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<p>4 GRAVIDEZ DURANTE A ADOLESCÊNCIA EVA DINIZ Neste capítulo, será discutida a gravidez de estabilidade e planejamento e, por isso, durante a adolescência, como um aconte- considerada inconciliável com essa etapa da cimento que surge em um contexto de de- vida. Contudo, sabe-se que nem sempre foi senvolvimento particular. Em um primeiro assim. Até meados do século XIX, a gravi- momento, será feita uma conceitualização dez ocorria em uma época que agora é con- da gravidez adolescente e de suas caracterís- siderada prematura. Esses aspectos revelam ticas na sociedade brasileira. Por fim, alguns o quanto a gravidez é também um produto casos serão apresentados com o objetivo de social e cultural; ou seja, a forma como ela é descrever a gestação e suas repercussões, a avaliada depende do contexto sociocultural partir de falas das próprias adolescentes. em que ocorre. A preocupação com a gravidez du- rante a adolescência surgiu nos anos de ADOLESCÊNCIA E GRAVIDEZ 1960, decorrente, principalmente, da que- da do índice de fecundidade nas mulheres A gravidez durante a adolescência é defini- adultas, mas não nas adolescentes. Assim, da como aquela que ocorre quando a mãe esse tipo de gravidez passou a ser avaliada tem entre 14 e 19 anos (World Health Or- com apreensão, por se considerar que o seu ganization [WHO], 2002). Contudo, o uso aparecimento seria impeditivo de um de- de um único critério, nesse caso, a idade, senvolvimento harmonioso para a jovem, para definir um acontecimento complexo tanto do ponto de vista pessoal como do e que envolve múltiplas variáveis pode ser profissional. Essa perspectiva decorreria questionável (Dias, 2009; Duncan, 2007). da concepção da adolescência como uma Apesar de esse ser um aspecto pertinente, etapa marcada pela definição da trajetória recorre-se à definição etária por ser a mais profissional e pelo treino de competências utilizada na literatura. sociais. A adolescente seria avaliada como A diversidade de adjetivos existen- não tendo a maturidade suficiente para um tes, como "gravidez precoce", para nomear adequado desempenho do papel parental a gestação durante a adolescência traduz (Leal, 2000). Ou seja, a gravidez adolescen- a percepção de que a adolescência é um te passou a ser considerada um aconteci- conceito dificilmente conciliável com a mento não normativo, comprometedor da gravidez, pelo menos nas sociedades ditas construção de identidade e de autonomia desenvolvidas (Altman, 2007). A gestação, dos adolescentes que se tornam pais e de atualmente, é encarada como um produto seu filho (Figueiredo et al., 2000). Por esse</p><p>Trabalhando com adolescentes 55 motivo, investigadores de diversas áreas de- & Menandro, 2005; Ministério da Saúde, sobre o assunto, questionando 2006), dado que ocorre em um grupo hete- o que levaria a fecundidade adolescente a rogêneo de pessoas (Duncan, 2007). Os estu- progredir de forma inversa à das mulheres dos quantitativos tendem a fornecer a visão adultas, em especial em contextos de vulne- das gestantes adolescentes como um grupo rabilidade socioeconômica (Heilborn et al., social de risco, reforçado pelo meio de vulne- 2002; Pantoja, 2003). rabilidade social de onde provêm. Contudo, A relação entre baixo nível socioeco- essa é uma concepção que não pode ser esta- nômico e gravidez adolescente é relatada belecida a priori, porque cada uma das ado- em diversos estudos (Carniel, Zanolli, Al- lescentes que compõe esse grupo tem uma meida, & Morcillo, 2006; Coley & Chase- história pessoal, da qual emerge a sua gravi- -Lansdale, 1998; Duncan, 2007; Esteves & dez (Duncan, 2007). Portanto, uma análise Menandro, 2005; Heilbron et al., 2002; Mo- contextual é imprescindível. ore & Brooks-Gunn, 2002). No entanto, é A própria concepção da idade consi- necessário ser cauteloso com essa associa- derada adequada para se ter filhos tem se ção. Considera-se que não seria a pobreza modificado ao longo do tempo, sendo asso- a gerar o aparecimento da gravidez durante ciada a aspetos sociais. Até meados do sécu- a adolescência, mas, antes, as características lo XX, era o período entre os 14 e 18 anos do contexto de desenvolvimento, frequen- que se estabeleciam os papéis de adultos. A temente marcado por baixas expectativas passagem para a vida adulta era encarada para o futuro. Nesse sentido, é fundamental pela independência econômica e pela en- atender à especificidade dos contextos de trada em uma relação estável marcada pelo desenvolvimento ao estudar/trabalhar com casamento. Contudo, atualmente, essas essa população. A influência do contexto etapas tornaram-se mais