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<p>Ética Geral, Legislação</p><p>e Ética Profissional</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof.ª Me. Kátia Maria Ranzani</p><p>Revisão Técnica:</p><p>Prof. Dr. Reinaldo Zychan</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Me. Alessandra Fabiana Cavalcanti</p><p>As Relações com o Cliente, Honorários e Publicidade</p><p>As Relações com o Cliente,</p><p>Honorários e Publicidade</p><p>• Aplicar no exercício profissional os preceitos éticos para a adequada relação profissional na</p><p>prestação de serviços jurídicos, respeitando os preceitos exigidos para a cobrança de hono-</p><p>rários e a divulgação da atividade profissional.</p><p>OBJETIVO DE APRENDIZADO</p><p>• Introdução;</p><p>• Das Relações com o Cliente;</p><p>• Dos Honorários;</p><p>• Da Publicidade.</p><p>UNIDADE As Relações com o Cliente, Honorários e Publicidade</p><p>Introdução</p><p>Como vimos em outra Unidade, o advogado é essencialmente um profissional</p><p>liberal autônomo. É um prestador de serviço e como tal mantém constante relação</p><p>com os clientes, as autoridades e as instituições jurídicas. É importante lembrar que</p><p>o advogado, mesmo após ser contratado pelo cliente ou pelo empregador, sempre</p><p>manterá sua independência e liberdade profissional. Assim, há particularidades que</p><p>distinguem o advogado dos demais prestadores de serviço.</p><p>Durante sua atuação profissional, o advogado possui deveres e direitos que preci-</p><p>sam ser observados para que se estabeleça a boa relação com o cliente. Essas regras</p><p>de conduta estão descritas na Resolução no. 02/2015, isto é, no Código de Ética e</p><p>Disciplina da OAB, a partir do artigo nove.</p><p>Como prestador de serviço, o causídico possui deveres que, quando não cumpridos,</p><p>podem ensejar a responsabilidade profissional e o consequente dever de indenizar o</p><p>dano. Por certo, ganhar um processo não é obrigação do advogado, porque sua ativi-</p><p>dade é meio e não fim. Isto quer dizer que, de regra, o advogado não responde pelo</p><p>resultado da demanda, mas pode ser responsabilizado por imperícia profissional que</p><p>implique prejuízo ao seu contratante. Decorre daí a importância do conhecimento das</p><p>regras legais que pontuam o comportamento profissional na relação com o cliente.</p><p>Causídico: advogado;</p><p>Pro bono: pelo bem público, advocacia gratuita.</p><p>Os honorários profissionais constituem a remuneração devida ao advogado, que,</p><p>de acordo com a legislação, possui natureza alimentar. Dessa forma, é através do</p><p>recebimento dos honorários que o advogado fará sua própria manutenção e promo-</p><p>verá a sua subsistência. Ocorre que a remuneração devida não se restringe aos hono-</p><p>rários de sucumbência, assim entendido como aqueles fixados ao final da demanda,</p><p>de regra pela autoridade competente. Há os honorários contratuais, chamados con-</p><p>vencionais, e, até mesmo, aqueles que podem ser devidos apenas na estrita hipótese</p><p>de o advogado “ganhar” a causa, o que se denomina contratação quota litis. Além</p><p>disso, é importante saber se a advocacia pro bono é ou não permitida e os critérios</p><p>que devem ser usados para a fixação e a cobrança dos honorários.</p><p>A publicidade na advocacia é outro assunto importante, pois existe limitação para a pro-</p><p>paganda dos serviços profissionais oferecidos, tudo descrito a partir do artigo 39 do CED.</p><p>Das Relações com o Cliente</p><p>Para começarmos, é essencial saber que a relação entre advogado e cliente se funda</p><p>na confiança, atributo imprescindível para que haja um bom convívio entre o contra-</p><p>tado (advogado) e o contratante (Cliente). Tal confiança deve existir antes, durante e</p><p>após a contratação dos serviços. Conforme está escrito no artigo 10 da Resolução no.