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<p>AULA 6</p><p>FERRAMENTAS</p><p>DA INFORMAÇÃO PARA</p><p>O GERENCIAMENTO</p><p>DE PROCESSOS</p><p>Prof. André Ricardo Antunes Ribeiro</p><p>2</p><p>TEMA 1 – EXTENDED ENTERPRISE: CONCEITO</p><p>As organizações foram se aprimorando de acordo com as necessidades</p><p>que surgiram e foram impostas com o passar das décadas. Fatores como a própria</p><p>globalização exigiram maior rapidez nas respostas aos clientes, o que</p><p>consequentemente tornou o mercado mais prático e dinâmico.</p><p>No contexto atual, com a integração das tecnologias de informação e</p><p>comunicação devidamente ajustada ao cotidiano das pessoas, surgem novos</p><p>conceitos por meio de sistemas de informação empresariais, promovendo</p><p>soluções que são disponibilizadas comercialmente, assim como o ERP</p><p>(Enterprise Resource Planning) e o SCM (Supply Chain Management), vistos</p><p>anteriormente.</p><p>1.1 Características de uma Empresa Estendida (Extended Enterprise)</p><p>Basicamente, diante dessas constatações, deparamo-nos com novos</p><p>conceitos, como no caso da Extended Enterprise, mais conhecida como Empresa</p><p>Estendida, a qual abordaremos suas características que seguramente a tornam</p><p>um novo modelo organizacional, diante da proposta de negócios combinada com</p><p>as tecnologias.</p><p>O conceito de empresa estendida responde à tendência de distribuir</p><p>geograficamente os locais de manufatura, característica que tem</p><p>predominado nas relações das modernas empresas com seus</p><p>fornecedores. A empresa estendida visa construir parcerias formais para</p><p>ganhos de vantagem competitiva, empregando recursos e serviços</p><p>externos sem possuir sua propriedade. A modernização da tecnologia</p><p>de informação permite facilmente esta dispersão evitando que ocorram</p><p>possíveis tipos de perdas como, por exemplo, as financeiras e de</p><p>mercado. (Marques, 2002, p. 16)</p><p>A confluência da globalização e dos avanços tecnológicos revolucionou</p><p>neste final de século o processo de criação de valor, nomeadamente após a</p><p>transição de uma economia industrial para uma economia baseada na informação</p><p>(Azevedo, 2000, p. 209).</p><p>De acordo com Azevedo (2000), o aumento da acessibilidade e a contínua</p><p>profusão de novos dispositivos e tecnologias digitais inovadoras permitiu uma</p><p>nova forma de competitividade, pautada em fatores organizacionais que priorizam</p><p>uma coordenação melhor planejada, criando um ambiente propício de</p><p>cooperação.</p><p>3</p><p>Variáveis como fator de globalização cada vez mais abrangente,</p><p>lançamento de produtos em prazos cada vez mais curtos e inovações</p><p>tecnológicas que abrangem áreas cada vez mais diversificadas dificultam as</p><p>organizações a se manterem em um nível alto de competitividade, provocando</p><p>modificações significativas.</p><p>Como efeito de minimização para essas consequências, são necessárias</p><p>medidas como o planejamento de estratégias de inovação; o aumento da</p><p>capacidade produtiva e a potenciação das capacidades humanas, conforme</p><p>Figura 1. Essas medidas favorecem o desenvolvimento de novos paradigmas</p><p>organizacionais, propostas de novos conceitos como o das Empresas Virtuais e</p><p>as Empresas Estendidas (Extended Enterprise).</p><p>Figura 1 – Emergência de novas formas organizacionais</p><p>Fonte: Azevedo, 2000, p. 210.