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AUDITORIA TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA

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AULA 1 
AUDITORIA TRABALHISTA 
E PREVIDENCIÁRIA 
Prof. Érico Eleuterio da Luz 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Noções de auditoria e controles 
Vamos iniciar nosso estudo da auditoria trabalhista tratando brevemente 
dos conceitos de auditoria, tanto a externa como a interna. Embora já se possa 
considerar neste início de estudo que a auditoria trabalhista está mais diretamente 
vinculada com a auditoria interna, ela também tem certo vínculo com a 
denominada auditoria externa ou independente, pois há casos em que se utilizam 
dos relatórios da auditoria trabalhistas para embasamento para validação de 
provisões passivos trabalhistas. 
Vamos iniciar os estudos da auditoria elucidando aspectos sobre sua 
origem e evolução no decorrer da história, pois essa técnica de verificação e 
controle surgiu e se desenvolveu em paralelo ao aumento da complexidade das 
organizações e das atividades econômicas e sociais. 
Nesta aula, portanto, serão destacadas com mais clareza as características 
intrínsecas à auditoria externa e interna e também serão abordadas com mais 
detalhes as características específicas da auditoria interna e externa, bem como 
será dado um destaque especial para os chamados controles internos e papéis 
de trabalhos, conceitos fundamentais para que a auditoria trabalhista seja 
realizada de forma a cumprir adequadamente com seus objetivos. 
TEMA 1 – AUDITORIA – CONCEITO E OBJETIVO 
A auditoria constitui-se numa técnica contábil que visa assegurar, em 
síntese, a eficácia no uso dos recursos, seja por meio da análise dos controles 
internos seja utilizando-se da certificação dos relatórios contábeis. Surgiu como 
auditoria contábil, elaborando um parecer sobre a qualidade dos relatórios 
contábeis. 
Para Crepaldi (2010, p. 3), auditoria consiste no “o levantamento, estudo e 
avaliação sistemática das transações, procedimentos e operações, rotinas e das 
demonstrações financeiras de uma entidade”. A auditoria das demonstrações 
contábeis, nesse sentido, constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem 
por objetivo a emissão de parecer sobre sua adequação, sempre se observando 
os ditames das normas e regras contábeis. 
 
 
3 
Dessa forma, o objetivo central da auditoria pode ser definido como um 
processo pelo qual o profissional auditor se assegura de que as demonstrações 
contábeis refletem adequadamente as situações financeiras de determinada 
entidade e também emitem opinião sobre a existência e efetividade dos controles 
internos. Porém, essa premissa está vinculada à aplicação da auditoria das 
demonstrações contábeis, também conhecida como auditoria independente ou 
externa. 
Entretanto, tão importante quanto a aplicação de técnicas sobre as 
demonstrações contábeis é a aplicação de procedimentos visando verificar se os 
controles internos são efetivos na proteção dos ativos e se asseguram que as 
tarefas, atividades e processos estão sendo adequadamente executados. E essa 
função é própria da auditoria interna, na qual se insere a auditoria trabalhista. 
Sendo assim, as técnicas de auditorias são aquelas voltadas para a 
execução da auditoria externa, sem os procedimentos utilizados pela auditoria 
interna, e sempre devem estar alinhadas com a finalidade de assegurar o bom 
uso dos recursos de qualquer natureza para que a organização atinja seus fins 
para o qual foi instituída. 
TEMA 2 – AUDITORIA INTERNA E EXTERNA 
2.1 Auditoria externa e interna 
A auditoria não limita sua atuação à aplicação de técnicas sobre as 
demonstrações contábeis, visto que sua abrangência evoluiu ao longo dos 
tempos, sendo que a auditoria trabalhista é um exemplo dessa evolução. Pode-se 
considerar que existem diversas aplicações das técnicas de auditoria, conforme o 
objeto a ser auditado e a forma como os trabalhos serão realizados. 
Na lição de Crepaldi (2010), os reflexos da auditoria sobre a riqueza 
patrimonial compreendem: 
1. No aspecto administrativo – uma redução de ineficiência, negligência, 
incapacidade e improbidade de empregados e administradores; 
2. No aspecto patrimonial – um melhor controle dos bens, direitos e 
obrigações que constituem o patrimônio; 
3. No aspecto fiscal – permite um melhor cumprimento das obrigações fiscais, 
reduzindo o risco de autuações por parte do fisco por conta de erros no 
cumprimento dessas obrigações; 
 
 
4 
4. No aspecto técnico – melhor utilização dos relatórios contábeis, com 
informações mais precisasse e elaboradas conforme estabelecido pelas 
normas contábeis 
5. No aspecto econômico e financeiro – proporciona uma gestão de recursos 
mais eficaz, oferecendo melhor rentabilidade e liquidez ao negócio. 
Importante! 
Atente para o fato de que em todos os aspectos listados anteriormente está 
explícito que o trabalho da auditoria é de fundamental importância para o controle 
e eficácia no uso de recursos e que as informações sobre estes sejam 
oportunamente informadas em relatórios contábeis ou não para que os gestores 
possam agir de forma a otimizar a riqueza da empresa. 
2.2 Auditoria interna 
A auditoria interna pode ser considerada como gênero do qual surgiram 
várias espécies. Ela constitui-se num conjunto de procedimentos que são 
executados e que permitam ao auditor a elaboração de relatório acerca dos 
controles internos. 
Normalmente, é executada por profissionais que integram o grupo de 
funcionários da empresa, porém, ultimamente temos visto a contratação de 
empresas de auditoria para realizar esse trabalho. 
Almeida (2008, p. 29) esclarece que “o auditor interno surgiu como uma 
ramificação da profissão de auditor externo e, consequentemente, do contador”. 
Continua o autor complementando que embora o auditor interno possa ser 
contratado como colaborador da empresa auditada, “não deve estar subordinado 
àqueles cujo trabalho examina”. 
É próprio do trabalho da auditoria interna a avaliação da adequação, 
pertinência, eficácia e confiabilidade dos controles internos. O professor Ferreira 
(2009, p. 431) relaciona os principais objetivos que devem ser cumpridos pela 
auditoria interna: 
1. Verificar se as normas relativas ao sistema contábil e de controles internos 
estão sendo cumpridas; 
2. Promover medidas no sentido de fazer com que sejam cumpridas as 
normas do sistema contábil e de controles internos; 
 
 
5 
3. Verificar a necessidade de aperfeiçoamento das normas relativas ao 
sistema contábil e de controles internos existentes; e 
4. Propor novas normas para o sistema contábil e de controles internos. 
Percebe-se que nos itens listados fica patente que o auditor interno deve 
primar pela autonomia e liberdade na execução dos trabalhos, sem interferência 
de qualquer natureza. 
É claro que a auditoria trabalhista e previdenciária se insere no contexto da 
auditoria interna, sendo uma espécie muito importante e que pode prestar 
relevantes serviços à gestão da entidade. Vê-se também outras espécies de 
auditoria interna, cada uma delas com seus respectivos objetivos e características 
próprias como a auditoria operacional: Auditoria de Gestão, Auditoria de Sistemas 
Informatizados, Auditoria da Qualidade. 
O objeto de análise e verificação constante da auditoria interna é o conjunto 
de controles internos que compreende o plano de organização e todos os métodos 
e medidas coordenadas, aplicados em uma empresa, a fim de proteger seus bens, 
conferir a exatidão e a fidelidade de seus dados contábeis, promover a eficiência 
operacional e estimular a obediência às diretrizes administrativas estabelecidas. 
2.3 Auditoria externa 
Também conhecida como auditoria contábil ou independente, nessa 
modalidade os auditores são contratados para emitirem um parecer acerca da 
qualidade das informações contábeis, ou seja, se os relatórios contábeis 
representam em todos os aspectos relevantes a situação econômica e financeira 
de determinado patrimônio. 
Quando a empresa contrata os serviços de auditoria externapossibilita, 
entre outros, uma elevada dose de confiabilidade para suas demonstrações 
contábeis, pois o parecer foi emitido por profissionais sem vínculo com a auditada. 
 
 
 
6 
Figura 1 – Auditoria externa e interna 
 
Veja que a Figura 1 destaca o objeto específico sobre o qual cada tipo de 
auditoria exercerá suas técnicas e procedimentos. No entanto, é importante 
observar que uma se valerá sempre do trabalho da outra. Por exemplo a auditoria 
externa sempre se utilizará dos relatórios da auditoria interna para avaliação da 
qualidade e pertinência desses controles e planejar seus trabalhos. Já a auditoria 
interna poderá se valer do parecer e relatório da auditoria externa para verificar 
quais procedimentos poderá adotar na execução dos seus trabalhos. 
Agora observe o quanto que se destacam as características específicas da 
auditoria interna e da externa, e por conseguinte, as diferencia, embora nunca 
devemos desconsiderar que elas atuam sempre com o devido alinhamento de 
propósitos. 
 
Auditoria externa 
e interna
Externa 
Objeto:
Demonstrações 
contábeis 
Interna
Objeto:
Controles e 
procedimentos 
 
 
7 
Quadro 1 – Diferenças entre auditoria externa e interna 
Fonte: Almeida, 2017. 
Não obstante tenham objetivos específicos, a auditoria externa e a interna 
devem manter uma proximidade, pois podem ter interesses comuns em diversas 
situações, como observado no comentário sobre a Figura 1. 
As técnicas de auditoria aplicam-se a todas as entidades, (públicas, 
privadas, com ou sem fins lucrativos). A auditoria interna, na revisão e 
acompanhamento de processos e verificação da existência e qualidade dos 
controles internos, contribui sobremaneira com a eficácia da gestão empresarial. 
A auditoria externa, na verificação da adequação dos relatórios contábeis também 
ITENS AUDITORIA 
EXTERNA 
AUDITORIA INTERNA 
1. OBJETIVO Opinar sobre as 
demonstrações financeiras. 
Assessorar a administração da 
empresa no efetivo desempenho de 
sua função. 
2. PROFISSIONAL Independente, com 
responsabilidade civil e 
contratação por período pré-
determinado. 
Há relação de dependência com 
responsabilidades trabalhistas entre 
as partes. 
3. EXISTÊNCIA Obrigatória em determinadas 
empresas. 
Facultativa. 
4. A QUEM 
INTERESSA 
Empresa, órgãos 
governamentais, credores e 
investidores em geral. 
Empresa. 
5. PRODUTO 
FINAL 
Parecer sobre 
demonstrações financeiras. 
Relatório de 
recomendações/sugestões à 
administração. 
 
