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<p>UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE</p><p>Centro de Ensino à Distância</p><p>Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa</p><p>Linguística Geral</p><p>Código: P0181</p><p>Módulo Único</p><p>24 Unidades</p><p>Direitos de autor (copyright)</p><p>Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à</p><p>Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou</p><p>reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer</p><p>meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de</p><p>entidade editora (Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O</p><p>não cumprimento desta advertência é passivel a processos judiciais.</p><p>Elaborado Por: dr. Jane Alexandre Z. Mutsuque,</p><p>Licenciado em Linguística e Literatura pela Universidade Eduardo Mondlane,</p><p>Colaborador do Curso de Licenciatura em ensino da Língua Portuguesa no Centro de Ensino</p><p>à Distância (CED) da Universidade Católica de Moçambique – UCM.</p><p>Universidade Católica de Moçambique</p><p>Centro de Ensino à Distância-CED</p><p>Rua Correia de Brito No 613-Ponta-Gêa</p><p>Moçambique-Beira</p><p>Telefone: 23 32 64 05</p><p>Cel: 82 50 18 44 0</p><p>Fax:23 32 64 06</p><p>E-mail: ced@ucm.ac.mz</p><p>Website: www.ucm.ac.mz</p><p>Agradecimentos</p><p>A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o autor do presente</p><p>manual, dr. Jane Alexandre Mutsuque, agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e</p><p>instituições:</p><p>Pela Coordenação e edição do Trabalho: dr. Armando Artur (Coordenador do Curso de</p><p>Licenciatura em Ensino da Língua</p><p>Portuguesa, no Centro de Ensino a</p><p>Distância);</p><p>Pela disponibilidade material:</p><p>dr. Pascoal Guiloviça</p><p>Centro de Ensino à Distância i</p><p>Índice</p><p>Visão Geral 8</p><p>Bem-vindo à Linguística Geral ................................................................................ 8</p><p>Objectivos da Cadeira ............................................................................................ 8</p><p>Quem deveria estudar este módulo .......................................................................... 8</p><p>Como está estruturado este módulo? ........................................................................ 9</p><p>Ícones de actividade ............................................................................................. 10</p><p>Habilidades de estudo........................................................................................... 10</p><p>Precisa de apoio? ................................................................................................. 10</p><p>Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ...................................................................... 11</p><p>Avaliação............................................................................................................ 11</p><p>Unidade 01: Introdução ao Estudo da Linguística 12</p><p>Introdução 12</p><p>1.1 A Linguística como Disciplina Científica ....................................................... 12</p><p>1.2 Panorama Histórica do Surgimento da Linguística (Fases da Linguística) .......... 13</p><p>1.3 Objecto do Estudo da Linguística .................................................................. 15</p><p>1.4 Ramos da Linguística ................................................................................... 17</p><p>1.5 Matéria e Tarefas da Linguística .................................................................... 18</p><p>1.6 Relação da Linguística com outras Ciências.................................................... 19</p><p>Sumário .............................................................................................................. 19</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 20</p><p>Unidade 02: Conceitos Básicos da Linguística 21</p><p>Introdução 21</p><p>Centro de Ensino à Distância ii</p><p>2.1 Competência Linguística vs Competência Comunicativa .................................. 21</p><p>2.3 Noções de Gramática, Tipos de Gramática e Universais Linguísticos ................... 22</p><p>Sumário .............................................................................................................. 26</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 27</p><p>Unidade 03: Origem da Linguagem 28</p><p>Introdução 28</p><p>3.1 Teorias Filosóficas da Linguagem .................................................................... 28</p><p>3.2 Evolução da Linguagem .................................................................................. 29</p><p>Sumário .............................................................................................................. 30</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 31</p><p>Unidade 04: Características Básicas da Linguagem Humana 32</p><p>Introdução 32</p><p>4.1 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças) ............................. 32</p><p>4.2 Algumas Componentes da Linguagem Humana ................................................. 32</p><p>Sumário .............................................................................................................. 34</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 34</p><p>Unidade 05: O Signo Linguístico 35</p><p>Introdução 35</p><p>5.1 O Signo Linguístico: a Teoria do Signo Linguístico ........................................... 35</p><p>Sumário .............................................................................................................. 37</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 38</p><p>Unidade 06: Competência/Performance e Língua/Fala 39</p><p>Introdução 39</p><p>Centro de Ensino à Distância iii</p><p>6.1 Distinção entre Competência Linguística e Performance ..................................... 39</p><p>6.2 Distinção entre Língua vs. Fala ........................................................................ 40</p><p>Sumário .............................................................................................................. 41</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 41</p><p>Unidade 07: Introdução à Fonética 42</p><p>Introdução 42</p><p>7.1 Princípios e Importância da Fonética; ............................................................... 42</p><p>7.2 Fonética Articulatória, Acústica e Auditiva ....................................................... 43</p><p>7.3 O Aparelho Fonador e o seu Funcionamento ..................................................... 43</p><p>7.4 O Alfabeto Fonético Internacional (Transcrição Fonética) .................................. 46</p><p>Sumário .............................................................................................................. 48</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 48</p><p>Unidade 08: Classificação dos Sons Linguísticos 50</p><p>Introdução 50</p><p>8.1 Classificação dos Sons Linguísticos ................................................................. 50</p><p>8.2 Transcrição Fonética: Larga e Estreita .............................................................. 54</p><p>Sumário .............................................................................................................. 55</p><p>Exercício ............................................................................................................</p><p>do signo linguístico.</p><p>1. Conceptualize o termo signo linguístico e apresente um exemplo de</p><p>tipo de signo linguístico.</p><p>2. Sobre as características do signo linguístico, fale do significado vs.</p><p>significante e do fenómeno arbitrariedade do signo linguístico.</p><p>3. Apresente três (3) características do signo linguístico. Ao fazeres a</p><p>menção deles, não te esqueça de trazer exemplos práticos que</p><p>possam consubstanciar as suas ideias.</p><p>Centro de Ensino à Distância 39</p><p>Unidade 06: Competência/Performance e Língua/Fala</p><p>Introdução</p><p>Para esta unidade abordaremos sobre a competência e a performance</p><p>linguísticas e a relação dos fenómenos língua e fala. Como podes ver,</p><p>vamos dar sequência a interiorização das temáticas fundamentais na</p><p>cadeira de linguística geral.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Definir competência e performance linguísticas;</p><p> Diferenciar competência da performance;</p><p> Conhecer os factores de que dependem a performance;</p><p> Diferenciar as dicotomias entre língua e fala</p><p>6.1 Distinção entre Competência Linguística e Performance</p><p>Se voltares até a segunda unidade deste módulo, poderás constatar que</p><p>já apresentamos algumas reflexões sobre a competência linguística.</p><p>Vamos nesta unidade voltar a falar dela mas numa outra vertente:</p><p>relacionando com uma outra componente dos estudo linguísticos – a</p><p>performance. Assim, para melhor contextualizar, vamos de novo</p><p>apresentar o respectivo conceito.</p><p>Designa-se por competência linguística ao conhecimento implícito que</p><p>o locutor tem da gramática da sua língua. Este conhecimento implícito</p><p>é o conhecimento que ninguém ensina ao locutor, é de carácter</p><p>inconsciente, porque ele possui um Dispositivo de Aquisição</p><p>Linguística, conhecido por LAD. Com efeito, logo que ele nasce</p><p>através do dispositivo de aquisição linguística, vai adquirindo a língua</p><p>da sociedade na qual está inserido.</p><p>Quanto à performance, é a utilização real em situações concretas da</p><p>competência de indivíduo. Ela depende dos factores socioculturais, da</p><p>fadiga e atenção ao tema.</p><p>Centro de Ensino à Distância 40</p><p>A competência linguística difere da performance em aspecto seguinte:</p><p> Enquanto a competência linguística é estática nos indivíduos a</p><p>performance é variável. A competência linguística permite que</p><p>cada um dos falantes de uma determinada língua reconheça se</p><p>as frases são ou não da nossa língua e se são gramaticais ou</p><p>agramaticais.</p><p>Com feito, considera-se frases gramaticais as que respeitam</p><p>todas as componentes gramaticais, e agramaticais quando não</p><p>respeitam nenhuma das componentes da gramática.</p><p>6.2 Distinção entre Língua vs. Fala</p><p>Ao falarmos da competência linguística, da competência comunicativa,</p><p>da performance, ou um outro elemento dentro dos estudos linguísticos,</p><p>temos que ter em conta que estes instrumentos de medição linguística</p><p>recaem num elemento fundamental para a comunicação: a língua.</p><p>Neste tópico vais compreender o significado que a língua tem enquanto</p><p>instrumento de comunicação. Nesta fase a abordagem que fazemos não</p><p>concebemos a língua como uma componente do organismo</p><p>(biologicamente), mais sim como um factor de comunicação. As</p><p>referências que aqui fazemos sobre a língua são comparadas a um outro</p><p>elemento muito importante na comunicação humana: a fala.</p><p>Designa-se língua ao património comum pertencente à uma dada</p><p>comunidade linguística.</p><p>Para SAUSSURE, a língua é um sistema de valores que se opõem uns</p><p>aos outros e que está depositado como produto social na mente de cada</p><p>falante de uma comunidade. Ela possui homogeneidade e por isto é o</p><p>objecto da linguística propriamente dita. A língua é um factor social.</p><p>Centro de Ensino à Distância 41</p><p>Diferente da fala que é um acto individual e está sujeita a factores</p><p>externos, muitos desses não linguísticos e, portanto, não passíveis de</p><p>análise. A diferença existente entre estes dois termos é que enquanto a</p><p>língua apresenta um carácter de colectividade, a fala apresenta um</p><p>carácter individual.</p><p>Sumário</p><p>Em resumo podemos definir competência linguística como o</p><p>conhecimento implícito que o locutor tem da gramática da sua língua.</p><p>Ela é estática nos indivíduos e permite que cada um dos falantes de uma</p><p>determinada língua reconheça se as frases são ou não da nossa língua e</p><p>se são gramaticais ou agramaticais.</p><p>A performance linguística é a utilização real em situações concretas da</p><p>competência de indivíduo. Ela é variável.</p><p>Língua é um sistema de valores que se opõem uns aos outros e que está</p><p>depositado como produto social na mente de cada falante de uma</p><p>comunidade. A fala é a realização concreta da língua; é um acto</p><p>individual e está sujeita a factores externos.</p><p>Exercícios</p><p>Se a leitura que fizeste foi totalmente compreendida, responda:</p><p>1. Estabeleça a(s) diferença(s) entre a competência e a performance.</p><p>2. Justifique a frase “a competência linguística é estática nos</p><p>indivíduos a performance é variável”.</p><p>3. Conceptualize os termos língua e fala e, em seguida, apresente dois</p><p>exemplos para cada um dos termos.</p><p>4. Porquê é que consideramos a língua como um factor social e a fala</p><p>não?</p><p>5. Segundo Saussure, “diferente da fala, a língua possui</p><p>homogeneidade”. Com base nos conhecimentos que possuis,</p><p>explique esta posição apresentada por Ferdinand de Saussure.</p><p>Centro de Ensino à Distância 42</p><p>Unidade 07: Introdução à Fonética</p><p>Introdução</p><p>A partir desta unidade vamos mais uma vez mudar a nossa linha de</p><p>abordagem. Vamos sim para a focalizar a nossa atenção para as</p><p>componentes da gramática referidas na primeira unidade deste manual.</p><p>Portanto nesta unidade vais poder compreender algumas ocorrências</p><p>dentro da fonética, saberás definir o conceito de fonética, as suas</p><p>vertentes, o aparelho fonador (responsável pela produção dos sons da</p><p>fala), os seus órgãos bem como a localização destes no aparelho</p><p>fonador. Sobre a localização e função das componentes do aparelho</p><p>fonador, trazemos uma figura que será composta por todos as</p><p>componentes deste aparelho, e posteriormente apresentamos as funções</p><p>de cada órgão para a produção dos sons.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Definir e indicar a importância da Fonética;</p><p> Identificar as componentes da fonética;</p><p> Conhecer os órgãos do aparelho fonador e os mecanismos que</p><p>intervêm na produção de sons fala humana;</p><p> Conhecer a localização e função de cada órgão do aparelho</p><p>fonador;</p><p>7.1 Princípios e Importância da Fonética;</p><p>Na construção de uma língua é preciso, em primeiro lugar, pensar em</p><p>fonologia e fonética, ou seja, saber o que são e como tratar os sons.</p><p>Então qual é a diferença entre fonologia e fonética? Bom, a fonologia</p><p>estuda o comportamento dos sons e dos fonemas numa língua, enquanto</p><p>a fonética estuda os sons e ecos fonemas (incluindo a sua evolução) ou</p><p>por outra, é o estudo dos sons da fala desde a sua produção da parte do</p><p>emissor e da sua percepção, da parte do receptor.</p><p>Centro de Ensino à Distância 43</p><p>7.2 Fonética Articulatória, Acústica e Auditiva</p><p>A fonética sendo o estudo dos sons da fala, divide-se em três</p><p>componentes, que são:</p><p> Fonética</p><p>articulatória, que se dedica a parte articulatória,</p><p>envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho fonador);</p><p> Fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos</p><p>físicos e</p><p> Fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das</p><p>reacções do som ao ouvido do receptor.</p><p>7.3 O Aparelho Fonador e o seu Funcionamento</p><p>Para que se produzam os sons que caracterizam a fala humana são</p><p>necessárias três condições:</p><p> Corrente de ar;</p><p> Obstáculo à corrente de ar;</p><p> Caixa de ressonância;</p><p> O que se traduz no aparelho fonador humano:</p><p>Os órgãos do aparelho fonador são os seguintes:</p><p> Pulmões</p><p> Traqueia</p><p> Laringe (cordas vocais e glote)</p><p> Lábios</p><p> Dentes</p><p> Alvéolos</p><p> Palato duro</p><p> Palato mole (véu palatino e úvula)</p><p> Parede rinofaríngea</p><p> Ápice da língua</p><p> Raiz da língua</p><p>A figura abaixo ilustra detalhadamente os componentes do aparelho</p><p>fonador humano.</p><p>Centro de Ensino à Distância 44</p><p>Figura 2 – Órgãos do Aparelho Fonador Humano</p><p>Os pulmões, brônquios e traqueia - são os órgãos respiratórios que</p><p>permitem a corrente de ar, sem a qual não existiriam sons. A maior</p><p>parte dos sons que conhecemos são produzidos na expiração, servindo a</p><p>inspiração como um momento de pausa; no entanto, há línguas que</p><p>produzem sons na inspiração, como o Zulo e o Boximane - são os</p><p>chamados cliques.</p><p>A laringe onde ficam as cordas vocais determina a sonoridade (a</p><p>vibração das cordas vocais) dos sons. A faringe, boca (e língua) e as</p><p>fossas nasais - formam a caixa de ressonância responsável por grande</p><p>parte da variedade de sons.</p><p>Olhemos por um momento para o esquema do aparelho fonador antes</p><p>de seguir o percurso do ar na produção de sons.</p><p>Figura 3 – Esquema do Aparelho Fonador Humano</p><p>Centro de Ensino à Distância 45</p><p>Ao expirar, os pulmões libertam ar que passa pelos brônquios para</p><p>entrar na traqueia (1) e chegar à laringe (2). Na laringe o ar encontra o</p><p>seu primeiro obstáculo: a glote (3) (mais ao menos ao nível da maçã-</p><p>de-adão3), mais conhecida como cordas vocais. Semelhantes a duas</p><p>pregas musculares, as cordas vocais podem estar fechadas ou abertas:</p><p>se estiverem abertas, o ar passa sem real obstáculo, dando origem a um</p><p>som surdo; se estiverem fechadas, o ar força a passagem fazendo as</p><p>pregas muscular vibrar, o que dá origem a um som sonoro.</p><p>Para se perceber melhor a diferença, experimente-se dizer "k" e "g"</p><p>(não "kê" ou "kapa", nem "gê" ou "jê"; só os sons [k] e [g]) mantendo</p><p>os dedos na maçã-de-adão. No primeiro caso não se sentirá vibração,</p><p>mas com o "g" sentir-se-á uma ligeira vibração - cuidado apenas para</p><p>não se dizerem vogais, pois são todas sonoras.</p><p>A distinção entre surda e sonora pode ser muito bem percebida na</p><p>pronúncia de duas consoantes que no mais se identificam. Assim: /p/ pé</p><p>(= surdo); /b/ bé (= sonoro) /t/ tê (= surdo); /d/ dé (= sonoro).</p><p>Depois de sair da laringe (2), o ar entra na faringe (4) onde encontra</p><p>uma encruzilhada: primeiro a entrada para a boca (5) e depois a para as</p><p>fossas nasais (6). No meio está o véu palatino (7) que permite que o ar</p><p>passe livremente pelas duas cavidades, originando um som nasal; ou</p><p>que impede a passagem pela cavidade nasal, obrigando o ar a passar</p><p>apenas pela cavidade bucal - resultando num som oral.</p><p>A corrente expiratória, ao sair da laringe, entra na cavidade da faringe</p><p>que lhe oferece duas vias de acesso ao exterior o canal bucal e o nasal</p><p>com a finalidade de determinar o som oral (= bucal) e o som nasal (=</p><p>3 Também chamada de gogó no Brasil, é uma saliência da cartilagem tiróide, existente</p><p>abaixo do osso hióide, junto à laringe, no pescoço humano, um dos órgãos envolvidos</p><p>no processo de fala. Esse crescimento é maior nos indivíduos do sexo masculino, pela</p><p>maior presença de hormónios masculinos, principalmente a testosterona.</p><p>Centro de Ensino à Distância 46</p><p>nasal). Veja a pronúncia das vogais: /a/ (oral), /ã/ (nasal) Conforme as</p><p>palavras: /a/ lá (oral), /ã/ lã (nasal) /a/ mato (oral), /ã/ manto (nasal).</p><p>A diferença é óbvia: compare-se o primeiro "a" em "Ana" com o de</p><p>"manta". A primeira vogal é oral e a segunda é nasal. Por fim, o ar está</p><p>na cavidade bucal (a boca) que funciona como uma caixa de</p><p>ressonância onde, usando os maxilares (8), as bochechas e,</p><p>especialmente, a língua (9) e os lábios (10), podem modular-se uma</p><p>infinidade de sons.</p><p>7.4 O Alfabeto Fonético Internacional (Transcrição Fonética)</p><p>A consciência da necessidade do estabelecimento de um sistema</p><p>notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da comunidade</p><p>científica levou, no fim século antepassado, à proposta de um alfabeto</p><p>fonético único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o</p><p>Alfabeto Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do</p><p>Inglês International Phonetic Alphabet).</p><p>Apesar das limitações, o IPA constitui hoje uma ferramenta básica para</p><p>qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação</p><p>propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar</p><p>que uma transcrição4 fonética é sempre uma representação simbólica,</p><p>necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras</p><p>propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades</p><p>que as caracterizam.</p><p>Além das próprias letras, existe uma grande variedade de símbolos</p><p>secundários que auxiliam na transcrição. Os sinais diacríticos podem</p><p>ser combinados às letras do AFI de maneira a transcrever os valores</p><p>fonéticos modificados, ou articulações secundárias.</p><p>4 Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético internacional</p><p>para transcrever um determinado idioma: pode-se representar os fonemas, através da</p><p>transcrição fonológica (que transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição</p><p>fonética, que representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres</p><p>entre colchetes).</p><p>Centro de Ensino à Distância 47</p><p>Existem também símbolos especiais para características supra-</p><p>segmentais, como tonicidade e entonação, que são utilizados com</p><p>frequência.</p><p>Símbolos e Diacríticos do AFI (exemplo do Português)</p><p>AFI</p><p>(IPA)</p><p>Ortografia Transcrição Fonética</p><p>acento principal</p><p>acento secundário</p><p>nasalização</p><p>velarização</p><p>desvozeamento</p><p>'</p><p>ˌ</p><p>~</p><p>̴</p><p>̥</p><p>café</p><p>cafezinho</p><p>fim; menta</p><p>sal; salta, Elvas</p><p>pato</p><p>[kɐ'fɛ]</p><p>[kɐˌfɛ'ziɲu]</p><p>[fĩ]; ['m tɐ]</p><p>[saɫ]; ['saɫtɐ]; ['ɛɫvɐ]</p><p>['patu̥]</p><p>Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.125.</p><p>Alfabeto Fonético Internacional</p><p>AFI</p><p>(IPA)</p><p>Ortografia Transcrição Fonética</p><p>Vogais i</p><p>e</p><p>ɛ</p><p>a</p><p>ɐ</p><p>i</p><p>ɔ</p><p>o</p><p>u</p><p>Fita</p><p>pela</p><p>seta</p><p>cara</p><p>cama</p><p>que; se</p><p>corda</p><p>mofo</p><p>mudo</p><p>['fitɐ]</p><p>['perɐ]</p><p>['sɛtɐ]</p><p>['karɐ]</p><p>['kɐmɐ]</p><p>[ki]; [si]</p><p>['kordɐ]</p><p>['mofu]</p><p>['mudu]</p><p>Semi-vogais j</p><p>w</p><p>pai, piada</p><p>pau, soalho</p><p>[paj]; ['pjadɐ]</p><p>[paw]; ['swaʎu]</p><p>Consoantes p</p><p>t</p><p>k</p><p>b</p><p>d</p><p>g</p><p>f</p><p>papo</p><p>tia; fato</p><p>casa; baque</p><p>barba</p><p>data; arde</p><p>gato; mago</p><p>férias; bafo</p><p>['papu]</p><p>['tiɐ]; ['fatu]</p><p>['kazɐ]; ['baki]</p><p>['barbɐ]</p><p>['datɐ]; ['ardi]</p><p>['gatu]; ['magu]</p><p>['fɛrjɐʃ]; ['bafu]</p><p>Centro de Ensino à Distância 48</p><p>s</p><p>ʃ</p><p>v</p><p>z</p><p>ʒ</p><p>l</p><p>ʎ</p><p>r</p><p>R</p><p>m</p><p>n</p><p>ɲ</p><p>selo; caça;</p><p>passa</p><p>chave; festas</p><p>vaca; cava</p><p>asa; azul; exacto</p><p>jacto; agir; asma</p><p>lado; sala</p><p>folha; alho</p><p>caro; parva</p><p>raiva; palra; carro</p><p>marca; turma</p><p>neta; cena</p><p>unha; pinha</p><p>['selu]; ['kasɐ]; ['pasɐ]</p><p>['ʃavi]; ['fɛʃtɐ]</p><p>['vakɐ]; ['kavɐ]</p><p>['azɐ]; [ɐ'zul]; [i'zatu]</p><p>['ʒatu]; [ɐ'ʒir]; ['aʒmɐ]</p><p>['ladu]; ['salɐ]</p><p>['foʎɐ]; ['aʎu]</p><p>['karu]; ['parvɐ]</p><p>['Rajvɐ]; ['palRɐ]; ['kaRu]</p><p>['markɐ]; ['turmɐ]</p><p>['nɛtɐ]; ['senɐ]</p><p>['uɲɐ]; ['piɲɐ]</p><p>Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.124.</p><p>Sumário</p><p>A fonética nos fornece os meios conducentes à descrição dos sons da</p><p>fala. Ela divide-se em três componentes: fonética articulatória, fonética</p><p>física e fonética auditiva ou perceptiva.</p><p>O aparelho fonador humano está composto pelos seguintes órgãos:</p><p>pulmões, traqueia, laringe (cordas vocais e glote), lábios, dentes,</p><p>alvéolos, palato duro, palato mole (véu palatino e úvula), parede</p><p>rinofarínge, ápice da língua, raiz da língua.</p><p>Exercícios</p><p>1. Com suas próprias palavras, apresente uma definição válida de</p><p>fonética.</p><p>2. Quais as principais componentes do aparelho fonador humano?</p><p>3. Como é que os sons da fala humana são produzidos?</p><p>4. Como os sons da fala são transmitidos?</p><p>5. Como os sons da fala são entendidos?</p><p>6. Localize e determine a função desempenhada pelos articuladores</p><p>activos na produção dos sons da fala.</p><p>Centro de Ensino à Distância 49</p><p>7. Tendo em conta as definições de CHOMSKS e HALLE (1968),</p><p>preencha as células da matriz seguinte indicando os valores + ou –</p><p>de cada traço para todos os segmentos.</p><p>p b f v m t d s z n ʃ ʒ ʎ ɲ K g r l</p><p>Soante</p><p>Silábico</p><p>Consonântico</p><p>Alto</p><p>Baixo</p><p>Recuado</p><p>Arredondado</p><p>Anterior</p><p>Coronal</p><p>Continuo</p><p>Estridente</p><p>Vozeado</p><p>Nazal</p><p>Lateral</p><p>Centro de Ensino à Distância 50</p><p>Unidade 08: Classificação dos Sons Linguísticos</p><p>Introdução</p><p>Na unidade anterior, estudaste os conceitos iniciais da fonética e</p><p>algumas das suas componentes. Vamos, ainda nesta unidade, continuar</p><p>a apresentar algumas noções fundamentais desta área de estudo. Desta</p><p>feita falaremos sobre a classificação dos sons da fala. Traremos ainda</p><p>nesta unidade alguns exercícios de transcrição fonética.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Descrever a classificação dos sons (consoantes, vogais e semi-</p><p>vogais);</p><p> Fazer a transcrição fonética.</p><p>8.1 Classificação dos Sons Linguísticos</p><p>Para a classificação dos sons é preciso ter em mente três questões</p><p>importantes:</p><p>Como é que os sons são produzidos?</p><p>Como são transmitidos?</p><p>Como são entendidos?</p><p>Tradicionalmente, devido à complexidade óbvia na classificação</p><p>segundo a transmissão e a compreensão, a classificação dos sons</p><p>baseia-se essencialmente no modo como os sons são produzidos, ou</p><p>seja, na sua articulação. No entanto, em alguns pontos classificatórios</p><p>também se baseia no modo como são transmitidos, ou seja, na acústica.</p><p>Como este capítulo não pretende ser exaustivo, mas ajudar quem não</p><p>tem conhecimentos neste campo, tentarei ser o mais simples e clara que</p><p>for possível (mesmo que, para isso, simplifique demais a gramática).</p><p>Centro de Ensino à Distância 51</p><p>Os sons classificam-se segundo três categorias:</p><p>o Vogais – os sons produzidos sem obstáculo à passagem do ar na</p><p>cavidade bucal (apenas varia a abertura à passagem do ar</p><p>causada pelos maxilares, língua e lábios), e com vibração das</p><p>cordas vocais.</p><p>o Consoantes – os sons produzidos com obstáculo à passagem do</p><p>ar na cavidade bucal.</p><p>o Semivogais – dois sons, por exemplo, [j] e [w], que formam</p><p>uma sílaba com uma vogal - ditongos e tritongos. Pode-se dizer</p><p>que são quase "formas fracas" de [i] e [u], estando a meio-</p><p>caminho entre vogais e consoantes.</p><p>8.1.1 Classificação das Vogais</p><p>As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto:</p><p> À região de articulação</p><p>o Palatais ou anteriores (língua elevada na zona do palato duro)</p><p>o Centrais ou médias (língua na posição de descanso)</p><p>o Velares ou posteriores (língua elevada na zona do véu palatino)</p><p> Ao grau de abertura (elevação do dorso da língua em direcção ao</p><p>palato)</p><p>o Abertas (o maior grau de abertura à passagem do ar)</p><p>o Semi-abertas</p><p>o Semi-fechadas</p><p>o Fechadas (o menor grau de abertura à passagem do ar)</p><p> Ao arredondamento ou não dos lábios</p><p>o Arredondadas</p><p>o Não-arredondadas</p><p> Ao papel das cavidades bucal e nasal</p><p>o Orais</p><p>o Nasais</p><p>Centro de Ensino à Distância 52</p><p>8.1.2 Classificação das Consoantes</p><p>As dezanove consoantes da língua portuguesa podem ser classificadas</p><p>quanto:</p><p> Ao Modo de Articulação - o ar encontra sempre obstáculo à sua</p><p>passagem:</p><p>o Oclusivas - quando os sons são retidos completamente na</p><p>cavidade bucal por certo período (o ar é interrompido</p><p>momentaneamente). Exemplo, na realização das consoantes [p];</p><p>[t]; [b]; [k]; [d].