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<p>PROFESSOR</p><p>Dr. Diego Milnitz</p><p>Estudo</p><p>Contemporâneo</p><p>e Transversal -</p><p>Engenharia da</p><p>Sustentabilidade</p><p>Be</p><p>m</p><p>-V</p><p>in</p><p>do</p><p>EXPEDIENTE</p><p>Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo para leitura</p><p>de QR-CODE de sua escolha e tenha acesso aos conteúdos on-line.</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>Universidade Cesumar - UniCesumar. U58</p><p>Impresso por:</p><p>Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).</p><p>Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.</p><p>Estudo Contemporâneo e Transversal - Engenharia</p><p>da Sustentabilidade / Diego Milnitz - Indaial, SC: Arqué,</p><p>2023.</p><p>36 p. : il.</p><p>ISBN digital 978-65-5466-029-7</p><p>“Graduação - EaD”.</p><p>1. Estudo 2. Contemporâneo 3. Transversal.</p><p>4.Engenharia 5. Sustentabilidade 6. Diego Milnitz I. Título.</p><p>CDD - 628</p><p>Núcleo de Educação a Distância.</p><p>IMERSÃO</p><p>RECURSOS DE</p><p>Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e trans-</p><p>formar. Aproveite este momento.</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram</p><p>a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnolo-</p><p>gia a seu favor.</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e</p><p>palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva.</p><p>AGORA É COM VOCÊ</p><p>Neste elemento, você encontrará diversas informações que serão apre-</p><p>sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te</p><p>ajudarão no entendimento do conteúdo de forma rápida e clara</p><p>Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo para leitura</p><p>de QR-CODE de sua escolha e tenha acesso aos conteúdos on-line.</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881</p><p>APRENDIZAGEM</p><p>CAMINHOS DE</p><p>1 2</p><p>A</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>O DESENVOLVIMENTO</p><p>SUSTENTÁVEL</p><p>6</p><p>PRODUÇÃO</p><p>MAIS LIMPA</p><p>16</p><p>5</p><p>• Compreender o que é sustentabilidade.</p><p>• Entender o que são os recursos naturais e importância da</p><p>gestão desses recursos.</p><p>• Compreender o que é e a importância de uma produção</p><p>mais limpa</p><p>• Conhecer a gestão de resíduos industriais e as formas de</p><p>classificação desses resíduos.</p><p>MINHAS METAS</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Para iniciar nossa caminhada na busca por conhecer e entender a sus-</p><p>tentabilidade e o desenvolvimento sustentável, além de outros ele-</p><p>mentos básicos da engenharia da sustentabilidade, indico que assista</p><p>ao vídeo a seguir.</p><p>Olá, acadêmico!</p><p>Seja bem-vindo à disciplina Estudo Contemporâneo e Transversal: Engenha-</p><p>ria da Sustentabilidade.</p><p>Você já deve ter percebido a essa altura que Sustentabilidade é a palavra da</p><p>vez, e essa disciplina vai te dar os meios para entender o motivo!</p><p>Outro termo importante que vai se aprofundar é: desenvolvimento susten-</p><p>tável. O desenvolvimento sustentável faz parte da agenda e do compromisso de</p><p>todos os países e organizações que pensam no futuro e estão preocupados com</p><p>a preservação da vida dos seres vivos.</p><p>O assunto tem ganhado maior projeção nas últimas décadas, junto à maior</p><p>preocupação ambiental e à consciência da degradação ambiental.</p><p>UNIDADE 1</p><p>https://vimeo.com/734694785/9422e8e8b1?embedded=true&source=video_title&owner=16356889</p><p>UNIDADE 1</p><p>6</p><p>A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO</p><p>SUSTENTÁVEL</p><p>SUSTENTABILIDADE</p><p>A sustentabilidade aparece nas mais diversas relações humanas. Dada a ampli-</p><p>tude do tema e os multifatores que interferem na conduta sustentável, buscou-se</p><p>separar o conceito sustentabilidade em diferentes dimensões, em que cada pes-</p><p>quisador ou ator cria critérios para entendê-la dentro de suas áreas de atuação.</p><p>A seguir, você encontra as cinco principais dimensões e como elas interferem na</p><p>busca de um meio ecologicamente equilibrado.</p><p>Dimensão Objetivo Exemplo</p><p>Sustentabilidade social</p><p>Buscar a melhoria da qua-</p><p>lidade de vida e redução</p><p>da desigualdade social</p><p>Programas de capa-</p><p>citação profissional</p><p>gratuitos.</p><p>Sustentabilidade econô-</p><p>mica</p><p>Distribuir de forma mais</p><p>igualitária os recursos,</p><p>sejam financeiros ou</p><p>naturais.</p><p>Investimento em ener-</p><p>gia solar.</p><p>Sustentabilidade ecológica</p><p>Reduzir ao mínimo os</p><p>impactos ambientais</p><p>negativos.</p><p>Destinar de forma</p><p>adequada os materiais</p><p>para reciclagem.</p><p>Sustentabilidade</p><p>espacial/geográfica</p><p>Equilibrar o desenvolvi-</p><p>mento rural/agrícola com</p><p>o crescimento das cidades</p><p>Incentivos de práticas</p><p>sustentáveis no</p><p>meio rural, como o</p><p>cultivo de alimentos</p><p>orgânicos.</p><p>Sustentabilidade cultural</p><p>Preservar e respeitar as</p><p>culturas regionais</p><p>Preservação e</p><p>manutenção de</p><p>museus e festas locais.</p><p>7</p><p>Recentemente, foi atribuída outra forma de analisar a sustentabilidade: por meio</p><p>de dois eixos.</p><p>Sustentabilidade ecológica, ambiental e demográfica: Está ligado à natu-</p><p>reza, ao desenvolvimento e aos limites que o meio ambiente pode manter,</p><p>o crescimento da economia e a extração dos bens naturais, ao mesmo</p><p>tempo que a população humana cresce.</p><p>Sustentabilidade cultural, social e política: Associada ao modo de vida</p><p>das pessoas, seu papel de cidadão e sua participação na sociedade.</p><p>E como saber se a sustentabilidade foi alcançada? Na verdade, não há uma medi-</p><p>ção exata. Os pesquisadores recolhem indicadores e tentam chegar a um consen-</p><p>so. É necessário avaliar de forma distinta três dimensões principais: a econômica,</p><p>a social e a ambiental. A junção desses resultados e posterior análise poderão dar</p><p>a impressão de que o desenvolvimento sustentável tem sido mesmo incentiva-</p><p>do. Verificar se a distribuição de renda é justa, o padrão de qualidade de vida é</p><p>aceitável, se há bem-estar mínimo para a população, e aspectos ambientais como</p><p>emissão de carbono, preservação dos recursos ambientais, disponibilidade de</p><p>água potável, dentre outros indicadores das três dimensões, são estratégias para</p><p>medir o grau de sustentabilidade. No entanto, é importante entender que, até o</p><p>momento, não há uma fórmula exata e é complexo averiguar essa meta.</p><p>DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>E o que você sabe sobre desenvolvimento sustentável (DS)?</p><p>A sustentabilidade é parte constituinte do desenvolvimento sustentável, enten-</p><p>dido como o desenvolvimento que atende às demandas do presente, mas sem</p><p>afetar as necessidades das gerações que virão. O conceito de desenvolvimento</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>8</p><p>sustentável engloba também as necessidades para as pessoas mais carentes e que</p><p>precisam de atenção governamental, assim como o papel da tecnologia e das or-</p><p>ganizações sociais para a sustentabilidade. Cavalcanti (apud SCHWANKE, 2013)</p><p>pregou de forma resumida que o desenvolvimento sustentável ideal teria como</p><p>elementos pouco uso de matéria e energia, baixo impacto ambiental, ao mesmo</p><p>tempo que maximizaria o bem-estar social e a eficiência dos recursos da natureza.</p><p>Outros conceitos importantes para entender sobre o desenvolvimento sustentável</p><p>são os seguintes:</p><p>• Produção sustentável: são os mecanismos de produção de produtos a</p><p>partir da natureza que não interferem de forma drástica no ecossistema,</p><p>na qualidade de vida dos colaboradores ou da comunidade, ou seja, a</p><p>produção é pensada para minimizar a geração dos poluentes e beneficiar</p><p>os indivíduos.</p><p>• Consumo sustentável: preconiza a reflexão e a mudança de hábito de</p><p>consumo tanto da população quanto de todos os setores da sociedade. A</p><p>proposta não visa o banir o consumo, mas evitar o desperdício de matéria-</p><p>-prima, energia e resíduos a fim de diminuir os danos no meio ambiente.