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<p>ASPECTOS	BÁSICOS	DA	HISTÓRIA	E</p><p>CULTURA	DOS	VIKINGS</p><p>Prof.	Dr.	Johnni	Langer</p><p>(UNC,	SC/UNICS,	PR)</p><p>johnnilanger@yahoo.com.br</p><p>mailto:johnnilanger@yahoo.com.br</p><p>Conversão	para	EPUB:</p><p>EREMITA</p><p>Conforme	a	nova	ortografia</p><p>da	língua	portuguesa</p><p>Este	arquivo	pode	ser	livremente	distribuído,	desde	que	citada	a	fonte</p><p>da	editoração	eletrônica.</p><p>Sumário</p><p>CAPA</p><p>Folha	de	Rosto</p><p>Créditos</p><p>1.	A	origem	e	o	contexto	histórico	dos	Vikings:</p><p>2.	As	classes	sociais</p><p>3.	Regras	sociais,	família,	educação</p><p>4.	As	embarcações	e	a	tecnologia	náutica</p><p>5.	O	guerreiro	e	seu	equipamento</p><p>6.	Técnicas	de	batalha</p><p>7.	Os	mitos</p><p>8.	Runas	e	símbolos</p><p>9.	Os	funerais	e	enterros</p><p>10.Os	Poetas	da	Era	Viking.</p><p>11.	As	novas	concepções	sobre	os	Vikings</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>1.	 A	 origem	 e	 o	 contexto	 histórico	 dos</p><p>Vikings:</p><p>Os	Vikings	constituem	os	mais	famosos	guerreiros	da	Idade	Média.	Seu	nome</p><p>está	associado	a	povos	 implacáveis	e	 temíveis,	sedentos	por	sangue	e	batalhas.</p><p>Mas	na	realidade,	os	nórdicos	medievais	foram	muito	mais	do	que	apenas	piratas</p><p>e	saqueadores.	Formaram	uma	civilização	sofisticada	e	complexa,	que	interferiu</p><p>com	o	rumo	da	História	europeia	e	deixou	marcas	profundas	no	Ocidente.</p><p>Qual	a	origem	desses	guerreiros?	A	palavra	Viking	provém	do	nórdico	antigo</p><p>víkingr,	e	era	utilizado	para	designar	os	piratas,	aventureiros	e	mercenários	que</p><p>navegavam	para	outras	 regiões.	Nenhum	escandinavo	chamava	a	 si	 próprio	de</p><p>Viking.	A	partir	do	século	XVIII,	o	 termo	passou	a	ser	sinônimo	para	todos	os</p><p>habitantes	 da	 Escandinávia	 medieval	 e	 hoje	 é	 utilizado	 pela	 maioria	 dos</p><p>acadêmicos.	Cronologicamente,	os	nórdicos	que	recebem	essa	alcunha	viveram</p><p>entre	793	a	1066	d.C,	a	divisão	clássica	da	Era	Viking.</p><p>Os	 escandinavos	 pertencem	 aos	 chamados	 povos	 germânicos,	 uma</p><p>classificação	que	leva	em	conta	a	linguagem	e	certos	aspectos	culturais	básicos,</p><p>como	 a	mitologia.	 E	 os	 germanos	 fazem	 parte	 de	 uma	 grande	 leva	migratória</p><p>denominada	de	Indo-europeus	(do	qual	fazem	parte	também	os	celtas,	eslavos	e</p><p>gregos).</p><p>O	início	do	povoamento	indo-europeu	na	Escandinávia	se	deu	entre	8.000	a.C.</p><p>Os	primitivos	ocupantes	 a	 partir	 de	4.000	 eram	povos	nômades,	 agricultores	 e</p><p>criadores	 de	 gado.	 A	 primeira	 grande	 revolução	 social	 se	 deu	 somente	 com	 a</p><p>introdução	do	 ferro	na	Escandinávia,	em	meados	do	primeiro	milênio	antes	de</p><p>Cristo.	 Antes	 do	 advento	 da	 Era	 Viking,	 houve	 um	 período	 conhecido	 como</p><p>Vendel	(séc.	VII-VIII	d.C.),	que	já	atestava	a	existência	de	ricos	túmulos	de	reis	e</p><p>guerreiros,	poderosas	dinastias	e	imensas	fortificações	como	Danervike.</p><p>A	Era	Viking	 tradicionalmente	começa	com	o	célebre	ataque	ao	mosteiro	de</p><p>Lindisfarne,	 Inglaterra,	em	793	d.C.	A	maioria	das	 incursões	dos	escandinavos</p><p>nesse	 período	 era	 totalmente	 predatória,	 atos	 isolados	 de	 pirataria	 nas	 costas</p><p>europeias.	Qual	a	causa	desses	ataques?	Porque	os	escandinavos	a	partir	desse</p><p>momento	 saíram	 de	 seu	 isolamento?	 Os	 especialistas	 pensam	 em	 algumas</p><p>hipóteses,	 indo	 desde	 a	 superpopulação	 (e	 falta	 de	 alimento	 ou	 subsistência),</p><p>divergências	 legais	 internas,	diferenças	sociais	e	condições	mercantis.	Também</p><p>temos	que	levar	em	conta	que	a	tecnologia	náutica	dos	povos	nórdicos,	durante</p><p>esse	 período,	 estava	 em	 seu	 auge,	 permitindo	 tanto	 as	 incursões	 quanto	 ao</p><p>processo	de	 colonização	em	 localidades	distantes.	Muitos	 líderes	 escandinavos</p><p>foram	 expulsos	 de	 suas	 comunidades.	 Disputas	 internas	 pelo	 poder,	 cada	 vez</p><p>mais	centralizado	(e	que	ocasionou	a	formação	de	 impérios	unificados	no	final</p><p>da	 Era	 Viking),	 ocasionaram	 graves	 conflitos	 armados,	 sugerindo	 outra</p><p>possibilidade	 para	 explicar	 a	 expansão	 Viking	 pelo	 mundo	 ocidental.</p><p>Atualmente,	o	comércio	é	apontado	como	um	fator	primordial	da	expansão	dos</p><p>nórdicos	pelo	mundo,	somado	às	possibilidades	de	bons	furtos	e	fornecimento	de</p><p>provisões,	 todas	 possibilidades	 decorrentes	 de	 rotas	 específicas	 de	 navegação</p><p>abertas	pelos	primeiros	piratas	Vikings.</p><p>A	Escandinávia	do	período	era	constituída	por	três	reinos,	ainda	sem	estrutura</p><p>centralizada.	O	da	Dinamarca	é	o	mais	conhecido	atualmente.	Em	800	d.C.,	os</p><p>Danis	criaram	um	reinado	que	inclui	a	moderna	Dinamarca,	parte	da	Alemanha	e</p><p>as	 províncias	 de	 Skåne	 e	 Halland.	 A	 maior	 preocupação	 dos	 Danis	 era	 se</p><p>protegerem	do	expansionismo	dos	Francos.	No	início	da	Era	Viking,	constituía-</p><p>se	politicamente	no	mais	avançados	dos	povos	escandinavos.	Mas	durante	o	séc.</p><p>IX,	esse	reino	foi	sucessivamente	dividido	e	entrou	em	colapso.	A	Noruega	era</p><p>fragmentada	 em	 pequenos	 reinos	 com	 identidade	 regionalizada.	 Na	 Suécia</p><p>viviam	os	Svíar	e	na	região	báltica	os	Götar.	Entre	890,	o	rei	Svíar	possuía	um</p><p>reino	que	se	estendia	da	ilha	de	Gotland	até	o	centro	da	Suécia.</p><p>A	História	dos	povos	nórdicos	é	dividida	em	duas	Eras	separadas.	A	primeira</p><p>Era	 Viking	 (séc.	 IX-X)	 teve	 início	 com	 os	 saques	 e	 incursões	 hostis,	 mas</p><p>também	 povoações	 foram	 criadas	 nas	 ilhas	 britânicas	 e	 Irlanda.	O	 auge	 desse</p><p>período	 foram	 a	 colonização	 da	 Islândia	 (860),	 as	 primeiras	 incursões	 no</p><p>Mediterrâneo	(859)	e	o	estabelecimento	do	principado	de	Kiev	(860).	A	Segunda</p><p>Era	 Viking	 (séc.	 X-XI)	 foi	 inicialmente	 marcada	 pelo	 fortalecimento	 das</p><p>dinastias	 permanentes	 e	 poderosas	 na	 Escandinávia	 e	 a	 lenta	 aceitação	 do</p><p>cristianismo.	O	rei	Cnut	conquista	a	Inglaterra	e	consolida	um	império	efêmero</p><p>em	 todo	 o	mar	 norte	 (incluindo	 também	a	Dinamarca,	Noruega	 e	 Suécia).	No</p><p>Oeste,	houve	a	colonização	do	Atlântico	Norte,	com	colônias	na	Groenlândia	e</p><p>Canadá.	O	 fim	do	período	Viking	em	 todo	o	mundo	Ocidental	coincide	com	a</p><p>passagem	 do	 paganismo	 para	 o	 cristianismo.	 Um	 escandinavo	 deixava	 de	 ser</p><p>Viking	quando	tornava-se	cristão.	A	conversão	definitiva	da	Islândia	(1000)	e	a</p><p>batalha	 de	 Hastings	 (1066),	 tornaram-se	 os	 marcos	 principais	 do	 desfecho	 da</p><p>mais	empolgante	fase	da	história	nórdica.</p><p>2.	As	classes	sociais</p><p>A	 sociedade	 Viking	 era	 muito	 estratificada.	 Dentro	 de	 cada	 região	 da</p><p>Escandinávia,	havia	uma	estrita	hierarquia	com	um	chefe	ou	rei	no	comando	e</p><p>uma	 aristocracia	 que	 servia	 de	 apoio	 ao	 seu	 poder.	 Abaixo,	 estavam	 os</p><p>fazendeiros,	 comerciantes	 e	 pescadores.	 No	 estrato	mais	 inferior,	 os	 escravos.</p><p>Juridicamente,	 só	 existiam	 os	 homens	 livres	 e	 os	 não-livres	 (escravos),	 sendo</p><p>que	 os	 primeiros	 eram	 protegidos	 pela	 lei	 e	 podiam	 participar	 das	 Things</p><p>(assembleias).	 A	 estrutura	 social	 não	 era	 rígida,	 assim,	 um	 escravo	 poderia</p><p>adquirir	liberdade,	assim	como	um	fazendeiro	poderia	se	tornar	um	nobre.</p><p>O	 rei	 (konungr)	 era	 basicamente	um	chefe	militar,	 religioso	 e	 administrador</p><p>que	garante	a	paz	no	seu	 território.	Seguindo	a	velha	 tradição	germânica,	o	 rei</p><p>era	 o	 primeiro	 entre	 seus	 iguais.	 No	 início	 da	 Era	 Viking,	 quando	 toda	 a</p><p>Escandinávia	era	dividida	em	muitos	clãs,	um	chefe	 local	 tornou-se	 rei	apenas</p><p>porque	foi	nomeado	por	outros	chefes	nas	assembleias.	Nos	últimos	momentos</p><p>da	Era	Viking,	 a	monarquia	 se	 transforma	 em	um	 instrumento	mais	 poderoso,</p><p>unificador	 e	 centralizador,	 e	 a	 herança	 tornou-se	 regra,	 ao	 invés	da	nomeação.</p><p>Mas	se	o	poder	real	era	hereditário	nesse	momento,	a	sucessão	de	pai	para	filho</p><p>não	era	garantida.	Assim,	outro	membro	da	família	poderia	disputar	a	sucessão,</p><p>originando	 violentos	 conflitos.	 Reis	 e	 rainhas	 eram	 enterrados	 com	 grande</p><p>ostentação.	A	fonte	de	toda	essa	riqueza,	no	início	da	Era	Viking,	era	a	posse	das</p><p>terras,	 nos	 produtos	 e	 impostos	 pagos	 pelos	 trabalhadores.	 Com	 a	 crescente</p><p>complexidade	 da	 sociedade,	 as	 receitas	 reais	 começaram	 a	 ser	 adquiridas	 com</p><p>impostos	 mercantis	 e	 alfandegários.	 A	 cunhagem	 de	 moedas	 foi	 uma	 típica</p><p>atividade	 demonstradora	 de	 poder	 político	 e	 econômico,	 por	 parte	 da	 realeza</p><p>nórdica.</p><p>A	classe	dos	nobres	 (jarls),	 formava	a	base	da	 aristocracia,	 que	 também	era</p><p>hereditária.	Todas	as	propriedades,	 família	e	bens	 legais	passavam</p><p>Hardcover,	2002.</p><p>RUNDKVIST,	 Martin.	 Barshalder	 2:	 studies	 of	 late	 Iron	 Age	 Gotland.</p><p>Stockholm:	University	of	Stockholm,	2003.