</p><p>02/2015, a relação entre advogado e cliente se funda em confiança recíproca, assim</p><p>8</p><p>9</p><p>entendido, como atributo presente entre as duas partes. O conhecido Princípio da Con-</p><p>fiança Recíproca pressupõe pessoalidade na relação entre patrono e patrocinado em</p><p>relação individualmente estabelecida e direcionada à solução de controvérsia específica.</p><p>Por consequência disso, não é permitido ao advogado a prestação de assessoria jurídica</p><p>on line, porque é impessoal comprometendo a confiança que deve existir entre as par-</p><p>tes, nem tampouco prestar consulta on-line.</p><p>A pratica da assessoria on-line é vedada por ensejar mercantilização da profissão</p><p>e captação de clientela, quebra da confiança e da pessoalidade que deve existir na re-</p><p>lação de prestação de serviço. Nesse sentido, foi editado o Enunciado E-4.637/2016</p><p>pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB.</p><p>A assessoria on-line se mostra incompatível com tais preceitos éticos,</p><p>dado que exacerba ao grau máximo a impessoalidade da relação entre</p><p>cliente e advogado, comprometendo a confiança que deve existir entre</p><p>ambos e, consequentemente, pondo em risco o próprio dever de sigilo</p><p>quanto a confidências e informações apostas em ambiente não seguro,</p><p>de impossível controle.</p><p>Leia na íntegra o E-4.637/2016. Disponível em: https://bit.ly/32VFmZz</p><p>O primeiro contato com o cliente deve ser sempre pessoal, admitido que os con-</p><p>tatos posteriores sejam feitos por e-mail, WhatsApp, ou qualquer outro meio virtual.</p><p>Assim entende o Tribunal de Ética, no Ementário 2017 (E-4.874/2017).</p><p>Ementário: coletânea de ementas.</p><p>Ementa: destaca pontos essenciais de determinado assunto.</p><p>A confiança é a base que sustenta o sigilo profissional, outra obrigação imposta pelo</p><p>Código de Ética. Na hipótese de quebra da confiança, o advogado deve renunciar ao</p><p>mandato, substabelecendo ao outro o encargo de defesa do cliente. Assim está descrito</p><p>no artigo 35 do CED que trata do sigilo profissional, que deve prevalecer independen-</p><p>te de solicitação feita ou não pelo cliente. A exceção ocorre apenas em caso de justa</p><p>causa, assim entendido diante de hipótese de grave ameaça ao direito à vida e à honra</p><p>do próprio advogado. Nesse caso, o advogado pode promover a quebra do sigilo pro-</p><p>fissional; mas apenas nos estritos limites necessários à sua própria preservação.</p><p>E – 5.166/2019 – SIGILO PROFISSIONAL – TESTEMUNHO EM</p><p>JUÍZO CONTRA EX-CLIENTE – IMPEDIMENTOS ÉTICOS.</p><p>O advogado deve guardar sigilo, mesmo em depoimento judicial, sobre o</p><p>que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe recusar-se a depor como</p><p>testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre</p><p>fato relacionado com pessoa de quem seja ou tenha sido advogado,</p><p>mesmo que autorizado ou solicitado pelo constituinte (artigo 26º do CED).</p><p>Precedentes: E-1.169; E-1.431; E-1.797; E-1.965; E-2.070; E-2.345; E-2.499;</p><p>E-2.531; E-2.846; E-2.969; E-3.846 e E-4.037. Proc. E-5.166/2019 –</p><p>9</p><p>UNIDADE As Relações com o Cliente, Honorários e Publicidade</p><p>v.u., em 27/03/2019, do parecer e ementa da Rel. Dra. RENATA</p><p>MANGUEIRA DE SOUZA, Rev. Dr. DÉCIO MILNITZKY – Presidente</p><p>Dr. GUILHERME MARTINS MALUFE.</p><p>“É prerrogativa do advogado se recursar a depor em processo ou em pro-</p><p>cedimento judicial, administrativo ou arbitral, sobre fatos a cujo respeito</p><p>deva guardar sigilo profissional, conforme preceitua o artigo 7º, XIX, do</p><p>EOAB, combinado com artigo 38 do CED”. (LENZA, 2019, p. 831)</p><p>O dever de sigilo profissional existe, inclusive, quando o advogado trabalha como</p><p>mediador, conciliar ou arbitro (art. 36, § 2º CED).</p><p>O dever de sigilo profissional permanece por tempo indeterminado, mesmo findo o</p><p>mandato ou o processo judicial.</p><p>Não se esqueça, a confiança é como uma borracha... fica menor a cada erro cometido.