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<p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE</p><p>SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES</p><p>DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA</p><p>Prof. João Vitor Rodrigues de Souza</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE</p><p>SOCIAL</p><p>Marília/SP</p><p>2023</p><p>“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma</p><p>ação integrada de suas atividades educacionais, visando à</p><p>geração, sistematização e disseminação do conhecimento,</p><p>para formar profissionais empreendedores que promovam</p><p>a transformação e o desenvolvimento social, econômico e</p><p>cultural da comunidade em que está inserida.</p><p>Missão da Faculdade Católica Paulista</p><p>Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.</p><p>www.uca.edu.br</p><p>Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma</p><p>sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria,</p><p>salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a</p><p>emissão de conceitos.</p><p>Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5</p><p>SUMÁRIO</p><p>CAPÍTULO 01</p><p>CAPÍTULO 02</p><p>CAPÍTULO 03</p><p>CAPÍTULO 04</p><p>CAPÍTULO 05</p><p>CAPÍTULO 06</p><p>CAPÍTULO 07</p><p>CAPÍTULO 08</p><p>CAPÍTULO 09</p><p>CAPÍTULO 10</p><p>CAPÍTULO 11</p><p>CAPÍTULO 12</p><p>CAPÍTULO 13</p><p>09</p><p>26</p><p>39</p><p>54</p><p>66</p><p>81</p><p>96</p><p>112</p><p>129</p><p>145</p><p>162</p><p>177</p><p>192</p><p>SUSTENTABILIDADE: CONCEITOS, HISTÓRICO</p><p>E PARADIGMA</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL: CONCEITOS E</p><p>APLICAÇÃO</p><p>EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS DAS</p><p>ABORDAGENS SUSTENTÁVEIS</p><p>ÉTICA ORGANIZACIONAL</p><p>RISCO AMBIENTAL E SOCIAL</p><p>ÁREAS DE SUSTENTABILIDADE: MEIO</p><p>AMBIENTE, ECONOMIA E SOCIEDADE</p><p>GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS</p><p>GOVERNANÇA E ESTRATÉGIAS</p><p>SUSTENTÁVEIS</p><p>IMPORTÂNCIA E O PAPEL DAS PARTES</p><p>INTERESSADAS</p><p>NORMATIZAÇÃO E AS DIRETRIZES ISO 2600</p><p>PARA RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>CRESCIMENTO E MEIO AMBIENTE NA ERA DA</p><p>GLOBALIZAÇÃO</p><p>FUTURO DA SUSTENTABILIDADE E GESTÃO</p><p>DE RECURSOS</p><p>INDICADORES SOCIAIS DE GESTÃO</p><p>SUSTENTÁVEL DE RECURSOS</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6</p><p>SUMÁRIO</p><p>CAPÍTULO 14</p><p>CAPÍTULO 15</p><p>207</p><p>219</p><p>PRINCÍPIO ESG – DEFINIÇÃO E</p><p>DESEMPENHO</p><p>INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL: ESTRATÉGIAS E</p><p>EXEMPLOS</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>No cenário global em rápida mudança de hoje, as organizações estão reconhecendo</p><p>cada vez mais a importância de incorporar práticas sustentáveis e abraçar a</p><p>responsabilidade social. Este livro foi desenvolvido para fornecer aos alunos uma</p><p>compreensão abrangente desses tópicos vitais e seu profundo impacto nas organizações</p><p>e na sociedade como um todo.</p><p>Vamos aprofundar o significado da sustentabilidade e da responsabilidade social</p><p>no contexto organizacional. Exploraremos como as organizações podem integrar</p><p>práticas sustentáveis não apenas para preservar os recursos, mas também para</p><p>aumentar o valor de longo prazo para os acionistas. Ao compreender os benefícios</p><p>da sustentabilidade e da responsabilidade social, os alunos reconhecerão como essas</p><p>práticas podem contribuir para a marca, reputação e sucesso geral da organização.</p><p>As organizações desempenham um papel crítico na sociedade e suas práticas sociais</p><p>têm efeitos de longo alcance. Por isso, também exploraremos as várias práticas sociais</p><p>adotadas pelas organizações, como iniciativas de responsabilidade social corporativa,</p><p>estruturas de tomada de decisão ética e atividades filantrópicas. Ao examinar exemplos</p><p>do mundo real, os estudantes obterão insights sobre como as organizações podem</p><p>impactar positivamente a sociedade e promover relacionamentos significativos com</p><p>as partes interessadas e o público.</p><p>A gestão sustentável de recursos é essencial para o sucesso a longo prazo e a gestão</p><p>ambiental. Vamos nos aprofundar nas estratégias empregadas pelas organizações para</p><p>sustentar recursos e maximizar seu valor. Exploraremos conceitos como princípios</p><p>de economia circular, eficiência de recursos e adoção de energia renovável. Os alunos</p><p>aprenderão como essas estratégias podem impulsionar a inovação, reduzir o desperdício</p><p>e contribuir para a viabilidade de longo prazo da organização. Exploraremos a importância</p><p>de envolver as partes interessadas e o público em iniciativas de sustentabilidade e</p><p>responsabilidade social. Os alunos aprenderão sobre estratégias para comunicação</p><p>eficaz, construção de relacionamentos e promoção da colaboração. Enfatizaremos</p><p>como esses esforços podem influenciar a sociedade nos domínios econômico, social</p><p>e ambiental, levando a um futuro mais sustentável e inclusivo.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8</p><p>Ao navegar pelas páginas deste livro, você obterá uma compreensão abrangente sobre</p><p>sustentabilidade, responsabilidade social e seu profundo impacto nas organizações e na</p><p>sociedade. Convidamos você a embarcar nessa jornada esclarecedora, explorando as</p><p>estratégias, modelos e práticas que moldarão um futuro resiliente para as organizações</p><p>e para o mundo em que vivemos.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9</p><p>CAPÍTULO 1</p><p>SUSTENTABILIDADE:</p><p>CONCEITOS, HISTÓRICO</p><p>E PARADIGMA</p><p>1.1 Introdução</p><p>O fracasso do modelo de crescimento econômico baseado apenas na eficiência e</p><p>no crescimento ilimitado resultou na degradação contínua das condições sociais e</p><p>ecológicas, negando até mesmo as condições básicas de vida a uma grande parte da</p><p>população na maioria das sociedades. Desde a Conferência de Estocolmo sobre Meio</p><p>Ambiente Humano em 1972, o grande despertar e união da comunidade internacional</p><p>sobre as questões ambientais mais importantes, como degradação, refletida em vários</p><p>fenômenos relacionados, tem sido observadas com mais destaque. Intensos problemas</p><p>ambientais globais cada vez mais evidentes como aquecimento global, mudanças</p><p>climáticas, perda de biodiversidade, esgotamento dos recursos naturais, degradação</p><p>ambiental do solo, ar e corpos d’água e alteração do ciclo do nitrogênio, juntamente com</p><p>a armadilha da pobreza, vulnerabilidade social, más condições de trabalho, desemprego,</p><p>ampliando desigualdades e volatilidade financeira, resultantes de extensas atividades</p><p>antropogênicas e alimentadas por um rápido crescimento econômico além dos “mais</p><p>amplos sonhos neolíticos”, agora desafiam nossa compreensão do processo econômico</p><p>existente como puramente positivo. Isso levantou questões sobre se o progresso</p><p>atual pode ser sustentado no futuro. O desenvolvimento sustentável surgiu agora</p><p>como um paradigma de desenvolvimento para manter uma integração equilibrada</p><p>das necessidades socioeconômicas com a capacidade regenerativa do planeta Terra</p><p>quando o sistema de suporte à vida do nosso planeta está ameaçado.</p><p>1.2. Definindo o desenvolvimento sustentável</p><p>Com diversas sociedades humanas, ecossistemas e desafios complexos</p><p>decorrentes de consequências socioeconômicas heterogêneas, novas definições</p><p>de desenvolvimento sustentável são continuamente formuladas, acomodando uma</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10</p><p>variedade de entendimentos e expectativas de progresso desejável. A Comissão Mundial</p><p>sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (HINRICHS, 2009) definiu o desenvolvimento</p><p>sustentável como “satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer a</p><p>capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades”. Isso foi</p><p>publicado no relatório Brundtland “Nosso Futuro em Comum” (HEINRICHS e MARTENS,</p><p>2016).</p><p>Nesse entendimento mais proeminente do desenvolvimento sustentável, o conceito</p><p>de desenvolvimento sustentável implica “limites – não limites absolutos, mas limitações</p><p>impostas pelo estado atual da tecnologia, organização social dos recursos ambientais</p><p>e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos da ação</p><p>outro canal igualmente importante que vincula a RSE com as motivações intrínsecas</p><p>e a produtividade do trabalho.</p><p>Numa economia em que a criatividade, a capacidade de inovar e de colocar</p><p>continuamente novas versões de produtos no mercado para satisfazer os gostos</p><p>mutáveis dos clientes tornam-se qualidades cada vez mais importantes, consolida-se a</p><p>relação entre as motivações intrínsecas e a produtividade dos trabalhadores criativos.</p><p>Embora as motivações intrínsecas possam não ter sido muito importantes, elas são</p><p>fundamentais para conquistar o coração dos trabalhadores e levá-los a maximizar</p><p>seu comprometimento criativo (NASCIMENTO, LEMOS, e MELLO, 2014).</p><p>É interessante notar que os beneficiários de possíveis iniciativas filantrópicas não</p><p>são apenas os stakeholders que são os principais destinatários da RSE, mas também</p><p>os funcionários da empresa que podem implementá-las; ao escolher a RSE, um círculo</p><p>virtuoso é iniciado, aumentando as motivações intrínsecas, a satisfação no trabalho</p><p>e a produtividade.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS DAS</p><p>ABORDAGENS SUSTENTÁVEIS</p><p>Este capítulo tem como objetivo fornecer uma visão geral sobre diferentes tendências</p><p>e abordagens dentro da estrutura da sustentabilidade para avaliar seu impacto e</p><p>oferecer possíveis soluções para os problemas enfrentados pelo paradigma global</p><p>da sustentabilidade. Abordagens de avaliação de sustentabilidade apoiam diferentes</p><p>níveis de tomada de decisão e processos políticos, melhorando assim a gestão</p><p>de sistemas naturais e humanos. Além disso, existem diferentes abordagens para</p><p>quantificar e estimar a sustentabilidade. Entre os mais notáveis estão os Indicadores de</p><p>Sustentabilidade, pois são amplamente utilizados para medir e comunicar o progresso</p><p>em direção ao desenvolvimento sustentável. Outra opção para avaliar a sustentabilidade</p><p>com base no ciclo de vida da indústria é a Avaliação de Ciclo de Vida, equilibrando as três</p><p>dimensões da sustentabilidade (ambiental, social e econômica). Para encontrar soluções</p><p>empresariais sustentáveis, será analisada a tendência ascendente da sustentabilidade</p><p>e suas variantes e diferentes abordagens existentes. Essas abordagens de avaliação</p><p>sustentável podem ser aplicadas a produtos, serviços e tecnologias, bem como a</p><p>modelos de negócios, como o Sistema Produção Mais Limpa, Economia Circular e</p><p>Simbiose Industrial.</p><p>3.1 Introdução</p><p>O desenvolvimento sustentável emergiu como um conceito influente para negócios</p><p>e políticas e é considerado a solução para criar um futuro promissor e próspero para</p><p>a humanidade. Há uma consciência crescente do fato de que uma transformação</p><p>fundamental na maneira como as sociedades se comportam pode ser necessária se</p><p>quisermos progredir em direção ao desenvolvimento sustentável.</p><p>A degradação ambiental está progressivamente se tornando uma ameaça significativa</p><p>para toda a humanidade. Além disso, as desigualdades sociais ainda prevalecem como</p><p>resultado do “sucesso” da sociedade industrializada dominante. Da publicação do</p><p>Relatório da Comissão Brundtland, “Nosso Futuro Comum” pela Comissão Mundial</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40</p><p>sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED) em 1987 para a publicação dos</p><p>Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pelas Nações Unidas em 2015, muitas</p><p>iniciativas foram tomadas para enfrentar os desafios ambientais, econômicos e sociais,</p><p>a fim de implementar agendas de desenvolvimento sustentável. Um número crescente</p><p>de organizações percebeu que o desenvolvimento econômico deve considerar questões</p><p>sociais e ecológicas simultaneamente. Embora muitos esforços tenham sido feitos</p><p>até agora, muito mais ainda precisa ser feito. Resolver questões ambientais e sociais</p><p>requer mudanças nas políticas convencionais que se mostraram insuficientes para</p><p>combater os grandes problemas relacionados à sustentabilidade (AKABANE e POZO,</p><p>2020).</p><p>Título: Sustentabilidade</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/sustentabilidade-energia-globo-3300869/</p><p>A motivação de empresas e empreendedores para alcançar a sustentabilidade está</p><p>intimamente ligada aos objetivos econômicos das empresas, como obter vantagem</p><p>competitiva, ser líder de mercado e gerar menos efeitos negativos na sociedade.</p><p>Além disso, em vários domínios de negócios, há uma necessidade substancial de</p><p>abordagens inovadoras para alcançar a sustentabilidade. Nesse sentido, produtos,</p><p>serviços e tecnologias em modelos de negócios estão entre as abordagens para</p><p>soluções sustentáveis discutidas neste capítulo. Para alcançar a sustentabilidade,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41</p><p>produtos, serviços, tecnologias e modelos de negócios sustentáveis inovadores podem</p><p>ser formulados levando em consideração não apenas questões ambientais e sociais,</p><p>mas também necessidades institucionais e econômicas. Neste capítulo, Sistema</p><p>Produto-Serviço (SPS), Economia Circular e Ecologia Industrial estão entre os modelos</p><p>de negócios sustentáveis explorados.</p><p>A avaliação e o relatório de sustentabilidade tornaram-se grandes preocupações entre</p><p>acadêmicos e empresas, uma vez que foram determinados como fundamentais para</p><p>apoiar todos os níveis de tomada de decisão e processos políticos com o objetivo final de</p><p>melhorar o gerenciamento de sistemas humanos e naturais, bem como obter resultados</p><p>mais sustentáveis e com menos impactos nocivos ao meio ambiente e à sociedade.</p><p>Nesse sentido, várias abordagens e ferramentas têm sido desenvolvidas para avaliar</p><p>a sustentabilidade, entre as quais se destacam os indicadores de sustentabilidade.</p><p>Esses indicadores são uma das abordagens mais utilizadas e são cruciais para avaliar a</p><p>sustentabilidade nos processos de tomada de decisão e, especialmente, para comunicar</p><p>o desempenho de sustentabilidade da empresa às partes interessadas e o progresso</p><p>em direção ao desenvolvimento sustentável.</p><p>Figura - Avaliação e relatório de sustentabilidade</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/tres-pessoas-sentadas-ao-lado-da-mesa-416405/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42</p><p>Assim, o principal objetivo deste capítulo é revisar a evolução e as tendências do</p><p>desenvolvimento sustentável. Além disso, esta pesquisa visa encontrar abordagens</p><p>para a avaliação da sustentabilidade empresarial, bem como várias soluções</p><p>sustentáveis. Para tal, serão discutidos os diferentes tipos de abordagens à avaliação</p><p>da sustentabilidade em termos de indicadores e metodologias baseadas no ciclo de</p><p>vida, bem como os tipos de abordagens existentes para soluções sustentáveis.</p><p>3.2 Indicadores de sustentabilidade e avaliação baseada em ciclos de vida</p><p>Um dos principais objetivos das abordagens de avaliação e monitoramento e relato de</p><p>sustentabilidade é apoiar a tomada de decisão e os processos políticos das empresas</p><p>(BOONS e LÜDEKE-FREUND, 2013), melhorando a gestão dos sistemas socioecológicos</p><p>e obtendo resultados mais sustentáveis com menos consequências negativas. Nesse</p><p>sentido, as avaliações de sustentabilidade desempenham um papel fundamental nos</p><p>processos de planejamento e projeto nos níveis estratégico e operacional, com projetos,</p><p>programas, políticas, planos e atividades/operações que abordam diferentes objetivos</p><p>e metas para alcançar o desenvolvimento sustentável, independentemente de seu</p><p>contexto específico (BOONS e LÜDEKE-FREUND, 2013).</p><p>Embora uma grande variedade de ferramentas e métodos tenham sido concebidos</p><p>para avaliar e relatar o desenvolvimento sustentável, os indicadores de sustentabilidade</p><p>aparecem como uma das abordagens mais utilizadas, mostrando-se cruciais para a</p><p>avaliação da sustentabilidade nos processos de tomada de decisão e principalmente</p><p>para a comunicação</p><p>do desempenho de sustentabilidade da empresa para partes</p><p>interessadas e o progresso rumo ao desenvolvimento sustentável (CURI, 2012). Como</p><p>esses indicadores são promovidos principalmente nos níveis regional e nacional, para</p><p>serem bem aceitos pelas partes interessadas de cada governo, devem considerar</p><p>completamente as diferentes condições e preocupações de cada nação (CURI, 2012).</p><p>Embora algumas das primeiras referências importantes a indicadores da década</p><p>de 1970 focassem principalmente em aspectos ambientais, nas últimas décadas,</p><p>houve uma expansão internacional de iniciativas de indicadores de sustentabilidade</p><p>(CURI, 2012). Todas essas iniciativas variam entre níveis transnacionais, nacionais,</p><p>regionais e locais, bem como organizações (empresas, universidades ou ONGs), setores</p><p>econômicos, ecossistemas, comunidades, famílias e indivíduos. Mais especificamente,</p><p>algumas das abordagens e indicadores mais conhecidos que se tornaram populares</p><p>são o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e um derivado denominado Índice de</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43</p><p>Desenvolvimento Humano Sustentável, Pegada Ecológica e Índice de Desempenho</p><p>Ambiental, ou seu precursor Índice de Sustentabilidade Ambiental. Ao mesmo tempo,</p><p>surgiram várias metas e indicadores que estão ligados ao conceito de Fronteiras</p><p>Planetárias (CURI, 2012).</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Para atender as necessidades de indicadores, em 2015, a Comissão de Estatística</p><p>das Nações Unidas criou um Grupo Intergerencial e de Especialistas em Indicadores</p><p>dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo Estados Membros e</p><p>agências regionais e internacionais como observadores, para fazer uma proposta</p><p>para criar uma estrutura de indicadores ODS. Com a adoção dos ODS, a Assembleia</p><p>Geral das Nações Unidas sinalizou a jornada rumo a um futuro sustentável.</p><p>Essas metas e indicadores exigem levar em consideração as necessidades e</p><p>desejos de todos os países, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Na</p><p>verdade, pensava-se que a visão dominante de sustentabilidade e os indicadores</p><p>relacionados surgiriam de uma negociação entre as visões de muitos grupos e</p><p>indivíduos.</p><p>Fonte: Adaptado de MAY (2018).</p><p>3.3 Avaliação baseada em ciclos de vida</p><p>A avaliação da sustentabilidade tem sido amplamente discutida na literatura e na</p><p>indústria, com diversas abordagens desenvolvidas para sua aplicação. Portanto, são</p><p>necessários conceitos capazes de integrar as três dimensões da sustentabilidade (ou</p><p>seja, ambiental, social e econômica), e a Análise de Ciclo de Vida (ACV) surge como uma</p><p>metodologia com possibilidade de avaliar a sustentabilidade nessas circunstâncias.</p><p>A ACV é a metodologia mais consistente e padronizada. Além de seu uso clássico</p><p>para avaliar um processo específico na cadeia de valor de um produto ou serviço,</p><p>também realiza tabelas econômicas de insumo-produto, concentrando-se em um</p><p>setor ou cadeia produtiva de tecnologia. Em relação aos indicadores escolhidos (ou</p><p>categorias de impacto), a avaliação de impacto do ciclo de vida (AICV) pode abordar</p><p>a cadeia de causa e efeito dos impactos ambientais usando categorias de impacto</p><p>de ponto médio e ponto final.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44</p><p>3.3.1 Avaliação do ciclo de vida social</p><p>A United Nations Environment Programme e a Society of Environmental Toxicology</p><p>and Chemistry UNEP/SETAC estabeleceu as diretrizes para a Avaliação do Ciclo de Vida</p><p>Social (ACVS), fornecendo também as Folhas Metodológicas concebidas como a linha</p><p>de base metodológica mais abrangente e aceita mundialmente (WEETMAN, 2019).</p><p>Essas diretrizes fornecem cinco grupos de partes interessadas – isto é: trabalhadores,</p><p>comunidade local, sociedade, consumidores e atores da cadeia de valor – que podem</p><p>ser afetados por impactos sociais e socioeconômicos, fornecendo possíveis indicadores</p><p>para cada subcategoria em cada grupo.</p><p>O maior desafio na escolha de indicadores adequados para avaliar impactos sociais</p><p>é escalá-los para a unidade funcional para o que se recomenda o uso de variáveis</p><p>de atividade, como o número de horas de trabalho, para escalar de forma adequada</p><p>o caminho. Ao selecionar indicadores, o uso das diretrizes do UNEP/SETAC e das</p><p>Fichas Metodológicas complementares é recomendado por vários autores, bem como</p><p>o diálogo com as partes interessadas e extensas revisões da literatura, uma vez que</p><p>a disponibilidade de dados foi considerada uma variável chave (WEETMAN, 2019).</p><p>Outra opção para selecionar indicadores adequados é seguir estruturas políticas ou</p><p>diretrizes do setor, como as de Responsabilidade Social Corporativa, a Global Reporting</p><p>Initiative ou os ODS da ONU (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>Os indicadores mais frequentemente utilizados são os relacionados com a saúde</p><p>e segurança, bem como aqueles com implicações no emprego, tais como acidentes/</p><p>lesões fatais e não fatais no local de trabalho, oferta de emprego, criação de postos de</p><p>trabalho e emprego local (HEINRICHS e MARTENS, 2016). Como encontrar indicadores</p><p>puramente sociais é uma tarefa desafiadora, muitos estudos tendem a combinar os</p><p>indicadores sociais com outros relacionados a dimensões econômicas, políticas ou</p><p>mesmo sócio-técnicas (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>Os relatórios de sustentabilidade são as principais fontes de informações das</p><p>organizações que demonstram seu alinhamento com práticas sustentáveis. O principal</p><p>objetivo das estruturas de relatórios de sustentabilidade é transformar questões teóricas</p><p>em ações concretas.</p><p>Nas últimas décadas, porém, assistimos a um enorme crescimento de diferentes</p><p>relatórios de sustentabilidade das empresas, impulsionado em grande parte pelo</p><p>aumento da pressão das partes interessadas por maior transparência nos impactos</p><p>ambientais e sociais. Diante dessa pressão para relatar uma ampla gama de questões -</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45</p><p>incluindo emissões de gases de efeito estufa, risco climático, diversidade do conselho e</p><p>disparidade salarial por gênero - as empresas têm recorrido a estruturas de relatórios de</p><p>sustentabilidade para ajudar a orientar seus esforços de relatórios não financeiros. Essas</p><p>estruturas podem ser especialmente úteis devido à falta de regulamentações uniformes</p><p>sobre relatórios de sustentabilidade – os relatórios são exigidos nos principais blocos</p><p>econômicos do mundo, como União Europeia, mas continuam sendo uma prática</p><p>predominantemente voluntária em grande parte do mundo.</p><p>Assim, a variedade de estruturas de relatórios de sustentabilidade pode ser</p><p>assustadora. Para empresas que embarcam na prática de relatórios de sustentabilidade,</p><p>pode ser desafiador discernir entre as várias estruturas e entender o propósito de</p><p>cada estrutura.</p><p>Objetivo Foco Público interessado</p><p>GRI</p><p>Ajudar organizações a relatar seus impactos</p><p>econômicos, sociais e ambientais, considerando</p><p>diferentes interesses.</p><p>Sustentabilidade</p><p>Amplo conjunto de</p><p>partes interessadas</p><p>CDP</p><p>Mensurar dados relacionados à emissão de GEE,</p><p>água, floresta e de outros materiais da cadeia de</p><p>suprimentos.</p><p>Recursos naturais e</p><p>impactos ambientais</p><p>Investidores e</p><p>credores</p><p>IIRC</p><p>Estabelecer um guia de princípios orientativo e</p><p>integrado para a organização.</p><p>Sustentabilidade</p><p>Investidores e</p><p>acionistas</p><p>SASB</p><p>Facilitar a divulgação de materiais e informações de</p><p>sustentabilidade</p><p>Sustentabilidade Investidores</p><p>TFCD Encorajar acordos relacionados a riscos climáticos Riscos climáticos</p><p>Investidores e</p><p>credores</p><p>Tabela – Principais Relatórios de Sustentabilidade</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>O mais antigo do conjunto, o Global Reporting Initiative (GRI): foi fundado em 1997</p><p>nos Estados Unidos em resposta ao acidente ambiental da Exxon Valdez. Os padrões</p><p>da GRI se concentram em como as ações de uma empresa afetam a sociedade - e</p><p>não em como os fatores</p><p>externos afetam a empresa - o que a torna uma estrutura</p><p>eficaz para relatar a uma gama muito mais ampla de partes interessadas do que</p><p>apenas os investidores (MAY, 2018).</p><p>O Carbon Disclosure Project (CDP) foi criado em 2007 como um produto de Davos,</p><p>para integrar relatórios climáticos às práticas contábeis existentes. Desde então, tem</p><p>conduzido uma pesquisa anual para coletar informações sobre emissões de gases</p><p>de efeito estufa (GEE) por parte das empresas. Seu questionário com mais de 100</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46</p><p>perguntas, e, atualmente, seu escopo, inclui, além de GEEs, gestão de recursos hídricos</p><p>e impactos nas florestas (MAY, 2018).</p><p>O International Integrated Reporting Council (IIRC) foi formado em 2010 e é totalmente</p><p>baseado em princípios. Fornece a estrutura de relatório integrado para conectar a</p><p>divulgação de sustentabilidade com a divulgação financeira. Essencialmente, ele se</p><p>vê como o organizador das outras estruturas (MAY, 2018).</p><p>O Sustainability Accounting Standards Board (SASB) teve origem nos Estados</p><p>Unidos em 2011 e, como o IIRC, está focado na criação de valor empresarial com um</p><p>stakeholder em mente: o investidor. Ao contrário do GRI, os padrões SASB identificam</p><p>riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que afetam uma empresa,</p><p>incluindo seu balanço patrimonial, demonstração de resultados, avaliação de mercado</p><p>e custo de capital (MAY, 2018).</p><p>Por fim, o Taskforce on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), criado em</p><p>2015, tem como propósito a divulgação concisa de riscos financeiros relacionados ao</p><p>clima para uso por empresas, bancos e investidores no fornecimento de informações</p><p>às partes interessadas. Ao envolver sistematicamente as partes interessadas globais,</p><p>os programas TCFD visam ajudar as instituições financeiras a adicionar profundidade,</p><p>granularidade e nuances às suas avaliações de risco climático, consolidar as melhores</p><p>práticas de gestão e padronizar a divulgação dos resultados.</p><p>3.4 Abordagens para soluções sustentáveis</p><p>De acordo com as atividades de negócios, o conceito de desenvolvimento sustentável</p><p>foi descrito pelo International Institute for Sustainable Development (CURI, 2012) como</p><p>a adaptação de estratégias e atividades de negócios que atendem às necessidades da</p><p>empresa e de seus stakeholders hoje, enquanto protegem, sustentando e aprimorando</p><p>os recursos humanos e naturais que serão necessários no futuro. Nesse sentido,</p><p>para alcançar a sustentabilidade, este tópico analisa soluções sustentáveis por meio</p><p>da criação de produtos, serviços e tecnologias sustentáveis, bem como modelos de</p><p>negócios.</p><p>3.4.1 Produtos, serviços e tecnologia</p><p>As parcerias estratégicas verdes foram definidas como acordos voluntários entre</p><p>duas ou mais organizações com o objetivo de trocar, compartilhar ou codesenvolver</p><p>produtos, tecnologias ou serviços ambientalmente amigáveis, ou ‘verdes’, para perseguir</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47</p><p>um conjunto de objetivos verdes estratégicos ou abordar questões críticas de negócios</p><p>(BOONS e LÜDEKE-FREUND, 2013).</p><p>Nesse sentido, o objetivo dessa colaboração entre diferentes organizações é</p><p>desenvolver e implementar tecnologias sustentáveis inovadoras para oferecer produtos</p><p>ecologicamente corretos e serviços sustentáveis. Consequentemente, existem diferentes</p><p>soluções sustentáveis que são fundamentais para enfrentar o profundo efeito da</p><p>sustentabilidade na sociedade, nomeadamente tecnologia, serviços, produtos e um</p><p>modelo de negócio (WEETMAN, 2019).</p><p>O escopo da sustentabilidade no mundo está associado a três aspectos relevantes:</p><p>inovação em tecnologia, estilo de vida e modelos de negócios. Em comparação com a</p><p>manufatura tradicional, a manufatura avançada consiste em realizar todo o processo</p><p>de forma sustentável (por exemplo, atividades de processos produtivos, serviços,</p><p>clientes). A manufatura avançada tem sido reconhecida como um elemento essencial</p><p>na implementação da sustentabilidade que melhora a flexibilidade e a qualidade do</p><p>processo produtivo e, por sua vez, a redução de custos.</p><p>Outra solução sustentável que fomenta o crescimento de redes de valor é fornecer</p><p>produtos e serviços sustentáveis . Essa solução é a razão pela qual produtos “verdes”</p><p>melhoram tanto os índices de desenvolvimento das empresas quanto a qualidade de</p><p>vida dos indivíduos. Assim, vantagens competitivas sustentáveis não são fornecidas</p><p>apenas por produtos sustentáveis, mas também pela construção do serviço devido às</p><p>rápidas mudanças que ocorrem no mercado. Adicionalmente, em consonância com a</p><p>dimensão social da sustentabilidade, a tecnologia desempenha um papel crucial no</p><p>desenvolvimento sustentável para melhorar o bem-estar dos indivíduos, em termos</p><p>de energia, agroindústria, saúde, entre outros aspectos (WEETMAN, 2019).</p><p>A tecnologia está entre os tipos de soluções sustentáveis mais discutidas na</p><p>literatura, envolvendo um grupo de processos, práticas e métodos (WEETMAN, 2019).</p><p>Nesse sentido, a tecnologia pode potencializar as três dimensões da sustentabilidade</p><p>ao proporcionar uma relação favorável às exigências dos indivíduos e às restrições</p><p>ambientais. Por exemplo, a tecnologia pode possibilitar o alcance de um ambiente</p><p>sustentável ao oferecer o consumo inteligente de fontes de energia. As dimensões</p><p>econômica e social da sustentabilidade podem ser fornecidas por melhorias nas</p><p>tecnologias de informação e comunicação (WEETMAN, 2019). As tecnologias</p><p>empregadas para o desenvolvimento sustentável em termos de redução de resíduos da</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48</p><p>poluição do ar, uso efetivo de água, terra e energia são tecnologia ambiental, tecnologia</p><p>limpa e ecotecnologia (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>As tecnologias limpas são uma parte importante do esforço global para reduzir</p><p>as emissões e combater as mudanças climáticas. Para ajudar a apoiar esses</p><p>esforços, os governos de todo o mundo estabeleceram linhas de crédito para</p><p>fornecer financiamento para projetos de tecnologia limpa. Essas linhas de crédito</p><p>podem ser usadas para cobrir custos relacionados à pesquisa e desenvolvimento,</p><p>investimentos de capital em novos equipamentos ou tecnologias e programas de</p><p>treinamento para funcionários que supervisionam a implementação de soluções de</p><p>tecnologia limpa.</p><p>Saiba mais acessando este link: https://canalsolar.com.br/linhas-de-creditos-da-</p><p>desenvolve-sp-para-tecnologias-limpas-terao-reducao/</p><p>Fonte: Autor (2023).</p><p>Assim, é necessário que as organizações foquem nesses elementos para alcançar</p><p>uma sociedade sustentável. No entanto, ainda existem barreiras devido ao fato de que</p><p>as tecnologias se limitam aos recursos energéticos, à redução de resíduos e emissões</p><p>e à implementação de água e solo (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>3.4.2 Modelos de negócios sustentáveis</p><p>Embora as soluções sustentáveis mencionadas ao longo da unidade sejam críticas</p><p>para alcançar a viabilidade comercial da empresa, os modelos de negócios também</p><p>desempenham um papel importante nesse. Consequentemente, a construção de novos</p><p>modelos de negócios poderia oferecer outra solução potencial para a sustentabilidade</p><p>econômica, social e ambiental. Existem vários modelos de negócios que fornecem um</p><p>conjunto de características de sustentabilidade e suportam a sustentabilidade das empresas</p><p>(por exemplo, modelos de circuito fechado). Neste tópico, destacamos os seguintes modelos</p><p>de negócios: Sistema Produção + Limpa (P+L), Economia Circular e Ecologia Industrial.</p><p>3.4.2.1 Produção Mais Limpa</p><p>O termo Produção Mais Limpa (P+L) foi lançado em 1989, pelo Programa das</p><p>Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) como resposta à questão de como</p><p>https://canalsolar.com.br/linhas-de-creditos-da-desenvolve-sp-para-tecnologias-limpas-terao-reducao/</p><p>https://canalsolar.com.br/linhas-de-creditos-da-desenvolve-sp-para-tecnologias-limpas-terao-reducao/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49</p><p>produzir de forma sustentável. Seu elemento central é a prevenção versus limpeza</p><p>ou tratamento de fim de linha para problemas ambientais. Os recursos devem ser</p><p>usados de forma eficiente, reduzindo a poluição ambiental e melhorando a saúde e</p><p>a segurança. A lucratividade econômica juntamente com a melhoria ambiental é o</p><p>objetivo.