 
8 
tem fundamental importância, dando credibilidade a essas demonstrações que 
serão divulgadas ao mercado. 
TEMA 3 – RELATÓRIO E PARECER DE AUDITORIA 
O relatório de auditoria é a parte em que se conclui formalmente os 
trabalhos executados e deve ser ordenado logicamente (conforme o roteiro de 
execução), cuja redação deve ser clara, objetiva e com o destaque a detalhes 
relevantes. 
Tal relatório precisa fazer constar as evidências coletadas durante a 
realização dos trabalhos. A normativa que trata do relatório de auditoria é NBC TA 
(Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica de Auditoria), que no seu preâmbulo 
traz “nova redação à NBC TA 700 que dispõe sobre a formação da opinião e 
emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis”. 
Destaca esse documento que 
Esta norma trata da responsabilidade do auditor independente para 
formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis e trata da forma 
e do conteúdo do relatório a emitir como resultado da auditoria das 
demonstrações contábeis. Para efeitos desta norma, a referência a 
auditor independente e a auditor tem o mesmo significado. (Brasil, NBC 
TA 700, item 1) 
Saiba mais 
O relatório da auditoria interna deve destacar os aspectos mais relevantes 
detectados na realização dos trabalhos e não deve, por uma questão de ética 
profissional, mencionar nomes de profissionais, pois o objeto da auditoria interna 
é o sistema de controle interno. 
As providências que serão tomadas pela entidade auditada a partir da 
leitura do relatório dizem respeito à gestão de cada departamento e também às 
políticas de recursos humanos existentes. Muitas vezes, as não conformidades 
relatadas serão resolvidas com horas de treinamento para o aprimoramento dos 
profissionais. 
 
 
 
9 
Graficamente, pode-se representar a estrutura e características do relatório 
de auditoria, conforme determinado pela NBC TA 700 do Conselho Federal de 
Contabilidade. 
Figura 2 – Estrutura e características do relatório de auditoria 
 
 
 
Na auditoria trabalhista, o relatório deve conter todas as informações 
coletadas por área auditada, destacando-se aqueles pontos que compreendem 
recomendações para a gestão dos recursos humanos. Deve conter igualmente as 
orientações sobre situações que devem ser evitadas para que a entidade não 
incorra em riscos trabalhistas. 
TEMA 4 – TIPOS DE PARECERES 
Existem quatro tipos de pareceres, emitidos conforme a conclusão a que 
chegou o auditor a partir da execução dos testes que constavam no plaejamento 
e nos programas de auditoria. O parecer é o documento que formaliza a conclusão 
dos trabalhos do auditor externo ou independente. 
Dos tipos de pareceres, o mais comum é o sem ressalvas, sendo que os 
demais (que serão destacados a seguir) não são comuns, especialmente o 
parecer adverso de opinião e aquele com abstenção de opinião. 
Relatório
Título
Destinatário do relatório
Responsável pela
elaboração
das Demonstrações 
Contábeis 
Opinião 
do auditor
Identificar a
entidade auditada
1.Indicar título 
2.de cada DC 
auditada
Base para 
opinião
 
 
10 
4.1 Parecer sem ressalva 
Quando as demonstrações contábeis refletem em todos os aspectos 
relevantes, a situação financeira do patrimônio, bem como as gerações de 
resultado, de caixa e outras demonstrações no período auditado, conforme os 
princípios e normas contábeis, o auditor deve emitir o parecer sem ressalvas. Esse 
documento contém a opinião de que está tudo adequado. Crepaldi e Crepaldi 
(2019, p. 264) afirmam que o parecer sem ressalva “implica na afirmação de que, 
em tendo havido alterações em procedimentos contábeis, os efeitos delas foram 
adequadamente determinados e revelados nas demonstrações contábeis”. O 
parecer sem ressalva é também conhecido como parecer limpo. 
4.2 Parecer com ressalva 
Esse parecer deverá ser elaborado nos casos em que o auditor discorda 
de algum critério de classificação ou mensuração de qualquer elemento 
patrimonial ou certa operação, que, conforme a norma contábil, não teve o 
tratamento contábil correto. A discordância entre o que o auditor entende como 
correto e o ponto de visto do auditado requer a inclusão de uma “ressalva” no 
parecer, que deve ser incluída antes do parágrafo de opinião. Entretanto, o 
relatório de auditoria deve deixar bem claros os motivos da ressalva e os 
repectivos efeitos contábeis sobre as demonstrações financeiras. A identificação 
do parecer com ressalva normalmente se dá por conta das expressões “exceto 
quanto”, “com exceção de”, que constarão na redação do parecer. 
4.3 Parecer adverso de opinião 
O parecer adverso de opinião não é comum e retrata uma situação que não 
se constitui numa mera ressalva, pois reflete algo mais grave constatado pelo 
auditor. 
Será emitido nas situações em que se constatar por meio de testes que as 
demonstrações contábeis não estão adequadamente elaboradas conforme as 
normas e princípios contábeis. Dessa forma, à vista dos problemas encontrados, 
não será o caso de mera ressalva, sendo que o auditor conseguiu realizar seus 
trabalhos concluindo que as Demonstrações Contábeis não representam a 
posição patrimonial e financeira. 
 
 
11 
Saiba mais 
Háasos, por exemplo, de ações trabalhistas promovidas contra a empresa 
auditada, sendo provável que a empresa terá que desembolsar recursos 
financeiros no futuro para resolver a questão, porém a contabilidadenão efetuou 
a devida provisão desde que seja de valor material, ou seja, a ausência da 
provisão contábil causará um efeito relevante nas demonstrações contábeis. Há 
também autuações fiscais em situações em que a empresa deixar de aplicar uma 
norma tributária ou a aplicou de forma errônea, o que no futuro impactará no caixa 
da empresa pelo pagamento que será efetuado. Nestes casos, se os valores 
forem relevantes e o auditado se recusar a reconhecer esses passivos poderá 
resultar num parecer adverso de opinião. Logicamente que são exemplos apenas, 
que se fossem os únicos constatados pela auditoria poderia se pensar num 
parecer com ressalva. Entretanto, o parecer adverso cabe quando essas 
situações se estendem a vários casos, comprometendo a representatividade 
fidedignidade das demonstrações contábeis para o período auditado. 
4.4 Parecer com abstenção de opinião 
Este é um parecer para quando o auditor não obtém comprovação 
suficiente para fundamentar opinião sobre as demonstrações contábeis, ou 
quando não obtém elementos comprobatórios suficientes para formar sua opinião 
sobre as demonstrações contábeis tomadas em conjunto. São os casos em que 
a entidade auditada está em grau tão elevado de desorganização administrativa 
que fica impossível a realização do trabalho de auditoria. Não sendo possível a 
realização dos testes e dada a responsabilidade do auditor, o mais adequado é 
sua abstenção em relação à opinião sobre as demonstrações contábeis. 
TEMA 5 – CONTROLES INTERNOS 
Para a auditoria interna em geral e a auditoria trabalhista em particular, o 
conceito de controle interno tem enorme relevância. Controles internos 
compreendem o plano de organização e todos os métodos e medidas 
coordenadas, aplicados em uma empresa, a fim de proteger seus bens, conferir a 
exatidão e a fidelidade de seus dados contábeis, promover a eficiência 
operacional e estimular a obediência às diretrizes administrativas estabelecidas 
(Imoniana, 2019). 
 
 
12 
Um bom sistema de controle interno dá para a gestão da entidade a 
segurança de que os recursos estão sendo utilizados de forma correta e que 
eventuais desvios ou má utilização serão detectados a tempo de se evitarem 
perdas financeiras substanciais. A ausência ou fragilidade dos controles internos 
podem devem ser imediatamente reportados nos relatórios da auditoria trabalhista 
de forma que a entidade possa agir rapidamente e evitar problemas. 
Exemplo: alguns procedimentos de controles internos devem sempre ser 
observados, como a segregação de função (como por exemplo o funcionário que 
processa a folha de pagamento não deve ter acesso ao sistema contábil para 
efetuar registros contábeis). 
Ao selecionar as áreas e processos a serem auditados, a auditoria 
trabalhista deve observar os seguintes aspectos: 
1. A natureza das operações. Se envolvem aspectos administrativos ou 
financeiros. 
2. A extensão do controle interno sobre operações. Algumas operações 
incomuns podem ser submetidas a menor controle interno do que outras 
operações mais comuns e numerosas. 
3. A importância relativa das operações. A relevância é sempre um assunto 
importante em auditoria. Quanto mais relevantes as operações executadas 
mais atenção ela deverá receber. 
Almeida (2017) leciona que um bom sistema de controle interno funciona 
como uma “peneira” na detecção de erros ou irregularidades. Portanto, o auditor 
pode reduzir o volume de testes de auditoria na hipótese de a empresa ter um 
sistema de controle interno forte; caso contrário, o auditor deve aumentá-lo. 
O autor destaca uma característica importante do controle interno, que é 
sua vinculação com o volume de testes, pois quanto melhor o sistema de controle, 
melhor a confiabilidade que proporciona e menor volume de testes precisará ser 
executado pelos profissionais numa auditoria. Dessa forma, pode-se afirmar que 
existe uma relação inversamente proporcional entre a confiança no controle 
interna e o volume e amplitude dos testes. Quanto maior a confiança que o auditor 
trabalhista tem no controle, menor volume de testes executará. 
 