</p><p>O exercício profissional pressupõe a outorga do Mandato, instrumento através do</p><p>qual são conferidos ao advogado os poderes gerais ou específicos para a representação</p><p>do cliente. A partir da outorga da procuração, sempre escrita e obedecida as formali-</p><p>dades legais, o advogado se torna o patrono da causa, devendo promover a orientação</p><p>e as atitudes técnicas mais aconselháveis à resolução do problema, sem precisar se</p><p>subordinar às intenções do cliente. Prevalece a orientação técnica profissional que deve</p><p>ser esclarecida ao cliente. Nesse sentido, surge o dever de informação decorrente dos</p><p>artigos 9 e 12 do CED. Explicar ao cliente a estratégia de defesa adotada esclarecendo-</p><p>-lhe os riscos da demanda de forma clara e inequívoca é essencial para</p><p>que se cum-</p><p>pram os preceitos éticos exigidos e se mantenha uma boa relação com o contratante.</p><p>O trabalho do advogado presume-se concluído ao final do processo, com o seu arqui-</p><p>vamento, ou com a desistência da causa ou a extinção do mandato, oportunidade em</p><p>que o advogado deve devolver ao cliente todos os seus documentos e prestar-lhe contas</p><p>pormenorizadamente, resguardado o direito de recebimento dos honorários contrata-</p><p>dos pelo serviço executado. Teoricamente, e consoante interpretação do artigo 43 do</p><p>EOAB, o prazo para a prescrição da pretensão punitiva disciplinar ao advogado é de</p><p>cinco anos, por isso, por dedução pode-se afirmar que a prestação de contas pode ser</p><p>exigida pelo cliente dentro desse prazo (5 anos).</p><p>Art 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve</p><p>em cinco anos, contados da data da constatação oficial do fato.</p><p>A falta de prestação de contas enseja devolução dos valores ao cliente.</p><p>E-4.357/2014: EXERCÍCIO PROFISSIONAL – PRESTAÇÃO DE</p><p>CONTAS – QUANTIAS RECEBIDAS – PRESTAÇÃO DE CONTAS</p><p>DOS SERVIÇOS CONTRATADOS – OBRIGAÇÃO ÉTICA DE COM-</p><p>PROVAR O PAGAMENTO DE TODAS AS QUANTIAS RECEBIDAS</p><p>E DESPENDIDAS – DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS SEM</p><p>A DEVIDA PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS SERVIÇOS CONTRA-</p><p>TADOS E DEVOLUÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO RECEBIDA.</p><p>10</p><p>11</p><p>Deve o advogado, em obediência ao artigo 9º do Código de Ética e Discipli-</p><p>na, prestar contas ao cliente, com pormenorizada demonstração de todas as</p><p>quantias recebidas, nos autos ou extrajudicialmente, bem como apresentar</p><p>contas de todas as despesas efetuadas com comprovantes ou sem compro-</p><p>vantes, desde que lícitas, devolvendo, ainda, toda a documentação recebi-</p><p>da. No caso de recebimento de honorários advocatícios antecipados e não</p><p>tendo havido prestação de contas dos serviços contratados por escrito ou</p><p>verbalmente, deve igualmente fazer a prestação de contas e providenciar a</p><p>devolução de toda a documentação a teor do disposto no Provimento 70/89</p><p>do Conselho Federal da OAB, pena de infringir o artigo 34, XXI do EOAB.</p><p>Proc. E-4.357/2014 – v.u., em 20/03/2014, do parecer e ementa do</p><p>Rel. Dr. JOÃO LUIZ LOPES – Rev. Dra. BEATRIZ M. A. CAMARGO</p><p>KESTENER – Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA.</p><p>Leia na íntegra o E-4.357/2014, disponível em: https://bit.ly/2G4G11Q</p><p>Importante!</p><p>A apropriação indébita de valores por advogado é crime passível de apuração na seara cri-</p><p>minal, além de constituir grave infração disciplinar e também ensejar obrigação de devolu-</p><p>ção de valores, conforme reiterado pronunciamento do Tribunal de Ética de Santa Catarina:</p><p>Processo de Representação nº 1363/2017. Repte: E. L. Repdo: J. M. R. S. Relatora: Te-</p><p>rezinha Elisabete Padilha. Acórdão nº 407/2019. Ementa: “Processo ético disciplinar.