia formulou a hipótese de que o manicômio não deveria ser combatido apenas em seu sentido físico,</p><p>mas que deveria ser pensado como um aparato que inclui saberes, práticas sociais, enunciados científicos,</p><p>medidas administrativas, legais, entre outras.</p><p>Para Basaglia, é esse dispositivo, ou esse “aparato manicomial”, que legitima um lugar de isolamento,</p><p>segregação, e patologização das experiências humanas, e apenas com sua desconstrução seria possível</p><p>construir um novo lugar social para a loucura.</p><p>Foi nesse hospital, na década de 1970, que se deu aquela que é considerada, até hoje, a mais bem-sucedida</p><p>experiência de transformação da Psiquiatria, constituindo-se como principal referência para o processo de</p><p>Reforma Psiquiátrica brasileira nas décadas de 1980 e 1990, iniciado na cidade de Santos, no estado de São</p><p>Paulo.</p><p>A experiência de Trieste demonstrou que era possível substituir o modelo manicomial, e não apenas</p><p>reformá-lo. Paralelo ao fechamento do hospital, surgem então os serviços substitutivos, representados por um</p><p>conjunto de estratégias alternativas ao hospital, tendo como finalidade o desmonte daquele enquanto</p><p>dispositivo de clausura.</p><p>não visavam dar continuidade ao tratamento manicomial após a alta, ou servir de estabelecimento</p><p>intermediário, mas, sim, tomar o lugar da instituição psiquiátrica, substituí-la. Uma das grandes diferenças</p><p>com relação às experiências anteriores residia na noção de desinstitucionalização, que, como vimos</p><p>anteriormente, se restringia à desospitalização, e não à desmontagem do aparato asilar como um todo.</p><p>Para a Psiquiatria Democrática, é a desmontagem desse aparato, que por sua vez envolve uma gama muito</p><p>grande de atores sociais, que pode propiciar uma nova relação com os sujeitos em sofrimento mental.</p><p>Reforma Psiquiátrica brasileira</p><p>O processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil tem seu início em meados da década de 1970.</p><p>Efetivamente, o início desse percurso se deu em 1978, com os movimentos sociais pelos direitos dos</p><p>pacientes psiquiátricos, como o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), formado por</p><p>trabalhadores do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de</p><p>profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátrica. A formação desse movimento teve</p><p>como estopim uma crise na Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), órgão do Ministério da Saúde</p><p>então responsável pelas políticas de saúde mental (AMARANTE, 1995).</p><p>Foi pelo protagonismo desse movimento que se passou a denunciar a violência dos manicômios e a</p><p>mercantilização da loucura pelo setor privado, que recebia dinheiro público para manter pacientes internados</p><p>sob condições desumanas; e, quanto mais tempo internados e mais desumanas as condições, maiores eram</p><p>os lucros.</p><p>Em 1987, no 2° Congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP), foi adotado aquele que viria a ser o principal</p><p>lema da reforma: “Por uma sociedade sem manicômios”. No mesmo ano, foi realizada a 1ª Conferência</p><p>Nacional de Saúde Mental, no Rio de Janeiro. Outros acontecimentos de fundamental importância foram o</p><p>surgimento do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil, em Santos (SP), em 1987, e a</p><p>emblemática intervenção da Secretaria Municipal de Saúde de Santos (SP), em 1989, na Casa de Saúde</p><p>Anchieta, um hospital psiquiátrico famoso por maus-tratos e morte de pacientes. Na época, essa intervenção</p><p>teve repercussão nacional e provou que era possível construir uma rede de atenção territorial capaz de</p><p>substituir o hospital psiquiátrico. Foi o que aconteceu no município de Santos, com a criação dos primeiros</p><p>Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS), serviços abertos que funcionavam 24 horas.</p><p>Paralelamente, são criados também cooperativas, residências terapêuticas para os egressos do hospital,</p><p>clubes, centros de convivência e associações.