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AUDITORIA 
CONTÁBIL E 
TRIBUTÁRIA
MÁRCIA SANTOS
Sumário
AULA 1
HISTÓRICO E FINALIDADES 
DA AUDITORIA ..................................................4
AULA 2
DO PLANEJAMENTO À EXECUÇÃO ...............11
AULA 3
PLANEJAMENTO DA AUDITORIA ..................15
AULA 4
AMOSTRAGEM ...............................................21
AULA 5
EVIDENCIAÇÃO E DOCUMENTOS DO 
AUDITOR .........................................................29
AULA 6
AUDITORIA DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS ......................................................34
AULA 7
ASSEGURAÇÃO ...............................................48
AULA 8
AUDITORIA TRIBUTÁRIA ...............................54
AULA 9
AUDITORIA TRABALHISTA .............................61
AULA 10
RELATÓRIOS DOS AUDITORES 
INDEPENDENTES ............................................67
AULA 11
REPRESENTAÇÃO FORMAL ............................73
AULA 12
TRANSAÇÕES E EVENTOS 
SUBSEQUENTES ..............................................78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................86
AULA 1
HISTÓRICO E 
FINALIDADES 
DA AUDITORIA
A auditoria é um trabalho essencial nos dias atuais. 
As empresas precisam dessa validação, que lhes ga-
rante que suas demonstrações estão sendo desen-
volvidas de acordo com a legislação vigente no país.
5
De forma bastante simples, pode-se definir audito-
ria como o levantamento, estudo e avaliação siste-
mática das transações, procedimentos, operações, 
rotinas e das demonstrações financeiras de uma 
entidade (CREPALDI, 2002, p. 23).
Os registros históricos apontam que a auditoria veio 
para o Brasil por volta de 1940, devido às compa-
nhias multinacionais que se instalaram no país e 
precisaram de trazer aos investidores destas empre-
sas garantias de que seus números estavam sendo 
acompanhados por auditores.
Crepaldi, em artigo publicado no Portal da Classe 
Contábil,1 narra que:
1 CREPALDI, Silvio Aparecido. Origem, evolução e desen-
volvimento da auditoria. 2006. Portal da Classe Contábil. 
Disponível em: https://classecontabil.com.br/origem-evolucao-e-
desenvolvimento-da-auditoria/. Acesso em: 5 jul. 2020.
6
https://classecontabil.com.br/origem-evolucao-e-desenvolvimento-da-auditoria/
https://classecontabil.com.br/origem-evolucao-e-desenvolvimento-da-auditoria/
No Brasil, o desenvolvimento da 
auditoria teve influência de filiais e 
subsidiárias de firmas estrangeiras; 
financiamento de empresas brasi-
leiras através de entidades interna-
cionais; crescimento das empresas 
brasileiras e necessidade de descen-
tralização e diversificação de suas 
atividades econômicas; evolução 
do mercado de capitais; criação das 
normas de auditoria promulgadas 
pelo Bacen (Banco Central do Brasil) 
em 1972, e criação da Comissão 
de Valores Mobiliários e da Lei de 
Sociedades Anônimas em 1976.
É válido lembrar que a tecnologia tem uma parcela 
considerável na evolução dos trabalhos de audito-
ria, sendo facilitadora nas transações empresariais, 
bem como auxiliando nos relatórios e na troca de 
informações com maior agilidade entre cliente e 
auditoria.
O trabalho de auditoria nos dias atuais tem encon-
trado maior demanda, devido às exigências empre-
sariais, principalmente àquelas de capital aberto, e 
devido também aos grandes escândalos empresa-
7
riais ocorridos com maior frequência.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), preocu-
pado com as atualizações necessárias para a carrei-
ra de auditoria, incluiu os auditores em seu projeto 
de educação continuada, em que todos os auditores 
devem anualmente apresentar comprovante de 40 
pontos mínimos de cursos de atualização.
As mudanças ocorridas desde a harmonização 
contábil, em 2008, têm trazido para as auditorias 
variedades de serviços em consultoria e diversas 
modalidades de auditoria. A boa notícia é que as 
empresas atualmente estão percebendo a necessi-
dade da auditoria e não apenas a veem como uma 
obrigatoriedade.
A maior parte das empresas de médio e grande 
porte já possui departamentos de auditoria interna. 
Estas estão subordinadas aos comandos da empre-
sa e existem para fazer valer os controles internos, 
os quais, por sua vez, podem ser utilizados pela 
auditoria externa, porém é de responsabilidade 
total da auditoria externa responder pelo trabalho 
contratado.
Que fique claro para estudantes de auditoria e para 
todo o público que deseja ter o conhecimento sobre 
a verdadeira razão do trabalho de auditoria numa 
8
instituição que, em nenhum momento, seu objetivo 
é encontrar fraudes, mas, sim, fazer a varredura por 
amostragem e chegar à conclusão de que os lança-
mentos ali registrados e toda a situação avaliada es-
tão em consonância com a legislação vigente no país.
De acordo com Melo e Santos (2012, p. 4),
A Norma define como objetivo: um aumen-
to no grau de confiança nas demonstrações 
contábeis por parte dos usuários. Isso é alcan-
çado mediante a opinião do auditor externo 
sobre as demonstrações contábeis elaboradas, 
em todos os aspectos relevantes e em con-
formidade com uma estrutura de relatório 
financeiro aplicável. Em caso de circunstân-
cias excepcionais e por se tratar de uma exi-
gência relevante nas Normas Brasileiras de 
Contabilidade – Técnicas de Auditoria (NBC 
TA), caso o auditor julgue necessário, ele deve 
executar procedimentos alternativos para o 
cumprimento da exigência. Caso haja a pos-
sibilidade de não conseguir obter segurança 
razoável nos demonstrativos contábeis, o 
auditor poderá abster-se de emitir sua opi-
nião, em seus relatórios, por não ter evidên-
cias suficientes para atender aos usuários das 
demonstrações.
9
O auditor só abandona de vez uma dúvida após 
saná-la, mesmo que em seu planejamento haja um 
determinado número de testes já elencados para a 
elaboração de seu trabalho.
Devido ao formato do trabalho de auditoria, as 
fraudes tornam-se, na maioria das vezes, evidentes, 
mas esse é um trabalho involuntário por parte des-
sas empresas e acaba por ocorrer a evidência, devi-
do ao formato do trabalho da auditoria e aplicação 
de suas técnicas.
10
AULA 2
DO PLANEJAMENTO 
À EXECUÇÃO
O planejamento é o primeiro trabalho da auditoria. 
Este é o momento de conhecer aspectos fundamen-
tais da empresa.
Megginson et. al. (1998) explicam que:
12
[...] “o planejamento pode ser 
conceituado como o processo de 
estabelecer objetivos ou metas, 
determinando a melhor maneira de 
atingi-las. O planejamento estabe-
lece o alicerce para as subsequen-
tes funções de organizar, liderar 
e controlar, por isso, é considera-
do uma função fundamental do 
administrador”.
A NBC T11.4 trata exclusivamente das normas de 
planejamento de auditoria. A intenção aqui não é 
repassar cada item da NBC, mas trazer para o en-
tendimento do leitor a necessidade do planejar em 
auditoria.
É no planejamento que o auditor estabelece que 
seu trabalho deve ser realizado seguindo as nor-
mas profissionais de auditoria independente, bem 
como estabelece que a equipe que desempenhará 
as atividades deve ter conhecimento suficiente para 
atender à demanda, e que o planejamento deve 
considerar todos os fatores relevantes para efetuar 
o trabalho.
Fazendo um apanhado do que trata a NBC T 
13
11.4.1.4/2015, ela mapeia o que já foi feito até 
o ano anterior, como os trabalhos realizados por 
outros profissionais de auditoria, entende o sistema 
operacional utilizado pela instituição a ser avaliada 
bem como os controles internos e a confiabilidade 
deles e também os riscos que esse trabalho oferece 
em termos de transações internas ou até externas, 
devido a sua relação com os stakeholders, além de 
identificar outras unidades da empresa ou filiais.
Ainda há na NBC T que cuida do planejamento um 
item de extrema importância que trata da estraté-
gia e da execução do trabalho de auditoria, a par-
tir da contratação dos serviços, da determinação 
da natureza, da oportunidade e da extensão dos 
exames a serem feitos. A eficácia do trabalho em 
campo será maior se, no momento da contrataçãodos serviços, houver um detalhamento de tudo que 
deve ser feito.
É válido lembrar que planejar não é certeza de ob-
ter êxito em todo o trabalho, mas o planejamento 
bem elaborado auxilia na previsão e também na 
exclusão de erros no momento do trabalho. Sem 