</p><p>Para Azevedo (2000), essas novas ideias e conceitos desenvolvidos</p><p>buscam amparar de modo eficiente as tendências emergentes surgidas na</p><p>realidade atual, dentre as quais:</p><p>• a globalização da competitividade;</p><p>• a constante diminuição do ciclo de vida dos produtos;</p><p>• a contínua melhoria da qualidade e da fiabilidade;</p><p>• a concepção de produtos cada vez mais complexos etc.</p><p>Segundo Marques (2002), podemos perceber características de uma</p><p>empresa estendida tomando como exemplo uma empresa de manufatura,</p><p>conforme o Quadro 1 a seguir.</p><p>4</p><p>Quadro 1 – Características de uma Extended Enterprise</p><p>Empresa Estendida de Manufatura Tradicional</p><p>Projeto direcionado ao cliente</p><p>É o processo de desenvolvimento de produtos</p><p>que considera requisitos de clientes. Para isso,</p><p>há fundamentalmente dois modos de</p><p>abordagem: o projeto iniciado pelo cliente,</p><p>onde o cliente vai ao fabricante e pede um</p><p>produto com requisitos específicos, e o projeto</p><p>indicado a partir de uma pesquisa de mercado.</p><p>Preenchimento de ordem do cliente</p><p>É o monitoramento do planejamento da</p><p>produção e o cumprimento das datas de</p><p>entrega.</p><p>Gestão da Cadeia de Suprimentos É a gestão da cadeia logística de fornecimento</p><p>de materiais.</p><p>Co-desenvolvimento e modelos de</p><p>produtos</p><p>É o projeto de produtos ocorrendo pela</p><p>cooperação ativa com fornecedores de</p><p>materiais e componentes.</p><p>Fonte: Marques, 2002, p. 17.</p><p>De forma geral, a empresa estendida se torna responsável por todo o</p><p>processo de ciclo de vida do produto, “da compra dos materiais e gestão dos</p><p>suprimentos passando pela manufatura, para posterior distribuição do produto e</p><p>serviço ao cliente” (Jagdev; Browne, 1998).</p><p>De acordo com a assertiva, os autores desenvolveram um modelo de</p><p>fluxograma, conforme Figura 2, demonstrando como ocorrem os processos de</p><p>colaboração até a chegada do produto final ao consumidor.</p><p>5</p><p>Figura 2 – Modelo de Empresa Estendida</p><p>Fonte: Adaptado de Jagdev; Browne, 1998, citado por Marques, 2002, p. 18.</p><p>TEMA 2 – VIRTUAL ENTERPRISE: CONCEITO</p><p>O conceito de uma empresa virtual em muitos aspectos assemelha-se ao</p><p>conceito de empresa estendida, principalmente nas características de</p><p>cooperação, de expansão, de exteriorização defendida por diversos autores.</p><p>Entretanto, são definidas mais algumas especificidades que a tornam mais</p><p>distinta, apesar de muitos considerarem que não há diferenças de uma para outra.</p><p>Assim, em primeira instância, uma “Organização Virtual” pode ser</p><p>definida como um agrupamento (com caráter temporário) de agentes</p><p>econômicos, internos ou externos à própria organização, com</p><p>competências e atividades complementares, que interagem e cooperam</p><p>espacial e temporalmente de forma coordenada, por forma a alcançarem</p><p>um objetivo comum bem definido. (Azevedo, 2000, p. 213)</p><p>A integração de sistemas de gerenciamento de dados, de segurança da</p><p>informação e de tomada de decisões, como ERP, SCM, CRM, Data Warehouses</p><p>(DW) e Business Inteligence (BI), assim como o crescimento das implementações</p><p>de inovações tecnológicas como a robótica, a IoT e a Inteligência Artificial,</p><p>corrobora com a afirmação de que a TI das grandes organizações se tornou</p><p>estratégica e deu um passo importante para a consolidação de seu papel</p><p>indispensável, agregando vantagem competitiva na estruturação e sobrevivência</p><p>das empresas diante de um cenário cada vez mais permeado de tecnologias</p><p>(Sacomano et al., 2018).</p><p>6</p><p>Daí surge o conceito de empresa digital que é justamente a total</p><p>utilização dos sistemas de informação para a realização dos negócios.