</p><p>• Economia verde: é a economia voltada para o respeito ao meio ambiente</p><p>e à ruptura da desigualdade social. O investimento público e privado faz</p><p>parte do ramo, pois é visto como uma ação transformadora por almejar a</p><p>eficiência dos recursos energéticos, proteger a biodiversidade e evitar os</p><p>poluentes da economia tradicional.</p><p>De forma resumida, os requisitos para que se tenha o desenvolvimento sustentável</p><p>é o uso racional dos recursos naturais, com o menor impacto ambiental possível,</p><p>o uso de tecnologias que favoreçam a preservação da vida, e o empenho para</p><p>melhorar os problemas sociais que possam afetar a qualidade de vida das pessoas.</p><p>9</p><p>GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS</p><p>RECURSOS NATURAIS:</p><p>DEFINIÇÃO</p><p>Recursos naturais são elementos da natureza fundamentais para a sobrevivên-</p><p>cia do ser humano que estão à disposição, mas precisam de cuidados especiais,</p><p>além de planejamento e uso consciente. Podemos também chamar de recursos</p><p>naturais todos os bens que são extraídos da natureza de forma direta ou indireta</p><p>e são transformados para a utilização do ser humano.</p><p>Os recursos naturais mais importantes, dos quais dependemos, inclusive para</p><p>sobrevivência, são a água e o ar. Podemos viver sem petróleo, carvão ou até mesmo</p><p>energia elétrica, mas é impossível sobrevivermos sem ar e sem água.</p><p>O solo também é um recurso natural fundamental, componente dos ecos-</p><p>sistemas e dos ciclos naturais, assim como um lugar de armazenamento de água</p><p>e suporte essencial para agricultura, que, por sua vez, está diretamente associada</p><p>a nossa alimentação e sobrevivência. O solo é um recurso natural que precisa</p><p>ser preservado e conservado de acordo com as necessidades e possibilidades de</p><p>cada região.</p><p>Os recursos naturais que estamos conhecendo aqui podem se dividir em dois</p><p>grupos, sendo eles: os recursos renováveis e os recursos não renováveis, conforme</p><p>descritos e exemplificados a seguir.</p><p>RECURSOS NATURAIS</p><p>RENOVÁVEIS</p><p>O nome já nos indica o</p><p>significado:</p><p>Os recursos naturais renová-</p><p>veis são aqueles que se renovam</p><p>naturalmente, ou seja, não se es-</p><p>gotarão, pois à medida que são</p><p>consumidos pelo homem, são</p><p>capazes de se reconstruir.</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>10</p><p>Podemos exemplificar por meio da energia eólica, que é resultante da ação dos</p><p>ventos e, portanto, nunca vai esgotar. Outra energia renovável é a solar, que pode</p><p>ser transformada em energia elétrica por meio de painéis e acumulada em baterias.</p><p>Existe uma grande preocupação com alguns recursos renováveis devido à</p><p>falta de cuidado com o uso e consumo consciente. Dizer que um recurso é re-</p><p>novável não significa que ele possa ficar sempre disponível nas condições ideais</p><p>de consumo humano, sendo o caso de água, solo e florestas. O problema é que,</p><p>embora sejam renováveis, a interferência do ser humano pode causar seu</p><p>fim e torná-los recursos não renováveis, ou, até mesmo, alterar suas condições</p><p>originais e minimamente necessárias para consumo e uso. Por este motivo é fun-</p><p>damental e indispensável que o homem aprenda a respeito de gestão dos recursos</p><p>naturais, dando condições para que esses recursos continuem nesta categoria,</p><p>sem comprometimento para as futuras gerações.</p><p>RECURSOS NÃO RENOVÁVEIS</p><p>Os recursos não renováveis são aqueles recursos que não tem a capacidade de se</p><p>renovar naturalmente, o que o diferencia dos renováveis.</p><p>Conforme o homem vai utilizando ou explorando, esse recurso se apro-</p><p>xima mais do seu fim, sendo considerados recursos naturais limitados com</p><p>consumo determinado e esgotável.</p><p>Como exemplo de recurso natural não renovável, temos o alumínio, o xisto, o</p><p>gás natural, entre outros. Esses recursos não renováveis, conforme já conceituado,</p><p>não podem ser restabelecidos pela natureza e, por isso, é necessário que o homem</p><p>aprenda a utilizá-los de forma a ampliar o tempo de disponibilização na natureza.</p><p>Nossa atenção deve ter o foco de identificar potencialidades e/ou ações capazes</p><p>de garantir esse aumento na vida do recurso.</p><p>A má gestão desses recursos pode levar a humanidade para um cenário mui-</p><p>to preocupante em um futuro próximo e, além disso, comprometer as futuras</p><p>gerações. É preciso muita cautela e a garantia do uso sustentável desses recursos,</p><p>adequando o consumo conforme disponibilidade no meio ambiente e demanda</p><p>necessária. Neste meio é necessário ainda levar em consideração muitos fatores,</p><p>como região, cultura, número de habitantes, condições sanitárias, políticas públi-</p><p>cas etc. Em geral, são recursos que existem em quantidade limitada ou, então, aca-</p><p>bam sendo consumidos com mais rapidez do que a natureza é capaz de produzir.</p><p>11</p><p>O ser humano precisa de planejamento adequado para não enfrentar di-</p><p>ficuldades com o uso de recursos naturais que não sejam renováveis ou que</p><p>tenham dificuldade para se renovar. Quando se tem um planejamento, que</p><p>visa atender metas e objetivos em longo prazo, é mais fácil evitar os problemas.</p><p>Encontramos facilmente muitos projetos que visam garantir que os recursos</p><p>não renováveis sejam usados com moderação para evitar o seu término antes</p><p>do tempo ou, até mesmo, garantir sua disponibilização para sempre.</p><p>Uma saída interessante, e cada vez mais necessária, é criar alternativas</p><p>para substituir os recursos que não se renovarão, como soluções inteligen-</p><p>tes e criativas para garantir uma vida confortável para futuras gerações. Na</p><p>natureza, encontramos muitos elementos para garantir nossa sobrevivência,</p><p>mas a humanidade precisa entender que nem todos esses recursos estarão</p><p>disponíveis para sempre.</p><p>Algumas das alternativas já estão sendo utilizadas nos dias de hoje e de-</p><p>vem passar a ser cada vez mais exigidas em grandes proporções. Podemos</p><p>citar alternativas de energia para movimentar a indústria, o comércio, os</p><p>transportes, a agricultura etc.</p><p>IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS</p><p>Os recursos naturais precisam ser cuidadosamente preservados e todos nós</p><p>temos papel fundamental nisso, partindo de ações simples e individuais até</p><p>as complexas e coletivas. Temos uma grande falha no processo — a educação.</p><p>A educação como conceito significa dizer de que maneira vamos implan-</p><p>tar hábitos, costumes e valores em uma comunidade e ainda sermos</p><p>capazes de transferir de uma geração para a seguinte.</p><p>O fim dos recursos naturais pode causar grandes problemas para o homem e,</p><p>por isso, é fundamental que se pense em estratégias para preservá-los/conser-</p><p>vá-los. Conforme já mencionado, a água é um dos principais recursos naturais,</p><p>e o Brasil possui uma das maiores reservas de água doce do mundo. Mas este</p><p>fato não garante a infinitude do recurso já que podemos tornar esse recurso</p><p>impróprio para o consumo ou, ainda, devido às intervenções negativas no am-</p><p>biente, levar à escassez desse recurso em regiões específicas do país.</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>12</p><p>O esgotamento, ou seja, a utilização total, de alguns recursos naturais pode ser ca-</p><p>tastrófico para o ser humano e, por isso, a sua conservação é de elevada importância.</p><p>Os recursos naturais não renováveis, como o petróleo, são usados como fon-</p><p>te de energia para o funcionamento de motores de combustão em carros, por</p><p>exemplo. Como um dia o petróleo vai acabar, é importante dispor de uma fonte</p><p>de energia alternativa, como no caso do uso, na indústria de automóvel, do gás</p><p>natural e da eletricidade. Alguns outros exemplos de recursos que não se reno-</p><p>vam são o ferro, o manganês, o carvão, o urânio, o estanho, a bauxita (minério</p><p>de alumínio), a argila, o calcário etc.