planejamento a auditoria se perderia em afazeres, 
sendo essencial que ele seja realizado por um audi-
tor que tenha maior experiência tanto no ramo de 
auditora quanto no ramo da empresa auditada.
14
AULA 3
PLANEJAMENTO 
DA AUDITORIA
INFORMAÇÕES E CONDIÇÕES PARA 
ELABORAR O PLANEJAMENTO DE 
AUDITORIA
O planejamento de auditoria trabalha em duas fa-
ses específicas, estratégia global e planejamento de 
auditoria.
16
Na estratégia global, o auditor olha para o todo, cria 
as definições do alcance do trabalho a ser realizado 
e sintetiza um escopo direcionador que norteará o 
plano de auditoria. Os itens que estão sob a admi-
nistração da estratégia global, de acordo com a NBC 
TA 300/2016, são:
1. identificar as características do trabalho para 
definir o seu alcance;
2. definir os objetivos do relatório do trabalho de 
forma a planejar a época da auditoria e a natureza 
das comunicações requeridas;
3. considerar os fatores que no julgamento profis-
sional do auditor são significativos para orientar os 
esforços da equipe do trabalho;
4. considerar os resultados das atividades prelimi-
nares do trabalho de auditoria; e 
5. determinar a natureza, a época e a extensão 
dos recursos necessários para realizar o trabalho.
Por meio desses itens elencados é possível definir: 
a equipe que trabalhará em determinado cliente, 
se atentando para as áreas de alto risco, que reque-
rem profissionais mais especializados; as etapas em 
que cada profissional deve entrar em cena; se será 
possível determinar a quantidade de horas a serem 
utilizadas em campo; e como esses recursos serão 
administrados (por intermédio de reuniões, alinha-
mentos com especialistas, treinamentos etc).
17
PRIMEIRA AUDITORIA: ROTEIRO DE 
EXECUÇÃO
Em se tratando de primeira auditoria em determi-
nado cliente, a legislação brasileira adverte para 
que os cuidados sejam reforçados, pois os docu-
mentos ainda não passaram por revisão nessa em-
presa, exigindo levantamento de todos os dados 
essenciais para a realização do trabalho. E, de acor-
do com a NBC TA e também com a Resolução no 
1.035/2005 do Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC), a primeira auditoria requer maior rigor na 
busca das informações, como:
1. revisão dos procedimentos contábeis adotados;
2. uniformidade nos procedimentos contábeis;
3. identificação de relevantes eventos subsequen-
tes ao exercício anterior;
4. revisão dos documentos utilizados pela empre-
sa de auditoria anterior.
O envolvimento da administração da empresa, 
assim como nos processos diários, tem muito a ver 
com o sucesso de um bom trabalho de auditoria. 
Em muitos casos, a empresa cuida de seus proces-
sos internos, estabelece regras e cobra a execução 
dessas regras. Em uma organização com uma es-
trutura de qualidade e processos definidos já existe 
18
em seu organograma o departamento de auditoria 
interna, que auxilia na efetiva cobrança do uso dos 
controles internos e dos procedimentos, processos 
e rotinas validados pela diretoria executiva.
CONTROLES INTERNOS
Os controles internos são ferramentas estratégicas 
para as empresas alcançarem e manterem os resul-
tados determinados pela alta cúpula empresarial. 
Por meio dos controles internos, a instituição disse-
mina suas normas e procedimentos com a intenção 
de que estes protejam seus bens e valores de ma-
neira efetiva e uniforme.
A NBC TA 315/2014 define controle interno como:
[...] o processo planejado, imple-
mentado e mantido pelos res-
ponsáveis da governança, admi-
nistração e outros funcionários 
para fornecer segurança razoável 
quanto à realização dos objetivos 
da entidade no que se refere à 
confiabilidade dos relatórios finan-
ceiros, efetividade e eficiência das 
operações e conformidade com leis 
e regulamentos aplicáveis.
19
Para os auditores, trabalhar numa empresa que 
tenha bons controles internos lhes dá uma sensa-
ção de mais leveza, pois percebem que a empresa 
se preocupa com sua estrutura como um todo. Bons 
controles internos indicam maior transparência e 
processos consolidados.
Para que os controles internos garantam qualidade 
e transparência, eles precisam ter algumas premis-
sas, e isso pode ser visto na citação do professor 
Cavalcanti (2003, p. 64):
1. proteger os ativos
2. produzir dados contábeis 
confiáveis;
3. ajudar a administração na con-
dução ordenada dos negócios da 
empresa.
Embora os controles auxiliem na rotina da institui-
ção, é importante lembrar que eles não garantem 
efetividade em casos nos quais colaboradores mal-in-
tencionados podem colocar tudo a perder, usando de 
negligência, podendo também se colocarem contra 
a estrutura organizacional, além da falta de boas 
instruções para a implantação de um bom contro-
le. Então, novamente, esbarramos na comunicação, 
que, neste caso, deve vir do alto escalão da empresa.
20
AULA 4
AMOSTRAGEM
AMOSTRAGEM
O trabalho de auditoria é sempre questionado 
por leigos quanto à sua legitimidade, uma vez que 
usam o critério de amostragem para validarem as 
demonstrações contábeis. Porém, o trabalho do 
auditor não é o de refazer a contabilidade, mesmo 
porque isso custaria uma fortuna, pensando que 
22
sua hora de trabalho tem um valor consideravel-
mente alto. O trabalho do auditor é verificar se as 
demonstrações contábeis estão de acordo com as 
normas contábeis vigentes no país.
É possível perceber que o legislador entendeu a 
amostragem como suficiente, evitando dispêndio 
em tempo e dinheiro, como já mencionado ante-
riormente. Veja o que consta na NBC TA 300/2016: 
Amostragem em auditoria é a apli-
cação de procedimentos de audito-
ria em menos de 100% dos itens de 
população relevante para fins de 
auditoria, de maneira que todas as 
unidades de amostragem tenham 
a mesma chance de serem selecio-
nadas para proporcionar uma base 
razoável que possibilite o auditor 
concluir sobre toda a população.
Essa amostragem deve ser pensada de forma a cer-
car toda a comunidade de dados da instituição a ser 
auditada. Essa comunidade de dados é chamada de 
população, ou seja, o todo, e, para cada item dessa 
população, usa-se o termo unidade de amostragem.
Essa amostragem, de acordo com a legislação vi-
23
gente, pode ser feita de duas formas, estatística e 
não estatística. Na estatística, a seleção é pensada 
no todo. Na não estatística, a seleção depende da 
expertise do auditor, usando a objetividade.
O auditor pode usar diversos métodos para a sele-
ção da amostra, conforme segue.
MÉTODO DE SELEÇÃO E TAMANHO 
DA AMOSTRA
Fazer a seleção de dados para análise nunca é algo 
simples, principalmente para quem está fora da em-
presa. Opor isso, os auditores se baseiam na NBC 
TA 530/2009 para se apoiarem na tomada de deci-
são quanto à escolha do melhor método, conforme 
apresentado na Tabela 1.
TABELA 1 – MÉTODOS DE 
SELEÇÃO DA AMOSTRA
24
Seleção 
aleatória
Desenvolvida por meios 
de número aleatórios, por 
exemplo, tabelas de números 
aleatórios.
Seleção 
sistemática
A quantidade de unidades de 
amostragem na população 
é dividida pelo tamanho da 
amostra, o que resulta em um 
intervalo de amostragem, por 
exemplo, 60. Após determinar 
um ponto de início entre as 
primeiras 60 amostras, toda 
60ª unidade seguinte fará 
parte da seleção. Percebe-se 
que aqui o ponto de início 
é selecionado ao acaso, o 
que torna mais provável que 
a amostra seja realmente 
aleatória, principalmente 
se este ponto de início for 
selecionado com o uso de 
inteligência artificial. Ao usar 
uma seleção sistemática, o 
auditor precisaria determinar 
que as unidades de 
amostragem da população 
não estão estruturadas de 
modo que o intervalo de 
amostragem corresponda a 
um padrão em particular da 
população.
25
Amostragem 
de unidade 
monetáriaÉ um tipo de seleção com 
base em valores, no qual 
o tamanho, a seleção e 
a avaliação da amostra 
resultam em uma conclusão 
em valores monetários.
Seleção ao 
acaso
O auditor seleciona uma 
amostra sem seguir uma 
técnica estruturada. 
Embora nenhuma técnica 
estruturada seja usada, o 
auditor, ainda assim, evitaria 
qualquer tendenciosidade 
ou previsibilidade consciente 
(por exemplo, evitar itens 
difíceis de se localizar ou 
escolher, ou evitar sempre 
os primeiros ou os últimos 
lançamentos de uma página) 
e, desse modo, procuraria se 
assegurar de que todos os 
itens da população possuem 