</p><p>o Constritivas - passagem do ar parcialmente obstruída, por</p><p>exemplo, na consoante [g].</p><p>o Fricativas - passagem do ar por uma fenda estreita no meio da</p><p>via bucal; som que lembra o de fricção. Ex: [f]; [v];[s];[z]; [ʃ] e</p><p>[ʒ].</p><p>o Laterais - passagem do ar pelos dois lados da cavidade bucal,</p><p>pois o meio encontra-se obstruído de algum modo.</p><p>o Vibrantes - caracterizadas pelo movimento vibratório rápido da</p><p>língua ou do véu palatino.</p><p>o Sibilantes - quando são articulados produzem um ruído</p><p>parecido com assobio. Ex: [ʒw] e [ʃ].</p><p>o Sons Retroflexos, acontece quando o ápice da língua se enrola</p><p>para a parte de trás dos alvéolos (palato duro). Estes sons</p><p>acontecem mais em língua inglesa nas palavras como; very e</p><p>summary.</p><p>o Líquidas - quando são produzidos há um envolvimento de</p><p>alguma obstrução lenta e livre na cavidade bucal. Esses sons</p><p>dividem-se em dois grupos:</p><p>a) Liquidas laterais; quando produzidos a parte anterior da</p><p>língua toca nos alvéolos, enquanto os lados estão em baixo,</p><p>permitindo a saída do ar lateralmente. Ex: [ɭ]; [ʎ]; [ɫ].</p><p>b) Líquidas vibrantes; quando produzidos há vibração da</p><p>úvula e da língua. Estes sons dividem-se em líquidas</p><p>vibrantes simples e múltiplas. As líquidas vibrantes simples,</p><p>Centro de Ensino à Distância 53</p><p>acontecem quando ocorre a vibração na região anterior da</p><p>língua, com um batimento nesta zona. Ex: [r].</p><p>c) As consoantes líquidas vibrantes múltiplas, que são</p><p>produzidas na região posterior da cavidade bucal com uma</p><p>ligeira vibração da úvula. Ex: [R].</p><p> Ao Ponto ou Zona de Articulação – o local onde é feita a</p><p>obstrução à passagem do ar):</p><p>o Bilabiais ou bilabiais - contacto dos lábios superiores e</p><p>inferior. Ocorre normalmente na pronúncia das consoantes [p];</p><p>[b] e [m].</p><p>o Labiodentais - é o contacto dos dentes do maxilar superior com</p><p>o lábio inferior, por exemplo na pronúncia das consoantes [f] e</p><p>[v].</p><p>o Linguodentais ou Interdentais - aproximação ou contacto da</p><p>zona anterior à ponta da língua com a face interior dos dentes do</p><p>maxilar superior. Exemplo, na realização da consoantes</p><p>[t] e [d].</p><p>o Alveolares - contacto da ponta da língua com os alvéolos no</p><p>maxilar superior. Exemplo, nas consoantes [l]; [n] e [r].</p><p>o Palatais - contacto do dorso da língua com o palato duro, ou</p><p>céu-da-boca, exemplo, na realização das consoantes [ʒ]; [ʃ] e</p><p>[ʎ].</p><p>o Velares - contacto da parte posterior da língua com o palato</p><p>mole, ou véu palatino, por exemplo, nas consoantes [l]; [n] e [r].</p><p> Ao Papel das Cordas Vocais:</p><p>o Surdas (ausência de vibração das cordas vocais)</p><p>o Sonoras (vibração das cordas vocais)</p><p> Ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal:</p><p>o Orais (passagem do ar apenas pela cavidade bucal)</p><p>o Nasais (passagem do ar pelas cavidades bucal e nasal)</p><p>Centro de Ensino à Distância 54</p><p>8.2 Transcrição Fonética: Larga e Estreita</p><p>Bom, até aqui já vimos como são os sons produzidos de um modo</p><p>básico. Mas muitas questões estão ainda por resolver: por exemplo,</p><p>qual a diferença entre um "p" e um "k"? Onde e como são estes sons</p><p>produzidos? A resposta, no entanto, tem de ser um pouco adiada.</p><p>Primeiro é preciso estabelecer algumas noções relativas aos sons e à sua</p><p>transcrição para que uns não falem de "alhos" e outros entendam</p><p>"bugalhos"!</p><p>Para começar é preciso distinguir som de fonema. Se todos sabemos o</p><p>que é um som (ainda agora mesmo vimos como se produziam!), então o</p><p>que é um fonema? Um fonema é um elemento de significado, o mais</p><p>pequeno que existe numa palavra - e que quase se pode confundir com</p><p>um som! Repare-se nas seguintes palavras:</p><p>Saco Taco</p><p>Se não fosse pelo "s" e "t" iniciais, as palavras não se distinguiriam.</p><p>Assim, trata-se de duas unidades - representadas fisicamente pelo som</p><p>(tornam-se audíveis) - que representam uma ideia. E como se</p><p>distinguem sons de fonemas? Porque o som é representado entre</p><p>[parêntesis rectos] e o fonema entre /barras/, enquanto as letras são</p><p>representadas entre "aspas". Concluindo: nas palavras "saco" e "taco"</p><p>os sons [s] e [t], representados pelas letras "s" e "t", correspondem aos</p><p>fonemas /s/ e /t/. No entanto, o fonema /s/ pode também ser escrito com</p><p>"ss" ("assado"), com "ç" ("aço"), com "c" ("cerca"), ou com "x"</p><p>("próximo"); podendo ser realizado quer com o som [s], no português</p><p>normal, quer com o som [], em certas regiões do Norte de Portugal e da</p><p>Galiza.</p><p>Agora vem um outro problema: como é que se sabe que som é qual</p><p>quando se escreve [a]? Será o [a] de "árvore" ou de "cana"? Sabe-se que</p><p>é o [a] de "árvore" porque existe um alfabeto fonético internacional,</p><p>que convencionou os símbolos que representam cada som e fonema.</p><p>Centro de Ensino à Distância 55</p><p>(Apesar de poder haver algumas interpretações ligeiramente diferentes</p><p>dos símbolos de língua para língua).</p><p>Embora o AFI ofereça mais de cem símbolos para transcrever a fala,</p><p>não é necessário que se utilize de todos os símbolos relevantes ao</p><p>mesmo tempo; é possível transcrever a fala com diferentes níveis de</p><p>precisão. O tipo mais preciso de transcrição fonética, no qual os sons</p><p>são descritos com o maior nível de detalhe que o sistema permite, sem</p><p>qualquer preocupação com a significância linguística das distinções</p><p>feitas desta maneira, é conhecido como transcrição estreita, ou</p><p>detalhada.</p><p>Qualquer outra coisa recebe o nome de transcrição larga ou ampla,</p><p>embora estes termos sejam, obviamente, relativos. Os dois tipos de</p><p>transcrição são representadas geralmente entre colchetes, porém a</p><p>transcrição larga por vezes pode estar entre barras e não colchetes.</p><p>Exemplo de transcrição:</p><p>larga = [fo'nɛtikɐ]; [artikula'tɔriɐ]</p><p>Fonética articulatória</p><p>estreita = [fo'nɛtikɐrtikula'tɔriɐ]</p><p>Sumário</p><p>Em síntese podemos compreender que os sons da fala humana</p><p>classificam-se em três (3) categorias, a saber: vogais, consoantes e</p><p>semivogais.</p><p>As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto à região</p><p>de articulação, ao grau de abertura, ao arredondamento ou não dos</p><p>lábios e ao papel das cavidades bucal e nasal. As consoantes são</p><p>classificadas dependendo do modo de articulação, do ponto ou zona de</p><p>articulação, do papel das cordas vocais e do papel da cavidade bucal e</p><p>nasal.</p><p>Centro de Ensino à Distância 56</p><p>Exercício</p><p>1. Classifique os sons seguintes:</p><p>a) [m]</p><p>b) [a]</p><p>c) [r]</p><p>d) [y]</p><p>e) [e]</p><p>2. Classifique todas as consoantes constantes nas frases:</p><p>a) Desenvolvimento</p><p>b) Melhoramento</p><p>3. Faça transcrição fonética estreita/larga das palavras abaixo:</p><p>a) Casas amarelas</p><p>b) Lençol</p><p>c) Passatempo</p><p>d) Rádio</p><p>e) Corredor interior</p><p>f) Onda</p><p>g) Mais ou menos</p><p>h) Porco preto</p><p>i) Quadro</p><p>j) Fogueira</p><p>k) Dinheiro</p><p>l) Milhares</p><p>Centro de Ensino à Distância 57</p><p>Unidade 09: Introdução à Fonologia</p><p>Introdução</p><p>Sabemos que na linguagem humana existe um conjunto de sons</p><p>particulares. Igualmente sabemos que, quando aprendemos uma língua</p><p>aprendemos os sons que ocorrem na língua em causa e quais as regras</p><p>para a sua articulação. Para esta unidade vamos introduzir uma outra</p><p>componente da gramática: a fonologia. Vais conhecer alguns contornos</p><p>sobre o funcionamento da fonologia dentro dos estudos linguísticos.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Definir fonologia;</p><p> Indicar a importância da fonologia para os estudos</p><p>linguísticos;</p><p> Aludir acerca dos conceitos fone, fonema e alofones;</p><p> Distinguir classe natural dos pares mínimos trabalhados em</p><p>fonologia.</p><p>9.1 Conceito de Fonologia</p><p>A fonologia estuda a maneira segundo a qual os sons da linguagem</p><p>formam sistemas e modelos. Ela procura explicar como é que o falante-</p><p>ouvinte consegue reconhecer uma infinitude de sons, que fazem parte</p><p>da sua língua. Sendo assim, a fonologia é o estudo da organização dos</p><p>sons da fala em sistemas e modelos numa determinada língua</p><p>particular.</p><p>9.2 Fonema, Fones e Alofones</p><p>Em todas as línguas existem palavras que apresentam significados</p><p>diferentes e que se distinguem num único som. Estes som que</p><p>distinguem as palavras denominam-se unidades distintivas e</p><p>correspondem à fonemas em qualquer língua. Ex: bala e pala, só se</p><p>diferenciam nas consoantes iniciais, b e p e correspondem fonemas em</p><p>Português. Sendo assim, são fonemas, sons que distinguem as palavras</p><p>Centro de Ensino à Distância 58</p><p>numa certa língua, permitindo o contraste de significado, ou ainda</p><p>unidades distintivas na língua.</p><p>Os fonemas constituem pares mínimos, na medida em que os sons só se</p><p>contrastam num único traço, e se representam em barras oblíquas,</p><p>sendo /b/ e /p/ para o caso das palavras acima.</p><p>Os fonemas quando se realizam fisicamente já não têm esta designação,</p><p>são os fones, que correspondem às representações físicas dos fonemas.</p><p>Além dos fonemas e fones, temos os alofones que correspondem às</p><p>diversas realizações fonéticas de um mesmo som ou fonema. Ex:</p><p>[´kalu] e [ʹkaɫdu] verificamos duas realizações diferentes do som /l/ que</p><p>são /l/ e /ɫ/. No entanto estas duas pronúncias não correspondem à dois</p><p>fonemas distintos, visto que nunca podemos opô-los em pares mínimos.</p><p>Os alofones dependem da posição do fonema na palavra. Então, como</p><p>os dois sons nunca ocorrem na mesma posição estão distribuídos em</p><p>contextos diferentes diz-se que estão em distribuição complementar.</p><p>9.3 Classes Naturais e Pares Mínimos</p><p>Em fonologia, a classe natural é um jogo completo dos sons que podem</p><p>ser descritos por um ou por mais características fonéticas a qual tem na</p><p>terra comum. Especificamente, podem ser descritos usando poucas</p><p>características do que seja necessário para fornecer uma descrição</p><p>exaustiva de cada som individual, ao também usar mais características</p><p>do que seja necessário para descrever os sons.</p><p>Por exemplo, o jogo que contem os sons [p], [t], e [k] é uma classe</p><p>natural em inglês, a saber batentes voiceless. Outras classes naturais</p><p>incluem líquidos, nasais, velares.</p><p>Além, os membros de uma classe natural comportar-se-ão similarmente</p><p>no mesmo ambiente fonético, e ter-se-ão um efeito similar nos sons que</p><p>ocorrem em seu ambiente.</p><p>Centro de Ensino à Distância 59</p><p>Sumário</p><p>Em resumo, podemos dizer que a fonologia estuda a maneira segundo a</p><p>qual os sons da linguagem formam sistemas e modelos.</p><p>Os fones correspondem às representações físicas dos fonemas. Os</p><p>alofones correspondem às diversas realizações fonéticas de um mesmo</p><p>som ou fonema.</p><p>Classe natural é um jogo completo dos sons que podem ser descritos</p><p>por um ou por mais características fonéticas a qual tem na terra comum.</p><p>Exercícios</p><p>Com categoria, resolva os seguintes exercícios:</p><p>1. Crie palavras em qualquer língua, e destaque sons que constituem</p><p>fonemas na língua em causa.</p><p>2. Explique o fenómeno de distribuição complementar dos sons, e de</p><p>seguida apresente um (1) exemplo de distribuição complementar.</p><p>3. Diferencie fonemas dos fones e alofones e de seguida apresente um</p><p>exemplo de cada termo.</p><p>4. Caracterize a classe com traços distintivos:</p><p>[k, x, n, g]</p><p>[f, s, ∫, v, p, z, З]</p><p>Centro de Ensino à Distância 60</p><p>Unidade 10: Processos Fonológicos (Regras Fonológicas)</p><p>Introdução</p><p>Dando continuidade aos estudos fonológicos, vamos nesta unidade</p><p>debruçar acerca dos processos fonológicos, particularmente das regras</p><p>fonológicas.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Descrever e indicar a importância dos processos fonológicos para</p><p>os estudos linguísticos;</p><p> Discernir acerca dos processos de assimilação, supressão e de</p><p>inserção;</p><p> Formalizar regras fonológicas do português.</p><p>10.1 Importância dos Processos Fonológicos</p><p>As regras fonológicas foram introduzidas para explicar a relação que os</p><p>sons estabelecem entre si num determinado sistema linguístico. As</p><p>regras fonológicas mais decorrentes no Português Europeu são as</p><p>seguintes:</p><p>10.2 Regras Fonológicas (Processos de assimilação, supressão e de</p><p>inserção)</p><p> Regra de Assimilação, que acontece quando numa determinada</p><p>palavra o som anterior assimila os traços do som posterior. Ex:</p><p>musgo [ʹmuʒgu]; manga [ʹmãga]; casta [ʹʃ].</p><p>Nas palavras acima, verificamos que os sons [s], [n], [s], assimilam os</p><p>traços dos sons seguintes, sendo assim:</p><p> Para o primeiro caso a consoante [s] que de natureza é menos</p><p>vozeada, assimila o traço do som [g], que é mais vozeado</p><p>passando para [ʒ], que é uma consoante vozeada;</p><p>Centro de Ensino à Distância 61</p><p> No segundo caso, a vogal [a] assimila o traço da consoante nasal</p><p>[n], saindo de menos nasal para mais nasal [ã];</p><p> Para o terceiro caso vemos que o som anterior [s] que é menos</p><p>vozeado ou surda assimila os traço do som seguinte [t] que</p><p>também é surdo, saindo de [s] para [ʃ].</p><p> Regra de Supressão, que acontece quando num determinado</p><p>segmento, um som é pronunciado. Ex: esperar [ʹʃperar]; esteira</p><p>[ʹʃteȷra]; espelho [ʹʃpeʎu].</p><p>Nos casos acima, constatamos que na transcrição fonética que é o que</p><p>constitui a pronúncia do falante, a vogal [e], no início da palavra, não se</p><p>pronuncia ou não se realiza. Portanto, dá-se a supressão deste som.</p><p>Um outro exemplo de supressão, em português, na fala coloquial, dá-se</p><p>na vogal [ə] que normalmente é suprimida. A representação da</p><p>supressão nas regras fonológicas é feita pelo por [Ø] (indica a vogal</p><p>suprimida). A indicação do contexto é desnecessário visto que esta</p><p>regra se aplica sempre sobre a regra de elevação/recuo da vogal, única</p><p>realização da vogal [ə].</p><p>Regra de supressão de [ə]</p><p> Regra de Inserção. Numa determinada palavra ocorre a inserção</p><p>quando o falante pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons que</p><p>não constitui regra de funcionamento dessa língua. No caso do</p><p>Português, temos como exemplo: pneu [ʹpinew]; economia</p><p>[enkoʹnomȷa].</p><p>V</p><p>+ alt Ø</p><p>+ rec</p><p>- arr</p><p>Centro de Ensino à Distância 62</p><p>Nas palavras acima houve a inserção dos sons sublinhados. Isto</p><p>acontece porque é fruto de influência das Línguas Bantu de</p><p>Moçambique sobre o Português Europeu.</p><p>9.3 Formalização de Regras Fonológicas do Português</p><p>O falante/ouvinte de uma língua ao adquirir a linguagem não armazena</p><p>uma a uma as unidades dos diferentes níveis (fonológico, morfológico,</p><p>sintáctico), mas vai adquirindo, para além das unidades mínimas, as</p><p>regras de funcionamento da língua, regras produtivas que aplica</p><p>sistematicamente. Por essa razão se pode dizer que o saber gramatical</p><p>é um saber regular.</p><p>O nível fonológico, tal como os outros níveis, estão regulados por</p><p>regras que o relacionam com o nível fonético. Ao falarmos, por</p><p>exemplo, da pronúncia do /s/ em fim de palavra, referimos as suas</p><p>diversas realizações que dependem do contexto fonético: [z] antes de</p><p>vogal na palavra seguinte (más aves [ʹmas ʹavəʃ]); [∫] na palavra pás</p><p>[pá∫] (plural de pá) e [s] em palavra como assa [ásɐ]. Portanto:</p><p>[z]</p><p>/s/ [∫]</p><p>[s]</p><p> Regras das Vogais Átonas de Português</p><p>Se considerarmos as regras que alteram /ɛ/, /e/ e /ɔ/, /o/, respectivamente,</p><p>para [ə] e [u], vemos que ambas tornam as vogais subjacentes [+altas]</p><p>sendo, portanto, regras de elevação. Isto significa que existe algo de</p><p>comum nas regras que se aplicam sobre as vogais não acentuadas do</p><p>português (nota-se que a vogal /a/ também se torna [-baixa], ou seja,</p><p>também se eleva). Essa alteração conjunta pode representar-se por meio</p><p>de única regra, se tornarmos em consideração os seguintes factores:</p><p> As vogais /ɛ/ e /e/ são [-rec] e [-arr];</p><p> As vogais /ɔ/ e /o/ são [+rec] e [+arr];</p><p> Todas se tornam [+alt] mas também [-rec] (/ɔ/ e /o/ já o eram</p><p>mantêm-se como tal).</p><p>Centro de Ensino à Distância 63</p><p>Utilizando uma variável (p.e. ɐ), e antecedendo os traços [rec] e [+arr] dessa</p><p>variável, a sua substituição por [+] representa /ɔ/ e /o/. Podemos assim</p><p>formular a regra seguinte:</p><p> Regra de Elevação das Vogais Átonas do Português</p><p>Pode-se assim concluir que:</p><p> As vogais da língua portuguesa, por regra geral, tornam-se [-</p><p>baixas] em sílabas não acentuadas;</p><p> /ɛ/, /e/, /ɔ/, /o/ tornam-se [+altas];</p><p> As vogais /ɛ/, /e/ tornam-se também [+recuadas].</p><p>Portanto, regra geral, o vocalismo átono do português sofre um</p><p>processo de elevação e de recuo.</p><p>O Triangulo Vocálico</p><p>+ alta i ə u</p><p>- alta</p><p>- baixa</p><p>e</p><p>o</p><p>ɐ</p><p>+baixa ɛ ɔ</p><p>a</p><p>- recuada + recuada</p><p>Sumário</p><p>As regras fonológicas foram introduzidas para explicar a relação que os</p><p>sons estabelecem entre si</p><p>num determinado sistema linguístico.</p><p>Regra de assimilação acontece quando numa determinada palavra o</p><p>som anterior assimila os traços do som posterior. A Regra de supressão</p><p>acontece quando num determinado segmento, um som é pronunciado.</p><p>V</p><p>- alt + alt</p><p>α rec + rec</p><p>α arr - ac</p><p>Centro de Ensino à Distância 64</p><p>Regra de Inserção acontece quando numa determinada palavra ocorre a</p><p>inserção quando o falante pronuncia a palavra e inclui um ou mais sons</p><p>que não constitui regra de funcionamento dessa língua.</p><p>Exercícios</p><p>1. Explique, exemplificando os termos inserção e supressão.</p><p>2. Diga o tipo de regra fonológica patente em cada palavra e de</p><p>seguida apresente uma justificação para cada tipo de regra patente.</p><p>a) Interior</p><p>b) Esmeralda</p><p>c) Manguço</p><p>d) Fungo</p><p>3. Explique por que se pode dizer que certas fricativas em fim de</p><p>sílaba sofrem uma neutralização. Apresente outro exemplo de</p><p>neutralização de fonemas no português europeu.</p><p>Centro de Ensino à Distância 65</p><p>Unidade 11: Introdução à Morfologia</p><p>Introdução</p><p>Vamos nesta unidade passar a falar de mais uma componente da</p><p>gramática: desta vez é a morfologia. No âmbito deste tema a nossa</p><p>atenção irá para a unidade morfológica, a palavras. Falaremos também</p><p>sobre estrutura interna das palavras, os morfemas e seus diferentes</p><p>tipos. O capítulo da morfologia será abordado nas próximas quatro</p><p>unidades.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Definir a Morfologia;</p><p> Conhecer a palavra segundo critérios de definição da mesma;</p><p> Identificar as unidades da palavra (morfemas);</p><p> Distinguir morfemas livres dos morfemas presos.</p><p>11.1 A Concepção de Morfologia</p><p>De um modo geral, deves compreender que o capítulo da morfologia</p><p>diz respeito a estrutura interna das palavras e o modo como esta</p><p>estrutura reflecte as relações entre palavras, associadas de um modo</p><p>particular.</p><p>Na análise morfológica, têm sido cruciais as noções de palavras e</p><p>morfemas, respondendo cada uma, um vasto projecto incompleto de</p><p>pesquisa.</p><p>11.2 Critérios da Definição da Palavra (semânticos, sintácticos,</p><p>fonológicos e morfológicos)</p><p>Uma das questões prévias e inessenciais que se coloca à morfologia é a</p><p>da definição do próprio conceito de palavra. A questão é bastante</p><p>complexa e tem dado origem a variados debates e propostas de</p><p>linguistas com opções teóricas diversas, sem que haja, até agora uma</p><p>resposta consensual. Na impossibilidade de basear uma definição na</p><p>Centro de Ensino à Distância 66</p><p>intuição dos falantes, a análise linguística deve enunciar critérios</p><p>formais para a definição da palavra motivados pelas suas diferentes</p><p>componentes: fonologia, morfologia, sintáctica e semântica.</p><p>O contínuo sonoro pode ser segmentado de várias formas, de acordo</p><p>com os conhecimentos que os falantes possuem do sistema linguístico</p><p>em que se integra. Um tipo de unidades resultantes da segmentação do</p><p>contínuo sonoro é definido como domínio para atribuição do acento</p><p>principal da palavra. Os processos fonológicos que afectam os</p><p>segmentos que se encontram no inicio desse domínio, por vezes,</p><p>distintos dos que afectam os segmentos que se encontram no final desse</p><p>domínio, o que justifica este tipo de segmentação. Consideremos, agora</p><p>a seguinte frase:</p><p> A Maria preparou um belo discurso de despedida.</p><p>Nas sequências [ɐmɐríɐ], [prɛpɐró], [ữbɛlu]. Único acento principal de</p><p>palavras, mas essas sequências não coincidem com as sequências que a</p><p>representação sintáctica identifica como palavra. Damos, então, a estas</p><p>sequências o nome de palavras prosódicas ou de palavras</p><p>fonológicas.</p><p>Em sintaxe, as palavras são unidades que ocupam posições</p><p>determinadas pelas estruturas sintácticas, designadas posições Xo . X é</p><p>uma variável que cobre a totalidade das categorias sintácticas</p><p>(adjectivo, nome, preposição, verbo, etc.) e o um indicador que essa é</p><p>uma posição de núcleo de uma categoria sintagmática.</p><p>Em semântica, a definição de palavra é ainda mais complexa.</p><p>Consideremos aqui que a palavra se relaciona com o valor referencial</p><p>inerente a uma sequência, por oposição a outras sequências que não têm</p><p>qualquer valor referencial, mas são operadores de vária ordem. Na</p><p>frase Maria, preparou, belo, discurso e despedida são, deste, deste</p><p>ponto de vista, palavras e a, um e de são operadores.</p><p>Centro de Ensino à Distância 67</p><p>A definição de palavras em morfologia recorre ao critério sintáctico de</p><p>identificação de uma sequência que ocupa uma posição Xo, e em</p><p>critérios morfológicos de análise da sua estrutura interna.</p><p>Uma língua é constituída de um infinito de frases. Cada uma delas</p><p>possui uma face sonora, ou seja a cadeia falada, e uma face</p><p>significativa, que corresponde ao seu conteúdo. Uma frase, por sua vez,</p><p>pode ser dividida em unidades menores de som e significado – as</p><p>PALAVRAS – e em unidades ainda menores, que apresentam apenas</p><p>a face significante – os FONEMAS.</p><p>As palavras são, pois, unidades menores que a frase e maiores que o</p><p>fonema. Assim, na frase</p><p>Évora! Ruas ermas sob os céus</p><p>Cor de violetas roxas…</p><p>(Florbela Espança, S, 149.)</p><p>Distinguimos dez palavras, todas com independência ortográfica. E em</p><p>cada uma dessas palavras identificamos um certo número de fonemas.</p><p>Por exemplo, cinco e quatro em Évora e ruas, respectivamente:</p><p>/e/ /v/ /o/ /r/ /a/ e /r/ /u/ /a/ /s/</p><p>11.3 Tipos de Morfemas</p><p>Como fizemos referencia acima, existem unidades de som e conteúdo</p><p>menores que as palavras. Na palavra ruas, por exemplo, temos de</p><p>reconhecer a existência de duas unidades significativas: rua e –s. o</p><p>primeiro elemento – rua – também se emprega como palavra isolada ou</p><p>serve para formar outras palavras isoladas: arruaça, arruamento, etc. já</p><p>a forma plural –s, que vai aparecer no final de muitas outras palavras</p><p>(ermas, céus, violetas, roxas, etc.) nunca poderia realizar-se como</p><p>palavra individual, autónoma. Essa unidade significativa mínima dá-</p><p>se o nome de MORFEMA.</p><p>Centro de Ensino à Distância 68</p><p>Quando os morfemas apresentam manifestações fonéticas diferentes de</p><p>um único morfema dá-se o nome de VARIANTE DE MORFEMA ou</p><p>ALOMORFE. Por exemplo, o morfema –s, em:</p><p> Casas amarelas, realiza-se como [z]. [z]</p><p> Casas bonitas, realiza-se como [ʒ]. /s/ [ʒ]</p><p> Casas pequenas, realiza-se como [ʃ]. [ʃ]</p><p>Retomando a palavra ruas, distinguimos dois morfemas: um deles é rua</p><p>que forma por si só um vocábulo e outro –s não tem existência</p><p>autónoma, aparece sempre ligado a um morfema anterior. Os linguistas</p><p>costumas chamar MORFEMAS LIVRES, os que podem figurar</p><p>sozinhos como vocábulos, e MORFEMAS PRESOS aqueles que não se</p><p>encontram nunca isolados, com autonomia vocabular.</p><p>Quanto a natureza da classificação, os morfemas classificam em</p><p>Lexicais e Gramaticais.</p><p>11.3.1 Morfemas Lexicais</p><p>Os morfemas lexicais têm significação externa, porque referente a</p><p>factos do mundo extralinguístico, aos símbolos básicos de tudo o que os</p><p>falantes distinguem na realidade objectiva ou subjectiva. Exemplo:</p><p>Évora céu roxa cor rua</p><p>São morfemas lexicais os substantivos, os adjectivos, os verbos</p><p>e os</p><p>advérbios de modo.</p><p>11.3.2 Morfemas Gramaticais ou Funcionais</p><p>Os morfemas gramáticas são de significação interna, pois deriva das</p><p>relações e categorias levadas em conta pela língua. Exemplo, na frase</p><p>Évora! Ruas ermas sob os céus</p><p>Cor de violetas roxas…</p><p>(Florbela Espança, S, 149.)</p><p>Centro de Ensino à Distância 69</p><p>o artigo o, as preposições sob e de, a marca do feminino –a nas palavras</p><p>(rox-a, erm-a) e a de plural nas palavras (rua-s, erma-s, o-s, céu-s,</p><p>violeta-s, roxa-s), são indicativos restritos de morfemas gramaticais ou</p><p>funcionais.</p><p>No geral, são morfemas gramaticais os artigos, os pronomes, os</p><p>numerais, as preposições, as conjunções e os demais advérbios, bem</p><p>como as formas indicadoras de número, género, tempo, modo ou</p><p>aspecto verbal.</p><p>Nota:</p><p>Outras características, não semânticas, opõem os morfemas lexicais aos</p><p>gramaticais. Por um lado, os morfemas lexicais são de número elevado,</p><p>indefinido, em virtude de constituírem uma classe aberta, sempre</p><p>passível de ser acrescida de novos elemento.</p><p>Por outro lado, os morfemas gramaticais pertencem a uma série</p><p>fechada, de número definido e restrito de idiomas. Consequentemente,</p><p>se os examinarmos num dado texto, verificamos que os morfemas</p><p>lexicais apresentam frequência média baixa, em contraste com a</p><p>frequência média alta dos morfemas gramaticais.</p><p>Centro de Ensino à Distância 70</p><p>Sumário</p><p>Do exposto acima podemos sintetizar estas informações com as</p><p>seguintes linhas: o objecto específico da morfologia consiste no</p><p>conhecimento das palavras, enquanto unidades de análise linguística,</p><p>dos seus elementos constituintes e das relações existentes entre os</p><p>constituintes da palavra, ou seja, da sua estrutura interna, bem como das</p><p>relações existentes entre as palavras.