</p><p>Como ficou claro até o momento, recursos naturais não renováveis estão</p><p>disponíveis na natureza em quantidade limitada e correm risco com o consu-</p><p>mo apressado pelo homem. Uma vez consumidos, esses recursos não podem ser</p><p>renovados, ou levam algum tempo para isso. Dessa forma, é importante que a</p><p>sociedade tenha consciência de que é preciso usar os recursos naturais de forma</p><p>racional, para não prejudicar as gerações futuras.</p><p>Figura 1. Mineração de carvão a céu aberto</p><p>A seguir, apresentamos a definição de alguns desses principais recursos:</p><p>13</p><p>• Petróleo: é originado de restos fossilizados de plantas e animais; uma vez</p><p>que as fontes de petróleo se esgotam, não poderão ser substituídas. É ne-</p><p>cessário para produzir gasolina, diesel e combustível de aviação. Também é</p><p>utilizado para produzir materiais plásticos e produtos químicos industriais.</p><p>• Carvão: é o recurso não renovável</p><p>em maior disponibilidade do mundo.</p><p>A extração de carvão das minas cria</p><p>muitos problemas para os seres hu-</p><p>manos e ao meio ambiente, pois gera</p><p>muitos impactos negativos de grande</p><p>significado (Figura 1). Podemos desta-</p><p>car que a combustão do carvão con-</p><p>tribui para poluição do ar, mudanças</p><p>climáticas globais, entre outros pro-</p><p>blemas ambientais e sociais.</p><p>• Gás</p><p>natural: é o resultado da decomposição de plantas e animais que</p><p>ficaram presos debaixo de rochas há milhões de anos. Embora o gás</p><p>natural seja considerado um combustível fóssil “limpo”, os impactos am-</p><p>bientais para extraí-lo podem trazer sérias consequências para animais</p><p>e as águas subterrâneas.</p><p>TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS</p><p>Para atingir o desenvolvimento sustentável, a preocupação ambiental deve ser</p><p>constante e com planejamento das consequências ambientais para as próximas</p><p>gerações. O uso de tecnologias que não agridam o meio deve ser priorizado.</p><p>Diante disso, a escolha por recursos naturais renováveis é inerente. A economia,</p><p>de forma, geral, é ainda muito dependente dos recursos não renováveis.</p><p>É indispensável conhecer as tecnologias utilizadas para substituir gradativa-</p><p>mente os recursos não renováveis. Além do fato da não finitude, de forma geral,</p><p>as tecnologias que utilizam os recursos renováveis tendem a ser menos poluentes,</p><p>mais baratas a médio e longo prazo, terem menor impacto ambiental e fomenta-</p><p>rem o desenvolvimento sustentável. Conheça as tecnologias:</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>14</p><p>• Plásticos biodegradáveis: Nomeados também de biopolímeros, sua</p><p>matéria-prima deriva de cultivos como do milho, cana-de-açúcar, óleos e</p><p>girassol. Ao mudar a base de petróleo pelos recursos renováveis, o plástico</p><p>contribui para a preservação do meio ambiente e reduz o impacto dos plás-</p><p>ticos em aterros sanitários. A biodegradação ocorre pela ação de fungos,</p><p>bactérias ou ainda enzimas e não são tóxicas para as pessoas.</p><p>• Energia hidrelétrica: A energia é resultado da força gravitacional das tur-</p><p>binas hidráulicas conectadas ao gerador de energia. Representa a principal</p><p>fonte de energia do país e é considerada uma das fontes mais limpas e</p><p>eficientes. No entanto, não é isenta de impacto ambiental. Devido à imple-</p><p>mentação de grandes usinas, a área alagada cobre, muitas vezes, florestas</p><p>e comunidades. Além disso, o lago artificial pode alterar a regulação das</p><p>chuvas, umidade e a vida aquática do rio.</p><p>• Energia eólica: Devido à força dos ventos, que são captados pelas héli-</p><p>ces ligadas a uma turbina, a energia é gerada. Os parques eólicos apenas</p><p>precisam de regiões com intensidade de ventos, como em muitas locali-</p><p>dades das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil. O país é destaque no</p><p>mundo pela implementação das usinas eólicas e possui o maior parque</p><p>da América Latina. Apesar de não gerar resíduos, os impactos advêm da</p><p>poluição visual, da poluição sonora que pode afetar o ecossistema e de</p><p>acidentes mortais da colisão das aves com as hélices.</p><p>• Energia solar: Os raios solares podem servir para aquecimento da água</p><p>ou mesmo serem captados para conversão em energia elétrica. O impac-</p><p>to ambiental é praticamente nulo e a manutenção dos equipamentos é</p><p>barata. A desvantagem se dá pelo alto valor de investimento inicial e por</p><p>ser dependente dos raios solares. No entanto, em um país tropical como</p><p>o nosso, esse fator não é uma preocupação.</p><p>• Energia geotérmica: A produção de energia tem origem no calor do</p><p>interior da Terra. Há mínima geração de resíduos e lançamento de gases</p><p>poluentes. Outra vantagem é o pouco espaço necessário para a imple-</p><p>mentação da energia geotérmica. O ponto negativo desse tipo de fonte</p><p>15</p><p>de energia deve-se ao custo elevado dos instrumentos e por tratar-se de</p><p>uma tecnologia aplicável em poucos lugares.</p><p>• Biomassa: É toda e qualquer matéria orgânica que pode ser queimada</p><p>para geração de energia. A queima pode produzir calor ou ser convertido</p><p>em fonte de energia. Materiais sólidos como restos de animais e plantas</p><p>podem ser transformados em combustíveis sólidos na queima ou gaso-</p><p>sos e líquidos, os chamados biocombustíveis. As vantagens são os custos</p><p>moderados, a chance de recuperar áreas degradadas, o potencial de supri-</p><p>mento em uma determinada área e não exigir um solo rico em nutrientes</p><p>(se a planta escolhida for para o desenvolvimento sustentável adaptada</p><p>ao meio). Como desvantagens salientam-se a erosão do solo, a perda do</p><p>habitat natural, a queima feita de forma irregular ou poluente, e a emissão</p><p>de gás carbônico, se a produção não for planejada de forma sustentável.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Para conhecer mais sobre Gestão dos Recursos naturais, em espe-</p><p>cífico sobre a energia eólica, que basicamente é a transformação da</p><p>energia por meio do vento em energia útil, acesse o link a seguir.</p><p>Reforçando, a biomassa, uma fonte de energia que tem ganhado destaque nos</p><p>últimos tempos, pode ter origem animal, como do esterco, e nos resíduos de plan-</p><p>tas como a cana-de-açúcar, do algodão e das cascas de arroz ou do coco. Em caso</p><p>de biomassa sólida, pode ser vista com uma fonte de renda, pois se pode cultivar</p><p>árvores de rápido crescimento para a queima e posterior processamento para</p><p>biomassa. Determinados biocombustíveis sólidos podem tornar-se gasosos e</p><p>líquidos, o que origina o biogás, o etanol e metanol líquido. O etanol pode ser</p><p>produzido da cana-de-açúcar (mais comum no Brasil), beterraba, girassol, sorgo e</p><p>milho. O metanol pode ter como matéria-prima madeira, resíduos agrícolas, lodo</p><p>de esgoto e lixo. As vantagens são a opção por substituição da gasolina (derivada</p><p>do petróleo), pouca emissão de gás carbônico e as inúmeras possibilidades de</p><p>matéria-prima. Como ponto negativo, a falta de adaptação dos carros, o custo</p><p>elevado, a corrosão de determinados materiais e a menor autonomia de rodagem</p><p>em comparação com a gasolina.</p><p>UNIDADE 1</p><p>https://www.ecycle.com.br/energia-eolica/</p><p>UNIDADE 1</p><p>16</p><p>PRODUÇÃO MAIS LIMPA</p><p>A definição do conceito de Produção Mais Limpa (P+L) foi elaborada pelo</p><p>Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), no inicio da</p><p>década de 90. Segundo esse orgão, o P+L corresponde a aplicação continua</p><p>de uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos, produtos e</p><p>serviços para aumentar a ecoeficiencia e reduzir os riscos ao homem e ao meio</p><p>ambiente (UNIDO, 2011).