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<p>Urgências e</p><p>emergências</p><p>cardiovasculares:</p><p>condutas e protocolos</p><p>de atendimento para</p><p>enfermagem</p><p>E-BOOK</p><p>Introdução ............................................................................ 3. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Urgências e emergências cardiovasculares ........................ 4</p><p>Emergências hipertensivas ................................................. 4</p><p>Infarto agudo do miocárdio .............................................. 5</p><p>Síndromes coronarianas agudas</p><p>na sala de emergência ......................................................... 6</p><p>Embolia pulmonar ................................................................ 7</p><p>Insuficiência cardíaca aguda .............................................. 8</p><p>Síncope ............................................................................... 10</p><p>Condutas de enfermagem frente</p><p>às emergências cardiovasculares .................................... 12</p><p>Conclusão ....................................................................... 14</p><p>Sobre o Hcor Academy ..................................................... 15</p><p>Referências ..................................................................... 16</p><p>índice</p><p>3URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>As urgências consistem em condições de saúde que necessitam de atenção médica imediata,</p><p>mas não apresentam risco de vida. No entanto, podem evoluir para emergências se não tratadas</p><p>adequadamente. Por outro lado, quando falamos em emergências, estamos assumindo que há</p><p>um risco iminente para a vida, requerendo atenção e tratamento imediatos.</p><p>As doenças cardiovasculares correspondem a um leque de patologias que representam uma</p><p>preocupação global devido à sua prevalência e elevada morbimortalidade. As pessoas que</p><p>apresentam sinais e sintomas de DCV necessitam de assistência o mais rápido possível, pois</p><p>o tempo de resposta está diretamente relacionado à minimização do dano e à redução da</p><p>morbimortalidade associada a esses eventos.</p><p>Entre as situações de urgência e/ou emergência atendidas pelos serviços de saúde, estão as</p><p>doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Dentre elas, as cardiovasculares são responsáveis</p><p>por grande parte das internações e regulações entre os serviços de saúde, demandando assim</p><p>uma maior articulação entre os fluxos assistenciais e um gerenciamento eficaz e eficiente.</p><p>Tais doenças, especialmente as isquêmicas do coração, como o infarto agudo do miocárdio (IAM),</p><p>as hipertensivas e as cerebrovasculares, como os acidentes vasculares encefálicos (AVE), entre</p><p>outras, estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade no mundo. A mortalidade</p><p>hospitalar e pré-hospitalar por esses tipos de doenças ainda é expressiva, apesar de sua redução</p><p>na fase intra-hospitalar..</p><p>Pessoas tratadas na primeira hora dos sintomas experimentam uma redução significativa da</p><p>mortalidade hospitalar. O tratamento ágil pode reduzi-la na fase aguda, e a continuidade desse</p><p>tratamento em um serviço de saúde especializado, através da regulação, é essencial para aumentar</p><p>a sobrevida e reduzir incapacidades.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>4URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>Emergências hipertensivas</p><p>A ocorrência simultânea de elevação significativa da pressão arterial (PA) e lesão de órgãos-alvo</p><p>(LOA) aguda ou progressiva, envolvendo o sistema nervoso central (SNC), o coração, os rins, as</p><p>grandes artérias e a retina, caracteriza uma condição extremamente grave e ameaçadora à vida,</p><p>que requer diagnóstico e tratamento precoces.</p><p>Não há um nível específico de PA para definir uma emergência hipertensiva, mas frequentemente</p><p>são utilizados os valores de PA sistólica (PAS) ≥180 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) ≥120 mmHg.</p><p>O ponto mais importante no atendimento na unidade de emergência de um paciente com níveis</p><p>pressóricos muito elevados é a diferenciação entre emergência hipertensiva e urgência hipertensiva.