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<p>DETERMINAÇÃO DO SEXO E PADRÕES DE HERANÇA</p><p>RELACIONADOS AO SEXO</p><p>Índice</p><p>1.0 – INTRODUÇÃO....................................................................................................................................1</p><p>2.0 – AS DIFERENTES FORMAS DE DETERMINAÇÃO DO SEXO.....................................................2</p><p>3.0 – OS GENES QUE DETERMINAM O SEXO NOS MAMÍFEROS E NAS AVES.............................4</p><p>4.0 – O MECANISMO DE COMPENSAÇÃO DE DOSE NOS MAMÍFEROS.........................................5</p><p>5.0 – A HERANÇA RELACIONADA COM O SEXO................................................................................6</p><p>5.1 – A HERANÇA LIGADA AOS CROMOSSOMOS SEXUAIS........................................................6</p><p>5.2 – A HERANÇA LIMITADA AO SEXO............................................................................................7</p><p>5.3 – A HERANÇA INFLUENCIADA PELO SEXO.............................................................................8</p><p>6.0 – RESOLVENDO ALGUMAS QUESTÕES..........................................................................................8</p><p>7.0 – BIBLIOGRAFIA BÁSICA.................................................................................................................12</p><p>1.0 – INTRODUÇÃO</p><p>Machos e fêmeas compartilham os genes responsáveis pelo desenvolvimento das</p><p>estruturas primárias e secundárias de cada sexo, como testículos, ovários, estames,</p><p>estiletes, etc. Portanto, esse processo costuma envolver uma grande quantidade de</p><p>genes que coordenam o processo de masculinização ou feminilização dos</p><p>indivíduos. Entretanto, em cada espécie, é comum encontrarmos um gene de efeito</p><p>maior, responsável pela ativação/desativação de uma ou de outra via do</p><p>desenvolvimento sexual, o que é normalmente realizada a partir da maior produção</p><p>de determinados grupos de hormônios sexuais, como os estrogênios e a testosterona.</p><p>Esses locos estão distribuídos nos cromossomos das espécies, sendo que, em muitos</p><p>casos, o gene de efeito maior está presentes em cromossomos específicos, que são</p><p>compartilhados de maneira diferente por machos e fêmeas e, por esse motivo, são</p><p>chamados de cromossomos sexuais – como, por exemplo, nos sistemas XY, ZW,</p><p>XO e ZO. Neste caso, os cromossomos igualmente compartilhados pelos machos e</p><p>fêmeas são chamados de autossomos e aqueles os diferentes, são os cromossomos</p><p>sexuais ou alossomos. Embora estejamos mais familiarizados com o sistema XY,</p><p>por este ser comum à nossa espécie, na natureza também encontramos situações</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 1/12</p><p>onde machos e fêmeas são idênticos em sua constituição cromossômica.</p><p>Ou seja, neste caso eles terão apenas</p><p>autossomos e a determinação do sexo será</p><p>dada a partir do balanço gênico herdado pelo</p><p>zigoto, como ocorre no sistema</p><p>haplodiploide em abelhas. Além disso,</p><p>existem espécies onde a ativação/desativação</p><p>dos genes masculinizantes e feminilizantes</p><p>sofre grande influência do ambiente, tanto</p><p>por fatores físicos, como a temperatura, ou</p><p>por componentes ecológicos, como a</p><p>densidade de machos e fêmeas nas</p><p>populações.