</p><p>CAPA</p><p>Folha de Rosto</p><p>Créditos</p><p>1. A origem e o contexto histórico dos Vikings:</p><p>2. As classes sociais</p><p>3. Regras sociais, família, educação</p><p>4. As embarcações e a tecnologia náutica</p><p>5. O guerreiro e seu equipamento</p><p>6. Técnicas de batalha</p><p>7. Os mitos</p><p>8. Runas e símbolos</p><p>9. Os funerais e enterros</p><p>10.Os Poetas da Era Viking.</p><p>11. As novas concepções sobre os Vikings</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>para	o	 filho</p><p>mais	 velho.	 Esta	 classe	 exercia	 uma	 influência	 muito	 grande	 nas	 assembleias</p><p>regionais.	 Eram	 os	 constituidores	 do	 principal	 suporte	 militar	 de	 uma</p><p>comunidade.	 Formavam	 a	 base	 dos	 chamados	 chefes	 locais	 (lendrmadr,	 na</p><p>Islândia	eram	chamados	de	godhar),	que	exerciam	autoridade	em	nome	do	rei.</p><p>Em	 algumas	 regiões,	 como	 a	 Noruega,	 o	 poder	 dos	 jarls	 era	 tão	 grande	 que</p><p>dificultou	 a	 formação	 de	 um	 reino	 unificado.	 Os	 jarls	 exibiam	 sua	 condição</p><p>privilegiada	através	da	qualidade	superior	de	suas	vestimentas,	joias	e	armas.	Os</p><p>homens	usavam	mantos	finos	de	lã,	presos	aos	ombros	por	sofisticados	broches,</p><p>cobrindo	 túnicas	 muito	 belas.	 As	 espadas	 possuíam	 um	 fino	 acabamento	 nos</p><p>punhos.	Suas	damas	ostentavam	broches,	colares	e	braceletes	de	prata	e	ouro.	Os</p><p>vestidos	 (vadmal)	 eram	 tingidos	 por	 corantes	 caros,	 com	motivos,	 plissadas	 e</p><p>bordados	muitos	 sofisticados.	O	 principal	 traje	 feminino	 era	 uma	 única	 túnica</p><p>fina,	comprida	ou	curta.</p><p>A	 classe	 mais	 numerosa	 da	 Escandinávia	 Viking	 era	 a	 dos	 karls,	 todos	 os</p><p>nórdicos	 que	 não	 eram	 escravos	 e	 nem	 nobres.	 Podiam	 possuir	 e	 usar	 armas,</p><p>assistir	 e	 falar	 no	 Thing.	 A	maioria	 dos	 karls	 eram	 granjeiros	 ou	 fazendeiros,</p><p>chamados	 de	 bóndis.	 Mas	 haviam	 também	 os	 pescadores,	 comerciantes,</p><p>construtores	 de	 navios,	 ferreiros,	 artífices,	 carpinteiros,	 etc.	 Os	 bóndi	 podiam</p><p>também	 ser	muito	 ricos,	 devido	 à	 quantidade	de	 terras,	 escravos	 e	 ao	 controle</p><p>total	 de	 suas	 propriedades,	 ao	 contrário	 do	 feudalismo	 reinante	 na	 Europa	 da</p><p>época.	Outra	forma	de	reafirmar	seu	prestígio	eram	as	alianças	com	os	jarls.	A</p><p>classe	 dos	 karls	 servia	 como	 reserva	 de	 combatentes	 dos	 exércitos	 reais,</p><p>convocados	em	época	de	grandes	conflitos	ou	invasões	estrangeiras.</p><p>Os	escravos	tinham	o	nome	de	 thrall	e	eram	fundamentais	para	a	economia.</p><p>Executavam	os	trabalhos	menos	valorizados	e	não	possuíam	mais	direitos	do	que</p><p>um	cavalo	ou	um	cão,	pois	pela	lei,	eram	propriedades.	Seus	donos	tinham	poder</p><p>de	vida	e	morte	 sobre	eles,	 e	até	o	advento	do	cristianismo,	matar	um	escravo</p><p>não	 era	 considerado	 crime,	 especialmente	 as	mulheres	 (muitas	 das	 quais	 eram</p><p>oferecidas	 a	 sacrifícios	 religiosos).	 A	 escravidão	 podia	 ser	 uma	 pena	 imposta</p><p>para	 pessoas	 capturadas	 em	 outros	 países,	 punições	 para	 certos	 crimes,</p><p>pagamento	de	dívidas	ou,	simplesmente,	pessoas	nascidas	em	servidão,	pois	ela</p><p>também	 era	 hereditária.	 Alguns	 homens	 livres	 podiam	 ser	 convertidos	 em</p><p>escravos	 por	 dívidas,	 e	 após	 o	 saldo	 desta,	 voltavam	 a	 ser	 livres	 novamente.</p><p>Praticamente	em	todas	as	propriedades	escandinavas	existiam	servos	e	escravos.</p><p>Os	 escravos	 podiam	 comprar	 sua	 liberdade,	mediante	 cultivo	 de	 lotes	 de	 terra</p><p>concedidos	 por	 seus	 proprietários.	 Não	 existem	 indícios	 arqueológicos	 de</p><p>sepultamento	de	escravos.	Possivelmente,	após	a	sua	morte,	o	corpo	do	escravo</p><p>era	simplesmente	desfeito	sem	qualquer	cerimônia.	Um	dos	grandes	entrepostos</p><p>Vikings	 para	 vendas	 de	 escravos	 foi	 na	 região	 do	Volga,	 e	 eles	 serviam	 como</p><p>mercadoria	 de	 troca	 para	 o	 comércio	 com	 o	 califado	 abássida	 de	 Bagdá.	 A</p><p>instituição	da	escravidão	desapareceu	da	Escandinávia	entre	os	séculos	12	e	14</p><p>de	nossa	Era.</p><p>3.	Regras	sociais,	família,	educação</p><p>A	 família	 era	 o	 núcleo	 social	mais	 importante	 do	mundo	 nórdico.	Decisões</p><p>familiares	 muitas	 vezes	 eram	 mais	 importantes	 até	 do	 que	 as	 individuais.</p><p>Também	ocorriam	com	frequência	rivalidades	entre	famílias,	algumas	resolvidas</p><p>no	Thing,	 outras	 em	duelos	 combinados.	Ou	então,	 após	o	pagamento	de	uma</p><p>multa	pela	parte	culpada	(pago	em	público),	ou	o	uso	do	ordálio	(prova	por	meio</p><p>da	dor	física,	onde	o	resultado	é	considerado	de	caráter	sobrenatural).	Todos	os</p><p>escandinavos	dependiam	de	sua	família	para	obter	alimentos,	abrigo,	companhia</p><p>e	principalmente,	proteção	e	vinganças.</p><p>A	noção	de	família	(fjolskylda)	era	diferente	da	moderna:	numa	mesma	casa,</p><p>moravam	 os	 avós,	 pai,	 mãe,	 irmãos	 e	 primos	 do	 pai,	 crianças	 e	 os	 escravos.</p><p>Todas	as	pessoas	de	uma	família	comiam,	dormiam,	trabalhavam	e	cozinhavam</p><p>dentro	das	residências,	em	um	único	aposento	sem	divisões.	O	ambiente	interior</p><p>das	residências	era	muito	escuro	e	insalubre.	Somente	os	ricos	viviam	em	casas</p><p>confortáveis.</p><p>Os	filhos	mantinham	uma	relação	muito	estreita	com	os	pais,	e	mesmo	após	o</p><p>casamento	continuavam	a	trabalhar	na	fazenda	da	família	paterna.	Os	membros</p><p>de	 uma	 fjolskylda	 mantinham	 obrigações	 de	 suporte	 mútuo.	 Se	 a	 honra	 da</p><p>família	 era	 maculada,	 os	 membros	 deveriam	 defendê-la,	 mesmo	 em	 casos	 de</p><p>assassinato	ou	injúria	contra	um	membro	dela	(no	caso,	a	realização	da	vingança</p><p>de	 sangue).	 A	 família	 era	 responsável	 pelo	 suporte	 material	 de	 todos	 os</p><p>membros,	 principalmente	 aqueles	 que	 pela	 idade	 ou	 doença,	 não	 podiam</p><p>trabalhar.</p><p>Como	em	muitas	culturas,	as	crianças	Vikings	brincavam	com	miniaturas	que</p><p>imitavam	 a	 vida	 adulta,	 como	 espadas	 e	 armas	 de	madeira,	 além	 de	 jogos	 de</p><p>tabuleiro	e	de	bola.	A	educação	formal	era	desconhecida.	O	pai	 tomava	 toda	a</p><p>responsabilidade	 da	 educação,	 e	 alguns	 skalds	 (poetas)	 complementavam	 com</p><p>narrativas	 orais.	Algumas	 crianças	 eram	 tratadas	 com	muita	 severidade,	 outras</p><p>com	mais	 tolerância.	 Desde	muito	 cedo,	 as	 crianças	 colaboravam	 diretamente</p><p>nos	 trabalhos	 das	 fazendas,	 artesanato	 ou	 negócios.	 Inicialmente,	 meninos	 e</p><p>meninas	são	convocados	para	trabalhos	simples.	Posteriormente,	com	o	avanço</p><p>da	idade,	são	 incumbidos	de	 tarefas	apropriadas	para	seu	sexo,	como	exemplo,</p><p>fiação	e	tecelagem	para	as	garotas	e	metalurgia	para	os	garotos.	Entre	os	13	e	19</p><p>anos,	ocorre	a	passagem	para	a	vida	adulta.	Na	aristocracia	e	realeza,	garotos	são</p><p>convocados	para	atuarem	na	política	e	guerra	na	metade	da	adolescência.	Harald</p><p>Hardrada	tinha	somente	15	anos	quando	atuou	na	batalha	de	Stiklestad	em	1030.</p><p>Nos	 tempos	 paganistas,	 o	 aborto	 e	 a	 exposição	 de	 recém-nascidos	 era</p><p>permitido	(geralmente	abandonados	em	bosques).	O	bebê	deveria	ser	aceito	pelo</p><p>pai	 para	 poder	 viver.	 Não	 conhecemos	 as	 concepções	 paganistas	 sobre	 a	 vida</p><p>após	 a	 morte	 para	 elas.	 Como	 também	 não	 existem	 vestígios	 de	 enterros	 em</p><p>cemitérios	e	nem	estelas	ou	memoriais	para	crianças.</p><p>Após	 o	 casamento,	 a	 mulher	 não	 mantinha	 mais	 relações	 com	 sua	 família</p><p>natal.	 Ela	 tinha	 que	 cuidar	 das	 crianças	 pequenas,	 preparar	 e	 cozinhas	 o</p><p>alimento,	 limpar	a	casa	e	 lavar	a	 roupa.	Era	a	mulher	que	cuidava	dos	feridos,</p><p>doentes	 e	 idosos.	Quando	 o	 homem	 estava	 ausente,	 ela	 ficava	 encarregada	 da</p><p>autoridade	 doméstica	 –	 seu	 símbolo	 era	 um	molho	 de	 chaves	 preso	 ao	 cinto.</p><p>Desde	menina,	a	mulher	aprendia	a	ser	quieta	e	obediente.	Geralmente	eram	os</p><p>pais	que	escolhiam	o	marido	para	as	filhas,	mas	elas	não	eram	obrigadas	a	casar.</p><p>Nem	 a	 idade	 ou	 a	 falta	 de	 virgindade	 eram	 empecilhos	 para	 o	 casamento.	 O</p><p>casamento	 (kostr)	 era	 organizado	 em	 duas	 etapas:	 o	 noivado	 e	 o	 matrimônio</p><p>(brullaup).	A	iniciativa	partia	do	noivo	ou	de	seu	pai,	que	realizava	a	proposta</p><p>para	o	pai	ou	guardião	da	noiva.	Se	este	último	ficasse	satisfeito,	o	pretendente</p><p>prometia	pagar	um	preço	pela	noiva	(mundr).	Enquanto	solteira,	a	mulher	ficava</p><p>sob	a	guarda	jurídica	do	pai	ou	irmão,	e	com	o	casamento,	essa	responsabilidade</p><p>passava	para	o	marido.	Os	poderes	do	homem	sobre	a	esposa	eram	grandes:	ele</p><p>podia	 ter	 concubinas,	matar	 a	 esposa	 adúltera	 e	 o	 amante	 e	mandar	matar	 um</p><p>bebê	doente.	Entretanto,	 as	mulheres	podiam	pedir	divórcio	 (entre	os	motivos,</p><p>por	exemplo,	a	impotência),	ter	propriedades	e	bens	legais.	As	viúvas	podiam	se</p><p>tornar	poderosas	com	a	herança	do	marido.</p><p>Não	existem	evidências	da	participação	feminina	em	batalhas	como	guerreiras</p><p>(a	 exemplo	 do	 que	 ocorria	 com	 os	 Celtas),	 mas	 as	 mulheres	 nórdicas	 eram</p><p>integrantes	de	expedições	colonizadoras	e	mesmo	nas	fazendas	e</p><p>propriedades,</p><p>podiam	 participar	 na	 defesa	 armada	 em	 casos	 de	 ataques.	 