</p><p>A produção mais limpa, normalmente, inclui medidas como boa limpeza, modificações</p><p>de processos, design ecológico de produtos, tecnologias mais limpas etc. (PEREIRA;</p><p>SANT’ANNA, 2018).</p><p>ANOTE ISSO</p><p>A PNUMA define produção mais limpa como “a aplicação contínua de uma</p><p>estratégia ambiental integrada e preventiva aos processos, produtos e serviços para</p><p>aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao homem e ao meio ambiente” (UNEP,</p><p>1997).</p><p>A P+L é uma abordagem preventiva à gestão ambiental; é um termo que engloba</p><p>conceitos de ecoeficiência e prevenção da poluição com redução de riscos ao homem</p><p>e ao meio ambiente. Ela não é contra o crescimento econômico, apenas insiste que</p><p>o crescimento deve ser sustentável e, portanto, se apresenta como uma estratégia</p><p>“ganha-ganha”: protege o meio ambiente, conserva nossos recursos naturais e</p><p>melhora a eficiência operacional industrial, a lucratividade, a imagem da empresa e</p><p>a competitividade.</p><p>A produção mais limpa foca na conservação de recursos naturais como água, energia</p><p>e matérias-primas e evita o tratamento de fim de linha. Envolve repensar produtos,</p><p>processos e serviços para caminhar em direção ao desenvolvimento sustentável</p><p>(PEREIRA; SANT’ANNA, 2018).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50</p><p>Figura 1- Conceito de produção mais limpa</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/usina-de-energia-de-aquecimento-de-bioma-910240/</p><p>Ao considerar os processos de produção, a produção mais limpa inclui a conservação</p><p>de matérias-primas e energia, eliminação de matérias-primas tóxicas e redução da</p><p>quantidade e toxicidade de todas as emissões e resíduos antes de saírem de um</p><p>processo. Para os produtos, a estratégia foca na redução dos impactos ao longo de</p><p>todo o ciclo de vida do produto.</p><p>A produção mais limpa é alcançada pela aplicação de know-how, pelo aprimoramento</p><p>da tecnologia e pela mudança de atitudes – e mudar atitudes é o passo mais desafiador</p><p>e mais importante na aplicação do conceito de produção mais limpa.</p><p>Um fator na definição de produção mais limpa é, portanto, a redução nos custos de</p><p>produção que resulta da melhoria da eficiência do processo. Em termos de investimento,</p><p>a principal diferença é que o investimento em tecnologias de “tratamento” de fim</p><p>de linha é, quase sempre, um investimento adicional, enquanto o investimento em</p><p>produção mais limpa sempre compensa; isso tem implicações óbvias para o emprego</p><p>e os custos de produção (CURI, 2012).</p><p>Uma definição útil de produção mais limpa precisa levar em conta a distinção entre</p><p>tecnologias e processos. Por exemplo, um processo pode tornar-se “mais limpo” sem,</p><p>necessariamente, substituir o equipamento do processo por componentes mais limpos</p><p>– alterando a forma como um processo é operado, implementando uma limpeza</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51</p><p>melhorada ou substituindo uma matéria-prima por uma “mais limpa”; a produção mais</p><p>limpa pode ou não implicar, portanto, no uso de tecnologias mais limpas.</p><p>O investimento em produção mais limpa por meio da implementação de tecnologias</p><p>limpas é claramente mais fácil de identificar do que o investimento em produção</p><p>mais limpa por qualquer outro meio. Seja qual for o método empregado para tornar</p><p>a produção mais limpa, o resultado é reduzir a quantidade de poluentes e resíduos</p><p>gerados e reduzir a quantidade de insumos não renováveis ou nocivos utilizados.</p><p>A maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento está trabalhando em</p><p>direção à poluição zero não apenas nos setores industriais, mas também nas emissões</p><p>de veículos, para reduzir as emissões gasosas a limites permitidos, e em outros setores,</p><p>como construção e agricultura. Para se aproximar da poluição zero, a indústria deve</p><p>evitar todos os poluentes de seu efluente. A hierarquia de produção mais limpa, para</p><p>eliminar todos os poluentes e aproximar-se de zero resíduos/poluição, deve começar</p><p>desde a seleção da matéria-prima até a reciclagem, passando por todo o caminho</p><p>para as modificações do produto, a fim de evitar o tratamento de fim de linha.</p><p>3.4.2.2 Economia Circular</p><p>Cada vez mais modelos de negócios de sistemas lineares estão se tornando</p><p>circulares, e essa transição requer ações e políticas. Para obter a Economia Circular,</p><p>o governo, as empresas estatais e privadas e os consumidores desempenham papéis</p><p>importantes (BOONS e LÜDEKE-FREUND, 2013).</p><p>Os níveis fundamentais incluem: (WEETMAN, 2019):</p><p>• Buscar promover a eficácia operacional, conforme modelo proposto pela Produção</p><p>Mais Limpa (ou seja, reduzir o uso de recursos e a emissão de poluentes e</p><p>resíduos, reutilizar recursos e reciclar subprodutos);</p><p>• Reutilizar e reciclar recursos em indústrias e parques industriais agrupados ou</p><p>encadeados para que os recursos circulem plenamente no sistema produtivo</p><p>local;</p><p>• Integrar sistemas de consumo e produção em uma região para que os recursos</p><p>circulem entre sistemas urbanos e indústrias. Este último nível de ação requer</p><p>a implementação de sistemas regionais ou municipais de processamento,</p><p>armazenamento, coleta e distribuição de produtos.</p><p>O conceito de economia circular é um modelo de negócio inovador que permite</p><p>alcançar o desenvolvimento sustentável de acordo com questões econômicas,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52</p><p>ambientais, institucionais e sociais. O termo foi apresentado em meados dos anos</p><p>2000 e tem como foco a reciclagem de resíduos (WEETMAN, 2019). O conceito foi</p><p>descrito como um sistema regenerativo no qual a entrada de recursos e o desperdício,</p><p>a emissão e o vazamento de energia são minimizados pela desaceleração, fechamento</p><p>e estreitamento dos ciclos de material e energia. Isso pode ser alcançado por meio de</p><p>design duradouro, manutenção, reparo, reutilização, remanufatura, recondicionamento</p><p>e reciclagem (WEETMAN, 2019).</p><p>O principal objetivo da economia circular não é apenas usar menos recursos</p><p>energéticos e matérias-primas, mas também oferecer oportunidades e gerar valor</p><p>competitivo para o bem-estar avançado da sociedade. A abordagem para eficiência</p><p>de recursos envolve ecologia industrial e produção mais limpa dentro de um sistema</p><p>mais amplo que inclui empresas industriais, parques ecoindustriais, infraestrutura</p><p>regional e redes ou cadeias de negócios para apoiar a otimização do uso de recursos</p><p>(WEETMAN, 2019).</p><p>A economia circular engloba atividades de sustentabilidade econômica, social e</p><p>ambiental. Essas atividades sustentáveis dão origem à promoção de lucros competitivos</p><p>tanto local quanto nacionalmente. De acordo com a dimensão social, esta abordagem</p><p>se concentra no bem-estar geral da sociedade, ao mesmo tempo em que facilita</p><p>a alocação de recursos para o desenvolvimento econômico com alocação justa.</p><p>Relativamente à dimensão ambiental, é considerada um modelo de negócio amigo</p><p>do ambiente que promove a utilização de métodos sustentáveis com menos efeitos</p><p>negativos no ambiente através de alterações na estrutura das indústrias. Ao nível</p><p>da dimensão econômica, a economia circular contribui para o consumo eficiente de</p><p>recursos e energia, bem como para o desenvolvimento da distribuição de recursos.</p><p>(WEETMAN, 2019).</p><p>3.4.2.3 Ecologia Industrial</p><p>Os termos economia ambiental, desenvolvimento sustentável e redes ecoindustriais</p><p>têm sido usados indistintamente de acordo com o conceito de economia circular (MAY,</p><p>2018). Nesse sentido, ecologia industrial também está relacionada ao conceito de</p><p>ecoparques industriais. A abordagem da Ecologia Industrial é reconhecida como um</p><p>processo sociotécnico relacionado à interação cooperativa de entidades empresariais</p><p>independentes que trocam energia, materiais, água, subprodutos, infraestruturas e</p><p>serviços para alcançar vantagem competitiva (MAY, 2018).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53</p><p>A Ecologia Industrial é um discurso multidisciplinar baseado em sistemas que busca</p><p>entender o comportamento emergente de sistemas humanos/naturais integrados</p><p>complexos. Uma definição mais recente de Ecologia Industrial compreende-a como</p><p>uma política com o objetivo de reduzir a quantidade de geração de resíduos, imitando</p><p>os ecossistemas naturais em sistemas industriais (AKABANE e POZO, 2020). O objetivo</p><p>da ecologia industrial é adaptar o sistema industrial de um ponto de vista circular.</p><p>Assim, a ecologia industrial proporciona sustentabilidade econômica e ambiental por</p><p>meio do consumo adequado de energia, resultando no crescimento econômico das</p><p>organizações locais e na redução de seu impacto ambiental.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54</p><p>CAPÍTULO 4</p><p>ÉTICA ORGANIZACIONAL</p><p>Este capítulo procura justificar a importância da ética organizacional na atualidade,</p><p>com base no desenvolvimento dos conceitos de sustentabilidade e Responsabilidade</p><p>Social (RS). A presença da responsabilidade social numa organização implica a adoção</p><p>de um modelo de gestão ética compatível com o sistema de gestão da qualidade</p><p>existente. Isso confere um caráter indissociável à ética e à qualidade.</p><p>Figura – Ética Organizacional</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/%c3%a9tica-certo-errado-%c3%a9tico-moral-2991600/</p><p>4.1 Importância e Implementação</p><p>Ao pensar na ética em geral, vem à mente o significado etimológico do termo, em</p><p>grego ethos (formação do caráter), e em latim mos (traje, hábito); como uma ideia de</p><p>construção de caráter, um jeito de ser, que se molda no tempo e se torna um hábito</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55</p><p>adquirido. A evolução histórica da própria definição de ética incorpora os conceitos de</p><p>bem ou mal, de certo ou errado, de liberdade de escolha para a tomada de decisões</p><p>(autonomia), de justiça e de dever ou obrigação. Portanto, até agora podemos afirmar</p><p>que o comportamento ético se baseia na construção de um caráter ou modo de ser</p><p>para incorporar bons hábitos comportamentais e tomar decisões prudentes, isto é,</p><p>analisadas, equilibradas e justas que podem resultar em um dever ou obrigação de</p><p>agir corretamente em um determinado contexto.</p><p>Isso nos leva a uma primeira abordagem do que é a ética organizacional: um caráter</p><p>moldado no tempo que determina o comportamento de uma organização como</p><p>instituição do ambiente com o qual ela interage e das pessoas que dela fazem parte</p><p>como componentes dela mesma. Aqui se encontra um dos grandes conflitos da ética</p><p>organizacional: a habitual confusão entre ações individuais e ações da organização</p><p>(CAMARGO, 2011).</p><p>Existe uma ideologia contrária à ética organizacional, considerando que estes</p><p>carecem de consciência e liberdade. Por outro lado, na ideologia favorável, às</p><p>organizações agem de forma livre e voluntária, com uma ética integrada pela soma</p><p>de diferentes pessoas e sua ética individual (que constroem um caráter e modo de ser</p><p>comuns com base em padrões comportamentais e documentos internos adotados</p><p>voluntariamente) onde os demais interessados também têm algo a contribuir. Esta</p><p>seria a base da Responsabilidade Social (RS) de uma organização do ponto de vista</p><p>ético: um fenômeno livre e voluntário de tomada de decisão que afeta outras pessoas</p><p>na busca da melhoria contínua.</p><p>Pode-se encontrar motivos que justifiquem a importância da implementação da</p><p>ética organizacional. Em primeiro lugar, as organizações estão sujeitas a demandas</p><p>internas e externas, devem ser responsabilizadas por seus atos, devendo haver a</p><p>consciência de que essa responsabilidade existe. Ser responsável significa ter um</p><p>compromisso que requer operar de forma específica segundo três tipos de deveres:</p><p>dever ou obrigação, prevenir danos sem possuir o dever ou obrigação de fazê-lo e</p><p>fazer o bem voluntariamente (ASHLEY, 2005).</p><p>Aquelas organizações que possuem uma cultura ética robusta se antecipam</p><p>estabelecendo os meios institucionais adequados. Quando não existe essa cultura, é</p><p>necessária uma reflexão institucional para traduzir os valores corporativos em modos</p><p>de ser e ações específicas.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56</p><p>Em segundo lugar, a ética organizacional é considerada mais uma questão de</p><p>gestão, como aquelas de natureza técnica, legal, econômica ou de qualidade. Trata-se</p><p>de estabelecer um compromisso de longo prazo com os princípios e valores éticos</p><p>incluídos no plano estratégico da organização, adotando um modelo de gestão</p><p>baseado em valores. Em terceiro lugar, justifica-se pela necessidade de contar com</p><p>as partes interessadas (stakeholders) para a tomada de decisões coletivas, segundo</p><p>procedimentos que permitam um debate equilibrado entre os afetados para chegar</p><p>a um acordo (ética dialógica) (CAMARGO, 2011).</p><p>Figura – Cultura ética Organizacional</p><p>Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/close-de-diversas-pessoas-dando-as-maos_12193015.htm#query=etica&position=1&from_view=search&track=sph</p><p>O que caracteriza a ética organizacional é o seu caráter holístico, a incorporação de um</p><p>sistema de gestão e a participação de todas as partes nos modos de comportamento.</p><p>Isso inclui: (1) a formação de um personagem após um processo de reflexão e autocrítica;</p><p>(2) que participa da vida corporativa no tempo; (3) que incorpora mecanismos de</p><p>compromisso ético em toda a gestão; (4) que representa a consciência de suas ações</p><p>pautadas em princípios e valores éticos e (5) que aparece expressa em sua missão</p><p>e visão (ASHLEY, 2005). Da mesma forma, deve haver disposição para se submeter</p><p>à avaliação permanente e melhorar de acordo com a evolução da própria sociedade.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57</p><p>4.2 Responsabilidade Social nas Organizações</p><p>Responsabilidade social está relacionada com a sustentabilidade e o desenvolvimento</p><p>sustentável quando se considera a sua implementação prática numa determinada</p><p>organização. Carroll (1999) faz um estudo sobre a evolução desse conceito e situa seu</p><p>surgimento na década de 1950 (CAMARGO, 2011). Na década de 1970 experimenta</p><p>um notável desenvolvimento com contribuições que alcançam uma definição mais</p><p>precisa (CAMARGO, 2011).</p><p>Figura – responsabilidade social</p><p>Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/campanha-empresarial-de-rse-de-maos-dadas_17229783.htm#query=responsabilidade%20social&position=4&from_</p><p>view=search&track=ais</p><p>A década de 1980 se destaca pelo surgimento de pesquisas empíricas e temas</p><p>alternativos que se relacionam, como a teoria dos stakeholders, a teoria da ética</p><p>empresarial, o desempenho social corporativo e a cidadania corporativa (ASHLEY, 2005).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Atualmente a Norma ISO 26000:2010 (2010) define responsabilidade social</p><p>como a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões</p><p>e atividades na sociedade e no meio ambiente por meio de um comportamento</p><p>ético e transparente. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento sustentável e</p><p>bem-estar social levando em consideração as partes interessadas, cumprindo a</p><p>legislação vigente e as normas</p><p>internacionais de comportamento e integrando tudo</p><p>isso na organização para colocá-las em prática. A responsabilidade social insere-</p><p>se nos domínios da ética organizacional uma vez que tem um carácter voluntário.</p><p>Opõe-se à técnica no sentido de conseguir atingir a excelência tecnicamente, mas</p><p>não se comportar corretamente.</p><p>Dois grandes movimentos tradicionais sintetizam a conciliação da orientação</p><p>econômica e social nas organizações (CAMARGO, 2011): (i) o Instrumental, baseado</p><p>na obtenção do lucro nos termos legais e (ii) a Substancial, alicerçada em valores</p><p>éticos, socialmente responsáveis. A partir dessa divisão inicial e de acordo com a</p><p>forma como a organização interage com a sociedade, existem diferentes teorias ou</p><p>abordagens de responsabilidade social, baseadas em quatro dimensões relacionadas</p><p>aos benefícios obtidos, ao compromisso político, às demandas sociais e aos valores</p><p>éticos (CAMARGO, 2011):</p><p>• Teorias instrumentais: consideram a organização como instrumento de geração</p><p>de riqueza. É o caso de Friedman nos anos 1970 com a maximização dos lucros</p><p>ou filantropia nos anos 1990;</p><p>• Teorias políticas: sobre o poder nas organizações e suas interações com a</p><p>sociedade, processos políticos são realizados garantindo a estabilidade</p><p>econômica, o emprego e a justiça social;</p><p>• Teorias integrativas: originárias da década de 1970, onde a organização está</p><p>voltada para a satisfação das demandas sociais e depende da comunidade na</p><p>qual está inserida; e</p><p>• Teorias éticas: sobre a base da responsabilidade ética que as organizações têm</p><p>perante a sociedade e seu funcionamento baseado em valores éticos.</p><p>4.3 Modelo de Gestão Ética em Organizações</p><p>As organizações que normalizam a gestão ética têm um valor acrescentado porque</p><p>aumentam a sua sustentabilidade. A normalização no campo da ética organizacional</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59</p><p>surge durante a década de 1970 nos Estados Unidos, Reino Unido e Itália. Na Espanha,</p><p>surge na década de 1990 com a criação da FORÉTICA e do Comitê Técnico de</p><p>Normalização da Agência Espanhola de Normalização (AENOR) em 2000 (ASHLEY,</p><p>2005).</p><p>Figura – Gestão estratégica</p><p>Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/conceito-de-controle-de-qualidade-padrao-m_36027738.htm#query=gest%C3%A3o&position=1&from_</p><p>view=search&track=sph/</p><p>A gestão ética na organização surge como uma continuação lógica da gestão da</p><p>qualidade, na verdade, ela se baseia em estratégias típicas dos padrões de gestão da</p><p>qualidade. A Norma ISO 9000:2000 sobre Sistemas de Gestão da Qualidade define um</p><p>sistema de gestão como um conjunto de elementos inter-relacionados para estabelecer</p><p>e cumprir a política e os objetivos de uma organização. Como consequência, pode-se</p><p>afirmar que um sistema de gestão é uma estrutura constituída por vários elementos</p><p>que permitem assegurar que uma organização obtenha os melhores resultados num</p><p>determinado domínio e seja mais eficiente.</p><p>Existem muitas outras normas de sistemas de gestão nas organizações, de qualidade</p><p>(ISO 9001), ambiental (ISO 14001), de saúde e segurança no trabalho (OSHAS 18001)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60</p><p>ou de condições de trabalho no local de trabalho (SA8000). A Norma 26000:2010,</p><p>Orientação sobre Responsabilidade Social, permite reunir todos esses conceitos em</p><p>um único sistema de gestão como um grande recipiente de responsabilidade social</p><p>(CURI, 2012).</p><p>Figura – Certificação</p><p>Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/close-up-do-homem-de-negocios-com-tabuleta-digital_855036.htm#query=gest%C3%A3o&position=6&from_</p><p>view=search&track=sph</p><p>Em geral, as normas relacionadas à responsabilidade social podem ser divididas em</p><p>regulamentos gerais; regulamentos que fornecem recomendações para sua gestão,</p><p>como o Impacto Global, guias de códigos de conduta e princípios éticos; e padrões</p><p>para elaboração de relatórios de sustentabilidade, como o AA1000 ou o G3 (atual G4),</p><p>propostos pela Global Reporting Initiative (GRI), considerada referência mundial para</p><p>a elaboração de relatórios de sustentabilidade (CURI, 2012).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>A ética organizacional é um componente fundamental em todas as áreas. Em</p><p>ambientes de saúde é um componente essencial da prestação de cuidados</p><p>de qualidade ao paciente. As organizações de saúde devem garantir que seus</p><p>funcionários, pacientes e outras partes interessadas sigam padrões éticos de</p><p>comportamento e tomada de decisões.</p><p>No mínimo, as organizações devem ter um código de ética que descreva o</p><p>comportamento aceitável para funcionários e pacientes. Este código deve incluir</p><p>disposições relacionadas à confidencialidade, respeito pela diversidade, protocolos</p><p>de segurança, processos de consentimento informado, direitos do paciente, leis de</p><p>privacidade, métodos de resolução de conflitos. É importante que as organizações</p><p>de saúde mantenham um diálogo aberto sobre ética organizacional entre seus</p><p>funcionários, para que todos estejam cientes das expectativas - isso pode ajudar</p><p>a evitar possíveis conflitos no futuro, garantindo que os indivíduos tratem uns aos</p><p>outros com respeito em todos os momentos.</p><p>Fonte: Paraizo e Bégin (2005)</p><p>Os princípios básicos que sustentam um modelo integral de gestão da responsabilidade</p><p>social na organização são: aplicar normas ou padrões de responsabilidade social;</p><p>considerar todas as partes interessadas; transparência e responsabilidade e o Triple</p><p>Bottom Line ou a quantificação dos resultados nos três pilares da sustentabilidade</p><p>para a criação de valor (SROUR, 2013). De acordo com esses princípios, podemos</p><p>definir os elementos que compõem um sistema de gestão ética nas organizações</p><p>(SROUR, 2013):</p><p>1. Aspectos estratégicos: estratégia na organização, estratégia, política de</p><p>responsabilidade social formalizada e escrita, códigos éticos escritos e verificação</p><p>do seu cumprimento, programas de comunicação com as partes interessadas,</p><p>Scorecard, cultura baseada em valores, declarações de valores, missão e visão;</p><p>2. Aspectos organizacionais: comissão de responsabilidade social, unidade</p><p>responsável pela gestão de responsabilidade social e formação de equipes de</p><p>trabalho;</p><p>3. Aspectos de planejamento: definição de objetivos, projetos de responsabilidade</p><p>social em todas as áreas, orçamento, recursos e gestão da informação e</p><p>conhecimento;</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62</p><p>4. Aspectos operacionais: processos, produtos e serviços de qualidade, revisão</p><p>e atualização de normas legais e éticas, padrões e sistemas, estrutura de</p><p>relacionamento com fornecedores e parceiros, indicadores específicos;</p><p>5. Aspectos de monitorização e avaliação: auditorias internas e externas para</p><p>certificação de responsabilidade social, avaliação de outros organismos, relatório</p><p>de sustentabilidade, relatórios de responsabilidade social e procedimentos de</p><p>comunicação com os diferentes stakeholders;</p><p>6. Aspectos de melhoria contínua: aprendizado e aperfeiçoamento, estudos de</p><p>benchmarkmarketing, troca de boas práticas e detecção de áreas de crescimento.</p><p>Figura – Princípios da Ética Organizacional</p><p>Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/conceitual-de-sucesso-e-alvo-com-humanos-e-blocos-de-madeira_10183755.htm#query=principios&position=1&from_</p><p>view=search&track=sph</p><p>A avaliação tem estado tradicionalmente ligada à gestão da qualidade na nossa</p><p>área profissional uma vez que considera as bibliotecas e os serviços de informação em</p><p>termos de eficácia, eficiência e satisfação dos clientes/utilizadores. Mas se pensarmos</p><p>além disso, que é necessário conhecer os efeitos e benefícios que estes serviços</p><p>produzem na comunidade e na sociedade em geral, como elemento fundamental de</p><p>avaliação num sistema de gestão de responsabilidade</p><p>social, é necessário considerar</p><p>a avaliação de impacto.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63</p><p>4.4. Cultura e a relação com a ética organizacional</p><p>A cultura está relacionada a um propósito compartilhado único e a um conjunto</p><p>de valores articulados em um sistema que fornece internamente uma mentalidade</p><p>compartilhada para os funcionários.</p><p>Figura – Cultura organizacional</p><p>Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/maos-coloridas-em-close-up-festival_6043564.htm#query=cultura&position=10&from_view=search&track=sph/</p><p>Ela molda como uma empresa interage com seu contexto, orienta seus processos</p><p>de tomada de decisão e desempenha suas funções (ASHLEY, 2005). Portanto, a cultura</p><p>influencia o grau em que a ética se torna incorporada dentro de uma organização.</p><p>Faz sentido que a gestão intencional da cultura seja uma estratégia adequada para</p><p>promover a ética</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>A cultura organizacional é um fator importante em qualquer negócio, pois</p><p>define os valores, crenças e comportamentos que os funcionários exibem e</p><p>seguem. Contribui para um ambiente de trabalho positivo ou negativo, o que</p><p>pode impactar bastante a moral e a produtividade dos funcionários. Uma forte</p><p>cultura organizacional também ajuda a promover a lealdade entre os funcionários,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64</p><p>proporcionando-lhes um sentimento de pertencimento. No entanto, quando se trata</p><p>de demissão de trabalhadores, a cultura organizacional desempenha um papel</p><p>ainda mais significativo. A maneira como uma organização lida com as rescisões</p><p>tem o potencial de moldar como os outros funcionários veem a segurança de seu</p><p>emprego e como eles se sentem em relação ao empregador em geral. Se forem</p><p>tratadas de forma inadequada ou sem respeito pelos envolvidos, as demissões</p><p>podem ter um efeito negativo nos funcionários atuais e futuros, que podem ficar</p><p>receosos de trabalhar para esses empregadores no futuro.</p><p>Saiba mais acessando este link: https://mercadoeconsumo.com.br/19/04/2023/</p><p>artigos/demissoes-em-massa-sao-sinais-importantes-para-repensarmos-a-cultura-</p><p>organizacional-das-empresas/</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>Há quatro grupos de elementos culturais que ajudam a definir os aspectos visíveis</p><p>e invisíveis da cultura organizacional (SROUR, 2013). Os tipos de elementos, de menor</p><p>a maior visibilidade, são normativos, simbólicos, declarativos e estruturais (SROUR,</p><p>2013):</p><p>• Elementos normativos: constituem um quadro para explicar a realidade, para</p><p>compreender como ela é e como deveria ser. Exemplos desses elementos são</p><p>crenças, valores ou padrões implícitos, sanções ou tabus;</p><p>• Elementos simbólicos: incluem ritos, cerimônias, aparência física das instalações,</p><p>vestimentas, logotipos, pessoas ou heróis exemplares, códigos organizacionais,</p><p>histórias e mitos e jargões de grupo que criam sentimentos de unidade entre</p><p>os funcionários;</p><p>• Elementos declarativos: são declarações de missão, visão e valores, códigos,</p><p>promessas da indústria, mensagens públicas ou mensagens internas para</p><p>funcionários;</p><p>• Elementos estruturais: envolvem estruturas organizacionais e procedimentos</p><p>visíveis a partir dos elementos anteriores, incluindo organogramas e hierarquias,</p><p>canais de comunicação e diálogo, mecanismos de participação interna e gestão</p><p>de recursos humanos.</p><p>A literatura e a prática identificaram três etapas principais no processo de criação e</p><p>gerenciamento da cultura organizacional (SROUR, 2013). O primeiro passo é a definição</p><p>ou redefinição dos valores compartilhados que a empresa declara e comunica. O</p><p>segundo passo é usar esses valores na tomada de decisões, inculcando-os na vida</p><p>https://mercadoeconsumo.com.br/19/04/2023/artigos/demissoes-em-massa-sao-sinais-importantes-para-repensarmos-a-cultura-organizacional-das-empresas/</p><p>https://mercadoeconsumo.com.br/19/04/2023/artigos/demissoes-em-massa-sao-sinais-importantes-para-repensarmos-a-cultura-organizacional-das-empresas/</p><p>https://mercadoeconsumo.com.br/19/04/2023/artigos/demissoes-em-massa-sao-sinais-importantes-para-repensarmos-a-cultura-organizacional-das-empresas/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 65</p><p>e nas práticas organizacionais. Por fim, o alinhamento das políticas e procedimentos</p><p>com os valores firma e consolida a cultura em signos e comportamentos observáveis</p><p>na empresa (SROUR, 2013). Como resultado, os diferentes elementos da cultura se</p><p>desenvolvem à medida que a empresa evolui; assim, empresas mais evoluídas e</p><p>maduras apresentam uma maior variedade de elementos culturais.</p><p>Figura – Etapas estratégicas</p><p>Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/blocos-de-madeira-escalando-a-mao-para-representar-o-crescimento_11383312.htm#query=etapas&position=2&from_</p><p>view=search&track=sph</p><p>Ainda assim, a incorporação da ética não pode ser dada como certa no complexo</p><p>processo de gestão da cultura. Muitas vezes, as empresas não utilizam os princípios</p><p>éticos na gestão da cultura ou no estabelecimento de uma hierarquia de valores</p><p>organizacionais. Para que a ética permeie a organização, as etapas da gestão da</p><p>cultura devem incorporar valores éticos a fim de construir culturas éticas.</p><p>As culturas são eticamente sólidas quando o conjunto compartilhado de valores é</p><p>eticamente concebível e crível dentro e fora da empresa. Os funcionários devem perceber</p><p>as decisões como eticamente consistentes com seus valores pessoais, para que eles e</p><p>os grupos dos quais participem se comprometam a agir de acordo com essa estrutura</p><p>ética comum e a revisita-la à medida que novas obrigações surgem. Ao mesmo tempo,</p><p>os agentes políticos e sociais externos à empresa devem enxergar a cultura empresarial</p><p>dessa mesma forma para que a ética se consolide ao longo do tempo.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 66</p><p>CAPÍTULO 5</p><p>RISCO AMBIENTAL E SOCIAL</p><p>Os riscos ambientais e sociais são preocupações de alta prioridade para a indústria.</p><p>O fracasso em obter a aceitação social de seu projeto pode significar que o projeto</p><p>pode nunca começar, encontrar resistência problemática ou pode ser forçado a encerrar</p><p>antecipadamente. Existem vários benefícios significativos para as empresas que</p><p>gerenciam com eficácia os riscos ambientais e sociais. Isso inclui incerteza reduzida,</p><p>identificação aprimorada de problemas, legados de projetos positivos e maior vantagem</p><p>competitiva. Esta unidade inicia-se definindo o risco ambiental e social e, em seguida,</p><p>discute o projeto e os contextos regulatórios dentro dos quais gerenciamos esses</p><p>riscos. Em seguida, é apresentado o processo de Avaliação de Impacto, antes de</p><p>examinar questões sociais relacionados à licença e, ainda, apresenta ferramentas</p><p>para auxiliar na gestão das partes interessadas, avaliação e tratamento de riscos. A</p><p>unidade é encerrada no tópico discutindo o conceito de licença social.</p><p>5.1 Introdução a Riscos</p><p>Avaliar, entender e mitigar riscos faz parte da tomada de decisões em um mundo</p><p>complexo onde a informação é deficiente. Os tomadores de decisão precisam tomar</p><p>decisões sob incerteza e a análise de risco foi praticada por agricultores, empresários,</p><p>líderes políticos e militares e gestores de recursos naturais ao longo da história da</p><p>humanidade. No passado, quando os limites naturais da Terra ainda não haviam</p><p>sido violados pelos humanos, os riscos eram principalmente localizados e tinham um</p><p>impacto limitado no meio ambiente como um todo. Os impactos adversos limitaram-</p><p>se principalmente aos impactos locais. No entanto, com a rápida industrialização e o</p><p>aumento da complexidade de um mundo globalizado, a análise de risco ressurgiu e</p><p>muitas abordagens foram feitas para formalizar o processo. O processo de avaliação</p><p>de risco é diferente da avaliação de segurança e geralmente é mais objetivo, enquanto</p><p>a avaliação</p><p>de segurança é mais subjetiva (FRASER, 2010).</p><p>Os resultados da avaliação de segurança são frequentemente expressos como uma</p><p>simples pergunta sim/não (por exemplo, a situação é segura? sim/não) versus análise</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 67</p><p>de risco (a situação é mais/menos arriscada em comparação com os cenários de linha</p><p>de base). O risco, embora sempre associado à incerteza, é diferente da incerteza no</p><p>sentido de que a incerteza denota falta de conhecimento sobre o sistema enquanto o</p><p>risco é conceitualmente definido como o produto da probabilidade e a consequência</p><p>de um evento incerto.</p><p>Assim, pode-se compreender risco como potencial de perda, lesão ou outra ocorrência</p><p>negativa causada pela exposição a um perigo. Pode ser definido como a possibilidade</p><p>de sofrer danos ou perda; ele incorpora tanto a probabilidade quanto a gravidade de tal</p><p>evento ocorrer. O conceito de risco tem sido amplamente estudado em vários campos,</p><p>incluindo economia, finanças, seguros, engenharia e saúde pública. Em cada campo,</p><p>existem diferentes maneiras de quantificar e medir o risco.