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<p>ASPECTOS BÁSICOS DA HISTÓRIA E</p><p>CULTURA DOS VIKINGS</p><p>Prof. Dr. Johnni Langer</p><p>(UNC, SC/UNICS, PR)</p><p>johnnilanger@yahoo.com.br</p><p>mailto:johnnilanger@yahoo.com.br</p><p>Conversão para EPUB:</p><p>EREMITA</p><p>Conforme a nova ortografia</p><p>da língua portuguesa</p><p>Este arquivo pode ser livremente distribuído, desde que citada a fonte</p><p>da editoração eletrônica.</p><p>Sumário</p><p>CAPA</p><p>Folha de Rosto</p><p>Créditos</p><p>1. A origem e o contexto histórico dos Vikings:</p><p>2. As classes sociais</p><p>3. Regras sociais, família, educação</p><p>4. As embarcações e a tecnologia náutica</p><p>5. O guerreiro e seu equipamento</p><p>6. Técnicas de batalha</p><p>7. Os mitos</p><p>8. Runas e símbolos</p><p>9. Os funerais e enterros</p><p>10.Os Poetas da Era Viking.</p><p>11. As novas concepções sobre os Vikings</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>1. A origem e o contexto histórico dos</p><p>Vikings:</p><p>Os Vikings constituem os mais famosos guerreiros da Idade Média. Seu nome</p><p>está associado a povos implacáveis e temíveis, sedentos por sangue e batalhas.</p><p>Mas na realidade, os nórdicos medievais foram muito mais do que apenas piratas</p><p>e saqueadores. Formaram uma civilização sofisticada e complexa, que interferiu</p><p>com o rumo da História europeia e deixou marcas profundas no Ocidente.</p><p>Qual a origem desses guerreiros? A palavra Viking provém do nórdico antigo</p><p>víkingr, e era utilizado para designar os piratas, aventureiros e mercenários que</p><p>navegavam para outras regiões. Nenhum escandinavo chamava a si próprio de</p><p>Viking. A partir do século XVIII, o termo passou a ser sinônimo para todos os</p><p>habitantes da Escandinávia medieval e hoje é utilizado pela maioria dos</p><p>acadêmicos. Cronologicamente, os nórdicos que recebem essa alcunha viveram</p><p>entre 793 a 1066 d.C, a divisão clássica da Era Viking.</p><p>Os escandinavos pertencem aos chamados povos germânicos, uma</p><p>classificação que leva em conta a linguagem e certos aspectos culturais básicos,</p><p>como a mitologia. E os germanos fazem parte de uma grande leva migratória</p><p>denominada de Indo-europeus (do qual fazem parte também os celtas, eslavos e</p><p>gregos).</p><p>O início do povoamento indo-europeu na Escandinávia se deu entre 8.000 a.C.</p><p>Os primitivos ocupantes a partir de 4.000 eram povos nômades, agricultores e</p><p>criadores de gado. A primeira grande revolução social se deu somente com a</p><p>introdução do ferro na Escandinávia, em meados do primeiro milênio antes de</p><p>Cristo. Antes do advento da Era Viking, houve um período conhecido como</p><p>Vendel (séc. VII-VIII d.C.), que já atestava a existência de ricos túmulos de reis e</p><p>guerreiros, poderosas dinastias e imensas fortificações como Danervike.</p><p>A Era Viking tradicionalmente começa com o célebre ataque ao mosteiro de</p><p>Lindisfarne, Inglaterra, em 793 d.C. A maioria das incursões dos escandinavos</p><p>nesse período era totalmente predatória, atos isolados de pirataria nas costas</p><p>europeias. Qual a causa desses ataques? Porque os escandinavos a partir desse</p><p>momento saíram de seu isolamento? Os especialistas pensam em algumas</p><p>hipóteses, indo desde a superpopulação (e falta de alimento ou subsistência),</p><p>divergências legais internas, diferenças sociais e condições mercantis. Também</p><p>temos que levar em conta que a tecnologia náutica dos povos nórdicos, durante</p><p>esse período, estava em seu auge, permitindo tanto as incursões quanto ao</p><p>processo de colonização em localidades distantes. Muitos líderes escandinavos</p><p>foram expulsos de suas comunidades. Disputas internas pelo poder, cada vez</p><p>mais centralizado (e que ocasionou a formação de impérios unificados no final</p><p>da Era Viking), ocasionaram graves conflitos armados, sugerindo outra</p><p>possibilidade para explicar a expansão Viking pelo mundo ocidental.</p><p>Atualmente, o comércio é apontado como um fator primordial da expansão dos</p><p>nórdicos pelo mundo, somado às possibilidades de bons furtos e fornecimento de</p><p>provisões, todas possibilidades decorrentes de rotas específicas de navegação</p><p>abertas pelos primeiros piratas Vikings.</p><p>A Escandinávia do período era constituída por três reinos, ainda sem estrutura</p><p>centralizada. O da Dinamarca é o mais conhecido atualmente. Em 800 d.C., os</p><p>Danis criaram um reinado que inclui a moderna Dinamarca, parte da Alemanha e</p><p>as províncias de Skåne e Halland. A maior preocupação dos Danis era se</p><p>protegerem do expansionismo dos Francos. No início da Era Viking, constituía-</p><p>se politicamente no mais avançados dos povos escandinavos. Mas durante o séc.</p><p>IX, esse reino foi sucessivamente dividido e entrou em colapso. A Noruega era</p><p>fragmentada em pequenos reinos com identidade regionalizada. Na Suécia</p><p>viviam os Svíar e na região báltica os Götar. Entre 890, o rei Svíar possuía um</p><p>reino que se estendia da ilha de Gotland até o centro da Suécia.</p><p>A História dos povos nórdicos é dividida em duas Eras separadas. A primeira</p><p>Era Viking (séc. IX-X) teve início com os saques e incursões hostis, mas</p><p>também povoações foram criadas nas ilhas britânicas e Irlanda. O auge desse</p><p>período foram a colonização da Islândia (860), as primeiras incursões no</p><p>Mediterrâneo (859) e o estabelecimento do principado de Kiev (860). A Segunda</p><p>Era Viking (séc. X-XI) foi inicialmente marcada pelo fortalecimento das</p><p>dinastias permanentes e poderosas na Escandinávia e a lenta aceitação do</p><p>cristianismo. O rei Cnut conquista a Inglaterra e consolida um império efêmero</p><p>em todo o mar norte (incluindo também a Dinamarca, Noruega e Suécia). No</p><p>Oeste, houve a colonização do Atlântico Norte, com colônias na Groenlândia e</p><p>Canadá. O fim do período Viking em todo o mundo Ocidental coincide com a</p><p>passagem do paganismo para o cristianismo. Um escandinavo deixava de ser</p><p>Viking quando tornava-se cristão. A conversão definitiva da Islândia (1000) e a</p><p>batalha de Hastings (1066), tornaram-se os marcos principais do desfecho da</p><p>mais empolgante fase da história nórdica.</p><p>2. As classes sociais</p><p>A sociedade Viking era muito estratificada. Dentro de cada região da</p><p>Escandinávia, havia uma estrita hierarquia com um chefe ou rei no comando e</p><p>uma aristocracia que servia de apoio ao seu poder. Abaixo, estavam os</p><p>fazendeiros, comerciantes e pescadores. No estrato mais inferior, os escravos.</p><p>Juridicamente, só existiam os homens livres e os não-livres (escravos), sendo</p><p>que os primeiros eram protegidos pela lei e podiam participar das Things</p><p>(assembleias). A estrutura social não era rígida, assim, um escravo poderia</p><p>adquirir liberdade, assim como um fazendeiro poderia se tornar um nobre.</p><p>O rei (konungr) era basicamente um chefe militar, religioso e administrador</p><p>que garante a paz no seu território. Seguindo a velha tradição germânica, o rei</p><p>era o primeiro entre seus iguais. No início da Era Viking, quando toda a</p><p>Escandinávia era dividida em muitos clãs, um chefe local tornou-se rei apenas</p><p>porque foi nomeado por outros chefes nas assembleias. Nos últimos momentos</p><p>da Era Viking, a monarquia se transforma em um instrumento mais poderoso,</p><p>unificador e centralizador, e a herança tornou-se regra, ao invés da nomeação.</p><p>Mas se o poder real era hereditário nesse momento, a sucessão de pai para filho</p><p>não era garantida. Assim, outro membro da família poderia disputar a sucessão,</p><p>originando violentos conflitos. Reis e rainhas eram enterrados com grande</p><p>ostentação. A fonte de toda essa riqueza, no início da Era Viking, era a posse das</p><p>terras, nos produtos e impostos pagos pelos trabalhadores. Com a crescente</p><p>complexidade da sociedade, as receitas reais começaram a ser adquiridas com</p><p>impostos mercantis e alfandegários. A cunhagem de moedas foi uma típica</p><p>atividade demonstradora de poder político e econômico, por parte da realeza</p><p>nórdica.</p><p>A classe dos nobres (jarls), formava a base da aristocracia, que também era</p><p>hereditária. Todas as propriedades, família e bens legais passavam</p><p>Hardcover, 2002.</p><p>RUNDKVIST, Martin. Barshalder 2: studies of late Iron Age Gotland.</p><p>Stockholm: University of Stockholm, 2003.