Um	 caso	 célebre</p><p>envolvendo	mulher	em	conflitos	foi	com	a	filha	de	Erik,	o	vermelho,	chamada</p><p>de	 Freydis.	 No	momento	 em	 que	 sua	 fazenda	 (situada	 na	 América	 do	 Norte)</p><p>estava	 sendo	 atacada	 pelos	 indígenas	 denominados	 de	 Skraelings,	 ela	 mesmo</p><p>estando	grávida,	desnuda	seus	seios	e	os	ataca	com	seu	machado.	Os	agressores,</p><p>aturdidos	por	uma	cena	tão	insólita	–	combatidos	furiosamente	por	uma	mulher</p><p>com	cabelos	de	fogo	e	grávida	-	acabaram	fugindo	do	local.</p><p>4.	As	embarcações	e	a	tecnologia	náutica</p><p>Acima	de	tudo,	os	Vikings	foram	um	povo	construtor	de	navios	e	uma	cultura</p><p>dedicada	 ao	mar.	A	 expansão	 de	 sua	 civilização	 e	 de	 suas	 conquistas	 se	 deve</p><p>diretamente	 ao	 seu	 conhecimento	 em	 tecnologia	 náutica,	 a	mais	 sofisticada	 de</p><p>toda	a	Idade	Média.</p><p>Existiam	 vários	 tipos	 de	 embarcações	 no	mundo	 escandinavo.	Uma	 palavra</p><p>muito	 comum	hoje	 em	 dia	 –	drakkar	 (dragões),	 na	 realidade,	 foi	 criada	 pelos</p><p>franceses	e	não	tem	origem	nórdica.	O	barco	simples	(bote)	era	chamado	de	batr</p><p>e	faering,	e	o	navio	propriamente	de	skip.	Existiam	vários	tipos	de	navios,	sendo</p><p>os	 mais	 comuns	 o	 langrskip	 (navio	 longo,	 chamado	 também	 de	 herskip),</p><p>utilizado	para	guerra,	 e	o	knorr,	para	 fins	comerciais.	Ocorriam	navios	mistos,</p><p>como	o	karfi,	utilizado	para	passeio,	recreação	ou	exibições	oficiais	da	realeza.</p><p>O	 tipo	 de	 embarcação	 mais	 numerosa	 nos	 tempos	 vikings	 eram	 os	 botes,</p><p>utilizados	 para	 pescaria,	 transporte	 de	 pessoas	 entre	 as	 cidades	 e	 o	 litoral	 e</p><p>comércio.</p><p>A	 construção	 das	 embarcações	 era	 uma	 verdadeira	 arte,	 transmitida	 de	 pai</p><p>para	 filho,	 sem	 nenhum	 desenho	 ou	 esboço	 como	 guia.	 A	 tradição	 oral	 e	 a</p><p>experiência	 era	 as	 mestras.	 O	 carpinteiro	 era	 chamado	 stenfsmior	 e	 era	 quem</p><p>escolhia	as	melhores	árvores	a	serem	utilizadas	para	a	construção:	para	o	casco,</p><p>madeira	de	carvalho;	para	o	convés	e	mastro,	o	pinheiro.	A	construção	do	barco</p><p>começa	pela	roda	de	proa,	a	parte	da	frente.	Ela	é	talhada	em	uma	única	peça	de</p><p>madeira.	Após	 sua	 colocação,	monta-se	 uma	 peça	 idêntica	 na	 popa	 e	 entre	 as</p><p>duas,	a	quilha.	Para	controle	da	direção,	utilizava-se	um	leme	feito	de	madeira</p><p>maciça,		preso	por	um	cabo	e	fixado	na	popa.</p><p>Estaleiros	 foram	 instalados	 nos	 portos.	 Muitos	 navios	 eram	 construídos	 e</p><p>reformados	ao	mesmo	 tempo,	de	 acordo	com	a	demanda.	Em	Paviken	 (Suécia</p><p>Báltica),	foi	descoberto	uma	“doca	seca”	,	onde	as	embarcações	podiam	atracar</p><p>enquanto	 se	 faziam	 as	 reparações.	 Em	 Fribrodre	 (Dinamarca),	 também	 foram</p><p>localizados	 fragmentos,	 que	 fizeram	 os	 especialista	 concluírem	 que	 a	madeira</p><p>dos	navios	antigos	era	utilizada	para	reparar	barcos	novos.</p><p>Utilizavam-se	 tanto	 a	 única	 vela	 de	 lã	 como	 os	 remos	 para	movimentar	 as</p><p>embarcações,	as	vezes,	as	duas	ao	mesmo	tempo.	A	lã	tinha	origem	animal	e	era</p><p>impermeável.	Os	ataques	relâmpagos	eram	possíveis	graças	à	enorme	rapidez	e</p><p>extrema	 maneabilidade	 das	 embarcações	 longas.	 O	 segredo	 da	 pirataria	 bem</p><p>sucedida:	navios	ágeis	e	velozes.	Os	maiores	navios	de	guerra	chegavam	a	ter	55</p><p>metros	de	comprimento.	E	a		média	da	velocidade	de	um	navio	longo	era	de	8	a</p><p>10	nós	 (18	km/h).	Outra	vantagem	dos	navios	de	guerra	era	a	possibilidade	de</p><p>serem	transportados	por	terra	seca.	Para	tanto,	baixavam	o	mastro,	recolhiam	os</p><p>remos,	suspendiam	o	leme	e	faziam	a	embarcação	rolar	sobre	troncos	de	árvores</p><p>ou	sobre	rodas	de	madeira	(construídas	no	próprio	local	de	transporte).	Em	alto</p><p>mar,	 a	 vida	 a	 bordo	 dos	 navios	 não	 era	 fácil.	 Muitos	 morriam	 pelo	 frio	 ou</p><p>umidade,	 especialmente	 no	 Atlântico	 Norte.	 Seus	 corpos	 eram	 atirados	 ao</p><p>oceano.</p><p>O	costume	de	pendurar	escudos	nas	amuradas	dos	langrskips	era	cerimonial,	e</p><p>para	 a	 navegação	 propriamente	 dita	 eles	 eram	 retirados:	 num	 navio	 em</p><p>movimento,	cruzando	os	mares,	os	escudos	seriam	varridos	pela	água.	Somente</p><p>os	navios	de	batalha	utilizavam	carrancas	de	 animais	 (principalmente	dragões)</p><p>nas	proas.	Os	cargueiros	eram	mais	pesados,	redondos	e	sem	remos,	conforto	ou</p><p>enfeites.	Todo	o	espaço	era	 reservado	para	a	 carga	e	dependiam	 totalmente	do</p><p>vento	para	navegação.</p><p>Para	 orientar	 a	 navegação	 em	 alto	 mar,	 os	 marinheiros	 utilizavam	 a</p><p>experiência	 geográfica,	 memória,	 observação	 das	 rotas	 das	 aves	 marinhas	 e</p><p>peixes,	 variação	 da	 cor	 da	 água,	 astronomia	 e	 o	 uso	 de	 equipamentos.	 Não</p><p>existiam	 cartas	 náuticas	 e	 nem	 o	 conhecimento	 da	 bússola	 magnética.	 A</p><p>avaliação	da	 posição	baseada	nos	 cálculos	 do	 rumo	 seguido	da	 velocidade	 era</p><p>muito	 comum.	Direções	 eram	 calculadas	 em	 relação	 ao	Sol	 e	Lua	 (estão	mais</p><p>altos	 quando	 o	 navio	 ruma	 ao	 sul	 e	mais	 baixos,	 quando	 navegam	 na	 direção</p><p>oposta),	 direção	 do	 vento	 e	 à	 ondulação.	 Existe	 a	 possibilidade	 dos	 Vikings</p><p>utilizarem	a	medida	da	estrela	polar	(indica	o	norte),	como	os	árabes	faziam.</p><p>O	que	se	sabe	de	concreto,	é	que	existiam	bússolas	solares:	foram	descobertos</p><p>vestígios	de	um	disco	de	madeira	 e	de	esteatita	 triangular,	 ambos	nas	 colônias</p><p>nórdicas	da	Groenlândia.	Esses	objetos	possuíam	entalhes	laterais,	marcando	as</p><p>graduações	 da	 bússola.	No	 centro,	 possuíam	um	gnômon	–	 uma	haste	 vertical</p><p>que	projetava	uma	sombra	do	Sol.	Para	verificar	qual	era	o	rumo	da	embarcação,</p><p>girava-se	esse	disco	até	que	o	sombrado	gnômico	toque	a	curva	apropriada,	para</p><p>em	 seguida	 fazer	 a	 leitura	 dos	 entalhes	 laterais.	Marcações	 paralelas	 no	disco,</p><p>em	relação	à	sombra	do	gnômon,	indicavam	a	direção	norte.</p><p>Os	navios	Vikings	mais	famosos	são	os	de	Gokstad	(Noruega,	descoberto	em</p><p>1880)	e	Oseberg	(Noruega,	1904)	e	Skuldelev	(Dinamarca,	1956).	Todos	foram</p><p>recuperados	pela	arqueologia	e	hoje	se	encontram	em	museus	náuticos.</p><p>5.	O	guerreiro	e	seu	equipamento</p><p>Todos	os	homens	livres	tinha	o	direito	de	usar	armas	nas	sociedades	nórdicas.</p><p>Mas	nem	todos	recebiam	um	treinamento	específico	para	a	guerra,	como	no	caso</p><p>dos	jarls.</p><p>A	espada	era	a	melhor	de	todas	as	armas,	muito	apreciada	pelo	seu	poder	de</p><p>combate	e	como	símbolo	de	posição	social:	quanto	maior	o	status	do	guerreiro,</p><p>mais	magnífica	era	a	espada.	Muitas	vezes	o	cabo	era	ricamente	adornado	e	as</p><p>lâminas	 com	 dois	 gumes,	 e	 um	 comprimento	 de	 até	 80	 cm.	 Inclusive,	 alguns</p><p>cabos	 possuíam	 adamasquinados	 em	 forma	 de	 animal	 e	 detalhes	 artísticos</p><p>impressionantes.	 O	 acabamento	 do	 punho	 era	 de	 madeira.	 Algumas	 lâminas</p><p>eram	 importadas	 dos	 Francos	 (Ulfberht),	 mas	 o	 restante	 da	 espada	 era</p><p>confeccionada	 na	 própria	Escandinávia.	As	 lâminas	 tinham	que	 ser	 flexíveis	 e</p><p>leves,	 mas	 também	 fortes	 e	 afiadas.	 As	 espadas	 mais	 esplêndidas	 eram</p><p>guardadas	 em	 bainhas	 magnificamente	 adornadas	 com	 enfeites	 de	 bronze	 ou</p><p>douradas	e	até	mesmo	runas	e	detalhes	artísticos.	Muitos	esqueletos	recuperados</p><p>mostram	 ferimentos	 causados	 por	 espadas,	 mutilações	 feitas	 em	 combates</p><p>sangrentos.</p><p>As	 facas	 curtas	 de	 combate,	 de	 um	 só	 gume,	 eram	 concebidas	 para	 serem</p><p>espetadas	no	inimigo,	em	combates	corpo	a	corpo.	As	mais	comuns	tinham	cabo</p><p>de	ossos,	enquanto	as	mais	sofisticadas	eram	tão	adornadas	quanto	as	melhores</p><p>espadas.	 Seu	 uso	 era	 cotidiano	 para	 qualquer	 tipo	 de	 escandinavo,	 mesmo	 as</p><p>mulheres,	pois	também	era	uma	arma	de	defesa,	caça	e	pescaria.</p><p>Muitos	 tipos	 diferentes	 de	 lanças	 da	 Era	 Viking	 sobreviveram.	 Existiam	 as</p><p>lanças	e	dardos	de	arremesso,	projetadas	especialmente	para	obterem	velocidade</p><p>e	penetrarem	nas	linhas	inimigas.	Algumas	eram	semelhantes	ao	pilum	romano,</p><p>com	 formas	 muito	 finas	 e	 compridas.	 As	 pontas	 terminavam	 em	 “barbas”	 ou</p><p>arpões,	 para	 dificultar	 a	 retirada	 no	 corpo	 do	 adversário.	 Com	 isso,	 não</p><p>intencionavam	 recuperar	 esse	 tipo	 de	 armamento	 nas	 batalhas.	 Em	momentos</p><p>ofensivos,	utilizava-se	principalmente	o	arremesso	de	lanças	e	projéteis.	Mesmo</p><p>sendo	muito	usados	machados	e	espadas,	as	lanças	eram	as	peças	fundamentais</p><p>das	batalhas,</p><p>e	em	muitas	ocasiões,	os	conflitos	foram	resolvidos	somente	com	o</p><p>uso	 deste	 tipo	 de	 armamento!	 Logo	 no	 início	 dos	 conflitos,	 no	 momento	 do</p><p>arremesso	dos	projéteis	acima	dos	adversários,	clamava-se	o	nome	de	Óðinn.	As</p><p>lanças	 ofensivas	 não	 eram	 fabricadas	 para	 arremesso,	 mas	 como	 armas	 de</p><p>suporte.	 Eram	 ricamente	 decoradas	 nas	 próprias	 lâminas,	 com	 desenhos	 e</p><p>motivos	geométricos.