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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 1 Arte bizantina: Cisão do império romano e religiosidade O pensamento estético e religioso sobre a produção de imagens na Idade Média. O estatuto estético e religioso das imagens no mundo Bizantino. Arte no islã: arte abstrata e geométrica. Românico e Gótico: Arquitetura e arte da Idade Média; construções religiosas; teocentrismo. Prof.ª Celina Gil Aula 03 – Civilizações do Medievo. vestibulares.estrategia.com EXTENSIVO VESTIBULAR Exasiu 2024 Exasi u ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 3 1. ARTE BIZANTINA 4 Os mosaicos 6 Ícones bizantinos 8 A arquitetura das basílicas 10 2. ARTE ISLÂMICA 12 Arquitetura 14 A arquitetura hispano-muçulmana 17 Arquitetura Neomourisca: Sécs. XIX e XX 19 Arte decorativa 20 3. ARTE NO MEDIEVO OCIDENTAL 26 Renascimento Carolíngio 26 A arte Românica 28 Arte gótica 32 4. EXERCÍCIOS 41 4.2 – Outras instituições 46 4.3 - Gabarito 60 4.4 - Exercícios comentados 61 5. REFERÊNCIAS 92 CONSIDERAÇÕES FINAIS 92 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 3 Apresentação Olá, seja bem-vindo(a) a mais uma aula do nosso curso de Artes! Aqui falaremos sobre os estilos artísticos das três grandes civilizações do Mediterrâneo no período Medieval: • a arte bizantina, que refletiu o poder dos basileus e da religião em Constantinopla e em outras regiões ligadas à sua influência; • a arte islâmica, que se difundiu em diversas partes do mundo conforme a adesão ao Islã também se expandia; • e os estilos artísticos verificados no Ocidente, especialmente o românico e o gótico, que acompanharam as transformações da civilização feudal na Europa. Tratam-se de assuntos de extrema importância em nossos estudos, devendo ser contemplados à luz dos seus conhecimentos obtidos por meio de nossa aula de Idade Média do nosso curso de História. Quando dizemos Idade Média, que imagens veem a sua mente? Provavelmente a de castelos, cavaleiros, o grande poder da Igreja católica e uma vida rural, certo? Bem, em parte, era esse mesmo o quadro, pelo menos na região central do continente europeu. No entanto, hoje costumamos manter uma visão romantizada do período, sobretudo por influência de séries como Game of Thrones e Vikings, e filmes como Coração de Cavaleiro (2001). Essas produções nos passam a imagem de que a vida era repleta de ação e desafios, e por isso nos causa certo fascínio. Na Idade Moderna, no entanto, a imagem sobre os medievais era exatamente o contrário. Grandes pensadores do século XV consideravam que foi um período obscuro da humanidade, sem grandes produções artísticas ou avanços científicos devido à mentalidade religiosa. Por isso, foi chamada de “Idade das Trevas”, ou “Noite de Mil Anos”. O próprio termo Idade Média, também criado no século XV, revela certo preconceito, afinal este período estaria no meio – e este é o significado da palavra média – de outros dois grandes momentos da história humana, a Idade Antiga e a Idade Moderna. Assim sendo, os homens modernos se julgavam mais parecidos com os da Antiguidade do que aqueles que viveram algumas gerações antes. Mas afinal, como teria sido esse extenso período? O historiador Jérôme Baschet (2006, p. 24) nos dá uma pista importante. Segundo ele, “a Idade Média não é nem o buraco negro da história ocidental nem o paraíso perdido. É preciso renunciar ao mito tenebroso quanto ao conto de fadas.” Para facilitar os nossos estudos, os historiadores costumam dividir este período em dois grandes momentos: Alta Idade Média • Período que vai da desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V, até o século X. • Auge das civilizações Bizantina e do Islã, no Oriente. • Consolidação e fragmentação do Império Carolíngio no Ocidente. Baixa Idade Média • Período que se extende até o fim do Império Romano do Oriente (ou Bizantino), no século XV. • Momento de reafirmação do comércio e da vida urbana no Ocidente. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 4 A seguir, vamos iniciar nossos estudos sobre a produção artística das civilizações bizantina, do Islã e feudal, todas elas fortemente marcadas pela religiosidade, mas apresentando características bem particulares. Em seguida, selecionados alguns exercícios de diversas instituições para que você possa praticar o conteúdo estudado. Em caso de dúvidas, não se esqueça de nos procurar em nosso Fórum de Dúvidas! 1. Arte Bizantina Para compreendermos a arte bizantina, convém destacarmos alguns elementos importantes da civilização bizantina. Na Antiguidade, o que chamamos de Império Bizantino correspondia a parte oriental do Império Romano, que foi dividido em duas partes no final do século IV: o Império Romano do Ocidente, sediado em Roma, e o Império Romano do Oriente, centralizado na cidade de Constantinopla. As migrações dos povos germânicos contribuíram para a desagregação do mundo romano ocidental, mas não abalaram as estruturas verificadas no oriente. Dessa maneira, o poder imperial em Constantinopla se manteve praticamente intacto durante quase mil anos. Anteriormente conhecida como Bizâncio, a cidade havia sido fundada por gregos na Antiguidade, mas foi elencada pelo imperador romano Constantino, séculos depois, para sediar todo o Império Romano. A escolha não foi em vão, afinal ela se situava no estreito de Bósforo, limite entre os continentes asiático e europeu e rota comercial de valiosas mercadorias, tais como pedras preciosas, especiarias e sedas. Para garantir sua segurança contra-ataques terrestres e marítimos, a cidade foi cercada por grandes muralhas. O grego foi mantido como língua oficial de Constantinopla, ainda que outros idiomas fossem falados no Império Bizantino, que incluía regiões da Grécia, Egito, Palestina, Sírio, Mesopotâmia e Ásia Menor. É importante ressaltar que o termo “bizantino” para denominar o Império foi disseminado pelos turcos, que conquistaram Constantinopla em 1453. Para os bizantinos, contudo, governo sediado em Constantinopla representava a continuidade do Império Romano, mesmo após a fragmentação da sua sede ocidental. O governo Justiniano A estruturação do Império Bizantino se deu durante o governo do imperador Justiniano, que ambicionava restaurar o Império Romano em sua extensão original. Para isso, barrou a expansão dos persas e búlgaros na região dos Balcãs, além de retirar do domínio de povos germânicos o norte da África, a península itálica e o sul da península ibérica. Graças aos seus esforços, o Império Bizantino atingiu sua máxima extensão. Figura 1 - Busto do imperador Constantino. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 5 Outra iniciativa importante do período foi a criação do Código Justiniano (Corpus Juris Civilis), que atualizava o direito romano e antigas leis bizantinas às especificidades do Império, reunidas junto à legislação produzida pelo próprio imperador. O Código que permitiu aos europeus do Ocidente a retomarem o contato com o Direito Romano, séculos depois, afinal a maioria destes documentos se perdeu após a fundação dos reinos germânicos. Constantinopla era o centro de uma teocracia, ou seja, um governo amparado pelos valores religiosos. Isso se intensificou a partir da segunda metade do governo Justiniano, que buscou enquadrar a Igreja ao poder imperial e fundamentar sua autoridade na doutrina cristã. A esta relação damos o nome de cesaropapismo (césar + papa), na qual o governante é concebido simultaneamente como autoridade política (césar) e religiosa (papa), e por isso interfere constantemente nosdogmas e na hierarquia existente no interior da Igreja, chegando a nomear até mesmo os patriarcas, como ficariam conhecidos os líderes situados no topo da estrutura religiosa. As estreitas ligações entre Igreja e Estado refletiam na maneira como a religiosidade era encarada pelos bizantinos, que imaginavam Deus e o Reino dos Céus como uma reprodução alargada e ainda mais esplendorosa da corte imperial em Constantinopla1. Devido a isso, a arte bizantina expressa o poder imperial como algo sagrado e incontestável, elevando o governante à condição de representante de Deus. Dizia-se que Bizâncio era a cópia do reino dos céus na Terra, cabendo ao imperador, feito a imagem e semelhança de Deus, governar seus subordinados de acordo com os mandamentos divinos. As obras transmitiam tais convicções, sendo dirigidas por uma série de convenções estabelecidas pela religião e que nos permitem caracterizar a arte bizantina como conservadora, na medida em que apresenta poucas variações de uma obra para outra. Além disso, ela também é anônima e impessoal, uma vez que seus artistas eram considerados artesãos. Figura 2 - Mosaico representa a Virgem Maria e o Menino Jesus sendo presenteados com a basílica de Hagia Sophia pelo imperador Justiniano e a cidade de Constantinopla pelo imperador Constantino. Fonte: Site Hagia Sophia. 1 MANGO, Cyril. Bizâncio: o Império da Nova Roma. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2018. p. 180. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 6 No mosaico ao lado, que representa o imperador Justiniano, é possível notar a frontalidade, uma das convenções da arte bizantina. Para compreender o seu propósito, imagine o efeito despertado em um observador que se deparava com uma enorme imagem do rei ou de Cristo encarando-o de frente! Certamente elas provocavam entre os súditos uma postura de respeito e veneração. Com o passar dos séculos, a arte passou a refletir a crescente exigência dos basileus (imperadores) de refletir a ostentação, pomba e brilho do Império Bizantino, seja por meio do largo uso do mármore nas edificações, seja por meio da riqueza de seus mosaicos. O poder real faz da arte um instrumento de propaganda, deixando-se representar de maneira estendida, em vestes extravagantes, esmagando inimigos, ao lado de Cristo, da Virgem Maria e dos santos. Fisicamente, os reis apareciam presidindo cerimônias públicas no Hipódromo, uma imensa construção feita aos moldes das arenas romanas para a realização de diversões públicas. Muitos trajavam vestimentas em cor púrpura, tingidas a partir de um raro caramujo obtido no Mediterrâneo Oriental, o que a tornava a tinta natural mais cara do mundo. A liturgia do poder O basileu não pisava o mesmo chão dos outros: caminhava sobre tapetes de púrpura ou sobre placas de pórfiro, e só ele podia utilizar os sapatos cor de púrpura! Quem recebia um dom do imperador, devia levá-lo consigo e escondê-lo na dobra do manto, para preservar a sua sacralidade. Nos cerimoniais da corte, a marca religiosa era forte, todos tinham lugares próprios e o imperador não falava, comunicando por gestos com os eunucos. A música tinha também um papel importantíssimo, por exemplo nas cerimónias de aclamação do novo basileu. Apesar das reservas do clero, a adoração das imagens imperiais nunca foi abolida: enquanto cópia da corte celeste, a corte terrena devia suscitar a devoção. Vestes cerimoniais de tipo litúrgico, aclamações rítmicas, velas e incensos, cânticos de exaltação do soberano, tudo isso tinha o seu espaço e o seu papel na fascinante vida cortesã bizantina. MONTEIRO, João Gouveia. História concisa do Império Bizantino: das origens à queda de Constantinopla. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016. p. 138 Os mosaicos A técnica de mosaico era uma das mais utilizadas pela arte bizantina, sendo utilizada para a ornamentação das paredes e cúpulas das suntuosas igrejas e palácios. Ela consistia na colagem de pequenas pedras coloridas lado a lado, formando uma imagem que se assemelha à uma pintura. A técnica Figura 3 - O imperador Justiniano representado em um mosaico na Igreja de São Vital, Ravena. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 7 era completada com a aplicação de uma solução de areia, óleo e cal nos espaços vazios, o que garantia maior aderência entre os pedaços de pedra. A beleza dos mosaicos dourados se tornava ainda mais impactante com o reflexo da luz solar, o que conferia uma atmosfera de esplendor aos espaços internos das construções bizantinas. Confira nas reproduções abaixo: Figura 4- Mosaico da Virgem Maria e o menino Jesus, tendo ao lado o imperador João II e a imperatriz Irene. Repare que os governantes são apresentados com auréolas, assim como a Virgem maria e o Menino Jesus. Fonte: Shutterstock. Figura 5 - Mosaico de Jesus Cristo na Igreja de Santa Sofia, Istambul, Turquia. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 8 Ícones bizantinos A partir da conversão do imperador romano Constantino, a arte cristã passou a ganhar mais espaço, considerada como uma espécie de “livros dos analfabetos”. Imagens individuais de Cristo, de sua mãe e dos santos passaram a ser parte importante da prática da devoção ao final do século IV, ainda que certos setores da Igreja se sentissem desconfiados quanto a utilização da arte figurativa. A palavra ícone, em grego, significa “imagem”, sendo uma luxuosa forma de expressão artística da arte bizantina que se utilizava da técnica da têmpera ou da encáustica. Elas consistiam em vestir a superfície, que poderia ser de madeira ou metal, com uma camada dourada, sobre a qual era pintada a imagem. As dobras das roupas dos personagens representados eram obtidas com a retirada de parte da película de tinta com um estilete, trazendo à tona a parte dourada. Vejamos um pouco mais sobre ambas: As técnicas da têmpera e da encáustica Têmpera é o nome dado a um dos modos como os artistas bizantinos preparavam a tinta usada em seus ícones. Consiste em misturar os pigmentos a uma goma orgânica – em geral gema de ovo – para facilitar a fixação das cores à superfície do objeto pintado. O resultado é uma superfície brilhante e luminosa. Mais tarde, com o desenvolvimento da pintura a óleo, essa técnica foi abandonada. Alguns pintores, porém, continuaram a utilizá-la, como é o caso do brasileiro Alfredo Volpi (1896-1988). Já a técnica da encáustica foi usada desde a Antiguidade. Os gregos, por exemplo, a utilizavam para colorir suas esculturas de mármore. O processo consiste em diluir os pigmentos em cera aquecida e derretida no momento da aplicação. Ao contrário da têmpera, cujo efeito é brilhante, a pintura em encáustica é semifosca. Fonte: GRAÇA PROENÇA. História da arte. São Paulo: Ática, 2018. p. 59. Figura 7 - Iconoclasta bizantino apagando com cal uma imagem de Cristo. Saltério de Chludow, 900 d.C., Moscou. Figura 6 - Ícone da Madonna e Menino Jesus, 1230. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 9 A iconoclastia Por muito tempo, a representação figurativa de Cristo foi objeto de debate no interior do Cristianismo. Para alguns religiosos, as imagens cumpriam um papel pedagógico, transmitindo ensinamentos até para aqueles que não sabiam ler. Outros ainda encaravam que as imagens eram desejadas pelo próprio Cristo, que deixava se manifestar por meio delas. Entre os séculos VIII e IX, um movimento denominado iconoclastia tinha uma visão diferente dos demais grupos, não admitindo qualquer representação imagética de personagens sagrados. Embora condenadas como heresias pelo papa de Roma, as ideias iconoclastas foram adotas por diversos imperadores bizantinos, permitindo que imagensdos templos religiosos fossem destruídas ao longo dos séculos. Diante da eliminação de muitas obras, o que conhecemos atualmente são fragmentos da arte bizantina que sobreviveram ao tempo, especialmente nas regiões provinciais do Império. É importante nos atentarmos para os padrões de preservação, ou seja, o que levaram os homens do passado a escolherem conservar determinadas obras em detrimento de outras. (Estratégia Vestibulares – 2021) Observe a imagem. Iluminura do Saltério Chludov, séc. IX. No documento acima, proveniente do Império Bizantino, verifica-se uma representação de um movimento político-religioso que ficou conhecido como iconoclastia, baseado a) na contestação do cesaropapismo vigente. b) na condenação do culto às imagens sacras. c) no questionamento da divindade de Cristo. d) no rompimento com a autoridade papal. e) na conversão compulsória de judeus e mouros. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 10 Comentários: A alternativa A está incorreta, alguns imperadores bizantinos fomentaram e se beneficiaram com a iconoclastia, como Leão III. A alternativa B é a resposta. Entre os séculos VIII e IX, um movimento denominado iconoclastia tinha uma visão diferente desses cristãos, não admitindo qualquer representação imagética de personagens sagrados. Embora condenadas como heresias pelo papa de Roma, as ideias iconoclastas foram adotadas por diversos imperadores bizantinos, permitindo que imagens dos templos religiosos fossem destruídas ao longo dos séculos. A alternativa C está incorreta, a natureza divina de Cristo não foi questionada pela iconoclastia. Na verdade, era justamente sua divindade que, na opinião do movimento, tornava indignas suas representações imagéticas. A alternativa D está incorreta, o movimento dirige sua crítica ao uso de ícones. A alternativa E está incorreta, a iconoclastia não buscava a conversão de outros grupos religiosos, mas o abandono do uso de imagens pela Igreja. Gabarito: B A arquitetura das basílicas A sujeição da Igreja ao poder do basileu permaneceu ao longo dos séculos, o que permitiu a essa instituição religiosa acumular um vasto patrimônio. Só durante o reinado de Justiniano foram construídas mais de cem igrejas, incluindo a majestosa Basílica de Santa Sofia (ou Hagia Sophia) até hoje visitada por milhares de pessoas todo ano. Figura 8 - A basílica de Santa Sofia. Os minaretes, nome dado às torres laterais, foram acrescentadas após a dominação dos otomanos. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 11 Figura 9 - Interior de Hagia Sophia. Após a dominação turca, ela sofreu modificações para ser transformar em uma mesquita islâmica. Fonte: Shutterstock. Hagia Sophia foi projetada para deslumbrar os seus visitantes, fazendo largo uso de ouro e prata em seu interior. Para que isso fosse possível, novos impostos foram criados, e obras artísticas enviadas das províncias para servirem de matéria-prima. Somente o púlpito e o altar da igreja custaram um ano de impostos no Egito. A basílica de Hagia Sophia também fez difundir o uso da cúpula entre as edificações bizantinas da capital e das províncias do Império, mas com características bastante particulares. Projetada pelos arquitetos Isidoro de Mileto e Antêmio de Trales, dizia-se que sua idealização, bem como de todo o templo, teria partido de um anjo que visitara o imperador em sonho e o instruído da grandiosa empreitada. Repare que a marca da arquitetura das basílicas bizantinas é a cúpula redonda encaixada sobre uma planta quadrada. Santa Sofia em São Paulo? Entre 1939, os cristãos ortodoxos residentes em São Paulo deram início à construção do maior templo bizantino da América do Sul, dedicado ao Santo Apóstolo Paulo e inspirado na Basílica de Santa Sofia. Seu interior é revestido de mármore italiano, de onde também veio seu iconostácio – nome dado à parede de ícones que separa a nave da igreja do santuário. Diversos vitrais e ícones nas paredes do templo contribuem para que o espaço adquira grande suntuosidade e beleza. Fonte: Igreja Ortodoxa Antioquina. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 12 ARTE BIZANTINA – Principais Características 2. ARTE ISLÂMICA A civilização do Islã foi a mais esplendorosa da Idade Média. Organizada a partir dos ensinamentos do profeta Maomé, fundador do Islã no século VI, ela se irradiou rapidamente para fora da península arábica, e em menos de 100 anos incorporou desde o noroeste da Índia, no leste, até a Espanha, no oeste, passando por todo o norte do continente africano. Embora muitos atualmente encarem os muçulmanos como inimigos do progresso científico, à civilização do Islã deve-se várias descobertas e saberes produzidos durante a Idade Média. No Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, é possível encontrar diversas passagens que estimulavam o Homem a conhecer mais o universo criado por Deus. Em certa ocasião, o próprio profeta teria dito: “Busquem ciência, a até mesmo na China”. A cada território conquistado, os muçulmanos se mostraram abertos à absorção de saberes, técnicas e formas de expressão artística. Isso contribuiu para que formassem uma cultura complexa e original, que se notabilizou ao obter avanços nas áreas como astronomia, medicina, geografia, física, matemática. Luxuosos e coloridos mosaicos Reflete a religiosidade cristã e a autoridade dos basileus Ícones dourados expressam eram utilizados para expressar devoção Na arquitetura, destaca-se o uso de cúpulas em prédios de planta quadrada. Uso de azulejos em cerâmica para o revestimento das edificações. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 13 A produção artística do mundo muçulmano foi profundamente marcada pelas concepções religiosas. O Islã condenava a representação figurativa – ou seja, a utilização de imagens para a adoração, o que fez com que as próprias representações do Profeta fossem escassas. Na iluminura acima, produzida no século XVI, Maomé aparece com o rosto coberto e envolto em uma chama, que simboliza sua iluminação a partir dos ensinamentos enviados por Deus (Alá). Tendo em vista as restrições impostas pela religião, a arte islâmica se baseou em motivos geométricos e abstratos, cujas combinações ficaram conhecidas como arabescos. Tais ornamentos estão presentes em diversas manifestações desse estilo artístico, em especial na tapeçaria e na arquitetura. A seguir, veremos as principais características da arte islâmica. Figura 11 - Milhares de muçulmanos oram diante da Caaba, construção cúbica localizada em Meca - a cidade sagrada do Islamismo. Fonte: Shutterstock. Figura 10 - A visita do Anjo Gabriel ao profeta Maomé, cujo rosto é coberto pela iluminura. Fonte: Museu do Louvre/ Domínio Público. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 14 Arquitetura A arquitetura islâmica está presente em diversos palácios, tumbas, banhos públicos, hospitais, fontes e outras edificações, mas foi nas mesquitas em que ela encontrou sua maior expressão durante a Idade Média, combinando influências legadas pelos bizantinos, persas e outros povos com os quais tomou contato. As mesquitas possuem uma de suas paredes (qibla) voltada para Meca, para onde os fiéis também se posicionam para realizarem suas orações. Durante a Idade Média, muitos califas (líderes políticos e religiosos) se preocuparam em financiar eruditos para que determinassem a localização correta da cidade sagrada, o que permitiu avanços em áreas como a geometria e a álgebra. Na qibla se encontra uma abertura em forma de ábside na parte central (mihrab), que indicaaos fiéis a direção de Meca. À direita dela está o minbar, púlpito utilizado pelo líder da congregação, chamado de imame, para fazer suas orações. Também integram à estrutura das mesquitas uma fonte, utilizada pelos fiéis para se purificarem antes de suas preces, e os minaretes, torres utilizadas pelos muezins para convocar os muçulmanos para suas orações. Embora hoje façam uso de alto- falantes, durante a Idade Média os muezins eram escolhidos pelo se caráter honrado, voz forte e conhecimento das posições lunares, com o intuito de informar a hora da oração com maior precisão. A maioria dos minaretes apresenta no topo da torre uma lua crescente, símbolo do Islã. Os primeiros muçulmanos, povos do deserto, viajavam à noite devido ao clima mais ameno e tinham a lua como iluminação de seu caminho. Diante disso, a religião se apropriou dessa simbologia, utilizando do satélite natural para representar a orientação dos seguidores de Alá ao longo da vida. Não por acaso, a palavra minarete deriva do árabe, que significa “farol”. As cúpulas aceboladas, em formato de bulbo, estão presentes na maioria das mesquitas erguidas durante a Idade Média e a Idade Moderna. Trata-se de uma influência da arquitetura bizantina, obtida a partir do processo de expansão dos domínios muçulmanos em áreas que correspondiam ao Império sediado em Constantinopla. Por fim, cabe destacar que as mesquitas não eram somente espaços de oração, mas de convivência. Além das orações, em seu interior costumavam existir escolas para ensinarem crianças a ler, centros de estudos islâmicos e de matérias como medicina, aritmética, literatura e poesia. Figura 12 - Mirahb na mesquita de Córdoba, Espanha. Fonte: Shutterstock. Figura 13 – Minarete e cúpula da Mesquita de Sohar, na região de Al Batinah, Omã. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 15 Arcos islâmicos Uma das principais características da arquitetura islâmica é o largo uso dos arcos. Em um primeiro momento, as edificações das áreas islamizadas se utilizavam do arco em estilo romano, apoiado sobre colunas, mas logo surgiram o arco em ferradura e inúmeras variantes. Ele é assim chamado pelo fato de o diâmetro do arco ser superior à largura do vão, ou seja, sua curvatura é maior que um semicírculo. Veja um exemplo na imagem a seguir: Figura 14 - Mesquita Hassan II, Casablanca, Marrocos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 16 Muqarna Muqarna é um tipo de decoração inaugurado pela arquitetura islâmica. Ela é composta por um emaranhado de pirâmides invertidas, dispostas em diferentes níveis, umas sobre as outras, formando algo semelhante às estalactites. Elas eram construídas em tijolos, pedras estuques ou madeira, podendo ser revestidas com azulejos ou pintura. Figura 15 - Muqarna adorna a entrada de uma mesquita no Omã. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 17 A arquitetura hispano-muçulmana Entre os séculos VIII e XIII, a península ibérica foi alvo de uma série de invasões de berberes, povo africano islamizado do norte da África, que derrotaram os visigodos cristãos. O longo período de dominação da região pelos muçulmanos, conhecidos como mouros, legou uma série de influências culturais aos seus habitantes. Com isso, a Hispânia muçulmana, chamada de Al Andalus pelos seus conquistadores, fez florescer um estilo que conhecido como hispano-muçulmano, também chamado de arte mourisca. A Mesquita de Córdoba, localizada na região de Andaluzia, na Espanha, é um dos principais marcos do período de ocupação muçulmana na Península Ibérica. Ela foi construída em 785 e com o passar do tempo sofreu modificações em sua estrutura, em algumas delas absorvendo outras influências artísticas. No local dedicado às orações, a mesquita apresenta diversos arcos sobrepostos e polilobados (formado por vários segmentos circulares), erguidos durante o reinado de al-Hakam II. Os arcos inferiores possuem formato de ferradura, estilo tipicamente islâmico, e quando contemplados com os superiores, contribuem para que o templo adquira uma atmosfera mística e misteriosa. Figura 16 - Mesquita de Córdoba, região da Andaluzia, Espanha. Fonte: Shutterstock. Além de edificações religiosas, os invasores mouros construíram suntuosos palácios fortificados na península ibérica, onde habitavam os emires – título dos comandantes militares. Chamados de alcáçovas, os palácios eram cercados por robustas muralhas em seu exterior e adornados por pátios, lagos e jardins na parte interna. Tendo sua construção iniciada no século IX, mas estendida por quase oito séculos, o Alhambra é um dos mais grandiosos monumentos da arquitetura muçulmana. Erguido em Granada (Espanha), foi um complexo de palácios que serviu de habitação para os reis nacéridas (ou nasridas), a última dinastia muçulmana na península ibérica. Um ponto do Alhambra que merece destaque são suas colunas de mármore, largamente utilizadas em todo o complexo arquitetônico – só no Pátio dos Leões, construído por Muhammad V, foram 124. O ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 18 estilo mourisco das colunas, que surgiu na região de Andaluzia, destaca-se pela utilização de ricos ornamentos utilizados em seu capitel. Em 1492, quando os Reis Católicos tomaram Granada, último reduto muçulmano, empregaram trabalhadores mouros para novas edificações e decorações, o que contribuiu para a formação de um novo estilo artístico, que combinava elementos cristãos e islâmicos. Ele ficou conhecido como mudéjar – termo que também passou a ser utilizado para se referir aos mouros que permaneceram na região. Figura 17 - Colunas do Palácio Alhambra, em Granada, Espanha. Fonte: Shutterstock. (Estratégia Vestibulares – 2021) A Grande Mesquita de Isfahan, listada como Patrimônio da Humanidade e ameaçada pelas tensões entre Irã e Estados Unidos no início de 2020, é um exemplo da arquitetura a) hispano-muçulmana, expressa na prevalência de elementos figurativos. b) eclética, expressa no pastiche entre elementos barrocos e neoclássicos. c) romana, expressa em seus arcos polilobados e o uso de mosaicos. d) islâmica, expressa nos usos de figuras geométricas e formas abstratas. e) persa, expressa pelo luxo da decoração e na grandiosidade das estruturas. Comentários: A alternativa A está incorreta. O estilo hispano-muçulmano, como sugere o próprio nome, é decorrente das influências artísticas legadas pelas invasões muçulmanas na península ibérica, durante a Idade Média. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 19 A alternativa B está incorreta, afinal o ecletismo é decorrente do encontro de diversas influências de estilos pregressos, durante o século XIX. A alternativa C está incorreta, pois embora a arte romana tenha se destacado pelo uso de mosaicos, os elementos verificados na obra refletem a predominância de concepções estéticas da arte islâmica. A alternativa D é a resposta. A produção artística da civilização do Islã foi fortemente marcada pela religião, que condenava a representação figurativa – ou seja, retratar pessoas, objetivos e animais. Desse modo, há preferência por figuras geométricas e formas abstratas, que ficaram conhecidas como arabescos. A alternativa E está incorreta. Embora a civilização persa tenha existido na mesma região onde se encontra a Grande Mesquita, esta obra arquitetônica mostra-se influência pelas concepções artísticas legadas pela difusão do Islã durante a Idade Média. Gabarito: D Arquitetura Neomourisca: Sécs. XIX e XX A partir da década de 1840, alguns países europeus, especialmente a Inglaterra e a Espanha, buscaram influências na arquitetura islâmicapara fazer frente ao neoclassicismo – estilo do qual falaremos mais adiante. Com isso, diversos arquitetos tomaram Alhambra e outras edificações como modelo referencial, formando um estilo revivalista2 que ficou conhecido como neomourisco (ou neoislâmico), que fez largo uso das cúpulas e minaretes. No Brasil, o estilo também foi utilizado, mas muitos edifícios foram perdidos com o tempo. É no Rio de Janeiro, antiga capital do Brasil, onde encontramos a maioria dos remanescentes, sendo o mais importante deles o Pavilhão Mourisco, sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Sua construção se estendeu entre os anos de 1904 e 1918, sendo marcada pela adoção de arcadas arabizadas e a fachada flanqueada por torres com cúpulas aceboladas. Outro exemplo importante é a Igreja do Imaculado Coração de Maria – o único templo cristão a adotar o estilo na cidade. Figura 18 - O Pavilhão Mourisco, sede da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Fonte: Fiocruz Minas. 2 Revivalista: Termo utilizado para definir movimentos culturais que buscaram a recuperação de elementos do passado. Nesse sentido, podemos entender o Renascimento como um movimento revivalista. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 20 Arte decorativa Os arabescos são desenhos baseados em motivos vegetais, geométricos e epigráficos (grafia decorativa), que se repetem inúmeras vezes e se entrelaçam, o que contribui para criarem uma variedade imensa de combinações. Eles estão presentes tanto na parte exterior quanto nos ambientes interiores das construções islamizadas. A partir de heranças legadas pelos egípcios, chineses e mesopotâmios, a cerâmica passou a ser um material largamente utilizado pelos muçulmanos para o revestimento de suas edificações, com o intuito de embelezá-las. A cerâmica vitrificada, conhecida como azulejo (em árabe, al-zuleij), era estampada com uma variedade imensa de motivos arabescos, que combinados formavam ricos mosaicos. Se utilizando de seus conhecimentos matemáticos, os muçulmanos desenvolveram uma decoração estilizada e meticulosa. Um estudo feito em 2007 concluiu que os arquitetos medievais elaboravam padrões complexos de mosaicos utilizando apenas cinco formas diferentes de ladrilhos que podiam em teoria, formar padrões infinitamente grandes, mas nunca repetidos.3 Figura 19 - Detalhe da Mesquita de Bibi-Khanum, em Samarcanda, Uzbequistão. Fonte: Shutterstock. Os azulejos, palavra que em árabe significa “pedra polida”, foram levados pelos muçulmanos para a península ibérica, onde foram incorporados pelos cristãos. A utilização desta técnica foi trazida para o Brasil com a colonização, sendo observada em casarões históricos de cidades como São Luís do Maranhão e Recife, em Pernambuco. Patrimônio ameaçado? Em janeiro de 2020, o agravamento das tensões entre Estados Unidos e Irã levou o presidente norte-americano, Donald Trump, a ameaçar ataques a obras arquitetônicas do país adversário. Na mesma época, a Unesco lembrou as autoridades dos dois países que ambos haviam se comprometido por acordos internacionais a não danificar o patrimônio cultural e natural de qualquer uma das nações signatárias, ainda que em caso de conflito. 3 LYONS, Jonathan. A Casa da Sabedoria: como a valorização do conhecimento pelos árabes transformou a civilização ocidental. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 116. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 21 Além de edificações da civilização persa, alguns dos “alvos” considerados pelos norte- americanos no Irã eram obras em estilo islâmico, como a Grande Mesquita de Isfahan. Construída em 841, ela possui mais de 20 mil metros quadrados e é a mais antiga mesquita congregacional do país. Em 2012, foi listada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Figura 20 - Mesquita de Isfahan, no Irã. Fonte: Shutterstock. (Estratégia Vestibulares – 2020) (Diversity, Siddiqa Juma, 2014. Disponível em: <http://alphaomegaarts.blogspot.com/2014/07/dubai- celebratesinternational.html> Acesso em 16 mai. 2020) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 22 A obra destacada no enunciado, apesar de contemporânea, compartilha características com a tradicional arte islâmica, principalmente a(o) a) presença de arabescos geométricos. b) majoritária ausência de figurativismo. c) mosaico como suporte artístico d) uso estético da caligrafia árabe. e) influência explícita da arte chinesa. Comentários: A alternativa A está incorreta, pois não há na pintura elementos geométricos organizados como na arte islâmica. A alternativa B está correta, pois a arte islâmica é majoritariamente geométrica, formada por figuras abstratas, porém organizadas. Ainda assim, não há quase representação figurativa. A alternativa C está incorreta, pois a obra destacada aqui não é um mosaico, mas sim uma tela. A alternativa D está incorreta, pois não há aqui o aparecimento de caligrafia árabe. A alternativa E está incorreta, pois não se pode perceber aqui traços de arte chinesa. Gabarito: B Tapeçaria Mais do que adornos, os tapetes são objetos fundamentais na cultura muçulmana. Mesmo antes do Islã, eram utilizados por povos nômades da península arábica para forrarem as tendas armadas em momentos de repouso. Com a difusão dos ensinamentos de Maomé, os convertidos passaram a utilizar os tapetes nos momentos de oração, evitando o contato direto com o solo. Tapetes feitos à mão eram feitos por turcos desde a Antiguidade, se utilizando principalmente de lã, algodão seda pura. Aqui também é feito largo uso dos arabescos, que contribuem para a formação de uma infinidade de desenhos que emitem uma profusão de cores. Caligrafia e iluminuras A caligrafia é a principal forma de expressão artística do Islã, afinal foi a partir da escrita que se registrou os ensinamentos transmitidos à Maomé por intermédio do anjo Gabriel. Na cultura islâmica, trata-se da materialização da palavra de Deus. O apreço estético à palavra escrita ganhou força com a apropriação do papel, invenção chinesa introduzida na cultura muçulmana por volta de 750 d.C. A cidade de Samarcanda (atual Uzbequistão), importante centro comercial situado na rota da seda, tornou-se o principal centro de fabrico de papel do mundo islâmico, tecnologia que também se espalhou para a Síria, o Norte da África e Al Andalus. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 23 A produção de livros, a encadernação e os serviços de transcrição floresceram, estimulando o intercâmbio de ideias e conhecimentos. Em diversas regiões dos domínios muçulmanos surgiram os bazares de livros e lojas especializadas, altamente requisitadas pelas grandes bibliotecas das elites locais. Boa parte desse mercado se dava ao redor das mesquitas das grandes cidades do Islã. Por condenarem a veneração de ídolos – o que explica a ausência de estátuas na arte islâmica – os artistas em muitos casos buscaram revestir as mesquitas e residências com passagens do Alcorão. Os calígrafos transformaram a escrita em arte, lançando mão de cores e formas que se harmonizam e sugerem sons. O gosto dos livros fez com que certas obras do mundo islâmico reproduzissem iluminuras, muito influenciadas por elementos persas, hindus, mongóis e chineses. Por vezes, autoridades religiosas tentaram impedir a reprodução e circulação de elementos figurativos, ainda que a maioria deles abordasse temas militares e cenas cotidianas. Vale destacar que as edições do Alcorão mantiveram sua decoração restrita ao uso de ornamentos geométricos e não-figurativos. Orientalismo Um dos conceitos mais importantes para pensar como o Ocidente se relaciona com o Oriente foi elaborado pelo intelectual palestino Edward Said, o Orientalismo. Segundo ele, o Oriente (e também o Ocidente) enquantoespaço geográfico não é um dado da natureza, mas uma construção que sugere uma relação de poder, de dominação. O Orientalismo foi uma estrutura elaborada pela Europa e Estados Unidos ao longo de séculos para caracterizar o Oriente Médio de maneira estereotipada. Quando pensamos no Oriente, certas imagens vêm a nossa mente: sociedades pré-modernas, com suas mulheres submissas e seu fanatismo religioso. Trata-se, em nosso imaginário, de um local misterioso, violento, mágico, sensual e atrasado – imagens alimentadas pelo cinema, jornais, obras artísticas e literárias. Isso dificulta compreendermos o Oriente Médio em toda a sua diversidade política, econômica, social e cultural. A construção do Orientalismo coincide com a consolidação dos Impérios europeus nos séculos XIX e XX, servindo como uma espécie de ideologia para justificar a dominação e a superioridade europeia, sobretudo por franceses e ingleses. Atualmente os Estados Unidos são o coração do Orientalismo, se utilizando de representações distorcidas para caracterizar o “Outro” que lhe é estranho – e, por isso, inferior. Figura 21 - Padrões caligráficos da mesquita de Wazir Khan, Paquistão. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 24 ARTE ISLÂMICA – Principais Características (Estratégia Vestibulares – 2020) TEXTO I Por volta do século VI, os árabes viviam em uma região desértica e com ausência de grandes rios; estavam voltados para o Mar Vermelho, Oceano Índico e Golfo Pérsico. Nessa região se concentravam várias tribos. Em uma delas, nasceu Maomé que, aos 40 anos, recebeu uma visão do anjo Gabriel com uma mensagem de Deus: Maomé deveria dizer ao povo de Meca que cessasse com a adoração de ídolos e aceitasse Alá como deus único e verdadeiro. ANDE, Edna; LEMOS, Sueli. Arte islâmica. São Paulo: Instituto Callis, 2013. p. 10. TEXTO II Interior da Mesquita de Isfahan, Irã. Fonte: Shutterstock. Predominância de elementos abstratos e geométricos (arabescos) Uso de arcos em ferradura e outras variantes Minaretes e cúpulas aceboladas nas mesquitas Caligrafia e tapeçaria mantiveram o apreço pelos arabescos Uso de azulejos em cerâmica para o revestimento das edificações ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 25 Tendo em vista o surgimento do Islã, descrito pelo TEXTO I, destaca-se como característica da arte islâmica, cujo TEXTO II. é um exemplar, o(a) a) repúdio às figurações abstratas. b) reprodução de técnicas góticas. c) laicização das obras artísticas. d) condenação da arte figurativa. e) abandono de influências bizantinas. Comentários: Essa é uma questão sobre arte islâmica. Para ajudar em sua resolução, retomemos alguns pontos básicos desse estilo: ▪Predominância de elementos abstratos e geométricos (arabescos); ▪Uso de arcos em ferradura e outras variantes; ▪Minaretes e cúpulas aceboladas nas mesquitas; ▪Caligrafia e tapeçaria mantiveram o apreço pelos arabescos; ▪Uso de azulejos em cerâmica para o revestimento das edificações. A preferência por figurações abstratas e geométricas não se deu em vão, afinal a arte islâmica era orientada pelos preceitos religiosos legados pelo profeta Maomé, que incluíam a condenação à adoração de ícones e outras imagens. Dito isso, a alternativa D é a resposta. Vejamos as demais alternativas: A alternativa A está incorreta, afinal é possível observar a presença de elementos abstratos na mesquita de Isfahan (TEXTO II). A alternativa B está incorreta, afinal não se observam influências da arte gótica na imagem acima. A alternativa C está incorreta, pois a arte islâmica foi guiada pelos preceitos religiosos do Islã. A alternativa E está incorreta, afinal as cúpulas e arcos utilizados na arte islâmica foram influenciados por contatos com a cultura bizantina e com outros povos assimilados. Além disso, tendo como base as informações do TEXTO I, não era possível concluir que a arte muçulmana representou uma ruptura com os padrões arquitetônicos do Império Bizantino. Gabarito: D ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 26 3. ARTE NO MEDIEVO OCIDENTAL Se a arte islâmica e a arte bizantina tiveram na cidade o seu principal espaço de expressão, o mesmo não se pode dizer das manifestações artísticas do Ocidente Medieval. No período iniciado no século V, a vida social e econômica do continente europeu se volta para o campo, não sendo possível estabelecer um estilo artístico uniforme até o século XII. Parte disso se deve às guerras e incursões de povos com concepções artísticas muito diversas. Renascimento Carolíngio Em 800, Carlos Magno foi coroado imperador Novo Império Romano do Ocidente pela Igreja, o que o levou a almejar o renascimento do antigo Império Romano no Ocidente. Tal esforço se deu não somente pela expansão territorial, mas também por um intenso estímulo à produção cultural, que ficaria conhecido como Renascimento Carolíngio. As obras arquitetônicas erguidas nos domínios do Império Carolíngio buscaram a recuperação da basílica cristã primitiva, sendo muito influenciadas pela arquitetura bizantina. Suas paredes exteriores possuem aparência maciça, enquanto os interiores eram ricamente decorados com afrescos e mosaicos, estes últimos muito semelhantes às primeiras igrejas cristãs em Roma. A construção mais famosa é a Catedral de Aachen, obra hoje considerada patrimônio mundial pela UNESCO. A enorme construção conta com um coro gótico, uma capela – chamada Capela Palatina – uma cúpula e uma torre. Sua dimensão é impressionante: ela ocupa 2.000 m²! Carlos Magno está enterrado em uma cova sob o pavimento da Capela Palatina. Figura 22 - A Capela Palatina. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 27 (Estratégia Vestibulares – 2020) A Idade Média é um período que convive com dois grandes referenciais: de um lado, a arte teocêntrica, que representa passagens e personagens da mítica católica; de outro, uma aproximação do ideal de beleza clássico. ( ) Certo. ( ) Errado. Comentários: A idade média é um período de afastamento dos ideais clássicos. A beleza não é vista do mesmo modo que na antiguidade clássica. Isso só ocorrerá no Renascimento. Gabarito: Errado As iluminuras Uma das principais expressões desse período são as iluminuras. As iluminuras são pinturas decorativas que eram aplicadas às primeiras letras dos textos escritos em pergaminhos. Esses pergaminhos eram produzidos nos conventos e abadias, pelos monges copistas. O termo também acabou sendo usado para definir outras representações imagéticas ou decorativas em manuscritos de modo geral. São miniaturas, desenhos pequenos, muito detalhados, frequentemente com detalhes em ouro e prata. Iluminura do século XII, acervo da Biblioteca Nacional da França. Integra uma Bíblia possivelmente encomendada pelo rico bispo de Chartre, Geoffrey of Lèves, como presente a um conselheiro do Rei. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 28 (Estratégia Vestibulares.- 2020) As iluminuras, pinturas decorativas associadas aos códices medievais, produzem registros das vidas de santos e passagens bíblicas, não podendo assim ser utilizadas como fonte pictórica documental para investigar o vestuário da Idade Média. ( ) Certo. ( ) Errado. Comentários: As iluminuras retratavam assuntos do cotidiano, como torneios, servos etc., além de imagens ligadas à mítica religiosa. Poderiam, portanto, ser usadas como fonte documental para compreender como eram os trajes usados na Idade Média. Gabarito: Errado CAVALHADA No Brasil, os torneios medievais deram origem a um folguedo muito tradicional: a cavalhada. A celebração temorigem em Portugal. As cavalhadas recriam os torneios medievais, além de reproduzir também batalhas entre cristãos e mouros, inspiradas nas Cruzadas. No Brasil, desde o século XVII é possível encontrar registros do folguedo. Normalmente ele ocorre durante a festa do Divino, principalmente no Sul, Sudeste e Centro- Oeste. Assim como nas justas medievais, na cavalhada os participantes andam a cavalo, portando lanças. O objetivo é derrubar seu oponente do cavalo. Claro que no folguedo, busca-se realizar um espetáculo coreografado, não uma luta de verdade. Fonte: Shutterstock A arte Românica A Arte românica foi um estilo que surgiu entre os séculos XI e XIII na Europa Ocidental. O nome “românica” está diretamente ligado às influências da arte romana sobre esse estilo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 29 Arquitetura Uma das principais características desse estilo é sua ligação com a religião. As construções românicas davam abrigo a peregrinos de passagem por diversos locais da Europa. Lembre-se que com as Cruzadas, as andanças pelo território Europeu cresceram, junto com o entusiasmo para com a fé cristã. Assim, as chamadas igrejas de peregrinação se tornaram muito comuns no período. É possível encontrar igrejas românicas em diversos locais de peregrinação, como Roma e Santiago de Compostela. Esses locais também abrigavam as relíquias, objetos que se diziam pertencer a santos, que poderiam variar de pedaços de madeira da cruz de Cristo a fios de cabelo de santos. A horizontalidade é fundamental para a arquitetura românica. Mais do que pela altura, as igrejas românicas se destacam pela extensão. Além disso, as plantas das construções tendiam a ter formato de cruz e serem muito espaçosas, com espaços livres de obstáculos. Da arquitetura romana, os construtores da época emprestaram as colunas e os arcos redondos. Houve, porém, uma substituição de materiais: a pedra passou a ser o principal material para o teto das igrejas. Abóbadas cilíndricas de 180 graus, apoiadas em pilastras pelas arestas são comuns nesse período. Outra característica importante da arquitetura românica é que são construções com poucas aberturas, grandes e sólidas. Havia poucas janelas e apenas uma porta de entrada. São como fortalezas, encontradas principalmente nas paisagens rurais que predominaram no auge da civilização feudal. Elas não são fruto de um gosto refinado da nobreza, mas sim são símbolo do processo de consolidação da Igreja. Construções famosas: • Igreja de Nossa Senhora, a Maior – Poitiers, França. (Figura ao lado) • Batistério de Florença, Itália. • Sé Velha de Coimbra, Portugal. Fonte: Shutterstock ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 30 Escultura A escultura do período existe principalmente em função da arquitetura. Ela decorava de maneira ostensiva os edifícios, tendo como característica a ocupação de todos os espaços, não deixando nada sem uso. Eram principalmente entalhadas no material da construção. Tinham principalmente com uma função didática: instruíam os peregrinos e fiéis acerca do local em que se encontravam. Não são naturalistas, do contrário, são bastante simbólicas, representando frequentemente seres não reais. Catedral de São Lázaro de Autun. Fonte: Shutterstock Pintura Com a pintura – e as iluminuras e tapeçarias – não é diferente das demais expressões artísticas: seus temas eram ligados à religião e se encontravam principalmente nas igrejas e catedrais. É preciso lembrar que a maioria da população da época era analfabeta, assim, as imagens eram responsáveis por Planta em forma de cruz Pedra Abóbadas e arcos em 180 graus Pilares maciços Paredes espessas Poucas aberturas e janelas ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 31 ensinar as passagens bíblicas e questões morais a boa parte da população. A principal técnica de pintura utilizada era o afresco. AFRESCO A técnica do afresco consiste em pintar literalmente com uma superfície que está “fresca”. Utilizada para adornar murais e tetos/abóbadas, a técnica é realizada aplicando-se cores diluídas em água sobre um revestimento de argamassa fresco. Assim, a tinta seria absorvida pela argamassa, não ficando somente na superfície. As duas características mais marcantes da pintura da época são: • Colorismo: aplicação de cores puras, gerando muito contraste. Não há meios-tons. • Deformação: as figuras são retratas de acordo com a mensagem que se quer passar. É frequente, por exemplo, que santos sejam retratados em dimensão maior que outras pessoas da pintura, para trazer uma noção de grandiosidade. Fonte: Shutterstock (Estratégia Vestibulares – 2020) A tapeçaria foi uma técnica artística especialmente profícua na Idade Média. A técnica consiste em tramar fios, frequentemente de maneira manual para compor figuras, se assemelhando a uma pintura. ( ) Certo. ( ) Errado. Comentários: Ainda que a tapeçaria já fosse uma técnica conhecida e utilizada há muito tempo, na Idade Média a técnica ganha muito espaço. Gabarito: Certo ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 32 Arte gótica A arte gótica busca um afastamento das influências romanas, já num caminho de encontrar seu estilo próprio. É uma arte altiva e imponente. Se a arte românica tinha se mantido na segurança do chão e na horizontalidade, a arte gótica irá buscar a elevação, o divino e o mundo espiritual. É muitas vezes referido coma como “a arte das catedrais”. O período do final do século XII ao século XIII foi marcado pela construção de grandes catedrais, verdadeiros símbolos de pedra da fé cristã. Essas construções prezaram pelo predomínio da verticalidade sobre a horizontalidade, afinal deveriam erguer-se acima de todos os demais edifícios da cidade, se destacando como centros religiosos e sociais. Vale destacar que o termo catedral surgiu da palavra “cátedra”, local onde se sentava o bispo para as celebrações solenes. O estilo gótico refletiu as transformações do Ocidente feudal. Acompanhou o crescimento dos centros urbanos na Baixa Idade Média, que competiam entre si quanto à altura de suas construções religiosas. A presença de nobres e grandes comerciantes nas cidades, em razão da retomada do grande comércio, contribuiu para que luxuosos edifícios laicos fossem erguidos me diversas partes da Europa. Arquitetura A arquitetura gótica é grandiosa e frequentemente urbana. A começar entrada já se percebe a diferença entre a arquitetura gótica e a românica: catedrais góticas dificilmente possuem uma única entrada; do contrário, podem chegar a ter três portais como entrada. Além disso, há uma estrutura chamada abóbada de cruzaria ou nervurada. A abóbada cruzaria consiste em dois arcos que se cruzam e sobre eles está o casco da abóbada. Os pilares então sustentam as abóbadas pelas arestas e havia suportes externos chamados arcobotantes para sustentar a estrutura. Isso parece algo comum hoje, mas na época foi uma grande inovação. Foi essa estrutura que permitiu que as paredes pudessem tornar-se mais finas: ao invés 1,5m de largura, as paredes de catedrais góticas podem ter apenas 50 cm. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 33 Fonte: Shutterstock Outra diferença fundamental: a orientação vertical. Uma dar principais características são os arcos com pontas agulhadas, também chamados de “ogivas”. Alongadas e elevadas, essas estruturas também demandam um sistema técnico específico de sustentação. Mais importante do que o modo como era construída, é a impressão que toda essa estrutura causava. As estruturas que mantinham o prédio de pé não ficavamvisíveis por dentro da catedral. Assim, aquelas construções imensas pareciam se elevar em direção ao céu como que por um milagre! Além da planta em formato de cruz, no exterior viam-se fachadas opulentas. Normalmente, além dos portais de acesso, havia grandes torres. Como o sistema de arcobotantes sustentava as construções sem pesar sobre as paredes, foi possível abrir parte das laterais das catedrais. Isso dá origem às arcadas que cercam muitos desses prédios e a grandes janelas que abrigarão uma das técnicas mais importantes para a arte gótica: os vitrais. A Catedral de Notre-Dame Uma das mais antigas catedrais de Paris, sua construção se iniciou no ano de 1136, a mando do bispo Maurício de Sully. Sua finalização só ocorreu no ano de 1272, graças a donativos da população parisiense. O nome Notre-Dame significa Nossa Senhora, afinal o edifício é consagrado à Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo. A catedral de Notre-Dame tem 150,20 metros de comprimento e suas principais abóbodas estão a 32,50 metros do chão. Assim como outras edificações religiosas em estilo gótico, podemos considerá-la uma “Bíblia em pedra”, afinal os ensinamentos do catolicismo se encontram representados nas esculturas, entalhes, portais e vitrais. Vale lembrar que a catedral serviu de inspiração para Victor Hugo criar o romance O Corcunda de Notre-Dame, que conta a história de um misterioso sineiro de nome Quasímodo que habitava o campanário da Igreja durante a Idade Média. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 34 VITRAIS A arquitetura gótica foge da obscuridade. Ela quer luz! E foi justamente através das grandes janelas que ela conseguiu aliar iluminação a misticismo. As janelas são cobertas por vitrais. O vitral é uma técnica de arte em vidro que já era conhecida há tempo, mas chega a seu apogeu nesse período. A técnica consiste em unir pedaços de vidro colorido através de ligas de chumbo. Tendo em vista as grandes dimensões das janelas góticas, desenvolve-se todo um novo estilo pictórico. Tona-se possível não só a criação de formas abstratas geométricas, como narrativas. Além de iluminar de maneira mística o interior das igrejas, os vitrais podem também contar histórias. Na época não era possível produzir placas de vidro enormes. Os vitrais eram formados por uma série de placas menores, unidas por grades de metal. O importante era apenas não ter tantas ligas a ponto de perder iluminação. A atmosfera deve ser de enlevo, etérea. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 35 Fonte: Shutterstock (Estratégia Vestibulares – 2020) A Catedral de Notre-Dame, em Paris, parcialmente destruída por um incêndio em abril de 2019, é um exemplo da arquitetura a) gótica, expressa na verticalidade e no emprego de arcos e vitrais. b) românica, expressa no desenho do teto e da abóbada principal. c) clássica, expressa na composição simétrica e na presença de colunas dóricas. d) art nouveau, expressa na utilização de elementos geométricos decorativos. e) eclética, expressa no pastiche entre elementos barrocos e neoclássicos. Comentários: Alternativa A - Correta. A arquitetura gótica é marcada pela utilização de arcos ogivais, que se alongam e se projetam para o alto, dando uma impressão de verticalidade aos observadores. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 36 Alternativa B – Incorreta, pois as abóbadas encontradas nas edificações em estilo românico são formadas a partir de arcos semicirculares, sem fornecer a mesma ideia de leveza e grandiosidade observada no estilo gótico. Alternativa C – Incorreta, afinal as colunas encontradas em Notre-Dame são da ordem coríntia, apresentando uma decoração exuberante em seu capitel. Isso é algo inexistente nas austeras colunas da ordem dórica. Alternativa D – Incorreta, pois a art nouveau foi um estilo artístico que surgiu no final do século XIX, séculos após o estilo gótico ser predominante entre as catedrais europeias. Alternativa E – Incorreta. O estilo barroco se desenvolveu no século XVI, ao passo que o neoclassicismo é um termo utilizado para denominar algumas manifestações artísticas encontradas no Ocidente europeu a partir do século XVIII. Dessa maneira, não poderiam influenciar os elementos do estilo gótico na Idade Média. Gabarito: A ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 37 Escultura A escultura é muito presente como parte da arquitetura gótica. Principalmente nos portais e fachadas, percebe-se o uso de muitas esculturas. Aqui, no entanto, as manifestações já são mais organizadas, menos labirínticas do que no românico. Na arte gótica, amplia-se o uso, partindo também para as colunas, e estátuas sozinhas nas catedrais. Os gestos e posturas sofrerão uma maior humanização, tornando-se mais naturalistas: as roupas passam a apresentar maior movimento e os pés passam a ser representados de maneira horizontal, plantados no chão, não mais em plano inclinado. O naturalismo maior nas representações será um prenúncio do Renascimento. Além disso, há uma suavização das imagens, que se tornam menos assustadoras do que as românicas e mais positivas: a ideia é aproximar os fiéis, não os aterrorizar. Fonte: Shutterstock Ainda que a escultura permaneça muito ligada à escultura, ela já começa a afirmar alguma independência na arte gótica. Começam a se tornar comuns, por exemplo, estátuas devocionais, ou seja, pequenas imagens portáteis, que as pessoas podiam ter em suas casas – como é visto até hoje. O culto à Virgem Maria se torna especialmente popular nessa época, representada nos moldes do amor cortês, em que a mulher é um ser elevado e merecedor de todo o respeito e devoção. GÁRGULAS Se você assistiu ao Corcunda de Notre-Dame, você sabe o que são as gárgulas. Figuras animalescas ou monstruosas eram muito comuns na arquitetura gótica. As gárgulas eram uma espécie de desaguadouro: uma continuação das calhas que permitia que o acúmulo de água fosse jogado para longe da parede. Acredita-se que essas imagens monstruosas eram colocadas nas igrejas para lembrar sempre que o demônio nunca dorme e que é preciso vigilância constante... até mesmo em locais santos. Elas também serviam para afastar possíveis maus espíritos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 38 Figura 23 - Gárgula da Catedral de Notre-Dame. Fonte: Shutterstock. Pinturas Assim como a escultura, a pintura vai se aproximando de uma tendência naturalista. Também seguindo o culto a Virgem Maria, as imagens das Madonnas é uma das mais frequentes nas pinturas, demonstrando alguma influência da arte bizantina (veremos mais sobre isso ainda nessa aula). Também seguindo a tendência das estátuas portáteis, surgem os ícones: pequenas pinturas de temática variada e caráter narrativo, compostas por pequenas cenas da vida de santos e personagens bíblicos. Essas pinturas, geralmente realizadas em peças de madeira, inauguram uma relação que se manterá por muito tempo nas artes: a da burguesia com as artes. Os nobres e comerciantes ricos – que darão origem à burguesia – eram os principais compradores dessas peças. Elas podiam vir apenas em um painel (conhecidas como retábulo) ou diversos paineis dobráveis (conhecidos como políptico). Nesse período, inclusive, começamos a conhecer alguns nomes de artistas. Ainda que só no renascimento a ideia de autor se desenvolva, já na arte gótica encontramos alguns nomes de destaque. Dentre os principais está o pintor Giotto (1267-1337). Figura 24 - Pintura do Nascimento de Cristo, de Giotto. Fonte: Shutterstock. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 39 Giotto viveu sua infância no campo, junto com seupai que criava ovelhas. A maior parte de sua produção é de afrescos em igrejas. A principal característica da sua pintura foi, diferente do que acontecia na pintura românico, apresentar os santos com seres humanos comuns, sem distorções na aparência. O destaque aos santos ficava pelo posicionamento: eles estavam sempre em um local que chamava a atenção na cena. Com isso, Giotto vai antecipando algumas tendências de composição humanistas que se popularizarão no Renascimento. TEATRO MEDIEVAL O teatro do período medieval pode se dividir em duas frentes: o teatro sacro e o profano. O que as duas frentes têm em comum são: - a ligação com a tradição oral e o popular; - a apresentação nas ruas; - o caráter moralizante, religioso ou não; - as personagens alegóricas; e - a união de teatro, dança e música. Vamos ver um pouco sobre cada uma das frentes e o que as diferencia. Teatro sacro O teatro sacro medieval se origina nas festividades religiosas, principalmente Páscoa e Natal. Eram passagem bíblicas, sermões, autos, dramas litúrgicos etc. apresentados frequentemente após missas ou intercalados por procissões. Inicialmente apresentados dentro das igrejas, por clérigos, com o passar do tempo as ações passam a ser apresentadas na rua e por pessoas comuns. Aconteciam em estações, não em um local especifico: as pessoas iam caminhando ao longo do espaço, frequentemente praças públicas, em que havia estações de apresentação distribuídas. Cada estação tinha um cenário e representava uma parte da história contada. Eram encenações complexas, que podiam chegar a demorar dias para serem completamente performadas. Teatro profano O teatro profano medieval era apresentado em palácios ou pátios de castelos, sem ligação com cultos religiosos. Podiam ser farsas satíricas, momos – nome dado a representações com máscaras e figurinos exagerados – entremeses – nome dado a pequenas apresentações entre refeições – ou autos pastoris de amor cortês. Alguns grupos populares começam a se organizar em palcos improvisados em carroças, o que possibilita o deslocamento entre cidades. Isso será responsável pelo surgimento de uma das vertentes mais populares do teatro renascentista: a commedia dell’arte. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 40 A PESTE NEGRA E A DANSE MACABRE No final da Idade Média se populariza a ideia da universalidade da morte, ou seja, a noção de que não importa nossa posição ou status em vida, a dança da morte une a todos. Assim, surgem representações que ficaram conhecidas como danse macabre, dança macabra. O tema dessas gravuras era a morte, personificada em caveiras. Ela conduz numa espécie de ciranda indivíduos de diversos estratos sociais, tipicamente um Rei, um Papa, um monge e um casal de jovens. Um dos elementos que trouxe a ideia de morte para o cotidiano das pessoas foi a peste negra. Entre 1348 e 1350, um surto de peste bubônica se espalhou rapidamente por toda a Europa, provavelmente trazida do Oriente pelas pulgas dos ratos que infestavam os navios mercantes. A maioria dos historiadores acredita que um terço da população europeia foi dizimada por essa doença, chegando à metade dos habitantes de algumas localidades do continente. Também conhecida como Peste Negra, a moléstia causava febres de até 41 graus naqueles que a contraíam, vômitos sanguinolentos e inchaços escuros na pele. Figura 25 - Enquanto a Peste Negra se espalhou pela Europa, representações da morte perseguindo homens e mulheres de todas as classes sociais se tornaram cada vez mais frequentes. Fonte: Wikimedia Commons. IMPORTANTE: RESUMO DA ARQUITETURA ROMÂNICA E GÓTICA ARQUITETURA ROMÂNICA (secs. XI e XII) - Igreja em consolidação. → Poucas janelas e decoração. Paredes robustas, como se fossem fortalezas. Horizontalidade. → Representa a força do clero regular (monges) e o caráter rural da civilização feudal. → Predominante em Igrejas e mosteiros afastados da vida mundana. ARQUITETURA GÓTICA (secs. XIII) – Igreja consolidada → Construções imponentes (verticalidade) e iluminadas. Uso de arcos ogivais e vitrais. → Representa a força do clero secular, que atua em meio à sociedade. → Catedrais construídas em grandes centros urbanos. Retomada do grande comércio nas cidades. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 41 4. Exercícios 1. (1999/Unesp) A partir do século XII, em algumas regiões europeias, nas cidades em crescimento, comerciantes, artesãos e bispos aliaram-se para a construção de catedrais com grandes pórticos, vitrais e rosáceas, produzindo uma "poética da luz", abóbadas e torres elevadas que dominavam os demais edifícios urbanos. O estilo da arte da época é denominado a) renascentista. b) bizantino. c) romântico. d) gótico. e) barroco. 2. (2008/Unesp) Observe a foto da Catedral de Notre Dame de Paris, construída entre 1163 e 1250. Sobre o contexto histórico que levou ao surgimento das catedrais, pode-se afirmar: a) o papel dos monarcas foi decisivo, financiando a sua construção para glorificar o poder real. b) sua construção está associada ao reflorescimento e à prosperidade do mundo urbano. c) financiadas com os recursos do clero romano, ampliaram a influência do Papa no Oriente. d) surgiram como resposta do papado ao Cisma do Oriente, glorificando a Igreja Romana. (Adhemar Marques, Pelos caminhos da História: Ensino Médio.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 42 e) eram templos destinados à alta nobreza, que assim evitava o contato com o povo da cidade. 3. (2019/Unesp) A Catedral de Notre-Dame, em Paris, parcialmente destruída por um incêndio em abril de 2019, é um exemplo da arquitetura a) gótica, expressa na verticalidade e no emprego de arcos e vitrais. b) românica, expressa no desenho do teto e da abóbada principal. c) clássica, expressa na composição simétrica e na presença de colunas dóricas. d) art nouveau, expressa na utilização de elementos geométricos decorativos. e) eclética, expressa no pastiche entre elementos barrocos e neoclássicos. 4. (2016/Unesp) Examine a iluminura extraída do manuscrito AlMaqamat, de Abu Muhammed al-Kasim al- Hariri, 1237. (http://gallica.bnf.fr) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 43 A imagem pode ser associada à tradição dos conhecimentos desenvolvidos no mundo árabe- islâmico durante a Idade Média e revela a) a inexistência de instrumental médico nas sociedades islâmicas, que impediam qualquer tipo de corte nos corpos. b) a preparação do cadáver feminino para a cremação, principal culto funerário desenvolvido nas sociedades islâmicas. c) a condenação imposta pelas autoridades religiosas islâmicas às pessoas que cuidavam de doentes e mulheres grávidas. d) o desenvolvimento da medicina nas sociedades islâmicas, o que permitiu avanços, como a descrição da varíola e o emprego de anestesia em cirurgias. e) o repúdio, nas sociedades islâmicas, à representação do nu feminino, o que provocou sucessivas punições civis e religiosas a artistas. 5. (2012/Unesp) A questão toma por base um poema de Luís Delfino (1834-1910) e a reprodução de um mosaico da Catedral de Monreale. Jesus Pantocrátor¹ Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja De Monreale, feita em mosaico, a divina Figura de Jesus Pantocrátor: domina Aquela face austera, aquele olhar troveja. Não: aquela cabeça é de um Deus, não se inclina. À árida pupila a doce, a benfazeja Lágrima falta, e o peito enorme não arqueja À dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina². Este criou o inferno, e o espetáculo hediondoQue há nos frescos³ de Santo Stefano Rotondo⁴; Este do mundo antigo espedaçado assoma... Este não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o: Tem o anátema5 à boca, às duas mãos o raio, E em vez do espinho à fronte as três coroas de Roma. (Luís Delfino. Rosas negras, 1938.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 44 (1) Pantocrátor: que tudo rege, que governa tudo. (2) Bizantina: referente ao Império Romano do Oriente (330- 1453 d.C.) e às manifestações culturais desse império. (3) Fresco: o mesmo que afresco, pintura mural que resulta da aplicação de cores diluídas em água sobre um revestimento ainda fresco de argamassa, para facilitar a absorção da tinta. (4) Santo Stefano Rotondo: igreja erigida por volta de 460 d.C., em Roma, em homenagem a Santo Estêvão (Stefano, em italiano), mártir do cristianismo. (5) Anátema: reprovação enérgica, sentença de maldição que expulsa da Igreja, excomunhão. Neste soneto de Luís Delfino ocorre uma espécie de diálogo entre o texto poético e uma impressionante figura de Jesus Cristo Pantocrátor, com 7m de altura e largura de 13,30m, criada por mestres especializados na técnica bizantina do mosaico, na abside da catedral de Monreale, construída entre 1172 e 1189. A figura de Cristo Pantocrátor, feita em mosaicos policromos e dourados, pode ser vista ainda hoje na mesma cidade e igreja mencionadas na primeira estrofe. Colocando-se diante dessa representação de Cristo, o eu lírico do soneto a) sustenta que a figura humana ali representada provém de uma religião anticristã, com ligações estreitas com as divindades infernais que martirizavam cristãos. b) questiona a qualidade plástica e os fundamentos formais de origem bizantina da imagem como destituídos de maior valor estético. c) utiliza o caráter assustador do mosaico para negar a divindade de Jesus Cristo, servindo- se do poema como um meio de argumentação. d) entende que a combinação da atitude e dos traços da figura do mosaico mais parecem as de um ídolo pagão oriental do que de um deus cristão venerado pela humanidade. e) sugere que a figura do mosaico não condiz com a imagem que a tradição cristã legou de um doce e divino homem com feições marcadas pelo martírio e sofrimento na cruz. (Catedral de Monreale, Itália.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 45 6. (2010/Unesp) Observe a figura. O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações características da Civilização Bizantina, que abrangeu amplas regiões do continente europeu e asiático. A arte bizantina resultou a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente. b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo. c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do cristianismo. d) da fusão das concepções cristãs com a cultura decorativa oriental. e) do desenvolvimento comercial das cidades italianas. 7. (2008/Unesp) O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento movimento de destruição de imagens, denominado "querela dos iconoclastas". A questão iconoclasta a) derivou da oposição de setores da Igreja ao uso de representações plásticas em templos religiosos. b) foi pouco importante para a história do cristianismo na Europa ocidental, considerando a crença dos fiéis nos poderes das estátuas. c) produziu um movimento de renovação do cristianismo empreendido pelas ordens mendicantes dominicanas e franciscanas. d) deixou as igrejas católicas renascentistas e barrocas desprovidas de decoração e de ostentação de riquezas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 46 e) inviabilizou a conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade Média europeia. 8. (1992/Unesp) A Civilização Bizantina floresceu na Idade Média, deixando em muitas regiões da Ásia e da Europa testemunhos de sua irradiação cultural. Assinale importante e preponderante contribuição artística bizantina que se difundiu expressando forte destinação religiosa: a) Adornos de bronze e cobre. b) Aquedutos e esgotos. c) Telhados de beirais recurvos. d) Mosaicos coloridos e cúpulas arredondadas. e) Vias calçadas com artefatos de couro. 4.2 – Outras instituições 9. (ENEM – 2014) Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC, 1999. Os versos do poeta francês François ViIIon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de A) refinar o gosto dos cristãos. B) incorporar ideais heréticos. C) educar os fiéis através do olhar. D) divulgar a genialidade dos artistas católicos. E) valorizar esteticamente os templos religiosos. 10. (2014/UEMG) I Serena mãe virgem Serena mãe virgem, Escute esta oração; ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 47 Proteja-me da vergonha E de Satanás; Pelo amor de sua criança Salve-me da traição; Eu estava louco e selvagem; E agora estou em cativeiro. Você é bela e nobre E cheia de doçura; De você veio o belo, O soberano criador. Virgem, eu te suplico Por sua santa ajuda; Seja gentil e calma comigo Pelo seu amor. II Enquanto eu cavalgava Enquanto eu cavalgava recentemente Perto de floresta verde procurando prazer, Meu coração estava preocupado com uma mulher, Doçura de todas as coisas; Ouça, e eu posso lhe dizer Tudo sobre esta doce criatura. Esta mulher é doce e de sangue nobre, Brilhante e bela e gentil; Ela pode fazer bem a nós todos Por sua intercessão. Dela Jesus, Rei dos Céus, Tomou carne e sangue. Disponível em: poesiasdaidademedia.blogspot.com.br. Acesso em: 21 jun. 2013. Os poemas apresentados, de autores desconhecidos, foram escritos no início do século XIV. Nesses poemas, encontramos uma temática comum, que era uma das características marcantes da Idade Média. Com base nessas informações, a temática comum é a) a presença da concepção de honra e coragem que estava ligada à figura dos cavaleiros, personagens importantes nesse contexto histórico, os quais se tornaram referência moral para todas as sociedades, até a atualidade. b) a presença do amor livre, marcado pela libertinagem e pelas orgias, de uma sociedade com regras muito mais flexíveis que as da atualidade, o que se observava no comportamento do clero, sob forma de lassidão moral. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 48 c) a apresentação do estilo de vida do campo, já que essa sociedade tinha como base as grandes propriedades rurais, das quais a população quase não saía, por causa do medo de ataques inimigos. d) a presença da forte religiosidade que marcou o período, em razão da grande influência cultural que a Igreja Católica exercia sobre uma sociedade que se sentia constantemente vigiada por Deus. 11. (2011/UFRGS) A Idade Média também foi denominada o “tempo das catedrais”. Data deste período da História a construção da catedral de Burgos, na Espanha, reproduzida na figura a seguir. O estilo arquitetônico da catedral de Burgos é o: a) renascentista. b) românico. c) gótico. d) barroco. e) moderno. 12. (Unb/2º-2012) Cavalhadas são festas populares que representam a defesa da civilização cristã ocidental contra as invasões dos muçulmanos, ocorridas, na Europa, entre os séculosVI e IX d.C. No Brasil, as cavalhadas são reproduzidas desde o período colonial e, na atualidade, manifestam-se principalmente nos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Pernambuco e no norte do Rio de Janeiro. A festa dura, em média, três dias e cada dia representa uma batalha. Ao final da festa, os cristãos, que https://exerciciosweb.com.br/literatura/simulado-com-questoes-sobre-o-estilo-barroco/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 49 trajam roupas azuis, vencem os mouros, de indumentária vermelha, o que simboliza a derrota dos invasores e, ao mesmo tempo, a conversão dos muçulmanos ao cristianismo. A gastronomia da festa é composta basicamente de doces brasileiros tradicionais, como a rapadura e a goiabada, dos típicos daquelas regiões mencionadas, e dos de origem portuguesa, como o fio de ovos, o quindim e o bom-bocado. Internet: <www.conexaoaluno.rj.gov.br>. Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os importantes aspectos da cultura e da formação histórica do Brasil, julgue os itens a seguir. I. A festa é uma instituição social e, como tal, desenvolve o processo de socialização, ao mesmo tempo em que mantém e renova tradições. II. Contribuição do colonizador português, a cavalhada remete ao conturbado contexto histórico vivido pela Península Ibérica, de formação católica, em face da invasão árabe muçulmana, que perdurou por séculos. Uma outra expressão da cultura popular brasileira, a congada, atesta a força duradoura da influência das culturas africanas no Brasil, que se fez sentir desde o período colonial. 13. (2017/UEM) Sobre a arte medieval na Europa Ocidental, é correto afirmar: 01) A maioria das igrejas medievais era um conjunto artístico contendo pinturas e esculturas. 02) Os povos germânicos que se instalaram na parte ocidental do Império Romano eram chamados de “bárbaros” porque não praticavam nenhum tipo de arte. 04) Na Idade Média, a pintura afresco era praticada apenas nos mosteiros. 08) Os pintores medievais desconheciam todo sistema de perspectiva, que é, como se sabe, uma criação renascentista. 16) Por questões religiosas, nem todos os sacerdotes, durante a Idade Média, admitiam a representação figurativa. 14. (2016/UEM) Sobre a Igreja e a cultura na Europa Ocidental, durante a Idade Média, período que se estendeu do século V ao século XV, assinale o que for correto. 01) O poder da Igreja se estendia ao plano espiritual, relacionado à fé e à espiritualidade, e também ao plano temporal, pois a Igreja, pouco a pouco, transformou-se na maior proprietária de terras na Idade Média e construiu fortes vínculos com a estrutura feudal. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 50 02) O celibato clerical, criado nos primeiros séculos do Cristianismo e rigorosamente aplicado a partir do século XI, contribuía para a manutenção do patrimônio eclesiástico feudal, ao evitar a divisão entre possíveis herdeiros dos membros do clero. 04) Na Baixa Idade Média, o estilo da arquitetura medieval europeia era predominantemente românico. 08) Durante o período da Alta Idade Média, privilegiou-se o emprego das línguas vulgares em documentos escritos, além de serem utilizadas pelos representantes da Igreja Católica e pelas pessoas letradas. 16) No processo de renascimento urbano, comercial e intelectual, destacaram-se as universidades, que, a partir do século XII, se tornaram importantes centros de ensino. A comunidade de alunos e de professores era constituída por membros da Igreja, da nobreza e de grupos sociais emergentes das cidades. 15. (2008/Unifesp) Houve, nos últimos séculos da Idade Média ocidental, um grande florescimento no campo da literatura e da arquitetura. Contudo, se no âmbito da primeira predominou a diversidade (literária), no da segunda predominou a unidade (arquitetônica). O estilo que marcou essa unidade arquitetônica corresponde ao a) renascentista. b) românico. c) clássico. d) barroco. e) gótico. 16. (2017/Mackenzie) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 51 A partir do século XII ao XV, na Europa, algumas catedrais passaram a ser construídas adotando um novo estilo arquitetônico: o gótico. Ao contrário do estilo românico, tais igrejas primavam pela verticalidade, leveza, harmonia dos traços e luminosidade, através dos vitrais coloridos. O surgimento do estilo gótico está ligado ao a) movimento cruzadístico que, ao tentar retomar Jerusalém do domínio mulçumano, permitiu o contato com esse estilo mais decorativo, de características orientais. b) fortalecimento do sistema feudal e a necessidade de valorização dos feudos por meio de tais construções monumentais, reafirmando o poder do senhor das terras. c) advento do trabalho servil, em detrimento do trabalho escravo, o que deve ter estimulado a criatividade dos construtores da época, possibilitando utilizar novas técnicas de construção. d) aumento da riqueza e autonomia das cidades, que competiam entre si para edificar catedrais mais altas e decoradas, sinal de prosperidade do novo núcleo urbano. e) reavivamento da fé e a necessidade dos senhores feudais demostrarem sua devoção à Igreja Católica e ao movimento das Cruzadas, financiando novas igrejas a cada vitória alcançada no Oriente. 17. (2009/UEM) “No medievo, os estilos românico e gótico e a arte bizantina se dirigiam a uma sociedade de analfabetos; era indispensável uma arte visual, dominada pelo tema da salvação” (ARRUDA, José J. de A.; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil. São Paulo: Ática, 1996, p.133). Sobre a arquitetura medieval na Europa Ocidental, verifica-se que: a) A maior invenção dos mestres construtores do período denominado gótico foi o uso dos contrafortes. b) A Idade Média é comumente designada de “Idade das Trevas” porque não houve nenhum desenvolvimento original da arquitetura neste período. c) Os vitrais das catedrais góticas permitiam a criação, nas suas naves, de um interior mais claro e iluminado. d) A denominada “Arquitetura Românica” é um desenvolvimento medieval da arquitetura romana. e) Uma possível origem do espaço externo das igrejas medievais de cruz latina é a basílica romana. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 52 18. (2005/UEM) Os estilos arquitetônicos românico e gótico destacaram-se na arte medieval. O estilo românico, por exemplo, presente em numerosas edificações do século XI, expandiu-se pela Europa católica e: a) era muito usado na construção de igrejas, destacando-se suas linhas curvas e sua forte ligação com mudanças urbanas que aconteciam no sul da Europa do século XI. b) estava relacionado com mudanças no estilo arquitetônico francês rural, que revelava o enfraquecimento das tendências próprias das construções do sistema feudal do século XI. c) era usado nas construções religiosas católicas, numa época em que ainda se destacava a simplicidade da vida rural medieval. d) simbolizou o crescimento do comércio medieval no sul da França, com destaque para seus arcos e suas janelas pequenas, de vitrais bem desenhados. e) marcou a arquitetura católica medieval, mas foi usado apenas na construção de mosteiros próximos aos castelos dos senhores feudais mais ricos. 19. (1995/UFPE) Sobre a cultura na Idade Média, identifique as proposições verdadeiras e as falsas. ( ) Dois grandes estilos dominavam a arquitetura: o românico e o gótico. ( ) A Igreja Católica exerceu uma grande influência na música. O Papa Gregório Magno reuniu hinos destinados às cerimônias religiosas, conhecidos como "Canto Chão". ( ) A poesia medieval enaltecia a justiça e o amor, virtudes e valores do cavaleiro medieval.( ) Dominada por temas religiosos, a pintura medieval abandonou paisagens naturais e reproduziu homens com caras de santos e santos como se fossem deuses. ( ) A literatura medieval encontrou seu ponto alto no romantismo e no realismo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 53 20. (2003/USM) Os estilos arquitetônicos românico e gótico caracterizaram as construções na Baixa Idade Média. O estilo românico, que precede o gótico, caracterizou-se pela grandeza e solidez das construções de templos identificados como "fortalezas de Deus". O gótico propiciou a ornamentação das Igrejas com esculturas e vitrais e valorizou a altura e a verticalidade das construções, dando a impressão de "contato com os céus". Levando em conta que esses templos podem ser considerados testemunhos históricos, assinale verdadeira (V) ou falsa (F) nas afirmações a seguir. ( ) O templo românico identifica uma sociedade rural na qual a Igreja foi o centro de poder, e o estilo gótico reflete o desenvolvimento urbano e do comércio. ( ) Esses estilos arquitetônicos testemunham uma sociedade hierarquizada, fundamentada na doutrina cristã, onde o "templo" também representa o lugar e o poder que a instituição "Igreja" exerceu. ( ) A expressão "fortalezas de Deus" justifica-se por serem grandiosas construções que serviram, em primeiro lugar, como espaço reservado aos exércitos nacionais dos estados absolutistas modernos. A sequência correta é: a) V - F – F b) V-V-F c) F-V-F d) F-F-V e) V-F-V 21. (2002/UFSC - Adaptada) Os relatos sobre o período histórico conhecido como Idade Média revelam a ocorrência de conflitos bélicos, pestes e fome. Sabe-se, porém, que no mesmo período houve desenvolvimento econômico e cultural. Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) nas suas referências à cultura medieval. 01. O caráter religioso predominou nas artes medievais, pois um dos seus objetivos era a glorificação de Deus. 02. Na literatura, além de Dante Alighieri, destacaram-se os trovadores, responsáveis pela divulgação da poesia popular e das canções de gesta. 04. O crescimento urbano e o comércio foram responsáveis pela decadência intelectual verificada na Idade Média, por dificultarem a criação de novas universidades. 16. Na arquitetura medieval predominaram dois estilos: o românico e o gótico. 32. Durante a Idade Média, as línguas nacionais foram denominadas "vulgares". O latim foi a língua falada pelos eruditos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 54 22. (2017/UEM) Sobre a arte na Europa durante a Alta e a Baixa Idade Média, é correto afirmar que 01) o Império Carolíngio foi marcado por obras monumentais, como os mosteiros e as igrejas góticas e renascentistas. 02) os manuscritos ilustrados registraram, entre outros aspectos, a música sacra por meio das partituras medievais. 04) os temas da pintura românica eram de natureza religiosa. Nos mosteiros e nas igrejas, era comum a representação, por exemplo, da criação do mundo e do ser humano. 08) as esculturas foram utilizadas nas igrejas e eram comumente inseridas no portal de entrada. 16) as abóbadas e os arcos das arquiteturas românica e gótica são idênticos. Entretanto, na pintura a preferência temática se diferencia, porque, no estilo gótico, a religião está pouco presente. 23. (2013/Fuvest) Leia o texto e examine a imagem. Abadia de Terranova (Itália), interior, iniciada em 1187 e consagrada em 1208. A arte gótica reúne e desenvolve os fermentos [...] e os organiza em sistema; é esse sistema tem um lugar seguro na mais vasta organização do saber. G. C. Argan. História da arte italiana. Da Antiguidade a Duccio. São Paulo: Cosac Naif, 2007, v. 1, p. 337, adaptado). a) Identifique, a partir da imagem, dois elementos característicos do chamado estilo gótico. b) Do ponto de vista cultural, apresente e explique uma característica do “sistema”, que, segundo o texto, “tem um lugar seguro na mais vasta organização do saber”. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 55 24. (2002/UFRN) A catedral de Chartres, reproduzida na figura a seguir, e representativa da arquitetura gótica, que predominou na Baixa Idade Média. Esse estilo arquitetônico está ligado às circunstâncias históricas e às concepções religiosas do final da Idade Média. Nesse sentido, o estilo gótico relaciona-se a) à prosperidade da economia urbana e as aspirações espirituais orientadas para Deus e os céus. b) à estabilidade da economia rural e ao culto doméstico, que era presidido pelo chefe da família. c) ao desenvolvimento das comunidades de monges e celebrações coletivas, com ênfase no modo de vida simples. d) ao progresso da agricultura feudal e à religiosidade individualista, que estimulava a prática da solidão. 25. (2000/UFPI) Leia, com atenção, o texto abaixo: "(...) deu-se por todo o orbe da terra, especialmente na Itália e nas Gálias, um surto de construção de igrejas basilicais. (...) Era como se o mundo, tendo-se sacudido e lançado fora o antigo, se estivesse revestindo com a cândida veste das igrejas. Como tal os fiéis reformaram quase todas as igrejas das sedes episcopais, e o mesmo fizeram aos mosteiros dos vários santos, assim como aos lugares de oração de menos importância, nas vilas". (Fonte: Raoul Glaber in: J. P. Migne, "Patrologiae Cursus Completus", Series Latina, t. CXLII, Paris, 1880.) A partir do texto do cronista medieval Raoul Glaber (985-1050), podemos afirmar, corretamente: a) O nascimento da arquitetura românica acompanhou o despertar da economia ocidental europeia. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 56 b) A construção de igrejas, no período, explica-se pelo fortalecimento da fé, independentemente das condições econômicas. c) O surto de construções ao qual o texto faz referência teve fim com as invasões de normandos, húngaros e árabes. d) A arquitetura românica em expansão após as invasões do séc. IX veio substituir a arquitetura de estilo gótico, especialmente na Itália e na Gália. e) O crescimento da economia europeia a partir do século XI só pode ser compreendido se levarmos em consideração o crescimento da população provocado pelas invasões dos séculos anteriores. 26. (FCMCSP – 2020) Observe a reprodução do Retábulo dos Sete Sacramentos (1445) de Rogier van der Weyden. A pintura, pertencente ao Museu Real de Belas Artes de Antuérpia, na Bélgica, reproduz uma arquitetura tipicamente a) renascentista, considerando a utilização de colunas de mármore. b) clássica, considerando os arcos redondos de inspiração românica. c) maneirista, considerando a fusão de estilos construtivos diversos. d) barroca, considerando a oposição entre as figuras e o espaço. e) gótica, considerando as linhas ascensionais da construção. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 57 27. (UPE – 2018) O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes do Império Bizantino. Essa iluminura, em especial, retrata um importante movimento sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de Iluminura do Saltério de Chludov. Bizantino, séc. IX. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Clasm_Chludov.jpg. Acesso em: 10/07/2017. a) Cesaropapismo, a aliança entre o Imperador e o Patriarca. b) Iconoclasmo, o movimento pela destruição dos ícones religiosos. c) Bizantinismo, a discussão interminável sobre temas exotéricos. d) Cisma, a excomunhão mútua entre as igrejas Católica Romana e Ortodoxa Oriental. e) Iluminismo, a política em prol da ilustração dos manuscritos. 28. (UPE – 2014) A civilização bizantina foi muito mais original e criativa que, em geral, lhe creditam.Suas igrejas abobadadas desafiam em originalidade e ousadia os templos clássicos e as catedrais góticas, enquanto os mosaicos competem, como supremas obras de arte, com a escultura clássica e a pintura renascentista. (ANGOLD, Michael. Bizâncio: A ponte da antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. p. 9. Adaptado.) Sobre o legado cultural bizantino, assinale a alternativa CORRETA. a) Herdando elementos da cultura grega, os bizantinos desenvolveram estudos sobre a aritmética e a álgebra. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 58 b) Negando a tradição jurídica romana, o império bizantino pautou sua jurisdição no direito consuetudinário. c) A filosofia estoica influenciou o movimento iconoclasta, provocando o cisma cristão do Oriente no século XI. d) O catolicismo ortodoxo tornou-se a religião oficial do império após a denominada querela das investiduras. e) A catedral de Santa Sofia sintetiza a tradição artística bizantina com seus ícones e mosaicos. 29. (UFPR – 2005) “No coração da obra, esta idéia: Deus é luz. Desta luz inicial, incriada e criadora, participa cada criatura. Cada criatura recebe e transmite a iluminação divina segundo a sua capacidade, isto é, segundo o lugar que ocupa na escala dos seres, segundo o nível em que o pensamento de Deus hierarquicamente o situou.” (DUBY, Georges. O tempo das catedrais. Lisboa: Estampa, 1979. p. 105.) A citação resume o princípio norteador do estilo gótico, que predominou na arquitetura e na escultura religiosas da Europa Ocidental no século XIII. Sobre esse estilo e seus ideais, assinale a alternativa correta. a) A luminosidade das catedrais góticas representa uma tentativa dos arquitetos da época de identificar os espaços sagrados com o entusiasmo predominante no século XIII, decorrente das boas condições de vida que se instauravam com a conjuntura de crescimento urbano, mercantil e agrícola que predominava naquele contexto. Com isso, a Igreja mantinha atualizados seu discurso e presença como convinha ao otimismo da época. b) A necessidade de luminosidade levou ao desenvolvimento de técnicas cada vez mais apuradas de sustentação de grandes candelabros nasaltas abóbadas, a fim de garantir, com velas de cera, a luz no interior da construção, visto que a luz natural é escassa na maior parte do ano nas regiões setentrionais da Europa. c) Na Idade Média, todos os pensadores que discordavam do pensamento oficial da Igreja tinham que buscar espaços alternativos para a manifestação de suas idéias. As catedrais góticas, construídas nas cidades, são um exemplo desse tipo de espaço. d) Como as catedrais eram construídas por mestres pedreiros, ferreiros, vitraleiros ecarpinteiros, entre outros, a arquitetura das altas igrejas e a aparência de poder e verticalidade das construções decorriam das aspirações desses membros das corporações de ofícios de conquistarem o poder dentro das cidades. e) Os vitrais representavam cenas ocorridas durante a construção das catedrais, que demoravam décadas até estarem concluídas, e apresentavam sobretudo cenas do trabalho dos mestres e trabalhadores manuais. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 59 30. (Estratégia Vestibulares – 2021) Observe a imagem abaixo. Os elementos descritos na imagem constituem um estilo arquitetônico conhecido como: a) românico, vigente na Europa entre os séculos XI e XII e caracterizado pelas grossas paredes erguidas com pedra. b) gótico, vigente na Europa entre os séculos XII e XIII e caracterizado pela verticalidade de suas construções. c) renascentista, vigente na Europa entre os séculos XV e XVI e caracterizado pelas suas edificações geométricas. d) barroco, vigente na Europa entre os séculos XVI e XVIII e caracterizado pelo largo uso de ornamentos em seu interior. e) neoclássico, vigente na Europa entre os séculos XVIII e XIX e caracterizado pelo resgate de elementos da Antiguidade Clássica. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 60 4.3 - Gabarito 1. D 2. B 3. A 4. D 5. E 6. D 7. A 8. D 9. C 10. A 11. C 12. Resposta nos comentários 13. 25 14. 19 15. E 16. D 17. C 18. C 19. V-V-V-V-F 20. B 21. 52 22. 14 23. Resposta nos comentários 24. A 25. A 26. B 27. B 28. E 29. A 30. B ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 61 4.4 - Exercícios comentados 1. (1999/Unesp) A partir do século XII, em algumas regiões europeias, nas cidades em crescimento, comerciantes, artesãos e bispos aliaram-se para a construção de catedrais com grandes pórticos, vitrais e rosáceas, produzindo uma "poética da luz", abóbadas e torres elevadas que dominavam os demais edifícios urbanos. O estilo da arte da época é denominado a) renascentista. b) bizantino. c) romântico. d) gótico. e) barroco. Comentários - A alternativa A está incorreta. O estilo renascentista, que abominava o estilo arquitetônico descrito no enunciado, rompeu com a ideia de infinitude das catedrais ao buscarem a edificação de construções marcadas pela simetria. - A alternativa B está incorreta, pois a arte bizantina foi marcada pela construção de suntuosas basílicas, na qual se destaca o uso de arcos, cúpulas e a presença de mosaicos em seu interior. - A alternativa C está incorreta, uma vez que a arte romântica se desenvolveu durante o século XIX, predominando principalmente na pintura. - A alternativa D é a resposta. O estilo gótico se destacou pela construção de imponentes catedrais, cuja edificação lançou mão de arcos ogivais, abóbodas nervuradas, vitrais, rosáceas e outros elementos arquitetônicos. - A alternativa E está incorreta, afinal a arte barroca se desenvolveu durante o século XVII. Falaremos mais sobre suas características mais adiante. Gabarito: D 2. (2008/Unesp) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 62 Observe a foto da Catedral de Notre Dame de Paris, construída entre 1163 e 1250. Sobre o contexto histórico que levou ao surgimento das catedrais, pode-se afirmar: a) o papel dos monarcas foi decisivo, financiando a sua construção para glorificar o poder real. b) sua construção está associada ao reflorescimento e à prosperidade do mundo urbano. c) financiadas com os recursos do clero romano, ampliaram a influência do Papa no Oriente. d) surgiram como resposta do papado ao Cisma do Oriente, glorificando a Igreja Romana. e) eram templos destinados à alta nobreza, que assim evitava o contato com o povo da cidade. Comentários Essa é uma questão que demanda conhecimentos prévios sobre o estilo gótico na Idade Média. Nascido no norte da Franças, ele se destaca pela imponência de suas construções, o uso de arcos ogivais e de vitrais que conferem grande beleza aos ambientes internos. Diferentemente do estilo românico, predominante em mosteiros isolados no mundo rural, ele buscava tornar o conhecimento bíblico mais emocionante e palpável aos fiéis, evidenciando o triunfo da Igreja nos centros urbanos do mundo Ocidental. Feitas essas considerações, a alternativa B é a correta. Vejamos as demais opções de resposta: - A alternativa A está incorreta, afinal o estilo gótico das catedrais não serve para glorificar o poder real, mas sim o poder acumulado pela própria Igreja. - A alternativa C está incorreta, uma vez que a partir do chamado Cisma do Oriente, em 1054, o Papa perde sua influência no mundo cristão oriental. - A alternativa D está incorreta. O estilo gótico não é voltado para responder o rompimento do mundo cristão oriental, mas para externalizar o triunfoda Igreja, detentora do poder ideológico do mundo feudal. - A alternativa E está incorreta, pois templos como a catedral de Notre-Dame eram frequentados pela cristandade como um todo, e não somente a nobreza. (Adhemar Marques, Pelos caminhos da História: Ensino Médio.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 63 Gabarito: B 3. (2019/Unesp) A Catedral de Notre-Dame, em Paris, parcialmente destruída por um incêndio em abril de 2019, é um exemplo da arquitetura a) gótica, expressa na verticalidade e no emprego de arcos e vitrais. b) românica, expressa no desenho do teto e da abóbada principal. c) clássica, expressa na composição simétrica e na presença de colunas dóricas. d) art nouveau, expressa na utilização de elementos geométricos decorativos. e) eclética, expressa no pastiche entre elementos barrocos e neoclássicos. Comentários - A alternativa A é a correta. A arquitetura gótica é marcada pela utilização de arcos ogivais, que se alongam e se projetam para o alto, dando uma impressão de verticalidade aos observadores. - A alternativa B está incorreta, pois as abóbadas encontradas nas edificações em estilo românico são formadas a partir de arcos semicirculares, sem fornecer a mesma ideia de leveza e grandiosidade observada no estilo gótico. - A alternativa C está incorreta, afinal as colunas encontradas em Notre-Dame são da ordem coríntia, apresentando uma decoração exuberante em seus capiteis. Isso é algo inexistente nas austeras colunas da ordem dórica. - A alternativa D está incorreta, pois a art nouveau foi um estilo artístico que surgiu no final do século XIX, séculos após o estilo gótico ser predominante entre as catedrais europeias. - A alternativa E está incorreta. O estilo barroco se desenvolveu no século XVI, ao passo que o neoclassicismo é um termo utilizado para denominar algumas manifestações artísticas encontradas no Ocidente europeu a partir do século XVIII. Dessa maneira, não poderiam influenciar os elementos do estilo gótico na Idade Média. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 64 Gabarito: A 4. (2016/Unesp) Examine a iluminura extraída do manuscrito AlMaqamat, de Abu Muhammed al-Kasim al- Hariri, 1237. (http://gallica.bnf.fr) A imagem pode ser associada à tradição dos conhecimentos desenvolvidos no mundo árabe- islâmico durante a Idade Média e revela a) a inexistência de instrumental médico nas sociedades islâmicas, que impediam qualquer tipo de corte nos corpos. b) a preparação do cadáver feminino para a cremação, principal culto funerário desenvolvido nas sociedades islâmicas. c) a condenação imposta pelas autoridades religiosas islâmicas às pessoas que cuidavam de doentes e mulheres grávidas. d) o desenvolvimento da medicina nas sociedades islâmicas, o que permitiu avanços, como a descrição da varíola e o emprego de anestesia em cirurgias. e) o repúdio, nas sociedades islâmicas, à representação do nu feminino, o que provocou sucessivas punições civis e religiosas a artistas. Comentários: - Na iluminura acima é possível observar a realização de um procedimento cirúrgico no corpo de uma mulher, o que mostra a contribuição da civilização islâmica para o desenvolvimento de utensílios e técnicas na medicina. Dito isso, a alternativa A está incorreta. - A imagem não representa uma cerimônia funerária, mas a operação de uma mulher enferma – ou possivelmente grávida. A cremação não era – e ainda não é – a prática mais comum nas cerimônias fúnebres muçulmanas. Dessa forma, a alternativa B está incorreta. - A alternativa C está incorreta, afinal a própria existência de imagens representando praticantes da medicina é um indício de que o ofício não era condenado pela religião islâmica. Ademais, a existência de uma áurea dourada ao redor dos indivíduos presentes na iluminura corrobora para esta interpretação. - A civilização islâmica se dedicou à tradução de obras gregas de medicina, mas com a prática o conhecimento na área avançou ainda mais. A alternativa D está correta, afinal o desenvolvimento da ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 65 anestesia e a descrição da varíola foram alguns dos elementos legados à humanidade, podendo também ser mencionadas novas formas de conservação de medicamentos e a produção de xaropes. - Embora a representação de Maomé em imagens tenha sido objeto de controvérsia ao longo da história islâmica, o nu feminino, conforme se observa na imagem, não foi renegado pela arte da civilização islâmica. Assim sendo, a alternativa E está incorreta. Gabarito: D 5. (2012/Unesp) A questão toma por base um poema de Luís Delfino (1834-1910) e a reprodução de um mosaico da Catedral de Monreale. Jesus Pantocrátor¹ Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja De Monreale, feita em mosaico, a divina Figura de Jesus Pantocrátor: domina Aquela face austera, aquele olhar troveja. Não: aquela cabeça é de um Deus, não se inclina. À árida pupila a doce, a benfazeja Lágrima falta, e o peito enorme não arqueja À dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina². Este criou o inferno, e o espetáculo hediondo Que há nos frescos³ de Santo Stefano Rotondo⁴; Este do mundo antigo espedaçado assoma... Este não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o: Tem o anátema5 à boca, às duas mãos o raio, E em vez do espinho à fronte as três coroas de Roma. (Luís Delfino. Rosas negras, 1938.) (1) Pantocrátor: que tudo rege, que governa tudo. (2) Bizantina: referente ao Império Romano do Oriente (330- 1453 d.C.) e às manifestações culturais desse império. (3) Fresco: o mesmo que afresco, pintura mural que resulta da aplicação de cores diluídas em água sobre um revestimento ainda fresco de argamassa, para facilitar a absorção da tinta. (4) Santo Stefano Rotondo: igreja erigida por volta de 460 d.C., em Roma, em homenagem a Santo Estêvão (Stefano, em italiano), mártir do cristianismo. (5) Anátema: reprovação enérgica, sentença de maldição que expulsa da Igreja, excomunhão. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 66 Neste soneto de Luís Delfino ocorre uma espécie de diálogo entre o texto poético e uma impressionante figura de Jesus Cristo Pantocrátor, com 7m de altura e largura de 13,30m, criada por mestres especializados na técnica bizantina do mosaico, na abside da catedral de Monreale, construída entre 1172 e 1189. A figura de Cristo Pantocrátor, feita em mosaicos policromos e dourados, pode ser vista ainda hoje na mesma cidade e igreja mencionadas na primeira estrofe. Colocando-se diante dessa representação de Cristo, o eu lírico do soneto a) sustenta que a figura humana ali representada provém de uma religião anticristã, com ligações estreitas com as divindades infernais que martirizavam cristãos. b) questiona a qualidade plástica e os fundamentos formais de origem bizantina da imagem como destituídos de maior valor estético. c) utiliza o caráter assustador do mosaico para negar a divindade de Jesus Cristo, servindo- se do poema como um meio de argumentação. d) entende que a combinação da atitude e dos traços da figura do mosaico mais parecem as de um ídolo pagão oriental do que de um deus cristão venerado pela humanidade. e) sugere que a figura do mosaico não condiz com a imagem que a tradição cristã legou de um doce e divino homem com feições marcadas pelo martírio e sofrimento na cruz. Comentários Essa provavelmente é uma das questões mais difíceis que já caiu nas provas da Unesp! Para resolvê-la, é preciso interpretar o texto, mas seus conhecimentos históricos sobre a civilização bizantina podem ser úteis. O Cristo Pantocrátor, figura descrita pelo eu lírico no poema, é representado pormeio da técnica de mosaico, ou seja, a partir da colagem de pedras coloridas que juntas formam uma imagem. No Império Bizantino, essas representações ornamentavam as basílicas religiosas, a fim de sugerir entre os observadores a possibilidade de aproximação com o divino naquele espaço. Conforme descreve o poeta de Luís Delfino, o Cristo representado na basílica não apresenta as mesmas características do Cristo legado pela Igreja ocidental e que alcança o século XX, momento em que o poema foi escrito. Isso porque para o bizantino da Idade Média, o Reino dos Céus era uma réplica (Catedral de Monreale, Itália.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 67 expandida da Corte imperial de Constantinopla, daí representá-lo como um pantocrátor, ou seja, alguém que governa tudo. Assim sendo, podemos dizer que representações como essa serviam para aproximar a figura dos basileus ao sagrado, conferindo respaldo religioso ao poder político. Não por acaso, conforme relata o próprio eu lírico, o Cristo usa três coroas, tal como o imperador da teocracia bizantina. Feitas essas considerações, vejamos às alternativas: - A alternativa A está incorreta, pois apesar de sugerir que o a figura divina representada no mosaico teria sido o criador do inferno, isso não conferiria a ele um caráter anticristão, afinal trata-se do próprio Cristo. Além disso, não há qualquer indício de martírio de cristãos no poema ou no mosaico. - Ao mencionar que a figura de Jesus Pantocrátor foi formada por meio da técnica bizantina aplicada aos mosaicos, o poeta Luís Delfino não questiona a estética da imagem ou os padrões artísticos adotados por essa civilização. Assim sendo, a alternativa B está incorreta. - Apesar de caracterizar o mosaico como austero, em nenhum momento o poema nega a divindade existente na imagem de Cristo, mas apenas o considera distinto da representação tradicional do cristianismo ocidental. Dito isso, a alternativa C está incorreta; - A alternativa D está incorreta, afinal os traços existentes na representação de Cristo são próprios da civilização bizantina, que como ressalta o próprio texto, eram resquícios da Antiguidade Ocidental. - A alternativa E é a resposta. Segundo Luís Delfino, diferentemente da representação tradicional do Cristo humilde e martirizado legada pela Igreja Católica Apostólica Romana, o Cristo do mosaico bizantino se coloca como austero e pantocrátor. Gabarito: E 6. (2010/Unesp) Observe a figura. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 68 O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações características da Civilização Bizantina, que abrangeu amplas regiões do continente europeu e asiático. A arte bizantina resultou a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente. b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo. c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do cristianismo. d) da fusão das concepções cristãs com a cultura decorativa oriental. e) do desenvolvimento comercial das cidades italianas. Comentários: - A autocracia, ou seja, a forma de governo na qual o poder permanece concentrado nas mãos de um único indivíduo, foi a marca de todos os governantes do Império Bizantino, que acumulavam simultaneamente poderes políticos e religiosos (cesaropapismo). Era recorrente o uso da arte por basileus para a afirmação de sua imagem perante os seus súditos, de maneira que a alternativa A se encontra incorreta. - O culto de imagens é algo observado na cristandade desde as comunidades ditas primitivas, o que torna a alternativa B incorreta. Vale lembrar, no entanto, que esta prática foi duramente combatida pelo movimento iconoclasta entre os séculos VIII e IX, sendo a razão do desaparecimento de várias obras artísticas bizantinas neste período. - A pintura de ícones bizantinos é fortemente influenciada pela noção da arte egípcia de representar todos os objetos da maneira mais clara possível, afinal era preciso que os elementos contidos nas obras, como santos, imperadores, Cristo e a Virgem Maria, fossem facilmente reconhecidos pelos fiéis. Dito isso, a arte bizantina incorpora técnicas da cultura oriental para a reprodução de elementos do cristianismo, de maneira que a alternativa D se encontra correta. - Mesmo antes do Cisma do Oriente, ocorrido em 1054, a arte bizantina foi adotada nas basílicas da Igreja bizantina para representar figuras como Jesus Cristo, a Virgem Maria e os santos. Um bom exemplo disso é a basílica de Santa Sofia, construída no século VI, durante o reinado de Justiniano. Assim sendo, a alternativa C está incorreta. - A arte bizantina foi formulada a partir da junção de influências da pintura grega e da arte egípcia, não se relacionando diretamente com os percursos do comércio na península itálica. Devido a isso, a alternativa E está incorreta. Gabarito: D 7. (2008/Unesp) O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento movimento de destruição de imagens, denominado "querela dos iconoclastas". A questão iconoclasta a) derivou da oposição de setores da Igreja ao uso de representações plásticas em templos religiosos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 69 b) foi pouco importante para a história do cristianismo na Europa ocidental, considerando a crença dos fiéis nos poderes das estátuas. c) produziu um movimento de renovação do cristianismo empreendido pelas ordens mendicantes dominicanas e franciscanas. d) deixou as igrejas católicas renascentistas e barrocas desprovidas de decoração e de ostentação de riquezas. e) inviabilizou a conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade Média europeia. Comentários: - A iconoclastia acreditava que a natureza de Jesus não era humana, o que consequentemente não tornava viável a sua reprodução plástica em templos cristãos. Assim sendo, a alternativa A é a correta. - A importância do movimento iconoclasta se verifica pelo fato dele ter sido oficializado por diversos imperadores bizantinos ao longo dos séculos, além de ser um dos motores da cisão entre as igrejas oriental e ocidental, conhecida como O Grande Cisma do Oriente. Assim sendo, a alternativa B está incorreta. - O movimento iconoclasta se desenvolveu no interior do Império Bizantino, enquanto as mencionadas ordens religiosas foram organizadas pela Igreja Católica Apostólica Romana. Assim sendo, a alternativa C está incorreta. - O movimento iconoclasta foi fortemente atuante no Império Bizantino entre os séculos VII e IX, portanto muito antes dos movimentos renascentista e barroco, que surgem na Era Moderna. Com isso, podemos considerar a alternativa D incorreta. - A questão iconoclasta foi um debate que ocorreu em especial no interior do Império Bizantino, sendo o movimento de mesmo nome condenado pela Igreja de Roma como heresia. Essa questão, por sua vez, manteve o uso de imagens nos templos religiosos, e, por isso, a alternativa E está incorreta. Gabarito: A. 8. (1992/Unesp) A Civilização Bizantina floresceu na Idade Média, deixando em muitas regiões da Ásia e da Europa testemunhos de sua irradiação cultural. Assinale importante e preponderante contribuição artística bizantina que se difundiu expressando forte destinação religiosa: a) Adornos de bronze e cobre. b) Aquedutos e esgotos. c) Telhados de beirais recurvos. d) Mosaicos coloridos e cúpulas arredondadas. e) Vias calçadas com artefatos de couro. Comentários: - Adornos em bronze foram largamente produzidos nos primórdios da civilização egípcia e durante a existência da civilização minoica (ou cretense), mas passaram a ser menos utilizados após o adventoda ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 70 metalurgia. Este processo ocorre antes da consolidação do Império Bizantino, e por isso a alternativa A está incorreta. - Durante a Antiguidade os romanos construíram diversos aquedutos para a realização do transporte de água para regiões longínquas, abastecendo residências, banhos públicos e chafarizes, além de irrigarem jardins e campos agrícolas. A capital do Império oriental também é lembrada pela implantação de um dos mais antigos sistemas de esgoto do mundo. Por seu turno, o Império Bizantino também contava com redes de esgoto e de aquedutos para o abastecimento de suas cisternas, mas sem as dimensões memoráveis como as apresentadas pelos romanos. Assim sendo, a alternativa B se encontra incorreta. - O uso de telhados de beirais recurvos, ou seja, cujas telhas formam uma aba ligeiramente arqueada, era algo recorrente em templos xintoístas do Japão medieval. Devido a isso, a alternativa C está incorreta. - A formação de mosaicos a partir de pequenas pedras coloridas era uma técnica amplamente empregada pela arte bizantina para a ornamentação de basílicas e palácios, conferindo pompa e suntuosidade às instituições imperial e religiosa. Outro elemento característico do estilo bizantino se manifestou na arquitetura, área na qual se observou a construção de grandes abóbodas semiesféricas no topo de templos religiosos, denominadas cúpulas. Dito isso, a alternativa D está correta. - A produção de artefatos de couro foi predominante entre os povos germânicos do Ocidente medieval, obtidos a partir da criação de gado. Assim sendo, a alternativa E está incorreta. Gabarito: D 9. (ENEM – 2014) Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC, 1999. Os versos do poeta francês François ViIIon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de A) refinar o gosto dos cristãos. B) incorporar ideais heréticos. C) educar os fiéis através do olhar. D) divulgar a genialidade dos artistas católicos. E) valorizar esteticamente os templos religiosos. Comentários: A escultura do período medieval decorava de maneira ostensiva os edifícios, tendo como característica a ocupação de todos os espaços, não deixando nada sem uso. Eram principalmente entalhadas no material da construção. Tinham principalmente com uma função didática: instruíam os peregrinos e fiéis acerca do local em que se encontravam. Feitas essas considerações, a alternativa C é a resposta. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 71 A alternativa A está incorreta, afinal trata-se de uma arte voltada a transmitir os valores cristãos à população não-letrada. A alternativa B está incorreta, pois a arte cristã ocidental reproduz crenças e valores cristãos. A alternativa D está incorreta, pois as produções artísticas do Ocidente Medieval não costumavam portar a assinatura de seus autores, algo que remete às criações do Renascimento. A alternativa E está incorreta, afinal as esculturas presentes nas Igrejas não possuíam mera função estética, uma vez que buscavam transmitir valores e despertar sentimentos nos fiéis. Gabarito: C 10. (2014/UEMG) I Serena mãe virgem Serena mãe virgem, Escute esta oração; Proteja-me da vergonha E de Satanás; Pelo amor de sua criança Salve-me da traição; Eu estava louco e selvagem; E agora estou em cativeiro. Você é bela e nobre E cheia de doçura; De você veio o belo, O soberano criador. Virgem, eu te suplico Por sua santa ajuda; Seja gentil e calma comigo Pelo seu amor. II Enquanto eu cavalgava Enquanto eu cavalgava recentemente Perto de floresta verde procurando prazer, Meu coração estava preocupado com uma mulher, Doçura de todas as coisas; Ouça, e eu posso lhe dizer Tudo sobre esta doce criatura. Esta mulher é doce e de sangue nobre, Brilhante e bela e gentil; Ela pode fazer bem a nós todos Por sua intercessão. Dela Jesus, Rei dos Céus, Tomou carne e sangue. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 72 Disponível em: poesiasdaidademedia.blogspot.com.br. Acesso em: 21 jun. 2013. Os poemas apresentados, de autores desconhecidos, foram escritos no início do século XIV. Nesses poemas, encontramos uma temática comum, que era uma das características marcantes da Idade Média. Com base nessas informações, a temática comum é a) a presença da concepção de honra e coragem que estava ligada à figura dos cavaleiros, personagens importantes nesse contexto histórico, os quais se tornaram referência moral para todas as sociedades, até a atualidade. b) a presença do amor livre, marcado pela libertinagem e pelas orgias, de uma sociedade com regras muito mais flexíveis que as da atualidade, o que se observava no comportamento do clero, sob forma de lassidão moral. c) a apresentação do estilo de vida do campo, já que essa sociedade tinha como base as grandes propriedades rurais, das quais a população quase não saía, por causa do medo de ataques inimigos. d) a presença da forte religiosidade que marcou o período, em razão da grande influência cultural que a Igreja Católica exercia sobre uma sociedade que se sentia constantemente vigiada por Deus. Comentários - A alternativa A é a resposta. Embora os poemas se pautem na ideia do amor cavalheiresco, não são exaltados os valores de honra e coragem, mas sim a ideia se submissão à dama idealizada. - A alternativa B está incorreta, afinal o poema se pauta pela ideia de amor cortês, forma de sensibilidade que prescreveu normas de conduta à nobreza feudal entre os séculos XI e XIV. Ele se busca diferenciar do amor vulgar ao impor regras do cortejo das damas, colocadas como inatingíveis pelos cavaleiros. - A alternativa C está incorreta, pois os poemas não enfatizam o caráter ruralizado da sociedade feudal. Tratam-se de versos declamados em consonância com a ideia de amor cortês, que prescrevia um código de conduta aos cavaleiros medievais. - A alternativa D é a resposta. Apesar dos versos revelarem amor por uma dama inatingível, o eu lírico dos dois poemas se dirigem à Virgem Maria e a Jesus, revelando a onisciência do Reino dos Céus na vida cotidiana dos cristãos da Idade Média no Ocidente. Gabarito: A ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 73 11. (2011/UFRGS) A Idade Média também foi denominada o “tempo das catedrais”. Data deste período da História a construção da catedral de Burgos, na Espanha, reproduzida na figura a seguir. O estilo arquitetônico da catedral de Burgos é o: a) renascentista. b) românico. c) gótico. d) barroco. e) moderno. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a arquitetura renascentista preza pela simetria e regularidade das partes, inspirada nas técnicas e concepções da Antiguidade Clássica. Um exemplo de edifício do estilo é a basílica Santa Maria del Fiore, que veremos em nossa próxima aula. - A alternativa B está incorreta. O estilo românico foi predominante em castelos, mosteiros e igrejas erguidas durante a Europa dos séculos XI e XII. Ele se caracteriza por suas edificações de aparência robusta, dotadas de paredes grossas e de poucas janelas. - A alternativa C é a resposta. A partir do século XII, o estilo gótico foi preponderante em catedrais imponentes, nas quais se observa o uso de arcos ogivais e de vitrais que davam mais leveza e luminosidade aos ambientes. - A alternativa D está incorreta, afinal o estilo barroco surge na Itáliado século XVII, após o término da Idade Média. Ele se caracteriza pelo rompimento entre sentimento e razão existente no estilo renascentista, predominando as emoções e a razões para transmitir poder e riqueza da Igreja e de governantes absolutistas. Gabarito: C https://exerciciosweb.com.br/literatura/simulado-com-questoes-sobre-o-estilo-barroco/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 74 12. (Unb/2º-2012) Cavalhadas são festas populares que representam a defesa da civilização cristã ocidental contra as invasões dos muçulmanos, ocorridas, na Europa, entre os séculos VI e IX d.C. No Brasil, as cavalhadas são reproduzidas desde o período colonial e, na atualidade, manifestam-se principalmente nos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Pernambuco e no norte do Rio de Janeiro. A festa dura, em média, três dias e cada dia representa uma batalha. Ao final da festa, os cristãos, que trajam roupas azuis, vencem os mouros, de indumentária vermelha, o que simboliza a derrota dos invasores e, ao mesmo tempo, a conversão dos muçulmanos ao cristianismo. A gastronomia da festa é composta basicamente de doces brasileiros tradicionais, como a rapadura e a goiabada, dos típicos daquelas regiões mencionadas, e dos de origem portuguesa, como o fio de ovos, o quindim e o bom-bocado. Internet: <www.conexaoaluno.rj.gov.br>. Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os importantes aspectos da cultura e da formação histórica do Brasil, julgue os itens a seguir. I. A festa é uma instituição social e, como tal, desenvolve o processo de socialização, ao mesmo tempo em que mantém e renova tradições. II. Contribuição do colonizador português, a cavalhada remete ao conturbado contexto histórico vivido pela Península Ibérica, de formação católica, em face da invasão árabe muçulmana, que perdurou por séculos. Uma outra expressão da cultura popular brasileira, a congada, atesta a força duradoura da influência das culturas africanas no Brasil, que se fez sentir desde o período colonial. Comentários - A primeira afirmativa está correta. As festas são ritos que promovem a socialização de agrupamentos humanos, com elementos sujeitos à conservação e à transformação ao longo do tempo. É o caso das cavalhadas, festejos que preservam elementos da cultura ibérica, mas que receberam influências brasileiras. - A segunda alternativa está correta. Conforme descreve o texto, as cavalhadas são encenações das batalhas entre mouros e cristãos que marcaram o processo de Reconquista, ao passo que as congadas também possuem origem ibérica, mas recebeu influências das culturas africanas no Brasil. 13. (2017/UEM) Sobre a arte medieval na Europa Ocidental, é correto afirmar: 01) A maioria das igrejas medievais era um conjunto artístico contendo pinturas e esculturas. 02) Os povos germânicos que se instalaram na parte ocidental do Império Romano eram chamados de “bárbaros” porque não praticavam nenhum tipo de arte. 04) Na Idade Média, a pintura afresco era praticada apenas nos mosteiros. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 75 08) Os pintores medievais desconheciam todo sistema de perspectiva, que é, como se sabe, uma criação renascentista. 16) Por questões religiosas, nem todos os sacerdotes, durante a Idade Média, admitiam a representação figurativa. Comentários - A primeira afirmativa está correta. As igrejas medievais, especialmente as de estilo gótico, eram adornadas por pinturas de natureza religiosa em seu interior, e esculturas em pedra presentes nos tímpanos dos portais, no interior das catedrais e até nos escoadouros de chuva. - A segunda afirmativa está incorreta, afinal a ideia dos povos germânicos como “bárbaros” se deve ao fato de serem considerados culturalmente inferiores pelos romanos, o que se mostra insustentável quando levada em conta a produção artística românica e gótica. - A terceira afirmativa está incorreta, afinal os afrescos também estavam presentes em catedrais e edifícios laicos. - A quarta afirmativa está correta. Embora pintores como Giotto tenham se destacado pela sua preocupação com o realismo na representação de figuras humanas, a ilusão de profundida dos espaços só foi devidamente alcançada pelos artistas do Renascimento. - A quinta afirmativa está correta. Enquanto alguns sacerdotes cristãos observavam fins pedagógicos nas representações imagéticas, outros repudiavam seu uso por acreditarem que induzia à adoração de objetos ao invés de Deus. Entre os séculos VIII e IX, um movimento denominado iconoclasta, que apresentava essa visão, atuou destruindo imagens em templos religiosos na civilização bizantina, o que fez com que diversas obras se perdessem ao longo dos séculos. Gabarito: 01 + 08 + 16 = 25 14. (2016/UEM) Sobre a Igreja e a cultura na Europa Ocidental, durante a Idade Média, período que se estendeu do século V ao século XV, assinale o que for correto. 01) O poder da Igreja se estendia ao plano espiritual, relacionado à fé e à espiritualidade, e também ao plano temporal, pois a Igreja, pouco a pouco, transformou-se na maior proprietária de terras na Idade Média e construiu fortes vínculos com a estrutura feudal. 02) O celibato clerical, criado nos primeiros séculos do Cristianismo e rigorosamente aplicado a partir do século XI, contribuía para a manutenção do patrimônio eclesiástico feudal, ao evitar a divisão entre possíveis herdeiros dos membros do clero. 04) Na Baixa Idade Média, o estilo da arquitetura medieval europeia era predominantemente românico. 08) Durante o período da Alta Idade Média, privilegiou-se o emprego das línguas vulgares em documentos escritos, além de serem utilizadas pelos representantes da Igreja Católica e pelas pessoas letradas. 16) No processo de renascimento urbano, comercial e intelectual, destacaram-se as universidades, que, a partir do século XII, se tornaram importantes centros de ensino. A ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 76 comunidade de alunos e de professores era constituída por membros da Igreja, da nobreza e de grupos sociais emergentes das cidades. Comentários - A afirmativa 01 está correta, afinal a Igreja se consolidou como a maior instituição do Ocidente Medieval, exercendo forte domínio sobre o imaginário do homem europeu no período. - A afirmativa 02 está correta. A partir das chamadas reformas gregorianas, o celibato ganhou força na Igreja, tendo em vista, dentre outros aspectos, a manutenção do patrimônio da instituição. - A afirmativa 04 está incorreta, afinal o estilo gótico foi preponderante durante a chamada Baixa Idade Média. - A afirmativa 08 está incorreta, uma vez que o latim foi institucionalizado como idioma oficial da Igreja, o que contribui para a manutenção do monopólio do conhecimento entre as autoridades religiosas. - A afirmativa 16 está correta, uma vez que durante a Baixa Idade Média surgiram no Ocidente as universidades, centros de estudo constituídos por membros do clero, da nobreza e de indivíduos de grupos sociais em ascensão nos centros urbanos. Entre as mais antigas podemos citar as de Salerno e Bolonha, na região da península itálica, e a universidade de Paris, na França. Inicialmente, os principais cursos eram Teologia, Direito e Medicina, dos quais faz surgir uma nova categoria social na sociedade, a dos intelectuais. Gabarito: 01 + 02 + 16 = 19. 15. (2008/Unifesp) Houve, nos últimos séculos da Idade Média ocidental, um grande florescimento no campo da literatura e da arquitetura. Contudo, se no âmbito da primeira predominou a diversidade (literária), no da segunda predominou a unidade (arquitetônica). O estilo que marcou essa unidade arquitetônica corresponde ao a) renascentista. b) românico. c) clássico. d) barroco. e) gótico.Comentários - As alternativas A e D estão incorretas, afinal os estilos renascentista e barroco se desenvolveram durante a Idade Moderna. - A alternativa B está incorreta, uma vez que o estilo românico predominou nos séculos XI e XII, ou seja, na primeira metade da chamada Baixa Idade Média. - Alternativa B está incorreta, uma vez que o estilo clássico se desenvolveu durante a Antiguidade, nas civilizações grega e romana. - A alternativa E é a resposta. O estilo gótico se desenvolveu a partir do século XIII, sendo marcado por suas construções imponentes, pelo uso de arcos ogivais e por vitrais que conferiam uma iluminação ímpar aos espaços internos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 77 Gabarito: E 16. (2017/Mackenzie) A partir do século XII ao XV, na Europa, algumas catedrais passaram a ser construídas adotando um novo estilo arquitetônico: o gótico. Ao contrário do estilo românico, tais igrejas primavam pela verticalidade, leveza, harmonia dos traços e luminosidade, através dos vitrais coloridos. O surgimento do estilo gótico está ligado ao a) movimento cruzadístico que, ao tentar retomar Jerusalém do domínio mulçumano, permitiu o contato com esse estilo mais decorativo, de características orientais. b) fortalecimento do sistema feudal e a necessidade de valorização dos feudos por meio de tais construções monumentais, reafirmando o poder do senhor das terras. c) advento do trabalho servil, em detrimento do trabalho escravo, o que deve ter estimulado a criatividade dos construtores da época, possibilitando utilizar novas técnicas de construção. d) aumento da riqueza e autonomia das cidades, que competiam entre si para edificar catedrais mais altas e decoradas, sinal de prosperidade do novo núcleo urbano. e) reavivamento da fé e a necessidade dos senhores feudais demostrarem sua devoção à Igreja Católica e ao movimento das Cruzadas, financiando novas igrejas a cada vitória alcançada no Oriente. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a arte gótica não possui estilo oriental, ainda que faça uso dos arcos como a arte islâmica. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 78 - A alternativa B está incorreta, afinal a arte gótica representou mais a força da Igreja na sociedade feudal que o domínio dos senhores feudais, comprometido pelo crescimento de centros urbanos autônomos. - A alternativa C está incorreta, afinal o trabalho servil antecede em muitos séculos o surgimento do estilo gótico. Vale destacar que este prevalece nos centros urbanos, ao passo que os servos são trabalhadores predominantes nas paisagens rurais. - A alternativa D é a resposta. A Baixa Idade Média no Ocidente foi o tempo das catedrais, imponentes construções religiosas predominantes nos centros urbanos, atestando a retomada do grande comércio. A verticalidade como um traço essencial do estilo gótico se relaciona à uma ligação visual com os céus, além de simbolizar o triunfo da Igreja como a principal instituição da civilização feudal. - A alternativa E está incorreta, afinal o desenvolvimento do estilo gótico não possui ligação direta com as expedições cruzadísticas. Gabarito: D 17. (2009/UEM) “No medievo, os estilos românico e gótico e a arte bizantina se dirigiam a uma sociedade de analfabetos; era indispensável uma arte visual, dominada pelo tema da salvação” (ARRUDA, José J. de A.; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil. São Paulo: Ática, 1996, p.133). Sobre a arquitetura medieval na Europa Ocidental, verifica-se que: a) A maior invenção dos mestres construtores do período denominado gótico foi o uso dos contrafortes. b) A Idade Média é comumente designada de “Idade das Trevas” porque não houve nenhum desenvolvimento original da arquitetura neste período. c) Os vitrais das catedrais góticas permitiam a criação, nas suas naves, de um interior mais claro e iluminado. d) A denominada “Arquitetura Românica” é um desenvolvimento medieval da arquitetura romana. e) Uma possível origem do espaço externo das igrejas medievais de cruz latina é a basílica romana. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal a arte gótica se destaca principalmente pelo uso de vitrais, pelos seus arcos ogivais e abóbodas nervuradas. - A alternativa B está incorreta. Trata-se de uma leitura preconceituosa feita por artistas do Renascimento, conforme vimos em nossa introdução. - A alternativa C é a resposta. Os vitrais do estilo gótico eram formados por uma série de placas menores, unidas por grades de metal. O importante era apenas não ter tantas ligas a ponto de perder iluminação. A atmosfera formada era de enlevo, etérea. - A alternativa D está incorreta, afinal é um estilo artístico legado pelos normandos. - A alternativa E está incorreta, afinal a basílica romana antecede historicamente os estilos gótico e romano. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 79 Gabarito: C 18. (2005/UEM) Os estilos arquitetônicos românico e gótico destacaram-se na arte medieval. O estilo românico, por exemplo, presente em numerosas edificações do século XI, expandiu-se pela Europa católica e: a) era muito usado na construção de igrejas, destacando-se suas linhas curvas e sua forte ligação com mudanças urbanas que aconteciam no sul da Europa do século XI. b) estava relacionado com mudanças no estilo arquitetônico francês rural, que revelava o enfraquecimento das tendências próprias das construções do sistema feudal do século XI. c) era usado nas construções religiosas católicas, numa época em que ainda se destacava a simplicidade da vida rural medieval. d) simbolizou o crescimento do comércio medieval no sul da França, com destaque para seus arcos e suas janelas pequenas, de vitrais bem desenhados. e) marcou a arquitetura católica medieval, mas foi usado apenas na construção de mosteiros próximos aos castelos dos senhores feudais mais ricos. Comentários - A alternativa A está incorreta, afinal o estilo românico foi predominante nas paisagens rurais. - A alternativa B está incorreta, afinal o estilo românico foi desenvolvido pelos normandos que desembarcaram na Grã-Bretanha e em sua terra natal, o que mostra a consolidação de certos padrões artísticos no período. - A alternativa C está correta. A arte românica refletiu o processo de ruralização da vida durante boa parte da Idade Média, afinal era marcada por construções isoladas e robustas, como grandes fortalezas. - A alternativa D está incorreta, afinal trata-se de características da arte gótica. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 80 - A alternativa E está incorreta, pois a arte românica está presente em mosteiros e igrejas isolados nas paisagens rurais do Ocidente Medieval. Gabarito: C 19. (1995/UFPE) Sobre a cultura na Idade Média, identifique as proposições verdadeiras e as falsas. ( ) Dois grandes estilos dominavam a arquitetura: o românico e o gótico. ( ) A Igreja Católica exerceu uma grande influência na música. O Papa Gregório Magno reuniu hinos destinados às cerimônias religiosas, conhecidos como "Canto Chão". ( ) A poesia medieval enaltecia a justiça e o amor, virtudes e valores do cavaleiro medieval. ( ) Dominada por temas religiosos, a pintura medieval abandonou paisagens naturais e reproduziu homens com caras de santos e santos como se fossem deuses. ( ) A literatura medieval encontrou seu ponto alto no romantismo e no realismo. Comentários - A primeira afirmativa é verdadeira. O estilo românico prevaleceu nos séculos XI e XII, enquanto o estilo gótico teve seu esplendor nos séculos XII e XIII. - A segunda afirmativa está correta. O Cantochão é composto por cânticos litúrgicos vocais e de transmissão oral que fazem parte do repertóriomais usado na música da Idade Média. - A terceira afirmativa está correta. Entre os séculos XI e XIV, uma nova sensibilidade surgiu entre os nobres da Europa feudal: o amor cortês. Tidos como diferentes dos relacionamentos vulgares dos camponeses, o cavaleiro apaixonado, da mesma forma que deve transparecer sua fidelidade a um suserano, também se mostra vassalo de uma senhora quase inatingível, devendo seguir uma série de regras para cortejá-la. Vejamos algumas de suas características, retiradas de nosso curso de História: Regras do jogo do amor cortês Submissão absoluta à dama. Vassalagem humilde e paciente. Promessa de honrar e servir a dama com fidelidade. Prudência para não abalara reputação da dama, sendo o cavaleiro, por essa razão, proibido de falar diretamente dos sentimentos que tem por ela. A amada é vista como a mais bela de todas as mulheres. Pela amada o trovador despreza todos os títulos, as riquezas e a posse de todos os impérios. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 81 CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens: volume I. 4ªed. São Paulo: Atual, 2004. p. 83. Torneios, guerras, castelos e caçadas. Todos esses elementos fazem parte do mundo da nobreza, impondo distinções desta classe das demais existentes na sociedade feudal. Mas ser nobre também significava seguir um código de valores, seja na guerra (ética cavaleiresca), seja nos romances alimentados nos palácios (amor cortês). Os cavaleiros deveriam ser fortes, corajosos e hábeis nas batalhas, mas humildes vassalos das inalcançáveis damas da corte. - A quarta afirmativa está correta, afinal a escultura gótica revela certa autonomia emocional das figuras humanas retratadas – traço que contribuiria para a formação do Renascimento no início da Idade Moderna. - A quinta afirmativa é falsa, afinal o romantismo e o realismo são estilos artísticos que surgem durante o século XIX. Gabarito: VVVVF 20. (2003/USM) Os estilos arquitetônicos românico e gótico caracterizaram as construções na Baixa Idade Média. O estilo românico, que precede o gótico, caracterizou-se pela grandeza e solidez das construções de templos identificados como "fortalezas de Deus". O gótico propiciou a ornamentação das Igrejas com esculturas e vitrais e valorizou a altura e a verticalidade das construções, dando a impressão de "contato com os céus". Levando em conta que esses templos podem ser considerados testemunhos históricos, assinale verdadeira (V) ou falsa (F) nas afirmações a seguir. ( ) O templo românico identifica uma sociedade rural na qual a Igreja foi o centro de poder, e o estilo gótico reflete o desenvolvimento urbano e do comércio. ( ) Esses estilos arquitetônicos testemunham uma sociedade hierarquizada, fundamentada na doutrina cristã, onde o "templo" também representa o lugar e o poder que a instituição Iluminura do manuscrito Tristão e Isolda, sec. XIII. Biblioteca Estadual da Baviera. Disponível em: <https://www.wdl.org/pt/item/18407/#q=iluminura+amor& qla=pt>. Acesso em: 20 mar. 2019. https://www.wdl.org/pt/item/18407/#q=iluminura+amor&qla=pt https://www.wdl.org/pt/item/18407/#q=iluminura+amor&qla=pt ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 82 "Igreja" exerceu. ( ) A expressão "fortalezas de Deus" justifica-se por serem grandiosas construções que serviram, em primeiro lugar, como espaço reservado aos exércitos nacionais dos estados absolutistas modernos. A sequência correta é: a) V - F – F b) V-V-F c) F-V-F d) F-F-V e) V-F-V Comentários Para facilitar a resposta, que tal retomarmos nosso esquema sobre os estilos gótico e românico? Veja ele novamente a seguir: RESUMO DA ARQUITETURA ROMÂNICA E GÓTICA ARQUITETURA ROMÂNICA (secs. XI e XII) → Poucas janelas e decoração. Paredes robustas, como se fossem fortalezas. Horizontalidade. → Representa a força do clero regular (monges) e o caráter rural da civilização feudal. → Predominante em Igrejas e mosteiros afastados da vida mundana. Igreja em consolidação. ARQUITETURA GÓTICA (secs. XIII) → Construções imponentes (verticalidade) e iluminadas. Uso de arcos ogivais e vitrais. → Representa a força do clero secular, que atua em meio à sociedade. → Catedrais construídas em grandes centros urbanos. Retomada do grande comércio nas cidades. Igreja consolidada. - A primeira afirmativa é verdadeira, afinal o estilo românico prevaleceu nas paisagens rurais, ao passo que o gótico acompanhou o fortalecimento do espaço urbano a partir da reativação do grande comércio. - A segunda afirmativa é verdadeira, pois os estilos acompanharam o processo de consolidação da Igreja durante a Idade Média, além almejarem a transmissão de valores cristãos por meio de usas obras. - A última afirmação está incorreta, pois o termo fortaleza de Deus se deve ao fato de suas robustas paredes. Trata-se de um estilo predominante em mosteiros e igrejas. Gabarito: B 21. (2002/UFSC - Adaptada) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 83 Os relatos sobre o período histórico conhecido como Idade Média revelam a ocorrência de conflitos bélicos, pestes e fome. Sabe-se, porém, que no mesmo período houve desenvolvimento econômico e cultural. Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) nas suas referências à cultura medieval. 01. O caráter religioso predominou nas artes medievais, pois um dos seus objetivos era a glorificação de Deus. 02. Na literatura, além de Dante Alighieri, destacaram-se os trovadores, responsáveis pela divulgação da poesia popular e das canções de gesta. 04. O crescimento urbano e o comércio foram responsáveis pela decadência intelectual verificada na Idade Média, por dificultarem a criação de novas universidades. 16. Na arquitetura medieval predominaram dois estilos: o românico e o gótico. 