</p><p>A Palavra é a unidade menor de som e significado dentro de uma frase.</p><p>As unidades ainda menores, que apresentam apenas a face significante</p><p>são fonemas. Os morfemas são unidade significativa mínima (dentro</p><p>duma palavras).</p><p>Existem dois tipos de morfemas: morfemas lexicais que têm</p><p>significação externa e morfemas gramáticas são de significação interna.</p><p>Exercícios</p><p>Lidos que foram os apontamentos, responda as perguntas que se</p><p>seguem.</p><p>1. Com sua próprias palavras, defina a Morfologia.</p><p>2. Quais são as unidades morfológicas que conhece?</p><p>3. Defina palavra. Exemplifica.</p><p>4. Indique as unidades das palavras abaixo com as suas significações:</p><p>a) Limão</p><p>b) Normalidade</p><p>c) Vasos</p><p>d) Carpinteiro</p><p>e) Mangueiras</p><p>f) Desmiola</p><p>g) Dor</p><p>h) Fazer</p><p>5. Construa uma frase com pelo menos seis (6) palavras. Identifique os</p><p>tipos de morfemas existentes nas palavras.</p><p>Centro de Ensino à Distância 71</p><p>Unidade 12: Morfologia da Palavra</p><p>Introdução</p><p>Ainda nesta unidade vamos continuar a dedicar a nossa atenção para o</p><p>estudo da morfologia. Em particular estudaremos um elemento de</p><p>tamanha importância nesta área de estudo – a palavra.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Definir palavras;</p><p> Reconhecer a estrutura interna da palavra;</p><p> Referir a cerca do radical, tema, vogal temática;</p><p> Distinguir palavra simples de palavras complexas.</p><p>12.1 Estrutura Interna da Palavra</p><p>Estudar a estrutura das palavras é estudar os elementos que formam a</p><p>palavra, denominados de morfemas. Vamos em seguida estudar esses</p><p>elementos para melhor compreendermos esta temática.</p><p>12.1.1 Afixos (Prefixos, Infixo e Sufixos)</p><p>Os afixos são os elementos que se juntam ao radical para formar novas</p><p>palavras. Muitas das vezes a junção dos afixos com os radicais resultam</p><p>na mudança da classe da palavra, podendo um substantivo passar a ser</p><p>um adjectivo ou adverbio, etc. Os afixos são:</p><p> Prefixo – é o afixo que aparece antes do radical para formar uma</p><p>nova palavra. Por exemplo, as palavras fazer, incapaz e moral</p><p>podem resultar desfazer (des+fazer), incapaz (in+capaz) e amoral</p><p>(a+moral).</p><p> Sufixo – é o afixo que aparece depois do radical, do tema ou do</p><p>infinitivo. Por exemplo, as palavras pensar, acusar e feliz, podem</p><p>resultar pensamento (pensa+mento), acusação (acusa+cão) e</p><p>felizmente (feliz+mente).</p><p>Centro de Ensino à Distância 72</p><p> Infixos (vogais ou consoantes de ligação) – são vogais e</p><p>consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar mais fácil</p><p>e agradável a pronúncia de certas palavras. Por exemplo, nas</p><p>palavras flores, bambuzal, gasómetro, cafeteira.</p><p>12.1.2 Radical, Tema e Vogal Temática</p><p> Radical</p><p>O que contém o sentido básico do vocábulo. Aquilo que permanece</p><p>intacto, quando a palavra for modificada.</p><p>Ex: falar, comer, dormir, casa, carro</p><p>Quando se trata de verbo, descobre-se o radical retirando a terminação</p><p>AR, ER ou IR.</p><p> Vogal Temática</p><p>Podemos encontrar a vogal temática nos verbos, substantivos e</p><p>adjectivos. Nos verbos elas são reconhecidas na terminação verbal</p><p>através das vogais A, E e I. A sua ocorrência nos verbos dão indicação</p><p>a que conjugação o verbo pertence.</p><p>1ª Conjugação = verbos terminados em AR</p><p>2ª Conjugação = verbos terminados em ER</p><p>3ª Conjugação = verbos terminados em IR.</p><p>Nem todos os verbos têm a terminação as vogais A, E e I. É o caso do</p><p>verbo pôr. Nestes casos recorre-se ao étimo da palavras uma vez que</p><p>ela sofreu transformações ao longo dos tempo. Portanto, o verbo pôr</p><p>provém do poer o que significa que é da 2ª conjugação. Nos</p><p>substantivos e adjectivos, são as vogais A, E, I, O e U, no final da</p><p>palavra, evitando que ela termine em consoante. Por exemplo, nas</p><p>palavras: meia, táxi, pente, couro, urubu.</p><p>Atenção: Não se pode confundir vogal temática de substantivo e</p><p>adjectivo da desinência nominal de género.</p><p>Centro de Ensino à Distância 73</p><p> Tema</p><p>O tema é a junção do radical com a vogal temática. Se não existir a</p><p>vogal temática, o tema e o radical serão o mesmo elemento; o mesmo</p><p>acontecerá quando o radical for terminado em vogal.</p><p>Nos verbos o tema sempre é a soma do radical com a vogal temática:</p><p>estudR+aVT; comR+eVT; partR+iVT</p><p>Nos substantivos e adjectivos, nem sempre isso acontece. Vejamos</p><p>alguns exemplos: no substantivo pasta, past é o radical, a, a vogal</p><p>temática e pasta o tema. Já na palavra leal, o radical e o tema são o</p><p>mesmo elemento – leal, pois não há vogal temática. Na palavra tatu</p><p>também, mas agora, porque o radical é terminado pela vogal temática.</p><p>12.2 Palavras Simples e Complexas</p><p>A estrutura morfológica das palavras simples diferem das complexas</p><p>apenas no domínio do radical, ou seja, as palavras complexas são, na</p><p>realidade radicais complexos, cuja especificação morfológica e morfo-</p><p>sintáctica processa-se de modo idêntico ao das palavras simples.</p><p> Palavra simples é aquela que possui apenas um único radical,</p><p>independentemente de possuir desinência ou não. Por exemplo, são</p><p>palavras simples: lápis, tesoureiro, entristecer. Portanto, a palavra</p><p>simples tem um radical e um sufixo realizado pelos morfemas a, o</p><p>ou e. Este é um tipo de palavras simples (nome e adjectivos) muito</p><p>frequente em português.</p><p> Palavras complexas são aquelas que possuem mais de um radical</p><p>ligados, normalmente separado por um hífen. Exemplo, infeliz,</p><p>casinha, ramificação, pelaria, desorganizar, etc. Neste</p><p>tipo de</p><p>palavras é possível identificar, pelo menos dois constituintes: um</p><p>radical e um ou mais afixos (que não são realizados ou não são</p><p>apenas realizados, pelos morfemas a, i ou o); ou um radical ou uma</p><p>palavra, e outra palavra. As palavras complexas exemplificadas</p><p>Centro de Ensino à Distância 74</p><p>em (i) são palavras derivadas e as registadas em (ii) são palavras</p><p>compostas:</p><p>(i) 1. felic idade</p><p>RADICAL SUFIXO</p><p>2. ad mit i r</p><p>PREXIXO RADICAL VT SUFIXO</p><p>(ii) 1. neuro cirurgião</p><p>RADICAL PALAVRA</p><p>2. bomba relógio</p><p>PALAVRA PALAVRA</p><p>Atenção:</p><p>Não se pode confundir palavras complexas com palavras compostas</p><p>formadas por derivação prefixal. Como vimos acima, a classificação</p><p>das palavras simples opõe-se a palavra complexa: o radical de uma</p><p>palavra simples não se pode decompor: o radical da palavra complexa</p><p>integra dois ou mais constituintes.</p><p>Sumário</p><p>Em síntese podemos definir a palavra como sendo a unidade menor de</p><p>som e significado dentro de uma frase. Ela está composta por vários</p><p>elementos, por exemplo, os afixos.</p><p>Os afixos são os elementos que se juntam ao radical para formar novas</p><p>palavras. Existem três tipos de afixos: prefixo (que se coloca antes do</p><p>radica), infixo (que se aplica entre dois morfemas) e sufixo (que se</p><p>coloca depois do radical).</p><p>Numa palavra, radical é a parte que contém o sentido básico do</p><p>vocábulo; aquilo que permanece intacto, quando a palavra for</p><p>modificada. O tema é a junção do radical com a vogal temática.</p><p>Centro de Ensino à Distância 75</p><p>Palavra simples é aquela que possui apenas um único radical,</p><p>independentemente de possuir desinência ou não. Palavras complexas</p><p>são aquelas que possuem mais de um radical ligados, normalmente</p><p>separado por um hífen.</p><p>Exercícios</p><p>1. Construa uma representação da estrutura interna para cada uma das</p><p>seguintes palavras, elaborando um pequeno comentário, sempre que</p><p>julgue adequado fazê-lo</p><p> Desculpabilização</p><p> Despenalização</p><p> Desestabilização</p><p> Infalibilidade</p><p> Electrificação</p><p> Pé de galinha</p><p> Carta-bilhete</p><p> Comboio-fantasma</p><p> Caixeiro-viajante</p><p> Meia-lua</p><p> Porta-estandarte</p><p> Abre-latas</p><p>2. Com base nas palavras do exercício anterior, diga quais são</p><p>palavras simples e palavras complexas. Justifica cada uma das suas</p><p>opções.</p><p>Centro de Ensino à Distância 76</p><p>Unidade 13: Língua e Escrita (historiografia da escrita)</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade vamos nortear a nossa atenção para um outro capítulo</p><p>dentro dos estudos linguísticos – a descrição historiográfica da escrita.</p><p>Vamos igualmente procurar estabelecer uma relação entre a língua e a</p><p>escrita.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Aludir acerca da historiografia da escrita;</p><p> Indicar os três principais tipos de escrita;</p><p> Relacionar língua com a escrita.</p><p>13.1 História da Escrita</p><p>A escrita é um dos instrumentos básicos da civilização, sem ela o</p><p>mundo tal como conhecemos não poderia existir. A primeira escrita foi</p><p>“escrita rupestre” que utilizava pictograma para representar</p><p>directamente objectos. Os pictogramas foram utilizados e as pessoas</p><p>começaram a associa-los aos sons das palavras que representam os</p><p>objectos das suas línguas.</p><p>Ao princípio, os Sumérios criaram um sistema de escrita pictográfica</p><p>para registar as suas transacções comerciais. Esse sistema foi mais tarde</p><p>alargado a outros usos tendo por fim evoluído para uma escrita</p><p>cuneiforme altamente estilizada. A escrita cuneiforme foi adoptada por</p><p>vários povos e adoptada para ser usada num sistema de escrita silábica</p><p>por aplicação do princípio do rebus em que se usava o símbolo de uma</p><p>palavra para representar qualquer palavra ou símbolo contendo os</p><p>mesmos sons.</p><p>Os egípcios também desenvolveram um sistema pictográfico que ficou</p><p>reconhecido por hieróglifo. Este sistema foi adoptado por muitos povos</p><p>incluindo os fenícios que melhoravam usando-o como o silabário.</p><p>Centro de Ensino à Distância 77</p><p>Num sistema silábico de escrita, existe um símbolo para cada sílaba. Os</p><p>gregos adoptaram este sistema fenício e ao adopta-lo para a sua própria</p><p>língua usaram os símbolos para representar unidades individuas de</p><p>sons, inventando assim o primeiro alfabeto.</p><p>13.2 Tipos de Escrita</p><p>Há três tipos de sistemas de escrita que hoje são usados no mundo:</p><p>(i.) Escrita por palavras, em que todos os símbolos os caracteres</p><p>representam uma palavra ou morfema (como em chinês);</p><p>(ii.) Escrita silábica, em que cada símbolo representa uma sílaba</p><p>(como em japonês); e</p><p>(iii.) Escrita alfabética, em que cada símbolo representa (na maior</p><p>parte dos casos) um fonema (como em português).</p><p>13.3 Relação das Línguas com a Escrita</p><p>Muitas línguas existentes no mundo não têm forma escrita, o que não</p><p>significa que sejam menos desenvolvidas. Aprende-se a falar antes de</p><p>se aprender a escrever e historicamente passaram dezenas de milhares</p><p>de anos durante os quais a língua foi falada antes de existir algum tipo</p><p>de escrita.</p><p>A influência dos sistemas de escrita sobre a linguagem oral pode ser</p><p>pequena. As línguas mudam no tempo, mas o sistema tendem a ser</p><p>mais conservador; quando as formas escrita e oral de uma língua</p><p>começam a divergir, algumas palavras podem ser pronunciadas como</p><p>são escritas, muitas vezes devido aos esforços feitos pelos</p><p>“reformadores de pronúncia”.</p><p>Há vantagens na existência de um sistema ortográfico conservador.</p><p>Uma ortografia comum permite que os falantes dos dialectos que</p><p>divergiram da língua possam comunicar através da escrita como bem</p><p>exemplifica a situação na China, onde os dialectos são mutuamente</p><p>ininteligíveis. Além disso, podemos também ler e compreender o que</p><p>foi escrito a muitos séculos.</p><p>Centro de Ensino à Distância 78</p><p>Sumário</p><p>A escrita é um dos instrumentos básicos da civilização. A primeira</p><p>escrita foi “escrita rupestre” que utilizava pictograma para representar</p><p>directamente objectos.</p><p>Os Sumérios criaram um sistema de escrita pictográfica para registar as</p><p>suas transacções comerciais. Essa escrita foi chamada escrita</p><p>cuneiforme. Por sua vez, os egípcios desenvolveram um sistema</p><p>pictográfico que ficou reconhecido por hieróglifo.</p><p>Há três tipos de sistemas de escrita: escrita por palavras, escrita silábica</p><p>e escrita alfabética. Apesar da enorme falta de correspondência entre o</p><p>som e a ortografia, a ortografia reflecte o conhecimento morfológico e</p><p>tecnológico dos falantes de uma língua.</p><p>Exercícios</p><p>Abordados que foram assuntos relacionados com a historia da escrita,</p><p>achamos que já estas em condições para responder com categoria as questões</p><p>que se seguem.</p><p>1. Faça uma síntese em dois (2) parágrafos sobre o panorama histórico</p><p>do surgimento da escrita.</p><p>2. Indique três línguas no mundo que se relacionam à escrita por palavras,</p><p>escrita silábica e escrita alfabética</p><p>3. Relacione a linguagem oral da linguagem escrita.</p><p>4. Qual é a importância da escrita. Apresente exemplos elucidativos.</p><p>5. Qual são as vantagens da existência de uma ortografia</p><p>conservadora?</p><p>Centro de Ensino à Distância 79</p><p>Unidade 14: Regras Gerais de Formação das Palavras</p><p>Introdução</p><p>Ainda sobre morfologia, vamos nesta unidade debruçar sobre algumas</p><p>regras que funcionam no processo de formação de palavras na língua</p><p>portuguesa.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Descrever regras morfológicas de formação de palavras</p><p>(nominalização, adjectivação e verbalização);</p><p> Diferenciar classes abertas e classes fechadas.</p><p>14.1 Regras Morfológicas de Formação de Palavras</p><p>Basicamente, é possível identificar dois processos de formação de</p><p>palavra: derivação e composição. Na derivação está necessariamente</p><p>envolvido um radical e um afixo, enquanto a composição requer a</p><p>intervenção de dois radicais ou palavras.</p><p>A categoria sintáctica da base e a da palavra complexa permitem</p><p>complementar a identificação do processo de que essa palavra</p><p>complexa é o resultado. Considerando apenas as categorias sintácticas</p><p>adjectivo, nome e verbo, cujo estatuto morfológico parece ser</p><p>diferente do das restantes categorias, podemos esquematizar os</p><p>processos de formação de palavras da seguinte forma:</p><p>1. ………. [+N, +V] adjectivação</p><p>2. ………. [+N, - V] nominalização</p><p>3. ………. [- N, +V] verbalização</p><p>Considerando igualmente a categoria sintacta da base, obtemos uma</p><p>identificação completa dos processos de formação de palavras:</p><p>1. [+N, +V] [+N, +V] adjectivalização deadjectival</p><p>Ex: normal anormal</p><p>2. [+N, -V] [+N, +V] adjectivalização denominal</p><p>Ex:montanha montanhoso</p><p>Centro de Ensino à Distância 80</p><p>3. [-N, +V] [+N, +V] adjectivalizaçao deverbal</p><p>Ex: interessar interessante</p><p>4. [+N, +V] [+N, -V] nominalização deadjectival</p><p>Ex: claro claridade</p><p>5. [+N, -V] [+N, -V] nominalização denominal</p><p>Ex: leitor leitorado</p><p>6. [-N, +V] [+N, -V] nominalização deverbal</p><p>Ex: animar animação</p><p>7. [+N, +V] [-N, +V] verbalização deadjectival</p><p>Ex: fácil facilitar</p><p>8. [+N, -V] [-N, +V] verbalização denominal</p><p>Ex: equação equacionar</p><p>9. [-N, +V] [-N, +V] verbalização deverbal</p><p>Ex: dormir dormitar</p><p>Sumário</p><p>A categoria sintáctica de base e a da palavra complexa permitem</p><p>complementar a identificação do processo de que essa palavra</p><p>complexa é o resultado. Considerando apenas as categorias sintácticas</p><p>adjectiva, nome e verbo.</p><p>Exercícios</p><p>1. Construa uma família de palavras a partir de cada uma das seguintes</p><p>formas:</p><p>1. Forma</p><p>2. Chave</p><p>3. Belo</p><p>4. Fácil</p><p>5. Plantar</p><p>6. Colher</p><p>Centro de Ensino à Distância 81</p><p>2. Identifique os constituintes de cada uma das palavras que constituem</p><p>as famílias que construiu e classifique-os (radical, prefixos, sufixo,</p><p>palavras).</p><p>3. Classifique morfologicamente essas mesmas palavras:</p><p>(i.) Quanto à sua estrutura (palavras simples/palavras complexas).</p><p>(ii.) Quanto ao processo de formação de palavras</p><p>(derivação/composição)</p><p>(iii.) Quanto à especialização categorial dos processos de formação</p><p>de palavras (adjectivalizaçao denominal/nominalização</p><p>deverbal/verbalização deadjectival, etc.).</p><p>4. Analise cada um dos seguintes conjuntos de palavras e identifique os</p><p>afixos que as integram, e explicite as suas propriedades morfológicas:</p><p>Estudante</p><p>Pendente</p><p>Pedinte</p><p>Alucinante</p><p>Dependente</p><p>Seguinte</p><p>Centro de Ensino à Distância 82</p><p>Unidade 15: Processos de Formação de Palavras (Morfologia)</p><p>Introdução</p><p>Continuamos ainda nesta unidade a falar sobre a morfologia,</p><p>particularmente sobre os processos de formação de palavras na sua</p><p>vertente de derivação e composição. Vamos procura aprofundar e falar</p><p>sobre os processos morfológicos: sigla, acronímia, abreviaturas,</p><p>empréstimos e extensão metafórica.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Descrever os processos morfológicos: de derivação e composição;</p><p> Descrever processos não-morfologicos: acronia, abreviatura,</p><p>misturas e empréstimos.</p><p>15.1 Derivação e Composição</p><p>A derivação é um processo de formação de palavras em que os afixos</p><p>associados a uma forma de base determinam não só a categoria</p><p>sintáctica, mais também todas as propriedades gramaticais das palavras</p><p>derivadas: género, traços semânticos, conjugação no caso de verbos).</p><p>No processo morfológico de modificação, os afixos não determinam as</p><p>propriedades gramaticais das formas que integram (é o caso da</p><p>formação dos aumentativos, diminutivos, do superlativo absoluto</p><p>sintético dos adjectivos, assim como de algumas formas de prefixação,</p><p>como na palavra feliz – infeliz; fazer – refazer; atar – desatar).</p><p> Casario é uma palavra formada por derivação sufixal: é activado o</p><p>sufixo –io, com o valor semântico de reunião, colectivo ( -r- é uma</p><p>consoante de ligação). Trata-se de um processo de derivação e não</p><p>do de modificação, porque não há determinação do género nem do</p><p>traço semântico: casa (feminino, contável) – casario (masculino,</p><p>não contável).</p><p>Centro de Ensino à Distância 83</p><p>Outros exemplos:</p><p>Mulher (feminino, contável) – mulherio (masculino, não</p><p>contável).</p><p>Folha (feminino, contável) – folhagem (feminino, não contável).</p><p> Chuva – chuvisco: processo de formação por associação de sufixo</p><p>derivacional (há determinação do valor de género).</p><p>Chuvisco – chuviscar: adjunção da vogal temática -a- (1ª</p><p>conjugação) e do morfema do infinitivo -r. Trata-se do processo de</p><p>conversão, pois a forma de base é integrada numa nova categoria</p><p>sintáctica sem recurso a sufixo.</p><p>Outros verbos formados por conversão:</p><p>Culpa – culpar</p><p>Samba – sambar</p><p>Baliza – balizar</p><p>A composição é um processo de formação de palavras resultante da</p><p>união de dois ou mais radicais, conforme a fusão dos elementos</p><p>componentes, ela poderá ser feita por justaposição ou aglutinação – as</p><p>palavras associadas conservam cada qual sua autonomia fonética, isto é,</p><p>cada componente conserva seu acento tónico e seus fonemas. Exemplo,</p><p>na palavra passatempo.</p><p>15.2 Outros Processos de Formação de Palavra</p><p> Sigla vs. Acronímias</p><p>A sigla é um processo que consiste na redução de uma palavra ou de</p><p>um grupo de palavras às suas iniciais para designar organismos,</p><p>partidos políticos, associações, clubes desportivos, etc.; é a letra inicial</p><p>ou grupo de letras iniciais que entram na composição da abreviatura de</p><p>certas palavras. Exemplo: MDM – Movimento Democrático de</p><p>Moçambique; SCB – Sporting Clube da Beira; ONP – Organização</p><p>Centro de Ensino à Distância 84</p><p>Nacional dos Professores. Outras siglas: UNESCO, OPEP, URSS, UA,</p><p>EUA, EU, etc.</p><p>Acronímia é o conjunto de processos morfológicos que levam a</p><p>formação de acrónimos, cuja particularidade é a de serem pronunciadas</p><p>como uma corrente; apresenta-se sob a forma de siglas, amalgamas ou</p><p>de novas unidades lexicais. A acronímia é um fenómeno neológico</p><p>muito produtivo em língua, com grande dinâmica, por exemplo, na</p><p>atribuição de nomes próprios para designar novos abjectos, instituições</p><p>ou organismos. Exemplo: MICOA – MInistério da COordenação</p><p>Ambiental</p><p> Abreviaturas</p><p>Abreviação é a redução da escrita de uma palavra ou de uma locução,</p><p>usadas em geral na escrita, onde frequentemente utiliza-se com um</p><p>ponto</p><p>final para indicar que se trata de uma forma incompleta, como</p><p>por exemplo: abrev. (Abreviatura) e pres. Ind. (presente do indicativo),</p><p>V. Ex.ª (Vossa Excelencia</p><p>A sigla é um caso especial de abreviatura: consiste na escrita abreviada</p><p>de uma locução substantiva ou de um nome composto representados</p><p>por iniciais maiúsculas dos elementos que os compõem. Exemplo:</p><p>O.N.U. (Organização das Nações Unidas)</p><p> Empréstimos</p><p>Os empréstimos são palavras provenientes de outras línguas e</p><p>adaptadas à nova língua, como basquetebol (Ing. basketball),</p><p>cavalheiro (Cast. Caballero), dama (Fr. Dame) ou piano (It. Piano).</p><p>O empréstimo pode não ser directo como no caso de jardim, do alemão</p><p>garten, que entra no português por intermédio da forma do francês –</p><p>jardin. A língua de onde são provenientes determina o nome com que a</p><p>tradição gramatical os indica (respectivamente, anglicismo,</p><p>castelhanismo, galicismo, italianismo, germanismo). O tempo decorrido</p><p>Centro de Ensino à Distância 85</p><p>desde da sua importação e o modo como essas palavras foram</p><p>adaptadas pela nova língua são responsáveis pela maior ou menor</p><p>facilidade na identificação da sua origem.</p><p> Extensão Metafórica</p><p>A extensão metafórica contribui de forma muito significativa para o</p><p>alargamento do léxico duma língua. Este processo consiste em atribuir</p><p>a uma palavra uma nova interpretação semântica. Exemplo:</p><p>Borracho 1. Pombo novo.</p><p>2. Odre feito de pele de cabrito para transporte de</p><p>vinho.</p><p>3. Homem embriagado .</p><p>4. Rapaz ou rapariga bonita.</p><p>Piloto 1. Individuo que regula a direcção de um navio.</p><p>2. Individuo que regula a direcção de um avião.</p><p>3. guia.</p><p>Sumário</p><p>Em resumo podemos definir derivação como um processo de formação</p><p>de palavras em que os afixos associados a uma forma de base</p><p>determinam não só a categoria sintáctica, mais também todas as</p><p>propriedades gramaticais das palavras derivadas.</p><p>A composição é também um processo de formação de palavras</p><p>resultante da união de dois ou mais radicais, conforme a fusão dos</p><p>elementos componentes, ela poderá ser feita por justaposição ou</p><p>aglutinação.</p><p>A sigla é um processo que consiste na redução de uma palavra ou de</p><p>um grupo de palavras às suas iniciais para designar organismos,</p><p>partidos políticos, associações, clubes desportivos, etc.</p><p>Centro de Ensino à Distância 86</p><p>Acronímia é o conjunto de processos morfológicos que levam a</p><p>formação de acrónimos, cuja particularidade é a de serem pronunciadas</p><p>como uma corrente; apresenta-se sob a forma de siglas, amalgamas ou</p><p>de novas unidades lexicais.</p><p>A abreviação é a redução da escrita de uma palavra ou de uma locução,</p><p>usadas em geral na escrita, onde frequentemente utiliza-se com um</p><p>ponto final para indicar que se trata de uma forma incompleta.</p><p>Os empréstimos são palavras provenientes de outras línguas e adaptadas</p><p>à nova língua.</p><p>A extensão metafórica contribui de forma muito significativa para o</p><p>alargamento do léxico duma língua.</p><p>Exercícios</p><p>1. Distinga palavras complexas das palavras compostas.</p><p>2. Apresente para cada um dos processos de formação de palavra</p><p>cinco (5) processos resultantes:</p><p>a) Acronímia</p><p>b) Abreviatura</p><p>c) Sigla</p><p>d) Amalgama</p><p>e) Extensão metafórica</p><p>Centro de Ensino à Distância 87</p><p>Unidade 16: Introdução à Semântica</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade vamos volta a mais uma componente da gramática.</p><p>Desta fez vamos falar dos princípios da semântica, mais concretamente</p><p>sobre a noção de sema, enunciado, frase, proposição. Além disso,</p><p>falaremos sobre o sentido e referência, expressões genérica e</p><p>referencial.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Apresentar noção de:</p><p>o Semântica,</p><p>o Sema,</p><p>o Sentido e referencia,</p><p>o Expressão referencial e genérica.</p><p>16.1 Conceito da Semântica</p><p>O vocábulo semântica “σημαντικός”, derivado de sema, (sinal); refere-</p><p>se ao estudo do significado, em todos os sentidos do termo. A</p><p>semântica opõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se</p><p>ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as</p><p>estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por</p><p>exemplo, escritos ou falados).</p><p>Dependendo da concepção de significado que se tenha, têm-se</p><p>diferentes semânticas. A semântica formal, a semântica da enunciação</p><p>ou argumentativa e a semântica cognitiva, por exemplo, estudam o</p><p>mesmo fenómeno, mas com conceitos e enfoques diferentes.</p><p>A semântica é, portanto a componente da gramática que estuda o</p><p>significado e sentido que as palavras veiculam numa determinada</p><p>língua. A semântica como componente da gramática é muito recente,</p><p>mas o seu objecto de estudo que é o significado é remoto, já se estudava</p><p>em filosofia, lógica, etc.</p><p>Centro de Ensino à Distância 88</p><p>16.1.1 Noção de Sema</p><p>Sema, corresponde ao conjunto de traços particulares que caracterizam</p><p>um ser, coisa, objecto etc. Ex: a palavra ovo tem traços semânticos que</p><p>o caracterizam, nomeadamente: tem forma oval, de cor castanha ou</p><p>branca, tem casca, tem gema e clara.</p><p>É através da construção de semas que os falantes de uma determinada</p><p>língua podem ter o significado ou sentido absoluto de algo ouvido ou</p><p>visto. Portanto, sabe-se que os falantes de uma determinada língua logo</p><p>que ouvem o som, associam-no ao seu referente, à medida que</p><p>associam constroem determinados semas, com a finalidade de obterem</p><p>a ideia global.</p><p>16.1.2 Noção de Sentido e Referência</p><p> Noção de Sentido</p><p>Sentido, é o lugar que uma palavra ocupa no sistema de relações com</p><p>outras palavras numa determinada frase de uma certa língua.</p><p> Noção de Referência</p><p>O termo referência foi introduzido para estabelecer a relação entre as</p><p>palavras e as coisas, acções e qualidades que elas apresentam. A</p><p>referência pressupõe a existência ou realidade que se deriva da nossa</p><p>experiência directa dos objectos no mundo físico. Portanto, dizer que</p><p>uma palavra ou unidade tem significado “ se refere” à um objecto</p><p>implica que o seu referente é um objecto existente no mundo real.</p><p>A relação que existe entre as palavras e as coisas (referentes) é a de</p><p>referência, as palavras não significam e nem denominam as coisas mas</p><p>sim referem-nas.