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<p>História Econômica GeralHistória Econômica Geral</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Bem vindo(a)!</p><p>Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), é com imenso prazer que lhe</p><p>apresento nosso material de estudos da disciplina de História Econômica Geral, que</p><p>tem como objetivo apresentar a evolução da ciência econômica ao longo dos</p><p>séculos, desde que esta se tornou uma área de estudo. A apostila apresenta, no</p><p>início, uma contextualização sobre a importância do estudo da economia e como ela</p><p>faz parte da nossa vida. A preocupação quanto ao uso racional dos recursos</p><p>produtivos apresenta-se então como a cerne da ciência econômica, sendo que seu</p><p>estudo abrange justamente a observação sobre como as sociedades tomam</p><p>decisões quanto à utilização correta dos recursos produtivos. Ou seja, a preocupação</p><p>com a utilização correta dos fatores de produção ou recursos produtivos sempre</p><p>esteve no centro das decisões governamentais e de toda a sociedade, e por isso a</p><p>importante relação existente entre a economia e a história das nações.</p><p>Neste sentido, a primeira unidade da apostila apresentará características do</p><p>mercantilismo, prática comum na Europa do século XVI ao XVIII, onde se defendia a</p><p>acumulação de metais preciosos como fonte de riqueza das nações. Em seguida</p><p>abordaremos a teoria econômica desenvolvida pelos �siocratas, que acreditavam</p><p>que a riqueza das nações era oriunda exclusivamente do valor da agricultura.</p><p>Quanto à Escola Clássica, destaca-se a importância do economista escocês Adam</p><p>Smith, considerado por muitos como o pai da economia. A Unidade I apresenta</p><p>também aspectos relacionados ao capitalismo e ao socialismo, com destaque para a</p><p>teoria marxista e críticas inerentes ao capitalismo. Ainda na primeira unidade, serão</p><p>abordados conceitos gerais relacionados à história econômica, bem como suas</p><p>etapas ao longo da história, com ênfase na história das economias agrícolas,</p><p>abordando o conceito de modo de produção e as diferentes formações econômico-</p><p>sociais: asiática, escravista, feudal, capitalista e socialista. Por �m, a primeira unidade</p><p>abordará o feudalismo e sua transição para o capitalismo, bem como a origem do</p><p>imperialismo e o capitalismo periférico, com a formação do Terceiro Mundo.</p><p>A segunda unidade da disciplina de História Econômica Geral vai além dos conceitos</p><p>abordados na primeira unidade, para que você possa conhecer o processo</p><p>desuperação do “antigo regime”, a partir das revoluções burguesas. Em seguida,</p><p>apresentamos um pouco sobre as mudanças políticas e a formação dos Estados</p><p>Nacionais, bem como as mudanças nos padrões de comércio e no sistema colonial.</p><p>Ainda na Unidade II, falaremos sobre as revoluções burguesas, sobre a crise do</p><p>Regime Absolutista a partir das Revoluções Francesa e Inglesa, bem como sobre a</p><p>Revolução Industrial, com ênfase às mudanças quanto à posição do trabalho</p><p>enquanto força produtiva. Para �nalizarmos a Unidade II, apresentaremos como se</p><p>deu o surgimento dos países comunistas, a trajetória do socialismo e o �m da URSS,</p><p>até chegarmos às principais crises econômicas até os anos 30 e seus impactos para</p><p>a economia mundial.</p><p>Na Unidade III começamos falando sobre a Guerra Fria, período de tensão</p><p>geopolítica entre Estados Unidos e União Soviética, ou seja, entre o capitalismo e o</p><p>comunismo. Em seguida, abordamos o período chamado de Era de Ouro do</p><p>capitalismo, ocorrido em meados do século XX, até sua crise nas décadas de 70 e 80,</p><p>com ênfase na desregulamentação do sistema monetário internacional e aos dois</p><p>choques do petróleo, que contribuíram com a crise econômica que freou o</p><p>crescimento econômico dos países industrializados. Ainda na Unidade III,</p><p>abordamos a queda dos países comunistas, com destaque para os principais</p><p>acontecimentos que acompanharam o período. Chegando ao �m da Unidade III,</p><p>veremos aspectos importantes acerca da onda do neoliberalismo entre as nações no</p><p>�nal do século XX, bem como alternativas ao capitalismo e aspectos da globalização</p><p>mundial.</p><p>Na última unidade da disciplina de História Econômica Geral, daremos destaque à</p><p>situação do Brasil diante do mundo, como, por exemplo, quanto a sua participação</p><p>na Primeira Guerra Mundial. Em seguida, falaremos sobre o desenvolvimento</p><p>econômico e social do Brasil, desde o período colonial até o período chamado de</p><p>globalização, dando destaque para a importância da agricultura na história</p><p>econômica do Brasil. Por �m, abordaremos aspectos do capitalismo vigente e seus</p><p>impactos para a economia mundial, com foco em algumas perspectivas para a</p><p>economia brasileira.</p><p>Bons estudos!</p><p>Sumário</p><p>Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que</p><p>você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da</p><p>unidade, assista ao vídeo de considerações �nais.</p><p>Unidade 1</p><p>Conceitos</p><p>Gerais</p><p>Unidade 2</p><p>Transição, crises</p><p>e revoluções</p><p>Unidade 3</p><p>Impactos</p><p>Econômicos</p><p>Unidade 4</p><p>História</p><p>Econômica e</p><p>Brasil</p><p>Unidade 1</p><p>Conceitos Gerais</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Introdução</p><p>Olá, caro(a) aluno(a)! Seja muito bem-vindo(a) à nossa primeira unidade da disciplina</p><p>de História Econômica Geral.</p><p>Certamente você já conhece um pouco sobre a economia, pois precisa tomar</p><p>inúmeras decisões econômicas diariamente. A economia está no nosso dia a dia,</p><p>desde o momento em que recebemos salário, pagamos contas, fazemos</p><p>investimentos e poupamos. Mas, de fato, o que é economia? A economia é uma</p><p>ciência que se preocupa com o uso dos recursos (fatores de produção) escassos, na</p><p>tentativa de satisfazer as necessidades humanas, que são ilimitadas.</p><p>A preocupação com a utilização correta dos fatores de produção ou recursos</p><p>produtivos sempre esteve no centro das decisões governamentais e de toda a</p><p>sociedade, e, por isso, a importante relação existente entre a economia e a história</p><p>das nações. Por exemplo, o mercantilismo, que é considerado uma teoria econômica</p><p>e prática comum na Europa do século XVI ao XVIII, em que se defendia a</p><p>acumulação de metais preciosos como fonte de riqueza das nações. Já a teoria</p><p>econômica desenvolvida pelos �siocratas, era composta por um grupo de</p><p>economistas que acreditava que a riqueza das nações era oriunda exclusivamente</p><p>do valor da agricultura. Quanto à Escola Clássica, escola de pensamento dominante</p><p>dos séculos XVIII e XIX, é considerada pela maioria dos estudiosos como a mais</p><p>sólida teoria econômica, e teve como progenitor o economista escocês Adam Smith,</p><p>considerado o pai do liberalismo econômico. Com os rumos tomados pelo</p><p>capitalismo no início do século XIX, e com o socialismo também em ascensão,</p><p>destaca-se a teoria marxista, com críticas inerentes ao capitalismo.</p><p>Como você deve ter percebido, a teoria econômica passou por diversas mudanças</p><p>ao longo dos anos, com ideias que partem de antigas teorias, buscando desenvolvê-</p><p>las e transformá-las. Neste sentido, a presente unidade abordará conceitos gerais</p><p>relacionados à história da economia, passando por suas etapas ao longo dos anos.</p><p>Daremos ênfase à história das economias agrícolas, abordando o conceito de modo</p><p>de produção e as diferentes formações econômico-sociais: asiática, escravista,</p><p>feudal, capitalista e socialista.</p><p>O feudalismo, organização econômica e social que predominou na Europa Ocidental</p><p>desde a idade média até a formação dos estados modernos, e sua transição para o</p><p>capitalismo, sistema em que os meios de produção são privados e sua operação se</p><p>dá com �ns lucrativos, será um dos aspectos mais importantes a serem tratados</p><p>nesta unidade. Falaremos também sobre as origens do capitalismo e o</p><p>imperialismo, onde nações mais poderosas procuram ampliar suas in�uências com</p><p>o domínio territorial, cultural e econômico sobre as nações mais pobres. Por �m,</p><p>abordaremos o capitalismo periférico e a formação do Terceiro Mundo.</p><p>Plano de Estudo</p><p>Conceitos gerais.</p><p>Etapas ao longo da história.</p><p>As Economias Agrícolas na</p><p>Antiguidade.</p><p>O conceito de modo de produção.</p><p>As formações econômico-sociais:</p><p>asiática, escravista, feudal, capitalista</p><p>e socialista.</p><p>O feudalismo. A transição do</p><p>feudalismo para</p><p>que o</p><p>presidente Richard Nixon diminuísse os gastos com defesa e abrisse relações com a</p><p>China. Isso levou a um aumento do comércio bilateral (EUA x China) com a</p><p>superpotência em ascensão, que totalizou US $ 558 bilhões em 2019.</p><p>Com relação às armas nucleares, a pesquisadora descreve que um componente</p><p>assustador da Guerra Fria bipolar foi sua dependência de ameaças nucleares. As</p><p>preocupações com a aniquilação nuclear levaram à corrida espacial e à construção</p><p>do sistema de rodovias interestaduais dos EUA. Como tanto os EUA quanto a União</p><p>Soviética tinham armas nucleares, outros países sentiram que precisavam estar</p><p>armados de forma semelhante. O Reino Unido, França, Israel, Paquistão, China, Índia</p><p>e Coréia do Norte acabaram adquirindo competências nucleares.</p><p>Amadeo (2020) destaca também como legado da Guerra Fria a cooperação e ajuda</p><p>multilateral. O Plano Marshall de 1948, lançado pelos EUA após a Segunda Guerra</p><p>Mundial, acabou despejando US $12 bilhões para ajudar a Europa Ocidental a</p><p>reconstruir suas economias e prevenir a in�ltração comunista. Esse tipo de</p><p>cooperação multinacional e ajuda impulsionada pelos EUA foi uma marca dos</p><p>esforços feitos pelo Ocidente durante anos para evitar uma perda de in�uência</p><p>"efeito dominó" para os comunistas.</p><p>O acordo de Bretton Woods de 1944 estabeleceu o dólar americano como a nova</p><p>moeda de reserva mundial e criou o Banco Mundial e o FMI para ajudar na</p><p>reconstrução do pós-guerra e prevenir crises �nanceiras. Os EUA também apoiaram</p><p>a formação das Nações Unidas em 1945 para evitar outra guerra mundial. Em 1949, a</p><p>Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada para defender as</p><p>nações aliadas europeias contra a União Soviética.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Há 75 anos, Stalin, Truman e Attlee se reuniram para de�nir a pena da</p><p>Alemanha pós-guerra. A Conferência de Potsdam foi um dos episódios</p><p>mais marcantes do século 20, e buscava dar um ponto �nal ao</p><p>sangrento — e triste — capítulo da história da humanidade. Marcada na</p><p>história pela crueldade e brutalidade dos campos de extermínio</p><p>nazistas, os alemães foram derrotados pela Aliança durante a Segunda</p><p>Guerra Mundial. Após o tenebroso con�ito a nova ordem europeia</p><p>deveria ser restabelecida.</p><p>Saiba mais lendo o artigo na íntegra:</p><p>TORTOMANO, C. Há 75 anos, Stalin, Truman e Attlee se reuniam para</p><p>de�nir a pena da Alemanha pós-guerra. Aventuras na História. 2020.</p><p>Disponível em:</p><p>https://go.eadstock.com.br/pg</p><p>Economia mundial no pós</p><p>guerra</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>A economia capitalista passou por um longo período de crescimento econômico</p><p>entre o �m da Segunda Guerra Mundial e a crise do petróleo (1946 - 1973), período</p><p>que �cou conhecido como a Era de Ouro, ou anos dourados do capitalismo.</p><p>Primeiramente faz-se necessário destacar a situação oposta em que se encontravam</p><p>as economias norte-americana e europeia ao �nal da guerra. Na Europa (palco das</p><p>operações de guerra) havia, segundo Saes (2013), uma situação caótica devido às</p><p>perdas humanas em grande número, instalações industriais e de serviços destruídas</p><p>e a população passando por grandes di�culdades. Já a economia norte-americana</p><p>havia sido fortemente estimulada pela demanda por produtos bélicos, tendo</p><p>recuperado os níveis de produção anteriores à crise de 1929.</p><p>Neste sentido, cabia a cada governo adotar políticas próprias, de acordo com suas</p><p>condições. Na Europa, o governo precisava reconstruir a economia, dando atenção</p><p>para as pessoas mais atingidas pela guerra. Já o governo dos Estados Unidos estava</p><p>preocupado em manter a prosperidade dos anos de guerra, pois havia o receio de</p><p>volta da recessão à medida que a produção bélica diminuísse com o �m da guerra.</p><p>Segundo Saes (2013) isso não ocorreu e por um período de cerca de um quarto de</p><p>século houve um crescimento acelerado tanto da economia americana como da</p><p>economia mundial, com estabilidade de preços e sem grandes �utuações. Por esta</p><p>razão, tal período �cou conhecido por anos dourados do capitalismo. Porém cabe</p><p>destacar que as economias socialistas também cresceram neste período,</p><p>principalmente a União Soviética. Saes (2013) destaca que inclusive países</p><p>subdesenvolvidos, do terceiro mundo, também passaram por profundas</p><p>transformações nesse período, como o avanço industrial ocorrido no Brasil entre os</p><p>anos de 1950 e 1960.</p><p>A crise do Capitalismo nas</p><p>décadas de 70 e 80</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>A crise do capitalismo nos anos 70 teve seu início ou aprofundamento no ano de</p><p>1973, com o �m do Tratado de Bretton Woods e a crise do petróleo. A partir dos anos</p><p>70 várias economias pelo mundo passaram a ter números menores de crescimento</p><p>de PIB, soma-se a isso altas taxas de desemprego e in�ação. Ao contrário do que</p><p>defendia a teoria econômica keynesiana clássica, que a�rmava que a in�ação seria</p><p>mais alta com níveis baixos de desemprego e meios de produção próximos ao seu</p><p>limite de produção, nesse período tivemos capacidade de produção ociosa e a</p><p>combinação de altas taxas de desemprego e in�ação.</p><p>Boa parte disso se deve à grande crise do petróleo de 1973. Após a Segunda Grande</p><p>Guerra, o petróleo do Oriente fomentou o desenvolvimento europeu, e de certa</p><p>forma, também dos Estados Unidos. No entanto os grandes produtores de petróleo,</p><p>como Arábia Saudita, Irã, Iraque, Venezuela, Kuwait, fundaram a OPEP, em 1960. Em</p><p>1973, após tentativas frustradas de negociação com países importadores, a OPEP</p><p>decidiu elevar os preços do petróleo e simultaneamente reduzir os volumes de</p><p>produção. Isso elevou o preço do barril que girava em torno de 2 US$ para quase 12</p><p>dólares no �nal de 1973.</p><p>As crises do petróleo atingiram em cheio os países importadores, e pressionaram os</p><p>índices de in�ação nesses países e, por consequência, as taxas de desemprego. Mas</p><p>não podem ser totalmente responsabilizadas pela crise dos anos 70, com níveis de</p><p>produção extremamente baixos, as indústrias aumentaram suas margens de lucro e,</p><p>com isso, inverteram a lógica da era de ouro do capitalismo em que o nível de</p><p>produção alto gerava bons salários para o empregado e bons lucros para as</p><p>empresas. Com a produtividade baixa, desemprego e in�ação altos a crise se</p><p>aprofundou.</p><p>O �m do Tratado de Bretton Woods que indexava o dólar ao ouro, que desvalorizou a</p><p>moeda americana, teve também impacto no comércio internacional pois ao</p><p>desvalorizar o dólar os produtos americanos �cavam mais baratos para a exportação,</p><p>o que atingia a economia de países exportadores, como Alemanha e Japão. Essa</p><p>queda do dólar foi de tal monta que o governo de Washington teve que intervir, a</p><p>partir dos anos 80, para recuperar o seu poder de compra e não perder a sua</p><p>importância como moeda reguladora do mercado internacional.</p><p>Todos esses problemas causaram a “estag�ação” dos anos 70, em que níveis de</p><p>emprego e produção baixos geraram altos níveis de in�ação. Toda esta crise do</p><p>sistema capitalista deu início ao processo de mudança que o capitalismo passou no</p><p>�nal do século XX.</p><p>REFLITA</p><p>Quais as causas e consequências das crises do petróleo?</p><p>A crise do petróleo ocorreu justamente em momentos em que os</p><p>países exportadores e membros da OPEP (Organização dos Países</p><p>Exportadores de Petróleo) e do Golfo Pérsico impediram a distribuição</p><p>da matéria-prima para os EUA e países europeus – isso ocorreu três</p><p>vezes desde a Segunda Guerra Mundial. Leia mais em Panorama</p><p>Offshore.</p><p>https://go.eadstock.com.br/ph</p><p>A decadência dos países</p><p>comunistas</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Cerca de um século se passou desde que os comunistas chegaram ao poder.</p><p>Aconteceu na Rússia, depois de três anos de guerra mundial. Poucos fora da Rússia</p><p>pensaram que o governo comunista poderia durar tanto. Mas, na verdade, aquela</p><p>“Revolução de Outubro” foi a vanguarda de um movimento mundial, que inspirou</p><p>milhões ao redor do globo e repeliu outros milhões.</p><p>O comunismo puro implicaria, em teoria, a propriedade comum dos meios de</p><p>produção e o declínio do Estado. Sem surpresa, isso nunca foi alcançado. Mas uma</p><p>ideologia que prometia derrubar o poder do capital, e as distorções</p><p>que a</p><p>acumulação de capital causou na sociedade, atraiu seguidores da Coreia, no Leste,</p><p>até Cuba, no oeste. Seus adeptos acreditavam que a construção do comunismo</p><p>exigia o desenraizamento das crenças capitalistas e a puri�cação daqueles que se</p><p>apegavam aos modos de pensar burgueses ou contrarrevolucionários.</p><p>O comunismo mundial foi o inimigo mais temível da América nas décadas de</p><p>meados do século XX. Mas desde 1989, um país após outro, ou se livrou totalmente</p><p>do comunismo, ou o afastou discretamente na busca de negócios. Hoje ele vive</p><p>apenas nas formas mais atenuadas. A Coreia do Norte é a única resistência feroz</p><p>entre as nações comunistas restantes, mas mesmo lá os mercados estão mudando</p><p>a natureza da economia.