</p><p>A empresa digital seria aquela onde “praticamente” todos os processos</p><p>de negócio e relacionamento com parceiros, clientes, funcionários são</p><p>realizados por meios digitais. Porém, para que vários sistemas possam</p><p>estar realmente integrados, evitando-se incompatibilidades na</p><p>comunicação entre eles, são necessários muitas vezes softwares que</p><p>estabeleçam a integração entre estes aplicativos. Esse tipo de software</p><p>recebeu a denominação de enterprise application integration (EAI)</p><p>(Brettel et al., 2014)</p><p>Nesse sentido, alguns autores realizam algumas considerações pontuais</p><p>sobre os prós e contras que a Revolução Industrial 4.0 e consequentemente as</p><p>empresas virtuais já vem apresentando, ou que ainda apresentarão no decorrer</p><p>dos anos, por meio da sua consolidação. Quanto às causas do seu surgimento,</p><p>Anderl (2014) classifica os seguintes itens:</p><p>• fusão de tecnologias físicas, digitais e biológicas;</p><p>• bilhões de pessoas conectadas por dispositivos móveis;</p><p>• novas tecnologias: inteligência artificial, robótica, internet das coisas,</p><p>internet de serviços, veículos autônomos, impressão em 3D,</p><p>nanotecnologia, biotecnologia, ciência de materiais, armazenamento de</p><p>energia e computação quântica.</p><p>No entanto, nem</p><p>tudo são apenas aspectos positivos. Para Sacomano et</p><p>al. (2018), existem alguns questionamentos ainda sem respostas para toda essa</p><p>organização digital como um todo:</p><p>• A revolução vai gerar maior desigualdade social?</p><p>• No futuro, o talento, mais que o capital, representará o fator crítico da</p><p>produção?</p><p>• O mercado de trabalho será cada vez mais segregado em segmentos de</p><p>baixa qualificação/baixo salário e alta qualificação/alta remuneração?</p><p>• Haverá aumento das tensões sociais?</p><p>• A desigualdade social representa a maior preocupação social associada à</p><p>Revolução Industrial 4.0?</p><p>Em contrapartida, Kagermann, Wahlster e Helbig (2013) classificam os</p><p>seguintes aspectos positivos no que se refere à Revolução Industrial 4.0:</p><p>• novas tecnologias que criam maneiras inteiramente novas de atender às</p><p>necessidades existentes;</p><p>7</p><p>• novos padrões de comportamento do consumidor (cada vez mais baseados</p><p>no acesso a redes e dados móveis);</p><p>• novas maneiras de consumir bens e serviços no processo;</p><p>• adaptações que as empresas precisam fazer da forma como concebem,</p><p>comercializam e fornecem produtos e serviços;</p><p>• novas formas de colaboração, particularmente em relação à velocidade</p><p>com que a inovação e a interrupção estão ocorrendo.</p><p>TEMA 3 – MODELO DA CISCO</p><p>A Cisco Systems é uma empresa estadunidense fundada em 1984 pelo</p><p>casal Leonard Bosack e Sandy Lerner, especialistas em TI, com formação</p><p>acadêmica em Ciência da Computação na Universidade de Stanford. Sua sede</p><p>localiza-se em San José, Califórnia. Atualmente é considerada a líder mundial no</p><p>que se refere a equipamentos de rede para a internet. O nome provém de uma</p><p>referência à cidade de San Francisco, nos EUA.