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<p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Identidade docente Inês Barbosa de Oliveira Descrição Estudo das identidades docentes em diferentes segmentos e instâncias da Educação e os desafios enfrentados. Propósito Reconhecer as identidades docentes, sua constituição conforme a área de atuação e as questões relacionadas ao reconhecimento da profissão a partir de diferentes perspectivas e de seu contexto atual é fundamental para os profissionais da Educação. Objetivos Módulo 1 O perfil docente https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 1/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Reconhecer o perfil dos docentes conforme o nível de ensino em que atuam e suas especificidades: educação infantil, anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio. Módulo 2 Os modos de reconhecimento do trabalho docente Identificar os elementos que compõem a docência e os modos de reconhecimento da profissão e dos pontos de vista social, financeiro e intelectual. Módulo 3 Proletarização e desprofissionalização da docência Reconhecer as questões que envolvem a proletarização e a desprofissionalização da docência na atualidade. Módulo 4 A marginalidade e a violência no cotidiano docente Analisar as questões que envolvem os problemas da marginalidade e da violência no cotidiano docente. 2/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Introdução A identidade docente tem sido objeto de estudo amplamente discutido nas áreas das Ciências Humanas e Sociais, considerando sua importância para a compreensão dos processos de formação e a atuação desses profissionais em diferentes cenários educacionais, sejam eles escolares ou não. A dinamicidade dessa identidade vem sendo também crescentemente reconhecida à medida que se aceita o fato de que os docentes se formam de modo permanente ao longo da carreira e em função das experiências vivenciadas no exercício da docência. No contexto profissional docente, é preciso considerar uma série de elementos constitutivos: mesmo que cada um tenha sua especificidade, eles estão sempre enredados uns aos outros. Na compreensão da docência como exercício cotidiano, é preciso reconhecer, portanto, o status social da profissão, o padrão de remuneração, a formação e suas dimensões, o contexto histórico da profissão e o mercado de trabalho existente e seus comportamentos. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 3/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente 1 - - perfil docente Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer o perfil dos docentes conforme o nível de ensino em que atuam e suas especificidades: educação infantil, anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio. Aspectos gerais Conhecendo o professor A formação da identidade profissional integra todas as identificações feitas sobre determinada profissão ao longo da vida, ou seja, tudo aquilo que sobre ela se aprende o desenvolvimento da identidade ocupacional, por sua vez, pertence a cada indivíduo inserido em sua história e deverá continuar pertencendo como projeto de vida ou de futuro. É nesse cenário que compreendemos a construção das identidades docentes (em uma perspectiva mais geral) e dos docentes que atuam nos diferentes níveis de ensino (em particular). A construção das identidades profissionais é o resultado da imbricação entre processos sociais, institucionais coletivos e subjetivos. A identidade é um produto dos processos de socialização experienciados pelos sujeitos. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 4/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Por isso, tais identidades estão em permanente movimento, que muitas vezes é de tensão; ao mesmo tempo, elas são participantes das dinâmicas de estruturação e desestruturação. Essas dinâmicas são estados de continuidade e descontinuidade que fazem parte da dinamicidade da vida e, portanto, dos movimentos de construção identitária, pessoal, social e profissional. A produção dos processos identitários ocorre em dois universos distintos e interligados: Do Identidade biográfica ou identidade de si e para si Processo mais subjetivo e individual, embora esteja inevitavelmente atrelado ao Outro e ao seu reconhecimento nos grupos dos quais faz parte, inclusive os profissionais. Identidade para o outro ou relacional Processo mais objetivo e genérico, ele fica atrelado aos atos de atribuição que sinalizam para cada sujeito como ele é visto pelos grupos dos quais faz parte, até mesmo os profissionais. De acordo com Dubar (1988, p. 3), tais processos dizem respeito "às diversas maneiras pelas quais indivíduos tentam dar conta de suas trajetórias (familiares, escolares, profissionais...) por meio de uma 'história', no intuito, por exemplo, de justificar sua em dado momento e, às vezes, antecipar seus possíveis futuros". 66 Tanto a identidade para si quanto a identidade para o outro são simultaneamente indissociáveis e https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 5/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente ligadas de maneira problemática, da mesma forma que são inseparáveis, uma vez que a identidade para si é correlata ao Outro e ao seu reconhecimento: nunca sei quem sou a não ser pelo olhar do Outro. (DUBAR, 2005, p. 135) Essa dupla percepção é particularmente relevante, porque tal imaginário social sobre quem são esses profissionais - no nosso caso, os docentes - opera fortemente nas escolhas que eles fazem e nas formas como atuam. Portanto, em um contexto amplo, percebemos que a constituição das identidades docentes é influenciada pelas identidades individuais e pelos contextos sociais vivenciados cotidianamente na formação e no exercício da docência. Sendo assim, para abordarmos os perfis docentes, devemos compreender de que modo investimentos e políticas de formação foram implementadas historicamente, que perfis socioeconômicos e culturais predominam entre docentes, assim como o tipo de formação, os conhecimentos existentes sobre a docência, as possibilidades e ofertas de formação e os diferentes perfis socioeconômicos, políticos e de gênero. A formação docente Um pouco de história https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 6/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Sala de aula de 1912. processo acelerado de desenvolvimento científico e tecnológico e as mudanças no sistema produtivo afetam e reorientam as