</p><p>O jornal estadunidense The Washington Post desenvolveu uma linha do tempo dos</p><p>momentos marcantes na história de 100 anos do comunismo no poder. Um registro</p><p>de um movimento que buscou a revolução mundial, a industrialização em uma</p><p>escala épica e a criação de uma nova forma de sociedade, tendo crescido a partir de</p><p>um levante urbano no noroeste da Rússia, que se espalhou pelo globo. A seguir</p><p>serão apresentados alguns dos principais fatos destacados pelo jornal.</p><p>NOV. 1917</p><p>A GRANDE REVOLUÇÃO DE OUTUBRO - Uma facção marxista revolucionária</p><p>chamada Bolchevique tomou o poder na Rússia, liderada por Vladimir Lenin. Depois</p><p>de uma guerra civil brutal, os bolcheviques estabeleceram o que se tornou a União</p><p>das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Foi o primeiro governo comunista do mundo.</p><p>Os soviéticos pretendiam exportar o comunismo para as outras grandes nações</p><p>industriais, o que os tornava párias entre os capitalistas.</p><p>MAIO 1945</p><p>VITÓRIA SOBRE A ALEMANHA NAZISTA - Os soviéticos sofreram o impacto da</p><p>Segunda Guerra Mundial na Europa. Seu triunfo �nal foi explorado desde então</p><p>como um evento justi�cativo, que confere glória e legitimidade aos EUA - e seu</p><p>sucessor russo. No �nal da guerra, Moscou estabeleceu regimes comunistas</p><p>amigáveis em toda a Europa Oriental, criando o que Winston Churchill chamou de</p><p>Cortina de Ferro, uma metáfora sobre a in�uência soviética na região e a separação</p><p>econômica existente entre o leste europeu e a Europa capitalista.</p><p>OUT. 1949</p><p>MAO DECLARA VITÓRIA COMUNISTA NA CHINA - O con�ito de longa duração</p><p>entre nacionalistas e comunistas �nalmente terminou com uma vitória comunista</p><p>quase total. Mao Zedong, o líder do Partido Comunista, foi recebido em Moscou</p><p>como a tribuna do comunismo asiático. Mas não demorou muito para que as</p><p>tensões levassem a uma ruptura, rompendo os dois países mais importantes do</p><p>comunismo.Nas décadas seguintes, milhões de chineses morreram em campos de</p><p>trabalho forçado e de fome.</p><p>JAN. 1959</p><p>FIDEL CASTRO TOMA O PODER EM CUBA - Castro e seus revolucionários vieram</p><p>das montanhas para derrubar o regime corrupto de Fulgencio Batista, que tinha</p><p>fortes ligações com o crime organizado americano. A princípio disposto a negociar</p><p>com os Estados Unidos, Castro voltou-se para Moscou em busca de apoio dentro de</p><p>um ano, em face da hostilidade dos EUA. Os líderes americanos �caram chocados</p><p>ao ver o comunismo se �rmar no hemisfério ocidental.</p><p>ABRIL. 1975</p><p>A QUEDA DE SAIGON - A guerra sangrenta e prolongada no Vietnã, que destruiu a</p><p>administração de Lyndon Johnson e contribuiu para a queda de Richard Nixon,</p><p>terminou com uma vitória comunista. Saigon foi renomeada como Ho Chi Minh City.</p><p>Isso estava perto da marca da maré alta do comunismo global, embora poucos</p><p>suspeitassem disso na época.</p><p>JUN. 1989</p><p>PROTESTOS DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL (CHINA) - Manifestantes pró-</p><p>democracia ocuparam a praça central de Pequim, inspirados por um programa de</p><p>mudanças que os líderes chineses vinham perseguindo com cautela. O desa�o era</p><p>grande demais para o governo comunista, que enviou tropas e tanques para varrer a</p><p>praça. Centenas, talvez milhares, perderam suas vidas. A lição foi aprendida e nada</p><p>parecido aconteceu novamente na China.</p><p>NOV. 1989</p><p>QUEDA DO MURO DE BERLIM - O líder soviético Mikhail Gorbachev sinalizou ao</p><p>governo comunista da Alemanha Oriental que Moscou - preocupada com o declínio</p><p>econômico e o esvaziamento do fervor ideológico - não viria em sua ajuda diante</p><p>dos crescentes protestos populares. O Solidariedade já havia conquistado assento no</p><p>governo polonês e os húngaros cruzavam a fronteira com a Áustria. Mas quando o</p><p>Muro caiu e os berlinenses se reuniram novamente em alegres manifestações, �cou</p><p>claro para o mundo que a era comunista na Europa Oriental havia acabado.</p><p>AGO. 1991</p><p>GOLPE FRUSTRADO SINALIZA O FIM DA URSS - Os linha-dura soviéticos tentaram</p><p>derrubar Mikhail Gorbachev com medo de que suas políticas de glasnost e</p><p>perestroika - abertura e reestruturação - estivessem colocando seu país em risco de</p><p>desintegração. Seu fracasso deu um grande impulso ao principal anticomunista da</p><p>Rússia, Boris Yeltsin, e levou, em vez disso, à ilegalidade do Partido Comunista</p><p>apenas algumas semanas depois. A União Soviética desmoronou e deixou de existir</p><p>em 25 de dezembro de 1991.</p><p>Saes (2013) destaca que a Rússia foi o núcleo da mais importante experiência</p><p>socialista do século XX, em pouco mais de dez anos concluiu uma transiçãorápida e</p><p>radical para uma economia de mercado nos padrõestípicos das sociedades</p><p>capitalistas. O mesmo teria ocorrido com pequenas variações, nos demais países da</p><p>“Cortina de Ferro”. Se na Europa houve a transformaçãosimultânea do regime</p><p>político (com o �m do sistema de partido único) e da economia (com a introdução</p><p>da economia de mercado e o �m da exclusiva propriedade estatal dos meios de</p><p>produção), na China o Partido comunista manteve-se como partido único e ele</p><p>mesmo promoveu profundas reformas econômicas desde a morte de Mao Tsé-Tung,</p><p>em 1976 (SAES, 2013).</p><p>A onda do Neoliberalismo</p><p>econômico entre as nações</p><p>no �nal do século XX</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>O Neoliberalismo é uma ideologia e modelo de política econômica que valoriza a</p><p>competição e o livre mercado. Embora haja um debate considerável quanto às</p><p>características de�nidoras do pensamento e da prática neoliberais, ele é mais</p><p>comumente associado à economia laissez-faire. Em particular, o neoliberalismo é</p><p>frequentemente caracterizado em termos de sua crença no crescimento econômico</p><p>sustentado como o meio para alcançar o progresso humano, sua con�ança nos</p><p>mercados livres como a alocação mais e�ciente de recursos, sua ênfase na</p><p>intervenção mínima do Estado nos assuntos econômicos e sociais, e seu</p><p>compromisso com a liberdade de comércio e capital.</p><p>Embora os termos sejam semelhantes, o neoliberalismo é diferente do liberalismo</p><p>moderno. Ambos têm suas raízes ideológicas no liberalismo clássico do século XIX,</p><p>que defendia o laissez-faire econômico e a liberdade (ou liberdade) dos indivíduos</p><p>contra o poder excessivo do governo. Essa variante do liberalismo é frequentemente</p><p>associada ao economista Adam Smith, que argumentou, em A Riqueza das Nações</p><p>(1776), que os mercados são governados por uma “mão invisível” e, portanto,</p><p>deveriam estar sujeitos a uma interferência mínima do governo. Mas o liberalismo</p><p>evoluiu com o tempo para uma série de tradições diferentes (e frequentemente</p><p>concorrentes).</p><p>O liberalismo moderno se desenvolveu a partir da tradição social-liberal, que se</p><p>concentrava nos impedimentos à liberdade individual – incluindo pobreza e</p><p>desigualdade, doença, discriminação e ignorância – que havia sido criada ou</p><p>exacerbada pelo capitalismo irrestrito e só poderia ser amenizada por meio da</p><p>intervenção direta do Estado. Essas medidas começaram no �nal do século XIX, com</p><p>esquemas de compensação dos trabalhadores, o �nanciamento público de escolas</p><p>e hospitais, e regulamentos sobre horários e condições de trabalho e,</p><p>eventualmente, em meados do século XX, abrangeram uma ampla gama de</p><p>serviços e benefícios sociais característicos do chamado estado de bem-estar.</p><p>Alternativas ao</p><p>Capitalismo, a globalização</p><p>e o governo mundial de</p><p>fato</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Nos últimos anos, uma expansão no volume de políticas protecionistas e guerras</p><p>comerciais,</p><p>fez com que especialistas começassem a abordar um tema que se usou</p><p>chamar de “desglobalização”. Bulla (2020) destaca que após atingir o pico no início</p><p>dos anos 2000, o comércio global e o volume de investimento direto estrangeiro</p><p>diminuíram, proporcionalmente ao PIB mundial, signi�cativamente a partir da crise</p><p>de 2008. Segundo Amorim Neto (2017), o comércio internacional estancou e as</p><p>�nanças se renacionalizaram depois da crise de 2008.</p><p>Segundo Saes (2013), as intensas transformações observadas na economia mundial</p><p>no início do século XXI e a turbulência que afetou o �nal da primeira década do</p><p>século, di�culta a previsão do futuro da economia mundial capitalista. O autor cita</p><p>que há uma profunda incerteza sobre os rumos da economia mundial, não só diante</p><p>das turbulências enfrentadas, mas também devido a novos problemas que se</p><p>colocam num horizonte cada vez mais próximo.</p><p>Estudiosos consideram que atualmente mais pessoas estão se conscientizando de</p><p>que o capitalismo transformou nossas vidas e nosso planeta em uma mercadoria.</p><p>Um sistema que se mostrou ambientalmente insustentável e socialmente injusto,</p><p>não sendo capaz de garantir felicidade e condições de vida dignas a todas as</p><p>pessoas em qualquer lugar do planeta. Neste sentido, destaca-se a Economia</p><p>Solidária, que a partir de uma crítica ao modelo de produção capitalista, defende os</p><p>princípios da solidariedade, da cooperação e autogestão.</p><p>Neste contexto, as iniciativas econômicas solidárias de base emergiram</p><p>redescobrindo práticas atemporais e traços culturais, renovando-os e adaptando-os</p><p>ao contexto atual através do uso de novas tecnologias e outros recursos</p><p>contemporâneos, regenerativos e resilientes.</p><p>FICA A DICA</p><p>Artigo</p><p>Existe uma alternativa para o capitalismo?</p><p>Para re�etir sobre isso, leia o artigo do nosso ex</p><p>Ministro da Fazenda Bresser-Pereira.</p><p>BRESSER-PEREIRA, L. C. Uma alternativa para o</p><p>capitalismo? Estudos avançados, São Paulo, v. 28, n.</p><p>80, jan./abr. 2014. Disponível em:</p><p>https://go.eadstock.com.br/pi</p><p>Caro(a) aluno(a), chegamos ao �m da terceira unidade da disciplina de História</p><p>Econômica Geral. Aspectos importantes foram destacados sobre a Guerra Fria,</p><p>período de tensão geopolítica entre EUA e União Soviética. Destacamos também</p><p>aspectos relacionados com a economia mundial no Pós-guerra e o período conhecido</p><p>como Era de Ouro do Capitalismo, que durou até o início da década de 70.</p><p>Outro ponto importante apresentado foi quanto a crise do capitalismo na segunda</p><p>metade do século XX, quando o �m do padrão-ouro e as crises do petróleo levaram a</p><p>uma queda no crescimento econômico mundial. Em seguida abordamos a crise dos</p><p>países comunistas, onde uma onda revolucionária varreu a Europa Central e Oriental</p><p>no �nal de 1989, levando à queda do modelo soviético dos estados comunistas, em</p><p>um período de poucos meses. Por �m, abordamos um pouco acerca do</p><p>neoliberalismo, doutrina econômica que defende a absoluta liberdade do mercado,</p><p>com uma mínima intervenção estatal, e a economia solidária, nova via considerada</p><p>uma alternativa ao sistema capitalista.</p><p>Conclusão - Unidade 3</p><p>CONECTE-SE</p><p>Re�exões sobre a crise dos regimes comunistas</p><p>Ralph Miuband - Professor de Ciência Política da London School of</p><p>Economics da Universidade de Londres</p><p>É improvável que o massacre de junho passado na Praça da Paz Celestial</p><p>seja a última manifestação violenta das profundas e múltiplas crises -</p><p>econômica, social, política, étnica, ideológica e moral - que se</p><p>generalizaram em vários regimes comunistas e que, no devido tempo,</p><p>muito provavelmente se generalizarão a todos eles. Uma ampla</p><p>"mutação" está se efetuando em todas as partes do mundo comunista, e</p><p>ela indubitavelmente constitui um dos grandes momentos decisivos na</p><p>história do século XX. O resultado dessa crise ainda é uma questão</p><p>aberta, embora as alternativas, falando de modo geral, não sejam difíceis</p><p>de relacionar: na melhor das hipóteses, uma forma de regime</p><p>assemelhada à democracia socialista, que o movimento de reforma</p><p>iniciado por Mikhail Gorbatchev na União Soviética pode conseguir</p><p>produzir; alguma forma de democracia capitalista, com um substancial</p><p>setor público; ou um autoritarismo consolidado com uma expansão da</p><p>economia de mercado - o que Boris Kagarlitsky convenientemente</p><p>denominou de "stalinismo de mercado" - do qual a China é o exemplo</p><p>mais conspícuo a registrar. De qualquer maneira, parece claro que a</p><p>forma de regime que dominou a União Soviética desde o �nal dos anos</p><p>20 até bem poucos anos atrás, e todos os outros regimes comunistas dos</p><p>anos pós-guerra em diante, agora está descartada em muitos deles e,</p><p>mais cedo ou mais tarde, muito provavelmente o será em todos eles.</p><p>Leitura complementar</p><p>https://go.eadstock.com.br/pj</p><p>Livro</p><p>Filme</p><p>Adeus, Lênin</p><p>• Ano - 2004</p><p>Sinopse - Em 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim, a</p><p>Sra. Kerner (Katrin Sab) passa mal, entra em coma e �ca</p><p>desacordada durante os dias que marcaram o triunfo do</p><p>regime capitalista. Quando ela desperta, em meados de 1990,</p><p>sua cidade, Berlim Oriental, está sensivelmente modi�cada.</p><p>Seu �lho Alexander (Daniel Brühl), temendo que a excitação</p><p>causada pelas drásticas mudanças possa lhe prejudicar a</p><p>saúde, decide esconder-lhe os acontecimentos. Enquanto a Sra.</p><p>Kerner permanece acamada, Alex não tem muitos problemas,</p><p>mas quando ela deseja assistir à televisão ele precisa contar</p><p>com a ajuda de um amigo diretor de vídeos</p><p>Referências</p><p>AMADEO, K. The Cold War and lts Continuing lmpact on the U.S. Economy Now.</p><p>The Balance. EconomicTheory, 2020. Disponível em:</p><p>https://www.thebalance.com/cold-war-summary-events-causes-economic-impact-</p><p>5070226. Acesso em: 27 nov. 2020.</p><p>AMORIM NETO, A. Desglobalização? Revista Cultura, v. 16, n. 28, 2017. Disponível em:</p><p>http://ebrevistas.eb.mil.br/index.php/dacultura/article/view/l001/l026. Acesso em: 12</p><p>dez. 2020.</p><p>BRESSER-PEREIRA, L. C. Uma alternativa para o capitalismo? Estudos avançados,</p><p>São Paulo, v. 28, n. 80, jan./abr. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?</p><p>script=sci_arttext&pid=S0103-40142014000100024. Acesso em: 13 dez. 2020.</p><p>BULLA, B.Pandemia faz acelerar rejeição à globalização. Jornal Estadão, maio 2020.</p><p>Disponível em: https://econom ia.uol.com.br/noticias/estadao-</p><p>conteudo/2020/05/31/pa ndemia-faz-acelerar-rejeicao-a-g lobalizacao.htm. Acesso em:</p><p>l l de dez, 2020.</p><p>FONSECA JUNIOR, G. O Sistema Internacional durante a Guerra Fria.Revista USP, n.</p><p>26, 1995. Disponível em:</p><p>http://revistageopolitica.com.br/index.php/revistageopolitica/article/down1oad/9l/90.</p><p>Acesso em: 03 dez. 2020.</p><p>MIUBAND, R. Reflexões sobre a crise dos regimes comunistas. Lua Nova: Revista de</p><p>Cultura e Política, São Paulo, n. 21, 1990. Disponível em:</p><p>https://www.scielo.br/pdf/ln/n2l/a09n2l.pdf. Acesso em: 26 nov. 2020.</p><p>SAES, F. A. M.; SAES, A. M. História Econômica Geral. São Paulo: Saraiva, 2013.</p><p>TORTOMANO, e. Há 75 anos, Stalin, Truman e Attlee se reuniam para definir a</p><p>pena da Alemanha pós-guerra.Aventuras na História. 2020. Disponível em:</p><p>https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/ha-75-anos-stalin-</p><p>churchill-e-attlee-se-reuniam-para-definir-a-pena-da-alemanha-pos-guerra.phtml.</p><p>Acesso em: 27 nov. 2020.</p><p>Unidade 4</p><p>História Econômica e</p><p>Brasil</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Introdução</p><p>Caro(a) aluno(a), chegamos à última unidade da disciplina de História Econômica</p><p>Geral. Nesta unidade, trataremos temas especí�cos, relacionados ao Brasil diante do</p><p>mundo. Primeiramente abordaremos um pouco sobre a participação do Brasil na</p><p>Primeira Guerra Mundial, que teria sido modesta por não possuirmos recursos</p><p>bélicos, e na Segunda Guerra Mundial, um pouco mais expressiva.</p><p>Em seguida veremos, em linhas gerais, como se deu o desenvolvimento econômico</p><p>e social do Brasil desde o período colonial, para chegarmos até o período chamado</p><p>de globalização, quando os �uxos comerciais, �nanceiros e de produção se</p><p>intensi�caram por todo o mundo. A importância da agricultura para a história</p><p>econômica do Brasil também será vista nesta unidade.</p><p>Por �m, trataremos sobre o capitalismo vigente e seus impactos para a economia</p><p>mundial, focando por último em algumas perspectivas para a economia brasileira.</p><p>Plano de Estudo</p><p>A História Econômica do Brasil.</p><p>Economia Brasileira e</p><p>Desenvolvimento Econômico e</p><p>Social.</p><p>Globalização e relações</p><p>econômicas.</p><p>Desenvolvimento agrícola e</p><p>contribuições brasileiras.</p><p>Capitalismo Financeiro vigente e</p><p>seus impactos.</p><p>Perspectivas Brasileiras.</p><p>Objetivos de Aprendizagem</p><p>Contextualizar acerca da história</p><p>econômica do Brasil.</p><p>Abordar como se deu em linhas gerais o</p><p>desenvolvimento econômico e social</p><p>brasileiro a partir do século XX.</p><p>Compreender os aspectos relacionados à</p><p>globalização e a economia brasileira.</p><p>Estabelecer a importância do</p><p>desenvolvimento agrícola e as</p><p>contribuições brasileiras.</p><p>Contextualizar o Brasil diante do</p><p>capitalismo �nanceiro vigente,</p><p>apresentando também seus impactos.</p><p>Apresentar perspectivas para a economia</p><p>brasileira no cenário atual.</p><p>Principais relações do</p><p>Brasil na história</p><p>econômica</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Para compreendermos um pouco sobre a relação do Brasil com o mundo, na</p><p>história econômica geral, começaremos resgatando alguns pontos importantes</p><p>sobre a participação do Brasil nas grandes guerras mundiais. Quando o Brasil vivia</p><p>sua fase imperial, fazendo parte do Reino Unido de Portugal e Algarve, estávamos</p><p>diplomaticamente atrelados à Inglaterra. Com a proclamação da República, em</p><p>1889, houve um deslocamento do eixo diplomático de Londres para Washington,</p><p>aderindo aos preceitos da Doutrina Monroe, defendida pelos Estados Unidos que se</p><p>colocava contra o colonialismo em terras americanas.