fluidas, e a ado- para compreender como a gravidez poderá lescência passou a ser encarada como um afetar o desenvolvimento e a trajetória de período sem marcos definidos, regido pela vida das adolescentes deve ser considerada instabilidade, pela procura de identidade e (Figueiredo, 2001). pela exploração de áreas como o amor e o Uma pesquisa realizada no Brasil com trabalho (Arnett & Eisenberg, 2007). Essas adolescentes brasileiras constatou que exis- mudanças geraram maior liberdade sexual, tem preocupações distintas, com relação à e, por isso, o período entre os últimos anos gravidez durante a adolescência, em função da adolescência e meados dos 20 anos já do meio social em que ocorre (Esteves & Me- não é encarado como a época para casar e nandro, 2005). Por exemplo, a preocupação estabelecer uma família, como acontecia até com a gravidez no nível social médio asso- então, mas como um momento de explo- cia-se a dúvidas com o futuro social, pro- ração individual. Além disso, assistiu-se ao fissional e acadêmico das adolescentes. No aumento do tempo em que os adolescentes entanto, em um nível socioeconômico baixo, permanecem na escola, o que afetaria os a principal preocupação se refere a questões modelos de relacionamento amoroso, deri- de subsistência econômica da mãe e do bebê. vados da pouca autonomia financeira pró- Verifica-se, assim, que, perante um mesmo pria dos estudantes (Arnett, 2007). Assim, acontecimento, diferentes configurações na tendeu-se a assistir a um adiamento da ida- maternidade adolescente ocorreriam. Logo, de para o casamento e a maternidade, em- a gravidez adolescente não pode ser encara- bora isso não possa ser generalizado para da de forma homogênea e unívoca (Esteves todos os segmentos da população (Arnett,</p><p>56 Habigzang, Diniz & Koller (orgs.) 2007; Dutra-Thomé, Diniz, & Koller, no Em contrapartida, adolescentes de classe prelo; Galambos & Martínez, 2007). socioeconômica mais desfavorecida, que se A adolescência, no contexto brasilei- confrontam com a pobreza e um sistema ro, tem sido marcada pela sua heteroge- educativo público de fraca qualidade, terão neidade geográfica e social, sendo possível menos oportunidade de prolongar os seus questionar se essa fase será vivida da mesma estudos. Essas características distintas per- forma em todo o País e em todas as classes mitem que existam processos de adolescên- sociais. Alguns autores (Arnett, 2007; Dias, cia diferenciados em um mesmo país (Ga- 2009; Diniz & Koller, no prelo; Galambos & lambos & Martínez, 2007). Assim, a forma Martínez, 2007), no início do século XXI, como essa fase é vivida seria permeada pelo começaram a discutir a denominação ge- nível socioeconômico, já que nem todos os nérica do termo "adolescência", chegando à jovens têm as mesmas oportunidades edu- conclusão de que a forma como essa fase é cacionais, profissionais e até de vivência da vivida em cada país é fortemente influencia- juventude (Cerqueira-Santos, Paludo, dei da pelos recursos socioeconômicos dispo- Schiró, & Koller, 2010). Logo, a adolescên- níveis. Nesse sentido, verificou-se que, por cia, atualmente, é considerada como um exemplo, adolescentes brasileiros de classe fenômeno mais específico de culturas do média/média alta se aproximariam mais de que de países (Arnett, 2007; Galambos & adolescentes europeus ou norte-america- Martínez, 2007). nos do que dos adolescentes de classe mé- Uma pesquisa realizada no Brasil dia baixa/baixa do seu próprio País (Arnett, (Pantoja, 2003) revelou que aconteci- 2007; Douglass, 2007; Diniz & Koller, no mentos considerados normativos, como prelo; Dutra-Thomé et al., no prelo). Essa a gravidez e o momento em que esta de- afirmação baseia-se na constatação de que veria acontecer, são influenciados por pa- adolescentes brasileiros de níveis socioeco- drões da cultura. Diferentes grupos sociais nômicos mais elevados tendem a estudar podem ter valores específicos para o seu mais e, consequentemente, a adiar a idade desenvolvimento. Assim, determinados do casamento, tal como os adolescentes dos acontecimentos passariam a ser considera- países europeus. No entanto, essa realidade dos não normativos por serem avaliados a não se estende aos adolescentes de níveis partir de uma cultura dominante, distinta socioeconômicos mais desfavorecidos, que daquela de que provêm. Por esse motivo, a tendem a estudar menos e a constituir fa- gravidez durante a adolescência pode ser mília mais cedo. genericamente avaliada como um acon- A forma como a adolescência é vivida tecimento não normativo, embora talvez associa-se, então, às opções feitas nessa fase não seja equacionada da mesma forma em de