</p><p>CAPA</p><p>Folha de Rosto</p><p>Créditos</p><p>1. A origem e o contexto histórico dos Vikings:</p><p>2. As classes sociais</p><p>3. Regras sociais, família, educação</p><p>4. As embarcações e a tecnologia náutica</p><p>5. O guerreiro e seu equipamento</p><p>6. Técnicas de batalha</p><p>7. Os mitos</p><p>8. Runas e símbolos</p><p>9. Os funerais e enterros</p><p>10.Os Poetas da Era Viking.</p><p>11. As novas concepções sobre os Vikings</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>para o filho</p><p>mais velho. Esta classe exercia uma influência muito grande nas assembleias</p><p>regionais. Eram os constituidores do principal suporte militar de uma</p><p>comunidade. Formavam a base dos chamados chefes locais (lendrmadr, na</p><p>Islândia eram chamados de godhar), que exerciam autoridade em nome do rei.</p><p>Em algumas regiões, como a Noruega, o poder dos jarls era tão grande que</p><p>dificultou a formação de um reino unificado. Os jarls exibiam sua condição</p><p>privilegiada através da qualidade superior de suas vestimentas, joias e armas. Os</p><p>homens usavam mantos finos de lã, presos aos ombros por sofisticados broches,</p><p>cobrindo túnicas muito belas. As espadas possuíam um fino acabamento nos</p><p>punhos. Suas damas ostentavam broches, colares e braceletes de prata e ouro. Os</p><p>vestidos (vadmal) eram tingidos por corantes caros, com motivos, plissadas e</p><p>bordados muitos sofisticados. O principal traje feminino era uma única túnica</p><p>fina, comprida ou curta.</p><p>A classe mais numerosa da Escandinávia Viking era a dos karls, todos os</p><p>nórdicos que não eram escravos e nem nobres. Podiam possuir e usar armas,</p><p>assistir e falar no Thing. A maioria dos karls eram granjeiros ou fazendeiros,</p><p>chamados de bóndis. Mas haviam também os pescadores, comerciantes,</p><p>construtores de navios, ferreiros, artífices, carpinteiros, etc. Os bóndi podiam</p><p>também ser muito ricos, devido à quantidade de terras, escravos e ao controle</p><p>total de suas propriedades, ao contrário do feudalismo reinante na Europa da</p><p>época. Outra forma de reafirmar seu prestígio eram as alianças com os jarls. A</p><p>classe dos karls servia como reserva de combatentes dos exércitos reais,</p><p>convocados em época de grandes conflitos ou invasões estrangeiras.</p><p>Os escravos tinham o nome de thrall e eram fundamentais para a economia.</p><p>Executavam os trabalhos menos valorizados e não possuíam mais direitos do que</p><p>um cavalo ou um cão, pois pela lei, eram propriedades. Seus donos tinham poder</p><p>de vida e morte sobre eles, e até o advento do cristianismo, matar um escravo</p><p>não era considerado crime, especialmente as mulheres (muitas das quais eram</p><p>oferecidas a sacrifícios religiosos). A escravidão podia ser uma pena imposta</p><p>para pessoas capturadas em outros países, punições para certos crimes,</p><p>pagamento de dívidas ou, simplesmente, pessoas nascidas em servidão, pois ela</p><p>também era hereditária. Alguns homens livres podiam ser convertidos em</p><p>escravos por dívidas, e após o saldo desta, voltavam a ser livres novamente.</p><p>Praticamente em todas as propriedades escandinavas existiam servos e escravos.</p><p>Os escravos podiam comprar sua liberdade, mediante cultivo de lotes de terra</p><p>concedidos por seus proprietários. Não existem indícios arqueológicos de</p><p>sepultamento de escravos. Possivelmente, após a sua morte, o corpo do escravo</p><p>era simplesmente desfeito sem qualquer cerimônia. Um dos grandes entrepostos</p><p>Vikings para vendas de escravos foi na região do Volga, e eles serviam como</p><p>mercadoria de troca para o comércio com o califado abássida de Bagdá. A</p><p>instituição da escravidão desapareceu da Escandinávia entre os séculos 12 e 14</p><p>de nossa Era.</p><p>3. Regras sociais, família, educação</p><p>A família era o núcleo social mais importante do mundo nórdico. Decisões</p><p>familiares muitas vezes eram mais importantes até do que as individuais.</p><p>Também ocorriam com frequência rivalidades entre famílias, algumas resolvidas</p><p>no Thing, outras em duelos combinados. Ou então, após o pagamento de uma</p><p>multa pela parte culpada (pago em público), ou o uso do ordálio (prova por meio</p><p>da dor física, onde o resultado é considerado de caráter sobrenatural). Todos os</p><p>escandinavos dependiam de sua família para obter alimentos, abrigo, companhia</p><p>e principalmente, proteção e vinganças.</p><p>A noção de família (fjolskylda) era diferente da moderna: numa mesma casa,</p><p>moravam os avós, pai, mãe, irmãos e primos do pai, crianças e os escravos.</p><p>Todas as pessoas de uma família comiam, dormiam, trabalhavam e cozinhavam</p><p>dentro das residências, em um único aposento sem divisões. O ambiente interior</p><p>das residências era muito escuro e insalubre. Somente os ricos viviam em casas</p><p>confortáveis.</p><p>Os filhos mantinham uma relação muito estreita com os pais, e mesmo após o</p><p>casamento continuavam a trabalhar na fazenda da família paterna. Os membros</p><p>de uma fjolskylda mantinham obrigações de suporte mútuo. Se a honra da</p><p>família era maculada, os membros deveriam defendê-la, mesmo em casos de</p><p>assassinato ou injúria contra um membro dela (no caso, a realização da vingança</p><p>de sangue). A família era responsável pelo suporte material de todos os</p><p>membros, principalmente aqueles que pela idade ou doença, não podiam</p><p>trabalhar.</p><p>Como em muitas culturas, as crianças Vikings brincavam com miniaturas que</p><p>imitavam a vida adulta, como espadas e armas de madeira, além de jogos de</p><p>tabuleiro e de bola. A educação formal era desconhecida. O pai tomava toda a</p><p>responsabilidade da educação, e alguns skalds (poetas) complementavam com</p><p>narrativas orais. Algumas crianças eram tratadas com muita severidade, outras</p><p>com mais tolerância. Desde muito cedo, as crianças colaboravam diretamente</p><p>nos trabalhos das fazendas, artesanato ou negócios. Inicialmente, meninos e</p><p>meninas são convocados para trabalhos simples. Posteriormente, com o avanço</p><p>da idade, são incumbidos de tarefas apropriadas para seu sexo, como exemplo,</p><p>fiação e tecelagem para as garotas e metalurgia para os garotos. Entre os 13 e 19</p><p>anos, ocorre a passagem para a vida adulta. Na aristocracia e realeza, garotos são</p><p>convocados para atuarem na política e guerra na metade da adolescência. Harald</p><p>Hardrada tinha somente 15 anos quando atuou na batalha de Stiklestad em 1030.</p><p>Nos tempos paganistas, o aborto e a exposição de recém-nascidos era</p><p>permitido (geralmente abandonados em bosques). O bebê deveria ser aceito pelo</p><p>pai para poder viver. Não conhecemos as concepções paganistas sobre a vida</p><p>após a morte para elas. Como também não existem vestígios de enterros em</p><p>cemitérios e nem estelas ou memoriais para crianças.</p><p>Após o casamento, a mulher não mantinha mais relações com sua família</p><p>natal. Ela tinha que cuidar das crianças pequenas, preparar e cozinhas o</p><p>alimento, limpar a casa e lavar a roupa. Era a mulher que cuidava dos feridos,</p><p>doentes e idosos. Quando o homem estava ausente, ela ficava encarregada da</p><p>autoridade doméstica – seu símbolo era um molho de chaves preso ao cinto.</p><p>Desde menina, a mulher aprendia a ser quieta e obediente. Geralmente eram os</p><p>pais que escolhiam o marido para as filhas, mas elas não eram obrigadas a casar.</p><p>Nem a idade ou a falta de virgindade eram empecilhos para o casamento. O</p><p>casamento (kostr) era organizado em duas etapas: o noivado e o matrimônio</p><p>(brullaup). A iniciativa partia do noivo ou de seu pai, que realizava a proposta</p><p>para o pai ou guardião da noiva. Se este último ficasse satisfeito, o pretendente</p><p>prometia pagar um preço pela noiva (mundr). Enquanto solteira, a mulher ficava</p><p>sob a guarda jurídica do pai ou irmão, e com o casamento, essa responsabilidade</p><p>passava para o marido. Os poderes do homem sobre a esposa eram grandes: ele</p><p>podia ter concubinas, matar a esposa adúltera e o amante e mandar matar um</p><p>bebê doente. Entretanto, as mulheres podiam pedir divórcio (entre os motivos,</p><p>por exemplo, a impotência), ter propriedades e bens legais. As viúvas podiam se</p><p>tornar poderosas com a herança do marido.