</p><p>Desde 1994, o PNUMA, em parceria com a Organização das Nações Unidas</p><p>para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), vem desenvolvendo esse modelo</p><p>de produção, quando se estabeleceu o programa Centro Nacional de Produção</p><p>mais Limpa (CNPML). Tal programa visa incentivar a criação de centros de P+L,</p><p>especialmente nos países em desenvolvimento, sendo que o ONUDI atua como</p><p>agencia executiva, administrando os recursos financeiros e provendo orienta-</p><p>ção técnica nos processos industriais abordados pelos centros e o PNUMA se</p><p>responsabiliza pela disseminação de conceitos, desenvolvimento de estratégias,</p><p>ferramentas, políticas e disponibilização de materiais sobre P+L.</p><p>No Brasil, o Centro Nacional de Tecnologias Limpas foi fundado em 1995 e</p><p>se encontra na unidade local do Servico Nacional de Aprendizagem Industrial</p><p>(SENAI), vinculado à Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).</p><p>Entre as atividades do centro, destaca-se a disseminação da informação; a im-</p><p>plementação de programas de Produção mais Limpa nos setores produtivos; a</p><p>capacitação de profissionais e a atuação em políticas ambientais (SENAI RS, 2003).</p><p>Os principais benefícios econômicos e ambientais da adoção de programas de</p><p>P+L incluem: eliminação dos desperdícios, minimização ou eliminação de ma-</p><p>térias-primas que causem impactos ambientais negativos, redução de resíduos e</p><p>emissões, redução dos custos de gerenciamento dos residuos, minimização dos pas-</p><p>sivos ambientais, incremento na saúde e segurança no trabalho (SENAI RS, 2003).</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Você sabia que o Brasil produz plástico biodegradável derivado do</p><p>etanol e vende para a National Aeronautics and Space Administration</p><p>(NASA)? Caso queira saber mais sobre como é feito o “plástico verde”,</p><p>acesse a reportagem disponível em:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=noceflCAwFI</p><p>17</p><p>A produção mais limpa apresenta os três niveis de intervenção, em ordem decrescente,</p><p>segundo classificacao de CNTL/ SENAI-RS (2003). Assim, o nível 1 e o que mais se destaca,</p><p>corresponde a evitar a geração de resíduos e emissões. Para aqueles</p><p>resíduos que não</p><p>podem ser reduzidos ou evitados, eles devem ser reintroduzidos no processo produtivo,</p><p>por meio da reciclagem interna (nível 2). O nível 3 se refere aos resíduos que devem ser</p><p>enviados para uma reciclagem externa à empresa, pela impossibilidade de aproveitamen-</p><p>to no processo de produção.</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>O QUE É O MERCADO DE CARBONO</p><p>Da conferência realizada no Rio de Janeiro em 1992 (Rio-92) emergiram</p><p>documentos identificando que as principais fontes de poluição ambiental</p><p>eram decorrentes principalmente dos padrões de produção e consumo dos</p><p>países desenvolvidos. A Convenção do Clima, um dos tratados da Rio-92,</p><p>definiu, então, metas de emissões para os países industrializados, a fim de</p><p>estabilizar suas concentrações de gases de efeito de estufa em níveis que</p><p>não implicassem alterações climáticas perigosas, de forma a permitir uma</p><p>adaptação natural e progressiva dos ecossistemas às alterações climáticas.</p><p>Para ajudar os países desenvolvidos a cumprir suas metas compulsórias</p><p>de redução de emissão dos gases de efeito estufa, o Protocolo de Kyoto</p><p>— uma atualização da Convenção do Clima — estabeleceu os chamados</p><p>mecanismos de flexibilização, entre eles o Mecanismo de Desenvolvimento</p><p>Limpo (MDL), uma iniciativa brasileira.</p><p>O MDL representa a cooperação entre países que não possuem obri-</p><p>gatoriedade (nações em desenvolvimento) de redução das emissões de</p><p>gases de efeito estufa e os que têm essa imposição, que seriam os países</p><p>desenvolvidos. Por esse mecanismo, uma empresa num país em desen-</p><p>volvimento pode oferecer créditos de carbono para outra que esteja em</p><p>um país desenvolvido, para que cumpra sua meta de redução. O cálculo é</p><p>feito assim: um crédito de carbono representa a não emissão de uma</p><p>tonelada de carbono na atmosfera.</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>18</p><p>O mercado de carbono vem sendo utilizado para reduzir os custos de mitigação</p><p>do efeito estufa e é um importante instrumento no regime climático global.</p><p>No Brasil, o mercado de carbono está descrito na Política Nacional so-</p><p>bre Mudança do Clima, intituída em 29 de dezembro de 2009 por meio da Lei</p><p>Federal nº 12.187 (BRASIL, 2009, on-line), que foi considerada como um passo</p><p>histórico para o setor.</p><p>Essa lei continha os seguintes planos setoriais: redução de 80% do des-</p><p>matamento na Amazônia; redução de 40% do desmatamento no bioma</p><p>cerrado; ações para o setor de energia, agricultura, pecuária e indústria.</p><p>Entre as iniciativas previstas, estava o mercado de créditos de carbono. Entretanto,</p><p>problemas como falta de transparência e efetividade na organização dos fundos</p><p>para o clima, contingenciamento e má gestão dos recursos, inação governamen-</p><p>tal e recessão econômica desafiaram a confiabilidade da aplicação, interferiram</p><p>no interesse privado em empréstimos de baixo carbono e descontinuaram os</p><p>processos, levando ao insucesso da aplicação da lei.</p><p>Mesmo fora do Protocolo de Kyoto ocorrem transações de créditos de carbono,</p><p>no chamado mercado voluntário, que são iniciativas voluntárias de empresas e</p><p>instituições que não têm obrigações de reduzir emissões, mas que desejam com-</p><p>pensá-las mediante a aquisição de créditos de carbono em um mercado alheio a</p><p>Kyoto (INSTITUTO ECOLÓGICA, 2020). Existem duas principais corretoras que</p><p>realizam transações no mercado voluntário: Chicago Climate Exchange (norte-</p><p>-americana) e European Climate Exchange (europeia).</p><p>Os créditos de carbono podem ser gerados em qualquer lugar do mundo e</p><p>são auditados por uma entidade independente do sistema das Nações Unidas.</p><p>Os créditos obtidos nos mercados voluntários apresentam operações menos bu-</p><p>Portanto, esses mecanismos de flexibilização do Protocolo de Kyoto criaram o mercado</p><p>de carbono, que confere valor monetário ao “[...] serviço prestado por uma empresa para</p><p>reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em nome de outra empresa ou país. Esse</p><p>mercado movimentou em 2009 cerca de 140 milhões de dólares” (ROCHA, 2012, p. 138).</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>19</p><p>rocráticas, mas não valem como redução de metas dos países.</p><p>Podem entrar nesse sistema projetos que tenham estruturas não</p><p>reconhecidas pelo mercado regulado (RETTMANN, 2020).</p><p>O mercado voluntário de créditos de carbono apresenta</p><p>maior potencial para contribuição do desenvolvimento sus-</p><p>tentável localmente em comparação com o mercado regulado,</p><p>devido a sua maior flexibilidade, à diversidade de atores e à exi-</p><p>gência da demonstração dos benefícios declarados (GOMES;</p><p>SILVA; CARVALHO, 2017). O principal mecanismo de crédito</p><p>nesse segmento voluntário é a Redução de Emissões Prove-</p><p>niente de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), em</p><p>que as empresas financiam projetos de preservação de florestas,</p><p>manejo florestal sustentável e aumento dos estoques de carbo-</p><p>no em áreas de floresta.</p><p>Esses créditos servem para manter, implementar ou melhorar reser-</p><p>vas florestais, reservas de povos tradicionais e propriedades privadas</p><p>com biomas preservados. As empresas, por sua vez, são reconhecidas</p><p>como ambientalmente corretas. No mercado voluntário de créditos de</p><p>carbono, os projetos de REDD estão tendo uma aceitação positiva e</p><p>gerando negócios. No Brasil, foi criado o Fundo Amazônia pelo decreto</p><p>nº 6.527/2008 (BRASIL, 2008, on-line), com o intuito de apoiar as ações</p><p>de REDD mediante doações dos países ricos, parceiros internacionais</p><p>e do próprio governo federal (CHAVES, 2015).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>Há muitos projetos interessantes de inovação e inclusão social</p><p>no mercado voluntário. Já o mercado regulado apresenta mais</p><p>comumente projetos de grande escala, envolvendo geração de</p><p>energia, tratamento de resíduos urbanos e industriais etc.