</p><p>De forma geral, pode-se definir risco como uma fórmula matemática:</p><p>Risco = Probabilidade x Consequência</p><p>A fórmula acima é apenas uma fórmula conceitual de riscos multidimensionais, e</p><p>é importante observar que diferentes partes interessadas (gerentes técnicos versus</p><p>público em geral) perceberão o mesmo risco total de maneira diferente, dependendo</p><p>da distribuição da probabilidade e das consequências (FRASER, 2010). Elementos</p><p>de análise de risco estão presentes na análise tecno-econômica e nas avaliações</p><p>de impactos ambientais discutidas nos capítulos anteriores. Por exemplo, o risco de</p><p>investimento é a análise técnico-econômica incorporada na taxa de desconto utilizada</p><p>para o cálculo do valor presente líquido. O risco de exposição a substâncias tóxicas</p><p>faz parte da métrica de impacto de ecotoxicidade utilizada em alguns dos métodos</p><p>de avaliação de impacto do ciclo de vida. Embora os componentes da análise de risco</p><p>estejam presentes em alguns dos cálculos, é necessário um tratamento abrangente</p><p>do tópico (FRASER, 2010).</p><p>5.2 Risco ambiental e social: conceito e aplicação</p><p>Por que costumamos considerar riscos ambientais e sociais juntos? É simplesmente</p><p>porque os seres humanos e a sociedade são intimamente dependentes do ambiente</p><p>em que vivemos. Somos parte do meio ambiente e ele não está separado da sociedade</p><p>humana. O dano ambiental geralmente tem fortes inter-relações com o dano social.</p><p>Como tal, são geralmente avaliados como parte de processos conjuntos de gestão</p><p>de riscos. De fato, em muitas jurisdições ao redor do mundo, é legislado para realizar</p><p>avaliações ambientais e sociais em conjunto (FRASER, 2010).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 68</p><p>Dito isso, risco ambiental é comumente referido como a ameaça de dano a um valor</p><p>ambiental. Assim, é possível aferir que o risco ambiental é a incerteza que importa</p><p>para um valor ambiental (FRASER, 2010).</p><p>Por sua vez, os valores ambientais são aspectos do meio ambiente que têm valor</p><p>para o ecossistema e para o meio ambiente mais amplo – eles são utilizados de</p><p>alguma forma como parte de um sistema funcional e sustentável (FRASER, 2010).</p><p>Por exemplo, no que diz respeito à água, os valores ambientais são as qualidades que</p><p>tornam a água adequada para sustentar os ecossistemas aquáticos e o uso humano.</p><p>Da mesma forma, pode-se compreender risco social como a incerteza que importa</p><p>para um valor humano ou social. Os valores sociais são aspectos da vida humana e</p><p>da sociedade que são fundamentais para a saúde e segurança, a capacidade de levar</p><p>uma vida plena e as estruturas e instituições que apoiam uma sociedade funcional para</p><p>progredir na direção de sua escolha. No que diz respeito à água, um valor social pode</p><p>ser a capacidade de usar com segurança o corpo d’água para atividades recreativas,</p><p>como pescar ou nadar (FRASER, 2010).</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Um exemplo prático entre os valores ambientais e sociais é ilustrado, por exemplo,</p><p>na extração e produção de combustíveis fósseis. Em última análise, queremos extrair</p><p>tais fontes energéticas para apoiar os valores sociais, fornecendo serviços de energia</p><p>acessíveis e eficazes. No entanto, a extração, produção e uso desta energia acarreta</p><p>graves consequências ambientais. Tais impactos podem contribuir diretamente a</p><p>problemas de saúde física e mental humana, e, finalmente, qualidade de vida.</p><p>5.3 Avaliação de Impacto</p><p>A avaliação de impacto refere-se mais especificamente ao processo de realização</p><p>de um estudo de impacto ambiental para um projeto. Os nomes variam em diferentes</p><p>partes do mundo. Em muitas jurisdições, como no Brasil, o termo ‘Avaliação de Impacto</p><p>Ambiental’ é usado para descrever a avaliação de impacto geral, incluindo a avaliação</p><p>de impacto social.</p><p>A avaliação de impacto ambiental (AIA), é uma das ferramentas de gestão ambiental</p><p>mais utilizadas na avaliação dos efeitos negativos da qualidade ambiental e da saúde</p><p>humana. Atualmente, as abordagens integrativas consideram AIA juntamente com</p><p>avaliação de risco, avaliação do ciclo de vida (ACV) e técnicas de tomada de decisão</p><p>multicritério. A AIA depende de ferramentas para identificação ou previsão de impacto e</p><p>tem uma base comum com a avaliação de risco. As avaliações integradas de impacto</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 69</p><p>e risco derivam da necessidade de as autoridades fundamentarem melhor as suas</p><p>decisões e baseiam-se na combinação de dois ou mais métodos que são aplicados</p><p>para quantificar o impacto e o risco de determinadas atividades ou projetos, de modo</p><p>a gerar resultados robustos e reduzir as incertezas.</p><p>A AIA terá como objetivo identificar e avaliar os possíveis impactos ambientais</p><p>que provavelmente resultarão da proposta-projeto. Esses impactos serão avaliados</p><p>tanto de forma temporária, residual e do ponto de vista cumulativo. (BARBOSA, 2014).</p><p>A significância do impacto é determinada em função da sensibilidade do receptor</p><p>(valor ambiental) e a magnitude do impacto (grau de alteração). A AIA determinará a</p><p>significância do impacto por meio (SANCHEZ, 2008):</p><p>• Da sensibilidade do receptor;</p><p>• Magnitude do impacto;</p><p>• Significância do impacto; e</p><p>• Cumulatividade do impacto.</p><p>• Os descritores e critérios típicos para a sensibilidade de um receptor são listados</p><p>abaixo na Tabela 1.</p><p>Sensibilidade Descrição</p><p>Muito alta</p><p>Importância e raridade muito elevadas, escala internacional e muito potencial</p><p>limitado para substituição</p><p>Alta Alta importância e raridade, escala nacional e potencial limitado para substituição</p><p>Média</p><p>Alta ou média importância e raridade, escala regional, limitado potencial de</p><p>substituição</p><p>Baixa Baixa ou média importância e raridade, escala local</p><p>Negligenciável Importância e raridade muito baixas, escala local</p><p>Tabela 1 - Determinação da sensibilidade do receptor</p><p>Fonte: Adaptado de Sanchez (2008)</p><p>As características quanto às magnitudes são descritas na Tabela 2.</p><p>Magnitude Descrição</p><p>Maior</p><p>Perda de recurso e/ou qualidade e integridade do receptor, danos graves às principais</p><p>características, recursos ou elementos</p><p>Moderada</p><p>Perda de recurso, mas não afetando a integridade, perda parcial de/ danos às principais</p><p>características, recursos ou elementos</p><p>Menor</p><p>Alguma mudança mensurável em atributos, qualidade ou vulnerabilidade, pequena</p><p>perda ou alteração de uma ou mais características chaves</p><p>Negligenciável</p><p>Perda muito pequena ou alteração prejudicial a um ou mais características ou</p><p>elementos.</p><p>Sem mudança</p><p>Nenhuma perda ou alteração de características ou elementos, nenhum impacto</p><p>observável em qualquer direção.</p><p>Tabela 2 - Determinação da magnitude</p><p>Fonte: Adaptado de Sanchez (2008)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE</p><p>SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 70</p><p>A atribuição da significância do impacto depende de argumentos fundamentados,</p><p>julgamento e a consideração dos vários pontos de vista, levantados durante o processo</p><p>de consulta (BARBOSA, 2014), como mostra a Tabela 3.</p><p>Significância Descrição</p><p>Muito grande</p><p>Apenas impactos adversos são normalmente atribuídos a este nível de significado,</p><p>e representam fatores-chave na tomada de decisão do processo. São geralmente,</p><p>mas não exclusivamente, associados a atividades ou empreendimentos capazes de</p><p>promover dano mais impacto e perda de integridade</p><p>Grande</p><p>Esses impactos benéficos ou adversos são considerados muito importantes. São</p><p>pertinentes no processo de tomada de decisão</p><p>Moderada</p><p>Esses impactos benéficos ou adversos podem ser importantes, mas provavelmente</p><p>não são fatores-chave de tomada de decisão. Os efeitos cumulativos de tais fatores</p><p>podem influenciar a tomada de decisão se levarem a um aumento no impacto sobre</p><p>um determinado recurso ou receptor</p><p>Pequena</p><p>Esses impactos benéficos ou adversos podem ser levantados como locais. É improvável</p><p>que sejam críticos na tomada de decisões de processo, mas são importantes para</p><p>melhorar a subsequente concepção do projeto</p><p>Neutra</p><p>Sem impactos ou abaixo dos níveis de percepção, dentro dos limites normais de</p><p>variação ou dentro da margem de erro de previsão</p><p>Tabela 3 - Determinação da significância dos impactos</p><p>Fonte: Adaptado de Sanchez (2008)</p><p>O processo de AIA envolve várias etapas começando pela triagem e definição</p><p>do escopo do projeto que visam identificar, nas etapas mais precoces possíveis, os</p><p>impactos do projeto em avaliação. Além disso, a descrição do projeto e a avaliação</p><p>ambiental incluem dados geológicos, morfológicos, hidrológicos sobre a localização,</p><p>qualidade ambiental (ar, solo e água), economia, educação, saúde, lazer, além de</p><p>processos e condições atuais/futuras considerando pelo menos duas alternativas</p><p>do projeto/desenvolvimento/plano proposto.</p><p>A identificação dos principais impactos é realizada por especialistas das áreas,</p><p>capazes de definir e quantificar a significância desses impactos, e a previsão dos</p><p>impactos é baseada na estimativa da magnitude das mudanças ambientais. A avaliação</p><p>da significância dos impactos estimados permite a priorização dos principais impactos</p><p>adversos.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 71</p><p>Figura - Principais etapas do procedimento de avaliação de impacto ambiental</p><p>Fonte: Adaptado de Sanchez (2008)</p><p>O sucesso de qualquer plano de gestão que considere ações de monitoramento</p><p>depende da etapa de auditoria na qual as medidas de previsão e mitigação são propostas</p><p>(CURI, 2012). O aspecto mais significativo necessário para qualquer implementação</p><p>bem-sucedida do AIA provou ser a participação pública (SANCHEZ, 2008). Assim, para</p><p>garantir a transparência do processo de tomada de decisão, a participação do público</p><p>permite a coleta de opiniões sobre questões ambientais (por exemplo, saúde, bem-estar</p><p>familiar e ambiente de vida) e garante o sucesso da implementação de um projeto.</p><p>Assim, a avaliação de risco ambiental pode ser definida como o processo de atribuir</p><p>magnitudes e probabilidades aos efeitos adversos das atividades humanas. O processo</p><p>envolve a identificação de perigos (por exemplo, liberação de produtos químicos tóxicos</p><p>para o meio ambiente) por meio da quantificação da relação entre uma atividade</p><p>associada a uma emissão ao meio ambiente e seus impactos. Toda a hierarquia</p><p>ecológica é considerada neste contexto, o que implica que os impactos no nível celular,</p><p>nível do organismo, nível da população, nível do ecossistema e toda a ecosfera devem</p><p>ser considerados (BARBOSA, 2014).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 72</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>A exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas apresenta riscos ambientais,</p><p>sociais e econômicos significativos. A Amazônia é uma das áreas de maior</p><p>biodiversidade da Terra, lar de mais milhões de espécies de plantas e animais,</p><p>muitas das quais são endêmicas ou ameaçadas de extinção. Dadas essas</p><p>considerações, é importante que as empresas que exploram petróleo na foz do Rio</p><p>Amazonas realizem avaliações de risco completas antes de iniciar as operações.</p><p>Isso inclui a avaliação de riscos físicos (como desastres naturais como inundações</p><p>ou furacões) e riscos operacionais (incluindo falha de equipamento). Também</p><p>envolve avaliar os impactos potenciais na saúde e segurança humana, juntamente</p><p>com as preocupações ambientais, como a poluição da água ou a destruição do</p><p>habitat associada às atividades de perfuração.</p><p>Saiba mais acessando este link: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2023/04/26/</p><p>em-belem-ambientalistas-cobram-avaliacao-de-riscos-da-exploracao-petroleira-na-</p><p>foz-do-rio-amazonas.ghtml</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>A aplicação da avaliação de risco ambiental está enraizada no reconhecimento de</p><p>que (CURI, 2012):</p><p>• O custo da eliminação de todos os efeitos ambientais é incrivelmente alto;</p><p>• A decisão na gestão ambiental prática deve sempre ser tomada com base em</p><p>informações incompletas.</p><p>A metodologia utilizada para Avaliação de Risco Ambiental pode ser delineada</p><p>em quatro etapas: identificação de perigos, avaliação, avaliação da exposição e</p><p>caracterização do risco, conforme demonstrado na figura abaixo.</p><p>Figura – Principais etapas da Avaliação do Risco Ambiental</p><p>Fonte: Adaptado de Curi (2012)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 73</p><p>A Fase 1 – Identificação de perigos – consiste em estabelecer um modelo conceitual</p><p>do local investigado definindo focos de contaminação, tipos de compostos químicos</p><p>presentes e sua distribuição no solo, mecanismos de transporte, rotas de exposição e</p><p>potenciais receptores. Na sequência, o objetivo da avaliação toxicológica é quantificar o</p><p>risco potencial de exposição aos compostos tóxicos. Na Fase 3, o objetivo da Avaliação</p><p>da Exposição é estabelecer as doses diárias de exposição aos potenciais receptores de</p><p>agentes químicos. Isso é baseado na concentração de cada um dos compostos químicos</p><p>adversos identificados e nas rotas de exposição contempladas para a análise. Finalmente,</p><p>a caracterização do risco consiste em combinar a informação toxicológica relativa aos</p><p>compostos químicos identificados e à exposição dosada aos potenciais receptores.</p><p>5.4 Avaliação de Risco</p><p>Os objetivos da análise de risco para uma decisão ou problema são identificar e</p><p>descrever os riscos, gerenciar os riscos e comunicá-los às partes interessadas. A</p><p>análise de risco de rotina é adequada quando a incerteza é baixa e a consequência</p><p>de uma decisão errada é grave (Primeiro Quadrante), enquanto uma análise de risco</p><p>extensa com gerenciamento adaptativo é necessária quando a incerteza do evento</p><p>é alta e as consequências de uma decisão errada são sérias (segundo quadrante).</p><p>Quando as consequências da decisão errada são pequenas ou facilmente reversíveis</p><p>e a incerteza é alta, é necessário um nível modesto de análise de risco (Terceiro</p><p>Quadrante), enquanto nenhuma análise de risco é geralmente necessária quando as</p><p>consequências são pequenas e a incerteza é baixa (Quarto Quadrante).</p><p>Figura - Consequências e incertezas na análise de risco</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 74</p><p>5.4.1 Gerenciamento de Risco</p><p>Esta etapa consiste em definir o contexto do problema, identificar o problema,</p><p>identificar as necessidades de dados, avaliar os riscos e ações para mitigar/reduzir/</p><p>eliminar os riscos para que os níveis de riscos sejam aceitáveis/toleráveis. A gestão</p><p>de riscos, portanto, envolve a identificação de ações/planos tecnicamente viáveis,</p><p>economicamente viáveis e socialmente aceitáveis. É importante observar que os</p><p>riscos, embora muitas</p><p>vezes sejam falados com uma conotação negativa, podem</p><p>ter vantagens. Os sistemas chamados “antifrágeis” prosperam quando expostos à</p><p>incerteza e são característicos de sistemas que sobreviveram por muito tempo etc.</p><p>(GIRLING, 2013). Portanto, é importante reconhecer que tais riscos como positivos</p><p>devem ser assumidos e situações devem ser criadas para explorar tais riscos positivos.</p><p>As estratégias de redução e assunção de riscos, mostradas na Tabela abaixo, ilustram</p><p>várias estratégias disponíveis para gerenciar os riscos.</p><p>Estratégias de redução de risco Estratégias de tomada de risco</p><p>Prevenção: esta estratégia enfatiza a eliminação da</p><p>probabilidade de um evento de consequência negativa ou</p><p>a redução do impacto do evento de consequência negativa</p><p>para eliminar o risco</p><p>Criação: estratégias que aumentam a probabilidade</p><p>de uma consequência positiva de 0 para um valor</p><p>positivo</p><p>Prevenção: esta estratégia enfatiza a redução da probabilidade</p><p>de um evento de consequência negativa</p><p>Aprimoramento: estratégias que aumentam a</p><p>probabilidade de um valor diferente de zero existente</p><p>para um valor diferente de zero maior</p><p>Mitigação: esta estratégia reduz o risco reduzindo o impacto</p><p>das consequências negativas por meio de ações de gestão</p><p>Exploração: esta estratégia envolve aumentar o</p><p>impacto da consequência do evento, mas não</p><p>aumenta a probabilidade do evento</p><p>Transferência: esta estratégia envolve a transferência do risco</p><p>para uma outra parte interessada disposta a assumir o risco</p><p>Compartilhamento: esta estratégia maximiza tanto</p><p>a probabilidade quanto as consequências desejáveis</p><p>Retenção: quando não existe meio para reduzir a probabilidade</p><p>ou a consequência do evento negativo, e o risco residual ainda</p><p>é inaceitável mesmo após todos os esforços de mitigação,</p><p>a única estratégia viável é aceitar o risco e monitorar</p><p>ativamente os riscos</p><p>Ignorar: esta estratégia envolve não tomar nenhuma</p><p>ação para aumentar a probabilidade ou fortalecer as</p><p>consequências do evento desejável</p><p>Tabela - Estratégias de gerenciamento de risco</p><p>Fonte: Adaptado de (GIRLING, 2013).</p><p>5.4.2 Etapas de avaliação</p><p>Conforme mencionado anteriormente, o risco pode ser medido por meio da</p><p>probabilidade e consequência de eventos futuros incertos. A avaliação de riscos neste</p><p>contexto refere-se à estimativa das probabilidades e consequências dos riscos. A</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 75</p><p>estimativa das probabilidades e consequências do risco são duas etapas distintas</p><p>e precisam ser claramente distinguidas para se chegar a opções imparciais de</p><p>gerenciamento de risco. A estimação pode ser realizada por métodos qualitativos e/</p><p>ou quantitativos. O objetivo da avaliação de risco é fornecer uma estimativa científica</p><p>imparcial e objetiva da probabilidade e das consequências do risco para ajudar os</p><p>gerentes de risco escolherem uma opção de gerenciamento de risco. A etapa de</p><p>avaliação de riscos é neutra para o curso da ação e se limita a fornecer informações</p><p>sobre as fontes, probabilidades, consequências de vários riscos e opções disponíveis</p><p>em diferentes estratégias de gerenciamento de riscos. As decisões sobre o curso de</p><p>ação para gerenciar os riscos são tomadas na etapa de gerenciamento de riscos. É</p><p>importante distinguir entre a avaliação de risco e as etapas de gerenciamento de risco</p><p>para evitar que vieses desconhecidos se infiltrem na análise.</p><p>A avaliação de risco consiste em quatro etapas e envolve interações significativas</p><p>com as partes interessadas e especialistas:</p><p>1. Identificação dos riscos: nesta etapa, vários riscos descritos anteriormente e</p><p>suas fontes são identificados. Essa identificação e classificação fornecem uma</p><p>imagem clara da origem dos riscos;</p><p>2. Avaliação das consequências: após a classificação dos riscos, o próximo passo</p><p>é avaliar as consequências de cada tipo de risco. As incertezas associadas às</p><p>consequências também são caracterizadas nesta etapa;</p><p>3. Avaliação de probabilidade: nesta etapa, a probabilidade de várias consequências</p><p>é avaliada usando vários métodos, como consultoria especializada e modelos</p><p>matemáticos; e</p><p>4. Caracterização do risco: após estimar as probabilidades de várias consequências,</p><p>o risco é caracterizado usando a fórmula conceitual (Risco = Probabilidade ×</p><p>consequência) descrita anteriormente. Esta etapa pode ser realizada por métodos</p><p>qualitativos ou quantitativos, pois os riscos são multidimensionais e muitas</p><p>vezes não podem ser reduzidos a esta fórmula simples.</p><p>As etapas de avaliação de risco diferem de acordo com as organizações, dependendo</p><p>do tipo de riscos que abordam e do escopo da análise de risco para sua organização.</p><p>Existem várias técnicas de avaliação de risco qualitativas e quantitativas discutidas</p><p>na literatura. Uma lista das técnicas é apresentada na sequência:</p><p>1. Métodos Quantitativos</p><p>b. Brainstorming;</p><p>c. Técnicas de Delhi;</p><p>d. Entrevistas;</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 76</p><p>e. Listas de verificação;</p><p>f. Narrativas de risco;</p><p>g. Matriz de risco;</p><p>h. Análise de perigos e pontos críticos de controle;</p><p>i. Análise preliminar de perigos.</p><p>2. Métodos Qualitativos</p><p>a. Árvore de eventos;</p><p>b. Árvore de falhas;</p><p>c. Análise de sensibilidade;</p><p>d. Análise de cenário</p><p>e. Regras de decisão de incerteza</p><p>f. Função de probabilidade subjetiva</p><p>g. Análise de causa raiz.</p><p>Os chamados checklists, ou lista de verificação, fornecem uma estrutura para que</p><p>eles não esqueçam nenhum ponto importante. Checklists são boas ferramentas, mas</p><p>não podem levar em consideração todos os casos particulares que podem ser atendidos</p><p>durante um avaliação de risco; no entanto, geralmente, são suficientes para projetos</p><p>de pequena escala. Esse método pode, ainda, ser combinado com o uso de diretrizes</p><p>ambientais, amplamente propostas por autoridades ou agências doadoras (LANDIM;</p><p>SÁNCHEZ, 2012).</p><p>O Método Ad Hoc indica amplas áreas de possíveis impactos, listando parâmetros</p><p>(por exemplo, flora e fauna) suscetíveis de serem afetados pela atividade proposta ou</p><p>qualquer desenvolvimento; ele envolve a montagem de uma equipe de especialistas,</p><p>que identificam os impactos na sua área de especialização. Aqui, cada parâmetro</p><p>é considerado separadamente, e a natureza dos impactos (longo ou curto prazo,</p><p>reversíveis ou irreversíveis) também é levada em conta. O Método Ad Hoc fornece uma</p><p>avaliação aproximada do impacto total, ao mesmo tempo que fornece as áreas amplas</p><p>e a natureza geral dos possíveis impactos. Nesse método, o avaliador conta com uma</p><p>abordagem intuitiva e faz uma avaliação qualitativa de base ampla, servindo como uma</p><p>avaliação e ajuda na identificação de áreas importantes, como vida selvagem, espécies</p><p>ameaçadas, vegetação natural, vegetação exótica, pastoreio, características sociais,</p><p>drenagem natural, água subterrânea, ruído, qualidade do ar, espaço aberto, recreação,</p><p>saúde e segurança, valores econômicos e equipamentos públicos (SÁNCHEZ, 2008).</p><p>A Matriz de Leopold, um método qualitativo de AIA desenvolvido em 1971, por Luna</p><p>Leopold e colaboradores, para a Agência Americana de Geologia (SANCHEZ, 2008) é</p><p>usado para identificar e atribuir pesos numéricos aos potenciais impactos ambientais</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 77</p><p>dos projetos propostos sobre o meio ambiente. O sistema é uma referência cruzada</p><p>de matriz bidimensional, contendo as atividades vinculadas ao projeto que devem</p><p>ter impacto sobre o homem e o meio ambiente versus as condições ambientais e</p><p>sociais existentes que poderiam ser afetadas pelo projeto. A matriz Leopold propõe</p><p>um framework para todos os desenvolvedores; por um lado, é muito detalhada para</p><p>projetos de papel e celulose e, por outro, não é suficientemente precisa para tais</p><p>projetos. Geralmente, é mais eficiente acomodar o projeto conforme necessário e</p><p>desenvolver uma matriz personalizada</p><p>humana.</p><p>Título: Sustentabilidade</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/natureza-terra-sustentabilidade-3294632/</p><p>Essa conceituada definição enquadrada pelo relatório Brundtland foi amplamente</p><p>aceita pela comunidade internacional e vem ganhando importância na agenda dos</p><p>formuladores de políticas, influenciando governos e agências intergovernamentais em</p><p>nível local, regional, nacional e internacional. Na ampla perspectiva coloquial, a palavra</p><p>“sustentar” significa manter ou prolongar o uso produtivo de recursos naturais limitados</p><p>ao longo do tempo e “desenvolvimento” refere-se a interpretações heterogêneas</p><p>que incorporam múltiplas expectativas, valores e ações disciplinares. Apesar das</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11</p><p>divergências, todas as percepções sobre o conceito de desenvolvimento sustentável</p><p>evocam o sentimento de uma vida melhor, responsabilidades compartilhadas e novos</p><p>rumos do progresso sociotécnico (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>Posteriormente, em algumas novas definições, foram incluídas certas metas de</p><p>educação, renda, saúde e qualidade de vida geral. Houve o entendimento de que</p><p>desenvolvimento sustentável deveria envolver a criação de um sistema social e</p><p>econômico, que garanta que esses objetivos sejam sustentados, implicando que a</p><p>renda real aumente, os padrões educacionais melhorem, a saúde da nação melhore e</p><p>a qualidade de vida geral melhore (HEINRICHS e MARTENS, 2016). Algumas definições</p><p>até exigem mudanças diretas no processo de desenvolvimento econômico para garantir</p><p>uma qualidade de vida básica para todos. Neste contexto, desenvolvimento sustentável</p><p>poderia ser compreendido como programa para mudar o processo de desenvolvimento</p><p>econômico de modo que assegure uma qualidade de vida básica para todas as pessoas</p><p>e, ao mesmo tempo, proteja os ecossistemas e sistemas comunitários que tornam</p><p>a vida possível e valiosa.</p><p>As definições evoluíram ao longo das últimas décadas, com foco na conciliação</p><p>entre economia e meio ambiente. Uma das abordagens amplamente aceitas é a de</p><p>que o desenvolvimento sustentável é visto como a reconciliação entre economia e</p><p>meio ambiente em um novo caminho de desenvolvimento que sustentaria o progresso</p><p>humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta</p><p>e por um longo período. Apesar de uma longa lista de tais definições que evoluíram</p><p>ao longo do tempo, a definição dada em 1987 gerou o máximo interesse em debate</p><p>e experimentação, como ficou evidente na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e</p><p>Desenvolvimento em 1992 (HEINRICHS e MARTENS, 2016)</p><p>1.3. Evolução dos conceitos de desenvolvimento sustentável</p><p>Em 1989, a Assembleia Geral da ONU adotou a Resolução no. 44/228 convocando</p><p>uma reunião sobre questões ambientais globais (HEINRICHS e MARTENS, 2016). A</p><p>Cúpula da Terra no Rio de Janeiro (1992) foi a maior cúpula do século XX, onde a</p><p>Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento chamada “Carta da Terra”,</p><p>um plano de ação intitulado “Agenda 21” Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima,</p><p>Declaração sobre florestas e desertificação foram adotados.</p><p>A declaração do Rio 1992 declarou princípios fundamentais nos quais as nações</p><p>podem basear suas futuras decisões e políticas, considerando as implicações ambientais</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12</p><p>do desenvolvimento socioeconômico. O papel do desenvolvimento sustentável foi</p><p>fortemente destacado no Protocolo de Kyoto, negociado por 160 países em 1997.</p><p>Alguns mecanismos foram estabelecidos para regulamentar o efeito estufa de emissão</p><p>de gás (GEE) e reduzir o impacto ambiental negativo nos países que o ratificaram.</p><p>Para os países industrializados, a redução das emissões de GEE em 5,2% durante o</p><p>período 2008-12 foi declarada neste acordo (DAVIS, 2016).</p><p>No tratado de Amsterdã de 1999, o desenvolvimento sustentável tornou-se um</p><p>objetivo político da União Europeia, visando mudar o processo de desenvolvimento</p><p>econômico com base em três dimensões – econômica, ambiental e social. A Declaração</p><p>do Milênio (2000) foi a agenda global adotada para o desenvolvimento na Cúpula</p><p>do Milênio por 191 países para tornar o mundo um lugar melhor para se viver. Oito</p><p>objetivos essenciais, popularmente conhecidos como Objetivos de Desenvolvimento</p><p>do Milênio (ODMs), com foco em fome, pobreza, educação, igualdade de gênero, saúde</p><p>e meio ambiente, foram estabelecidos com metas específicas a serem alcançadas</p><p>até 2015 (DAVIS, 2016).</p><p>O estabelecimento dessas metas de erradicação da pobreza extrema e da fome,</p><p>educação primária universal, igualdade de gênero, empoderamento das mulheres,</p><p>redução da mortalidade infantil, melhoria da saúde materna, combate à AIDS/HIV/</p><p>Malária e, o mais importante, a integração dos princípios do desenvolvimento sustentável</p><p>nas políticas do país para a proteção dos recursos ambientais tiveram um impacto</p><p>profundo nas políticas nacionais e internacionais de saúde e meio ambiente em todo o</p><p>mundo. Programas mundiais sobre desenvolvimento sustentável, mantendo os ODMs</p><p>em foco, foram realizados desde então.</p><p>A Estratégia de Desenvolvimento Sustentável da União Europeia foi adotada na</p><p>Cúpula de Gotemburgo em 2001, seguida pela Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento</p><p>Sustentável (WSSD) em Johanesburgo em agosto de 2002 (DAVIS, 2016). O principal</p><p>resultado da Cúpula foi a adoção da declaração política por todos os governos</p><p>participantes e o compromisso com o alcance do desenvolvimento sustentável, um</p><p>documento que fornece um conjunto de recomendações e um plano de ação para</p><p>implementação. A declaração política defende que a pobreza é o desafio mais premente</p><p>no caminho para promover o desenvolvimento sustentável. A equidade socioeconômica</p><p>dentro e entre as nações do mundo é vista como essencial para o desenvolvimento</p><p>sustentável. A declaração reconhece ainda a questão da boa governança como uma</p><p>necessidade urgente para promover o desenvolvimento sustentável.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13</p><p>A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS),</p><p>realizada em 2005, destacou algumas direções do desenvolvimento não sustentável</p><p>com efeitos negativos no meio ambiente global. A CNUDS de 2012 foi o evento histórico</p><p>mais marcante, pois enfatiza a importância da cooperação internacional para superar os</p><p>desafios da sustentabilidade. Nesta última Cúpula da Terra, conhecida como “Rio+20”,</p><p>foi decidido lançar um processo para facilitar o objetivo geral de desenvolvimento</p><p>e continuar o processo para alcançar os ODM até o final de 2015. Foi reconhecido</p><p>que a erradicação da pobreza, mudar padrões insustentáveis e promover padrões</p><p>sustentáveis de consumo e produção, bem como proteger e administrar a base de</p><p>recursos naturais do desenvolvimento econômico e social são os objetivos abrangentes</p><p>e requisitos essenciais do desenvolvimento sustentável.</p><p>Título: Slogan das ODS</p><p>Fonte: https://www.flickr.com/photos/cruzrojaencastillayleon/49189800101/</p><p>Os ODS são a continuação dos ODM a serem alcançados até 2030 (HEINRICHS e</p><p>MARTENS, 2016). A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi adotada</p><p>pela Assembleia Geral da ONU em 2015 como uma declaração formal aceita pelos</p><p>membros da ONU para enfrentar os desafios sustentáveis. A Agenda possui 169 metas</p><p>e indicadores e é norteada por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14</p><p>abrangendo as dimensões econômica, ambiental e social. Os ODS são a continuação</p><p>dos ODM a serem alcançados até 2030 (Tabela 1).</p><p>Objetivo Descrição</p><p>ODS 1 - Erradicação da Pobreza Acabar com a pobreza em todas as suas formas em todos os lugares</p><p>ODS 2 - Erradicação da fome</p><p>Acabar com a fome, alcançar a</p><p>para ele. Um exemplo de uma possível matriz</p><p>de Leopold é mostrado na Figura 2.</p><p>Figura 7 - Matriz de Leopold adaptada para diagnóstico de Impacto Ambiental no Cemitério Público de Queimadas - PB.</p><p>Fonte: Adaptada de Albuquerque; Cerqueira; Albuquerque (2016).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 78</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>Uma das falhas fundamentais desse método é a falta de critérios ou métodos</p><p>padronizados para atribuir valores de magnitude e significância que podem levar a</p><p>julgamentos subjetivos. Na mesma linha, o método também foi identificado como</p><p>sem capacidade de facilitar qualquer grau de envolvimento público, principalmente</p><p>em função dos julgamentos de valor subjetivos do usuário. O tamanho da matriz</p><p>também foi criticado, por ela ser muito detalhada para alguns projetos e, ao mesmo</p><p>tempo, muito imprecisa para outros.</p><p>Fonte: BARBOZA, SANCHES e BARREIROS (2017)</p><p>Finalmente, os impactos são classificados de acordo com suas características</p><p>qualitativas em uma escala. Um exemplo de escalas para cada um dos três componentes</p><p>de risco é fornecido na Figura abaixo.</p><p>Figura - Possíveis escalas ordinais para avaliação de índices de risco.</p><p>Fonte: Adaptado de GIRLING (2013)</p><p>5.5 Licença Social para Operar</p><p>A aceitação ou o apoio da comunidade ao projeto pode ser extremamente importante</p><p>para garantir uma execução bem-sucedida. A licença social para operar é uma forma</p><p>conceitual de entender e fomentar o apoio na comunidade para a presença de um</p><p>projeto ou instalação em andamento. É separada de qualquer licença regulatória e,</p><p>é claro, não há nenhum documento de licença real. Embora não haja uma definição</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 79</p><p>consensual do que é uma licença social para operar, ela é amplamente entendida</p><p>como um acordo informal que infere uma aceitação contínua de um projeto pelas</p><p>partes interessadas afetadas (SCHWANKE, 2013).</p><p>A licença social para operar é uma forma muito poderosa de incorporar o risco</p><p>ambiental e social. É uma maneira de gerar um entendimento compartilhado de</p><p>questões e vocabulário que permite aos engenheiros se comunicar com sucesso</p><p>com cientistas ambientais e sociais. A Figura abaixo mostra um modelo simples que</p><p>representa a licença social para operar ao longo de um espectro contínuo.