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Unidade 2 Segmentação da Rede de Atenção à Saúde Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria CAMILA MARIA SILVA PARAIZO-HORVATH AUTORIA Camila Maria Silva Paraizo-Horvath Olá. Sou formada e mestra em Enfermagem pela Universidade Federal de Alfenas-MG (UNIFAL-MG). Atualmente, sou doutoranda em Ciências pelo programa de Enfermagem Fundamental da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (USP-RP). Já atuei como professora voluntária na UNIFAL-MG e, hoje, também pratico a docência nas atividades do doutorado junto aos alunos de Enfermagem. Sou apaixonada pelo que faço e adoro a docência. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder te ajudar nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO A atenção primária à saúde .................................................................... 12 Estrutura e organização da atenção primária à saúde ........................................ 12 Gestor da APS e suas competências ................................................................................ 18 A atenção secundária à saúde ..............................................................24 Estrutura e organização da atenção secundária à saúde .................................25 Gestão na atenção secundária à saúde ......................................................................... 31 A atenção terciária à saúde .................................................................... 35 Estrutura e organização da atenção terciária à saúde ........................................ 36 Gestão na atenção terciária à saúde .................................................................................42 As Redes de Atenção à Saúde ............................................................... 47 O que é e como se organiza ...................................................................................................47 9 UNIDADE 02 Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 10 INTRODUÇÃO As competências que fazem parte desta unidade abordam um pouco a história do sistema de saúde brasileiro e como ele está organizado. Inicialmente, apresentaremos a estrutura, a organização e o papel do gestor na atenção primária, na atenção secundária e na atenção terciária à saúde. Posteriormente, conheceremos a rede de atenção à saúde como uma proposta horizontal e integrada dos serviços de saúde. Para desenvolver o papel de gestor, é necessário conhecer bem cada um desses sistemas, visto que eles ajudam a ter uma visão clara e estratégica sobre as situações vivenciadas em seu trabalho. Portanto, por meio deste material, esperamos contribuir para que haja um aprimoramento de seus conhecimentos, gerando mudanças na prática de cada um. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender a atenção primária à saúde e sua organização. 2. Entender a atenção secundária à saúde e suas organizações. 3. Discernir sobre a atenção terciária à saúde. 4. Visualizar a Rede de Atenção à Saúde como um todo, entendendo como ela se organiza. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 12 A atenção primária à saúde OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você terá entendido como é organizado e qual é o papel do gestor na atenção primária à saúde. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. Iniciemos nossos estudos! Estrutura e organização da atenção primária à saúde A Atenção Primária à Saúde (APS), no Brasil, tem sido considerada a melhor forma de organização dos serviços de saúde. É definida como uma estratégia de organização da atenção à saúde com o objetivo de responder a maioria das necessidades da saúde de uma população de forma regionalizada, contínua e sistematizada. A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários em Saúde, a qual foi realizada em Alma-Ata, em 1978, é considerada um dos pilares da elaboração da proposta da APS. Nesse nível de atenção à saúde, são realizadas ações preventivas e curativas voltadas para o indivíduo ou comunidade. A Estratégia Saúde da Família (ESF), destaque da APS, teve a sua implantação nacional em 1994, com a proposta de mudança do modelo assistencial. Assim, desenvolveu ações de prevenção, manutenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e a promoção da saúde de forma integral e contínua. SAIBA MAIS: Inicialmente, era usado o termo Programa de Saúde da Família (PSF). Por outro lado, em 1997, a saúde da família passou a ser compreendida como uma estratégia, e não um programa, recebendo, assim, o nome Estratégia Saúde da Família (ESF). Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 13 Para isso, os serviços prestados são realizados por meio de uma equipe multiprofissional, responsável por uma população adscrita em determinado território. Além disso, há a incorporação de práticas inovadoras voltadas para a família e para comunidade, o que possibilita uma maior atuação nos determinantes do processo saúde-doença. DEFINIÇÃO: Segundo a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), a população adscrita é a população que está presente no território da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento das relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população. Tudo isso, a fim de ser referência no cuidado e garantir a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado. A partir de sua concepção, já foi possível notar alguns resultados positivos. Entre eles, podemos destacar: maior participação comunitária nos cuidados da própria saúde; redução de mortalidade e de doenças relacionadas à ausência de condições sanitárias e econômicas; e o desenvolvimento de medidas preventivas e de promoção da saúde. O desenvolvimento do processo de trabalho na APS não requer grandes recursos tecnológicos, nem materiais de alto custo, assim como necessitam os demais níveis de atenção à saúde (atenção secundária e terciária). No entanto, o desenvolvimento das ações pode ser considerado complexo. EXPLICANDO MELHOR: O processo de trabalho na APS envolve, ainda, diversas relações humanas. Elas se configuram nas relações entre: os trabalhadores que compõem a equipe; a equipe e os gestores; a equipe e os usuários; e os gestores e a comunidade. Gestores são as entidades encarregadas de fazer com que o Sistema Único de Saúde (SUS) sejaimplantado e funcione adequadamente dentro Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 14 das diretrizes doutrinárias e operacionais. Haverá gestores nas três esferas do governo (municipal, estadual e federal). Quando nos referimos à gestão na APS, no Brasil, ela fica sob a responsabilidade municipal. Não só, mas é fundamental que esteja organizada de forma a garantir a qualidade e a resolutividade da atenção à saúde. NOTA: A responsabilidade municipal se deu devido ao processo de descentralização dos serviços de saúde, fruto da IX Conferência Nacional de Saúde, que atribuiu maior autonomia aos municípios. As mudanças realizadas e a alta demanda exigiram, das secretarias municipais de saúde, uma modernização da sua burocracia, a formação de competências complexas e a incorporação de inovações em diversas áreas, entre elas, a gestão. Entre os aperfeiçoamentos gerenciais, podem ser citados: a gestão da informação, gestão de pessoas, o estabelecimento de parcerias e a celebração de convênios técnicos. Foram instituídas comissões intergestoras, assim como é visualizável no quadro a seguir: Quadro 1 – Comissões intergestoras e suas especificações Fonte: Elaborado pela autora. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 15 Para o devido funcionamento da APS, é necessário compreender as necessidades de saúde da população e os processos de trabalho envolvidos. Não só, mas também é preciso realizar a devida gestão dos recursos requeridos e o provimento de resultados efetivos (PIRES et al., 2019). A APS envolve diversos tipos de gestão, assim como podemos visualizar na Figura 1. Além disso, assume a responsabilidade de oferta de uma assistência que seja universal, integral e equânime, atendendo de forma eficaz e eficiente as necessidades de saúde da população. Para que as unidades de saúde pertencentes à APS desenvolvam as suas ações, elas necessitam de recursos materiais, equipamentos, e insumos suficientes. Fazem-se necessários, ainda, suporte administrativo, infraestrutura adequada e instrumentos de organização. No entanto, a realidade enfrentada por muitos gestores é composta de insuficiência de recursos financeiros e de fragilidades na gestão em saúde, as quais, muitas vezes, estão relacionadas com a inexperiência profissional na área da gestão. Somado a isso, tem-se, ainda, o retardo na inclusão de novas tecnologias que possam contribuir para os processos de gestão e organização do trabalho, além das dificuldades para superar empecilhos impostos pela legislação, que dificultam a agilidade necessária, as influências partidárias e eleitorais sobre gestores, o que gera rotatividade e descontinuidade de processos iniciados, e a desmotivação de trabalhadores e profissionais. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 16 Figura 1 – A gestão na APS Fonte: Elaborado pela autora. Quando falamos do processo de trabalho das ESF, estamos nos referindo ao planejamento, à programação e à implementação de suas ações em cada unidade de saúde, local em que devem ser priorizados os problemas de saúde que são mais frequentes. Essas ações fazem parte do Plano e da Programação Anual de Saúde (PAS) do município, e os resultados alcançados por cada unidade fazem parte do Relatório de Gestão Municipal. A PAS tem como objetivo operacionalizar as intenções quadrienais expressas no Plano Nacional de Saúde (PNS), que é elaborado a cada quatro anos. Refere-se, desse modo, à anualização das metas contidas no PNS do respectivo quadriênio, além de prever a alocação dos recursos orçamentários a serem executados no exercício (BRASIL, 2018). Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 17 EXPLICANDO MELHOR: A cada quatro anos é elaborado o Programa Nacional de Saúde (PNS) e o último se refere aos anos de 2016-2019. A Programação Anual de Saúde (PAS) é a operacionalização das metas previstas para aquele determinado ano no PNS. Sendo assim, o PNS 2016-2019 é o instrumento que norteia a atuação do Governo Federal para o quadriênio, com o propósito de contribuir para o aperfeiçoamento do SUS. Já a PAS é elaborada em consonância com o PNS e modela a atuação anual em saúde do Governo Federal ao definir as ações que garantirão o alcance dos objetivos e o cumprimento das metas do PNS. Desse modo, a PAS de 2019 é compreendida como um instrumento de gestão que demonstra a operacionalização, no respectivo exercício, das metas expressas no PNS. Para obter os resultados esperados na execução da PAS, deve-se levar em consideração a descentralização da responsabilidade pelas ações de saúde e é fundamental a ação conjunta das três esferas de gestão. A execução das ações e a apuração dos resultados são apresentadas nos Relatórios Quadrimestrais de Prestação de Contas (RQPC) e no Relatório Anual de Gestão (RAG). ACESSE: Para saber mais sobre o tema, acesse a PAS proposta para o ano de 2019, disponível clicando aqui. Nessa perspectiva, para uma boa gestão da APS, é essencial que as ESF conheçam, discutam e avaliem os relatórios tanto quadrienais quanto anuais. Nesses momentos de discussões, é fundamental a participação dos gestores e dos representantes da população, pois se garante, assim, a participação popular, que é um dos princípios organizacionais do SUS. O RAG é um instrumento básico de planejamento do SUS e apresenta os elementos fundamentais para o acompanhamento e a avaliação das iniciativas quadrienais amplamente indicadas pelo PNS e anualmente operacionalizadas pelo PAS, a fim de se alcançar os objetivos Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde https://bit.ly/33PL3r6 18 do SUS (BRASIL, 2018). Além disso, realiza grandes contribuições, assim como é possível verificar na figura a seguir: Figura 2 – Contribuições do Relatório Anual de Gestão (RAG) Fonte: Elaborado pela autora. ACESSE: Para saber mais sobre o RAG, sugerimos a sua leitura, disponível clicando aqui. Uma atenção primária à saúde bem estruturada e organizada, seguindo os princípios do SUS, é capaz de resolver mais de 80% dos problemas da população, além de prevenir doenças e agravos de doenças já instaladas. Gestor da APS e suas competências O gestor de Unidade Básica de Saúde (UBS) pode ser definido como o profissional que atua entre aqueles que fazem parte das equipes (profissionais da saúde e demais trabalhadores) e a gestão propriamente dita, além de desenvolver as suas atividades de gerência dentro das UBS. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde https://bit.ly/3hYBrPZ 19 Fonte: @freepik SAIBA MAIS: No Brasil, muitas Unidades Básicas de Saúde (UBS) contam com um trabalhador exclusivo para esse cargo. Entretanto, muitas ainda não possuem esse profissional exclusivo, o que faz com que as ações de gerência da unidade fiquem a cargo, na maioria das situações, do enfermeiro da unidade, o qual, muitas vezes, acaba tendo que se afastar um pouco de suas atribuições para se responsabilizar pela parte gerencial da unidade. Segundo Carbone et al. (2009), a competência pode ser compreendida como um conjunto que possui três dimensões: conhecimentos, habilidades e atitudes: Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 20 Figura 3 – Dimensões da competência Fonte: Elaborado pela autora. Os gestores dessas unidades de saúde precisam lidar diariamente com as limitações próprias do setor de saúde, tais como a falta de insumos e de materiais, déficit de pessoal, conflitos interpessoais, informações e dados em saúde, planejamento das ações e alcance de metas. SAIBA MAIS: Em 1993, o Ministério da Saúde criou o projeto Desenvolvimento Gerencial de Unidades de Saúde do SUS (GERUS). O objetivo era o de capacitar os gestores das unidades de saúde para que avaliassem as condições sócio epidemiológicas e dos serviços, além de realizarem a condução dos processos de trabalho com qualidade e produtividade. O processo de trabalhodas unidades de saúde sofre grande pressão externa, ao serem exigidas agilidade e flexibilidade. Com isso, o gestor tem um importante papel de isolante das pressões externas, colocando- se, muitas vezes, no centro de conflitos e se tornando mediador entre as necessidades da gestão municipal, dos