</p><p>Apropriação indevida de valores de indenização pertencentes ao constituinte, recebidos</p><p>através de alvarás judiciais. Ausência de prestação de contas. Confissão do representado,</p><p>corroborado por robustas provas materiais. Tipificação artigo 34, XX e XXI do EA0AB.</p><p>Sanção de suspensão pelo prazo de 60 (sessenta) dias ou até a efetiva prestação de con-</p><p>tas e a devolução integral dos valores apropriados indevidamente, corrigidos moneta-</p><p>riamente, com base no artigo 37, inciso I e § 2°, do EAOAB”. Vistos, relatados e discutidos</p><p>os presentes autos, ACORDAM os Membros da 2ª Turma do Tribunal de Ética e Disciplina,</p><p>por unanimidades, julgar procedente a representação, nos termos do voto da Relatora.</p><p>Joinville, 06 de dezembro de 2019. Celso Correia Zimath, Presidente. Terezinha Elisabete</p><p>Padilha, Relatora.</p><p>Tribunal de Ética e Disciplina – Ementários. Disponível em: https://bit.ly/3hVz14N</p><p>Em caso de renúncia ou de substabelecimento do mandato, o advogado não é</p><p>obrigado a declinar os motivos para a prática do ato, aliás, deve abster-se de indicar</p><p>as causas da renúncia do mandato, entretanto, responde profissionalmente pelos</p><p>próximos 10 dias após o ato. Conforme § 3º do artigo 4º do EOAB: “O advogado</p><p>que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à notificação da</p><p>renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse</p><p>prazo”. Nos termos do Regulamento Geral da Advocacia, artigo 6, o advogado deve</p><p>notificar o seu cliente, por escrito, da renúncia ou do substabelecimento sem reserva</p><p>de poderes, do mandato e, após isso, avisar o Juízo.</p><p>11</p><p>UNIDADE As Relações com o Cliente, Honorários e Publicidade</p><p>O advogado não deve aceitar procuração de quem já tem procurador constituído.</p><p>O correto é exigir que o pretenso cliente lhe apresente, previamente, o substabeleci-</p><p>mento, a renúncia ou a revogação do mandato feita ao seu atual patrono. Também é</p><p>vedado ao advogado contatar diretamente com pessoa a qual já possua advogado que a</p><p>represente. Assim, entendimentos sobre o processo ou sobre eventuais acordos e enta-</p><p>bulações devem envolver advogados com advogados, clientes com clientes diretamente.</p><p>Você Sabia?</p><p>Que os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter</p><p>permanente para cooperação recíproca, não podem representar, em juízo ou fora dele,</p><p>clientes com interesses opostos? (art. 19 CED)</p><p>Importante!</p><p>O advogado deve guardar o lapso de tempo de pelo menos dois anos, contados da con-</p><p>clusão do mandato, para advogar contra ex-cliente!</p><p>O princípio da não mercantilização impede que o advogado ofereça seus serviços</p><p>ostensivamente, como normalmente fazem os profissionais prestadores de serviço</p><p>em geral. “A mercantilização consiste em tratar a advocacia como se fosse mercado-</p><p>ria. O advogado não pode incitar o cliente a demandar, mas este, necessitando dos</p><p>serviços do advogado, que deve procurá-lo” (MAIN, 2018, p. 104).</p><p>Dos Honorários</p><p>De acordo com o artigo 22 do EOAB, os honorários são a remuneração devida e</p><p>de direito pelo serviço prestado. Essa remuneração pode ser ajustada contratualmente,</p><p>o que se denomina honorários contratuais, arbitrada ou fixada pelo Juiz da causa, os</p><p>chamados honorários de sucumbência, ou ainda, podem ser ajustados quota litis,</p><p>apenas devidos com o êxito da demanda mediante contrato escrito com o cliente e no</p><p>qual conste a cláusula da remuneração por conta e risco do patrono da causa.</p><p>Os honorários contratuais são aqueles combinados entre o cliente e o advogado</p><p>via contrato escrito. Tal instrumento não requer forma especial, sendo considerado</p><p>sinalagmático, não solene e oneroso. As cláusulas devem, além de qualificar as par-</p><p>tes, indicar com precisão o objeto combinado (serviço a ser executado) e a remunera-</p><p>ção devida. Importante dizer quem arcará com as custas processuais, isto é, se serão</p><p>adiantadas pelo advogado e depois ressarcidas ou imediatamente pagas pelo cliente.