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<p>CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL</p><p>55ª Assembleia Geral</p><p>Aparecida - SP, 26 de abril a 5 de maio de 2017</p><p>04/55ª AG(Sub)</p><p>ASSOCIAÇÕES DE FIÉIS, MOVIMENTOS ECLESIAIS E NOVAS</p><p>COMUNIDADES1</p><p>Sobre as novas formas de associativismo na Igreja</p><p>Introdução</p><p>A Igreja é o lugar onde floresce o Espírito,2 suscitando um dinamismo novo e</p><p>imprevisto. Ele, quando intervém, suscita eventos cuja novidade causa admiração. “A</p><p>Igreja cresce sempre no tempo graças à ação vivificante do Espírito”.3 Ele age</p><p>constantemente para que as pessoas, chamadas por Cristo, percebam sua presença e</p><p>reconheçam que as próprias instituições eclesiais são veículos privilegiados de carismas</p><p>que edificam a Igreja de Cristo.</p><p>Os carismas pertencem à livre e imprevisível ação do Espírito. Eles emergem na</p><p>história sempre e de novo. Assim, cabe, sobretudo, ao ministério hierárquico a delicada</p><p>tarefa de analisar, discernir e promover esses dons do Espírito, segundo a identidade</p><p>original, pela qual foram doados no seio do povo de Deus. Eles gozam de importância e</p><p>valor e sua autenticidade é garantida pela disponibilidade em submeter-se ao</p><p>discernimento da autoridade eclesiástica4.</p><p>O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, afirma que</p><p>“os carismas extraordinários, ou também os mais simples e mais comuns, dado que são,</p><p>sobretudo, apropriados e úteis para as necessidades da Igreja, devem ser acolhidos com</p><p>gratidão e consolação”.5 Por isso mesmo, os carismas devem ser acolhidos “tanto da</p><p>1 Esta estrutura não tem ainda uma terminologia claramente definida e podem ser encontradas diversas</p><p>denominações: “novas formas de vida consagrada”, ou “novas formas de consagração”, ou Novas Comunidades,</p><p>ou “novas fundações”, ou ainda “novas formas de vida evangélica”. Um termo interessante é “família eclesial de</p><p>vida consagrada”. Ao utilizar o vocábulo “família”, põe-se em evidência a unidade da comunhão na diversidade.</p><p>A originalidade dessas “novas famílias eclesiais” consiste na reunião de fiéis batizados pertencentes aos três</p><p>estados de vida na Igreja ( laical, clerical e vida consagrada), em vista da missão, santificação e evangelização.</p><p>2 CIC, n. 749.</p><p>3 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Carta Iuvenescit Ecclesia, n. 6.</p><p>4 Cf. Dicionário Teológico da Vida Consagrada, 1994, p. 93.</p><p>5 Lumen Gentium, 12.</p><p>2</p><p>parte de quem os recebe, como da parte de todos na Igreja”.6 Afinal, eles constituem</p><p>uma especial riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o</p><p>Corpo de Cristo, desde que sejam dons verdadeiramente provenientes do Espírito e se</p><p>exerçam em plena conformidade com os autênticos impulsos do Espírito”.7</p><p>É importante recordar que um carisma é sempre uma graça especial (gratia</p><p>gratis data), distinta da graça santificante (gratia gratum faciens), que o Espírito Santo</p><p>concede não só para a santificação de uma comunidade de fiéis, mas também para o</p><p>bem comum de toda a Igreja. Uma graça especial é aquela mediante a qual o ser</p><p>humano auxilia os demais a retornar a Deus. 8 Desse modo, “um carisma dado</p><p>pessoalmente a um fiel, se torna princípio educativo e agregativo de outros fiéis</p><p>cristãos".9</p><p>A Igreja reconhece que as novas formas de agregações eclesiais constituem uma</p><p>grande fonte de renovação eclesial, que favorece a urgente conversão pastoral e</p><p>missionária de toda a vida eclesial.10 Por sua própria natureza, elas expressam a</p><p>dimensão carismática da Igreja e representam uma oportunidade privilegiada para que</p><p>muitas pessoas afastadas da vivência da fé cristã possam ter um encontro vital com</p><p>Jesus Cristo, e assim, recuperar sua identidade batismal e sua ativa participação na vida</p><p>da Igreja11. Elas demonstram ser uma autêntica experiência de Igreja, quando se</p><p>empenham em fomentar não só a dimensão carismática, mas também aquela</p><p>institucional garantida pelos Bispos em comunhão com o Sucessor de Pedro12. Elas são</p><p>também expressão do direito natural e batismal de livre associação dos fiéis.</p><p>1 As novas formas de Associação de Fiéis ou “novas famílias eclesiais”</p><p>Considere-se que “no horizonte da comunhão trinitária, encontra-se a liberdade</p><p>associativa dos fiéis leigos na Igreja, a ser reconhecida como ‘verdadeiro e próprio</p><p>direito que não deriva de uma espécie de ‘concessão’ da autoridade, mas que procede do</p><p>Batismo, como sacramento que chama os fiéis leigos para participarem ativamente na</p><p>6 Christifideles laici, n. 24.</p><p>7 Christifideles laici, n. 24.</p><p>8 cf. TOMÁS DE AQUINO. Sum. Th., I-II, q. III, 4; 3,7,7.</p><p>9 SCOLA, A. Rassegna di teologia. Movimenti-Comunità-Missione. Maggio-Giugno 2006, p. 331.</p><p>10 Carta Iuvenescit Ecclesia, n. 2.</p><p>11 cf. CELAM, Documento de Aparecida, n. 312.</p><p>12 cf. SCOLA, A. Rassegna di teologia. Movimenti-Comunità-Missione. Maggio-Giugno 2006, p. 331.</p><p>3</p><p>comunhão e na missão da Igreja’;13 conforme explicita o Concílio Vaticano II:</p><p>“respeitada a devida relação com a autoridade eclesiástica, os leigos têm o direito de</p><p>fundar associações, dirigi-las e se inscreverem nas existentes”.14 Trata-se de uma</p><p>liberdade reconhecida e garantida pelo próprio direito, mas que deve ser exercida</p><p>sempre e somente na comunhão da Igreja, em benefício do Povo de Deus”.15</p><p>São João Paulo II, dizia que “no nosso mundo, com frequência dominado por</p><p>uma cultura secularizada que fomenta e difunde modelos de vida sem Deus, a fé de</p><p>muitos é posta à dura prova e, não raro, é sufocada e extinta. Percebe-se, então, com</p><p>urgência a necessidade de um anúncio forte e de uma sólida e aprofundada formação</p><p>cristã. Como é grande, hoje, a necessidade de personalidades cristãs amadurecidas,</p><p>conscientes da própria identidade batismal, da própria vocação e missão na Igreja e no</p><p>mundo! E eis, então, os Movimentos e as novas comunidades eclesiais: eles são a</p><p>resposta, suscitada pelo Espírito Santo, a este dramático desafio do final de milénio.</p><p>Vós sois esta resposta providencial” 16.</p><p>As “novas famílias eclesiais” favorecem a consagração ao Cristo através de um</p><p>carisma específico, e a partir desse, seus membros, num mundo marcado pelo</p><p>secularismo, se empenham por viver o Batismo de forma autêntica. Elas são</p><p>reconhecidas pela Igreja como um instrumento importante, inspirado por Deus, para o</p><p>anúncio da Sua Palavra, testemunhando a veracidade do Evangelho com seu estilo de</p><p>vida. Elas, animadas pelo Espírito, se tornam espaço de vida eclesial, quando tornam</p><p>possível e praticável a educação permanente ao “pensamento de Cristo” (1Cor 2,16),</p><p>favorecendo entre seus membros o trabalho de aperfeiçoamento na vida cristã,</p><p>fomentando o encorajamento recíproco no empenho por fazer próprios os ‘mesmos</p><p>sentimentos de Cristo’, buscando um mesmo sentir e pensar no seio da comunidade,</p><p>além do empenho por viver em paz (cf. 2Cor 13,11).</p><p>2 Nova conjuntura eclesial</p><p>A mudança da cosmovisão do paradigma cristão católico, que determinava a</p><p>compreensão do sagrado na sociedade, para um paradigma emancipado desta visão</p><p>13 Christefidelis laici, n. 29.</p><p>14 Apostolicam Actuositatem, n. 19.</p><p>15 CNBB. Igreja Particular, Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades. Subsídios doutrinais 03, n. 17.</p><p>16 Vigília de oração durante o encontro dos Movimentos eclesiais e das novas comunidades, 20.05.1998.</p><p>4</p><p>instituída, abriu espaço para a mobilidade religiosa e a busca de novas perspectivas,</p><p>muitas vezes, à margem da eclesialidade oficial e do padrão de vida consagrada</p><p>convencional, especialmente caracterizado pela eclesiologia do Concílio Vaticano II e</p><p>delineado pela Perfectae Caritatis.