</p><p>Após um navio brasileiro ser atingido por um submarino alemão, em outubro de</p><p>1917, o Brasil rompe relações diplomáticas com o Império Alemão. O então</p><p>presidente Venceslau Brás assinou uma declaração de Guerra contra a Tríplice</p><p>Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália), após outros navios brasileiros serem</p><p>atacados novamente na costa do Mar Mediterrâneo. As contribuições do Brasil na</p><p>primeira guerra envolveram o envio de sete navios de combate e, além da frente</p><p>marítima, no ar, em auxílio à aviação de guerra britânica e aos feridos em combate</p><p>(MAGNOLI, 2013). Os brasileiros teriam permanecido na Europa até o início do ano de</p><p>1919, tendo sua Divisão Naval de Operações de Guerra sido dissolvida em junho do</p><p>mesmo ano.</p><p>Pamplona (2014) destaca que ao �nal do con�ito o Brasil teve um saldo de quase</p><p>200 mortes e nove navios afundados. A pesquisadora descreve que a participação</p><p>do Brasil na Primeira Guerra Mundial contribuiu para que fossemos convidados a</p><p>participar da Conferência da Paz em Paris no ano de 1919, onde foi assinado o</p><p>Tratado de Versalhes, que selou a paz entre as nações europeias e pôs �m à Primeira</p><p>Guerra.</p><p>A Segunda Guerra Mundial teve início quando as forças nazistas alemãs</p><p>coordenadas por Adolf Hitler invadiram a Polônia, no ano de 1939. Segundo</p><p>historiadores, o segundo grande con�ito mundial apresenta muitas semelhanças</p><p>com o primeiro, devido aos bloqueios navais e torpedeamentos de navios brasileiros</p><p>por submarinos alemães. O Brasil, sob o comando de Getúlio Vargas, começou a</p><p>participar do con�ito a partir de 1942, primeiramente de forma neutra. Porém, após</p><p>alguns ataques a navios brasileiros, o presidente brasileiro decide participar da</p><p>guerra, entrando em acordo com Roosevelt, o então presidente norte americano.</p><p>Estudiosos a�rmam que a participação do Brasil foi muito importante e reconhecida</p><p>pelos aliados, especialmente os norte-americanos, além da Inglaterra e França.</p><p>Carrion (2010) destaca que o Brasil enviou, em 1944, a Força Expedicionária Brasileira</p><p>(FEB) para, junto com as forças aliadas, combater os países do eixo nos campos de</p><p>batalha europeus.</p><p>Com a vitória dos grupos dos aliados, os soldados brasileiros voltaram à sua pátria</p><p>em agosto de 1945. Porém, havia um questionamento importante por parte dos</p><p>soldados sobre a incoerência de se lutar contra a ditadura nazista, sendo que o Brasil</p><p>vivia um momento de privação das liberdades civis, devido ao regime ditatorial</p><p>vigente.</p><p>Nos anos seguintes à segunda guerra, o Brasil começou a passar por uma profunda</p><p>transformação. Entre 1950 e 1980 o país deixou de ser predominantemente rural e</p><p>agrícola e passou a se industrializar. Veremos mais sobre isso nas próximas seções.</p><p>Como vimos na unidade anterior, após o término da Segunda Guerra Mundial teve</p><p>início a Guerra Fria. Cabe destacar aqui que o Brasil passou a fazer parte do bloco</p><p>capitalista, mas, a partir de 1961, o então presidente João Goulart (Jango) deu início a</p><p>uma política externa independente do apoio das superpotências, Estados Unidos e</p><p>União Soviética.</p><p>João Goulart anunciou em fevereiro de 1964 as reformas de base, ou seja, reformas</p><p>sociais que incluíam a reforma agrária. A classe burguesa e os investidores</p><p>americanos preocupados com a reforma, com o apoio da elite conservadora</p><p>brasileira e da Agência de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), colocaram em</p><p>prática um golpe militar onde Jango foi deposto.</p><p>Foi então que se instalou no Brasil uma ditadura militar, que durou de 1964 à 1985,</p><p>sendo um período caracterizado por censura, repressão e tortura. A partir de 1985 foi</p><p>restituída a democracia no Brasil, tendo José Sarney como o primeiro presidente da</p><p>“Nova República”, período da história do Brasil posterior ao �m da ditadura militar.</p><p>Nas próximas seções falaremos sobre o desenvolvimento da economia brasileira ao</p><p>longo do século XX, enfatizando posteriormente o processo de globalização, a</p><p>importância da agricultura, o capitalismo �nanceiro e algumas perspectivas pós</p><p>pandemia.</p><p>Economia brasileira e</p><p>desenvolvimento</p><p>econômico e social</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>A história econômica do Brasil pode ser amplamente caracterizada como um ciclo</p><p>de altos e baixos. Do século XVI a meados do século XX, o país foi fortemente</p><p>dependente de um ou dois produtos agrícolas importantes, cujos preços �utuavam</p><p>amplamente nos mercados internacionais. O aspecto cíclico da economia começou</p><p>com a exportação de pau-brasil no início dos tempos coloniais e continuou com um</p><p>boom do açúcar, um boom mineral no século XVIII (impulsionado especialmente</p><p>pela mineração de ouro e diamantes), um boom do café em meados do século XIX, e</p><p>um boom da borracha no �nal do século XIX e início do século XX. O governo</p><p>brasileiro no século XX tentou diversi�car a produção do país e reduzir sua</p><p>dependência das exportações agrícolas por meio do forte incentivo à manufatura.</p><p>O governo, na esperança de garantir o controle interno das principais indústrias,</p><p>liderou uma série de políticas nacionalistas após a Grande Depressão dos anos 1930.</p><p>Ela assumiu a propriedade de algumas das maiores empresas do país, geralmente</p><p>em parceria com uma ou mais corporações locais ou estrangeiras e, posteriormente,</p><p>vendeu ações para investidores privados. O envolvimento crescente do governo no</p><p>setor industrial foi criticado por promover objetivos políticos e sociais em vez de</p><p>econômicos e por sua burocracia pesada e ine�ciente; no entanto, alguns setores</p><p>atribuíram seu sucesso a medidas governamentais, que incluíam investimentos</p><p>diretos, incentivos �scais, tarifas protecionistas e restrições à importação. O governo</p><p>iniciou várias indústrias importantes, incluindo um moderno programa de</p><p>construção naval, um setor petroquímico liderado pela enorme empresa Petrobrás</p><p>(criada em 1953), uma �orescente indústria de microeletrônica e computadores</p><p>pessoais e fabricação de aeronaves pela corporação Embraer, incluindo jatos</p><p>comerciais, aviação e equipamentos de vigilância e aeronaves para a Força Aérea</p><p>Brasileira. Ela estabeleceu uma indústria de veículos motorizados na década de 1950</p><p>para substituir as importações e montadoras dos EUA e da Alemanha. Por um</p><p>período durante o �nal do século XX, a manufatura representou o maior segmento</p><p>do Produto Interno Bruto (PIB) antes de ser ultrapassada pelo setor de serviços.</p><p>As contínuas altas taxas de in�ação do �nal do século XX afetaram</p><p>todos os</p><p>aspectos da vida econômica do Brasil. A in�ação veio em parte das políticas do</p><p>governo de gastos de�citários, �nanciando pesadamente a expansão industrial e</p><p>subsidiando empréstimos comerciais, bem como a prática entre os brasileiros de</p><p>obter empréstimos de bancos estrangeiros quando o crédito interno era restrito. Na</p><p>última parte do século XX, o Brasil indexou quase todas as transações pela in�ação,</p><p>de acordo com o valor constantemente corrigido dos títulos do governo. Essa prática</p><p>virtualmente institucionalizou a in�ação e levou à aceitação pública de sua</p><p>inevitabilidade. Como resultado, os programas anti-in�ação do Brasil foram apenas</p><p>fugazmente bem sucedidos até meados da década de 1990, quando o governo deu</p><p>início ao Plano Real, um programa que limitava estritamente os gastos do governo,</p><p>introduziu uma nova moeda e fez outras reformas �scais.</p><p>O lançamento do Plano Real em 1994 provaria ser uma mudança de direção para a</p><p>economia brasileira. Esse plano, desenhado por Fernando Henrique Cardoso, que</p><p>mais tarde se tornaria presidente do Brasil, previa a introdução de uma nova moeda,</p><p>restringia os gastos públicos e acabava com a indexação da economia. A nova</p><p>moeda, o real, estava indexado ao dólar como uma âncora nominal e estava um</p><p>tanto supervalorizada, o que tornou as importações baratas, limitando o espaço para</p><p>os produtores domésticos aumentarem os preços. Enquanto isso, o Brasil no �nal</p><p>dos anos 80 e 90 também embarcou na liberalização e privatização do comércio em</p><p>grande escala.</p><p>O governo privatizou dezenas de instituições �nanceiras, fabricantes e empresas de</p><p>mineração na década de 1990, incluindo vários grandes produtores de aço e a</p><p>Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). A CVRD, o conglomerado gigante de</p><p>mineração e transporte do Brasil, foi dividido em unidades de mineração e</p><p>transporte separadas (mas ainda economicamente formidáveis). O governo</p><p>também vendeu parte de suas ações da Petrobrás para investidores privados e abriu</p><p>parcialmente a indústria do petróleo à concorrência.</p><p>Em 1999, o Brasil foi forçado a fazer grandes mudanças de política. O câmbio se</p><p>tornou �utuante e, em vez de um regime de metas para a taxa de câmbio, o país</p><p>adotou um regime de metas para a in�ação. A política monetária foi reforçada e a</p><p>política �scal também. A introdução de uma Lei de Responsabilidade Fiscal em</p><p>2000 ajudou a controlar os gastos públicos. Para evitar um calote, o Brasil também</p><p>recebeu um pacote de empréstimos do FMI. A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva,</p><p>em 2002, gerou novas tensões econômicas, pois os investidores estrangeiros de</p><p>repente se afastaram do país temendo que o presidente Lula não pagasse a dívida</p><p>do Brasil, já que seu Partido dos Trabalhadores tinha raízes muito radicais e Lula fora</p><p>muito crítico em relação ao Plano Real durante os anos 90. No entanto, uma vez no</p><p>cargo, Lula optou por manter as políticas macroeconômicas do Brasil.</p><p>Enquanto isso, o ambiente externo se tornou muito mais amigável para o Brasil. O</p><p>alto crescimento na China e de outros mercados emergentes alimentou a demanda</p><p>por muitos tipos diferentes de commodities. Como principal produtor de minério de</p><p>ferro, açúcar, café, carne, soja e muitas outras commodities, o Brasil estava muito</p><p>bem posicionado para se bene�ciar dessa tendência. Ao mesmo tempo, a economia</p><p>doméstica também se tornou mais dinâmica. As transferências de renda, o aumento</p><p>do salário mínimo e o crescimento do crédito resultaram em um forte crescimento</p><p>do consumo. Os bons anos serviram também para formar um grande estoque de</p><p>reservas externas, enquanto o governo manteve um grande superávit primário, o</p><p>que, associado ao crescimento mais elevado, levou à queda da relação dívida</p><p>pública/PIB. No início de 2008, as agências de classi�cação reconheceram que a</p><p>macroeconomia havia se estabilizado ao conceder ao país uma classi�cação de grau</p><p>de investimento.</p><p>A resiliência do Brasil foi demonstrada quando a crise �nanceira global de 2008</p><p>atingiu o país, que sofreu com a rápida queda dos preços das commodities e a</p><p>pressão sobre os mercados �nanceiros. Pela primeira vez em sua história, o Brasil foi</p><p>capaz de implementar políticas anticíclicas durante uma crise (global). Em vez de ter</p><p>de apertar as políticas �scal e monetária, o que era necessário no passado para</p><p>preservar a con�ança, o Brasil teve reservas su�cientes para conter a crise,</p><p>aumentando os gastos públicos e reduzindo as taxas de juros.</p><p>Como resultado dessas medidas de estímulo, e também devido a uma forte</p><p>recuperação dos preços das commodities, a economia brasileira se recuperou com</p><p>vigor em 2010, com o crescimento do PIB oscilando de menos 0,9% em 2009 para</p><p>7,5% em 2010. Enquanto isso, foram encontradas grandes reservas de petróleo no</p><p>Oceano Atlântico. Isso signi�ca que o Brasil, que já havia experimentado um forte</p><p>crescimento da produção de petróleo na primeira década do século XXI, poderia se</p><p>tornar um grande produtor de petróleo, com a Petrobras parcialmente estatal</p><p>desempenhando um papel central. Em 2010, a Petrobras levantou US $70 bilhões no</p><p>maior IPO do mundo. No entanto, o crescimento caiu decepcionantemente para</p><p>2,7% em 2011 e 0,9% em 2012.</p><p>E foi justamente a partir de 2012 que analistas de mercado começaram a apontar</p><p>di�culdades na administração �nanceira da companhia. Os problemas envolviam</p><p>uma rápida elevação do endividamento e dos prejuízos com a comercialização de</p><p>combustíveis. A Petrobras sofreu um forte abalo �nanceiro a partir do �nal de 2014,</p><p>quando foi revelada a existência de amplo esquema de desvios de recursos na</p><p>companhia (MORAIS, 2017). Desde que tais problemas surgiram, a Petrobras teve</p><p>que começar um profundo processo de ajuste para demonstrar capacidade de</p><p>pagamento e levar pra frente os investimentos que seriam necessários aos novos</p><p>campos descobertos no pré-sal.</p><p>Em 2018 a empresa voltou a lucrar e obteve o melhor resultado desde 2011. É uma</p><p>volta por cima ao se considerar a situação da empresa no ano de 2015. Porém, no</p><p>ano de 2020, a pandemia da COVID-19, que afetou o mundo todo, também trouxe</p><p>alguns impactos para a companhia, tendo todo o setor de petróleo e gás sido</p><p>impactado pelas medidas restritivas adotadas pelos governantes.</p><p>Desde o ano de 2015, a partir da crise política enfrentada pelo Brasil, a economia</p><p>patina a passos lentos. Por meio de votação democrática, em 2018 a maioria do povo</p><p>brasileiro escolheu o presidente considerado de extrema direita, Jair Messias</p><p>Bolsonaro. Com uma agenda de privatizações e liberalismo econômico presentes na</p><p>�gura do Ministro da Economia Paulo Guedes, o Governo Bolsonaro conseguiu</p><p>aprovar a Reforma da Previdência, com uma economia aos cofres públicos estimada</p><p>em R$ 800 bilhões em 10 anos. Outra conquista do governo no ano de 2019, e que</p><p>está de acordo com sua agenda liberal, foi a aprovação da Lei da Liberdade</p><p>Econômica, que reduz a burocracia nas atividades econômicas e reforça os</p><p>princípios do livre mercado.</p><p>Porém, com a pandemia da COVID-19 que passou a assombrar a economia mundial</p><p>desde o início do ano de 2020, volta a ganhar destaque um problema recorrente no</p><p>Brasil, o da má distribuição de renda. O Brasil possui a segunda maior concentração</p><p>de renda do mundo, o que se agravou com a pandemia. Veremos mais sobre</p><p>perspectivas para a economia brasileira no último tópico desta unidade.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Com a descoberta do pré-sal, o setor brasileiro de petróleo e gás</p><p>ganhou crescente importância para a economia brasileira, tornando o</p><p>país um ator potencialmente relevante tanto na posição de produtor</p><p>como exportador mundial. Essa descoberta, atrelada às políticas</p><p>governamentais dos governos do PT, impulsionaram a retomada do</p><p>nacionalismo energético brasileiro que ampliou a apropriação, pelo</p><p>Estado brasileiro, do excedente econômico do petróleo e adotou</p><p>políticas industriais voltadas à expansão nacional de bens e serviços</p><p>destinados ao processo de exploração, desenvolvimento e produção de</p><p>petróleo.</p><p>Leia o artigo na íntegra:</p><p>PINTO, E. C. Nacionalismo energético, Petrobras e desenvolvimento</p><p>brasileiro: a</p><p>retomada interditada. Revista OIKOS, Rio de Janeiro, v. 19, n.</p><p>1, 2020.</p><p>ACESSAR</p><p>http://revistaoikos.org/seer/index.php/oikos/article/viewArticle/639</p><p>Globalização e relações</p><p>econômicas</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Existem divergências no mundo acadêmico sobre quando o processo de</p><p>globalização surgiu de fato. Alguns pesquisadores consideram que a globalização</p><p>teve início apenas a partir do momento em que avanço tecnológico permitiu que as</p><p>informações �uíssem livremente por todo o mundo. Enquanto outros estudiosos do</p><p>tema consideram que a globalização teve início com as grandes navegações do �nal</p><p>do século XV.</p><p>O termo globalização apareceu primeiramente nas escolas norte-americanas de</p><p>administração de empresas nos anos 80 e abrange a signi�cativa expansão do</p><p>comércio internacional e dos �uxos de capitais, bem como o avanço tecnológico que</p><p>ocorreu com maior intensidade nesta mesma década.</p><p>Lacerda (2000) destaca aspectos da globalização dos pontos de vista comercial,</p><p>�nanceiro e produtivo. Quando falamos em globalização comercial, estamos nos</p><p>referindo ao aumento dos �uxos de comércio em âmbito internacional. Quanto ao</p><p>aspecto �nanceiro da globalização, refere-se à expansão dos �uxos �nanceiros</p><p>internacionais. E, por �m, a globalização na esfera produtiva que está relacionada</p><p>com o aumento dos �uxos de investimentos diretos estrangeiros, às estratégias de</p><p>empresas multinacionais e ao processo de reestruturação empresarial na busca por</p><p>maior competitividade.</p><p>A década de 80, considerada por muitos estudiosos como o início de uma outra fase</p><p>do processo de globalização, foi um período crítico para a economia brasileira. A</p><p>chamada “década perdida” trouxe consigo estagnação econômica, com baixo</p><p>crescimento do PIB e in�ação elevadíssima. Basicamente toda a América Latina</p><p>carregava dívidas externas impagáveis, dé�cits �scais enormes e muita volatilidade</p><p>do câmbio e nível de preços. Na busca pela superação desse período crítico,</p><p>instituições do sistema �nanceiro internacional sugeriram ao Brasil que adotassem</p><p>políticas ortodoxas de controle monetário. Entre as principais propostas estavam o</p><p>aprofundamento da abertura econômica, que seria obtida a partir de uma drástica</p><p>redução dos tributos sobre importação e exportação, corte nos subsídios, eliminação</p><p>de medidas protecionistas e o �m de restrições à livre circulação de capitais.