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<p>termo produção de textos no lugar de redação, nos discursos dos professores, pode ser sinal</p><p>de uma transmutação de propostas de trabalho.</p><p>A reflexão acerca de aspectos da escrita na universidade permite que se imprevejam formas</p><p>limitadas de domínio de escrita que são ensinadas, exercitadas e validadas na universidade.</p><p>A percepção da vinculação da modalidade de língua convencionada como culta, os controles</p><p>sociais e assujeitamentos, permite que esta variedade seja representante das relações de</p><p>poder, mas também de subversão. Esse é o resumo do texto e eu queria comentar alguns</p><p>pontos dele que são fundamentais.</p><p>O primeiro é que a gente pode fazer uma imagem automática de que, ingressando na</p><p>universidade, o aluno automaticamente vai escrever textos em que se revela uma produção</p><p>de conhecimento. O aluno está, efetivamente, produzindo conhecimento e está registrando</p><p>por escrito esse conhecimento. Só que o texto aponta justamente que, menos do que</p><p>produzir conhecimento, os alunos são levados, muitas vezes, a repetirem aquilo que o autor</p><p>já escreveu.</p><p>Tanto é que a gente é ensinado a como fazer citação, como fazer uma citação direta, em</p><p>que eu reproduzo exatamente as palavras do autor, como fazer uma citação indireta, que eu</p><p>parafraseio o que o autor disse. Mas a gente tem que lembrar que, nem para o trabalho do</p><p>autor, nem para o acúmulo de conhecimento feito pela humanidade, como diz o texto, isso</p><p>não traz grande contribuição. Então, é importante conhecer e ler autores que já escreveram</p><p>sobre certos temas, principalmente os temas associados à nossa área de estudos? Sim, é</p><p>importantíssimo isso.</p><p>Mas não é uma vantagem aceitar de partida que isso seja suficiente e que isso seja o</p><p>máximo que se pode superar dos alunos que hoje frequentam o ensino superior. Então, não</p><p>basta saber repetir aquilo que já foi dito. O que nos importa é uma escrita que realmente</p><p>registre uma produção de conhecimento da pessoa que é autor do texto.</p><p>Então, é o que esse texto que eu estou comentando com vocês chama de mecanismos de</p><p>congelamento da curiosidade criativa. Então, a gente não pode ou a gente deve lutar</p><p>sempre contra esses mecanismos que congelam a nossa capacidade de ser curiosos e a</p><p>nossa capacidade de sermos criativos. Então, alguém que produz conhecimento, que é o</p><p>que se faz na universidade, se produz conhecimento, precisa ensinar o de respeito às</p><p>gerações que nos precederam e ir além do legado que recebeu.</p><p>Então, por isso, não basta repetir. Se apenas a gente recolhe o que nos foi deixado, sem</p><p>trabalhar em sua transformação, para além de um impedimento da continuidade da obra de</p><p>um autor específico, estamos nos negando o direito ao movimento, à construção de algo</p><p>novo. Trata-se aqui, então, de defender a curiosidade criativa e a inquietude.</p><p>Então, uma coisa que eu sempre comento com os meus alunos, se você quer fazer um</p><p>projeto de pesquisa, mas o que te move, o que te incomoda, o que faz com que você queira</p><p>pesquisar? Não pode ser uma pergunta banal, não pode ser uma pergunta que não suscite</p><p>grande curiosidade, grande inquietude. A gente tem que escrever sobre o que, de fato, nós</p><p>queremos pensar, o que está nos incomodando, o que nos deixa inquietos, o que faz com</p><p>que nós queremos confrontar algo. Então, é importante que a gente pense nisso, na</p><p>curiosidade criativa e na inquietude.</p>

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