</p><p>As organizações podem ter diferentes objetivos ao participar</p><p>do mercado de créditos de carbono. Algumas, apesar de não te-</p><p>rem obrigatoriedade de redução de emissão de gases de efeito es-</p><p>tufa, realizam essas ações para gerar créditos e obter receitas, além</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>20</p><p>de melhorar sua imagem junto ao público e agregar valor aos seus produtos, por</p><p>ficarem vinculadas à sustentabilidade. Esse tipo de empresa vislumbra a redução</p><p>de emissões como investimento e oportunidade e não como custo.</p><p>Enquanto isso, outras, por terem a imposição legal de redução de emissões,</p><p>contam com os mecanismos do mercado de carbono, que ajuda a minimizar seus</p><p>custos. Os projetos de MDL das empresas podem se concentrar em criar novas</p><p>fontes de energia, tornar mais eficientes seus processos produtivos ou substituir</p><p>combustíveis fósseis por outros de fontes renováveis. Dessa forma, contribuem</p><p>com a redução de emissões de gases.</p><p>Um modo de gerar créditos de carbono é pela substituição de combustíveis</p><p>não renováveis em fábricas, como lenha obtida de desmatamento, por biomassas</p><p>renováveis, que emitem menos gases de efeito estufa e contribuem para diminuir</p><p>a derrubada de florestas. Dessa forma, é calculado quanto de carbono deixou de</p><p>ser emitido devido à substituição do combustível, e o equivalente se reverte em</p><p>créditos de carbono.</p><p>As empresas que compensam seu alto nível de emissões comprando créditos</p><p>nesse mercado ajudam indiretamente a manter projetos de recuperação de áreas</p><p>degradadas e de reflorestamento, bem como projetos sociais e educacionais de</p><p>comunidades vulneráveis, entre outros.</p><p>EXEMPLO</p><p>A unidade da Usina Coruripe Açúcar e Álcool, localizada em Campo Florido</p><p>(MG), é um bom exemplo de P+L incluindo a geração de créditos de carbono pela</p><p>substituição de combustíveis não renováveis. Como ação estratégica de gestão</p><p>ambiental, a empresa passou a gerar eletricidade a partir da queima de bagaço</p><p>de cana, que é fonte renovável de energia. Esse projeto ajudou a reduzir em 7 mil</p><p>toneladas as emissões de gases de efeito estufa entre 2007 e 2008.</p><p>21</p><p>REVALORIZAÇÃO PELA PERSPECTIVA ECOLÓGICA DOS BENS DE</p><p>PÓS-CONSUMO</p><p>Os produtos de pós-consumo que não retornam ao ciclo produtivo ocasionam</p><p>problemas com o acúmulo em lixões, além de ser um fator negativo para a imagem</p><p>da empresa. Nesse caso, os custos ecológicos, ou seja, o impacto</p><p>de tal descarte</p><p>inadequado no meio ambiente agrava a situação e preocupa a sociedade. Por isso,</p><p>a revalorização dos bens possui papel relevante para o reaproveitamento de mate-</p><p>riais/embalagens em fim de vida útil, em vez de simplesmente recorrer ao descarte.</p><p>A revalorização ecológica de um bem em fim de vida é entendida como a eliminação ou</p><p>a mitigação desse somatório de custos dos impactos no meio ambiente provocados pela</p><p>ação nociva de produtos nocivos à vida humana ou pelo excesso desses bens. Agrega-se</p><p>valor ecológico ao bem de pós-consumo por meio do equacionamento de sua logística</p><p>reversa, de modo que se recapture o valor correspondente a esses custos, nem sempre</p><p>plenamente tangível (LEITE, 2009, p. 114).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>22</p><p>O descarte incorreto de resíduos é, muitas vezes, visível. Assim, os clientes, então,</p><p>preferem comprar de empresas que cuidem da logística reversa dos seus produ-</p><p>tos e evitem a degradação da natureza. A sensibilidade ecológica do consumidor</p><p>origina-se da sua repugnância ao aspecto sujo das grandes cidades e dos riscos à</p><p>saúde, ameaçando a sua qualidade de vida. Assim, segundo Leite (2009, p. 116), as</p><p>empresas estão incorporando questões ambientais nas suas estratégias.</p><p>Essa percepção e crescente sensibilidade com relação ao meio ambiente</p><p>tornou-se obrigatória em declarações de missões empresariais. As estratégias</p><p>de gestão de meio ambiente passaram a constituir parte integrante da reflexão</p><p>empresarial, pelo menos nas empresas líderes consideradas excelentes em seus</p><p>setores. O consumidor mais sensível precisa de informações sobre os impactos</p><p>dos produtos e processos no meio ambiente.</p><p>A logística reversa surge para amenizar esse problema. A logística reversa de</p><p>pós-consumo representa uma alternativa para o reaproveitamento de produtos,</p><p>resíduos e componentes que antes afetavam o meio ambiente. Nesse sentido, o</p><p>conceito de desenvolvimento sustentável precisa ser entendido como processo</p><p>contínuo de empresas e pessoas que constituem as cidades. Desse modo,</p><p>“ [...] desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no</p><p>qual a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orien-</p><p>tação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional</p><p>se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de</p><p>atender às necessidades e aspirações humanas" (ONU, apud LEITE,</p><p>2009, p. 117).</p><p>O desenvolvimento sustentável pode ser realizado de diferentes maneiras, porque</p><p>cada país ou região possui as suas prioridades econômicas e o seu ecossistema</p><p>específico. Assim, as metas de desenvolvimento sustentável da Organização das</p><p>Nações Unidas (ONU) são requisitos mínimos para os países cumprirem, sendo</p><p>que cada país pode e deve identificar a sua realidade para conseguir alcançar essas</p><p>metas. Os objetivos 11 e 12 da ONU dizem respeito à sustentabilidade, sendo o</p><p>objetivo 11 focado em comunidades e cidades sustentáveis. Salientam-se algumas</p><p>das metas do objetivo 11 da ONU:</p><p>■ Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades</p><p>para o planejamento e gestão de assentamentos humanos participativos,</p><p>integrados e sustentáveis, em todos os países.</p><p>23</p><p>■ Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e</p><p>natural do mundo.</p><p>■ Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita nas cidades,</p><p>inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos</p><p>municipais e outros.</p><p>■ Apoiar relações econômicas, sociais e ambientais positivas entre áreas ur-</p><p>banas, periurbanas e rurais, reforçando o planejamento nacional e regional</p><p>de desenvolvimento.</p><p>■ Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de assistência</p><p>técnica e financeira, para construções sustentáveis e resilientes, utilizando</p><p>materiais locais (UNITED NATIONS, 2017, documento on-line).</p><p>Observamos, nas metas do objetivo 11 da ONU, o foco em cidades que funcionem de for-</p><p>ma mais sustentável, por meio do planejamento e da redução de impactos ambientais. O</p><p>prazo para o cumprimento dessas metas é até o ano de 2030, um desafio a ser encarado</p><p>principalmente nos países em desenvolvimento. Por isso, uma das metas solicita o apoio</p><p>dos países desenvolvidos para que todos consigam atingir o desenvolvimento sustentável.</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>A ONU possui outros objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentável,</p><p>como os objetivos 12, 13, 14 e 15. O objetivo 12 está relacionado à produção e ao</p><p>consumo sustentáveis, tendo foco na prática que reduza o impacto ambiental. O</p><p>objetivo 13 está associado à ação climática, visto que a poluição causa mudanças</p><p>climáticas em nível mundial que afetam a vida no planeta. O objetivo 14 visa</p><p>proteger a vida marinha, tendo em vista que o ecossistema marinho é afetado</p><p>por resíduos descartados nos mares e oceanos.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Conheça as práticas sustentáveis na agricultura no link a seguir.</p><p>UNIDADE 1</p><p>https://www.sustainablecarbon.com/blog/5-praticas-sustentaveis-para-agricultura/</p><p>UNIDADE 1</p><p>24</p><p>A educação ambiental para conscientização precisa ser realizada. A</p><p>logística reversa contribui para essa conscientização, já que aproveita os resíduos</p><p>nas empresas. Uma empresa pode gerar produtos a partir dos resíduos coletados</p><p>nos oceanos, por exemplo. O objetivo 15 tem a finalidade de proteger a vida</p><p>terrestre, por exemplo, a preservação de florestas.