finalidades do sistema educacional, gerando ações, investimentos e produção de conhecimentos, além de políticas públicas e recursos adequados aos contextos de cada época. Isso já ocorre há cerca de dois séculos. A demanda por escolarização, que emergiu com força em finais do século XVIII e no século XIX, se assemelha a uma revolução social. Em diversas sociedades, ocorreu o processo de universalização da escolarização elementar para todos como direito subjetivo que, quando não é assegurado, possibilita uma ação judicial contra o Estado. Corpo docente do grupo escolar Artur Segurado, Campinas, 1910. Essa nova revolução, na qual a luta pelo direito à educação se instala, desafia a escola e seus profissionais a elaborar e redimensionar uma cultura escolar que reconheça o direito às diferenças e contemple a diversidade cultural, sobretudo nos últimos 50 anos. Comentário https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 7/80</p><p>Esse processo constitui um desafio para um novo espaço, refletindo diretamente no que ensinar, por que ensinar e como ensinar. Esse movimento gera discussões, escolhas e posicionamentos políticos em torno do currículo, dos sujeitos e dos contextos aos quais se destina dentro e fora da escola. Só que isso nem sempre foi assim. Para Antonio Nóvoa (1992, p. 2), essa articulação técnica e crítica coopera para tornar o professor "capaz de pensar a sua ação nas continuidades e mudanças do seu tempo, participando criticamente na renovação da escola e da pedagogia". Demerval Para Demerval Saviani (2009), muito embora a preocupação com a formação docente estivesse presente já no século XVIII, ela é assumida com ênfase a partir da Revolução Francesa, quando começou a se debater a necessidade de uma educação para as classes populares. 8/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Segundo Saviani, é daí que deriva o processo de criação de escolas normais como instituições encarregadas de preparar professores sob responsabilidade do Estado. Para ele, essa preocupação voltada para a formação de professores no Brasil "emerge de forma mais explícita após a independência, quando se cogita a organização da instrução popular" (2009, p. 143). Desse modo, a primeira lei geral brasileira relativa ao ensino primário é criada em outubro de 1827. São as escolas de ensino mútuo, que assumem a função de preparar e treinar os professores nas capitais das respectivas províncias às expensas dos próprios ordenamentos (MOACYR, 1936, p. 189). Esse período histórico é de grande importância para a compreensão do funcionamento escolar, pois é nesse momento que o Estado começa a se implantar como organizador e controlador do sistema educacional e que muitas características de nossa escola atual começam a ser delineadas 1997). Isso demarca a situação docente como a de um trabalhador do ensino subserviente ao Estado, que passa a regular, a manter e a promover a estruturação de um sistema de ensino no qual está inclusa a formação docente, sempre voltada para assegurar uma formação considerada adequada às demandas do sistema, o qual, por sua vez, também regula a atuação docente. Os perfis docentes por área de atuação A formação e os perfis específicos de cada nível de ensino Os processos e as propostas de formação docente foram estruturadas em função do modo como o sistema de ensino se organizava. Atenção! Hoje, no Brasil, a normatização da formação docente (2019) está atrelada à Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), evidenciando a permanência dessa política de normatização e controle estatal da formação oficial. 9/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente No caso dos docentes da educação infantil e do ensino fundamental I, a relevância e a ênfase no cuidado são grandes, bem como em relação ao fato de serem educadores em formação. De certa forma, os conteúdos são menos valorizados nessa abordagem, que privilegia as responsabilidades formadoras em relação ao ensino em si. Tanto que somente a formação em nível médio foi historicamente aceita no Brasil para atuação nesses níveis de ensino. Na formação dos docentes nas licenciaturas em disciplinas, vê-se um cenário invertido. A formação é pensada como ensino dos conteúdos das diferentes disciplinas. A parte chamada de pedagógica surge como menor ou irrelevante no formato curricular conhecido como 3 + 1, em que, por três anos, os docentes em formação estudam os conteúdos e só no último se ocupam da dimensão pedagógica da docência. Podemos perceber, com base nessa apresentação esquemática dos modelos de formação, que muito do que imaginamos e do que conhecemos dos perfis dos docentes atuando em diferentes níveis de escolarização deriva desse modelo e que talvez ele já tenha sido pensado em função de algumas hierarquias e especificidades da sociedade moderna. Vejamos: binômio cuidado/ensino Esse binômio define e compõe todo o processo educativo. É bastante evidente que se espera dos docentes atuando nos níveis iniciais uma maior preocupação com o cuidado, já que os conteúdos são poucos e "fáceis", enquanto os docentes do https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 10/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente ensino fundamental e do ensino médio precisam concentrar sua atenção na "matéria" a ser dada. binômio fácil/difícil opera no perfil dos docentes Inscrito no binômio fácil/difícil está o binômio abstrato/concreto (ou teórico/prático). As diferentes licenciaturas trabalham os conteúdos disciplinares, cabendo aos docentes de EF ministrar as partes mais "fáceis" e aos do ensino médio, as mais difíceis. Nesse sentido, as disciplinas mais difíceis (abstratas) recebem maior carga horária nos sistemas de ensino fundamental e médio. As hierarquias Finalmente, as hierarquias modernas vigentes no sistema educacional consolidam essa diferenciação, recaindo sobre os perfis de cada um determinada percepção a respeito de sua inteligência, capacidade intelectual e relevância social. No ensino médio, há tanto a superioridade dos docentes das chamadas áreas exatas sobre os de ciências naturais quanto a dos profissionais dessa área sobre aqueles das ciências humanas e sociais. Já os docentes da educação infantil, nessa hierarquia, ficam atrás do grupo que ensina as chamadas "primeiras letras" e a fazer contas no ensino fundamental I, o qual, por fim, segue abaixo dos docentes do ensino fundamental II. Longe de confirmarmos tal classificação, nosso objetivo é evidenciar o quanto as hierarquias e os valores sociais hegemônicos influenciam aquilo que se pensa e se considera como perfil docente. Mais do que balizar as propostas e as normas de formação docente, essas crenças hegemônicas influenciam salários, reconhecimento social e intelectual dos docentes, como veremos adiante. 