</p><p>Kliass e Salama (2008) destacam que tais medidas levaram a um signi�cativo</p><p>aumento no grau de abertura econômica do país, e que a exemplo do que ocorreu</p><p>na maioria das economias em desenvolvimento, a mundialização �nanceira cresceu</p><p>mais rapidamente do que a globalização comercial. Para os autores, a estrutura</p><p>produtiva do Brasil passou por profundas transformações a partir do momento que</p><p>passamos a exportar produtos industrializados, porém com baixa e média</p><p>tecnologia. Neste caso, o valor agregado derivado das exportações é menor e produz</p><p>menos efeitos em cadeia para a economia do país, diferente dos países asiáticos, por</p><p>exemplo, que exportam alta tecnologia.</p><p>Existem diversas correntes teóricas e muita divergência quando se trata do tema</p><p>“globalização”. Uma coisa que se sabe é que a mundialização do capital e produtiva</p><p>foi um enorme desa�o principalmente para os países emergentes, rede�nindo o</p><p>papel do Estado à medida que as empresas multinacionais passaram a ser grandes</p><p>in�uenciadores do processo (LACERDA, 2000).</p><p>A partir do ano de 2020, com a pandemia do coronavírus, analistas de mercado</p><p>passaram a acreditar em um processo de maior desaceleração da globalização, que</p><p>se convencionou chamar de “slowbalization”. Alguns estudiosos têm destacado que</p><p>estamos passando por uma metamorfose no processo de globalização. Marcos</p><p>Troyjo, presidente do Banco do Brics, cita que desde o ano de 1989 (com a queda do</p><p>Muro de Berlim), até a quebra do banco Lehman Brothers, no ano de 2008, o mundo</p><p>teria vivido uma fase de globalização profunda, com o fortalecimento da integração</p><p>regional, incluindo a criação da União Europeia. Agora, segundo Troyjo, vivemos uma</p><p>fase de “desglobalização”, com o aumento do protecionismo e das restrições ao �uxo</p><p>de mercadorias e capitais.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Razões da estagnação da globalização</p><p>As razões subjacentes à estagnação da globalização são múltiplas. Em</p><p>primeiro lugar, há que se destacar a crise �nanceira global iniciada em</p><p>2008. Ela levou ao que os economistas hoje chamam de “a grande</p><p>recessão”. Com essa expressão, procura-se diferenciar os problemas</p><p>econômicos do mundo atual daqueles vividos na década de 1930,</p><p>quando o capitalismo mundial experimentou uma profunda depressão.</p><p>Ainda que, hoje, os Estados Unidos e a Europa já tenham se recuperado</p><p>da crise, esta deixou marcas profundas nas economias e nos eleitorados</p><p>nacionais. A grande recessão acabou intensi�cando os piores efeitos da</p><p>globalização nos países desenvolvidos.</p><p>Fonte: Amorim Neto (2017).</p><p>Desenvolvimento agrícola</p><p>e contribuições brasileiras</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Segundo a EMBRAPA(2018) , nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de</p><p>importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo, sendo</p><p>que muitas das conquistas estão relacionadas ao aumento da produção e da</p><p>produtividade agropecuárias, resultado de novas tecnologias, insumos modernos,</p><p>pro�ssionalização dos produtores, melhores canais de comercialização entre outros.</p><p>Quanto ao retrato do Brasil rural dos anos de 1950 e 1960, o estudo destaca que a</p><p>agricultura brasileira era rudimentar, com predomínio do trabalho braçal sendo que</p><p>menos de 2% das propriedades rurais contavam com máquinas agrícolas. A soja</p><p>ainda era um produto inexpressivo para os mercados doméstico e internacional.</p><p>Como o resultado do rendimento por hectare era baixo, não se produzia o su�ciente</p><p>para o atendimento da demanda interna. O Governo teve que adotar políticas</p><p>especí�cas para aumentar a produção, investindo em pesquisa e desenvolvimento,</p><p>extensão rural e aumento do volume de crédito para o setor. Esse foi o início do</p><p>processo de modernização da agricultura brasileira.</p><p>1</p><p>CONCEITUANDO</p><p>A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária é uma Empresa</p><p>Pública de Pesquisa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e</p><p>Abastecimento do Brasil.</p><p>1</p><p>Segundo a Embrapa (2018), entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38</p><p>milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a</p><p>área plantada apenas dobrou, indicando uma forte elevação de produtividade. Em</p><p>2018, o setor agropecuário brasileiro apresentou crescimento de 0,1% quando</p><p>comparado com o ano anterior, tendo em 2019 apresentado um crescimento de</p><p>3,81% comparado com 2018. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia</p><p>Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o PIB do agronegócio representou 21,4% do PIB</p><p>brasileiro total no ano de 2019.</p><p>Quanto ao ano de 2020, a chegada da pandemia da COVID-19 trouxe consigo</p><p>consequências para toda a economia global, e inclusive para o setor agrícola. O</p><p>aumento signi�cativo do dólar frente ao real afetou a agropecuária à medida que</p><p>encareceu insumos importados, mas, por outro lado, favoreceu as exportações e</p><p>tornou os nossos produtos mais competitivos no comércio internacional.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para compreender o Brasil do presente, a Embrapa divulgou um estudo</p><p>que volta 50 anos no tempo e viaja pela trajetória da agricultura</p><p>brasileira, apresentando alguns fatos e números que nos ajudam a</p><p>identi�car os acertos, a enxergar problemas como oportunidades e a</p><p>pensar em ações futuras rumo à sustentabilidade.</p><p>Acesse: EMBRAPA. Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira.</p><p>Brasília: Embrapa, 2018.</p><p>ACESSAR</p><p>https://www.embrapa.br/visao/o-futuro-da-agricultura-brasileira</p><p>Capitalismo �nanceiro</p><p>vigente e seus impactos</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>O capitalismo �nanceiro tem suas origens no �nal do século XIX quando a</p><p>propriedade de empresas passou a ser dividida em ações, criando, assim, um novo</p><p>mercado baseado no comércio de ações. Nesse novo modelo, os agentes</p><p>�nanceiros,</p><p>como os bancos, passaram a ter um novo papel dentro do sistema</p><p>capitalista quando através da compra de ações de empresas passaram a ter</p><p>interferência direta no setor industrial. A partir desse momento, os lucros passaram a</p><p>ser em maior parte proveniente de ganhos �nanceiros do que da produção</p><p>industrial em si.</p><p>O termo “capital �nanceiro” vem de Rudolf Hilferding, teórico marxista austro-</p><p>alemão. Hilferding (1981) categorizou uma crescente concentração e centralização</p><p>de capital em grandes corporações, cartéis, trustes e bancos. Para o autor, no seu</p><p>início, o "capitalismo liberal" competitivo, oposto à intervenção do estado</p><p>mercantilista, foi transformado na virada do século em "capitalismo �nanceiro"</p><p>monopolista e que foi integrado a um "estado centralizado e alocador de privilégios".</p><p>Ele achava que os �uxos de capital de investimento serviam para integrar a</p><p>economia global nascente, que operava predominantemente sob o controle de</p><p>Londres no �m do século XIX, então o principal centro de poder. Hilferding (1981) viu</p><p>o capital �nanceiro empenhado em expansão vigorosa, em busca constante de</p><p>novas oportunidades de investimento e mercados. Neste sentido, as semelhanças</p><p>entre a virada do século XIX e a virada do século XX são impressionantes.</p><p>Mais recentemente, Harvey (2005) argumentou que os proprietários (acionistas) e a</p><p>administração (CEOs) de empresas capitalistas se fundiram, uma vez que a alta</p><p>administração é cada vez mais paga com opções de ações. Aumentar o preço de</p><p>suas ações torna-se o principal objetivo das operações corporativas. Corporações</p><p>produtivas competem gerando aumentos rápidos no preço das ações da empresa,</p><p>por meio de manobras �nanceiras, mas mais especi�camente por meio da</p><p>demissão de trabalhadores, movimentação de produção para locais de custo mais</p><p>baixo e economias com fundos de pensão.</p><p>As bolsas de valores são a característica mais marcante do Capitalismo Financeiro,</p><p>dentro delas a negociação das ações e outros papéis fez com que uma nova</p><p>dinâmica surgisse a partir da valorização e desvalorização destas ações. O mercado</p><p>de ações canalizou para si todo o investimento do mercado e da atividade produtiva.</p><p>Isso deu aos bancos um protagonismo inédito, seja �nanciando tais investimentos</p><p>ou mesmo controlando grandes empresas.</p><p>Essa concentração dos recursos fez nascer as grandes corporações que, in�adas pela</p><p>grande capacidade de investimento proveniente do mercado, foram dominando</p><p>setores do mercado e criando monopólios. Estes grandes conglomerados em busca</p><p>de mão-de-obra mais barata começaram a se instalar em países mais pobres e</p><p>assim deram início ao processo que culminou com a globalização. Processo esse</p><p>que vem se acelerando sobretudo por conta do desenvolvimento tecnológico e dos</p><p>canais de logística.</p><p>Os impactos causados por essas megacorporações são muitos, um dos principais</p><p>efeitos é a concentração de renda, a capacidade maior de investimento gera lucros</p><p>maiores e esse ciclo virtuoso deixa os mais ricos cada vez mais ricos e os mais pobres</p><p>cada vez mais pobres. Outro problema dentro do Capitalismo Financeiro são as</p><p>grandes crises do mercado �nanceiro como em 1929 e 2007. A crise �nanceira que</p><p>começou em 2007 teve os seguintes aspectos: mercado imobiliário in�acionado,</p><p>especialmente perto de centros �nanceiros em expansão; competição entre</p><p>instituições �nanceiras para oferecer crédito fácil tão fácil que acaba por tornar</p><p>todos extremamente endividados; o agrupamento de hipotecas residenciais e</p><p>outras dívidas em papéis negociáveis; níveis muito altos de alavancagem; e o uso de</p><p>ativos cujo valor pode desaparecer em uma instância para securitizar outros</p><p>investimentos ainda mais arriscados.</p><p>Não é apenas que a crise se espalha de uma área para outra. A crise, em um caso</p><p>como o �m estouro da bolha dos preços imobiliários, não só atingiu outros setores,</p><p>mas teve efeitos exponenciais sobre eles (os bancos de investimento afundaram-se</p><p>em especulações de alto risco) ao ponto de as perdas acumuladas representarem</p><p>um desa�o para resgate até mesmo para estados e instituições de controle.</p><p>Portanto, a desigualdade social não é apenas antiética – é perigosa do ponto de vista</p><p>econômico.</p><p>Outras consequências da redução da importância da industrialização é o aumento</p><p>do desemprego. Meios de produção mais efetivos e lucrativos são empregados</p><p>causando forte impacto no mercado de trabalho. Outro ponto a ser observado é a</p><p>crise do meio-ambiente na busca frenética por lucros e resultados; os recursos</p><p>naturais estão se esgotando e colocando em risco toda a vida humana na terra.</p><p>FICA A DICA</p><p>Artigo</p><p>Como o capitalismo �nanceiro está relacionado à</p><p>concentração de renda e maior desigualdade social?</p><p>Para re�etir sobre isso, leia o artigo:</p><p>BRESSER-PEREIRA, L. C. Capitalismo �nanceiro-</p><p>rentista. Estud. av., São Paulo, v. 32, n. 92, 2018.</p><p>Disponível em:</p><p>Acesse o link</p><p>https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142018000100017&script=sci_arttext</p><p>Perspectiva brasileira</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>A economia brasileira, que já vinha de um período difícil de recessão desde o ano de</p><p>2014, foi duramente atingida pela pandemia do coronavírus no ano de 2020. Tal crise</p><p>paralisou as atividades econômicas, causando desemprego e queda na renda da</p><p>população. Entre os impactos mais signi�cativos para a economia como um todo,</p><p>está a possibilidade de volta do Brasil para o mapa da fome.</p><p>Um estudo desenvolvido pela PUC/RS e pelo Observatório da Dívida Social na</p><p>América Latina (RedODSAL) aponta que, desde 2015, vem ocorrendo um processo</p><p>de aumento das desigualdades sociais do país, em que os ricos �caram mais ricos e</p><p>os pobres �caram mais pobres. Segundo o estudo, houve um aumento da distância</p><p>entre o topo e a base da pirâmide no interior das metrópoles ao longo dos últimos</p><p>anos, com aceleração desse crescimento no ano de 2020.</p><p>O Brasil apresenta a segunda maior concentração e renda do mundo, segundo o</p><p>Relatório Anual de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas desenvolvido em</p><p>2019. Ou seja, o 1% mais rico concentra 28,3% da renda total do país (no Catar essa</p><p>proporção é de 29%). Ou seja, quase um terço da renda está nas mãos dos mais ricos.</p><p>Já os 10% mais ricos no Brasil concentram 41,9% da renda total. Sem dúvidas esse é</p><p>um dos maiores desa�os que a economia brasileira enfrentará nos próximos anos,</p><p>buscando diminuir a desigualdade e tornando o Brasil um país justo para todos.</p><p>Vimos ao longo da quarta e última unidade um pouco sobre o desenvolvimento econômico e</p><p>social do Brasil ao longo de sua história. Vimos um pouco dos eventos econômicos que</p><p>abrangem a história do Brasil, que envolvem a colonização portuguesa no século XVI, o Pacto</p><p>colonial e uma política mercantil imperial que impulsionou o desenvolvimento do país nos três</p><p>séculos seguintes. A independência alcançada em 1822 e a escravidão abolida em 1888. A partir</p><p>de 1930 importantes passos foram dados para transformar o Brasil em uma economia moderna e</p><p>industrializada.</p><p>A Unidade IV apresentou também um pouco sobre a importância da agricultura para a</p><p>economia brasileira, bem como o posicionamento do Brasil durante a intensi�cação do processo</p><p>de globalização mundial. Falamos também sobre o capitalismo �nanceiro e seus impactos para</p><p>as economias dos países emergentes, bem como as perspectivas para a economia brasileira</p><p>diante da Pandemia da COVID-19, que assolou o mundo no ano de 2020.</p><p>Livro</p><p>Conclusão - Unidade 4</p><p>Filme</p><p>Acesse o link</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=ifZ7PNTazgY</p><p>Caro(a) aluno(a)! Chegamos ao �m da nossa disciplina de História Econômica Geral.</p><p>Vimos primeiramente um pouco a respeito dos conceitos que envolvem a história</p><p>econômica, apontando características importantes das principais linhas de</p><p>pensamento que �zeram parte de sua evolução. Vimos que o conceito de modo de</p><p>produção se destaca quando abordamos a evolução da história econômica. Foi a</p><p>partir do conceito de modo de produção que pudemos conhecer um pouco acerca</p><p>dos principais estudos desenvolvidos por Karl Marx. Em seguida, discutimos como</p><p>se</p><p>deram as relações entre forças produtivas e sociedade, analisando as formações</p><p>econômico-sociais, mais especi�camente a asiática, escravista, feudal, capitalista e</p><p>socialista.</p><p>Ainda na primeira unidade pudemos analisar o surgimento do capitalismo, a partir</p><p>do colapso do sistema feudal. Vimos que, de forma geral, o feudalismo terminou</p><p>com o renascimento da Europa, época em que houve um grande destaque da arte,</p><p>ciência, literatura e liberdade humana. Mas, destacamos também que vários outros</p><p>fatores contribuíram para a transição do feudalismo para o capitalismo, tal como as</p><p>falhas existentes no sistema feudal. Finalizamos, então, a Unidade I abordando a</p><p>origem do capitalismo e a importância do imperialismo na formação do terceiro</p><p>mundo.</p><p>No início da Unidade II abordamos o processo de superação do Antigo Regime, que</p><p>teve início na França e se estendeu a quase toda a Europa, entre os séculos XVI e</p><p>XVIII. Para tal análise, demos ênfase às chamadas Revoluções Burguesas,</p><p>consideradas revoluções sociais que visavam destruir o sistema feudal ou seus</p><p>vestígios, estabelecer o domínio da burguesia e criar um estado burguês. Na</p><p>sequência discutimos como se deu o processo de mudança política e a formação</p><p>dos Estados-nacionais, que levou a divergências entre reis e imperadores, igreja e</p><p>nação, e inclusive senhores feudais e o estado.</p><p>Considerações Finais</p><p>Ainda na Unidade II analisamos as mudanças nos padrões de comércio, com a</p><p>expansão comercial e o sistema colonial, bem como as revoluções burguesas e a</p><p>crise do Regime Absolutista. Em seguida abordamos aspectos importantes da</p><p>Revolução Industrial, que introduziu novas técnicas de produção em alguns ramos</p><p>da manufatura britânica na segunda metade do século XVIII. Vimos que o</p><p>estabelecimento da grande indústria caracteriza a forma típica de produção do</p><p>capitalismo, a partir do surgimento da máquina e da substituição da energia</p><p>humana pela hidráulica e a vapor. Finalizando a Unidade II, falamos sobre o</p><p>surgimento do comunismo, bem como sobre a trajetória do socialismo e a queda da</p><p>URSS.</p><p>A terceira unidade da disciplina de História Econômica geral teve como foco os</p><p>impactos econômicos dos períodos citados nas unidades anteriores. O primeiro</p><p>assunto abordado foi a Guerra Fria, importante confronto político, econômico e</p><p>militar entre o capitalismo e o comunismo, que durou de 1945 a 1991. Em seguida</p><p>foram tratados aspectos relacionados ao período conhecido como Era de Ouro do</p><p>Capitalismo, que durou basicamente entre o �m da Segunda Guerra Mundial e a</p><p>crise do petróleo (1946 - 1973). Vimos então que tal período foi marcado por um</p><p>crescimento acelerado tanto da economia americana como da economia mundial,</p><p>com estabilidade de preços e sem grandes �utuações.