</p><p>LOGÍSTICA REVERSA E CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS</p><p>O ciclo de vida de um produto precisa ser analisado pelas empresas para que</p><p>possam tomar decisões assertivas. Existem quatro principais momentos do ciclo</p><p>de vida do produto:</p><p>Introdução — é o lançamento do produto no mercado e início das vendas.</p><p>Crescimento — expansão das vendas, quando o consumidor começa a</p><p>estabelecer uma relação de confiança com o produto.</p><p>Maturidade — momento em que o produto está consolidado no mercado,</p><p>sendo conhecido pelos consumidores.</p><p>Declínio — quando o produto não é mais procurado pelo cliente, por</p><p>diferentes motivos, como sair de moda e tornar-se obsoleto em relação a</p><p>outros produtos novos.</p><p>Como último momento do ciclo de vida, o declínio precisa ser tratado com</p><p>cuidado nas empresas e planejado desde a concepção do produto. A empresa</p><p>pode adotar estratégias para prolongar o tempo de maturidade do produto</p><p>no mercado, com grandes ou pequenas inovações. As empresas existentes há</p><p>vários anos costumam fazer isso, adaptando o produto às demandas atuais e,</p><p>assim, evitam o seu declínio. Porém, há casos em que o declínio do produto é</p><p>inevitável, por exemplo, os produtos tecnológicos, que se tornam rapidamente</p><p>obsoletos. Nesses casos, a empresa precisa estar ciente de que tem de vender o</p><p>25</p><p>mais rápido possível, provendo o produto. Também deve estar ciente de que o</p><p>processo de logística reversa de pós-consumo já é esperado pelos clientes que</p><p>desejarem se desfazer do bem.</p><p>A concepção de adquirir um bem, usá-lo e descartá-lo caracteriza a</p><p>cultura do consumismo. As empresas lançam novos produtos com inovações, às</p><p>vezes, até insignificantes, mas a publicidade estimula tanto o consumidor que ele</p><p>compra por questão de moda ou status. Até o público infantil é alvo dessas estra-</p><p>tégias de vendas. Nessa cultura de consumo, existem três fatores determinantes:</p><p>preocupação em vender para poder produzir cada vez mais;</p><p>mercado de massa para atingir o maior número de consumidores possível;</p><p>novos produtos, em que a moda é mais importante do que a durabilidade</p><p>e a utilidade.</p><p>Em contrapartida, está se formando um novo modo de pensar: a cultura ambien-</p><p>talista. Nesse contexto, a ideia é reduzir o consumo, reutilizar e reciclar quando</p><p>possível. Essa cultura prioriza a responsabilidade social e empresarial com o meio</p><p>ambiente, por meio do descarte correto dos resíduos. A cultura ambientalista se</p><p>opõe à cultura do consumismo, por isso, critica-o em vários aspectos.</p><p>Para satisfazer a esse novo cliente, que pensa de forma sustentável, as em-</p><p>presas estão investindo na análise do ciclo de vida dos produtos e seu impacto</p><p>ambiental, conforme Leite (2009, p. 122):</p><p>“ A análise do ciclo de vida útil dos produtos estuda o impacto am-</p><p>biental gerado pelos produtos desde o momento da extração das</p><p>matérias-primas e outros insumos utilizados em sua fabricação — de</p><p>alguma maneira já contabilizando os recursos naturais utilizados, os</p><p>impactos causados pelo transporte para internalização dos insumos</p><p>e para distribuição direta dos produtos e reversa dos pós-consumos</p><p>— até sua disposição final, motivo pelo qual também é conhecida</p><p>como análise do produto do berço até o túmulo."</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>26</p><p>Então, a análise do ciclo de vida útil do produto trata de medir o impacto ambiental</p><p>do produto ao longo da cadeia de suprimentos direta e reversa. Essa medição inclui,</p><p>por exemplo, pensar o tempo de degradação de determinada embalagem e a sua</p><p>substituição por outra menos prejudicial ao meio ambiente. Também podemos</p><p>pensar na fabricação de produto que o consumidor pode reutilizar com facilidade.</p><p>GESTÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS</p><p>Os resíduos industriais são gerados nos processos de produção de bens de consu-</p><p>mo, e seu gerenciamento, tratamento e destinação final são um dos desafios que</p><p>empresários e técnicos enfrentam em suas rotinas diárias.</p><p>As atividades industriais geram diferentes tipos de resíduos, originados dos</p><p>mais diversos ramos, como metalurgia, celulose e papel, setor alimentício, mine-</p><p>ração, entre outros (JARDIM; YOSHIDA; MACHADO FILHO, 2012). O artigo</p><p>13, da Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), Política Nacional</p><p>de Resíduos Sólidos (PNRS), define resíduos industriais como aqueles gerados</p><p>nos processos produtivos e instalações industriais. Entre os resíduos industriais,</p><p>inclui-se também grande quantidade de material perigoso, que necessita de tra-</p><p>tamento especial devido ao seu alto potencial de impacto ambiental e à saúde.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Que tal conhecer mais sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos?</p><p>Acesse o link a seguir:</p><p>De acordo com ABNT NBR 10.004, de 30 de novembro de 2004, os resíduos</p><p>sólidos são classificados da seguinte maneira (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE</p><p>NORMAS TÉCNICAS, 2004):</p><p>Classe I — Resíduos perigosos: são aqueles que apresentam periculosidade. A</p><p>periculosidade de um resíduo se encontra em suas propriedades físicas, químicas</p><p>ou infectocontagiosas, que apresentam riscos à saúde pública (provocando mor-</p><p>talidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices) e ao meio ambiente</p><p>(quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada). Esses resíduos exigem</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm</p><p>27</p><p>tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabi-</p><p>lidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.</p><p>A NBR 10.004/2004 ressalta ainda que os resíduos perigosos podem ser clas-</p><p>sificados assim (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004):</p><p>■ Inflamabilidade: um resíduo é classificado como inflamável quando:</p><p>■ é líquido e tem ponto de fulgor inferior a 60°C, determinado conforme</p><p>ABNT NBR 14598, de 4 de dezembro de 2012 (ASSOCIAÇÃO BRASI-</p><p>LEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2012), ou equivalente, excetuando-se</p><p>as soluções aquosas com menos de 24% de álcool em volume;</p><p>■ não é líquido e é capaz de, sob condições de temperatura e pressão de</p><p>25°C e 0,1 MPa (1 atm), produzir fogo por fricção, absorção de umidade</p><p>ou por alterações químicas espontâneas; quando inflamada, tem queima</p><p>vigorosa e persistentemente, dificultando a extinção do fogo;</p><p>■ é um oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e,</p><p>como resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do fogo</p><p>em outro material;</p><p>■ é um gás comprimido inflamável, conforme a Legislação Federal sobre</p><p>transporte de produtos perigosos (Portaria nº. 204, de 20 de maio de 1997,</p><p>do Ministério dos Transportes) (SALDANHA, 1997, on-line).</p><p>■ Corrosividade: um resíduo é classificado como corrosivo se:</p><p>■ for aquoso e apresentar pH inferior ou igual a 2, ou superior ou igual a</p><p>12,5, ou se sua mistura com água, na proporção de 1:1 em peso, produzir</p><p>uma solução que apresente pH inferior a 2 ou superior ou igual a 12,5;</p><p>■ for líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água, produzir</p><p>um líquido e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão maior que 6,35</p><p>mm ao ano, a uma temperatura de 55°C, de acordo com USEPA SW 846</p><p>ou equivalente.