</p><p>Apesar	da	literatura	nórdica	marginalizar	o	uso	dos	arco	e	da	flecha,	em	favor</p><p>da	 nobreza	 da	 espada	 e	 da	 lança,	 seu	 uso	 e	 importância	 nas	 batalhas	 reais	 foi</p><p>decisivo.	 Era	 tanto	 um	 armamento	 para	 treino	 em	 competições	 e	 caça,	 quanto</p><p>uso	 estratégico	 em	 formações	 de	 batalha.	 Eram	 inseparáveis	 das	 batalhas</p><p>marinhas	e	ocorreram	até	casos	de	arqueiros	montados.</p><p>O	machado	é	a	arma	mais	associada	aos	guerreiros	Vikings,	mas	seu	uso	era</p><p>mais	frequente	em	atos	de	pirataria	e	incursões	marítimas	do	que	em	frentes	de</p><p>batalhas.	Eram	bem	simples:	 feitos	de	um	bloco	de	 ferro	cuja	extremidade	era</p><p>encaixada	um	cabo	de	madeira.	A	maioria	não	era	adornada.	Seu	uso	foi	muito</p><p>popular	 na	 primeira	Era	Viking,	 pelo	 fato	 de	 ser	 tanto	 utilizado	 na	 agricultura</p><p>quanto	 nas	 empreitadas	 predatórias	 (os	 machados	 de	 “barba”),	 visto	 que	 a</p><p>maioria	da	tripulação	não	tinha	recursos	para	adquirir	espadas.</p><p>Todos	 os	 capacetes	 de	 combate	 dos	 escandinavos	 encontrados	 até	 hoje</p><p>possuem	forma	cônica,	esférica	e	sem	nenhuma	protuberância.	Alguns	possuíam</p><p>proteção	nasal,	enquanto	outros	tinham	adaptação	para	cotas	de	malha	descendo</p><p>sobre	 o	 pescoço.	 A	 famosa	 imagem	 do	 elmo	 com	 chifres	 foi	 uma	 invenção</p><p>fantasiosa	 de	 artistas	 do	 século	 XIX,	 popularizada	 com	 a	 ópera,	 cinema	 e</p><p>quadrinhos.</p><p>Os	escudos	eram	feitos	de	madeira,	com	uma	saliência	de	metal	no	meio,	para</p><p>proteger	as	mãos.	Possuíam	forma	redonda	e	protegiam	o	corpo	desde	o	ombro</p><p>até	as	coxas,	cerca	de	um	metro	de	diâmetro.	O	canto	dos	escudos	era	reforçado</p><p>com	 uma	 faixa	 de	 ferro.	 O	 principal	 sistema	 defensivo	 em	 uma	 tropa	 era	 o</p><p>“testudo”,	 uma	 formação	 compacta	 feita	 com	 os	 escudos	 dos	 guerreiros,</p><p>semelhante	à	“tartaruga”	dos	antigos	romanos.</p><p>Muitas	 armas	 recebiam	 nomes	 de	 seus	 donos:	 “camisa	 de	 Óðinn”	 (cota	 de</p><p>malhas);	 “o	 alegre	 voador”	 (flechas);	 “lobo	 da	 ferida”	 (machado);	 “porco	 de</p><p>guerra”	(elmo);	“víbora	do	inimigo”	(espada).</p><p>Os	mais	famosos	de	todos	os	guerreiros	Vikings	foram	os	berserkers	(“peles</p><p>de	urso”)	e	os	ulfhednar	 (“peles	de	 lobo”)	uma	verdadeira	elite	marcial,	muito</p><p>requisitados	 para	 tropas	 de	 choque,	 assalto	 e	 até	 guarda	 de	 palácios.	 Devotos</p><p>fanáticos	por	Óðinn,	lutavam	como	possessos	e	animais	enraivecidos,	urravam	e</p><p>mordiam	 os	 escudos	 e	 muitas	 vezes	 entravam	 nas	 batalhas	 sem	 nenhuma</p><p>proteção,	 suportando	 a	 dor	 do	 ferro	 e	 do	 fogo.	 Nas	 Sagas,	 são	 considerados</p><p>portadores	de	poderes	sobrenaturais.	Existem	estudos	modernos	que	demonstram</p><p>que	 esse	 frenesi	 era	 ocasionado	 pelo	 uso	 de	 alucinógenos	 (como	 o	 cogumelo</p><p>Amanita	muscaria)	e	bebidas	alcoólicas.	Um	escritor	do	período	os	definiu:	“não</p><p>são	más	pessoas	para	se	conversar,	contato	que	você	não	os	perturbe”.	A	origem</p><p>desses	 guerreiros	 remonta	 à	 épocas	 mais	 antigas:	 os	 guerreiros	 germânicos</p><p>Wolfhetan	 (“pele	 de	 lobo”)	 do	 séc.	VIII.	Muito	 antes,	Tácito	 já	 descrevia	 uma</p><p>elite	de	guerreiros	fanáticos	semelhantes	aos	berserkers.</p><p>6.	Técnicas	de	batalha</p><p>Os	Vikings	 são	muito	 famosos	 por	 seus	 atos	 de	 pirataria	 e	 como	guerreiros</p><p>implacáveis.	 Mas	 muitas	 pessoas	 pensam	 que	 os	 chamados	 povos	 “bárbaros”</p><p>não	possuíam	qualquer	noção	de	estratégia	calculada	no	momento	de	realização</p><p>de	 um	 conflito.	 Esse	 pequeno	 ensaio	 procura	 justamente	 demonstrar	 que	 os</p><p>nórdicos	 medievais	 eram	 muito	 astutos	 e	 precavidos.	 A	 criação	 de	 táticas</p><p>militares	não	é	exclusividade	do	mundo	moderno,	sendo	apenas	a	sofisticação	de</p><p>experiências	dos	povos	da	antiguidade.</p><p>Os	 	 principais	 tipos	 de	 combates	 da</p><p>Escandinávia	Medieval:</p><p>Combate	das	Sagas:</p><p>Prática	 executada	 em	 pequena	 escala,	 geralmente	 nas	 disputas	 de	 sangue</p><p>(vendetas)	 entre	as	 comunidades	escandinavas.	Na	maior	parte	das	vezes	eram</p><p>realizadas	durante	a	noite	e	se	constituíam	em	duelos	clandestinos	(emboscadas,</p><p>assassinatos	semi-legalizados).	Uma	técnica	comum	nesse	tipo	de	combate	era	a</p><p>queima	da	 casa	 ou	 fortaleza	 do	 inimigo,	 geralmente	 após	 a	meia	 noite,	 com	a</p><p>finalidade	 de	 destruir	 e	 desorientar.	 Esse	 tipo	 de	 violência	 armada	 era	 sempre</p><p>submetida	aos	códigos	de	justiça	das	famílias	e	das	vendetas.</p><p>Ação	da	casa	real:</p><p>Atividade	 militar	 relacionada	 ao	 poder	 real	 pelo	 interior	 das	 comunidades.</p><p>Uma	tropa	definida	mantém	o	controle	político	e	territorial.	Com	isso,	 torna-se</p><p>um	tipo	de	controle	interno,	no	caso	do	uso	de	violência.</p><p>“Partindo	como	um	Viking”:</p><p>Pequeno	 grupo	 armado	 que	 se	 desloca	 para	 regiões	 distantes	 da	 sua</p><p>comunidade	 de	 origem,	 utilizando	 basicamente	 técnicas	 de	 pirataria	 com	 ação</p><p>rápida,	 fulminante	 e	 precisa,	 com	 propósitos	 predatórios.	 Também	 podem	 ser</p><p>expedições	punitivas	ou	com	objetivos	políticos.</p><p>Campanha	do	exército	real:</p><p>Forças	militares	de	grande	tamanho,	deslocadas	com	propósitos	definidos	pelo</p><p>rei,	 geralmente	 ampliação	 do	 território	 ou	 conflitos	 externos.	 Porém,	 antes	 de</p><p>tomar	qualquer	tipo	de	ação,	fazia-se	todo	um	“ciclo”	de	decisões.	Inicialmente,</p><p>o	rei	enviava	diplomatas	(mas	normalmente	espiões…)	e	aguardava	seu	retorno,</p><p>incluindo	ou	não	negociações	com	os	rivais.	Consolidando	as	estratégias	a	serem</p><p>decididas,	incluindo	as	localizações	precisas	do	território	a	ser	abordado,	análise</p><p>das	 táticas	 e	 monitoria	 dos	 movimentos	 inimigos,	 realizava-se	 o	 engajamento</p><p>final	 para	 a	 batalha.	 As	 principais	 estratégias	 desse	 tipo	 de	 combate	 eram:</p><p>assumir	 completamente	 o	 território	 do	 inimigo;	 queimar	 a	 capital;	 dispersar	 o</p><p>exército;	 modificar	 o	 governo;	 efetuar	 uma	 rendição	 incondicional	 e	 executar</p><p>publicamente	o	rei	inimigo.</p><p>Com	esse	tipo	de	combate	verificamos	a	 total	 inexistência	de	uma	guerra	de</p><p>modelo	 “barbárico”	 entre	 os	 escandinavos.	 Ou	 seja,	 uma	 guerra	 onde	 a</p><p>brutalidade	 e	 a	 força	 física	 contam	 mais	 que	 a	 organização	 ou	 táticas</p><p>previamente	estabelecidas.	Os	Vikings,	desta	maneira,	constituíam	uma	cultura</p><p>com	um	modelo	sofisticado	de	marcialidade	–	dentro	dos	padrões	medievais	da</p><p>arte	da	guerra.</p><p>Princípios	de	estratégia	e	técnicas	de	batalha</p><p>Os	 guerreiros	 nórdicos	 eram	 regidos	 por	 alguns	 ideais	 militares:	 força	 e	 a</p><p>coragem	inspirados	em	Thor,	perícia	em	armas,	senso	e	habilidade	no	manuseio</p><p>de	 armas,	 pretensão	 a	 nobreza.	 O	 principal	 ideal	 repousava	 no	 astuto	 e</p><p>contraditório	deus	da	guerra,	morte	e	poesia:	Odin.	A	associação	das	qualidades</p><p>marciais	com	a	figura	odínica	era	a	doutrina	de	base	dos	combates	Vikings,	que</p><p>nem	sempre	precisavam	da	pressa	irracional	de	um	ataque	frontal.	Inspirados	na</p><p>figura	ambígua	de	Odin,	os	escandinavos	trapaceavam	e	“batiam	o	inimigo	onde</p><p>ele	 não	 se	 encontra”,	 ou	 seja,	 evitavam	 confrontos	 diretos	 com	 forças	 mais</p><p>poderosas,	preferindo	ataques	em	pontos	e	situações	desfavoráveis	ao	inimigo.</p><p>As	táticas	militares	utilizadas	normalmente	em	unidades	pequenas	(a	exemplo</p><p>da	 técnica	 do	 “partindo	 como	 um	 viking”)	 previam	 o	 uso	 da	 oportunidade	 e</p><p>detalhado	conhecimento	sobre	o	inimigo.	Um	ataque	bem	sucedido	requeria	boa</p><p>inteligência,	segurança	e	coragem.	A	estratégia	da	guerrilha,	desta	maneira,	 foi</p><p>utilizada	com	eficiência	em	situações	que	envolviam	pequenos	grupos.	Segundo</p><p>o	historiador	Paddy	Griffith,	as	chaves	do	sucesso	para	operações	nórdicas	em</p><p>pequenas	 unidades,	 seriam	 uma	 relação	 entre	 as	 oportunidades	 que	 essa</p><p>operação	teria	sucesso	com	poucos	feridos	no	ataque;	inteligência;	mobilidade	e</p><p>rapidez	na	sua	execução;	número	de	tropas	atacantes;	armamento.</p><p>O	principal	 sistema	defensivo	 em	uma	 tropa</p><p>era	o	 “testudo”,	 uma	 formação</p><p>compacta	 feita	 com	 os	 escudos	 de	 madeira	 dos	 guerreiros,	 semelhante	 à</p><p>“tartaruga”	dos	antigos	romanos.</p><p>Em	momentos	ofensivos,	utilizava-se	principalmente	o	arremesso	de	lanças	e</p><p>projéteis.	 Mesmo	 sendo	 necessários	 machados,	 espadas	 e	 punhais,	 as	 lanças</p><p>eram	 as	 peças	 fundamentais	 das	 grandes	 batalhas,	 e	 em	 muitas	 ocasiões,	 os</p><p>conflitos	 foram	 resolvidos	 somente	 com	 o	 uso	 de	 dardos	 de	 arremesso!	 E</p><p>também,	apesar	da	literatura	nórdica	marginalizar	o	uso	dos	arcos	e	flechas	em</p><p>favor	da	nobreza	da	espada	e	da	lança,	seu	uso	e	importância	nas	batalhas	reais</p><p>foi	 muito	 decisivo.	 O	 tipo	 de	 combate	 em	 que	 o	 machado	 era	 mais	 utilizado</p><p>(advindo	daí	sua	associação	direta	com	a	imagem	dos	guerreiros	nórdicos)	era	o</p><p>“partindo	como	um	Viking”.