</p><p>Não existem evidências da participação feminina em batalhas como guerreiras</p><p>(a exemplo do que ocorria com os Celtas), mas as mulheres nórdicas eram</p><p>integrantes de expedições colonizadoras e mesmo nas fazendas e</p><p>propriedades,</p><p>podiam participar na defesa armada em casos de ataques. Um caso célebre</p><p>envolvendo mulher em conflitos foi com a filha de Erik, o vermelho, chamada</p><p>de Freydis. No momento em que sua fazenda (situada na América do Norte)</p><p>estava sendo atacada pelos indígenas denominados de Skraelings, ela mesmo</p><p>estando grávida, desnuda seus seios e os ataca com seu machado. Os agressores,</p><p>aturdidos por uma cena tão insólita – combatidos furiosamente por uma mulher</p><p>com cabelos de fogo e grávida - acabaram fugindo do local.</p><p>4. As embarcações e a tecnologia náutica</p><p>Acima de tudo, os Vikings foram um povo construtor de navios e uma cultura</p><p>dedicada ao mar. A expansão de sua civilização e de suas conquistas se deve</p><p>diretamente ao seu conhecimento em tecnologia náutica, a mais sofisticada de</p><p>toda a Idade Média.</p><p>Existiam vários tipos de embarcações no mundo escandinavo. Uma palavra</p><p>muito comum hoje em dia – drakkar (dragões), na realidade, foi criada pelos</p><p>franceses e não tem origem nórdica. O barco simples (bote) era chamado de batr</p><p>e faering, e o navio propriamente de skip. Existiam vários tipos de navios, sendo</p><p>os mais comuns o langrskip (navio longo, chamado também de herskip),</p><p>utilizado para guerra, e o knorr, para fins comerciais. Ocorriam navios mistos,</p><p>como o karfi, utilizado para passeio, recreação ou exibições oficiais da realeza.</p><p>O tipo de embarcação mais numerosa nos tempos vikings eram os botes,</p><p>utilizados para pescaria, transporte de pessoas entre as cidades e o litoral e</p><p>comércio.</p><p>A construção das embarcações era uma verdadeira arte, transmitida de pai</p><p>para filho, sem nenhum desenho ou esboço como guia. A tradição oral e a</p><p>experiência era as mestras. O carpinteiro era chamado stenfsmior e era quem</p><p>escolhia as melhores árvores a serem utilizadas para a construção: para o casco,</p><p>madeira de carvalho; para o convés e mastro, o pinheiro. A construção do barco</p><p>começa pela roda de proa, a parte da frente. Ela é talhada em uma única peça de</p><p>madeira. Após sua colocação, monta-se uma peça idêntica na popa e entre as</p><p>duas, a quilha. Para controle da direção, utilizava-se um leme feito de madeira</p><p>maciça, preso por um cabo e fixado na popa.</p><p>Estaleiros foram instalados nos portos. Muitos navios eram construídos e</p><p>reformados ao mesmo tempo, de acordo com a demanda. Em Paviken (Suécia</p><p>Báltica), foi descoberto uma “doca seca” , onde as embarcações podiam atracar</p><p>enquanto se faziam as reparações. Em Fribrodre (Dinamarca), também foram</p><p>localizados fragmentos, que fizeram os especialista concluírem que a madeira</p><p>dos navios antigos era utilizada para reparar barcos novos.</p><p>Utilizavam-se tanto a única vela de lã como os remos para movimentar as</p><p>embarcações, as vezes, as duas ao mesmo tempo. A lã tinha origem animal e era</p><p>impermeável. Os ataques relâmpagos eram possíveis graças à enorme rapidez e</p><p>extrema maneabilidade das embarcações longas. O segredo da pirataria bem</p><p>sucedida: navios ágeis e velozes. Os maiores navios de guerra chegavam a ter 55</p><p>metros de comprimento. E a média da velocidade de um navio longo era de 8 a</p><p>10 nós (18 km/h). Outra vantagem dos navios de guerra era a possibilidade de</p><p>serem transportados por terra seca. Para tanto, baixavam o mastro, recolhiam os</p><p>remos, suspendiam o leme e faziam a embarcação rolar sobre troncos de árvores</p><p>ou sobre rodas de madeira (construídas no próprio local de transporte). Em alto</p><p>mar, a vida a bordo dos navios não era fácil. Muitos morriam pelo frio ou</p><p>umidade, especialmente no Atlântico Norte. Seus corpos eram atirados ao</p><p>oceano.</p><p>O costume de pendurar escudos nas amuradas dos langrskips era cerimonial, e</p><p>para a navegação propriamente dita eles eram retirados: num navio em</p><p>movimento, cruzando os mares, os escudos seriam varridos pela água. Somente</p><p>os navios de batalha utilizavam carrancas de animais (principalmente dragões)</p><p>nas proas. Os cargueiros eram mais pesados, redondos e sem remos, conforto ou</p><p>enfeites. Todo o espaço era reservado para a carga e dependiam totalmente do</p><p>vento para navegação.</p><p>Para orientar a navegação em alto mar, os marinheiros utilizavam a</p><p>experiência geográfica, memória, observação das rotas das aves marinhas e</p><p>peixes, variação da cor da água, astronomia e o uso de equipamentos. Não</p><p>existiam cartas náuticas e nem o conhecimento da bússola magnética. A</p><p>avaliação da posição baseada nos cálculos do rumo seguido da velocidade era</p><p>muito comum. Direções eram calculadas em relação ao Sol e Lua (estão mais</p><p>altos quando o navio ruma ao sul e mais baixos, quando navegam na direção</p><p>oposta), direção do vento e à ondulação. Existe a possibilidade dos Vikings</p><p>utilizarem a medida da estrela polar (indica o norte), como os árabes faziam.</p><p>O que se sabe de concreto, é que existiam bússolas solares: foram descobertos</p><p>vestígios de um disco de madeira e de esteatita triangular, ambos nas colônias</p><p>nórdicas da Groenlândia. Esses objetos possuíam entalhes laterais, marcando as</p><p>graduações da bússola. No centro, possuíam um gnômon – uma haste vertical</p><p>que projetava uma sombra do Sol. Para verificar qual era o rumo da embarcação,</p><p>girava-se esse disco até que o sombrado gnômico toque a curva apropriada, para</p><p>em seguida fazer a leitura dos entalhes laterais. Marcações paralelas no disco,</p><p>em relação à sombra do gnômon, indicavam a direção norte.</p><p>Os navios Vikings mais famosos são os de Gokstad (Noruega, descoberto em</p><p>1880) e Oseberg (Noruega, 1904) e Skuldelev (Dinamarca, 1956). Todos foram</p><p>recuperados pela arqueologia e hoje se encontram em museus náuticos.</p><p>5. O guerreiro e seu equipamento</p><p>Todos os homens livres tinha o direito de usar armas nas sociedades nórdicas.</p><p>Mas nem todos recebiam um treinamento específico para a guerra, como no caso</p><p>dos jarls.</p><p>A espada era a melhor de todas as armas, muito apreciada pelo seu poder de</p><p>combate e como símbolo de posição social: quanto maior o status do guerreiro,</p><p>mais magnífica era a espada. Muitas vezes o cabo era ricamente adornado e as</p><p>lâminas com dois gumes, e um comprimento de até 80 cm. Inclusive, alguns</p><p>cabos possuíam adamasquinados em forma de animal e detalhes artísticos</p><p>impressionantes. O acabamento do punho era de madeira. Algumas lâminas</p><p>eram importadas dos Francos (Ulfberht), mas o restante da espada era</p><p>confeccionada na própria Escandinávia. As lâminas tinham que ser flexíveis e</p><p>leves, mas também fortes e afiadas. As espadas mais esplêndidas eram</p><p>guardadas em bainhas magnificamente adornadas com enfeites de bronze ou</p><p>douradas e até mesmo runas e detalhes artísticos. Muitos esqueletos recuperados</p><p>mostram ferimentos causados por espadas, mutilações feitas em combates</p><p>sangrentos.</p><p>As facas curtas de combate, de um só gume, eram concebidas para serem</p><p>espetadas no inimigo, em combates corpo a corpo. As mais comuns tinham cabo</p><p>de ossos, enquanto as mais sofisticadas eram tão adornadas quanto as melhores</p><p>espadas. Seu uso era cotidiano para qualquer tipo de escandinavo, mesmo as</p><p>mulheres, pois também era uma arma de defesa, caça e pescaria.</p><p>Muitos tipos diferentes de lanças da Era Viking sobreviveram. Existiam as</p><p>lanças e dardos de arremesso, projetadas especialmente para obterem velocidade</p><p>e penetrarem nas linhas inimigas. Algumas eram semelhantes ao pilum romano,</p><p>com formas muito finas e compridas. As pontas terminavam em “barbas” ou</p><p>arpões, para dificultar a retirada no corpo do adversário. Com isso, não</p><p>intencionavam recuperar esse tipo de armamento nas batalhas. Em momentos</p><p>ofensivos, utilizava-se principalmente o arremesso de lanças e projéteis. Mesmo</p><p>sendo muito usados machados e espadas, as lanças eram as peças fundamentais</p><p>das batalhas,</p><p>e em muitas ocasiões, os conflitos foram resolvidos somente com o</p><p>uso deste tipo de armamento! Logo no início dos conflitos, no momento do</p><p>arremesso dos projéteis acima dos adversários, clamava-se o nome de Óðinn. As</p><p>lanças ofensivas não eram fabricadas para arremesso, mas como armas de</p><p>suporte. Eram ricamente decoradas nas próprias lâminas, com desenhos e</p><p>motivos geométricos.