32. Durante a Idade Média, as línguas nacionais foram denominadas "vulgares". O latim foi a língua falada pelos eruditos. Comentários - A primeira afirmativa está correta. A produção artística medieval, incluindo a bizantina e islâmica, tinha como uma de suas principais características a propagação de valores religiosos. - A segunda afirmativa. Conforme abordado em suas aulas de literatura, cantigas, poesias e outras produções de artistas diversos, incluindo Dante Alighieri, marcaram o cenário cultural medieval. - A terceira afirmativa é falsa, afinal foi justamente neste contexto que surgiram as universidades no Ocidente Medieval. - A quarta afirmativa é verdadeira. O estilo românico prevaleceu nos séculos XI e XII, ao passo que o estilo gótico se destacou nos séculos XII e XIII. - A quinta afirmativa é verdadeira, afinal o latim foi uma língua que permaneceu restrita aos intelectuais e sábios ligados à Igreja no Ocidente, enquanto a maioria da população se comunicava por meio das línguas ditas vulgares. Gabarito: 01 + 02 + 16 + 32 = 52 22. (2017/UEM) Sobre a arte na Europa durante a Alta e a Baixa Idade Média, é correto afirmar que 01) o Império Carolíngio foi marcado por obras monumentais, como os mosteiros e as igrejas góticas e renascentistas. 02) os manuscritos ilustrados registraram, entre outros aspectos, a música sacra por meio das partituras medievais. 04) os temas da pintura românica eram de natureza religiosa. Nos mosteiros e nas igrejas, era comum a representação, por exemplo, da criação do mundo e do ser humano. 08) as esculturas foram utilizadas nas igrejas e eram comumente inseridas no portal de entrada. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 84 16) as abóbadas e os arcos das arquiteturas românica e gótica são idênticos. Entretanto, na pintura a preferência temática se diferencia, porque, no estilo gótico, a religião está pouco presente. Comentários- A primeira afirmativa está incorreta, afinal a decadência do Império Carolíngio antecedeu o surgimento do movimento renascentista. - A segunda afirmativa está correta. As iluminuras são pinturas decorativas que eram aplicadas às primeiras letras dos textos escritos em pergaminhos, o que possibilitava maior entendimento de partituras musicais, instruções de medicina e de outros saberes. - A terceira afirmativa está correta. Os motivos usados pelos pintores românicos eram de natureza religiosa, prevalecendo temas como a criação do mundo e do ser humano, a ideia de pecado, histórias como a Arca de Noé, símbolos evangelizadores etc. - A quarta afirmativa está correta, sendo algo comum principalmente nas catedrais de estilo gótico. - A quinta afirmativa está incorreta, afinal toda a produção artística da Idade Média, quer no Oriente quer no Ocidente, era fortemente carregada de valores religiosos. Gabarito: 02 + 04 + 08 = 14 23. (2013/Fuvest) Leia o texto e examine a imagem. Abadia de Terranova (Itália), interior, iniciada em 1187 e consagrada em 1208. A arte gótica reúne e desenvolve os fermentos [...] e os organiza em sistema; é esse sistema tem um lugar seguro na mais vasta organização do saber. G. C. Argan. História da arte italiana. Da Antiguidade a Duccio. São Paulo: Cosac Naif, 2007, v. 1, p. 337, adaptado). a) Identifique, a partir da imagem, dois elementos característicos do chamado estilo gótico. b) Do ponto de vista cultural, apresente e explique uma característica do “sistema”, que, segundo o texto, “tem um lugar seguro na mais vasta organização do saber”. Comentários a) Dentre as principais características do estilo gótico presentes na imagem acima, pode-se destacar a presença dos arcos ogivais, nome dado às estruturas em formato agulhado, que conferia maior verticalidade à edificação, como se fossem elevadas em direção aos céus. Outro ponto a ser ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 85 destacado são os vitrais ao fundo da imagem, cuja luminosidade transparecida conferia uma atmosfera etérea e repleta de misticismo. b) O sistema a que se refere o autor leva em conta a força da Igreja no pensamento do Homem europeu durante a Idade Média, sendo um exemplo disso a própria edificação de catedrais no período – verdadeiras “Bíblias em pedra” que operavam como centros sociais e religiosos, transmitindo seus dogmas e concepções a partir das representações imagéticas contidas nos vitrais, esculturas, portais, pinturas e escoadouros. 24. (2002/UFRN) A catedral de Chartres, reproduzida na figura a seguir, e representativa da arquitetura gótica, que predominou na Baixa Idade Média. Esse estilo arquitetônico está ligado às circunstâncias históricas e às concepções religiosas do final da Idade Média. Nesse sentido, o estilo gótico relaciona-se a) à prosperidade da economia urbana e as aspirações espirituais orientadas para Deus e os céus. b) à estabilidade da economia rural e ao culto doméstico, que era presidido pelo chefe da família. c) ao desenvolvimento das comunidades de monges e celebrações coletivas, com ênfase no modo de vida simples. d) ao progresso da agricultura feudal e à religiosidade individualista, que estimulava a prática da solidão. Comentários - A alternativa A é a resposta. A Baixa Idade Média no Ocidente foi o tempo das catedrais, imponentes construções religiosas predominantes nos centros urbanos, atestando a retomada do grande comércio. A verticalidade como um traço essencial do estilo gótico se relaciona à uma ligação visual com os céus, além de simbolizar o triunfo da Igreja como a principal instituição da civilização feudal. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 86 - A alternativa B está incorreta, afinal as catedrais acompanham a intensificação da vida urbana verificada a partir do século XII. A estabilidade da economia rural foi melhor representada pelo estilo românico, presente em isolados mosteiros ao longo do continente europeu. - A alternativa C está incorreta, afinal o desenvolvimento dos monastérios acompanhou o auge do estilo românico. - A alternativa D está incorreta, afinal as catedrais eram grandes centros sociais e religiosos situados principalmente nos espaços urbanos, o que estimulava a socialização no cotidiano medieval. Gabarito: A 25. (2000/UFPI) Leia, com atenção, o texto abaixo: "(...) deu-se por todo o orbe da terra, especialmente na Itália e nas Gálias, um surto de construção de igrejas basilicais. (...) Era como se o mundo, tendo-se sacudido e lançado fora o antigo, se estivesse revestindo com a cândida veste das igrejas. Como tal os fiéis reformaram quase todas as igrejas das sedes episcopais, e o mesmo fizeram aos mosteiros dos vários santos, assim como aos lugares de oração de menos importância, nas vilas". (Fonte: Raoul Glaber in: J. P. Migne, "Patrologiae Cursus Completus", Series Latina, t. CXLII, Paris, 1880.) A partir do texto do cronista medieval Raoul Glaber (985-1050), podemos afirmar, corretamente: a) O nascimento da arquitetura românica acompanhou o despertar da economia ocidental europeia. b) A construção de igrejas, no período, explica-se pelo fortalecimento da fé, independentemente das condições econômicas. c) O surto de construções ao qual o texto faz referência teve fim com as invasões de normandos, húngaros e árabes. d) A arquitetura românica em expansão após as invasões do séc. IX veio substituir a arquitetura de estilo gótico, especialmente na Itália e na Gália. e) O crescimento da economia europeia a partir do século XI só pode ser compreendido se levarmos em consideração o crescimento da população provocado pelas invasões dos séculos anteriores. Comentários - A alternativa A é a resposta. O apogeu da arte românica coincide com o momento em que o sistema feudal atinge seu auge, além de estar relacionado a esse contexto o restabelecimento de relações comerciais com o Oriente a partir das Cruzadas. - A alternativa B está incorreta, afinal as construções e reformas de templos religiosos empreendidas no período refletem a bonança econômica vivida por certos grupos da sociedade feudal. - A alternativa C está incorreta, afinal a “segunda onda das invasões bárbaras” contribuiu para que fossem edificados castelos, com o intuito de proteger os seus senhores e subordinados. - A alternativa D está incorreta, afinal a arquitetura românica já se encontrava em franco declínio no século XII, período em que o estilo gótico passou a predominar em diversas edificações do Ocidente. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 87 - A alternativa E está incorreta, afinal os conflitos estimulados pelos invasores vikings, muçulmanos e magiares (ou húngaros) resultaram em milhares de mortos. Gabarito: A 26. (FCMCSP – 2020) Observe a reprodução do Retábulo dos Sete Sacramentos (1445) de Rogier van der Weyden. A pintura, pertencente ao Museu Real de Belas Artes de Antuérpia, na Bélgica, reproduz uma arquitetura tipicamente a) renascentista, considerando a utilização de colunas de mármore. b) clássica, considerando os arcos redondos de inspiração românica. c) maneirista, considerando a fusão de estilos construtivos diversos. d) barroca, considerando a oposição entre as figuras e o espaço. e) gótica, considerando as linhas ascensionais da construção. Comentários: A alternativa A está incorreta, porque na imagem é possível reconhecer os arcos quebrados, típicos da arquitetura gótica, e não os arcos redondos. A alternativa B está correta. O modelo de arquitetura gótica foi disseminado pela Europa a partir do século V, substituindo a arquitetura romana (ou clássica). Estas construções são pautadas pela verticalidade, presença de arcos quebrados e abóbadas ogivais. Estes elementos estão presentes na imagem,principalmente a noção de altura da construção (linha ascensional). A alternativa C está incorreta, porque não existem elementos que retomam o estilo barroco na imagem. Além disso, a pintura é datada do século XV, momento no qual o barroco ainda não existia. A alternativa D está incorreta, porque é impossível afirmar que as colunas presentes na imagem são, de fato, compostas por mármore. O estilo renascentista tentava se aproximar do clássico, optando por arcos mais arredondados, diferentemente dos que são apresentados na pintura. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 88 A alternativa E está incorreta, porque não existe, na imagem, a fusão de estilos diversos. É possível observar apenas a arquitetura gótica e suas características. Gabarito: B 27. (UPE – 2018) O Saltério de Chludov, hoje na Rússia, é um dos mais importantes documentos provenientes do Império Bizantino. Essa iluminura, em especial, retrata um importante movimento sociopolítico ocorrido nesse Estado, denominado de Iluminura do Saltério de Chludov. Bizantino, séc. IX. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Clasm_Chludov.jpg. Acesso em: 10/07/2017. a) Cesaropapismo, a aliança entre o Imperador e o Patriarca. b) Iconoclasmo, o movimento pela destruição dos ícones religiosos. c) Bizantinismo, a discussão interminável sobre temas exotéricos. d) Cisma, a excomunhão mútua entre as igrejas Católica Romana e Ortodoxa Oriental. e) Iluminismo, a política em prol da ilustração dos manuscritos. Comentários: A iluminura mostra um indivíduo apagando com cal um ícone de Cristo, por volta do ano 900 d.C. Trata- se de uma representação do movimento iconoclasta, contrário ao uso de imagens pela Igreja Bizantina. Tal movimento foi muito ativo entre os séculos VIII e IX, chegando a conquistar a simpatia de diversos patriarcas neste período, que coíbem a arte religiosa. Assim sendo, a alternativa B é a correta. Vale destacar que o iluminismo é um movimento que só ocorreu na Europa do século XVIII, enquanto representações do cesaropapismo ou do Cisma do Oriente requereriam a presença de figuras do imperador e dos líderes das igrejas cristãs, respectivamente. Por fim, não há também qualquer elemento na representação acima que sugere a condução de uma discussão “bizantina” – ou seja, interminável e desconexa. Gabarito: B 28. (UPE – 2014) A civilização bizantina foi muito mais original e criativa que, em geral, lhe creditam. Suas igrejas abobadadas desafiam em originalidade e ousadia os templos clássicos e as catedrais ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 89 góticas, enquanto os mosaicos competem, como supremas obras de arte, com a escultura clássica e a pintura renascentista. (ANGOLD, Michael. Bizâncio: A ponte da antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002. p. 9. Adaptado.) Sobre o legado cultural bizantino, assinale a alternativa CORRETA. a) Herdando elementos da cultura grega, os bizantinos desenvolveram estudos sobre a aritmética e a álgebra. b) Negando a tradição jurídica romana, o império bizantino pautou sua jurisdição no direito consuetudinário. c) A filosofia estoica influenciou o movimento iconoclasta, provocando o cisma cristão do Oriente no século XI. d) O catolicismo ortodoxo tornou-se a religião oficial do império após a denominada querela das investiduras. e) A catedral de Santa Sofia sintetiza a tradição artística bizantina com seus ícones e mosaicos. Comentários: Os avanços empreendidos pelos árabes na matemática foram decorrentes do contato com a produção indiana, e não grega como sugere a alternativa A. O direito romano foi a base para o Corpus juris civilis, elaborado durante o governo do imperador Justiniano. O direito consuetudinário, por sua vez, é uma tradição decorrente dos reinos germânicos instalados no ocidente durante a Idade Média. Com isso, a alternativa B está incorreta. O estoicismo é uma corrente filosófica originária na Grécia Antiga que valoriza o pensamento racional e condena a exteriorização das emoções. Nada tem a ver, portanto, com a iconoclastia que eclodiu no Império Bizantino, cuja inspiração se encontra na doutrina monofisista. Assim sendo, a alternativa C está incorreta. A alternativa D está incorreta, afinal o que tornou o catolicismo ortodoxo a religião oficial do Império Bizantino foi O Grande Cisma do Oriente, em 1054. Já a querela das investiduras foi desencadeada durante a Baixa Idade Média, a partir da decisão do papa Gregório VII de impedir que autoridades políticas nomeassem indivíduos para os cargos eclesiásticos. Isso gerou reação imediata do imperador alemão Henrique IV, que não acatou a decisão papal. A basílica de Santa Sofia contém dois elementos que sintetizam a arte bizantina: a suntuosidade desta construção, notória pela sua abóboda em cúpula, e a decoração interna a partir de mosaicos formados com pedras coloridas. Assim sendo, a afirmativa E é a correta. Gabarito: E 29. (UFPR – 2005) “No coração da obra, esta idéia: Deus é luz. Desta luz inicial, incriada e criadora, participa cada criatura. Cada criatura recebe e transmite a iluminação divina segundo a sua capacidade, isto é, segundo o lugar que ocupa na escala dos seres, segundo o nível em que o pensamento de Deus hierarquicamente o situou.” ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 90 (DUBY, Georges. O tempo das catedrais. Lisboa: Estampa, 1979. p. 105.) A citação resume o princípio norteador do estilo gótico, que predominou na arquitetura e na escultura religiosas da Europa Ocidental no século XIII. Sobre esse estilo e seus ideais, assinale a alternativa correta. a) A luminosidade das catedrais góticas representa uma tentativa dos arquitetos da época de identificar os espaços sagrados com o entusiasmo predominante no século XIII, decorrente das boas condições de vida que se instauravam com a conjuntura de crescimento urbano, mercantil e agrícola que predominava naquele contexto. Com isso, a Igreja mantinha atualizados seu discurso e presença como convinha ao otimismo da época. b) A necessidade de luminosidade levou ao desenvolvimento de técnicas cada vez mais apuradas de sustentação de grandes candelabros nasaltas abóbadas, a fim de garantir, com velas de cera, a luz no interior da construção, visto que a luz natural é escassa na maior parte do ano nas regiões setentrionais da Europa. c) Na Idade Média, todos os pensadores que discordavam do pensamento oficial da Igreja tinham que buscar espaços alternativos para a manifestação de suas idéias. As catedrais góticas, construídas nas cidades, são um exemplo desse tipo de espaço. d) Como as catedrais eram construídas por mestres pedreiros, ferreiros, vitraleiros ecarpinteiros, entre outros, a arquitetura das altas igrejas e a aparência de poder e verticalidade das construções decorriam das aspirações desses membros das corporações de ofícios de conquistarem o poder dentro das cidades. e) Os vitrais representavam cenas ocorridas durante a construção das catedrais, que demoravam décadas até estarem concluídas, e apresentavam sobretudo cenas do trabalho dos mestres e trabalhadores manuais. Comentários: Alternativa A - CORRETA, a luminosidade e esplendor da arquitetura gótica era uma forma de demonstrar a prosperidade daquele período, que passava pelo crescimento urbano, mercantil e agrícola. Alternativa B – INCORRETA, um dos traços da arquitetura gótica são a presença dos vitrais coloridos para a entrada de luz nas igrejas, criando uma atmosfera que lembrasse a luz de Deus sobre os homens. Alternativa C – INCORRETA, as catedrais góticas eram espaços religiosos. Alternativa D – INCORRETA, as igrejas eram projetadas por arquitetos, alguns deles membros da igreja e tinham o proposito de representar a grandiosidade divina. Alternativa E – INCORRETA,os vitrais retratam cenas religiosas. Gabarito: A 30. (Estratégia Vestibulares – 2021) Observe a imagem abaixo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 91 Os elementos descritos na imagem constituem um estilo arquitetônico conhecido como: a) românico, vigente na Europa entre os séculos XI e XII e caracterizado pelas grossas paredes erguidas com pedra. b) gótico, vigente na Europa entre os séculos XII e XIII e caracterizado pela verticalidade de suas construções. c) renascentista, vigente na Europa entre os séculos XV e XVI e caracterizado pelas suas edificações geométricas. d) barroco, vigente na Europa entre os séculos XVI e XVIII e caracterizado pelo largo uso de ornamentos em seu interior. e) neoclássico, vigente na Europa entre os séculos XVIII e XIX e caracterizado pelo resgate de elementos da Antiguidade Clássica. Comentários: - A alternativa A está incorreta, afinal no estilo românico não se verifica a entrada de luz com grande intensidade ou o apreço às construções monumentais. - A alternativa B é a resposta. O estilo gótico apresenta entre suas características o uso de vitrais, abóbodas e arcobotantes, bem como de gárgulas em seus telhados. - A alternativa C está incorreta, afinal a arquitetura renascentista buscou rejeitar a assimetria e o excesso de elementos verificados no estilo gótico. - A alternativa D está incorreta, pois o estilo barroco buscou a recuperação de detalhes abandonados pelo Renascimento e o Maneirismo, se estabelecendo como a “arte da contrarreforma” ao ser largamente empregada em Igrejas e buscar despertar fortes emoções de seus observadores. - A alternativa E está incorreta, afinal o estilo neoclássico buscou a recuperação de influências arquitetônicas da Antiguidade Clássica, algo que não se verifica na imagem expressa no enunciado. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Civilizações do Medievo AULA 03 – ARTE NO MEDIEVO 92 Gabarito: B 5. REFERÊNCIAS ANDE, Edna; LEMOS, Sueli. Arte gótica. São Paulo: Instituto Callis, 2013. (Arte na idade média; 5) ANDE, Edna; LEMOS, Sueli. Arte islâmica. São Paulo: Instituto Callis, 2013. (Arte na idade média; 3) BBCBrasil.com. EUA X Irã: 5 dos tesouros históricos em risco pelas ameaças de Trump. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51017968>. Acesso em: 29 maio 2020. FREYRE, Gilberto. China tropical: e outros escritos sobre a influência do Oriente na cultura luso-brasileira. São Paulo: Global, 2011. GRAÇA PROENÇA. História da arte. São Paulo: Ática, 2018. LYONS, Jonathan. A Casa da Sabedoria: como a valorização do conhecimento pelos árabes transformou a civilização ocidental. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. MANGO, Cyril. Bizâncio: o Império da Nova Roma. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2018. (Lugar na História) MONTEIRO, João Gouveia. História concisa do Império Bizantino: das origens à queda de Constantinopla. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016. p. 138 Considerações finais Qualquer dúvida estou à disposição no fórum ou redes sociais! Prof.ª Celina Gil /professora.celina.gil Professora Celina Gil @professoracelinagil Versão Data Modificações 1 27/01/2022 Primeira versão do texto. https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51017968