trabalhadores e dos usuários. Portanto, para desempenhar a função de gestor de unidade básica, é importante conhecer o planejamento e as estratégias para a Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 21 sua implementação e programação. Não só, mas também é necessário compreender as formas de contrato, de gestão de pessoas, dos processos de trabalho e do conhecimento, organização da rede de saúde, além das questões relacionadas à infraestrutura predial e a sua manutenção. Raupp (2006) define o perfil dos gerentes das unidades de atenção básica e defende que ele deve contemplar as seguintes capacidades: a. Ter uma visão do todo e da realidade do país. b. Mediar a dimensão política, gerencial e de coordenação com o trabalho em equipe. c. Participar da definição de políticas no setor em que está inserido. d. Coordenar e facilitar a construção do planejamento e monitora- mento de sua unidade de saúde. e. Promover a participação de todos os membros da equipe, estimu- lando a intervenção e a criatividade do grupo. f. Promover e coordenar as formas de trabalho interdisciplinar, buscando superar a fragmentação do trabalho. g. Mediar as dificuldades da equipe no que tange às relações no ambiente de trabalho. h. Apoiar e dar suporte às atividades de educação permanente das equipes e categorias profissionais. i. Promover e estimular o diálogo na equipe e a participação da comunidade na gestão dos serviços. j. Ter capacidade técnica gerencial e ser flexível, porém mantendo o rumo da instituição. k. Oferecer a possibilidade de aprender e ser criativo. Fischer et al. (2014) descreveram um conjunto de competências para os gestores de Unidade Básica de Saúde (UBS), dividindo-as em técnicas e comportamentais: Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 22 Quadro 2 – Descrição das competências técnicas e comportamentais para a gestão Competências técnicas Cumprir a legislação e as normas do SUS. Conhecer metas e prioridades da secretaria, desenvolver relatórios, planilhas e atividades rotineiras. Conhecer os serviços ofertados pela secretaria, possuir curso superior e conhecimento em gestão Competências comportamentais Articular politicamente em prol da UBS e SMS. Negociar atividades de interesse da UBS, desenvolver relacionamento interpessoal positivo, cumprir as atividades inerentes a função e tomar decisões. Desenvolver uma gestão compartilhada e descentralzada, direcionar a atenção ao servidor e ao cidadão, promover mudanças por iniciativa própria. Gerenciar, coordenar e representar a sua equipe nas atividades institucionais, desenvolver parceria na gestão. Adaptar-se as situações adversas, desenvolver meios de comunicação externos e internos, promover transparência na gestão. Avaliar o serviço de atendimento prestado e responsabilizar os subordinados. Fonte: Elaborado pela autora. VOCÊ SABIA? É perceptível que os gestores possuem um potencial para promover mudanças ou legitimar situações dadas, as quais podem ocorrer de forma gradual e sutil, direcionando, da melhor forma possível, o processo de trabalho das equipes de saúde. Nesse sentido, é possível inferir que o gestor da Unidade Básica de Saúde (UBS) tem um importante papel dentro dessas unidades, uma vez que esse profissional auxilia para que sejam alcançados os objetivos de descentralização do SUS. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 23Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 24 RESUMINDO: Gostou do que lhe apresentamos? Foi possível perceber que a implantação da APS se configura como uma grande evolução no sistema de saúde brasileiro, visto que a sua forma de organização atende a população de forma regionalizada e organizada. Composta por uma equipe multiprofissional, a APS tem a capacidade de solucionar a maior parte dos problemas de saúde da população. Compreendemos que a gestão, na APS, é de responsabilidade municipal e que ela precisa ser organizada de forma a garantir a qualidade e a resolutividade da atenção à saúde. A APS envolve diversos tipos de gestão, tais como: gestão de materiais e processos, financeira, de pessoas e em saúde, o que requer, por parte do gestor, grande conhecimento e habilidades. Para auxiliar os gestores, a cada quatro anos, é elaborado o Programa Nacional de Saúde (PNS). Trata-se de um instrumento que norteia a atuação do Governo Federal para um determinado quadriênio, com o propósito de contribuir para o aperfeiçoamento do SUS. Há, ainda, a Programação Anual de Saúde (PAS), que é a operacionalização das metas previstas para aquele ano no PNS. É fundamental que o gestor conheça esses programas e desenvolva as suas atividades com o objetivo de atingir as metas estabelecidas. A atenção secundária à saúde OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você terá desenvolvido a capacidade de entender como se organiza e qual é o papel do gestor na atenção secundária à saúde. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. Iniciemos os nossos estudos!. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 25 Estrutura e organização da atenção secundária à saúde Na rede de saúde, a atenção secundária pode ser definida como o conjunto de serviços especializados, em nível ambulatorial e hospitalar, que possui densidade tecnológica intermediária (procedimentos de média complexidade) entre a atenção primária e a terciária. Figura 4 – Unidades de saúde que compõem a atenção secundária Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 26 Fonte: Elaborado pela autora. Compreende, assim, os serviços médicos especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico, e atendimento de urgência e emergência. Suas ações devem ser realizadas de acordo com os princípios do SUS e, para isso, deve focar na realização de boas práticas. SAIBA MAIS: Boas práticas é o conjunto de técnicas, processos e atividades, compreendidas como melhores para a realização de determinada tarefa, que vão de acordo com os valores, objetivos, evidências da promoção da saúde e entendimento do ambiente no qual se desenvolve a prática. Aluno(a), quando nos referimos aos programas e aos serviços de saúde, estão inclusas, em boas práticas, a aplicação do conhecimento em situações e contextos específicos, e a sua realização mediante o emprego adequado de recursos para o alcance de resultados. Tudo isso é realizado com o apoio da eficácia e da eficiência tecnológica em conjunto com a efetividade da prática, a fim de contribuir para o desenvolvimento e implementação de soluções adaptadas aos problemas de saúde semelhantes em outras situações ou contextos. Entre os princípios do SUS, podemos destacar a regionalização no âmbito da atenção secundária. A regionalização é considerada a forma de orientação do processo de descentralização do SUS e possui como objetivos: Figura 5 – Objetivos do princípio da regionalização Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 27 Fonte: Elaborado pela autora. Para isso, existem as regiões de saúde, que podem ser definidas como espaços geográficos contínuos, constituídos por agrupamentos de municípios vizinhos. São delimitadas as regiões de saúde considerando as identidades culturais, econômicas, sociais, redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com o objetivo