11/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente A docência como espaço feminino Docência e sexismo As primeiras escolas normais, voltadas para a formação das professoras para a escola primária, visavam a formar professores como peças fundamentais na expansão do ideário positivista que influenciava uma nova visão de mundo e uma forma de conduzir o país do início do Brasil independente e, posteriormente, republicano. Os docentes formados nas escolas normais atendiam à necessidade da expansão do ensino primário. Eram professoras mulheres, na maioria, e ficaram conhecidas como as normalistas. Com o diploma do ensino normal, a formação da professora estava completa para cuidar e ensinar as primeiras letras às crianças. Normalistas no Instituto de Educação (ISERJ), Rio de Janeiro, por volta de 1950. 12/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Normalistas no Instituto de Educação (ISERJ), Rio de Janeiro, por volta de 1950. A professora normalista aponta um importante aspecto do contexto histórico do trabalho docente no qual se observa a incorporação massiva das mulheres a esse segmento e sua relação com o processo de trabalho assalariado. Em 1935, a participação feminina já possuía destaque em alguns espaços, inclusive no magistério, em que já era superior a Nesse contexto, a docência como espaço profissional feminino articula questões culturais sobre o papel da mulher na sociedade desde a época em que esses processos passaram a ser normatizados no Tal atividade poderia ser mais bem desempenhada pelas mulheres por conta da identidade feminina vigente na época e em torno do conceito de "mãe educadora". Apple (2002) apresenta o contrato de trabalho de professores de uma localidade, evidenciando o caráter machista da sociedade estadunidense do início do século XX. Entre outras exigências, para atuar na docência no primário, a moça deveria ser recatada e solteira, não podia frequentar bares nem deixar os tornozelos à mostra. Todas essas faltas eram consideradas graves e poderiam dar margem a demissões. o controle sobre o corpo da mulher e sobre seu modo de viver revela que a desqualificação profissional das docentes nesse nível de ensino possuía um caráter sexista. Paulo Freire. No Brasil, também havia normatizações desse tipo. Paulo Freire (1997) nos alerta sobre as questões de preconceito contra essas docentes, https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 13/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente questionando a desprofissionalização embutida no uso do termo "tia" nas escolas primárias, hábito que se espalhou no Brasil na segunda metade do século XX. Embora o termo também adviesse das culturas afrodescendentes, nas quais as "tias" são as sábias da comunidade, seu uso disseminado reforçou um imaginário sobre qual deveria ser o perfil dessas professoras. Nesse contexto, a gentileza familiar e a maternal emergem como qualidades, desconsiderando-se o necessário preparo profissional para seu exercício. Professoras e estudantes em sala de aula de escola no Rio de Janeiro, fevereiro de 1970. A obra Professora sim, tia não alerta sobre como uma professora é reduzida à condição de "tia". Para ele, ensinar é uma profissão que envolve certa tarefa, certa atuação, certa especificidade no seu cumprimento, enquanto ser tia significa viver uma relação de parentesco. Apesar de o magistério se delinear como uma possibilidade profissional às mulheres desde o início do século XX, os cargos administrativos e de liderança, todavia, continuavam sendo exercidos por homens, como a maioria deles, ainda hoje, é. Com o passar do tempo, essa atividade também ficou financeiramente desinteressante para os homens por conta de sua baixa remuneração. 66 Os homens teriam atribuições que as mulheres não possuíam por serem chefes de família, https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 14/80</p><p>responsáveis pelas obrigações do lar. A mulher professora, não possuindo essas obrigações, poderia receber um salário menor. 1997, p. 63) O perfil do profissional docente para além das hierarquias Docência e autonomia Qual é o "ofício do professor"? Qual é a identidade que se busca no docente? Para o professor Antonio Nóvoa, existe certa dificuldade para se definir isso devido ao fato de o trabalho docente ser licenciado, regulamentado e fiscalizado pelo Estado, o que constitui um importante obstáculo à instituição dessa atividade como uma profissão com identidade profissional própria. Ao oficializar o exercício formal da docência, o Estado atribui ao professor a condição de funcionário (na maioria das vezes, público), privando-lhe de autonomia na regulação de sua profissão. Para Nóvoa (2003, p. 25), essa regulação deveria ocorrer no seio da própria categoria, a exemplo do que acontece com outras classes: 15/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Antonio Nóvoa. 66 Para além da tradicional autonomia da sala de aula, os professores têm de adquirir margens mais alargadas de autonomia na gestão da sua própria profissão e uma ligação mais forte aos atores educativos locais (autarquias, comunidades etc.). (NÓVOA, 2003, p. 5) Nessa discussão, Philippe Perrenoud (2015) busca refletir sobre a ação do docente em um contexto de constantes transformações, apontando algumas competências próprias do ofício de ensinar. Trata-se de faculdades reconhecidas como prioritárias na formação de professores, já que, para ele, são características necessárias ao perfil de todo docente para atuar na educação básica: Organizar e dirigir situações de aprendizagem https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 16/80</p><p>2023, 11:14 Identidade docente Administrar a progressão das aprendizagens Conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho 17/80</p><p>, 11:14 Identidade docente Trabalhar em equipe Participar da administração da escola Informar e envolver os pais Utilizar novas tecnologias 18/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão Administrar a própria formação contínua Chamamos a atenção para o fato de que, na proposta do autor, não há uma hierarquia entre cuidados e