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<p>TEORIA DO CRIME</p><p>Prof. Lucas de Carvalho</p><p>▪Nexo causal: Concausas</p><p>AULA 06.1</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ “As concausas são aquelas causas distintas da conduta principal,</p><p>que atuam ao seu lado, contribuindo para a produção do resultado”</p><p>(CAPEZ, 2020, p. 357).</p><p>✓ Concausa nada mais é que a concorrência de causas.</p><p>▪ Em relação ao momento que surgem, podem elas ser antecedentes,</p><p>concomitantes ou supervenientes à conduta, concorrendo com esta</p><p>para a produção do resultado.</p><p>▪ Em relação à produção do resultado, podem elas ser dependentes,</p><p>absolutamente independentes e relativamente independentes.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Seja em qual momento for (antecedente, concomitante ou superve-</p><p>niente), a concausa dependente é a que precisa da conduta do</p><p>agente para provocar o resultado, pois não é capaz de produzi-lo</p><p>por si só, razão pela qual não exclui a relação de causalidade.</p><p>Insere-se na linha normal de desdobramento causal da conduta.</p><p>▪ O agente é responsabilizado integralmente pelo evento danoso, não</p><p>importa a espécie de concausa (preexistente, concomitante ou</p><p>superveniente), uma vez que todas dele partiram e o levaram à</p><p>produção do resultado naturalístico.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Exemplo de concausas (seja em qual momento for) dependentes:</p><p>➢ Acarajéssica tem a intenção de matar Sarapatelson. Após</p><p>espancá-lo, coloca uma corda em seu pescoço, amarrando-o</p><p>ao seu carro. Em seguida dirige o automóvel, arrastando a vítima</p><p>ao longo da estrada, circunstância que provoca a sua morte.</p><p>✓ A estrada, a corda e o carro não são capazes de matar a</p><p>vítima, se isoladamente consideradas.</p><p>✓ Acarajéssica será responsabilizada pelo homicídio doloso</p><p>consumado, uma vez que dela partiram todas as concausas</p><p>que levaram Sarapatelson à morte.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Seja em qual momento for (antecedente, concomitante ou superve-</p><p>niente), a concausa absolutamente independente produz o resultado</p><p>por si só, excluindo a relação de causalidade e, portanto, a própria</p><p>responsabilização criminal quanto ao resultado.</p><p>▪ Assim, em se tratando de concausa absolutamente indepen-dente,</p><p>não importa a espécie (se preexistente, concomitante ou superve-</p><p>niente), o comportamento paralelo será sempre punido na forma</p><p>tentada, sem que haja responsabilização pelo resultado.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Exemplo de concausa antecedente absolutamente independente:</p><p>➢ Acarajéssica, com animus necandi, efetua disparos de arma de</p><p>fogo contra Sarapatelson, atingindo-o em regiões vitais. O exame</p><p>necroscópico, todavia, conclui ter sido a morte de Sarapatelson</p><p>provocada pelo envenenamento anterior efetuado por Priscílios.</p><p>✓ Acarajéssica será responsabilizada pela tentativa de</p><p>homicídio, enquanto Priscílios pelo homicídio doloso em sua</p><p>forma consumada.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Exemplo de concausa concomitante absolutamente independente:</p><p>➢ Acarajéssica, com animus necandi, efetua disparos de arma de</p><p>fogo contra Sarapatelson, no momento em que o teto da casa</p><p>deste último desaba sobre sua cabeça. Posteriormente descobre-</p><p>se que a causa da morte de Sarapatelson foi o soterramento.</p><p>✓ Acarajéssica será responsabilizada pela tentativa de</p><p>homicídio, ainda que nenhum outro seja o responsável pelo</p><p>resultado morte de Sarapatelson.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Exemplo de concausa superveniente absolutamente independente:</p><p>➢ Priscílios subministra dose letal de veneno em Sarapatelson mas,</p><p>antes que se produzisse o efeito almejado, surge Acarajéssica,</p><p>antiga inimiga de Sarapatelson, que nele efetua inúmeros</p><p>disparos de arma de fogo por todo corpo, matando-o.</p><p>✓ Priscílios será responsabilizada pela tentativa de homicídio,</p><p>enquanto Acarajéssica pelo homicídio doloso em sua forma</p><p>consumada.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Seja em qual momento for, a concausa relativamente independente</p><p>se conjuga com a conduta do agente para produzir o resultado final,</p><p>pois se isoladamente consideradas, não seriam suficientes para tal.