</p><p>16.1.3 Expressão Referencial e Genérica</p><p>Expressão referencial é uma expressão usada num enunciado para</p><p>referir alguma coisa, pessoa, isto é; usada como um determinado</p><p>referente na mente. A expressão pode ser o nome de uma pessoa, um</p><p>Centro de Ensino à Distância 89</p><p>sintagma, um substantivo etc. Ex: o nome “Pedro’’ num enunciado</p><p>como “O Pedro saiu de carro”. Ao proferir este enunciado o falante tem</p><p>em mente o nome “Pedro”, sendo assim podemos considerar que este</p><p>nome é uma expressão referencial porque o falante tem em mente a</p><p>pessoa de quem se fala.</p><p>Em contrapartida, num enunciado como “Não conheço nenhum Pedro</p><p>nesta casa”, o nome Pedro já não constitui uma expressão referencial</p><p>visto que o falante não tem em mente o tal Pedro.</p><p>Além de expressão referencial de outro lado, temos a expressão</p><p>genérica, que acontece quando o falante no momento que profere o</p><p>enunciado não tem em mente algo, pessoa, objecto etc., de quem se fala</p><p>mas sim profere-o na sua generalidade.</p><p>56</p><p>Unidade 09: Introdução à Fonologia 57</p><p>Introdução 57</p><p>9.1 Conceito de Fonologia .................................................................................... 57</p><p>9.2 Fonema, Fones e Alofones ............................................................................ 57</p><p>9.3 Classes Naturais e Pares Mínimos.................................................................. 58</p><p>Sumário .............................................................................................................. 59</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 59</p><p>Unidade 10: Processos Fonológicos (Regras Fonológicas) 60</p><p>Introdução 60</p><p>Centro de Ensino à Distância iv</p><p>10.1 Importância dos Processos Fonológicos .......................................................... 60</p><p>10.2 Regras Fonológicas (Processos de assimilação, supressão e de inserção) ............ 60</p><p>9.3 Formalização de Regras Fonológicas do Português ............................................ 62</p><p>Sumário .............................................................................................................. 63</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 64</p><p>Unidade 11: Introdução à Morfologia 65</p><p>Introdução 65</p><p>11.1 A Concepção de Morfologia .......................................................................... 65</p><p>11.2 Critérios da Definição da Palavra (semânticos, sintácticos, fonológicos e</p><p>morfológicos) ...................................................................................................... 65</p><p>11.3 Tipos de Morfemas ....................................................................................... 67</p><p>Sumário .............................................................................................................. 70</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 70</p><p>Unidade 12: Morfologia da Palavra 71</p><p>Introdução 71</p><p>12.1 Estrutura Interna da Palavra ....................................................................... 71</p><p>12.2 Palavras Simples e Complexas ................................................................... 73</p><p>Sumário .............................................................................................................. 74</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 75</p><p>Unidade 13: Língua e Escrita (historiografia da escrita) 76</p><p>Introdução 76</p><p>13.1 História da Escrita ........................................................................................ 76</p><p>13.2 Tipos de Escrita ............................................................................................ 77</p><p>13.3 Relação das Línguas com a Escrita ................................................................. 77</p><p>Sumário .............................................................................................................. 78</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 78</p><p>Unidade 14: Regras Gerais de Formação das Palavras 79</p><p>Introdução 79</p><p>Centro de Ensino à Distância v</p><p>14.1 Regras Morfológicas de Formação de Palavras ................................................ 79</p><p>Sumário .............................................................................................................. 80</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 80</p><p>Unidade 15: Processos de Formação de Palavras (Morfologia) 82</p><p>Introdução 82</p><p>15.1 Derivação e Composição ............................................................................... 82</p><p>15.2 Outros Processos de Formação de Palavra ....................................................... 83</p><p>Sumário .............................................................................................................. 85</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 86</p><p>Unidade 16: Introdução à Semântica 87</p><p>Introdução 87</p><p>16.1 Conceito da Semântica .................................................................................. 87</p><p>Sumário .............................................................................................................. 89</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 89</p><p>Unidade 17: Propriedades Semânticas (identidade ou igualdade de sentido) 91</p><p>Introdução 91</p><p>17.1 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido) ................................. 91</p><p>Sumário .............................................................................................................. 92</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 93</p><p>Unidade 18: Propriedades Semânticas (oposição ou dissemelhança de sentido) 94</p><p>Introdução 94</p><p>18.1 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido ........................................ 94</p><p>Sumário .............................................................................................................. 97</p><p>Exercícios ........................................................................................................... 97</p><p>Unidade 19: Introdução à Pragmática 98</p><p>Introdução 98</p><p>Centro de Ensino à Distância vi</p><p>19.1 Conceito de Pragmática ............................................................................. 98</p><p>19.2 Actos Ilocutórios ........................................................................................ 100</p><p>Sumário ............................................................................................................ 102</p><p>Exercícios ......................................................................................................... 102</p><p>Unidade 20: Noção da Sintaxe (estrutura dos constituintes) 104</p><p>Introdução 104</p><p>20.1 Conceito de Sintaxe .................................................................................... 104</p><p>20.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos) .................................. 105</p><p>20.3 Frase, Oração e Período ............................................................................... 112</p><p>20.4 Tipos Básicos de Frases .............................................................................. 113</p><p>Sumário ............................................................................................................ 115</p><p>Exercícios ......................................................................................................... 116</p><p>Unidade 21: Língua e Fala 117</p><p>Introdução 117</p><p>21.1 Acepções sobre o Conceito de Língua. .......................................................... 117</p><p>21.2 Diferenças entre a Língua e Fala .................................................................. 119</p><p>Sumário ............................................................................................................ 120</p><p>Exercícios ......................................................................................................... 121</p><p>Unidade 22: A Língua na Sociedade (Noções da Sociolinguística) 122</p><p>Introdução 122</p><p>22.1 Relação Língua e Sociedade ........................................................................ 122</p><p>Sumário ............................................................................................................</p><p>Ex: “O Homem sempre é</p><p>orgulhoso.” A expressão O Homem é genérica porque o falante não tem</p><p>em mente o tal Homem, isto é, ele fala na sua generalidade.</p><p>Sumário</p><p>Nesta unidade falamos sobre a semântica, onde além de definir este</p><p>termo centramo-nos sobre as noções de sema, enunciado, frase,</p><p>proposição, sentido e referência. Finalmente abordamos sobre</p><p>expressões genéricas e referencial.</p><p>Exercícios</p><p>1. Dadas as palavras abaixo, forme semas da cada palavra.</p><p>a) Carro</p><p>b) Casa</p><p>c) Cadeira</p><p>d) Papaia</p><p>2. Explique os termos: frase e enunciado, de seguida apresente um</p><p>exemplo para cada termo.</p><p>Centro de Ensino à Distância 90</p><p>3. Nas frases abaixo, assinale com (s), para as frases que exprimem a</p><p>mesma proposição, e com (N), para as que não exprimem a mesma</p><p>proposição.</p><p>A - João matou a esposa.</p><p>A - Ele causou a morte da esposa.</p><p>B - I speak portuguese.</p><p>B´- Falo português.</p><p>4. Será que as expressões abaixo a negrito são referenciais?</p><p>(i.) O carro tem muita presença.</p><p>(ii.) Gosto muito de ler romances de ficção.</p><p>(iii.) Contemplo a rapariga de calças verdes.</p><p>(iv.) Uma menina passou por este passeio ontem.</p><p>(v.) Não existe nenhuma Marta na sala de aulas.</p><p>(vi.) Procuro um lenço para mim.</p><p>Centro de Ensino à Distância 91</p><p>Unidade 17: Propriedades Semânticas (identidade ou igualdade de sentido)</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade vamos dar continuidade aos estudos de semiótica.</p><p>Portanto, vamos direccionar a nossa atenção para a relação de igualdade</p><p>de sentido que os itens linguísticos mantêm numa determinada língua,</p><p>tal é o caso da língua portuguesa. Essa relação de sentido circunscreve-</p><p>se em aspectos como: sinonímia; paráfrase; hiponímia; hiperonímia.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Identificar termos ou palavras sinónimas;</p><p> Indicar aspectos ligados a sinonímia, hiponímia, hiperonímia e</p><p>parafrases aplicados ao Português Europeu (PE).</p><p>17.1 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido)</p><p> Sinonímia</p><p>Há presença de sinonímia quando duas os mais palavras apresentam</p><p>igualdade de sentido. O problema de sinónimos é muito discutido,</p><p>porque existem palavras embora sejam sinónimas não se podem</p><p>substituir em todos os contextos.</p><p>Com efeito, determinadas palavras podem ser sinónimas, mas observar-</p><p>se a restrição delas em termos de contexto. Ex: investigação = pesquisa.</p><p>F1: Estou a fazer trabalho de investigação.</p><p>F2: Estou a fazer trabalho de pesquisa.</p><p>Nas frases acima, os termos pesquisa e investigação podem-se</p><p>substituir para este contexto. Ora vejamos a aplicação destes nas frases</p><p>seguintes:</p><p>F1: A Polícia de investigação criminal prendeu-lhes.</p><p>F2: *A Polícia de pesquisa criminal prendeu-lhes.</p><p>Centro de Ensino à Distância 92</p><p>Nestas duas frases acima vemos que estes termos não se podem</p><p>substituir no contexto em causa. Entretanto, caso haja a substituição,</p><p>uma das frases torna-se agramatical.</p><p>Das frases apresentadas podemos depreender que duas palavras por</p><p>mais que sejam sinónimas mas a sua ocorrência em contextos diversos</p><p>os diferentes é limitada, onde ocorre uma palavra, outra não ocorre, isto</p><p>é; há uma exclusão mútua em termos contextuais. Sendo assim,</p><p>podemos concluir que, a sinonímia íntegra não existe.</p><p> Hiponímia e Hiperonímia</p><p>Hiponímia, relação de identidade de sentido estabelecida entre duas ou</p><p>mais palavras, onde o conteúdo de uma delas está contido no conteúdo</p><p>da outra em que um é termo geral ou hiperónimo e outros são as</p><p>partes ou hipónimo.</p><p>Ex1: Hiperónimo - animal.</p><p>Hipónimo - cão, gato, coelho, porco etc.</p><p>Ex2: Hiperónimo - país</p><p>Hipónimos: Moçambique, Angola, Guiné-Bissau.</p><p> Paráfrases</p><p>A paráfrase acontece quando duas ou mais frases apresentam igualdade</p><p>de sentido ou ambas apresentam a mesma proposição. Exemplo:</p><p>a) Estes aviões chocaram-se.</p><p>b) Estes aviões envolveram-se em acidente.</p><p>Nestas frases houve alteração de mais de um elemento, mas o sentido</p><p>não se alterou. Com feito, estamos perante um caso de paráfrase porque</p><p>ambas expressam a mesma proposição ou veiculam o mesmo sentido.</p><p>Sumário</p><p>Palavras sinónimas são aquelas que apresentam igualdade de sentido.</p><p>Palavras hiponímia estabelecem uma relação de identidade de sentido</p><p>estabelecida entre duas ou mais palavras, onde o conteúdo de uma delas</p><p>Centro de Ensino à Distância 93</p><p>está contido no conteúdo da outra em que um é termo geral ou</p><p>hiperónimo e outros são as partes ou hipónimo.</p><p>A paráfrase acontece quando duas ou mais frases apresentam igualdade</p><p>de sentido ou ambas apresentam a mesma proposição.</p><p>Exercícios</p><p>Responda as questões que se seguem com base nos conhecimentos que</p><p>acabaste de obter.</p><p>1. Indique os sinónimos das palavras:</p><p>a) Atrapalho</p><p>b) Pertence</p><p>c) Envolver</p><p>2. Estabeleça a relação de hiponímia e hiperonímia das palavras:</p><p>a) Cão</p><p>b) Limão</p><p>c) Beira</p><p>d) África</p><p>e) Mangueira</p><p>3. Será que as frases abaixo são paráfrases uma da outra?</p><p>a) João é filho de Pedro.</p><p>b) Pedro é pai do João.</p><p>c) A minha mãe tem aquele carro.</p><p>d) Aquele carro pertence a minha mãe.</p><p>e) Rita foi à loja.</p><p>Centro de Ensino à Distância 94</p><p>Unidade 18: Propriedades Semânticas (oposição ou dissemelhança de sentido)</p><p>Introdução</p><p>Na unidade anterior estávamos a falar da relação de igualdade que as</p><p>palavras podem estabelecer. Nesta vamos falar sobre as relações de</p><p>oposição ou dissemelhança de sentido, mais concretamente sobre a</p><p>antonímia, contradição, homonímia, polissemia, e ambiguidade.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Conhecer as relações de oposição de sentido;</p><p> Identificar palavras antónimas e polissémicas na relação de</p><p>oposição ou dissemelhança;</p><p> Distinguir frases ambíguas e contraditórias.</p><p>18.1 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido</p><p> Antonímia</p><p>Os itens linguísticos além de apresentarem a relação de igualdade de</p><p>sentido, apresentam também a relação de oposição de sentido, que se</p><p>denomina antonímia.</p><p>Com efeito, dá-se o nome de antonímia as palavras que aparecendo aos</p><p>pares não permitem a aplicação de um onde o outro tiver sido aplicado.</p><p>Ex: morto vs. vivo; verdadeiro vs. falso; amar vs. odiar.</p><p> Contradição</p><p>Acontece quando duas ou mais frases apresentam desigualdade de</p><p>sentido.</p><p>Ex1: O António morreu é uma contradição de O António está vivo.</p><p>Ex2: Estás a dormir acordado. Estás acordado.</p><p>Centro de Ensino à Distância 95</p><p> Polissemia</p><p>A Polissemia tem a ver com termos que possuem vários sentidos</p><p>relacionados. O termo polissemia subdivide-se em poli, que significa</p><p>muitos e sema, que significa significado.</p><p>Em semântica discute-se desde muito tempo sobre a diferença entre</p><p>homonímia vs. polissemia, porque parecem ser termos idênticos mas</p><p>não. Portanto, a diferença entre estes dois termos é que enquanto que</p><p>na homonímia as palavras não apresentam sentidos relacionados, na</p><p>polissemia apresentam sentidos relacionados.</p><p> Ambiguidade</p><p>Uma palavra, sintagma ou frase apresenta relação</p><p>de ambiguidade</p><p>quando possui mais de um significado.</p><p>Ex: O Pedro e Rosa são casados.</p><p>A frase acima tem dois sentidos que são:</p><p>(i) O Pedro é casado com alguém (x).</p><p>(ii) A Rosa é casada com alguém (y).</p><p> Tipos de Ambiguidade</p><p>Existem dois tipos de ambiguidade, nomeadamente:</p><p>1. Lexical; que é aquela que ao nível da palavra.</p><p>Ex: Ele estava na minha companhia (comigo)</p><p>Ele estava na minha companhia (empresa)</p><p>Esta ambiguidade depende da homonímia (sentidos não relacionados) e</p><p>polissemia (sentidos relacionados).</p><p>2. Estrutural; quando uma frase apresenta diferentes sentidos. Ex:</p><p>– Vi o homem de binóculos.</p><p>Para esta frase podemos ter duas leituras:</p><p>(i) O locutor viu o homem através de binóculos e</p><p>(ii) O locutor viu o homem que tinha binóculos.</p><p>Centro de Ensino à Distância 96</p><p> Homonímia</p><p>É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem</p><p>significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja,</p><p>os homónimos:</p><p>As homónimas podem ser:</p><p> Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.</p><p>Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente</p><p>indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1ª</p><p>pessoa singular presente indicativo do verbo consertar);</p><p> Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.</p><p>Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substantivo) -</p><p>sessão (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar (verbo);</p><p> Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura</p><p>(verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substantivo) /</p><p>cedo (verbo) - cedo (advérbio);</p><p> Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais</p><p>palavras que possuem significados diferentes, mas são muito</p><p>parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parónimos: Exemplos:</p><p>comprimento – cumprimento; aura (atmosfera) - áurea (dourada);</p><p>conjectura (suposição) - conjuntura (situação decorrente dos</p><p>acontecimentos); descriminar (desculpabilizar) - discriminar</p><p>(diferenciar); desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear (passar</p><p>as folhas de uma publicação); despercebido (não notado) -</p><p>desapercebido (desacautelado); geminada (duplicada) - germinada</p><p>(que germinou); mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar);</p><p>sobrescrever (endereçar) - subscrever (aprovar, assinar); veicular</p><p>(transmitir) - vincular (ligar).</p><p> Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e</p><p>origem completamente distintos. Exemplos: São (Presente do verbo</p><p>ser) - São (santo)</p><p>Centro de Ensino à Distância 97</p><p>Distinção entre Conotação e Denotação:</p><p> Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do</p><p>original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de</p><p>pedra.</p><p> Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.</p><p>Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido.</p><p>Sumário</p><p>Palavras antónimas são aquelas que aparecendo aos pares não permitem</p><p>a aplicação de um se o outro for aplicado. Quando duas ou mais frases</p><p>apresentam desigualdade de sentido, há contradição. A polissemia tem</p><p>a ver com termos que possuem vários sentidos relacionados. A</p><p>ambiguidade acontece quando uma palavra contém mais de um</p><p>significado. Homonímia estabelece uma relação entre duas ou mais</p><p>palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a</p><p>mesma estrutura fonológica</p><p>A denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Por outro</p><p>lado, a conotação é o uso da palavra com um significado diferente do</p><p>original, criado pelo contexto.</p><p>Exercícios</p><p>1. Tendo em conta a relação de posição de sentido, diga em que</p><p>situação se encontram o grupo de frases abaixo:</p><p>A. O Pedro é irmão do sr. Sitoe.</p><p>B. A minha mãe não tem carro.</p><p>C. Esta senhora e o senhor que está do lado dela são casados.</p><p>Centro de Ensino à Distância 98</p><p>Unidade 19: Introdução à Pragmática</p><p>Introdução</p><p>Terminado o capítulo relacionado com a semântica (significação),</p><p>vamos nesta unidade abordar sobre uma outra componente da</p><p>gramática: a pragmática. Vais nesta unidade conhecer as principais</p><p>noções sobre a pragmática e seus princípios; vais conhecer igualmente</p><p>algumas funcionalidades dos actos locutórios dentro da comunicação</p><p>interpessoal.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Apresentar conceito de pragmática;</p><p> Aludir sobre os princípios da pragmática;</p><p> Definir actos ilocutórios.</p><p>19.1 Conceito de Pragmática</p><p>A língua está cheia de promessas implícitas, brindes, avisos, etc. Por</p><p>exemplo, na frase eu irei casar consigo é uma realização implícita de</p><p>uma promessa de circunstancia apropriada e tem o mesmo valor de</p><p>promessa de eu vou caçar-te. Obviamente que levantarmo-nos do nosso</p><p>lugar de copo na mão e gritarmos à saúde do nosso anfitrião constitui</p><p>um brinde tão genuíno como se disséssemos eu brindo a saúde do</p><p>nosso anfitrião.</p><p>O estudo de como fazemos coisas com frases é um dos actos</p><p>ilocutórios. Ao estudarmos os actos ilocutórios estamos perfeitamente</p><p>conscientes da importância do contexto em que ocorre o enunciado. Em</p><p>certas circunstancias a frase, ali tem um carneiro no armário é um</p><p>aviso, mas exactamente a mesma frase pode ser uma promessa ou</p><p>mesmo uma mera afirmação de um facto, consoante as circunstancias.</p><p>A teoria dos actos ilocutórios pretende explicar quando é que ao</p><p>fazermos perguntas queremos dar ordens ou ao dizermos uma coisa</p><p>com uma entoação especial (sarcástica) queremos dizer o contrario.</p><p>Centro de Ensino à Distância 99</p><p>Assim, à mesa, Podes me passar o sal? Significa a ordem Passa-me o</p><p>sal? Não se trata de um pedido de informação e sim não constitui</p><p>resposta adequada. Para além disso, consegue-se ainda muito humor</p><p>através de personagem que interpretam tudo literalmente:</p><p>Hamilton: De quem é essa capa; homem?</p><p>Coveiro: Minha, senhora…</p><p>Hamilton: Para que homem estás a abri-la?</p><p>Coveiro: Para homem nenhum.</p><p>Hamilton: Para que mulher então?</p><p>Coveiro: Para nenhuma também.</p><p>Hamilton: Quem irá então ai ser enterrado?</p><p>Coveiro: Alguém que foi uma mulher, senhor; mas, paz a sua</p><p>alma, está morta.</p><p>Hamilton: Que rigoroso é este patife! Tende-se falar segundo as</p><p>regras ou confundir-nos-á com os seus equívocos.</p><p>19.1.1 Princípios da Pragmática</p><p>O estudo da influência do contexto no modo como interpretamos as</p><p>frases denomina-se pragmática. A teoria dos actos ilocutórios faz parte</p><p>da pragmática que é um si mesma uma parte de que temos vindo a</p><p>denominar realização linguística.</p><p>Já referimos que podemos compreender uma frase mesmo que não</p><p>sejamos capaz de dizer que se ela é verdadeira ou falsa. Muitas vezes</p><p>sabemos qual valor de verdade de uma frase e o conhecimento a que</p><p>recorremos para tal decisão é o conhecimento do mundo (partindo de</p><p>principio de que a frase nem é analítica nem é contraditória). O</p><p>conhecimento do mundo faz parte do contexto, logo a pragmática inclui</p><p>o estudo de como os falantes aplicam o conhecimento do mundo para</p><p>interpretar enunciados.</p><p>Centro de Ensino à Distância 100</p><p>19.2 Actos Ilocutórios</p><p>Aos actos praticados quando são proferidas palavras dá-se o nome de</p><p>actos de fala.</p><p>Austin WORDS (1962), classificou estes actos da seguinte</p><p>forma: há o</p><p>acto fonético, de produzir sons; o acto fáctico, de produzir uma frase</p><p>gramatical, e o acto rético, de dizer algo com sentido, actos que,</p><p>conjuntamente, constituem o acto locutório. Depois há o que se faz ao</p><p>dizer qualquer coisa, como ameaçar, orar ou prometer: são os actos</p><p>ilocutórios. Finalmente, dizer qualquer coisa pode produzir efeitos nos</p><p>ouvintes, como assustá-los: são os actos perlocutórios.</p><p>Tabela Síntese sobre os Actos Ilocutórios</p><p>Actos Ilocutórios Exemplos</p><p>Assertivos (ou representativos).</p><p>Os actos que se relacionam com o</p><p>locutor, com o valor de verdade do</p><p>que se diz, isto é, do enunciado.</p><p>Asserções simples, com conteúdo</p><p>proposicional equivalente às frases</p><p>contendo os verbos acima</p><p>indicados.</p><p>Eu aceito</p><p>Acredito em Adapto-me a</p><p>Admito</p><p>Agarro-me à ideia de</p><p>Atendo ao facto</p><p>Coloco a questão</p><p>Encaro a hipótese</p><p>Insisto em</p><p>Sugiro</p><p>Acho</p><p>Considero</p><p>Chumbas, tão certo como 2 e 2</p><p>serem 4.</p><p>Chumbas.</p><p>Compromissivos ou comissivos</p><p>Actos em que o locutor compromete-</p><p>se a realizar, no futuro, o acto referido</p><p>no enunciado.</p><p>Juro</p><p>Tenciono</p><p>Prometo</p><p>Frases simples no futuro do</p><p>indicativo ou seus substitutos</p><p>como o presente do indicativo</p><p>Amanhã eu serei alguém.</p><p>Expressões elípticas com valor</p><p>ilocutório comissivo:</p><p>Até logo, à porta do cinema.</p><p>Centro de Ensino à Distância 101</p><p>Expressivos.</p><p>Os actos que têm como objectivo</p><p>exprimirem o estado psicológico do</p><p>locutor em relação ao enunciado.</p><p>1. Verbos ilocutórios expressivos:</p><p>Agradeço-te</p><p>Congratulo-me</p><p>2. Verbos criadores de universos</p><p>de referência modalizados por</p><p>advérbios:</p><p>Acho mal….</p><p>3. Expressões exclamativas com</p><p>adjectivos valorativos, advérbios,</p><p>verbos experênciais, afectivos ou</p><p>expressivos:</p><p>Bom dia!</p><p>Que lindo vestido!</p><p>Gosto mesmo dessa planta!</p><p>Directivos</p><p>Os actos em que o locutor pretende</p><p>que o ouvinte realize, no futuro, o</p><p>acto verbal ou não verbal referido no</p><p>enunciado</p><p>(ordens, conselhos, pedidos,</p><p>sugestões)</p><p>Aconselho</p><p>Convido</p><p>Espero</p><p>Exijo</p><p>Imploro</p><p>Lembro</p><p>Mando</p><p>Obrigo</p><p>Peço</p><p>Proíbo</p><p>Quero</p><p>Declarações</p><p>Actos em que, pela sua enunciação,</p><p>alteram a realidade, criando novos</p><p>estados de coisas. Estes actos só</p><p>podem ser praticados por locutores</p><p>investidos de autoridade que lhes é</p><p>reconhecida pelos interlocutores.</p><p>Uma declaração é a expressão verbal</p><p>da realidade que ela própria cria ou de</p><p>que pontualmente depende.</p><p>A sessão está aberta.</p><p>Declaro-vos marido e mulher.</p><p>Vamos começar a aula.</p><p>Nota:</p><p>Existe também os Actos Perlocutórios que tem a ver com os actos de</p><p>fala realizados apenas se certos resultados forem obtidos — como, por</p><p>exemplo, os de persuadir, ridicularizar ou assustar alguém. Os actos</p><p>perlocutórios contrastam, portanto, com os actos locutórios e com os</p><p>actos ilocutórios, que são realizados independentemente de a elocução</p><p>respectiva ter o efeito desejado, ou sequer qualquer efeito que seja.</p><p>Centro de Ensino à Distância 102</p><p>Sumário</p><p>Em resumo definimos a pragmática define-se como sendo o estudo da</p><p>influência do contexto no modo como interpretamos as frases. Ou por</p><p>outra, denomina-se pragmática o estudo genérico de como o contexto</p><p>afecta a interpretação linguística.</p><p>A teoria dos actos ilocutórios faz parte da pragmática, que em si mesma</p><p>uma parte da realização linguística.