ensinamentos, tampouco o privilégio dos chamados conteúdos de ensino sobre os conhecimentos pedagógicos. Trata-se de uma teia de capacidades que envolve conhecimentos disciplinares e não disciplinares, envolvimento e comprometimento com os resultados a serem obtidos, interação com a comunidade escolar interna e externa e capacidade de adaptação às circunstâncias. Apesar de, sem dúvida, ser um perfil idealizado, o relevante dele é o fato de que rompe com as hierarquias estabelecidas entre os supostos perfis docentes. Não só na formação, mas também na atuação docente, o perfil profissional não muda em sentido hierárquico, e sim em função da especificidade dos desafios. o perfil "ideal" de um docente é daquele que se adapta às circunstâncias, aos saberes e às capacidades de seus estudantes e da unidade escolar, aproveitando ao máximo as possibilidades e minimizando as dificuldades interpostas à sua atuação. Como em qualquer outra profissão, nenhum professor tem 100% desse perfil ideal. Por isso, não se pode negligenciar o fato de que a própria possibilidade de enunciação dele, de reconhecimento da importância https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 19/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente dos múltiplos conhecimentos próprios da docência para além dos conteúdos disciplinares e das especificidades pedagógicas e sociais de cada situação, permite reafirmar a profissionalidade da docência e a necessidade de reconhecimento dessa complexa teia de saberes que baliza a sua atuação. Relações de poder e a formação docente Relações de poder marcam qualquer profissão. A profissão docente foi, ao longo do tempo, idealizada. Se quisermos perceber a dinâmica entre as hierarquias e a formação de professores, precisamos discutir e debater as demandas e as sociedades. Para assistir a um vídeo sobre o assunto, acesse a versão online deste conteúdo. -0- https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 20/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A relação entre a escola e seu passado é marcante; por isso, importantes nomes da Educação sugerem alguns cuidados. Sobre a crítica de Paulo Freire, em que a professora não deve ser chamada de "tia", podemos afirmar que: a docência é uma profissão que requer uma A formação permanente, enquanto tia é uma relação de parentesco. é uma tradição familiar o cuidado das crianças, tradição que precisa ser vencida. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 21/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente é fruto de uma estrutura de poder que considera a C tia como a mulher que não pode ter filhos. a criança não pode ser confundida, acreditando que D suas professoras são seus parentes. é um exagero do politicamente correto, e Freire deve E ser criticado por essa visão. Parabéns! A alternativa A está correta. A recusa de Freire de chamar a figura de professora de tia é porque a função de professor(a) traz consigo uma responsabilidade profissional da qual faz parte a exigência política por sua formação permanente. Questão 2 Na perspectiva de António Nóvoa, quando se fala em "regulamentação do trabalho docente", podemos afirmar que: I. Não existe dificuldade devido ao fato de o trabalho docente ser licenciado, regulamentado e fiscalizado pelo Estado. II. A regulamentação pelo Estado impede a instituição da atividade docente como profissão com identidade própria. III. A falta de formação é uma dificuldade, pois todos os cursos de formação de professores são muito fracos e mal frequentados por falta de regulamentação da profissão. Estão corretas: A somente a I. 22/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente somente a II. C somente a III. D somente e II. E somente e III. Parabéns! A alternativa B está correta. Na regulamentação da profissão, o Estado concebe o professor como funcionário, impedindo a autonomia na regulação de sua profissão. 2 - Os modos de reconhecimento do trabalho docente Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os elementos que compõem a docência e os modos de reconhecimento da profissão dos pontos de vista social, financeiro e intelectual. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 23/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Docência e reconhecimento da profissão Um pouco da história da profissão Boa parte dos debates sobre as identidades docentes se inscreve em lutas históricas pelo reconhecimento social, o que se relaciona com a questão financeira e intelectual. o anedotário social está pleno de imagens de um docente como aquele que não pôde fazer outra coisa por não saber o suficiente ou que faz isso como bico ou hobby. Mas esse não é o perfil do docente brasileiro, formado para tal e reconhecido por seus pares (e por muitos) como um profissional importante, socialmente necessário e responsável pela formação das futuras gerações. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 24/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente elo entre Igreja e Estado, com a responsabilidade da primeira sobre a educação, produziu uma docência sacerdotal, já que, em escolas da época, só sacerdotes davam aula. À medida que o ensino se ampliava e a sua universalização era proposta para maior número de pessoas a fim de dar conta da escolarização em massa da população, foi necessária a abertura da docência para leigos, isto é, para pessoas de fora do clero. Mas, sendo o docente leigo ou religioso, a abertura da docência continuava guiada por suas práticas segundo concepções religiosas. 66 Deveriam fazer previamente um juramento de fidelidade aos princípios da Igreja. (KREUTZ, 1986, p. 13) Nos inícios da escolarização em massa, que se manteve com advento da escola moderna, no final do século XIX, aliado à combinação do magistério como https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 25/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente ação na escola estatal e na escola religiosa assistencial, imaginário social permaneceu em torno do fato de a atividade docente ter um aspecto de sacerdócio. Isso não se deu somente no Brasil, que herda essa percepção das origens europeias da lógica dominante. Nasce daí conceito do magistério como vocação, e não necessariamente como uma profissão. A reforma protestante foi um movimento importante para levar as escolas à grande massa dos fiéis, mas o grande impulso para esse movimento se deu com o desenvolvimento social, o processo de industrialização, as mudanças políticas, o advento da modernidade e o ideário liberal que a acompanhou a partir do século XVIII, consolidando- se no século seguinte. Surgia igualmente naquele momento uma concepção liberal de educação. Concepção liberal de educação A concepção liberal atendeu a uma exigência do desenvolvimento da sociedade capitalista, urbana e industrial que demandava, de forma crescente, atendimento educacional elementar para parcelas cada vez maiores da população trabalhadora. 