</p><p>Por fim, também devemos nos lembrar que, entre os animais e as plantas, podemos</p><p>encontrar espécies monoicas (do grego mono = uma e oykos = casa), onde os</p><p>indivíduos produzem tanto gametas masculinos como femininos e dioicas (do grego</p><p>di = duas e oykos = casa), em que gametas masculinos e femininos são produzidos</p><p>em indivíduos diferentes. Lembrando que o termo hermafrodita é utilizado para</p><p>representar um animal capaz de produzir os dois tipos de gametas, bem como</p><p>plantas cujas flores apresentam tanto estames (masculino) como pistilos (feminino).</p><p>2.0 – AS DIFERENTES FORMAS DE DETERMINAÇÃO DO SEXO</p><p>Em algumas situações, a expressão de genes masculinizantes ou feminilizantes,</p><p>presentes em um mesmo indivíduo, dependerá do ambiente onde os ovos são</p><p>desenvolvidos. Por exemplo, em certas espécies de tartarugas e de jacarés, a</p><p>temperatura do ninho determina quais desses grupos de genes se expressarão.</p><p>Normalmente, nestes animais, temperaturas mais elevadas induzem a produção de</p><p>fêmeas e as mais baixas, a de machos, mas existem situações onde ocorre o inverso.</p><p>Um exemplo clássico da influência do ambiente na ativação de genes relacionados</p><p>com o sexo acontece com o anelídeo marinho Bonellia viridis . Esta espécie exibe</p><p>um dimorfismo sexual pronunciado, sendo que as fêmeas têm cerca de 15 cm de</p><p>comprimento e os machos, de 1 a 3 mm. As fêmeas adultas desta espécie produzem</p><p>um forte pigmento verde, conhecido como bonelina, que se concentra</p><p>principalmente em sua pele e probóscide. Esta substância é extremamente tóxica,</p><p>sendo capaz de matar bactérias e de paralisar pequenos animais. Acontece que a</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 2/12</p><p>https://en.wikipedia.org/wiki/Bonellia_viridis</p><p>https://en.wikipedia.org/wiki/Bonellia_viridis</p><p>bonelina também está relacionada com a diferenciação sexual desse anelídeo. Neste</p><p>caso, larvas de B. viridis de vida livre não apresentarão uma diferenciação sexual</p><p>inicial. Porém, os indivíduos que, por vários anos, se desenvolverem em ambientes</p><p>marinhos desocupados se transformarão em fêmeas adultas. Mas, a maioria das</p><p>larvas que entrarem em contato com a bonelina da pele e/ou probóscide de uma</p><p>fêmea adulta se transformarão em pequenos machos, que aderirão à pele das fêmeas</p><p>ou serão sugados para dentro de seus corpos através da probóscide, passando a viver</p><p>como parasitas.</p><p>Por outro lado, em diferentes espécies de plantas e em muitos anfíbios, peixes,</p><p>invertebrados e em alguns répteis, o sexo é definido pela ação de genes que exibem</p><p>um padrão de herança mendeliana convencional, sem sofrer influência ambiental.</p><p>Neste caso, não existirão diferenças cromossômicas entre machos e fêmeas, sendo os</p><p>seus cariótipos virtualmente idênticos para os diferentes cromossomos autossômicos.</p><p>Por sua vez, os machos e as fêmeas de mamíferos placentários, bem como das aves,</p><p>de várias espécies de anfíbios, répteis e insetos, exibem cromossomos autossômicos</p><p>(representados pela letra A) e, sexuais ou alossomos (representados pelas letras X e</p><p>Y ou Z e W). Por exemplo, dos 23 pares de cromossomos de uma célula somática</p><p>humana (2n = 46), 22 pares serão autossomos (A), representados em azul, e 1 par</p><p>será sexual (XX ou XY), representados em vermelho:</p><p>No caso de espécies que apresentam cromossomos sexuais, convencionou-se chamar</p><p>de sexo homogamético aquele que produz gametas com um único tipo de</p><p>cromossomo sexual e de sexo heterogamético o que produz dois ou mais tipos</p><p>diferentes. Na nossa espécie, por exemplo, as mulheres são o sexo homogamético,</p><p>uma vez que elas somente produzem gametas com o cromossomo X. E os homens</p><p>são o sexo heterogamético, uma vez que seus gametas conterão ou o cromossomo X</p><p>ou o Y.