</p><p>Neste último caso, observa-se elevação significativa da PA em pacientes sintomáticos, mas sem</p><p>evidências de LOA aguda ou progressiva. Essa condição tem um prognóstico muito melhor, não</p><p>representando um risco iminente à vida do paciente. Portanto, no momento da avaliação, é preciso</p><p>considerar que a gravidade da emergência hipertensiva não é definida pelos níveis da PA, mas sim</p><p>pelo estado clínico do paciente.</p><p>A apresentação clínica varia de acordo com o órgão-alvo acometido, e os sintomas podem incluir:</p><p>cefaleia, alterações visuais, dor torácica, dispneia, tontura, sonolência ou letargia e/ou diversas</p><p>alterações neurológicas. Algumas apresentações clínicas merecem destaque:</p><p>URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS</p><p>CARDIOVASCULARES</p><p>Classificação do recém-nascido conforme peso de nascimento</p><p>Níveis pressóricos Elevação acentuada</p><p>Urgência hipertensiva Emergência hipertensiva</p><p>Lesões de órgãos-alvo</p><p>em progressão</p><p>Prognóstico</p><p>Tratamento</p><p>Acompanhamento</p><p>Ausente</p><p>Sem risco iminente</p><p>de morte</p><p>Fármacos orais</p><p>Consulta ambulatorial</p><p>em 7 dias</p><p>Elevação acentuada</p><p>Presente</p><p>Com risco iminente</p><p>de morte</p><p>Internação em unidade</p><p>de terapia intensiva</p><p>Fármacos parenterais</p><p>5URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>a) Pseudocrise hipertensiva: é uma condição extremamente comum que requer atenção,</p><p>na qual o indivíduo apresenta elevação da PA, porém é assintomático ou oligossintomático e</p><p>sem LOA. Ocorre em hipertensos tratados e não controlados ou em hipertensos não tratados,</p><p>frequentemente associada a eventos de estresse emocional, enxaqueca, crise de ansiedade ou</p><p>pânico. É totalmente benigna e não traz risco iminente à vida.</p><p>b) Hipertensão maligna: acentuada elevação da PA (frequentemente >220x120 mmHg)</p><p>associada à retinopatia bilateral (hemorragias, manchas algodonosas, papiledema).</p><p>c) Encefalopatia hipertensiva: acentuada elevação da PA associada a letargia, convulsão,</p><p>cegueira cortical e coma na ausência de outras causas evidentes.</p><p>d) Microangiopatia trombótica hipertensiva: acentuada elevação da PA associada à hemólise</p><p>e trombocitopenia na ausência de outras causas evidentes, que melhoram com a terapia anti-</p><p>hipertensiva.</p><p>O objetivo da avaliação clínica inicial é a busca ativa de lesão em órgãos-alvo para diagnosticar</p><p>o paciente em uma das seguintes condições: emergência hipertensiva, urgência hipertensiva ou</p><p>pseudocrise hipertensiva.</p><p>Infarto agudo do miocárdio</p><p>O infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco ou simplesmente</p><p>infarto, é uma situação potencialmente fatal que ocorre devido à falta de oxigenação adequada do</p><p>músculo cardíaco, causando morte tecidual e necrose.</p><p>As artérias que levam sangue para nutrir o miocárdio são denominadas artérias coronárias. O</p><p>coração possui duas artérias coronárias: a artéria coronária esquerda e a artéria coronária direita,</p><p>que se ramificam inúmeras vezes para cobrir todo o músculo cardíaco. Assim, o infarto significa</p><p>morte (necrose) de um tecido por falta de suprimento sanguíneo, o que pode ocorrer em qualquer</p><p>tecido ou órgão do corpo que sofra uma interrupção de seu aporte sanguíneo, como no caso de</p><p>acidente vascular cerebral, embolia pulmonar, trombose ou infarto intestinal.</p><p>6URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>Síndromes coronarianas agudas</p><p>na sala de emergência</p><p>Os sintomas do infarto agudo do miocárdio incluem dor ou desconforto torácico, com ou sem</p><p>dispneia, náuseas e/ou diaforese, entre outros. Mulheres e pacientes com diabetes têm maior</p><p>probabilidade de apresentar sintomas atípicos, e 20% dos infartos agudos do miocárdio são</p><p>silenciosos. O diagnóstico é realizado por meio de eletrocardiograma e marcadores cardíacos.</p><p>Por se tratar de injúria silenciosa ou com sintomas distintos, é importante estar atento aos sinais</p><p>e solicitar os exames o mais breve possível para que o protocolo de IAM seja seguido, diminuindo</p><p>o risco de morte e possíveis sequelas.