</p><p>Figura – Licença social</p><p>Fonte: Adaptado de SCHWANKE (2013)</p><p>No extremo esquerdo do espectro, o projeto não é legítimo aos olhos da sociedade. A</p><p>licença é retida e a operação é rejeitada sem aprovação regulatória ou da comunidade.</p><p>Embora seja possível que uma licença regulatória seja concedida sem uma licença</p><p>social da comunidade local, isso provavelmente resultará em conflito contínuo e</p><p>ativismo contra o projeto. Como ilustra a Figura acima, o espectro da licença social</p><p>para operar vai desde a rejeição, legitimação e a operação sendo aceita ou tolerada,</p><p>até onde o projeto pode ser aprovado e apoiado ativamente, até o final do espectro</p><p>onde a comunidade é ampla e ativamente o defende, aceitando-o como seu. Licenças</p><p>sociais fortes são valiosas, pois são mais resilientes aos problemas inevitáveis que</p><p>surgem em qualquer comunidade e seus negócios. É esse foco na manutenção de uma</p><p>forte licença social que facilita o gerenciamento bem-sucedido dos riscos ambientais</p><p>e sociais que surgem quando uma empresa realiza suas atividades.</p><p>A licença social para operar é composta por vários componentes-chave. Estes podem</p><p>ser considerados como um conjunto de ‘camadas de licença’ dependentes, conforme</p><p>mostrado na Figura abaixo. No centro da licença social está a licença regulatória. Não</p><p>pode haver nenhum tipo de licença social sem a aprovação regulatória do governo.</p><p>A licença comunitária refere-se às pessoas que são imediatamente impactadas pelo</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 80</p><p>projeto, e a licença social refere-se às pessoas que podem ser remotas, não impactadas</p><p>imediatamente, mas têm interesse no projeto.</p><p>Figura – Camadas da licença social.</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>É muito importante que tanto a comunidade quanto as partes interessadas da</p><p>sociedade em geral sejam consideradas, e que a aceitação contínua e a propriedade</p><p>idealmente compartilhada sejam alcançadas para ambas. A indústria de combustíveis</p><p>fósseis está atualmente fornecendo alguns exemplos pertinentes de tensões entre a</p><p>comunidade local e as partes interessadas da sociedade. Existem vários exemplos de</p><p>projetos contemporâneos que têm aceitação e apoio da comunidade local, que percebe</p><p>benefícios locais em termos de emprego e renda, mas são fortemente rejeitados pela</p><p>sociedade em geral (normalmente pessoas nas cidades que estão muito longe do local</p><p>do projeto que são movidas por preocupações climáticas globais). Nesses casos, o</p><p>projeto pode ter as aprovações regulatórias adquiridas e o apoio das partes interessadas</p><p>da comunidade local, mas ainda não possui uma licença social para operar.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 81</p><p>CAPÍTULO 6</p><p>ÁREAS DE SUSTENTABILIDADE:</p><p>MEIO AMBIENTE, ECONOMIA E</p><p>SOCIEDADE</p><p>Este capítulo trata das áreas de sustentabilidade — meio ambiente, economia e</p><p>sociedade. Primeiro, este capítulo trata dos pilares da responsabilidade social e das</p><p>interconexões entre crescimento econômico, consumo de energia, bem-estar social e</p><p>qualidade de vida sustentável. Em seguida, aborda as formas de medir o crescimento</p><p>econômico, os recursos naturais e os níveis de consumo de energia, o bem-estar social,</p><p>a qualidade de vida e, finalmente, as limitações de um crescimento econômico estável.</p><p>6.1 Introdução</p><p>A prioridade atual de cada organização é manter a prosperidade, o desempenho</p><p>e a satisfação dos clientes e de todos os envolvidos que operam em sua área. No</p><p>mundo, o termo empresa socialmente responsável é utilizado há várias décadas. As</p><p>empresas socialmente responsáveis incorporam três áreas básicas, a saber: social,</p><p>econômica e ambiental. No âmbito da legislação europeia, a Responsabilidade Social</p><p>Corporativa (RSC) utiliza a norma ISO 26000:2010 - Orientação sobre Responsabilidade</p><p>Social (ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>Figura – Responsabilidade Social</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/social-responsabilidade-silhuetas-200288/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 82</p><p>De acordo com esta norma EN ISO 26000:2010, a RSC é definida como a</p><p>responsabilidade de uma organização pelo impacto das suas decisões e atividades na</p><p>sociedade e no ambiente, e simultaneamente um comportamento ético e transparente</p><p>que contribui para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o bem-estar da</p><p>sociedade (ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009). Leva em consideração as</p><p>expectativas de todas as partes envolvidas no cumprimento da legislação e normas</p><p>internacionais de conduta e é integrado a toda a organização e aplicado nas relações.</p><p>6.2 Pilares da responsabilidade social - social, econômica e ambiental</p><p>Definir RSC deve fazer parte do plano de toda organização preocupada em aumentar</p><p>os índices de satisfação do cliente. A organização deve definir suas prioridades,</p><p>levando em consideração não apenas os recursos disponíveis para facilitar o alcance</p><p>dos resultados desejáveis, mas também a satisfação das necessidades das demais</p><p>partes envolvidas. A empresa precisa considerar os resultados que pretende alcançar.</p><p>No entanto, é necessário identificar fatores críticos que também podem ocorrer. A</p><p>responsabilidade social visa respeitar não só a sustentabilidade social, mas também</p><p>a ambiental, de forma a permitir os objetivos de ambas as comunidades globais.</p><p>A responsabilidade social decorre da ideia de voluntariado e filantropia (ALIGLERI,</p><p>ALIGLERI e KRUGLIANSKAS,</p><p>2009). Por isso, para criar sua imagem, as empresas</p><p>modernas elaboram meticulosamente uma estratégia de comportamento responsável</p><p>com a sociedade e o meio ambiente.</p><p>Figura – Pilar econômico</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/d%c3%b3lar-curso-taxa-de-d%c3%b3lar-tend%c3%aancia-544956/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 83</p><p>A análise da responsabilidade social inclui partes internas e externas. O lado interno</p><p>inclui colaboradores, investimento em capital humano, saúde e segurança e atividades</p><p>ambientalmente responsáveis. O lado externo é composto por parceiros de negócios,</p><p>fornecedores, clientes, concorrentes, comunidades, mídia e autoridades públicas. A</p><p>análise abrange todas as entidades que de alguma forma afetam as atividades e</p><p>operações de uma empresa. Por meio da responsabilidade social é possível alcançar</p><p>o bom funcionamento e o ganho de longo prazo, sendo que a estratégia da empresa</p><p>deve conter ferramentas para identificar e atender às necessidades de todos os</p><p>stakeholders. Do ponto de vista do marketing, a responsabilidade social é percebida</p><p>de forma complexa, dentro do contexto do chamado “Pessoas, Planeta, Lucro” no</p><p>sentido profissional de negócios “triple bottom line” (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>ANOTE ISSO</p><p>O “triple bottom line”, também conhecido como tripé da sustentabilidade, é um</p><p>conceito de gestão empresarial que leva em consideração três pilares fundamentais:</p><p>o econômico, o social e o ambiental. O pilar econômico se refere à necessidade de</p><p>a empresa ser financeiramente viável e lucrativa, gerando valor para os acionistas</p><p>e investidores. O pilar social trata da responsabilidade social da empresa, ou</p><p>seja, de como ela se relaciona com seus colaboradores, clientes, fornecedores</p><p>e comunidade em geral. Já o pilar ambiental diz respeito à preocupação da</p><p>empresa com o meio ambiente, incluindo a redução do impacto ambiental de suas</p><p>operações e a promoção da sustentabilidade.</p><p>Os benefícios corporativos também fazem parte da RSE. Existem três tipos de RSC</p><p>(ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>1. Ético - envolve um nível mínimo de responsabilidade, a empresa evita o impacto</p><p>negativo de suas atividades na sociedade;</p><p>2. Altruísta - inclui atividades filantrópicas por meio das quais a empresa apoia</p><p>financeiramente as partes interessadas; e</p><p>3. Estratégico – foca nas atividades voluntárias sob a ótica de benefícios para a</p><p>empresa.</p><p>6.2.1 Pilar Social</p><p>O cerne desse pilar é representado pelo desenvolvimento do capital humano, cuidado</p><p>com os funcionários, saúde e segurança, respeito aos direitos humanos no trabalho,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 84</p><p>proibição do trabalho infantil e apoio a eventos beneficentes. Dentro deste pilar existem</p><p>duas áreas que oferecem oportunidades para a realização de muitas outras atividades.</p><p>A primeira das áreas mencionadas é o ambiente de trabalho em que os funcionários</p><p>são constantemente motivados a aumentar sua eficiência e lealdade porque, em última</p><p>análise, são especialistas de alta qualidade cujo trabalho resulta no sucesso de longo</p><p>prazo da empresa. Cabe à empresa desenvolver e manter funcionários qualificados e de</p><p>qualidade. Esta área também inclui a realização de atividades socialmente responsáveis</p><p>(ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>Figura – Pilar social</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/m%c3%addia-social-pessoas-redes-sociais-2457842/</p><p>Com base nestas premissas que a empresa deve identificar e determinar quais</p><p>atividades são benéficas para seus funcionários e, consequentemente, aumentarão</p><p>seu desempenho e eficiência. A segunda área é a comunidade local dentro da qual</p><p>a empresa tenta ganhar confiança participando na resolução de problemas locais e</p><p>ao mesmo tempo a empresa se esforça para eliminar os efeitos negativos de suas</p><p>próprias atividades no entorno. O fortalecimento da vantagem competitiva está atrelado</p><p>à manutenção de boas relações com as partes interessadas, a fim de conquistar sua</p><p>confiança. Nesta área é também necessário apostar e manter a cooperação com uma</p><p>envolvente mais alargada – as entidades/stakeholders participantes.</p><p>6.2.2 Pilar Econômico</p><p>A implementação da responsabilidade social em uma empresa requer recursos</p><p>financeiros suficientes. Os componentes desse pilar incluem a criação de um</p><p>documento relacionado à conduta da empresa, como o código de ética, os princípios</p><p>de conduta transparente, a proteção da propriedade intelectual e a especificação das</p><p>relações com clientes, investidores e fornecedores. A maioria das empresas apresenta</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 85</p><p>suas atividades relacionadas à RSC por meio de seus relatórios anuais, bem como</p><p>pela Internet. Além dessas atividades, a RSC inclui a construção de relacionamentos</p><p>com as partes interessadas, o comportamento transparente da empresa, a oferta de</p><p>produtos de qualidade e a abordagem responsável aos clientes. Existem várias formas</p><p>de implementação destas atividades, nomeadas inquéritos de satisfação, tratamento</p><p>eficaz de reclamações e qualidade do produto, que é avaliada através da ISO 9001:2015</p><p>Sistemas de Gestão da Qualidade (ABNT, 2000).</p><p>A transparência de uma empresa é assegurada pela divulgação regular de informações</p><p>financeiras e não financeiras, visando informar o meio sobre responsabilidade social e</p><p>situação econômica. O cumprimento dos termos e condições e seu acompanhamento</p><p>constante junto aos fornecedores também são essenciais. A comparação das informações</p><p>também é um elemento importante no retorno de outros métodos gerenciais e econômicos</p><p>que tenham impacto significativo na sociedade (HEINRICHS e MARTENS, 2016). Dentro</p><p>de uma empresa, é importante definir regras e implementar a estratégia de RSC através</p><p>de níveis individuais da organização em todos os processos e atividades.</p><p>6.2.3 Pilar Ambiental</p><p>A orientação deste pilar está relacionada com a produção orgânica, produtos e</p><p>serviços verdes, reduzindo o impacto no meio ambiente, protegendo os recursos</p><p>naturais e desenvolvendo uma política verde global. O uso racional e sustentável de</p><p>energia, redução de resíduos, separação e reciclagem visando minimizar custos e</p><p>maximizar benefícios estão na vanguarda. A ênfase deve ser colocada na identificação</p><p>de aspectos ambientais sustentáveis da atividade empresarial, a fim de trazer um</p><p>impacto significativo sobre o meio ambiente.</p><p>Figura – Pilar ambiental</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/prote%c3%a7%c3%a3o-ambiental-meio-ambiente-544198/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 86</p><p>Após a identificação dos aspectos e impactos ambientais, é inevitável o</p><p>acompanhamento dos requisitos legais e outros. A prioridade dos negócios verdes é</p><p>trazer oportunidades de negócios para a empresa, bem como economia financeira. A</p><p>empresa deve especificar os objetivos e valores ambientais que implementa em cada</p><p>nível do empreendimento, monitorando-os e medindo-os e, posteriormente, tomando</p><p>medidas preventivas e corretivas caso sejam detectados desvios negativos. Via de</p><p>regra, é prioritário educar os próprios trabalhadores também no campo ambiental</p><p>(HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>6.2.4 Filantropia Corporativa</p><p>Outros benefícios – benefícios corporativos, muitas vezes difíceis de medir, mas</p><p>ainda mais monitorados no ambiente corporativo – também são esperados de uma</p><p>RSC estabelecida. O termo filantropia corporativa significa várias atividades voluntárias</p><p>voltadas para um propósito de benefício público, sem expectativa de valor agregado. A</p><p>filantropia corporativa está ligada ao ambiente social em que a empresa faz negócios.</p><p>Figura – Filantropia</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/generosidade-gentileza-4993451/</p><p>É uma oportunidade de demonstrar</p><p>a própria responsabilidade social, criando</p><p>padrões éticos mais elevados, além de obter lucro e apoiar o desenvolvimento da</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 87</p><p>sociedade fora de seu negócio principal. Os princípios orientadores da filantropia</p><p>incluem transparência, eficiência, inovação, flexibilidade e sustentabilidade (ALIGLERI,</p><p>ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009). Doações monetárias e não monetárias podem</p><p>ser incluídas entre os instrumentos de filantropia. Essas atividades incluem apoio</p><p>beneficente, investimentos em projetos de empresas e comunidades, bem como</p><p>projetos comerciais em cooperação com organizações sem fins lucrativos. As atividades</p><p>filantrópicas/voluntárias não esperam nenhuma recompensa/qualquer consideração</p><p>(ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>A Filantropia Corporativa é importante por vários motivos, incluindo:</p><p>• Responsabilidade social: As empresas têm um papel importante na sociedade e</p><p>a filantropia corporativa é uma forma de assumir essa responsabilidade social e</p><p>contribuir para o bem-estar da comunidade em que atua;</p><p>• Imagem institucional: Ao investir em causas sociais, as empresas melhoram</p><p>sua imagem institucional perante a opinião pública, o que pode aumentar sua</p><p>credibilidade e reputação;</p><p>• Engajamento dos funcionários: A filantropia corporativa também pode aumentar</p><p>o engajamento dos funcionários, que se sentem mais motivados e valorizados</p><p>por trabalhar em uma empresa que se preocupa com questões sociais;</p><p>• Impacto social: A filantropia corporativa pode contribuir significativamente para</p><p>o desenvolvimento de comunidades carentes e para a solução de problemas</p><p>sociais, como a pobreza, a fome, a falta de acesso à educação, entre outros.</p><p>Saiba mais acessando esse link: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2022/09/17/</p><p>Como-a-filantropia-pode-contribuir-para-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-social</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>O tema da responsabilidade social é a articulação das relações entre empresa</p><p>e sociedade, empresa e natureza, empreendedorismo e outros grupos sociais na</p><p>sociedade local e global, que foram muito intensificadas pela globalização da economia</p><p>e pelas novas tecnologias de comunicação. Por um lado, o que está acontecendo</p><p>nas empresas afeta a qualidade de vida das pessoas e, por outro, afeta os setores</p><p>econômico, político e ambiental. Dentro da estrutura da responsabilidade ética global,</p><p>as empresas precisam atender, por um lado, às necessidades sociais e ambientais.</p><p>Por outro lado, muitas multinacionais devem levar em consideração o impacto dos</p><p>processos econômicos globais na humanidade e na natureza da Terra.</p><p>https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2022/09/17/Como-a-filantropia-pode-contribuir-para-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-social</p><p>https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2022/09/17/Como-a-filantropia-pode-contribuir-para-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-social</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 88</p><p>Figura – Relações comerciais e globalização</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/armazenar-on-line-4156934/</p><p>A responsabilidade social de uma empresa é, portanto, um complexo sistema</p><p>estruturado de relações entre uma empresa e grupos com os quais ela existe em um</p><p>determinado sistema social. Uma empresa que tem conhecimento objetivo de suas</p><p>operações e a integridade é seu valor, está consciente e voluntariamente assumindo</p><p>a responsabilidade por suas atividades (ALIGLERI, ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>A responsabilidade social pressupõe as seguintes atividades por parte da empresa</p><p>ilustradas na figura abaixo.</p><p>Figura - Vínculos entre atividades empresariais e voluntariado.</p><p>Fonte: Adaptado de Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 89</p><p>6.3 Interconexões entre crescimento econômico, consumo de energia, bem-estar</p><p>social e qualidade de vida sustentável</p><p>No passado, as pessoas usavam fontes de energia renováveis (sol, biomassa,</p><p>água e energia eólica) para atender às suas necessidades, e esse desenvolvimento</p><p>ocorreu desde o início da Revolução Industrial. As pessoas provavelmente tinham</p><p>baixo consumo de fontes naturais de energia (cerca de 3 GJ por ano). A descoberta</p><p>do fogo e da queima da madeira aumentou o consumo humano anual para cerca de</p><p>6 GJ. O surgimento da atividade econômica e o uso do poder de reboque de animais</p><p>aumentou o consumo para 20-30 GJ por pessoa por ano. Na virada do século 18, o</p><p>motor a vapor foi inventado, o que desencadeou a Revolução Industrial quando James</p><p>Watt aumentou sua eficiência usando carvão para movê-lo. A capacidade de converter</p><p>energia térmica em energia de movimento (utilizável para propulsão de máquinas)</p><p>significou que o consumo de energia e o crescimento econômico começaram a acelerar</p><p>(AHRENS e HENSON, 2009).</p><p>Figura – Revolução Industrial</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nant_y_Glo,_Monmouthshire_%281131349%29.jpg</p><p>O cenário da Revolução Industrial foi influenciado pela ideia de tirar o máximo proveito</p><p>do mínimo e, no início do século 20, essa ideia foi desenvolvida de forma criativa por</p><p>Frederick W. Taylor. Esse fundador da administração científica dividiu as tarefas de</p><p>trabalho em etapas específicas e usou a análise do tempo para obter a máxima eficácia</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 90</p><p>de seus funcionários. Ele estava pensando em como aplicar a eficiência da fábrica a</p><p>todas as áreas da vida para aumentar a produtividade de toda a sociedade. Taylor teve</p><p>sucesso e a eficiência das fábricas penetrou até nas residências. Tornou-se típico da</p><p>vida moderna, em que parece razoável aproveitar cada minuto ao máximo. No entanto,</p><p>a eficiência também acarreta consequências inesperadas e não intencionais. Isso leva a</p><p>um consumo cada vez maior e às consequências econômicas e ambientais associadas.</p><p>Nos últimos dois séculos de crescimento industrial e econômico ininterrupto, a chamada</p><p>“cultura de crescimento exponencial ” tem se refletido (AHRENS e HENSON, 2009).</p><p>As dependências do crescimento em geral, bem como o crescimento econômico,</p><p>também podem estar relacionadas a eventos históricos. Quando as máquinas de</p><p>combustível fóssil foram colocadas em operação, as pessoas estavam perdendo</p><p>seus empregos e mudando para outros setores. Isso criou fábricas adicionais, novos</p><p>produtos e serviços, que eram exportados em caso de demanda e preço favorável</p><p>nos mercados mundiais – o crescimento da produção foi motivado não apenas pelo</p><p>consumo interno, mas também pela possibilidade de exportação para outros países.</p><p>Junto com o crescimento da produção e do consumo, o sistema monetário também</p><p>evoluiu. Os bancos emprestavam aos empresários mais dinheiro do que tinham em</p><p>seus cofres. Os fundos tinham de ser pagos com juros e os bancos os emprestavam a</p><p>empresas, consumidores e governos. Tanto o poder financeiro dos banqueiros quanto</p><p>o endividamento da sociedade cresceram, e a necessidade de pagar juros contribuiu</p><p>para a pressão sobre a eficiência e produtividade do trabalho, que se reflete – entre</p><p>outras coisas – em mais perdas de empregos.</p><p>Atualmente, o crescimento econômico está vinculado não apenas ao emprego,</p><p>mas também ao interesse duradouro no crédito. A maior parte dos nossos fundos</p><p>são contraídos como dívida e, se os juros dos empréstimos caíssem, haveria</p><p>também o risco de queda dos fundos em circulação, o que pode levar a uma maior</p><p>retroalimentação e desestabilização de todo o sistema. No entanto, aumentar o</p><p>endividamento de indivíduos e países não resolve o problema, apenas adia as soluções.</p><p>Segundo Heinrichs e Martens (2016), vivemos em uma época em que o crescimento</p><p>exponencial relacionado à economia, produção e consumo, consumo de recursos</p><p>naturais, população, endividamento, pobreza, poluição</p><p>ambiental e aquecimento global</p><p>está atingindo seus limites e, portanto, tal crescimento ilimitado não pode ser mais</p><p>promovido.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 91</p><p>Há uma série de inovações que possibilitam consumir menos material e energia</p><p>por produto ou serviço, por isso muitos cientistas e especialistas veem o aumento da</p><p>eficiência como uma solução para os problemas ambientais. No entanto, os benefícios</p><p>da redução do impacto ambiental e da poluição são anulados pelo aumento do</p><p>tráfego, da atividade de construção, necessidades gerais e consumo geral. As visões</p><p>predominantes sustentam que o aumento da eficiência energética dos produtos não</p><p>afeta a intensidade de seu consumo - mas o chamado feedback macroeconômico</p><p>(aumento do consumo de um produto ou serviço devido à redução de seu preço de</p><p>custo) confirma que eficiência pode causar um aumento no consumo.</p><p>O consumo cada vez maior também é uma das principais causas dos problemas</p><p>ambientais. O problema é ainda mais acentuado quando os problemas ambientais</p><p>são combinados com problemas sociais ligados à desigualdade. De acordo com</p><p>a Declaração Universal dos Direitos Humanos, “todas as pessoas nascem livres</p><p>e iguais em dignidade e direitos”. Portanto, todas as pessoas devem ter direito à</p><p>mesma quantidade de recursos para sua vida. Atualmente, estima-se que os países</p><p>“ricos” consomem cerca de 80% dos recursos, enquanto representam apenas 20%</p><p>da população mundial – o consumo per capita é 16 vezes maior do que o dos países</p><p>“pobres” (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>Enquanto o crescimento econômico aumenta o padrão de vida dos indivíduos e</p><p>dos países, os sentimentos de felicidade e satisfação dos indivíduos não aumentam</p><p>proporcionalmente ao aumento do padrão de vida. Apesar disso, muitos países não</p><p>pretendem abrir mão do consumo próprio, pois consideram o crescimento do consumo</p><p>um meio eficaz de manutenção do emprego, do crescimento econômico e também</p><p>de solução dos problemas ambientais.</p><p>A globalização – um processo que mina a capacidade do Estado de manter um</p><p>equilíbrio saudável entre os interesses das corporações transnacionais e o bem-estar</p><p>de seus cidadãos – também é a causa das desigualdades. O crescimento econômico,</p><p>que assegura um aumento “material” e a vontade das empresas individuais de produzir e</p><p>vender um número cada vez maior de bens e serviços, está relacionado com a redução</p><p>do número de pessoas empregadas nas empresas (produtividade do trabalho), com a</p><p>redução do salário real e de outros benefícios aos empregados (poupança de custos), com</p><p>o aumento constante da quantidade de energia e matérias-primas consumidas (utilização</p><p>de recursos naturais), com a distribuição desigual do rendimento a favor dos riscos, e a</p><p>utilização de tecnologias que tornam o trabalho draconiano e menos satisfatório.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 92</p><p>Figura – Globalização</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/terra-comunica%C3%A7%C3%A3o-globaliza%C3%A7%C3%A3o-3561241/</p><p>6.4 Limitações do crescimento econômico estável</p><p>A maioria dos modelos econômicos é baseada na filosofia de crescimento contínuo</p><p>da produção. O fato de que algumas das condições acima precisam ser atendidas</p><p>para que o crescimento econômico também tenha efeito sobre o bem-estar social e</p><p>a qualidade de vida pode explicar o porquê do processo de crescimento econômico.</p><p>O crescimento econômico sempre esteve ligado ao uso intenso dos recursos naturais</p><p>porque se baseia no aumento “material”.</p><p>De forma simplificada, o crescimento econômico pode ser caracterizado como</p><p>crescimento tanto da produção quanto do consumo, que demanda consumo de</p><p>recursos naturais, energia, e provoca diversos tipos de poluição e intervenções no</p><p>meio ambiente natural. Tecnologias de inovação e reciclagem podem, até certo ponto,</p><p>conter os negativos, mas não podem eliminá-los totalmente. A reciclagem não pode</p><p>atingir 100% de eficiência porque requer insumos de material e energia e produz um</p><p>determinado nível de poluição. As ligações entre o crescimento do PIB e o crescimento</p><p>do consumo de recursos naturais e de alguns tipos de poluição estão sendo referidos</p><p>por muitos projetos de pesquisa que serão examinados nas próximas partes deste</p><p>trabalho.</p><p>Na versão atualizada de The Limits to Growth de 1992, Meadows D. e colegas</p><p>apontaram uma das razões pelas quais a economia está se aproximando dos limites</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 93</p><p>físicos do planeta (STEFFEN et al., 2015). Segundo os autores de The Limits to Growth,</p><p>o aumento global da produção industrial, do consumo de recursos naturais, da poluição</p><p>ambiental, da produção de alimentos e da população está se tornando cada vez mais</p><p>rápido (STEFFEN et al., 2015). Esse crescimento tem um caráter de crescimento</p><p>exponencial estável que, segundo eles, é insustentável.</p><p>Uma das novas abordagens científicas para a questão das limitações naturais do</p><p>crescimento econômico é uma abordagem sistêmica dos processos na Terra definidos</p><p>como fronteiras planetárias que não devem ser ultrapassadas, desde que desejamos</p><p>evitar mudanças ambientais globais. As fronteiras planetárias são delimitadas por</p><p>28 cientistas internacionalmente reconhecidos de todo o mundo, trabalhando sob</p><p>a liderança do Centro de Resiliência de Estocolmo, criado em 2007, que desenvolve</p><p>pesquisa científica disciplinar para gestão de sistemas socioecológicos (STEFFEN et</p><p>al., 2015).</p><p>O Centro envolve cientistas da Universidade de Estocolmo, do Instituto Internacional</p><p>Beijer de Economia Ecológica da Real Academia Sueca de Ciências e do Instituto</p><p>Ambiental de Estocolmo. A equipa científica do Centro realizou uma pesquisa abrangente</p><p>a partir da qual identificou nove processos para os quais devem ser determinados</p><p>limites de forma a minimizar os riscos da sua ultrapassagem (STEFFEN et al., 2015):</p><p>1. Mudanças climáticas – o primeiro limite ultrapassado;</p><p>2. Extinção de espécies biológicas - o segundo limite ultrapassado;</p><p>3. Interrupção antropogênica do ciclo natural de nitrogênio e fósforo;</p><p>4. Destruição da camada de ozônio estratosférico;</p><p>5. Uso global de água doce;</p><p>6. Acidificação dos oceanos,</p><p>7. Mudança no uso da terra;</p><p>8. Carga de aerossol;</p><p>9. Poluição química.</p><p>Um dos aspectos interessantes da nova abordagem dos limites planetários é que</p><p>ela lida com os limites planetários da perspectiva da Terra e da natureza, bem como</p><p>das coisas que a Terra e a natureza permitem que as pessoas façam. As abordagens</p><p>anteriores eram baseadas principalmente em fatores sociais e nas necessidades da</p><p>sociedade humana.</p><p>O crescimento exponencial das atividades antropogênicas (originárias das atividades</p><p>das pessoas) sobrecarrega a Terra a tal ponto que pode gradualmente desestabilizar</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 94</p><p>os sistemas biofísicos decisivos e desencadear mudanças irreversíveis com impactos</p><p>negativos na sociedade humana. Todas as atividades humanas requerem consumo</p><p>de energia, portanto, todas as intervenções humanas no ambiente de vida podem ser</p><p>classificadas como consequências do uso de energia. O trabalho de quantificação dos</p><p>limites planetários foi prejudicado por muitas incertezas causadas pela compreensão</p><p>científica insuficiente das propriedades dos limites biofísicos, incertezas sobre como</p><p>esses sistemas complexos se comportam (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>As incertezas mencionadas então criam incertezas adicionais por cada limite</p><p>proposto. A equipa de cientistas apresenta assim esta nova abordagem como primeira</p><p>proposta e chama a atenção para a inevitabilidade da realização de novas investigações.</p><p>Segundo os autores, o benefício de definir os limites planetários é que ele se concentra</p><p>nos processos biofísicos da Terra que delimitam</p><p>a capacidade autorreguladora do</p><p>planeta. Os limites e fronteiras dos principais processos dos sistemas da Terra existem</p><p>independentemente das preferências, desejos, valores ou compromissos humanos e</p><p>são baseados em possibilidades políticas e socioeconômicas</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>O conceito de pegada ecológica deriva também da discrepância descoberta entre</p><p>os recursos naturais existentes e o ritmo crescente da sua utilização (devido</p><p>ao aumento populacional e às suas atividades antropogênicas). Uma análise</p><p>muito simplificada da pegada ecológica pode trazer resultados aproximados</p><p>representando cerca de 1,5 ha de área ecologicamente produtiva e 0,5 ha de mares</p><p>por pessoa, ou seja, um total de 2 ha. Depois de remover a pegada ecológica de</p><p>plantas e animais (preservando a biodiversidade), 1,76 ha de terra biologicamente</p><p>produtiva por habitante da Terra permanece disponível. Junto com o aumento</p><p>da população, a quantidade de terra ecologicamente produtiva por pessoa está</p><p>diminuindo.</p><p>Fonte: Adaptado de Rohan, Branco e Soares (2018)</p><p>O atualmente preferido e sustentado crescimento econômico estável de natureza</p><p>exponencial no ambiente confinado da Terra não é possível, não só do ponto de vista</p><p>matemático, mas também do ponto de vista físico. O crescimento econômico está</p><p>fazendo a entropia aumentar, então a economia deve respeitar as leis termodinâmicas</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 95</p><p>e se esforçar para reduzir a entropia avaliando efetivamente a energia que entra e</p><p>opera nos processos econômicos.</p><p>O crescimento econômico estável (medido pelo indicador do PIB), precisa ser mudado,</p><p>pois não é apenas contrário às leis naturais, mas também dificulta a garantia do</p><p>crescimento econômico, que resultaria no aumento do bem-estar social e da qualidade</p><p>de vida da população em todos os seus aspectos. Seguindo a mudança no objetivo</p><p>principal da economia, também é necessário substituir o conceito atual de processo</p><p>econômico (segundo o qual a demanda estimula a oferta/produção/e fornece a renda</p><p>necessária para alimentar a demanda adicional em um processo sem fim) por um</p><p>conceito sustentável em que o processo econômico é definido no ambiente biofísico</p><p>que sustenta esse processo econômico.</p><p>No futuro, será necessário adaptar-se e refletir sobre as mudanças nos aspectos</p><p>econômico, demográfico, social e ambiental, resultantes do consumo crescente de</p><p>recursos naturais e energéticos devido à preferência pelo crescimento econômico.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 96</p><p>CAPÍTULO 7</p><p>GESTÃO DE</p><p>RECURSOS HUMANOS</p><p>7.1 Introdução</p><p>As influências sociais na criatividade têm recebido muita atenção na pesquisa</p><p>acadêmica, especialmente nos últimos tempos. Isso ocorre porque os processos e</p><p>estruturas sociais representam influências dramáticas sobre a criatividade. Muito</p><p>provavelmente, nenhum potencial criativo seria realizado sem algum tipo de apoio</p><p>social.