a mesma chance de seleção. 
A seleção ao acaso não é 
apropriada ao se usar a 
amostragem estatística.
26
Seleção em 
blocos
Envolve a seleção de um 
ou mais blocos de itens 
da mesma população. A 
seleção de bloco geralmente 
não pode ser usada em 
amostragem de auditoria 
porque a maioria das 
populações está estruturada 
de modo que esses itens 
em sequência podem ter 
características semelhantes 
entre si, mas características 
diferentes de outros itens 
de outros lugares da 
população. Embora em 
algumas circunstâncias 
possa ser apropriado que um 
procedimento de auditoria 
examine um bloco de 
itens, esta raramente seria 
uma técnica de seleção de 
amostra apropriada quando 
o auditor pretende obter 
interferências válidas sobre 
toda a população com base 
na amostra.
Fonte: Baseado em NBC TA 530/2009. Apêndice 4.
Além dos métodos de seleção da amostra elenca-
dos na Tabela 1, também é de extrema importância 
a definição do tamanho da amostra. Pois, a redução 
dos riscos ocorre quando a amostragem apresenta 
27
um número mínimo aceitável, ou seja, quanto me-
nor for o risco, maior será o tamanho da amostra.
Se, ao realizar o trabalho, o auditor não se sentir 
seguro com as conclusões sobre a população, ele 
deve:
1. levar até a administração a situação que o aflige 
em relação ao efetivo encontrado na amostra; e
2. testar em maior volume, modificar os pro-
cedimentos substantivos ou ainda realizar testes 
alternativos.
Destaco aqui que a responsabilidade de encontrar 
distorções ou fraudes empresariais não está rela-
cionada ao trabalho do auditor e sim associada ao 
trabalho da administração da empresa, que de-
tém todas as ferramentas para dirimir problemas 
internos.
28
AULA 5
EVIDENCIAÇÃO E 
DOCUMENTOS DO 
AUDITOR
O auditor observa o planejamento e entende quais 
são suas responsabilidades sobre a auditoria. E já 
no planejamento consta a documentação que deve 
ser avaliada.
Essa documentação já foi chamada de papéis de 
trabalho e, atualmente, como consta na NBC TA 
230/2016 e até por sua característica não física 
30
e sim digital, recebe o nome de documentos do 
auditor.
O auditor deve manter a evidência de seu trabalho, 
de forma a garantir a fidedignidade de sua funda-
mentação, bem como para facilitar a revisão do 
trabalho realizado. A evidência pode servir, inclu-
sive, de material de apoio para a revisão de dados, 
e, ainda, ser o parâmetro de início na auditoria do 
próximo ano e também valer como prova em algu-
ma situação judicial. Esse trabalho pode ser apre-
sentado de forma manual ou eletrônica. Essa docu-
mentação é composta de toda a pesquisa individual 
do auditor e nada impede que ele acople a essa do-
cumentação evidências oriundas de terceiros, como 
atas de reuniões, cartas de circularização, e-mails, 
dentre outras formas de registros.
Geralmente esses documentos são elementos que 
têm total significado para os exames realizados. 
Eles devem, de acordo com a NBC TA 230/2016, 
compreender o planejamento, a natureza, a opor-
tunidade e a extensão dos procedimentos de au-
ditoria, bem como o julgamento do auditor e suas 
conclusões.
A guarda dessa documentação deve ser feita de 
forma sistemática, para que qualquer auditor possa 
entender quais foram os procedimentos realizados 
e possa dar sequência ao trabalho já apresentado.
31
Existe uma padronização para a guarda desses do-
cumentos em pastas eletrônicas, que respeita uma 
ordem. Veja o que diz Melo e Santos (2012, p. 205).
1. Pasta corrente: Nesta pasta 
arquiva-se documentos utilizados 
pela auditoria em execução que 
servirão somente para um exercício 
social. Como por exemplo: mapa de 
contas a pagar, mapa de contas a 
receber, mapa de tesouraria, ques-
tionário de avaliação dos controles 
internos, balancete, conciliações e 
outros.
2. Pasta permanente: nesta pasta 
arquivam-se informações relacio-
nadas com a organização e a ativi-
dade e podem ser utilizados em ba-
ses recorrentes, isto é, utilizado em 
mais de um exercício social. Como 
por exemplo: estatuto social, des-
crição dos negócios da companhia, 
legislação pertinente à companhia, 
manual de procedimentos, contra-
tos de longo prazo e outros.
32
O tempo que o auditor precisa manter sob sua 
guarda a documentação levantada na empresa, a 
partir da data de emissão do relatório de audito-
res independentes, é de 5 anos, segundo a NBC PA 
01/2009, item A61. Além da guarda da documenta-
ção, o auditor tem por obrigação manter as infor-
mações obtidas ali em sigilo e sua divulgação deve 
ser feita apenas se exigido por obrigações legais.
Guardando ou arquivando todo o material eviden-
ciado, o auditor tem como se resguardar de situa-
ções que dizem respeito ao seu trabalho. A inobser-
vância dessa norma constitui infração disciplinar, 
sujeita a penalidades.
33
AULA 6
AUDITORIA DAS 
DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS
AUDITORIA DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS
A auditoria das demonstrações contábeis segue 
a legislação contábil vigente (leis nos 11.638/07 e 
11.941/09). As demonstrações contábeis e financei-
ras obrigatórias para as S.A.s são:
35
a) balanço patrimonial;
b) demonstração dos lucros ou prejuízos 
acumulados;
c) demonstração do resultado do exercício;
d) demonstração dos fluxos de caixa;
e) demonstração do valor adicionado.
O trabalho da auditoria é o de averiguar se cada 
demonstração elencada está sendo realizada de 
acordo com a legislação vigente.
A seguir, verificaremos cada um dos relatórios 
obrigatórios.
36
TABELA 2 – BALANÇO PATRIMONIAL DE 
ACORDO COM AS LEIS NOS 11.638/07 E 
11.941/2009
ATIVO PASSIVO 
Circulante 
Não circulante
– Realizável a longo 
prazo 
– Investimentos 
– Imobilizado
– Intangível
Circulante
Não circulante
– Exigível a longo prazo 
Patrimônio líquido
Capital social 
Reservas de capital 
Ajustes de avaliação 
patrimonial 
Reserva de lucros 
Ações em tesouraria 
Prejuízos acumulados
Fonte: Baseado em Brasil, 2007 e Brasil, 2009.
37
No relatório balanço patrimonial, a auditoria deve 
respeitar o conceito estático do mesmo, fazendo 
uma varredura em toda a composição histórica 
apresentada em sua construção. A auditoria deve 
verificar se as contas que compõem o ativo circulan-
te estão respeitando a periodicidade de 12 meses, 
respeitando o ciclo operacional, verificando, se nas 
disponibilidades, os itens que a compõem são real-
mente de liquidez imediata. Deve também avaliar 
se os itens que compõem o grupo de contas a rece-
ber apresentam evidência de orçamentos e ordem 
de venda, verificar a veracidade dos contratos de 
adiantamento a terceiros. Além disso, deve enten-
der o ciclo de estoque bem como sua ordem de 
compra e aprovações.
Já no ativo não circulante, a auditoria deve procurar 
a identidade do longo prazo nos direitos e adianta-
mentos, empréstimos e contas como venda a admi-
nistradores, coligadas, sócios e executivos. Também 
deve apurar o tipo de investimento existente bem 
como seu contrato, vigência e vantagens ou desvan-
tagens deste para a instituição.
No imobilizado, a preocupação deve ser com sua 
vida útil, seu devido registro e sua existência física.
No intangível, a auditoria deve se preocupar com os 
itens que contemplam o CPC 01 (R4), softwares e 
38
suas licenças, durabilidade, os fundos de comércio 
e sua mensuração e a identificação do capital inte-
lectual, medição e enquadramento.
As contas de passivosão tão representativas nas 
análises quanto as de ativo, devendo o passivo 
circulante ser observado nas questões do prazo de 
vencimento, da existência da obrigação, seu contra-
to, se existir, ou a evidência de ordem de compras 
ou autorizações para existência da obrigação.
As contas do passivo no longo prazo também de-
vem ser observadas, em razão de seu tempo maior 
que o exercício social, seus contratos de financia-
mento, bem como taxas de juros e composição de 
valores.
39
TABELA 3 – MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DAS 
MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL)
DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
 Capital social 
integralizado
Reserva 
de capital
Reserva 
de lucros
Lucros ou 
prejuízos 
acumulados
Outros 
resultados 
abrangentes
Patrimônio 
líquido 
consolidado
Saldos 
iniciais X0 
Aumento de 
capital 
Ações em 
tesouraria 
adquiridas
 