</p><p>Para	ataques	em	fortalezas,	cidades	e	postos	fortificados	–	cujo	objetivo	era	a</p><p>destruição/queima	 das	mesmas,	 utilizavam-se	 frentes	 de	 batalha	 para	 todas	 as</p><p>aberturas	 desses	 locais	 (especialmente	 portas	 e	 portais).	 Locais	 sem	 defesa,</p><p>como	 mosteiros	 e	 abadias,	 utilizavam-se	 três	 frentes:	 a	 principal,	 que	 se</p><p>concentrava	 na	 dianteira	 ou	 entrada	 da	 construção;	 uma	 segunda	 formação	 de</p><p>ataque,	 na	 lateral,	 para	 dissipar	 a	 área;	 e	 finalmente,	 uma	 terceira	 na	 parte</p><p>posterior	do	edifício,	para	impedir	a	fuga	dos	ocupantes…</p><p>Nas	 marchas	 de	 incursões,	 existia	 uma	 formação	 dianteira	 de	 batedores	 e</p><p>guias,	dividida	em	três	partes	separadas:	a	mais	numerosa	e	principal,	localizada</p><p>na	 parte	 posterior;	 no	 meio,	 diversas	 tropas	 pequenas,	 para	 busca	 de	 comida,</p><p>dinheiro	e	novidades;	e	na	 frente	da	 formação,	guerreiros	 isolados	 (os	 líderes),</p><p>guiando	e	observando	o	horizonte.</p><p>E	 nos	 confrontos	 de	 exércitos,	 as	 formações	 de	 batalha	 eram	 variáveis.</p><p>Existiam	 duas	 formações	 “idealizadas”:	 uma	 simples,	 em	 forma</p><p>linear/horizontal,	 e	 outra,	 com	 a	 mesma	 estrutura	 só	 que	 em	 forma	 dupla</p><p>perpendicular.	Na	prática,	o	que	ocorria	eram	formações	circulares	em	múltiplos</p><p>e	 pequenos	 grupos,	 ou	 um	 grupo	 formando	 um	 círculo	 com	 flancos	 bem</p><p>defendidos.</p><p>7.	Os	mitos</p><p>Segundo	 a	 mitologia	 nórdica,	 no	 início	 dos	 tempos,	 existia	 um	 abismo</p><p>chamado	 	Ginnungagap.	Próximo	dele,	 estendia-se	duas	 regiões,	uma	gelada	e</p><p>nebulosa	com	o	nome	de	Niflheimr,	e	outra	clara	e	resplandescente,	denominada</p><p>Múspell.	 Quando	 o	 gelo	 de	 Niflheimr	 caiu	 no	 abismo	 e	 derreteu,	 formou	 um</p><p>gigante,	 Ymir,	 e	 uma	 vaca,	 Auðumla,	 que	 lambeu	 o	 gelo	 salgado.	 Conforme</p><p>lambia,	surgiam	seres	antropomórficas:	os	deuses	Óðinn,	Vile	e	Vé,	que	mataram</p><p>o	gigante	Ymir.	A	partir	deste	cadáver,	o	trio	de	deuses	formou	toda	a	estrutura</p><p>do	universo	conhecido,	desde	a	abóbada	do	cosmos	até	os	homens.</p><p>O	 mais	 poderoso	 deus	 do	 panteão	 germânico	 era	 Óðinn,	 chamado	 pelos</p><p>germanos	antigos	de	Wotan,	e	considerado	o	“pai	dos	deuses”.	Ele	era	membro</p><p>da	família	de	deuses	chamados	de	Æsir	(ases),	marido	de	Frigg	e	pai	dos	deuses</p><p>Baldr,	Bali,	Höðr,	Þórr,	Týr	e	Váli.	Óðinn	era	uma	deidade	assustadora,	furiosa,</p><p>violenta,	 cruel,	 cínica,	 enganadora,	 mas	 ao	 mesmo	 tempo,	 também	 era	 o</p><p>inspirador	das	poesias	e	da	magia.	Era	ele	que	presidia	as	batalhas,	e	do	alto	de</p><p>seu	trono	(Hlíðskjálf)	observava	a	tudo	o	que	acontecia	no	universo.	Possuía	dois</p><p>corvos,	Huginn	 (pensamento)	e	Munninn	 (memória),	que	 informavam	sobre	os</p><p>acontecimentos	do	mundo.	Possuía	um	caráter	sacrificial:	para	beber	na	fonte	de</p><p>Mímir,	 trocou	 um	 de	 seus	 olhos;	 para	 obter	 o	 segredo	 das	 runas,	 se	 deixou</p><p>enforcar	e	ser	trespassado	por	uma	lança.	Óðinn	cavalgava	em	um	cavalo	de	oito</p><p>patas	 (Sleipnir)	 e	 portava	 uma	 lança	 mágica	 (Gungnir).	 Na	 batalha	 final</p><p>(Ragnarök)	foi	devorado	pelo	monstruoso	lobo	Fenrir.</p><p>A	entidade	mais	popular	da	mitologia	nórdica	é	Þórr,	 o	 deus	do	poder	 e	 da</p><p>força,	dos	juramentos,	do	raio	e	relâmpago,	chuvas	e	do	tempo.	Utilizando	seu</p><p>martelo	(Mjöllnir),	Þórr	defende	os	humanos	e	os	deuses	dos	poderes	destrutivos</p><p>dos	gigantes.	Também	possui	um	cinturão	mágico,	que	duplica	sua	força,	e	um</p><p>par	 de	 luvas	 de	 ferro.	 Ela	 viaja	 com	 uma	 carruagem	 puxada	 por	 dois	 bodes.</p><p>Casado	com	Sif,	a	deusa	dos	cabelos	de	ouro.	Muitas	das	façanhas	de	Þórr	estão</p><p>associadas	 com	 batalhas	 contra	 os	 gigantes	 ou	 monstros.	 Uma	 de	 suas	 mais</p><p>famosas	 aventuras,	 é	 o	 momento	 em	 que	 foi	 pescar	 a	 serpente	 do	 mundo</p><p>(Miðgardsormr),	com	ajuda	do	gigante	Hymir.	No	momento	em	que	o	monstro</p><p>fisgou	a	isca,	o	gigante	apavorado,	corta	a	linha	e	o	monstro	é	libertado.	Durante</p><p>o	 Ragnarök,	 Þórr	 finalmente	 conseguirá	 matar	 Miðgardsormr,	 mas	 será</p><p>fulminado	pelo	seu	veneno.</p><p>A	deusa	mais	 famosa	 da	Escandinávia	 paganista	 é	Freyja,	 regente	 do	 amor,</p><p>prazer	sexual,	casamento	e	fertilidade.	Ela	divide	metade	dos	mortos	com	o	deus</p><p>Óðinn.	Nos	mitos	associados	a	ela,	geralmente	Freyja	aparece	com	caraterísticas</p><p>devassas.	Para	obter	o	 colar	Brísingamen,	 ela	 dormiu	 com	cada	 um	dos	 anões</p><p>que	o	fabricaram.	Loki	acusou	Freyja	de	ter	dormido	com	quase	todos	os	deuses,</p><p>incluindo	seu	irmão	Freyr.	A	deusa	foi	casada	com	o	misterioso	Óðr,	e	durante</p><p>as	suas	frequentes	ausências,	Freyja	chora	lágrimas	de	ouro.	Para	viajar,	utiliza</p><p>uma	carruagem	puxada	por	gatos,	ou	se	transforma	em	um	falcão.</p><p>O	líder	da	família	de	deuses	Vanires	é	Freyr,	filho	de	Njörðr,	associado	com	a</p><p>boa	 fertilidade,	 controle	do	 sol	 e	 chuva	 e	o	 frutificar	 da	Terra.	Ele	 é	 invocado</p><p>para	as	boas	colheitas	e	a	paz.	O	simbolismo	de	seu	caráter	de	fertilidade	pode</p><p>ser	observado	na	história	mítica	de	seu	casamento	com	a	gigante	Gerðr	(Terra).</p><p>A	 dinastia	 sueca	 Yngling	 dizia-se	 descendente	 desta	 união.	 Possuía	 um	 barco</p><p>mágico	(Skíðblaðnir),	que	podia	ficar	de	pequeno	tamanho.</p><p>Týr	 é	 uma	 divindade	 associada	 com	 a	 guerra.	 Entre	 povos	 germânicos</p><p>anteriores	 aos	 vikings,	 como	 os	 Saxões,	 o	 deus	 Týr	 (Tiwaz)	 era	 a	 principal</p><p>divindade	 das	 batalhas,	 mas	 essa	 característica	 acabou	 sendo	 suplantada	 por</p><p>Óðinn,	durante	a	Era	Viking.	Na	mitologia,	era	o	mais	bravo	dos	guerreiros:	no</p><p>momento	que	os	 ases	 tentaram	prender	o	 lobo	Fenrir,	 chamaram	Týr	para	que</p><p>colocar	seu	braço	direito	na	boca	do	monstro	como	garantia.	Logo	que	percebeu</p><p>a	armadilha,	Fenrir	devorou	o	membro.</p><p>Baldr	era	o	deus	escandinavo	identificado	ao	Sol,	filho	de	Óðinn	e	Frigg.	Em</p><p>Ásgarðr,	era	reverenciado	como	um	deus	bondoso,	formoso	e	muito	popular.	Na</p><p>versão	do	mito	registrada	por	Saxo	Grammaticus,	Baldr	é	morto	por	seu	irmão</p><p>Höðr,	devido	à	rivalidade	pela	conquista	de	Nanna.</p><p>O	mais	enigmático	dos	deuses	Aesires	é	Loki.	Filho	do	gigante	Fárbauti	e	de</p><p>sua	esposa	Laufeia,	era	um	deus	inteligente,	humorado,	malicioso,	enganador	e</p><p>completamente	amoral.</p><p>8.	Runas	e	símbolos</p><p>As	 runas	 são	os	alfabetos	dos	povos	germânicos,	 inventados	a	partir	de	200</p><p>d.C.	 no	 norte	 da	 Europa.	 Inicialmente	 eram	 apenas	 textos	 simples	 e	 curtos.</p><p>Somente	com	o	advento	da	Era	Viking,	as	runas	foram	empregadas	para	textos</p><p>longos,	 geralmente	 talhadas	 em	 suportes	 pétreos	 (estelas,	 monumentos</p><p>funerários),	 madeira,	 ossos	 e	 couro.	 A	 partir	 da	 forma	 padrão	 do	 rúnico</p><p>germânico	 (futhark	 antigo,	 com	 24	 sinais	 alfabéticos),	 os	 Vikings	 inventaram</p><p>duas	variações:	as	de	rama	longa	(futhark	dinamarquês)	e	o	rama	curta	(futhark</p><p>sueco),	ambos	de	16	sinais.</p><p>As	 runas	 eram	 empregadas	 para	 uso	 jurídico,	 comemorativo,	 genealógico	 e</p><p>em	 algumas	 ocasiões,	 finalidades	 mágico-religiosas.	 Mas	 somente	 as	 pessoas</p><p>ricas	podiam	pagar	para	que	os	mestres	das	runas	erigissem,	gravassem	e	muitas</p><p>vezes,	 adornassem	 artisticamente	 as	 estelas	 rúnicas.	 A	 mais	 longa	 inscrição</p><p>rúnica	conhecida	dos	Vikings,	é	a	runestone	(estela	com	runas)	de	Rök,	Suécia,</p><p>com	4	metros	de	comprimento	e	1.5m	de	altura.	Possui	cerca	de	750	caracteres,</p><p>escritos	no	século	9,	em	memória	do	filho	de	Varin.	Em	alguns	locais	de	grande</p><p>influência	 nórdica,	 inexplicavelmente	 não	 ocorrem</p><p>registros	 rúnicos,	 como	 a</p><p>Islândia	e	a	Normandia.</p><p>O	especialista	britânico	em	epigrafia	rúnica,	Raymond	Ian	Page,	recentemente</p><p>problematizou	 algumas	 questões	 interessantes	 sobre	 a	 prática	 do	 mestre	 das</p><p>runas	(especialista	na	magia	rúnica)	e	do	gravador	de	runas:	não	sabemos	como</p><p>e	em	que	circunstâncias	eles	eram	treinados	na	escrita	e	na	magia	rúnica;	quais</p><p>as	 relações	 entre	 eles	 e	 o	 texto	 gravado	 nas	 pedras?	 Eles	 participavam	 da</p><p>composição	 dos	 textos	 ou	 apenas	 eram	 pagos	 para	 gravar	 algo	 previamente</p><p>estabelecido?	Os	pesquisadores	ainda	não	tem	respostas.</p><p>O	significado	da	palavra	 (rúnar)	 já	percebemos:	saber	secreto,	 segredos.	Em</p><p>muitos	 rituais,	 as	 runas	 eram	 gravadas	 enquanto	 eram	 recitadas	 fórmulas</p><p>mágicas	 (galdr)	 e	 eram	pintadas	 com	o	 sangue	de	animais	 sacrificados	 (blóts).</p><p>Segundo	a	mitologia	nórdica,	Óðinn	teria	descoberto	as	runas,	durante	seu	auto-</p><p>sacrifício	na	árvore	Yggdrasill.	Como	Óðinn	também	está	associado	à	poesia	e	a</p><p>magia,	as	 runas	acabaram	tendo	uma	relação	estreita	com	esses	dois.	As	 runas</p><p>para	 adivinhação	 eram	 gravadas	 em	 pedaços	 de	madeira	 (desde	 os	 tempos	 de</p><p>Tácito),	ossos	e	pedaços	de	pedra.	