</p><p>Os actos ilocutórios têm a ver com o estudo de como realizamos actos</p><p>através de enunciados sendo, no entanto, necessário o contexto para</p><p>determinarmos a natureza dos actos ilocutórios. Os actos ilocutórios</p><p>podem ser compromissivos (ou comissivos), assertivos (ou</p><p>representativos), expressivos, directivos e declarações. Cada um deles</p><p>assume uma significação específica no acto da fala.</p><p>Exercícios</p><p>1. Identificação do Acto Ilocutório</p><p>De entre as frases dadas abaixo, identifica quatro actos ilocutórios</p><p>assertivos (asserções que vinculam o locutor à verdade do que diz),</p><p>quatro actos ilocutórios expressivos (expressões de estados de espírito</p><p>do locutor), quatro actos compromissivos (compromissos, promessas</p><p>que responsabilizam o locutor), quatro actos declarativos (declarações</p><p>que valem, por si sós, para criar uma nova realidade), quatro actos</p><p>directivos (ordens, pedidos) e quatro actos declarativos assertivos (que</p><p>fundem os actos declarativos com os assertivos).</p><p>1. Comprometo-me a ajudar-te sempre que precisares.</p><p>2. Declaro-vos marido e mulher.</p><p>3. Proíbo-te de veres televisão a partir da dez da noite.</p><p>4. O Rui e a Daniela foram à praia.</p><p>5. Surpreende-me e agrada-me que fiques connosco.</p><p>6. Sai já desta casa!</p><p>7. Baptizo este avião com o nome de “Asas da liberdade”.</p><p>Centro de Ensino à Distância 103</p><p>8. Asseguro-te que vou cumprir o que prometi.</p><p>9. Tenho a certeza de que a nossa equipa está em forma</p><p>10. O tempo está frio e chuvoso.</p><p>11. Ordeno-te que te cales!</p><p>12. Admito que saias da reunião por uns minutos.</p><p>13. Lamento imenso o meu comportamento.</p><p>14. Garanto-te que estarei contigo logo à noite.</p><p>15. Vai fazer a tua cama imediatamente!</p><p>16. Irrita-me imenso a vaidade de certas pessoas.</p><p>17. Absolvo-te das faltas que cometeste.</p><p>18. A Marília e o Gonçalo são vegetarianos.</p><p>19. Enquanto presidente, considero que não há condições para</p><p>continuar a reunião.</p><p>20. Condeno o réu a dois meses de prisão.</p><p>2. Escolha cinco (5) tópicos e diga qual é o significado pragmático</p><p>deste conceito, hoje?" Isto é, como ele afecta a conduta humana?</p><p> Sugestões de tópicos: Ecologia, Drogas, Família, Política,</p><p>Economia, Violência, Celebridades, Religiosidade, Arte e</p><p>Ciência.</p><p> Observação: fazer antes uma definição prévia, com base em</p><p>dicionários e ou enciclopédias, dos conceitos a serem</p><p>trabalhados.</p><p>Centro de Ensino à Distância 104</p><p>Unidade 20: Noção da Sintaxe (estrutura dos constituintes)</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade vamos passar a falar de mais uma componente da</p><p>gramática: a sintaxe. Portanto, vamos conhecer alguns dos principais</p><p>constituintes sintagmáticos nas estruturas frásicas da língua portuguesa.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Apresentar o conceito básico da sintaxe;</p><p> Identificar a principal estrutura de constituinte frásico;</p><p> Fazer representação parentética e em árvore.</p><p>20.1 Conceito de Sintaxe</p><p>Sintaxe (do Grego clássico σύνταξις "disposição", de σύν syn, "juntos",</p><p>e τάξις táxis, "ordenação") é o estudo das regras que regem a</p><p>construção de frases nas línguas naturais. A sintaxe é a parte da</p><p>gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no</p><p>discurso, incluindo a sua relação lógica, entre as múltiplas combinações</p><p>possíveis para transmitir um significado completo e compreensível. À</p><p>inobservância das regras de sintaxe chama-se solecismo.</p><p>Na linguística, a sintaxe é o ramo que estuda os processos generativos</p><p>ou combinatórios das frases das línguas naturais, tendo em vista</p><p>especificar a sua estrutura interna e funcionamento. O termo "sintaxe"</p><p>também é usado para referir o estudo das regras que regem o</p><p>comportamento de sistemas matemáticos, como a lógica, e as</p><p>linguagens de programação de computadores.</p><p>Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram</p><p>dados pelos antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o</p><p>primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados. Um segundo</p><p>contributo fundamental deve-se a Frege que critica</p><p>a análise</p><p>aristotélica, propondo uma divisão da frase em função e argumento.</p><p>Centro de Ensino à Distância 105</p><p>Deste trabalho fundador, deriva toda a lógica formal contemporânea,</p><p>bem como a sintaxe formal. No século XIX a filologia dedicou-se</p><p>sobretudo à investigação nas áreas da fonologia e morfologia, não tendo</p><p>reconhecido o contributo fundamental de Frege, que só em meados do</p><p>século XX foi verdadeiramente apreciado.</p><p>20.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos)</p><p>20.2.1 Sujeito</p><p>Em análise sintáctica, o sujeito é um dos termos essenciais da oração,</p><p>responsável por realizar ou sofrer uma acção ou estado.</p><p>Segundo uma tradição iniciada por Aristóteles, toda oração pode ser</p><p>dividida em dois constituintes principais: o sujeito e o predicado. Em</p><p>português, o sujeito rege a terminação verbal em número e pessoa e é</p><p>marcado pelo caso reto quando são usados os pronomes pessoais. As</p><p>regras de regência do sujeito sobre o verbo são denominadas</p><p>concordância verbal. Na frase, Nós vamos ao teatro, vamos é uma</p><p>forma do verbo "ir" da primeira pessoa do plural que concorda com o</p><p>sujeito nós.</p><p>Para os verbos que denotam acção, frequentemente o sujeito da voz</p><p>activa é o constituinte da oração que designa o ser que pratica a acção e</p><p>o da voz passiva é o que sofre suas consequências. Sob outra tradição, o</p><p>sujeito (psicológico) é o constituinte do qual se diz alguma coisa.</p><p>Segundo Bechara, "É o termo da oração que indica a pessoa ou a coisa</p><p>de que afirmamos ou negamos uma acção ou qualidade". Exemplos:</p><p> O pássaro voa. - Os pássaros voam.</p><p> O menino brinca. - Os meninos brincam.</p><p> Pedro saiu cedo. - Os jovens saíram.</p><p>Didacticamente, fazemos uma pergunta para o verbo: Quem é que? ou</p><p>Que é que? ― e teremos a resposta; esta resposta será o sujeito. O</p><p>sujeito simples tem um núcleo.</p><p>Centro de Ensino à Distância 106</p><p> "O menino brinca." Quem é que brinca? O menino. Logo, o</p><p>menino é o sujeito da frase.</p><p>Um jeito de diferenciá-lo de objecto é o seguinte:</p><p> "João come maçã". "Quem come maçã?" Perceba que o verbo</p><p>vem primeiro. "João" - Sujeito, por causa da ordem.</p><p>Lembre-se: Sempre que te pedirem para indicar o sujeito é só fazer uma</p><p>perguntinha básica: "Quem?" e você terá o sujeito na resposta. Por</p><p>exemplo: "A empresa fornecia comida aos trabalhadores", Agora</p><p>façamos a pergunta - "Quem fornecia comida aos trabalhadores?" - A</p><p>empresa. Portanto a empresa é o sujeito.</p><p>20.2.1.1 Tipos de Sujeito</p><p>O sujeito pode ser, segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira</p><p>(NGB), classificado em simples, composto, indeterminado,</p><p>desinencial ou implícito e inexistente. Nesse último caso, temos o que</p><p>se convencionou chamar de oração sem sujeito.</p><p> Sujeito Simples</p><p>É o sujeito que tem apenas um núcleo representativo. Aumentar o</p><p>número de características a ele atribuídas não o torna composto.</p><p>Exemplos de sujeito simples (o sujeito está em itálico):</p><p>Obs: o verbo concorda com o sujeito, seja ele anteposto ou posposto.</p><p>Exemplo:</p><p>Maria é uma garota bonita.</p><p>A pequena criança parecia feliz com seu novo brinquedo.</p><p> Sujeito Composto</p><p>É aquele que apresenta mais de um núcleo representativo, escrito na</p><p>oração. Exemplo: “Luana e Carla fizeram compras no sábado.”;</p><p>“Felipe e o amigo Bruno sairam para almoçar.”. O sujeito também</p><p>pode vir depois do verbo. Exemplo: Saíram Bruno e Felipe.</p><p>Centro de Ensino à Distância 107</p><p> Sujeito subentendido desinencial, implícito, oculto ou elíptico</p><p>Sujeito desinencial é aquele que não vem expresso na oração, mas pode</p><p>ser facilmente identificado pela desinência do verbo. Exemplo: “Fechei</p><p>a porta”; “Quem fechou a porta?”.</p><p>Obs: Não confundir vocativo (expressão de chamamento) com sujeito.</p><p>Exemplo: “Querido aluno, leia sempre! (sujeito oculto: "você"- Leia</p><p>"você" sempre)”; “Querido candidato, fico feliz com seu sucesso!</p><p>(sujeito oculto "eu" - "eu" fico feliz com seu sucesso)”.</p><p>Apesar do sujeito não estar expresso, pode ser identificado na oração:</p><p>Fechei a porta Eu. E na frase Perguntaste mesmo isso ao professor?, o</p><p>identificado é Tu. Entretanto, cuidado para não criar confusão com a</p><p>segunda frase, que pode passar a ideia de elipse do sujeito ou sua</p><p>indeterminação; pois o sujeito simples está explícito e é o pronome</p><p>interrogativo Quem.</p><p>Obs.: As classificações do sujeito, em Língua Portuguesa, são apenas</p><p>três: simples, composto e indeterminado.</p><p>Dar o nome de Sujeito desinencial, elíptico ou implícito não equivale</p><p>a classificar o sujeito, mas somente determinar a forma como o sujeito</p><p>simples se apresenta dentro da estrutura sintáctica. No mais, a</p><p>classificação Sujeito Oculto foi abolida, por questões técnico-formais e</p><p>linguistico-gramaticais, passando a denominar-se Sujeito Simples</p><p>Desinencial, uma vez que se pode determiná-lo através dos morfemas</p><p>lexicais terminativos das formas verbais, situação na qual, para indicar</p><p>que o sujeito se encontra elíptico usa a forma pronominal recta</p><p>equivalente à pessoa verbal entre parênteses.</p><p>Assim, na estrutura sintáctica: "Choramos todos os dias", para indicar o</p><p>sujeito simples subentendido na forma verbal, coloca-se entre</p><p>parênteses da seguinte forma: (Nós) = sujeito simples desinencial.</p><p>Centro de Ensino à Distância 108</p><p> Sujeito Indeterminado</p><p>Sujeito indeterminado é o que não se nomeia ou por não se querer ou</p><p>por não se saber fazê-lo. Podemos dizer que o sujeito é indeterminado</p><p>quando o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se</p><p>desconhecer quem executa a acção ou por não haver interesse no seu</p><p>conhecimento. Aparecerá a acção, mas não há como dizer quem a</p><p>pratica ou praticou.</p><p>Há três maneiras de identificar um sujeito indeterminado:</p><p>(i). O verbo se encontra na 3ª pessoa do plural.</p><p> Dizem que eles não vão bem.</p><p> Estão chamando o rapaz.</p><p>(ii). Com um Verbo Transitivo Indirecto, somente na terceira pessoa do</p><p>singular, mais a partícula se.</p><p> Precisa-se de livros. (Quem precisa, precisa de alguma coisa →</p><p>verbo transitivo indirecto)</p><p> Necessita-se de amigos. (Quem necessita, necessita de alguma</p><p>coisa → verbo transitivo indirecto)</p><p>A palavra se é um índice de indeterminação do sujeito, pois não se</p><p>pode dizer quem precisa ou quem necessita.</p><p>Cuidado! Caso você encontre frases com Verbo Transitivo Directo:</p><p> Compram-se carros. (Quem compra, compra alguma coisa →</p><p>verbo transitivo directo)</p><p> Vende-se casa. (Quem vende, vende alguma coisa → verbo</p><p>transitivo directo)</p><p>Não se caracteriza sujeito indeterminado, pois nos casos de VTD, a</p><p>partícula "se" exerce a função de partícula apassivadora e a frase se</p><p>encontra na voz passiva sintética. Transpondo as frases para a voz</p><p>passiva analítica, teremos:</p><p> Carros são comprados (sujeito: "Carros");</p><p> Casa é vendida (sujeito: "Casa").</p><p>Centro de Ensino à Distância 109</p><p>(iii). Com um Verbo Intransitivo, somente na terceira pessoa do singular,</p><p>mais a palavra se, índice de indeterminação do sujeito.</p><p> Vive-se feliz, aqui.</p><p> Aqui se dorme muito bem.</p><p>20.2.2 Predicado (gramática)</p><p>Na gramática, o predicado é um dos termos essenciais da oração; é</p><p>tudo aquilo que se diz ou o que se declara sobre o sujeito. Significado</p><p>de predicado: qualidade, característica, dote, prenda, virtude.</p><p>Aquilo</p><p>que numa preposição se enuncia acerca do sujeito.</p><p>20.2.2.1 Tipos de Predicado</p><p>O predicado pode ser subdividido em Predicado nominal, verbal ou</p><p>verbo-nominal (também escrito verbonominal).</p><p> Predicado Verbal</p><p>Possui um verbo significativo, também denominado de verbo de acção;</p><p>ou seja: verbo que exprime acção. O predicado verbal não pode ser</p><p>retirado, porque faz falta na frase. Exemplo:</p><p> O ministro do Sítio anunciará um pacote de reajuste de</p><p>impostos.</p><p> Bush invadiu o Iraque, baseando-se em justificativas</p><p>infundadas.</p><p> Predicado Nominal</p><p>Possui por núcleo um sintagma nominal (substantivo ou, normalmente,</p><p>adjectivo), denominado, sintacticamente, de predicativo do sujeito.</p><p>Integra esse termo da oração um verbo de ligação, também chamado</p><p>de verbo não-significativo (uma vez que não expressa acção) ou de</p><p>verbo relacional.</p><p> O acesso à internet banda larga está cada vez mais ao alcance</p><p>da classe média urbana.</p><p> Franco-Dousha é o mais novo fórum linguístico da actualidade.</p><p>Centro de Ensino à Distância 110</p><p> Predicado Verbo-nominal</p><p> Os alunos saíram da aula alegres.</p><p>O predicado é verbo-nominal porque seus núcleos são um verbo</p><p>(saíram - verbo intransitivo), que indica uma acção praticada pelo</p><p>sujeito, e um predicativo do sujeito (alegres), que indica o estado do</p><p>sujeito no momento em que se desenvolve o processo verbal. É</p><p>importante observar que o predicado dessa oração poderia ser</p><p>desdobrado em dois outros, um verbal e um nominal. Veja:</p><p> Os alunos saíram da aula. Estavam alegres.</p><p> Estrutura do Predicado Verbo-Nominal</p><p>O predicado verbo-nominal pode ser formado de:</p><p>1. Verbo Intransitivo (não transita entre substantivos) + Predicativo do</p><p>Sujeito. Por Exemplo: Joana partiu contente. Sujeito Verbo</p><p>Intransitivo Predicativo do Sujeito.</p><p>2. Verbo Transitivo + Objecto + Predicativo do Objecto. Por</p><p>Exemplo: A despedida deixou a mãe aflita. Sujeito Verbo</p><p>Transitivo Objecto Directo Predicativo do Objecto.</p><p>3. Verbo Transitivo + Predicativo do Sujeito + Objecto. Por Exemplo:</p><p>Os alunos cantaram emocionados aquela canção. Sujeito Verbo</p><p>Transitivo Predicativo do Sujeito Objecto Directo</p><p>Saiba que:</p><p>Para perceber como os verbos participam da relação entre o objecto</p><p>directo e seu predicativo, basta passar a oração para voz passiva. Veja:</p><p> Na Voz Activa: “As mulheres julgam os homens insensíveis”.</p><p>Sujeito Verbo Significativo Objecto Directo Predicativo do</p><p>Objecto.</p><p> Na Voz Passiva: “Os homens são julgados insensíveis pelas</p><p>mulheres”. Verbo Significativo Predicativo do Objecto</p><p>O verbo julgar relaciona o complemento (os homens) com o predicativo</p><p>(insensíveis). Essa relação se evidencia quando passamos a oração para</p><p>a voz passiva.</p><p>Centro de Ensino à Distância 111</p><p>Obs: o predicativo do objecto normalmente se refere ao objecto directo.</p><p>Ocorre predicativo do objecto indirecto com o verbo chamar. Assim,</p><p>vem precedido de preposição. Por exemplo:</p><p> Todos o chamam de irresponsável. Chamou-lhe ingrato.</p><p>(Chamou a ele ingrato.)</p><p>20.2.3 Complemento Verbal</p><p>Os complementos verbais completam o sentido dos verbos transitivos.</p><p>Estes complementos podem ligar-se ao verbo através de uma</p><p>preposição ou sem o auxílio dela. Quando há necessidade de</p><p>preposição, o objecto é dito indirecto; quando ela não é necessária, o</p><p>objecto é dito directo. Alguns verbos podem aceitar ao mesmo tempo</p><p>um objecto directo e outro indirecto. Em alguns casos, por questões de</p><p>estilo, adiciona-se uma preposição ao objecto directo. Neste caso o</p><p>objecto directo é dito preposicionado. Exemplos:</p><p> Aviões possuem asas. - Asas é o objecto directo do verbo</p><p>possuir.</p><p> Gosto de escrever. - De escrever é objecto indirecto do verbo</p><p>gostar.</p><p> Neguei tudo aos impostores. - Tudo é objecto directo e aos</p><p>impostores é objecto indirecto do verbo negar.</p><p>20.2.3.1 Objecto Directo</p><p>Objecto directo é o termo da oração que completa o sentido de um</p><p>verbo transitivo directo. O objecto directo liga-se ao verbo sem o</p><p>auxílio de uma preposição. Indica o paciente, o alvo ou o elemento</p><p>sobre o qual recai a acção.</p><p>Identificamos o Objecto directo quando perguntamos ao verbo: "quem"</p><p>ou "o quê". Exemplos:</p><p>Vós admirais os companheiros. - Perguntamos, Vós admirais o quê? A</p><p>resposta é 'os companheiros', que é o objecto directo.</p><p>Nós amamos o cabelo da Gyselle. - Perguntamos: nós amamos o quê?</p><p>A resposta é 'o cabelo da Gyselle ', que é o objecto directo da oração.</p><p>Centro de Ensino à Distância 112</p><p>20.2.3.2 Objecto Directo Preposicionado</p><p>Há casos, no entanto, que um verbo transitivo directo aparece seguido</p><p>de preposição, que, por sua vez, precede o objecto directo. Nesses casos</p><p>temos o chamado objecto directo preposicionado. Exemplo: “Vós</p><p>tomais do vinho”.</p><p>Esta construção se faz da contracção de termos como: Vós tomais</p><p>"parte" do vinho. O objecto directo é obrigatoriamente preposicionado</p><p>quando expresso:</p><p> Por pronome pessoal oblíquo tónico;</p><p> Pelo pronome relativo "quem", de antecedente claro;</p><p> Por pronome átono e substantivo coordenados.</p><p>20.2.3.3 Objecto Indirecto</p><p>O objecto indirecto é o termo da oração que completa um verbo</p><p>transitivo indirecto, sendo obrigatoriamente precedido de preposição.</p><p>Identificamos o objecto indirecto, quando perguntamos ao verbo: "a</p><p>quem" ou "a quê". A resposta será o Objecto indirecto.</p><p> Objecto Indirecto Reflexivo</p><p>O objecto indirecto reflexivo é o objecto indirecto que indica a reflexão</p><p>da acção do sujeito. Exemplo:</p><p> Caroline obedece aos pais.</p><p>(Caroline obedece a quem? Resposta: aos pais, Objecto Indirecto.)</p><p>20.3 Frase, Oração e Período</p><p>Neste tópico vamos trazer as noções dos termos acima ilustrados com o</p><p>intuito final de distingui-los uma vez que muitas das vezes faz-se</p><p>confusão.</p><p>Frase é todo enunciado linguístico capaz de transmitir uma ideia. A</p><p>frase é uma palavra ou conjunto de palavras que constitui um enunciado</p><p>de sentido completo.</p><p>Centro de Ensino à Distância 113</p><p>A frase não vem necessariamente acompanhada por um sujeito, verbo</p><p>ou predicado. Por exemplo: «Cuidado!» é uma frase, pois transmite</p><p>uma ideia - a ideia de ter cuidado ou ficar atento - mas não há verbo,</p><p>sujeito ou predicado. A frase define-se pelo propósito de comunicação,</p><p>e não pela sua extensão. O conceito de frase, portanto, abrange desde</p><p>estruturas linguísticas muito simples até enunciados bastante</p><p>complexos.</p><p>Já a oração é todo enunciado linguístico que tem o núcleo como o</p><p>verbo, apresentando, desta maneira e na maioria das vezes, "termos</p><p>essenciais da oração, sujeito e predicado". Exemplo:</p><p> O menino sujou seu uniforme.</p><p>O que caracteriza a oração é o verbo, não importando que a oração</p><p>tenha sentido ou não sem ele.</p><p>O período é uma frase que possui uma ou mais orações, podendo ser:</p><p> Simples: Quando constituído de uma só oração.</p><p>Ex.: João ofereceu um livro a Joana.</p><p> Composto: Quando é constituído de duas ou mais orações.</p><p>Ex.: O povo anseia que haja uma eleição justa, pois a última</p><p>obviamente não o foi.</p><p>Os períodos compostos são formados por coordenação, por</p><p>subordinação ou por ambas as formas (coordenação-subordinação).</p><p>20.4 Tipos Básicos de Frases</p><p> Frases declarativas: após a constatação de um fato, o emissor</p><p>faz uma declaração;</p><p> Frases exclamativas: as que possuem exclamação;</p><p> Frases imperativas: as que expressam ordens, proibições</p><p>ou</p><p>conselhos; e</p><p> Frases interrogativas: as que transmitem perguntas.</p><p>Centro de Ensino à Distância 114</p><p>E ainda há mais dois grupos secundários:</p><p> Frases optativas: o emissor expressa um desejo (Ex.: Quero</p><p>comer picolé.);</p><p> Frases imprecativas: o emissor expressa uma súplica através</p><p>de maldição. (Ex.: Que um raio caia sobre minha cabeça.).</p><p>20.4.1 Outros Tipos de Frases</p><p> Frase simples (frase não-idiomática): do ponto de vista de uma</p><p>tradução, é a que pode ser traduzida literalmente para uma língua</p><p>(nota: em alguns casos, frases simples têm uma diferença mínima</p><p>em outra língua, geralmente de ordem gramatical.)</p><p> Frase Cliché: são frases que podem reproduzir formas de</p><p>discriminação social e expressar um modo de pensar as relações</p><p>sociais, utilizando às vezes fragmentos de provérbios. Exemplos:</p><p>Lugar de Mulher é na Cozinha, Homem não presta, Ele é um Preto</p><p>de Alma Branca.</p><p> Frase idiomática ou expressão idiomática: é a que não é traduzida</p><p>literalmente para outro idioma. No caso, em cada língua a ideia da</p><p>frase é expressa por palavras totalmente diferentes. Exemplo</p><p>portuguesa-inglês: Ele está na pior. = He’s down and out.</p><p>(Literalmente: Ele está abaixo e fora).</p><p> Frase feita: é a que, a fim de expressar determinada ideia, é dita</p><p>sempre de forma invariável. Exemplo: Ele foi pego com a boca na</p><p>botija. Note-se que às vezes uma frase feita é, ao mesmo tempo,</p><p>uma expressão idiomática. Por exemplo, a frase feita acima citada é</p><p>dita em inglês como He was caught red-handed., ou, literalmente:</p><p>ele foi pego com as mãos vermelhas.</p><p> Frase formal (não-coloquial, não-popular): é a dita segundo as</p><p>normas da linguagem padrão ou formal. Esta é usada formalmente</p><p>por escrito, e em circunstâncias formais também oralmente, em</p><p>textos não raro mais longos (em relação a textos sinónimos</p><p>coloquiais), às vezes com palavras difíceis (que não são do</p><p>conhecimento da população em geral).</p><p>Centro de Ensino à Distância 115</p><p> Frase coloquial (coloquialismo): é a dita de forma coloquial, ou</p><p>seja, usando-se uma linguagem simples, em geral oralmente, com</p><p>textos resumidos e informais. Uma frase coloquial pode conter erros</p><p>gramaticais (uma ou mais palavras não estão na linguagem padrão),</p><p>mas costuma ser falada por qualquer pessoa, não importa o seu</p><p>nível social. Exemplos:</p><p>Formal: Está certo (concordo).</p><p>Coloquial: Tá nice.</p><p>Formal: Sou totalmente indiferente quanto a isto.</p><p>Coloquial: Eu estou nem aí.</p><p>Formal: Sua afirmação foi encarada com cepticismo.</p><p>Coloquial: Não acreditaram no que ele disse.</p><p>Formal: Paradoxalmente.</p><p>Coloquial: Ao contrário do que todo mundo pensa.</p><p>Formal: Ele foi falhado.</p><p>Coloquial: Ele foi pego com a boca na botija.</p><p>Sumário</p><p>Em síntese, sintaxe representa umas das componentes da gramática que</p><p>se dedica ao estudo das regras que regem a construção de frases nas</p><p>línguas naturais. Em termos de estrutura dos Constituintes, podemos</p><p>encontrar na sintaxe o sujeito que compõe-se por sujeito simples,</p><p>sujeito composto, sujeito subentendido desinencial, implícito, oculto ou</p><p>elíptico e sujeito Indeterminado. Outro constituinte imediato é o</p><p>predicado repartido em predicado verbal, predicado nominal e</p><p>predicado verbo-nominal e com os complemento verbal (objecto</p><p>directo e indirecto).</p><p>Existem diferenças quando falamos de frase, oração e período. As</p><p>frases têm os seguintes tipos básicos: declarativas, exclamativas,</p><p>imperativas, interrogativas, optativas e imprecativas.</p><p>Centro de Ensino à Distância 116</p><p>Outros tipos de frases são: frase simples (frase não-idiomática), frase</p><p>Cliché, frase idiomática ou expressão idiomática, frase feita, frase</p><p>formal (não-coloquial, não-popular e frase coloquial.</p><p>Exercícios</p><p>1. Identifique nas frases abaixo os principais constituintes frásicos.</p><p>a. Insisto em seres leal.</p><p>b. Sabemos estar você muito triste.</p><p>c. Era preciso rezarmos àquela hora.</p><p>d. Já pedi dinheiro para comprar mais selos.</p><p>2. Quais são as frases que contêm complementos de verbo. Indique a</p><p>sua respectiva classificação.</p><p>a. Construída a estrada, tornar-se-á fácil ir ao Norte.</p><p>b. Tenho certeza de ser bem sucedido.</p><p>c. Todos fizeram o firme propósito de não mais falar da vida</p><p>alheia.</p><p>d. Disse não saber de nada.</p><p>3. Indique a tipologia de frase das frases abaixo. Justifique.</p><p>a. A velhinha, arrastando a cesta pesada, agradeceu a caridade...</p><p>b. Suponho serem eles os responsáveis.</p><p>c. É necessário você entender isto.</p><p>d. Só fica aqui quem tem estatuto para tal.</p><p>4. Divida e classifique as orações.</p><p>a. Terminado o recital, o artista foi aplaudido.</p><p>b. Preparando-se para o jogo, os meninos não irão sair.</p><p>c. Descoberto o perigo, procurou-se evitá-lo.</p><p>d. Estas são as entradas obtidas no clube.</p><p>Centro de Ensino à Distância 117</p><p>Unidade 21: Língua e Fala</p><p>Introdução</p><p>Na presente unidade didáctica vamos dedicar a nossa aprendizagem</p><p>para aprofundarmos mais uma vez dos termos língua e fala. Com este</p><p>dois conceitos pretende-se encontrar os pontos convergentes e os</p><p>divergentes.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Definir língua e fala;</p><p> Apresentar elementos teóricos e práticos que distinga a</p><p>concepção de língua e da fala.</p><p>21.1 Acepções sobre o Conceito de Língua.</p><p>Não é fácil definir a língua enquanto objecto de estudo da Linguística.</p><p>Ao contrário do que muitos pensam, a língua não é meramente um</p><p>objecto concreto. Ela é dotada de uma abstracção que contribui para a</p><p>dificuldade de defini-la. Por exemplo, se tomarmos uma determinada</p><p>palavra, veremos que ela não é apenas um objecto linguístico concreto.</p><p>É muito mais do que isso. É um som, um conjunto de sentidos e uma</p><p>história. Não é um objecto que cria o ponto de vista, mas o ponto de</p><p>vista que cria o objecto.</p><p>Se tomarmos essa palavra pelo som, veremos que ela apresenta duas</p><p>faces, sendo que uma não vale sem a outra. Ao se articular as sílabas</p><p>dessa palavra, produz-se um efeito acústico percebido pelo ouvido. No</p><p>entanto, esse efeito não existiria se não fossem os órgãos vocais. Por</p><p>isso, a língua não pode ser apenas o som, há de se considerar as</p><p>abstracções da impressão acústica, ou seja, o som e a impressão que ele</p><p>causa são interdependentes.</p><p>Por outro lado, som e ideia formam conjuntamente uma unidade</p><p>complexa, fisiológica e mental. É necessário, assim, admitir que a</p><p>Centro de Ensino à Distância 118</p><p>linguagem tem dois lados: o individual e o social, sendo impossível</p><p>conceber um sem o outro. Além disso, a linguagem implica, a cada</p><p>instante e simultaneamente, uma instituição actual e passada. Isso torna</p><p>complexo o estudo e a definição de língua.</p><p>É facilmente constatado que a Linguística apresenta várias formas</p><p>diferentes de abordagem, ou seja, não se dá de forma integral. Então</p><p>surge o dilema: ou nos aprofundamos em apenas uma forma de</p><p>abordagem, ou nos arriscamos à sua abordagem integral. Neste último</p><p>caso, aparecerá um aglomerado confuso de ideias, dificultando o</p><p>trabalho de quem a estuda. A solução seria, então, “colocar-se</p><p>primeiramente no terreno da língua e tomá-la como norma de todas as</p><p>manifestações da linguagem” (p.16). De fato, partindo-se da língua</p><p>como manifestação da linguagem, os estudos linguísticos</p><p>tornam-se</p><p>menos complexos.