 
 
13 
Importante! 
Numa análise da prática da auditoria, o profissional deve avaliar a 
qualidade do controle interno observando determinado roteiro: 
1. Estudo e análise do sistema de controle interno utilizando das técnicas 
usuais e de sua experiência profissional. 
2. Verificação da adequação do controle interno para a área ou ativo 
respectivo. 
3. Avaliação da qualidade e pertinência do controle no que diz respeito à 
possibilidade de que ele possa revelar possíveis fraudes ou erros. 
4. Por fim, deve o auditor determinar o tipo, data e volume dos procedimentos 
de auditoria que serão executados. 
Embora não exista um rol taxativo de controles internos, os mais 
comumente utilizados e objetos de testes pela auditoria são: 
a. Controles internos contábeis 
a1. Sistema de conferência 
a2. Segregação de funções (pessoas que têm acesso aos registros 
contábeis não podem custodiar ativos da empresa) 
a3. Controles físicos sobre ativos 
a4. Sistema de aprovação e autorização 
b. Controles internos administrativos 
b1. Análises estatísticas de lucratividade por linha de produto 
b2. Controle de qualidade 
b3. Treinamento de pessoal 
b4. Estudo de tempos e movimentos 
b5. Análise das variações entre os valores orçados e reais 
Claro que os exemplos indicados não esgotam a quantidade de controles 
que as entidades devem estabelecer e manter a fim de que haja segurança no 
uso de recursos e também para que as informações possam ser geradas e 
distribuídas de forma confiável para os usuários. 
 
 
 
14 
Saiba mais 
Como exemplo, pode-se citar uma entidade em que não há controle de 
atividades em relação a métodos e prazos, e isso acaba gerando a necessidade 
de retrabalhos que são executados após o expediente, resultando no pagamento 
de horas extras. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 
2017. 
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: 
Atlas, 2019. 
FERREIRA, R. J. Manual de auditoria. Rio de Janeiro: Ferreira, 2009. 
IMONIANA, J. O. Auditoria: planejamento, execução e reporte. São Paulo: Atlas, 
2019. 
AULA 2 
AUDITORIA TRABALHISTA 
E PREVIDENCIÁRIA 
Prof. Érico Luz 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O auditor trabalhista, além do conhecimento em técnicas de auditoria 
(especialmente a interna), deve, obviamente, dominar os conceitos principais 
atinentes à legislação do trabalho. Parte-se do pressuposto de que o 
conhecimento desse conteúdo normativo é condição essencial para que os 
profissionais desse ramo de auditoria executem seu trabalho de maneira técnica 
e com a melhor assertividade possível. 
Nesse sentido, esse será o tema desta aula. Nela, serão abordados os 
principais conceitos doutrinários e legais da norma trabalhista. Utilizaremos uma 
linguagem mais objetiva e concisa, tendo em vista que esse é um estudo que 
deverá ser efetuado em separado por parte dos profissionais auditores, na mesma 
intensidade com que se estudam os conceitos e a prática da auditoria trabalhista. 
TEMA 1 – CONCEITOS DE EMPREGADOR E EMPREGADO 
As relações trabalhistas se classificam em relação de trabalho e relação de 
emprego. É importante destacar as peculiaridades de cada uma delas, pois, 
embora ambas possam ser objeto de auditoria interna ou trabalhista, elas 
possuem características específicas e trazem consequências diferentes para seus 
sujeitos contratantes. 
Pode-se dizer que toda relação de emprego é uma relação de trabalho, 
porém, nem toda relação de trabalho é uma relação de emprego. 
A relação de emprego está presente quando se confirmam os requisitos do 
art. 3o da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho – Decreto-Lei n. 5.452, de 1o 
de maio de 1943). Haverá relação de emprego quando ocorrer a prestação de 
serviços de naturezanão eventual a empregador, sob a dependência deste e 
mediante salário. Destaca-se que a prestação de serviços tem que ser intuitu 
personae, ou seja, apenas aquela pessoa pode fazer, sendo a mesma 
insubstituível para aquela tarefa. 
Desse modo, estando presentes todos os requisitos previstos no art. 
3o da CLT, haverá uma relação de emprego com o correspondente vínculo 
empregatício. 
O auditor deve conhecer os requisitos para caracterização do vínculo 
empregatício, que são: 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10634289/artigo-3-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
 
 
3 
• pessoalidade – característica que se faz presente quando o empregado 
ficar impedido de se fazer substituir por um terceiro na realização de seu 
trabalho. Sendo assim, a relação entre empregado e empregador é de 
natureza pessoal; 
• habitualidade – essa característica está relacionada com o fato de que o 
trabalho sob responsabilidade do profissional contratado não é eventual, 
sendo realizado de forma habitual. Nesse quesito, o auditor deve tomar 
cuidado ao analisar a habitualidade, pois nem sempre é fácil verificar sua 
ocorrência; 
• subordinação – juridicamente, a subordinação se caracteriza pela relação 
hierárquica entre o empregado e o empregador, ou seja, o colaborador está 
sujeito aos comandos do empregador e este assume os riscos do negócio; 
• onerosidade – a onerosidade implica que haverá um pagamento como 
remuneração pelos serviços prestados nessa relação de emprego. Claro 
fica, portanto, que, sendo gratuita a prestação do serviço, não se aventará 
em relação de emprego, inexistindo vínculo empregatício. 
Tabela 1 – Relação de emprego versus relação de trabalho 
 Rel. de Trabalho Rel. de Emprego 
Há trabalho Sim Sim 
Há subordinação Não Sim 
É eventual Sim Não 
É pessoal Não Sim 
Onerosidade Sim Sim 
Fonte: Luz, 2021. 
De acordo com a tabela 1, percebe-se que não é tarefa difícil classificar a 
relação em relação de emprego ou relação de trabalho. Outros conceitos que 
devem ser de domínio do auditor trabalhista estão relacionados à caracterização 
de empregado e empregador, conforme disposto na citada norma jurídica (CLT). 
1.1 Empregador (art. 2o, CLT) 
O Decreto-Lei n. 5.452 (Brasil, 1943) assim se expressa com referência ao 
conceito de empregador: 
 
 
4 
Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, 
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e 
dirige a prestação pessoal de serviço. 
§ 1º – Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da 
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de 
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins 
lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. 
Sendo assim, empregador é pessoa física ou jurídica que, assumindo os 
riscos da atividade econômica, admita pessoal, pague salários e efetivamente 
comande. A CLT, em seu art. 2o, parágrafo 2o, esclarece que haverá 
responsabilidade solidária dos grupos de empresa, estabelecendo que: 
sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, 
personalidade jurídica própria, estiver sob a direção, controle ou 
administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de 
qualquer atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de 
emprego, solidariamente responsáveis à empresa principal e cada uma 
das subordinadas. 
Graficamente, pode-se visualizar os direitos do empregador na relação 
empregatícia: 
Figura 1 – Direitos do empregador 
 
Fonte: Luz, 2021. 
• Poder de direção – ao empregador cabe o poder de determinar como será 
executada a atividade por parte do empregado, sempre em consonância 
com o que foi pactuado no contrato de trabalho; 
• Poder de organização – consiste na ordenação das atividades do 
empregado, inserindo-as no conjunto das atividades da produção, visando 
a obtenção dos objetivos econômicos e sociais da empresa. A empresa 
poderá ter um regulamento interno para tal, decorrendo dele a faculdade 
de o empregado definir os fins econômicos visados pelo empreendimento; 
 
 
5 
• Poder de controle – poder que o empregador possui de fiscalizar as 
atividades profissionais dos seus empregados tendo como objetivo a 
melhor execução das tarefas sob responsabilidade do empregado; 
• Poder disciplinar – poder que permite ao empregador impor sanções 
disciplinares ao empregado, de forma convencional (previstas em 
convenção coletiva) ou estatutária (previstas no regulamento da empresa), 
subordinadas à forma legal. No direito brasileiro, as penalidades que 
podem ser aplicadas são a suspensão disciplinar e a advertência, além de 
que o atleta profissional é ainda passível de multa. 
Com relação ao conceito de empregado, a CLT, em seu art. 3o, reza que: 
“Art. 3o – Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de 
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante 
salário”. 
Empregado, dessa forma, é a pessoa física que presta pessoalmente a 
outrem serviços não eventuais, subordinados e assalariados. É importante que o 
auditor verifique a existência de outros tipos de trabalhadores, para que possa 
aplicar os procedimentos de auditoria respectivos. Nesse sentido, existem as 
seguintes classificações de trabalhadores: 
a) Trabalhador autônomo – trabalha sem subordinação, por conta própria; 
b) Trabalhador eventual – trabalhador admitido numa empresa para um 
determinado evento, em fins de semana ou não; 
c) Trabalhador avulso – nesse tipo de trabalho, existe a intermediação do 
sindicado do trabalhador na colocação da mão de obra. É característico 
dos portuários; 
d) Trabalhador temporário – é aquele prestado por pessoa física a uma 
empresa para atender à necessidade transitória de substituição de seu 
pessoal regular e permanente ou acréscimo extraordinário de serviços (Art. 
2o da Lei n. 6.019/74); 
e) Estagiário – não é empregado, portanto, não existe relação de emprego 
com a entidade em que atua; 
f) Empregado doméstico – é qualquer pessoa física que presta serviços 
contínuos a um ou mais empregadores, em suas residências, de forma 
não-eventual, contínua, subordinada, individual e mediante renumeração, 
sem fins lucrativos; 
 