vida, nomeadamente o prolongamento todas as classes sociais. Em alguns contex- dos estudos ou a entrada no mercado de tos, o exercício da parentalidade poderia trabalho. Contudo, no Brasil e em outros emergir como um acontecimento regula- países da América Latina, a escolha por dor de entrada na vida adulta, em detri- cada uma dessas opções pode não ser uni- mento do desenvolvimento escolar e/ou versal (Galambos & Martínez, 2007; Panto- a especialização profissional (dei Shiró & ja, 2003). Ou seja, adolescentes que provêm Koller, 2011; Duncan, 2007), conforme se de famílias que moram em áreas urbanas e espera em outros níveis sociais. em cidades mais desenvolvidas têm maior Muitos dos estudos realizados até os possibilidade para fazer esse tipo de opção. anos de 1990 tendiam a enfatizar os riscos</p><p>Trabalhando com adolescentes 57 associados à gravidez adolescente, nomea- e distante (Canavarro & Pereira, 2001; Fi- damente a pobreza e a baixa escolaridade gueiredo, 2001). materna, que colocariam em risco o desen- Com base nessas diferentes configu- volvimento do bebê. Essa visão derivava da rações, Duncan (2007) propôs a formação perspetiva de que maternidade/paternidade de três grupos, decorrentes do contexto de eram conceitos dissociados de adolescência, aparecimento da gravidez e da sua reper- sendo, por isso, avaliados como uma situa- cussão no desenvolvimento da adolescente: ção de No entanto, estudos mais recen- tes (Diniz & Koller, no prelo; Duncan, 2007; 1. Adolescentes de grupos Esteves & Menandro, 2005; Scaramella, Con- mais desfavorecidos. Nesses casos, ger, Simons, & Whitbeck, 1998) permitiram ter um bebê surgiria como um elemento aceder a outras compreensões por meio do de esperança, que possibilitaria escapar estudo dos contextos em que a gravidez sur- de um passado desolador e pouco oti- giu. Considera-se, assim, que a vivência da mista. No entanto, o autor enfatiza que, gravidez adolescente poderá ser influenciada com o passar do tempo, esta seria uma por múltiplos fatores (Esteves & Menandro, gravidez que poderia se tornar uma 2005; Figueiredo, Pacheco, & Magarinho, desilusão e, muitas vezes, reforçaria as 2004), como: história desenvolvimental; condições de pobreza e precariedade idade e recurso psicológico dos pais; nível social. socioeconômico de origem; rede de suporte 2. Adolescentes com recursos sociais e social e características do bebê. Todos esses familiares, com um plano de vida para o fatores têm sido considerados importantes futuro. Nesses casos, a gravidez tenderia na qualidade de vida dos pais adolescentes, a ser encarada como um evento pertur- no desenvolvimento do bebê (Jaccard, Dod- bador e um obstáculo para alcançar as ge, & Dittus, 2003) e na relação que se es- metas planejadas, embora não impedi- tabelece com ele (Figueiredo, 2001). Logo, a tivo. vulnerabilidade de um dos elementos (mãe/ 3. O terceiro grupo seria aquele em que a bebê) poderá ser minimizada pela poten- gravidez surgiria como um catalizador, cialidade de outros, que funcionam como ou seja, um acontecimento que ajudaria fatores protetivos. Por esse motivo, é impor- a criar e a direcionar um plano de vida tante atender às caraterísticas do contexto que, muitas vezes, não existia ou estava de desenvolvimento da adolescente grávida, perdido. Nesse grupo, a gravidez seria já que, quanto maior o número de recursos encarada como um acontecimento que desse contexto, maior o sucesso da unidade permitiria voltar a ter objetivos e a to- familiar (Figueiredo et al., 2000). mar atitudes para agir em conformidade Assim, considera-se que a gravidez com estes. Como exemplo, seria possível durante a adolescência não pode ser avalia- considerar as adolescentes que abando- da a partir de uma perspectiva causal, uma nam comportamentos delinquentes, vez que pode surgir em uma multiplicidade retomam a escola e/ou se empenham de situações: pode ser vivida de forma lines- na procura de um trabalho. perada ou, pelo contrário, ocorrer em um contexto de desejo e planejamento. O mes- A existência desses três grupos distin- mo acontece na forma como a parentalida- tos reforçaria a perspectiva de que a gravi- de é exercida: esta poderá ser responsável e dez adolescente não pode ser avaliada de contingente ou, pelo contrário, indiferente forma unidirecional nem como tendo ca-</p><p>58 Habigzang, Diniz & (orgs.) racterísticas específicas, uma vez que toda do às condições de vida anteriores à gravi- gestação, mesmo aquela que ocorre du- dez (Duncan, 2007). rante a adolescência, se desenvolve em um As dificuldades de relacionamento contexto particular, com especificidades com o grupo de pares e o insucesso escolar