</p><p>Apesar da literatura nórdica marginalizar o uso dos arco e da flecha, em favor</p><p>da nobreza da espada e da lança, seu uso e importância nas batalhas reais foi</p><p>decisivo. Era tanto um armamento para treino em competições e caça, quanto</p><p>uso estratégico em formações de batalha. Eram inseparáveis das batalhas</p><p>marinhas e ocorreram até casos de arqueiros montados.</p><p>O machado é a arma mais associada aos guerreiros Vikings, mas seu uso era</p><p>mais frequente em atos de pirataria e incursões marítimas do que em frentes de</p><p>batalhas. Eram bem simples: feitos de um bloco de ferro cuja extremidade era</p><p>encaixada um cabo de madeira. A maioria não era adornada. Seu uso foi muito</p><p>popular na primeira Era Viking, pelo fato de ser tanto utilizado na agricultura</p><p>quanto nas empreitadas predatórias (os machados de “barba”), visto que a</p><p>maioria da tripulação não tinha recursos para adquirir espadas.</p><p>Todos os capacetes de combate dos escandinavos encontrados até hoje</p><p>possuem forma cônica, esférica e sem nenhuma protuberância. Alguns possuíam</p><p>proteção nasal, enquanto outros tinham adaptação para cotas de malha descendo</p><p>sobre o pescoço. A famosa imagem do elmo com chifres foi uma invenção</p><p>fantasiosa de artistas do século XIX, popularizada com a ópera, cinema e</p><p>quadrinhos.</p><p>Os escudos eram feitos de madeira, com uma saliência de metal no meio, para</p><p>proteger as mãos. Possuíam forma redonda e protegiam o corpo desde o ombro</p><p>até as coxas, cerca de um metro de diâmetro. O canto dos escudos era reforçado</p><p>com uma faixa de ferro. O principal sistema defensivo em uma tropa era o</p><p>“testudo”, uma formação compacta feita com os escudos dos guerreiros,</p><p>semelhante à “tartaruga” dos antigos romanos.</p><p>Muitas armas recebiam nomes de seus donos: “camisa de Óðinn” (cota de</p><p>malhas); “o alegre voador” (flechas); “lobo da ferida” (machado); “porco de</p><p>guerra” (elmo); “víbora do inimigo” (espada).</p><p>Os mais famosos de todos os guerreiros Vikings foram os berserkers (“peles</p><p>de urso”) e os ulfhednar (“peles de lobo”) uma verdadeira elite marcial, muito</p><p>requisitados para tropas de choque, assalto e até guarda de palácios. Devotos</p><p>fanáticos por Óðinn, lutavam como possessos e animais enraivecidos, urravam e</p><p>mordiam os escudos e muitas vezes entravam nas batalhas sem nenhuma</p><p>proteção, suportando a dor do ferro e do fogo. Nas Sagas, são considerados</p><p>portadores de poderes sobrenaturais. Existem estudos modernos que demonstram</p><p>que esse frenesi era ocasionado pelo uso de alucinógenos (como o cogumelo</p><p>Amanita muscaria) e bebidas alcoólicas. Um escritor do período os definiu: “não</p><p>são más pessoas para se conversar, contato que você não os perturbe”. A origem</p><p>desses guerreiros remonta à épocas mais antigas: os guerreiros germânicos</p><p>Wolfhetan (“pele de lobo”) do séc. VIII. Muito antes, Tácito já descrevia uma</p><p>elite de guerreiros fanáticos semelhantes aos berserkers.</p><p>6. Técnicas de batalha</p><p>Os Vikings são muito famosos por seus atos de pirataria e como guerreiros</p><p>implacáveis. Mas muitas pessoas pensam que os chamados povos “bárbaros”</p><p>não possuíam qualquer noção de estratégia calculada no momento de realização</p><p>de um conflito. Esse pequeno ensaio procura justamente demonstrar que os</p><p>nórdicos medievais eram muito astutos e precavidos. A criação de táticas</p><p>militares não é exclusividade do mundo moderno, sendo apenas a sofisticação de</p><p>experiências dos povos da antiguidade.</p><p>Os principais tipos de combates da</p><p>Escandinávia Medieval:</p><p>Combate das Sagas:</p><p>Prática executada em pequena escala, geralmente nas disputas de sangue</p><p>(vendetas) entre as comunidades escandinavas. Na maior parte das vezes eram</p><p>realizadas durante a noite e se constituíam em duelos clandestinos (emboscadas,</p><p>assassinatos semi-legalizados). Uma técnica comum nesse tipo de combate era a</p><p>queima da casa ou fortaleza do inimigo, geralmente após a meia noite, com a</p><p>finalidade de destruir e desorientar. Esse tipo de violência armada era sempre</p><p>submetida aos códigos de justiça das famílias e das vendetas.</p><p>Ação da casa real:</p><p>Atividade militar relacionada ao poder real pelo interior das comunidades.</p><p>Uma tropa definida mantém o controle político e territorial. Com isso, torna-se</p><p>um tipo de controle interno, no caso do uso de violência.</p><p>“Partindo como um Viking”:</p><p>Pequeno grupo armado que se desloca para regiões distantes da sua</p><p>comunidade de origem, utilizando basicamente técnicas de pirataria com ação</p><p>rápida, fulminante e precisa, com propósitos predatórios. Também podem ser</p><p>expedições punitivas ou com objetivos políticos.</p><p>Campanha do exército real:</p><p>Forças militares de grande tamanho, deslocadas com propósitos definidos pelo</p><p>rei, geralmente ampliação do território ou conflitos externos. Porém, antes de</p><p>tomar qualquer tipo de ação, fazia-se todo um “ciclo” de decisões. Inicialmente,</p><p>o rei enviava diplomatas (mas normalmente espiões…) e aguardava seu retorno,</p><p>incluindo ou não negociações com os rivais. Consolidando as estratégias a serem</p><p>decididas, incluindo as localizações precisas do território a ser abordado, análise</p><p>das táticas e monitoria dos movimentos inimigos, realizava-se o engajamento</p><p>final para a batalha. As principais estratégias desse tipo de combate eram:</p><p>assumir completamente o território do inimigo; queimar a capital; dispersar o</p><p>exército; modificar o governo; efetuar uma rendição incondicional e executar</p><p>publicamente o rei inimigo.</p><p>Com esse tipo de combate verificamos a total inexistência de uma guerra de</p><p>modelo “barbárico” entre os escandinavos. Ou seja, uma guerra onde a</p><p>brutalidade e a força física contam mais que a organização ou táticas</p><p>previamente estabelecidas. Os Vikings, desta maneira, constituíam uma cultura</p><p>com um modelo sofisticado de marcialidade – dentro dos padrões medievais da</p><p>arte da guerra.</p><p>Princípios de estratégia e técnicas de batalha</p><p>Os guerreiros nórdicos eram regidos por alguns ideais militares: força e a</p><p>coragem inspirados em Thor, perícia em armas, senso e habilidade no manuseio</p><p>de armas, pretensão a nobreza. O principal ideal repousava no astuto e</p><p>contraditório deus da guerra, morte e poesia: Odin. A associação das qualidades</p><p>marciais com a figura odínica era a doutrina de base dos combates Vikings, que</p><p>nem sempre precisavam da pressa irracional de um ataque frontal. Inspirados na</p><p>figura ambígua de Odin, os escandinavos trapaceavam e “batiam o inimigo onde</p><p>ele não se encontra”, ou seja, evitavam confrontos diretos com forças mais</p><p>poderosas, preferindo ataques em pontos e situações desfavoráveis ao inimigo.</p><p>As táticas militares utilizadas normalmente em unidades pequenas (a exemplo</p><p>da técnica do “partindo como um viking”) previam o uso da oportunidade e</p><p>detalhado conhecimento sobre o inimigo. Um ataque bem sucedido requeria boa</p><p>inteligência, segurança e coragem. A estratégia da guerrilha, desta maneira, foi</p><p>utilizada com eficiência em situações que envolviam pequenos grupos. Segundo</p><p>o historiador Paddy Griffith, as chaves do sucesso para operações nórdicas em</p><p>pequenas unidades, seriam uma relação entre as oportunidades que essa</p><p>operação teria sucesso com poucos feridos no ataque; inteligência; mobilidade e</p><p>rapidez na sua execução; número de tropas atacantes; armamento.</p><p>O principal sistema defensivo em uma tropa</p><p>era o “testudo”, uma formação</p><p>compacta feita com os escudos de madeira dos guerreiros, semelhante à</p><p>“tartaruga” dos antigos romanos.</p><p>Em momentos ofensivos, utilizava-se principalmente o arremesso de lanças e</p><p>projéteis. Mesmo sendo necessários machados, espadas e punhais, as lanças</p><p>eram as peças fundamentais das grandes batalhas, e em muitas ocasiões, os</p><p>conflitos foram resolvidos somente com o uso de dardos de arremesso! E</p><p>também, apesar da literatura nórdica marginalizar o uso dos arcos e flechas em</p><p>favor da nobreza da espada e da lança, seu uso e importância nas batalhas reais</p><p>foi muito decisivo. O tipo de combate em que o machado era mais utilizado</p><p>(advindo daí sua associação direta com a imagem dos guerreiros nórdicos) era o</p><p>“partindo como um Viking”.