 
6 
g) Empregado rural – é o trabalhador que presta serviços em propriedade 
rural, continuadamente e mediante subordinação ao empregador. 
1.2 Relação de trabalho 
 A relação de trabalho se caracteriza como um gênero e compreende todo 
e qualquer trabalho executado a outra pessoa física ou jurídica, tendo ou não 
vínculo empregatício. Por força do disposto no art. 114 da Constituição Federal 
de 1988, as ações decorrentes das relações de trabalho serão processadas e 
julgadas pela Justiça do Trabalho. Como se vê: 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de 
direito público externo e da administração pública direta e indireta da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Relação de 
trabalho no sentido estrito, desta forma, é aquela que ocorre entre um 
tomador e um prestador de serviço. 
TEMA 2 – CONTRATO DE TRABALHO 
Dispõe o art. 442 do Decreto-Lei n. 5452 (Brasil, 1943) que: “Art. 442 – 
Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à 
relação de emprego”. Haverá contrato de trabalho sempre que uma pessoa física 
se obrigar a realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra e sob 
dependência dessa, de forma não voluntária, durante um período determinado ou 
indeterminado de tempo, mediante o pagamento de uma remuneração. 
Conforme o art. 443 da mesma norma legal, o contrato pode ser verbal ou 
escrito, por prazoindeterminado ou determinado. Lembrando sempre que contrato 
por prazo determinado só será válido em se tratando de serviço cuja natureza ou 
transitoriedade justifique a predeterminação do prazo, como atividades 
empresariais de caráter transitório ou de contrato de experiência. 
TEMA 3 – JORNADA DE TRABALHO 
O art. 58 e seguintes da CLT tratam da matéria relativa à jornada de 
trabalho, compreendendo o tempo durante o qual o empregado deverá prestar 
serviço ou permanecer à disposição do empregador, com habitualidade, 
excetuadas as horas extras. Nos termos da Constituição Federal, art. 7o, XIII, sua 
duração deverá ser de até oito horas diárias e 44 semanais. 
 
 
 
7 
Classificação da jornada de trabalho: 
a) Quanto à duração – é ordinária ou normal (que se desenvolve dentro dos 
limites estabelecidos pelas normas jurídicas), extraordinária ou 
suplementar (que ultrapassa os limites normais), limitada (quando há termo 
final para sua prestação), ilimitada (quando a lei não fixa um termo final), 
contínua (quando corrida, sem intervalos), descontínua (se tem intervalos) 
ou intermitente (quando com sucessivas paralisações); 
b) Quanto ao período – diurna (entre cinco e 22 horas), noturna (entre 22 
horas de um dia e cinco do outro), mista (quando transcorre tanto no 
período diurno como noturno) ou em revezamento (semanal ou quinzenal, 
quando num período há trabalho de dia, em outro à noite). 
No que diz respeito às horas extras, caso a jornada de trabalho ultrapasse 
as oito horas diárias ou 44 horas semanais, as horas suplementares deverão ser 
remuneradas com acréscimo de no mínimo 50% sobre o valor da hora normal. 
TEMA 4 – REMUNERAÇÃO 
Na CLT, o tema relativo à remuneração está contido no art. 457 e seguintes. 
O caput desse artigo determina que: “Art. 457 – Compreendem-se na 
remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido 
e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as 
gorjetas que receber”. 
A remuneração deve ser paga em moeda corrente do país compreendendo 
o conjunto de títulos e verbas pagas ao empregado, incluído o salário em razão 
do contrato de trabalho e em função da prestação de serviço, bem como as 
gorjetas que o empregado receber. As verbas pagas ao empregado devem ser 
discriminadas por eventos e valores, sendo proibido o denominado salário 
complessivo, ou seja, aquele que não é discriminado, sendo unificado numa única 
verba. É importante destacar também que deve ser pago em periocidade máxima 
mensal, até o quinto dia útil do mês seguinte ao do vencimento. 
TEMA 5 – ENCARGOS TRABALHISTAS 
Os encargos trabalhistas compreendem todos os eventos que são devidos 
pelo empregador ao empregado e representam acréscimos às verbas salariais. 
 
 
8 
São representados por encargos sociais (FGTS, por exemplo) e encargos sociais 
e tributários (INSS – contribuição sobre a folha de salários, por exemplo). 
Além das horas extras, são encargos trabalhistas os adicionais noturnos 
(aplicação de 20% sobre a hora diurna para o empregado urbano (art. 73, CLT) e 
de 25% sobre a remuneração normal para o empregado rural) e os adicionais de 
insalubridade – devido ao empregado que presta serviços em atividades 
insalubres, sendo calculado à razão de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) e 
40% (grau máximo) sobre o salário mínimo (art. 192, CLT), e não sobre o salário 
profissional. 
Para uma melhor discriminação dos encargos trabalhistas, pode-se 
relacionar os seguintes eventos: 
• Férias: acrescidas de 1/3 constitucional; 
• Décimo terceiro salário; 
• Descanso semanal remunerado; 
• Horas extras; 
• INSS – contribuição sobre a folha de salários e incidentes sobre todas as 
verbas de natureza salarial; 
• Contribuições para entidades paraestatais que prestam serviços sociais 
autônomos (SESI, SENAI etc.); 
• Fundo de garantia pelo Tempo de Serviço (FGTS) – acréscimo da provisão 
para multa em demissões sem justa causa. 
O FGTS constitui-se num depósito efetuado em uma conta vinculada ao 
trabalhador com vínculo de emprego no montante de 8% sobre sua remuneração. 
Sendo uma espécie de poupança compulsória, o trabalhador somente poderá 
dispor desse recurso em situações especiais, como na despedida sem justa causa 
ou para aquisição de imóvel. Carrega consigo uma indenização no percentual de 
40% sobre todos os depósitos efetuados em sua conta caso a rescisão de contrato 
se dê por iniciativa do empregador, sem justa causa. 
O décimo terceiro salário consiste em uma gratificação compulsória 
estabelecida pela Lei n. 4090 (Brasil, 1962). Tendo natureza salarial, também tem 
a incidência de outros encargos, como contribuição social (contribuições 
previdenciárias) sobre a folha e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço 
(FGTS). 
 
 
9 
Horas extras são aquelas que ultrapassam a jornada normal fixada por lei, 
convenção coletiva, sentença normativa ou contrato individual de trabalho. 
Significa, em primeiro lugar, o ajuste de vontade entre empregado e 
empregador, tendo por fim legitimar a prorrogação da jornada normal. Em 
segundo lugar, significa o documento escrito no qual se materializa a vontade das 
partes, para o fim acima mencionado. 
Em relação às férias, o empregador deve observar o disposto nos arts. 130 
e seguintes da CLT (Brasil, 1943). 
Art. 130 – Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato 
de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: 
I – 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais 
de 5 (cinco) vezes; 
II – 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 
(quatorze) faltas; 
III – 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 
(vinte e três) faltas; 
IV – 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 
32 (trinta e duas) faltas; 
§ 1º – É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado 
ao serviço; 
§ 2º – O período das férias será computado, para todos os efeitos, como 
tempo de serviço. 
Vale destacar que o encargo efetivo em relação às férias é o relativo a 1/3 
sobre seu valor. Esse acréscimo foi determinado pela Constituição Federal de 
1988, como se vê: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a 
mais do que o salário normal. 
O período aquisitivo das férias se dá pelo trabalho do empregado por 12 
meses, sendo que o período de concessivo ou de gozo será considerado o tempo 
de 12 meses subsequentes ao período aquisitivo. 
Os encargos trabalhistas são controversos e representam para a auditoria 
trabalhistas não apenas procedimentos de verificação relativos a cálculos e 
confirmação de recolhimentos, mas também à verificação de algumas obrigações 
acessórias que devem ser cumpridas pelo empregador, sob pena de multas. Esse 
assunto será desenvolvido em outra aula. 
 
 
 
10 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. 
Acesso em: 22 jul. 2021. 
______. Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Diário Oficial da União, Rio 
de Janeiro, RJ, 1 maio 1943. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 22 jul. 
2021. 
CRC-PR – Conselho Regional de Contabilidade do Paraná. Norma Brasileira de 
Contabilidade – NBC PG 1, de 7 de fevereiro de 2019. Código de ética 
profissional do contador. Disponível em: 
<https://www3.crcprorg.br/crcpr/fiscalizacao/codigo-de-etica-do-contador>. 
Acesso em: 22 jul. 2021. 
AULA 3 
AUDITORIA TRABALHISTA 
E PREVIDENCIÁRIA 
Prof. Érico Eleuterio da Luz 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, vamos estudar os conceitos relativos à auditoria trabalhista e 
previdenciária iniciandopelos conceitos fundamentais e já adentrando a parte 
prática da execução dos trabalhos. 
Vamos perceber que os fundamentos que estruturam os programas de 
trabalho, os principais procedimentos e os papéis de trabalho são aqueles mais 
comumente estudados e executados em qualquer trabalho de auditoria, 
notadamente quando nos referimos à auditoria interna. 
TEMA 1 – AUDITORIA TRABALHISTA: CONCEITO, OBJETIVO 
A auditoria trabalhista é uma especialização da auditoria interna e 
compreende a utilização de técnicas e procedimentos de auditoria aplicados com 
o objetivo de assegurar o cumprimento adequado das rotinas trabalhistas e 
previdenciárias. Na lição de Araújo (2021, p. 24), esse tipo de auditoria representa 
“um conjunto de ações, compreendendo exames e análises acerca de 
procedimentos e documentações relacionados à utilização e contratação de mão 
de obra”. Continuando em sua exposição, o autor citado indica que a auditoria 
trabalhista e previdenciária visa identificar o nível de cumprimento das legislações 
trabalhistas e previdenciárias e, quando for o caso, apontar as ações que devem 
ser desenvolvidas para a correção das desconformidades detectadas. 
TEMA 2 – PROGRAMAS DE TRABALHO 
O planejamento dos trabalhos é uma etapa importante para a auditoria 
trabalhista e previdenciária, assim como para qualquer tipo de auditoria. Essa 
etapa é necessária para o adequado encaminhamento dos trabalhos, realização 
dos testes e definidos dos procedimentos que serão aplicados. Franco e Marra 
(1995, p. 224) afirmam que “ao se iniciar qualquer trabalho de auditoria, este deve 
ser cuidadosamente planejado, tendo em vista seu objetivo. Os exames e 
verificações serão orientados conforme o alcance verificado pela auditoria”. Os 
autores destacam a vinculação direta entre o planejamento e o objetivo da 
auditoria, que deve servir de parâmetro para essa etapa inicial dos trabalhos. 
O planejamento tem as seguintes finalidades, entre outras: 
 