Ações em 
tesouraria 
vendidas
 
Dividendos 
Transações de 
capital com os 
sócios
 
Ajustes de 
instrumentos 
financeiros
 
Equiv. 
patrimonial s/ 
ganhos abrang. 
de coligadas
 
Ajustes de 
conversão do 
período
 
Outros 
resultados 
abrangentes
 
Ajustes de 
instrumentos 
financeiros 
reclassificados 
por resultado
 
Reclassificações 
de resultados 
abrangentes
 
Lucro líquido do 
período 
Fonte: Modelo adaptado da NBC TG 26, 2009.
40
No patrimônio líquido devem ser observados a 
existência do capital, o contrato social, a coerência 
das reservas, o respeito aos limites, a existência 
dos ajustes de avaliação patrimonial, as contas de 
ações em tesouraria e a apuração da conta prejuí-
zos acumulados. Ainda falando de patrimônio, uma 
das demonstrações que devem ser visitadas é a 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 
(DMPL), levando à prova toda a movimentação 
ocorrida no patrimônio da instituição e seu devi-
do registro. E, sendo a Demonstração dos Lucros e 
Prejuízos Acumulados (DLPA) uma das demonstra-
ções exigidas pelas companhias de capital aberto, a 
auditoria passa por ela, evidenciando as alterações 
ocorridas no patrimônio líquido, observando a mo-
vimentação dos lucros ocorridos e prejuízos, bem 
como sua correta compensação.
QUADRO 1 – MODELO DE DEMONSTRATIVO DE 
RESULTADOS DO EXERCÍCIO (DRE) VIGENTE
41
DRE
(-) Deduções da Receita Bruta
 Vendas Canceladas ou Devoluções de Vendas
 Descontos incondicionais 
 TIV (ICMS, PIS e COFINS)
(=) Receita Operacional Líquida
(-) Custo das Mercadorias Vendidas
(=) Lucro Operacional Bruto
(-) Despesas Operacionais:
 Despesas Gerais e Administrativas
 Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
(=) Lucro ou prejuízo Operacional
(+) Receitas não operacionais
(-) Despesas Não operacionais
(=) Resultado do Exercício antes da provisão p/IR e CSLL
(-) Prov. p/Contribuição Social
(-) Prov. p/Imposto de Renda
(=) Resultado do Exercício após a provisão p/IR e CSLL
(-) Participações
(-) Debêntures
(-) Empregados
(-) Administradores
(-) Partes Beneficiárias
(-) Fundos de Previdência
(=) Lucro Prej. Líquido do Exercício
Fonte: Brasil, 1976.
42
A demonstração de resultado do exercício também 
é alvo da auditoria, pois as evidências em relação 
às despesas, receitas e custos se encontram nesse 
importante relatório.
Os trabalhos de evidenciação de auditoria estão 
relacionados, neste momento, com a validação da 
correta composição das vendas líquidas, bem como 
com a existência das devoluções de vendas e a com-
posição dos impostos.
Quanto aos custos das mercadorias, a preocupação 
deve estar voltada à comprovação de sua existência 
e às aprovações durante o processo.
Entende-se que todo processo de fabricação também 
apresenta as despesas de vendas, gerais e adminis-
trativas existentes por meio de liberações, e estas 
são checadas e validadas de acordo com as alçadas.
Quanto aos impostos de renda e social, o percurso 
de sua apuração e as respectivas compensações e 
adicionais são levados à prova, assim como as parti-
cipações estatutárias, suas cotas e valor por ação.
Também se deve lembrar do relatório 
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), que forne-
ce informações acerca das alterações no caixa por 
meio das atividades operacionais, de financiamento 
e de investimento, levando a auditoria a requerer 
os documentos que originaram tais situações de fi-
nanciamento e investimento, confrontando as infor-
mações com os registros do balanço patrimonial.
43
QUADRO 2 – DEMONSTRAÇÃO DE 
FLUXO DE CAIXA (DFC)
 Fluxo de Caixa Indireto
 Atividades Operacionais
 Lucro do Exercício
 Depreciação
 Geração de Caixa
 
 Diminuição de Contas a Receber
 Diminuição de Fornecedores
 Diminuição de Impostos sobre Vendas
 Diminuição de Impostos sobre Lucros
 
 Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais
 Atividades de Investimentos
 Valor de Compras de Imobilizados
 
 Fluxo de Caixa das Atividades de Investimentos
 Atividades de Financiamentos
 Captação de Novos Empréstimos
 
 Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamentos
 Variação Líquido na Caixa
 
 Caixa no início do período
 Caixa no final do período
Fonte: Pronunciamento Técnico CPC 03/08, de 13/06/2008.
44
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) tam-
bém sofre auditoria, visto que evidencia toda a 
riqueza gerada pela empresa e sua distribuição. 
Desta forma, esse relatório contribui para uma ve-
rificação de existência das contas elencadas, princi-
palmente daquelas que envolvem impostos, taxas 
e gastos com pessoal. A DVA é um relatório impor-
tante, nela é possível identificar quanto a empresa 
contribui para a formação do Produto Interno Bruto 
(PIB).
QUADRO 3 – DEMONSTRAÇÃO DO 
VALOR ADICIONADO (DVA)
Demonstração do Valor Adicionado - Empresas em Geral
 1.Receita
 1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
 1.2) Outras receitas
 1.3) Receitas Relativas à construção de ativos próprios
 1.4) Perdas estimadas em créditos de liquidação 
duvidosa- Reversão/ (Constituição)
45
 
2. INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS 
(inclui os valores dos impostos - ICMS, IPI, PIS e 
COFINS)
 2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos 
serviços vendidos
 2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
 2.3) Materiais, energia, serviços de materiais de 
terceiros e outros
 2.4) Outras (especificiar)
 3. VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
 4. DEPRECIAÇÃ, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
 5.VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA 
ENTIDADE (3-4)
 6.VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
 6.1.Resultado de equivalência patrimonial
 6.2.Receitas Financeiras
 6.3.outras
 7.VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
 8.DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
 8.1.Pessoal
 8.1.1.Remuneração direta
 8.1.2.Benefícios
46
 8.1.3. FGTS
 8.2. Impotos, taxas e contribuições
 8.2.1. Federais
 8.2.2. Estaduais
 8.2.3. Municipais
 8.3. Remuneração de capital de terceiros
 8.3.1.Juros
 8.3.2. Aluguéis
 8.3.3.Outras
 8.4.Remuneração de Capitais Próprio
 8.4.1.Juros sobre o capital próprio
 8.4.2.Diviendos
 8.4.3.Lucros Retidos/prejuízo do exercício
 8.4.4. Participação dos não controladores nos lucors 
retidos (só para consolidação)
Fonte: Comitê dos Pronunciamentos Contábeis.
Esses relatórios trazem dados importantes sobre a 
movimentação da empresa. Um olhar atento a cada 
item, em conjunto com a checagem das operações 
originárias, podem garantir ao auditor maior segu-
rança em seu trabalho.
47
AULA 7
ASSEGURAÇÃO
A asseguração tem relação com segurança, trans-
parência e qualidade da informação. Isso pode ser 
melhor explicado na NBC T0 3000/2015.
49
Essa norma estabelece regras para o trabalho de 
asseguração, que se trata de um trabalho que não 
deve ser de auditoria nem de revisão de informa-
ções financeiras. Ainda que esse trabalho seja exe-
cutado por um auditor, ele não deve ter caracterís-
tica de auditoria apenas. Esse é um trabalho feito 
sob encomenda, muito específico, e a forma como 
o auditor estabelece o critério para desenvolvê-lo 
deve ficar clarapara quem solicitou o serviço; pois o 
caráter do trabalho de asseguração pode ser restri-
to ou geral, então, dependendo da situação, a divul-
gação de critérios será revelada.
Os trabalhos de asseguração possuem duas linhas a 
serem seguidas: razoável e limitada. O trabalho que 
segue a linha razoável se trata de um exame das de-
monstrações contábeis. A segunda linha de trabalho 
é uma revisão considerada limitada para atender 
os requisitos da Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM).
Entende-se que um trabalho com 100% de segu-
rança realizado por um auditor independente não 
é possível. No trabalho de asseguração ocorre o 
mesmo; os profissionais prezam por uma segurança 
considerada razoável.
Os elementos que devem constar em um trabalho 
de asseguração, de acordo com a norma, são:
50
 ● relacionamento entre as partes;
 ● objeto apropriado;
 ● critérios adequados;
 ● evidências apropriadas e suficientes;
 ● relatório de asseguração escrito de forma 
apropriada.
Esse trabalho deve prezar pela: relevância, in-
tegralidade, confiabilidade, neutralidade e 
compreensibilidade.
Quando se trata de relacionamento entre as par-
tes, mesmo num trabalho de asseguração, os ad-
ministradores da companhia são os responsáveis 
pela informação, nas quais nascem os processos. 
Os administradores podem ser os contratantes dos 
serviços ou não.
Cabe ao auditor independente optar pelo melhor 
procedimento a ser aplicado para chegar à emissão 
do seu relatório de asseguração. Para que os crité-
rios utilizados pelos auditores independentes sejam 
considerados adequados, eles devem apresentar as 
seguintes características, de acordo com a NBC TO 
3000/2015:
1. relevantes, para contribuir com a tomada de de-
51
cisão pelos usuários previstos;
2. completos, não omitindo fatores importantes. 
Critérios que atendam a necessária integridade 
incluem pontos de referência para divulgação e 
apresentação;
3. confiáveis, para permitir uma avaliação ou men-
suração razoavelmente uniforme do objeto;
4. neutros, para contribuírem para decisões não 
tendenciosas;
5. compreensíveis, para que evitem interpretações 
diferentes e possam ser claros.
No caso de o trabalho ser executado, por exemplo, 
sobre os controles internos, o critério de mensu-
ração pode ser baseado na estrutura conceitual 
de controle interno, como a estabelecida pelo 
Committee of Sponsoring Organizations (Coso). Os 
critérios devem ser adequados para contribuírem 
com uma estrutura conceitual que permita uma 
mensuração do objeto avaliado.
Ao realizar esse tipo de serviço também pode ser 
usado um especialista para a obtenção das evi-
dências necessárias. Esses profissionais devem ter 
habilidade e conhecimento conjunto para não pre-
judicar o relatório final do auditor independente, 
que é o responsável pela asseguração.
52
Cabe mencionar que, assim como na auditoria, o 
cliente do trabalho de asseguração deve ter as ga-
rantias de independência do auditor. Os exemplos 
citados na norma como perdas de independência 
são:
 ● interesses financeiros em comum;
 ● empréstimos;
 ● compra de produtos;
 ● relacionamentos familiares e pessoais;
 ● vínculo empregatício com o cliente de 
asseguração;
 ● honorários contingentes;
 ● prestação de outros serviços.
O auditor, no trabalho de asseguração, tem sua 
atuação baseada em evidências, e considera su-
ficiente a medida de quantidade da evidência, e 
a medida de qualidade se torna a adequação do 
processo.
A NBC TO 3000/2015 diz que: “O auditor conside-
ra a materialidade, o risco que o trabalho oferece, 
bem como a quantidade e a qualidade das evidên-
cias quando planeja a natureza, época e extensão 
dos procedimentos a serem executados”.
53
AULA 8
AUDITORIA 
TRIBUTÁRIA
A auditoria tributária revisa, avalia e analisa os pro-
cedimentos de uma entidade, buscando formas de 
promover um planejamento fiscal e tributário me-
lhor do que o já existente.
Assim como nos demais trabalhos de auditoria, na 
auditoria tributária, o auditor revisa os controles 
internos e apura a dimensão dos testes a serem 
55
aplicados em relação aos pagamentos realizados, 
a recuperação de impostos, contribuições e taxas, 
multas e juros. Ele avalia o não recolhimento de tri-
butos e os prazos que deveriam ter sido recolhidos. 
A auditoria fiscal, além de se preocupar e revisar os 
pagamentos, também revisa as obrigações acessó-
rias, como DIPJ, DACON, DCTF, DIRF e as obrigação 
mais recente, o Sistema Público de Escrituração 
Digital (SPED).
Esse trabalho coopera com a prevenção de fraudes 
tributárias, desde que acompanhados de perto os 
registros dos tributos e desde que, em curto espa-
ço de tempo, seja vistoriado para que, mesmo em 
situações de erro humano, não haja prejuízo para a 
empresa.
Para que o trabalho seja feito de maneira lógica e 
tenha critérios transparentes, é necessário, antes 
de iniciar uma auditoria tributária, assim como 
qualquer outra auditoria, realizar um planejamento, 
mantendo, assim, uma visão ampla do que deve ser 
realizado. É importante que o profissional que irá 
trabalhar com auditoria tributária tenha expertise 
suficiente para executá-la, que conheça os princi-
pais recursos norteadores, como legislação vigente, 
boletins fiscais e tributários, e que tenha domí-
nio de várias formas de obtenção de informações 
tributárias.
56
De acordo com Santos (2016, p. 34), é bom ter um 
roteiro para realizar as avaliações nas contas de 
tributos, conforme consta na Tabela 4.
TABELA 4 – ROTEIRO
PARTE I – IRPJ
 
1. Se a pessoa jurídica não estiver obrigada 
ao lucro real, verificar a melhor forma de 
tributação, simulando a adoção do lucro 
presumido do lucro real e do Simples 
Nacional.
 
2. Na determinação da base de cálculo 
do imposto foram feitas as adições e 
exclusões prescritas na legislação?
 
3. Da base de cálculo do IRPJ, foram 
compensados eventuais prejuízos fiscais de 
exercícios anteriores?
 4. No cálculo do IRPJ, levou-se em 
consideração o adicional, se devido?
 