</p><p>A mudança de perspectiva abriu oportunidades para lideranças carismáticas</p><p>tecerem novos caminhos no seguimento de Jesus Cristo e na vivência do Evangelho.</p><p>Algumas vezes, assumindo elementos das formas tradicionais</p><p>de consagração, outras,</p><p>de alguma maneira inovando e propondo caminhos para uma missão mais radical junto</p><p>aos pobres. Com frequência, colocam-se em fronteiras geográficas e existenciais nas</p><p>quais a Igreja e a vida consagrada instituída dificilmente chegam.</p><p>As novas formas de agregação eclesial – Associações de Fiéis, Movimentos</p><p>Eclesiais e Novas Comunidades, abrem espaços para acolher, homens, mulheres,</p><p>clérigos, celibatários, casados e solteiros para viver uma nova forma de vida</p><p>comunitária, sob o foco da experiência de Deus. Conservam, por vezes, elementos da</p><p>vida consagrada instituída, como a oração, os votos e a vida de comunidade. Insistem</p><p>no forte apelo à vivência moral cristã e no engajamento dos seus membros na missão. A</p><p>intensa capacidade agregativa dessas realidades representa um testemunho significativo</p><p>de como a Igreja não cresce “por proselitismo, mas por atração”.17</p><p>Constata-se que as “novas famílias eclesiais” são expressão de “uma nova era</p><p>agregativa dos fiéis leigos”; agregações essas “bastante diferentes umas das outras”,</p><p>mas com “profunda convergência na finalidade que as anima: a de participar</p><p>responsavelmente da missão da Igreja”.18 Há grupos que buscam exprimir uma</p><p>modalidade persuasiva da normal pertença à Igreja, seguindo e propondo uma ‘lógica</p><p>sacramental’ própria da existência cristã. Autocompreendem-se como lugar de</p><p>fraternidade e amizade cristã. Há também aqueles que compreendem o grupo como</p><p>lugar persuasivo de vida cristã, semelhante às Ordens e Congregações religiosas. Nestas</p><p>aparece de forma mais nítida a proposta de vida, além de indicações mais precisas aos</p><p>membros para o seguimento de Jesus Cristo. Tanto uns, quanto outros, pessoal ou</p><p>comunitariamente, veem em cada circunstância do cotidiano, oportunidades para o</p><p>testemunho do Evangelho.</p><p>17 Carta Iuvenescit Ecclesia, n. 2.</p><p>18 Christefidelis laici, n.29.</p><p>5</p><p>Constata-se que há, por vezes, apesar de possuírem certo reconhecimento por</p><p>parte da autoridade competente, uma desvinculação dos espaços tradicionais das</p><p>paróquias e das dioceses, podendo surgir tensões na Igreja Particular.</p><p>Destaca-se a importância dos jovens no surgimento destas novas agremiações de</p><p>fiéis, não só como simpatizantes e membros, mas também como fundadores. Isso</p><p>poderia ser expressão de resposta à necessidade de pertencimento da juventude. Pode</p><p>também ser expressão de proteção oferecida por esta forma de vida, pois pretende</p><p>proteger os indivíduos de elementos negativos do mundo exterior. Ao mesmo tempo há</p><p>de se salientar a perda sofrida pela instituição família da capacidade de desempenhar as</p><p>funções que lhe eram consideradas próprias até um passado não muito distante. À causa</p><p>disso, se busca nas Novas Comunidades o que a instituição família encontra dificuldade</p><p>para oferecer: proximidade, intimidade, senso de pertença, cooperação, cumplicidade,</p><p>afeto, apoio material e emocional... Assim, as Novas Comunidades expressariam</p><p>também um sentimento de insatisfação com o modelo de família e o modelo de vida em</p><p>sociedade contemporânea.</p><p>Estes novos grupos fomentam o cultivo da identidade, oferecendo formas</p><p>distintas de consagração, especialmente para leigos. Nelas, os membros são</p><p>reconhecidos, sentem-se acolhidos como parte integrante do grupo, seguros e situados</p><p>na sociedade e na Igreja. Tal cultivo afasta o perigo do anonimato, marca registrada da</p><p>crise no mundo contemporâneo.</p><p>Constata-se em diversos setores da vida social, o desejo de cooperar na</p><p>construção de uma nova civilização com rosto verdadeiramente humano, marcada por</p><p>afetos, trabalho e justo repouso, quais elementos constitutivos de uma ‘vida boa’, em</p><p>âmbito pessoal e social. Por isso, o aspecto da pretendida radicalidade presente em não</p><p>poucas dessas novas formas de vida eclesial, e que abrange a vida sexual, a autonomia</p><p>pessoal e a subsistência, de algum modo responde ao anseio de muitos.</p><p>O aspecto comunitário, fortemente presente nestas novas expressões de</p><p>consagração, é inerente à experiência cristã. Durante séculos esse aspecto foi cultivado</p><p>pela intuição paroquial, tendo à frente um clérigo. Com o advento da modernidade, essa</p><p>tradicional instituição foi perdendo sua característica originária de referência</p><p>comunitária, favorecendo sempre mais o anonimato dos fiéis. As Novas Comunidades</p><p>6</p><p>buscam suprir as lacunas frequentemente presentes nas paróquias: identidade centrada</p><p>em valores comuns, valoração dos membros, facilidade de interação entre os membros,</p><p>vocação discipular, evangelizadora e missionária.</p><p>Os membros das “novas famílias eclesiais” oferecem testemunho de fé cristã em</p><p>âmbito social. Como membros do Estado e marcados pela experiência do encontro com</p><p>a pessoa de Jesus, segundo um carisma peculiar, eles podem cooperar de forma vigorosa</p><p>e eficaz na promoção de uma consciência capaz de delinear com clareza a relação entre</p><p>direitos, deveres e leis, especialmente nestes tempos onde se constatam dificuldades</p><p>para favorecer o debate em torno do que seja, por exemplo, ‘religião’ e ‘laicidade’. Eles</p><p>podem oferecer testemunho de estima pela vida, das relações afetivas, familiares e</p><p>sociais, além de mostrar – porque inseridos de forma peculiar na sociedade – ser</p><p>possível conjugar justiça e caridade.</p><p>3 Percurso histórico realizado pela CNBB</p><p>As novas formas de agregação eclesial começaram a surgir nos anos 70,</p><p>primeiro na França e nos Estados Unidos. No Brasil tiveram seu surgimento a partir da</p><p>década de 80. Embora até um passado recente elas se situassem à margem daquilo que</p><p>poderíamos denominar ‘eclesialidade oficial’, essas novas formas de vida comunitária</p><p>passaram a ser consideradas como expressão da vitalidade do Espírito. Tornaram-se</p><p>ainda “expressão de uma multiforme variedade de carismas, métodos educativos,</p><p>modalidades e finalidades apostólicas” 19. A CNBB, desde 2009, busca caminhos que</p><p>garantam a comunhão eclesial dos fiéis leigos que constituem essas novas formas de</p><p>agregação eclesial.</p><p>Em 2009 realizou-se um seminário de estudos sobre as Novas Comunidades com</p><p>membros das comissões Episcopais Pastorais para o Laicato e para os Ministérios</p><p>Ordenados e Vida Consagrada. Em 2012 aconteceu em Goiânia o Iº Seminário</p><p>Nacional com as Novas Comunidades. Ainda em 2012, os fundadores e os membros de</p><p>Novas Comunidades participaram, em Recife, do IVº Encontro Nacional de</p><p>Movimentos e Associações, organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para o</p><p>Laicato e Conselho Nacional dos Leigos do Brasil. Em 2013 aconteceu, em Lavrinhas,</p><p>19 S. João. Paulo II. Mensagem aos participantes do Congresso mundial dos Movimentos Eclesiais,</p><p>27.05.98.</p><p>7</p><p>São Paulo, o IIº Seminário Nacional com as Novas Comunidades. Em 2014</p><p>aconteceu, em João Pessoa/ PB o IIIº Seminário Nacional com as Novas Comunidades.</p><p>Também em 2014, na reunião do Conselho Permanente, Dom Pedro Brito Guimarães</p><p>apresentou o texto: “As Associações de Fiéis, os fiéis na Vida Consagrada e as Novas</p><p>Comunidades”.</p><p>Em 11 de abril de 2016 A Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios</p><p>Ordenados e Vida Consagrada, juntamente com a CRB /Nacional, constituiu um Grupo</p><p>de Trabalho para elaborar um subsídio para reflexão e orientação sobre essa nova</p><p>realidade Eclesial. Ainda em 2016 esse grupo de trabalho recolheu dados de uma</p><p>pesquisa de campo, por amostragem: 90% das Novas Comunidades surgiram a partir da</p><p>Renovação Carismática Católica; sugerem que seja designada uma comissão diocesana</p><p>para acompanhar de perto as Novas Comunidades de Vida; afirmam que chegam aonde,</p><p>às vezes, a Paróquia não chega; constatam dificuldades nas relações com alguns Bisposs</p><p>e Párocoss. Os novos grupos solicitam apoio do Bispos mediante visitas, diálogo,</p><p>incentivo, autorização para ter nas casas o Santíssimo Sacramento. Eles esperam</p><p>abertura, acolhida, observação e acompanhamento por parte da autoridade eclesiástica.