</p><p>Eles nomearam a empresa como cisco com “c” minúsculo, forma</p><p>abreviada como é conhecida a cidade de San Francisco, e</p><p>desenvolveram um logotipo que se assemelhava à ponte Golden Gate,</p><p>a qual atravessavam frequentemente. A Cisco abriu seu capital em 1990</p><p>e os dois fundadores deixaram a empresa pouco tempo depois, devido</p><p>a conflito de interesses com o novo presidente e CEO (BH1, 2018)</p><p>Com a expansão do mercado e, consequentemente, a abertura de</p><p>escritórios em Londres e Paris (1991), posteriormente a empresa alcançou outros</p><p>países. Em pouco mais de 8 anos, entre 1991 e 1999, a empresa passou de uma</p><p>capitalização inicial de US$ 1 bilhão para US$ 300 bilhões. “Em março de 2000, a</p><p>Cisco se tornou a empresa mais valiosa do mundo, com sua capitalização de</p><p>mercado atingindo o pico de US$ 582 bilhões ou US$ 82 por ação” (BH1, 2018).</p><p>Durante sua trajetória, a empresa realizou ações de co-branding na</p><p>produção de modens com outras empresas, como a Sony e a Matsushita, em uma</p><p>tentativa bem-sucedida de agregar valor à marca. Também se reinventou,</p><p>promovendo uma mudança de percepção por parte de seus consumidores:</p><p>passando de um fornecedor de equipamentos como switches e roteadores para</p><p>uma marca que representa soluções em tecnologia, nas suas mais diversas</p><p>demandas, como redes de IoT, segurança da informação e cloud computing.</p><p>No final de 2008, a receita da Cisco atingiu US$ 39,5 bilhões e a revista</p><p>BusinessWeek classificou-a como a 18.ª maior marca global. Com sua</p><p>entrada no mercado de consumo, a Cisco teve que desenvolver formas</p><p>8</p><p>originais de se conectar com os consumidores. Um desenvolvimento</p><p>recente é a Cisco Connected Sports, uma plataforma que transforma</p><p>estádios em espaços interativos digitalmente conectados (BH1, 2018)</p><p>Esses espaços interativos mencionados contemplaram diversos estádios</p><p>de times populares nos EUA, que vão de esportes como futebol americano ao</p><p>basquete ou beisebol, e entre essas agremiações esportivas, os Dallas Cowboys</p><p>e o Miami Dolphins, por exemplo. A Cisco propôs um modelo de imersão digital</p><p>para os espectadores, valorizando uma experiência única. “Os fãs podem se</p><p>encontrar virtualmente com os jogadores por meio do Telepresence, um sistema</p><p>de videoconferência. Displays digitais espalhados pelo estádio permitem aos fãs</p><p>acessar o placar de outros jogos, pedir comida e saber como está o tráfego local”</p><p>(BH1, 2018).</p><p>A Cisco também disponibiliza essas plataformas para diversas</p><p>organizações empresariais e instituições governamentais que necessitam de um</p><p>sistema dinâmico e eficiente de videoconferências em tempo real.</p><p>Figura 3 – Telepresence Cisco</p><p>Crédito: CC/Courtesy of Tandberg Corporation.</p><p>A Cisco é uma empresa cujo modelo une elementos de uma extended</p><p>enterprise, pelas características de expansão no mercado, de relação colaborativa</p><p>moderna com seus parceiros e stakeholders, e em relação à manufatura dos seus</p><p>produtos, de supply chain e também sobre o vínculo direto com as tecnologias</p><p>digitais, que certamente a tornam também uma empresa virtual, na forma como</p><p>9</p><p>se envolve com os seus consumidores pela internet, oferecendo seus produtos</p><p>por meio dos já costumeiros serviços on-line.</p><p>Figura 4 – Site da Cisco</p><p>Crédito: II.STUDIO/Shutterstock.</p><p>Seguindo esse modelo, a empresa oferece uma gama de serviços</p><p>preventivos e soluções em redes para seus clientes. No entanto, o que mais</p><p>chama a atenção é o advento do que a Cisco denomina como Rede Intuitiva, uma</p><p>nova arquitetura de rede “capaz de antecipar ações de usuários, bloquear</p><p>ameaças à segurança e continuar a evoluir e entregar o melhor desempenho para</p><p>atingir as necessidades dos negócios” (CIO, 2017), ou seja, entregando o “pacote</p><p>completo” de serviços conforme as necessidades das organizações.