culturais, econômicas, familiares e sociais são as características mais fortemente asso- (Dallas, 2004; Duncan, 2007; Jaccard et al., ciadas à gestação adolescente (Figueiredo et 2003). A gravidez pode alcançar adolescen- al., 2000; Heilborn et al., 2002; Persona, Shi- tes de diferentes idades e níveis de desenvol- mo, & Tarallo, 2004). Um estudo realizado vimento, com condições de saúde, escolares no Brasil revelou que o uso de contracep- e familiares próprias (Esteves & Menandro, ção, nas adolescentes, se relacionava com a 2005; Levandowski & Piccinini, 2006). A frequência escolar (Gomes, Speizer, Gomes, maternidade pode, em certos casos, susci- Oliveira, & Moura, 2008). Verificou-se que tar a adolescente a (re) delinear o seu pro- a frequência e o sucesso acadêmico tendem jeto de vida (Dallas, 2004; Pantoja, 2003). a ser fatores que contribuem para o adia- Ao encarar a gravidez como uma forma mento da idade de iniciação sexual para de passagem para a vida adulta, podem ser as meninas (Almeida, Aquino, & Barros, mobilizados esforços para estruturar a vida 2006; Scaramella et al., 1998), assim como da gestante e, assim, passar a valorizar a uma maior eficácia no uso de contracepção necessidade e a importância de retomar os (Gomes et al., 2008; Scaramella et al., 1998). estudos para a estruturação de um projeto As adolescentes que engravidam tendem a futuro. Não obstante, a literatura tem dis- apresentar menos anos de frequência esco- cutido a presença de certas variáveis asso- lar se comparadas àquelas que não engra- ciadas ao aparecimento da gravidez durante vidam (Carniel et al., 2006). No entanto, a adolescência. sabe-se também que o abandono da escola tende a ser prévio à gestação. Um estudo realizado com 14.444 adolescentes grávidas VARIÁVEIS ASSOCIADAS revelou que, à data da gravidez, 87,6% já À GRAVIDEZ ADOLESCENTE não frequentavam a escola (Carniel et al., 2006). O contexto de desenvolvimento da adoles- A qualidade das relações familiares é cente é um aspeto que não pode ser despre- também um fator relevante. As adolescen- zado ao se trabalhar com a maternidade/ tes que engravidam tendem a descrever suas parentalidade nessa etapa da vida (Diniz & famílias como menos apoiadoras e com Koller, no prelo; Duncan, 2007; Figueiredo pior relacionamento intrafamiliar (Benson, et al., 2000; Moore & Brooks-Gunn, 2002; 2004; Dias & Aquino, 2006; East, Reyes, & Scaramella et al., 1998). A gravidez duran- Horn, 2007; Meade, Kershaw, & Ickovics, te a adolescência tende a ser descrita como 2008). uma escolha entre poucas alternativas pos- O apoio social é apontado como a síveis: baixa realização acadêmica, relações variável que mais afeta a gravidez e a ma- sociais consideradas pouco satisfatórias e ternidade adolescente (Crase, Hockaday, baixas expectativas para o futuro (Dias & & McCarville, 2007; Devereux, Weigel, Aquino, 2006; Duncan, 2007; Figueiredo et Ballard-Reisch, Leigh, & Cahoon, 2009; al., 2000). O aparecimento da gestação du- Feldman, 2007; Figueiredo, 2001). Um rante a adolescência estaria, assim, associa- estudo com gestantes norte-americanas</p><p>Trabalhando com adolescentes 59 revelou que a qualidade da vinculação adolescentes tendem a apresentar maior pré-natal estava positivamente associada prevalência de depressão materna em com- à presença de apoio social e autoestima paração às mulheres adultas. No entanto, materna, enquanto estava negativamen- outras pesquisas discutem que o apareci- te associada a estresse durante a gravidez mento da depressão nessas adolescentes (Feldman, 2007). A falta de apoio social é está intimamente relacionado com a forma identificada como uma das maiores difi- como a gravidez é vivida (Coleman & Car- culdades das adolescentes que engravidam ter, 2006; Lounds, Borkowski, Whitman, e na sua transição para a parentalidade Maxwell, & Weed, 2005), nomeadamente a (Devereux et al., 2009). A mãe, o namo- qualidade do apoio social disponível (De- rado e os amigos são indicados como os vereux et al., 2009) e a história da gravidez principais elementos de apoio social para (Duncan, 2007; Figueiredo, 2001). grávidas adolescentes (Feldman, 2007), e a A Organização Mundial da Saúde presença do pai do bebê é apontada como (WHO, 2011) aponta os seguintes riscos uma variável facilitadora na vivência da associados à gravidez/maternidade adoles- gravidez (Benson, 2004; Figueiredo, Pa- cente: morte materna e infantil prematura, checo, & Costa 2007; Flouri & Buchanan, falta de recursos para subsistência, proble- 2003). O pai da criança é considerado um mas de desenvolvimento para a criança e importante elemento de apoio para a ges- consumo de substâncias por