</p><p>A avaliação inicial da dor torácica na emergência deve ser feita com base na probabilidade de que</p><p>os sintomas possam ser atribuídos à isquemia miocárdica, classificando-a como: dor cardíaca,</p><p>possivelmente cardíaca ou não cardíaca. Estes termos são mais específicos para o potencial</p><p>diagnóstico subjacente.</p><p>Em cerca de 50% dos pacientes, a dor torácica não é específica. A prioridade inicial deve ser o</p><p>diagnóstico e tratamento das condições com maior risco de vida, como síndrome coronariana</p><p>aguda (SCA), dissecção de aorta, embolia pulmonar, ruptura esofágica e pneumotórax hipertensivo.</p><p>As características da dor torácica (natureza, início e duração, localização e radiação, fatores</p><p>precipitantes e de alívio), outros sintomas associados, bem como os achados de exame físico</p><p>focado nos principais diagnósticos, são fundamentais.</p><p>A probabilidade de SCA torna-se maior na presença de fatores de risco para aterosclerose</p><p>coronariana, tais como idade avançada, sexo masculino, tabagismo, diabetes, dislipidemia,</p><p>hipertensão arterial, insuficiência renal crônica, antecedente familiar de doença arterial coronariana</p><p>(DAC), e aterosclerose prévia sintomática (doença arterial obstrutiva periférica, doença carotídea</p><p>ou DAC prévia). Vale destacar que a ausência desses fatores não exclui a presença de SCA.</p><p>7URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>Embolia pulmonar</p><p>A embolia pulmonar (EP) pode ser definida como a ocorrência de impactação de conteúdo</p><p>trombótico em qualquer segmento da circulação arterial pulmonar, originando-se principalmente</p><p>das veias dos membros inferiores, dentre outros segmentos da circulação venosa. A EP se associa</p><p>à trombose venosa profunda (TVP), compondo o espectro de condições clínicas denominadas</p><p>tromboembolismo venoso (TEV).</p><p>Apesar de ser considerada a terceira síndrome cardiovascular aguda mais prevalente, atrás apenas</p><p>do infarto agudo do miocárdio e do acidente vascular encefálico, a EP continua não listada como</p><p>uma causa evitável de óbito em estudos epidemiológicos globais e nacionais que retratam dados</p><p>de mortalidade causa-específicos.</p><p>Esse fato é particularmente importante em países de renda baixa e média, como o Brasil, reforçando</p><p>o papel de programas de educação continuada para profissionais de saúde. Aspectos clínicos</p><p>como gestação, câncer e a pandemia do coronavírus tornam esse tópico ainda mais relevante e</p><p>complexo.</p><p>O quadro de EP costuma ser de instalação súbita e relativamente inespecífico, observando-se</p><p>mais frequentemente: dispneia, dor torácica, sintomas de baixo débito cerebral (síncope ou pré-</p><p>síncope) e tosse (acompanhada ou não de hemoptoicos e/ou hemoptise). Sinais e sintomas de</p><p>TVP reforçam a suspeição diagnóstica quando presentes.</p><p>Se, por um lado, a dispneia é o sintoma mais frequente, a taquipneia é o sinal mais identificado ao</p><p>exame físico, associado ou não a outros sinais, como taquicardia, estado subfebril, crepitações,</p><p>graus variáveis de comprometimento hemodinâmico, ventilatório (hipoxemia) ou do nível</p><p>de consciência. A combinação de sinais e sintomas frente a fatores de risco que possam ser</p><p>identificados permite estimar a probabilidade pré-teste do diagnóstico de EP.</p><p>8URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>Insuficiência cardíaca aguda</p><p>Apesar dos avanços no tratamento da insuficiência cardíaca, a incidência de internações tem</p><p>aumentado, constituindo um importante problema de saúde pública. A insuficiência cardíaca</p><p>aguda (ICA) é uma das principais causas de internação hospitalar no Brasil e no mundo, com</p><p>elevada morbimortalidade (a maior, segundo o DATASUS), sendo a principal causa de reinternação</p><p>em curto e longo prazo.</p><p>A abordagem inicial dos pacientes na sala de emergência com suspeita de ICA deve ser realizada</p><p>de forma sistemática e idealmente dentro dos primeiros 120 minutos da admissão. Os objetivos</p><p>são estabelecer rapidamente o tratamento, promovendo a melhor evolução prognóstica intra-</p><p>hospitalar.