 
3 
• auxiliar o auditor a dedicar atenção apropriada às áreas importantes da 
auditoria; 
• identificar e resolver problemas que possam surgir no decorrer dos 
trabalhos; 
• auxiliar o profissional de auditoria a promover uma organização adequada 
do trabalho de auditoria, de forma que haja eficácia e eficiência na 
realização dos procedimentos. 
Vale observar também que quando o planejamento é bem elaborado 
possibilita a escolha mais assertiva dos membros da equipe da auditoria que 
deverão executar determinados trabalhos, conforme a experiência profissional de 
cada um. 
Sendo assim, conclui-se que o planejamento na auditoria interna, 
especificamente trabalhista e previdenciária, é de suma importância para a 
consecução dos objetivos da auditoria. É por meio da definição do planejamento 
que serão definidos os programas de auditorias. Franco e Marra (2001, p. 224) 
afirmam que “ao se iniciar qualquer trabalho de auditoria, este deve ser 
cuidadosamente planejado, tendo em vista seu objetivo. Os exames e verificações 
serão orientados conforme o alcance visado pela auditoria”. 
Para efetuar o planejamento, é recomendável que o auditor desenvolva um 
conhecimento prévio sobre a entidade que será auditada e, no caso da auditoria 
trabalhista, esse conhecimento prévio também abarca as áreas de recursos 
humanos e outras que desenvolvam atividades que serão objetos da auditoria. De 
posse dessas informações, os profissionais poderão iniciar a definição dos 
programas de auditoria que serão aplicados. Como etapa importante do trabalho, 
o planejamento possibilita a fixação da relevância de cada procedimento que será 
aplicado, além da verificação de áreas que requeiram prioridade quando da 
realização dos testes. E, claro, facilita a racionalização dos trabalhos. 
Graficamente, podemos destacar as principais informações e condições 
para a elaboração do planejamento de auditoria, abordando os tópicos mais 
relevantes (Figura 1). 
 
 
4 
Figura 1 – Principais informações e condições para a elaboração do planejamento 
de auditoria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Érico Eleuterio da Luz. 
A equipe de auditoria trabalhista e previdenciária deve se debruçar sobre a 
análise desses aspectos, pois esse conhecimento obtido será de grande valia 
para a definição de um planejamento mais assertivo e que proporcionará a 
definição de programas de auditoria com vistas a alcançar os objetivos definidos. 
Os programas de auditoria representam a etapa subsequente àquela do 
planejamento, significam uma série de procedimentos a serem aplicados de forma 
que no conjunto possam expressar a opinião do auditor com a segurança 
necessária. 
Após a definição do planejamento, serão efetuados os programas de 
auditoria, cuja essência é a estruturação do plano de trabalho, que serão 
executados nos exames dos processos e atividades da área trabalhista e 
previdenciária. É nessa fase que serão definidos os procedimentos (testes de 
auditoria) que serão realizados, e é esse roteiro lógico compreendido pelas etapas 
Planejamento de 
auditoria
Aspectos gerais Aspectos organizacionais Aspectos técnicos
Conhecimentos 
gerais 
Conhecimento das 
atividades da área Legislação aplicável 
Conhecimentos 
sobre o modelo de 
gestão do RH 
Práticas 
operacionais da área 
Sistema de controles 
internos 
 
 
5 
de planejamento, planos de trabalhos e aplicação dos procedimentos que 
contribuirá para que os objetivos da auditoria sejam alcançados. 
Crepaldi e Crepaldi (2019) destacam que, ao planejar um programa de 
auditoria, várias considerações básicas devem ser lembradas e sua importância 
levada em conta, entre elas, a responsabilidade do auditor na apuração de 
qualquer erro ou irregularidade que afetam os dados sob exame e as formas em 
que o programa de auditoria pode ser modificado, em virtude das variações na 
eficiência do controle interno. 
O programa de auditoria está contido na etapa em que os auditores 
trabalhistas definirão os trabalhos a serem realizados conforme o plano de 
auditoria. Claro que poderá haver alteração em um outro aspecto, pois podem se 
apresentar situações que não foram previamente inseridas na análise para o 
planejamento; porém, o escopo principal dos exames permanecerá o mesmo. 
Os programas de auditoria objetivam: 
• evidenciar os requisitos planejados; 
• estabelecer a extensão e datas dos procedimentos a serem executados; 
• estabelecer a estimativa de horas por procedimentos a serem aplicados; 
• controlar os passos do programa realizados e a realizar; 
• evidenciar quem realizou os passos e registrar quem revisou os trabalhos. 
TEMA 3 – PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS NA AUDITORIA TRABALHISTA E 
PREVIDENCIÁRIA 
A etapa da definição de quais procedimentos específicos serão executadas 
em cada área é determinante para a concretização de um trabalho de qualidade 
na auditoria trabalhista e previdenciária. Nesse sentido, é importante destacar-se 
alguns aspectos que devem nortear a escolha desses procedimentos. 
1. Procurar cumprir o que foi definido como objetivo do trabalho, a fim de 
permanecer dentro do escopo definido. 
2. Ao escolher os procedimentos de auditoria que serão utilizados, procurar 
definir aqueles que melhor conduzirão ao resultado do trabalho, em menor 
tempo de trabalho. 
3. Analisar detalhadamente os objetivos do exame para que haja coerência 
entre os objetivos dos exames e os procedimentos que serão utilizados. 
 
 
6 
4. Sempre levar em conta que poderão ocorrer erros e contratempos que 
poderão comprometer o resultado dos exames, portanto, deve haver uma 
supervisão clara dos trabalhos que implicam a realização dos 
procedimentos. 
Como são determinantes para a qualidade e o resultado do trabalho da 
auditoria trabalhista, os procedimentos devem definir: 
• objetivo do exame na área específica – por exemplo, na auditoria da folha 
de pagamento incluir a verificação do cadastro dos funcionários;• tipo, extensão e profundidade do exame – no caso da auditoria dos 
procedimentos de demissão de funcionários, observar o estrito 
cumprimento da legislação trabalhista relativo a verbas e cálculos 
específicos; 
• pontos de controle interno a serem revisados – nesse caso, o auditor deve 
verificar o sistema de controle interno que está vinculado ao cadastro de 
funcionários e à elaboração da folha de pagamento. 
Na auditoria trabalhista, portanto, os procedimentos de auditoria 
compreendem as técnicas utilizadas pelos auditores para a verificação da 
conformidade, pertinência e assertividade de controles internos. 
Dessa forma, a aplicação dos procedimentos de auditoria deve conduzir à 
elaboração de um relatório que retrate o mais fielmente possível os pontos de 
controles que precisam ser melhorados. Procedimentos ou técnicas de auditoria 
são as investigações técnicas que, tomadas em conjunto, possibilitam a formação 
fundamentada da opinião do auditor sobre as demonstrações financeiras ou sobre 
o trabalho realizado. 
Esses procedimentos são os meios pelos quais o auditor trabalhista realiza 
seu trabalho e consistem na reunião das informações possíveis e necessárias à 
avaliação das informações obtidas, para a reunião dos subsídios necessários para 
a elaboração de seu relatório de auditoria. 
Os procedimentos ou técnicas básicas de auditoria normalmente utilizadas 
são os seguintes: 
• exame físico; 
• confirmação; 
• exame dos documentos originais; 
• conferência de cálculos; 
 
 
7 
• exame de escrituração; 
• investigação minuciosa; 
• exames dos registros auxiliares; 
• correlação das informações obtidas; 
• observação; 
• exame dos documentos originais ou inspeção documental. 
Inspeção é a técnica de auditoria de que o auditor se utiliza para examinar 
a comprovação documental das transações. Basicamente, as transações entre 
empresas e pessoas envolvem algum tipo de documento que serve de explicação 
para os detalhes sobre o que foi feito e que consequências se espera do fato. 
A inspeção compreende a legitimidade do documento em primeiro lugar, e 
consequentemente, da transação. É quando o auditor confirma se a transação foi 
autorizada, o que pode ser constatado por assinatura ou rubrica da pessoa 
encarregada. 
3.1 Conferência de cálculos 
No transcurso de suas verificações, constantemente o auditor se depara 
com várias situações em que a precisão aritmética é decisiva para legitimar o tipo 
de evidência. Embora pareça simples, e realmente o é, esse tipo de evidência traz 
importante contribuição para o processo de formação de opinião do auditor. 
3.2 Exame físico 
Compreende contagem, identificação, verificação de pleno uso e qualidade 
do bem. A efetividade de aplicação dessa técnica é limitada a bens corpóreos ou 
que possam ser objeto de qualquer prova tangível de sua existência física. 
3.3 Confirmação 
Consiste na obtenção, pelo auditor, de uma declaração escrita de fontes 
externas capacitadas para tanto. 
Circularização positiva é aquela em que o auditor sempre espera receber 
uma resposta, confirmando, ou não, o saldo ou posição demonstrada. É 
empregada nas cartas aos advogados da empresa, indagando sobre eventuais 
ações em andamento, companhias de seguro, para avaliar a suficiência da 
cobertura contratada, bem como contas do passivo. 
 