</p><p>A gestão de recursos humanos inclui estratégia e planejamento que se alinham</p><p>com a estratégia corporativa. Os principais programas de gestão de recursos humanos</p><p>são recrutamento, retenção e engajamento, remuneração, bem-estar e treinamento e</p><p>desenvolvimento. Os facilitadores e informadores desses programas incluem tecnologia,</p><p>cultura no local de trabalho e relações com os funcionários. As empresas de sucesso</p><p>prestam atenção a todos esses elementos e reconhecem o retorno do investimento</p><p>(ROI) em programas de recursos humanos (RH). Para indústrias como a mineração de</p><p>carvão, tornar-se um empregador preferencial é crucial para o sucesso e o crescimento</p><p>contínuos, e tornar-se um empregador preferencial é, em grande parte, uma questão</p><p>de treinamento e oportunidade. As métricas e o ROI tornaram-se muito importantes</p><p>no desenvolvimento, implementação e melhoria dos programas de RH.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 97</p><p>Figura – Negócios e Empresa</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/office-neg%c3%b3cios-empresa-2360063/</p><p>Além disso, esforços criativos passariam despercebidos sem atribuições sociais</p><p>e valorização. Algumas pessoas criativas trabalham para obter reconhecimento</p><p>social. Muitos são influenciados durante o processo criativo pela competição e outras</p><p>interações sociais. Indústrias e organizações que tentam se manter competitivas,</p><p>diversificar e inovar procuram influências situacionais para garantir que a criatividade</p><p>de seus funcionários seja apoiada.</p><p>Por essas razões, a segunda parte desta unidade examina as preocupações</p><p>organizacionais, incluindo o trabalho em equipe. No entanto, as “influências sociais”</p><p>são bastante amplas e incluem muito mais do que considerações organizacionais.</p><p>Muitas influências no desenvolvimento e crescimento, por exemplo, incluindo aquelas</p><p>impostas por pais e professores, refletem processos sociais.</p><p>Sob essa luz, a apresentação dos processos sociais nesta unidade complementa</p><p>outras perspectivas dadas nos capítulos que cobrem perspectivas desenvolvimentistas,</p><p>culturais, políticas e históricas. As perspectivas sociais são bastante práticas. Essa</p><p>praticidade ficará particularmente evidente na discussão das teorias organizacionais,</p><p>pois estas vinculam inovação e produtividade a diferentes aspectos do processo criativo.</p><p>https://pixabay.com/pt/photos/office-neg%c3%b3cios-empresa-2360063/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 98</p><p>7.2 – Terminologias</p><p>Uma organização bem administrada reconhecerá as práticas de pessoas como o</p><p>coração de sua operação. As práticas de pessoas, ou recursos humanos, podem ser</p><p>divididas nestas categorias:</p><p>• Recrutamento: atrair candidatos cujas qualificações correspondam às suas</p><p>necessidades e, talvez mais importante, tenham um ‘acréscimo cultural’;</p><p>• Retenção e engajamento: ter os programas corretos para manter os funcionários</p><p>felizes, engajados e produtivos;</p><p>• Treinamento e desenvolvimento: garantir que seus funcionários sejam treinados</p><p>para realizar seu trabalho atual com segurança, e sejam desenvolvidos para ser</p><p>capazes de assumir funções futuras e/ou enfrentar os desafios de seu trabalho</p><p>atual à medida que ele muda com o tempo;</p><p>• Recompensas/recompensas totais: ter um mix de recompensas totais sustentável</p><p>e defensável que atenda às necessidades de sua empresa e dos funcionários;</p><p>• Bem-estar: um sistema pelo qual os funcionários estão seguros e bem no trabalho,</p><p>e faltam o mínimo de trabalho devido a conflitos entre trabalho e casa;</p><p>• Relações com funcionários: refere-se aos esforços de uma empresa para gerenciar</p><p>as relações entre empregadores e funcionários. Uma organização com um bom</p><p>programa de relacionamento com os funcionários oferece tratamento justo e</p><p>consistente a todos os funcionários, para que eles se comprometam com o</p><p>trabalho e sejam leais à empresa;</p><p>• Cultura: a cultura corporativa refere-se às crenças e comportamentos que</p><p>determinam como os funcionários e a administração de uma empresa interagem e</p><p>lidam com transações comerciais externas. Frequentemente, a cultura corporativa</p><p>é implícita, não expressamente definida, e se desenvolve organicamente ao longo</p><p>do tempo a partir das características cumulativas das pessoas que a empresa</p><p>contrata;</p><p>• Tecnologia da informação (TI): a crescente importância do uso de TI para</p><p>alavancar as funções de recursos humanos (RH) é agora percebida.</p><p>7.3 Estratégias de RH</p><p>Antes de entrar nos vários elementos da gestão de RH, a estratégia e o planejamento</p><p>devem ser discutidos. Assim como qualquer empresa deve ter uma estratégia financeira,</p><p>estratégia corporativa, estratégia de negócios e estratégia operacional, também deve</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 99</p><p>ter uma estratégia de RH. O sucesso</p><p>de uma empresa sem uma estratégia de gestão</p><p>de RH devidamente formulada e habilmente implementada está em risco (SACOMANO</p><p>NETO e TRUZZ, 2002). A estratégia de RH deve complementar e reforçar a estratégia</p><p>corporativa geral: capacitá-la, em outras palavras.</p><p>A gestão de recursos humanos inclui os seguintes elementos: práticas específicas</p><p>de RH (por exemplo, remuneração, recrutamento), políticas de RH, que direcionam</p><p>as práticas e, no nível mais alto, filosofias gerais de RH, que informam as políticas e</p><p>práticas (CHIAVENATO, 2009). Os programas de RH devem ‘encaixar’ a organização</p><p>tanto internamente (em relação a outros programas de RH) quanto externamente (à</p><p>estratégia organizacional) (CHIAVENATO, 2009).</p><p>Figura – Facilitadores na gestão de recursos humanos.</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>7.3.1 Recrutamento</p><p>O recrutamento de novos funcionários é uma das áreas de RH em que a tecnologia</p><p>foi melhor aproveitada até o momento. Existem inúmeras soluções prontas para uso</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 100</p><p>e personalizáveis para o fornecimento e rastreamento de candidatos. Os candidatos</p><p>também têm a capacidade de pesquisar a empresa, seus funcionários e suas interações</p><p>nas mídias sociais (FLEURY, 2002).</p><p>As empresas podem usar uma variedade de fontes para encontrar candidatos e</p><p>divulgar as vagas em aberto, incluindo candidatos de concursos anteriores, agências</p><p>governamentais, feiras de empregos, open houses, anúncios de empregos em sites</p><p>próprios e externos, redes, associações profissionais, empresas de recrutamento,</p><p>outdoors, referências de funcionários e recrutamento no campus; todos têm suas</p><p>vantagens e desvantagens de custo, tempo, esforço e qualidade do candidato.</p><p>Deixando de lado a tecnologia, algumas das considerações para uma empresa</p><p>que se prepara para fazer contratações incluem: contratação por habilidades versus</p><p>adequação, como atrair um grupo diversificado de candidatos, ofertas de remuneração</p><p>atraentes que ainda mantêm o patrimônio interno, preenchimento de cargos vagos</p><p>como estão ou atualização das descrições de cargos com base nas necessidades</p><p>atuais e como equilibrar candidaturas internas e oportunidades de promoção com a</p><p>necessidade de “sangue novo” e novas perspectivas (FLEURY, 2002).</p><p>Ao conduzir entrevistas, os empregadores precisam equilibrar entre falar e ouvir –</p><p>contando ao candidato sobre o cargo, a empresa e a cultura e fazendo perguntas de</p><p>sondagem ao candidato. Como o comportamento passado pode ser um indicador do</p><p>comportamento futuro, muitos entrevistadores optam por usar perguntas de entrevista</p><p>baseadas em comportamento, também conhecidas como competências. Estas</p><p>questões baseiam-se na experiência e comportamentos passados dos candidatos,</p><p>relacionando-os com requisitos ou responsabilidades específicas de uma determinada</p><p>situação relacionada com o trabalho (LACOMBE, 2005).</p><p>7.3.2 Retenção, liderança e engajamento</p><p>Uma marca de uma empresa inovadora é seu programa de retenção – incluindo</p><p>planos de treinamento personalizados, feedback frequente e relevante aos funcionários,</p><p>conectividade contínua em um ambiente digital e acesso significativo à equipe de</p><p>liderança.</p><p>O engajamento é uma das quatro principais áreas de foco do RH, juntamente</p><p>com a gestão de talentos, desenvolvimento de liderança e planejamento da força de</p><p>trabalho. Os impulsionadores do engajamento dos funcionários são muitos, incluindo:</p><p>orgulho em sua organização; sentir-se apreciado; senso de justiça e respeito; senso de</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 101</p><p>realização; trabalho interessante e significativo; relações positivas no local de trabalho</p><p>(LACOMBE, 2005).</p><p>Os empregadores geralmente desejam fazer pesquisas com seus funcionários para</p><p>avaliar seus níveis de engajamento; essas pesquisas são geralmente chamadas de</p><p>pesquisas de satisfação dos funcionários. As melhores práticas para a realização de</p><p>pesquisas com funcionários incluem o uso de um pesquisador externo para garantir</p><p>a confidencialidade, o cuidado com a formulação das perguntas, a consistência entre</p><p>as pesquisas para permitir a identificação de tendências e o compartilhamento dos</p><p>resultados com os funcionários.</p><p>7.3.3 Remuneração e Recompensa</p><p>A remuneração, ou recompensa total, abrange tudo o que um funcionário pode</p><p>esperar receber em troca de seu trabalho. Inclui tangíveis como remuneração em</p><p>dinheiro, cobertura de saúde e odontológica, doença e seguro de vida, esquemas de</p><p>remuneração variável (como planos de bônus) e folga remunerada. Também inclui</p><p>intangíveis, como equilíbrio entre vida pessoal e profissional, acordos de trabalho</p><p>flexíveis, boa cultura empresarial, oportunidades de educação e treinamento e planos</p><p>de carreira visíveis.</p><p>Para afastar o foco da remuneração estritamente em dinheiro, alguns empregadores</p><p>fornecem declarações de recompensas totais anuais ou sob demanda que atribuem</p><p>valor monetário a tantos desses fatores quanto possível e listam aqueles sem um</p><p>valor mensurável (LACOMBE, 2005).</p><p>A remuneração em dinheiro é frequentemente referida como um ‘fator de higiene’, pois</p><p>deve ser alta o suficiente para que o funcionário não deixe o emprego (ou permaneçam</p><p>no emprego enquanto fazem pouco esforço ou mesmo prejudicam a empresa), mas</p><p>esse salário adicional não aumenta a satisfação do funcionário por mais do que um</p><p>breve período.</p><p>A satisfação dos funcionários resulta de fatores de motivação e a insatisfação de</p><p>fatores de higiene. Fatores de higiene são necessários para evitar a insatisfação, mas</p><p>não levam a níveis mais elevados de motivação. Fatores de motivação são necessários</p><p>para motivar os funcionários a um desempenho superior. Os fatores de higiene, que</p><p>devem existir, incluem (FLEURY, 2002):</p><p>• Condições de trabalho;</p><p>• Qualidade da supervisão;</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 102</p><p>• Salário;</p><p>• Status;</p><p>• Segurança;</p><p>• Políticas e administração;</p><p>• Relações interpessoais.</p><p>7.3.4 Bem-Estar</p><p>O bem-estar no local de trabalho, também conhecido como equilíbrio entre vida</p><p>profissional e pessoal, inclui bem-estar emocional e mental, nutrição, atividade física</p><p>e sono, apoio à liderança e cultura no local de trabalho.</p><p>O bem-estar dos funcionários é uma das áreas de RH que mais cresce, e por um</p><p>bom motivo: além de serem socialmente responsáveis, as iniciativas de bem-estar</p><p>podem impactar positivamente os resultados. As organizações coletaram métricas</p><p>sobre como as políticas favoráveis à família, por exemplo, impactam positivamente</p><p>os resultados. Por meio de pesquisas de engajamento de funcionários, grupos focais</p><p>e testes-piloto, a gerência sênior sabe que funcionários com menor conflito trabalho-</p><p>família têm menos estresse e ansiedade sobre ‘fazer tudo’ e são mais capazes de se</p><p>concentrar em seus trabalhos e clientes (LACOMBE, 2005).</p><p>Boas iniciativas de bem-estar por parte das organizações podem reduzir o</p><p>absenteísmo, aumentar a produtividade, melhorar a moral e as relações de trabalho,</p><p>diminuir o estresse, atrair novos funcionários e reter os funcionários atuais. As iniciativas</p><p>podem se concentrar nas seguintes áreas: assistência a dependentes, acordos de</p><p>trabalho flexíveis, licenças e férias, educação e oportunidades de treinamento, preparo</p><p>físico e vida saudável, observâncias religiosas, programas de assistência a funcionários</p><p>e gerentes de apoio e cultura de gerenciamento.</p><p>7.3.5 Cultura</p><p>A cultura corporativa é definida como o conjunto de crenças que os membros de uma</p><p>organização compartilham. Essas crenças podem ser faladas ou não, são moldadas</p><p>pela história, crescem lentamente ao longo do tempo e podem ser difíceis de descrever.</p><p>Às vezes, os funcionários podem se tornar conscientes da cultura corporativa apenas</p><p>quando uma fusão ou aquisição destaca as diferenças culturais da nova organização.</p><p>Os RHs podem</p><p>ter um grande impacto na cultura corporativa de várias maneiras.</p><p>O RH acompanha a cultura corporativa e educa os líderes organizacionais sobre o</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 103</p><p>impacto da cultura em suas equipes e desempenho. A maioria dos programas de</p><p>RH pode atuar como ‘alavancas culturais’ e impactar significativamente a cultura</p><p>corporativa. Os sistemas de compensação podem ser projetados para recompensar</p><p>os comportamentos desejados. Os sistemas de gestão de desempenho identificam os</p><p>comportamentos desejados para os funcionários, bem como os comportamentos que</p><p>não estão alinhados com a cultura corporativa e, portanto, precisam ser corrigidos.</p><p>A aquisição de talentos envolve a busca de candidatos que se encaixem culturalmente</p><p>na organização, e não apenas possuam as habilidades, educação e experiência</p><p>necessárias. Os programas de treinamento e desenvolvimento podem ser focados</p><p>em esforços que ajudem os funcionários a pensar, agir e se comportar da maneira</p><p>desejada.</p><p>7.3.6 Relações entre empregados</p><p>As relações com os funcionários abrangem a gestão dos funcionários no local de</p><p>trabalho. Normalmente, as relações com os funcionários envolvem o estabelecimento e</p><p>a administração de políticas e práticas no local de trabalho, bem como o gerenciamento</p><p>de desempenho e o tratamento de conflitos ou reclamações no local de trabalho.</p><p>A gestão de desempenho inclui todas as avaliações do trabalho e do comportamento</p><p>de um funcionário. É o processo de estabelecer metas de desempenho e projetar</p><p>intervenções e programas para desenvolver os funcionários e melhorar seu desempenho.</p><p>Embora a gestão de desempenho dure o ano todo, todos os funcionários devem ter</p><p>pelo menos uma revisão anual de desempenho (LACOMBE, 2005).</p><p>O objetivo é medir o cumprimento das metas do ano anterior, avaliar o desempenho</p><p>do funcionário em relação às competências predefinidas adequadas à organização ou</p><p>aos funcionários naquele grupo de trabalho ou naquele nível, testar o alinhamento dos</p><p>funcionários com os valores organizacionais, definir novas metas para o próximo ano</p><p>e definir um plano de desenvolvimento individual. Quando bem-feitas, essas revisões</p><p>são simplesmente a etapa mais formal ao longo de um feedback e avaliação feita ao</p><p>longo do ano.</p><p>Além de revisões formais e check-ins e feedback contínuos, a gestão de desempenho</p><p>também pode incluir ações corretivas quando o desempenho e/ou comportamento</p><p>do funcionário não estiver no nível desejado. A melhor prática para ação corretiva é</p><p>seguir uma abordagem de disciplina progressiva, na qual os funcionários recebem</p><p>vários avisos claros e crescentes sobre o problema de desempenho, incluindo as</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 104</p><p>consequências da não melhoria, sendo a etapa final a rescisão do contrato de trabalho.</p><p>Dependendo das circunstâncias individuais, algumas etapas de aviso podem ser</p><p>ignoradas; por exemplo, um caso de violência no local de trabalho pode resultar em</p><p>demissão imediata. Abordagens não disciplinares para deficiências de desempenho</p><p>também são populares em locais de trabalho progressistas (LACOMBE, 2005).</p><p>7.3.7 Tecnologia da Informação</p><p>A TI é um importante facilitador dos programas de RH. A tecnologia é uma benção</p><p>para armazenar dados de funcionários de forma confidencial e tornar o trabalho mais</p><p>fácil e rápido em tarefas como recrutamento. Talvez mais importante, as métricas que</p><p>a tecnologia pode facilitar devem e informam a tomada de decisões sobre programas</p><p>de RH e planejamento da força de trabalho. Cinco tecnologias atendem particularmente</p><p>bem ao RH e ao local de trabalho (FLEURY, 2002):</p><p>• Recrutamento – por meio de recrutamento social e sistemas de rastreamento</p><p>de candidatos;</p><p>• Gerenciamento ágil de desempenho – monitoramento e feedback contínuos</p><p>de desempenho;</p><p>• Sistemas de gestão da aprendizagem – que incorporam aprendizagem com</p><p>gestão de talentos e desempenho;</p><p>• Computação em nuvem – acesso à inovação e lançamentos e atualizações</p><p>regulares de programas.</p><p>7.4 Competição e Criatividade</p><p>A relação entre criatividade e competição não é simples e direta. Como no caso da</p><p>colaboração, às vezes a competição estimula a criatividade e às vezes não. James</p><p>Watson, que dividiu o Prêmio Nobel por seu trabalho sobre a estrutura do DNA,</p><p>aparentemente era bastante competitivo. Colaboração e competição são aparentes</p><p>na história de sua pesquisa sobre a estrutura do material genético. Outro exemplo é</p><p>dado pelos Beatles, que também eram competitivos, pelo menos parte do tempo. Não</p><p>era tanto uma competição entre Lennon e McCartney, mas entre os Beatles e outras</p><p>bandas de alto desempenho.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 105</p><p>Figura – Competição</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/partida-chegada-pista-linha-chegada-2405991/</p><p>Um grande exemplo envolve os dinossauros. A competição foi acirrada, com Gideon</p><p>Mantell descobrindo ossos enormes em Sussex, Inglaterra, mas então o anatomista</p><p>Richard Owen nomeou as criaturas extintas e assim adquiriu fama internacional</p><p>(SACOMANO NETO e TRUZZI, 2002). É verdade que isso é descoberta e não criatividade</p><p>em si, mas há várias conexões possíveis entre descoberta e criatividade.</p><p>Situações competitivas podem ser informativas ou controladoras (CAMARGO, 2011).É</p><p>muito parecido com a motivação nesse sentido, pois fatores extrínsecos também</p><p>podem ser informativos ou controladores. As diferenças são muito importantes para</p><p>a criatividade porque os contextos informativos podem não inibir os esforços criativos</p><p>nem de perto na medida em que os contextos de controle o fazem. Embora a atenção</p><p>deva ser direcionada a contextos e informações, apenas alguns fatores extrínsecos</p><p>impedem o esforço criativo.</p><p>Muito importante, a competição, como tantas influências sociais e ambientais no</p><p>trabalho criativo, só tem impacto depois que o indivíduo interpreta a situação. Por isso,</p><p>existem diferenças individuais significativas e o que pode ser estimulante para alguns</p><p>indivíduos é inibitório para outros. Isso decorre de modelos de processamento de</p><p>https://pixabay.com/pt/photos/partida-chegada-pista-linha-chegada-2405991/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 106</p><p>informações de cognição, onde a interpretação é de extrema importância. A informação</p><p>não se move através do sistema cognitivo nem chega à memória de trabalho, a menos</p><p>que seja interpretada. A interpretação também explica as interações pessoa-ambiente.</p><p>7.5 Interação indivíduo-ambiente</p><p>Uma das lições mais importantes a serem aprendidas da perspectiva social da</p><p>criatividade é que diferentes influências e contextos sociais influenciam diferentes</p><p>pessoas de maneiras diferentes. O impacto de qualquer fator social ou organizacional só</p><p>pode ser realmente compreendido tomando o indivíduo em conta. Há, em outras palavras,</p><p>sempre uma importante interação pessoa-ambiente. Isso se aplica à colaboração,</p><p>competição e quase definitivamente todas as influências sociais no trabalho criativo.</p><p>Ela explica como certos fatores, até mesmo a consideração positiva incondicional</p><p>descrita anteriormente, podem estimular os esforços criativos de algumas pessoas</p><p>e de algumas organizações, mas podem fazer com que outros indivíduos congelem.</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>John Lennon e Paul McCartney foram duas das figuras mais icônicas da história</p><p>da música popular, conhecidos por suas composições e apresentações como</p><p>membros dos Beatles. A relação entre Lennon e McCartney é muitas vezes vista</p><p>como uma das características definidoras do sucesso da banda, já que eles</p><p>trabalharam juntos para criar algumas das músicas mais influentes do século</p><p>XX. No entanto, a sua relação foi também marcada por um forte sentido de</p><p>competitividade, que influenciou</p><p>a sua produção criativa e dinâmica pessoal.</p><p>Saiba mais acessando este link: https://www.scielo.br/j/pm/a/</p><p>KLchcsLYXpGsGHbcMJLRGqz/?lang=pt#ModalHowcite</p><p>Fonte: Borém (2014).</p><p>Alguns indivíduos são perturbados por qualquer tipo de tensão ou pelo menos</p><p>inibidos por ela. Assim como a beleza está nos olhos de quem vê, também está a</p><p>interpretação do conflito e da tensão. Este é um ponto prático muito importante. Se</p><p>for ignorado, várias recomendações infelizes para aumentar a criatividade podem ser</p><p>consideradas. Alguém pode criar tensão inadequadamente para estimular a criatividade,</p><p>assumindo que a tensão motiva a todos, mas muito provavelmente estaria inibindo</p><p>a criatividade dos indivíduos mais sensíveis. Para piorar a situação, há indícios de</p><p>que as pessoas criativas, como grupo, são especialmente sensíveis a fatores sociais.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 107</p><p>Do ponto de vista cognitivo, tudo isso pode ser explicado em termos de percepção:</p><p>os indivíduos percebem as variáveis ambientais e situacionais de forma idiossincrática.</p><p>A percepção é um processo de cima para baixo; não é inteiramente dependente de</p><p>informações objetivas, mas, em vez disso, é baseado em expectativa e interpretação</p><p>(CAMARGO, 2011). O ambiente objetivo, portanto, não é tão importante para a criatividade</p><p>ou qualquer outra coisa. Isso pode até mesmo se aplicar a ambientes permissivos</p><p>que geralmente conduzem a esforços criativos, bem como situações que fornecem</p><p>consideração positiva incondicional. Essas coisas seriam melhores para os esforços</p><p>criativos da maioria das pessoas, mas outras podem preferir algum drama, conflito</p><p>ou desafio.</p><p>Figura – Indivíduo e Coletivo</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/especial-independente-diferente-5012919/</p><p>Algumas das evidências mais claras para interpretações individuais da experiência</p><p>podem ser encontradas na pesquisa sobre o estresse. Aí, o que realmente importa é</p><p>como o indivíduo interpreta uma situação. Isso faz sentido porque, em geral, todos</p><p>nós reagimos de maneiras diferentes. Uma pessoa pode sentir estresse devido a uma</p><p>experiência específica, enquanto a mesma experiência é realmente agradável para</p><p>outras pessoas. É por isso que muitas pessoas que estudam o estresse não acreditam</p><p>que exista algo como um estressor. Um estressor seria algo no ambiente que sempre</p><p>https://pixabay.com/pt/photos/especial-independente-diferente-5012919/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 108</p><p>provoca estresse, o que não é possível. Estresse depende da interpretação de um</p><p>indivíduo. Medidas mais recentes de estresse avaliam o estresse percebido em vez dos</p><p>estressores, assim como as medidas mais recentes de influências sociais se concentram</p><p>nas percepções. Exemplos dessas medidas serão discutidos posteriormente.</p><p>7.6 Clima Organizacional</p><p>Uma forma de operacionalizar os apoios e inibições sociais dentro de uma empresa</p><p>é em termos de clima organizacional. O clima é definido como os padrões recorrentes</p><p>de comportamento, atitudes e sentimentos que caracterizam a vida na organização. No</p><p>nível individual de análise, o conceito é chamado de clima psicológico. Nesse nível, o</p><p>conceito de clima refere-se às percepções individuais dos padrões de comportamento.</p><p>O clima organizacional por ser compreendido em termos da interação de políticas</p><p>institucionais, metas, estratégias, tarefas, carga de trabalho, recursos, tecnologia e,</p><p>claro, pessoal. Assim, os resultados criativos são mais prováveis se as seguintes</p><p>condições forem atendidas (CAMARGO, 2011):</p><p>• O clima organizacional desafia os indivíduos com tarefas, metas e operações</p><p>institucionais. O trabalho deve ser significativo. O desenvolvimento e a</p><p>sobrevivência da organização são importantes para os funcionários;</p><p>• Os funcionários têm oportunidades e iniciativa. Isso pode ser aparente em como</p><p>a comunicação dentro e fora da organização e nos métodos disponíveis obtêm</p><p>informações;</p><p>• As regras de comunicação são importantes;</p><p>• Há suporte para novas ideias, onde os funcionários são encorajados e</p><p>recompensados.</p><p>Camargo (2011) descreveu uma medida de clima organizacional que cobre 10 áreas:</p><p>(1) suporte para ideias, (2) desafio, (3) tempo para ideias, (4) liberdade, (5) confiança</p><p>e abertura, (6) dinamismo/vivacidade, (7) riscos, (8) brincadeira e humor, (9) debates</p><p>e (10) conflitos e impedimentos. Dada a importância da inovação e da criatividade</p><p>para as organizações e, portanto, a importância de uma boa pesquisa objetiva sobre</p><p>o mesmo, não será surpresa que existem várias medidas semelhantes. Estes são</p><p>bastante úteis no presente contexto porque apontam para influências sociais muito</p><p>específicas, tanto positivas como negativas (ou seja, favoráveis e inibidoras) sobre o</p><p>comportamento criativo.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 109</p><p>Há alguma indicação de que importantes resultados organizacionais podem ser</p><p>previstos a partir das medidas disponíveis. Os resultados da pesquisa geralmente incluem</p><p>alguma combinação do seguinte: (1) retorno sobre os investimentos organizacionais;</p><p>(2) empreendedorismo; (3) inovação e adoção da inovação; (4) publicações; (5)</p><p>opinião especializada, geralmente de inovações ou produtos; e (6) autoavaliação pelos</p><p>funcionários e participantes (CAMARGO, 2011).</p><p>Para realmente entender (e avaliar com precisão) como os fatores organizacionais</p><p>influenciam o trabalho em equipe, a satisfação no trabalho, a inovação e a criatividade,</p><p>é importante considerar os moderadores. Um moderador é um tipo de variável que</p><p>determina o quão fortemente uma dimensão particular influenciará o comportamento</p><p>organizacional e individual. As demandas do projeto e o tipo de inovação são exemplos</p><p>de moderadores; a necessidade de vários suportes organizacionais irá variar dependendo</p><p>de cada um deles. Fatores individuais também podem moderar o impacto do clima,</p><p>incluindo a satisfação de um indivíduo com seu trabalho, a percepção do indivíduo e</p><p>talvez até mesmo o humor do indivíduo.</p><p>7.7 Atitude Organizacional</p><p>Outro fator significativo em contextos sociais envolve as atitudes dos funcionários</p><p>dentro de uma organização. As atitudes provavelmente devem receber muita atenção</p><p>em qualquer ambiente social, incluindo organizações, porque elas influenciam o</p><p>comportamento real e porque são muito fáceis de mudar. Atitudes, por definição,</p><p>são estados mentais temporários e de curto prazo. Eles não são como traços, por</p><p>exemplo, que são considerados bastante estáveis (HUNTER et al., 2007).</p><p>Um dos métodos mais poderosos para examinar o impacto de qualquer influência</p><p>no esforço criativo é a meta-análise. Hunter et al. (2007) conduziram uma meta-análise</p><p>usando resultados de 42 estudos publicados anteriormente sobre organizações. Os</p><p>resultados sugeriram um modelo de 14 dimensões de clima organizacional, que é</p><p>apresentado na Tabela abaixo. É importante ressaltar que cada uma das dimensões</p><p>provavelmente deve ser prefaciada com “percepção de”. Isso reconheceria as percepções</p><p>subjetivas de cima para baixo do clima, que são muito mais importantes do que</p><p>qualquer índice-objetivo do clima. Lembre-se aqui do que foi dito anteriormente sobre</p><p>o enorme impacto dos processos perceptivos.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 110</p><p>Dimensão Definição</p><p>1. Grupo de pares positivo Pares e colegas de equipe são percebidos como estimulantes e confiáveis</p><p>2. Supervisor Supervisor permite autonomia e apoia ideias originais</p><p>3. Recursos Os recursos estão disponíveis e a organização está disposta a alocá-los</p><p>4. Desafio As tarefas são desafiadoras, mas não esmagadoras</p><p>5. Clareza da missão Expectativas e metas incluem trabalho criativo</p><p>6. Autonomia Indivíduos recebem independência</p><p>7. Coesão Pouco conflito e um senso</p><p>de trabalho em conjunto como uma unidade</p><p>8. Estimulação intelectual As ideias são encorajadas e discutidas de forma útil</p><p>9. Alta administração A criatividade é incentivada pela alta administração</p><p>10. Recompensas A criatividade é adequadamente recompensada</p><p>11. Flexibilidade e assunção de riscos A ambiguidade e a incerteza do trabalho criativo são toleradas</p><p>12. Ênfase no produto Espera-se que os resultados do trabalho sejam originais e de alta qualidade</p><p>13. Participação Supervisores e funcionários trabalham juntos. A comunicação é honesta e aberta</p><p>14. Integração organizacional Recursos internos (equipes) e externos (terceirização) são bem coordenados</p><p>Tabela 1 – Dimensões e definições da meta-análise de fatores climáticos</p><p>Fonte: Adaptado de Hunter et al. (2007)</p><p>Os resultados da meta-análise também indicaram que os fatores mais importantes</p><p>podem ser aqueles que refletem trocas interpessoais positivas, estimulação intelectual</p><p>e desafio. O reconhecimento e os recursos não foram muito importantes, pelo menos</p><p>na meta-análise. A importância dos moderadores foi sugerida pelo fato de que as</p><p>percepções individuais estavam fortemente relacionadas aos vários critérios de</p><p>criatividade organizacional.</p><p>Hunter et al. (2007) descobriram que alta turbulência, alta pressão competitiva e</p><p>alta pressão de produção estavam associadas a um clima que apoia a criatividade.</p><p>O impacto da competição e da pressão não foi uniforme; no entanto, variou entre as</p><p>dimensões da criatividade. Empresas e indivíduos aparentemente tendem a ser menos</p><p>produtivos e, portanto, conservar recursos, mas também mais seletivos. Espera-se,</p><p>portanto, que produzam produtos de maior qualidade e, talvez, mais originais e criativos,</p><p>quando sofrem pressão, embora produzam menos produtos em geral.</p><p>Finalmente, a meta-análise indicou que o impacto do clima organizacional foi</p><p>semelhante em culturas individualistas e coletivistas. As relações entre clima e</p><p>criatividade foram, por outro lado, mais fortes em países não industrializados do que</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 111</p><p>em países industrializados. Esses resultados são impressionantes porque são baseados</p><p>em uma meta-análise (e não apenas em um estudo); ainda assim, o número de estudos</p><p>relevantes utilizados na comparação entre cultura e industrialização foi pequeno.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 112</p><p>CAPÍTULO 8</p><p>GOVERNANÇA E</p><p>ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS</p><p>Este capítulo descreve como, com a coevolução socioambiental, novos modos</p><p>de governança e educação estão se tornando cada vez mais importantes no</p><p>desenvolvimento sustentável. O papel do desenvolvimento socioeconômico equitativo, da</p><p>preservação e promoção da cultura ganha destaque nessa coevolução socioambiental.</p><p>Uma mudança cultural de paradigma de um mundo antropocêntrico de ganância,</p><p>corrupção, e a acumulação para um mundo biocêntrico de solidariedade, cooperação</p><p>é de necessidade urgente, o que é enfatizado. O desenvolvimento econômico deve ser</p><p>com mais compromisso e reverência pela Terra e sua vida é preconizada. A promoção de</p><p>capacidades dinâmicas da sociedade em relação à educação de qualidade, preservação</p><p>e promoção de valores culturais e boa governança como determinantes-chave das</p><p>decisões de política econômica é descrita neste capítulo.</p><p>8.1 Introdução</p><p>No cenário da coevolução socioambiental, o mundo é confrontado com o fato de que</p><p>o atual paradigma econômico cria um crescimento econômico substancial, mas com</p><p>enormes custos ambientais e sociais além da capacidade de sustentação do sistema de</p><p>suporte de vida da Terra. As manifestações são claramente compreendidas no aumento</p><p>exponencial da mudança climática e no esgotamento extensivo de recursos essenciais,</p><p>como água doce, ar limpo, energia barata, florestas e biodiversidade, juntamente com</p><p>a dizimação da cultura e dos valores tradicionais. Percebemos que o que o mundo</p><p>enfrenta hoje não é apenas uma crise econômica e social, mas também uma crise</p><p>da humanidade.