de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. EXPLICANDO MELHOR: A atenção secundária à saúde oferece para a região de saúde a qual faz parte serviços de especialidades básicas de pediatria, ginecologia, obstetrícia, traumato-ortopedia, clínica médica e cirurgia geral.Tudo isso, com serviços de urgência e emergência 24 horas, ambulatório de psiquiatria, odontologia especializada, otorrinolaringologia, oftalmologia, mastologia, cardiologia, gastroenterologia, urologia, neurologia, angiologia e endocrinologia. Ainda, é considerada responsabilidade da Comissão Intergestora Regional (CIR), a colaboração com a organização do SUS no estado, auxiliando, assim, no alcance dos seus objetivos maiores, que é o de aperfeiçoar a universalidade da saúde, garantir a integralidade da assistência e obter a equidade de acesso às ações e serviços de saúde entre as diferentes regiões do estado. DEFINIÇÃO: A Comissão Intergestores Regional (CIR) é uma instância de cogestão no espaço regional. Foi criada com o propósito ser um canal permanente e contínuo de negociação e decisão entre os gestores municipais e o estado para a constituição de rede regionalizada. Além disso, é pactuada, por meio da CIR, a definição das regras da gestão compartilhada do SUS. Para um melhor desenvolvimento das ações da atenção secundária, além da criação da CIR, também se fazem necessários: Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 28 • Controle público: fortalecimento dos conselhos municipais de saúde, criação de fóruns regionais de conselheiros da saúde e articulação do Ministério Público para o controle das ações e serviços de saúde na defesa dos interesses da coletividade. • Organização, em cada região, da vigilância sanitária; vigilância epidemiológica; vigilância ambiental; controle de endemias e sistema de informações em saúde. Já a estrutura e a organização do processo de trabalho na atenção secundária estão relacionadas com o modo com que essas ações estão estabelecidas na prática de atenção à saúde, contemplando as políticas, princípios e normas que regem o seu funcionamento. Isso inclui as rotinas de trabalho em relação à quantidade e duração das consultas, a jornada de trabalho e a oferta de especialidades. Para uma melhor viabilização dessas práticas, temos o uso, em alguns locais, do prontuário eletrônico. SAIBA MAIS: O prontuário eletrônico é uma inovação tecnológica que visa otimizar o trabalho na área da saúde. Para isso, integra os dados, mantém um histórico dos atendimentos realizados e das principais informações sobre o paciente. Com isso, agiliza o trabalho dos profissionais, além de trazer mais segurança e qualidade para os pacientes. A organização da demanda na atenção secundária pode ser feita de duas formas: Quadro 3 – Demandas atendidas na atenção secundária de saúde Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 29 Demanda livre Exemplo: atendimentos de urgência utilizando a classificação de risco. Demanda regulada Orienta o fluxo de atendimentos ambulatoriais referenciados pela atenção básica e regulados pelo Sistema de Regulação do SUS (Sisreg). Fonte: Elaborado pela autora. A classificação de risco é um processo dinâmico de identificação da pessoa que precisa de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento. Portanto, a classificação de risco pressupõe o atendimento de todos os casos, mas com prioridade aos de maior risco de vida. Para o devido manejo da classificação de risco, fazem-se necessárias equipes com experiência em urgência e emergência, qualificadas para identificar as necessidades e prioridades do cidadão. O objetivo da classificação de risco é melhorar o atendimento nas portas de entrada de urgência e emergência. O Protocolo de Manchester é um exemplo de sistema utilizado para a classificação de risco, ajudando a organizar a ordem de atendimentos dos pacientes. Esse método é usado em diversos países e, inclusive, alguns estados brasileiros também adotaram esse protocolo. De acordo com o protocolo, a classificação é feita da seguinte maneira: Quadro 4 – Classificação de risco de acordo com o Protocolo de Manchester Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 30 Fonte: Elaborado pela autora. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 31 O Protocolo de Manchester é uma ótima ferramenta para organizar o fluxo de atendimento. Isso se deve, pois ele traz mais transparência para o atendimento, além de favorecer o desenvolvimento do princípio da equidade, visto que os pacientes são atendidos de acordo com a necessidade, sendo priorizados os casos mais graves, o que garante um atendimento homogêneo, sem julgamentos pessoais ou de classe social (TEIXEIRA; OSELAME; NEVES, 2014). ACESSE: Para saber mais sobre o Protocolo de Manchester, recomendamos a leitura do artigo “O Protocolo de Manchester no Sistema Único de Saúde e a Atuação do Enfermeiro”, disponível clicando aqui. Esse sistema também pode ser utilizado nos demais níveis de atenção à saúde. É recomendado que todos os níveis de atenção à saúde utilizem o mesmo sistema de classificação de risco. Gestão na atenção secundária à saúde Quando nos referimos à gestão na atenção secundária, é recomendado que ela seja desenvolvida com ênfase no processo de planejamento e de avaliação contínua. Além disso, devem ser definidos os objetivos e as metas a serem alcançadas. A atenção secundária possui uma importante parcela dos recursos necessários para que seja garantida a integralidade da atenção à saúde. No entanto, a realidade é um pouco diferente e exige um maior enfrentamento por parte dos gestores para superar esses desafios. Podemos visualizar as principais barreiras no organograma presente na figura a seguir: Figura 6 – Barreiras enfrentadas pelos gestores da atenção secundária Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde https://bit.ly/3cA83yr 32 Fonte: Elaborado pela autora. São apontadas como boas práticas que devem ser desenvolvidas para uma melhor atenção secundária: Figura 7 – Boas práticas para uma melhor atenção secundária Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 33 Fonte: Elaborado pela autora. IMPORTANTE: Ressalta-se, ainda, que uma atenção primária resolutiva traz consequências positivas para toda a rede, já que diminui a demanda nos demais níveis de atenção. Entretanto, o aumento da resolubilidade na atenção primária depende do acesso a consultas e aos procedimentos disponíveis na atenção secundária. Destaca-se, também, que os sistemas de referência e contrarrefe- rência organizados e a definição de pontos de contato entre a atenção pri- mária e secundária contribuem para a integração e a troca de experiência entre profissionais. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 34 Quando os serviços estão devidamente estruturados e organizados, como nas UPAs, são diminuídas as demandas na emergência hospitalar e é facilitado o encaminhamento para a atenção terciária. Fonte: @wikipedia É importante ressaltar que, quando não há integração entre os diferentes pontos de atenção, a insuficiência de fluxos formais para a atenção terciária e a desarticulação das políticas que normatizam a atenção secundária são barreiras para a garantia do cuidado integral, tornando incompleto esse processo na rede. Podemos considerar como principais estratégias para a integração dos níveis assistenciais: criação e fortalecimento de estruturas regulatórias no interior das secretarias municipais de saúde, com descentralização de funções em nível local; organização dos fluxos; implantação de sistema de informação com prontuário eletrônico; e ampliação da oferta de serviços especializados municipais. IMPORTANTE: Para uma boa gestão da atenção secundária, é importante que o planejamento das ações e serviços seja feito junto às diretorias do nível central da secretaria municipal, definindo prazos e avaliando as ações realizadas, a fim de se conquistar a melhoria contínua. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 35 RESUMINDO: Compreendemos que a atenção secundária é definida como o conjunto de serviçosde saúde especializados, em nível ambulatorial e hospitalar, que realizam procedimentos de média complexidade, além de estar entre as atividades desenvolvidas pela atenção primária e a atenção terciária. Suas ações devem ser realizadas de acordo com os princípios do SUS e, para isso, é recomendável que seja focalizada a realização de boas práticas em saúde. Em relação às boas práticas, entendemos que é o conjunto de técnicas e processos considerados melhores para a realização de uma tarefa específica, indo ao encontro de valores, objetivos e evidências da promoção da saúde. Podemos citar como exemplo de boas práticas, a aplicação de conhecimento em situações e contextos específicos, e a sua realização, mediante o emprego adequado de recursos para o alcance de resultados. Também aprendemos que um dos princípios do SUS que se destaca é a regionalização, o qual contribui para a descentralização. Esse princípio é aplicado na atenção secundária quando são determinadas as regiões de saúde, definidas como espaços geográficos constituídos por agrupamentos de municípios vizinhos, a fim de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. Para auxiliar na gestão e no desenvolvimento das ações em saúde, é recomendável a utilização de instrumentos, tais como o prontuário eletrônico e a classificação de risco. A gestão, na atenção secundária, assim como nos demais níveis, enfrenta diversas barreiras, sendo fundamental que o gestor possua bastante conhecimento sobre todo o processo de gestão e carregue habilidades para buscar a superação dessas barreiras. A atenção terciária à saúde Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 36 OBJETIVO: Chegamos a mais um capítulo de nossos estudos! Ao final dele, você terá entendido como se organiza e qual é o papel do gestor na atenção terciária à saúde. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. Iniciemos os nossos estudos! Estrutura e organização da atenção terciária à saúde A atenção terciária pode ser entendida como a atenção de alta complexidade, a qual compreende um conjunto de terapias e procedimentos de elevada especialização. Deve ser acessada por meio dos outros níveis de atenção e possui maior emprego das tecnologias duras em suas ações. Figura 8 – Instituições que compõem a atenção terciária Fonte: Elaborado pela autora. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 37 SAIBA MAIS: O que é alta complexidade? É o conjunto de procedimentos que, dentro do contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), envolve alta tecnologia e alto custo, com o propósito de promover a todos o acesso a serviços qualificados. Tudo isso, de forma que venha a integrar os demais níveis de atenção à saúde (atenção primária e atenção secundária). IMPORTANTE: As principais áreas que integram a alta complexidade do SUS, segundo o Ministério da Saúde, são: assistência ao paciente portador de doença renal crônica; assistência on- cológica; cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica; procedimentos da cardiologia in- tervencionista; procedimentos endovasculares extracardía- cos; laboratório de eletrofisiologia; assistência em trauma- to-ortopedia; procedimentos de neurocirurgia; assistência em otologia; cirurgia de implante coclear; cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; cirurgia da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; procedi- mentos em fissuras lábio palatais; reabilitação protética e funcional das doenças da calota craniana, da face e do sis- tema estomatognático; procedimentos para a avaliação e tratamento dos transtornos respiratórios do sono; assistên- cia aos pacientes portadores de queimaduras; assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); cirurgia reprodutiva; genética clínica; terapia nutricional; dis- trofia muscular progressiva; osteogênese imperfeita; fibrose cística e reprodução assistida. Podemos considerar como principais desafios da assistência hospi- talar no âmbito nacional: Figura 9 – Desafios enfrentados na gestão da atenção terciária Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 38 Fonte: Elaborado pela autora. DEFINIÇÃO: Podemos definir o termo “hospital” como o estabelecimento de saúde que possui instalações para internações e é destinado a oferecer assistência médica e de enfermagem de forma contínua por quatro horas ao dia. Isso, visando ao diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas doentes ou feridas, as quais precisam de cuidados clínicos e/ou cirúrgicos. Já o termo “internação” se define quando os pacientes são admitidos para a ocupação de um leito por um período mínimo de 24 horas, a fim de que sejam desenvolvidas as ações de cuidado. Historicamente, os hospitais surgiram no século IV, em um período no qual se vigorava a crença nos milagres de cura, em virtude do ato de caridade aos cristãos. Esses estabelecimentos de saúde eram associados às ordens religiosas e seu funcionamento, desde a organização, a Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 39 administração, o suporte econômico, até a forma de cuidado dos pacientes, era orientado por essas ordens. Essas instituições possuíam, como missão, a salvação espiritual dos homens e cumpriam um papel no processo de transição entre a vida e a morte. Os hospitais dessa época, ao mesmo tempo em que acolhiam os pobres doentes, os retiravam do convívio social, pois eles eram vistos como uma ameaça a todos. Somente na segunda metade do século XVIII é que foram estabelecidas as bases do hospital moderno, o qual passou a ser um instrumento terapêutico. Essa transformação foi resultado das alterações econômicas e sociais em decorrência da Revolução Industrial, que contribuiu para a construção de uma nova visão em relação aos problemas comunitários. Foram realizadas alterações em relação à localização dos hospitais e acerca da distribuição dos pacientes pelo interior do hospital. Além disso, foi atribuída uma atenção maior em relação ao espaço, à vigilância constante dos pacientes e ao registro permanente dessas observações. Outros fatores que compõem a confirmação do hospital moderno foram a legitimidade dos médicos perante a sociedade e a instauração de uma nova concepção teórica em relação ao processo saúde-doença, a qual passou a compreender a doença como um fenômeno natural, resultado da ação do ambiente sobre o indivíduo. Com essa nova concepção, as ações de cuidado não devem se voltar apenas para a doença, mas também para a sua causa, como forma de controlar o ambiente no qual o paciente está inserido. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 40 Fonte: @freepik. No século XIX, ocorreu um grande progresso científico e tecnológico em diversas áreas, o que propiciou o surgimento da medicina anatomoclínica, marcada pela prática sistemática de autópsias. Isso trouxe uma nova percepção acerca da doença, agora, entendida como resultado de lesões orgânicas. Com essa nova percepção, surgiu uma nova perspectiva para a intervenção terapêutica, que passou a ser centrada no exame clínico e na interpretação de sinais e de sintomas manifestos pelo paciente, o que implica a observação contínua deste. Outros fatores também sofreram profundas transformações e ajudaram no desenvolvimento de uma medicina cada vez mais científica e hospitalar. São eles: Figura 10 – Fatores que ajudaram no desenvolvimento da medicina científica Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 41 Fonte: Elaborado pela autora. Essas inovações, logo no início do século XX, contribuíram para alterar as condições de prática e as intervenções médicas modernas. Com isso, a medicina conquistou a sua legitimidade social e as pessoas deixar de temer os hospitais, ao preferirem ser tratadas nessas instituições. Durante o século passado, a assistência hospitalar se tornou mais complexae especializada, e os estabelecimentos hospitalares – os hospitais – se diversificaram muito. No âmbito da prestação de cuidados à saúde, a assistência hospitalar ocupa um papel-chave em três diferentes pontos de vista: do técnico-assistencial, por ter a maior concentração de saberes e tecnologias mais especializadas; do ponto de vista financeiro, já que os gastos hospitalares representam cerca de metade dos gastos nacionais em saúde; e do ponto de vista simbólico, uma vez que a sociedade visualiza os hospitais de forma emblemática, ou seja, compreendem que é um local em que se exerce a medicina moderna e representa um verdadeiro sistema de saúde (BRAGA NETO et al., 2012). SAIBA MAIS: Nesse nível de atenção à saúde, os profissionais precisam ser altamente capacitados para desenvolver intervenções que interrompam situações que colocam a vida dos pacientes em risco. Para isso, é fundamental que saibam utilizar as tecnologias mais avançadas de saúde. Nessa perspectiva, é fácil identificar as mudanças pelas quais os hospitais vêm passando, ao redefinirem o papel da assistência hospitalar dentro do sistema de atenção à saúde e ao reorganizarem internamente essas instituições. Com a incorporação de novas tecnologias, foi proporcionada a implantação e a difusão de novas formas de prestação de cuidados, além de mudanças no âmbito administrativo, que passaram a ter uma maior preocupação em relação ao uso mais eficiente dos recursos disponíveis, à profissionalização dos gestores e à adoção de Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 42 novas técnicas gerenciais e de modernos sistemas de informação nesses estabelecimentos. Com o processo de descentralização do SUS, foram criados diversos hospitais em todo país, tanto de pequeno quanto de grande porte. Dessa forma, o paciente é referenciado para a unidade que tem a capacidade para resolver o seu caso. No entanto, embora existam pactuações para garantir a continuidade da assistência, o acesso a unidades hospitalares, muitas vezes, é prejudicado pelo excesso das portas de entrada hospitalares de urgência. Gestão na atenção terciária à saúde O gestor, na atenção terciária à saúde, possui um importante papel na condução dos processos da rotina hospitalar por intermédio da organização e do gerenciamento seja de hospitais públicos ou privados e clínicas. Entre as funções do gestor hospitalar, podemos citar: • Planejamento e garantia da manutenção preventiva dos equipa- mentos médicos. • Controle dos estoques de materiais. • Controle da limpeza. • Destinação adequada dos resíduos gerados dentro do ambiente hospitalar. • Definição da quantidade de profissionais de saúde que deve ter no local. • Venda de planos de saúde. • Supervisão de contratos e convênios. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 43 NOTA: O hospital é um local que busca desenvolver uma assistência multidisciplinar completa, curativa, preventiva e/ou de tratamento à população. Grande parte da evolução do sistema hospitalar, principalmente nas últimas décadas, é fruto da gestão hospitalar, que busca ser conduzida pelo caminho de aprendizados, implantando e aplicando modelos de administração eficazes. Uma unidade hospitalar possui diversas áreas de conhecimento necessárias ao seu funcionamento, as quais precisam ser conduzidas de forma adequada, objetivando o melhor fornecimento dos serviços de saúde. Nessa perspectiva, o gestor hospitalar deve desenvolver as suas ações com foco em melhorias, implementação de ações de objetividade, avaliação e controle da performance, e contribuição para a criação de um ambiente motivado e rentável para a empresa. VOCÊ SABIA? O hospital é considerado uma das organizações mais complexas de se administrar, uma vez que são várias as barreiras enfrentadas pelo gestor hospitalar. Entre os desafios enfrentados pelo gestor hospitalar, apresentamos os principais na figura a seguir. Figura 11 – Principais desafios enfrentados pelo gestor hospitalar Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 44 Fonte: Elaborado pela autora. Apesar dessas variedades de necessidades diárias que precisam de resolução por parte do gestor, percebe-se a existência de um padrão entre a maioria dessas situações que envolve três perspectivas (PRESTES et al., 2019): Figura 12 – Os três pilares da gestão no contexto hospitalar Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 45 Fonte: Elaborado pela autora. Esse tripé objetiva a excelência na gestão hospitalar. O primeiro âmbito se refere ao saber gerir projetos, considerando que todas as atividades relacionadas a uma unidade de saúde devem fazer parte de um planejamento detalhado, necessário à adequada execução, de acordo com Prestes et al. (2019). Nesse sentido, a gestão hospitalar pode ser compreendida como um constante gerenciamento de projetos. Assim, permitirá uma melhor organização das atividades inerentes à condução do trabalho ao detalhar os responsáveis, as entregas necessárias, bem como os recursos primordiais. O segundo âmbito se refere ao saber gerenciar pessoas. Para o sucesso do desenvolvimento dos projetos e dos processos, é necessária a seleção de uma adequada equipe de trabalho, além do estabelecimento de estratégias para o acompanhamento da aderência às competências imprescindíveis para os cargos e de seus resultados, segundo Prestes et al. (2019). Ressaltamos que essa atuação é compartilhada com todos os líderes do hospital, mas a figura do gestor hospitalar principal deve ser excelente nessa atividade. Prestes et al. (2019, p. 28) defendem que: Saber conduzir sua equipe tática de forma extraordinária, para que seja possível chegar até cada um dos profissionais que atuam em nível operacional, é essencial para se estabelecer uma cadeia de comando efetiva ao: a) desdobrar informações; b) solicitar