</p><p>Igualmente pedem auxílio para o necessário discernimento e a promoção dos diferentes</p><p>dons e carismas.</p><p>4 Aspectos canônicos</p><p>O fenômeno das novas agregações eclesiais, com suas novas expressões de</p><p>consagração, ainda não recebeu uma formulação canônica completa, pois se trata de um</p><p>conjunto de experiências eclesiais recentes. As orientações canônicas vigentes, no que</p><p>tange aos leigos e aos Movimentos leigos, não podem simplesmente ser, por exemplo,</p><p>aplicadas às Novas Comunidades, devido às características peculiares que apresentam.</p><p>A vivência dessa nova proposta e a consequente reflexão sobre ela, haverão de</p><p>oferecer gradativamente as respostas para as questões que vão se apresentando. Há, por</p><p>um lado, um ‘déficit’ canônico em torno desse tema; por outro, há o desafio de conjugar</p><p>“a relação entre dons hierárquicos e carismáticos”, cujo fim é “a plena participação dos</p><p>fiéis na comunhão e missão evangelizadora”.20</p><p>20 Carta Iuvenescit Ecclesia, n. 13.</p><p>8</p><p>Os novos carismas ou dons “devem ser recebidos com ação de graças e</p><p>consolação e úteis às necessidades da Igreja”.21 Eles “‘não devem ser considerados</p><p>como algo facultativo na vida da Igreja. A recepção destes carismas, mesmo dos mais</p><p>simples, confere a cada um dos fiéis o direito e o dever de os atuar na Igreja e no</p><p>mundo, para o bem dos homens e a edificação a Igreja, na liberdade do Espírito Santo.</p><p>Por conseguinte, os carismas autênticos são considerados dons de irrenunciável</p><p>importância para a vida e para a missão eclesial”22.</p><p>As Novas Comunidades “surgem como agregação de fiéis, por iniciativa própria</p><p>de leigos ou, em alguns casos, por iniciativa de algum sacerdote dirigida a leigos ou</p><p>também de leigos, ministros ordenados e religiosos em conjunto. Algumas, com o</p><p>passar do tempo, podem receber aprovação diocesana, na condição de Associação de</p><p>Fiéis, através de decreto do Bispos da diocese onde se deu a fundação”. 23 Por isso, o</p><p>Bispos precisa estar atento24, pois ele ‘coordena’25 “os vários carismas, ministérios e</p><p>serviços em ordem à consecução do fim comum que é a salvação. Ele é o responsável</p><p>pela realização desta unidade na diversidade, procurando favorecer de tal modo a</p><p>sinergia entre os diversos agentes que seja possível percorrerem juntos o caminho</p><p>comum de fé e missão”.26 Daí a importância do trabalho próprio dos “pastores no</p><p>discernimento dos carismas e do seu exercício dentro da comunidade eclesial”.27</p><p>Particular atenção há de ser dispensada à situação de clérigos diocesanos e</p><p>religiosos associados a Movimentos eclesiais e inseridos nas Novas Comunidades. Há a</p><p>questão de como conjugar a participação no Movimento e/ou na Comunidade, com os</p><p>empenhos característicos com a entidade incardinante e a dedicação ao ministério</p><p>pastoral.</p><p>21 Lumen Gentium, n.12.</p><p>22 Carta Iuvenescit Ecclesia, n. 11.</p><p>23 CNBB. Igreja Particular... Subsídios 03, n. 25.</p><p>24 Cân. 301 — § 1. Pertence exclusivamente à autoridade eclesiástica competente erigir associações de</p><p>fiéis, que se proponham ensinar a doutrina cristã em nome da Igreja ou promover o culto público, ou que</p><p>prossigam outros fins, cuja prossecução pela sua natureza está reservada à mesma autoridade eclesiástica.</p><p>25 Cân. 305 — § 1. Todas as associações de fiéis estão sujeitas à vigilância da autoridade eclesiástica</p><p>competente, à qual pertence velar para que nelas se mantenha a integridade da fé e dos costumes, e cuidar</p><p>que não se introduzam abusos na disciplina eclesiástica; por isso, compete-lhe o dever e o direito de as</p><p>visitar segundo as normas do direito e dos estatutos; estão igualmente sujeitas ao governo da mesma</p><p>autoridade, segundo a prescrição dos cânones seguintes.</p><p>§ 2. Estão sujeitas à vigilância da Santa Sé as associações de qualquer género; e à do Ordinário do lugar</p><p>as associações diocesanas e também as outras associações na medida em que atuem na diocese.</p><p>26 Pastor Gregis, n. 44.</p><p>27 Carta Iuvenescit Ecclesia, n. 11.</p><p>9</p><p>A livre associação a Movimentos eclesiais e a participação numa Nova</p><p>Comunidade não está isenta de problemas práticos. Por exemplo: como conjugar tal</p><p>opção com o envolvimento afetivo e efetivo do clérigo ou membro de instituto religioso</p><p>na vida da diocese ou ao instituto religioso a que está incardinado? Como se dá o</p><p>desenvolvimento no ministério pastoral assumido?</p><p>Diante dos desafios que surgem, vale recordar a normativa canônica vigente no</p><p>que tange às Associações de Fiéis, especialmente no que prescreve o Código de Direito</p><p>Canônico, nos cânones 204-223; 298; 676.28</p><p>28 Cân. 204, § 1. Fiéis são os que, incorporados a Cristo pelo batismo, foram constituídos como povo de</p><p>Deus e assim, feitos participantes, a seu modo, do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, são</p><p>chamados a exercer, segundo a condição própria de cada um, a missão que Deus confiou a Igreja cumprir</p><p>no mundo no mundo.</p><p>§ 2. Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja católica,</p><p>governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele.</p><p>Cân. 207, § 1. Por instituição divina, há entre os fiéis na Igreja ministros sagrados, que no direito são</p><p>também chamados clérigos; e os outros fiéis são também denominados leigos.</p><p>§ 2. Em ambas as categorias há fiéis que, pela profissão dos conselhos evangélicos mediante votos ou</p><p>outros vínculos sagrados, reconhecidos e aprovados pela Igreja, consagram-se, no seu modo especial, a</p><p>Deus e servem à missão salvífica da Igreja; seu estado, embora não faça parte da estrutura hierárquica da</p><p>Igreja, pertence, não obstante, à sua vida e santidade.</p><p>Cân. 208: Entre todos os fiéis, pela sua regeneração em Cristo, vigora, no que se refere à dignidade e à</p><p>atividade, uma verdadeira igualdade, pela qual todos, segundo a condição e os múnus próprios de cada</p><p>um, cooperam na construção do Corpo de Cristo.</p><p>Cân. 209: §1. Os fieis são obrigados a conservar sempre, também no seu modo particular de agir, a</p><p>comunhão com a Igreja.</p><p>§ 2. Cumpram com grande diligencia os deveres a que estão obrigados para com a Igreja Universal e para</p><p>com a Igreja à qual pertencem, de acordo com as prescrições do Direito.</p><p>Cân. 210: Todos os fiéis, de acordo com à condição que lhes é própria, devem empenhar suas forças, a</p><p>fim de levar uma vida santa e de promover o crescimento da Igreja e sua continua santificação.</p><p>Cân. 211: Todos os fiéis têm o direito e o dever de trabalhar, a fim de que o anúncio divino da salvação</p><p>chegue sempre mais a todos os homens de todos os tempos e de todo o mundo.</p><p>Cân. 212, § 1. Os fiéis, conscientes da própria responsabilidade, estão obrigados à aceitar com obediência</p><p>cristã o que os sagrados Pastores, como representantes de Cristo, declaram como mestres da fé ou</p><p>determinam como guias da Igreja.</p><p>§ 2. Os fiéis têm o direito de manifestar aos Pastores da Igreja as próprias necessidades, principalmente</p><p>espirituais, e os próprios anseios.</p><p>§ 3. De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às vezes, até o</p><p>dever de manifestar aos Pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja e,</p><p>ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os Pastores, e levando em conta a</p><p>utilidade comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis</p><p>Cân. 215: Os fiéis têm o direito de fundar e dirigir livremente associações para fins de caridade e piedade,</p><p>ou para favorecer a vocação cristã no mundo, e de se reunirem para a consecução comum dessas</p><p>finalidades.