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<p>Belém</p><p>2024</p><p>UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA</p><p>CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE</p><p>MEDICINA VETERINÁRIA</p><p>DISCIPLINA CLÍNICA MÉDICA DOS CANINOS E FELINOS</p><p>PROFA. BIANCA AMORIM</p><p>MARIA CECILIA ANDRADE VIDEIRA</p><p>ATIVIDADE AFECÇÕES OFTALMOLÓGICAS</p><p>1. QUAIS FORMAS DE EXAMINAR OS OLHOS?</p><p>Primeiramente deve ser realizado o exame clínico, levando em conta o ambiente</p><p>em que o animal vive, o seu histórico, a sua idade, e raça, pois esses fatores podem estar</p><p>diretamente ligados a manifestação clínica.</p><p>Verifica-se no exame clínico anormalidades, como assimetria, aumento de volume</p><p>e estrabismo. A presença de alopecia e secreção ocular.</p><p>No exame neuro-oftalmico avalia se há reflexo de ameaça, reflexo pupilar, reflexo</p><p>palpebral, reflexo corneal, e reflexo vestibular.</p><p>É importante analisar o olho como um todo, verificando a conjuntiva, a córnea,</p><p>câmara anterior, e pupila, vítreo, lente, retina e nervo óptico. Bem como a observação</p><p>das pálpebras para a verificação de entrópio, ectrópio, epífora, blefarite, blefarospasmos</p><p>e protusão e prolapso da glândula da 3ª pálpebra.</p><p>Desse modo, há alguns equipamentos que auxiliam, como uma sala escura e uma</p><p>fonte de luz, associada a colírios que servem para dilatação de pupilas e corantes.</p><p>Também são utilizados equipamentos como o oftalmoscópio (de maneira direta</p><p>ou indireta), o tonometro (que vai verificar a pressão intraocular), e há também o exame</p><p>de eletroretinografia, que verifica a parte nervosa na retina.</p><p>Para visualização do exame de fundo de olho, ou fundoscopia, há a exigência de</p><p>uma lente específica.</p><p>2. COMO? POR QUE É FEITO?</p><p>A pressão arterial sistêmica causa lesão em diversos órgãos. O olho é apenas uma</p><p>manifestação na maioria das vezes, então deve ser feita a aferição de pressão arterial</p><p>primeiramente.</p><p>Esses exames oculares são realizados em razão da necessidade de tratar</p><p>determinada doença, ou essa determinada doença aparece como consequência ou em</p><p>associação a outra doença.</p><p>Para realizar o exame com o oftalmoscópio, é segurado o aparelho a frente do olho</p><p>desejado e de maneira direta visualiza-se a retina e estruturas do segmento anterior do</p><p>olho (sistema de lentes reguláveis, necessita estar no mínimo à 2 cm do olho a ser</p><p>examinado). O material projeta um feixe de luz na parte de dentro do olho, com a</p><p>reflexão dessa luz na retina, é possível observar o fundo do olho</p><p>Podemos utilizar o tonômetro para aferir a pressão intraocular. Ao encostar no</p><p>globo ocular, o instrumento mede a força para achatar a córnea, medindo, assim, a</p><p>pressão intraocular. O teste mede a pressão do olho para verificar se há glaucoma, uma</p><p>doença ocular que pode causar cegueira ao danificar o nervo na parte de trás do olho, o</p><p>nervo óptico.</p><p>O teste de Shirmer avalia a quantidade de lágrima produzida através de uma</p><p>fitinha, que deve ser introduzida a ponta da fita por dentro da pálpebra e depois soltar.</p><p>A ponta precisa ficar para dentro do olho e deve-se aguardar o papel ficar úmido por</p><p>volta 30 segundos a 1 minuto. O normal é que tenha de 15 a 25mm de papel molhado.