1997, p. 21). Alunos do Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz, em 1913. Mas a separação entre Igreja e Estado, com a prevalência do Estado ainda no século XIX, fez com que nascessem estratégias para construção do docente e de sua identidade como funcionário público, cujas lealdades ao Estado e à moral eram características marcantes. A formação da categoria docente e a construção de sua identidade, ao longo do século XIX, consolidam uma imagem do professor que cruza https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 26/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente referências do magistério ao apostolado e ao sacerdócio com a humildade e a obediência devidas aos funcionários públicos (NÓVOA, 1992, p. 15). A consolidação da construção social da identidade docente, independentemente do momento histórico, foi fruto e sustentáculo da constituição de um sistema público de ensino baseado nos ideais liberais e laicos. Tais ideais eram influenciados pelo capitalismo que, sem abandonar a ideia do sacerdócio, instaurou a profissionalização da atividade docente. 6 Aula da Escola Politécnica regida pelo Padre Antônio Amaral Rosa, em 1960. Para isso, no período republicano, percebeu-se a necessidade de instalação de escolas em todo o território nacional para a qualificação imediata do maior número de professores possível e a enorme tarefa que se desenhava para a nação. A expansão educativa teria de ser acompanhada pela incorporação massiva de trabalhadores. Foi a partir da República que a necessidade de criação de um corpo docente em nível nacional foi percebida. Brasil, de certa forma, demora para pensar nesse investimento. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 27/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Sala de aula em São Raimundo Nonato, no Piauí, em maio de 1912. Atualmente, mesmo após mais de um século das mudanças na esfera do Estado que trazem a secundarização da Igreja e a caridade envolvida nos processos educativos por ela liderados, o ideário permanece. Não faltam notícias, depoimentos e discussões que levam em consideração a percepção do perfil da docência como vocação. Muitos autores e estudiosos acreditam que é dessa percepção que advêm os baixos salários geralmente pagos aos professores e algumas das representações demeritórias (GARCIA, 2013) sobre o ofício docente, levando ao não reconhecimento e à precarização da profissão. Nas últimas décadas, percebeu-se, no país, um esforço concentrado na área educacional, tendo como horizonte os desafios postos por demandas e necessidades de ordem social, econômica e cultural no contexto da defesa e da valorização dos direitos humanos, em geral, e do direito à educação, em particular. No setor educacional, procurou-se: Reorganizar aspectos do financiamento da educação Aumentar os anos de escolaridade do alunado 28/80</p><p>12/2023, 11:14 Identidade docente Orientar os currículos da educação básica Ampliar as oportunidades no ensino superior Formar docentes por diversos meios Exigir nível superior para professores dos ps://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 29/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente anos iniciais do ensino fundamental Desenvolver programas de formação continuada Melhorar os livros didáticos e sua distribuição Orientar a elaboração de planos de carreira docente 30/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Instituir o piso salarial nacional para professores Valorização docente Contexto social e valorização docente Para a consolidação de uma categoria profissionalizada, o primeiro passo é delinear o grupo, a categoria docente. A Lei n°11.738/2008 define que os profissionais do magistério, tanto do setor público quanto do privado, são os que, com a formação mínima determinada por lei, desempenham as atividades de docência ou de suporte pedagógico (direção, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação) nas unidades escolares de educação básica. Concretamente, vem desde o período após a Constituição de 1988 a marca das lutas pelo reconhecimento social do magistério em sua dimensão política. Conforme assinala Ângela Paiva, o reconhecimento dessa luta faz compreender que a valorização docente "pode ser interpretada como sinônimo da história das demandas por inclusão na esfera pública das sociedades ocidentais", momento novo em que "vários segmentos da sociedade, antes invisíveis na organização sociopolítica, passaram a demandar seus direitos, ou seja, seu reconhecimento a partir da formação de identidades específicas" (PAIVA, 2006, p. 11). 31/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente A promulgação da Constituição de 1988. A educação, consagrada na Constituição Federal como direito inalienável das pessoas, encontra-se na busca de não só assegurar o acesso e a permanência dos sujeitos do direito à educação, mas também uma melhor qualidade de ensino para todos. E isso exige melhores condições de trabalho para o corpo docente, visando ao seu reconhecimento e à consolidação como categoria profissional. As mudanças advindas com a Constituição Federal (CF) de 1988 passam igualmente pela educação dentro desse contexto mais amplo. Ou seja, a Constituição reconheceu, na educação formal, uma importante função transformadora da sociedade. Transformações que se relacionam com a formação cidadã, um desafio colocado às escolas pela CF/1988 e pela LDB n° 9.394/96. Para isso, entende-se que a preparação das escolas para a função exige a formação de seus professores, e isso requer o reconhecimento 32/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente profissional em diversos níveis: o da formação profissional, o da remuneração e o do reconhecimento do caráter intelectual do fazer docente. papel do educador escolar implica não só domínio de conhecimentos disciplinares e metodologias de ensino, como também a compreensão do: Desenvolvimento cognitivo Desenvolvimento afetivo Desenvolvimento social Porque é