Runas	para	proteção	ou	vitória	em	batalhas</p><p>eram	gravadas	em	espadas,	como	o	sinal	rúnico	do	deus	Týr.	Para	uso	profano	e</p><p>cotidiano,	existiam	até	runas	para	obter	os	favores	de	alguma	mulher,	fertilidade</p><p>e	nascimento.</p><p>Vários	 símbolos	 não-rúnicos	 estavam	 relacionados	 com	 o	 pensamento</p><p>religioso	 dos	 nórdicos.	 O	 mais	 importante	 de	 todos	 era	 o	 martelo	 de	 Þórr</p><p>(mjöllnir:	 triturador),	 utilizado	 como	 símbolo	 de	 proteção,	 fertilidade,</p><p>consagração	de	casamentos	e	nascimentos.	Também	era	muito	usado	em	forma</p><p>de	 pingente-colar	 e	 símbolos	 de	 boa	 sorte.	 Muitas	 runestones	 apresentam</p><p>gravações	do	desenho	de	mjöllnir,	especialmente	na	Dinamarca.</p><p>Outro	 símbolo	muito	 importante	 era	 a	 suástica	 (fylfot:	muitos	 pés).	Comum</p><p>em	 várias	 culturas	 do	 mundo	 inteiro,	 surgiu	 na	 pré-história	 e	 se	 tornou</p><p>tradicional	 no	 mundo	 germânico.	 Foi	 resgatado	 pelo	 nazismo	 no	 século	 XX,</p><p>tornando-se	 um	 signo	moderno	 relacionado	 com	 destruição	 e	 intolerância.	 No</p><p>mundo	Viking,	 era	 associado	 com	 o	 relâmpago	 e	 o	movimento	 do	martelo	 de</p><p>Þórr,	mas	também	de	caráter	solar,	quando	integrante	de	estelas	funerárias.</p><p>O	 triskelion	 (conhecido	 no	 mundo	 escandinavo	 como	 trifot:	 três	 pés),	 é</p><p>semelhante	 à	 suástica,	 mas	 de	 forma	 mais	 simples.	 Possui	 origem	 Celta	 e	 é</p><p>relacionado	com	o	Sol.	Na	Escandinávia	medieval,	era	 intimamente	 ligado	aos</p><p>cultos	odínicos	e	a	magia.	Existem	variações	morfológicas,	como	em	estelas	da</p><p>ilha	de	Gotland,	onde	o	trifot	aparece	em	forma	de	três	animais	entrelaçados,	ou</p><p>ainda,	na	união	de	três	cornos	de	bebida.	Foi	muito	comum	na	Ilha	de	Man.</p><p>Outros	símbolos	odínicos	também	possuem	forma	trina	entrelaçada.	O	valknut</p><p>(nó	dos	mortos)	é	o	principal	deles:	um	conjunto	de	três	triângulos,	utilizado	em</p><p>representações	 de	 sacrifícios	 humanos	 de	 sangue,	 aos	 rituais	 de	 morte	 e	 a</p><p>simbolismos	 do	Örlog	 (destino).	 A	 triqueta,	 de	 forma	 semelhante	 ao	 valknut,</p><p>porém	de	traços	circulares,	é	outros	símbolo	Viking	de	origem	céltica.	Aparece</p><p>representada	em	runestones	ao	lado	de	Óðinn	e	gravada	em	trenós	funerários.	Os</p><p>nórdicos	 o	 denominaram	 de	Hrungnis	 hjarta	 (coração	 de	 Hrungnir).	 Segundo</p><p>Régis	 Boyer,	 está	 relacionado	 com	 a	 batalha	 de	 Þórr	 e	 o	 gigante	 Hrungnir,</p><p>narrada	por	Snorri	Sturlusson,	e	representaria	rituais	específicos	para	a	passagem</p><p>da	morte.</p><p>Um	símbolo	particularmente	temido	era	o	Ægishjálmarr	(capacete	de	Aegir).</p><p>Utilizado	 para	magia	 de	 poder	 e	 vitória,	 principalmente	 em	 batalhas.	Aparece</p><p>também	em	ogamstones	(pedras	de	Ogam)	da	Irlanda	e	em	vários	países	do	norte</p><p>europeu.	 Em	 uma	 passagem	 da	Völsunga	 Saga,	 este	 símbolo	 confere	 especial</p><p>poder	de	vitória	para	o	dragão	Fáfnir.</p><p>9.	Os	funerais	e	enterros</p><p>Na	 Escandinávia	 pré-cristã,	 existiam	 duas	 formas	 básicas	 de	 enterro:	 os	 de</p><p>cremação	e	os	de	inumação	(sepultamento	do	corpo).	O	primeiro	tipo	abundava</p><p>principalmente	 na	 Noruega,	 Suécia	 e	 Finlândia.	 As	 inumações	 eram	 mais</p><p>frequentes	na	Dinamarca	e	na	ilha	sueca	de	Gotland.	Nos	dois	tipos	de	enterro,</p><p>os	corpos	eram	conservados	com	a	roupa	do	uso	cotidiano,	e	estavam	providos</p><p>com	 pertences	 e	 utensílios.	 As	 práticas	 funerárias,	 assim	 como	 os	 rituais</p><p>religiosos,	variavam	conforme	a	classe	social	e	a	região	da	Escandinávia.	Quanto</p><p>mais	rico	o	indivíduo,	mais	elaborado	o	funeral	e	maior	a	quantidade	e	qualidade</p><p>dos	objetos	depositados	no	jazigo	mortuário.</p><p>Nas	cremações,	o	corpo	que	ia	ser	incinerado	era	vestido	e	adornado	com	joias</p><p>e	os	objetos.	A	queima	era	feita	em	uma	grande	pira.	Os	ossos	incinerados	e	as</p><p>joias	fundidas	eram	recolhidos.	Em	outras	regiões,	as	cinzas	eram	simplesmente</p><p>espalhadas	pelo	buraco	ou	chão.	Na	Suécia,	os	restos	queimados	eram	separados</p><p>e	 colocados	 em	 um	 recipiente	 de	 cerâmica,	 que	 era	 enterrado	 num	 buraco	 e</p><p>cobertos	 com	 um	 montículo	 ou	 demarcados	 com	 pedras.	 Alguns	 desses</p><p>alinhamentos	 pétreos	 tinham	 a	 forma	 de	 navios,	 como	 em	 Lindholm	 Høje</p><p>(Dinamarca).</p><p>A	 inumação	 eram	 praticadas	 principalmente	 pelas	 classes	 superiores	 da</p><p>sociedade	e	pelos	 estrangeiros	 (vindos	do	Leste	 europeu).	Algumas	 inumações</p><p>utilizavam	câmaras:	escavava-se	um	buraco	no	solo	e	escorava-se	o	mesmo	com</p><p>madeira.	Até	cavalos	eram	enterrados	nestas	câmaras,	junto	a	objetos	cotidianos,</p><p>alimentos	(ovos	e	pães	pequenos)	e	o	defunto.	Era	crença	popular	que	o	morto</p><p>continuava	a	viver	no	seu	túmulo.	Muitas	câmaras	foram	orientadas	no	sentido</p><p>Leste-Oeste.	 Também	 foram	 encontrados	 ataúdes	 dentro	 da	 terra	 ou	 corpos</p><p>envolvidos	numa	mortalha	de	casca	de	álamo.</p><p>A	mais	famosa	das	inumações	Vikings	é	a	embarcação	de	Oseberg	(Noruega).</p><p>No	 convés	 do	 navio,	 foi	 instalada	 a	 câmara	 mortuária,	 com	 o	 corpo	 de	 duas</p><p>mulheres,	 sendo	 a	 mais	 velha	 considerada	 rainha	 pelo	 contexto	 das	 riquezas</p><p>encontradas,	mas	nada	se	sabe	sobre	sua	identidade.	Recentes	análises	de	DNA</p><p>comprovaram	 que	 tratava-se	 de	 mãe	 e	 filha.	 Espalhados	 pelo	 convés,	 haviam</p><p>maçãs,	 animais	 sacrificados	 –	 cães,	 cavalos	 e	 bois,	 alguns	 decapitados.	 A</p><p>embarcação	 encontrava-se	 com	 remos,	 âncora	 e	 foi	 enterrada	 com	 pedras	 e</p><p>lacrada	com	musgos.	Em	Birka,	também	foi	encontrado	numa	câmera	funerária</p><p>com	 o	 corpo	 de	 duas	 mulheres,	 uma	 ricamente	 vestida.	 Pela	 posição	 de	 uma</p><p>delas	 (uma	 escrava,	 estranhamente	 retorcida),	 o	 arqueólogo	 Holger	 Arbman</p><p>concluiu	 que	 ela	 tinha	 sido	 enterrada	 viva,	 numa	 espécie	 de	 sacrifício.	 Um</p><p>cronista	árabe	do	período	viking,	chamado	Ibn	Rustah,	confirmou	o	costume	de</p><p>enterrar	a	esposa	favorita	ainda	viva	junto	ao	corpo	morto	do	guerreiro.</p><p>Os	 enterros	 com	embarcações	 também	 foram	comuns	 fora	 da	Escandinávia,</p><p>como	atestam	vestígios	na	Ilhas	de	Man	e	Groix,	Escócia,	Finlândia	e	Rússia.	A</p><p>exemplo	 de	 muitas	 culturas,	 o	 uso	 de	 embarcações	 nos	 funerais	 Vikings	 está</p><p>associado	 ao	 culto	 dos	 mortos	 e	 o	 simbolismo	 da	 jornada	 da	 alma	 no	 além.</p><p>Também	pode	estar	relacionado	aos	cultos	de	Njord	e	Freyr.	E	ser	um	indicador</p><p>de	elevação	social,	poder	e	prestígio	dentro	da	comunidade	de	origem.</p><p>Em	 sepulturas	 encontradas	 recentemente	 na	 ilha	 sueca	 de	 Gotland,	 alguns</p><p>objetos	incomuns	foram	encontrados.	Nas	câmaras	mortuárias	femininas,	foram</p><p>depositados	fósseis	animais	(geralmente	cabeças	de	peixes),	interpretadas	como</p><p>amuletos	 de	 fertilidade	 e	 feminilidade.	Nas	 sepulturas	masculinas,	 abundavam</p><p>machados	feitos	de	âmbar.</p><p>Quando	 um	 guerreiro	 Viking	 morria,	 realizava-se	 o	 ritual	 do	 nábjargir:</p><p>fechava-se	os	olhos	e	bocas	e	as	narinas	tampadas.	Uma	anciã,	conhecida	como</p><p>o	“anjo	da	morte”,	lavava	as	mãos	e	o	rosto	do	defunto,	penteava	seus	cabelos	e</p><p>o	 vestia	 com	 suas	 melhores	 roupas.	 Uma	 das	 mais	 famosas	 descrições	 de</p><p>funerais	dos	escandinavos	foi	fornecida</p><p>por	outro	explorador	árabe,	Ibn	Fadlan</p><p>(em	922).	Quando	ele	chegou	no	 lugar	que	 ia	 ser	 enterrado	um	chefe	dos	Rus</p><p>(Vikings	da	área	do	Volga,	atual	Rússia),	viu	um	formoso	navio	que	havia	sido</p><p>preparado,	 cercado	 por	 uma	 fogueira.	 A	 embarcação	 estava	 repleta	 de	 armas,</p><p>cadeiras	 e	 camas	 de	 madeira	 trabalhada.	 O	 corpo	 do	 rei	 (que	 estava	 sendo</p><p>preparado	há	10	dias)	 foi	 levado	para	o	 interior	do	navio	e	colocado	num	belo</p><p>leito.	Depois,	um	grande	número	de	cavalos,	cães	e	vacas	 foram	sacrificadas	e</p><p>seus	corpos	esquartejados	foram	jogados	dentro	do	navio.	A	família	pergunta	às</p><p>escravas	 e	 servos	 quem	 deseja	 se	 unir	 ao	 morto,	 e	 uma	 mulher	 aceita.	 Ela	 é</p><p>preparada	 e	 lavada	 e	 participa	 de	 festas	 e	 bebidas.	 Em	 uma	 tenda	 armada</p><p>próxima	 ao	 funeral,	 a	 escrava	 escolhida	 teve	 relações	 sexuais	 com	 vários</p><p>guerreiros	presentes.	No	navio,	ela	é	estrangulada	por	dois	homens,	enquanto	a</p><p>mulher	conhecida	por	“anjo	da	morte”	 fura	 suas	costelas	com	uma	adaga.	Um</p><p>parente	do	morto	 sai	 da	multidão	e	 ateia	 fogo	na	madeira,	 incendiando	 todo	o</p><p>conjunto	 fúnebre.	 Após	 tudo	 ter	 se	 tornado	 cinza,	 uma	 estaca	 com	 inscrições</p><p>rúnicas	escreve	o	nome	do	homem	morto.</p><p>Com	a	entrada	do	cristianismo	na	Escandinávia,	cessaram	as	incinerações	e	o</p><p>enterro	 com	 bens	 valiosos	 junto	 ao	 corpo.	 As	 crenças	 paganistas,	 em	 parte,</p><p>deixaram	de	existir	oficialmente.</p><p>10.Os	Poetas	da	Era	Viking.</p><p>A	 maioria	 dos	 poetas	 heroicos	 da	 Era	 Viking	 eram	 homens,	 mas	 também</p><p>ocorre	 raros	 registros	de	poetisas	 (Skáldkonur:	“mulher	poeta”).	