</p><p>Para pacientes suspeitos o indicador corresponde a 10mm a 15mm, para paciente</p><p>portador é menor que 10mm e em casos graves é inferior a 5mm.</p><p>O exame com o corante fluoresceína ou rosa bengala ou lissamina verde pode ser</p><p>realizado para identificar a produção de lagrima, mas o problema é que o olho tem que</p><p>ficar aberto, o paciente não pode piscar. É preciso que essa gota seque de 15 a 20</p><p>segundos. O olho absorve os corantes e se o corante não secar, significa que o olho</p><p>colorido tem algum déficit em produção de lagrima.</p><p>A parte ruim é que o corante não consegue diferenciar os níveis de gravidade,</p><p>sendo a fita o método mais indicado.</p><p>Se tratando de úlcera de córnea, utiliza-se o corante de fluoresceína através de</p><p>uma tira ou colírio na superfície ocular, esperando alguns segundos e fazendo a lavagem</p><p>do excesso do corante utilizando solução fisiológica e uma gaze. Em sala com pouca</p><p>luz observa-se o resultado jogando nos olhos uma fonte de luz azul cobalto.</p><p>Em casos de úlceras de córnea, esse corante irá aderir na região corneal acometida</p><p>mostrando a extensão e profundidade da úlcera ao veterinário.</p><p>É importante a observação das pálpebras, pois verificando a presença de entrópio,</p><p>ectrópio, epífora, blefanite e blefarospasmos, podemos identificar a razão de outras</p><p>enfermidades associadas, como úlcera de córnea.</p><p>3. DICIONÁRIO SEMIOLOGICO DE OFTALMOLOGIA</p><p>3.1. CERATOCONJUTIVITE SECA</p><p>É um problema na produção lacrimal. Ela pode ser adquirida por algum trauma,</p><p>infecção, inflamações da glândula lacrimal, efeitos colaterais de medicamentos que</p><p>causaram algum tipo de toxicidade, anomalias congênitas (problema anatômico),</p><p>autoimune, idiopático, intoxicações sistêmicas, iatrogênica (fármaco), doenças</p><p>endócrinas podem levar ao aparecimento de ceratoconjuntivite seca.</p><p>Ela pode ser doença (primaria) ou manifestação clínica (secundária).</p><p>Há predisposição para animais de focinho curto e fêmeas, pois estas tem tecido</p><p>secretor lacrimal menor que de machos anatomicamente. Não tem predisposição racial</p><p>para gatos, mas sim em cães em maior quantidade que gatos.</p><p>3.2. ÚLCERA DE CÓRNEA</p><p>É caracterizada pelo rompimento da película mais externa do olho (lesão que</p><p>rompeu e expos até a segunda película - estroma). Uma vez que isso acontece, precisa</p><p>tratar o paciente, pois se deixa aberto muito tempo, pode abrir mais e afundar mais,</p><p>podendo criar pus e hipópio.</p><p>A lesão na córnea pode ocorrer por trauma, cílios, falta de produção de lágrimas,</p><p>infecções e outras.</p><p>Apresenta como sinais clínicos lacrimejamento excessivo na tentativa de fechar a</p><p>ferida, hiperemia (conjuntiva ou esclera), nebulosidade (nuvem dissipada clareando o</p><p>olho), dor, secreção purulenta (infecção bacteriana secundária).</p><p>3.3. UVEÍTE</p><p>É uma inflamação de segmentos que fornecem sangue aos olhos, por meio de</p><p>ruptura da barreira hematoaquosa, gerando complicações como catarata, doenças</p><p>retinianas e glaucoma.</p><p>As causas podem ser a presença de tumores e traumas.