5. Do valor devido, foram deduzidos os 
valores retidos cuja receita foi oferecida 
à tributação? Exemplo: retenção sobre a 
receita da prestação de serviços.
 6. O IRPJ devido foi recolhido no prazo e 
nas condições estabelecidos na legislação?
57
PARTE II – CSL 
 
7. Na determinação da base de cálculo da 
CSL, foram feitas as adições e exclusões 
prescritas na legislação?
 
8. Da base de cálculo da CSL, foi 
compensada eventual base de cálculo 
negativa de exercícios anteriores?
 
9. Do valor devido, foram deduzidos os 
valores retidos cuja receita foi oferecida 
à tributação? Exemplo: retenção sobre a 
receita da prestação de serviços.
 10. A CSL devida foi recolhida no prazo e 
nas condições estabelecidos na legislação?
PARTE III – PIS/Cofins
 
11. Foram feitas as exclusões legais para 
fins de determinação da base de cálculo 
do PIS e da Cofins, tais como devoluções e 
IPI?
 
12. A empresa auferiu “outras receitas” 
tributáveis não enquadradas como receita 
da atividade, rendimento de aluguéis, 
recebimento de juros e indenizações?
58
 
13. As receitas não tributáveis foram 
excluídas da base de cálculo do PIS e da 
Cofins (ganhos de capital na alienação de 
bens e direitos do ativo imobilizado, por 
exemplo)?
 
14. Das contribuições devidas 
MENSALMENTE, foram abatidas as 
retenções? Exemplo: retenção sobre a 
receita da prestação de serviços.
 