</p><p>Na admissão de um paciente com suspeita clínica de ICA, deve-se identificar se existe alto risco</p><p>de morte, buscar o fator causal, avaliar a apresentação clínica, presença de arritmias ou alterações</p><p>isquêmicas agudas no eletrocardiograma (ECG), elevação de troponina ou dos indicadores de</p><p>inflamação.</p><p>Esses pacientes devem ser identificados e tratados nos primeiros 30 minutos da admissão,</p><p>por meio de fluxogramas terapêuticos específicos, pois a intervenção terapêutica precoce é um</p><p>importante determinante na evolução prognóstica intra-hospitalar desses pacientes.</p><p>9URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>Causas de risco imediato de morte Atuações terapêuticas</p><p>Presença de insuficiência</p><p>respiratória aguda</p><p>Oxigênio suplementar por máscara</p><p>ou cateter / Ventilação não invasiva /</p><p>Tubo orotraqueal com suporte mecânico</p><p>ventilatório / Broncodilatadores</p><p>Infarto agudo do miocárdio Aginoplastia primária / Trombolítico</p><p>Presença de choque cardiogênico Intrópicos / Balão intra-aórtico /</p><p>Suporte mecânico circulatório</p><p>Presença de taqui ou</p><p>bradiarritmia grave</p><p>Cardioversão elétrica / Marca-passo</p><p>provisório</p><p>Emergência hipertensiva Nitroprussiato de sódio ou</p><p>Nitroglicerina intravenosos</p><p>Fator causal mecânico ou</p><p>lesão valvular aguda</p><p>Ecocardiograma transeofágico /</p><p>Intervenção cirúrgica ou percutânea</p><p>Embolia pulmonar Trombolítico</p><p>Sinais neurológicos de AVE ou</p><p>confusão mental e desorientação</p><p>Avaliação neurológica /</p><p>Protocolo de AVE</p><p>Comorbidades: sepse e diabetes</p><p>descompensada</p><p>Protocolos de sepse e de diabetes</p><p>A ICA pode se instalar de forma progressiva ou aguda em pacientes com insuficiência cardíaca</p><p>prévia (IC crônica agudizada – 60-75% dos casos) ou em pacientes sem história prévia de</p><p>insuficiência cardíaca ou doença cardíaca estrutural (ICA nova ou “de novo” – 25-40% dos casos). A</p><p>diferenciação entre essas duas formas de apresentação é de fundamental importância na definição</p><p>da estratégia terapêutica e no entendimento dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos na</p><p>descompensação da IC.</p><p>Na IC crônica agudizada, o mecanismo de descompensação ocorre por redução da contratilidade</p><p>e retenção de água e de sódio, resultando em congestão por aumento global de volemia. Os</p><p>sintomas têm início gradual (dias), sendo a dispneia o principal. Os pacientes podem apresentar</p><p>normo ou hipotensão arterial. Edema de membros inferiores e ganho de peso são frequentes.</p><p>10URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>A ICA nova envolve redistribuição da volemia da periferia para o pulmão (hipovolêmico na periferia</p><p>e hipervolêmico no pulmão), com rápido início dos sintomas (horas). Em geral, não há ganho de</p><p>peso e o edema de membros inferiores é infrequente. Os pacientes são normo ou hipertensos.</p><p>O choque cardiogênico pode ser definido por hipotensão (PAS ≤90 mmHg) e evidência de sinais</p><p>clínicos de hipoperfusão periférica. O manejo desses pacientes visa garantir perfusão tecidual,</p><p>minimizar a lesão miocárdica, potencializar as chances de recuperação da função cardíaca e/ou</p><p>viabilizar a ponte para terapias definitivas em caso de irreversibilidade da disfunção miocárdica. As</p><p>opções terapêuticas incluem agentes inotrópicos, suporte circulatório mecânico de curta e longa</p><p>permanência e o transplante cardíaco.</p><p>Síncope</p><p>A síncope é definida como perda súbita, transitória e autolimitada da consciência, associada à</p><p>perda do tônus postural, secundária à hipoperfusão cerebral difusa. Habitualmente ocorre por</p><p>queda da pressão arterial (PA) a níveis abaixo do tolerado pela autorregulação cerebral, podendo</p><p>haver também queda da frequência cardíaca (FC). Pode ser classificada como reflexa, ortostática</p><p>ou cardíaca, e seu prognóstico varia de acordo com o tipo de apresentação, sendo a síncope</p><p>cardíaca a de maior preocupação, especialmente na sala de emergência.