</p><p>Despesas de deslocamento para viagens, incidentes processuais abrangidos ou não</p><p>no trabalho, forma de pagamento além de outros aspectos.</p><p>“Se no contrato não foi estipulado de que forma os honorários deveriam</p><p>ser pagos, a lei prevê que eles serão devidos em três partes, ou seja, 1/3</p><p>no início, 1/3 até a decisão de primeira instância e o último 1/3 no final”.</p><p>(LENZA, 2019, p. 831)</p><p>12</p><p>13</p><p>Sinalagmático: bilateral, que envolve duas partes.</p><p>O contrato de honorários é título executivo extrajudicial, conferindo ao advogado</p><p>o direito de demandar o cliente em caso de não pagamento. Nessa situação, deve o</p><p>causídico renunciar ao mandato para poder cobrar o cliente judicialmente. Os hono-</p><p>rários são reconhecidos como verba alimentar, possuindo prerrogativas processuais</p><p>importantes, como por exemplo, dar ao advogado o direito de requerer penhora dos</p><p>vencimentos do cliente, bem de família, etc.</p><p>Um dos preceitos gerais para a fixação de honorários é que eles não sejam exor-</p><p>bitantes. Por isso, é aconselhável a fixação com moderação, observados alguns pa-</p><p>râmetros indicados no artigo 42 do CED.</p><p>I – a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das</p><p>questões versadas;</p><p>II – o trabalho e o tempo a ser empregados;</p><p>III – a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros</p><p>casos, ou de se</p><p>desavir com outros clientes ou terceiros;</p><p>IV – o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para</p><p>este resultante do serviço profissional;</p><p>V – o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente even-</p><p>tual, frequente ou constante;</p><p>VI – o lugar da prestação dos serviços, conforme se trate do domicílio do</p><p>advogado ou de outro;</p><p>VII – a competência do profissional;</p><p>VIII – a praxe do foro sobre trabalhos análogos.</p><p>Importante!</p><p>A compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas ao cliente, somen-</p><p>te será admissível quando o contrato de prestação de serviços a autorizar ou quando</p><p>houver autorização especial do cliente para esse fim, por este firmada. (art. 8, § 2º CED).</p><p>Para evitar o alvitramento dos honorários, o profissional deve respeitar a Tabela</p><p>de Honorários da OAB que traz percentuais e valores mínimos a serem pactuados</p><p>com os clientes. Tal tabela é instituída pelo Conselho Seccional de cada Estado, atu-</p><p>alizada anualmente.</p><p>É permitido que os honorários sejam recebidos via cartão de crédito ou débito, en-</p><p>tretanto não é permitida a emissão de duplicatas ou qualquer outro título de crédito</p><p>de natureza mercantil.</p><p>HONORÁRIOS USO DE CARTÃO DE CRÉDITO – POSSIBILIDADE</p><p>– ADESIVAÇÃO DE VEÍCULOS – IMPOSSIBILIDADE LEGAL E ÉTI-</p><p>13</p><p>UNIDADE As Relações com o Cliente, Honorários e Publicidade</p><p>CA – DISTRIBUIÇÃO DE BRINDES – PRECEDENTES – USO DE UNI-</p><p>FORMES POR ADVOGADOS E ESTAGIÁRIOS – IMPOSSIBILIDADE.</p><p>As consultas respondidas por esta Turma Deontológica orientam e aconselham,</p><p>mas não autorizam ou homologam conduta ou solicitação. Cartão de crédito</p><p>pode ser utilizado para pagamento de honorários, desde que não seja usado para</p><p>captação de clientela. A adesivação de veículos por advogados não é admitida.</p><p>A distribuição de brindes aos clientes, tais como canetas, agendas, calendários,</p><p>balas, etc. não infringe a ética, desde que seja moderada e não informe telefone</p><p>ou endereço. Não há óbice ao uso de uniforme pelos funcionários de um escri-</p><p>tório, mas seu uso por advogados ou por estagiários fere a ética e vai contra a</p><p>independência profissional inerente ao exercício da advocacia. Não podem os</p><p>integrantes de um escritório usar denominação de fantasia, ou mesmo denomi-</p><p>nação própria de sociedade de advogados, antes de seu registro na OAB. Proc.