parte da mãe. tante, tanto no decorrer da gravidez como É também indicado que tanto a mãe quanto após o nascimento do bebê (Howard, Lefe- o bebê tendem a morrer mais em decorrên- ver, Burkowski, & Whitman, 2006; Tolani, cia de complicações perinatais. Contudo, Brooks-Gunn, & Kagan, 2006). No entan- quando a adolescente e seu filho recebem to, alguns estudos destacam que a presença um acompanhamento médico adequado, paterna, na gravidez adolescente, tende a tanto pré como peri e pós-natal, essas situa- ser caracterizada pela instabilidade (Ho- ções são controláveis, e ambos os elemen- ward et al., 2006). Há pais que permane- tos, do ponto de vista físico, são passíveis cem após a gravidez, enquanto outros não de se desenvolver normalmente (Coleman o fazem (Klein, 2005). A presença paterna & Carter, 2006; Levandowski, Piccinini, & pode surgir, também, como um elemento Lopes, 2008). No entanto, dado que a maio- adicional de estresse para a mãe, já que o ria das gestações ocorre em um contexto de pai pode revelar pouca preocupação para pobreza (Coley & Chase-Lansdale, 1998; com o bebê ou reivindicar uma maior WHO, 2006), as potencialidades de risco atenção da sua companheira (Kaye, 2008). são agravadas pelo acesso precário aos ser- A depressão materna é identificada viços de saúde qualificados e pela carência como uma das problemáticas mais relevan- de informações sobre cuidados. tes na gravidez adolescente (Figueiredo et Perante os dados apresentados, fica al., 2000; Petterson & Albers, 2001). É con- evidente que a gravidez durante a adoles- siderada uma variável de risco, porque as cência deve ser avaliada a partir de múlti- mães são menos responsivas aos pedidos do plos olhares. Assim, no trabalho com essa bebê e revelam mais dificuldades em iden- população, esse deve ser um aspecto central. tificar as necessidades das crianças. Alguns Logo, será importante investigar a história estudos (Figueiredo et al., 2007; Petterson de vida materna prévia à gravidez, bem & Albers, 2001) sugerem que as gestantes como o contexto em que surgiu e quais as</p><p>60 Habigzang, Diniz & Koller (orgs.) expectativas que a mãe e o pai têm para ela. um importante elemento na gravidez e Outros aspectos importantes a se conside- imaginava que essa presença permaneceria rar são a rede social disponível por parte da ao longo do tempo: "Eu acho que ele vai ser adolescente e seus planos para o futuro. Es- um bom pai, porque ele está adorando a sas variáveis condicionarão a forma como ideia de ter um bebê, uma filha. Nunca vi a gravidez será vivida e as repercussões que ele desse jeito. Ele está louco para que ela poderá ter na vida da adolescente e no de- nasça já, para poder carregar ela no colo. Eu senvolvimento do seu filho. falo para ele que não pode mimar ela de- Em seguida, serão apresentados qua- mais, senão sobra para mim. Ele diz 'não, tro casos de adolescentes grávidas, os quais deixa comigo' (ri-se). Ele fala que vai querer serão ilustrados pelas próprias falas das fazer tudo. Isso me deixa muito feliz". adolescentes sobre alguns aspectos centrais A adolescente morava com os pais, das suas vidas, tais como o contexto em que ambos professores, e pretendia manter essa se deu a gravidez, a reação à descoberta da moradia após o nascimento do bebê. Reve- gravidez, a relação com o parceiro e a escola. lou que o namorado quer casar, mas ela só pretende fazê-lo após terminar os estudos. Esse foi o seu primeiro namorado. Depois CASOS ILUSTRATIVOS da gravidez, Bárbara permaneceu morando com a sua família e continuou a frequentar Caso 1* a escola ano do ensino médio), na qual mencionou não ser a única grávida da sua Bárbara tinha 15 anos e descreveu sua gra- idade. Bárbara planejava terminar o ano e videz como inesperada, já que sempre tinha prosseguir com os estudos no próximo ano. utilizado preservativo em suas relações se- Com relação ao futuro disse o seguinte: xuais. Assim, a reação à gravidez foi descrita "Ah! Vai mudar um pouco, né?! Mas eu não como uma surpresa: "Eu fiquei sem reação parar de estudar, you continuar. Assim, [...]. Eu fiquei feliz, mas também assim, um de manhã, ela vai ficar um pouco com a mi- pouco preocupada [...]. Eu estou no segun- nha mãe, de tarde fica com a minha avó e, do ano e tinha medo de ir parar de estudar, depois, eu fico com mas agora eu já sei que não vou parar, en- tão é mais fácil." A gravidez foi aceita por Bárbara, pela família e pelo namorado. A Caso 2 reação deste à gestação foi também descrita por Bárbara como uma surpresa: "Quando Andressa tinha 16 anos e descreveu a sua eu contei para ele, ele não acreditou de ma- gravidez como inesperada e indesejada, neira nenhuma, não imaginou que isso fos- ocorrendo após 18 meses de relacionamen- se acontecer [...]