</p><p>Mas afinal, o que é língua. Saussure afirma que língua não se confunde</p><p>com linguagem. Aquela é um produto, uma parte desta. Essencial, é</p><p>claro. Portanto, entende-se por língua como um conjunto de convenções</p><p>adoptadas por um determinado grupo social com o objectivo de</p><p>permitir a inter-relação entre seus membros. Já a linguagem é</p><p>multiforme, pertence a todos os domínios e não se classifica em</p><p>nenhuma categoria dos fatos humanos. Assim, podemos entender que a</p><p>língua é algo adquirido e convencionado por um determinado grupo.</p><p>Está, então, clara a diferença entre língua e linguagem.</p><p>Para se situar a língua no conjunto da linguagem, faz-se necessário</p><p>analisar o circuito da fala. Tal circuito ocorre, no mínimo e</p><p>obrigatoriamente, entre duas pessoas e divide-se em três partes:</p><p>1ª) parte psíquica → ocorre no momento em que o falante cria, em seu</p><p>cérebro, uma imagem que pretende transmitir ao ouvinte.</p><p>Centro de Ensino à Distância 119</p><p>2ª) Parte fisiológica → ocorre no momento em que o cérebro processa a</p><p>imagem criada pelo falante e a transmite ao aparelho fonador.</p><p>3ª) Parte física → ocorre no momento em que as ondas sonoras se</p><p>propagam da boca do falante até o ouvido do ouvinte.</p><p>Esse processo é contínuo durante o acto da comunicação, já que vai se</p><p>revezando entre as duas pessoas envolvidas no acto. E ainda pode ser</p><p>visto sob duas partes: a activa, chamada de executiva, que vai do centro</p><p>de associação de uma pessoa ao ouvido da outra; e a passiva, chamada</p><p>de receptiva, que vai do ouvido desta ao seu centro de associação. Esse</p><p>processo dá-se no plano social e não no individual, pois indivíduos são</p><p>unidos pela linguagem e reproduzem os mesmos signos.</p><p>Sobre essas partes da língua, Saussure ressalta alguns pontos</p><p>importantes. Em relação à parte física, por exemplo, esta desaparece</p><p>quando o falante não utiliza a mesma língua do ouvinte, portanto não</p><p>haverá a compreensão.</p><p>Outro ponto importante é que a parte executiva se forma de marcas que</p><p>são as mesmas em todos os indivíduos falantes. Porém, cada um deles</p><p>possui um conjunto de informações armazenadas em seu cérebro que se</p><p>encaixam no plano individual. Por isso a língua nunca está completa.</p><p>Só a estará se considerarmos o conjunto todo, ou seja, a massa de</p><p>indivíduos tendo todos as mesmas informações. Dessa forma, é possível</p><p>concluirmos que uma língua jamais estará completa.</p><p>21.2 Diferenças entre a Língua e Fala</p><p>Saussure separa a língua da fala, colocando a primeira no plano social e</p><p>a segunda, no individual. Ao estabelecer essa separação, o autor deduz</p><p>que a língua não é uma função do falante, mas sim um produto que o</p><p>indivíduo regista passivamente, ao passo que a fala é um ato de vontade</p><p>e de inteligência, pois o falante exprime seus pensamentos.</p><p>Centro de Ensino à Distância 120</p><p>Em outras palavras, o falante não tem a capacidade de criar ou</p><p>modificar, sozinho, uma língua, mas pode expressar o que tem vontade.</p><p>Nota-se que Saussure acaba por não definir a língua e afirma, sobre</p><p>isso, que qualquer definição sobre um tema é vã, logo não se deve partir</p><p>de um termo para definir as coisas, mas simplesmente defini-las.</p><p>No entanto, ele aponta algumas características próprias da língua. Ela é</p><p>um objecto definido dentro dos fatos da linguagem, por ser sua parte</p><p>social, portanto exterior ao indivíduo, é um contrato estabelecido entre</p><p>os membros de uma comunidade, pode ser estudada separadamente e é</p><p>de natureza homogénea, ao passo que a linguagem é de natureza</p><p>heterogénea.</p><p>A língua é concreta, o que facilita seu estudo. Embora seja psíquica, ela</p><p>não é feita de abstracções, é sediada no cérebro do indivíduo e nela</p><p>existe a imagem acústica, que pode se traduzir em imagem visual, no</p><p>caso, a escrita.</p><p>Sumário</p><p>Nesta unidade didáctica é importante reter os seguintes conceitos:</p><p>A língua é uma forma particular de linguagem, um sistema de signos</p><p>linguísticos, que pode ser utilizado por meio da fala ou da escrita. É</p><p>comum a um povo, a uma nação, a uma cultura, e constitui o seu</p><p>instrumento de comunicação. Portanto, a língua é a linguagem verbal</p><p>utilizada por um grupo de indivíduos que constitui uma comunidade.</p><p>Como podemos observar, a língua é um tipo de linguagem; é a única</p><p>modalidade de linguagem baseado em palavras. O alemão e o português</p><p>são línguas diferentes.</p><p>Se por um lado, a língua é um sistema de signos linguísticos que serve</p><p>de base de comunicação numa determinada comunidade, por outro, a</p><p>fala é a realização concreta da língua; ela é feita por um indivíduo da</p><p>comunidade num determinado momento. A fala é um acto individual</p><p>que cada membro pode efectuar com o uso da linguagem.</p><p>Centro de Ensino à Distância 121</p><p>Exercícios</p><p>Resolva o exercício que se segue.</p><p>1. Diferencie língua, linguagem, fala e discurso.</p><p>2. “O som e ideia formam conjuntamente uma unidade complexa,</p><p>fisiológica e mental”. Apresente argumentos validos para comentar</p><p>o trecho em destaque.</p><p>3. Um indivíduo pode utilizar linguagem para comunicar-se, mas nem</p><p>tão pouco recorrer a uma determinada língua. O mesmo indivíduo</p><p>pode servir-se da língua para comunicar-se sem contudo recorrer a</p><p>fala. Concorda com estas afirmações? Fundamente.</p><p>4. O circuito da fala depende unicamente do cérebro e da boca.</p><p>Concorda? Faça uma breve reflexão teórica que justifica a sua</p><p>posição.</p><p>Centro de Ensino à Distância 122</p><p>Unidade 22: A Língua na Sociedade (Noções da Sociolinguística)</p><p>Introdução</p><p>Na unidade anterior falamos sobre a relação entre a língua e a fala. Na</p><p>presente unidade continuaremos a falar da língua mas agora numa outra</p><p>vertente: na sua relação com a sociedade. Ao entrarmos para este</p><p>campo vamos reflectir sobre alguns conceitos ligados a sociolinguística</p><p>este que é umas das áreas de estuda da linguística.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Demonstrar a relação entre a língua e sociedade baseando na</p><p>hipótese de Sapir e Worf e do paradoxo de Saussure</p><p>22.1 Relação Língua e Sociedade</p><p>Uma língua só existe dentro de uma colectividade, independente da</p><p>vontade do falante. Ela é a soma de tudo o que as pessoas dizem e</p><p>envolve dois aspectos importantes: as combinações individuais e</p><p>voluntárias e os actos de fonação, responsáveis pela execução de tais</p><p>combinações. Por isso, nada há de colectivo na fala, não sendo possível,</p><p>assim, reunir, no mesmo ponto de vista, língua e fala. Por essas razões,</p><p>Saussure concebe a existência de duas Linguísticas: a da língua, que</p><p>estuda a colectividade; e a da fala, que estuda a individualidade.</p><p>Não se pode estudar uma língua sem considerarem-se seus elementos</p><p>externos. Estes são muito importantes nos estudos linguísticos.</p><p>Consideram-se como elementos externos a história e os costumes de</p><p>uma nação, pois esta é constituída pela língua. Há de se ressaltarem as</p><p>relações existentes entre a língua e a história política. Grandes</p><p>acontecimentos históricos, com as conquistas e as colonizações, têm</p><p>importância incalculável nos estudos dos fatos de uma língua, uma vez</p><p>que acarretam transformações nela.</p><p>Centro de Ensino à Distância 123</p><p>É também de grande importância as relações da língua com as</p><p>instituições, como a Igreja e a escola. Nesta última, estuda-se, por</p><p>exemplo, a língua literária, fenómeno histórico, que ultrapassa os</p><p>limites estabelecidos pela própria literatura. Um linguista deve estudar</p><p>as relações entre a língua literária e a língua corrente, pois a primeira,</p><p>produto de uma cultura, separa-se naturalmente da segunda.</p><p>Fica claro, assim, que os factores históricos e geográficos estão</p><p>directamente ligados à língua, embora na realidade não afectam seu</p><p>organismo interno, sendo, portanto, impossível, segundo o autor,</p><p>separar os elementos externos dos internos nos estudos linguísticos. Só</p><p>se conhecem os factores internos de uma língua, conhecendo-se os</p><p>externos. Como exemplo desse facto, Saussure cita os empréstimos</p><p>linguísticos, chamados de estrangeirismo. Estes, ao se incorporarem a</p><p>um determinado idioma, não devem ser considerados como</p><p>estrangeirismos, desde que sejam estudados dentro do idioma.</p><p>22.1.1 Hipótese de Sapir e Worf</p><p>Sapir-Whorf, nos seus estudos linguísticos relacionam o funcionamento</p><p>da mente e da linguagem. Eles procuram compreender em que medida a</p><p>linguagem influencia o pensamento, e vice-versa. Há várias</p><p>perspectivas e sugestões.</p><p>A hipótese de Sapir-Whorf sugere que a linguagem limita a extensão na</p><p>qual os membros de uma comunidade linguística podem pensar sobre</p><p>os temas. (Há um paralelo dessa hipótese em 1984, romance de George</p><p>Orwell.)</p><p>22.1.2 O Paradoxo de Saussure</p><p>Ao longo da sua actividade linguística, Ferdinand de Saussure</p><p>apresenta conceitos antagonismo para estabelecer relação entre</p><p>conceitos para além do que já referimos com relação a língua vs. fala.</p><p>Centro de Ensino à Distância 124</p><p> Sincronia vs Diacronia</p><p>Ferdinand de Saussure enfatizou uma visão sincrónica, um estudo</p><p>descritivo da linguística em contraste à visão diacrónica do estudo da</p><p>linguística histórica, estudo da mudança dos signos no eixo das</p><p>sucessões históricas, a forma como o estudo das línguas era</p><p>tradicionalmente realizado no século XIX. Com tal visão sincrónica,</p><p>Saussure procurou entender a estrutura da linguagem como um sistema</p><p>em funcionamento em um dado ponto do tempo (recorte sincrónico).</p><p> Sintagma vs Paradigma</p><p>O sintagma, definido por Saussure como “a combinação de formas</p><p>mínimas numa unidade linguística superior”, e surge a partir da</p><p>linearidade do signo, ou seja, ele exclui a possibilidade de pronunciar</p><p>dois elementos ao mesmo tempo, pois um termo só passa a ter valor a</p><p>partir do momento em que ele se contrasta com outro elemento.</p><p>Já o paradigma é, como o próprio autor define, um "banco de reservas"</p><p>da língua fazendo com que suas unidades se oponham pois uma exclui</p><p>a outra.</p><p>Sumário</p><p>Uma língua só existe dentro de uma colectividade, independente da</p><p>vontade do falante. A língua é eminentemente um acto social. Na</p><p>relação entre a linguagem e o pensamento (mente) a hipótese de Sapir-</p><p>Whorf defende que a linguagem limita a extensão na qual os membros</p><p>de uma comunidade linguística podem pensar sobre os temas.</p><p>Exercícios</p><p>1. Apresente cinco exemplos concretos que se estabelece relação entre</p><p>uma sociedade e uma determinada língua.</p><p>2. “Primeiro pensamos, depois falamos” ou “primeiro falamos, depois</p><p>pensamos”. A propósito da hipótese de Sapir-Whorf, reproduza</p><p>argumentos que defenda uma das ideias notada.</p><p>Centro de Ensino à Distância 125</p><p>Unidade 23: Princípios da Mudança Linguística</p><p>Introdução</p><p>Nesta que é, por sinal, a anti-penúltima unidade continuamos a reflectir</p><p>sobre a sociolinguística, uma das áreas da linguística. Falaremos sobre</p><p>alguns princípios que norteiam os factores de variação ou mudanças</p><p>linguística.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Apresentar o conceito de variação e mudanças linguísticas;</p><p> Aludir sobre línguas naturais (línguas vivas e mortas);</p><p> Indicar os factores de mudança e variação linguística;</p><p> Distinguir língua e dialecto;</p><p> Apresentar conceito de bilinguismo e seus tipos;</p><p>23.1 Conceitos de Variação e Mudança Linguísticas</p><p>Variação de uma língua é o modo pelo qual ela diferencia-se,</p><p>sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico,</p><p>geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua manifestam-</p><p>se verbalmente.</p><p>Variedade é um conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de</p><p>linguagem. Alguns escritores de sociolinguística usam o termo lecto,</p><p>aparentemente um processo de criação de palavras para termos</p><p>específicos, são exemplos dessas variações:</p><p> dialectos (variação diatópica), isto é, variações faladas por</p><p>comunidades geograficamente definidas.</p><p>o idioma é um termo intermediário na distinção dialeto-</p><p>linguagem e é usado para se referir ao sistema</p><p>comunicativo estudado (que poderia ser chamado tanto</p><p>de um dialecto ou uma linguagem) quando sua condição</p><p>em relação a esta distinção é irrelevante (sendo,</p><p>Centro de Ensino à Distância 126</p><p>portanto, um sinónimo para linguagem num sentido mais</p><p>geral);</p><p> Sociolectos, isto é, variações faladas por comunidades</p><p>socialmente definidas.</p><p> Linguagem padrão ou norma padrão, padronizada em função</p><p>da comunicação pública e da educação</p><p> Idiolectos, isto é, uma variação particular a uma certa pessoa</p><p> Registos (ou diátipos), isto é, o vocabulário especializado e/ou</p><p>a gramática de certas actividades ou profissões</p><p> Etnolectos, para um grupo étnico</p><p> Ecoletes, um idiolecto adotado por uma casa</p><p>As variações como dialectos, idiolectos e sociolectos podem ser</p><p>distinguidos não apenas por seu vocabulário, mas também por</p><p>diferenças na gramática, na fonologia e na versificação. Por exemplo, o</p><p>sotaque de palavras tonais nas línguas escandinavas tem forma</p><p>diferente em muitos dialectos. Um outro exemplo é como palavras</p><p>estrangeiras em diferentes sociolectos variam em seu grau de adaptação</p><p>à fonologia básica da linguagem.</p><p>Certos registos profissionais, como o chamado legalês, mostram uma</p><p>variação na gramática da linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou</p><p>advogados ingleses frequentemente usam modos gramaticais, como o</p><p>modo subjuntivo, que não são mais usados com frequência por outros</p><p>falantes. Muitos registos são simplesmente um conjunto especializado</p><p>de termos (veja jargão).</p><p>É uma questão de definição se a gíria e o calão podem ser considerados</p><p>como incluídos no conceito de variação ou de estilo. Coloquialismos e</p><p>expressões idiomáticas geralmente são limitadas como variações do</p><p>léxico, e de, portanto, estilo.</p><p>Centro de Ensino à Distância 127</p><p>23.2 Tipos de Variação</p><p>23.2.1 Variação Histórica</p><p>Acontece ao longo de um determinado período de tempo, pode ser</p><p>identificada ao se comparar dois estados de uma língua. O processo de</p><p>mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada por um grupo</p><p>restrito de falantes passa a ser adoptada por indivíduos</p><p>socioeconomicamente mais expressivos.</p><p>A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, período</p><p>em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova</p><p>variante torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso na</p><p>modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de</p><p>significado.</p><p>23.2.2 Variação Geográfica</p><p>Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura</p><p>sintáctica entre regiões. Dentro</p><p>de uma comunidade mais ampla,</p><p>formam-se comunidades linguísticas menores em torno de centros</p><p>polarizadores, política e economia, que acabam por definir os padrões</p><p>linguísticos utilizados na região de sua influência. As diferenças</p><p>linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo.</p><p>23.2.3 Variação Social</p><p>Agrupa alguns factores de diversidade: o nível sócio-económico,</p><p>determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de</p><p>educação; a idade e o género. A variação social não compromete a</p><p>compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer na variação</p><p>regional; o uso de certas variantes pode indicar qual o nível sócio-</p><p>económico de uma pessoa, e há a possibilidade de alguém oriundo de</p><p>um grupo menos favorecido atingir o padrão de maior prestígio.</p><p>Centro de Ensino à Distância 128</p><p>23.2.4 Variação Estilística</p><p>Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de</p><p>comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de</p><p>intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem</p><p>levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois</p><p>limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de</p><p>reflexão do indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas</p><p>conversações imediatas do quotidiano; e o formal, em que o grau de</p><p>reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia</p><p>e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo.</p><p>Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e</p><p>falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de</p><p>comunicação.</p><p>As diferentes modalidades de variação linguística não existem</p><p>isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas: uma</p><p>variante geográfica pode ser vista como uma variante social,</p><p>considerando-se a migração entre regiões do país. Observa-se que o</p><p>meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade,</p><p>preserva variantes antigas. O conhecimento do padrão de prestígio pode</p><p>ser factor de mobilidade social para um indivíduo pertencente a uma</p><p>classe menos favorecida.</p><p>23.2 Línguas Naturais</p><p>Noam Chomsky, é o linguista que muito dedicou seus estudos sobre as</p><p>línguas naturais. Segundo ele, deve haver uma gramática universal</p><p>regendo as línguas em suas formas sistémicas segundo princípios</p><p>passíveis de serem explicitados.</p><p>Língua natural (língua ordinária, língua humana ou somente</p><p>“língua” no uso comum) é um conceito formulado pela filosofia da</p><p>linguagem e pela linguística para se referir às linguagens desenvolvidas</p><p>naturalmente pelo ser humano como instrumento de comunicação,</p><p>Centro de Ensino à Distância 129</p><p>como as línguas faladas e a língua de sinais. As linguagens formais,</p><p>desenvolvidas de forma artificial, não constituem línguas naturais,</p><p>assim como as linguagens do mundo animal. Entre as primeiras</p><p>encontram-se a língua escrita, o Esperanto, a linguagem de computador,</p><p>etc. Entre as últimas, a linguagem das abelhas, por exemplo,</p><p>primeiramente estudada por Karl Von Frisch.</p><p>As línguas de sinais ou línguas gestuais são também línguas naturais,</p><p>visto possuírem as mesmas propriedades características: gramática e</p><p>sintaxe com dependências não locais, infinidade discreta e</p><p>generatividade/criatividade. Línguas de sinais ou gestuais como a norte-</p><p>americana, a francesa, a brasileira ou a portuguesa estão devidamente</p><p>documentados na literatura científica.</p><p>23.3 Conceitos de Língua e Dialectos</p><p>Língua, tal como o português, o inglês, o espanhol e o basco (falado na</p><p>região dos Pirineus, incluindo parte da França e da Espanha), é um</p><p>sistema formado por regras e valores presentes na mente dos falantes de</p><p>uma comunidade linguística e aprendido graças aos inúmeros actos de</p><p>fala com que eles têm contacto.</p><p>Por sua vez, idioma é um termo referente à língua usado para identificar</p><p>uma nação em relação às demais e está relacionado à existência de um</p><p>estado político. Por isso, espanhol é um idioma, mas o basco, não, e o</p><p>português é uma língua e um idioma. Ou seja, o idioma sempre está</p><p>vinculado à língua oficial de um país. Já dialecto é a designação para</p><p>variedades linguísticas, que podem ser regionais (como o português</p><p>falado na região francesa de Champanhe, com seus sotaques e suas</p><p>expressões particulares) ou sociais (o português falado pelos</p><p>economistas, com jargões).</p><p>23.4 Noção de Bilinguismo e seus Tipos</p><p>O termo bilinguismo, aplicado ao indivíduo, pode significar</p><p>simplesmente a capacidade de expressar-se em duas línguas. Numa</p><p>Centro de Ensino à Distância 130</p><p>comunidade, pode ser definido como a coexistência de dois sistemas</p><p>linguísticos diferentes (língua, dialecto, etc.), que os falantes utilizam</p><p>alternadamente, a depender das circunstâncias, com igual fluência ou</p><p>com a proeminência de um deles.</p><p>O bilinguismo constitui a forma mais simples de multilinguismo (que,</p><p>por sua vez, se opõe ao monolinguismo), e pode ocorrer em diversas</p><p>situações, tais como:</p><p> Uma segunda língua é aprendida na escola:</p><p> Emigrantes estrangeiros falam a língua do país hospedeiro</p><p>(mesmo que com alguma dificuldade),</p><p> Em países nos quais há mais de uma língua oficial,</p><p> Crianças cujos pais são de diferentes nacionalidades[4],</p><p> Pessoas surdas que, além da língua de sinais, utilizam alguma</p><p>língua oral, na tentativa de se comunicar com a comunidade</p><p>ouvinte (observando-se que o bilinguismo dos surdos é um caso</p><p>especial).</p><p>Estes grupos de pessoas têm necessidades distintas e desenvolvem, por</p><p>isso, capacidades distintas nas línguas que falam, dependendo das</p><p>necessidades e dos diferentes contextos.</p><p>No que respeita à educação de crianças como bilingues, Saunders</p><p>mostra que existem vantagens e desvantagens neste processo.</p><p> Vantagens do Ensino Bilingue</p><p>1. Quando adquirido na infância permite que a criança tenha a</p><p>pronúncia de um nativo;</p><p>2. Desde a infância faz com que a criança desenvolva</p><p>superioridade em habilidades em geral;</p><p>3. Q.I. e um grau de aprendizado superior àquele de crianças</p><p>monolingues;</p><p>4. Proficiência nas duas línguas, não sendo necessário processo</p><p>formal de aprendizado.</p><p>Centro de Ensino à Distância 131</p><p> Desvantagens do Bilinguismo</p><p>1. Pode retardar a inteligência verbal, isto é, a criança pode</p><p>demorar mais para falar, pois aprenderá dois sinónimos para</p><p>cada palavra;</p><p>2. Uma língua sempre, de uma forma ou de outra, influencia a</p><p>outra;</p><p>3. Pode ocorrer "triggering", ou seja, mudança de idioma, caso não</p><p>se saiba uma palavra em uma das línguas.</p><p>Sumário</p><p>Em síntese, podes reter os seguintes conceitos:</p><p>Variação de uma língua é o modo pelo qual ela diferencia-se,</p><p>sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico,</p><p>geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua manifestam-</p><p>se verbalmente.</p><p>Existem quatro tipos de variação linguística, a saber: variação histórica,</p><p>variação geográfica, variação social e variação estilística.</p><p>Língua natural (língua ordinária, língua humana ou somente “língua”</p><p>no uso comum) é um conceito formulado pela filosofia da linguagem e</p><p>pela linguística para se referir às linguagens desenvolvidas</p><p>naturalmente pelo ser humano como instrumento de comunicação,</p><p>como as línguas faladas e a língua de sinais.</p><p>Dialecto é a designação para variedades linguísticas, que podem ser</p><p>regionais ou sociais.</p><p>Bilinguismo é a</p><p>capacidade de expressar-se em duas línguas.</p><p>Centro de Ensino à Distância 132</p><p>Exercícios</p><p>Com os apontamentos acima e com outra bibliografia auxiliar,</p><p>respondas as questões que se seguem.</p><p>1. Apresente exemplos claros dos seguintes termos:</p><p> Língua padrão</p><p> Dialectos</p><p> Língua nacional</p><p> Sociolectos</p><p> Idiolectos</p><p> Ecoletes</p><p> Registos (ou diátipos)</p><p> Etnolectos</p><p>2. Uma determinada comunidade é invadida por mercadores e de</p><p>alguma forma os hábitos linguísticos alteram por influência da</p><p>língua dos vientes. A que tipo de variação linguística estamos</p><p>perante? Justifique.</p><p>3. Diferencie língua natura da língua viva. Ao mesmo tempo,</p><p>apresente seus pontos comuns.</p><p>Centro de Ensino à Distância 133</p><p>Unidade 24: Noções da Psicolinguística</p><p>Introdução</p><p>Ao fecharmos este módulo, vamos falar de uma outra área de estudos</p><p>linguísticos: a psicolinguística. Tal como fizemos para a unidade em</p><p>que falamos sobre a sociolinguística, apresentaremos algumas noções</p><p>básicas da psicolinguística e suas componentes.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Conceituar psicolinguística</p><p> Indicar ramos da psicolinguística.</p><p>24.1 Conceito de Psicolinguística</p><p>Psicolinguística é o estudo das conexões entre a linguagem e a mente</p><p>que começou a se destacar como uma disciplina autónoma nos anos</p><p>1950. Ela não se confunde com a Psicologia da Linguagem por seu</p><p>objecto e metodologia, apesar de muitos teóricos afirmarem que a</p><p>Psicolinguística é um ramo interdisciplinar da Psicologia e da</p><p>Linguística. De alguma maneira, seu aparecimento foi promovido pela</p><p>insistência com que o linguista Noam CHOMSKY defendeu, naquela</p><p>época, que a linguística precisava ser encarada como parte da</p><p>psicologia cognitiva.</p><p>A psicolinguística analisa os processos que dizem respeito à</p><p>comunicação humana, mediante o uso da linguagem (seja ela de forma</p><p>oral, escrita, gestual etc.). Essa ciência também estuda os factores que</p><p>afectam a descodificação, ou seja, as estruturas psicológicas que nos</p><p>capacitam a entender expressões, palavras, orações, textos. A</p><p>comunicação humana pode ser considerada uma contínua percepção-</p><p>compreensão-produção. A riqueza da linguagem faz com que esse</p><p>contínuo se processe de várias maneiras. Assim, dependendo da</p><p>modalidade, visual ou auditiva do estímulo externo, as etapas sensoriais</p><p>Centro de Ensino à Distância 134</p><p>em percepção serão diferentes. Também existe variabilidade na</p><p>produção da linguagem; podemos falar, gesticular ou escrever.</p><p>24.2 Áreas da Psicolinguística</p><p>Outras áreas da psicolinguística são centradas em temas como a origem</p><p>da linguagem no ser humano. Algumas analisam o processo de</p><p>aquisição da língua materna e também a aquisição de uma língua</p><p>estrangeira. Segundo Noam Chomsky, teórico de destaque na escola</p><p>inatista, os humanos têm uma Gramática Universal inata (conceito</p><p>abstracto que abrange todas as línguas humanas). Já os funcionalistas,</p><p>que se opõem a essa corrente de estudos, afirmam que a aquisição da</p><p>linguagem somente ocorre através do contacto social.</p><p>Em suma, a Psicolinguística se interessa pela produção e compreensão</p><p>da linguagem. A ideia é saber o que se passa na cabeça de um falante</p><p>quando fala/ouve. Estas tarefas dizem respeito à comunicação humana.</p><p>Sumário</p><p>Nesta unidade detenha os conceitos de Psicolinguística que é o estudo</p><p>das conexões entre a linguagem e a mente. Ela é um ramo</p><p>interdisciplinar da Psicologia e da Linguística. A psicolinguística</p><p>analisa qualquer processo que diz respeito à comunicação humana,</p><p>mediante o uso da linguagem (seja ela oral, escrita, gestual etc.).</p><p>Exercícios</p><p>1. Até que ponto a linguagem relaciona-se com a mente?</p><p>2. “A comunicação humana pode ser considerada uma contínua</p><p>percepção-compreensão-produção.” Argumente.</p><p>3. Na produção da linguagem ocorre a mutabilidade. Por outra, a</p><p>linguagem é mutável. O que é que se pode dizer a esse respeito?