</p><p>Para ataques em fortalezas, cidades e postos fortificados – cujo objetivo era a</p><p>destruição/queima das mesmas, utilizavam-se frentes de batalha para todas as</p><p>aberturas desses locais (especialmente portas e portais). Locais sem defesa,</p><p>como mosteiros e abadias, utilizavam-se três frentes: a principal, que se</p><p>concentrava na dianteira ou entrada da construção; uma segunda formação de</p><p>ataque, na lateral, para dissipar a área; e finalmente, uma terceira na parte</p><p>posterior do edifício, para impedir a fuga dos ocupantes…</p><p>Nas marchas de incursões, existia uma formação dianteira de batedores e</p><p>guias, dividida em três partes separadas: a mais numerosa e principal, localizada</p><p>na parte posterior; no meio, diversas tropas pequenas, para busca de comida,</p><p>dinheiro e novidades; e na frente da formação, guerreiros isolados (os líderes),</p><p>guiando e observando o horizonte.</p><p>E nos confrontos de exércitos, as formações de batalha eram variáveis.</p><p>Existiam duas formações “idealizadas”: uma simples, em forma</p><p>linear/horizontal, e outra, com a mesma estrutura só que em forma dupla</p><p>perpendicular. Na prática, o que ocorria eram formações circulares em múltiplos</p><p>e pequenos grupos, ou um grupo formando um círculo com flancos bem</p><p>defendidos.</p><p>7. Os mitos</p><p>Segundo a mitologia nórdica, no início dos tempos, existia um abismo</p><p>chamado Ginnungagap. Próximo dele, estendia-se duas regiões, uma gelada e</p><p>nebulosa com o nome de Niflheimr, e outra clara e resplandescente, denominada</p><p>Múspell. Quando o gelo de Niflheimr caiu no abismo e derreteu, formou um</p><p>gigante, Ymir, e uma vaca, Auðumla, que lambeu o gelo salgado. Conforme</p><p>lambia, surgiam seres antropomórficas: os deuses Óðinn, Vile e Vé, que mataram</p><p>o gigante Ymir. A partir deste cadáver, o trio de deuses formou toda a estrutura</p><p>do universo conhecido, desde a abóbada do cosmos até os homens.</p><p>O mais poderoso deus do panteão germânico era Óðinn, chamado pelos</p><p>germanos antigos de Wotan, e considerado o “pai dos deuses”. Ele era membro</p><p>da família de deuses chamados de Æsir (ases), marido de Frigg e pai dos deuses</p><p>Baldr, Bali, Höðr, Þórr, Týr e Váli. Óðinn era uma deidade assustadora, furiosa,</p><p>violenta, cruel, cínica, enganadora, mas ao mesmo tempo, também era o</p><p>inspirador das poesias e da magia. Era ele que presidia as batalhas, e do alto de</p><p>seu trono (Hlíðskjálf) observava a tudo o que acontecia no universo. Possuía dois</p><p>corvos, Huginn (pensamento) e Munninn (memória), que informavam sobre os</p><p>acontecimentos do mundo. Possuía um caráter sacrificial: para beber na fonte de</p><p>Mímir, trocou um de seus olhos; para obter o segredo das runas, se deixou</p><p>enforcar e ser trespassado por uma lança. Óðinn cavalgava em um cavalo de oito</p><p>patas (Sleipnir) e portava uma lança mágica (Gungnir). Na batalha final</p><p>(Ragnarök) foi devorado pelo monstruoso lobo Fenrir.</p><p>A entidade mais popular da mitologia nórdica é Þórr, o deus do poder e da</p><p>força, dos juramentos, do raio e relâmpago, chuvas e do tempo. Utilizando seu</p><p>martelo (Mjöllnir), Þórr defende os humanos e os deuses dos poderes destrutivos</p><p>dos gigantes. Também possui um cinturão mágico, que duplica sua força, e um</p><p>par de luvas de ferro. Ela viaja com uma carruagem puxada por dois bodes.</p><p>Casado com Sif, a deusa dos cabelos de ouro. Muitas das façanhas de Þórr estão</p><p>associadas com batalhas contra os gigantes ou monstros. Uma de suas mais</p><p>famosas aventuras, é o momento em que foi pescar a serpente do mundo</p><p>(Miðgardsormr), com ajuda do gigante Hymir. No momento em que o monstro</p><p>fisgou a isca, o gigante apavorado, corta a linha e o monstro é libertado. Durante</p><p>o Ragnarök, Þórr finalmente conseguirá matar Miðgardsormr, mas será</p><p>fulminado pelo seu veneno.</p><p>A deusa mais famosa da Escandinávia paganista é Freyja, regente do amor,</p><p>prazer sexual, casamento e fertilidade. Ela divide metade dos mortos com o deus</p><p>Óðinn. Nos mitos associados a ela, geralmente Freyja aparece com caraterísticas</p><p>devassas. Para obter o colar Brísingamen, ela dormiu com cada um dos anões</p><p>que o fabricaram. Loki acusou Freyja de ter dormido com quase todos os deuses,</p><p>incluindo seu irmão Freyr. A deusa foi casada com o misterioso Óðr, e durante</p><p>as suas frequentes ausências, Freyja chora lágrimas de ouro. Para viajar, utiliza</p><p>uma carruagem puxada por gatos, ou se transforma em um falcão.</p><p>O líder da família de deuses Vanires é Freyr, filho de Njörðr, associado com a</p><p>boa fertilidade, controle do sol e chuva e o frutificar da Terra. Ele é invocado</p><p>para as boas colheitas e a paz. O simbolismo de seu caráter de fertilidade pode</p><p>ser observado na história mítica de seu casamento com a gigante Gerðr (Terra).</p><p>A dinastia sueca Yngling dizia-se descendente desta união. Possuía um barco</p><p>mágico (Skíðblaðnir), que podia ficar de pequeno tamanho.</p><p>Týr é uma divindade associada com a guerra. Entre povos germânicos</p><p>anteriores aos vikings, como os Saxões, o deus Týr (Tiwaz) era a principal</p><p>divindade das batalhas, mas essa característica acabou sendo suplantada por</p><p>Óðinn, durante a Era Viking. Na mitologia, era o mais bravo dos guerreiros: no</p><p>momento que os ases tentaram prender o lobo Fenrir, chamaram Týr para que</p><p>colocar seu braço direito na boca do monstro como garantia. Logo que percebeu</p><p>a armadilha, Fenrir devorou o membro.</p><p>Baldr era o deus escandinavo identificado ao Sol, filho de Óðinn e Frigg. Em</p><p>Ásgarðr, era reverenciado como um deus bondoso, formoso e muito popular. Na</p><p>versão do mito registrada por Saxo Grammaticus, Baldr é morto por seu irmão</p><p>Höðr, devido à rivalidade pela conquista de Nanna.</p><p>O mais enigmático dos deuses Aesires é Loki. Filho do gigante Fárbauti e de</p><p>sua esposa Laufeia, era um deus inteligente, humorado, malicioso, enganador e</p><p>completamente amoral.</p><p>8. Runas e símbolos</p><p>As runas são os alfabetos dos povos germânicos, inventados a partir de 200</p><p>d.C. no norte da Europa. Inicialmente eram apenas textos simples e curtos.</p><p>Somente com o advento da Era Viking, as runas foram empregadas para textos</p><p>longos, geralmente talhadas em suportes pétreos (estelas, monumentos</p><p>funerários), madeira, ossos e couro. A partir da forma padrão do rúnico</p><p>germânico (futhark antigo, com 24 sinais alfabéticos), os Vikings inventaram</p><p>duas variações: as de rama longa (futhark dinamarquês) e o rama curta (futhark</p><p>sueco), ambos de 16 sinais.</p><p>As runas eram empregadas para uso jurídico, comemorativo, genealógico e</p><p>em algumas ocasiões, finalidades mágico-religiosas. Mas somente as pessoas</p><p>ricas podiam pagar para que os mestres das runas erigissem, gravassem e muitas</p><p>vezes, adornassem artisticamente as estelas rúnicas. A mais longa inscrição</p><p>rúnica conhecida dos Vikings, é a runestone (estela com runas) de Rök, Suécia,</p><p>com 4 metros de comprimento e 1.5m de altura. Possui cerca de 750 caracteres,</p><p>escritos no século 9, em memória do filho de Varin. Em alguns locais de grande</p><p>influência nórdica, inexplicavelmente não ocorrem</p><p>registros rúnicos, como a</p><p>Islândia e a Normandia.</p><p>O especialista britânico em epigrafia rúnica, Raymond Ian Page, recentemente</p><p>problematizou algumas questões interessantes sobre a prática do mestre das</p><p>runas (especialista na magia rúnica) e do gravador de runas: não sabemos como</p><p>e em que circunstâncias eles eram treinados na escrita e na magia rúnica; quais</p><p>as relações entre eles e o texto gravado nas pedras? Eles participavam da</p><p>composição dos textos ou apenas eram pagos para gravar algo previamente</p><p>estabelecido? Os pesquisadores ainda não tem respostas.</p><p>O significado da palavra (rúnar) já percebemos: saber secreto, segredos. Em</p><p>muitos rituais, as runas eram gravadas enquanto eram recitadas fórmulas</p><p>mágicas (galdr) e eram pintadas com o sangue de animais sacrificados (blóts).</p><p>Segundo a mitologia nórdica, Óðinn teria descoberto as runas, durante seu auto-</p><p>sacrifício na árvore Yggdrasill. Como Óðinn também está associado à poesia e a</p><p>magia, as runas acabaram tendo uma relação estreita com esses dois. As runas</p><p>para adivinhação eram gravadas em pedaços de madeira (desde os tempos de</p><p>Tácito), ossos e pedaços de pedra. Runas para proteção ou vitória em batalhas</p><p>eram gravadas em espadas, como o sinal rúnico do deus Týr. Para uso profano e</p><p>cotidiano, existiam até runas para obter os favores de alguma mulher, fertilidade</p><p>e nascimento.