</p><p>Os elementos dessa proposta podem ser verificados na Figura 5 a seguir.</p><p>10</p><p>Figura 5 – Proposta de Rede Intuitiva da Cisco</p><p>Fonte: Cisco, 2020.</p><p>3.1 Metodologias para as empresas do futuro</p><p>Com as modificações surgindo no atual contexto do que conhecemos como</p><p>a quarta Revolução Industrial, ou simplesmente como Indústria 4.0, criando novos</p><p>paradigmas organizacionais – como no caso das empresas virtuais estendidas –,</p><p>novas pesquisas são desenvolvidas buscando dar suporte a esse modelo,</p><p>indicando os melhores caminhos a serem tomados para a execução de operações</p><p>em estruturas cooperativas de níveis complexos. De acordo com Azevedo (2000),</p><p>há uma corrente de pesquisadores se dedicando na formalização e no</p><p>desenvolvimento de metodologias que se apliquem a esses novos paradigmas,</p><p>direcionando os gestores e colaboradores, e auxiliando na formação desse novo</p><p>perfil de profissionais. A seguir, apresentamos alguns dos principais projetos de</p><p>investigação que auxiliaram e continuam colaborando na viabilização desses</p><p>novos conceitos organizacionais.</p><p>• Intelligent Manufacturing Systems (IMS): iniciativa de âmbito</p><p>internacional, começou em 1995, com o envolvimento de 250 empresas e</p><p>200 instituições de pesquisas. O maior objetivo é auxiliar em investigações</p><p>que corroborem com o desenvolvimento de novas gerações de tecnologias</p><p>da produção. Alguns resultados desse projeto podem ser mencionados,</p><p>como no caso de programas como o NGMS IMS – The Next Generation</p><p>11</p><p>Manufacturing Systems e o Globeman 21 (The Enterprise Integration for</p><p>Global Manufacturing Towards 21st Century) (Azevedo, 2000).</p><p>• Eureka: projeto também conhecido pela denominação Factory of the Future</p><p>e idealizado por três países – França, Alemanha e Reino Unido –, buscou</p><p>desenvolver modelos de referência apoiando-se em uma perspectiva</p><p>vertical, com base em conceitos de agilidade e Empresa Virtual Estendida</p><p>(Azevedo, 2000).</p><p>• Outros projetos desenvolvidos: Agile Manufacturing (EUA); Innovative</p><p>Manufacturing Initiative (Reino Unido) e Production 2000 (Alemanha),</p><p>todos voltados para as respectivas realidades de cada país.</p><p>Entretanto, apesar de alguns desses projetos investigativos terem sido</p><p>iniciados na década de 1990 e em meados dos anos 2000, outros ainda se</p><p>encontram em vigência, como no caso do Supply Chain Council, no qual</p><p>estabelece o envolvimento de várias empresas e outras instituições</p><p>estadunidenses, cujo “objetivo é de desenvolver e implementar um modelo de</p><p>referência para a cadeia de fornecimento” (Azevedo, 2000, p. 212).</p><p>TEMA 4 – ARQUITETURA DA INDÚSTRIA 4.0</p><p>Para um exemplo de implementação de uma arquitetura flexível e</p><p>interoperável, sugere-se um modelo de padronização, em consonância com as</p><p>atuais tecnologias que vêm sendo implementadas nos procedimentos</p><p>organizacionais. Uma das propostas disponíveis atualmente é o conceito</p><p>denominado Rami 4.0, ou seja, um “modelo de referência, por definição: um</p><p>conjunto de elementos padronizados para projetar e implementar a partir de um</p><p>consenso entre quem participa e se utilizará deste” (Silva, 2018). Em outras</p><p>palavras, o Rami 4.0 “promove as diretrizes de conectividade para sistemas e</p><p>processos dentro da realidade da indústria 4.0” (Silva, 2018).</p><p>Saiba mais</p><p>Descubra um pouco mais sobre a quarta Revolução Industrial por meio do</p><p>vídeo “O que é a Indústria 4.0?” do Senai São Paulo. Disponível em:</p><p><https://www.youtube.com/watch?v=3ixQQ4elwm0>. Acesso em: 11 mar. 2020.