 
8 
Circularização negativa somente prevê resposta em caso de discordância 
da fonte externa em relação ao saldo informado. É utilizada para testar a eficiência 
de controles internos na seção de crédito e cobrança, e para contas do ativo 
compostas por muitos itens, mas de pequeno valor individualmente. 
A utilização adequada dos procedimentos de auditoria e sua conjugação 
aos objetivos a serem atingidos formularão o programa de trabalho de auditoria 
na área de recursos humanos em sintonia com os objetivos traçados e a 
segurança fornecida pelo controle interno. 
TEMA 4 – PAPÉIS DE TRABALHO 
Os papéis de trabalho representam a documentação das evidências 
colhidas durante os trabalhos de auditoria trabalhista e previdenciária realizadas 
e serão utilizados como suporte e fundamentação para a elaboração do relatório 
de auditoria. 
Representam a instrumentalização necessária para que os profissionais 
que executaram a auditoria possam comprovar os procedimentos aplicados, os 
quais possibilitarão a elaboração de um relatório que efetivamente sintetize a 
conclusão do trabalho e a opinião formalizado no relatório. 
É importante destacar que os papéis de trabalho pertencem ao auditor, cuja 
confidencialidade é característica fundamental, posto que as informações que 
neles constam são resultado de observações e evidências apuradas no decorrer 
do trabalho. 
Os papéis de trabalho observam normalmente uma forma padronizada e 
isso lhes confere uma facilidade na utilização, compreensão e arquivamento, já 
que os profissionais poderão utilizá-los no futuro. 
Em sua elaboração, o auditor deve atentar para que o papel de trabalho 
contenha algumas características que facilitarão sua utilidade para os fins a que 
se destina, sendo assim, deve ser conciso (fazendo-se constar nele apenas as 
informações necessárias e úteis), objetivo (não se deve compor o papel com 
dissertações sobre situações levantadas); lógico (estruturado numa sequência 
lógica); limpo (não pode conter rasuras que possam comprometer sua lisura e 
utilidade) e completo (abrangente o suficiente para que possa servir de prova dos 
trabalhos realizados). 
 
 
9 
A estrutura dos papéis de trabalho deve obrigatoriamente conter: nome da 
unidade, departamento, empresa ou área a que o papel esteja se referindo; 
codificação; identificação de quem preparou, revisou e aprovou o papel; e datas. 
Figura 1 – Modelo de papel de trabalho 
 REF. 
Empresa 
Data base Data da auditoria 
 
Descrição do PT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Executado por: 
Revisado por: 
Crédito: Érico Eleuterio da Luz. 
Para a elaboração dos papéis de trabalho, devem se utilizar de um conjunto 
de códigos que vão dar um sentido de organização; todas as folhas devem ter um 
número, uma letra ou os dois combinados, para que sejam únicas. Uma letra ou 
número pode designar departamentos, recursos humanos ou uma 
atividade/processo, por exemplo, “folha de pagamentos”, “provisão de férias”, ou 
outros elementos que sejam objetos de auditoria trabalhista. 
São essas referências de codificação que possibilitam a “amarração” ou 
“referenciação” dos papéis entre si. Na organização dos papéis de trabalho, temos 
a folha/célula líder ou mestra. Ela contém a primeira referência (número ou 
letra), e nela constam os dados ou valores de forma resumida. Em seguida, há as 
folhas/células subsidiárias ou de desdobramento, nas quais estão a primeira 
 
 
10 
referência que vêm da folha/célula anterior, acrescentando uma sequência 
numérica ou alfabética. Vejamos o exemplo disposto na Figura 10 a seguir. 
Figura 10 – Papel de trabalho: folha-mestre na auditoria de folha de pagamento 
Funcionário Admissão Salário bruto Cargo Dependentes 
Pedro da Silva 12/12/20X8 4.000,00 Contadora 02 
José Pereira 16/12/20X8 5.500,00 Gerente comercial 00 
Silvia Souza 02/01/20X9 1.800,00 Auxiliar de escritório 00 
Onofre Martins 15/01/20X9 1.700,00 Chefe de produção 03 
João Cordeiro 10/02/20X9 2.200,00 Tesoureiro 01 
Fonte: Érico Eleuterio da Luz. 
Nessa folha-mestre, em uma auditoria de folha de pagamento, tem-se a 
relação dos funcionários e por meio desse papel de trabalho serão efetuados os 
demais procedimentos visando comprovar a correção de todos os valores que 
decorrem da folha. Vale destacar que em uma empresa com uma grande 
quantidade de funcionários haverá uma seleção daqueles que serão testados,tendo em vista que será muito demorado e com custo maior a testagem de todos 
eles. 
Na confecção dos papéis de trabalho, também são utilizados símbolos que 
indicam qual procedimento foi aplicado em cada trabalho realizado. Denominados 
ticks, esses símbolos devem ser utilizados conforme algumas regras. A primeira 
é que sejam produzidos na cor vermelha, para maior destaque e não se 
confundirem com outras marcações referentes a anotações nos papéis de 
trabalho. A segunda regra é que sejam padronizados de forma que todos os 
auditores utilizem os mesmos tipos. Além disso, eles devem ser utilizados com 
objetividade, evitando-se o uso de um número muito extenso em cada papel de 
trabalho. 
Vejamos a seguir alguns exemplos de ticks que podem ser utilizados, 
embora cada auditoria, seja interna ou externa, deve determinar aqueles que 
serão adotados de forma padrão pelas equipes. 
•  = somas conferidas. 
• ϒ = inspecionamos a contabilização. 
• Λ = inspecionamos a contabilização e conferimos com o extrato bancário. 
• ⌡ = verificamos tabelas. 
 
 
11 
• Π = verificamos ficha do empregado. 
• ⌠ = verificamos o documento original. 
• C = conferimos data de contratação. 
• ∠ = conferimos com livros fiscais. 
Esses símbolos instruirão a elaboração e a utilização dos papéis de 
trabalhos pelas equipes de auditoria, de forma que qualquer auditoria que tenha 
acesso a esses papéis saberá exatamente quais procedimentos de auditoria 
foram aplicados e em que situação. 
Deve-se evitar a utilização excessiva de símbolos em uma mesma folha (o 
ideal é até oito símbolos), em razão do fato de que dificulta consultas e revisões 
dos papéis de trabalho. Caso necessário, o auditor poderá usar letras ou números 
dentro de círculos, em vez de símbolos, porém, pode-se utilizar também do 
sistema de notas para dar explicações necessárias nos papéis de trabalho. 
Outro aspecto importante que o auditor trabalhista deve observar é a 
anexação de documentos nos papéis de trabalho como suporte formal para sua 
opinião que será expressada no relatório de auditoria. 
Graficamente, pode-se resumir os papéis de trabalho conforme Figura 11 
a seguir. 
Figura 11 – Papéis de trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Érico Eleuterio da Luz. 
Papéis de Trabalho 
Estrutura 
• Referenciação 
• Vinculação 
com outros PTs 
• Codificação 
• Identificação 
da área 
auditada 
• Simbologia 
• Identificação 
do procedimento 
aplicado 
 
 
12 
A estrutura mínima do papel de trabalho deve conter sua identificação, a 
área ou atividade auditada, bem como a vinculação com outros papéis e a 
especificação do procedimento de auditoria aplicado. 
TEMA 5 – RELATÓRIO DE RECOMENDAÇÕES 
O resultado do trabalho da auditoria trabalhista ou previdenciária será 
formalizado no relatório de auditoria, também denominado relatório de 
recomendações, pois é nesse documento que o auditor fará a descrição do 
trabalho realizado, das áreas e processos auditados e a conclusão do trabalho 
com a emissão de sua opinião técnica e imparcial. 
Para Attiê (2007, p. 270) o relatório de auditoria interna constitui “a forma 
pela qual se leva à administração o produto do trabalho do auditor”. Afirma o autor 
ainda que o relatório de auditoria é a oportunidade que o auditor tem para chamar 
a atenção da administração sobre o trabalho realizado. 
O relatório de auditor é uma grande oportunidade para a equipe de auditoria 
não apenas demonstrar o trabalho realizado, mas também efetuar comentários 
sobre pontos que considera frágeis e que podem comprometer a eficácia da área 
auditada. 
No caso da auditoria trabalhista e previdenciária, podem-se detectar 
situações que estão trazendo riscos potenciais de passivos trabalhistas futuros, 
como o não pagamento de horas extras aos funcionários. 
É pelo relatório que o auditor comunica aos responsáveis pela 
administração da entidade aspectos como a natureza dos exames efetuados e 
oferece sugestões para o aprimoramento dos controles internos atinentes às 
áreas e processos auditados. 
Os profissionais de auditoria devem observar algumas características na 
redação do relatório, como: 
1. precisão – o auditor deve destacar no relatório todos os pontos sobre os 
quais executou os exames e tenha sólidas evidências, pois isso dará 
confiabilidade ao relatório. Por exemplo, ao destacar que a empresa não 
concedeu as férias no prazo legal a determinado funcionário, deve 
comprovar com os dados necessários como o relatório de férias; 
2. concisão – deve fazer constar no relatório o que é relevante, evitando o 
destaque de detalhes ou outros elementos que sejam supérfluos; 
 