</p><p>Cân. 219: Todos os fiéis têm o direito de serem imunes de qualquer coação na escolha do estado de vida.</p><p>Cân. 220: A ninguém é</p><p>lícito lesar ilegitimamente a boa fama de que alguém goza, nem violar o direito</p><p>de cada pessoa de defender a própria intimidade.</p><p>Cân. 223: § 1. No exercício dos próprios direitos, os fiéis, individualmente ou unidos em associações,</p><p>devem levar em conta o bem comum da Igreja, os direitos dos outros e os próprios deveres para com os</p><p>outros.</p><p>§ 2. Compete à autoridade eclesiástica, em vista do bem comum, regular o exercício dos direitos, que são</p><p>próprios dos fiéis.</p><p>10</p><p>No entanto, permanece uma questão que necessita ser aprofundada: como</p><p>encaminhar a questão da incardinação dos clérigos que participam das Novas</p><p>Comunidades? A resposta não é simples, seja devido à enorme diversidade de</p><p>Movimentos, de formas de consagração e de Novas Comunidades, seja porque elas são</p><p>um fenômeno recente e em evolução. Não há dúvida, porém, que a faculdade de</p><p>incardinar pressupõe que o ente incardinante seja capaz de cumprir as obrigações</p><p>correspondentes aos direitos dos clérigos.29</p><p>Outra situação é a dos clérigos ‘do Movimento’, isto é, que se autocompreendem</p><p>como membros destas “novas famílias eclesiais” ou de Novas Comunidades. São</p><p>aqueles que descobrem sua vocação ao ministério sacerdotal estando vinculados, de</p><p>alguma forma, ao Movimento. A tendência por parte de algumas Novas Comunidades</p><p>de poder contar com clero próprio, ao modo da condição canônica dos institutos</p><p>religiosos tradicionais, é muitas vezes orientado pelo desejo de atendimento das</p><p>necessidades espirituais da própria comunidade. Certamente as Associações</p><p>exclusivamente laicais dependem do clero secular ou religioso. A possibilidade de poder</p><p>contar com clero próprio, tonaria mais confortável a vida sacramental da própria</p><p>comunidade, proporcionando certa autonomia em relação à Paróquia.</p><p>Ao serem ordenados, tais clérigos, desejam permanecer como membros em</p><p>sentido pleno do Movimento ou da Nova Comunidade. E tendem a se dedicar, ao menos</p><p>parcialmente, às atividades próprias do Movimento a que pertencem afetiva e</p><p>efetivamente. Aqui, o direito de associação do clérigo, ou do seminarista, se entrelaça</p><p>com as seguintes questões: como acompanhar a seleção e a formação dos candidatos ao</p><p>sacerdócio? Como se efetivará o exercício do ministério ordenado e a disciplina</p><p>canônica do clérigo?</p><p>Cân. 298: § 1. Na Igreja existem associações, distintas dos institutos de vida consagrada e das sociedades</p><p>de vida apostólica, nas quais os fiéis, clérigos ou leigos, ou conjuntamente clérigos e leigos, se</p><p>empenham, mediante esforço comum, por alimentar uma vida mais perfeita e promover o culto público, a</p><p>doutrina cristã ou outras obras de apostolado, isto é, iniciativas de evangelização, exercício de obras de</p><p>piedade ou caridade, e animação da ordem temporal com espírito cristão.</p><p>§2. Os fieis deem seu nome principalmente às Associações que tenham sido erigidas, louvadas ou</p><p>recomendadas pela competente Autoridade Eclesiástica.</p><p>Cân 676: Os institutos laicais, de homens e de mulheres, participam do múnus pastoral da Igreja e</p><p>prestam aos homens muitíssimos serviços, por meio de obras de misericórdia espirituais e corporais;</p><p>permaneçam, pois, fielmente na graça da própria vocação.</p><p>29 Cf. cânones 273-289.</p><p>11</p><p>A seleção e a formação dos candidatos ao sacerdócio representa um desafio. O</p><p>candidato deve receber a formação específica prevista pelo ordenamento jurídico da</p><p>Igreja para os seminaristas.30 Dependendo dos casos, e de acordo com o Bispos</p><p>diocesano, a formação poderá ser recebida em um seminário diocesano ou num</p><p>seminário missionário. Quando são formados em um seminário diocesano é costume</p><p>permitir que os candidatos mantenham uma relação com a comunidade na qual nasceu a</p><p>sua vocação. Há casos em que a relação formativa com a comunidade de origem é muito</p><p>mais forte, a tal ponto que os candidatos residem fora do seminário, em uma casa do</p><p>Movimento, dirigida por um presbítero do Movimento31 que torna-se corresponsável na</p><p>formação do candidato. O processo de discernimento da vocação é feito no Movimento</p><p>ou Nova Comunidade. Nele podem intervir diversas pessoas, como os superiores do</p><p>Movimento, os presbíteros responsáveis pelo seminário ou pela casa de formação e os</p><p>professores do centro de estudos teológicos. O Bispos diocesano, entretanto, é</p><p>responsável pelos escrutínios - instrumento necessário para o discernimento - e a</p><p>decisão última sobre a idoneidade do candidato é do ordinário local. Apresenta-se,</p><p>assim, um desafio: o Bispos é o responsável pelos escrutínios, dependendo dos</p><p>resultados, o candidato será incardinado na diocese, entretanto, quem realmente</p><p>acompanhou a vida do candidato não foi o corpo de formadores da diocese, mas um</p><p>formador próprio do Movimento ou da Nova Comunidade.</p><p>A incardinação e o ministério dos presbíteros do Movimento e para o</p><p>Movimento soleva questões que precisam ser esclarecidas. Uma possibilidade a ser</p><p>considerada é simplesmente incardinar esses clérigos numa diocese benévola. O Bispo</p><p>diocesano os acolhe e os destina a atividades próprias do Movimento. Trata-se de um</p><p>sistema que tem recebido fortes críticas, porque favorece a existência de incardinações</p><p>fictícias, nas quais o Bispo que acolhe o clérigo e faze-o participante do presbitério</p><p>diocesano, não conta com ele e, em certos casos, nem sequer o conhece suficientemente.</p><p>Além disso, há riscos para o próprio Movimento, porque o Bispo que sucede àquele que</p><p>acolheu esses presbíteros, pode mudar de opinião e exigir que eles retornem à Diocese a</p><p>fim de ali receberem um encargo pastoral. E se vier a acontecer alguma situação</p><p>delicada em relação à vida pessoal desse presbítero – ou mesmo no exercício de</p><p>30 Cf. cânones 232-264.</p><p>31 Cf. cânon 235, §2.</p><p>12</p><p>atividades apostólicas -, quem será competente para responder diante de possíveis</p><p>inconvenientes?</p><p>Uma possibilidade é celebrar um acordo escrito entre a Igreja particular</p><p>benévola e o Movimento ou Nova Comunidade, a fim de evitar possíveis dificuldades e</p><p>tensões. O acordo conteria dois elementos fundamentais em relação ao clérigo: a sua</p><p>condição de membro do Movimento e a de ser presbítero secular incardinado na</p><p>diocese. Isso tem implicações: o trabalho pastoral na diocese, o sustento do clérigo e sua</p><p>submissão hierárquica. Trata-se de uma solução não isenta de controvérsias. Por um</p><p>lado, teria duvidoso valor jurídico, porque esse tipo de acordo não está previsto</p><p>explicitamente no Código de Direito Canônico. Por outro, o princípio de direito natural,</p><p>pacta sunt servanda, é reconhecido pelo ordenamento canônico. O modelo do acordo</p><p>seria algo semelhante ao que está previsto no cânon 271 sobre a transferência de</p><p>clérigos. O superior do Movimento ou da Nova Comunidade solicitaria ao Bispo</p><p>diocesano alguns presbíteros para o serviço do Movimento, com dedicação plena ou</p><p>parcial, bem como a transferência para outras dioceses, tendo em vista a irradiação do</p><p>Movimento. Em termos de porcentagem, poderia, por exemplo, ser 1/3 para o</p><p>Movimento, permanecendo 2/3 para a diocese, ou o inverso, ou ainda em proporções</p><p>iguais. Em tempos de escassez de vocações para o sacerdócio, os Movimentos talvez</p><p>sejam instrumentos suscitados pelo Espírito para que floresçam vocações sacerdotais na</p><p>Igreja.