A	maioria	dos</p><p>skalds	possuía	entre	27	a	40	anos	de	idade.	A	técnica	skáldica	era	transmitida	das</p><p>gerações	mais	 avançadas	 para	 as	mais	 novas,	 por	meio	 oral	 e	 individualizado.</p><p>Um	skáld	necessitava	de	excelente	memória,	grande	conhecimento	em	mitologia</p><p>e	 cosmogonia	 nórdica,	 linguagem	 refinada	 e	 uma	 oratória	 sofisticada.	 Alguns</p><p>skálds	 também	 eram	mestres	 das	 runas,	 dedicando-se	 tanto	 ao	 aprendizado	 do</p><p>alfabeto	Futhark	(talhadores	de	sinais	pétreos)	quanto	à	magia	rúnica.</p><p>Todos	 os	 poetas	 e	 poetisas	 pertenciam	 à	 classe	 social	 denominada	 de	 Jarl</p><p>(“nobre,	 conde”),	 da	 qual	 também	 faziam	 parte	 os	 reis,	 aristocratas	 e	 pessoas</p><p>com	grandes	 propriedades	 de	 terra	 e	 grande	 concentração	 de	 poder.	Os	 poetas</p><p>possuíam	 enorme	 prestígio	 social.	 Geralmente	 provinham	 de	 famílias</p><p>importantes,	conceituadas	ou	com	tradição	na	arte	skáldica.	Os	poetas	atuavam</p><p>nas	cortes	reais,	reuniões	dos	Things	(conselhos),	fazendas	e	nos	lares	de	chefes</p><p>locais.</p><p>Quais	as	regiões	onde	os	skálds	existiram	na	Escandinávia	Medieval?	O	que</p><p>sobreviveu	 de	 registro	 literários	 provém	 da	 Noruega	 e	 da	 Islândia.	 Alguns</p><p>poucos	poemas	da	Dinamarca	foram	recuperados.	Da	Suécia	nada	restou,	apesar</p><p>de	 possivelmente	 terem	 existido	 skálds	 nesta	 região.	 Também	 o	 condado	 das</p><p>Órcades	teve	poetas	de	corte.</p><p>A	principal	 função	do	skáld	era	relatar	por	meio	da	 tradição	oral	–	do	relato</p><p>verbal,	 as	 antigas	 tradições,	 poemas,	 narrativas	 heroicas,	 narrativas	 históricas,</p><p>contos,	 folclore,	 aspectos	 da	 religiosidade.	 Também	 executam	 poemas	 e</p><p>narrativas	 escritas	 no	 alfabeto	 rúnico	 (para	 a	 Era	 Viking:	 o	 alfabeto	 Futhark</p><p>Rama	 Longa	 e	 Curta	 e	 suas	 variações),	 gravadas	 em	 estelas,	 memoriais,</p><p>runestones	 (menires	 com	 runas.	 Exemplo:	 poema	 skáldico	 da	 runestone	 de</p><p>Karlevi,	 Suécia,	 homenageando	 o	 rei	 Sibbi	 “o	 bom”),	 estátuas	 e	 tabuletas	 de</p><p>madeira.	Em	alguns	casos	podem	servir	como	conselheiros	privados	dos	reis.	E</p><p>também	para	encorajar	de	maneira	geral	os	integrantes	de	possíveis	batalhas.</p><p>A	 finalidade	 dos	 poemas	 skáldicos	 era	 por	meio	 de	 sua	 técnica,	 divertir	 as</p><p>famílias	 e	 os	 nobres,	 relatar	 aventuras,	 experiências,	 meios	 de	 obtenção	 de</p><p>riquezas,	e	principalmente,	conexões	para	a	vitória	e	a	reputação.	A	celebração</p><p>das	glórias	individuais	era	o	fundamento	de	vida	para	um	guerreiro	Viking,	mais</p><p>importante	até	do	que	a	vida	após	a	morte.	Muitas	cortes	da	Noruega,	Suécia	e</p><p>Dinamarca	 possuíam	 em	 suas	 comitivas	 skalds	 para	 perpetuar	 os	 feitos	 de</p><p>grandes	senhores	mortos	ou	no	momento	de	seu	funeral.</p><p>Depois	de	uma	batalha,	os	Vikings	reuniam-se	nas	fazendas	e	nas	habitações</p><p>para	 festejarem.	 Após	 o	 banquete	 com	 muita	 comida	 e	 bebida,	 todos	 –	 das</p><p>crianças	 até	 os	 velhos	 e	 mulheres	 –	 se	 reuniam	 para	 escutar	 atentamente	 as</p><p>palavras	do	Skáld.	O	lugar	mais	importante	era	para	o	chefe	local,	que	também</p><p>recebia	 as	maiores	 atenções	do	poeta.	Numa	situação	onde	a	bebida	era	muito</p><p>comum,	os	poemas	recitados	deviam	competir	com	muita	algazarra	e	os	pedidos</p><p>de	silêncio	deviam	ser	muito	comuns.	O	skáld	iniciava	seu	recitamento	com	uma</p><p>série	 de	 estrofes	 que	 definiam	 as	 qualidades	 do	 konungr	 (“rei”),	 depois	 sua</p><p>generosidade	e	por	fim,	elogios	heroicos.</p><p>A	 principal	 meta	 do	 Skáld	 era	 transmitir	 para	 a	 comunidade	 os	 principais</p><p>atributos	Vikings:	coragem,	bravura,	ousadia,	abandono	ao	amor,	desprezo	pela</p><p>morte,	generosidade,	força	da	mente,	fidelidade,	astúcia.</p><p>Quais	 as	 roupas	 e	 vestimentas	 de	 um	 poeta	 Viking?	 As	 roupas	 típicas	 de</p><p>qualquer	 escandinavo	 medieval:	 roupa	 de	 lã	 ou	 linho,	 tingida	 com	 corantes</p><p>minerais;	 gibões	 com	 mangas	 ou	 casacos	 três-quartos	 sobre	 camisas	 de	 lã	 e</p><p>calças	 de	 pano;	 botas	 altas	 de	 couro	 ou	 sapatos	macios	 com	meias	 curtas;	 em</p><p>tempo	frio,	usavam	capas	e	chapéus	de	pele	ou	 lã.	Como	a	maioria	dos	skálds</p><p>pertenciam	à	classe	dos	Jarls,	usavam	os	sinais	de	distinção	próprio	dessa	classe:</p><p>roupas	 com	 bordados	 mais	 sofisticados	 e	 vistosos,	 e	 principalmente,	 muitas</p><p>joias:	 broches	 de	 prata	 e	 ouro,	 pulseiras,	 colares,	 braceletes.	 A	 principal	 joia</p><p>distintiva	da	condição	social	para	os	homens	era	o	broche	que	prendia	o	manto</p><p>de	 lã	sobre	o	ombro,	geralmente	uma	joia	muito	valiosa.	Caso	fosse	adepto	do</p><p>culto	ao	deus	Þórr	(Thor),	usaria	no	pescoço	um	pingente	em	forma	do	sagrado</p><p>martelo	Mjöllnir	(“o	destruidor”).</p><p>Qual	 era	 o	 comportamento	 de	 um	 poeta	 Viking?	 acima	 de	 tudo,	 o</p><p>comportamento	 skáldico	 seria	 exemplar,	 ético,	 tradicionalista,	 conservador.</p><p>Skálds	 com	 idade	mais	 avançada,	 certamente	 teriam	 uma	 personalidade	muito</p><p>mais	extrovertida,	dramática	e	mesmo	trágica.</p><p>Os	 poetas	 andavam	 armados?	 Na	 Era	 Viking,	 mesmo	 os	 mais	 pacíficos</p><p>fazendeiros	 e	 comerciantes	 sempre	 andavam	 armados.	 No	 mínimo,	 o</p><p>equipamento	 que	 um	 skáld	 sempre	 carregava	 seria	 uma	 faca	 de	 caça	 (as	 de</p><p>modelo	mais	 barato	 teriam	 cabo	 de	 osso,	 e	 as	mais	 sofisticadas	 teriam	 punho</p><p>ornamental	de	prata).	Se	fosse	também	um	mercador,	guerreiro	ou	pirata,	usaria</p><p>constantemente	 uma	 espada	 modelo	 Franco/germânico	 (de	 elevado	 preço	 e</p><p>também	distintiva	da	posição	social).</p><p>A	principal	divindade	adorada	pelos	skálds	era	o	deus	supremo	Óðinn	(Odin),</p><p>inspirador	das	poesias.</p><p>A	 composição	 da	 técnica	 skáldica	 iniciou-se	 por	 volta	 do	 século	 VII,</p><p>continuou	na	Era	Viking	(793-1066	d.C.)	e	prosseguiu	até	o	período	cristão	(séc.</p><p>XIII).</p><p>Principais	tipos	de	poemas	e	técnicas	skáldicas:</p><p>Um	poema	 importante	 podia	 ter	 20	 ou	mais	 versos	 e	 uma	 estrutura	 de	 três</p><p>partes,	 com	parágrafos	 de	 abertura	 e	 de	 encerramento,	 enquadrando	 um	grupo</p><p>central	de	estrofes	e	de	estribilhos.</p><p>Drápa/Drápur	–	poemas	longos	para	comemorar	os	feitos	de	antigos	reis,	com</p><p>estribilhos.</p><p>Flokkr	–	poema	curto	para	eventos	de	menor	importância,	sem	estribilhos.</p><p>Dróttkvaet	–	métrica	curta.</p><p>Lausavísur	–	narrativas	heroicas</p><p>Kenning	 –	 técnica	 poética,	 perífrases	 utilizando	 passagens	 da	 mitologia</p><p>nórdica.</p><p>Skálds	famosos:</p><p>Bragi	“o	velho”,	séc.	IX	d.C.,	o	mais	antigo	poeta	eskáldico	norueguês.</p><p>Eyvind	Skaldaspillir.</p><p>Sighvatr	Thórðardson</p><p>Thiodolf	–	autor	do	poema	Haustlong	(“saudades	do	outono”)</p><p>Einar	 Skalaglamm	 –	 compôs	 o	 poema	 Vellekla	 em	 honra	 do	 grande	 conde</p><p>Hakon	de	Lade	(Noruega),	no	final	do	século	X.</p><p>Kormák	Ogmundarson	(morto	em	970	d.C.),	o	“poeta	do	amor”,	islandês.</p><p>Egill	Skallagrimsson	–	o	mais	famoso	poeta	islandês	durante	a	Idade	Média	e</p><p>um	 dos	mais	 celebrados	Vikings	 de	 todos	 os	 tempos.	 Egill	 encarnou	 todos	 os</p><p>protótipos	 e	 contradições	 de	 um	 nórdico:	 skáld,	 pirata,	 fazendeiro,	 mercador,</p><p>guerreiro.	Com	a	idade	de	6	anos	matou	um	garoto	vizinho	com	o	machado	de</p><p>seu	 pai,	 seu	 primeiro	 assassinato	 de	 uma	 longa	 série.	 Se	 tornou	 um	 célebre</p><p>aventureiro	e	pirata	a	serviço	do	rei	Athelstan	da	Inglaterra.	Para	o	 rei	Erik	de</p><p>York,	compôs	o	poema	Hofuðslaun.</p><p>Snorri	 Sturluson	 (1179-1241)	 –	 o	 mais	 importante	 skáld	 da	 História.	 Suas</p><p>principais	obras	foram	Heimskrimgla	(“o	círculo	do	mundo”),	uma	monumental</p><p>saga	histórica	sobre	os	reis	da	Noruega;	Edda	em	Prosa,	um	manual	para	poetas</p><p>iniciantes	 contendo	 informações	 sobre	 a	mitologia	 nórdica	 (mitografia);	 Egil’s</p><p>Saga,	 a	 vida	de	outro	 skáld	 famoso,	Egil	Skallagrimson	 (citado	 acima).	Snorri</p><p>era	membro	de	umas	das	famílias	mais	importantes	da	Islândia,	convertendo-se</p><p>em	 líder	 local,	 magnata	 territorial,	 embaixador.	 Morreu	 assassinado	 em	 sua</p><p>fazenda	em	Reykjaholt	em	22	de	setembro	de	1241.</p><p>11.	As	novas	concepções	sobre	os	Vikings</p><p>Os	 guerreiros	 mais	 famosos	 da	 Idade	 Média	 foram	 os	 habitantes	 da</p><p>Escandinávia,	 conhecidos	 atualmente	 como	 Vikings.	 Inúmeras	 canções,</p><p>romances	 e	 filmes	 celebram	 seus	 feitos.	Mas	 apesar	 dessa	 grande	 fama,	 a	 sua</p><p>verdadeira	 cultura	 esconde-se	 atrás	 de	 muitas	 falsas	 ideias,	 de	 interpretações</p><p>errôneas	da	História	–	os	estereótipos.</p><p>O	 mais	 conhecido	 dos	 estereótipos	 relacionados	 aos	 Vikings,	 mas	 também</p><p>atribuídos	a	outros	bárbaros	(como	celtas	e	saxões),	são	os	capacetes	com	chifres</p><p>laterais.	