</p><p>Assim, o termo Rami 4.0 é utilizado para conceituar um tipo de modelo</p><p>utilizado para implementações das mais diversas soluções para projetos</p><p>referentes à Indústria 4.0. O modelo proporciona diretrizes práticas para</p><p>que toda a cadeia produtiva se envolva na atmosfera cibernética e de</p><p>12</p><p>alta performance, característica da quarta revolução industrial (Silva,</p><p>2018).</p><p>Entretanto, para a utilização desse modelo, precisamos compreender o</p><p>conceito inicial de arquitetura, utilizada para descrever um complexo funcional</p><p>através de uma rede interconectada.</p><p>Arquitetura de computador refere-se aos atributos de um sistema visíveis</p><p>a um programador ou, em outras palavras, aqueles atributos que</p><p>possuem um impacto direto sobre a execução lógica de um programa.</p><p>Organização de computador refere-se às unidades operacionais e suas</p><p>interconexões que realizam as especificações arquiteturais. Alguns</p><p>exemplos de atributos arquiteturais incluem o conjunto de instruções, o</p><p>número de bits usados para representar diversos tipos de dados (por</p><p>exemplo: números, caracteres), mecanismos de E/S e técnicas para</p><p>endereçamento de memória. Atributos organizacionais incluem os</p><p>detalhes do hardware transparentes ao programador, como sinais de</p><p>controle, interfaces entre o computador e periféricos e a tecnologia de</p><p>memória utilizada. (Stallings, 2010, p. 22)</p><p>4.1 Características do modelo Rami 4.0</p><p>O Rami 4.0 é uma sigla para Reference Architectural Model for Industrie</p><p>4.0 – em português, Modelo de Referência para Arquitetura da Indústria 4.0 (Silva,</p><p>2018).</p><p>Suas características principais são definidas baseando-se em uma</p><p>estrutura que envolva a cadeia produtiva, entre outros itens relacionados à quarta</p><p>Revolução Industrial, como o contexto cibernético e a alta performance exigida.</p><p>De acordo com Silva (2018), o modelo é dividido em eixos. Vamos entender como</p><p>são estruturados.</p><p>• Eixo de Hierarquia: interage de forma flexível. Nesse eixo, ocorre</p><p>interoperação e interação em todos os níveis hierárquicos. Atribui-se aqui</p><p>modelos funcionais com base em DIN EN 62264-1 e DIN EN 61512-1</p><p>(Silva, 2018).</p><p>• Eixo de Arquitetura: estabelece a verticalização de dados e interfaces por</p><p>meio de uma transição das informações do físico para o lógico (Silva,</p><p>2018).</p><p>• Eixo de Processo: nesse eixo são descritos os vários estágios dentro do</p><p>ciclo de vida de um produto/processo aderente à Indústria 4.0, baseado na</p><p>IEC 62890. Esses estágios vão desde pesquisa e desenvolvimento até a</p><p>pós-comercialização e suporte técnico (Silva, 2018).</p><p>13</p><p>Na representação presente na Figura 6 a seguir, podem ser verificados os</p><p>três eixos mencionados, decifrados por camadas.</p><p>Figura 5 – Rami 4.0</p><p>Fonte: Adaptado de Silva, 2018.</p><p>Para Silva (2018), o funcionamento do Rami 4.0 se baseia na promoção de</p><p>diretrizes referentes à conectividade para sistemas e processos de acordo com o</p><p>contexto da Indústria 4.0. Para que isso possa ocorrer, são levadas em</p><p>consideração algumas condições, dentre as quais podemos citar:</p><p>• padronização da linguagem para troca de informações;</p><p>• padronização global da comunicação (Padrão/Protocolo);</p><p>• instalação e Operação fácil (Plug and Play).