</p><p>Ainda na terceira unidade abordamos a crise do capitalismo ocorrida na segunda</p><p>metade do século XX, quando o �m do padrão-ouro e as crises do petróleo levaram</p><p>a uma queda no crescimento econômico mundial. A crise dos países comunistas,</p><p>que se deu a partir da onda revolucionária que varreu a Europa Central e Oriental no</p><p>�nal de 1989, também foi discutida na Unidade III, onde vimos a origem da queda</p><p>do modelo soviético de sistema econômico. Finalizando tal unidade, falamos sobre o</p><p>surgimento do neoliberalismo, que tem como foco a liberdade do mercado, com</p><p>uma mínima intervenção estatal.</p><p>Por �m, na Unidade IV vimos um pouco sobre o desenvolvimento econômico e</p><p>social do Brasil ao longo de sua história. Abordamos eventos econômicos que fazem</p><p>parte da história do Brasil, desde a colonização portuguesa no século XVI, o Pacto</p><p>colonial e uma política mercantil imperial que impulsionou o desenvolvimento do</p><p>país nos três séculos seguintes. A importância da agricultura para a economia</p><p>brasileira ganhou destaque no decorrer da última unidade, bem como o</p><p>posicionamento do Brasil durante o processo de mundialização do capital.</p><p>Caminhando ao �nal do nosso material, falamos sobre o capitalismo �nanceiro e</p><p>seus impactos para países como o Brasil, bem como algumas perspectivas para a</p><p>economia brasileira a partir de 2020.</p><p>Desejo-lhe sucesso em sua jornada acadêmica e pro�ssional!</p><p>00-capa</p><p>01-Introdução 1</p><p>02-Conceitos Gerais</p><p>03-Etapas ao longo da história</p><p>04-As economias agrícolas na antiguidade</p><p>05-O conceito de modo de produção</p><p>06-As formações econômico-sociais_ asiática, escravista, feudal, capitalista e socialista</p><p>07-Transição do Feudalismo para o Capitalismo</p><p>08-As origens do Capitalismo e o Imperialismo</p><p>09-O Capitalismo periférico e a formação do terceiro mundo</p><p>10-Conclusão 1</p><p>11-Introdução 2</p><p>12-A superação do antigo regime - as revoluções burguesas</p><p>13-Mudanças políticas e dos estados nacionais</p><p>14-Expansão comercial e sistema colonial</p><p>15-As revoluções burguesas e a crise do regime absolutista</p><p>16-A Revolução Industrial</p><p>17-O surgimento dos países comunistas</p><p>18-A trajetória do socialismo e o fim da URSS</p><p>19-Principais crises econômicas mundiais</p><p>20-Conclusão 2</p><p>21-Introdução 3</p><p>22-O período da Guerra Fria</p><p>23-Economia mundial no pós guerra</p><p>24-A crise do Capitalismo nas décadas de 70 e 80</p><p>25-A decadência dos países comunistas</p><p>26-A onda do Neoliberalismo econômico entre as nações no final do século XX</p><p>27-Alternativas ao Capitalismo, a globalização e o governo mundial de fato</p><p>28-Conclusão 3</p><p>29-Introdução 4</p><p>30-Principais relações do Brasil na história econômica</p><p>31-Economia brasileira e desenvolvimento econômico e social</p><p>32-Globalização e relações econômicas</p><p>33-Desenvolvimento agrícola e contribuições brasileiras</p><p>34-Capitalismo financeiro vigente e seus impactos</p><p>35-Perspectiva brasileira</p><p>36-Conclusão 4</p><p>37-Considerações Finais</p><p>o capitalismo.</p><p>As origens do capitalismo e o</p><p>imperialismo.</p><p>O capitalismo periférico e a formação</p><p>do Terceiro Mundo.</p><p>Objetivos de Aprendizagem</p><p>Conceituar e contextualizar o estudo da</p><p>história econômica.</p><p>Conhecer as etapas da história</p><p>econômica ao longo dos anos.</p><p>Analisar o conceito de modo de produção</p><p>e as diferentes formações econômico-</p><p>sociais até o capitalismo.</p><p>Breve histórico do processo de transição</p><p>do feudalismo para o capitalismo.</p><p>Compreender o conceito de capitalismo</p><p>periférico e aspectos relacionados à</p><p>formação do chamado Terceiro Mundo.</p><p>Conceitos Gerais</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Caro(a) aluno(a), para que você possa entender como se deu o avanço do estudo da</p><p>economia ao longo dos anos, inicialmente se faz necessário que você compreenda</p><p>alguns conceitos importantes. Primeiramente cabe destacar que a história</p><p>econômica é o estudo acadêmico de economias ou eventos econômicos do</p><p>passado. As pesquisas são conduzidas usando combinações de métodos históricos,</p><p>métodos estatísticos e a aplicação da teoria econômica a situações históricas.</p><p>A história econômica geral é uma disciplina que enfatiza a historicização da própria</p><p>economia, ou seja, estuda nosso desenvolvimento passado, particularmente ao que</p><p>diz respeito à economia, analisando-a como uma força dinâmica e buscando</p><p>compreender como a economia é estruturada e concebida. Usando dados</p><p>quantitativos e fontes qualitativas, os historiadores econômicos enfatizam a</p><p>compreensão do contexto histórico em que os principais eventos econômicos</p><p>ocorrem. Inclui, por exemplo, o desenvolvimento econômico das nações, o</p><p>crescimento das empresas e a organização do trabalho, ou seja, enfoca a dinâmica</p><p>institucional dos sistemas de produção, trabalho e capital, bem como o impacto da</p><p>economia na sociedade.</p><p>Portanto, os estudiosos da história econômica podem embasar suas análises sob</p><p>diferentes perspectivas, de diferentes escolas de pensamento econômico, como a</p><p>economia clássica, marxista, da escola de Chicago, bem como a economia</p><p>Keynesiana. Na próxima seção estudaremos as etapas da história econômica.</p><p>REFLITA</p><p>Qual a importância de estudarmos a história da economia?</p><p>SAIBA MAIS</p><p>É preciso pensar a História Econômica enquanto linha de pesquisa</p><p>uni�cadora de duas disciplinas que guardam suas especi�cidades:</p><p>História e Economia; surgindo, assim, a necessidade de entender a</p><p>relação e o diálogo que esses dois campos possuem entre si. Para saber</p><p>mais sobre as questões metodológicas da história econômica, leia o</p><p>artigo:</p><p>PEREIRA, L. L. História Econômica: algumas questões</p><p>metodológicas.ANPUH – XXIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA –</p><p>Londrina, 2005.</p><p>ACESSAR</p><p>https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-01/1548206369_3be6a0a0bbcc555958194da64a18d92c.pdf</p><p>Etapas ao longo da história</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Como vimos no início desta unidade, a economia é a ciência que estuda como as</p><p>sociedades produzem bens e serviços e como os consomem. Tal área de estudo</p><p>in�uencia as �nanças das economias mundiais, sendo parte vital da nossa vida</p><p>cotidiana. Devido à tamanha importância, pesquisadores buscaram, ao longo da</p><p>história da humanidade, compreender os fenômenos econômicos e como estes</p><p>evoluem.</p><p>O pensamento econômico remonta aos tempos da Grécia antiga, tendo sido</p><p>também bastante discutido no antigo Oriente Médio. Apesar disso, credita-se ao</p><p>pensador escocês Adam Smith a origem da Economia (Política), cabendo destacar</p><p>que Smith era herdeiro de uma corrente de pensamento chamada de “escola</p><p>escocesa” que mantinha uma perspectiva histórica em suas re�exões. Adam Smith</p><p>costumava chamar de “ordem natural” uma sequência de formas de atividade</p><p>econômica (caça e coleta, pastoreio, agricultura e comércio), que estaria associada à</p><p>história da economia e deveria ocorrer em toda sociedade.</p><p>Segundo Saes (2013), a História Econômica, enquanto disciplina, é relativamente</p><p>recente, adquirindo progressivamente status de ciência depois da publicação do</p><p>livro A Riqueza das Nações, de Adam Smith (1776). No século XIX diversas produções</p><p>consolidaram a área de estudos chamada Economia Política. Pesquisadores como</p><p>Thomas Malthus, David Ricardo, Jean Baptiste Say, John Stuart Mill, entre outros, são</p><p>alguns dos chamados economistas clássicos, além de Karl Marx, mesmo que em</p><p>vertente distinta (SAES, 2013).</p><p>Uma mudança signi�cativa aconteceu a partir de 1870 com a chamada revolução</p><p>marginalista, que alterou o foco da análise econômica, o que levou à troca do nome</p><p>das disciplinas de economia política para economia. O austríaco Carl Menger, o suíço</p><p>Leon Walras e o inglês Willian Stanley Jevons foram pioneiros dessa nova corrente,</p><p>que se consolidou como um dos principais paradigmas da teoria econômica.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Sem desmerecer a importância de Adam Smith, cabe citar que o</p><p>primeiro estudo metódico de como funcionam as economias foi</p><p>realizado por �siocratas franceses, tendo Smith absorvido algumas de</p><p>suas ideias, as expandindo em uma tese sobre como as economias</p><p>deveriam funcionar, em oposição a como funcionam.</p><p>A Escola Fisiocrata surgiu basicamente com um artigo escrito por</p><p>François Quesnay (1694 - 1774), em 1756, com críticas ao mercantilismo.</p><p>Os �siocratas discordavam da minuciosa regulamentação da produção</p><p>pelo governo, que chegou a de�nir o número exato de �os necessários</p><p>por metro de tecidos, o que poderia até garantir a qualidade, mas</p><p>aumentava consideravelmente o preço dos bens, além de não permitir</p><p>mudanças dos métodos de produção ou na preferência dos</p><p>consumidores.</p><p>Fonte: Brue (2013).</p><p>As economias agrícolas na</p><p>antiguidade</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Caro(a) aluno(a), para compreendermos como chegamos ao período chamado de</p><p>feudalismo, é preciso voltarmos no tempo, abordando as economias agrícolas da</p><p>antiguidade, em especí�co as agriculturas romanas e gregas. A agricultura romana</p><p>remonta às práticas agrícolas da Roma Antiga, durante um período de mais e 1000</p><p>anos. A República Romana (509 AC a 27 AC) e o Império Romano (27 AC a 476 DC) se</p><p>expandiram para governar grande parte da Europa, norte da África e Oriente Médio,</p><p>abrangendo muitos ambientes agrícolas, com clima mediterrâneo</p><p>predominantemente seco, verões quentes e invernos frios na maior parte das vezes.</p><p>Na área do Mediterrâneo, uma tríade de culturas era mais importante: grãos,</p><p>azeitonas e uvas (BAKERS, 2020).</p><p>A agricultura era a principal atividade da grande maioria das pessoas governadas</p><p>por Roma. No início, a atividade agrícola era composta por pequenos proprietários</p><p>de terras autossu�cientes, que acabou evoluindo para uma sociedade rural</p><p>dominada pelo latifúndio, com grandes propriedades que pertenciam aos ricos e</p><p>utilizavam trabalho escravo.</p><p>Ainda segundo Bakers (2020), o crescimento da população urbana, especialmente</p><p>da cidade de Roma, exigiu o desenvolvimento de mercados comerciais e do</p><p>comércio de longa distância de produtos agrícolas, especialmente grãos, para</p><p>abastecer as pessoas nas cidades com alimentos.</p><p>Na Grécia Antiga a agricultura também era a base da atividade econômica,</p><p>abrangendo cerca de 80% da população. Como citado anteriormente, o clima</p><p>mediterrâneo é caracterizado por basicamente duas estações: a primeira seca e</p><p>quente, de abril a setembro, quando os leitos dos rios tendem a secar; e o segundo é</p><p>úmido e marcado por violentas tempestades de chuva trazidas pelos ventos de</p><p>oeste, com temperaturas mais amenas.</p><p>A seguir apresentam-se alguns pontos que merecem destaque quanto ao modo de</p><p>produção na antiga Grécia e Roma.</p><p>Atenas:</p><p>Aparece a divisão do trabalho</p><p>Surge a pequena propriedade agrária</p><p>Despontam ofícios</p><p>Nascem os mercadores</p><p>Constituição comum para as tribos</p><p>Divisão de classes: nobres, agricultores e artesãos.</p><p>Roma:</p><p>Mais desenvolvido que o ateniense</p><p>Pessoas possuem terras públicas e são proprietárias de parte das</p><p>terras</p><p>Indivíduo ligado à comunidade, estando disponível para o exército</p><p>Democracia militar</p><p>Surgimento de uma plebe sem direito político, que era o núcleo</p><p>do exército</p><p>romano.</p><p>O conceito de modo de</p><p>produção</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Cabe grande destaque no desenvolvimento da história econômica, o conceito de</p><p>modo de produção. Tal termo deriva da obra de Karl Marx (1818 - 1883), tendo um</p><p>papel de destaque na teoria marxista subsequente. O modo de produção pode ser</p><p>compreendido como as diversas maneiras que os seres humanos utilizam para</p><p>produzir coletivamente os meios de subsistência para sua sobrevivência e bem-estar</p><p>social. Para Marx, os modos de produção dominantes, relacionados a um sistema</p><p>econômico especí�co, caracterizariam a história humana.</p><p>De acordo com Colao (2006), o modo de produção é a fonte do materialismo</p><p>histórico, que é uma abordagem metodológica elaborada por Marx e Engels (1829 -</p><p>1895) para o estudo da sociedade, da economia e da história. A autora destaca que as</p><p>categorias dessa ciência social são as forças produtivas (ser humano, ferramentas,</p><p>máquinas, tecnologia) e as relações de produção (entre assalariados e empresários,</p><p>entre assalariados e entre empresários).</p><p>Neste sentido, qualquer modo particular de produção seria resultado da articulação</p><p>entre um sistema que envolve relações especí�cas de produção e forças de</p><p>produção. Segundo Barros (2017), as relações de produção de�nem relações sociais</p><p>especí�cas baseadas no modo de apropriação do trabalho excedente e em uma</p><p>prática institucionalizada especí�ca preocupada com a distribuição dos meios de</p><p>produção. Tais relações sociais seriam de�nidas, então, em termos de classes sociais,</p><p>que formam a base do sistema estrutural que regula as relações humanas.</p><p>Cabe destacar que, para Marx, as forças de produção de�nem o próprio processo de</p><p>trabalho em que as matérias-primas são transformadas em determinados produtos.</p><p>Os fatores que afetam as forças de produção incluem as matérias-primas, o trabalho</p><p>e os instrumentos usados para transformar as matérias-primas em produtos. O que</p><p>determinaria o nível de desenvolvimento das forças de produção seria a natureza</p><p>das tecnologias, máquinas e avanços cientí�cos sendo implantados no processo</p><p>produtivo. Portanto, o conceito de modo de produção foi utilizado por Marx como</p><p>uma ferramenta classi�catória para descrever e diferenciar diferentes sistemas</p><p>econômicos em termos históricos.</p><p>Marx empregava diferentes terminologias para designar os modos de produção que</p><p>poderiam ser encontrados ao longo da história humana. Segundo Colao (2006), Marx</p><p>foi chamado de evolucionista ao descrever que na história da sociedade tem havido</p><p>uma sucessiva história de modo de produção, desde o primitivo até o modo de</p><p>produção capitalista, passando pelos modos escravista e feudal, e até mesmo um</p><p>modo de produção asiático que mostrava características diferentes dos outros</p><p>modos de produção existentes na história.</p><p>As formações econômico-</p><p>sociais: asiática,</p><p>escravista, feudal,</p><p>capitalista e socialista</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Marx descreve os diferentes tipos de modos de produção em várias de suas obras.</p><p>Segundo ele, quanto mais tradicional for o modo de produção, menos mudanças</p><p>ocorreriam nas velhas formas de propriedade e, consequentemente, menos</p><p>mudanças na comunidade como um todo. Colao (2006) destaca a esse respeito que,</p><p>para Marx, um modo de produção baseado no campo da agricultura, se manteria</p><p>em sua forma tradicional por muito tempo, e que um modo de produção embasado</p><p>no desenvolvimento industrial estaria mais disposto a mudanças.</p><p>Quanto ao modo de produção da comunidade primitiva, Marx destaca que a própria</p><p>comunidade se apresentava como a primeira grande força produtiva, fosse nas</p><p>atividades de criação ou agricultura, e o relacionamento de indivíduos uns com os</p><p>outros ocorreriam como um comportamento cotidiano especí�co, entre si e com a</p><p>natureza (COLAO, 2006). Outro fator de destaque colocado pela autora é que neste</p><p>modo de produção primitivo, não havia excedente, pois o resultado da produção</p><p>agrícola era distribuído entre toda a comunidade.</p><p>O modo de produção antigo, advindo da dissolução da comunidade primitiva, teria</p><p>originado o modo de produção asiático, e quanto ao modo de produção Europeu,</p><p>teria se originado de um modelo diferenciado que prevaleceu em Atenas e Roma.</p><p>Quanto ao modo de produção escravista, os proprietários do solo eram latifundiários</p><p>que mantinham o escravo como um instrumento de trabalho, ou seja, como a</p><p>principal forma de produção.</p><p>Quanto ao modo de produção asiático, cabe destacar que não apenas se encontrava</p><p>geogra�camente separado dos outros tipos de modo de produção identi�cados</p><p>como etapas da história europeia, mas também como uma civilização distinta. No</p><p>modo de produção asiático, surge a incipiente �gura do estado, pois um grupo de</p><p>comunidade �ca sob o poder de uma comunidade superior, que se apropria do solo</p><p>(COLAO, 2006). Marx acreditava que o modo asiático existia em sociedades</p><p>historicamente estáticas, sem a consciência de classe e o con�ito necessário para</p><p>que o desenvolvimento ocorresse.</p><p>A era do feudalismo se estendeu por um longo período. Na China, o sistema feudal</p><p>existiu por mais de dois mil anos. Na Europa Ocidental, o feudalismo abrange desde</p><p>a queda do Império Romano (século V) até a Revolução Burguesa na Inglaterra</p><p>(século XVII) e na França (século XVIII). Na Rússia, o sistema feudal prevaleceu desde</p><p>o século IX até a revolução proletária na Rússia.</p><p>O feudalismo se origina essencialmente do sistema escravista, na forma de sistema</p><p>colonial, em que os colonos eram obrigados a trabalhar nas terras de seu senhor, o</p><p>grande proprietário, para lhe fazer um pagamento em dinheiro ou entregar uma</p><p>parte considerável da colheita e cumprir vários tipos de obrigações. No entanto, os</p><p>colonos tinham mais interesse em seu trabalho do que os escravos, já que possuíam</p><p>terras cedidas pelo senhor feudal, a serem cultivadas.