</p><p>Vários símbolos não-rúnicos estavam relacionados com o pensamento</p><p>religioso dos nórdicos. O mais importante de todos era o martelo de Þórr</p><p>(mjöllnir: triturador), utilizado como símbolo de proteção, fertilidade,</p><p>consagração de casamentos e nascimentos. Também era muito usado em forma</p><p>de pingente-colar e símbolos de boa sorte. Muitas runestones apresentam</p><p>gravações do desenho de mjöllnir, especialmente na Dinamarca.</p><p>Outro símbolo muito importante era a suástica (fylfot: muitos pés). Comum</p><p>em várias culturas do mundo inteiro, surgiu na pré-história e se tornou</p><p>tradicional no mundo germânico. Foi resgatado pelo nazismo no século XX,</p><p>tornando-se um signo moderno relacionado com destruição e intolerância. No</p><p>mundo Viking, era associado com o relâmpago e o movimento do martelo de</p><p>Þórr, mas também de caráter solar, quando integrante de estelas funerárias.</p><p>O triskelion (conhecido no mundo escandinavo como trifot: três pés), é</p><p>semelhante à suástica, mas de forma mais simples. Possui origem Celta e é</p><p>relacionado com o Sol. Na Escandinávia medieval, era intimamente ligado aos</p><p>cultos odínicos e a magia. Existem variações morfológicas, como em estelas da</p><p>ilha de Gotland, onde o trifot aparece em forma de três animais entrelaçados, ou</p><p>ainda, na união de três cornos de bebida. Foi muito comum na Ilha de Man.</p><p>Outros símbolos odínicos também possuem forma trina entrelaçada. O valknut</p><p>(nó dos mortos) é o principal deles: um conjunto de três triângulos, utilizado em</p><p>representações de sacrifícios humanos de sangue, aos rituais de morte e a</p><p>simbolismos do Örlog (destino). A triqueta, de forma semelhante ao valknut,</p><p>porém de traços circulares, é outros símbolo Viking de origem céltica. Aparece</p><p>representada em runestones ao lado de Óðinn e gravada em trenós funerários. Os</p><p>nórdicos o denominaram de Hrungnis hjarta (coração de Hrungnir). Segundo</p><p>Régis Boyer, está relacionado com a batalha de Þórr e o gigante Hrungnir,</p><p>narrada por Snorri Sturlusson, e representaria rituais específicos para a passagem</p><p>da morte.</p><p>Um símbolo particularmente temido era o Ægishjálmarr (capacete de Aegir).</p><p>Utilizado para magia de poder e vitória, principalmente em batalhas. Aparece</p><p>também em ogamstones (pedras de Ogam) da Irlanda e em vários países do norte</p><p>europeu. Em uma passagem da Völsunga Saga, este símbolo confere especial</p><p>poder de vitória para o dragão Fáfnir.</p><p>9. Os funerais e enterros</p><p>Na Escandinávia pré-cristã, existiam duas formas básicas de enterro: os de</p><p>cremação e os de inumação (sepultamento do corpo). O primeiro tipo abundava</p><p>principalmente na Noruega, Suécia e Finlândia. As inumações eram mais</p><p>frequentes na Dinamarca e na ilha sueca de Gotland. Nos dois tipos de enterro,</p><p>os corpos eram conservados com a roupa do uso cotidiano, e estavam providos</p><p>com pertences e utensílios. As práticas funerárias, assim como os rituais</p><p>religiosos, variavam conforme a classe social e a região da Escandinávia. Quanto</p><p>mais rico o indivíduo, mais elaborado o funeral e maior a quantidade e qualidade</p><p>dos objetos depositados no jazigo mortuário.</p><p>Nas cremações, o corpo que ia ser incinerado era vestido e adornado com joias</p><p>e os objetos. A queima era feita em uma grande pira. Os ossos incinerados e as</p><p>joias fundidas eram recolhidos. Em outras regiões, as cinzas eram simplesmente</p><p>espalhadas pelo buraco ou chão. Na Suécia, os restos queimados eram separados</p><p>e colocados em um recipiente de cerâmica, que era enterrado num buraco e</p><p>cobertos com um montículo ou demarcados com pedras. Alguns desses</p><p>alinhamentos pétreos tinham a forma de navios, como em Lindholm Høje</p><p>(Dinamarca).</p><p>A inumação eram praticadas principalmente pelas classes superiores da</p><p>sociedade e pelos estrangeiros (vindos do Leste europeu). Algumas inumações</p><p>utilizavam câmaras: escavava-se um buraco no solo e escorava-se o mesmo com</p><p>madeira. Até cavalos eram enterrados nestas câmaras, junto a objetos cotidianos,</p><p>alimentos (ovos e pães pequenos) e o defunto. Era crença popular que o morto</p><p>continuava a viver no seu túmulo. Muitas câmaras foram orientadas no sentido</p><p>Leste-Oeste. Também foram encontrados ataúdes dentro da terra ou corpos</p><p>envolvidos numa mortalha de casca de álamo.</p><p>A mais famosa das inumações Vikings é a embarcação de Oseberg (Noruega).</p><p>No convés do navio, foi instalada a câmara mortuária, com o corpo de duas</p><p>mulheres, sendo a mais velha considerada rainha pelo contexto das riquezas</p><p>encontradas, mas nada se sabe sobre sua identidade. Recentes análises de DNA</p><p>comprovaram que tratava-se de mãe e filha. Espalhados pelo convés, haviam</p><p>maçãs, animais sacrificados – cães, cavalos e bois, alguns decapitados. A</p><p>embarcação encontrava-se com remos, âncora e foi enterrada com pedras e</p><p>lacrada com musgos. Em Birka, também foi encontrado numa câmera funerária</p><p>com o corpo de duas mulheres, uma ricamente vestida. Pela posição de uma</p><p>delas (uma escrava, estranhamente retorcida), o arqueólogo Holger Arbman</p><p>concluiu que ela tinha sido enterrada viva, numa espécie de sacrifício. Um</p><p>cronista árabe do período viking, chamado Ibn Rustah, confirmou o costume de</p><p>enterrar a esposa favorita ainda viva junto ao corpo morto do guerreiro.</p><p>Os enterros com embarcações também foram comuns fora da Escandinávia,</p><p>como atestam vestígios na Ilhas de Man e Groix, Escócia, Finlândia e Rússia. A</p><p>exemplo de muitas culturas, o uso de embarcações nos funerais Vikings está</p><p>associado ao culto dos mortos e o simbolismo da jornada da alma no além.</p><p>Também pode estar relacionado aos cultos de Njord e Freyr. E ser um indicador</p><p>de elevação social, poder e prestígio dentro da comunidade de origem.</p><p>Em sepulturas encontradas recentemente na ilha sueca de Gotland, alguns</p><p>objetos incomuns foram encontrados. Nas câmaras mortuárias femininas, foram</p><p>depositados fósseis animais (geralmente cabeças de peixes), interpretadas como</p><p>amuletos de fertilidade e feminilidade. Nas sepulturas masculinas, abundavam</p><p>machados feitos de âmbar.</p><p>Quando um guerreiro Viking morria, realizava-se o ritual do nábjargir:</p><p>fechava-se os olhos e bocas e as narinas tampadas. Uma anciã, conhecida como</p><p>o “anjo da morte”, lavava as mãos e o rosto do defunto, penteava seus cabelos e</p><p>o vestia com suas melhores roupas. Uma das mais famosas descrições de</p><p>funerais dos escandinavos foi fornecida</p><p>por outro explorador árabe, Ibn Fadlan</p><p>(em 922). Quando ele chegou no lugar que ia ser enterrado um chefe dos Rus</p><p>(Vikings da área do Volga, atual Rússia), viu um formoso navio que havia sido</p><p>preparado, cercado por uma fogueira. A embarcação estava repleta de armas,</p><p>cadeiras e camas de madeira trabalhada. O corpo do rei (que estava sendo</p><p>preparado há 10 dias) foi levado para o interior do navio e colocado num belo</p><p>leito. Depois, um grande número de cavalos, cães e vacas foram sacrificadas e</p><p>seus corpos esquartejados foram jogados dentro do navio. A família pergunta às</p><p>escravas e servos quem deseja se unir ao morto, e uma mulher aceita. Ela é</p><p>preparada e lavada e participa de festas e bebidas. Em uma tenda armada</p><p>próxima ao funeral, a escrava escolhida teve relações sexuais com vários</p><p>guerreiros presentes. No navio, ela é estrangulada por dois homens, enquanto a</p><p>mulher conhecida por “anjo da morte” fura suas costelas com uma adaga. Um</p><p>parente do morto sai da multidão e ateia fogo na madeira, incendiando todo o</p><p>conjunto fúnebre. Após tudo ter se tornado cinza, uma estaca com inscrições</p><p>rúnicas escreve o nome do homem morto.</p><p>Com a entrada do cristianismo na Escandinávia, cessaram as incinerações e o</p><p>enterro com bens valiosos junto ao corpo. As crenças paganistas, em parte,</p><p>deixaram de existir oficialmente.</p><p>10.Os Poetas da Era Viking.