</p><p>A síncope é um sintoma frequente e um</p><p>grande desafio diagnóstico, sendo uma das principais</p><p>causas de perda de consciência não traumática no atendimento de emergência. Uma abordagem</p><p>inicial bem conduzida pode auxiliar na definição diagnóstica em até 50% dos casos e, nas síncopes</p><p>de causa indeterminada, separar os casos de baixo e alto risco cardíaco.</p><p>A abordagem da síncope deve seguir uma estratégia de investigação direcionada, com o objetivo de</p><p>reduzir desfechos negativos e custos. Essa estratégia facilitará o diagnóstico da causa da síncope</p><p>e, sem ela, o paciente ficará sujeito a recorrências, maior vulnerabilidade a eventos traumáticos e</p><p>até mesmo a morte.</p><p>As síncopes reflexas (vasovagal) e a hipotensão ortostática são as causas mais frequentes de</p><p>perda de consciência, denominadas síncopes ortostáticas. A síncope ortostática é confirmada</p><p>quando a perda da consciência ocorre no momento em que o paciente assume a posição de pé e</p><p>há hipotensão postural ou ortostática (HO) concomitante.</p><p>Os diagnósticos diferenciais da síncope são muitos: epilepsia, causas psicogênicas</p><p>(pseudossíncope), perda de consciência traumática, intoxicações exógenas, causas metabólicas e,</p><p>mais raramente, síndrome do roubo da subclávia, ataque isquêmico transitório (AIT) vertebrobasilar,</p><p>hemorragia subaracnoidea, dentre outras. Por essa razão, uma história clínica detalhada e bem</p><p>orientada, associada ao julgamento clínico adequado, são a chave nessa investigação inicial.</p><p>As síncopes reflexas, também conhecidas como neuromediadas ou vasovagais, têm bom</p><p>prognóstico. Ocorrem por um desequilíbrio entre as atividades vagal e simpática sobre o coração</p><p>e os vasos periféricos, levando à redução do retorno venoso por queda da resistência vascular</p><p>sistêmica, queda abrupta da PA e do débito cardíaco (DC), associada ou não à queda da FC.</p><p>11URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>Nesse momento, pode ocorrer maior ação vagal sobre as células responsáveis pelos impulsos</p><p>elétricos cardíacos (nó sinusal e nó atrioventricular), gerando uma resposta denominada</p><p>cardioinibitória, caracterizada pela presença de assistolia com duração >3 segundos, muitas vezes</p><p>associada à síncope convulsiva relacionada ao baixo débito cerebral no momento da assistolia.</p><p>A hipotensão ortostática (HO), segunda causa mais comum de síncope, é definida como queda</p><p>da PA sistólica ≥20 mmHg e/ou diastólica ≥10 mmHg detectada quando se avalia a PA na posição</p><p>supina e após 3 minutos de pé. Pode ter origem diversa, como a polifarmácia, uso excessivo de</p><p>vasodilatadores e diuréticos, hiponatremia, depleção de volume por sangramento, disautonomia,</p><p>infecção ou a combinação desses fatores.</p><p>As síncopes de origem cardíaca, em geral, ocorrem por uma queda abrupta do DC, especialmente</p><p>por causas arrítmicas como bloqueios atrioventriculares, pausas sinusais extensas (disfunção</p><p>do nó sinusal), disfunção de marca-passo ou outras bradiarritmias; e por taquiarritmias como</p><p>taquicardia supraventricular e taquicardia ventricular sustentada. Podem ainda ter origem não</p><p>arrítmica, secundária à obstrução do fluxo sanguíneo, como na cardiomiopatia hipertrófica com</p><p>obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo (VE), na estenose aórtica, na embolia pulmonar,</p><p>no infarto agudo do miocárdio, na dissecção aórtica e, mais raramente, no mixoma atrial.</p><p>A presença de doença cardíaca estrutural e doença elétrica primária são os maiores preditores</p><p>de risco para morte súbita cardíaca quando associados à síncope e devem ser identificadas com</p><p>internação hospitalar e investigação precoces. Caso não se consiga definir a causa da síncope</p><p>durante o período hospitalar, o paciente deve ser acompanhado ambulatorialmente após a alta por</p><p>uma equipe especializada.</p><p>12URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>CONDUTAS DE ENFERMAGEM FRENTE</p><p>ÀS EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES</p><p>O primeiro contato do paciente ao chegar em uma emergência é com o enfermeiro da classificação</p><p>de risco. Já o contato mais frequente do paciente hospitalizado é com a equipe de enfermagem.