</p><p>E-4.237/2013 – v.m., em 18/04/2013, do parecer e da ementa do Rel.</p><p>Dr. SYLAS KOK RIBEIRO com a declaração de voto divergen-</p><p>te do julgador Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI – Rev. Dra. MARCIA</p><p>DUTRA LOPES MATRONE – Presidente Dr. CARLOS JOSÉ</p><p>SANTOS DA SILVA.</p><p>Os honorários quota litis são considerados honorários contratuais, porque re-</p><p>sultam sempre de cláusula especial inserta no contrato de honorários. Tal cláusula</p><p>especial prevê que os honorários serão devidos ao advogado apenas diante do êxito</p><p>da demanda, isto é, “ad exitum”. Podem ser ajustados em um percentual de até</p><p>30% do proveito econômico obtido pelo cliente e devem ser expressos em pecúnia.</p><p>O percentual ajustado é devido sobre o que efetivamente receber o cliente (Resp.</p><p>1.155.200) “A participação do advogado em bens particulares do cliente só é admi-</p><p>tida em caráter excepcional, quando esse, comprovadamente, não tiver condições</p><p>pecuniárias de satisfazer o débito de honorários e ajustar com o seu patrono, em</p><p>instrumento contratual, tal forma de pagamento”, diz o artigo 50, §1º do CED.</p><p>Se não houver contrato escrito e o serviço for prestado pelo advogado ao cliente, a</p><p>remuneração dependerá de Ação Judicial para Arbitramento de honorários. Tal deman-</p><p>da visa a que o Magistrado estime e fixe o valor que deve ser pago ao causídico. A ação</p><p>é contenciosa e, por isso, no polo passivo estará o cliente e no ativo o advogado, que</p><p>prestou o serviço e não recebeu. Por esse motivo, é imprescindível que o advogado re-</p><p>nuncie ao mandato antes de propor a ação de arbitramento (art. 54 CED). O Magistrado</p><p>utilizará para o determinar o valor às regras fixadas no CED, especialmente o artigo 49</p><p>CED c/c art. 22, §2º EOAB. A ação é de rito comum, ordinário e de ampla cognição.</p><p>Importante!</p><p>Art. 25. CED: Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de advogado,</p><p>contado o prazo:</p><p>I – do vencimento do contrato, se houver;</p><p>II – do trânsito em julgado da decisão que os fixar;</p><p>III – da ultimação do serviço extrajudicial;</p><p>IV – da desistência ou da transação;</p><p>V – da renúncia ou da revogação do mandato.</p><p>14</p><p>15</p><p>Os honorários de sucumbência são aqueles fixados ao final da demanda judicial</p><p>pelo Magistrado sentenciante. Pertencem ao advogado que foi exitoso na demanda.</p><p>Estão previstos no Código de Processo Civil, artigo 85. Devem ser fixados entre o</p><p>mínimo de 10 e o máximo de 20% sobre o valor da condenação. Já para ações em</p><p>que não é possível mensurar o proveito econômico da parte, o Juiz deve estabelecer</p><p>os honorários observando os critérios do §2º do artigo 85. Os honorários sucumben-</p><p>ciais podem ser executados via Cumprimento de Sentença.</p><p>Você Sabia?</p><p>No caso de substabelecimento, a verba correspondente aos honorários da sucumbência</p><p>será repartida entre o substabelecente e o substabelecido, proporcionalmente à atuação</p><p>de cada um no processo (art. 51, § 1º CED).</p><p>Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o</p><p>mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos</p><p>diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este pro-</p><p>var que já os pagou (§ 4º, art. 22, EOAB).</p><p>Da Publicidade</p><p>Observado o princípio da não mercantilização dos serviços advocatícios é vedado</p><p>o oferecimento dos serviços profissionais do advogado. Dessa forma, é proibido di-</p><p>vulgar tabelas com valores prévios do trabalho judicial e extrajudicial bem como fazer</p><p>propaganda ostensiva, visando à captação de clientes.