</p><p>O século atual os enfrentou todos juntos denotando um desafio monumental. As</p><p>causas profundas da coevolução emergente são o hiperconsumismo, corrupção e</p><p>ganância. Agora há recursos para quem tem tudo, mas não para quem não tem nada.</p><p>Surge a pergunta: o que queremos – um paradigma econômico descontrolado</p><p>que estimule a ganância e a acumulação ou um crescimento inclusivo controlado</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 113</p><p>que promova o bem-estar e a felicidade? Um mundo com crescimento econômico</p><p>controlado mantendo um equilíbrio entre equidade social e equilíbrio ambiental seria</p><p>uma opção melhor para todos?</p><p>Título: Meio Ambiente</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/meio-ambiente-prote%C3%A7%C3%A3o-ambiental-7412967/</p><p>Uma necessidade urgente é desviar o atual paradigma econômico da eficiência para</p><p>a suficiência e o bem-estar. O princípio fundamental é explorar formas de promover a</p><p>sustentabilidade e o bem-estar do planeta e de sua vida atual com o devido respeito</p><p>para fornecer um legado prático para as gerações futuras.</p><p>Esse conceito normativo de sustentabilidade requer novos paradigmas e inovações</p><p>para moldar a atitude e o modo de vida da sociedade como caminho para o bem-estar</p><p>e a felicidade. Uma mudança cultural de paradigma de um mundo antropocêntrico</p><p>de ganância, corrupção e acumulação para um mundo biocêntrico de solidariedade,</p><p>cooperação e compaixão é a necessidade da hora. Desenvolver a economia de</p><p>escala humana com mais compromisso e reverência pela Terra e sua vida deve ser a</p><p>principal prioridade da política econômica e da tomada de decisões, onde os principais</p><p>determinantes são a promoção de capacidades dinâmicas da sociedade em relação à</p><p>educação de qualidade, preservação, e promoção de valores culturais e boa governança.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 114</p><p>8.2 Coevolução Socioambiental</p><p>O futuro sustentável tornou-se uma grande preocupação na agenda de</p><p>desenvolvimento; no entanto, existem enormes desafios em colocá-lo em práticas</p><p>bem-sucedidas. A Cúpula Mundial de 2005 reconheceu que a sustentabilidade requer</p><p>conciliar proteção ambiental, equidade social e demandas econômicas: os “três pilares”</p><p>ou três “Es” da sustentabilidade para trabalhar em harmonia. Dada a contenção</p><p>associada ao conflito socioambiental do paradigma econômico dominante, torna-se</p><p>evidente a necessidade de articular mudanças significativas na sociedade humana em</p><p>direção a um futuro global mais sustentável. O conceito emergente de “transformações</p><p>em direção à sustentabilidade” torna-se uma nova narrativa para focar a atenção das</p><p>políticas em trazer mudanças na sociedade humana para alcançar a sustentabilidade.</p><p>As trajetórias transformativas podem ser abordadas tanto de forma normativa quanto</p><p>analítica. O enquadramento e as narrativas dos processos de transformação não são</p><p>únicos, devido a diferentes julgamentos sobre os limites do problema, percepções</p><p>do processo de mudança e ambiguidades e incertezas contestadas. A governança</p><p>foi reconhecida como uma ferramenta crítica para moldar essa transformação para</p><p>alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).</p><p>O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas define governança como</p><p>o exercício da autoridade econômica, política e administrativa para administrar os</p><p>assuntos de um país em todos os níveis. Compreende mecanismos, processos e</p><p>instituições por meio dos quais cidadãos e grupos articulam seus interesses, exercem</p><p>seus direitos legais, cumprem suas obrigações e mediam suas diferenças (HEINRICHS</p><p>e MARTENS, 2016).</p><p>A boa governança implica abertura, responsabilidade, participação espontânea,</p><p>eficácia, eficiência e coerência. O Banco Mundial entende governança como “a forma</p><p>como</p><p>o poder é exercido na gestão dos recursos econômicos e sociais de um país</p><p>para o desenvolvimento” (PHILIPPI JR. e PELICIONI, 2014). Indicadores sólidos de</p><p>governança são refletidos nos esforços necessários para promover a transparência,</p><p>abertura e responsabilidade nos assuntos públicos, juntamente com a defesa do estado</p><p>de direito para manter o equilíbrio político, estabilidade e eliminar a violência, o suborno</p><p>e a corrupção (PHILIPPI JR., 2013).</p><p>A aplicação efetiva do conceito em todos os níveis requer um sólido sistema de</p><p>governança no fortalecimento de instituições, processos e mecanismos para promover a</p><p>plena participação da sociedade para enfrentar desafios complexos de sustentabilidade.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 115</p><p>Para institucionalizar um sistema consensual, participativo e adaptativo e desenvolver</p><p>uma estrutura para uma visão integrada de todos os setores e componentes desse</p><p>processo, é necessário passar de um planejamento rígido para uma política participativa</p><p>flexível em micronível e avaliação do sistema.</p><p>A governança se reflete na compreensão dos desafios decorrentes do sistema e</p><p>na abordagem dos mesmos de forma equilibrada e integrada para reduzir a lacuna</p><p>entre visão e compromisso. Tanto a realização quanto o fracasso atuarão como um</p><p>guia para melhorar o processo iterativo da próxima rodada. O desenvolvimento de</p><p>competências para a coordenação orientada para a sustentabilidade no regime de</p><p>governança multijogador desempenha um papel importante no fornecimento de uma</p><p>coerência bem-sucedida entre visão e compromisso. O desenvolvimento sustentável</p><p>não se limita ao domínio do meio ambiente; portanto, precisa de algumas medidas</p><p>de descentralização para aumentar a eficiência e a integração de políticas tanto</p><p>verticalmente (nos diferentes níveis de governo) quanto horizontalmente (entre diferentes</p><p>entidades de um nível específico de governo) em diferentes setores da sociedade.</p><p>Sendo um exercício normativo, a governança para o desenvolvimento sustentável</p><p>deve possuir critérios como equidade, legitimidade, democracia, manejo de questões</p><p>de escala e questões de incerteza. O aspecto da equidade é avaliado a partir de</p><p>características distributivas relacionadas à distribuição intergeracional e espacial de</p><p>benefícios e acesso a recursos e também de características processuais na forma</p><p>de tomada de decisão imparcial. Democracia significa que a representação e a</p><p>participação na tomada de decisões sobre o estabelecimento de metas e questões de</p><p>sustentabilidade contribuem para o consenso e o apoio público. A legitimidade reflete</p><p>responsabilidade, transparência, pragmatismo e obrigação moral dos tomadores de</p><p>decisão de explicar e justificar suas decisões.</p><p>Lidar com problemas de escala denotam escala espacial, temporal e institucional</p><p>relevante ao abordar qualquer problema. Lidar com questões de incerteza significa</p><p>reconhecer as incertezas e explorar as causas-raiz. Isso envolve preferencialmente</p><p>categorizar e indicar a magnitude do alcance e fonte de incertezas, que ocorrem devido</p><p>à variabilidade comportamental e social, diversidade de valores, surpresa tecnológica,</p><p>ignorância e indeterminação (PHILIPPI JR., 2013). Em segundo lugar, lidar com questões</p><p>de incerteza significa aprender e aprimorar insights para enfrentar os desafios.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 116</p><p>Título: Governança Ambiental</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/sustentabilidade-energia-%C3%A1rvore-3295757/</p><p>Diferentes abordagens foram conceituadas para transformar essa governança</p><p>em ações de sustentabilidade: adaptativa, de transição e pagamentos por serviços</p><p>ambientais (PHILIPPI JR., 2013). A abordagem adaptativa é orientada para a adoção</p><p>de medidas para aumentar a capacidade de resiliência do ecossistema, para que</p><p>ele possa lidar com a mudança e reduzir a vulnerabilidade. A noção foi desenvolvida</p><p>durante os anos 1970 e 1980. O objetivo principal é criar a capacidade autossustentável</p><p>do sistema socioeconômico por meio do conhecimento científico e do aprendizado</p><p>cooperativo entre os grupos de pares da sociedade. A adaptação deve ocorrer em</p><p>vários níveis de governança. Procura alcançar uma distribuição justa de recursos.</p><p>O componente de equidade é a característica proeminente nesta abordagem para</p><p>governar os caminhos de transformação em uma direção sustentável. A inclusão de</p><p>vários grupos de partes interessadas, conhecimento local em escolhas estratégicas</p><p>ou definição de metas, e a democracia é explicitamente abordada na abordagem</p><p>adaptativa de governança, escalas espaciais e temporais de intervenções experimentais,</p><p>configurações institucionais policêntricas, flexíveis e sensíveis com alto grau de</p><p>diversidade, capacidade de resposta e redundância são necessárias para alinhá-lo</p><p>https://pixabay.com/pt/illustrations/sustentabilidade-energia-%C3%A1rvore-3295757/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 117</p><p>em vários níveis institucionais. Gestão do conhecimento, desenvolvimento de práticas</p><p>compartilhadas dentro de uma entidade social, promoção da aprendizagem social na</p><p>tomada de decisões e uso do conhecimento indígena local são reconhecidos como</p><p>componentes cruciais a serem abordados neste tipo de sistema de governança</p><p>(PHILIPPI JR., 2013).</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>A reutilização adaptativa é um termo usado para descrever o processo de</p><p>reaproveitamento de edifícios, estruturas e materiais existentes para novos usos.</p><p>Essa abordagem tornou-se cada vez mais popular nos últimos anos, à medida que</p><p>a sociedade enfrenta a necessidade de reduzir as emissões de carbono e promover</p><p>a sustentabilidade. Em sua essência, procura encontrar formas inovadoras de</p><p>utilizar os recursos existentes, ao mesmo tempo em que fornece soluções viáveis</p><p>que atendam às nossas necessidades. Ao fazê-lo, também desempenha um papel</p><p>importante na promoção da justiça social, permitindo que as comunidades tenham</p><p>acesso à habitação a preços acessíveis e outros serviços que podem ser difíceis ou</p><p>impossíveis de se obter de outra forma.</p><p>Saiba mais acessando: https://www.archdaily.com.br/br/971480/reutilizacao-</p><p>adaptativa-repensando-carbono-sustentabilidade-e-justica-social</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>A abordagem de transição visa fazer uma transformação fundamental da estrutura</p><p>social para criar uma sociedade mais ambientalmente sustentável e socialmente</p><p>justa. Desenvolvido desde a década de 1990, é orientado para mudanças drásticas</p><p>no nível do sistema por inovação contínua e progresso tecnológico. A governança</p><p>é coordenada por órgãos públicos. A orientação é atingir metas de longo prazo no</p><p>caminho dinâmico desenvolvido a partir da aprendizagem contínua, experimentação</p><p>e inovação. Envolve uma transformação drástica das fraturas estruturais que</p><p>aumentam a vulnerabilidade e tornam a sociedade capaz de prevenir o colapso</p><p>por meio de uma abordagem espacial técnica. As questões de equidade são menos</p><p>focadas neste conceito de gerenciamento de transição quando comparadas com</p><p>os outros dois conceitos. Para fazer uma mudança fundamental, estrutural e,</p><p>portanto, irreversível, no sistema sociotecnológico, ela negligencia o interesse de</p><p>grandes setores da sociedade. A tensão social surge dos crescentes desequilíbrios</p><p>de poder entre os atores participantes e entre os grupos cujos interesses são</p><p>https://www.archdaily.com.br/br/971480/reutilizacao-adaptativa-repensando-carbono-sustentabilidade-e-justica-social</p><p>https://www.archdaily.com.br/br/971480/reutilizacao-adaptativa-repensando-carbono-sustentabilidade-e-justica-social</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 118</p><p>afetados devido às transformações pretendidas. Os benefícios positivos, uma vez</p><p>alcançados, parecem aumentar a ampla</p><p>segurança alimentar, melhorar a nutrição</p><p>e promover a agricultura sustentável</p><p>ODS 3 - Saúde e Bem-Estar</p><p>Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos em</p><p>todas as fases</p><p>ODS 4 - Educação de qualidade</p><p>Assegurar uma educação de qualidade equitativa e promover oportunidades</p><p>de aprendizagem ao longo da vida para todos</p><p>ODS 5 - Igualdade de gênero Garantir a igualdade de gênero e promover o empoderamento das mulheres</p><p>ODS 6 - Água Potável e Saneamento Garantir o acesso à água limpa e segura e ao saneamento para todos</p><p>ODS 7 - Energia acessível e limpa Garantir o acesso à energia limpa acessível a um preço acessível</p><p>ODS 8 - Trabalho decente e crescimento</p><p>econômico</p><p>Promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável e o emprego</p><p>decente para todos</p><p>ODS 9 - Indústria, inovação e Infraestrutura</p><p>Criar uma infraestrutura resiliente, promover a industrialização sustentável</p><p>e promover a inovação</p><p>ODS 10 - Redução das Desigualdades Reduzir a desigualdade dentro e entre os países</p><p>ODS 11 - Cidades e comunidades</p><p>sustentáveis</p><p>Construir cidades seguras, resilientes e sustentáveis</p><p>ODS 12 - Consumo e Produção</p><p>Sustentável</p><p>Promover o consumo e a produção sustentáveis</p><p>ODS 13 - Ação contra a mudança global</p><p>do Clima</p><p>Adotar ações de combate às mudanças climáticas e seus impactos</p><p>ODS 14 - Água e Vida Conservar a água pelo uso sustentável dos oceanos e recursos marinhos</p><p>ODS 15 - Vida Terrestre</p><p>Proteger e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,</p><p>recursos florestais, combater a desertificação, deter a degradação da</p><p>terra e a perda de biodiversidade</p><p>ODS 16 - Paz, Justiça e Instituições</p><p>Eficazes</p><p>Promover a paz, proporcionar justiça para todos e construir instituições</p><p>pacíficas, responsáveis e inclusivas em todos os níveis</p><p>ODS 17 - Parcerias e Meios de</p><p>Implementação</p><p>Fortalecer os meios de implementação para revitalizar a parceria global</p><p>para o desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo</p><p>Tabela 1 – ODS</p><p>Fonte: Adaptado de Heinrich e Martens (2016)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15</p><p>ANOTE ISSO</p><p>O desenvolvimento sustentável é considerado uma abordagem multissetorial para</p><p>alcançar os ODS envolvendo preocupações locais, regionais, nacionais e globais,</p><p>bem como integrar eficiência econômica, equidade social e resiliência ambiental.</p><p>Os riscos de sustentabilidade levaram a uma compreensão clara da natureza</p><p>complexa e dinamicamente interconectada da economia, meio ambiente e sociedade e</p><p>levantaram discussões sobre questões-chave do desenvolvimento sustentável refletindo</p><p>responsabilidades compartilhadas em “pessoas, lucro e planeta”. O desenvolvimento</p><p>sustentável é visto como um processo de mudança em que a exploração de recursos,</p><p>a direção do investimento, a orientação técnica e a mudança institucional são</p><p>consistentes com as necessidades futuras e presentes. Nas últimas quatro décadas,</p><p>o desenvolvimento sustentável foi reconhecido como um grande desafio social, gerando</p><p>uma infinidade de promessas, compromissos, os ODMs e os 17 objetivos globais de</p><p>sustentabilidade.</p><p>1.4. Filosofia, ética, responsabilidade social e questões do desenvolvimento</p><p>sustentável</p><p>O conceito de sustentabilidade não pode ser facilmente expresso em termos</p><p>operacionais, mas deve ser entendido intuitivamente. Essa “ambiguidade construtiva”</p><p>deu uma infinidade de definições e explicações de desenvolvimento sustentável adotadas</p><p>por um conjunto diversificado de partes interessadas que buscam um caminho a seguir</p><p>para melhorar o bem-estar e a qualidade da vida humana enquanto vivem dentro da</p><p>capacidade de suporte dos ecossistemas (DAVIDS, 2016).</p><p>O foco comum embutido em todas essas explicações é normativo. Apesar de</p><p>ter diferentes definições e significados, o desenvolvimento sustentável significa</p><p>desenvolvimento de qualidade que visa promover a harmonia entre os seres humanos</p><p>e entre a humanidade e a natureza. Envolve um processo contínuo de prolongar o uso</p><p>produtivo de recursos naturais limitados e elevar o bem-estar e as condições de vida</p><p>para os presentes e seus sucessores.</p><p>A sustentabilidade abre uma ampla gama de estratégias de desenvolvimento</p><p>com foco no que deve ser desenvolvido, o que deve ser sustentado, por quanto</p><p>tempo e para benefício de quem. Assim, compreendendo três conceitos básicos,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16</p><p>necessidades, desenvolvimento e geração futura, é fundamental para a compreensão</p><p>do desenvolvimento sustentável.</p><p>As necessidades estão muito ligadas à alocação e distribuição de recursos. A</p><p>sustentabilidade visa satisfazer as necessidades básicas de todos e estender a todos a</p><p>oportunidade de satisfazer as aspirações de uma vida melhor, o que implica redistribuir</p><p>recursos para tornar as necessidades básicas acessíveis aos pobres e é inevitavelmente</p><p>uma questão moral (DAVIS, 2016). O desenvolvimento é uma expressão qualitativa de</p><p>melhoria e progresso de um sistema econômico mantendo uma harmonia equilibrada</p><p>de eficiência econômica, equidade social e prudência ambiental.</p><p>A condição de não afetar as gerações futuras, incluída na definição de sustentabilidade,</p><p>reflete que a equidade intrageracional é uma condição necessária para direcionar</p><p>o caminho para o desenvolvimento sustentável. Ele enfatizou a responsabilidade</p><p>compartilhada de expandir a prosperidade econômica intrageracional com a conservação</p><p>dos recursos ambientais necessários para atender às necessidades intergeracionais</p><p>(HEINRICH E MARTENS, 2016). A filosofia que sustenta o desenvolvimento sustentável,</p><p>para cuidar das gerações futuras, reflete a obrigação moral de preservar o sistema de</p><p>suporte à vida na Terra e entregá-lo em boas condições às gerações futuras.</p><p>O desenvolvimento deve ser promovido de forma compatível com a conservação dos</p><p>recursos naturais, a preservação da capacidade regenerativa do ecossistema global, a</p><p>obtenção de maior igualdade social e a minimização da imposição de riscos ou custos</p><p>adicionais às gerações futuras. A igualdade é aplicada como direitos de diferentes</p><p>gerações. Todos esses aspectos qualitativos do desenvolvimento são inevitavelmente</p><p>baseados em um conjunto de valores, normas e regras do sistema social.</p><p>Esses valores inevitavelmente guiarão e direcionarão o processo de mudança no</p><p>estilo de vida e nas atividades econômicas que otimizam a probabilidade de que as</p><p>condições de vida apoiem continuamente a segurança, o bem-estar e preservem o</p><p>sistema de suporte à vida da Terra.</p><p>O desenvolvimento sustentável é o movimento da humanidade em direção à formação</p><p>da esfera da mente (noosfera), onde o progresso espiritual-moral da humanidade</p><p>vivendo em harmonia com o meio ambiente indicará bem-estar e riqueza nacional e</p><p>individual. O principal pressuposto no contexto da noosfera reside no desenvolvimento</p><p>harmonioso caracterizado por uma harmonização da relação entre o homem e a</p><p>natureza. Alcançar o objetivo de harmonizar as relações sociais requer soluções para</p><p>três problemas interligados.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17</p><p>Em primeiro lugar, está relacionado com o consumo excessivo de recursos e a</p><p>eliminação da pobreza, o que está implícito na lei de justiça social. O segundo objetivo</p><p>é reduzir o consumo material e estimular a criatividade espiritual, que transmite a</p><p>ideologia da sublimação das necessidades. O terceiro objetivo é aumentar o poder</p><p>efetivo, que está implícito na ideologia de aumentar a eficiência no uso de recursos,</p><p>tanto físicos quanto intelectuais, e crescimento econômico sustentado da sociedade</p><p>tanto no presente quanto no futuro (HEINRICH E MARTENS, 2016).</p><p>A harmonização das relações entre o homem e a natureza é baseada em princípios</p><p>de ética ambiental onde o valor e objetivo supremo é preservar a vida da Terra mantendo</p><p>a integridade, diversidade</p><p>participação inclusiva dos cidadãos no</p><p>caminho da transição e promover a inovação. Essa abordagem é relevante para a</p><p>formulação e governança de decisões políticas na gestão de recursos ambientais,</p><p>como água, energia e gestão de resíduos. De uma perspectiva de transição, o</p><p>processo de transformação precisa operar em diferentes níveis funcionais – nicho,</p><p>regime e paisagem. Experimentos locais são difundidos para nichos e depois para</p><p>diferentes regimes. O objetivo principal é facilitar a inovação e, posteriormente, a</p><p>mudança e lidar com a incerteza e as complexidades institucionais. Aprendizagem</p><p>e experimentação são considerações centrais, mas são necessárias tentativas para</p><p>criar uma rede bem conectada entre os diferentes níveis funcionais da sociedade</p><p>(nichos, regime e paisagem). A transparência deve ser mantida para organizar e</p><p>monitorar esses experimentos (PHILIPPI JR., 2013).</p><p>O pagamento por serviço ambiental (PSA) é outra abordagem para governar o</p><p>desenvolvimento sustentável por meio de um esquema de pagamento voluntário,</p><p>conforme proposto por economistas e formuladores de políticas nos anos 2000. O</p><p>conceito foi introduzido como uma solução baseada no mercado para problemas</p><p>ambientais. Com base na teoria econômica, o PSA é orientado para remodelar as</p><p>estruturas econômicas e desenvolver um sistema de valor econômico para a gestão</p><p>dos recursos naturais. Ele permite a redução das externalidades ambientais negativas</p><p>e do impacto indesejado da trajetória atual no sistema de suporte à vida da Terra.</p><p>Tornar o sistema biofísico e a conservação da paisagem economicamente viável</p><p>por meio de esquemas de pagamento, visa abordar o alívio da pobreza e questões</p><p>de patrimônio. Funciona como um mecanismo para aumentar a distribuição justa</p><p>de recursos financeiros e proteger os recursos ambientais da exploração rápida. O</p><p>esquema de PSA deve ser bem projetado, de modo que possa incluir setores vulneráveis</p><p>e financeiramente desfavorecidos da sociedade. Os programas PSA enfocam aspectos</p><p>de escala espacial e escala temporal para corrigir os danos em escala local. Deve</p><p>ser expandido em sistemas de governança de múltiplas escalas (espacial, temporal,</p><p>institucional e biofísico), incluindo aspectos inter-escalares (JARDIM e BURSZTYN,</p><p>2015).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 119</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) de Extrema – MG, conhecido como</p><p>Projeto Conservador de Águas, tem como objetivo principal promover a conservação</p><p>dos recursos hídricos da região. Seu principal mecanismo é o pagamento direto aos</p><p>proprietários rurais que se comprometem a conservar e preservar áreas de proteção</p><p>ambiental, contribuindo assim para a manutenção dos serviços ecossistêmicos</p><p>relacionados à água. O foco é a conservação e recuperação das áreas que atuam</p><p>como recarregadoras dos aquíferos e nascentes, contribuindo para a disponibilidade</p><p>de água para abastecimento humano, agrícola e industrial.</p><p>Os proprietários rurais que aderem ao projeto recebem um pagamento anual por</p><p>cada hectare de área preservada, baseado na quantidade e qualidade de água que é</p><p>conservada. Essa remuneração pode ser uma compensação financeira importante</p><p>para os agricultores e proprietários de terras, incentivando-os a adotar práticas de</p><p>conservação e gestão sustentável do solo e da água.</p><p>Fonte: Jardim e Bursztyn (2015)</p><p>8.3 Desenvolvimento socioeconômico equitativo rumo ao crescimento sustentável</p><p>A declaração de princípios da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e</p><p>Desenvolvimento reconhece os direitos e responsabilidades das nações conforme</p><p>elas buscam o desenvolvimento humano e o bem-estar. Como forma de alcançar</p><p>a sustentabilidade no âmbito socioeconômico e ambiental, a Agenda 21 abre a</p><p>oportunidade social para pensar que o atual modelo de crescimento intensivo</p><p>em recursos falhou em fornecer bem-estar humano crescente e equidade social</p><p>(PHILIPPI JR. e PELICIONI, 2014). A Agenda 21 evolui como um novo paradigma</p><p>para explorar estratégias concretas para tornar o desenvolvimento econômico, social</p><p>e ambientalmente sustentável. A urgência é que o crescimento sustentável inclusivo</p><p>continue aumentando as atividades econômicas, sem diminuir o bem-estar humano</p><p>e as tensões ecológicas, tanto no curto quanto no longo prazo.</p><p>Sem dúvida, o desenvolvimento socioeconômico equitativo é um componente central</p><p>do crescimento econômico sustentável. O objetivo é mudar o caminho para um regime</p><p>mais equitativo de maior produção e consumo para alcançar o resultado desejado dos</p><p>ODS. Desafia o atual paradigma econômico, abordando apenas o aumento de escala</p><p>da produção e do consumo, sem considerar seu impacto no sistema de suporte de</p><p>vida da Terra. Não há dúvida na proposição paradigmática de que o atual crescimento</p><p>econômico não é sustentável e deve ser redirecionado. Passar da eficiência para</p><p>a suficiência, da maximização do lucro para a maximização do bem-estar, precisa</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 120</p><p>promover o crescimento inclusivo. O objetivo é alcançar a equidade intergeracional</p><p>e intrageracional para reduzir as complexidades sociais e aumentar a coerência e a</p><p>colaboração social, o que estimula o compromisso e o engajamento da comunidade</p><p>para a promoção de práticas sustentáveis na sociedade. O crescimento sustentável</p><p>inclusivo pode ser alcançado quando o aumento dos resultados econômicos é permeável</p><p>a todos os setores da sociedade. O desenvolvimento socioeconômico equitativo é um</p><p>componente muito importante do crescimento econômico sustentável (PHILIPPI JR.</p><p>e PELICIONI, 2014).</p><p>Na década de 1970, o crescimento econômico preocupava-se com uma reserva</p><p>limitada de recursos esgotáveis. Introduzindo os recursos esgotáveis na função de</p><p>produção Cobb-Douglas, a teoria do crescimento busca explorar a relação entre o</p><p>esgotamento dos recursos naturais e o crescimento econômico de longo prazo.</p><p>Na busca pela boa distribuição de recursos esgotáveis, a inovação tecnológica</p><p>surge como opção viável de gestão de recursos por meio do aumento da eficiência</p><p>no uso dos recursos. Na década de 1980, a teoria do crescimento inclui uma nova</p><p>dimensão dos recursos humanos como um componente importante para sustentar o</p><p>crescimento. A ideia foi refletida nos conceitos emergentes de estouro de conhecimento,</p><p>externalidade do capital, aprender fazendo, e a introdução de um novo produto (PHILIPPI</p><p>JR. e PELICIONI, 2014).</p><p>Na década de 1990, percebe-se que os problemas ambientais precisam ser</p><p>compreendidos a partir da dimensão normativa. Progresso tecnológico e o capital</p><p>humano não podem impedir os danos ambientais a menos que mudemos nossa</p><p>intenção normativa. Esta abordagem normativa da atividade humana foi enquadrada</p><p>em uma dimensão quádrupla agrupada em duas partes: explicativa-diagnóstica e</p><p>antecipatória-utópica (PHILIPPI JR. e PELICIONI, 2014).</p><p>O componente explicativo interpreta o fenômeno e o elemento diagnóstico ajuda a</p><p>explicar e avaliar a partir de uma linha divisória entre bom ou ruim e melhor ou pior. O</p><p>elemento antecipatório lida com dois aspectos. Primeiro, o que as tendências atuais</p><p>indicam para o futuro e para onde estamos nos movendo? Em segundo lugar, quais</p><p>são as diferentes alternativas disponíveis? Quais são os fatores necessários para</p><p>buscar essas alternativas? (PHILIPPI JR. e PELICIONI, 2014).</p><p>O elemento utópico diz respeito à intenção normativa por trás da ação. A ideia</p><p>de crescimento sustentável surge como resposta à visão normativa da atividade</p><p>econômica para o bem da humanidade ou, em geral, para um mundo melhor. Além</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 121</p><p>da sustentabilidade ambiental, o crescimento sustentável preocupa-se mais com a</p><p>sustentabilidade social.</p><p>O crescimento verde foi endossado pelos economistas</p><p>ambientais ecomodernistas</p><p>e neoclássicos para reduzir a degradação ambiental. Presume-se que a falha do</p><p>mercado seja a causa da degradação ambiental contínua. Eles são de opinião que o</p><p>mercado seria direcionado para a sustentabilidade ambiental se os custos externos da</p><p>degradação ambiental fossem internalizados nos preços (PHILIPPI JR. e PELICIONI,</p><p>2014). Os defensores do crescimento verde argumentam que a preservação ambiental</p><p>e o crescimento econômico são objetivos compatíveis, uma espécie de situação em</p><p>que todos saem ganhando. A dissociação tem sido sugerida como a principal solução</p><p>para evitar a degradação ambiental, mantendo o crescimento atual. A dissociação</p><p>depende da inovação tecnológica, que pode elevar a produtividade de cada unidade</p><p>de recurso utilizada para manter o crescimento econômico necessário. O crescimento</p><p>verde não afeta o padrão de consumo, mantendo o uso de recursos estabilizado em</p><p>um nível sustentável.</p><p>A sustentabilidade é fundamentalmente uma questão ética; tanto o crescimento</p><p>verde quanto o decrescimento estão centrados no objetivo da preservação ambiental.</p><p>O crescimento verde baseia-se no pressuposto de que o crescimento econômico e a</p><p>preservação ambiental são compatíveis com os objetivos normativos. A degradação</p><p>ambiental é vista como uma crise do sistema atual, que pode ser reduzida pelo progresso</p><p>tecnológico. O crescimento verde visa explorar formas de buscar o crescimento</p><p>econômico contínuo ao lado da preservação ambiental. O crescimento econômico é</p><p>o ideal primordial do crescimento verde, e a preservação ambiental está subjugada</p><p>a esse ideal.</p><p>O decrescimento eleva a preservação ambiental, juntamente com o aumento do</p><p>bem-estar e da equidade social, a um ideal normativo, que afirma ser sustentável no</p><p>sentido de ser ambiental e socialmente benéfico. O decrescimento torna-se sustentável</p><p>se a redução equitativa do consumo e da produção melhorar o bem-estar humano e as</p><p>condições ecológicas tanto a nível local como global. A transformação do decrescimento</p><p>torna-se insustentável se a redução das atividades econômicas promover a deterioração</p><p>das condições sociais em relação às oportunidades de emprego, pobreza, fome e</p><p>conflito social (PHILIPPI JR. e PELICIONI, 2014).</p><p>O crescimento econômico ou decrescimento mede o PIB em termos quantitativos.</p><p>As dimensões qualitativas não são valorizadas neste PIB, conforme medido no atual</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 122</p><p>paradigma econômico. O crescimento sustentável capta esta dimensão qualitativa,</p><p>onde o aumento ou queda do PIB é de importância secundária. A importância primordial</p><p>é a busca da melhoria socioambiental para que a melhoria da sociedade se sustente</p><p>no longo prazo. Ele dá mais foco no valor não crematístico dos serviços, em vez do</p><p>valor de mercado mediado na medição atual do PIB. O crescimento sustentável vai</p><p>além da preservação ambiental e da separação de material esgotável e uso de energia</p><p>do crescimento. Envolve inovações tecnológicas para alinhar o paradigma econômico</p><p>com o desenvolvimento socioeconômico equitativo e o bem-estar da sociedade como</p><p>um todo (PHILIPPI JR. e PELICIONI, 2014).</p><p>8.4 Educação para Desenvolvimento Sustentável</p><p>Em meio a enormes desafios de mudanças geopolíticas e degradação ambiental,</p><p>a sociedade exige cidadãos competentes e de qualidade, com uma nova forma de</p><p>pensar, hábitos, mentalidade e elevados valores morais que reflitam as necessidades</p><p>nacionais e globais para auxiliar na transição para um mundo mais sustentável. A</p><p>responsabilidade dos indivíduos no impacto social e ambiental das suas atividades é</p><p>cada vez mais vista como uma condição muito importante para o desenvolvimento de</p><p>um comportamento sustentável. Conhecer os desafios planetários não pode apenas</p><p>fazer mudanças voluntárias de comportamento em direção a formas de vida mais</p><p>sustentáveis.</p><p>A educação desempenha um papel fundamental na facilitação desse processo</p><p>de mudança, melhorando a mentalidade, não apenas dos indivíduos, mas também</p><p>coletivamente da humanidade. É amplamente reconhecido que a educação pode fornecer</p><p>uma base muito forte para o desenvolvimento de uma mentalidade de sustentabilidade</p><p>dentro de um indivíduo associada a seus três componentes de cognição, afeto e</p><p>comportamento. Embora a educação seja um processo que dura toda a vida, ela</p><p>começa em casa e depois continua na escola, nas faculdades e nos institutos de</p><p>ensino superior e fecha seu círculo.</p><p>O sistema educacional deve ser multifacetado e multidisciplinar defendendo</p><p>princípios de sustentabilidade e imperativos morais onde são lançadas as bases de</p><p>comportamentos sustentáveis: valores, ideais e pensamento crítico. A educação torna</p><p>as pessoas conscientes do mundo dinâmico e desenvolve uma perspectiva de melhorar</p><p>a qualidade de vida sem danificar o sistema de suporte de vida da Terra. (PHILIPPI</p><p>JR. e PELICIONI, 2014).