</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>28</p><p>■ Reatividade: um resíduo é classificado como reativo se apresentar as</p><p>seguintes propriedades:</p><p>■ ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem de-</p><p>tonar;</p><p>■ reagir violentamente com a água;</p><p>■ formar misturas potencialmente explosivas com a água;</p><p>■ gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes para pro-</p><p>vocar danos à saúde pública ou ao meio ambiente, quando</p><p>■ misturados com a água;</p><p>■ possuir em sua constituição os íons CN− ou S2− em concentrações que</p><p>ultrapassem os limites de 250 mg de HCN liberável por quilograma de</p><p>resíduo ou 500 mg de H2S liberável por quilograma de resíduo, de acordo</p><p>com ensaio estabelecido no USEPA — SW 846;</p><p>■ ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob a ação de forte</p><p>estímulo, ação catalítica ou temperatura em ambientes confinados;</p><p>■ ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante</p><p>ou explosiva a 25°C e 0,1 MPa (1 atm);</p><p>■ ser explosivo, definido como uma substância fabricada para produzir</p><p>um resultado prático, por meio de explosão ou efeito pirotécnico, esteja</p><p>ou não esta substância contida em dispositivo preparado para esse fim.</p><p>■ Toxicidade: um resíduo é classificado como tóxico se apresentar estas</p><p>propriedades:</p><p>■ quando o extrato obtido da amostra, segundo a ABNT NBR 10.005, de 30</p><p>de janeiro de 2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-</p><p>CAS, 2004), contiver qualquer um dos contaminantes em concentrações</p><p>superiores aos valores constantes no anexo F;</p><p>■ quando possuir uma ou mais substâncias constantes no anexo C da</p><p>NBR 10.004/2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-</p><p>NICAS, 2004) e apresentar toxicidade.</p><p>■ Patogenicidade: o resíduo será patogênico se houver suspeita de conter</p><p>micro-organismos patogênicos, proteínas virais, ácido desoxirribonu-</p><p>cleico (ADN) ou ácido ribonucleico (ARN) recombinantes, organismos</p><p>geneticamente modificados, plasmídeos, cloroplastos, mitocôndrias ou</p><p>toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais ou vegetais.</p><p>29</p><p>Classe II — Resíduos não perigosos: os resíduos não perigosos, por sua vez,</p><p>dividem-se em duas subclasses:</p><p>■ II A — Não Inertes: apresentam como propriedades principais a biode-</p><p>gradabilidade e a combustibilidade ou solubilidade em água.</p><p>■ II B — Inertes: tipo de resíduo que, devido as suas características e com-</p><p>posição físico-química, não sofre transformações físicas, químicas ou</p><p>biológicas de relevo, mantendo-se inalterados por um longo período de</p><p>tempo. De acordo com a legislação, os resíduos inertes estão aptos a ser</p><p>depositados em aterros sanitários.</p><p>Fique atento! Toda movimentação de resíduos de um empreendimento</p><p>ou empresa deve ser documentada. Uma planilha de movimentação de</p><p>resíduos atua como meio de registro de toda a remessa de resíduos que</p><p>está sendo destinada.</p><p>É importante que as empresas disponibilizem lixeiras devidamente identificadas</p><p>para cada tipo de resíduo. A resolução CONAMA nº. 275, de 24 de abril de 2001</p><p>(BRASIL, 2001), dispõe do código de cores para os diferentes tipos de resíduos a</p><p>ser adotado na identificação de coletores e transportadores. Os recipientes utiliza-</p><p>dos no acondicionamento deverão estar etiquetados, seguindo o código de cores:</p><p>■ azul: papel/papelão;</p><p>■ vermelho: plástico;</p><p>■ verde: vidro;</p><p>■ preto: madeira;</p><p>■ amarelo: metal;</p><p>■ laranja: resíduos perigosos;</p><p>■ roxo: resíduos radioativos;</p><p>■ marrom: resíduos orgânicos;</p><p>■ cinza: resíduo geral não reciclável, ou misturado, ou contaminado, não</p><p>passível de separação. Exemplos: papel (embolado, etiquetas e toalhas),</p><p>embalagens (chicletes, balas e alimentos),</p><p>clipes e grampos, caneta e pin-</p><p>cel atômico, luvas, borracha.</p><p>O armazenamento dos resíduos sólidos Classe I (perigosos) deve ser con-</p><p>forme a norma ABNT NBR 12.235/1992 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>30</p><p>NORMAS TÉCNICAS, 1992). Essa norma dispõe que o armazenamento</p><p>deve ser feito de modo a não alterar a quantidade/qualidade do resíduo. O</p><p>resíduo deve ser acondicionado até reciclagem, recuperação, tratamento</p><p>e/ou disposição final, em contêineres, tambores, tanques e/ou a granel. A</p><p>norma exige que seja feita uma análise das propriedades físicas e químicas</p><p>do resíduo antes de ele ser armazenado.</p><p>O local utilizado para o armazenamento de resíduos sólidos deve ser proje-</p><p>tado de modo que o perigo de contaminação ambiental seja minimizado; que</p><p>sejam respeitadas as distâncias indicadas pela legislação vigente no que se refere</p><p>aos mananciais hídricos, lençol freático, núcleos habitacionais, logradouros</p><p>públicos, rede viária, atividades industriais que poderão gerar faíscas, vapores</p><p>reativos, umidade excessiva etc.; que sejam evitados os riscos potenciais de</p><p>fenômenos naturais como chuva, ventanias, inundações, marés altas, queda de</p><p>barreiras, deslizamentos de terra, afundamento do terreno, erosão etc.</p><p>O local também deve ser isolado de forma que impeça o acesso de pessoas</p><p>estranhas e sinalizado de forma que indique o risco presente no local. Veja</p><p>alguns exemplos de sinalização de risco na figura 2.</p><p>Figura 2. Algumas sinalizações utilizadas para indicar risco.</p><p>Fonte: Cool Vector Maker/Shutterstock.com.</p><p>31</p><p>A norma aplicável ao armazenamento de resíduos Classe II (não perigosos) é</p><p>a NBR 11.174/1990. Essa norma dispõe que o armazenamento deve ser feito</p><p>de maneira que minimize o risco de contaminação ambiental. O local deve ser</p><p>aprovado pelo órgão ambiental do estado e atender à legislação específica. Os</p><p>resíduos de Classe II não devem ser armazenados com resíduos de Classe I. O</p><p>armazenamento pode ser realizado em contêineres e/ou tambores, em tanques e</p><p>a granel (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1990).</p><p>VANTAGENS DO GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM INDÚSTRIAS</p><p>O principal objetivo do licenciamento ambiental é promover o desenvolvi-</p><p>mento (da sociedade e da economia) sem impactar de forma negativa no meio</p><p>ambiente, para que tanto as gerações do presente como as futuras desfrutem</p><p>de um ambiente equilibrado. Nesse contexto, todas as atividades que, de uma</p><p>forma ou outra, estão sujeitas aos impactos ambientais deverão estar munidas</p><p>do licenciamento ambiental.</p><p>O licenciamento é uma exigência legal. Mas quais são exatamente as</p><p>vantagens/ benefícios do licenciamento ambiental?</p><p>Não é apenas o meio ambiente que sai ganhando com o licenciamento de de-</p><p>terminada atividade, mas também toda a sociedade. Entre alguns dos principais</p><p>benefícios do licenciamento ambiental para o meio ambiente, pode-se citar:</p><p>■ proteger o meio ambiente para as futuras gerações;</p><p>■ proteger os ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;</p><p>■ planejar e fiscalizar o uso dos recursos ambientais;</p><p>■ garantir a qualidade dos recursos renováveis;</p><p>■ racionalizar o uso do solo, do subsolo, da água e do ar;</p><p>■ proteger áreas ameaçadas de degradação.</p><p>Em se tratando das vantagens que empresas/corporações poderão obter com a</p><p>implantação de um Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS),</p><p>pode-se citar:</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>32</p><p>Benefícios estratégicos: diferenciação no mercado; demonstração do</p><p>compromisso da empresa com o meio ambiente e com o futuro; confian-</p><p>ça oferecida às partes interessadas; melhoria na imagem perante órgãos</p><p>regulamentadores; facilidade na obtenção de licenças e autorizações; sim-</p><p>patia de clientes e usuários; facilidade no acesso ao mercado internacional;</p><p>atração de parceiros; antecipação à tendência de caráter mandatário e às</p><p>exigências dos clientes, entre outros.</p><p>Benefícios operacionais: melhoria na gestão de riscos ambientais atuais e</p><p>futuros; melhoria dos procedimentos operacionais; melhoria da produtivi-</p><p>dade; melhoria nas condições de saúde e segurança no trabalho; redução</p><p>de acidentes que impliquem responsabilidade civil; estabelecimento de ro-</p><p>tina para análise das áreas do negócio que possam afetar o meio ambiente;</p><p>estímulo ao desenvolvimento e compartilhamento de soluções ambientais;</p><p>facilidade na transferência de tecnologia; melhoria no desempenho dos</p><p>funcionários e dos equipamentos, entre outros.