</p><p>• Espécies onde os machos são o sexo heterogamético: nos mamíferos, as</p><p>fêmeas são formadas a partir da união de gametas com dois cromossomos X</p><p>(XX) e os machos pela união de um X com um Y (XY). Por outro lado, em</p><p>algumas espécies de gafanhotos, as fêmeas são XX e os machos são X0, ou</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 3/12</p><p>seja, estes últimos são formados pela união de dois gametas onde apenas um</p><p>deles carrega um cromossomo sexual;</p><p>• Espécies onde as fêmeas são o sexo heterogamético: para diferenciar as</p><p>espécies onde as fêmeas são o sexo heterogamético, convencionou-se</p><p>classificar os seus cromossomos sexuais como Z e W. Por exemplo, nas aves,</p><p>as fêmeas são ZW e os machos são ZZ. E, em algumas espécies de borboletas,</p><p>indivíduos Z0 se desenvolvem em fêmeas e ZZ em machos.</p><p>3.0 – OS GENES QUE DETERMINAM O SEXO NOS MAMÍFEROS E NAS</p><p>AVES</p><p>Nos mamíferos, o cromossomo Y é pequeno</p><p>sendo constituído</p><p>em grande parte por heterocromatina. Apenas uma pequena</p><p>porção dele possui homologia com o cromossomo X, sendo,</p><p>por esse motivo, chamada de região pseudoautossômica. Em</p><p>comparação ao cromossomo X, este possui muito poucos</p><p>genes convencionalmente expressos. Um desses genes,</p><p>chamado SRY (Sex-determining Region Y) induz a produção de</p><p>testosterona e da substância inibidora Mülleriana. Em</p><p>humanos, ele é ativado cerca de sete semanas após a</p><p>fertilização e direciona o desenvolvimento das gônadas</p><p>primordiais em testículos. Na ausência deste gene, estas</p><p>gônadas naturalmente se transformarão em ovários.</p><p>Um outro gene importante neste processo é o DMRT1</p><p>(Doublesex and Mab-3 Related Transcription factor 1), que</p><p>faz parte da via metabólica de formação dos testículos ativada</p><p>pelo gene SRY. Para que os testículos se desenvolvam, é</p><p>preciso que os animais herdem duas cópias desse gene em seu</p><p>genoma. Nos mamíferos, tanto os machos como as fêmeas</p><p>apresentarão duas cópias do DMRT1 pelo fato dele estar</p><p>localizado no cromossomo autossômico nº 91.</p><p>Nas aves, não foi encontrado nenhum gene semelhante ao SRY. Porém, foi nestes</p><p>organismos que primeiro se encontrou o gene DMRT1. E, ao contrário dos</p><p>mamíferos, as aves possuem o gene DMRT1 no cromossomo Z. Assim, os machos</p><p>das aves terão duas cópias desse gene (pelo fato deles serem ZZ) e as fêmeas terão</p><p>1 Mais informações: http://www.nature.com/scitable/topicpage/genetic-mechanisms-of-sex-determination-314</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 4/12</p><p>http://www.nature.com/scitable/topicpage/genetic-mechanisms-of-sex-determination-314</p><p>apenas uma cópia dele (pelo fato delas serem ZW). Entretanto, são necessários mais</p><p>estudos para tentar se compreender melhor a determinação do sexo nas aves.