. Ele perguntou to. A jovem, a princípio, escondeu a gesta- Ele disse que não tinha como, mas eu dis- ção de todos, até que sua mãe começou a se que tinha que ter porque eu estava, né?" desconfiar e a levou ao médico. A partici- Bárbara apresentou o companheiro como pante revelou que quando soube que estava grávida pensou em abortar, mas o namora- do e a mãe persuadiram-na do contrário. A reação à descoberta da gravidez foi assim Os nomes dos casos apresentados são fictícios, a fim de assegurar o anonimato e a confidencialidade das descrita: "Ah! Fiquei com medo! Medo de participantes. contar, vergonha dos outros, por ter feito</p><p>Trabalhando com adolescentes 61 uma asneira dessas". O namorado tinha 25 relação sexual sem uso de proteção. A anos, trabalhava embora Andressa diga participante descreveu sua relação com o "não lembrar em quê" e já tinha um filho namorado como estável, com mais de dois de outra relação. Andressa iniciou a sua vida anos de duração. Acrescentou que "já tinha sexual aos 14 anos, com o atual namorado, vontade de ter um bebê". Quanto à reação pouco tempo após começarem o namoro. A perante a descoberta da gravidez, Suellen adolescente mencionou que, normalmente, adiantou: "fiquei bem feliz, na verdade eu usava preservativo e não tomava anticon- já queria um bebezinho". Após a notícia cepcional por seu pai a achar "muito nova da gravidez, seu namorado passou a vi- para essas coisas". ver com ela, seus pais e irmãos. Embora o Quando engravidou, Andressa fre- desejo de morar juntos já fosse anterior à quentava a escola série), mas ao decorrer gravidez, acabou por ser precipitado pela da gestação optou por desistir, pois não se sua ocorrência. sentia confortável no ambiente e considera- Suellen tinha abandonado os estudos va que não poderia terminar o ano: "Ah, eu pouco antes de saber da gravidez, tendo vi que eu não ia conseguir estudar grávida e deixado incompleto o ano do ensino aí eu decidi parar. (Por que parou?) Vergo- médio. A participante atribuiu o abando- nha, eu não gostava de estar lá (na escola) no da escola à falta de interesse que esta lhe assim, daí eu não quis ir mais para a aula. suscitava e ao cansaço, uma vez que tam- Eu não era a única, há mais lá, mas não da bém trabalhava: "Ah! eu já estava farta! Eu minha turma, mas eu achava estranho, não não gostava nem dos meus colegas, nem quis ir mais lá. Depois vi que não ia dar cer- da escola. E também eu estudava de noi- to e, por isso, parei". Em relação ao grupo te e trabalhava de dia, aí eu ficava muito de pares, Andressa mencionou que, após a cansada, por isso parei". No momento da notícia da gravidez, a relação com as suas entrevista a jovem estava desocupada, uma amigas sofreu mudanças: "Houve algumas vez que trabalhava sem carteira assinada e (amigas) que se afastaram, quando sou- havia sido despedida quando descobriram beram que estava grávida, aí não tivemos que estava grávida. Após o nascimento do mais juntas. Mas com os outros acho que bebê, pretendia retomar o trabalho. Disse está igual. De início, fiquei triste, mas não também que gostaria de voltar a estudar, era por elas, era por causa do pai delas, que embora não esteja certa se vai conseguir não deixava estarmos juntas. Por isso fiquei fazê-lo. Com relação ao futuro comentou: triste, mas depois me habituei". Quanto ao "Vai ser diferente, nem imagino como vai futuro, Andressa planejava retomar os es- ser, mas you ter coisas que nunca tive até tudos e arranjar um trabalho, embora re- agora. Vou ter uma casa minha, vou ter um forçasse que talvez não pudesse fazer tudo bebê, mas não sei como isso vai ser". isso e, provavelmente, teria que abandonar a escola pela necessidade de trabalhar: "Vai ser difícil, vou ter que estudar e trabalhar". Caso 4 Joana tinha 15 anos e descreveu sua gravidez Caso 3 como inesperada e alvo de estranhamento, já que tomava contraceptivo, embora tenha Suellen tinha 18 anos e descreveu sua gra- dito que nem sempre o fizesse de forma cor- videz como acidental, resultado de uma reta. A descoberta da gravidez foi encarada</p><p>62 Habigzang, Diniz & Koller (orgs.) pela jovem com algum receio, devido a sua Joana: "Eles ficam todos espantados, todo idade e preocupação com o futuro. Apesar o mundo olha assim meio de lado. É dife- disso, mencionou que esses sentimentos fo- rente, né, grávida, com essa idade. Ninguém ram rapidamente ultrapassados pelo apoio fala nada, mas eu noto que toda a gente que recebeu da mãe, do namorado e de sua olha. Pela frente, há aqueles que dizem que família: "Ah, no começo eu fiquei assustada, legal, que bom, mas, pelas costas, é só fo- porque, grávida, Aí eu pensei foquinha. Mas eu não dou bola para isso, na escola, nessas coisas como ia fazer. Mas nunca dei bola [...]