</p><p>Diante de tal responsabilidade, cabe aos enfermeiros e demais profissionais de enfermagem</p><p>identificar e reconhecer os sinais e sintomas das doenças cardiovasculares, bem como interpretar</p><p>exames como ECG e outros, que identifiquem agravos na saúde. Para a continuidade do cuidado e</p><p>garantia de um bom prognóstico, é essencial conhecer os protocolos para situações de emergência.</p><p>Os profissionais que atendem pacientes em emergências precisam estar atualizados sobre a</p><p>realização e a interpretação desses exames. O enfermeiro é um dos profissionais especializados</p><p>que compõe a equipe de uma unidade hospitalar e mantém contato direto com o paciente. É</p><p>fundamental que ele tenha a capacidade de discernir traçados eletrocardiográficos normais de</p><p>traçados patológicos. Essa prática contribuirá para a interpretação de alterações eletrocardiográficas</p><p>e clínicas que o paciente possa manifestar, possibilitando a adoção de intervenções imediatas.</p><p>A enfermagem utiliza o protocolo Manchester, que serve de guia para a classificação de risco do</p><p>paciente, baseado em sintomas como dor no peito, cianose, dispneia e dor irradiando para membros.</p><p>Além disso, o enfermeiro realiza exames complementares para o diagnóstico do IAM, analgesia</p><p>e, em alguns casos mais críticos, como na ausência de pulso e parada cardiorrespiratória, abre o</p><p>carrinho de parada da emergência, realiza manobras de RCP e administra drogas para reperfusão</p><p>coronariana.</p><p>De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a parada cardiorrespiratória (PCR) é uma</p><p>emergência cardiovascular multifatorial de grande predomínio, com alta morbidade e mortalidade,</p><p>caracterizada pela interrupção súbita da função mecânica ventricular e respiratória, na ausência</p><p>de consciência, mas com viabilidade cerebral e biológica.</p><p>Estudos revelam que existem quatro tipos de PCR: fibrilação ventricular, taquicardia ventricular sem</p><p>pulso, atividade elétrica sem pulso e assistolia. Essas PCRs podem ocorrer tanto em adultos quanto</p><p>em crianças. A rapidez e a eficácia adotadas durante uma PCR são fundamentais e contribuem</p><p>diretamente para o prognóstico da vítima de parada cardíaca em ambiente intra-hospitalar.</p><p>O eletrocardiograma (ECG) continua sendo o primeiro exame complementar solicitado para</p><p>avaliação cardiológica, e em muitas situações, seu valor é incontestável. Este exame pode</p><p>revelar a inversão da onda T, indicando suboclusão do músculo cardíaco e sinal de isquemia; o</p><p>supradesnivelamento do segmento ST, indicando oclusão do músculo do miocárdio; e a alteração</p><p>da onda Q do complexo QRS, indicando necrose do músculo do miocárdio.</p><p>13URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>O infarto agudo do miocárdio (IAM) tem uma alta taxa de mortalidade, por isso o paciente deve</p><p>sempre ser tratado como emergência. Deve-se dar prioridade a esses pacientes, pois eles são</p><p>muito instáveis e podem evoluir rapidamente para complicações mais sérias, mesmo que estejam</p><p>estáveis no momento da anamnese. O enfermeiro deve oferecer cuidados constantes, tomar</p><p>decisões rapidamente e encaminhar os pacientes para locais que ofereçam maior suporte, como</p><p>a emergência ou UTI, a fim de estabilizar o quadro clínico e reduzir o risco de morte.</p><p>A dor torácica é um sintoma comum em pacientes que procuram atendimento de emergência,</p><p>sendo classificada como típica, de natureza anginosa, com queixa de aperto ou queimação,</p><p>mesmo em estado de repouso; ou atípica, que não é de natureza anginosa, onde a dor é</p><p>descrita como pontada ou agulhada, que piora ao respirar, excluindo o diagnóstico de uma possível</p><p>isquemia cardíaca.</p><p>Existem diversas causas para a dor torácica, organizadas em cinco grupos: gastrointestinais,</p><p>musculoesqueléticas, cardiológicas, psicopatológicas e pulmonares, o que torna ainda mais</p><p>complexo o diagnóstico diferencial. Contudo, 20% dos</p><p>pacientes que apresentam dor torácica e</p><p>procuram atendimento médico são diagnosticados com a síndrome coronariana aguda (SCA), que</p><p>se trata de um conjunto de sintomas indicando isquemia aguda do miocárdio, podendo levar a</p><p>grandes complicações e até mesmo à morte.