</p><p>4.0 – O MECANISMO DE COMPENSAÇÃO DE DOSE NOS MAMÍFEROS</p><p>Em 1949, o geneticista canadense Murray Llwellyn Barr (1908-1995) e o seu aluno</p><p>Ewart George Bertram descobriram que no núcleo das células femininas de</p><p>indivíduos normais podia ser encontrada uma pequena massa de cromatina</p><p>condensada (apontadas pelas setas na figura abaixo), que não estava presente nas</p><p>células masculinas de indivíduos com um número normal de cromossomos sexuais.</p><p>Estudos posteriores mostraram que essa estrutura – que passou a ser conhecida como</p><p>corpúsculo de Barr – não estava presente em fêmeas AAX0 de mamíferos, que em</p><p>humanos caracteriza a síndrome de Turner. Mas podia ser encontrada em machos</p><p>AAXXY, chamada de síndrome de Klinefelter. Em 1961, na Conferência de Paris, a</p><p>citogeneticista britânica Mary Frances Lyon (1925-2014) sugeriu que este</p><p>corpúsculo seria formado a partir da inativação parcial de um dos cromossomos X</p><p>das fêmeas. E que isso funcionaria como um mecanismo de compensação de dose</p><p>dos genes ligados ao X entre machos e fêmeas, uma vez que estes dois sexos</p><p>possuem quantidades diferentes deste cromossomo e, portanto, quantidades</p><p>diferentes de cópias dos genes que estes carregam. Estudos posteriores mostraram</p><p>que a inativação do X nas fêmeas ocorre ao acaso mas, todas as células subsequentes</p><p>manterão o mesmo cromossomo X inativo.</p><p>Sendo assim, uma fêmea</p><p>heterozigota para genes ligados ao</p><p>X, como por exemplo XAXa, terão</p><p>tecidos em que o alelo A será</p><p>expresso e outros que o a se</p><p>manifestará. Essa situação é</p><p>conhecida como mosaicismo,</p><p>conforme exemplificado ao lado.</p><p>Esse mecanismo de inativação ao acaso explica, por exemplo, a existência apenas de</p><p>fêmeas de gato com o padrão de três cores, conhecidas como calico ou casco de</p><p>tartaruga. Machos com essa característica ocorrem somente na frequência de 1 em</p><p>3.000 nascimentos, sendo representados por animais XXY – ou seja, com trissomia</p><p>para os cromossomos sexuais. Em humanos, a inativação do cromossomo X ocorre</p><p>por volta do 16º dia de gestação. O cromossomo que forma o corpúsculo de Barr é</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 5/12</p><p>geralmente considerado como inerte, mas, na verdade, uma pequena quantidade de</p><p>genes permanece ativa em algumas espécies. Os genes ativos são aqueles presentes</p><p>na região de homologia do cromossomo X com o Y. Este é um dos motivos que</p><p>fazem com que fêmeas X0, com síndrome de Turner, não sejam fenotipicamente</p><p>normais.</p><p>5.0 – A HERANÇA RELACIONADA COM O SEXO</p><p>Além da existência de genes que determinam especificamente o sexo dos animais</p><p>também existem características fenotípicas secundárias que podem ser ligadas,</p><p>influenciadas ou limitadas ao sexo. Vamos analisar alguns exemplos.</p><p>5.1 – A HERANÇA LIGADA AOS CROMOSSOMOS SEXUAIS</p><p>Esta se refere aos genes localizados nos cromossomos sexuais (X e Y ou Z e W) e</p><p>que são herdados de maneira diferente por machos e fêmeas. Lembrando que esses</p><p>locos podem estar envolvidos no controle de diferentes caracteres que não estão</p><p>necessariamente relacionados com o sexo dos indivíduos.