</p><p>4. Sobre a aquisição da linguagem humana, a psicolinguística</p><p>apresenta dois argumentos. Quais são? Apresente exemplos</p><p>concretos que justificam cada uma das hipóteses.</p><p>Centro de Ensino à Distância 135</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>CAMARA, J: M. Princípios da Linguística Geral. Rio de Janeiro,</p><p>Padrão Padrão-Livraria Editora Ltd. s/d.</p><p>CAMPOS, M.H.C, & XAVIER. (1991). Sintaxe e Semântica do</p><p>Português. Lisboa: Universidade Aberta.</p><p>DUCROT, O & TODOROV, T. (1982). Dicionário das Ciências da</p><p>Linguagem. Lisboa: Publicações Dom Quixote.</p><p>FARIA, I. H et al. (1996). Introdução à Linguística Geral e</p><p>Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho.</p><p>FROMKIN, V & RODMAN, R. (1993). Introdução à Linguagem.</p><p>Coimbra: Livraria Almedina.</p><p>KRISTEVA, Júlia. (1988). História da Linguagem, Lisboa, Edições 70.</p><p>MATEUS, Maria Helena, e tal, (2003). Gramática da Língua</p><p>Portuguesa. Lisboa. Caminho.</p><p>SCLIAR CABRAL, Leonor (1991). Introdução à Psicolinguística.</p><p>Madrid: Editora Ática.</p><p>WARDHAUGH, R. (1989). An Introduction to Sociolinguistics.</p><p>Oxford: Basil Blackwell.</p><p>124</p><p>Exercícios ......................................................................................................... 124</p><p>Unidade 23: Princípios da Mudança Linguística 125</p><p>Introdução 125</p><p>Centro de Ensino à Distância vii</p><p>23.1 Conceitos de Variação e Mudança Linguísticas ......................................... 125</p><p>23.2 Tipos de Variação ....................................................................................... 127</p><p>23.2 Línguas Naturais ........................................................................................ 128</p><p>23.3 Conceitos de Língua e Dialectos .............................................................. 129</p><p>23.4 Noção de Bilinguismo e seus Tipos .......................................................... 129</p><p>Sumário ............................................................................................................ 131</p><p>Exercícios ......................................................................................................... 132</p><p>Unidade 24: Noções da Psicolinguística 133</p><p>Introdução 133</p><p>24.1 Conceito de Psicolinguística ........................................................................ 133</p><p>24.2 Áreas da Psicolinguística ............................................................................. 134</p><p>Sumário ............................................................................................................ 134</p><p>Exercícios ......................................................................................................... 134</p><p>BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 135</p><p>Centro de Ensino à Distância 8</p><p>Visão Geral</p><p>Bem-vindo à Linguística Geral</p><p>A presente Cadeira, apresenta 24 unidades num único manual.</p><p>Unidades estas, que devem ser dosificadas, no sentido de se ministrar</p><p>08 unidades em cada presencial.</p><p>Objectivos da Cadeira</p><p>Objectivos</p><p>Quando terminar o estudo de Linguística Geral, o estudante</p><p>(cursante) será capaz de:</p><p> Desenvolver um raciocínio científico e rigoroso;</p><p> Compreender o objecto de estudo da linguística;</p><p> Identificar as características básicas da linguagem;</p><p> Corrigir ideias incorrectas respeitantes à origem da linguagem;</p><p> Conhecer os princípios reguladores das componentes da ciência</p><p>linguística, a fonética, fonologia, morfologia, sintaxe, semântica;</p><p> Conhecer as relações de sentido que as palavras estabelecem entre</p><p>si;</p><p> Conhecer a relação entre a língua e a escrita;</p><p> Conhecer os princípios atinentes à morfologia e sintaxe;</p><p> Conhecer as relações entre o fenómeno língua vs. Sociedade e</p><p>linguagem vs. Cérebro humano.</p><p>Quem deveria estudar este módulo</p><p>Este módulo foi concebido para todos aqueles Estudantes candidatos ao</p><p>Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa, que devido a</p><p>sua situação laboral, não têm a oportunidade de poder estar num</p><p>sistema de ensino totalmente presencial.</p><p>Centro de Ensino à Distância 9</p><p>Como está estruturado este módulo?</p><p>Todos os manuais das cadeiras dos cursos oferecidos pela Universidade</p><p>Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância (UCM-CED)</p><p>encontram-se estruturados da seguinte maneira:</p><p>Páginas introdutórias</p><p>Um índice completo.</p><p>Uma visão geral detalhada da cadeira, resumindo os aspectos-chave</p><p>que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos</p><p>vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu</p><p>estudo.</p><p>Conteúdo da Cadeira</p><p>A cadeira está estruturada em unidades de aprendizagem. Cada</p><p>unidade incluirá, o tema, uma introdução, objectivos da unidade,</p><p>conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem, um</p><p>sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação.</p><p>Outros Recursos</p><p>Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma</p><p>lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem</p><p>incluir livros, artigos ou sites na internet.</p><p>Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação</p><p>Tarefas de avaliação para esta cadeira, encontram-se no final de cada</p><p>unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para</p><p>desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes</p><p>elementos encontram-se no final do manual.</p><p>Comentários e sugestões</p><p>Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários</p><p>sobre a estrutura e o conteúdo da cadeira. Os seus comentários serão</p><p>úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este manual.</p><p>Centro de Ensino à Distância 10</p><p>Ícones de actividade</p><p>Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens</p><p>das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do</p><p>processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de</p><p>texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.</p><p>Habilidades de estudo</p><p>Caro estudante, procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo</p><p>por dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana.</p><p>Lembre-se que é necessário elaborar um plano de estudo individual,</p><p>que inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com</p><p>quem estudar (sozinho, com colegas, outros).</p><p>Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o</p><p>responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a se planificar,</p><p>organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso.</p><p>Evite plágio!</p><p>Precisa de apoio?</p><p>Caro estudante:</p><p>Os tutores têm por obrigação monitorar a sua aprendizagem, dai o</p><p>estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,</p><p>usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.</p><p>Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação. Em caso de</p><p>problemas específicos, ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa</p><p>fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da</p><p>natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.</p><p>Os contactos só se podem efectuar nos dias úteis e nas horas normais</p><p>de expediente.</p><p>Centro de Ensino à Distância 11</p><p>Tarefas (avaliação e auto-avaliação)</p><p>O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios), contudo nem</p><p>todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. Só</p><p>deverão ser entregues os exercícios que forem indicados pelo Tutor.</p><p>Isto, antes do período presencial.</p><p>Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo</p><p>os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os</p><p>direitos do autor.</p><p>Avaliação</p><p>A avaliação da cadeira será controlada da seguinte maneira:</p><p> Três (3) Trabalhos realizados pelos estudantes, sendo divididos em</p><p>três sessões presenciais de acordo com a programação do Centro.</p><p>o Dois (2) Testes escritos em presença e um (1) exame no fim</p><p>do ano.</p><p>Centro de Ensino à Distância 12</p><p>Unidade 01: Introdução ao Estudo da Linguística</p><p>Introdução</p><p>Nesta que é a primeira unidade do módulo, fazemos uma breve</p><p>introdução à cadeira. Os conteúdos desta unidade vão permitir que você</p><p>tenha uma visão geral da linguística como disciplina científica; vai</p><p>conhecer o panorama histórico</p><p>em volta da génese da linguística; vai</p><p>conhecer o objecto de estudo; os ramos e as outras disciplinas</p><p>científicas que se relacionam com a Linguística Geral.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Descrever linguística como área científica;</p><p> Fazer uma abordagem geral sobre o surgimento da Linguística</p><p>como disciplina científica;</p><p> Indicar as fases que a Linguística passou;</p><p> Definir o objecto de estudo da Linguística;</p><p> Descrever os três ramos da linguística;</p><p> Relacionar a linguística com outras ciências.</p><p>1.1 A Linguística como Disciplina Científica</p><p>As questões teóricas relativas à linguagem e às línguas, e as análises</p><p>decorrentes da investigação integrada em quadros teóricos, ainda que</p><p>possam constituir o conteúdo de gramáticas gerais ou particulares</p><p>pertencem, na realidade, à ciência da linguagem denominada</p><p>Linguística. Este termo foi utilizado pela primeira vez em alemão –</p><p>Sprachwissenschaft – numa obra de 1833, indica o estudo das línguas</p><p>“por si mesma” e não como reflexo de uma lógica filosófica ou como</p><p>uma arte de bem falar.</p><p>A linguística é um estudo científico porque assenta em pressupostos</p><p>teóricos coerentes, utiliza objectividade e rigor na descrição dos dados e</p><p>apresenta hipóteses de explicação com base nos pressupostos teóricos,</p><p>Centro de Ensino à Distância 13</p><p>hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas perante os dados das</p><p>línguas em análise.</p><p>1.2 Panorama Histórico do Surgimento da Linguística (Fases da</p><p>Linguística)</p><p>Muitos dos autores que se dedicam ao estudo da historiografia da</p><p>linguística costumam encerrar seus relatos com o surgimento da</p><p>Linguística Moderna no final do século XIX. Aqui vamos avançar até</p><p>chegar ao início de século XXI, apresentando um amplo painel das</p><p>escolas linguísticas modernas e contemporâneas, sem descuidar da</p><p>influência exercida por estudiosos de outras áreas sobre as</p><p>investigações da linguagem humana. Numa linguagem extremamente</p><p>acessível para leigos e recém-iniciados, construímos um painel sucinto,</p><p>mas bem rigoroso, da história das ideias sobre língua e linguagem na</p><p>tradição cultural do Ocidente.</p><p>Partindo de Platão, Aristóteles, dos estóicos e dos primeiros gramáticos</p><p>da Antiguidade, a linguística vai além de Saussure, Bakhtin e Chomsky,</p><p>elencando os principais nomes e vertentes deste campo e projectando</p><p>luzes sobre as tendências teóricas que vieram a se tornar dominantes na</p><p>Linguística no século que terminou e no actual século.</p><p>Antes do surgimento da Linguística como ciência, os estudos da língua</p><p>passaram por três fases sucessivas e distintas: a Gramática, que visava</p><p>unicamente a formular regras para definir o que é certo e o que é</p><p>errado; a Filologia, que se preocupou em comparar textos de épocas</p><p>diferentes para determinar as peculiaridades de cada autor, antecedendo</p><p>a Linguística Histórica; e a Gramática Comparada, que, ao justapor</p><p>línguas diferentes, como o sânscrito, o grego e o latim, concluiu que</p><p>todas pertenciam à mesma família, sendo possível, por exemplo,</p><p>explicar as formas de uma língua pelas formas de outra.</p><p>Essa última fase, a da Gramática Comparada, desenvolvida por Franz</p><p>BOPP, descobriu aspectos importantes para o desenvolvimento dos</p><p>Centro de Ensino à Distância 14</p><p>estudos das línguas, como por exemplo, a existência de uma relação</p><p>entre os paradigmas gregos e latinos. Ele percebeu, também, que o</p><p>paradigma sânscrito deixa clara a noção de radical, elemento</p><p>determinável e fixo numa série de palavras da mesma família. Assim, o</p><p>sânscrito ajudou muito as pesquisas linguísticas, pois acabou</p><p>esclarecendo outras línguas.</p><p>Desde o início dos estudos linguísticos, surgiram muitos linguistas</p><p>importantes como Jacob Grimm, Pott, Kuhn, Aufrecht, Max Müller,</p><p>Curtius e Schleicher. Alguns deles se aprofundaram nos estudos</p><p>comparativos, conciliando a Gramática Comparativa com a Filologia,</p><p>fases que, como vimos, antecederam a Linguística, fazendo surgir,</p><p>assim, a escola comparatista. Porém, tal escola nunca se preocupou em</p><p>determinar a natureza das línguas. Sem essa preocupação, ela não se</p><p>constituiu em uma ciência, já que não estabeleceu métodos. Nota-se</p><p>que a condição básica para o surgimento de uma ciência é o</p><p>estabelecimento de métodos. Essa escola foi exclusivamente</p><p>comparativa, em vez de histórica. Além disso, ela nunca se questiona os</p><p>motivos de fazer tais comparações, portanto, dela nada se pode</p><p>concluir.</p><p>Esses estudos comparativos acabaram por não corresponder à realidade</p><p>e ser estranhos às condições da linguagem, por isso foram considerados</p><p>excêntricos e erróneos. Porém, esses erros acabaram sendo importantes,</p><p>pois originaram as pesquisas científicas e os estudos de Linguística</p><p>propriamente ditos. Isso está bem claro: os erros de uma teoria levam</p><p>ao surgimento de outras. A comparação é apenas um método.</p><p>É assim que tem início a Linguística como uma ciência da linguagem.</p><p>Ela nasceu do estudo das línguas românicas e das germânicas. Esse</p><p>estudo aproximou a ciência de seu objecto de estudo, ou seja, a</p><p>Linguística da linguagem. As pesquisas linguísticas tornaram-se</p><p>concretas, já que contaram com a ajuda de numerosos documentos que</p><p>perduraram durante séculos. Tais documentos permitiam acompanhar a</p><p>Centro de Ensino à Distância 15</p><p>evolução dos idiomas, em especial do latim, protótipo das línguas</p><p>românicas; e do germânico, protótipo das línguas indo-européias.</p><p>Logo após, formou-se uma nova escola, a dos neogramáticos, fundada</p><p>por alemães. Essa escola consistiu em colocar numa perspectiva</p><p>histórica todos os resultados do método comparativo. Graças a esses</p><p>estudos, não se considerou mais a língua como um organismo</p><p>autónomo, mas sim como um produto colectivo de grupos linguísticos.</p><p>Esse fato acabou se transformando em algo de grande importância para</p><p>o campo da Linguística Geral, embora esta ainda tenha algumas</p><p>questões a serem esclarecidas. Sem dúvida, esse campo é por demais</p><p>abrangente, o que impede de se encerrarem ou de se concluírem seus</p><p>estudos.</p><p>1.3 Objecto de Estudo da Linguística</p><p>Conhecida a génese da Linguística, vamos agora conhecer o objecto de</p><p>estudo desta disciplina.</p><p>A reflexão sobre as línguas é algo remoto, todavia a linguística é uma</p><p>ciência muito jovem pouco divulgada e mal conhecida. Tal como</p><p>qualquer outra ciência detentora de qualquer que seja o método de</p><p>investigação, ela possui o seu objecto de estudo que é a linguagem</p><p>humana. Sendo assim, pode-se considerar que, a Linguística é o estudo</p><p>científico da linguagem humana em suas diversas manifestações.</p><p>Portanto, estudar a linguagem humana em suas realizações é estudar as</p><p>componentes da gramática, que são: fonética, fonologia, morfologia,</p><p>sintaxe, semântica e pragmática, estilística, terminologia e filologia.</p><p> Componentes da Gramática</p><p>Para compreenderes melhor acerca das componentes da gramáticas, que</p><p>na verdade serão os objectos dos seus estudos ao longo do curso, vamos</p><p>apresentar sinteticamente conceitos gerais das respectivas</p><p>componentes:</p><p>Centro de Ensino à Distância 16</p><p> A Fonética é a componente da gramática que se dedica ao estudo</p><p>dos sons da fala desde a produção à percepção, tendo como</p><p>elemento mínimo de análise o fone.</p><p> A Fonologia preocupa-se com a organização dos sons fornecidos</p><p>pela fonética em sistemas e modelos sonoros</p><p>numa língua</p><p>particular, tendo como elemento mínimo de análise o fonema.</p><p> A Morfologia é uma das componentes da gramática que se</p><p>preocupa com estudo da palavra e a sua estrutura interna, olhando</p><p>para o seu elemento mínimo de análise, o morfema.</p><p> A Sintaxe estuda a estrutura da frase numa determinada língua,</p><p>bem como as relações entre as palavras dentro duma frase.</p><p> A Lexicologia é o estudo do conjunto das palavras de um idioma,</p><p>ramo de estudo que contribui para a lexicografia, área de actuação</p><p>dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras</p><p>que descrevem o uso ou o sentido do léxico.</p><p> A Terminologia dedicada seus estudos ao conhecimento e análise</p><p>dos léxicos especializados das ciências e das técnicas.</p><p> A Estilística estuda o estilo na linguagem.</p><p> A Semântica debruça-se com o significado das palavras, bem como</p><p>o sentido que elas têm entre si dentro da frase. Associada à esta</p><p>componente gramatical, temos a Pragmática, que estuda os</p><p>princípios que regulam a actividade verbal, isto é, estuda o</p><p>funcionamento da língua segundo os contextos diferentes.</p><p> Por último, a Filologia é o estudo dos textos e das linguagens</p><p>antigas.</p><p>Para além das componentes acima mencionadas, a linguística comporta</p><p>as seguintes áreas: a Sociolinguística, que se preocupa com o estudo da</p><p>língua como um factor social e a Psicolinguística, que estuda a relação</p><p>entre a linguagem e o cérebro humano.</p><p>Outros elementos não menos importante a mencionar esta fase dos seus</p><p>estudos tem a ver com os ramos da linguística, a destacar:</p><p>Centro de Ensino à Distância 17</p><p>1.4 Ramos da Linguística</p><p>A Linguística enquanto disciplina científica abarca dois ramos: a</p><p>descritiva e a aplicada. Para compreenderes melhor, leia atentamente o</p><p>trecho que se segue.</p><p> Linguística Descritiva</p><p>Como dissemos no parágrafo anterior, um dos ramos da linguística é a</p><p>Linguística Descritiva que tem o trabalho de analisar e de descrever</p><p>como língua é falado (ou como foi falado no passado) por um grupo de</p><p>povos em uma comunidade do discurso. A linguística descritiva</p><p>moderna é baseada em uma aproximação estrutural à língua.</p><p>A descrição linguística é contrastada frequentemente com prescrição</p><p>linguística. A prescrição procura definir formulários da língua padrão e</p><p>dar o conselho no uso da língua eficaz, e pode ser pensada como</p><p>tentativa de apresentar as frutas da pesquisa descritiva em um</p><p>formulário, embora extrai também em uns aspectos mais subjectivos da</p><p>estética da língua. A prescrição e a descrição são essencialmente</p><p>complementares, mas têm prioridades diferentes e são vistas às vezes</p><p>para estar no conflito.</p><p>A descrição exacta do discurso real é um problema difícil, e os</p><p>linguistas foram reduzidos frequentemente às aproximações. Quase</p><p>toda a teoria linguística tem sua origem em problemas práticos da</p><p>linguística descritiva. Fonologia (e seus desenvolvimentos teóricos, tais</p><p>como fonema) trata da função e da interpretação do som na língua.</p><p>Sintaxe tornou-se para descrever as réguas a respeito de como as</p><p>palavras relacionam-se a fim dar forma a sentenças. Lexicologia,</p><p>colecta de “palavras” e suas derivações e transformações: não causou a</p><p>teoria muito generalizada.</p><p>Centro de Ensino à Distância 18</p><p> Linguística Aplicada</p><p>O outro ramo da linguística é a Linguística Aplicada que é um campo</p><p>interdisciplinar de estudo que identifica, investiga e oferece soluções</p><p>para os problemas relacionados com a linguagem da vida real. Alguns</p><p>dos campos académicos relacionados à linguística aplicada são:</p><p>educação, linguística, psicologia, antropologia e sociologia.</p><p>Para compreenderes, na íntegra, os fundamentos que orientam a cadeira</p><p>da linguística, vamos falar da matéria e tarefas da linguística.</p><p>1.5 Matéria e Tarefas da Linguística</p><p>Todas as manifestações da linguagem humana, seja de povos selvagens</p><p>ou civilizados, arcaicos ou contemporâneos, constituem a matéria da</p><p>Linguística. Porém, a linguagem escapa, muitas vezes, da observação,</p><p>por isso os linguistas devem levar em conta os textos orais e escritos,</p><p>que servirão de base para seus estudos.</p><p>A Linguística tem três tarefas básicas:</p><p> Descrever a história das línguas;</p><p> Determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos</p><p>da língua; e</p><p> Definir a si própria.</p><p>Pode-se dizer que poucas pessoas têm a respeito ideias claras; porém e</p><p>evidente, por exemplo que as questões linguísticas interessam a todos</p><p>como: historiadores, filólogos, etc. A sua importância está vidada para a</p><p>cultura geral, ou seja na vida dos indivíduo as e das sociedades.</p><p>Recordemos que a linguagem constitui o factor mais importante que</p><p>qualquer outro.</p><p>Resumindo podemos dizer que o estudo da linguagem não é</p><p>exclusividade de especialistas, todos se interessam pelos estudos da</p><p>língua, em maior ou menor proporção. Porém, em última análise cabe</p><p>Centro de Ensino à Distância 19</p><p>ao linguista a tarefa de denunciar e dissipar os erros cometidos ao se</p><p>estudar uma determinada língua.</p><p>Até aqui já fizemos uma resenha histórica da linguística enquanto</p><p>disciplina científica, falamos do conceito, do seu objecto de estudo, das</p><p>componentes, dos ramos e da matéria e da tarefa da linguística. Para</p><p>terminarmos esta unidade, vamos falar da importância e relação que a</p><p>linguística estabelece com outras disciplinas científicas.</p><p>1.6 Relação da Linguística com outras Ciências</p><p>A Linguística estabelece uma estreita relação com outras ciências,</p><p>como a Antropologia, a Psicologia e a Sociologia. Ora, se a linguagem</p><p>é social, obviamente a Linguística se relaciona com a Sociologia. Pode-</p><p>se afirmar, também, que na língua tudo é psicológico. Daí sua relação</p><p>com a Psicologia. E por fim, como a língua é objecto humano, a</p><p>Linguística relaciona-se com a Antropologia. Convém deixar claro que,</p><p>embora se relacionem, há muitos pontos que diferem a Linguística</p><p>dessas outras ciências.</p><p>Ademais, é certo que tudo o que se refere ao estudo da linguagem</p><p>desperta o interesse de especialistas e estudiosos de outras áreas, como</p><p>historiadores e filólogos, pois eles precisam trabalhar com textos. Sem</p><p>contar a importância dada à Linguística para a cultura geral, tanto do</p><p>indivíduo quanto da sociedade.</p><p>Sumário</p><p>Como podes ter notado, a linguística é uma ciência tal como outras:</p><p>com um conceito, um objecto de estudo bem definido, com áreas e</p><p>ramos de estudo, entre outras componentes.</p><p>Em resumo podemos definir Linguística como uma área de estudo</p><p>científico sobre a linguagem humana em suas diversas manifestações.</p><p>O estudo da linguística é feito através dos vários componentes da</p><p>gramática, a saber: a fonética, a fonologia, a morfologia, a sintaxe,</p><p>Centro de Ensino à Distância 20</p><p>semântica e pragmática, estilística, terminologia, a filologia, a</p><p>psicolinguística e a sociolinguística.</p><p>A Linguística enquanto ciência da linguagem nasceu do estudo das</p><p>línguas românicas e das germânicas. Esse estudo aproximou a ciência</p><p>de seu objecto de estudo, ou seja, a Linguística da linguagem.</p><p>As principais componentes da gramática são: a fonética, a fonologia, a</p><p>morfologia, a sintaxe, a lexicologia, a terminologia, a estilística,</p><p>semântica, pragmática, filologia, sociolinguística e psicolinguística.</p><p>Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que</p><p>trabalha na</p><p>análise e descrição da língua e linguística aplicada que é um</p><p>campo interdisciplinar de estudo que identifica, investiga e oferece</p><p>soluções para os problemas relacionados com a linguagem da vida real.</p><p>A linguística tem três principais tarefas: a de descrever a história das</p><p>línguas, determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos</p><p>da língua e definir a si própria. Ela relaciona-se com a com outras</p><p>ciências, tais como a Antropologia, a Psicologia, Filosofia, História,</p><p>Filologia, Sociologia, entre outras.</p><p>Exercícios</p><p>Depois de teres estudado esta que foi a primeira unidade deste módulo,</p><p>leia o exercício e responda as questões que se seguem.</p><p>1. Com suas próprias palavras, apresente uma definição valida para a</p><p>linguística.</p><p>2. Quais são os ramos da linguística?</p><p>3. Fale de cada componente da gramática que conheces indicando seus</p><p>respectivos exemplos.</p><p>4. Qual é a importância do estudo da linguística?</p><p>5. Distinga, com exemplos práticos, a linguística aplicada da</p><p>linguística descritiva.</p><p>6. Qual é a relação da linguística com a literatura e a filosofia?</p><p>Centro de Ensino à Distância 21</p><p>Unidade 02: Conceitos Básicos da Linguística</p><p>Introdução</p><p>Dando continuidade a unidade anterior onde fizemos uma breve</p><p>resenha sobre a linguística enquanto disciplina científica, vamos nesta</p><p>unidade conhecer alguns conceitos básicos que orientam os estudos</p><p>linguísticos.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Distinguir competência linguística da competência</p><p>comunicativa;</p><p> Descrever outras subcompetências: discursiva, textual e</p><p>metalinguística;</p><p> Definir gramática;</p><p> Indicar os quatros tipos de gramática: gramática</p><p>interiorizada (competência), gramática tradicional,</p><p>gramática prescritiva ou normativa, gramática descritiva;</p><p> Apresentar o conceito de universais linguísticos.</p><p>2.1 Competência Linguística vs Competência Comunicativa</p><p>Como já deves saber, a comunicação humana é regida de normas e</p><p>convenções que condicionam os falantes a utilizarem a língua com</p><p>alguma proficiência. Para tal entra em acção a competências linguística</p><p>e a comunicativa.</p><p>Para melhor compreenderes estes dois processos linguísticos, vamos</p><p>distingui-los:</p><p> Competência Comunicativa</p><p>Quando se fala de competência comunicativa faz-se referência à</p><p>capacidade de usar a língua de acordo com a situação e local onde o</p><p>falante se encontra, variando o seu discurso consoante seja necessário</p><p>para se fazer entender através dos vários níveis de língua.</p><p>Centro de Ensino à Distância 22</p><p> Competência Linguística</p><p>Por outro lado, a competência linguística refere-se à capacidade de usar</p><p>conscientemente as diversas estruturas da língua. Na óptica de</p><p>CHOMSKY, competência linguística é a capacidade que o falante tem</p><p>de a partir de um número finito de regras, produzir um número infinito</p><p>de frases.</p><p>2.2 Sub competências</p><p>É igualmente importante referenciar outros tipos de competências, as</p><p>chamadas Sub competências linguísticas. Aqui destacam-se:</p><p> Competência Metalinguística</p><p>Esta competência refere-se à capacidade de usar conscientemente certas</p><p>características habitualmente inconscientes (por exemplo, através de</p><p>jogos de palavras) para ensinar a própria língua.