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<p>Universidade Federal de Viçosa</p><p>Departamento de Administração e Contabilidade</p><p>Programa de Pós-Graduação em Administração</p><p>Curso de Mestrado em Administração Pública</p><p>Disciplina: ADM 602 - Fundamentos da Administração Pública</p><p>Professor: Josiel Lopes Valadares</p><p>Aluna: Ludimila Rayana Silva de Jesus</p><p>Matrícula: 92771</p><p>RESENHA ANALÍTICA - ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIAL</p><p>O texto “O patrimonialismo em Faoro e Weber e a Sociologia brasileira”, destaca as</p><p>práticas patrimonialistas como inibidoras do florescimento do capitalismo moderno. Dessa</p><p>forma, caracterizam uma organização política que prioriza o personalismo na tomada de</p><p>decisões, utilizando o aparato estatal na defesa de interesses privados. A partir das</p><p>contribuições de Marx Weber e Raymundo Faoro, o texto compõe um estudo analítico sobre</p><p>a organização sócio-política brasileira, na qual o patrimonialismo acompanha da colônia até a</p><p>República.</p><p>O sociólogo alemão Marx Weber, compreende o patrimonialismo como uma forma de</p><p>dominação. Nesse modelo político é marcante a desigualdade e a diferenciação pela honra</p><p>pessoal, assim como a indistinção entre a esfera pública e privada. Para o autor, a capacidade</p><p>de influenciar as decisões do outro, demonstra o poder necessário à prática de dominação.</p><p>Sendo assim, a administração patrimonial é utilizada como instrumento de controle e</p><p>manutenção do poder vigente.</p><p>Para Weber, a dominação precisa ser legitimada e internalizada nos indivíduos</p><p>dominados, como se fossem detentores de tal vontade. Os tipos de dominação racional- legal,</p><p>carismática e tradicional, se mostram artifícios para legitimar tal feito. A dominação</p><p>racional-legal, se legitima em formas de leis, que são amplamente discutidas e aceitas</p><p>socialmente e , por isso detém um viés de impessoalidade, o que lhe confere a aceitação.</p><p>A dominação carismática se distingue pelo carisma do dominador, que amplia as</p><p>possibilidades de dominação. Nesse sentido, a legitimação decorre das habilidades de</p><p>oratória, poder de convencimento e articulação que fazem com que os dominados aceitem sua</p><p>vontade. Já a dominação tradicional se fundamenta pelos costumes firmados com tempo, que</p><p>adquirem o caráter de tradição.</p><p>Com isso, a fidelidade incorporada se torna uma lei moral e pode ser utilizada para</p><p>manter a estabilidade da dominação, porém esse fator também pode ser um indicativo de</p><p>problemas, devido a necessidade de abrir concessões que descentralizam o poder soberano.</p><p>Diante disso, a tradição compreende acordos com os servidores que precisam ser cumpridos e</p><p>se mostram como um resquício feudal, na tentativa de manter o poder e firmar a legitimidade,</p><p>resultando em um estado extremamente ineficiente, sem distinção entre os âmbitos público e</p><p>privado, favoritismo e a corrupção da desse modelo administrativo, evidenciam o</p><p>distanciamento entre os interesses do estamento e da sociedade civil.</p><p>Raymundo Faoro, compreende a sociedade dividida em estamentos, sendo estes: clero,</p><p>nobreza e povo. Este relaciona a formação do Estado brasileiro ao Estado português, calcada</p><p>no personalismo e no particularismo na tomada de decisões, na forma de estamento</p><p>burocrático. O aparato institucional no estamento burocrático é atribuído aos interesses dos</p><p>donos do poder, estabelecendo regras que privilegiam os grupos dominantes e perpetuam a</p><p>desigualdade, dado o resquício patrimonialista herdado da Coroa portuguesa e implantado na</p><p>Administração Pública brasileira.</p><p>As concepções de Marx Weber e Raymundo Faoro retratam o distanciamento da</p><p>formação de um estado capitalista emergente, devido aos resquícios da Administração Pública</p><p>Patrimonial, que ensejam o estado ineficiente e incapaz de prosperar rumo ao</p><p>desenvolvimento de estratégias que ampliem a capacidade nacional. Diante do distanciamento</p><p>entre os interesses da sociedade, a Administração Pública Patrimonial faz perdurar o</p><p>subdesenvolvimento e amarga os privilégios de classe.</p>