</p><p>• Herança holândrica ou ligada ao Y: genes localizados no cromossomo Y,</p><p>numa região de não-homologia entre este e o cromossomo X são passados</p><p>diretamente de pai para filhos e nunca para as suas filhas. Existem cerca de 86</p><p>genes que codificam aproximadamente 23 proteínas – desde o gene SRY</p><p>(ligado a determinação do sexo masculino nos machos dos mamíferos) até</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 6/12</p><p>fatores relacionados com a fertilidade e com a resposta imune neste</p><p>cromossomo e que seguem este padrão de herança;</p><p>• Herança ligada ao X: além do cromossomo X ser muito maior que o Y, ele</p><p>apresenta muito mais genes. Por exemplo, a hemofilia do tipo A é um</p><p>distúrbio hemorrágico hereditário cujo gene recessivo defeituoso se encontra</p><p>neste cromossomo. Para uma fêmea de mamífero nascer hemofílica é preciso</p><p>que esta herde dois cromossomos X com este alelo, um vindo de seu pai e o</p><p>outro de sua mãe. Por outro lado, fêmeas heterozigotas poderão expressar ou</p><p>não uma leve hemofilia e isso está relacionado com o mecanismo de</p><p>inativação do cromossomo X anteriormente explicado. Como os machos têm</p><p>somente um cromossomo X, estes expressarão a hemofilia sempre que</p><p>herdarem de suas mães um cromossomo com o alelo defeituoso. Por esse</p><p>motivo, em mamíferos, caracteres recessivos ligados ao X serão sempre mais</p><p>frequentes nos machos e os caracteres dominantes serão mais comuns nas</p><p>fêmeas.</p><p>Genótipos dos machos e fêmeas de mamíferos para o loco causador com a hemofilia</p><p>do tipo A, que está relacionado com a deficiência na produção do fator VIII de</p><p>coagulação sanguínea:</p><p>Sexo Genótipo Fenótipo</p><p>Fêmea</p><p>Fêmea</p><p>Macho</p><p>Macho</p><p>XAXA ou XAXa</p><p>XaXa</p><p>XAY</p><p>XaY</p><p>Normal</p><p>Hemofílica</p><p>Normal</p><p>Hemofílico</p><p>5.2 – A HERANÇA LIMITADA AO SEXO</p><p>Neste caso, os caracteres podem se expressar somente em um ou em outro sexo. A</p><p>produção de leite nos mamíferos é um exemplo disso. Embora os machos também</p><p>compartilhem tais genes, esta característica se expressa apenas nas fêmeas. Tanto é</p><p>assim que os filhos de fêmeas campeãs na produção de leite também são usados no</p><p>melhoramento do rebanho leiteiro!</p><p>O padrão de plumagem de galos e galinhas também segue parcialmente esse</p><p>princípio. Fêmeas terão sempre uma plumagem de galinha, independente de seu</p><p>genótipo para o loco H/h. Por outro lado, os machos, terão plumagem de galo se</p><p>forem H_, e de galinha se forem hh. Ou seja, um macho poderá ou não ter</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 7/12</p><p>plumagem de galinha, mas uma galinha não poderá ter plumagem de galo:</p><p>Genótipo Galo Galinha</p><p>HH</p><p>Hh</p><p>hh</p><p>Plumagem do galo</p><p>Plumagem do galo</p><p>Plumagem da galinha</p><p>Plumagem da galinha</p><p>Plumagem da galinha</p><p>Plumagem da galinha</p><p>5.3 – A HERANÇA INFLUENCIADA PELO SEXO</p><p>Neste caso, o padrão</p><p>de herança é semelhante aos de caracteres autossômicos, muito</p><p>embora a expressão fenotípica seja diferente entre machos e fêmeas. Isso é</p><p>exemplificado para o caráter presença/ausência de barba em algumas raças de</p><p>cabras. Nestes animais, pode-se observar que nos machos, o alelo B¹ é dominante</p><p>sobre o B². Porém, nas fêmeas, acontece o contrário, B² se comportará como</p><p>dominante e B¹, como recessivo. Então, nesse caso, ambos poderão ter ou não barba,</p><p>mas isso ocorrerá em proporções diferentes entre os sexos:</p><p>Genótipo Bode Cabra</p><p>B¹B¹</p><p>B¹B²</p><p>B²B²</p><p>Com barba</p><p>Com barba</p><p>Sem barba</p><p>Sem barba</p><p>Sem barba</p><p>Com barba</p><p>6.0 – RESOLVENDO ALGUMAS QUESTÕES</p><p>Questão 1 – Sabendo