Sabemos	hoje	pelos	recentes	estudos	arqueológicos	que	os	verdadeiros</p><p>elmos	de	batalha	de	todos	os	povos	da	Europa	pré-cristã	e	da	Idade	Média	eram</p><p>cônicos	 ou	 esféricos,	 lisos	 e	 sem	 nenhuma	 protuberância.	Até	mesmo	 aquelas</p><p>asas	no	 capacete	do	personagem	de	quadrinhos	Astérix	 são	 fantasiosas.	Mas	 e</p><p>como	 surgiram	 essas	 imagens	 equivocadas?	 Segundo	 nossas	 pesquisas,	 elas</p><p>ocorreram	em	primeiro	lugar	na	Inglaterra	em	1830,	espalhando-se	depois	com</p><p>as	 manifestações	 artísticas	 da	 França	 e	 Alemanha.	 Neste	 último	 país,	 após	 a</p><p>exibição	 da	 ópera	 O	 anel	 dos	 Nibelungos,	 de	 Richard	 Wagner	 (1870),	 o</p><p>estereótipo	 tanto	dos	 chifres	quanto	das	 asas	 foi	 tradicionalmente	 representado</p><p>na	 pintura,	 escultura	 e	 literatura.	 Acreditava-se	 que	 os	 adornos	 córneos</p><p>simbolizariam	 o	 poder	 guerreiro,	 o	 poder	 masculino	 dessas	 antigas	 culturas.</p><p>Somente	no	século	XX	é	que	a	cultura	erudita	começou	a	associar	essa	imagem</p><p>com	maridos	enganados	pelas	esposas…	Logo	veio	o	cinema	e	as	histórias	em</p><p>quadrinhos,	 que	 trataram	 de	 popularizar	 ao	 máximo	 o	 estereótipo	 dos	 elmos</p><p>cornudos.	 Mesmo	 hoje	 em	 dia,	 podemos	 encontrá-lo	 em	 alguns	 manuais	 de</p><p>ensino	de	História,	ou	sendo	utilizados	por	alguns	 torcedores	suecos	em	época</p><p>de	copa	do	mundo.	Mas	o	empenho	de	muitos	pesquisadores	tenta	destruir	essa</p><p>imagem	equivocada.</p><p>Outro	 famoso	 estereótipo	 associado	 aos	nórdicos	 e	bárbaros	medievais,	 é	 a</p><p>suposta	utilização	do	crânio	dos	inimigos	como	copo	para	bebidas!	Na	realidade,</p><p>esse	estereótipo	foi	inventado	muito	antes	do	surgimento	dos	Vikings.	No	século</p><p>V	depois	de	Cristo,	a	Europa	sofria	os	ataques	dos	Hunos,	temidos	guerreiros	da</p><p>Mongólia.	Um	cronista	gótico	desse	período	chamado	Jordanis,	acreditava	que</p><p>os	 Hunos	 não	 eram	 humanos,	 mas	 seres	 bestiais	 que	 devoravam	 crianças	 e</p><p>cometiam	 terríveis	 atrocidades.	 Ele	 foi	 um	 dos	 primeiros	 que	 descreveu	 essa</p><p>prática	 cruenta:	matar,	 decapitar	 e	 transformar	 as	 cabeças	 em	 recipientes	 para</p><p>bebidas.	 Claro	 que	 foi	 apenas	 uma	 fantasia,	 pois	 inventar	 atrocidades	 e</p><p>misticismos	sobre	os	 inimigos	é	um	dos	mais	antigos	ardis	políticos.	Como	os</p><p>Vikings	também	não	eram	bem	vistos	na	Idade	Média	por	atacarem	mosteiros	e</p><p>templos	 cristãos,	 nada	 mais	 óbvio	 que	 compará-los	 com	 seres	 demoníacos.</p><p>Precisavam	 ser	 rebaixados	 à	 um	 nível	 de	 crueldade	 sem	 igual.	 Imediatamente</p><p>surgiram	 representações	 de	 grandes	 banquetes	 e	 festas,	 nos	 qual	 os	 guerreiros</p><p>escandinavos	 utilizariam	 o	 horrendo	 receptáculo	 para	 bebidas.	 Mesmo	 em</p><p>nossos	dias	 esse	estereótipo	ainda	persiste,	 a	 exemplo	da	cena	 inicial	do	 filme</p><p>Escorpião	Rei.</p><p>O	terceiro	estereótipo	é	relacionado	com	as	vestimentas	dos	Vikings.	Grande</p><p>parte	 das	 obras	 artísticas	 do	 século	 XIX	 e	 de	 muitos	 filmes	 posteriores,</p><p>representaram	os	bárbaros	 vestindo	 roupas	 feitas	 de	pele	 de	 animais.	Algumas</p><p>cenas,	 inclusive,	 idealizavam	os	nórdicos	mais	como	homens	pré-históricos	do</p><p>que	guerreiros	medievais,	como	a	ilustração	Chegada	dos	Normandos	à	França,</p><p>de	Guizot	(1879).	Verdadeiros	trogloditas	cobertos	com	couro,	alguns	portando</p><p>até	clavas	e	porretes.	Sabemos	hoje	que	a	maioria	dos	povos	bárbaros	não	eram</p><p>tão	bárbaros	assim.	Aliás,	esse	termo	originalmente	designava	os	povos	que	não</p><p>falavam	 grego,	 depois	 latim	 e	 finalmente,	 os	 que	 não	 professavam	 o</p><p>cristianismo.	Praticamente	todos	os	bárbaros	da	Europa	elaboravam	suas	roupas</p><p>por	meio	da	tecelagem	de	origem	animal.	Os	Vikings	fabricavam	roupas	a	partir</p><p>da	lã	de	carneiros	e	ovelhas	criados	em	fazendas.	Primeiramente	a	lã	era	lavada,</p><p>depois	fiada,	tecida	e	tingida.	A	qualidade	era	tão	boa	que	muitas	vezes	chegou	a</p><p>ser	exportada.	Os	vestidos	das	mulheres	eram	muito	sofisticados,	decorados	com</p><p>excepcionais	broches	e	fivelas	de	metal.</p><p>E	 porque	 representar	 os	 bárbaros	 vestindo	 peles	 de	 animais?	 Uma	maneira</p><p>eficiente	 de	 criticar	 outra	 cultura	 é	 compará-la	 ao	 máximo	 com	 criaturas</p><p>“inferiores”.	 Se	 sou	membro	 de	 um	 povo	 dito	 civilizado,	 que	 segue	 regras	 de</p><p>conduta	de	 inspiração	divina	ou	 religiosa,	 então	estou	muito	distante	da	esfera</p><p>bestial.	Trajando	peles	pesadas,	morando	em	cavernas	ou	casas	mal	elaboradas,</p><p>os	Vikings	seriam	humanos	mais	próximos	dos	animais	do	que	das	civilizações</p><p>cristãs.	É	óbvio	que	o	 imaginário	 religioso	vai	associar	aos	povos	pagãos	 (que</p><p>não	 seguem	a	Bíblia),	 toda	uma	 série	 de	 atitudes	vistas	 como	pecaminosas	 ou</p><p>incorretas	 para	 uma	 sociedade	 considerada	 “civilizada”:	 incesto,	 canibalismo,</p><p>sacrifícios	de	crianças.	Então,	se	os	Vikings	são	pagãos,	necessariamente	fazem</p><p>tudo	isso	e	é	claro,	vestem	roupas	grosseiras!</p><p>Outra	 imagem	 tipicamente	 associada	 aos	 antigos	 nórdicos	 são	 seus	 hábitos</p><p>alimentares:	 comeriam	 somente	 carne	 crua,	 a	 qual	 arrancariam	 com	os	 dentes.</p><p>Mais	 uma	 vez,	 representações	 fantasiosas	 procurando	 caracterizar	 os	 Vikings</p><p>como	criaturas	animalescas	e	brutais.	Mas	a	arqueologia	moderna	 já	descobriu</p><p>muitos	 utensílios	 de	 cozinha,	 como	 cuias	 de	 madeira,	 tonéis,	 cestas	 de	 vime,</p><p>panelas	 e	 todos	 os	 tipos	 de	 recipientes	 de	 cerâmica,	 demonstrando	 um</p><p>sofisticado	padrão	de	cozimento	e	preparo	dos	alimentos	na	cultura	nórdica.</p><p>Mas	os	bárbaros	teriam	sido	assim	tão	cruéis?	É	óbvio	que	os	Vikings	fizeram</p><p>pilhagens,	saques	e	massacres	em	diversas	cidades	europeias.	Mas	nem	todos	os</p><p>escandinavos	 eram	 piratas.	 Alguns	 foram	 mercenários,	 comerciantes,</p><p>aventureiros	 e	 colonizadores	 pacíficos,	 outros	 dedicaram-se	 somente	 para	 a</p><p>agricultura.	 No	 mundo	 nórdico,	 um	 guerreiro	 era	 tão	 respeitado	 quanto	 um</p><p>poeta.	E	o	tema	da	violência	na	História	é	algo	que	deve	ser	sempre	visto	com</p><p>relatividade.	Mesmo	os	povos	cristãos	da	Idade	Média	cometerem	atos	que	hoje</p><p>consideramos	 terríveis,	 a	 exemplo	 das	 cruzadas	 no	 Oriente	 Médio,	 o	 uso	 da</p><p>inquisição	pela	Igreja	ou	as	guerras	religiosas.	Para	os	árabes,	os	bárbaros	eram</p><p>os	 europeus	 que	 participavam	 das	 cruzadas,	 pelos	 atos	 horripilantes	 que</p><p>executaram	perante	as	populações	orientais.</p><p>Uma	característica	que	desmente	a	fama	de	crueldade	extrema	dos	Vikings	é	a</p><p>sua	 índole	para	o	humor.	Apelidos	era</p><p>muito	comuns,	mas	alguns	enfatizavam</p><p>traços	 opostos	 à	 realidade	 física	 da	 pessoa,	 como	 Thorald	 o	 magro,	 que	 na</p><p>realidade	era	bem	gordo,	ou	Harald	o	loiro,	para	um	homem	com	cabelo	escuro.</p><p>A	morte	 era	 um	momento	 para	 celebração	 e	 alegria,	 bem	 ao	 contrário	 do	 que</p><p>nossa	civilização	preconiza.	Mesmo	quando	um	homem	era	condenado	à	morte,</p><p>o	sorriso	o	acompanhava	até	o	cadafalso.</p><p>E	o	último	dos	estereótipos	é	relacionado	a	uma	suposta	força	sobre-humana</p><p>dos	escandinavos	–	pois	estes,	mesmo	para	o	imaginário	popular	contemporâneo,</p><p>teriam	sido	homens	gigantescos	e	com	grande	estrutura	muscular.	Vários	filmes</p><p>enfatizam	 erroneamente	 que	 a	 espada	 Viking	 não	 poderia	 ser	 manejada	 por</p><p>outros	 guerreiros,	 devido	 ao	 seu	 enorme	 peso.	 É	 certo	 que	 o	 equipamento</p><p>nórdico	 não	 era	 mais	 sofisticado	 que	 o	 da	 Europa	 medieval,	 e	 o	 que	 causou</p><p>impacto	 foram	 mais	 as	 técnicas	 de	 guerra	 adotadas:	 ataques	 relâmpagos	 e</p><p>utilização	de	machados	e	 espadas	para	 serem	manejadas	por	 somente	uma	das</p><p>mãos.	 Quanto	 à	 constituição	 física,	 o	 exame	 de	 esqueletos	 determinou	 que	 o</p><p>tamanho	médio	dos	dinamarqueses,	noruegueses	e	islandeses	era	de	1,70	metros</p><p>–	 uma	 altura	 igual	 ao	 dos	 outros	 europeus.	 Somente	 os	 suecos	 tinham	 um</p><p>tamanho	 mais	 elevado.	 O	 que	 ocasionou	 maior	 diferença	 no	 momento	 das</p><p>batalhas	foi	a	saúde	muito	superior	dos	escandinavos	em	relação	ao	restante	do</p><p>continente,	devido	à	uma	alimentação	mais	equilibrada	e	rica	em	proteínas.</p><p>Novos	 estudos	 historiográficos	 e	 descobertas	 arqueológicas	 estão	 revelando</p><p>muitos	 detalhes	 sobre	 o	modo	 de	 vida,	 o	 pensamento	 e	 a	 riqueza	 cultural	 dos</p><p>Vikings.	Contribuirão	para	que	desapareçam	os	diversos	estereótipos	que	foram</p><p>elaborados	desde	o	momento	em	que	os	nórdicos	surgiram	perante	o	Ocidente	e</p><p>definitivamente	deixaram	suas	marcas,	imaginárias	e	reais.</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>1.	Obras	de	referência:</p><p>GRAHAM-CAMPBELL,	 James	 (org.).	Cultural	 atlas	 of	 the	 Viking	 World.</p><p>Oxford/New	York:	Facts	on	File,	1994.</p><p>HAYWOOD,	 John.	Encyclopaedia	 of	 the	 Viking	 Age.	 London:	 Thames	 and</p><p>Hudson,	2000.</p><p>_____	The	Penguin	historical	atlas	of	the	Vikings.	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