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 123</p><p>Título: Modelo de desenvolvimento de mentalidade de sustentabilidade.</p><p>Fonte: Adaptado de Heinrichs e Martens (2016)</p><p>O papel crítico da educação de qualidade para desenvolvimento sustentável</p><p>foi reconhecido pela primeira vez na Conferência das Nações Unidas sobre Meio</p><p>Ambiente Humano em 1972. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente</p><p>e Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992 enfatizou a necessidade de uma</p><p>transformação social por meio do “estabelecimento de parcerias globais equitativas</p><p>inovadoras através do novo nível de cooperação entre Estados, setores-chave da</p><p>sociedade e população em geral”. A educação é vista como um dos fatores decisivos</p><p>das mudanças necessárias para um futuro melhor, seguro e sustentável (HEINRICHS</p><p>e MARTENS, 2016). A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável realizada</p><p>em Joanesburgo reiterou a importância estratégica da educação para alcançar o</p><p>desenvolvimento sustentável. Dando grande estima a esta noção de educação para</p><p>o desenvolvimento sustentável, as Nações Unidas declararam o período de 2005-14</p><p>como a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável que estabeleceu um</p><p>mandato internacional para incorporar princípios, valores e práticas de sustentabilidade,</p><p>em todos os aspectos dos processos educativos (HEINRICHS e MARTENS, 2016). Este</p><p>mandato exige a integração da sustentabilidade na educação e na pesquisa. O objetivo</p><p>básico é desenvolver uma visão de mundo sistêmica e criar novos conhecimentos</p><p>para imbuir altos valores morais, nutrir a perspectiva ecológica nas gerações mais</p><p>jovens necessárias para uma sociedade sustentável (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 124</p><p>A educação é vista como uma ferramenta importante para desenvolver conhecimentos</p><p>e atitudes para melhorar a qualidade de vida, não somente de um indivíduo, mas também</p><p>da humanidade. Em novembro de 2014, após amplas consultas com uma ampla gama</p><p>de partes interessadas de 149 países, a UNESCO lançou o Programa de Ação Global</p><p>pós-Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável na Conferência Mundial</p><p>sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável em Aichi-Nagoya (HEINRICHS e</p><p>MARTENS, 2016). O GAP identifica cinco áreas de ação prioritárias, incluindo renovação</p><p>de políticas, abordagens de instituições inteiras, valores e capacidades do educador,</p><p>capacitação de jovens e desenvolvimento comunitário para respeitar os limites dos</p><p>recursos de nosso planeta enquanto melhora nosso bem-estar coletivo. O programa</p><p>busca gerar e ampliar a educação para o desenvolvimento sustentável e acelerar</p><p>o progresso em direção aos ODS. Em resposta às necessidades da sociedade, um</p><p>conjunto de cartas foi declarado para fornecer diretrizes e estrutura para promover a</p><p>educação para o desenvolvimento sustentável (BACICH, 2018).</p><p>Ano Eventos</p><p>1972</p><p>Declaração</p><p>de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio</p><p>Ambiente Humano, Suécia</p><p>1975 A Carta de Belgrado, Conferência de Belgrado sobre Educação Ambiental, Iugoslávia</p><p>1987 “Nosso Futuro Comum”, O Relatório Brundtland</p><p>1990 Declaração de Talloires, Conferência de Presidentes, França</p><p>1990 Conselho Nacional de Ciência e Meio Ambiente (originalmente o Comitê do Instituto Nacional do Meio Ambiente)</p><p>1992 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Conferência do Rio, Brasil</p><p>1993 Declaração de Quioto, Nona Mesa Redonda da Associação Internacional de Universidades, Japão</p><p>1996</p><p>O Programa de Trabalho Internacional sobre Educação, Conscientização Pública e Treinamento para</p><p>Sustentabilidade adotado pela Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU</p><p>2000 Fórum Mundial de Educação (Educação para Todos), Dacar, Senegal</p><p>2000 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio</p><p>2000 A Carta da Terra</p><p>2000 Parceria Global de Educação Superior para a Sustentabilidade (GHESP)</p><p>2009 Declaração de Abuja sobre Desenvolvimento Sustentável na África: O papel do ensino superior em SD, Nigéria</p><p>2012 Iniciativa de Sustentabilidade do Ensino Superior Rio+20, Brasil</p><p>2014 Conferência Mundial sobre educação para o desenvolvimento sustentável</p><p>2014 UNESCO, Programa de Ação Global</p><p>Tabela 1 – Eventos internacionais para promover o desenvolvimento sustentável.</p><p>Fonte: Adaptado de Heinrichs e Martens (2016)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 125</p><p>A educação sempre foi percebida como uma ferramenta para a melhoria da qualidade</p><p>de vida, tanto a nível individual como social. A apreensão ambiental dissemina a</p><p>crença generalizada entre os alunos de que a proteção ambiental é imperativa em seu</p><p>comportamento individualista e os convence a adotar uma atividade ambientalmente</p><p>responsável. É amplamente aceito que a conquista de uma sociedade sustentável</p><p>depende de mentalidade sustentável e práticas de estilo de vida que podem ser</p><p>promovidas por atitudes, valores, crenças e normas.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>É amplamente aceito que a conquista de uma sociedade sustentável depende de</p><p>mentalidade sustentável e práticas de estilo de vida que podem ser promovidas</p><p>por atitudes, valores, crenças e normas. A teoria da ação racional sugere que o</p><p>comportamento sustentável é amplamente influenciado por atitudes e normas</p><p>subjetivas mediadas pela intenção comportamental. Os motivos para um</p><p>comportamento sustentável desenvolvem-se a partir da orientação de valor que</p><p>compreende a orientação egoísta, a orientação altruísta e a orientação biosférica,</p><p>tendo uma influência muito forte na intenção de agir.</p><p>8.5 Governança sustentável: uma perspectiva teórica e política</p><p>O desenvolvimento sustentável está intimamente ligado à governança. O papel</p><p>tradicional da governança é defender o estado de direito para garantir a segurança e a</p><p>estabilidade. Com os crescentes desafios e complexidades da sociedade, a governança</p><p>tem sido definida e utilizada de diversas formas em diferentes contextos. A conotação</p><p>de governança agora se expandiu para cobrir uma grande variedade de instrumentos</p><p>projetados para influenciar a mudança social em uma direção predeterminada. A</p><p>governança sustentável tem evoluído como um novo paradigma para atender a essa</p><p>demanda da sociedade.</p><p>As diferenças prevalecem em relação à formulação teórica, prescrições de políticas e</p><p>conceituações do próprio assunto, mas há um consenso universal sobre a necessidade</p><p>urgente de promover a governança como um elemento para alterar e canalizar o</p><p>comportamento dos atores individuais e coletivos para a promoção do desenvolvimento</p><p>sustentável. O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas define governança</p><p>como o exercício da autoridade econômica, política e administrativa para administrar</p><p>os assuntos de um país em todos os níveis (DAVIS, 2016). Compreende mecanismos,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 126</p><p>processos e instituições por meio dos quais cidadãos e grupos articulam seus interesses,</p><p>exercem seus direitos legais, cumprem suas obrigações e mediam suas diferenças.</p><p>As características essenciais da boa governança são participação, capacidade</p><p>de resposta, equidade, eficiência, orientação consensual e responsabilidade. A visão</p><p>estratégica visa formular uma estrutura de política sustentável bem coordenada para</p><p>integrar o planejamento de desenvolvimento sustentável local e regional ao planejamento</p><p>de política sustentável nacional.</p><p>Independentemente da abordagem e interpretação da boa governança, reconhece-</p><p>se que o desenvolvimento sustentável precisa promover uma boa governança no</p><p>fortalecimento de instituições, processos e mecanismos para que a sociedade possa</p><p>aumentar a participação pública na definição de metas e na formulação de políticas</p><p>em educação para desenvolvimento sustentável.</p><p>A democracia que permite a voz e as opiniões das pessoas pode resolver pacificamente</p><p>os interesses conflitantes e diversos desafios complexos de opinião manifestados</p><p>na sociedade. A boa governança é baseada em princípios de equidade, soberania,</p><p>democracia e eficiência na gestão de recursos para bens públicos como educação,</p><p>saúde e serviços sociais, o que tem um impacto muito sério para alcançar os ODS,</p><p>particularmente para avançar em direção à pobreza zero e fome zero (DAVIS, 2016).</p><p>A responsabilidade e a legitimidade são fundamentais para a governança democrática</p><p>e também para influenciar a eficácia institucional. A alocação e o acesso consistem</p><p>em questões relacionadas a mecanismos para abordar questões sobre quem obtém o</p><p>quê, quando, onde e como, o que envolve fundamentalmente questões morais e éticas.</p><p>A Comissão para o Desenvolvimento Sustentável considera a governança sustentável</p><p>como uma ferramenta para a tomada de decisões informadas que fornece uma</p><p>estrutura para o pensamento sistemático em todos os setores e territórios, ajudando</p><p>a institucionalizar processos de consulta, negociação, mediação e construção de</p><p>consenso sobre questões sociais prioritárias onde os interesses divergem (DAVIS,</p><p>2016). Segundo seu entendimento, a estratégia de desenvolvimento sustentável é um</p><p>processo coordenado, participativo e iterativo de pensamentos e ações para alcançar</p><p>objetivos econômicos, ambientais e sociais de forma equilibrada e integrada nos níveis</p><p>nacional e local. A governança sustentável precisa de ações para promover um sistema</p><p>adaptativo que tenha flexibilidade suficiente para monitorar as realizações e acomodar</p><p>mudanças nas políticas para melhoria contínua.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 127</p><p>Por meio do mecanismo estratégico, a governança sustentável contribui para o</p><p>desenvolvimento de um compromisso comum de longo prazo e de visões estratégicas,</p><p>para objetivos e ações para a coerência política por meio da coordenação vertical e</p><p>horizontal, para a promoção de processos abertos e transparentes envolvendo atores</p><p>multiníveis e para ajudar para que as pessoas entendam o significado de desenvolvimento</p><p>sustentável e suas implicações, para que possam mudar seu comportamento para</p><p>um comportamento mais sustentável.</p><p>Os esforços para melhorar a integração de políticas em diferentes níveis de governo</p><p>(internacional, nacional, regional e local), juntamente com a melhoria da coerência</p><p>vertical e horizontal em diferentes setores são institucionalizados por esta abordagem</p><p>estratégica de governança sustentável. O processo de avaliação contínua, feedback</p><p>e refinamento justifica a eficácia da boa governança. As outras duas características</p><p>principais são a transparência e o empoderamento democrático, que levam a aumentar</p><p>o envolvimento ativo da comunidade no processo de tomada de decisão.</p><p>A governança internacional do desenvolvimento sustentável evoluiu como tema</p><p>central na Conferência</p><p>Rio+20 (2012). Os problemas de sustentabilidade não se</p><p>limitam ao nível local. A biosfera global é um sistema único. Cada atividade no nível</p><p>local afeta o todo. A abordagem de cima para baixo da governança sustentável</p><p>internacional, com três elementos básicos: uma coleção bem coordenada de uma</p><p>organização intergovernamental, um quadro sólido de direito ambiental e mecanismo</p><p>de financiamento internacional, acarreta efeitos positivos, como a aceitação universal</p><p>do desenvolvimento sustentável como um problema sério, mecanismos diversificados</p><p>com soluções direcionadas, oportunidade para promover a inovação, forte apoio à</p><p>participação da sociedade civil e rejeição de uma abordagem de tamanho adequado</p><p>para todos. Conforme afirmado em estudos recentes do PNUMA (2008), o sistema</p><p>gera desafios significativos em termos de potencial de implementação e capacidade</p><p>administrativa devido à má coordenação e falta de comunicação entre as organizações</p><p>de formulação de políticas com interesses conflitantes. Uma maneira importante de</p><p>obter sustentabilidade é promover a governança local e incluir ativamente uma ampla</p><p>gama de partes interessadas em diferentes setores na execução de planos de ação</p><p>sustentáveis no local (DAVIS, 2016).</p><p>A governança sustentável é um novo modelo definitivo de governança participativa que</p><p>visa aprimorar uma rede colaborativa para coordenar políticas e práticas sustentáveis</p><p>em diferentes níveis funcionais e políticos do mundo. O princípio fundamental é</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 128</p><p>desenvolver um modelo misto de gestão de baixo para cima e de cima para baixo para</p><p>combinar políticas, indicadores, questões de consumo e produção, design inteligente</p><p>e ferramentas eficazes para direcionar a governança de forma eficaz.</p><p>A sustentabilidade é uma grande questão no século atual. Os desafios futuros</p><p>para a transição para uma sociedade sustentável equitativa precisam de pensamento</p><p>regenerativo e design inteligente para roteiros de políticas eficazes, alinhando múltiplos</p><p>atores e reunindo inovações tecnológicas. A promoção do pensamento do ciclo de vida</p><p>por meio da educação, cultura e governança sustentável é essencial nesse contexto.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 129</p><p>CAPÍTULO 9</p><p>IMPORTÂNCIA E O PAPEL</p><p>DAS PARTES INTERESSADAS</p><p>Este capítulo define as partes interessadas e sua contribuição para a criação de</p><p>valor e estende a discussão para as áreas relevantes da gestão empresarial. Todas</p><p>as organizações dependem do apoio de uma ampla gama de outras organizações e</p><p>indivíduos para atingir seus objetivos; o mais óbvio são os clientes, mas há outros</p><p>que desempenham um papel muito importante. Esses colaboradores são comumente</p><p>referidos como partes interessadas por razões que ficarão claras.</p><p>9.1. Identificando as Partes Interessadas</p><p>O conceito de partes interessadas é complicado por diferentes significados e usos</p><p>dependentes do contexto e da associação. No uso tradicional, uma parte interessada</p><p>é um terceiro que retém dinheiro ou propriedade temporariamente enquanto a questão</p><p>da propriedade está sendo resolvida entre duas outras partes, por exemplo, uma aposta</p><p>em uma corrida, litígio sobre a propriedade.</p><p>Título: Identificando as partes interessadas</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/preto-e-branco-p-b-desafio-obstaculo-262488/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 130</p><p>No uso comercial, existem diferentes entendimentos do conceito de partes</p><p>interessadas, contemplando uma série de características, que incluem (ALIGLERI,</p><p>ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009):</p><p>• Noção de que uma ‘aposta’ equivale a um ‘interesse’ implica que qualquer pessoa</p><p>com interesse em um resultado é uma parte interessada, independentemente</p><p>do motivo, como um concorrente, jornalista ou político.</p><p>• Noção de que uma pessoa que afeta um resultado é uma parte interessada,</p><p>independentemente do motivo, implicando que terroristas e outros com intenções</p><p>malévolas são partes interessadas.</p><p>• Noção de que uma pessoa que influencia um resultado é uma parte interessada,</p><p>independentemente do motivo, implicando que aqueles que abusam de seu</p><p>poder para exercer influência indevida são partes interessadas.</p><p>• Noção de que uma pessoa afetada por um resultado é uma parte interessada,</p><p>independentemente de sua contribuição, implicando que qualquer pessoa na</p><p>comunidade local ou global afetada pelas ações de uma organização, como</p><p>ruído, poluição ou fechamento de negócios, é uma parte interessada.</p><p>• Noção de contribuintes para a capacidade de criação de riqueza de uma</p><p>organização sendo beneficiários e tomadores de risco, implicando que aqueles</p><p>que colocam algo em uma organização, sejam recursos ou um compromisso,</p><p>são partes interessadas.</p><p>Portanto, é difícil, senão impraticável, em alguns casos, que as organizações</p><p>se proponham a satisfazer as necessidades e expectativas de todas essas partes</p><p>interessadas. Tem que haver alguma racionalização.</p><p>As partes interessadas em uma corporação são os indivíduos e grupos que</p><p>contribuem, voluntária ou involuntariamente, para sua capacidade e atividades de</p><p>criação de riqueza e que são, portanto, seus potenciais beneficiários e/ou portadores</p><p>de risco.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 131</p><p>Título: Indivíduos e Organização</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-de-pessoas-perto-de-uma-mesa-de-madeira-3184418/</p><p>Isso está de acordo com a visão tradicional de que os negócios existem para gerar</p><p>lucro para os investidores e também reconhece que há mais de um beneficiário. No</p><p>entanto, na visão de Patz e Montes (2018), o propósito de um negócio é criar clientes</p><p>e isso também é verdade, pois o negócio não existiria sem clientes. O fato de haver</p><p>mais de um beneficiário mostra que as organizações não podem cumprir sua missão</p><p>sem o apoio de outras organizações e indivíduos que geralmente desejam algo em</p><p>troca de seu apoio.</p><p>Ao fazer uma contribuição, esses beneficiários têm interesse no desempenho da</p><p>organização. Se a organização tiver um bom desempenho, eles obtêm um bom valor</p><p>e, se tiver um desempenho ruim, eles obtêm um valor ruim, ponto em que podem</p><p>retirar sua participação.</p><p>Patz e Montes (2018) assumem que as organizações não destroem intencionalmente</p><p>riquezas, aumentam riscos ou causam danos. No entanto, se as organizações não</p><p>tivessem conhecimento dos riscos, suas ações poderiam ser consideradas não</p><p>intencionais, mas algumas decisões são tomadas sabendo que existem riscos que são</p><p>então ignorados no interesse da conveniência. Enron, WorldCom e Tyco são exemplos</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-de-pessoas-perto-de-uma-mesa-de-madeira-3184418/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 132</p><p>recentes onde fraudes graves foram detectadas e levaram a processos judiciais nos</p><p>EUA (PATZ E MONTES, 2018). Existem muitas outras organizações muito menores</p><p>enganando seus stakeholders, algumas das quais chegam diariamente à imprensa</p><p>local ou nacional ou são investigadas pela Associação de Consumidores, Normas</p><p>Comerciais e outras agências independentes.</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Na elaboração da ISO 9000:2000, o termo stakeholder foi considerado por ser um</p><p>termo utilizado com o Modelo de Excelência e os princípios nos quais o Modelo</p><p>se baseava estavam sendo incorporados à ISO 9001 na época. No entanto, o</p><p>significado tradicional do termo parte interessada ainda se aplica em alguns países,</p><p>por isso decidiu-se usar o termo parte interessada e defini-lo como: uma pessoa ou</p><p>grupo que tem interesse no desempenho ou sucesso de uma organização.</p><p>Mostramos que há problemas com essa definição, pois ela não limita essas partes</p><p>àqueles que fazem uma</p><p>contribuição ou apoiam a organização, embora a lista de</p><p>exemplos anexada à definição tente fazer isso.</p><p>Fonte: ABNT (2008)</p><p>9.2. Reconciliando as Diferentes Partes</p><p>Se decidirmos que as partes interessadas são as partes que contribuem para</p><p>a capacidade de geração de riqueza de uma organização e dela se beneficiam,</p><p>não podemos descartar todas as outras partes interessadas porque elas não se</p><p>qualificam como parte interessada como definimos acima. Sua influência precisa</p><p>ser gerenciada. Por exemplo:</p><p>• É importante obter o apoio da mídia, pois a má imprensa pode destruir reputações;</p><p>• É importante manter os colegas de trabalho ao seu lado, pois a cooperação</p><p>deles pode ser essencial para o seu sucesso;</p><p>• É importante não alienar outros gerentes, pois eles podem limitar a disponibilidade</p><p>de recursos de que você precisa;</p><p>• É importante construir relacionamento com Associações Comerciais, Sindicatos</p><p>e outras organizações das quais você pode precisar de ajuda.</p><p>Seguindo o que foi dito acima, as organizações dependem do apoio de uma ampla</p><p>gama de outras organizações e indivíduos. Alguns são apenas termos diferentes para</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 133</p><p>a mesma coisa. Estes podem ser colocados em cinco categorias, como segue (NORO,</p><p>2016):</p><p>1. Investidores, incluindo acionistas, proprietários, parceiros, diretores ou bancos</p><p>e qualquer pessoa que tenha participação financeira no negócio.</p><p>2. Clientes, incluindo compradores, consumidores e usuários finais. A ISO 9000:2005</p><p>também inclui beneficiários, mas este termo pode ser aplicado a qualquer</p><p>parte interessada. Compradores também incluem atacadistas, distribuidores</p><p>e varejistas</p><p>3. Funcionários, incluindo funcionários temporários e permanentes e gerentes. Alguns</p><p>textos consideram a administração como um grupo separado de partes</p><p>interessadas, mas todos os gerentes são funcionários, a menos que sejam</p><p>proprietários que também gerenciam a organização.</p><p>4. Fornecedores, incluindo fabricantes, prestadores de serviços, consultores e mão</p><p>de obra contratada.</p><p>5. Sociedade, incluindo pessoas da comunidade local, a comunidade global e as</p><p>várias organizações criadas para governar, policiar e regular a população e suas</p><p>inter-relações.</p><p>Título: Reconciliação e Acordos</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-e-mulher-perto-da-mesa-3184465/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 134</p><p>Esses rótulos não pretendem ser mutuamente exclusivos. Uma pessoa pode</p><p>desempenhar o papel de cliente, fornecedor, acionista, funcionário e membro da</p><p>sociedade ao mesmo tempo.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Um exemplo que pode ser dado para ilustrar o conteúdo ministrado no parágrafo</p><p>anterior é uma pessoa em um bar. No bar ele pode ser empregado ou fornecedor</p><p>se contratar uma agência de empregos, mas na folga pode ser cliente e, desde</p><p>que adquiriu ações da cervejaria, passou a ser acionista. Ele também mora</p><p>na comunidade local e, portanto, se beneficia do impacto social que tem na</p><p>comunidade. Ele é um contribuinte; ele afeta os resultados e é afetado por esses</p><p>resultados. Embora as partes interessadas tenham a liberdade de exercer sua</p><p>influência na organização, muitas vezes há pouco que um indivíduo possa fazer,</p><p>seja ou não um investidor, cliente, funcionário, fornecedor ou simplesmente um</p><p>cidadão. O indivíduo pode, portanto, não ser capaz de exercer seu poder, mas</p><p>pode pressionar seus representantes parlamentares, grupos de consumidores,</p><p>associações comerciais, etc. e fazer pressão coletivamente para mudar o</p><p>desempenho da organização.</p><p>O principal sentido atual da palavra cliente é uma pessoa que compra bens ou</p><p>serviços de um fornecedor. Invertendo isso, pode-se dizer que um cliente é alguém</p><p>que recebe bens ou serviços de um fornecedor e, portanto, pode não ser a pessoa</p><p>que fez a compra. Deve haver intenção por parte do fornecedor de vender os bens e</p><p>serviços e intenção por parte do destinatário de comprar os bens e serviços (um ladrão</p><p>não seria classificado como cliente). Esta relação cliente-fornecedor é válida mesmo</p><p>se os bens ou serviços forem oferecidos gratuitamente, mas em geral o destinatário</p><p>é cobrado ou oferece algo em troca dos bens ou serviços prestados. Existe uma</p><p>transação entre o cliente e o fornecedor que tem validade legal.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 135</p><p>Título: Premissas de Cliente</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/cliente-fregues-contrato-lidar-7641842/</p><p>A palavra ‘cliente’ pode ser considerada um termo genérico para a pessoa que</p><p>compra bens ou serviços de um fornecedor, pois outros termos são usados para</p><p>transmitir um significado semelhante, como:</p><p>• Cliente: O cliente de um provedor de serviços profissionais, como um escritório</p><p>de advocacia, contador, escritório de consultoria ou arquiteto.</p><p>• Comprador: O cliente de um fornecedor que faz o pedido e autoriza o pagamento</p><p>da fatura. O comprador pode não ser o usuário final e, portanto, age em seu nome.</p><p>• Beneficiário: O cliente de uma instituição de caridade.</p><p>• Consumidor: O cliente de um varejista.</p><p>• Usuário final: A pessoa que usa os bens ou serviços que foram adquiridos por</p><p>outra pessoa. Esta pode ser a pessoa a quem os produtos e serviços foram</p><p>destinados, mas pode não ser conhecida no momento da compra.</p><p>É relativamente fácil distinguir clientes e fornecedores em situações normais de</p><p>negociação, mas existem outras situações em que a transação é menos distinta. Em</p><p>um hospital, os pacientes são clientes, mas também os parentes e amigos do paciente,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 136</p><p>que podem buscar informações ou visitá-lo no hospital. Em uma escola, o pai é o</p><p>cliente, mas também o aluno, a menos que se considere que o aluno é uma propriedade</p><p>fornecida pelo cliente.</p><p>9.3 A Importância das Partes Interessadas</p><p>Cada stakeholder traz algo diferente para uma organização em busca de seus</p><p>próprios interesses, assume riscos ao fazê-lo e recebe certos benefícios em troca, mas</p><p>também é livre para retirar o apoio quando as condições não forem mais favoráveis.</p><p>Os investidores fornecem suporte financeiro em troca de aumentar o valor de seu</p><p>investimento, mas podem retirar seu suporte se o retorno financeiro real ou projetado</p><p>não for mais lucrativo. Ações são vendidas, empréstimos são cobrados, o financiamento</p><p>do governo é interrompido.</p><p>Os clientes fornecem receita em troca dos benefícios que a propriedade do produto</p><p>ou serviço traz, mas podem exigir reembolso se o produto não satisfizer a necessidade</p><p>e são livres para retirar seu patrocínio permanentemente se estiverem insatisfeitos</p><p>com o serviço.</p><p>Os funcionários fornecem trabalho em troca de bons salários e condições, boa</p><p>liderança e segurança no emprego, mas são livres para retirar seu trabalho se tiverem</p><p>uma reclamação legítima ou podem procurar emprego em outro lugar se as perspectivas</p><p>forem mais favoráveis.</p><p>Os fornecedores fornecem produtos e serviços em troca de pagamento em dia, mas</p><p>podem se recusar a fornecer ou interromper o fornecimento se os termos e condições</p><p>de venda não forem cumpridos ou acreditarem que estão sendo maltratados.</p><p>A sociedade fornece uma licença para operar em troca de emprego e outros</p><p>benefícios econômicos para a comunidade que trazem, como apoio a projetos locais. No</p><p>entanto, a sociedade pode censurar as atividades da organização por meio de grupos</p><p>de protesto e pressão. Em última análise, a sociedade, por meio de seus agentes,</p><p>promulga legislação se as atividades da organização forem consideradas prejudiciais</p><p>à comunidade, como atos injustos, antiéticos, irresponsáveis e ilegais por parte das</p><p>organizações. A organização não tem escolha a não ser se mudar para outro país</p><p>onde as leis são menos onerosas.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE</p><p>SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 137</p><p>Título: importâncias das partes interessadas</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-que-trabalham-no-escritorio-3727509/</p><p>Não há dúvida de que as necessidades do cliente são fundamentais, pois sem</p><p>receita a organização não consegue beneficiar as outras partes interessadas.</p><p>A riqueza organizacional pode ser criada (ou destruída) por meio de relacionamentos</p><p>com stakeholders de todos os tipos – provedores de recursos, clientes e fornecedores,</p><p>atores sociais e políticos. Portanto, o gerenciamento eficaz das partes interessadas –</p><p>ou seja, gerenciar relacionamentos com as partes interessadas para benefício mútuo</p><p>– é um requisito crítico para o sucesso corporativo.</p><p>Segue-se, portanto, que as empresas devem tentar entender melhor quais são</p><p>as necessidades de seus stakeholders e, então, lidar com essas necessidades com</p><p>antecedência, em vez de aprender sobre elas mais tarde. As organizações precisam</p><p>atrair, capturar e reter o apoio dessas organizações e indivíduos dos quais dependem</p><p>para seu sucesso. Todos são importantes, mas alguns são mais importantes do que</p><p>outros.</p><p>Os investidores colocaram o capital para fazer o negócio decolar.  Isso torna os</p><p>bancos e os capitalistas de risco de primordial importância durante o início ou a</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 138</p><p>regeneração do negócio, mas, uma vez operacionais, são os clientes que mantêm o</p><p>negócio funcionando.</p><p>Sem clientes não há receita e sem receita não há negócio. Os clientes são, portanto,</p><p>a parte interessada mais importante após o início, mas, antes dos clientes, existem:</p><p>Funcionários que fornecem os recursos humanos que alimentam os motores de marketing</p><p>e produção. Sem recursos humanos, é improvável que o negócio funcione, mesmo que haja</p><p>investidores e clientes em potencial esperando para comprar os resultados da organização.</p><p>Em seguida, em importância, estão os fornecedores de produtos e serviços dos</p><p>quais a organização depende para produzir seus resultados. Sem fornecedores, os</p><p>motores de marketing e produção ficarão sem combustível.</p><p>Finalmente, em importância está a sociedade. A sociedade fornece os funcionários</p><p>e a infraestrutura na qual a organização opera.</p><p>Dentro de qualquer organização, é importante que todos saibam quem são os</p><p>clientes para que possam agir de acordo. Quando os indivíduos ficam cara a cara com</p><p>os clientes, a falta de conscientização, atenção ou respeito pode levar esses clientes a</p><p>fazer negócios em outro lugar. Onde os indivíduos estão mais distantes dos clientes,</p><p>o conhecimento dos clientes na cadeia de suprimentos aumentará a consciência do</p><p>impacto que eles têm sobre os clientes pelo que fazem.</p><p>Título: Gestão organizacional</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/contabilidade-patrao-chefe-documentos-7654185/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 139</p><p>As organizações não podem sobreviver sem clientes. Os clientes são uma das partes</p><p>interessadas, mas, ao contrário de outras partes interessadas, eles trazem receita,</p><p>que é o sangue vital de todos os negócios. Consequentemente, as necessidades e</p><p>expectativas dos clientes fornecem a base para os objetivos de uma organização,</p><p>enquanto as necessidades e expectativas de outras partes interessadas restringem</p><p>a forma como esses objetivos são alcançados. Conclui-se, portanto, que as demais</p><p>partes interessadas (investidores, funcionários, fornecedores e sociedade) não devem</p><p>ser consideradas como clientes, pois isso geraria conflitos.</p><p>No entanto, uma organização ignora qualquer uma dessas partes interessadas por</p><p>sua conta em risco, o que sugere que deve haver um ato de equilíbrio, mas falaremos</p><p>mais sobre isso mais tarde.</p><p>9.4 Requisitos das Partes Interessadas</p><p>As organizações são criadas para atingir uma meta, missão ou objetivo, mas só</p><p>o farão se satisfizerem os requisitos dos seus stakeholders. Seus clientes, como um</p><p>dos stakeholders, ficarão satisfeitos apenas se fornecerem produtos e serviços que</p><p>atendam às suas necessidades e expectativas, ou seja, seus requisitos. Eles</p><p>manterão seus clientes se continuarem a encantá-los com um serviço superior</p><p>e converter desejos em necessidades. Mas também devem satisfazer seus clientes</p><p>sem prejudicar os interesses dos demais stakeholders, o que significa dar aos</p><p>investidores, funcionários, fornecedores e à sociedade o que eles desejam em troca</p><p>de sua contribuição para a organização.</p><p>Título: Requisitos</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/pap%c3%a9is-projetos-documentos-4862061/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 140</p><p>Muitos desses requisitos devem ser descobertos pela organização, pois nem</p><p>todos serão declarados em contratos, ordens, regulamentos e estatutos. Além disso,</p><p>a organização tem a obrigação de determinar a intenção por trás desses requisitos</p><p>para que possam fornecer produtos e serviços adequados ao propósito.</p><p>Isso cria uma linguagem de demandas que é expressa usando uma variedade de</p><p>termos, cada um significando algo diferente, mas coletivamente podemos nos referir</p><p>a eles como preferências.</p><p>9.4.1 Necessidades</p><p>As necessidades são essenciais para a vida, para manter certos padrões, ou</p><p>essenciais para produtos e serviços, para cumprir a finalidade para a qual foram</p><p>adquiridos. Por exemplo, um carro precisa de um volante e o volante precisa suportar</p><p>as cargas impostas a ele, mas não precisa ser revestido de couro e costurado à mão</p><p>para cumprir sua função.