 
13 
3. clareza – o relatório deve ser o mais claro possível, evitando que o 
destinatário do relatório tenha que fazer um esforço para “interpretar” o que 
foi relatado; 
4. Envio – o relatório deve ser elaborado e enviado à administração tão logo 
o trabalho tenha sido finalizado, para que se tenha a condição de 
implementação de melhorias nos pontos considerados como frágeis em 
controle. 
Por fim, mas não menos importante, é imprescindível que não haja opinião 
pessoal do auditor, mas sim opinião técnica acerca dos fatos relatados e 
evidenciados em papéis de trabalho, até porque a auditoria trabalhista tem como 
objeto de seu trabalho processos e valores que dizem respeito a pessoas, salários 
e outros elementos que devem primar pelo sigilo e elevada discrição no relatório 
de auditoria. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
ARAÚJO, L. A. M. de. Auditoria trabalhista e previdenciária. Curitiba: 
InterSaberes, 2021. 
ATTIÊ, W. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 2007. 
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: 
Atlas, 2019. 
FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria contábil. São Paulo: Atlas, 1995. 
AULA 4 
AUDITORIA TRABALHISTA 
E PREVIDENCIÁRIA 
Prof. Érico Eleuterio da Luz 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta unidade, vamos estudar os conceitos mais importantes na aplicação 
da auditoria trabalhista e previdenciária. Nesta parte de nosso estudo, é 
importante que seja destacado qual é o objeto desse ramo da auditoria interna e 
como podemos aplicar os procedimentos e técnicas que sejam mais adequados 
para que a entidade auditada possa se assegurar de que está aplicando 
corretamente a legislação trabalhista e previdenciária. 
TEMA 1 – AUDITORIA TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA: APLICAÇÕES 
A auditoria trabalhista e previdenciária aplica-se a todos os processos e 
rotinas que são intrínsecos aos contratos trabalhistas e às obrigações 
previdenciárias. A auditor trabalhista deve atuar sempre com vistas a verificar a 
conformidade desses processos e rotinas com a legislação trabalhista e 
previdenciária e também com o contido nos regulamentos internos da entidade 
auditada. 
Graficamente, podemos representar em quais aspectos deve atuar a 
auditoria trabalhista e previdenciária, conforme a Figura 1. 
Figura 1 – Aspectos de atuação da auditoria trabalhista e previdenciária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todas as organizações de médio ou grande porte, independentemente da 
atividade, deveriam contar com os serviços de uma auditoria interna, seja esta 
executada por auditores contratados como funcionários ou elaborada por uma 
empresa de auditoria terceirizada. 
Auditoria Trabalhista e 
Previdenciária 
Análise da 
aplicação da 
Legislação 
Trabalhista e 
Previdenciária 
Verificação da 
Correção 
Cálculos 
Específicos 
Confirmação do 
cumprimento 
de obrigações 
acessórias 
trabalhistas e 
previdenciárias 
 
 
3 
O serviço de auditoria interna oferece uma valiosa contribuição para que a 
entidade tenha um sistema de controles internos que assegurem a eficácia e a 
segurança das atividades operacionais. A auditoria interna também é útil na 
detecção e eliminação de fraudes e erros que muitas vezes comprometem 
seriamente o uso dos recursos, financeiros ou de qualqueroutra natureza. 
TEMA 2 – AUDITORIA NOS CONTRATOS (EMPREGADOS E TERCEIRIZADOS) 
O objeto, portanto, da auditoria trabalhista e previdenciária é o contrato de 
trabalho e suas consequências (desdobramentos), pois será a partir dele que terá 
início o vínculo jurídico entre o prestador do serviço (empregado ou contratado) e 
o tomador do serviço (empregador). 
A oficialização do vínculo se dá com a regular admissão do colaborador. É 
a oficialização do vínculo na empresa. Nessa etapa, são efetuados os 
procedimentos cadastrais do contratado e essa inclusão no sistema de recursos 
humanos exigirá uma série de parâmetros e informações como salário e 
digitalização de documentos, tais como: 
• Carteira de Trabalho e Previdência Social; 
• Cédula de Identidade; 
• Título de eleitor; 
• Certificado de reservista; 
• Cadastro de Pessoa Física (CPF); 
• Exame médico; 
• Fotografias; 
• Certidão de casamento; 
• Certidão de filhos menores de 14 anos ou inválidos de qualquer idade; 
• Caderneta de vacinação e comprovação escolar dos filhos. 
A auditoria trabalhista e previdenciária ampla, ou seja, aquela realizada em 
todos os processos administrativos relacionados com a área trabalhista e 
previdenciária, poderá ter início pelos testes nos processos de admissão e 
demissão. Nesse ponto, os auditores deverão verificar e analisar o procedimento 
de admissão adotado pela entidade e confrontar com a legislação trabalhista e 
previdenciária. 
A admissão é o primeiro de vários procedimentos que o departamento de 
recursos humanos deve aplicar para que se possa saber se a empresa cumpre a 
 
 
4 
legislação trabalhista e previdenciária, e em que medida podem ser sugeridas 
melhorias de controles internos. Com isso, pode-se mitigar o risco de 
contingências trabalhistas. 
TEMA 3 – AUDITORIA NA FOLHA DE PAGAMENTO 
A folha de pagamento é o documento formal no qual a empresa calcula e 
informa os valores relativos à remuneração dos colaboradores bem como todos 
os elementos que compõem o valor do salário mais acréscimos, destacando 
também os descontos legais ou contratados com o funcionário. Consta na folha 
de pagamento a remuneração individual devida a cada colaborador. O sistema 
gerador da folha de pagamento também deve utilizá-la como parâmetro para 
cálculo de verbas que serão provisionadas e pagas em datas específicas, no caso 
das férias e do décimo terceiro salário. 
Não obstante ser um documento de controle interno para efeito de 
apuração dos valores dos salários individuais dos colaboradores, a folha de 
pagamento também é obrigatória para efeitos de legislação previdenciária. Isso 
porque o Decreto n. 3.048 (Regulamento da Previdência Social) determina que: 
Art. 225. A empresa é também obrigada a: 
I - preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou 
creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em cada 
estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos; 
II - lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de 
forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o 
montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os 
totais recolhidos; 
III - prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da 
Receita Federal todas as informações cadastrais, financeiras e 
contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, 
bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização; 
IV - informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por 
intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo 
de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele 
estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição 
previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; 
Com isso, é necessário que, durante a auditoria da folha de pagamento, o 
o auditor esteja atento para verificar se as exigências da norma previdenciária 
estão sendo cumpridas. 
Embora não exista um modelo padrão, os softwares especialistas procuram 
disponibilizar os relatórios conforme exigido pela norma, com a inserção das 
 
 
5 
informações exigidas. Essas informações estão previstas no parágrafo 9º do 
decreto mencionado, como se vê: 
Parágrafo 9º A folha de pagamento de que trata o inciso I do caput, 
elaborada mensalmente, de forma coletiva por estabelecimento da 
empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços, com a 
correspondente totalização, deverá: 
I - discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, função ou serviço 
prestado; 
II - agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado 
empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual 
III - destacar o nome das seguradas em gozo de salário-maternidade; 
IV - destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração 
e os descontos legais; e 
V - indicar o número de quotas de salário-família atribuídas a cada 
segurado empregado ou trabalhador avulso. 
A atenção à elaboração da folha de pagamento se justifica pelo fato de que 
este documento proporciona a geração informações para vários órgãos oficiais de 
controle, como Previdência Social, Ministério do Trabalho, Caixa Econômica 
Federal, dentre outros. 
Os procedimentos de auditoria que podem ser aplicados na folha de 
pagamento podem ser: 
• inspeção documental: para averiguar se todos os funcionários que constam 
nos registros foram incluídos na folha de pagamento; 
• conferência de cálculo: procedimento aplicado para confirmar se os valores 
lançados como crédito para cada funcionário auditado foram calculados 
corretamente; 
• exame da escrituração: a aplicação desse procedimento se fundamenta na 
necessidade de verificação do correto lançamento dos valores da folha nas 
contas contábeis respectivas. 
Como exemplo, vamos considerar uma auditoria na folha de pagamento de 
uma empresa com cinco funcionários. O primeiro papel de trabalho que será 
aberto deve relacionar os colaboradores cujos valores serão objetos da auditoria. 
 