</p><p>Em cães a afecção está relacionada a ehrlichiose, piometra, hepatite viral,</p><p>infecções fúngicas sistêmicas, doença de Lyme e anaplasmose</p><p>Em gatos está relacionada a presença de FELV, FIV, PIF, bartonelose e</p><p>toxoplasmose</p><p>Não há predisposição, podendo acometer igualmente qualquer idade ou sexo,</p><p>podendo ser unilateral ou bilateral</p><p>As manifestações clínicas são a presença de nebulosidade, hiperemia, fechamento</p><p>das pálpebras, hiposfagma, cegueira, dor, edema de córnea, fotofobia, flare aquoso com</p><p>presença de fibrina e hifema.</p><p>3.4. GLAUCOMA</p><p>É uma doença considerada grave, multifatorial, caracterizada pela morte de</p><p>células da retina e do nervo óptico, levando ao aumento na pressão ocular, causando dor</p><p>intensa e perda da visão. O humor aquoso percorre a pupila e é drenado em um espaço</p><p>entre a córnea e a íris, e esse fluido não pode escoar corretamente dos olhos, acumulando</p><p>e causando aumento da pressão.</p><p>Essa doença pode se classificar em glaucoma primário e secundário. O primário</p><p>é quando não há doença ocular prévia. O paciente não tem ou nunca teve nenhuma</p><p>doença ocular. E o secundário é advindo de inflamação, trauma, catarata, luxação da</p><p>lente ou tumor intraocular. Ou seja, ele aparece como uma manifestação clínica.</p><p>É uma doença congênita quando o paciente já nasce com esse aumento da</p><p>pressão, tendo Chihuahua, Schnauzer, Cocker Spaniel e Samoieda uma predisposição</p><p>genética.</p><p>Podemos encontrar como manifestações clínicas a hiperemia de esclera, olhos</p><p>turvos (olhos azulados com nebulosidade), perda progressiva da visão, exoftalmia ou</p><p>proptose ocular (o olho aumenta de tamanho e escapa para onde tem menos pressão,</p><p>para fora), agressividade incomum,</p><p>letargia e perda de apetite.</p><p>3.5. CATARATA</p><p>É caracterizada pela degeneração do cristalino e sua opacidade. O cristalino é a</p><p>estrutura que está por detrás da pupila, funcionando como uma lente, é a estrutura do</p><p>olho que capta a luz. Se tem a degeneração dessa estrutura, então o paciente não</p><p>consegue enxergar.</p><p>As causas pode ser a ruptura traumática do cristalino (que pode partir ou</p><p>desprender), neoplasias, glaucoma com o aumento da pressão intraocular pode acarretar</p><p>a degeneração dessas células, endolftalmite (infecções e inflamações das estruturas</p><p>internas do globo ocular), anomalias do segmento anterior (porção que segura as</p><p>estruturas), irradiação solar ou frio intenso, doenças metabólicas, toxinas (endógenas e</p><p>exógenas) e excessos ou deficiências nutricionais.</p><p>Ela vai ser classificada com base no quanto o cristalino degenerou. Quanto mais</p><p>opaca, mais degenerada. Vai ser incipiente (inicial), ou imatura, ou matura ou</p><p>hipermatura, sendo essa a maior fase.</p><p>Ela vai ser diabética obrigatoriamente em cães obrigatoriamente, e rara em gatos).</p><p>A degeneração do cristalino vai acontecer obviamente, e vai ter que haver remoção</p><p>cirúrgica.</p><p>Em cães a predisposição racial é para Cocker Spaniel, poodle, husky siberiano,</p><p>schnauzer, bichon frise, golden retriever e labrador.</p><p>3.6. DESCOLAMENTO DA RETINA</p><p>Descolamento e degeneração são duas coisas diferentes. A retina está por trás do</p><p>olho, onde a luz que o cristalino filtrou vai incidir sobre essa estrutura. A retina é uma</p><p>estrutura tem estruturas com ligamentos, e ao falar de descolamento significa que houve</p><p>ruptura desses ligamentos.</p><p>Dentre as causas de rupturas, temos tumores, infecções fúngicas, traumatismos</p><p>graves, inflamação, predisposição genética, pressão alta localizada ou sistêmica e</p><p>problemas de imunidade.