</p><p>O feudalismo foi uma etapa essencial para o desenvolvimento histórico da</p><p>sociedade. O desenvolvimento das forças produtivas pós escravidão só foi possível</p><p>com base no trabalho da massa de camponeses dependentes, com um pedaço de</p><p>terra, seus próprios instrumentos de produção e o interesse no trabalho. Os</p><p>equipamentos agrícolas no período inicial do feudalismo eram rústicos, com arados</p><p>de madeira, foice e pá, servindo de instrumentos de trabalho. A moagem de grãos</p><p>foi por muito tempo feita manualmente, até que os moinhos de vento e água se</p><p>espalharam.</p><p>Quanto ao modelo de produção capitalista citado por Marx, destaca a existência da</p><p>propriedade privada dos meios de produção, e, por outro lado, uma classe de</p><p>trabalhadores que vendem sua força de trabalho por um salário ao capitalista. Ou</p><p>seja, nesse modo de produção, a força de trabalho passa a ser considerada uma</p><p>mercadoria, apropriada pelo capitalista, que vem a ser chamada de mais valia, e que</p><p>permite ao capitalista ampliar seus lucros. Para Colao (2006), a propriedade privada</p><p>dos meios de produção contrasta com o processo de produção que é de natureza</p><p>social.</p><p>Por �m, o modo socialista de produção, apresentado por Marx, se constitui como a</p><p>negação do capitalismo, em que prevalece a luta de classes entre proletariado e</p><p>burguesia, ou seja, o sistema socialista se caracteriza especialmente pela existência</p><p>da propriedade social dos meios de produção (COLAO, 2006). Todos os membros da</p><p>sociedade poderiam desfrutar dos bens necessários à sua existência, desaparecendo</p><p>a separação de classes sociais.</p><p>Cabe destacar que, em primeiro lugar, Marx foi chamado de evolucionista, quando</p><p>descreveu que na história da sociedade tem havido uma sucessiva história de</p><p>modos de produção, desde o modo de produção primitivo até chegar ao modo de</p><p>produção capitalista, passando pelos modos escravista e feudal, e inclusive um</p><p>modo de produção asiático que mostrava características diferenciadas aos outros</p><p>modos de produção existentes na história. E anunciava Marx que o modo capitalista</p><p>de produção seria substituído pelo modo socialista de produção.</p><p>FICA A DICA</p><p>Artigo</p><p>Para saber mais sobre os estudos de Marx e Engels,</p><p>leia o artigo que aborda o</p><p>entendimento de ambos</p><p>acerca do signi�cado de “modo de produção”,</p><p>recuperando as pistas deixadas pelos dois alemães,</p><p>mas apenas depois de se expor uma crítica que lhes</p><p>é dirigida a propósito (por Patnaik), para que no �m</p><p>se confronte esta com aquelas. Palavras-chave:</p><p>Capitalismo; Forças produtivas; Formação econômica</p><p>da sociedade; Relações de produção; Sistema</p><p>fechado.</p><p>Leia:</p><p>ANTUNES, P. F. R.Marx, Engels e a Concepção de</p><p>Modo(s) de produção: Uma resposta ao paradoxo no</p><p>centro da teoria Marxista. Problemata: Revista</p><p>Internacional de Filoso�a, v. 11, n. 1, 2020.</p><p>Disponível aqui</p><p>https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/problemata/article/download/48454/30338/</p><p>Transição do Feudalismo</p><p>para o Capitalismo</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>O feudalismo existiu na Europa por volta de 300 a 1400 DC, quando o conceito de</p><p>capitalismo começou a ganhar forma. De forma geral, acredita-se que o feudalismo</p><p>terminou com o renascimento da Europa, época em que houve um grande</p><p>destaque da arte, ciência, literatura e liberdade humana. Embora o renascimento</p><p>tenha desempenhado um papel fundamental na transição do feudalismo para o</p><p>capitalismo, vários outros fatores contribuíram para tal transição, tal como as falhas</p><p>existentes no sistema feudal, bem como forças externas que criaram um impacto</p><p>duradouro nas sociedades medievais.</p><p>Alguns dos fatores internos que levaram ao colapso do feudalismo incluem guerras</p><p>internas, rebeliões dos colonos e a ine�ciência do sistema como um todo. O sistema</p><p>feudal colocava chefes de grupos entre o monarca e os habitantes, aumentando a</p><p>tensão entre os colonos e os senhores feudais. No século XIV uma grande revolta</p><p>camponesa se espalhou por toda Europa, resultando na quebra do antigo sistema e</p><p>dando início a economia social moderna.</p><p>As cruzadas e as viagens durante a Idade Média abriram novas oportunidades de</p><p>comércio para a Inglaterra, o que levou ao crescimento de novas cidades e maior</p><p>número de comerciantes. As vilas e cidades forneciam oportunidades alternativas</p><p>de emprego, melhorando os meios de subsistência dos camponeses, incentivando a</p><p>migração rural para as cidades, contribuindo para o �m do feudalismo.</p><p>Segundo Saes (2013), um dos temas mais controversos entre os historiadores diz</p><p>respeito ao impacto do comércio sobre a sociedade feudal. O autor destaca que no</p><p>feudalismo prevalecia a produção para a subsistência dos trabalhadores e a extração</p><p>do excedente (em trabalho ou espécie), sendo que nessa forma de organização o</p><p>comércio ou circulação monetária seriam dispensáveis. Por essa razão, o</p><p>renascimento comercial e a reativação da circulação monetária teriam provocado</p><p>alguma mudança na forma de organização da sociedade feudal.</p><p>Portanto, um dos principais fatores externos que levou à transição do feudalismo</p><p>para o capitalismo, segundo a maioria dos pesquisadores, foi a expansão do</p><p>comércio. Os comerciantes, formados por uma classe única de indivíduos que não</p><p>estavam sujeitos a obrigações, conduziam o comércio de acordo com seus</p><p>interesses, transformando uma sociedade de subsistência em uma sociedade</p><p>econômica, que prosperava à medida que a Europa se tornava mais estável. Essa</p><p>nova classe de comerciantes também fornecia dinheiro aos reis, que tinham muito a</p><p>ganhar com o incremento do comércio.</p><p>Portanto, a plataforma que mantinha o feudalismo em vigor não foi estável o</p><p>su�ciente para afastar o conceito de capitalismo, relacionado com a liberdade</p><p>econômica. Ou seja, o renascimento na Europa fez com que o povo abraçasse a arte,</p><p>as tecnologias e a mudança, marcando o �m dos tempos medievais e a transição</p><p>para o mundo moderno.</p><p>As origens do Capitalismo</p><p>e o Imperialismo</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Uma etapa crucial no desenvolvimento do capitalismo foi o surgimento do trabalho</p><p>assalariado. Pode-se dizer que o primeiro estágio de evolução do capitalismo se deu</p><p>a partir do momento em que os comerciantes ganhavam dinheiro com o comércio</p><p>e os capitalistas obtinham suas riquezas a partir da propriedade e controle dos</p><p>meios de produção. Estágio em que se originou a nova classe de capitalistas</p><p>primitivos exercendo poder sobre a classe de trabalhadores assalariados.</p><p>Os novos capitalistas tinham que ser capazes de exercer cada vez mais pressão</p><p>sobre seus produtores para produzir mais por menos, de modo que os capitalistas</p><p>pudessem manter os preços do comércio e aumentar os lucros. Eles procuravam o</p><p>Estado para garantir a pressão exercida sobre os trabalhadores que, agora, eram</p><p>obrigados a vender sua mão-de-obra em ambientes cada vez mais competitivos,</p><p>agravados pelas �las de novos trabalhadores desempregados.</p><p>Leis foram aprovadas, estabelecendo uma taxa para o salário máximo a ser pago aos</p><p>camponeses com o objetivo de transformar os desprovidos de posse em uma classe</p><p>obediente e disciplinada de trabalhadores assalariados, que ofereciam por uma</p><p>ninharia seu trabalho ao novo capitalismo.</p><p>Cabe aqui abordarmos o conceito de imperialismo.</p><p>Pode-se considerar que o imperialismo foi originado de problemas econômicos na</p><p>Europa, característicos do �nal do século XIX, em particular pela necessidade de</p><p>garantir escoamento das matérias-primas para os países industrializados e a</p><p>proteção dos mercados ultramarinos para a comercialização de seus produtos</p><p>industriais.</p><p>Considerado na maioria das vezes moralmente repreensível, o imperialismo sempre</p><p>envolveu o uso do poder, seja militar ou econômico, ou de maneira mais sutil, é o</p><p>termo frequentemente empregado na propaganda internacional para denunciar e</p><p>desacreditar a política externa de um oponente.</p><p>CONCEITUANDO</p><p>O imperialismo é considerado uma prática ou defesa da extensão do</p><p>poder e domínio, especialmente pela aquisição territorial direta ou pela</p><p>obtenção de controle político e econômico de outras áreas.</p><p>O Capitalismo periférico e</p><p>a formação do terceiro</p><p>mundo</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>O efeito do imperialismo no desenvolvimento econômico dos países do Terceiro</p><p>Mundo há muito é assunto de interesse dos estudiosos marxistas. A expansão</p><p>internacional dos estados capitalistas levou à criação de um mercado mundial e à</p><p>integração dos países pré-capitalistas a este mercado, anunciando uma nova fase do</p><p>capitalismo cujas implicações ainda estão sendo debatidas.</p><p>Na visão de tais teóricos, o imperialismo criou e perpetuou o subdesenvolvimento no</p><p>Terceiro Mundo. Esses países, conceitualmente situados na periferia do sistema</p><p>capitalista mundial, tiveram seu desenvolvimento bloqueado em decorrência de</p><p>suas relações econômicas com os países imperialistas capitalistas, ao mesmo tempo</p><p>em que conseguiram desenvolver as forças produtivas nos países hoje centrais do</p><p>mundo capitalista. Pesquisadores do tema consideram que o mercado não seria</p><p>capaz de desempenhar o mesmo papel na periferia.</p><p>O termo Terceiro Mundo tem sido então utilizado em sua maioria para descrever</p><p>países da África, Ásia e América Latina que compartilham rendas per capita</p><p>relativamente baixas, altas taxas de analfabetismo, desenvolvimento limitado da</p><p>indústria, economias baseadas na agricultura, com baixa expectativa de vida, baixos</p><p>graus de mobilidade social e estruturas políticas instáveis.</p><p>A solução para o terceiro mundo, segundo alguns teóricos, envolve o desligamento</p><p>da economia mundial, da autossu�ciência e do socialismo, embora essa tenha sido a</p><p>visão dominante na análise marxista do pós-guerra, e que não deixou de ser</p><p>questionada. Alguns estudiosos, trabalhando dentro da tradição marxista,</p><p>argumentaram que o imperialismo teve, de fato, um impacto muito favorável no</p><p>Terceiro Mundo em termos de estímulo ao desenvolvimento das forças produtivas.</p><p>Nesta primeira unidade pudemos conhecer um pouco sobre os conceitos que</p><p>envolvem a história econômica, abordando as principais linhas de pensamento que</p><p>�zeram parte de sua evolução. Apresentamos também características importantes</p><p>sobre a evolução da história econômica, bem como o conceito de modo de produção,</p><p>que permeou grande parte dos debates a esse respeito.</p><p>A partir</p><p>do conceito de modo de produção, pudemos conhecer um pouco acerca dos</p><p>principais estudos desenvolvidos por Marx, e como tal conceito delimitou as linhas de</p><p>pensamento quanto à evolução da história econômica ao longo do tempo. As</p><p>formações econômico-sociais foram discutidas, apresentando essencialmente como</p><p>se deram as relações entre forças produtivas e sociedade ao longo dos anos.</p><p>Um breve olhar sobre a história das condições econômicas e sociais anteriores à</p><p>revolução industrial mostra que o capitalismo não surgiu dos esforços de alguns</p><p>inventores, mas sim do colapso sistemático do feudalismo como sistema social e</p><p>econômico e da imposição de um sistema de trabalho assalariado em seu lugar.</p><p>A transição do feudalismo para o capitalismo foi então abordada de maneira clara,</p><p>para que pudéssemos compreender como se deu a origem do capitalismo, bem</p><p>como a importância do imperialismo na formação do terceiro mundo.</p><p>Conclusão - Unidade 1</p><p>Livro</p><p>Filme</p><p>ANTUNES, P. F. R.Marx, Engels e a Concepção de Modo(s) de produção: Uma resposta</p><p>ao paradoxo no centro da teoria Marxista. Problemata: Revista Internacional de</p><p>Filosofia, v. 77, n. 7, 2020. Disponível em:</p><p>https://period icos.uf pb.br/ojs2/i ndex.ph p/problemata/a rticle/down load/48454/30338/.</p><p>Acesso em: 70 nov. 2020.</p><p>BAKERS, M. Agricultura: da Roma antiga à bolsa da Colômbia. v. 2. De História da</p><p>Agricultura. E-book. Cambridge: Stanford Books, 2020. Disponível em:</p><p>https://www.livrebooks.com.br/livros/agricultura-da-roma-antiga-a-bolsa-da-</p><p>colom bi a-ma rti n-ba kers-b7ndwaaq baj/ba ixa r-ebook.</p><p>BARROS, C. M. Marxismo e história: o sentido de essência e necessidade na obra de</p><p>maturidade de Marx. 777 f. Tese (Doutorado em Filosofia) - Universidade Estadual de</p><p>Campinas, Campinas, 2077.</p><p>BRUE, S. L. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Cengage, 2073.</p><p>COLAO, M. M. O Modo de Produção: Categoria do Materialismo Histórico. Revista</p><p>Movimento, v. 72, n. 2, p. 743-769, maio/ago. 2006.</p><p>SAES, F. A. M.; SAES, A. M. História Econômica Geral. São Paulo: Saraiva, 2073.</p><p>Unidade 2</p><p>Transição, crises e</p><p>revoluções</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Introdução</p><p>Como vimos na Unidade I, a História Econômica é a disciplina que tem como</p><p>objetivo estudar os diferentes processos de produção desenvolvidos pela sociedade</p><p>na busca pela sobrevivência. Na Unidade II iremos um pouco além para que você</p><p>possa conhecer o processo de superação do “antigo regime” (sistema social e</p><p>político aristocrático que foi estabelecido na França e se estendeu por quase toda a</p><p>Europa), a partir das revoluções burguesas. Em seguida, apresentamos um pouco</p><p>sobre as mudanças políticas e a formação dos Estados Nacionais, que tinha como</p><p>princípio realizar a soberania política e militar dentro de um determinado território</p><p>delimitado por fronteiras que os de�niam.</p><p>As mudanças nos padrões de comércio serão abordadas na seção que apresentará</p><p>aspectos relacionados à expansão comercial e ao sistema colonial. Em seguida,</p><p>falaremos sobre as revoluções burguesas, revoltas protagonizadas pela burguesia</p><p>contra o absolutismo, que tinha como característica o poder concentrado na mão de</p><p>uma pessoa, na maioria das vezes, um rei. Em seguida abordaremos a crise do</p><p>Regime Absolutista até seu �m, com as Revoluções Francesa e Inglesa. A Revolução</p><p>Industrial, conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e</p><p>XIX, também será abordada, com destaque para as mudanças quanto à posição do</p><p>trabalho enquanto força produtiva.</p><p>Por �m, falaremos sobre o surgimento dos países comunistas, cuja ideologia tem</p><p>como foco promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem a</p><p>existência de classes sociais. Na sequência será apresentada a trajetória do</p><p>socialismo e o �m da URSS, até chegarmos às principais crises econômicas até os</p><p>anos 30 e seus impactos para a economia mundial.</p><p>Plano de Estudo</p><p>A superação do Antigo Regime -</p><p>as revoluções burguesas.</p><p>Mudanças Políticas e dos Estados</p><p>Nacionais.</p><p>Expansão comercial e Sistema</p><p>Colonial.</p><p>As Revoluções Burguesas e a crise</p><p>do Regime Absolutista.</p><p>A revolução industrial.</p><p>O surgimento dos países</p><p>comunistas.</p><p>A trajetória do socialismo e o �m</p><p>da URSS.</p><p>Principais crises econômicas</p><p>mundiais.</p><p>Objetivos de Aprendizagem</p><p>Conceituar e contextualizar a</p><p>superação do antigo regime.</p><p>Compreender as mudanças políticas</p><p>e dos Estados Nacionais.</p><p>Estabelecer a importância da</p><p>expansão comercial e do sistema</p><p>colonial.</p><p>Abordar as revoluções burguesas e a</p><p>crise do regime absolutista.</p><p>Contextualizar a revolução industrial</p><p>e o surgimento dos países</p><p>comunistas.</p><p>Demonstrar como ocorreu a</p><p>trajetória do socialismo e o �m da</p><p>URSS.</p><p>Apresentar as principais crises</p><p>econômicas mundiais.</p><p>A superação do antigo</p><p>regime - as revoluções</p><p>burguesas</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>O antigo regime é um período histórico situado entre os séculos XVI e XVIII. Tal</p><p>regime teve início na França, se estendendo a quase toda a Europa. Suas</p><p>características políticas envolviam o absolutismo régio, ou seja, o rei era a �gura</p><p>central, que detinha os poderes Judiciário, Executivo e Legislativo de uma só vez.</p><p>Com relação à economia, prevalecia o capitalismo comercial e havia uma divisão</p><p>social em três classes, que será vista nos próximos parágrafos.</p><p>Para compreendermos como as revoluções burguesas romperam com o Antigo</p><p>Regime, vamos nos aprofundar sobre o tema. Revolução burguesa é um termo</p><p>usado na teoria marxista para se referir a uma revolução social que visava destruir o</p><p>sistema feudal ou seus vestígios, estabelecer o domínio da burguesia e criar um</p><p>estado burguês. Nos países dependentes e coloniais, as revoluções burguesas</p><p>frequentemente assumem a forma de uma guerra de independência nacional.</p><p>Historiadores destacam que em um determinado estágio, uma revolução burguesa</p><p>é historicamente necessária e progressiva, pois expressa as necessidades de</p><p>desenvolvimento da sociedade.</p><p>A grande diversidade das forças de classe que participavam de uma revolução</p><p>burguesa, os problemas a serem resolvidos e os métodos de luta dependiam das</p><p>circunstâncias especí�cas de cada país e, sobretudo, pelas transformações que</p><p>ocorreram na sociedade ao longo dos séculos. No período do capitalismo</p><p>ascendente, as revoluções burguesas (a inglesa no século XVII e a francesa e</p><p>americana no século XVIII) romperam as algemas do sistema feudal e abriram</p><p>caminho para o capitalismo.