</p><p>A maioria dos poetas heroicos da Era Viking eram homens, mas também</p><p>ocorre raros registros de poetisas (Skáldkonur: “mulher poeta”). A maioria dos</p><p>skalds possuía entre 27 a 40 anos de idade. A técnica skáldica era transmitida das</p><p>gerações mais avançadas para as mais novas, por meio oral e individualizado.</p><p>Um skáld necessitava de excelente memória, grande conhecimento em mitologia</p><p>e cosmogonia nórdica, linguagem refinada e uma oratória sofisticada. Alguns</p><p>skálds também eram mestres das runas, dedicando-se tanto ao aprendizado do</p><p>alfabeto Futhark (talhadores de sinais pétreos) quanto à magia rúnica.</p><p>Todos os poetas e poetisas pertenciam à classe social denominada de Jarl</p><p>(“nobre, conde”), da qual também faziam parte os reis, aristocratas e pessoas</p><p>com grandes propriedades de terra e grande concentração de poder. Os poetas</p><p>possuíam enorme prestígio social. Geralmente provinham de famílias</p><p>importantes, conceituadas ou com tradição na arte skáldica. Os poetas atuavam</p><p>nas cortes reais, reuniões dos Things (conselhos), fazendas e nos lares de chefes</p><p>locais.</p><p>Quais as regiões onde os skálds existiram na Escandinávia Medieval? O que</p><p>sobreviveu de registro literários provém da Noruega e da Islândia. Alguns</p><p>poucos poemas da Dinamarca foram recuperados. Da Suécia nada restou, apesar</p><p>de possivelmente terem existido skálds nesta região. Também o condado das</p><p>Órcades teve poetas de corte.</p><p>A principal função do skáld era relatar por meio da tradição oral – do relato</p><p>verbal, as antigas tradições, poemas, narrativas heroicas, narrativas históricas,</p><p>contos, folclore, aspectos da religiosidade. Também executam poemas e</p><p>narrativas escritas no alfabeto rúnico (para a Era Viking: o alfabeto Futhark</p><p>Rama Longa e Curta e suas variações), gravadas em estelas, memoriais,</p><p>runestones (menires com runas. Exemplo: poema skáldico da runestone de</p><p>Karlevi, Suécia, homenageando o rei Sibbi “o bom”), estátuas e tabuletas de</p><p>madeira. Em alguns casos podem servir como conselheiros privados dos reis. E</p><p>também para encorajar de maneira geral os integrantes de possíveis batalhas.</p><p>A finalidade dos poemas skáldicos era por meio de sua técnica, divertir as</p><p>famílias e os nobres, relatar aventuras, experiências, meios de obtenção de</p><p>riquezas, e principalmente, conexões para a vitória e a reputação. A celebração</p><p>das glórias individuais era o fundamento de vida para um guerreiro Viking, mais</p><p>importante até do que a vida após a morte. Muitas cortes da Noruega, Suécia e</p><p>Dinamarca possuíam em suas comitivas skalds para perpetuar os feitos de</p><p>grandes senhores mortos ou no momento de seu funeral.</p><p>Depois de uma batalha, os Vikings reuniam-se nas fazendas e nas habitações</p><p>para festejarem. Após o banquete com muita comida e bebida, todos – das</p><p>crianças até os velhos e mulheres – se reuniam para escutar atentamente as</p><p>palavras do Skáld. O lugar mais importante era para o chefe local, que também</p><p>recebia as maiores atenções do poeta. Numa situação onde a bebida era muito</p><p>comum, os poemas recitados deviam competir com muita algazarra e os pedidos</p><p>de silêncio deviam ser muito comuns. O skáld iniciava seu recitamento com uma</p><p>série de estrofes que definiam as qualidades do konungr (“rei”), depois sua</p><p>generosidade e por fim, elogios heroicos.</p><p>A principal meta do Skáld era transmitir para a comunidade os principais</p><p>atributos Vikings: coragem, bravura, ousadia, abandono ao amor, desprezo pela</p><p>morte, generosidade, força da mente, fidelidade, astúcia.</p><p>Quais as roupas e vestimentas de um poeta Viking? As roupas típicas de</p><p>qualquer escandinavo medieval: roupa de lã ou linho, tingida com corantes</p><p>minerais; gibões com mangas ou casacos três-quartos sobre camisas de lã e</p><p>calças de pano; botas altas de couro ou sapatos macios com meias curtas; em</p><p>tempo frio, usavam capas e chapéus de pele ou lã. Como a maioria dos skálds</p><p>pertenciam à classe dos Jarls, usavam os sinais de distinção próprio dessa classe:</p><p>roupas com bordados mais sofisticados e vistosos, e principalmente, muitas</p><p>joias: broches de prata e ouro, pulseiras, colares, braceletes. A principal joia</p><p>distintiva da condição social para os homens era o broche que prendia o manto</p><p>de lã sobre o ombro, geralmente uma joia muito valiosa. Caso fosse adepto do</p><p>culto ao deus Þórr (Thor), usaria no pescoço um pingente em forma do sagrado</p><p>martelo Mjöllnir (“o destruidor”).</p><p>Qual era o comportamento de um poeta Viking? acima de tudo, o</p><p>comportamento skáldico seria exemplar, ético, tradicionalista, conservador.</p><p>Skálds com idade mais avançada, certamente teriam uma personalidade muito</p><p>mais extrovertida, dramática e mesmo trágica.</p><p>Os poetas andavam armados? Na Era Viking, mesmo os mais pacíficos</p><p>fazendeiros e comerciantes sempre andavam armados. No mínimo, o</p><p>equipamento que um skáld sempre carregava seria uma faca de caça (as de</p><p>modelo mais barato teriam cabo de osso, e as mais sofisticadas teriam punho</p><p>ornamental de prata). Se fosse também um mercador, guerreiro ou pirata, usaria</p><p>constantemente uma espada modelo Franco/germânico (de elevado preço e</p><p>também distintiva da posição social).</p><p>A principal divindade adorada pelos skálds era o deus supremo Óðinn (Odin),</p><p>inspirador das poesias.</p><p>A composição da técnica skáldica iniciou-se por volta do século VII,</p><p>continuou na Era Viking (793-1066 d.C.) e prosseguiu até o período cristão (séc.</p><p>XIII).</p><p>Principais tipos de poemas e técnicas skáldicas:</p><p>Um poema importante podia ter 20 ou mais versos e uma estrutura de três</p><p>partes, com parágrafos de abertura e de encerramento, enquadrando um grupo</p><p>central de estrofes e de estribilhos.</p><p>Drápa/Drápur – poemas longos para comemorar os feitos de antigos reis, com</p><p>estribilhos.</p><p>Flokkr – poema curto para eventos de menor importância, sem estribilhos.</p><p>Dróttkvaet – métrica curta.</p><p>Lausavísur – narrativas heroicas</p><p>Kenning – técnica poética, perífrases utilizando passagens da mitologia</p><p>nórdica.</p><p>Skálds famosos:</p><p>Bragi “o velho”, séc. IX d.C., o mais antigo poeta eskáldico norueguês.</p><p>Eyvind Skaldaspillir.</p><p>Sighvatr Thórðardson</p><p>Thiodolf – autor do poema Haustlong (“saudades do outono”)</p><p>Einar Skalaglamm – compôs o poema Vellekla em honra do grande conde</p><p>Hakon de Lade (Noruega), no final do século X.</p><p>Kormák Ogmundarson (morto em 970 d.C.), o “poeta do amor”, islandês.</p><p>Egill Skallagrimsson – o mais famoso poeta islandês durante a Idade Média e</p><p>um dos mais celebrados Vikings de todos os tempos. Egill encarnou todos os</p><p>protótipos e contradições de um nórdico: skáld, pirata, fazendeiro, mercador,</p><p>guerreiro. Com a idade de 6 anos matou um garoto vizinho com o machado de</p><p>seu pai, seu primeiro assassinato de uma longa série. Se tornou um célebre</p><p>aventureiro e pirata a serviço do rei Athelstan da Inglaterra. Para o rei Erik de</p><p>York, compôs o poema Hofuðslaun.</p><p>Snorri Sturluson (1179-1241) – o mais importante skáld da História. Suas</p><p>principais obras foram Heimskrimgla (“o círculo do mundo”), uma monumental</p><p>saga histórica sobre os reis da Noruega; Edda em Prosa, um manual para poetas</p><p>iniciantes contendo informações sobre a mitologia nórdica (mitografia); Egil’s</p><p>Saga, a vida de outro skáld famoso, Egil Skallagrimson (citado acima). Snorri</p><p>era membro de umas das famílias mais importantes da Islândia, convertendo-se</p><p>em líder local, magnata territorial, embaixador. Morreu assassinado em sua</p><p>fazenda em Reykjaholt em 22 de setembro de 1241.</p><p>11. As novas concepções sobre os Vikings</p><p>Os guerreiros mais famosos da Idade Média foram os habitantes da</p><p>Escandinávia, conhecidos atualmente como Vikings. Inúmeras canções,</p><p>romances e filmes celebram seus feitos. Mas apesar dessa grande fama, a sua</p><p>verdadeira cultura esconde-se atrás de muitas falsas ideias, de interpretações</p><p>errôneas da História – os estereótipos.