</p><p>Assim, para efeitos de responsabilização, há que se observar se:</p><p>✓ Concausa antecedente relativamente independente: o agente</p><p>responde pelo resultado naturalístico.</p><p>✓ Concausa concomitante relativamente independente: o agente</p><p>responde pelo resultado naturalístico.</p><p>✓ Concausa superveniente relativamente independente (Art. 13, § 1º):</p><p>Depende! Produziu por si só o resultado?</p><p>a) Se não, o agente responde pelo resultado naturalístico;</p><p>b) Se sim, o agente responde apenas pelos atos praticados.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ “A superveniência de causa relativamente independente exclui a</p><p>imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos</p><p>anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou” (STJ - HC</p><p>42.559/PE. No mesmo sentido, STJ - AgRg no AREsp 173.804/MG).</p><p>▪ O Art. 13, § 1º do CP, anuncia a teoria da causalidade adequada (ou</p><p>teoria da condição qualificada ou individualizadora), que considera</p><p>“causa” a pessoa, fato ou circunstância que, além de praticar um</p><p>antecedente indispensável à produção do resultado, realize uma</p><p>atividade adequada à sua concretização.</p><p>▪ É o que se observa no estudo da concausa superveniente, quando</p><p>for relativamente independente.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Exemplo de concausa antecedente relativamente independente:</p><p>➢ Sarapatelson, portador de hemofilia, é vítima de um golpe de</p><p>faca executado por Acarajéssica, que sabia da sua condição de</p><p>saúde. O ataque para matar, isoladamente, em razão do local e</p><p>natureza da lesão, não geraria a morte da vítima que, entretanto,</p><p>tendo dificuldade de estancar o sangue dos ferimentos, acaba</p><p>perecendo por conta da doença.</p><p>✓ Acarajéssica, responsável pelo ataque, responderá pelo</p><p>homicídio doloso consumado, pois se eliminada a sua</p><p>conduta do processo causal, a vítima não teria morrido.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Exemplo de concausa concomitante relativamente independente:</p><p>➢ Acarajéssica, com intenção de matar, atira em Priscílios, mas não</p><p>atinge o alvo. A vítima, entretanto, com o susto causado, tem um</p><p>colapso cardíaco e morre.</p><p>✓ Acarajéssica responderá por homicídio doloso consumado,</p><p>pois se não tivesse atirado, a vítima não sofreria a violenta</p><p>perturbação emocional causadora do colapso cardíaco</p><p>fatal.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Exemplo de concausa superveniente relativamente independente</p><p>(que não produziu por si só o resultado):</p><p>➢ Sarapatelson é vítima de um disparo de arma de fogo efetuado</p><p>por Acarajéssica, que age com intenção de matar. Levado ao</p><p>hospital, Sarapatelson morre em razão de erro médico no ato da</p><p>cirurgia que era realizada para remoção do projétil.</p><p>✓ Acarajéssica responderá por homicídio doloso consumado,</p><p>pois o erro médico como causa da morte se encontra na</p><p>mesma linha de desdobramento causal e natural do tiro.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ “A doutrina majoritária entende o erro médico como causa que se</p><p>encontra na mesma linha de desdobramento causal. De igual modo</p><p>interpretam a morte decorrente de infecção hospitalar, de</p><p>broncopneumonia e da omissão no atendimento no hospital”</p><p>(CUNHA, 2020, p. 303).</p><p>▪ Assim, ainda que a morte ocorra em virtude de erro médico,</p><p>infecção ou demora no atendimento, o autor dos disparos</p><p>responderá pelo resultado produzido, ou seja, homicídio consumado.</p><p>CONCAUSAS</p><p>▪ Exemplo de concausa superveniente relativamente independente</p><p>(que sim, produziu por si só o resultado):</p><p>➢ Acarajéssica, com vontade de matar, desfere um tiro em</p><p>Sarapatelson, que segue em uma ambulância até o hospital.</p><p>Quando está recebendo os devidos cuidados médicos e enfim</p><p>melhorando, todavia, o hospital pega fogo, matando o paciente</p><p>carbonizado.</p><p>✓ Acarajéssica responderá por tentativa de homicídio,</p><p>estando o incêndio no hospital fora da linha de desdobra-</p><p>mento causal de um tiro e, portanto, imprevisível.</p><p>OBRIGADO!</p><p>Prof. Lucas de Carva lho</p><p>LDCA RV</p><p>(74 ) 9 8807 .8143</p><p>LU CA S C .A DV@O UTLOO K.CO M</p>