</p><p>A principal causa da revolução burguesa era um con�ito entre as novas forças</p><p>produtivas que se desenvolvem no seio do sistema feudal e as relações produtivas</p><p>feudais (ou seus vestígios), bem como as instituições feudais. Con�ito</p><p>frequentemente mascarado por contradições políticas e ideológicas. Porém, mesmo</p><p>nos casos em que a revolução burguesa era causada pela opressão estrangeira ou</p><p>pelo desejo de uni�car o país, a necessidade urgente de eliminar o sistema feudal ou</p><p>seus vestígios desempenhava papel decisivo.</p><p>Portanto, nas primeiras revoluções burguesas e em várias revoluções do século XIX,</p><p>as forças em movimento eram a burguesia, os camponeses oprimidos pelo</p><p>feudalismo, os artesãos, e a classe trabalhadora emergente. A burguesia que, então,</p><p>desempenhava um papel revolucionário, era a guia e dirigente das massas</p><p>populares. O quadro a seguir apresenta informações sobre as ordens sociais na</p><p>França, do Antigo Regime.</p><p>Nos países coloniais e dependentes, a burguesia nacional ainda podia desempenhar</p><p>um papel progressista e até revolucionário, mesmo na época do imperialismo,</p><p>especialmente se uma luta contra o imperialismo estrangeiro estava em</p><p>andamento. Mas a força mais revolucionária era dos trabalhadores – o proletariado</p><p>mais ou menos numeroso e o campesinato, que constituíam a maioria da</p><p>população. A profundidade das transformações sociais e democráticas da sociedade</p><p>dependiam da capacidade da classe trabalhadora de alcançar a hegemonia em</p><p>momentos decisivos e de estabelecer uma aliança com o campesinato e outras</p><p>forças progressistas.</p><p>Diferentes classes e grupos usavam diferentes métodos e formas de luta</p><p>nas</p><p>revoluções burguesas. Assim, a burguesia liberal recorria com mais frequência aos</p><p>métodos da luta ideológica e parlamentar e o campesinato às revoltas antifeudais</p><p>com a tomada de domínios nobres, a divisão de terras e assim por diante. Os</p><p>métodos de luta característicos do proletariado foram as greves, manifestações,</p><p>revoltas urbanas e rebelião armada. Por exemplo, Lenin caracterizou a Revolução de</p><p>1905 - 1907 na Rússia como uma revolução proletária em seus métodos de luta. No</p><p>entanto, as formas e métodos de luta dependem não apenas das forças</p><p>revolucionárias, mas também da ação das classes dominantes, que geralmente são</p><p>as primeiras a usar a violência e, assim, desencadear guerras civis.</p><p>Com o desenvolvimento do capitalismo, especialmente depois que ele entrou na</p><p>fase imperialista, outro con�ito surge além do mencionado anteriormente – a saber,</p><p>o con�ito entre os interesses do desenvolvimento independente da economia</p><p>nacional (especialmente nos países coloniais e dependentes) e a regra do capital</p><p>estrangeiro. Este con�ito dá origem à luta anti-imperialista, que normalmente se</p><p>confunde com a luta antifeudal.</p><p>Quadro 1 - Ordens sociais na França do Antigo Regime</p><p>Classes sociais (%) Situação na França Pré-revolucionária</p><p>Clero (1%) Terras, cargos, prestígio, privilégios e</p><p>isenção �scal</p><p>Nobreza (2%) Terras, cargos, prestígio, privilégios e</p><p>isenção �scal</p><p>Camponeses, burgueses e</p><p>artesãos (97%) Obrigações e impostos</p><p>Fonte: Lima (2016).</p><p>Diante do exposto, pode-se dizer que as revoluções burguesas, cada uma de sua</p><p>maneira, contribuíram para a conquista da cidadania e dos direitos fundamentais</p><p>(LIMA, 2016). Para a autora, os ideais das revoluções burguesas eram</p><p>fundamentalmente os valores de liberdade, contudo tais revoluções também</p><p>carregam, em especial na Revolução Francesa, a origem dos direitos de igualdade,</p><p>que trouxeram a partir do século XIX as reivindicações de caráter social.</p><p>Atualmente, a preservação dos vestígios feudais em vários países e especialmente o</p><p>fortalecimento das tendências antidemocráticas reacionárias criam um terreno fértil</p><p>para novos movimentos e revoluções democráticas comuns dirigidas</p><p>principalmente contra a opressão dos monopólios capitalistas. Cabe aqui destacar</p><p>que práticas democráticas comuns também eram o foco das revoluções socialistas.</p><p>Mudanças políticas e dos</p><p>estados nacionais</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Os países europeus passaram a se estruturar como estados nacionais, governados</p><p>por uma monarquia absolutista, à medida que abandonaram o regime feudal.</p><p>Segundo Saes (2013), uma das colocações mais frequentes sobre o tema é de que a</p><p>burguesia comercial se aliou aos monarcas para promover a constituição dos</p><p>Estados nacionais e tal aliança se justi�cava pela oposição que existiria entre</p><p>burguesia comercial e nobreza feudal.</p><p>Portanto caro aluno, para que você compreenda este processo de mudança política</p><p>e o desenvolvimento dos Estados Nacionais, vamos relembrar alguns conceitos.</p><p>Segundo Fonseca (2017), um estado nacional consiste em uma unidade político-</p><p>territorial soberana, ou seja, um conjunto formado por uma nação, um Estado e um</p><p>território. De acordo com a autora,</p><p>O termo nasceu na Europa no �nal do século XVIII e início do século</p><p>XIX, atrelado aos ideais da Revolução Francesa e correspondendo a fase</p><p>nacionalista do Ocidente. Dessa forma, o conceito de Estado-Nação</p><p>está diretamente ligado à formação dos Estados Modernos, advindos</p><p>da Revolução Industrial e seguindo os preceitos da lógica do modo de</p><p>produção capitalista (FONSECA, 2017, p.18 ).</p><p>Portanto, Estado-nação é considerado uma política soberana territorialmente</p><p>limitada – ou seja, um estado –, governado em nome de uma comunidade de</p><p>cidadãos que se identi�cam como uma nação. Atrelado aos ideais da Revolução</p><p>Francesa, o tema teria nascido na Europa no �nal do século XVIII e início do século</p><p>XIX, estando diretamente ligado à formação dos Estados Modernos, provenientes da</p><p>Revolução Industrial e seguindo os pressupostos da essência do modo de produção</p><p>capitalista (FONSECA, 2017).</p><p>Como modelo político, o Estado-nação funde dois princípios: o princípio da</p><p>soberania do Estado, articulado pela primeira vez no tratado chamado de Paz de</p><p>Vestfália (1648), que reconhece o direito dos Estados de governar seus territórios sem</p><p>interferência externa; e o princípio da soberania nacional, por sua vez, baseada no</p><p>princípio moral-�losó�co da soberania popular, segundo o qual os Estados</p><p>pertencem a seus povos. O último princípio implica que o governo legítimo de um</p><p>estado requer algum tipo de consentimento do povo. Esse requisito não signi�ca, no</p><p>entanto, que todos os Estados-nação sejam democráticos. De fato, muitos</p><p>governantes autoritários têm se apresentado – tanto para o mundo externo dos</p><p>Estados, quanto internamente para as pessoas do seu governo – como governando</p><p>em nome de uma nação soberana.</p><p>Embora a França, após a Revolução Francesa (1787 - 99), seja frequentemente citada</p><p>como o primeiro estado-nação, alguns estudiosos consideram o estabelecimento da</p><p>Comunidade Britânica em 1649 como o primeiro exemplo de criação do estado-</p><p>nação. Desde o �nal do século XVIII, o estado-nação gradualmente se tornou o</p><p>veículo dominante de governo sobre territórios geográ�cos, substituindo políticas</p><p>que eram governadas por outros princípios de legitimidade.</p><p>Expansão comercial e</p><p>sistema colonial</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>A expansão global da Europa Ocidental entre as décadas de 1760 e 1870 diferiu em</p><p>vários aspectos importantes do expansionismo e colonialismo dos séculos</p><p>anteriores. Junto com a ascensão da revolução industrial, que os historiadores</p><p>econômicos geralmente atribuem a década de 1760, e a expansão contínua da</p><p>industrialização nos países construtores de impérios, ocorreu uma mudança na</p><p>estratégia de comércio com o mundo colonial. Ao invés de serem principalmente</p><p>compradores de produtos coloniais (e frequentemente sob pressão para oferecer</p><p>bens vendáveis su�cientes para equilibrar a troca), como no passado, as nações em</p><p>industrialização tornaram-se cada vez mais ofertantes em busca de mercados para o</p><p>volume crescente de seus bens produzidos por máquinas. Além disso, ao longo dos</p><p>anos, ocorreu uma mudança decisiva na composição da demanda por bens</p><p>produzidos nas áreas coloniais. Especiarias, açúcar e escravos tornaram-se</p><p>relativamente menos importantes com o avanço da industrialização, concomitante</p><p>com uma demanda crescente por matérias-primas para indústria (por exemplo,</p><p>algodão, lã, óleos vegetais, corantes) e alimentos para as áreas industriais cada vez</p><p>maiores (trigo, chá, café, cacau, carne, manteiga).</p><p>Essa mudança nos padrões de comércio acarretou a longo prazo mudanças na</p><p>política e prática colonial, bem como na natureza das aquisições coloniais. A</p><p>urgência de criar mercados e a pressão incessante por novos materiais e alimentos</p><p>acabaram se re�etindo nas práticas coloniais, que buscavam adaptar as áreas</p><p>coloniais às novas propriedades das nações em industrialização.</p><p>Essa adaptação envolveu grandes interrupções nos sistemas sociais existentes em</p><p>amplas áreas do globo. Antes do impacto da revolução industrial, as atividades</p><p>europeias no resto do mundo estavam em grande parte limitadas à ocupação de</p><p>áreas que forneciam metais preciosos, escravos e produtos tropicais,</p><p>estabelecimento de colônias de colonos brancos ao longo da Costa da América do</p><p>Norte; e estabelecimento de feitorias e fortes e, por meio da força militar, conseguir</p><p>a transferência para os mercadores europeus de tanto comércio mundial quanto</p><p>possível.</p><p>Por mais perturbadoras que essas mudanças possam ter sido para a sociedades da</p><p>África e América do Sul, os sistemas sociais, na maior parte da terra, fora da Europa,</p><p>permaneceram praticamente os mesmos por séculos (em alguns lugares por</p><p>milênios). Essas sociedades, com suas pequenas comunidades amplamente</p><p>autossu�cientes, baseadas na agricultura de subsistência e na indústria doméstica,</p><p>forneciam pouco mercado para os bens produzidos em massa que �uíam</p><p>das</p><p>fábricas dos países em desenvolvimento tecnológico.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Numa primeira aproximação, o sistema colonial apresenta-se como o</p><p>conjunto das relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias,</p><p>num dado período da história da colonização: na época moderna, entre</p><p>o Renascimento e a Revolução Francesa; parece-nos conveniente</p><p>chamar essas relações, seguindo a tradição de vários historiadores, de</p><p>antigo sistema colonial da era mercantilista.</p><p>Para saber mais acesse: NOVAIS, F. A. Estrutura e dinâmica do Antigo</p><p>Sistema Colonial (séculos XVI - XVIII). 7. ed. - São Paulo: Brasiliense,</p><p>2007.</p><p>ACESSAR</p><p>https://www.eco.unicamp.br/images/publicacoes/Livros/30anos/Estruturaedinamicadoantigosistemacolonial.pdf</p><p>As revoluções burguesas e</p><p>a crise do regime</p><p>absolutista</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Durante o séc. XVIII, as ideias iluministas de liberalismo político e econômico se</p><p>propagaram pela Europa, colocando em xeque os princípios absolutistas. Como</p><p>vimos anteriormente, o crescimento do poder econômico da burguesia se</p><p>contrastava com a falta de in�uência política, tendo em vista que o poder da realeza</p><p>no absolutismo estava teoricamente ligado a uma origem divina. O �lósofo francês</p><p>Voltaire era um dos que questionava esse poder “divino”, que supostamente possuía</p><p>a realeza e, com isso, questionava os poderes absolutos dos monarcas e do clero.</p><p>Querendo ampliar os mercados para os seus produtos, os interesses da burguesia</p><p>chocavam-se diretamente com o monopólio comercial comum a todos os regimes</p><p>absolutistas. O mercantilismo tornou-se um empecilho para o crescimento das</p><p>atividades comerciais e consequentemente das nações. Um dos grandes</p><p>in�uenciadores dos movimentos de revolta foi Montesquieu que, em sua obra</p><p>Espírito das Leis, defendia a independência dos poderes Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário e foi, pela primeira vez, implementado pelos Estados Unidos na sua</p><p>independência.</p><p>As crises econômicas atravessadas pela França durante o séc. XVIII causaram o</p><p>aumento de impostos para a população e serviu para aumentar o</p><p>descontentamento e medo. A burguesia se aproveitou dessa insatisfação para impor</p><p>o seu modelo. Desta forma, o regime absolutista baseado no mercantilismo foi</p><p>entrando em crise até que no �m do séc. XVIII acabou dando lugar ao liberalismo</p><p>político e econômico.</p><p>Pode-se dizer que as revoluções burguesas estabeleceram o domínio econômico e</p><p>político da burguesia e tiveram maior importância ao abalar as estruturas do</p><p>sistema imperialista mundial, do que efetivamente abrir o caminho para o</p><p>capitalismo.</p><p>A Revolução Industrial</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>A primeira imagem que temos da revolução industrial – a das fábricas - se refere às</p><p>novas técnicas de produção introduzidas em alguns ramos da manufatura britânica</p><p>na segunda metade do século XVIII. Em síntese, pode-se dizer que foram duas as</p><p>mudanças fundamentais: a introdução da máquina e a substituição da energia</p><p>humana (ou animal) por outras formas de energia (energia hidráulica e a vapor). Em</p><p>termos conceituais, trata-se do estabelecimento da grande indústria como a forma</p><p>típica de produção do capitalismo, em que a máquina assume posição central.</p><p>Portanto, na perspectiva da transformação da esfera de produção, o aspecto</p><p>tecnológico da Revolução Industrial é fundamental para entender o que é peculiar à</p><p>de�nição da máquina. Vamos partir da concepção do artesanato e observar seu</p><p>contraste com a produção fabril. Um artesão – seja na época das corporações de</p><p>ofício medievais, seja nos dias de hoje – tem como característica fundamental</p><p>realizar seu trabalho empunhando as ferramentas e dando forma à matéria-prima,</p><p>sendo que o resultado da produção depende de sua habilidade no manuseio dessas</p><p>ferramentas e também de sua energia (que de�ne a força e a velocidade com que</p><p>realiza as operações). No limite, pode-se dizer que cada produto do artesão é uma</p><p>obra única, pois depende de características subjetivas que não se repetem em todo</p><p>momento, nem pelas mãos do próprio artesão, nem de outro artesão. O produto</p><p>artesanal é, portanto, o resultado da combinação da habilidade e da energia do</p><p>artesão com as ferramentas especí�cas do seu ofício.</p><p>A imagem física de algumas máquinas nos ajuda a entender seu signi�cado: trata-</p><p>se de transferir as ferramentas das mãos do artesão para um mecanismo que</p><p>procura reproduzir seus movimentos de forma automática e padronizada. Essa é a</p><p>noção essencial da máquina. Esse mecanismo pode, em alguns casos, ser movido</p><p>pela energia humana, embora, com a Revolução Industrial, seja mais típico o uso de</p><p>energia não humana e não animal. Uma máquina de costura doméstica nos serve</p><p>de exemplo: a agulha, antes empunhada pela costureira, foi transferida para um</p><p>mecanismo; este procura reproduzir o movimento de uma mão da costureira, ao</p><p>mesmo tempo em que outra parte da máquina segura o pano que está sendo</p><p>costurado (fazendo o papel da outra mão da costureira).</p><p>REFLITA</p><p>O que é a máquina e qual a posição do trabalhador em relação a</p><p>máquina?</p><p>Antes, o trabalho dependia da habilidade e da energia da costureira (a regularidade</p><p>do ponto, o volume de costura realizado); e agora, a costureira apenas coloca o pano</p><p>na máquina de costura e aciona a sua fonte de energia. O funcionamento</p><p>automático da máquina garante a regularidade da costura e o volume de produção</p><p>(pontos sempre com as mesmas características, velocidade de�nida pelo motor</p><p>acoplado à máquina).</p><p>Percebe-se, assim, que a posição do trabalhador no processo de trabalho mudou</p><p>radicalmente. Antes, a qualidade do produto e o volume de produção dependiam</p><p>fundamentalmente do trabalhador: de sua habilidade (em geral, fruto de um longo</p><p>aprendizado), de sua força e de seu empenho. Ou seja, o trabalhador estava no</p><p>centro do processo produtivo (SAES, 2013). Agora, o trabalhador apenas aciona a</p><p>máquina e a supre de matéria-prima. Mais do que isso: nas máquinas propriamente</p><p>industriais (muito mais do que numa máquina de costura doméstica em que o</p><p>resultado ainda depende de alguma ação da costureira), o próprio ritmo de trabalho</p><p>é imposto pela máquina ou pelo motor (acionado pela fonte de energia). Em muitas</p><p>delas, se o trabalhador não respeitar o ritmo da máquina ele poderá ser punido na</p><p>forma de um acidente de trabalho. Por exemplo: o trabalhador que coloca a matéria-</p><p>prima para ser moldado em uma prensa deve seguir o ritmo da máquina, caso</p><p>contrário sua mão poderá ser atingida pela prensa. Nesse sentido, Marx dizia que</p><p>com a máquina se atinge o estágio da subordinação real do trabalho ao capital.</p><p>O surgimento dos países</p><p>comunistas</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Para darmos início à presente seção, que busca analisar o surgimento dos países</p><p>comunistas, é importante que você, aluno(a), compreenda o signi�cado e origem do</p><p>termo comunismo. Comunismo é uma doutrina política e econômica que visa</p><p>substituir a propriedade privada, em uma economia baseada no lucro, pela</p><p>propriedade pública e controle comum de, pelo menos, os principais meios de</p><p>produção e os recursos naturais de uma sociedade. Portanto, a história do</p><p>comunismo envolve ampla variedade de ideologias e movimentos políticos que</p><p>compartilham valores teóricos centrais da propriedade comum da riqueza da</p><p>empresa econômica e da propriedade (CAMERON; PONS, 2014).