</p><p>5 Formas típicas de Vida Consagrada no atual Código de Direito Canônico</p><p>São consideradas formas típicas de Vida Consagrada, aquelas contempladas no</p><p>Código de Direito Canônico de 1983: os Institutos de Vida Consagrada32, os Institutos</p><p>32 Cân. 573, § 1. A vida consagrada pela profissão dos conselhos evangélicos é uma forma estável de</p><p>viver, pela qual os fiéis, seguindo mais de perto a</p><p>Cristo sob a ação do Espírito Santo, consagram-se</p><p>totalmente a Deus sumamente amado, para assim, dedicados por um título novo e especial à Sua honra, à</p><p>construção da Igreja e à salvação do mundo, alcançarem a perfeição da caridade no serviço do Reino de</p><p>Deus e, transformados em sinal preclaro na Igreja, preanunciarem a glória celeste.</p><p>§ 2. Assumem livremente esta forma de vida nos Institutos de Vida Consagrada, canonicamente erigidos</p><p>pela autoridade competente da Igreja, os fiéis que, por meio dos votos ou de outros vínculos sagrados,</p><p>conforme as leis próprias dos institutos, professam os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e</p><p>obediência e, pela caridade à qual esses votos conduzem, unem-se de modo especial à Igreja e a seu</p><p>mistério.</p><p>13</p><p>Seculares33, as Formas Individuais de consagração34, as Sociedades de Vida</p><p>Apostólica35, as ‘Novas formas de Vida Consagrada’36.</p><p>Compete somente à Santa Sé a aprovação de novas formas de vida consagrada;</p><p>ao Bispo diocesano, porém, cabe discernir sobre novos dons de vida consagrada em sua</p><p>diocese. Observe-se que todas as formas são dons ou carismas; contudo, nem todos os</p><p>carismas, chegam a assumir a forma ou a índole de forma. Consequentemente compete</p><p>ao Bispo discernir os dons a fim que possam amadurecer como formas passíveis de</p><p>aprovação.</p><p>O Bispo deve ocupar-se em discernir os dons e auxiliá-los no caminho de seu</p><p>amadurecimento, enquanto à Santa Sé compete terminar o discernimento carismático</p><p>efetuado pelo Bispos, aprovando ou não os dons como formas.</p><p>O Bispo precisa ter presente quatro aspectos a serem atendidos: o discernimento;</p><p>o cuidado propositivo; a proteção por meio de Estatutos de vida; e a referência às</p><p>33 Cân. 710 — Instituto secular é um instituto de vida consagrada, no qual os fiéis, vivendo no mundo,</p><p>tendem à perfeição da caridade e procuram cooperar para a santificação do mundo, principalmente a</p><p>partir de dentro.</p><p>34Cân. 603, § 1. Além dos Institutos de Vida Consagrada, a Igreja reconhece a vida eremítica ou</p><p>anacorética, com a qual os fiéis, por uma separação mais rígida do mundo, pelo silêncio na solidão, pela</p><p>assídua oração e penitência, consagram a vida ao louvor de Deus e à salvação do mundo.</p><p>§ 2. O eremita, como dedicado a Deus na vida consagrada, é reconhecido pelo direito se professar</p><p>publicamente os três conselhos evangélicos, confirmados por voto ou por outro vínculo sagrado, nas mãos</p><p>do Bispos diocesano, e se mantiver o próprio modo de vida sob a orientação dele.</p><p>Cân. 604 — § 1. A estas formas de vida consagrada se acrescenta a ordem das virgens, que, emitindo o</p><p>santo propósito de seguir a Cristo mais de perto, são consagradas a Deus, pelo Bispos diocesano, de</p><p>acordo com o rito litúrgico aprovado, misticamente desposadas com Cristo Filho de Deus, e dedicadas ao</p><p>serviço da Igreja.</p><p>§ 2. Para cumprir mais fielmente seu objetivo e aprimorar o serviço à Igreja, adequado a seu estado,</p><p>mediante ajuda mútua, as virgens podem se associar.</p><p>(Nota: Observe-se que voltou a ser praticada também a consagração tanto das viúvas, conhecida desde os</p><p>tempos apostólicos (cf. 1 Tm. 5,5.9 -10; 1Cor 7,8), como também dos viúvos. Estas pessoas, mediante o</p><p>voto de castidade perpétua como sinal do Reino de Deus, consagram a sua condição para se dedicarem à</p><p>oração e ao serviço da Igreja”. (VC, n. 7, cf. Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cân. 570)).</p><p>35 Cân. 731 — § 1. Aos Institutos de Vida Consagrada acrescentam-se as Sociedades de vida apostólica,</p><p>cujos membros, sem os votos religiosos, buscam a finalidade apostólica própria da sociedade e, levando</p><p>vida fraterna em comum, segundo o próprio modo de vida, tendem à perfeição da caridade, pela</p><p>observância das constituições.</p><p>§ 2. Entre elas há sociedades cujos membros assumem os conselhos evangélicos por meio de algum</p><p>vínculo determinado pelas constituições. (Nota: Os membros de Sociedade Vida Apostólica vivem juntos</p><p>porque perseguem um fim apostólico, sem, porém, a emissão dos votos públicos perpétuos.)</p><p>36 Cân. 605 — Reserva-se unicamente à Sé Apostólica aprovar novas formas de vida consagrada. Os</p><p>Bisposs diocesanos, porém, se esforcem para discernir novos dons de vida consagrada confiados pelo</p><p>Espírito Santo à Igreja; ajudem seus promotores para que expressem e protejam, do melhor modo</p><p>possível, seus objetivos, com estatutos adequados especialmente usando as normas gerais contidas nesta</p><p>parte.</p><p>14</p><p>normas gerais sobre a Vida Consagrada, previstas no Código de Direto Canônico, Livro</p><p>II, Parte III, can. 573-605.</p><p>6 Formas atípicas de consagração</p><p>Formas atípicas de consagração são aquelas que surgem a partir das Associações</p><p>de Fiéis, dos Movimentos eclesiais e das “novas famílias eclesiais” não contempladas</p><p>pela legislação universal da Igreja. 37 O valor interno da consagração, seja da parte de</p><p>Deus, seja da parte do fiel que se consagra, é de per si independente do grau de</p><p>reconhecimento externo e jurídico. Por isso a consagração não pode ser considerada</p><p>teologicamente menos plena e perfeita do que nos institutos típicos. A intervenção da</p><p>autoridade eclesiástica no ato mesmo da consagração acresce a esta indubitavelmente</p><p>um especial valor teológico enquanto comporta uma inserção especial na Igreja como</p><p>sociedade visível e uma mais intensa união com o Corpo Místico de Cristo.38</p><p>Alguns traços específicos das novas expressões de consagração estão fundados</p><p>sobre elementos teológicos e canônicos que são próprios da Vida Consagrada. Muitas</p><p>delas realizam essa consagração na forma de votos, como compromissos anuais ou</p><p>vínculos. Algumas, ainda, apresentam etapas formativas semelhantes às da Vida</p><p>Consagrada típica, ou traços comuns como vestes e sinais particulares. Entretanto, as</p><p>novas expressões de consagração não podem ser incluídas na categoria canônica vigente</p><p>específica da Vida Consagrada, ainda que contem também com a participação de</p><p>clérigos e religiosos, pois seu perfil também inclui a participação de pessoas casadas.</p><p>A consagração nas Associações de Fiéis e/ou novas expressões de consagração,</p><p>embora permanecendo de caráter privada, é autêntico exercício do sacerdócio comum</p><p>impresso no batismo.39 Tal consagração possui um aspecto externo, pois pode ser</p><p>reconhecida pela Igreja, ao menos com aquele reconhecimento jurídico genérico e tem a</p><p>proteção que a mesma Igreja dá às Associações que “se esforçam por fomentar uma</p><p>vida mais perfeita, por promover o culto público ou a doutrina cristã, ou outras obras de</p><p>apostolado, a saber, o trabalho de evangelização, o exercício de obras de piedade ou de</p><p>caridade, e por informar a ordem temporal com o espírito cristão”.40</p><p>37 CIC, 1983.</p><p>38 Lumen Gentium, n. 44.</p><p>39 Lumen Gentium, n. 34.</p><p>40 Cân. 298,</p><p>15</p><p>Estas formas atípicas de consagração se fundamentam no sacramento do</p><p>Batismo e da Confirmação. A unção recebida nestes sacramentos é autêntica</p><p>consagração que desabrocha depois no sacramento da Ordem, do Matrimônio, na</p><p>profissão pública dos conselhos evangélicos, ou ainda no compromisso do celibato,</p><p>constituindo-as, assim, num estado de vida que é assumido, antes e acima de tudo, por</p><p>causa do Reino de Deus.</p><p>7 A missão do Bispo no discernimento dos carismas</p><p>Segundo o Diretório para o Ministério Pastoral para Bispos, “compete ao Bispo</p><p>discernir sobre os novos carismas que surjam na Diocese, de forma a acolher os</p><p>autênticos com gratidão e júbilo, e a evitar que surjam instituições supérfluas e</p><p>carecidas de vigor. Deverá, pois, cuidar e avaliar os frutos do seu trabalho (cf. Mt 7, 16),</p><p>o que lhe permitirá descobrir a ação do Espírito Santo nas pessoas. Examine em</p><p>particular “o testemunho de vida e a ortodoxia dos fundadores e fundadoras de tais</p><p>comunidades, a sua espiritualidade, a sensibilidade eclesial no exercício da sua missão,</p><p>os métodos</p><p>de formação e as formas de integração na comunidade”41.