. Eu tenho tanto direito depois fui me acostumando e agora adoro a como eles de estar na escola, por isso nem ideia e estou muito feliz". dou bola. Quer falar, fala". Depois do nasci- A relação com o namorado tinha apro- mento do bebê, tinha intenção de manter os ximadamente um ano, e foi nessa altura que estudos e procurar um trabalho, para que a adolescente iniciou sua vida sexual. A par- pudesse assegurar os cuidados financeiros ticipante informou que, quando começou de seu filho: "Voltar a estudar, arrumar um a namorar, a mãe a incentivou a tomar um emprego [...]. Quero continuar a estudar, contraceptivo e a levou ao ginecologista. para depois arranjar um emprego melhor. Antes de engravidar, Joana morava com a Vou ter que ter um emprego, estudo e o mãe e a irmã mais nova. Contudo, devido meu filho ali no meio, mas acho que apesar a complicações pré-natais, Joana passou de ser muita coisa, tudo isso é importante a morar com o namorado na casa da mãe para mim. Aí you ver o jeito mais fácil de eu dele, uma vez que a sua própria mãe mora- conseguir estudar, trabalhar e cuidar dele. É va longe de Porto Alegre, o que dificultaria meio difícil, mas tentar". Ao descrever a o acesso ao hospital. Essa mudança foi en- gravidez, Joana comentou as mudanças que carada por Joana como necessária, embora surgiram no seu plano de vida futuro: "Ar- mostrasse algum desagrado com relação ao rumar um emprego. Essa era uma coisa que sucedido. Apesar disso, mencionou a pers- eu nunca tinha pensado antes, mas agora pectiva de brevemente passar a morar ape- não quero ficar dependente dele (namora- nas com o namorado, a quem chamava de do); quero ter o meu emprego, com o meu "meu marido". Joana, à data da entrevista, dinheiro para ajudar nas despesas da casa e encontrava-se desocupada, já que estava ajudar no crescimento dele". impossibilitada de frequentar a escola, de- A relação com o namorado foi assim vido à gripe A: "Eu poderia estar estudando descrita: "Ele anda mais carinhoso, até pelo até hoje, o médico mesmo disse. Só que eu fato do bebê, que era uma coisa que ele queria tive que parar por causa desse negócio da muito. Está mais presente, mais carinhoso". gripe, porque é perigoso, e o médico disse Joana descreveu o namorado como uma im- que era melhor eu parar, porque para a grá- portante figura de apoio durante o processo vida é muito perigoso pegar a gripe. Só por de gravidez e acreditava que continuaria a ser causa disso é que eu parei, senão podia estar um importante elemento após o nascimento estudando até hoje". O abandono da escola do bebê: "[...] até para retomar a escola ele a desanimou, pela interferência na sua ro- (o namorado) vai ser a minha principal ajuda, tina e porque assim não poderia terminar porque como ele trabalha de noite ele pode o ano, o que a entristecia, uma vez que o cuidar do nenê de dia [...]. Ajudar a educar, bebê só nasceria em janeiro. A reação da conversar. Tenho a certeza que ele me vai aju- escola à sua gravidez foi assim descrita por dar nisso, pelo que eu estou vendo".</p><p>Trabalhando com adolescentes 63 CONCLUSÃO gravidez na adolescência, e é sobre elas que se deverá intervir. Os casos apresentados revelam que, para Um fato que se sobressai na fala des- cada uma das adolescentes, a gravidez se sas jovens é a importância que atribuem à constituiu a partir de uma história particu- escola, mesmo nos casos em que já a aban- lar. Assim, a gravidez durante a donaram. Essa informação revela o quanto cia não é passível de generalizações. Um as- essa instituição é valorizada pelos adoles- pecto comum a todos os casos foi o apareci- centes. Nesse sentido, é importante a escola mento da gravidez em relações de namoro, organizar-se de forma a alcançar todos os consideradas estáveis, todas com mais de seus estudantes, em particular aqueles que um ano de duração. Em um dos casos apre- se revelam piores alunos ou que apresentam sentados, em função da diferença de ida- maiores dificuldades de integração escolar. des em que o parceiro tinha mais de 18 Seguramente, cabe à comunidade escolar anos, ou seja, considerado adulto do ponto a integração dos seus alunos, para que, de de vista legal a relação seria considerada forma efetiva, a escola "seja para todos". A de abuso sexual. No entanto, a discrepância literatura (Gomes et al., 2008; Scaramella et de idades entre os parceiros sexuais tende a al., 1998) tende a descrever a boa inclusão ser a norma nos casos de gravidez durante escolar