15. Foram aproveitados créditos sobre 
aquisição de mercadorias para revenda, 
insumos, aluguéis, depreciação etc.?
 
16. O PIS e a Cofins devidos foram 
recolhidos no prazo e nas condições 
estabelecidos na legislação?
Além desse roteiro, é importante que os audito-
res fiscais observem o regime de competência de 
contas, como despesa de energia elétrica, aluguel, 
água, leasing e combustível, para que não sejam 
contabilizadas após o fechamento do balanço. Isso 
deve acarretar pagamento de imposto a maior, pois 
essas despesas não entraram para a contabiliza-
ção do período a que se referem. O mesmodeve 
ocorrer com receitas financeiras, nas quais o res-
gate gera o registro, de acordo com o princípio do 
conservadorismo.
59
Atualmente, os auditores fiscais também vivenciam 
o desafio da tecnologia e a necessidade de enten-
der como tudo funciona na empresa auditada. Faz 
toda diferença em suas avaliações, principalmente 
na condução dos trabalhos, a forma de acesso às 
informações, que também exige desse profissional 
que tenha conhecimentos que vão além dos concei-
tos e das técnicas contábeis.
60
AULA 9
AUDITORIA 
TRABALHISTA
Dentre os diversos ramos de atuação da auditoria 
se encontra a auditoria trabalhista, que segue as 
tendências do mundo tecnológico para uma gestão 
mais ágil e eficaz. O auditor deve atuar nessa área 
utilizando-se dos recursos disponíveis de maneira 
preventiva, visando angariar para a instituição exce-
lência na execução e nos processos que envolvem 
esse assunto.
62
A auditoria trabalhista faz a ponte entre a institui-
ção e o colaborador. O trabalho bem-feito do audi-
tor trabalhista evita perdas para o colaborador, bem 
como para a instituição, atuando na falha de seus 
processos, na análise crítica e na identificação dos 
melhores processos de trabalho no ambiente da 
empresa. A empresa também tem um ganho com a 
auditoria, que é o de evitar perdas com processos 
trabalhistas e de evitar a propagação de falhas no 
dia a dia.
O sucesso desse trabalho depende muito do co-
nhecimento e do envolvimento do auditor na área 
que lhe fornece a sua principal matéria-prima para 
trabalhar, o departamento de Recursos Humanos. 
Esse profissional deve ter habilidade de entender os 
relatórios de gestão de pessoas, bem como a legis-
lação vigente e a rotina trabalhista, além dos aspec-
tos comportamentais. Precisa se fazer entendido na 
função que lhe cabe, que é a de não causar danos 
nem ao colaborador, nem à empresa.
A preocupação da auditoria trabalhista está em 
adequar os processos e as rotinas para que se tor-
nem transparentes e de fácil acesso, tornando apli-
cável a ferramenta do compliance e, assim, evitando 
restrições ou impedimentos legais futuros.
Utilizar auditoria trabalhista é buscar por confiabi-
63
lidade, segurança e padronização de informações 
geradas na instituição. Para que o processo seja vis-
toriado pelo auditor trabalhista, é importante que 
ele percorra as seguintes situações:
 ● pré-admissão e admissão;
 ● folha de pagamento;
 ● jornada de trabalho;
 ● processos de demissão;
 ● reclamações trabalhistas;
 ● gestão de risco trabalhista;
 ● gestão previdenciária;
 ● benefícios;
 ● adequação do contrato de trabalho;
 ● terceirizações;
 ● cálculo dos encargos sociais e previdenciários, 
incluindo a Contribuição Previdenciária sobre a 
Receita Bruta (CPRB);
 ● segurança e medicina do trabalho; e
 ● pejotização.
Dar suporte à empresa contra ações criminosas é 
uma das funções do compliance, além de evitar da-
nos à instituição e práticas elisivas ao governo.
64
A aplicação da Lei nº 12.846/13 minimiza as práti-
cas danosas por meio da responsabilização direta 
das corporações, mesmo que elas não tenham 
conhecimento da má prática. A penalização para 
práticas elisivas é alta financeira e punitivamente, 
com veto a incentivos fiscais, doações e subsídios, 
bem como bloqueio de bens e uma singela mul-
ta no percentual de 20% do total do faturamento 
bruto.
Aproveitando o avanço do movimento digital que 
o país tem vivido, a fiscalização do Ministério do 
Trabalho tem sido bem mais frequente. Essas exi-
gências fazem com que a empresa treine os cola-
boradores e insistam nas novidades da lei traba-
lhista, o que, consequentemente, leva as políticas 
de recursos humanos a serem atualizadas para tal 
cenário.
O eSocial faz parte desse avanço tecnológico. Por 
meio dele, as informações de folha e de tributos 
sobre a folha são transmitidos on-line, por isso a 
necessidade de maior grau de transparência.
As empresas de auditoria podem auxiliar na cor-
reta preparação das informações geradas para o 
governo federal, por exemplo:
65
1. auxiliar na implantação e na coordenação do 
projeto do eSocial;
2. revisar as questões cadastrais utilizadas na fo-
lha de pagamento;
3. analisar os dados constantes na folha de paga-
mento, como função, cargo, horário de trabalho, 
tributos incidentes etc.
Atualmente a quantidade de trabalho para audito-
res na área tributária e trabalhista aumentou consi-
deravelmente, pois há muitas adequações a serem 
feitas, muitas novidades e poucas pessoas dispostas 
e/ou disponíveis a cumprirem os mandamentos 
legais.
66
AULA 10
RELATÓRIOS 
DOS AUDITORES 
INDEPENDENTES
O relatório dos auditores é a etapa final do trabalho 
de auditoria. Ele contempla um conjunto de infor-
mações para que os interessados no negócio pos-
sam tomar suas decisões.
Segundo a nova estrutura de parecer de auditoria, 
a opinião dos auditores constante no relatório pode 
ser apresentada em dois formatos: 
68
1. NÃO MODIFICADA – sem ressalva – e 
2. MODIFICADA – com ressalva, adverso ou com 
abstenção ou negativa de opinião.
O novo formato de relatório foi desenhado para 
que o leitor tenha um melhor entendimento sobre 
as informações. Os itens que compõem a nova es-
trutura estão listados a seguir.
 ● Título, destinatário, parágrafo introdutório, 
seção sobre a responsabilidade da administração, 
seção sobre a responsabilidade do auditor e a ex-
tensão da auditoria, opinião não modificada. Para 
as opiniões (modificada – com ressalva, adversa, ou 
abstenção de opinião), foi inserido mais um pará-
grafo, em que o auditor explica tudo que originou a 
modificação de sua opinião.
 ● No parágrafo introdutório, há a indicação de quais 
demonstrações contábeis estão sendo auditadas.
 ● Há um parágrafo descrevendo a responsabilida-
de da administração pela elaboração das demons-
trações contábeis.
 ● Também deve haver um parágrafo que des-
creve a responsabilidade do auditor por expressar 
sua opinião sobre as demonstrações contábeis e a 
extensão da auditoria.
 ● Há um parágrafo de opinião sobre as demons-
trações contábeis não modificadas e um para as 
modificadas.
69
 ● Também existe um parágrafo de ênfase, que, 
por ser importante para o auditor e poder vir a 
esclarecer determinados pontos, chama a atenção 
para o tópico.
 ● Há um parágrafo para a assinatura de quem 
realizou a auditoria, tanto em nome do escritório 
contratado como em nome do auditor responsá-
vel. O número do cadastro do auditor responsável 
no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) deve 
constar no documento.
MODELO PADRÃO DO RELATÓRIO DE 
OPINIÃO DO AUDITOR INDEPENDENTE
Título
Destinatário
Parágrafo introdutório
Seção sobre a responsabilidade da 
administração
Seção sobre a responsabilidade do auditor e a 
extensão da auditoria
Parágrafo da opinião do auditor
Local, data e assinatura
Fonte: Baseada na NBC TA 700/2016.
70
Quando o auditor preenche o relatório e utiliza o 
parágrafo sem ressalva significa que ele tem plena 
convicção de que as demonstrações contábeis e 
financeiras analisadas foram realizadas em conso-
nância com as normas brasileiras de contabilidade 
e seguiu rigorosamente os princípios contábeis 
vigentes.
Já quando o auditor independente inclui o parágra-
fo com modificação de opinião (ressalva), significa 
que ele obteve evidências apropriadas e suficientes 
de que as distorções individualmente ou em con-
junto são relevantes, mas não generalizadas. Isso 
não exige um relatório com opinião adversa, pois a 
interferência no restante do relatório é ínfima.
De acordo com a NBC TA 700/2016, os efeitos ge-
neralizados são aqueles que, no julgamento do 
auditor,
1. não estão restritos aos elementos, contas ou 
itens específicos das demonstrações contábeis;
2. se estiverem restritos, apresentam ou poderiam 
apresentar uma parcela substancial das demonstra-
ções contábeis;
3. em relação às divulgações, são fundamentais 
para o entendimento das demonstrações contábeis 
pelos usuários.71
A única diferença do relatório com ressalva para o 
sem ressalva é o parágrafo que identifica cada uma 
das situações.
Apenas a título de curiosidade, segue um exem-
plo do parágrafo de ênfase: “Chamamos a atenção 
nas demonstrações contábeis para a NOTA XY, que 
descreve a incerteza relacionada com o resultado da 
ação trabalhista movida contra a Cia. Paralelo, pela 
Empresa XY. Nossa opinião não contém ressalva 
relacionada a esse assunto”.
72
AULA 11
REPRESENTAÇÃO 
FORMAL
A representação formal é a antiga carta de res-
ponsabilidade da administração, por meio da qual 
o auditor pode ratificar os dados trabalhados du-
rante a realização da auditoria nos demonstrativos 
contábeis. As informações dessa carta deverão ser 
relevantes, a seleção das políticas contábeis da 
companhia, riscos ou incertezas em relação ao mo-
nitoramento dos controles internos e aos eventos 
subsequentes à data do término do exercício social.
74
Ao contratar os serviços de auditoria, a administra-
ção deve reconhecer suas responsabilidades, como 
a entrega correta do relatório em conformidade 
com a legislação vigente, a manutenção dos contro-
les internos, e que as demais atividades do dia a dia 
estejam livres de distorções, independentemente 
se elas refletem fraude ou erro. Por essa razão, na 
representação formal, a administração cientifica do 
documento deve atestar tais responsabilidades.
Em alguns casos de dúvida, a administração pode 
recorrer a alguns profissionais ou prestadores de 
serviços que tenham atuado em cálculos específi-
cos, em atestados de regularidade ou em informa-
ções junto ao departamento jurídico sobre possi-
bilidades de perdas remotas, possíveis em causas 
judiciais. Essas informações devem estar em dia, 
para que não haja problema na comunicação.
Um fato importantíssimo é que a opinião do auditor 
não pode ser apresentada antes da emissão da re-
presentação formal, pois é possível que ainda ocor-
ram eventos ou transações até a data de divulgação 
do relatório do auditor, assim sendo necessário 
formalizar ajustes ou fazer uma nova divulgação.
O ideal é que a representação formal seja emitida 
o mais próximo possível do relatório dos auditores, 
NUNCA podendo ocorrer depois.
75
RECUSA NA EMISSÃO DAS 
INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS
Este tópico está relacionado à responsabilidade 
da administração e quando esta deixa de reconhe-
cer seus deveres. O caminho para que a auditoria 
consiga obter evidências é muito mais trabalhoso 
quando a empresa se nega a oferecer a informação 
de forma substancial e a faz apenas verbalmente. 
Neste caso, ocorre um limite no escopo do trabalho 
da auditoria, levando o auditor, então, a emitir uma 
opinião modificada.
Para que esse impasse se resolva de maneira mais 
transparente, é importante que o auditor garanta, 
no início dos trabalhos, no contrato de auditoria, 
uma cláusula contratual que mencione os termos da 
quebra das condições preestabelecidas.
A Resolução 987/03, em seu artigo 2º § 4º, aponta 
que “A exigência em contrato para entrega da Carta 
de Responsabilidade da Administração será obriga-
tória somente nos contratos de novos clientes, ou 
quando da renovação dos contratos antigos”.
Caso o auditor perceba indícios de crime, deve 
procurar denunciar de forma sigilosa, seguindo o 
protocolo.
76
Há, nas empresas de auditoria, um argumento inte-
ressante para os casos de quebra de responsabilida-
de, que é um seguro para responsabilidade civil.
Essas situações já foram previstas pelo legislador, 
quando ele apontou que:
Caso a administração da empresa 
se recuse [a] entregar a carta de 
responsabilidade, o contador deve 
comunicar o CRC de seu domicílio 
profissional, conforme a Resolução 
do CFC 987/03 do Art. 2º § 3º, que 
relata que “O profissional deverá 
comunicar ao CRC de seu domicílio 
profissional a recusa da entrega 
da Carta de Responsabilidade 
da Administração por parte da 
empresa”.
Há ferramentas legais para que o auditor se pro-
teja em relação a não autorização da carta para a 
empresa. O importante é entender cada etapa e se 
resguardar de situações complicadas.
77
AULA 12
TRANSAÇÕES E 
EVENTOS 
SUBSEQUENTES
EVENTOS SUBSEQUENTES
Eventos considerados subsequentes são aqueles 
que ocorrem após o encerramento do exercício 
social e após a data na qual é autorizada a emissão 
dos demonstrativos contábeis.
79
Há dois tipos de eventos, de acordo com o CPC 24,
1. os que evidenciam condições que já existiam na 
data do balanço (requerem ajuste);
2. os que são indicadores de condições que surgi-
ram após a data do balanço (não requerem ajuste).
Veja com maiores detalhes o que aponta o CPC 24 
em relação das tabelas 5 e 6.
TABELA 5 – EVENTOS SUBSEQUENTES À DATA 
DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS QUE 
ORIGINARAM E NÃO ORIGINARAM AJUSTES
Eventos subsequentes à data dos demonstra-
tivos contábeis que originaram seus ajustes
 
(a) decisão ou pagamento em processo 
judicial após o final do período contábil 
a que se referem as demonstrações 
contábeis, confirmando que a entidade já 
tinha a obrigação presente ao final daquele 
período contábil. A entidade deve ajustar 
qualquer provisão relacionada ao processo 
anteriormente reconhecida de acordo 
com o Pronunciamento Técnico CPC 25 – 
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos 
Contingentes ou registrar nova provisão. 
A entidade não divulga meramente um 
passivo contingente porque a decisão 
proporciona provas adicionais que seriam 
consideradas de acordo com o item 16 do 
Pronunciamento Técnico CPC 25;
80
 