demandas; c) medir o andamento; d) apresentar resultados. O terceiro âmbito se refere ao saber gerir os processos. A gestão por processos é defendida como a mais adequada para o alcance da excelência operacional, visto que a unidade fica voltada a: a) conhecer seus processos – mapeá-los, de forma a saber quais existem e como funcionam; b) gerenciar – contratualizá-los para que se possa entender suas interconexões e acordos necessários; c) melhorar – analisá- los constantemente, por meio das possíveis quebras de contrato e oportunidades de avanços evidenciadas, Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 46 possibilitando a melhoria contínua desses processos. (PRESTES et al., 2019, p. 29) Nesse caso, a gestão de processos se torna a matriz condensadora da atividade da gestão de projetos, pelo fato de ser um processo, e a gestão de pessoas, que também se firma como uma atividade continuada. Portanto, é possível afirmar que essas três dimensões se retroalimentam e contribuem entre si para o alcance da excelência na gestão da atenção terciária. ACESSE: Para saber mais sobre os três âmbitos da gestão hospitalar, recomendamos a leitura do “Manual do Gestor Hospitalar”, da página 27 a 30, disponível clicando aqui. Para finalizar, ressaltamos a importância de que todos os trabalhadores sejam engajados, pois somente dessa forma é possível Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde https://bit.ly/366s2no 47 haver a transformação do local de trabalho. Assim, deve-se sempre oferecer o melhor para seus pacientes, compreendendo as ações de maior eficácia, eficiência e efetividade. RESUMINDO: A atenção terciária é definida como a atenção à saúde de alta complexidade, portanto, faz mais uso das tecnologias duras. Com o processo de descentralização preconizado pelo SUS, foram criados diversos hospitais em todo país. O gestor, na atenção terciária, possui um importante papel na organização e no gerenciamento, para conduzir os processos da rotina hospitalar e de clínicasespecializadas. Entre as situações vivenciadas pelo gestor da atenção terciária, percebe-se a existência de um padrão que envolve três perspectivas, consideradas os pilares da gestão terciária: pessoas, processos e projetos. Essas três dimensões se retroalimentam e contribuem para o alcance da excelência na gestão da atenção terciária. As Redes de Atenção à Saúde OBJETIVO: Chegamos ao nosso quarto e último capítulo. Para fecharmos este ciclo, em breve você terá entendido como funcionam as Redes de Atenção à Saúde (RAS). Isso será fundamental para o exercício de sua profissão e atuação como gestor. Vamos lá!. O que é e como se organiza As Redes de Atenção à Saúde (RAS) vieram para desfazer a concepção de um sistema de saúde hierarquizado. Elas trazem uma nova forma de organização dos serviços, agora, de forma horizontal, de Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 48 pontos de atenção à saúde de distintas densidades tecnológicas, sem uma ordem ou grau de importância entre elas. A figura a seguir ilustra a mudança de um sistema hierárquico para uma rede horizontal integrada, que é organizada a partir de um centro de comunicação, o ponto da atenção primária à saúde, o qual é representado pelo círculo central: Figura 13 – Dos sistemas fragmentados para as Redes de Atenção à Saúde Fonte: Mendes, 2002. DEFINIÇÃO: Mas, afinal, qual é a definição de Redes de Atenção à Saúde (RAS)? São organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde que ofertam uma atenção à saúde de forma contínua e integral, coordenada pela atenção primária à saúde. Os conteúdos considerados básicos das redes de atenção são: Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 49 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem seis modalidades de integração das RAS: 1. Um conjunto de intervenções preventivas e curativas para determinada população. 2. Espaços de integração de diversos serviços. 3. Continuidade na atenção à saúde. 4. Integração vertical dos níveis de atenção à saúde. 5. Vínculo entre a formulação da política de saúde e a gestão. 6. Trabalho intersetorial. Os objetivos das RAS estão apresentados no organograma presente na figura a seguir: Figura 14 – Objetivos das RAS Fonte: Elaborado pela autora. De acordo com Mendes (2011), as RAS possuem três elementos fundamentais, os quais estão apresentados na figura a seguir: Figura 15 – Elementos constitutivos das Redes de Atenção à Saúde (RAS) Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 50 Fonte: Elaborado pela autora. Agora, explicaremos um pouco melhor cada um dos elementos constitutivos das RAS. População É o motivo principal das RAS existirem, visto que, sem uma população, não há a possibilidade de se estruturar uma rede de atenção à saúde. No contexto do SUS, é exigida uma construção social dos territórios e da população, a qual se organiza em famílias e deve ser conhecida e registrada em sistemas de informação eficazes. Em outras palavras, para se organizar o sistema de saúde em rede, é necessário o processo de territorialização. Todo esse processo pode ser considerado complexo, pois envolve a territorialização, o cadastramento das famílias e a sua vinculação à unidade de APS que for mais próxima. Não só, mas também devem ser identificadas as condições de saúde dessa população. Estrutura operacional A estrutura operacional das RAS compreende cinco componentes, assim como pode ser visualizado no organograma presente na figura a seguir: Figura 16 – Componentes da estrutura operacional Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 51 Fonte: Elaborado pela autora. • Pontos de atenção à saúde secundários e terciários São considerados os nós da RAS. Compreendem os lugares institucionais onde são ofertados os serviços de atenção secundária e terciária. • Atenção primária O centro de comunicação da rede de atenção à saúde é considerado o nó intercambiador, pois nele se coordenam os fluxos e os contrafluxos do sistema de serviços de saúde. Para desempenhar o seu papel de centro de comunicação das RAS, a APS deve cumprir três papéis essenciais: • O papel resolutivo, de resolver a maioria dos problemas de saúde da população. • O papel organizador, que está relacionado com a sua natureza de centro de comunicação, de coordenar os fluxos e contrafluxos das pessoas pelos diversos pontos de atenção a saúde. • O de responsabilização. Trata-se de se corresponsabilizar pela saúde dos cidadãos em qualquer ponto de atenção à saúde. • Sistema de apoio São os diversos lugares institucionais das redes que prestam serviços comuns a todos os pontos de atenção à saúde. São exemplos: os sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico e o de assistência farmacêutica. • Sistemas logísticos São as soluções tecnológicas fortemente ancoradas nas tecnologias de informação, as quais oferecem a garantia de uma organização racional dos fluxos e contrafluxos de informações, produtos e usuários nas RAS. Podemos citar como exemplos de sistemas logísticos das RAS, os cartões de identificação dos usuários, os sistemas de acesso regulado Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 52 à atenção à saúde, os prontuários clínicos e os sistemas de transportes sanitários. O modelo de atenção à