</p><p>Para uma aprovação não será, pois, suficiente uma teórica utilidade operacional</p><p>das atividades ou, muito menos, certos fenômenos ambíguos de devoção que porventura</p><p>se verifiquem. Por isso, quando um dom carismático se apresenta como ‘carisma</p><p>originário’ ou ‘fundacional’, “ele requer um reconhecimento específico, para que a sua</p><p>riqueza se articule adequadamente na comunhão eclesial e se transmita fielmente</p><p>através dos tempos. Aqui surge a tarefa decisiva de discernimento, que pertence à</p><p>autoridade eclesiástica. Reconhecer a autenticidade do carisma não é uma tarefa sempre</p><p>fácil, mas é um serviço imprescindível que os pastores devem realizar”42</p><p>O Papa Francisco reconhece a importância dos diversos carismas na</p><p>comunidade de fé quando afirma que, “as outras instituições eclesiais, comunidades de</p><p>base e pequenas comunidades, Movimentos e outras formas de associação são uma</p><p>riqueza da Igreja que o Espírito suscita para evangelizar todos os ambientes e setores.</p><p>Frequentemente trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com</p><p>o mundo que renovam a Igreja. Mas é muito salutar que não percam o contato com esta</p><p>41 N. 107.</p><p>42 Carta Iuvenescit Ecclesia, n. 17.</p><p>16</p><p>realidade muito rica da paróquia local e que se integrem de bom grado na pastoral</p><p>orgânica da Igreja particular. Esta integração evitará que fiquem só com uma parte do</p><p>Evangelho e da Igreja, ou que se transformem em nômades sem raízes”.43</p><p>Para averiguar a qualidade humana, religiosa e eclesial de um grupo de fiéis que</p><p>pretende constituir-se através de uma forma particular de consagração, convém que a</p><p>Autoridade Eclesial nomeie um Assistente Eclesiástico e busque inseri-lo na vida da</p><p>Igreja particular, como Associação de Fiéis.</p><p>8 Critérios para o discernimento</p><p>As “novas famílias eclesiais” “são chamadas a relacionar-se de forma positiva</p><p>com todos os outros dons presentes na vida eclesial”.44 São certamente autênticas</p><p>experiências de Igreja quando se empenham a fomentar não só a dimensão carismática,</p><p>mas também a institucional garantida pelos Bispos em comunhão com o sucessor de</p><p>Pedro. A comunhão efetiva com toda a Igreja, especialmente por meio da diocese, das</p><p>paróquias e das comunidades é sinal de pertença ao Povo de Deus que é garantida pelo</p><p>sacramento do batismo. “Olhar para o Povo de Deus é recordar que todos fazemos o</p><p>nosso ingresso na Igreja como leigos. O primeiro sacramento, que sela para sempre a</p><p>nossa identidade é o batismo. Através dele e com a unção do Espírito Santo, todos os</p><p>fiéis “são consagrados para serem edifício espiritual e sacerdócio santo”.45</p><p>Esquecer-se da pertença ao Povo de Deus comporta riscos e deformações na</p><p>experiência cristã, quer em sua dimensão pessoal, quer na dimensão comunitária. O</p><p>Concílio Vaticano II, nesse sentido, destaca que o Povo de Deus tem sua identidade na</p><p>dignidade e na liberdade dos filhos de Deus, em cujos corações o Espírito Santo habita</p><p>como num templo46. Esse Povo foi ungido com a graça do Espírito Santo e, portanto,</p><p>“no momento de refletir, pensar, avaliar, discernir, devemos estar muito atentos a esta</p><p>unção”. 47</p><p>A autonomia pretendida pelos Movimentos eclesiais e Novas Comunidades não</p><p>raramente, porém, é motivo de desconfiança, especialmente em âmbito paroquial.</p><p>43 Evangelii Gaudium, n.29.</p><p>44 Carta Iuvenescit Ecclesia, n. 2.</p><p>45 Lumen Gentium, n. 10.</p><p>46 Lumen Gentium, n. 9.</p><p>47PAPA FRANCISCO, Carta ao Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina 19 de março de</p><p>2016.</p><p>17</p><p>Afinal, eles se organizam não a partir do aspecto territorial, mas por afinidades, tendo</p><p>governo e campo apostólico próprio e desenvolvendo autonomia financeira; além disso,</p><p>possuem, por vezes, uma estrutura mais leve que a da paróquia; conseguem entusiasmar</p><p>seus membros e faze-los trabalhar com maior motivação, além de gerar um ambiente de</p><p>autêntica comunidade. Entretanto, em seus caminhos de possível consolidação, seja de</p><p>quem as acompanha, seja de quem é acompanhado, se faz necessário que se evite</p><p>prejuízos e incompreensões, para que a obra do discernimento possa acontecer de forma</p><p>salutar.</p><p>Há alguns critérios de eclesialidade que precisam ser considerados nos processos</p><p>de acolhimento e possível reconhecimento, por parte da autoridade competente, de</p><p>Novas Comunidades. São eles: sinais de uma experiência de encontro com Jesus e seu</p><p>Evangelho; vocação à santidade; profissão de fé; cultivo da comunhão eclesial (com o</p><p>Papa e os Bispos); inserção na vida pastoral da diocese; fidelidade à tradição litúrgica da</p><p>Igreja, em sintonia com a Igreja local; empenho por participar na missão da Igreja;</p><p>inserção na vida social, contribuindo para a promoção da fraternidade universal, justiça</p><p>social e a paz; vida de oração.</p><p>Tendo presente os elementos elencados – e provavelmente poder-se-ia buscar</p><p>outros – a autoridade eclesiástica precisa também considerar os seguintes elementos:</p><p>1) Os cânones dedicados às normas sobre as Associações de Fiéis oferecem várias</p><p>possibilidades de expressar suas finalidades.48 Tais cânones, no entanto, não</p><p>preveem uma forma jurídica às Associações de Fiéis que vivem o estilo de vida</p><p>adotado pelas Novas Comunidades. Estas apresentam fortes vínculos de</p><p>consagração, dando ênfase à vida em comum, assemelhando aos Institutos de</p><p>Vida Consagrada e/ou Sociedades de Vida Apostólica.</p><p>2) O Bispo diocesano precisa conhecer e acompanhar a realidade concreta, e índole</p><p>própria de cada Movimento Eclesial, Novas Comunidades ou Famílias Eclesiais</p><p>que se apresentam diante da Igreja e da sociedade, pois são realidades que</p><p>nascem no âmbito de uma Diocese, que poderá dar-lhes um possível primeiro</p><p>reconhecimento chamado de “rescrito de reconhecimento e incentivo”49. Grande</p><p>parte dessas novas expressões de consagração são inicialmente reconhecidas e</p><p>48 Cân. 298-329.</p><p>49 Cân. 59.</p><p>18</p><p>tuteladas pelos cânones referentes às Associações de Fiéis,50 considerada a</p><p>flexibilidade oferecida pela legislação canônica.</p><p>3) A maioria das Novas Comunidades nasce por um acordo privado de fiéis com a</p><p>finalidade de conseguir os fins de natureza eclesial. Nisso também possui uma</p><p>missão especifica o Pároco onde se encontram situadas: “o Párocos, procurando</p><p>sempre o bem comum na Igreja, apoiará as Associações de fiéis e os</p><p>Movimentos ou as Novas Comunidades que têm finalidades religiosas,</p><p>acolhendo-os a todos, e ajudando-os a encontrar entre elas a unidade de</p><p>intenções na oração e na ação apostólica”.51</p><p>4) O processo de discernimento requer servir-se de assessorias especificas. É</p><p>conveniente que o Bispo verifique os sinais do e os critérios aplicáveis a todas as</p><p>realidades associativas: “É sempre na perspectiva da comunhão e da missão da</p><p>Igreja e não, portanto, em contraste com a liberdade associativa, que se</p><p>compreende a necessidade de claros e precisos critérios de discernimento e de</p><p>reconhecimento das agregações laicais, também chamados “critérios de</p><p>eclesialidade”52.