 (b) obtenção de informação após o 
período contábil a que se referem as 
demonstrações contábeis, indicando 
que um ativo estava desvalorizado ao 
final daquele período contábil ou que o 
montante da perda por desvalorização 
previamente reconhecida em relação 
àquele ativo precisa ser ajustado. Por 
exemplo:
 
 (i) falência de cliente ocorrida 
após o período contábil a que se 
referem as demonstrações contábeis 
normalmente confirma que já existia 
um prejuízo na conta a receber 
ao final daquele período, e que a 
entidade precisa ajustar o valor 
contábil da conta a receber; e
 
 (ii) venda de estoque após o 
período contábil a que se referem 
as demonstrações contábeis pode 
proporcionar evidência sobre o valor 
de realização líquido desses estoques 
ao final daquele período;
 
(c) determinação, após o período contábil 
a que se referem as demonstrações 
contábeis, do custo de ativos comprados 
ou do valor de ativos recebidos em troca 
de ativos vendidos antes do final daquele 
período;
81
 
 (d) determinação, após o período contábil 
a que se referem as demonstrações 
contábeis, do valor referente ao 
pagamento de participação nos lucros 
ou referente às gratificações, no caso 
de a entidade ter, ao final do período a 
que se referem as demonstrações, uma 
obrigação presente legal ou construtiva 
de fazer tais pagamentos em decorrência 
de eventos ocorridos antes daquela data 
(ver Pronunciamento Técnico CPC 33 – 
Benefícios a Empregados); e
 
 (e) descoberta de fraude ou erros que 
mostram que as demonstrações contábeis 
estavam incorretas.
Eventos subsequentes ao período contábil que 
se referem às demonstrações contábeis que 
não originaram ajustes
 
A entidade não deve ajustar os valores 
reconhecidos em suas demonstrações 
contábeis por eventos subsequentes 
que são indicadores de condições que 
surgiram após o período contábil a que se 
referem as demonstrações.
82
 
 11. Um exemplo de evento subsequente 
ao período contábil a que se referem 
as demonstrações contábeis que não 
origina ajustes é o declínio do valor de 
mercado de investimentos ocorrido no 
período compreendido entre o final do 
período contábil a que se referem as 
demonstrações e a data de autorização de 
emissão dessas demonstrações. O declínio 
do valor de mercado não se relaciona 
normalmente à condição dos investimentos 
no final do período contábil a que se 
referem as demonstrações contábeis, 
mas reflete circunstâncias que surgiramno período seguinte. Portanto, a entidade 
não ajusta os valores reconhecidos para 
os investimentos em suas demonstrações 
contábeis. Igualmente, a entidade não 
atualiza os valores divulgados para os 
investimentos na data do balanço, embora 
possa necessitar da divulgação adicional 
conforme o item 21.
Fonte: Baseado no CPC 24.
E como fica o auditor em relação aos eventos ocor-
ridos entre a data do término do exercício?
Se o auditor entender serem relevante os efeitos 
decorrentes de transações subsequentes ao exame 
das demonstrações contábeis em seu relatório, po-
derá emitir uma opinião com ressalva ou um pará-
grafo de ênfase.
83
Algumas definições importantes para identificar os fa-
tos ocorridos após o encerramento do exercício social, 
que afetam os demonstrativos contábeis, conforme a 
NBC TA 560/2016, são apresentadas na Tabela 6.
TABELA 6 – FATOS INCORRIDOS APÓS O 
ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO SOCIAL
Data das 
demonstrações 
contábeis
Data de encerramento do 
último período coberto 
pelas demonstrações 
contábeis
Data da 
aprovação das 
demonstrações 
contábeis
É a data em que todos os 
quadros que compõem as 
demonstrações contábeis 
foram elaborados e que 
aqueles com autoridade 
reconhecida afirmam 
assumir a responsabilidade 
por essas demonstrações.
Data do 
relatório 
do auditor 
independente
É a data do término dos 
trabalhos na entidade 
auditada.
Data de 
divulgação das 
demonstrações 
contábeis
É a data em que o relatório 
do auditor independente 
e as demonstrações 
contábeis auditadas são 
disponibilizadas para 
terceiros.
Fonte: Baseado na NBC TA 560/2016.
84
O auditor independente deve executar procedi-
mentos de auditoria para identificar transações e 
eventos que possam requerer ajuste na divulgação 
nos demonstrativos contábeis. Esses procedimentos 
devem ser executados próximo à data do relatório.
85
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Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 
de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de de-
zembro de 1976, e estende às sociedades de grande 
porte disposições relativas à elaboração e divulga-
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BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera 
a legislação tributária federal relativa ao parcela-
mento ordinário de débitos tributários; concede 
remissão nos casos em que especifica; institui re-
gime tributário de transição, alterando o Decreto 
nº 70.235, de 6 de março de 1972, as Leis nos 8.212, 
de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 
1991, 8.218, de 29 de agosto de 1991, 9.249, de 26 
de dezembro de 1995, 9.430, de 27 de dezembro 
de 1996, 9.469, de 10 de julho de 1997, 9.532, de 
10 de dezembro de 1997, 10.426, de 24 de abril de 
2002, 10.480, de 2 de julho de 2002, 10.522, de 19 
de julho de 2002, 10.887, de 18 de junho de 2004, 
e 6.404, de 15 de dezembro de 1976, o Decreto-
Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e as Leis 
nos 8.981, de 20 de janeiro de 1995, 10.925, de 23 
de julho de 2004, 10.637, de 30 de dezembro de 
2002, 10.833, de 29 de dezembro de 2003, 11.116, 
de 18 de maio de 2005, 11.732, de 30 de junho de 
2008, 10.260, de 12 de julho de 2001, 9.873, de 23 
de novembro de 1999, 11.171, de 2 de setembro 
de 2005, 11.345, de 14 de setembro de 2006; pror-
roga a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro 
87
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de 1995; revoga dispositivos das Leis nos 8.383, de 
30 de dezembro de 1991, e 8.620, de 5 de janeiro 
de 1993, do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novem-
bro de 1966, das Leis nos 10.190, de 14 de feverei-
ro de 2001, 9.718, de 27 de novembro de 1998, e 
6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.964, de 10 de 
abril de 2000, e, a partir da instalação do Conselho 
Administrativo de Recursos Fiscais, os Decretos 
nos 83.304, de 28 de março de 1979, e 89.892, de 
2 de julho de 1984, e o art. 112 da Lei nº 11.196, 
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NBC TA 530/2009
NBC TA 560/2016
NBC TA 700/2016
NBC TG 26/2009
NBC TO 3000/2015
90
https://dllautomacao.com.br/2019/10/22/por-que-realizar-uma-auditoria-trabalhista-dentro-da-sua-empresa/
https://dllautomacao.com.br/2019/10/22/por-que-realizar-uma-auditoria-trabalhista-dentro-da-sua-empresa/
https://dllautomacao.com.br/2019/10/22/por-que-realizar-uma-auditoria-trabalhista-dentro-da-sua-empresa/
	Sumario 01
	Sumario 02
	Aula 1
	Histórico e finalidades 
da auditoria
	Aula 2
	Do planejamento à execução
	Aula 3
	Planejamento da auditoria
	Aula 4
	Amostragem
	Aula 5
	Evidenciação e documentos do auditor
	Aula 6
	Auditoria das demonstrações contábeis
	Aula 7
	Asseguração
	Aula 8
	Auditoria tributária
	Aula 9
	Auditoria Trabalhista
	Aula 10
	Relatórios dos auditores independentes
	Aula 11
	Representação formal
	Aula 12
	Transações e eventos 
subsequentes
	Referências bibliográficas
	Sumario17: 
	Sumario18: 
	Sumario19: 
	Sumario20: 
	Sumario21: 
	Sumario22: 
	Sumario32: 
	Sumario31: 
	Sumario30: 
	Sumario29: 
	Sumario27: 
	Sumario28: 
	Sumario23:

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