saúde O modelo de atenção à saúde é o terceiro elemento que constitui as RAS. Trata-se de um sistema lógico que organiza o funcionamento das redes de atenção à saúde, articulando as relações entre os componentes da rede às intervenções, que são definidas de acordo com as situações demográfica e epidemiológica e os determinantes sociais da saúde da população. São considerados dois tipos de modelos de atenção à saúde: Figura 17 – Os modelos de atenção à saúde Fonte: Elaborado pela autora. O modelo de atenção aos eventos agudos possui como objetivo: identificar a gravidade de uma pessoa em situação de urgência ou emergência e, assim, definir o ponto de atenção adequado para a situação, levando em conta o tempo de atenção requerido em relação ao risco classificado. Esse modelo implica a adoção de um modelo de triagem de risco dentro das RAS. No capítulo anterior, trouxemos, como exemplo de sistema de classificação de risco, o Protocolo de Machester. Já os modelos de atenção aos eventos crônicos devem estar preparados para as possíveis mudanças na organização e identificar as Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 53 melhorias na atenção à saúde, ao traduzirem tais processos em políticas dirigidas à aplicação de estratégias efetivas para o controle das doenças crônicas mais comuns na população. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre as Redes de Atenção à Saúde (RAS) e seus elementos constituintes, recomendamos a leitura do artigo “As Redes de Atenção à Saúde”, disponível clicando aqui. As RAS devem ser compreendidas como uma organização que precisa ser integrada em todo o território nacional. Defende-se, ainda, que existem quatro ambientes principais que fazem parte do quadro sociopolítico no qual se articulam essas redes, assim como é expresso na figura a seguir: Figura 18 – Quadro sociopolítico de articulação das RAS Fonte: Elaborado pela autora. Estrutura societária Essa estrutura, no contexto do SUS, trata-se da União em conjunto com os estados e municípios, considerados os responsáveis pelos serviços oferecidos nos diversos níveis de atenção à saúde e em todo o território nacional. Dessa forma, são os responsáveis pelos processos de modelagem, normatização, implantação e integralização desses serviços e redes. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde https://bit.ly/33VzdvL 54 Nessa perspectiva, podemos afirmar que a União, os estados e os municípios compõem um colégio de gestores do SUS, e a sociedade atua sobre esse colégio por meio das conferências e conselhos de saúde. Organização necessária das RAS É aquela solicitadapara a viabilização de uma atenção à saúde pública universal, equânime, integral e de qualidade dentro do território. Em outras palavras, é um objetivo a ser alcançado na implantação das RAS. Essa organização necessária deve ser dinâmica e precisa evoluir com o passar do tempo, respondendo as demandas da sociedade e da evolução dos aspectos sociais, técnicos, econômicos e políticos que determinam os contornos e o conteúdo das ciências que estão envolvidas nas RAS. NOTA: Quando nos referimos à organização atual das RAS do SUS, percebe-se que ela é federalista e municipalista, pois é fruto da Constituição Federal de 1988, e a sua estrutura societária também é federativa e municipalista. Como consequência, a organização atual possui a característica de ser múltipla, instável e que fragmenta e desintegra os serviços. Dessa forma, há uma contradição das RAS, a qual está no permanente conflito entre a organização necessária e a organização atual. Isso gera problemas de fragmentação, desintegração e instabilidade na organização dessas redes no âmbito do SUS e na sua prestação de serviços em saúde. Tais conflitos deixam explícito que cada vez mais a organização atual diverge da necessária em todos os requisitos já mencionados. A organização atual, por muito tempo, foi benéfica, principalmente para a expansão da RAS, por isso, deve ser aperfeiçoada. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 55 ACESSE: Para aprofundar um pouco mais o seu conhecimento sobre as Redes de Atenção à Saúde, recomendamos a leitura do artigo “Redes de Atenção à Saúde: um caminho na garantia da integralidade da atenção no SUS”, disponível clicando aqui. Compreendemos, desse modo, que as Redes de Atenção a Saúde (RAS) vieram revolucionar o sistema de saúde brasileiro, mudando de um sistema hierarquizado para uma nova forma de organização dos serviços, agora, de forma horizontal, integrando-os. As RAS possuem três elementos constitutivos, que são: população, estrutura operacional e modelo de atenção à saúde. Elas defendem, ainda, a existência de quatro ambientes principais que fazem parte do quadro sociopolítico: estrutura societária, normatização e implantação e a organização atual, processos de modelagem e organização necessária. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde https://bit.ly/3kH4Q2S 56 RESUMINDO: Gostou do que lhe apresentamos? Trabalhamos muitas informações importantes durante essa unidade. Foi possível compreender a atenção primária à saúde é considerada o centro que compõe as Redes de Atenção à Saúde (RAS), as quais são entendidas como o nó intercambiador, onde se coordenam os fluxos e contrafluxos do sistema de serviços de saúde. Já a atenção secundária é onde são realizados os atendimentos que requerem a realização de procedimentos de média complexidade, em conjunto com a atenção terciária, responsável por realizar os atendimentos de alta complexidade. Com elas, também são utilizadas as RAS. Para que haja um bom funcionamento desses serviços, é de extrema importância a existência de uma boa comunicação entre eles. Implementar o que é proposto pelas RAS não se configura uma tarefa fácil, uma vez que são diversas as barreiras que precisam ser superadas, principalmente pelo gestor, que possui um importante papel dentro no contexto geral das RAS, assim como em cada um dos diversos serviços que elas oferecem, focando sempre na descentralização, na regionalização, integralidade, universalidade e equidade. REFERÊNCIAS ALMEIDA, P. F. de. et al. Desafios à coordenação dos cuidados em saúde: estratégias de integração entre níveis assistenciais em grandes centros urbanos. Cadernos de Saúde Pública, v. 26, n. 2, p. 286-298, 2010. BRAGA NETO, F. C. et al. Atenção hospitalar: evolução histórica e tendências. In: GIOVANELLA, L. et al. (org.). Políticas e sistema de saúde no Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2012. p. 577-608. Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde 57 BRASIL. Ministério da Saúde. Programação Anual de Saúde (PAS) 2019. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. CARBONE, P. P. et al. 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Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde A atenção primária à saúde Estrutura e organização da atenção primária à saúde Gestor da APS e suas competências A atenção secundária à saúde Estrutura e organização da atenção secundária à saúde Gestão na atenção secundária à saúde A atenção terciária à saúde Estrutura e organização da atenção terciária à saúde Gestão na atenção terciária à saúde As Redes de Atenção à Saúde O que é e como se organiza