assim que o educador se torna capaz de mediar o desenvolvimento dos alunos e suas capacidades de lidar com diferenças, respeitando-as, tais como a heterogeneidade dos alunos quanto a estágios de desenvolvimento, vínculos familiares, religiosos, condições econômicas e pertença cultural, entre outros. Resumindo Sendo a escola o lócus preferencial de formação necessária à vida social pública, com base no trabalho cotidiano dos educadores, é necessário que tal formação funcione em boas condições a fim de que, com isso, possa oferecer possibilidades reais para que seus profissionais, se sentindo capacitados e reconhecidos do ponto de vista social, se dediquem à formação das novas gerações conforme a perspectiva democrática definida pela Constituição Federal e na direção de uma formação intelectual, cidadã e profissional. Políticas de valorização docente passam a fazer parte da luta sistemática pelo reconhecimento desses profissionais. Propostas de planos de carreira que remunerem docentes, valorizando níveis mais elevados de formação e/ou tempo de dedicação à carreira, são elaborados nos diferentes estados e redesenhados na esfera federal. Mesmo na iniciativa privada, movimentos nesse sentido, a partir dos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 33/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente sindicatos e das organizações de docentes, passam a habitar o cenário político brasileiro. Debates sobre a relação: qualidade e remuneração Remuneração e qualidade da educação A Lei n° 11.738/2008 fixou, nos termos do art. 62 da LDB, o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica como algo em torno de R$950,00 para a formação em nível médio, na modalidade normal. Com base nos estudos técnicos dessa lei, o MEC estipulou em 2022 o reajuste previsto na lei de 2008, ajustando para R$3.845,63 o salário dos professores da educação básica. Os critérios para essa remuneração pautam-se nos preceitos da própria Lei n° 11.738/2008 e no art. 22 da Lei n° 11.494/2007, que dispõe sobre a parcela da verba do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (FUNDEB) destinada ao pagamento dos profissionais do magistério. Eles também se no art. 69 da Lei n° 9.394/1996, que define os percentuais mínimos de investimento dos entes federados na educação. valor acima pode impressionar, considerando os baixos salários pagos aos docentes no país, mas, comparado aos de outros países, permanece muito aquém do desejado. Não é um salário adequado se considerarmos tudo que se espera de um educador, incluindo o fato de que a formação continuada é parte de seu cotidiano. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 34/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Esse problema salarial docente se associa à discussão sobre a qualidade da educação e a atratividade da carreira e permanência nela, formando uma rede da qual não se poderemos escapar se entramos nesse debate. Com frequência cada vez maior, profissionais qualificados deixam as escolas para atuar em carreiras em que são mais respeitados e podem receber maior remuneração, como no nível superior ou em formações pontuais para concursos e provas. 66 Seria necessário mudar radicalmente o padrão de remuneração dos professores para viabilizar uma melhor qualificação geral dos profissionais docentes, garantindo, financeiramente, a possibilidade de aproveitamento de oportunidades pessoais para seu aperfeiçoamento contínuo. (PINTO, 2009, p. 61) Um estudo desenvolvido por Alves e Pinto (2011) desdobra microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2009) e confirma o já sabido sobre a remuneração insatisfatória de professores na comparação com a de outros ramos profissionais. Sala de aula em Ilheus, Bahia, 2012. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 35/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente No estudo citado, verifica-se ainda que, em 24 estados, a remuneração média dos docentes com formação em nível superior e que trabalham em tempo integral está abaixo daquilo que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima como o salário-mínimo necessário ao trabalhador brasileiro e, sobretudo, abaixo do piso nacional estabelecido para a categoria. Comentário Brasil vive em um círculo vicioso de baixa remuneração docente, dificuldades e não incentivo a investimentos na própria formação por parte dos profissionais por conta da falta de atratividade da carreira. A ruptura precisaria ter início em políticas salariais e sociais de valorização e mais e melhores possibilidades de formação, conferindo mais atratividade a essa carreira. Planos de carreira para professores Docência e plano de carreira Conselho Nacional de Educação (CNE), após consultas variadas e discussões em vários fóruns e audiências, aprovou a Resolução CNE/CEB n° 2/2009, a qual, em conjunto com o Parecer CNE/CEB n° 9/2009 (que embasa essa resolução), constitui uma nova orientação quanto aos planos de carreira e remuneração do magistério da educação básica pública. A referida resolução fixa as Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública. De acordo com essa resolução, as esferas da Administração Pública que oferecem alguma etapa da educação básica em quaisquer de suas modalidades devem instituir planos de carreira para todos os seus profissionais do magistério e eventualmente aos demais profissionais da Educação. Como tal, devemos ter em mente o reconhecimento da educação básica pública e gratuita como direito de todos e dever do Estado, que deve provê-la de acordo com o padrão de qualidade estabelecido na Lei n° 9.394/1996, sob os princípios da gestão democrática, de conteúdos que 36/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente valorizem o trabalho, a diversidade cultural e a prática social por meio de financiamento público que leve em consideração o custo-aluno necessário para alcançar a educação de qualidade. Esse padrão é garantido em regime de cooperação entre os entes federados com responsabilidade supletiva da União. Para tal, é estabelecida uma remuneração "condigna para todos" e, no caso dos profissionais do magistério, com vencimentos ou salários iniciais nunca inferiores aos valores correspondentes ao Piso Salarial Profissional Nacional nos termos da Lei 11.738/2008. É proposta uma jornada de trabalho preferencialmente em tempo integral de, no máximo, 40 horas semanais, incluindo a ampliação da parte da jornada destinada às: Atividades de preparação de