</p><p>“O Rami 4.0 opera a partir de um conjunto de componentes com uma</p><p>mesma semântica de informações e controle, chamados de I4.0. Os conjuntos de</p><p>I4.0 formam células de produção que trabalham de forma flexível, descentralizada</p><p>e interoperável nesse contexto” (Silva, 2018). Para que seja executada a</p><p>implementação de todo o processo, as etapas devem ser seguidas de acordo com</p><p>a estruturação proposta. O projeto básico de automação deve ser iniciado de</p><p>forma descentralizada e interconectada com todos os devices (dispositivos).</p><p>4.2 Benefícios do modelo Rami 4.0</p><p>De acordo com Silva (2018), os benefícios percebidos na aplicação do</p><p>Rami 4.0 podem ser verificados de acordo com a seguinte classificação:</p><p>• melhoria na estruturação para segurança e privacidade;</p><p>14</p><p>• Arquitetura Orientada a Serviços, cuja sigla é conhecida como SOA;</p><p>• divisão otimizada dos processos, visando facilitar a comunicação e</p><p>processamento de dados;</p><p>• conexão dos componentes de Tecnologia da Informação nas determinadas</p><p>camadas do ciclo de vida.</p><p>4.3 Normas que contemplam a implementação do Rami 4.0</p><p>Para efeito de regulamentação na implementação, as normas vigentes que</p><p>regem a adoção desse padrão, segundo Silva (2018), são:</p><p>• IEC 62264: Integração de Sistemas de Produção na Empresa;</p><p>• IEC 62890: Gerenciamento do Ciclo de Vida para Produtos e Sistemas;</p><p>• IEC 63088: Produção Inteligente – Modelo e Arquitetura de Referência para</p><p>Indústria 4.0;</p><p>• IEC 61512: Controle de Batelada – Processos Produtivos em Lote.</p><p>TEMA 5 – INVESTIMENTOS DE TI NA LOGÍSTICA</p><p>Diante de uma perspectiva que apresenta inovações tecnológicas em uma</p><p>velocidade com potencial surpreendente, as organizações, principalmente as</p><p>empresas atuantes no segmento logístico, realizam investimentos, buscando</p><p>dinamizar, tornando suas cadeias de suprimento mais práticas e eficientes.</p><p>[...] os investimentos em TI incluem custos diretos e indiretos</p><p>(reestruturação da organização, treinamento e rotatividade de</p><p>colaboradores), sendo, sobretudo os indiretos mais complicados de se</p><p>estimar. Por fim, esses projetos envolvem alto risco, os quais nem</p><p>sempre são identificados, e, em geral, apresentam retornos no longo</p><p>prazo. (Castro; Luna, 2011, p. 3)</p><p>Atualmente, setores como o de serviços logísticos já passam por</p><p>significativas mudanças com a implementação de redes baseadas em IoT, como</p><p>no caso dos caminhões inteligentes, ou ferramentas tecnológicas que começam</p><p>a integrar inteligência artificial no atendimento promovido pelas centrais dessas</p><p>organizações.</p><p>Com a crescente importância do setor de TI nas empresas e,</p><p>consequentemente, o aprimoramento constante dessas ferramentas, além da</p><p>chegada de novos recursos no mercado, as empresas se veem na obrigação de</p><p>se adaptarem à realidade proposta, caso contrário, correm o risco de se verem</p><p>15</p><p>engolidas pelos concorrentes, em um processo de globalização cada vez mais</p><p>cruel e acirrado.</p><p>De acordo com Castro e Luna (2011), a demanda por investimento em</p><p>tecnologias nas empresas não se resume apenas à compra de equipamentos e</p><p>dispositivos, instalação de redes e terminais ou mesmo a capacitação de</p><p>colaboradores no manuseio desses novos recursos. É um processo que exige</p><p>uma adaptação, pois impacta diretamente em diversas outras áreas de uma</p><p>empresa. Além disso, outros fatores devem ser analisados, pois muitas vezes o</p><p>investimento realizado obtém retorno em médio e longo prazo, frustrando muitas</p><p>vezes as expectativas.