que o loco que determina a cor da pelagem em gatos se</p><p>localiza no cromossomo X e que o alelo para a cor amarela (P) é dominante</p><p>sobre a cor preta (p), determine qual deverá ser a proporção de filhotes machos</p><p>e fêmeas com as colorações preta e amarela a partir dos seguintes</p><p>acasalamentos:</p><p>a) Fêmea amarela e preta x macho amarelo:</p><p>Resposta: fêmeas de mamíferos são XX e machos XY. Portanto, para o loco P, elas</p><p>poderão carregar duas cópias iguais (PP ou pp) ou então diferentes (Pp) para esse</p><p>loco. Por sua vez, os machos só podem carregar uma única cópia (ou P ou p).</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 8/12</p><p>Assim, por estar localizado em um cromossomo sexual, o seu padrão de herança será</p><p>diferente para machos e fêmeas. Por isso costumamos representar os genótipos dos</p><p>locos localizados nos cromossomos sexuais de uma maneira diferente, colocando os</p><p>alelos nos seus respectivos cromossomos, conforme pode ser visto abaixo:</p><p>• As fêmeas serão representadas como XPXP, XPXp e XpXp</p><p>• Os machos, como só tem um X, serão representados como XPY ou XpY</p><p>Além disso, devemos nos lembrar que, nas fêmeas, ocorre inativação parcial de um</p><p>dos cromossomos X durante o desenvolvimento embrionário. Como essa inativação</p><p>é aleatória, partes do seu corpo terão o cromossomo Xp estará ativado, o que</p><p>permitirá a manifestação da pelagem preta. Então, fêmeas XPXp terão sempre</p><p>manchas amarelas e pretas pelo corpo. Os machos somente poderão ser amarelos</p><p>(XPY) ou pretos (XpY). Agora, voltando a questão, do cruzamento entre uma fêmea</p><p>de pelagem amarela/preta com um macho amarelo, teremos:</p><p>XPXp (amarela/preta) x XPY (amarelo)</p><p>↓</p><p>1/2 XP 1/2 Xp</p><p>1/2 Xp</p><p>1/2 Y</p><p>1/4 XPXp (fêmea amarela/preta)</p><p>1/4 XPY (macho amarelo)</p><p>1/4 XpXp (fêmea preta)</p><p>1/4 XpY (macho preto)</p><p>b) Fêmea preta x macho amarelo:</p><p>Resposta: XpXp (preta) x XPY (amarelo)</p><p>↓</p><p>1 Xp</p><p>1/2 XP</p><p>1/2 Y</p><p>1/2 XPXp (femea amarela/preta)</p><p>1/2 XpY (macho preto)</p><p>Questão 2 – Por que para caracteres dominantes ligados ao cromossomo X, os</p><p>machos de mamíferos sempre expressarão o distúrbio em seu grau máximo de</p><p>manifestação e as fêmeas heterozigotas poderão exibi-lo em diferentes níveis de</p><p>intensidade?</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 9/12</p><p>Resposta: por conta da inativação ao acaso do cromossomo X que ocorre</p><p>naturalmente nas fêmeas durante o desenvolvimento embrionário, devido ao</p><p>mecanismo de compensação de dose desse cromossomo em machos e fêmeas.</p><p>Assim, quanto maior a quantidade de células do corpo da fêmea contendo</p><p>corpúsculos de Barr formados a partir do cromossomo X com o alelo dominante</p><p>nocivo, menor será a intensidade desse distúrbio. Nos machos que herdam o X com</p><p>o alelo dominante, todas as suas células expressarão tal efeito nocivo, tendo em vista</p><p>que em todas elas esse loco estará ativo, pelo fato deles não formarem o corpúsculo</p><p>de Barr. Nos machos, essa inativação somente acontecerá naqueles que herdarem</p><p>dois X, ou seja, nos indivíduos com síndrome de Klinefelter (XXY).