aulas Avaliação da produção dos alunos Reuniões escolares https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 37/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Contatos com a comunidade Formação continuada Ficam assegurados, no mínimo, os percentuais da jornada que já vêm sendo destinados para tais finalidades pelos diferentes sistemas de ensino de acordo com os respectivos projetos político-pedagógicos. Com isso, espera-se mais participação dos profissionais no planejamento, na execução e na avaliação do projeto político- pedagógico do local em que atuam. A Resolução CEB/CNE n° 2/2009 complementou tal diretriz com essa determinação, orientando com princípios e aspectos a serem observados nesses planos. Ela caminha para uma articulação entre as diferentes políticas de ação do MEC (Lei do Fundeb e Lei do Piso Salarial de Professores) e os distintos entes federados. A resolução do CNE não tem o caráter de lei, mas expressa uma perspectiva norteadora, cobrindo aspectos importantes para a constituição de processos educacionais escolares dos quais os profissionais do magistério são peças-chave. Espera-se com isso o reconhecimento da importância da carreira dos profissionais da educação, criando perspectivas de se chegar à equiparação salarial desses profissionais a outros com as mesmas exigências formativas iniciais e padrões de responsabilidade semelhantes. Vários dos princípios contemplados no art. da Resolução CNE/CEB n° 2/2009 focalizam a necessidade da formação continuada dos profissionais, com a ressalva de que não se firam os interesses da aprendizagem dos educandos. Licenças sabáticas para formação são recomendadas, mas contêm regras claras. Disso deve decorrer a constituição de incentivos de progressão na carreira por qualificação do trabalho profissional, a qual, entre outros referenciais, agrega a avaliação de desempenho do profissional do magistério e do sistema de ensino. 38/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Quanto à avaliação de desempenho profissional, a resolução destaca o fator objetividade, havendo a recomendação da enunciação, nos planos, de requisitos que possibilitem a análise de indicadores qualitativos e quantitativos com transparência e segundo os princípios da participação democrática dos próprios profissionais na organização do processo de avaliação, assim como a abrangência de todas as áreas de atuação da rede escolar na avaliação. processo avaliativo também deve ser especificado para o estágio probatório dos profissionais com a participação deles. Essa proposta, se devidamente aplicada, levaria à maior atratividade da carreira e à consequente melhoria dos profissionais - e, com isso, à melhora da própria educação. Caracterizando a profissão docente o que estabelece a Lei n° 11.738/2008 para a carreira docente? Em que o trabalho docente se difere das demais categorias de trabalhadores? Os professores têm direito a ter um plano de carreira, ou isso é algo que varia de instituição para instituição? No vídeo abaixo, vamos esclarecer essas e outras dúvidas sobre a carreira docente. 39/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Para assistir a um vídeo sobre assunto, acesse a versão online deste conteúdo.</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 o professor é uma figura especial. Essa frase pode ter muitas interpretações e algumas bem complexas. Em que o trabalho docente se difere das demais categorias de trabalhadores? I - - A atividade docente se caracteriza por um trabalho igual aos outros, pois toda profissão envolve um alto grau de subjetividade sobre o qual não se tem uma medida possível. - o educador deve não somente dominar conhecimentos disciplinares e metodologias de ensino, como também compreender o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das crianças e jovens. III - Uma competência que muitas vezes é reduzida, embora seja fundamental é a capacidade de lidar com a igualdade, considerando a homogeneidade dos alunos em seus diversos aspectos. Estão corretas as afirmativas: A Apenas e II. B Apenas e III. C Apenas e III. D Apenas a afirmativa II. 41/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente E Apenas a afirmativa I. Parabéns! A alternativa D está correta. A atividade docente é um trabalho que se diferencia em virtude de sua relação com a subjetividade, que é um aspecto imensurável. Além disso, o professor deve considerar que atua com uma diversidade de alunos. Por isso, ele precisa respeitar as diferenças e ser capaz de atuar com elas. Por fim, o papel docente envolve conhecimentos sobre a disciplina e os métodos de ensino, bem como sobre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social de seus alunos. Questão 2 A história da profissão é um fator complexo, embora seja fundamental para notar o valor que a carreira passa a ter. Nesse contexto, indique uma característica importante do processo de formação docente no Brasil. A vinculação histórica entre o ensino religioso e as A formas de educação, o que ainda marca a imagem do professor. A concentração de ações do Estado para organizar B a educação e consolidar o magistério como uma carreira centralmente pública. A fragilização do professor no capitalismo como C base para o debate sobre remuneração e carreira, afastando a relação histórica com o sacerdócio. Planos de carreira como inovação que cria a lógica D de um piso nacional e uma carreira única para todos os docentes no país. 42/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente A forte influência da Igreja, que originou a percepção E do perfil da docência como profissão em vez de vocação. Parabéns! A alternativa A está correta. A história cria uma relação do docente como um sujeito de afeição moral, com um compromisso que se aproxima ao sacerdócio, mas isso, apesar de ser presente, precisa ser revisto e retrabalhado. A profissionalização, a introdução de elementos relativos à carreira e o reconhecimento de valor são traços fundamentais. REVOLUÇÃO 3 - Proletarização e desprofissionalização da docência Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as questões que envolvem a proletarização e a desprofissionalização da docência na atualidade. A proletarização docente 43/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Docência e a cultura de massa Quando se fala em proletarização docente e em desprofissionalização da profissão, não é segredo que a cultura de massa ou a estrutura de uma sociedade massificada busca