</p><p>A publicidade deve ser feita com descrição, moderação. O anúncio profissional</p><p>deve, obrigatoriamente, conter o nome e o número de inscrição. É permitido fa-</p><p>zer referência a títulos e a qualificações profissionais, bem como especializações.</p><p>Não é permitido o uso de fotografias pessoais ou de terceiros nos cartões de visita.</p><p>É vedado ostentar no material do escritório, em cartões de visita ou em qualquer ou-</p><p>tra forma de anúncio, cargos públicos já ocupados, em qualquer órgão ou instituição,</p><p>exceto se professor em curso universitário.</p><p>A divulgação pode ser feita em eventos científicos, jornadas acadêmicas, boletins cul-</p><p>turais desde que o referido material fique adstrito ao público específico desses eventos.</p><p>O telefone e a internet podem ser usados como ferramentas de divulgação, mas sempre</p><p>com destinatários certos e em atos que não impliquem captação de clientela.</p><p>Por força do que decidiu o Tribunal de Ética da OAB, não é permitido adesivo em</p><p>veículo identificando advogado ou sociedade de advogados (E-5.206/2019); já “a dis-</p><p>tribuição de brindes aos clientes, tais como canetas, agendas, calendários, balas, etc.</p><p>não infringe a ética, desde que seja moderada e não informe telefone ou endereço.</p><p>Não há óbice ao uso de uniforme pelos funcionários de um escritório, mas seu uso</p><p>por advogados ou estagiários fere a ética e vai contra a independência profissional,</p><p>inerente ao exercício da advocacia. Não podem os integrantes de um escritório usar</p><p>15</p><p>UNIDADE As Relações com o Cliente, Honorários e Publicidade</p><p>denominação de fantasia, ou mesmo denominação própria de sociedade de advoga-</p><p>dos, antes de seu registro na OAB”1.</p><p>E-5.206/2019. Disponível em: https://bit.ly/33XoW26</p><p>Não é permitida a divulgação dos serviços profissionais em veículos de comuni-</p><p>cação de massa, bem como em outdoor, muros em imóveis. As regras para internet</p><p>são as mesmas. Para as redes sociais, a publicidade é permitida, mas sempre nos</p><p>termos do CED, devendo ter sempre caráter meramente informativo. “A presença</p><p>de escritório de advocacia na rede social é permitida tanto por meio da criação de</p><p>páginas como de conteúdo patrocinado. O Facebook serve de envio de notícias, às</p><p>pessoas</p><p>que se cadastraram, por meio do botão “curtir”, só recebendo essas notícias</p><p>aqueles que estabelecerem conexão com a página, tendo os usuários a liberdade de</p><p>seguir ou não tais páginas, no momento em que quiserem. Deixando de curti-las,</p><p>cessarão de receber as informações”2.</p><p>Nos termos do que está escrito no CED:</p><p>Art. 40. Os meios utilizados para a publicidade profissional hão de ser com-</p><p>patíveis com a diretriz estabelecida no artigo anterior, sendo vedados: I – a</p><p>veiculação da publicidade por meio de rádio, cinema e televisão; II – o uso de</p><p>outdoors, painéis luminosos ou formas assemelhadas de publicidade; III – as</p><p>inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qualquer espaço</p><p>público; IV – a divulgação de serviços de advocacia juntamente com a de</p><p>outras atividades ou a indicação de vínculos entre uns e outras; V – o for-</p><p>necimento de dados de contato, como endereço e telefone, em colunas ou</p><p>artigos literários, culturais, acadêmicos ou jurídicos, publicados na imprensa,</p><p>bem assim quando de eventual participação em programas de rádio ou de</p><p>televisão, ou em veiculação de matérias pela internet, sendo permitida a re-</p><p>ferência a e-mail; VI – a utilização de mala direta, a distribuição de panfletos</p><p>ou de formas assemelhadas de publicidade, com o intuito de captação de</p><p>clientela. Parágrafo único. Exclusivamente para fins de identificação dos es-</p><p>critórios de advocacia, é permitida a utilização de placas, painéis luminosos</p><p>e inscrições em suas fachadas.