</p><p>A resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 423/2013 determina que na equipe</p><p>de enfermagem, a classificação de risco em serviços de urgência e emergência é privativa do</p><p>profissional enfermeiro. Isso consolida que o profissional possui habilidades necessárias para tal</p><p>processo, como senso crítico, olhar clínico, capacidade de prestar assistência de enfermagem</p><p>atendendo às reais necessidades de cada paciente, assumir o papel de líder frente à equipe de</p><p>enfermagem, sendo ágil, assumindo responsabilidades e corrigindo prontamente possíveis falhas</p><p>durante o processo.</p><p>Para um prognóstico positivo, alguns fatores devem ser minuciosamente avaliados: ouvir</p><p>atentamente cada queixa do paciente, aferir e interpretar sinais vitais, realizar anamnese completa,</p><p>estar sempre atento a possíveis sinais durante o levantamento de sintomas no relato do paciente,</p><p>registrar todas as informações no prontuário e convocar a equipe médica quando necessário.</p><p>14URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>CONCLUSÃO</p><p>As urgências e emergências cardiovasculares representam uma das principais causas de</p><p>morbidade e mortalidade no mundo. O atendimento eficiente e imediato dessas condições pode</p><p>significar a diferença entre a vida e a morte, bem como a prevenção de sequelas graves. A atuação</p><p>da enfermagem é fundamental desde o primeiro contato com o paciente até a estabilização e o</p><p>encaminhamento para serviços especializados.</p><p>Os profissionais de enfermagem devem estar capacitados para reconhecer os sinais e sintomas das</p><p>diferentes condições cardiovasculares e agir rapidamente conforme os protocolos estabelecidos.</p><p>A capacitação contínua e a atualização constante sobre as melhores práticas e procedimentos</p><p>são essenciais para a qualidade do atendimento.</p><p>15URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>Este conteúdo foi útil para você?</p><p>No nosso site, você encontra soluções</p><p>para continuar se atualizando.</p><p>Acesse o site e confira as opções</p><p>de cursos para se aprimorar</p><p>profissionalmente:</p><p>www.pos.hcor.com.br</p><p>https://pos.hcor.com.br/</p><p>16URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p><p>DA SILVA, Jacqueline Gomes et al. O enfermeiro na tomada de decisão ao paciente com infarto agudo do</p><p>miocárdio em uma unidade de emergência. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 2, p. 15941-15951,</p><p>2021.</p><p>DA SILVA, Jonatan Ferrari et al. A consulta de enfermagem como ferramenta utilizada para detecção de</p><p>fatores de risco para doenças cardiovasculares. Epitaya E-books, v. 1, n. 11, p. 48-59, 2020.</p><p>DE JESUS, Ana Flávia Santana; FREITAS, Jamile dos Santos Costa; DA SILVA, Wellington Miguel. Atuação</p><p>do(a) enfermeiro(a) na interpretação do eletrocardiograma em urgência e emergência hospitalar: revisão</p><p>integrativa. Revista SaúdeUNIFAN, v. 3, n. 2, p. 15-22, 2023.</p><p>DE LIMA, Daci Fernandes. Assistência de enfermagem ao paciente com infarto agudo do miocárdio na</p><p>emergência. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem) – Centro Universitário Vale</p><p>do Salgado, Icó, 2022.</p><p>GARCIA, Marcelo Iorio; GISMONDI, Ronaldo Altenburg Odebrecht Curi. Manual de emergências</p><p>cardiovasculares. Rio de Janeiro: Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, 2022.</p><p>HAJJAR, Ludhmila Abrahão et al. Emergências cardiovasculares: diagnóstico e tratamento. 2023.</p><p>MIRANDA, Michelly et al. Registros de enfermagem em uma emergência cardiológica: características,</p><p>diagnósticos e intervenções de enfermagem/Nursing records in a cardiology emergency: characteristics,</p><p>diagnoses and nursing interventions. Journal of Nursing and Health, v. 12, n. 2, 2022.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>17URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES:</p><p>CONDUTAS E PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PARA ENFERMAGEM</p>

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