</p><p>Questão 3 – Em galináceos, o alelo recessivo d está relacionado com o nanismo</p><p>ligado ao cromossomo Z (lembrando que existem outras formas de nanismo</p><p>nessas aves devido a genes autossômicos). Essa característica decorre de</p><p>mutações no gene que produz uma proteína receptora do hormônio de</p><p>crescimento. Algumas linhagens de galinhas anãs vêm sendo cruzadas com</p><p>galos normais provenientes de linhagens de corte. Isso ocorre pelo fato das</p><p>linhagens heterozigotas requererem uma menor quantidade de alimento e de</p><p>espaço para criação. Diante dessas informações, determine como poderão ser os</p><p>descendentes machos e fêmeas de cruzamentos entre galinhas e galos com os</p><p>seguintes genótipos:</p><p>a) Galinha anã (ZdW) x Galo normal (ZDZD):</p><p>Resposta: neste caso, temos que prestar atenção ao fato que o sexo heterogamético</p><p>(aquele que produz dois tipos de gametas com relação aos cromossomos sexuais)</p><p>são as galinhas, e não os galos. Ou seja, o padrão de herança entre machos e fêmeas</p><p>é o contrário do que acontece com os mamíferos.</p><p>Galinha anã (ZdW) x Galo normal (ZDZD)</p><p>↓</p><p>1/2 Zd 1/2 W</p><p>1 ZD 1/2 ZDZd (galo normal) 1/2 ZDW (galinha normal)</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 10/12</p><p>b) Galinha normal (ZDW) x Galo anão (ZdZd):</p><p>Resposta: Galinha normal (ZDW) x Galo anão (ZdZd)</p><p>↓</p><p>1/2 ZD 1/2 W</p><p>1 Zd 1/2 ZDZd (galo normal) 1/2 ZdW (galinha anã)</p><p>c) Galinha anã (ZdW) x Galo normal (ZDZd):</p><p>Resposta: Galinha anã (ZdW) x Galo normal (ZDZd)</p><p>↓</p><p>1/2 Zd 1/2 W</p><p>1 ZD</p><p>1 Zd</p><p>1/4 ZDZd (galo normal)</p><p>1/4 ZdZd (galo anão)</p><p>1/2 ZDW (galinha normal)</p><p>1/2 ZdW (galinha anã)</p><p>Questão 4 – Em gafanhotos, que possuem o sistema de determinação sexual do</p><p>tipo XX/X0, a cor rosada do corpo é ocasionada por uma mutação recessiva. A</p><p>cor do tipo selvagem é verde. Se esse gene está localizado no cromossomo X,</p><p>que tipo de prole masculina e feminina poderia ser formada a partir do</p><p>cruzamento entre uma fêmea rosada homozigota (XrXr) e um macho hemizigoto</p><p>do tipo selvagem (XR)?</p><p>Resposta: lembre-se que, neste caso, o macho é o sexo heterogamético, produzindo</p><p>50% de gametas com o cromossomo X e 50% sem nenhum cromossomo sexual. E</p><p>que, gametas masculinos sem o cromossomo X darão origem a machos. Assim:</p><p>Fêmea rosada (XrXr) x Macho verde (XR)</p><p>↓</p><p>1 Xr</p><p>1/2 XR</p><p>1/2 0</p><p>1/2 XRXr (fêmea verde)</p><p>1/2 Xr (macho rosado)</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 11/12</p><p>7.0 – BIBLIOGRAFIA BÁSICA</p><p>• GRIFFITHS, AJF; WESSLER, SR; LEWONTIN, RC & CARROLL, SB</p><p>(2008). Introdução à Genética. Guanabara Koogan SA, 9ª ed, 711p.</p><p>• PIERCE, BA (2016). Genética – Um enfoque conceitual. Guanabara Koogan</p><p>SA, 5ª ed, 759p.</p><p>• RAMALHO, M; SANTOS, JB & PINTO, CB (2008). Genética na</p><p>agropecuária. UFLA, 4ª ed, 464p.</p><p>• SNUSTAD, DP & SIMMONS, MJ (2013). Fundamentos de Genética.</p><p>Guanabara Koogan SA, 6ª ed, 739p.</p><p>Material da disciplina de genética básica disponível para os estudantes da UEL – Prof. Rogério F. de Souza – 12/12</p><p>1.0 – INTRODUÇÃO</p><p>2.0 – AS DIFERENTES FORMAS DE DETERMINAÇÃO DO SEXO</p><p>3.0 – OS GENES QUE DETERMINAM O SEXO NOS MAMÍFEROS E NAS AVES</p><p>4.0 – O MECANISMO DE COMPENSAÇÃO DE DOSE NOS MAMÍFEROS</p><p>5.0 – A HERANÇA RELACIONADA COM O SEXO</p><p>5.1 – A HERANÇA LIGADA AOS CROMOSSOMOS SEXUAIS</p><p>5.2 – A HERANÇA LIMITADA AO SEXO</p><p>5.3 – A HERANÇA INFLUENCIADA PELO SEXO</p><p>6.0 – RESOLVENDO ALGUMAS QUESTÕES</p><p>7.0 – BIBLIOGRAFIA BÁSICA</p>