</p><p>Em 1989, inicia-se a luta do movimento da Reforma Psiquiátrica no campo legislativo, com a entrada do</p><p>Projeto de Lei no Congresso Nacional que propunha a regulamentação dos direitos da pessoa com</p><p>transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no País, de autoria do deputado Paulo Delgado</p><p>(PT-MG). Esse projeto só seria aprovado em 2001, recebendo o apelido de Lei da Reforma Psiquiátrica.</p><p>Em 1986, houve a 8ª Conferência Nacional de Saúde, marco na história da saúde pública brasileira ao propor</p><p>um novo modelo para a saúde pública com diretrizes que posteriormente seriam incorporadas ao SUS.</p><p>Dentre elas, podemos citar os princípios básicos da universalidade (a saúde deve ser acessível a todos), da</p><p>integralidade (todos têm direito à assistência em saúde em todos os níveis da atenção), da equidade (todos</p><p>devem ser tratados de maneira igual pelo SUS); e do controle social (a população acompanha as discussões</p><p>sobre as políticas de saúde por meio das Conferências de Saúde e dos Conselhos de Saúde).</p><p>Em 1988, temos a Constituição Federal e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que incorpora</p><p>diversas demandas do movimento sanitário, sobretudo aquelas diretrizes estabelecidas pela 8ª Conferência</p><p>Nacional de Saúde, descritas acima.</p><p>De 1992 até o ano 2000, inspirados pelo Projeto de Lei Paulo Delgado, os movimentos sociais conseguem</p><p>aprovar as primeiras leis estaduais e municipais em direção à implementação de uma rede extra-hospitalar de</p><p>cuidados, buscando a substituição progressiva de leitos hospitalares por uma rede integrada de atenção à</p><p>saúde mental. Essa tendência ganha força sobretudo a partir do compromisso assumido</p><p>pelo Brasil na</p><p>assinatura da Declaração de Caracas (1990), e pela realização da 2ª Conferência Nacional de Saúde Mental.</p><p>Nesse momento, entra em vigor uma série de normativas federais que regulamentam a criação de serviços</p><p>de atenção diária, inspirados nos CAPS, NAPS e Hospital-dia. Porém, essa implementação é ainda bastante</p><p>precária e descontínua. “Ao final deste período, o país tem em funcionamento 208 CAPS, mas cerca de 93%</p><p>dos recursos do Ministério da Saúde para a Saúde Mental ainda são destinados aos hospitais psiquiátricos”</p><p>(BRASIL, 2005, p. 08).</p><p>A partir de 2001, com o sancionamento da Lei Federal nº 10.216 (Lei Paulo Delgado), que em seu texto</p><p>redireciona a assistência em Saúde Mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base</p><p>comunitária, um novo ritmo é dado ao movimento da Reforma Psiquiátrica brasileira.</p><p>Outro fato importante nesse período é o programa De volta pra casa (Lei nº 10.708), destinado a oferecer</p><p>ajuda financeira para que egressos de longa data do sistema manicomial possam viver em comunidade.</p><p>A Portaria nº MS 106/00, que cria os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) no âmbito do SUS, é</p><p>publicada, impulsionando as ações de desinstitucionalização da loucura. É realizado ainda, em 2004, o 1°</p><p>Congresso Brasileiro de Centros de Atenção Psicossocial, em São Paulo, reunindo dois mil trabalhadores e</p><p>usuários de CAPS. Os CAPS, por sua vez, têm como objetivo realizar o acompanhamento clínico e a</p><p>reinserção social dos usuários pelo fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Sendo assim, suas</p><p>práticas se caracterizam por ocorrerem em ambiente aberto, acolhedor e inserido no território dos usuários.</p><p>Segundo o Ministério da Saúde (2004), os projetos desses serviços devem ultrapassar sua própria estrutura</p><p>física, em busca de uma rede de suporte social que potencialize suas ações, olhando os sujeitos em sua</p><p>singularidade, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.</p><p>Se, como dizia Basaglia, o modelo psiquiátrico havia colocado a pessoa entre parênteses para se relacionar</p><p>com a doença, os dispositivos extra-hospitalares de base comunitária buscam colocar a doença entre</p><p>parênteses para lidar com pessoas, sendo que pessoas têm trabalho, vizinhos, amores, família, desejos,</p><p>problemas concretos, e não apenas mentais.</p><p>Por isso, os serviços de atenção à saúde mental precisam ser um lugar de produção de sociabilidade e de</p><p>vida. É o que propõe a Reforma Psiquiátrica, tanto no Brasil quanto em outros países</p>

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