uma padronização robótica em que todos devem ser iguais. No entanto, a sociedade é composta de indivíduos, cada um com suas características e singularidades, mesmo que, formal e até politicamente, nós, como seres humanos, sejamos todos iguais. Nesse contexto, prevê-se uma igualdade de aptidões e de possibilidades virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômico pela lei. Por meio desse princípio, são vedadas as diferenciações arbitrárias. Sua finalidade é limitar a atuação de legisladores e intérpretes ou autoridades públicas, assegurando as bases de compreensão do que a lei expressa. Em relação a salários, por exemplo, seria correto legalmente que mulheres e homens recebessem o mesmo valor para o exercício de funções iguais, mas, mesmo que isso seja praticado no campo da docência, sobretudo na esfera pública, é uma isonomia de salários baixos. No Brasil, a carreira profissional de nível superior com a remuneração mais baixa é a de professores. 44/80</p><p>12/2023, 11:14 Identidade docente BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR Lamentavelmente, os sintomas de proletarização e desprofissionalização da docência não estão restritos a questões salariais. Vivemos em um cenário de proletarização vinculado ao fato de que políticas recentes buscam retirar do docente o controle de seu processo de trabalho. A BNCC, por exemplo, tal como organizada em sua homologação de 2016, impõe ao docente conteúdos e modos de ensinar, regulando e controlando a prática em sala de aula. As políticas educacionais neoliberais também contribuem para o processo de proletarização docente. o professor se torna um executor ocupado com questões burocráticas, impelido a atuar para os processos de avaliação em uma lógica de mercado, como veremos adiante. Pode-se afirmar ainda que a proletarização docente está relacionada ao processo de empobrecimento econômico da categoria, sobretudo dos professores da educação básica. Aquilo que, em um primeiro momento, podia ser considerado parte de um processo emancipatório da mulher, hoje aparece como argumento para a desvalorização salarial da categoria. 45/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Aula do ensino fundamental em uma escola pública de Vitoria da Conquista, Bahia, em outubro de 2011. Docentes mulheres, que compõem a maioria absoluta na educação infantil e na primeira etapa do ensino fundamental, são fortemente desqualificadas. Além de desprofissionalizadas, elas são proletarizadas, recebendo baixos salários e sendo instadas a não assumir o protagonismo de seu Além disso, a precarização também está relacionada ao próprio modo de contratação do docente, contratado muitas vezes por meio de contratos temporários e remunerações sem direitos trabalhistas, tornando essa mão de obra ainda mais barata. Políticas públicas e exames nacionais Avaliações e exames nacionais De cunho neoliberal, as atuais políticas públicas educacionais ancoram- se nas seguintes ações: Sistematizar avaliações em larga escala 46/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente Padronizar os currículos Controlar a forma como os professores devem lecionar As políticas públicas atuais de educação, desde o início dos anos 1990, se baseiam em avaliações, como: Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) Em 1990, surge um conjunto de avaliações composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) e pela Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), também conhecidas como Prova saeb Sistema de Avaliação da Educação Básica Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) Em 1998, o ENEM é criado para avaliar o desempenho dos alunos ao término da educação básica. Em 2009, o exame passa a ser utilizado como um https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 47/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente mecanismo de acesso à educação superior. enem Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) Em 2013, é instituída a ANA, que acontece em duas etapas, uma no início e a outra no término do ano letivo. Essa avaliação também é conhecida como a Provinha Brasil. ANA AVALIAÇÃO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO Oliveira aponta o cenário dos anos 1990, que tornou essas políticas possíveis. Segundo ela, as reformas do período "foram implementadas em um período de relativa estabilização da luta político-sindical, marcado por fraca mobilização de base e burocratização das direções sindicais" (OLIVEIRA, 2010, p. 31). Já Hypólito (1997) entende que o "Estado quer do professor o controle de suas localidades, mas não deseja que ele perca aquelas características de dedicação, de empenho e honra" 1997, p. 25). 66 Os docentes vão buscar a nova situação de trabalho-assalariamento e formação pelo Estado - até mesmo porque ficará cada vez mais 48/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente difícil realizar seu ofício de ensinar sendo um trabalhador pois o sistema escolar a partir daí vai se complexificando e exigindo profissionalização. (HYPOLITO, 1997, p. 25, destaque do autor) Uma das características dessas políticas é a responsabilização imediata dos professores pelos resultados obtidos pelos estudantes, desconsiderando-se as condições de trabalho e formação - e até mesmo as especificidades dos estudantes e das escolas. E 17 ene 20 24 enem E CAPA DO SEU CADERNO usual, as doce apro uma 66 Os professores são, em geral, considerados os principais responsáveis pelo desempenho dos alunos, da escola e do sistema, no contexto atual de reformas educacionais e de uma nova regulação educativa. Diante das variadas funções que a escola pública assume, os professores encontram-se frequentemente diante da necessidade de responder 49/80</p><p>13/12/2023, 11:14 Identidade docente às 11991 exigências que estão para além de sua formação. (OLIVEIRA, 2006, p. 212) Essas avaliações oficiais têm como objetivo avaliar e classificar escolas, estudantes e docentes, supostamente avaliando e medindo o nível de qualidade da educação brasileira. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é o indicador usado para a referida medição. Além disso, há o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), do qual o Brasil faz parte. Somam-se a esse panorama outros programas que estados e municípios adotam concomitantemente. ideb Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03219/index.html# 50/80</p>

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