</p><p>Na verdade, diversos aspectos devem ser levados em consideração</p><p>quando se avalia investimentos em TI. As empresas enfrentam o desafio</p><p>de decidir entre várias alternativas de TI, muitas vezes</p><p>novas e</p><p>complexas, nem sempre tendo completo conhecimento sobre a melhor</p><p>aplicação para cada caso. Em alguns casos, a empresa deve tomar uma</p><p>decisão de ser a pioneira na aquisição e aplicação de novas TI e, quando</p><p>estas estão relacionadas à gestão da cadeia de suprimentos, poderá</p><p>esperar os parceiros adotarem primeiro. A iniciativa de investir também</p><p>pode ser tomada quando a TI se torna uma necessidade frente às</p><p>demandas do mercado. Assim, a aplicação e a decisão do momento</p><p>certo de investir são essenciais para que a TI proporcione vantagens</p><p>competitivas sustentáveis e não seja facilmente replicada pelos</p><p>concorrentes. (Bandeira; Maçada; 2008; Kahraman et al., 2007; Peffers</p><p>et al., 1998; Sarkis; Sundarraj, 2000; WU et al., 2006 citados por Castro;</p><p>Luna, 2011, p. 4)</p><p>16</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ANDERL, R. Industrie 4.0: advanced engineering of smart products and smart</p><p>production. In: INTERNATIONAL SEMINAR ON HIGH TECHNOLOGY, 19.,</p><p>Piracicaba. Anais… Piracicaba, 2014.</p><p>AZEVEDO, A. L. A emergência da empresa virtual e os requisitos para os sistemas</p><p>de informação. Gestão & Produção, Portugal, v. 7, n. 3, p. 208-225, dez. 2000.</p><p>BH1. Cisco. 8 jun. 2018. Disponível em: <http://www.bh1.com.br/administracao-de-</p><p>marketing/cisco/>. Acesso em: 11 mar. 2020.</p><p>BRETTEL, M. et al. How virtualization, decentralization and network building change</p><p>the manufacturing landscape: an industry 4.0 perspective. International Journal of</p><p>Mechanical, Aerospace, Industrial and Mechatronics Engineering, v. 8, n. 1, p.</p><p>37-44, 2014.</p><p>CASTRO, D. T. de; LUNA, M. M. M. Os critérios de decisão de investimentos em</p><p>tecnologias da informação na logística: uma revisão de literatura. In: SIMPÓSIO DE</p><p>ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA REGIÃO NORDESTE, 6., Campina Grande –</p><p>PB. Anais… Campina Grande – PB, 2011. Disponível em: <http://nures.ufsc.br/wp-</p><p>content/uploads/2010/10/Os-crit%C3%A9rios-de-decis%C3%A3o-de-investimento</p><p>s-em-tecnologias-da-informa%C3%A7%C3%A3o-na-log%C3%ADstica-uma-veris</p><p>%C3%A3o-de-literatura.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2020. Acesso em: 11 mar. 2020.</p><p>JAGDEV, H. S.; BROWNE, J. The extended enterprise: a context for manufacturing.</p><p>Producting Planning and Control, v. 9, n. 3, p. 216-229, 1998.</p><p>KAGERMANN, H.; WAHLSTER, W.; HELBIG, J. Recommendations for</p><p>implementing the strategic initiative Industrie 4.0. München: Acatech, 2013.</p><p>p.13-78.</p><p>MARQUES, L. F. M. Análise do risco e da flexibilidade do processo de</p><p>desenvolvimento de produto colaborativo de uma Empresa Estendida. 150 p.</p><p>Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade de São Paulo,</p><p>São Carlos, 2002.</p><p>MAS afinal, o que é uma rede intuitiva, baseada em intenções? Cio, 24 jun. 2017.</p><p>Disponível em: <https://cio.com.br/mas-afinal-o-que-e-uma-rede-intuitiva-baseada-</p><p>em-intencoes/>. Acesso em: 11 mar. 2020.</p><p>17</p><p>REDE baseada em intenção. Cisco. Disponível em: <https://www.cisco.com/</p><p>c/pt_br/solutions/intent-based-networking.html>. Acesso em: 11 mar. 2020.</p><p>SACOMANO, J. B. et al. (Org.). 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