</p><p>5) Para o discernimento de toda e qualquer agregação dos fiéis leigos na Igreja,</p><p>considerem-se, de forma unitária, os seguintes critérios, propostos pela Carta</p><p>Iuvenescit Ecclesia aos Bispos da Igreja Católica, de 15 de maio de 2016, da</p><p>Congregação para Doutrina da Fé, no número 18:</p><p>a) “Primado da vocação de cada cristão à santidade. Cada realidade que nasce da</p><p>participação de um carisma autêntico deve ser sempre instrumento de santidade</p><p>na Igreja e, consequentemente, de incremento da caridade e de autêntica tensão</p><p>rumo à perfeição do amor;</p><p>b) Empenho na difusão missionária do Evangelho. As realidades carismáticas</p><p>autênticas são ‘presentes do Espírito integrados no corpo eclesial, atraídos para o</p><p>centro</p><p>que é Cristo, donde são canalizados num impulso evangelizador’. Para</p><p>tal, devem realizar ‘a conformidade e a participação na finalidade apostólica da</p><p>Igreja’, manifestando um claro ‘entusiasmo missionário que as torne, sempre e</p><p>cada vez mais, sujeitos de uma nova evangelização’;</p><p>50 Cân. 298-329.</p><p>51 Diretório do Clero, 41.</p><p>52 Christifidelis Laici, n. 30.</p><p>19</p><p>c) Confissão da fé católica. Cada realidade carismática deve ser um lugar de</p><p>educação para a fé na sua integralidade, ‘acolhendo e proclamando a verdade</p><p>sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem, em obediência ao magistério da</p><p>Igreja que autenticamente a interpreta’; portanto, é de evitar de se aventurar</p><p>‘ultrapassando (proagon) a doutrina e a comunidade eclesial’; de facto, se ‘se</p><p>deixa de permanecer nelas, não se está unido ao Deus de Jesus Cristo (cf. 2 Jo</p><p>9)’;</p><p>d) Testemunho de uma comunhão ativa com toda a Igreja. Isto comporta uma</p><p>‘relação filial com o Papa, centro perpétuo e visível da unidade da Igreja</p><p>universal, e com o Bispos, “princípio visível e fundamento da unidade” da Igreja</p><p>particular’. Esta relação implica a ‘disponibilidade leal em aceitar os seus</p><p>ensinamentos doutrinais e orientações pastorais’, assim como ‘a disponibilidade</p><p>em participar nos programas e nas atividades da Igreja, tanto a nível local como</p><p>nacional ou internacional; o empenhamento catequético e a capacidade</p><p>pedagógica de formar os cristãos’;</p><p>e) Reconhecimento e estima da complementaridade recíproca de outras</p><p>realidades carismáticas na Igreja. Daqui deriva também a disponibilidade para</p><p>uma colaboração recíproca. De facto, ‘um sinal claro da autenticidade de um</p><p>carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de se integrar harmoniosamente</p><p>na vida do Povo santo de Deus para o bem de todos. Uma verdadeira novidade,</p><p>suscitada pelo Espírito, não precisa de fazer sombra sobre outras espiritualidades</p><p>e dons, para se afirmar a si mesma’;</p><p>f) Aceitação dos momentos de prova no discernimento dos carismas. Uma vez</p><p>que o dom carismático pode possuir ‘uma dose de novidade de vida espiritual</p><p>para toda a Igreja, que, num primeiro momento, pode aparentar ser incómoda’,</p><p>um critério de autenticidade manifesta-se na ‘humildade em suportar os</p><p>contratempos: a relação justa entre carisma genuíno, perspectiva de novidade e</p><p>sofrimento interior comporta uma constante histórica de ligação entre carisma e</p><p>cruz’. O aparecimento de tensões eventuais exige, por parte de todos, a prática</p><p>de uma caridade maior, tendo em vista uma comunhão e unidade eclesiais cada</p><p>vez mais profundas;</p><p>20</p><p>g) Presença de frutos espirituais, tais como caridade, alegria, humanidade e paz</p><p>(cf. Gal 5, 22); ‘viver ainda mais intensamente a vida da Igreja’, um zelo mais</p><p>intenso pela ‘escuta e meditação da Palavra de Deus’; ‘um gosto renovado pela</p><p>oração, a contemplação, a vida litúrgica e sacramental; a animação pelo</p><p>florescimento de vocações ao matrimónio cristão, ao sacerdócio ministerial, à</p><p>vida consagrada’;</p><p>h) Dimensão social da evangelização. É necessário reconhecer que, graças ao</p><p>impulso da caridade, ‘o querigma possui um conteúdo inevitavelmente social: no</p><p>próprio coração do Evangelho, aparece a vida comunitária e o compromisso com</p><p>os outros’. Neste critério de discernimento, referido não exclusivamente às</p><p>realidades laicais na Igreja, sublinha-se a necessidade de ser ‘correntes vivas de</p><p>participação e de solidariedade para construir condições mais justas e fraternas</p><p>no seio da sociedade’. Neste âmbito, são significativos ‘o impulso em ordem a</p><p>uma presença cristã nos vários ambientes da vida social e a criação e animação</p><p>de obras caritativas, culturais e espirituais; o espírito de desapego e de pobreza</p><p>evangélica em ordem a uma caridade mais generosa para com todos’. É também</p><p>decisiva a referência à Doutrina Social da Igreja. Em particular, ‘deriva da nossa</p><p>fé em Cristo que se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e</p><p>marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais</p><p>abandonados da sociedade’, que não pode faltar numa realidade eclesial</p><p>autêntica”.</p><p>9 Outros cuidados e orientações</p><p>A realidade dos Movimentos, novas formas de consagração ou Novas</p><p>Comunidades traz grandes desafios para a Igreja, pois é necessário que atuem em plena</p><p>sintonia eclesial e em sintonia com as diretrizes autorizadas pelos Pastores. A todos é</p><p>dirigida, de forma exigente e peremptória, a advertência do Apóstolo: ‘Não extingais o</p><p>Espírito, não desprezeis as profecias. Examinai tudo e retende o que for bom’ (1 Tes</p><p>5,19-21)”.53</p><p>Existe uma tensão que precisa de atenção e que há de ser considerada no</p><p>processo do discernimento: “os serviços hierárquicos e os dons puramente carismáticos</p><p>53 S. João Paulo II. Novo Millennio ineunte, n. 46.</p><p>21</p><p>se completam reciprocamente. Quando o exercício do ministério se distancia demais do</p><p>Espírito, aparecem ameaçadoramente o enrijecimento e a esterilidade. Mas quando o</p><p>carisma se volta contra a autoridade estamos próximos do abismo, onde reina a</p><p>desordem, o iluminismo e a confusão”. 54</p><p>A comunhão na Igreja comporta a unidade efetiva e afetiva em torno do Bispo</p><p>diocesano. Compete a ele desenvolver a obra do discernimento e acompanhamento dos</p><p>distintos carismas, além da coordenação das diversas formas de apostolado na Igreja</p><p>Particular55. Nesse sentido, o inserimento de uma realidade carismática numa Igreja</p><p>Particular consiste próprio na difusão do referido carisma em espírito de humildade - e a</p><p>pressupõe! Manifestação desse espírito de humildade é a união com o Bispos diocesano,</p><p>o apreço das outras realidades presentes na Igreja Particular, o espírito de serviço e de</p><p>colaboração com os demais fiéis no seio da comunidade de fé, transparência no modo</p><p>de atuar e de informar.</p><p>Constata-se a necessidade de verificar se estas “novas famílias eclesiais”</p><p>oferecem um autêntico projeto de vida cristã e se possuem um autêntico percurso</p><p>vocacional segundo o Evangelho. Os Fundadores, desde o nascer do carisma, devem se</p><p>apresentar ao Bispo. Este, deve buscar ouvi-los e acompanha-los. Além disto, deve</p><p>propor-lhes um tempo suficientemente longo para se constatar os frutos possíveis deste</p><p>carisma. Um rescrito de reconhecimento e estimulo56 pode ser concedido para dar ao</p><p>Grupo segurança e perspectiva de futuro.</p><p>Recorde-se que em 2002, a Congregação para o Institutos de Vida Consagrada e</p><p>Sociedades de Vida Apostólica ofereceu orientações para a elaboração dos Estatutos das</p><p>Associações de Fiéis em geralsegundo o seguinte esquema:</p><p>Capítulo I: Natureza, fins, sede e membros da associação.</p><p>Capítulo II: A consagração pela profissão dos conselhos evangélicos.</p><p>Capítulo III: A vida com Deus.</p><p>Capítulo IV: A vida fraterna.</p><p>Capítulo V: A vida apostólica.</p><p>Capítulo VI: Etapas de integração e de formação.</p><p>54 G. PHILIPS. La Chiesa e il suo mistero. Storia, texto e comento della Costituzione ‘Lumem Gentium’.</p><p>Milão, 1993, p. 162.</p><p>55 Cf. Christus Dominus, n.17.</p><p>56 Cf. Cân. 59.</p><p>22</p><p>Capítulo VII: O Governo Geral para todos os membros (Assembleia, Presidente e</p><p>Conselho) e o Governo Particular para cada Ramo distintamente (Assembleia,</p><p>Autoridade Geral e Local).</p><p>Capítulo VIII: A administração dos bens temporais.</p><p>Capítulo IX: A separação da associação.