</p><p>O uso da mala direta é proibido porque é considerada divulgação imoderada (art. 40,</p><p>VI CED). A elaboração de boletins informativos sobre legislação é possível, mas deve ser</p><p>direcionado apenas e tão somente a clientes e pessoas ligadas ao meio jurídico, jamais</p><p>ao público em geral como forma de jornal ou periódico. (art. 45 CED).</p><p>Entrevistas em veículos de comunicação, como rádio, TV, lives deve ter objetivos</p><p>meramente informativos, educacionais e instrutivos. O CED, no artigo 43 dispõe:</p><p>1 Proc. E-4.237/2013 - v.m., em 18/04/2013, do parecer e da ementa do Rel. Dr. SYLAS KOK RIBEIRO com</p><p>declaração de voto divergente do julgador Dr. LUIZ ANTONIO GAMBELLI - Rev. Dra. MARCIA DUTRA LOPES</p><p>MATRONE - Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA.</p><p>2 Proc. E-5.044/2018 - v.u., em 26/07/2018, do parecer e ementa da Rel. Dra. CÉLIA MARIA NICOLAU RODRIGUES,</p><p>Rev. Dr. FÁBIO GUIMARÃES CORRÊA MEYER - Presidente em exercício Dr. CLÁUDIO FELIPPE ZALAF.</p><p>16</p><p>17</p><p>O advogado que eventualmente participar de programa de televisão ou</p><p>de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou vei-</p><p>culada por qualquer outro meio, para manifestação profissional, deve vi-</p><p>sar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos, sem</p><p>propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos</p><p>sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão. Parágrafo</p><p>único. Quando convidado para manifestação pública, por qualquer modo e</p><p>forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deve</p><p>o advogado evitar insinuações com o sentido de promoção pessoal ou pro-</p><p>fissional, bem como o debate de caráter sensacionalista.</p><p>Importante!</p><p>É proibido anúncio de “consulta grátis” ou de preço de serviços.</p><p>Lista de Abreviações</p><p>• EOAB: Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil;</p><p>• CED: Código de Ética e Disciplina;</p><p>• OAB: Ordem dos Advogados do Brasil.</p><p>17</p><p>UNIDADE As Relações com o Cliente, Honorários e Publicidade</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Livros</p><p>Ética Geral e Profissional</p><p>NALINI, J. R. Ética Geral e Profissional. 5 ed. rev. e atual.: São Paulo: RT. 2006.</p><p>Vídeos</p><p>Campanha em defesa das prerrogativas profissionais</p><p>https://bit.ly/3j9OKi9</p><p>O trabalho da OAB – Vídeo institucional</p><p>https://youtu.be/6nSBK5rKco4</p><p>Leitura</p><p>Código de Ética e Disciplina da OAB</p><p>https://bit.ly/2ROfSXI</p><p>Regulamento Geral da Advocacia</p><p>https://bit.ly/32TyfAL</p><p>Lei Nº 8.906, de 4 de Julho de 1994</p><p>https://bit.ly/2HgsVz5</p><p>18</p><p>19</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Lei Nº 8.906, de 4 de Julho de 1994. Aprova o Estatuto da Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/</p><p>l8906.htm>.</p><p>BRASIL. Regulamento Geral da Advocacia. Disponível em: <https://www.oab.</p><p>org.br/content/pdf/legislacaooab/regulamentogeral.pdf>.</p><p>BRASIL. Resolução Nº 02/2015, Aprova o Código de Ética e Disciplina da Ordem</p><p>dos Advogados do Brasil. Conselho Federal. Disponível em: <https://www.oab.org.br/</p><p>leisnormas/legislacao/resolucoes/02-2015?search=Resolu%C3%A7%C3%A3o%20</p><p>n%2002%2F2015&resolucoes=True>.</p><p>COSTA, E. F. da. Deontologia Jurídica. Ética das Profissões Jurídicas. Rio de Janeiro</p><p>(RJ): Forense, 2002.</p><p>GONZAGA, Á. de A. et al. Estatuto da Advocacia e Código de Ética e Disciplina</p><p>da OAB Comentado. 6.ed. São Paulo: Método. 2019.</p><p>LANGARO, L. L. Curso de Deontologia Jurídica. São Paulo (SP): Saraiva, 1996.</p><p>LENZA, P. OAB Primeira fase esquematizado. 6. ed. SP: Saraiva, 2019.</p><p>MAIN, L. et al. Manual de Ética Profissional e Estatuto da OAB. São Paulo:</p><p>Rideel, 2018.</p><p>RACHID, A. Dominando Ética. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.</p><p>TRIGUEIROS, A. Código de Ética e Disciplina da OAB e Estatuto da Advocacia</p><p>Anotado e Comparado. 5. ed. São Paulo: Foco, 2019.</p><p>19</p>