</p><p>Benefícios financeiros: diminuição dos riscos de incorrer em infrações</p><p>legais e regulamentares; redução potencial nas despesas com seguros,</p><p>produtos e serviços adquiridos, além do comportamento global no mer-</p><p>cado; possibilidade de redução de custos; possibilidade de economia de</p><p>despesas no consumo de água, energia e matéria-prima.</p><p>Os principais objetivos do PGRS são a minimização da geração de resíduos; a</p><p>destinação correta dos resíduos; a diminuição dos impactos ambientais e visuais;</p><p>a preservação dos recursos naturais renováveis e não renováveis; a receita na ven-</p><p>da de materiais recicláveis; a redução dos gastos de disposição; a diminuição da</p><p>quantidade de resíduos destinados aos aterros sanitários; o marketing positivo,</p><p>em virtude da imagem de responsabilidade social e ecológica da empresa adepta</p><p>de tais práticas; a satisfação da sociedade; o cumprimento da Legislação em vigor;</p><p>a melhoria da qualidade de vida, tanto das pessoas como dos seres vivos.</p><p>Com relação às vantagens que empresas poderão obter com práticas de geren-</p><p>ciamento ambiental, a norma ISO 14.001 (sistema de gestão ambiental) descreve</p><p>que, além de responder às exigências da comunidade mundial e do consumidor-</p><p>33</p><p>-cidadão, elas também oferecem às organizações vantagens competitivas mate-</p><p>maticamente mensuráveis, como (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS</p><p>TÉCNICAS, 2004):</p><p>■ maior satisfação dos clientes, pois o consumidor esclarecido hoje valoriza</p><p>muito mais as empresas e produtos que demonstrem bom desempenho</p><p>ambiental;</p><p>■ melhoria da imagem da empresa junto a clientes, governo, comunidade,</p><p>vizinhos, ONGs e mídia;</p><p>■ conquista de novos mercados, pois a preocupação ambiental é um</p><p>fator de competitividade, facilitando a expansão em novos mercados,</p><p>e a empresa que souber explorar bem esse aspecto conseguirá cativar</p><p>novos clientes;</p><p>■ redução de custos pela eliminação de desperdícios, obtida com uma aná-</p><p>lise cuidadosa do uso de água e energia e da geração de resíduos, pelo me-</p><p>nor risco de ter de arcar com multas ou ações legais por descumprimento</p><p>da legislação e pelo menor passivo ambiental, com menores riscos para</p><p>administradores e acionistas;</p><p>■ conscientização ambiental de toda a empresa, do pessoal da produção, do</p><p>setor ambiental, de todos os seus diretores, gerentes, projetistas e operá-</p><p>rios, que perpetuam isso pela comunidade em que habitam;</p><p>■ maior permanência no mercado, por não ocorrerem reações negativas</p><p>dos consumidores;</p><p>■ maior facilidade na obtenção de financiamentos, pois uma empresa com</p><p>um bom desempenho ambiental tem mais facilidade de conseguir finan-</p><p>ciamento junto a bancos e órgãos ambientais, além de desfrutar de uma</p><p>melhor imagem;</p><p>■ maior interesse da empresa em demonstrar à sociedade que ela tem</p><p>um sistema de gestão ambiental estruturado e que as ações preventivas</p><p>têm prioridade sobre as corretivas, ou seja, que a empresa adota todas</p><p>as medidas necessárias para evitar impactos ambientais, qualquer que</p><p>seja sua relevância.</p><p>A gestão ambiental em organizações, de acordo com Jabbour (2013), quando im-</p><p>plantada, pode gerar vários benefícios. Quanto mais evoluída a gestão ambiental</p><p>UNIDADE 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>34</p><p>de uma organização, mais intensos e mais diversificados poderão ser os benefícios</p><p>auferidos. Geralmente, essas vantagens estão associadas a dois tipos de benefícios:</p><p>■ Benefícios internos: estão relacionados a melhorias observadas nas di-</p><p>versas dimensões do desempenho organizacional, como o desempenho</p><p>operacional, o desempenho em inovação e o desempenho de mercado.</p><p>■ Benefícios externos: podem</p><p>ser entendidos como contribuições que se</p><p>estendem à sociedade de forma mais ampla, como a influência sobre as</p><p>regulamentações ambientais, as contribuições para o desenvolvimento</p><p>sustentável e as parcerias com outras organizações.</p><p>Esperamos que a sua leitura até aqui tenha deixado elucidado o conceito susten-</p><p>tabilidade e desenvolvimento sustentável.</p><p>Como pode ter visto, para respeitar a natureza e preservar a vida (todas as for-</p><p>mas) atuações devem ser feitas por toda a sociedade, civíl ou organizada. Por isso,</p><p>em suas responsabilidades, seja ela na concientização e/ou presenvarvação do</p><p>meio ambiente, buscas por conhecimentos aprofundados na gestão de recursos</p><p>naturais, produção mais limpa e, até mesmo, gestão de resíduos industriais serão</p><p>de grande valia. Por isso não se acomode! Esteja sempre ciente da importância</p><p>da sustentabilidade e desenvolvimento sustentável para o futuro das gerações.</p><p>Sucesso em sua jornada!</p><p>35</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001: sistemas da gestão</p><p>ambiental: requisitos com orientações para uso. São Paulo: ABNT, 2004.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11174: armazenamento de resíduos</p><p>classes II — não inertes e III — inertes. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12235: armazenamento de resíduos pe-</p><p>rigosos. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: classificação de resíduos. São</p><p>Paulo: ABNT, 2004.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10005: Procedimento para obtenção de</p><p>extrato lixiviado de resíduos sólidos. São Paulo: ABNT, 2004.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14598, de 4 de dezembro de 2012.</p><p>Norma Brasileira, 2013. Acesso em: 15 dez. 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº. 275, de 25 de abril</p><p>de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na</p><p>identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a</p><p>coleta seletiva. DOU, Brasília, 117-E, seção 1, p. 80, 19 jun. 2001.</p><p>BRASIL. Decreto nº. 6.527, de 1 de Agosto de 2008. Dispõe sobre o estabelecimento do Fun-</p><p>do Amazônia pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -BNDES. Brasí-</p><p>lia, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/</p><p>d6527.htm. Acesso em: 15 dez. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;</p><p>altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, 2010. Dis-</p><p>ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso</p><p>em: 15 dez. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.187, de 29 de Dezembro de 2009. Institui a política nacional sobre mudança</p><p>do clima – PNMC e dá outras providências. Brasília, 2009. Disponível em: https://www.planalto.</p><p>gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12187.htm. Acesso em: 15 dez. 2022.</p><p>JABBOUR, A. B. L S. Gestão ambiental nas organizações: fundamentos e tendências. São Pau-</p><p>lo: Atlas, 2013.</p><p>JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; MACHADO FILHO, J. V. Política nacional, gestão e gerenciamento de</p><p>resíduos sólidos. Barueri: Manole, 2012.</p><p>36</p><p>SALDANHA, A. J. Portaria m. 204, de 20 de Maio de 1997. Invitare, [2022]. Disponível em: https://</p><p>www.invitare.com.br/arq/legislacao/anvisa/Portaria-204-de-1997-Aprovar-as-anexas-Instru-es-</p><p>-Complementares-aos-Regulamentos-dos-Transportes-Rodovi-rio-e-Ferrovi-rio-de-Produtos-Pe-</p><p>rigosos.pdf. Acesso em: 15 dez. 2022.</p><p>SCHWANKE, C. (org.). Ambiente: tecnologias. Porto Alegre: Bookman, 2013. 270p.</p><p>SENAI RS. Implementação de Programas de Produção mais Limpa. Porto Alegre: Centro</p><p>Nacional de Tecnologias Limpas SENAI-RS/ UNIDO/INEP, 2003. 42 p.</p><p>A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>PRODUÇÃO MAIS LIMPA</p><p>Button 18:</p><p>Page 3:</p><p>Botão 9:</p><p>Botão 10:</p><p>Botão 11:</p><p>Botão 12:</p><p>Botão 13:</p>

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