</p><p>Capítulo X: Obrigação de respeitar os estatutos.</p><p>Este esquema poderia, em tempo oportuno, servir de base para um possível e</p><p>necessário ordenamento jurídico dos grupos que procuram a autoridade eclesiástica em</p><p>busca de apoio e de alguma forma de reconhecimento.</p><p>Não sejam esquecidas as orientações canônicas a respeito da incardinação de</p><p>clérigos: “É necessário que todo o clérigo esteja incardinado numa Igreja particular ou</p><p>Prelazia pessoal, ou em algum</p><p>instituto de vida consagrada ou sociedade que tenham</p><p>essa faculdade, de modo que não se admitam, de forma alguma, clérigos acéfalos ou</p><p>vagos”57.</p><p>Além disso, “os presbíteros incardinados numa Diocese, mas que aí estão para o</p><p>serviço de qualquer Movimento eclesial ou Nova Comunidade aprovados pela</p><p>autoridade eclesiástica competente, ao qual pertencem, estejam conscientes de ser</p><p>membros do presbitério da Diocese em que desempenham o seu ministério e devem</p><p>colaborar sinceramente com ele. Por sua vez, o Bispo de incardinação favoreça</p><p>positivamente o direito à própria espiritualidade, que a lei reconhece a todos os fiéis,</p><p>respeite o estilo de vida exigido pela agregação ao Movimento ou Nova Comunidade e</p><p>esteja disposto, de acordo com as normas do direito, a permitir que o presbítero possa</p><p>prestar o seu serviço noutras Igrejas, se isto faz parte do carisma do mesmo Movimento</p><p>ou Nova Comunidade, se empenhando sempre em reforçar a comunhão eclesial”58.</p><p>Há alguns aspectos que merecem ser ressaltados e que os Movimentos e as Novas</p><p>Comunidades devem ter em conta para sua inserção nas Igrejas particulares:</p><p>a) Unidade com o Bispo diocesano;</p><p>b) Enraizamento do carisma na realidade social e pastoral do lugar;</p><p>c) Apreço pelas outras realidades eclesiais;</p><p>57 Cân. 265.</p><p>58 Diretório do Clero, n. 35.</p><p>23</p><p>d) Espírito de serviço;</p><p>e) Espírito de colaboração;</p><p>f) Formação dos próprios membros segundo a fé da Igreja;</p><p>g)Transparência no modo de agir e de informar acerca de suas características,</p><p>objetivos e atividades;</p><p>h) Demonstração das condições de sobrevivência e subsistência da comunidade e de</p><p>seus membros.</p><p>i) Originalidade do carisma, ou seja, evitar fundações que repetem carismas já existentes</p><p>em outras comunidades. Isto para evitar o afã da criatividade e o protagonismo</p><p>fundacional de algumas pessoas.</p><p>Considerações finais</p><p>O Papa Francisco, dirigindo-se aos participantes do III Encontro dos Movimentos</p><p>Eclesiais e das Novas Comunidades apresenta algumas orientações úteis no processo de</p><p>discernimento de novos carismas:</p><p>Antes de tudo, é necessário preservar o vigor</p><p>do carisma: que aquele vigor não esmoreça! Vigor do carisma!</p><p>Renovando sempre o “primeiro amor” (cf.Ap2, 4). De fato, com o</p><p>tempo aumenta a tentação de se contentar, de adormecer em</p><p>esquemas tranquilizadores, mas estéreis. A tentação de aprisionar o</p><p>Espírito: esta é uma tentação! Contudo, “a realidade é mais</p><p>importante que a ideia”59; se é necessária uma certa</p><p>institucionalização do carisma para a sua sobrevivência, não</p><p>devemos iludir-nos que as estruturas possam garantir a ação do</p><p>Espírito Santo. A novidade das vossas experiências não consiste nos</p><p>métodos nem nas formas, que, contudo, são importantes; a novidade</p><p>consiste na predisposição para responder com renovado entusiasmo à</p><p>chamada do Senhor; foi esta coragem evangélica que permitiu o</p><p>nascimento dos vossos Movimentos e Novas Comunidades. Se</p><p>formas e métodos são defendidos por si mesmos tornam-se</p><p>ideológicos, distantes da realidade que está em evolução contínua;</p><p>fechados às novidades do Espírito, acabam por sufocar o próprio</p><p>carisma que os gerou. É preciso voltar sempre à nascente dos</p><p>carismas e reencontrareis o impulso para enfrentar os desafios. Não</p><p>fizestes uma escola de espiritualidade assim; não fizestes uma</p><p>instituição de espiritualidade assim; não tendes um pequeno grupo...</p><p>Não! Movimento! Sempre a caminho, sempre em movimento,</p><p>sempre abertos às surpresas de Deus, que estão em sintonia com a</p><p>59 Cf. Evangelii Gaudium, 231-33.</p><p>24</p><p>primeira chamada do Movimento, com o carisma fundamental...</p><p>Outra indicação é a de não esquecer que o bem mais precioso, o selo</p><p>do Espírito Santo, é a comunhão. Trata-se da graça suprema que</p><p>Jesus nos conquistou na cruz, a graça que de ressuscitado pede para</p><p>nós incessantemente, mostrando as suas chagas gloriosas ao Pai:</p><p>“Como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, que também eles</p><p>estejam em nós, para que o mundo creia que Tu Me envias-te” (Jo17,</p><p>21). Para que o mundo creia que Jesus é o Senhor é preciso que veja</p><p>a comunhão entre os cristãos, mas se se veem divisões, rivalidades e</p><p>difamações, o terrorismo dos mexericos, por favor... se se veem estas</p><p>coisas, seja qual for a causa, como se pode evangelizar? Recordai</p><p>também este princípio: “A unidade prevalece sobre o conflito”60,</p><p>porque o irmão vale muito mais do que as nossas posições pessoais:</p><p>por ele Cristo derramou o seu sangue (cf.1Pd 1,18-19), pelas minhas</p><p>ideias nada derramou! Depois, a verdadeira comunhão não pode</p><p>existir num Movimento ou numa Nova Comunidade, se não se</p><p>integra na comunhão maior que é a nossa Santa Mãe Igreja</p><p>Hierárquica. O todo é superior à parte61 e a parte tem sentido em</p><p>relação ao todo. Além disso, a comunhão consiste também em</p><p>enfrentar juntos e unidos as questões mais importantes, como a vida,</p><p>a família, a paz, a luta à pobreza em todas as suas formas, a liberdade</p><p>religiosa e educativa”62.</p><p>ANEXO</p><p>Procedimento da cúria diocesana no acompanhamento e busca de alguma forma</p><p>de reconhecimento da parte da autoridade eclesiástica</p><p>1. Apresentação dos dados de identificação do grupo nascente:</p><p>a) Nome;</p><p>b) Endereço completo;</p><p>c) Número de telefone;</p><p>d) E-mail;</p><p>e) Responsáveis;</p><p>f) Número de membros;</p><p>g) Carisma;</p><p>h) Espiritualidade;</p><p>i) Missão;</p><p>60 Cf. EG, 226-30.</p><p>61 Cf. EG, 234-37.</p><p>62 Papa Francisco. Discurso aos Participantes do III Encontro dos Movimentos Eclesiais e das Novas</p><p>Comunidades, 22 de novembro de 2014.</p><p>25</p><p>j) Objetivos específicos;</p><p>k) Projeto comum de vida;</p><p>l) Estatutos civis/religiosos;</p><p>m) Regimento.</p><p>2. Preenchimento do questionário:</p><p>a) Por que fundar uma Nova Comunidade?</p><p>b) Os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica já</p><p>existentes na Igreja não são suficientes para responder aos desafios atuais da</p><p>evangelização no mundo?</p><p>c) Quais são os requisitos para ingressar na Comunidade?</p><p>d) Os membros devem ser solteiros? Casados?</p><p>e) Como acontece a formação cristã? Enumerar temas, práticas, métodos,</p><p>procedimentos.</p><p>f) Quais são os serviços realizados pela Comunidade?</p><p>g) Como se dá o trabalho com os mais pobres?</p><p>h) Há integração com a pastoral paroquial e diocesana?</p><p>i) A Nova Comunidade está aberta ao diálogo com os outros?</p><p>j) Qual a origem dos recursos financeiros para a manutenção da Comunidade?</p><p>k) Existem vínculos com alguma instituição católica?</p><p>l) Existem vínculos com alguma instituição não católica?</p><p>3. Comprovação de que nada se opõem à doutrina da Igreja e às disposições canônicas</p><p>(Nihil obstat);</p><p>4. Nomeação de um Assistente Eclesiástico;</p><p>5. Registro escrito do acompanhamento pelo Assistente Eclesiástico;</p><p>6. Produção de relatórios sobre o desenvolvimento da vida do grupo;</p><p>7. Conselho de Presbíteros: estudo do relatório e emissão de parecer;</p><p>8. Com os dados do questionário, o relatório e o parecer, o Bispo diocesano pode conceder</p><p>ou não a aprovação ad experimentum por tempo determinado ou indeterminado, do ente</p><p>nascente e seus estatutos.</p>

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