 
 
6 
Tabela 1 – Empresa Acadêmica (31/12/2018 a 15/01/2019) 
Funcionário 
Nome Salário Mensal 
Pedro da Silva R$ 5.000,00 Π 
José Pereira R$ 1.360,00 
Silvia Souza R$ 8.200,00 Π 
Onofre Martins R$ 1.400,00 Π 
João Cordeiro R$ 1.200,00 
TOTAL R$ 17.160,00 C 
 
Podem-se aplicar alguns procedimentos (testes) de auditoria como: 
• C = Cálculo efetuado; 
• Π = verificamos ficha do empregado. 
A seleção dos empregados para análise da ficha foi efetuada com base nos 
maiores salários. Após aplicação desses procedimentos, é fundamental que se 
faça uma verificação do cálculo e composição da folha de pagamento. Nesse 
procedimento, o auditor deverá ter em mãos as tabelas de descontos do INSS e 
do Imposto de Renda. 
Tabela 2 – Empresa Acadêmica (31/12/2018 a 15/01/2019) 
Funcionário Nº Reg. Salário Bruto INSS IRRF Valor Líquido 
Pedro da Silva 0001 R$ 5.000,00ϒ R$ 354,08⌡ R$ 614,69 R$ 4.031,23 C 
José Pereira 0002 R$ 1.360,00 R$ 122,40 R$ 1.237,60 
Silvia Souza 0058 R$ 8.200,00 R$ 354,08⌡ R$ 1975,32ϒ R$ 5.870,60 C 
Onofre Martins 0067 R$ 1.400,00ϒ R$ 126,00 R$ 1.274,00 
João Cordeiro 0081 R$ 1.200,00 R$ 108,00 R$ 1.092,00 
TOTAL R$ 17.160,00 R$ 1.064,56 R$2.590,01 R$ 13.505,43 
 C C C C 
Observação 
Como a ênfase neste exemplo, são os procedimentos de auditoria que 
poderiam ser aplicados. Os valores constantes na tabela são meramente 
ilustrativos. 
• C = Cálculos conferidos; 
• ϒ = inspecionamos a contabilização; 
• ⌡ = verificamos tabelas. 
Na auditoria da folha de pagamento, o auditor deve encaminhar seu 
trabalho de maneira a se assegurar: 
 
 
7 
a) da validação dos aspectos formais (como regularidade na contratação, 
arquivo de documentação dos funcionários); 
b) se todas as verbas trabalhistas foram incluídas na folha; 
c) da validação dos cálculos relativos à composição do salário bruto, os 
respectivos descontos e o valor líquido a ser creditadoao funcionário. 
TEMA 4 – PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA NAS VERBAS 
TRABALHISTAS 
A auditoria das verbas trabalhistas se utiliza de procedimentos que validem 
a natureza das verbas que devam ser incluídas na folha de pagamento no período 
auditado e também que assegurem que os valores relativos a essas verbas 
estejam calculados corretamente. Como o auditor saberá quais verbas 
trabalhistas deverão constar na folha de pagamento? 
Lembremos que em relação aos funcionários selecionados para os testes, 
os profissionais de auditoria já analisaram os contratos de trabalho, de onde 
concluem quais verbas eles terão direito, como insalubridade, adicional noturno 
ou quais outros adicionais que, que por força legal ou liberalidade da empresa, 
devam ser incluídos na folha. 
Ainda, é fundamental que os testes se direcionem para a apuração das 
horas trabalhadas no mês para que a equipe de auditoria possa verificar horas 
extras e descontos que devam ser considerados no cálculo da folha. 
Verificadas as verbas devidas, o auditor abre um papel de trabalho para 
validação. Porém, nesse caso, foi verificado que houve a ocorrência de horas não 
pagas no mês correto. 
Tabela 3 – Empresa Acadêmica (31/12/2018 a 15/01/2019) 
 Horas Extras não pagas 
Nº Reg. Salário Bruto Quantidade Valor Período Ref. 
0001 R$ 5.000,00ϒ 20h⌡ R$ 132,00 Dias 8 a 14 do mês Doc. 012 
 
 
 
 
Verificamos que a empresa não pagou as horas extras trabalhadas no 
período mencionado ao PT, o que configura a violação de um direito trabalhista 
do funcionário. Recomendamos que o setor de Recursos Humanos efetue um 
 
 
8 
levantamento das horas extraordinárias trabalhadas pelos colaboradores e inclua 
essas verbas na folha de pagamento o mais rápido possível, evitando dessa forma 
o surgimento de um risco trabalhista. Esse aspecto requer a redação de um ponto 
de auditoria, que constará no relatório final dos trabalhos. 
TEMA 5 – AUDITORIA NAS PROVISÕES DE FÉRIAS E DÉCIMO-TERCEIRO 
SALÁRIO 
A auditoria das provisões de férias e décimo terceiro salários é uma das 
questões que mais suscitem dúvidas e controvérsias. É claro que é o sistema de 
processamento da folha de pagamento que fará o cálculo, e se houver integração 
com a contabilidade, o reconhecimento das despesas e as contrapartidas nos 
passivos será automático. Entretanto, dependendo da movimentação de entradas 
e saídas de funcionários no período, os valores relativos às provisões podem 
experimentar significativas alterações. 
No roteiro de planejamento e execução da auditoria dessas provisões, 
alguns aspectos devem ser observados: 
a) verificação do cadastro dos funcionários, porém esse procedimento já deve 
ter sido aplicado quando da auditoria da folha de pagamento; 
b) seleção de funcionários para validação (sempre à base de testes) dos 
valores provisionados de férias e décimo terceiro salários. 
c) realização de cálculos manuais para certificação daqueles valores 
calculados pelo sistema; 
d) verificação dos valores provisionados: neste ponto, é fundamental que os 
valores contabilizados tanto em despesas como passivo sejam testados. 
Veja no modelo de papel de trabalho a seguir uma proposta de auditoria na 
provisão de férias. 
 
 
 
9 
Tabela 4 – Empresa Acadêmica (31/12/2018 a 15/01/2019) 
Demonstrativo de Folha de Pagamento para Auditoria 
 Discriminação 
Funcionário 
Nº Reg. Salário Bruto INSS IRRF Valor Líquido Prov. Férias 
 Com 1/3 
Pedro da 
Silva 0001 R$ 5.000,00 R$ 354,08 R$ 614,69 R$ 4.031,23 R$ 555,41 ϒ 
José 
Pereira 0002 R$ 1.360,00 R$ 122,40 R$ 1.237,60 R$ 151,07 ϒ 
Silvia 
Souza 0058 R$ 8.200,00 R$ 354,08 R$ 1975,32 R$ 5.870,60 R$ 910,00 ϒ 
Onofre 
Martins 0067 R$ 1.400,00 R$ 126,00 R$ 1.274,00 R$ 155,51 Π 
João 
Cordeiro 0081 R$ 1.200,00 R$ 108,00 R$ 1.092,00 R$ 133,33 Π 
 
TOTAL R$ 17.160,00 R$ 1.064,56 R$2.590,01 R$ 13.505,43 R$1.905,32 
 C 
Observação 
Como a ênfase neste exemplo são os procedimentos de auditoria que 
poderiam ser aplicados, os valores constantes na tabela são meramente 
ilustrativos. 
• C = cálculos conferidos; 
• ϒ = inspecionamos a contabilização; 
• Π = verificamos fichas de empregados. 
A aplicação dos procedimentos citados permite ao auditor trabalhista 
validar ou não os valores calculados e contabilizados como provisão para férias e 
décimo terceiro salários. Quaisquer diferenças que eventualmente possam surgir 
entre os cálculos feitos pelo auditor e aqueles que estão gerados pelo sistema da 
folha de pagamento, se considerados como relevantes, devem ser investigados 
para correção e ajuste, inclusive na contabilidade. 
 
 
 
10 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 
2017. 
ARAÚJO, L. A. M. de. Auditoria trabalhista e previdenciária. Curitiba: 
InterSaberes, 2021. 
ATTIÊ, W. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 2007. 
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Poder Executivo, Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 
17 jun. 2021. 
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 01 de maio de 1943. Poder Executivo, Diário 
Oficial da União, Rio de Janeiro, RJ, 01 mai. 1943. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 17 
jun. 2021. 
CRC-PR – Conselho Regional de Contabilidade do Paraná. Norma Brasileira de 
Contabilidade – NBC PG 01, de 7 de fevereiro de 2019. Código de ética 
profissional do contador. Disponível em: 
<https://www.crcpr.org.br/new/content/download/codigoEtica.pdf>. Acesso em: 
10 nov. 2020. 
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: 
Atlas, 2019. 
FERREIRA, R. J. Manual de auditoria. Rio de Janeiro: Ferreira, 2009. 
IMONIANA, J. O. Auditoria: planejamento, execução e reporte. São Paulo: Atlas, 
2019. 
PERES JR., J. H. Auditoria de demonstrações contábeis: normas e 
procedimentos. São Paulo: Atlas, 2012. 
 
AULA 5 
AUDITORIA TRABALHISTA 
E PREVIDENCIÁRIA 
Prof. Érico Eleuterio da Luz 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Auditoria trabalhista: prevenção de riscos e compliance trabalhista 
Nesta aula, você terá a oportunidade de se defrontar com assuntos muito 
interessantes que versam sobre a auditoria trabalhista como um mecanismo de 
prevenção de riscos. É sabido que a área trabalhista, e com menor intensidade a 
previdenciária, está sujeita a diversos riscos de manipulação, erros e fraudes que 
podem contribuir para o surgimento de contingências que vão afetar o passivo, o 
resultado e o caixa da entidade no futuro. 
Mas é possível o estabelecimento de controles e medidas que possam 
levar à detecção e à eliminação desses riscos. 
TEMA 1 – COMPLIANCE TRABALHISTA 
Na auditoria trabalhista e previdenciária, é recomendável que os auditores 
observem os seguintes pontos: 
1. Objetivo da auditoria: donde se destaca que a auditoria consistirá na 
execução de procedimentos que conduzirão à descoberta de evidências 
em relação ao cumprimento das obrigações trabalhistas e previdências e 
aos controles internos existentes. 
2. Riscos envolvidos: considerando-se que a existência de riscos de fraudes 
e erros podem conduzir a perdas e multas pelas autoridades. 
3. Controles internos: revisando e analisando o sistema de controles 
internos da sociedade auditada para instruir o planejamento dos trabalhos 
que deverão ser executados. 
Esse conceito engloba vários itens, tais como contratos, tributos, questões 
ambientais, previdenciárias, trabalhistas, entre outras, conforme o ramo de 
negócios em que atua a empresa auditada. 
Para Araújo (2021, p. 339), “o termo compliance significa conformidade. O 
compliance trabalhista compõe o compliance, já que este abarca todos os ramos 
do direito e de atuação das empresas”. 
No âmbito trabalhista e previdenciário, essa conformidade está

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