</p><p>Muitas vezes, ocorre degeneração, assim a intervenção precoce é crítica para</p><p>ajudar a salvar a visão.</p><p>3.7. DEGENERAÇÃO DA RETINA</p><p>Ocorre quando as células da visão vão perdendo a função. A retina continua</p><p>pregada, mas em algum ponto dela as células começam a degenerar. A atrofia e</p><p>degeneração retiniana, pode ser resultado de função incorreta das células ou desgaste.</p><p>Realiza-se a visualização com exame de fundo de olho, e pode-se visualizar áreas</p><p>de degeneração, mesmo que não haja descolamento da retina.</p><p>Pode ser resultado de trauma ocular grave, infecção ou descolamento da retina.</p><p>Tratar a causa subjacente evitará degeneração adicional e perda de visão além da</p><p>progressão da doença.</p><p>Não há como reparar as áreas que já estão danificadas.</p><p>3.8. HIFEMA</p><p>É uma hemorragia, que ocorre por preenchimento de sangue nas películas do</p><p>globo ocular, principalmente entre a córnea e a íris.</p><p>Pode advir de uma quantidade grande de fatores, como traumatismo, tumores,</p><p>distúrbios de coagulação (distúrbios de cálcio, por exemplo), doenças oculares múltiplas</p><p>e hipertensão arterial sistêmica.</p><p>3.9. CHERRY EYE</p><p>É um prolapso ou protusão da glândula da terceira pálpebra, popularmente</p><p>conhecida como olhos de cereja. Os ductos lacrimais, quando a glândula está protusa,</p><p>deixam de funcionar corretamente, acumulando liquido.</p><p>É mais comum em animais mais jovens. Havendo predisposição para as raças</p><p>braquicefalicas, Cocker Spaniel, Lhasa Apso, Shih-Tzu, Poodle e Bulldog.</p><p>Quanto mais a glândula lacrimal estiver exposta, mais provável ficar irritada,</p><p>inflamada e ressecada. Esta necessita de lubrificação constante.</p><p>3.10. ENTRÓPIO</p><p>É uma alteração em genes que são responsáveis pela conformação global da cabeça</p><p>e da face, fazendo com que a pálpebra enrole para dentro do olho. A maior predisposição</p><p>é de sharpei, mas é possível haver em outras raças como chow-chow, bulldog, retrievers,</p><p>rottweiler e setters. A predisposição é principalmente genética.</p><p>Quando as pálpebras enrolam, os pelos da parte externa da pálpebra tocam na</p><p>superfície do olho e causa irritação da córnea e ulceração. É o maior problema do</p><p>entrópio. Os cílios roçam e causam irritação. Pode haver perfuração da córnea e</p><p>ulceração.</p><p>Pode afetar a pálpebra superior, inferior ou ambas ao mesmo tempo, bem como</p><p>ambos os olhos.</p><p>Como manifestações clínicas o animal apresenta lacrimejamento excessivo e</p><p>esfragação da cabeça contra o solo ou objetos.</p><p>3.11. ECTRÓPIO</p><p>Eversão da pálpebra inferior com exposição da superfície conjuntival.</p><p>Ela pode se manifestar de maneira congênita em cães que apresentam a pele da</p><p>face solta como cocker, Basset, São Bernardo, Fila e outros.</p><p>É caracterizada pela fadiga intensa dos músculos faciais intensa.</p><p>Acontece bastante de cães de caça que pela manhã estão normais, porém, ao final</p><p>da tarde apresentam ectrópio. Conforme o animal recupera a energia o olho volta para o</p><p>lugar.</p><p>Pode também ser de ordem paralítica, causada por lesão dos ramos do nervo facial</p><p>(ventral e dorsal) que suprem o músculo orbicular do olho. Origem no nervo facial</p><p>(principalmente ventral dorsal da face).</p>