</p><p>O mais conhecido dos estereótipos relacionados aos Vikings, mas também</p><p>atribuídos a outros bárbaros (como celtas e saxões), são os capacetes com chifres</p><p>laterais. Sabemos hoje pelos recentes estudos arqueológicos que os verdadeiros</p><p>elmos de batalha de todos os povos da Europa pré-cristã e da Idade Média eram</p><p>cônicos ou esféricos, lisos e sem nenhuma protuberância. Até mesmo aquelas</p><p>asas no capacete do personagem de quadrinhos Astérix são fantasiosas. Mas e</p><p>como surgiram essas imagens equivocadas? Segundo nossas pesquisas, elas</p><p>ocorreram em primeiro lugar na Inglaterra em 1830, espalhando-se depois com</p><p>as manifestações artísticas da França e Alemanha. Neste último país, após a</p><p>exibição da ópera O anel dos Nibelungos, de Richard Wagner (1870), o</p><p>estereótipo tanto dos chifres quanto das asas foi tradicionalmente representado</p><p>na pintura, escultura e literatura. Acreditava-se que os adornos córneos</p><p>simbolizariam o poder guerreiro, o poder masculino dessas antigas culturas.</p><p>Somente no século XX é que a cultura erudita começou a associar essa imagem</p><p>com maridos enganados pelas esposas… Logo veio o cinema e as histórias em</p><p>quadrinhos, que trataram de popularizar ao máximo o estereótipo dos elmos</p><p>cornudos. Mesmo hoje em dia, podemos encontrá-lo em alguns manuais de</p><p>ensino de História, ou sendo utilizados por alguns torcedores suecos em época</p><p>de copa do mundo. Mas o empenho de muitos pesquisadores tenta destruir essa</p><p>imagem equivocada.</p><p>Outro famoso estereótipo associado aos nórdicos e bárbaros medievais, é a</p><p>suposta utilização do crânio dos inimigos como copo para bebidas! Na realidade,</p><p>esse estereótipo foi inventado muito antes do surgimento dos Vikings. No século</p><p>V depois de Cristo, a Europa sofria os ataques dos Hunos, temidos guerreiros da</p><p>Mongólia. Um cronista gótico desse período chamado Jordanis, acreditava que</p><p>os Hunos não eram humanos, mas seres bestiais que devoravam crianças e</p><p>cometiam terríveis atrocidades. Ele foi um dos primeiros que descreveu essa</p><p>prática cruenta: matar, decapitar e transformar as cabeças em recipientes para</p><p>bebidas. Claro que foi apenas uma fantasia, pois inventar atrocidades e</p><p>misticismos sobre os inimigos é um dos mais antigos ardis políticos. Como os</p><p>Vikings também não eram bem vistos na Idade Média por atacarem mosteiros e</p><p>templos cristãos, nada mais óbvio que compará-los com seres demoníacos.</p><p>Precisavam ser rebaixados à um nível de crueldade sem igual. Imediatamente</p><p>surgiram representações de grandes banquetes e festas, nos qual os guerreiros</p><p>escandinavos utilizariam o horrendo receptáculo para bebidas. Mesmo em</p><p>nossos dias esse estereótipo ainda persiste, a exemplo da cena inicial do filme</p><p>Escorpião Rei.</p><p>O terceiro estereótipo é relacionado com as vestimentas dos Vikings. Grande</p><p>parte das obras artísticas do século XIX e de muitos filmes posteriores,</p><p>representaram os bárbaros vestindo roupas feitas de pele de animais. Algumas</p><p>cenas, inclusive, idealizavam os nórdicos mais como homens pré-históricos do</p><p>que guerreiros medievais, como a ilustração Chegada dos Normandos à França,</p><p>de Guizot (1879). Verdadeiros trogloditas cobertos com couro, alguns portando</p><p>até clavas e porretes. Sabemos hoje que a maioria dos povos bárbaros não eram</p><p>tão bárbaros assim. Aliás, esse termo originalmente designava os povos que não</p><p>falavam grego, depois latim e finalmente, os que não professavam o</p><p>cristianismo. Praticamente todos os bárbaros da Europa elaboravam suas roupas</p><p>por meio da tecelagem de origem animal. Os Vikings fabricavam roupas a partir</p><p>da lã de carneiros e ovelhas criados em fazendas. Primeiramente a lã era lavada,</p><p>depois fiada, tecida e tingida. A qualidade era tão boa que muitas vezes chegou a</p><p>ser exportada. Os vestidos das mulheres eram muito sofisticados, decorados com</p><p>excepcionais broches e fivelas de metal.</p><p>E porque representar os bárbaros vestindo peles de animais? Uma maneira</p><p>eficiente de criticar outra cultura é compará-la ao máximo com criaturas</p><p>“inferiores”. Se sou membro de um povo dito civilizado, que segue regras de</p><p>conduta de inspiração divina ou religiosa, então estou muito distante da esfera</p><p>bestial. Trajando peles pesadas, morando em cavernas ou casas mal elaboradas,</p><p>os Vikings seriam humanos mais próximos dos animais do que das civilizações</p><p>cristãs. É óbvio que o imaginário religioso vai associar aos povos pagãos (que</p><p>não seguem a Bíblia), toda uma série de atitudes vistas como pecaminosas ou</p><p>incorretas para uma sociedade considerada “civilizada”: incesto, canibalismo,</p><p>sacrifícios de crianças. Então, se os Vikings são pagãos, necessariamente fazem</p><p>tudo isso e é claro, vestem roupas grosseiras!</p><p>Outra imagem tipicamente associada aos antigos nórdicos são seus hábitos</p><p>alimentares: comeriam somente carne crua, a qual arrancariam com os dentes.</p><p>Mais uma vez, representações fantasiosas procurando caracterizar os Vikings</p><p>como criaturas animalescas e brutais. Mas a arqueologia moderna já descobriu</p><p>muitos utensílios de cozinha, como cuias de madeira, tonéis, cestas de vime,</p><p>panelas e todos os tipos de recipientes de cerâmica, demonstrando um</p><p>sofisticado padrão de cozimento e preparo dos alimentos na cultura nórdica.</p><p>Mas os bárbaros teriam sido assim tão cruéis? É óbvio que os Vikings fizeram</p><p>pilhagens, saques e massacres em diversas cidades europeias. Mas nem todos os</p><p>escandinavos eram piratas. Alguns foram mercenários, comerciantes,</p><p>aventureiros e colonizadores pacíficos, outros dedicaram-se somente para a</p><p>agricultura. No mundo nórdico, um guerreiro era tão respeitado quanto um</p><p>poeta. E o tema da violência na História é algo que deve ser sempre visto com</p><p>relatividade. Mesmo os povos cristãos da Idade Média cometerem atos que hoje</p><p>consideramos terríveis, a exemplo das cruzadas no Oriente Médio, o uso da</p><p>inquisição pela Igreja ou as guerras religiosas. Para os árabes, os bárbaros eram</p><p>os europeus que participavam das cruzadas, pelos atos horripilantes que</p><p>executaram perante as populações orientais.</p><p>Uma característica que desmente a fama de crueldade extrema dos Vikings é a</p><p>sua índole para o humor. Apelidos era</p><p>muito comuns, mas alguns enfatizavam</p><p>traços opostos à realidade física da pessoa, como Thorald o magro, que na</p><p>realidade era bem gordo, ou Harald o loiro, para um homem com cabelo escuro.</p><p>A morte era um momento para celebração e alegria, bem ao contrário do que</p><p>nossa civilização preconiza. Mesmo quando um homem era condenado à morte,</p><p>o sorriso o acompanhava até o cadafalso.</p><p>E o último dos estereótipos é relacionado a uma suposta força sobre-humana</p><p>dos escandinavos – pois estes, mesmo para o imaginário popular contemporâneo,</p><p>teriam sido homens gigantescos e com grande estrutura muscular. Vários filmes</p><p>enfatizam erroneamente que a espada Viking não poderia ser manejada por</p><p>outros guerreiros, devido ao seu enorme peso. É certo que o equipamento</p><p>nórdico não era mais sofisticado que o da Europa medieval, e o que causou</p><p>impacto foram mais as técnicas de guerra adotadas: ataques relâmpagos e</p><p>utilização de machados e espadas para serem manejadas por somente uma das</p><p>mãos. Quanto à constituição física, o exame de esqueletos determinou que o</p><p>tamanho médio dos dinamarqueses, noruegueses e islandeses era de 1,70 metros</p><p>– uma altura igual ao dos outros europeus. Somente os suecos tinham um</p><p>tamanho mais elevado. O que ocasionou maior diferença no momento das</p><p>batalhas foi a saúde muito superior dos escandinavos em relação ao restante do</p><p>continente, devido à uma alimentação mais equilibrada e rica em proteínas.</p><p>Novos estudos historiográficos e descobertas arqueológicas estão revelando</p><p>muitos detalhes sobre o modo de vida, o pensamento e a riqueza cultural dos</p><p>Vikings. Contribuirão para que desapareçam os diversos estereótipos que foram</p><p>elaborados desde o momento em que os nórdicos surgiram perante o Ocidente e</p><p>definitivamente deixaram suas marcas, imaginárias e reais.</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>1. Obras de referência:</p><p>GRAHAM-CAMPBELL, James (org.). Cultural atlas of the Viking World.</p><p>Oxford/New York: Facts on File, 1994.</p><p>HAYWOOD, John. Encyclopaedia of the Viking Age. London: Thames and</p><p>Hudson, 2000.</p><p>_____ The Penguin historical atlas of the Vikings. London: Penguin, 1995.</p><p>PULSIANO, Phillip. 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