</p><p> Competência Textual</p><p>A competência textual recai no domínio da escrita. Esta competência</p><p>refere-se à capacidade de compreender e interpretar textos de acordo</p><p>com o contexto social ou situacional.</p><p>É importante entender que, para existir a competência comunicativa, é</p><p>antes preciso existir competência linguística, metalinguística e a</p><p>textual. Portanto, há aqui uma relação dialéctica entre as competências.</p><p>2.3 Noções de Gramática, Tipos de Gramática e Universais</p><p>Linguísticos</p><p>Ainda nesta senda de apresentação de alguns conceitos ligados à</p><p>linguística, vamos em seguida conhecer as noções dos seguintes</p><p>termos:</p><p>2.3.1 Noção de Gramática</p><p>A gramática é a descrição estrutural do funcionamento dos sistemas de</p><p>elementos de uma linguagem particular, portanto, beneficia da</p><p>Centro de Ensino à Distância 23</p><p>investigação linguística, abrange as grandes da língua e deve permitir</p><p>uma difusão adequada dos conhecimentos alcançados no campo teórico</p><p>e na aplicação a essa língua.</p><p>O termo gramática é muito frequente em linguística e didáctica das</p><p>línguas que encerra várias acepções, tendo surgido por isso expressões</p><p>lexicalizadas como gramática interiorizada e pares de opostos como</p><p>gramática prescritiva/gramática descritiva, gramática/vocabulário,</p><p>gramática tradicional/gramática generativa.</p><p>2.3.2 Tipos de Gramáticas</p><p>Sendo efectivamente muitas as acepções possíveis para o termo</p><p>gramática, apresentamos e definimos as quatro acepções mais utilizadas</p><p>em linguística e didáctica das línguas:</p><p> Gramática Tradicional</p><p>A gramática tradicional faz a descrição do funcionamento da</p><p>morfologia e da sintaxe de uma língua. Radica na tradição greco-latina</p><p>de compreensão da língua enquanto conjunto de regras que durante</p><p>séculos se resumiram ao funcionamento da morfologia e da sintaxe.</p><p>A esta acepção de gramática associa-se também a noção de gramática</p><p>normativa, uma vez que o ensino que se fazia da gramática tradicional</p><p>tinha como pressuposto a transmissão das regras de bem falar e bem</p><p>escrever. Neste conceito de gramática está subjacente à oposição</p><p>frequente nos manuais escolares entre gramática e vocabulário ou</p><p>léxico, sendo que a gramática é assim entendida como o conjunto de</p><p>regras que dão estrutura aos inventários abertos de palavras contidas no</p><p>vocabulário.</p><p> Gramática Prescritiva ou Normativa</p><p>A gramática prescritiva é um instrumento de regulamentação do</p><p>comportamento linguístico que consiste na prescrição de regras para o</p><p>bem falar e bem escrever. É o tipo de conhecimento e informação</p><p>Centro de Ensino à Distância 24</p><p>contidos em prontuários e gramáticas escolares mais antigas, em que se</p><p>destaca a noção de erro como corrupção da língua, em que se adopta</p><p>uma atitude conservadora em relação à mudança e evolução linguística</p><p>(novamente encarada como erro e deturpação) e em que se privilegia o</p><p>estudo do funcionamento dos textos escritos em detrimento dos orais e,</p><p>dentro destes, da norma literária. É a acepção mais adoptada no ensino</p><p>de línguas.</p><p>A gramática normativa radica num conceito de norma que é</p><p>sociolinguisticamente entendido como sendo a elevação de uma</p><p>variante dialectal a variante de prestígio por motivações que não são</p><p>linguísticas, mas sim políticas, económicas e sociais. A linguística</p><p>moderna veio assim legitimar e valorizar a descrição gramatical do</p><p>funcionamento de outras línguas e dialectos não prestigiados,</p><p>permitindo desta forma um tratamento linguístico sobre outras</p><p>gramáticas.</p><p> Gramática Descritiva</p><p>Gramática Descritiva tem a ver conhecimento descritivo do sistema e</p><p>do funcionamento de uma língua. Abordagem que estuda e procura</p><p>explicar os desvios e variações observadas num dado corte espácio-</p><p>temporal de uma língua. Tal descrição assenta na distinção entre língua</p><p>(competência linguística, no sentido dado por Noam Chomsky, ou</p><p>conhecimento interiorizado pelo falante) e fala (performance ou</p><p>actualização dessa competência linguística); entre modo escrito e modo</p><p>falado da língua, com primado do oral sobre o escrito; entre sincronia</p><p>(estudo da</p><p>língua num determinado tempo-espaço) e diacronia (estudo</p><p>da língua ao longo do tempo), compreendendo a mudança linguística</p><p>como parte do processo natural de evolução e vitalidade das línguas.</p><p>Nesta acepção de gramática adopta-se o uso que é feito pelos falantes</p><p>da língua como critério e não a regra cristalizada nas gramáticas</p><p>escolares.</p><p>Centro de Ensino à Distância 25</p><p>Há também uma separação muito clara entre objectivos de descrição</p><p>gramatical e juízos avaliativos de ordem sociocultural ou estética, pelo</p><p>que todos os textos e discursos são passíveis de serem estudados e</p><p>analisados e não apenas o texto literário.</p><p>Esta noção está associada a uma visão mais moderna e científica do</p><p>estudo da linguagem, pelo que a ela se têm vinculado algumas correntes</p><p>da linguística, sendo por isso possível encontrar expressões como</p><p>gramática de valências ou gramática generativa.</p><p> Gramática Interiorizada (Competência)</p><p>Gramática Interiorizada (Competência) incorpora o sistema de regras e</p><p>elementos, interiorizados e tornados inconscientes no cérebro do</p><p>falante, que presidem ao funcionamento de uma língua, e que lhe</p><p>permitem decidir sobre a boa ou má formação de uma palavra ou frase,</p><p>que lhe permitem identificar um enunciado como pertencente à língua</p><p>falada pela comunidade em que se insere, ou ainda que lhe permitem,</p><p>por exemplo, reconhecer sequências de sons e atribuir-lhes significado</p><p>num contínuo sonoro de fala.</p><p>Esta acepção radica na definição de competência linguística, proposta</p><p>por Noam Chomsky, que opunha a performance e que representou um</p><p>alargamento teórico a respeito da dicotomia língua/fala proposta por</p><p>Ferdinand de Saussure.</p><p>Atenção:</p><p>Uma gramática assim concebida diferencia-se da gramática normativa</p><p>que procura regular o bom uso da língua, motivo pelo qual apresenta</p><p>graves lacunas relativamente à descrição da linguagem que os falantes</p><p>realmente utiliza (por se reportar sempre a um modelo conservador) e</p><p>não toma em consideração as análises explicativas do funcionamento</p><p>das estruturas linguísticas.</p><p>Centro de Ensino à Distância 26</p><p>2.3.3 Universais Linguísticos</p><p>Escondidas sob a aparente diversidade das línguas, existem</p><p>propriedades comuns, que definem o que é a linguagem humana, ou, se</p><p>quisermos, o que é uma língua natural possível. São essas propriedades</p><p>que os linguistas têm designado universais linguísticos.</p><p>Uma propriedade candidata a característica nuclear da linguagem</p><p>humana é a generatividade. As línguas naturais usam um elenco</p><p>mínimo de unidades (os sons significativos de cada língua) para formar</p><p>unidades maiores (os morfemas e as palavras) e usam estes últimos para</p><p>formar expressões e frases a que não é possível, teoricamente, atribuir</p><p>um limite máximo – ou seja, é impossível dizer qual é a frase mais</p><p>comprida de uma língua, porque é sempre possível torna-la mais</p><p>comprida.</p><p>Sumário</p><p>Quando fazemos estudos linguísticos, é inevitável reflectir sobre as</p><p>competências. Em síntese, competência é a capacidade, a aptidão que</p><p>um indivíduo tem de realizar “bem” uma determinada actividade.</p><p>Podemos distinguir competência comunicativa da competência</p><p>linguística.</p><p>Na primeira faz-se referência à capacidade de usar a língua de acordo</p><p>com a situação e local onde o falante se encontra, variando o seu</p><p>discurso consoante seja necessário para se fazer entender através dos</p><p>vários níveis de língua; a segunda refere-se à capacidade de usar</p><p>conscientemente as diversas estruturas da língua. Na óptica de</p><p>CHOMSKY, competência linguística é a capacidade que o falante tem</p><p>de a partir de um número finito de regras, produzir um número infinito</p><p>de frases.</p><p>A gramática é a descrição estrutural do funcionamento dos sistemas de</p><p>elementos de uma linguagem particular, portanto, beneficia da</p><p>investigação linguística, abrange as grandes da língua e deve permitir</p><p>Centro de Ensino à Distância 27</p><p>uma difusão adequada dos conhecimentos alcançados no campo teórico</p><p>e na aplicação a essa língua.</p><p>Sobre os tipos de gramática é importante reter que existem três tipos:</p><p>gramática tradicional, gramática prescritiva ou normativa e a gramática</p><p>descritiva e gramática interiorizada (que tem muito a ver com</p><p>competência).</p><p>Sobre universais linguísticos deves ter compreendido que a</p><p>pressuposição é que existem propriedades universais na linguagem</p><p>humana que permitiriam a obtenção de importantes e profundos</p><p>entendimentos sobre a mente humana.</p><p>Exercícios</p><p>1. Atribua o valor de falso [F] e verdadeiro [V] para as afirmações</p><p>abaixo e justifica cada escolha feita.</p><p> Quando um indivíduo de classe intelectual mantém seu nível de</p><p>linguagem perante um indivíduo de classe baixa trata-se de</p><p>competência linguística. [ ]</p><p> Quando fazemos o uso adequado dos vários recursos</p><p>linguísticos estamos perante metalinguística. [ ]</p><p> A habilidade de compreender e interpretar textos tendo em conta</p><p>a maneira de falar da comunidade linguística tem a ver com a</p><p>competência textual. [ ]</p><p>2. Faça uma breve síntese sobre os tipos de gramática existente.</p><p>3. Explique conceito de universais linguístico. Dê exemplo prático.</p><p>4. Da lista que se segue indique os que pensa que não constituem</p><p>universais linguísticos. Justifique.</p><p>a. Sistemas escritos;</p><p>b. Formas arbitrariamente associadas e significados;</p><p>c. Prefixos;</p><p>d. Pronomes;</p><p>e. Palavras que referem grau de parentesco (pais, irmãos, sogros,</p><p>cunhados, etc.).</p><p>Centro de Ensino à Distância 28</p><p>Unidade 03: Origem da Linguagem</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade vamos introduzir um conteúdo ligeiramente diferente.</p><p>Vamos debruçar sobre a linguagem humana. Ao longo desta unidade</p><p>vais poder conhecer o panorama histórico sobre a origem da linguagem</p><p>humana e as principais teorias filosóficas. O conhecimento da história</p><p>da linguagem humana vai permitir um amplo conhecimento das</p><p>particularidades das línguas faladas no mundo.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>3.1 Teorias Filosóficas da Linguagem</p><p>Sobre a origem da linguagem verbal, é uma questão controversa, visto</p><p>que tem levado debates e propostas de muitos linguistas sem no entanto</p><p>chegarem a um consenso comum. Existem diversas teorias filosóficas</p><p>sobre a origem da linguagem verbal, a destacar:</p><p>I. A linguagem é de origem divina (dom de Deus), que defende</p><p>que" ainda não foi proposta nenhuma teoria aceitável que</p><p>explica satisfatoriamente a faculdade que o homem tem de falar,</p><p>ou seja a linguagem sem a existência de um criador." Houve</p><p>“experiências” lendárias em que se isolaram crianças na</p><p>esperança de as primeiras palavras que articulassem revelariam</p><p>a língua original. As crianças aprenderam a língua que se lhes</p><p>fala; se não ouvirem falar, também não falarão. Casos concretos</p><p>de crianças socialmente isoladas mostram que a linguagem se</p><p>desenvolve apenas quando se verifica contacto linguístico</p><p>suficiente.</p><p>Objectivos</p><p> Indicar as três principais teorias filosóficas que explicam o</p><p>surgimento da linguagem;</p><p> Descrever a evolução da linguagem humana.</p><p>Centro de Ensino à Distância 29</p><p>II. A linguagem é de invenção humana, cujo defensor é o filósofo</p><p>grego Platão, dizia que não foi Deus que atribuiu a faculdade de</p><p>falar aos</p><p>homens, mas sim o “legislador” que atribuiu nomes</p><p>verdadeiros a todas as coisas. Mais adiante dizia que, não é todo</p><p>homem que pode dar nome, mas sim o criador de nomes que é o</p><p>Legislador.</p><p>III. Linguagem como um conhecimento natural, que dizia que o</p><p>homem tem a capacidade para aprender (adquirir) a língua e já</p><p>nasce com esta capacidade inata, o que significa que a</p><p>capacidade para falar uma língua é inata. Noam Chomsky,</p><p>defende que ninguém ensina uma criança a falar, ela nasce com</p><p>uma capacidade para por si só, poder falar. Chomsky, diz ainda</p><p>que a criança nasce com LAD (Language Acquisition Device),</p><p>que é o mecanismo de aquisição de linguagem, que faz com que</p><p>ela fale. Herder considerou que a linguagem e o pensamento são</p><p>inseparáveis e que, o homem nasce com uma capacidade para</p><p>desenvolver o pensamento e a fala.</p><p>IV. Teoria monogenética, dizia que, assim como o homem nasceu</p><p>de um só, as línguas também surgiram duma única, que depois</p><p>sucedeu famílias linguísticas.</p><p>Atenção:</p><p>Não existe uma teoria aceitável que explique satisfatoriamente sobre a</p><p>origem do homem, do universo também não existe uma teoria que</p><p>explique satisfatoriamente sobre a origem da linguagem.</p><p>3.2 Evolução da Linguagem</p><p>A curiosidade sobre nós próprios e sobre o nosso dom mais invulgar – a</p><p>linguagem – tem-nos também conduzido a inúmeras teorias sobre a</p><p>origem e evolução da linguagem. Nada nos permite “aprovar” ou</p><p>“negar” essas hipóteses embora possam contribuir para a descoberta da</p><p>natureza da linguagem.</p><p>Centro de Ensino à Distância 30</p><p>Biológicos e linguistas mostram hoje em dia um interesse renovado na</p><p>questão da origem da linguagem. Várias teorias evolucionistas</p><p>propostas recentemente opõem-se quer à teoria da origem divina quer à</p><p>da invenção. Sugere-se, de facto, que no decurso da evolução tanto as</p><p>espécies humanas como a linguagem desenvolveram-se.</p><p>Alguns estudiosos defendem a ideia que esse desenvolvimento ocorreu</p><p>simultaneamente e que, desde o início, o animal humano estava</p><p>preparado para aprender a linguagem. Na realidade, há quem acredite</p><p>que é a linguagem que torna humana a natureza humana.</p><p>Estudos sobre o desenvolvimento evolucionário do cérebro apontam no</p><p>sentido da existência de condições prévias de carácter fisiológico,</p><p>anatómico e “mental” que permitem o desenvolvimento linguístico.</p><p>Sumário</p><p>Para resumirmos esta unidade importa referenciar que, no geral,</p><p>existem diversas teorias filosóficas sobre a origem da linguagem verbal.</p><p>Nesta unidade destacamos as quatros teorias mais sonantes nos estudos</p><p>linguísticos: a primeira justifica a origem da linguagem humana por</p><p>conta da força divina; a segunda, sustenta a ideia de que a intervenção</p><p>do homem foi fundamental; a terceira teoria, afirma que a linguagem</p><p>humana resulta do conhecimento natural; e a quarta, a monogenética</p><p>defende que a linguagem humana surgiu duma única língua.</p><p>É importante salientar que das teorias acima apresentadas não existe</p><p>uma teoria modelo que explique satisfatoriamente este dilema. Falar da</p><p>origem da linguagem é mesmo que falar da origem do universo e da</p><p>origem do homem.</p><p>Centro de Ensino à Distância 31</p><p>Exercícios</p><p>Com base nas informações acima explanadas, responda com categoria</p><p>as seguintes questões:</p><p>1. Considerando as teorias: origem divina, invenção humana,</p><p>conhecimento natural e a teoria monogenética, qual é o que satisfaz</p><p>a sua convicção individual? Explique-se.</p><p>2. Qual foi a influência de Chomsky para os estudos da linguagem</p><p>humana?</p><p>3. Faça uma breve síntese sobre a evolução da linguagem humana.</p><p>4. Invente a sua própria teoria sobre a origem da linguagem humana.</p><p>Poderá por exemplo sugerir que a linguagem nasceu quando</p><p>criaturas extra-terrestres que já tinham linguagem possuíram os</p><p>corpos das mulheres das cavernas…</p><p>Centro de Ensino à Distância 32</p><p>Unidade 04: Características Básicas da Linguagem Humana</p><p>Introdução</p><p>Ainda sobre a linguagem humana, vais nesta unidade poder</p><p>compreender a diferença entre a linguagem humana da linguagem não</p><p>humana. Nesta vertente vamos aprofundar o conhecimento de algumas</p><p>componentes básicas da linguagem humana. Esperamos que com estes</p><p>conhecimentos você possa ter uma noção clara da importância que tem</p><p>o estudo da linguagem humana para a comunicação dos seres humanos.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Diferenciar humana da linguagem não humana;</p><p> Indicar algumas componentes básicas da linguagem humana:</p><p>código, sinais, índices e conhecimento linguístico.</p><p>4.1 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças)</p><p>Para compreenderes com alguma facilidade as diferenças que existem</p><p>entre a linguagem humana e da linguagem não-humana deves ter na</p><p>mente que existem uma certa semelhante destes conceitos com os</p><p>códigos linguísticos e não-linguísticos.</p><p>Por exemplo, os códigos linguísticos são usados pelos humanos – usam</p><p>a palavra articulada, quer por via escrita, quer por via oral, e os códigos</p><p>não­linguísticos, que também são usadas pelos humanos e não</p><p>humanos, não usam a palavra articulada: são os casos de sinais, sons,</p><p>desenhos, para os humanos e para os não-humanos, as "linguagens" dos</p><p>animais (dança das abelhas, etc.).</p><p>4.2 Algumas Componentes da Linguagem Humana</p><p>A linguagem humana compõe-se por: linguagem verbal, que se</p><p>manifesta através da escrita e fala e linguagem não-verbal, que se</p><p>manifesta através de símbolos, de gestos e pelos códigos não-</p><p>linguísticos.</p><p>Centro de Ensino à Distância 33</p><p>O Homem quando usa a língua para se comunicar está usando os</p><p>códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa sinais, índices e</p><p>necessita de certo conhecimento da língua.</p><p> Códigos conjunto de sinais vocais ou visuais que permitem a</p><p>comunicação dos membros duma dada sociedade. Ex: linguagem da</p><p>estrada; dos autistas; linguagem jurídica, médica e científica. Os</p><p>códigos pela sua natureza, dividem-se em sinais e índices.</p><p> Sinais, factos produzidos artificialmente que têm como objectivo a</p><p>intenção de comunicar. Ex: A bandeira vermelha numa praia,</p><p>franzir a testa, placas de sinalização nas estradas.</p><p> Índices, factos perceptíveis que transmitem alguma mensagem,</p><p>embora não tenham intenção de comunicar. Ex: nuvens negras no</p><p>céu; as pegadas.</p><p>A diferença que existe entre os termos acima, é que enquanto os sinais,</p><p>são factos artificiais (produzidos pelo homem), os índices em algum</p><p>momento são naturais. Todos estes elementos fazem parte de um</p><p>código.</p><p>A principal característica das linguagens humana e animal é o aspecto</p><p>criativo, enquanto o homem pode criar o animal não pode. O alfabeto</p><p>grego contem vinte e seis sons, que a partir dos quais podemos formar</p><p>palavras obedecendo certas regras, e daí podemos formar as unidades</p><p>maiores (frases). Sendo assim, admite-se que o homem tem o</p><p>conhecimento linguístico.</p><p>Conhecimento linguístico, consiste no conhecimento de um gama</p><p>finita de palavras e na capacidade de juntá-las para produzir um número</p><p>infinito de frases. A este processo que o Homem tem de combinar uma</p><p>gama finita de palavras para formar frases segundo certas regras</p><p>denomina-se dupla articulação.</p><p>Centro de Ensino à Distância 34</p><p>Sumário</p><p>Em resumo podes ficar com a informação de que a linguagem humana</p><p>utiliza os códigos linguísticos (palavras escrita e oral). A linguagem</p><p>não-humana recorre somente aos sinais, sons, desenhos para a</p><p>comunicação. O homem também usa a linguagem não-humana.</p><p>O Homem quando usa a língua para se comunicar está usando os</p><p>códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa sinais, índices e</p><p>necessita de certo conhecimento da língua.</p><p>Exercícios</p><p>Com alto sentido académico, responda as questões que se seguem:</p><p>1. Identifique os tipos de linguagem que conhece.</p><p>2. Diga qual é a principal característica básica da linguagem humana,</p><p>e debruce sobre ela.</p><p>3. Conceptualize os termos, códigos, sinais e índice, e de seguida</p><p>apresente um exemplo para cada termo.</p><p>4. Explicite a principal diferença existente entre o processo de</p><p>comunicação nos homens e nos animais. De exemplos concretos.</p><p>5. Identifique os tipos de comunicação efectuadas entre as abelhas e</p><p>de seguida estabeleça a(s) diferença(s) entre as mesmas.</p><p>Centro de Ensino à Distância 35</p><p>Unidade 05: O Signo Linguístico</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade vamos conhecer o conceito de signo linguístico, a sua</p><p>funcionalidade dentro dos estudos linguísticos. Ainda relacionado com</p><p>o signo linguístico, vamos nesta unidade compreender o papel e a</p><p>influência de Ferdinand SAUSSURE, linguista e filósofo. Sobre</p><p>SAUSSURE, vamos estudar algumas das suas famosas dicotomias.</p><p>Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p> Definir signo linguístico;</p><p> Indicar o principal precursor da teoria do signo linguístico;</p><p> Anunciar as principais dicotomias emanadas por Ferdinand</p><p>SAUSSURE.</p><p>5.1 O Signo Linguístico: a Teoria do Signo Linguístico</p><p>O signo linguístico corresponde ao elemento comunicacional que</p><p>resulta da união entre um conceito (significado) à uma imagem acústica</p><p>(significante). O signo linguístico é um elemento comunicacional</p><p>bastante crucial em qualquer sociedade que seja, porque os falantes dela</p><p>dependem para se comunicar diariamente.</p><p>O signo linguístico divide-se em signo linguístico vs. não-linguísticos.</p><p> Signo linguístico, quando se usa a palavra articulada para se</p><p>comunicar. Ex: Arroz, leão, casa etc., corresponde à qualquer</p><p>palavra articulada em qualquer língua.</p><p> Signo não-linguísticos acontece quando não se usa a palavra</p><p>articulada, é o caso de gestos, códigos de estrada, linguagem dos</p><p>autistas (surdo-mudo) entre outros.</p><p>Centro de Ensino à Distância 36</p><p>A teoria do signo linguístico foi descrito por Ferdinand Saussure1, em</p><p>seu livro Cours de la Linguistique Generale2, em 1972. Na sua obra,</p><p>Saussure concebeu signo linguístico como uma combinação de um</p><p>conceito com uma imagem sonora. Uma imagem sonora é algo mental,</p><p>visto que é possível a uma pessoa falar consigo própria sem mover os</p><p>lábios. Mas em geral, as imagens sonoras são usadas para produzir uma</p><p>elocução.</p><p>Quais são então as características da teoria do signo linguístico? De um</p><p>modo geral, o signo linguístico apresenta cinco características, a saber:</p><p>(i) O signo linguístico é dotado de um conceito (significado) e uma</p><p>imagem acústica (significante) isto é; une em significado à um</p><p>significante. Ex: significado (ideia de laranja) e significante (a</p><p>expressão fónica ou o conjunto de elementos de constituem esta</p><p>palavra soletrada);</p><p>(ii) Outra característica é que a relação entre significado vs. significante</p><p>é meramente de arbitrariedade. Ex: Os significados laranja, ou ovo</p><p>são idênticos em todas as línguas do mundo, mas o significante, que</p><p>é a expressão fónica, varia de língua para língua;</p><p>(iii)O enunciado ou signo linguístico realiza-se no tempo, isto é; os</p><p>falantes de qualquer língua não conseguem proferir as palavras</p><p>numa frase ao mesmo tempo, há momentos sucessivos para tal;</p><p>(iv) O signo linguístico é diferencial, isto é, um significante é igual a um</p><p>significado e nunca mais ou menos. O termo árvore é sempre aquela</p><p>árvore que o ser humano tem em mente e nunca mais ou menos; e</p><p>finalmente</p><p>(v) O signo linguístico pertence ao sistema que constitui a língua, isto</p><p>é; cada signo somente tem valor quando se opõe ao(s) outro(s). Ex:</p><p>fone vs. cone e loja vs. Lona.</p><p>1 Ferdinand de Saussure (Genebra, 26 de Novembro de 1857 – Morges, 22 de</p><p>Fevereiro de 1913) foi um linguista e filósofo suíço cujas elaborações teóricas</p><p>propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência e desencadearam o</p><p>surgimento do estruturalismo. Além disso, o pensamento de Saussure estimulou</p><p>muitos dos questionamentos que comparecem na linguística do século XX.</p><p>2 Curso de Linguística Geral.</p><p>Centro de Ensino à Distância 37</p><p>Para compreenderes melhor, veja a figura abaixo que ilustra claramente</p><p>a relação que se pode fazer entre o significado e o significante:</p><p>Figura 1 – Signo Linguístico (relação significado e significante)</p><p>Ou seja, um signo consiste em:</p><p> Um conceito - ou seja, o significado (signifié); aquilo que a</p><p>imagem representa na realidade prática; e</p><p> Uma imagem sonora - ou seja, o significante (signifiant); a</p><p>forma fonológica em termos generativos.</p><p>Ao pensarmos na linguagem verbal, tendo a língua como código, os</p><p>signos linguísticos são, então, os responsáveis pela representação das</p><p>ideias, sendo esses signos as próprias palavras que, por meio da fala ou</p><p>da escrita, associamos a determinadas ideias.</p><p>Pode-se, assim, afirmar que os signos linguísticos apresentam dois</p><p>componentes: uma parte material (o som ou as letras) - o significante;</p><p>outra parte abstracta (a ideia) - o significado.</p><p>Sumário</p><p>Como podes depreender, nesta unidade passamos para uma intervenção</p><p>mais detalhada do fenómeno linguístico, contrariamente ao que</p><p>estávamos a fazes nos capítulos anteriores. Falamos com algum detalhe</p><p>o funcionamento do signo linguístico e o que ele representa para os</p><p>estudos linguísticos. Em síntese podemos conceber signo linguístico:</p><p>Centro de Ensino à Distância 38</p><p>O signo linguístico constitui-se numa combinação de significante e</p><p>significado, como se fossem dois lados de uma moeda.</p><p>o O significante do signo linguístico é uma "imagem acústica"</p><p>(cadeia de sons). Consiste no plano da forma.</p><p>o O significado é o conceito, reside no plano do conteúdo.</p><p>Contudo, indubitavelmente, a teoria do valor é um dos conceitos</p><p>cardeais do pensamento de Saussure. Sumariamente, esta teoria postula</p><p>que os signos linguísticos estão em relação entre si no sistema de</p><p>língua. Entretanto, essa relação é diferencial e negativa, pois um signo</p><p>só tem o seu valor na medida em que não é um outro signo qualquer:</p><p>um signo é aquilo que os outros signos não são.</p><p>Em termos sumários, um signo linguístico é toda unidade portadora de</p><p>sentido. Os signos são entidades em que sons ou sequências de sons -</p><p>ou as suas correspondências gráficas - estão ligados com significados</p><p>ou conteúdos. (...) Os signos são assim instrumentos de comunicação e</p><p>representação, na medida em que, com eles, configuramos</p><p>linguisticamente a realidade e distinguimos os objectos entre si.</p><p>Exercícios</p><p>Assim que já falamos muito sobre o signo linguístico, acreditamos que</p><p>já estas em condições para responder às duas questões que se seguem</p><p>acerca</p>

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