</p><p>A maioria das formas modernas de comunismo são fundamentadas pelo menos</p><p>nominalmente no marxismo, uma teoria e método concebidos por Karl Marx</p><p>durante o século XIX. O marxismo posteriormente ganhou um amplo apoio em</p><p>grande parte da Europa e ao longo do �nal de 1800 seus militantes apoiadores</p><p>foram fundamentais em uma série de revoluções fracassadas naquele continente.</p><p>Durante a mesma época, houve também uma proliferação de partidos comunistas</p><p>que rejeitaram a revolução armada, mas abraçaram o ideal marxista de propriedade</p><p>coletiva e uma sociedade sem classes.</p><p>Segundo Groppo (2008), a história do comunismo como movimento revolucionário</p><p>em escala mundial está estreitamente ligada à história da Rússia e, em seguida,</p><p>à da</p><p>União Soviética; e o sistema soviético, na con�guração de�nitiva que lhe foi</p><p>impressa pelo stalinismo, foi ao longo de muitas décadas o modelo de referência</p><p>para o conjunto do mundo comunista.</p><p>A tomada de poder na Rússia em 1917 por parte dos bolcheviques (ala radical da</p><p>social-democracia russa), �cou conhecida como Revolução de Outubro, e é</p><p>considerado o evento fundador do comunismo do século XX. Tal movimento</p><p>revolucionário como sistema de poder, teria se expandido primeiramente na Rússia,</p><p>e, em seguida, após a Segunda Guerra Mundial, na Europa oriental, na China e em</p><p>alguns países asiáticos, bem como em Cuba (GROPPO, 2008).</p><p>CONECTE-SE</p><p>A Revolução de Outubro foi vista como o anúncio de um mundo novo e</p><p>de uma nova era, que deveria ter sido a da igualdade, da justiça, do �m</p><p>da exploração. Na Rússia e na União Soviética, o 7 de novembro tornou-</p><p>se a principal data do novo calendário político, e como tal era</p><p>comemorada solenemente todos os anos, até o desaparecimento da</p><p>União Soviética.</p><p>Saiba mais sobre a Revolução de Outubro acessando o link:</p><p>Fonte: Groppo (2008).</p><p>ACESSAR</p><p>https://www.scielo.br/pdf/ln/n75/07.pdf</p><p>A trajetória do socialismo e</p><p>o �m da URSS</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Os movimentos socialistas tiveram origem nos ideais da Revolução Francesa, mas foi</p><p>com as transformações ocorridas durante o séc. XIX com a Revolução Industrial que</p><p>as suas ideias se difundiram e popularizaram. Nesse período a burguesia, dona dos</p><p>meios de produção, e o proletariado, responsável pela força de trabalho, já</p><p>começavam a ter os primeiros atritos. A classe operária recém surgida enfrentava</p><p>problemas como baixos salários, insalubridade e jornadas de trabalho</p><p>extremamente extenuantes.</p><p>Vários pensadores como Robert Owen, Charles Fourier, Henri de Saint Simon entre</p><p>outros ajudaram a criar os primeiros princípios do socialismo e acreditavam que a</p><p>transição se daria de forma lenta e pací�ca. Mas foi em 1848, quando Karl Marx e</p><p>Friedrich Engels se distanciaram desta ideia de transformação pací�ca e passaram a</p><p>defender a luta de classes como única força capaz de realizar transformações,</p><p>lançando O Capital, que o movimento ganhou força. Poucos dias após escreverem o</p><p>livro eclodiram por toda Europa ocidental as Revoluções de 1848 ou a Primavera dos</p><p>Povos.</p><p>A reação contra esta Revolução foi forte, mas não forte o su�ciente para deter o</p><p>aparecimento de partidos socialistas por todo o mundo. Foi, no entanto, em 1917,</p><p>depois da Revolução Russa, que o país passou a adotar integralmente o sistema</p><p>socialista como sistema de governo. Após a Primeira Guerra outros países, como a</p><p>Inglaterra, também tiveram o primeiro governo formado pelo Partido Trabalhista em</p><p>1924, mas sem necessariamente adotar um regime socialista para o país.</p><p>Após a grande depressão de 1929 os socialistas acreditavam que seria a</p><p>oportunidade perfeita para demonstrarem a falência do sistema capitalista, no</p><p>entanto a Crise não foi capaz de gerar nenhuma revolução. Outros países como</p><p>Cuba e China também adotaram o regime socialista durante o século XX, mas todos</p><p>eles acabaram enveredando por caminhos de autoritarismo e violência que se</p><p>distanciavam das ideias originais de Marx e Engels.</p><p>O �m da União Soviética marca também o �m desses regimes e a diminuição de</p><p>sua importância no cenário mundial com o �m da Guerra Fria. O líder soviético</p><p>Mikhail Gorbachev esteve por trás dessas transformações. A primeira medida de</p><p>impacto foi o Glasnost, que encerrava parte da repressão por parte do estado e</p><p>devolvia à população russa parte de suas liberdades, passava a permitir que outros</p><p>partidos e não só o Partido Comunista pudessem participar de eleições. A segunda</p><p>medida e talvez a mais importante foi a Perestroika, que visava tirar do Estado o</p><p>controle sobre os meios de produção e devolvê-la à iniciativa privada. Gorbachev</p><p>acreditava que isso era fundamental para inovação, no entanto esse processo</p><p>aconteceu de forma desordenada levando ao desabastecimento e racionamento de</p><p>itens básicos, o que gerou revolta na população.</p><p>Ao mesmo tempo, várias repúblicas soviéticas iam declarando sua independência</p><p>de Moscou na mesma época. Em 1989 ocorre a queda do muro de Berlim, símbolo</p><p>maior da Guerra Fria entre Americanos (capitalistas) e Soviéticos (socialistas), e a</p><p>união das Alemanhas Ocidental (capitalista) e Oriental (socialista). Com todos esses</p><p>acontecimentos, em 1991 Gorbachev, que já havia sido detido poucos dias antes por</p><p>uma junta militar, decide renunciar em 25 de Dezembro. Esse foi o último dia em</p><p>que tremulou a bandeira da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas no Kremlin.</p><p>Marcando assim o �m da Guerra Fria e do regime socialista.</p><p>Principais crises</p><p>econômicas mundiais</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Caro(a) aluno(a), você ainda deve se lembrar do colapso do mercado imobiliário dos</p><p>Estados Unidos, em 2006, e da crise �nanceira que se seguiu, que devastou os EUA e</p><p>o mundo. As crises �nanceiras são, infelizmente, bastante comuns na história e</p><p>frequentemente causam graves impactos econômicos nas economias afetadas. A</p><p>seguir você encontrará uma breve descrição de duas crises econômicas mundiais</p><p>que abalaram o mundo até os anos 30.</p><p>Primeiramente abordaremos a crise de crédito ocorrida em 1772. Tal crise teve</p><p>origem em Londres e espalhou-se rapidamente pelo resto da Europa. Em meados</p><p>da década de 1760, o Império Britânico acumulou uma enorme riqueza por meio de</p><p>suas possessões coloniais e do comércio. Isso criou um ambiente de otimismo</p><p>exagerado, e um período de rápida expansão de crédito em muitos bancos</p><p>britânicos. Tal situação chegou ao �m abruptamente, na década de 1770, quando</p><p>Alexander Fordyce – um dos sócios da casa bancária britânica – fugiu para a França</p><p>para escapar do pagamento de suas dívidas.</p><p>A notícia se espalhou rapidamente e desencadeou um pânico bancário na</p><p>Inglaterra, à medida que os credores começaram a formar longas �las na frente dos</p><p>bancos britânicos para exigir saques instantâneos de dinheiro. A crise que se seguiu,</p><p>rapidamente se espalhou para a Escócia, a Holanda, outras partes da Europa e as</p><p>colônias britânicas americanas.</p><p>Outra crise econômica de grande impacto para a economia mundial, foi a crise dos</p><p>anos 30, conhecida como Grande Depressão, que foi considerada o pior desastre</p><p>�nanceiro e econômico do século XX. Muitos acreditam que a Grande Depressão foi</p><p>desencadeada pelo crash de Wall Street, em 1929 e mais tarde intensi�cada pelas</p><p>más decisões políticas do governo dos EUA. A Depressão durou quase 10 anos e</p><p>resultou em perda massiva de renda, taxas de desemprego recorde e perda de</p><p>produção, especialmente nas nações industrializadas. Nos Estados Unidos, a taxa de</p><p>desemprego atingiu quase 25% no pico da crise, em 1933.</p><p>Caro(a) aluno(a), a Unidade II apresentou o processo de superação do chamado</p><p>Antigo Regime, em que pudemos observar que tal sistema social e político</p><p>estabelecido inicialmente na França, sofreu grande impacto a partir das revoluções</p><p>burguesas. Em seguida vimos como se deu o processo de mudança política e a</p><p>formação dos Estados-nacionais, que levou a divergências entre reis e imperadores,</p><p>nos séculos XVI e XVII, e no século XIX, entre igreja e nação, inclusive senhores feudais</p><p>e o Estado.</p><p>Na seção seguinte, pudemos analisar as mudanças nos padrões de comércio, com a</p><p>expansão comercial e o sistema colonial. As revoluções burguesas e o Regime</p><p>Absolutista, que sofreu forte crise em razão da ascensão dos ideais iluministas,</p><p>principalmente com o liberalismo econômico, também foram discutidos ao longo da</p><p>unidade. Em seguida abordamos aspectos importantes da Revolução Industrial, que</p><p>apresentou como as relações homem x máquina foram sendo moldadas à luz dos</p><p>avanços tecnológicos.</p><p>Por �m, abordamos o surgimento do comunismo, ideologia política considerada por</p><p>alguns teóricos como a etapa �nal do socialismo, que consiste em um grupo amplo</p><p>de �loso�as econômicas ligadas a movimentos políticos e intelectuais, bem como a</p><p>trabalhos relacionados com a Revolução Industrial e</p><p>da Revolução Francesa. Em</p><p>seguida foi apresentada a trajetória do socialismo e o �m da URSS, até abordarmos as</p><p>crises econômicas dos anos de 1772 e de 1930, que tiveram grandes impactos na</p><p>economia mundial.</p><p>Leitura complementar</p><p>Da Década de 1920 à de 1930: Transição Rumo à Crise e à Industrialização no</p><p>Brasil</p><p>Conclusão - Unidade 2</p><p>Resumo</p><p>O artigo discute a transição econômica e social pela qual passa o Brasil na década de</p><p>1920, quando prevalecia o modelo primário exportador em direção a novo padrão de</p><p>acumulação, com a industrialização e a urbanização, iniciado após a “Crise de 1929” e</p><p>da Revolução de 1930. A análise das principais transformações econômicas e sociais é</p><p>acompanhada por um tópico que trata da importante – e controversa – questão</p><p>teórica de Base e Superestrutura, expondo algumas das limitações deste enfoque</p><p>teórico. Palavras-chave: 1920’s, Industrialização, Urbanização, Base e Superestrutura,</p><p>Brasil, São Paulo.</p><p>CANO, W. Da década de 1920 à de 1930: Transição Rumo à Crise e à</p><p>Industrialização no Brasil. Artigo da Sessão Especial “80 anos da</p><p>Revolução de 1930: seu signi�cado para a Economia brasileira. 38º</p><p>Encontro Anual da ANPEC, 2012.</p><p>ACESSAR</p><p>Livro</p><p>https://anpec.org.br/revista/vol13/vol13n3bp897_916.pdf</p><p>Filme</p><p>Acesse o link</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=HAPilyrEzC4</p><p>Unidade 3</p><p>Impactos Econômicos</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Introdução</p><p>Olá, caro(a) aluno(a)! Continuamos nossa jornada de estudos sobre História</p><p>Econômica Geral. Nesta terceira unidade iniciaremos trazendo aspectos importantes</p><p>de serem destacados acerca do período de tensão geopolítica entre Estados Unidos</p><p>e União Soviética, conhecido como Guerra Fria, que teve início após a Segunda</p><p>Guerra Mundial, tendo durado até 1991. Cabe destacar aqui que o lado comunista do</p><p>mundo teria emergido dos escombros da Segunda Guerra Mundial, e terminaria em</p><p>1989 com a queda do muro de Berlim e em seguida com a dissolução da União</p><p>Soviética.</p><p>Em seguida falaremos sobre a economia mundial no Pós-Guerra, período de</p><p>prosperidade conhecido como Era de Ouro do capitalismo, que ocorreu em meados</p><p>do século XX principalmente em países ocidentais. A crise do capitalismo nas</p><p>décadas de 70 e 80 será abordada em seguida, com destaque para a</p><p>desregulamentação do sistema monetário internacional e dois choques do petróleo,</p><p>que contribuíram com a crise econômica que freou o crescimento econômico dos</p><p>países industrializados. Partiremos, então, para um debate acerca da decadência</p><p>dos países comunistas, em que poderemos analisar um cronograma dos principais</p><p>fatos e acontecimentos que acompanharam os 100 anos de comunismo no mundo.</p><p>Por �m, abordaremos a onda do neoliberalismo entre as nações no �nal do século</p><p>XX. Considerado como uma nova fase do capitalismo, o neoliberalismo ressurge com</p><p>os antigos ideais do liberalismo clássico, defendendo a mínima intervenção do</p><p>estado na economia. E, assim, chegamos ao encerramento da unidade,</p><p>apresentando alternativas ao capitalismo e aspectos da globalização mundial.</p><p>Plano de Estudo</p><p>O período da Guerra Fria.</p><p>Economia Mundial no Pós-Guerra.</p><p>A crise do capitalismo nas décadas</p><p>de 70 e 80.</p><p>A decadência dos países comunistas.</p><p>A onda do neoliberalismo econômico</p><p>entre as nações no �nal do século XX.</p><p>Alternativas ao capitalismo, a</p><p>globalização e o governo mundial de</p><p>fato.</p><p>Objetivos de Aprendizagem</p><p>Conceituar e contextualizar o período</p><p>da Guerra Fria.</p><p>Compreender aspectos relacionados à</p><p>economia mundial no Pós-guerra.</p><p>Analisar como se deu a decadência dos</p><p>países comunistas.</p><p>Abordar aspectos da onda neoliberal</p><p>do �nal do século XX e as alternativas</p><p>ao capitalismo.</p><p>O período da Guerra Fria</p><p>AUTORIA</p><p>Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>Caro(a) aluno(a), você já deve ter estudado algo sobre a Guerra Fria ao longo de sua</p><p>vida acadêmica. Nesta unidade, começaremos inicialmente relembrando um pouco</p><p>sobre esse importante confronto político, econômico e militar entre o capitalismo e</p><p>o comunismo que durou de 1945 a 1991, dando ênfase principalmente aos seus</p><p>impactos econômicos. Primeiramente, vale lembrar que os países envolvidos foram</p><p>os Estados Unidos da América e a maioria das nações localizadas na Europa</p><p>Ocidental, contra a União Soviética, China e seus aliados.</p><p>Segundo Saes e Saes (2013), ao �nal da segunda guerra mundial, a Europa</p><p>apresentava sinais de declínio econômico e o Japão sofria com os efeitos da derrota,</p><p>sendo assim, a nova ordem mundial se estruturou em um sistema bipolar: de um</p><p>lado Estados Unidos, bene�ciário da segunda guerra; de outro, União Soviética.</p><p>Foi após a Segunda Guerra Mundial que a União Soviética estabeleceu regimes pró-</p><p>comunistas em seis países fronteiriços da Europa Oriental (Albânia, Bulgária,</p><p>Checoslováquia, Hungria, Polônia e Romênia). Países que foram usados como uma</p><p>proteção contra os aliados americanos da França, Alemanha Ocidental, Itália e</p><p>Grécia, que se tornarem seus inimigos não combatentes. Pode-se dizer que a Guerra</p><p>Fria dividiu a Europa em países de mercado livre e países comunistas.</p><p>A China tornou-se comunista em 1949, tendo apoiado a Coreia do Norte, que invadiu</p><p>a Coreia do Sul, aliada dos EUA, em 1950, desencadeando a guerra da Coreia. Mais</p><p>tarde, a Guerra do Vietnã também foi travada pelas forças dos EUA para conter o</p><p>comunismo, mas foi vencida em 1975 pelo comunista norte-vietnamita.</p><p>CONECTE-SE</p><p>O artigo intitulado A Guerra Fria Como “Sistema” Organizador das</p><p>Relações Internacionais,em vez de narrar a sequência dos principais</p><p>momentos da Guerra Fria, tenciona justamente examinar o signi�cado</p><p>do bipolarismo (URSS x EUA), buscando entender os seis traços</p><p>sistêmicos. O artigo reconstitui um modelo simpli�cador da realidade.</p><p>Para ler este artigo: FONSECA JUNIOR, G. O Sistema Internacional</p><p>durante a Guerra Fria. Revista USP, n. 26, 1995.</p><p>ACESSAR</p><p>http://revistageopolitica.com.br/index.php/revistageopolitica/article/download/91/90</p><p>A Guerra Fria teve suas raízes na Segunda Guerra Mundial. No �nal da guerra, em</p><p>1945, a Conferência de Potsdam dividiu a Alemanha e sua capital, Berlim, bem como</p><p>a Áustria e sua capital, Viena. As partes interessadas foram a União Soviética, os EUA,</p><p>o Reino Unido e a França. Durante a conferência o presidente Harry Truman</p><p>mencionou ao líder soviético Joseph Stalin que os EUA haviam testado com sucesso</p><p>uma bomba atômica. Sua ameaça implícita esfriou as relações entre os dois ex-</p><p>aliados da Segunda Guerra Mundial e deu início a décadas de animosidade e</p><p>espionagem da Guerra Fria entre os dois lados.</p><p>Mesmo 75 anos após seu início, os impactos da Guerra Fria ainda podem ser vistos</p><p>em todo o mundo. Muitos dos efeitos da Guerra Fria estão tão arraigados na</p><p>experiência americana que simplesmente os consideramos naturais. Aprendemos a</p><p>conviver com a ameaça de aniquilação nuclear e con�itos contínuos em pontos</p><p>críticos mundiais. Ao mesmo tempo, nos bene�ciamos das inovações tecnológicas</p><p>desencadeadas pela NASA e outros avanços da época.</p><p>Segundo Amadeo (2020), entre as instituições e infraestrutura que formam o legado</p><p>da Guerra Fria estão a NASA, o comércio expandido com a China, ameaças nucleares</p><p>onipresentes, organizações de ajuda multilateral como o Banco Mundial e o Fundo</p><p>Monetário Internacional (FMI) e o extenso sistema de rodovias interestaduais dos</p><p>EUA. Falaremos a seguir sobre alguns desses aspectos.</p><p>A Corrida Espacial começou em 1957, quando a União Soviética lançou o Sputnik I, o</p><p>primeiro satélite espacial do mundo, que alimentou a competição com a NASA dos</p><p>EUA, criada em 1958 para avançar na liderança dos EUA em foguetes, satélites e</p><p>exploração espacial. Nesse mesmo ano, os americanos lançaram o satélite Explorer I.</p><p>A NASA fez mais do que pousar um homem na lua. Em 2020, por exemplo, �nanciou</p><p>23 conceitos de pesquisa com US $7 milhões para novas tecnologias espaciais.</p><p>Quanto à expansão do comércio com a China, Amadeo (2020) cita que a Guerra Fria</p><p>começou a perder força em 1969, com a Doutrina Nixon. Os EUA não enviaram mais</p><p>suas tropas para a Ásia, exceto para ameaças nucleares. A Doutrina permitiu</p>