como um aspecto central para o uso a adolescência (Levandowski & Piccinini, eficaz de contracepção. Das adolescentes 2006; Scaramella et al., 1998). Não obstan- entrevistadas, observou-se que, enquanto te, nos últimos anos, tem-se assistido a uma algumas revelaram o abandono prematu- diminuição da idade do parceiro e, muitas ro da escola e uma vivência de insucesso vezes, ele próprio é, também, adolescente acadêmico prévio à gravidez, outras não o (Levandowski & Piccinini, 2006). Esse as- fizeram. pecto traz desafios adicionais à parentali- Constatou-se que, em alguns casos, dade, nomeadamente a dependência dos as gestações surgiram como um "plano", na próprios pais. sequência do abandono ou insucesso esco- As participantes, quando inquiridas, lar, associado à ausência de outras "metas". revelaram conhecimento sobre métodos Assim, a gravidez durante a adolescência se contraceptivos. No entanto, algumas reve- constituiria como um "produto" das ado- laram falhas na sua utilização. Dessa forma, lescentes menos integradas na sociedade, pode-se considerar que a gravidez durante em particular aquelas com baixa escolari- a adolescência não surge por falta de in- dade e oriundas de classes de baixa renda, formação sobre contracepção (East et al., tal como revelaram estudos realizados em 2007). Esta é uma informação que não deve outros países (Breheny & Stephens, 2007; ser descartada em trabalhos com adoles- Brosh, Weigel, & Evans, 2007; Coleman & centes e em intervenções: o conhecimento Carter, 2006; Crase et al., 2007; Duncan, sobre meios contraceptivos não é suficiente 2007). Nesse sentido, considera-se que o de- para evitar a gravidez. Devem ser explora- senvolvimento escolar e profissional, postu- das outras áreas, como a integração na co- lado como uma etapa típica da adolescência munidade escolar e a relação com família e (Galland, 1997), não se revelaria como uma amigos, assim como as expectativas que a característica desse grupo. Esse dado refor- adolescente tem para o futuro. Tais variá- ça a perspectiva de como a adolescência é veis são as mais associadas à ocorrência de um processo individual, influenciado pelo</p><p>64 Habigzang, Diniz & Koller (orgs.) contexto social e cultural no qual se desen- neralizadas. A literatura revela também que volve (Bronfenbrenner, 2001; Diniz & Kol- a presença do companheiro pode ser um ler, no prelo; Duncan, 2007; Fleming, 1993; elemento de adversidade na gravidez (Kaye, Pantoja, 2003). 2008), em especial por discussões relativas Em todos os casos, a família e o namo- a educação do bebê ou planos de vida para rado foram identificados como importan- o futuro. tes elementos de apoio para a adolescente Apesar da impossibilidade de genera- grávida. Esse apoio se traduziria no acom- lizar as falas dessas adolescentes, evidencia- panhamento às consultas e na disponibi- -se a multiplicidade de contextos associados lidade para ajudar nos cuidados ao bebê e ao aparecimento da gravidez, assim como no reingresso à escola. O apoio foi descri- ao desenvolvimento da própria adolescente. to pelas participantes como um elemento Fica evidente que a adolescência não pode assegurador para o desempenho do papel ser definida como um termo genérico. Do materno (Brosh et al., 2007; Figueiredo, mesmo modo, a gravidez adolescente não 2001; Howard et al., 2006). No entanto, esse deve ser interpretada de forma determinís- é um fato que não pode ser generalizado, já tica, mas avaliada a partir de uma análise que se apresentou um reduzido número de global do contexto de desenvolvimento da- casos, cujas informações não podem ser ge- quele adolescente em particular. LEMBRE! É importante lembrar que, ao trabalhar com adolescentes grávidas, é necessário atender aos seus aspectos desenvolvimentais, bem como seus objetivos para 0 futuro. 0 que a jovem espera alcançar? Quais os recursos disponíveis para isso? Esses são aspectos centrais para 0 trabalho com adolescen- tes, nomeadamente a prevenção de gravidez. QUESTÕES PARA REFLEXÃO 1. Por que 0 termo adolescência não pode ser considerado universal? 2. Quais as variáveis devem ser atendidas para compreender a adolescência? 3. Por que as opiniões sobre gravidez durante a adolescência têm se modificado ao longo do tempo? 4. Quais as principais características associadas à ocorrência de gravidez durante a adolescência? 5. Como a gravidez durante a adolescência pode ser evitada? REFERÊNCIAS Altman, H. (2007). A sexualidade adolescente como foco de investimento político-social. Edu- Almeida, M. da C. C., Aquino, E. M. L., & Barros, cação em Revista, 46, 287-310. A. de. (2006). 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