</p><p>As necessidades de todos serão diferentes e, portanto, em vez de cada produto</p><p>e serviço ser diferente e proibitivamente caro, temos que aceitar compromissos e</p><p>viver com produtos e serviços que, de certa forma, excederão o que precisamos e, de</p><p>outras maneiras, não atenderão exatamente às nossas necessidades. Para superar a</p><p>diversidade de necessidades, os clientes definem requisitos, muitas vezes selecionando</p><p>produtos existentes porque parecem satisfazer a necessidade, mas podem não ter</p><p>sido projetados especificamente para isso.</p><p>9.4.2 Expectativas</p><p>Expectativas são necessidades ou requisitos implícitos. Eles não foram solicitados</p><p>porque os tomamos como certos – consideramos que devem ser entendidos em nossa</p><p>sociedade particular como a norma aceita. Podem ser coisas com as quais estamos</p><p>acostumados, baseadas em moda, estilo, tendências ou experiências anteriores.</p><p>Portanto, espera-se que a equipe de vendas seja educada e cortês, que os produtos</p><p>eletrônicos sejam seguros e confiáveis, que os policiais sejam honestos, que o café</p><p>e a sopa sejam quentes etc. Como as expectativas também nascem da experiência,</p><p>depois de um mau serviço frequente de um operador de trem, nossas expectativas</p><p>são de que, na próxima vez que usarmos esse operador de trem, novamente ficaremos</p><p>desapontados. Ficaríamos, portanto, muito satisfeitos se, por meio de alguma iniciativa</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 141</p><p>de qualidade bem focada, a operadora do trem superasse nossas expectativas em</p><p>nossa próxima viagem.</p><p>9.4.3 Requisitos</p><p>Os requisitos são necessidades, expectativas e desejos declarados, mas, muitas</p><p>vezes não percebemos totalmente o que precisamos até depois de declararmos nosso</p><p>requisito. Por exemplo, agora que temos um telefone celular, descobrimos que realmente</p><p>precisamos de uma operação viva-voz ao usar o telefone enquanto dirigimos um</p><p>veículo. Outro exemplo mais caro é com projetos de software onde os clientes continuam</p><p>mudando os requisitos depois que a arquitetura foi estabelecida. Nossas exigências</p><p>no momento da venda podem ou não expressar todas as nossas necessidades. Os</p><p>requisitos também podem ir além das necessidades e incluir características que são</p><p>boas de se ter, mas não essenciais.</p><p>Eles também podem abranger regras e regulamentos</p><p>que existem para proteger a sociedade, prevenir danos, fraudes e outras situações</p><p>indesejáveis.</p><p>Requisitos são muitas vezes uma expressão imprecisa de necessidades, desejos e</p><p>expectativas. Alguns clientes acreditam que precisam definir todas as características,</p><p>caso contrário, existe a chance de o produto ou serviço ser insatisfatório. Por esta</p><p>razão, os parâmetros podem receber tolerâncias arbitrárias simplesmente para fornecer</p><p>uma base para aceitação/rejeição. Não se segue que um produto que não cumpra o</p><p>requisito não esteja apto para uso. Ele simplesmente fornece uma base para o cliente</p><p>usar julgamento sobre as falhas. A dificuldade surge quando o produtor não tem ideia</p><p>das condições em que o produto será utilizado. Por exemplo, um produtor de uma</p><p>fonte de alimentação pode não ter conhecimento de todas as situações em que ela</p><p>pode ser usada. Pode ser usado em uso doméstico, comercial, militar ou até mesmo</p><p>no equipamento de uma nave espacial.</p><p>9.4.3 Exigências e Restrições</p><p>Os requisitos tornam-se exigências no momento em que são impostos a uma</p><p>organização por meio de contrato, ordem, regulamento ou estatuto. Até então, eles</p><p>simplesmente não se aplicam. Olhando de fora para dentro, todas as demandas</p><p>impostas à organização são requisitos, mas, olhando de dentro para fora, esses</p><p>requisitos aparecem como duas categorias: uma que aborda o objetivo do produto ou</p><p>serviço requerido que podemos chamar de requisitos do produto e outra que aborda</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 142</p><p>as condições que impactam a forma como o produto ou serviço requerido é produzido</p><p>e fornecido, o que podemos chamar de restrições. Embora os requisitos do cliente</p><p>possam ser traduzidos em requisitos e restrições do produto, os outros requisitos das</p><p>partes interessadas são apenas traduzidos em restrições, pois, se os requisitos do</p><p>cliente fossem removidos, não haveria atividade na qual aplicar a restrição. Em outras</p><p>palavras, requisitos e restrições não são mutuamente exclusivos. Se não tivermos</p><p>nenhuma plataforma de petróleo, os regulamentos de segurança que regem o pessoal</p><p>que trabalha em plataformas de petróleo não podem se aplicar a nós.</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>Pode-se argumentar que, em teoria, o cliente sempre tem razão, portanto, mesmo</p><p>que o cliente faça uma demanda que não possa ser satisfeita sem comprometer os</p><p>valores corporativos, a organização não tem outra opção a não ser atender a essa</p><p>demanda.</p><p>Na realidade, as organizações podem optar por não aceitar exigências que</p><p>comprometam os seus valores ou os constrangimentos de outras partes</p><p>interessadas, no que diz respeito ao ambiente, saúde, segurança e segurança</p><p>nacional.</p><p>Saiba mais acessando este link: https://exame.com/colunistas/relacionamento-</p><p>antes-do-marketing/afinal-o-cliente-tem-ou-nao-tem-sempre-razao/</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>O produto ou serviço pode atender aos requisitos sem satisfazer as restrições. No</p><p>entanto, ao não satisfazer as restrições, as partes interessadas podem censurar a</p><p>organização e impedi-la de continuar a produção. Por exemplo, se a produção do</p><p>produto causar poluição ilegal, a autoridade reguladora ambiental sancionará ou fechará</p><p>a instalação de produção. Se a organização trata seus funcionários de forma injusta</p><p>e contra códigos de práticas reconhecidos ou legislação trabalhista, reguladores e</p><p>funcionários podem processar a organização e, assim, prejudicar sua reputação. Em</p><p>outras palavras, os Requisitos do Produto definem o verdadeiro foco da organização</p><p>e as restrições definem os parâmetros que podem modificar o foco e influenciar o</p><p>desenho do processo da organização.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 143</p><p>Título: Requisitos e restrições</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/personagens-do-jogo-isolamento-3649936/</p><p>Pode-se dizer que o cumprimento dos requisitos do produto é o único objetivo verdadeiro</p><p>porque todas as outras demandas geram restrições na forma como o objetivo deve</p><p>ser atendido. Se o objetivo era fornecer café liofilizado para supermercados, gerar um</p><p>lucro líquido de 15% usando matérias-primas obtidas apenas sob acordos de Comércio</p><p>Justo processadas sem o uso de produtos químicos que destroem a camada de</p><p>ozônio são restrições e não objetivos. Na prática, no entanto, as organizações tendem</p><p>a definir objetivos com base em requisitos e restrições, o que muitas vezes leva à</p><p>confusão das relações entre requisitos e restrições e, consequentemente, ao foco no</p><p>verdadeiro objetivo sendo perdido ou esquecido.</p><p>9.5 Equilibrar as necessidades das partes interessadas</p><p>Há uma visão de que as necessidades das partes interessadas devem ser equilibradas</p><p>porque é praticamente impossível satisfazer todas elas, o tempo todo. Os gerentes</p><p>acham que devem equilibrar objetivos conflitantes quando, na realidade, não é um</p><p>ato de equilíbrio.</p><p>No valor nominal, o equilíbrio entre objetivos concorrentes pode parecer uma solução,</p><p>mas o equilíbrio implica que há algum dar e receber, ganhar/perder, um compromisso,</p><p>um trade off ou redução nas metas para que todas as necessidades possam ser</p><p>atendidas. As organizações não reduzem a satisfação do cliente para aumentar a</p><p>segurança, a proteção ambiental ou o lucro. A organização tem de satisfazer seus</p><p>clientes, caso contrário deixaria de existir, mas precisa fazê-lo de uma forma que</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 144</p><p>satisfaça também todas as outras partes interessadas – daí o clichê ‘cliente em primeiro</p><p>lugar’. Se a organização não puder satisfazer as outras partes interessadas fornecendo</p><p>X, ela deve negociar com o cliente e chegar a um acordo pelo qual a especificação de</p><p>X seja modificada para permitir que todas as partes interessadas sejam satisfeitas.</p><p>Na prática, a atração de uma venda muitas vezes supera qualquer impacto negativo</p><p>sobre outras partes interessadas no curto prazo, com os gerentes convencidos de</p><p>que as vendas futuras irão corrigir o equilíbrio. Lamentavelmente, essa abordagem</p><p>descontrolada acaba levando à inquietação e à desestabilização dos processos de</p><p>negócios, pois, funcionários, fornecedores e, eventualmente, clientes, retiram suas</p><p>participações. Na pior das hipóteses, resulta na desestabilização da economia mundial,</p><p>como demonstrou a crise de crédito de 2008. Os riscos devem ser gerenciados de</p><p>forma eficaz para que essa abordagem seja bem-sucedida.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 145</p><p>CAPÍTULO 10</p><p>NORMATIZAÇÃO E AS</p><p>DIRETRIZES ISO 2600 PARA</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>Este capítulo aborda a implementação de um sistema de gestão da ética na</p><p>organização com a aplicação da Norma ISO 26000:2010 – Diretrizes de Responsabilidade</p><p>Social (RS). Esta Norma sistematiza o processo de gestão da ética e compatibiliza-o</p><p>com o sistema de gestão da qualidade e demais sistemas de gestão existentes na</p><p>organização. Aqui descreve-se as características desta Norma, bem como os elementos</p><p>que a compõem e a forma como são colocados em prática. Com a aplicação da Norma</p><p>ISO 26000:2010, o passo decisivo para um sistema de gestão ética na organização</p><p>pode ser a certificação.</p><p>10.1 Introdução</p><p>Conforme mencionado em capítulos anteriores, a responsabilidade social (RS) tem</p><p>como objetivo contribuir para o desenvolvimento sustentável das organizações da</p><p>esfera privada e pública. Em ambos os casos, os benefícios da inclusão de práticas de</p><p>RS em sua gestão estão fundamentalmente centrados na capacidade de conhecer e</p><p>interagir melhor com o meio, e manejá-lo com ética, longe do que tradicionalmente se</p><p>convencionou chamar de filantropia; o que implica afastar-se de uma gestão pontual de</p><p>cariz solidário para aderir a uma gestão integral do comportamento ético transversal</p><p>a toda a organização.</p><p>Da mesma forma, novos conceitos vinculados aos métodos de gestão dentro</p><p>das organizações baseados na gestão da qualidade como impacto, transparência,</p><p>responsabilidade, risco e partes interessadas, têm relação direta com a ética, em geral,</p><p>e com a RS em particular. A RS envolve a adoção de uma abordagem integrada para</p><p>a gestão ética das atividades e impactos de uma organização e, independentemente</p><p>do tipo e da dimensão, os conteúdos éticos podem ser incorporados nos processos</p><p>e procedimentos da gestão interna para o relacionamento com as diferentes partes</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 146</p><p>interessadas, com os membros da organização e com a sociedade. Este é o significado</p><p>da Norma ISO 26000:2010, sua compatibilidade com as Normas ISO em geral e</p><p>particularmente com as de gestão da qualidade.</p><p>De forma geral, podemos dizer que uma organização ao abordar sua RS deve levar em</p><p>consideração três tipos de relacionamento: entre a organização e a sociedade, entre a</p><p>organização e as partes interessadas e entre as partes interessadas e a sociedade. Levar</p><p>em conta essas três relações supõe enfrentar conflitos de natureza ética que, de fato,</p><p>sempre ocorrem entre eles. Por exemplo, em um serviço de informação, os fornecedores</p><p>como parte interessada podem entrar em conflito com a organização quanto à exigência</p><p>de proteção autoral de seus produtos ou serviços, e estes, ao mesmo tempo, podem</p><p>entrar em conflito com a sociedade ao considerar que suas condições violam o acesso</p><p>à informação. Para a organização isso supõe um conflito ético já que, por um lado, deve</p><p>proteger os direitos autorais e, por outro lado, deve assegurar o acesso à informação.</p><p>Este conflito ético deve ser gerido para além da aplicação da lei, tendo em conta os</p><p>códigos deontológicos da profissão e os valores da organização e da comunidade, tomando</p><p>uma decisão que deve levar a conseguir com os fornecedores algumas condições mais</p><p>justas sobre o uso de um produto ou serviço, protegendo os direitos autorais, levando em</p><p>consideração as necessidades de sua comunidade e o dever ético de fornecer acesso à</p><p>informação como um imperativo para a sociedade de hoje.</p><p>Muitos são os exemplos que poderíamos dar sobre conflitos éticos nas organizações</p><p>dedicadas à gestão da informação em geral. Por esta razão, é aconselhável a adoção</p><p>deste padrão internacional que considera a maioria das possibilidades que podem</p><p>ocorrer dentro de nossos contextos organizacionais.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Existem duas questões fundamentais que esta Norma ISO 26000:2010 aponta</p><p>desde o início: primeiro, não é uma norma de gestão, não é certificável, pois</p><p>atuaria contra a própria intenção da norma; e segundo, vai além da lei, mesmo</p><p>que um de seus princípios fundamentais seja segui-la. Trata-se de contribuir para</p><p>o desenvolvimento sustentável integrando na organização um comportamento</p><p>socialmente responsável de acordo com alguns princípios que toda organização</p><p>deve respeitar e alguns assuntos e questões que, uma vez selecionados e</p><p>priorizados pela organização, se tornarão planos de ação. A organização deve</p><p>reconhecer a RS dentro de sua esfera de influência, identificar e envolver as partes</p><p>interessadas, transformar as práticas em estratégias e ações.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 147</p><p>A Norma insiste que estas são recomendações ou diretrizes, não obrigações. Estas</p><p>estão expressas em um documento elaborado por 450 especialistas dos setores público</p><p>e privado com o envolvimento equilibrado de países desenvolvidos e em desenvolvimento</p><p>no mais complexo processo de padronização de toda a história da ISO (ABNT, 2010). Foi</p><p>adotada por consenso, e é flexível de acordo com a evolução da própria sociedade, o que</p><p>não impede o desenvolvimento de outras regulamentações nacionais e locais ou, como</p><p>vem acontecendo em alguns países, sua inclusão no arcabouço legal.</p><p>A Norma está estruturada em sete capítulos e dois anexos. O Capítulo 1 define o objetivo</p><p>e o escopo. O capítulo 2 é dedicado às definições e palavras-chave, para a compreensão</p><p>da RS e a aplicação da norma. No Capítulo 3 são descritos os fatores que contribuíram</p><p>para o desenvolvimento da RS desde a sua origem, bem como a sua definição e forma de</p><p>aplicá-la a todos os tipos de organizações. O capítulo 4 é dedicado aos princípios da RS.</p><p>O capítulo 5 aborda duas práticas de RS: (1) o reconhecimento por parte da organização</p><p>e a identificação das partes interessadas e (2) as relações estabelecidas neste contexto</p><p>entre a organização, os stakeholders e a sociedade. O Capítulo 6 define e descreve os</p><p>principais assuntos relacionados à RS e as questões associadas a cada assunto. O Capítulo</p><p>7 fornece orientação sobre como integrar a RS em uma organização. Contém, ainda, dois</p><p>anexos: o primeiro constituído por uma lista de iniciativas e instrumentos voluntários para a</p><p>integração da RS numa organização; e a segunda, de abreviaturas utilizadas na Norma. Uma</p><p>bibliografia final completa as citações que aparecem na norma como fontes de referência.</p><p>Título: Modelo resumido da ISO 26000</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 148</p><p>10.2 Princípios da Responsabilidade Social</p><p>Toda ação empreendida por uma organização sobre RS deve cumprir sete princípios</p><p>inter-relacionados que fundamentam seu comportamento na atualidade. Estes princípios</p><p>assentam em duas grandes orientações: a identificação dos stakeholders e uma</p><p>regulação comportamental. A identificação dos stakeholders implica, ainda, em conhecer</p><p>suas expectativas e necessidades, estabelecer comunicação com cada um deles e está</p><p>relacionada aos princípios 1, 2 e 4. A regulação comportamental refere-se àquelas diretrizes</p><p>de natureza legal e ética que são consideradas a nível internacional, nacional, regional ou</p><p>local e o equilíbrio entre eles; e está relacionada com os princípios 3, 5, 6 e 7 (ABNT, 2010).</p><p>10.2.1 Princípio 1: Responsabilidade</p><p>Uma organização assume o dever moral de ser responsável pelos seus impactos na</p><p>sociedade, na economia e no ambiente e deve aceitar ser submetida a escrutínio e responder</p><p>a ele. Este princípio inclui a aceitação da responsabilidade quando erros são cometidos e a</p><p>resposta às ações tomadas para prevenir a repetição de impactos negativos involuntários</p><p>e imprevistos.</p><p>10.2.2 Princípio 2: Transparência</p><p>A aplicação do princípio da transparência implica revelar de forma clara e precisa suas</p><p>políticas, decisões, atividades e fornecê-las de forma que todos os interessados possam</p><p>ter acesso à informação, exceto aquela protegida por direitos autorais, informação</p><p>privilegiada ou para cumprimento de exigências legais, comerciais, segurança e obrigações</p><p>de privacidade das pessoas. Da mesma forma, supõe estabelecer canais de comunicação</p><p>com as partes interessadas e entre os diferentes níveis da organização. O diálogo com as</p><p>partes interessadas é responsabilidade dos primeiros níveis da organização. A transparência</p><p>refere-se aos seguintes pontos: finalidade, natureza e localização de suas atividades; a</p><p>forma de implementação das decisões; seu desempenho ao assumir a RS; os impactos na</p><p>sociedade, economia e meio ambiente; a identidade das partes envolvidas e o procedimento</p><p>para identificá-las.</p><p>10.2.3 Princípio 3: Comportamento Ético</p><p>Manter um comportamento ético significa identificar alguns valores éticos e princípios</p><p>de atuação, desenvolvendo as estruturas de governo que ajudem a promovê-lo dentro</p><p>da organização e nas suas relações com as partes interessadas, adotando normas</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 149</p><p>éticas, códigos deontológicos e os procedimentos para o seu cumprimento; estabelecer</p><p>mecanismos de resolução e monitoramento de conflitos</p><p>que permitam a atuação com</p><p>liberdade; e adotar comportamentos quando não existe um marco legal ou quando as leis</p><p>são conflitantes.</p><p>10.2.4 Princípio 4: Respeito pelos Interesses das Partes Interessadas</p><p>Além de identificar as partes interessadas, uma organização deve saber quais são os</p><p>direitos de cada uma das partes, os diferentes pontos de vista que têm sobre as ações</p><p>e decisões da organização e os conflitos que podem surgir ao tomar uma decisão como</p><p>consequência do relacionamento entre a sociedade, as partes interessadas e a organização.</p><p>10.2.5 Princípio 5: Respeito pelo Estado de Direito</p><p>A organização deve conhecer e cumprir a lei. Para o efeito, devem ser empreendidas</p><p>diligências de conhecimento da norma legal, devendo ser informados todos os interessados</p><p>sobre a obrigação do seu cumprimento e a implementação de medidas para o seu</p><p>cumprimento. Quando as leis nacionais, regionais ou locais conflitem com as internacionais,</p><p>estas últimas devem ser respeitadas na medida do possível. As leis devem ser coletadas</p><p>e atualizadas continuamente.</p><p>10.2.6 Princípio 6: Respeito pelas Normas Internacionais de Conduta</p><p>Em situações não previstas na lei, em países onde a lei colide com as normas internacionais</p><p>de conduta, na situação de cumplicidade com outra organização que não cumpre as normas</p><p>internacionais de conduta, é cúmplice em suas ações.</p><p>10.2.7 Princípio 7: Respeito pelos Direitos Humanos</p><p>Os direitos humanos e sua universalidade para todos os países, culturas e situações</p><p>devem ser reconhecidos, respeitados e promovidos. Quando não são respeitados, alguma</p><p>ação deve ser tomada para o seu cumprimento e para evitar o aproveitamento da situação.</p><p>Nas situações em que a lei não prevê proteção aos direitos humanos, deve-se observar o</p><p>princípio do respeito às normas internacionais de conduta. Uma organização que busca</p><p>o reconhecimento de sua RS deve considerar a lei e os compromissos nos códigos de</p><p>conduta, as diretrizes e obrigações derivadas da pertença a associações. Os princípios</p><p>mencionados neste Regulamento ISO não são tratados de forma tão explícita nas normas</p><p>de gestão da qualidade, supondo um complemento a estas normas.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 150</p><p>10.3 Temas Centrais de Responsabilidade Social</p><p>O Capítulo 6 da Norma ISO 26000:2010, denominado “Guidance on SR Core Subjects”</p><p>(ABNT, 2010) aborda sete tópicos fundamentais a serem trabalhados para integrar a gestão</p><p>de RS em uma organização e estes, por sua vez, incluem uma série de questões relevantes e</p><p>significativas para cada assunto que resultará em ações específicas de RS. A Norma defende</p><p>uma abordagem holística e isso significa que os princípios, os assuntos e as questões estão</p><p>interligados, e é assim que a organização deve se comportar: analisando em uma perspectiva</p><p>global qual é o centro das atenções de acordo com seu contexto, missão, objetivos e plano</p><p>estratégico. Como exercício prático de reconhecimento do comportamento ético no tipo de</p><p>organização a que se refere este capítulo, estabeleceu-se uma relação entre os assuntos</p><p>centrais e as questões que constam da Norma e os valores e obrigações éticas presentes</p><p>nos códigos deontológicos da profissão; e uma série de ações prioritárias foi enunciada.</p><p>Desta forma, pode-se perceber como os conteúdos dos códigos deontológicos da</p><p>profissão estão presentes na Norma e como esta, por sua vez, pode contribuir para a</p><p>redação do código deontológico de uma organização.</p><p>10.3.1 Tema 1 - Governança Organizacional</p><p>Este assunto é fundamental e central. A liderança é definitiva para a tomada de decisões,</p><p>incorporando a RS à cultura da organização e incentivando os colaboradores para que se</p><p>comportem com eficiência. O tema chama-se Processos e estruturas decisórias. Todas as</p><p>organizações devem encontrar a sua própria forma de implementar sistemas, estruturas,</p><p>processos e mecanismos de aplicação dos princípios e práticas da RS. A governança, ainda,</p><p>deve ser construída sob a ótica da Norma, da cultura da organização, das circunstâncias</p><p>da sociedade e dos grupos-alvo dos produtos e serviços para evitar estresse em seus</p><p>relacionamentos. Outro ponto interessante considerado pela Norma é a importância dos</p><p>processos e procedimentos, pois sustentam a governança e permitem detectar o impacto</p><p>na coleta de informações das partes interessadas.</p><p>As Ações relacionadas a este assunto podem ser: desenvolver estratégias, objetivos</p><p>e metas que reflitam o compromisso com a RS; utilizar eficientemente os recursos</p><p>financeiros, humanos e naturais; equilibrar as necessidades da organização e das partes</p><p>interessadas; estabelecer os processos de comunicação da organização; estabelecer os</p><p>níveis de autoridade, responsabilidade e capacidade das pessoas que tomam decisões em</p><p>nome da organização; ter em conta as minorias na promoção de oportunidades; prestar</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 151</p><p>contas; rever os processos de governação e ajustá-los às mudanças e comunicá-los a</p><p>toda a organização.</p><p>10.3.2 Tema 2 – Direitos Humanos</p><p>De acordo com o Princípio 7 da Norma, a organização deve respeitar os Direitos Humanos</p><p>e suas atividades e deve se adequar às normas internacionais de comportamento (Princípio</p><p>6). A Norma considera oito questões relacionadas a este assunto:</p><p>1. Due diligence;</p><p>2. Situações de risco aos direitos humanos;</p><p>3. Prevenção de cumplicidade;</p><p>4. Resolução de reclamações;</p><p>5. Discriminação e grupos vulneráveis;</p><p>6. Civis e direitos políticos;</p><p>7. Direitos econômicos, sociais e culturais; e</p><p>8. Princípios e direitos fundamentais no trabalho.</p><p>A devida diligência pode ser definida como um processo pelo qual a norma e a posição</p><p>de outras organizações ao longo de todo processo são levadas em consideração e são</p><p>aplicados meios para gerar confiança, resolução de conflitos, visibilidade e transparência</p><p>(ABNT, 2010). Para tanto, são estabelecidas políticas e alocados recursos para a integração</p><p>dos direitos humanos na gestão da organização.</p><p>As questões 1, 2, 3 e 4 estão relacionadas com este conceito e baseiam as ações no</p><p>estabelecimento destas políticas e meios, detectando as infrações, não sendo cúmplice</p><p>em consequência da atividade de outras organizações ou das partes interessadas, criando</p><p>processos operacionais e procedimentos ou tendo em conta todos os grupos vulneráveis</p><p>e minorias nas atividades da organização.</p><p>As questões 1 e 4 dizem respeito diretamente à primeira e segunda geração dos direitos</p><p>humanos: civis e políticos, econômicos, sociais e culturais. Nesse sentido, as ações</p><p>interessantes estão relacionadas à liberdade de expressão, combate à censura, direitos</p><p>de propriedade (física e intelectual), educação e igualdade de oportunidades.</p><p>Uma organização não deve fornecer produtos ou serviços a uma entidade que comete</p><p>abusos dos direitos humanos; deve fazer manifestações públicas de denúncia e evitar</p><p>relações com entidades envolvidas em atividades antissociais. Da mesma forma, não deve</p><p>discriminar com base em raça, sexo, afiliação, religião, estado civil ou saúde, e deve prestar</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 152</p><p>atenção especial a grupos vulneráveis (mulheres, crianças, idosos, migrantes, analfabetos,</p><p>minorias, grupos religiosos e pessoas com deficiência intelectual).</p><p>10.3.3 Tema 3 – Práticas Trabalhistas</p><p>Refere-se a todas as políticas e práticas relacionadas com o trabalho realizado dentro</p><p>e fora da organização. Existe muita legislação sobre o assunto, mas é justamente nesse</p><p>ponto que a organização deve dar um passo adiante. As questões consideradas são: (1)</p><p>Emprego e relacionamentos; (2) Condições de trabalho e proteção social; (3) Diálogo social;</p><p>(4) Saúde e segurança no trabalho e (5) Desenvolvimento humano e formação no local</p><p>de trabalho.</p><p>A nível prático supõe</p><p>a realização de ações sobre as condições de trabalho, a proteção</p><p>da saúde dos trabalhadores, o desenvolvimento e formação humana, a liberdade de</p><p>associação e a criação de mecanismos de comunicação entre os diversos intervenientes</p><p>na organização. Duas ideias fundamentais desde o nível ético são (ASHLEY, 2003): respeitar</p><p>o pleno direito dos trabalhadores de não sofrer represálias ou danos de qualquer tipo</p><p>e tornar os representantes dos diferentes grupos participantes na tomada de decisões,</p><p>especialmente quando afetam os funcionários.</p><p>10.3.4 Tema 4 – Meio Ambiente</p><p>Este assunto aborda o impacto que as organizações têm em relação ao meio ambiente sob</p><p>alguns princípios decorrentes da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento</p><p>(HEINRICHS e MARTENS, 2016): responsabilidade ambiental, gestão de riscos ambientais</p><p>e aceitação das consequências dos fatos. As questões incluídas neste assunto são: (1)</p><p>Prevenção da poluição, (2) Uso sustentável de recursos; (3) Mitigação e adaptação às</p><p>mudanças climáticas e (4) Proteção do meio ambiente, biodiversidade e restauração de</p><p>habitats naturais.</p><p>Sobre o problema 1, as ações consideradas estão relacionadas à identificação de fontes</p><p>de poluição e resíduos, medidas de prevenção, envolvendo as comunidades locais ou</p><p>treinamento em questões ambientais. Os nossos ambientes de trabalho devem familiarizar-</p><p>se com a utilização de recursos sustentáveis, tendo em conta: a eficiência energética,</p><p>a utilização da água, a eficiência na utilização dos materiais, a promoção de compras</p><p>sustentáveis, a poupança de energia, a utilização sustentável das novas tecnologias, do</p><p>uso urbano (edifício, construção) e de produtos de fornecedores sustentáveis.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 153</p><p>10.3.5 Tema 5 – Práticas Operacionais Justas</p><p>Com este título, a Norma refere-se à conduta ética de uma organização em suas</p><p>transações com outras organizações, suas relações com agências governamentais,</p><p>parceiros, fornecedores, contratados, clientes, concorrentes ou associações. As cinco</p><p>questões são: (1) Anticorrupção, (2) Envolvimento político responsável, (3) Concorrência</p><p>justa, (4) Promoção da RS na cadeia de valor e (5) respeito pelos direitos de propriedade.</p><p>As ações referem-se a evitar o suborno envolvendo funcionários públicos, evitar conflitos</p><p>de interesse, tráfico de influência e obstrução da justiça. Para isso, a organização deve dar</p><p>o exemplo por meio de seus líderes, treinar os funcionários e criar um sistema de combate</p><p>à corrupção. Quanto ao envolvimento político, a organização deve ser transparente com</p><p>as políticas, treinar os funcionários e evitar contribuições políticas que possam significar</p><p>uma tentativa de controle em favor de causas específicas. Também a organização deve</p><p>preocupar-se com o comportamento anticoncorrencial, promover a consciencialização dos</p><p>colaboradores, estar atenta ao contexto social em que se insere e não tirar partido das</p><p>condições sociais para obter uma vantagem competitiva.</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>As Práticas Operacionais Justas e os Direitos Humanos no trabalho são</p><p>fundamentais para garantir condições dignas e respeitosas aos trabalhadores,</p><p>protegendo-os de qualquer forma de exploração, abuso ou trabalho análogo à</p><p>escravidão. Infelizmente, casos de trabalho análogo à escravidão ainda ocorrem</p><p>em várias partes do mundo, incluindo o caso das vinícolas no Rio Grande</p><p>do Sul em 2023. No caso específico das vinícolas no Rio Grande do Sul, é</p><p>fundamental que as autoridades competentes, juntamente com as empresas</p><p>e a sociedade civil, atuem de forma colaborativa para erradicar o trabalho</p><p>análogo à escravidão. É preciso fortalecer a fiscalização, implementar políticas</p><p>de transparência, promover a capacitação dos trabalhadores e garantir que</p><p>as denúncias sejam investigadas e os responsáveis sejam responsabilizados</p><p>de acordo com a lei. Somente com o compromisso conjunto das empresas,</p><p>governos e sociedade civil é possível avançar em direção a um ambiente de</p><p>trabalho justo, respeitoso e livre de qualquer forma de exploração, garantindo</p><p>assim a dignidade e os direitos humanos dos trabalhadores.</p><p>Saiba mais acessando este link: https://www.dw.com/pt-br/o-que-se-sabe-</p><p>sobre-caso-de-trabalho-an%C3%A1logo-%C3%A0-escravid%C3%A3o-no-</p><p>rs/a-64865707</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 154</p><p>Além disso, a organização deve integrar princípios éticos, preços, prazos de entrega</p><p>e contratos estáveis. Finalmente, a propriedade física e intelectual, direitos autorais,</p><p>patentes, direitos morais e propriedade dos funcionários devem ser respeitados.</p><p>Não deve se envolver em atividades que violem os direitos de propriedade (pirataria,</p><p>falsificação, não pagamento de indenizações justas), sempre levando em consideração</p><p>as necessidades da sociedade, os direitos humanos quando se trata de exercer seus</p><p>direitos de propriedade física e intelectual.</p><p>10.3.6 Tema 6 – Questões do Consumidor</p><p>Sobre o cliente, alguns princípios básicos devem ser cumpridos de acordo com as</p><p>diretrizes das Nações Unidas sobre proteção ao consumidor e o Pacto Internacional</p><p>de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. São eles segurança, estar informado, fazer</p><p>escolhas, ser ouvido, reparação, educação e ambiente saudável (ABNT, 2010). Outros</p><p>princípios importantes são o respeito ao direito à privacidade, a promoção da igualdade</p><p>de gênero e a promoção do desenho universal. A organização deve ser sensível ao</p><p>impacto de suas atividades e atender às necessidades dos grupos vulneráveis.</p><p>As questões deste assunto são: (1) Marketing justo, informações factuais e imparciais</p><p>e práticas contratuais justas; (2) proteger a saúde e a segurança dos consumidores;</p><p>(3) Consumo sustentável; (4) Atendimento ao consumidor, suporte e resolução de</p><p>reclamações e disputas; (5) Proteção e privacidade dos dados do consumidor; (6)</p><p>Acesso a serviços essenciais e (7) Educação e conscientização.</p><p>As ações estão relacionadas ao não envolvimento em práticas de marketing</p><p>enganosas ou desleais, publicação de termos e condições de produtos/serviços,</p><p>marketing responsável para grupos vulneráveis, informações relacionadas ao acesso</p><p>a produtos/serviços e contratos sem cláusulas justas. Além disso, a organização deve</p><p>adquirir o compromisso de qualidade em seus produtos/serviços, deve estabelecer</p><p>mecanismos de reclamações e sugestões e resolução de disputas com o consumidor</p><p>adotando outras normas (ABNT, 2010).</p><p>10.3.7 Tema 7 – Envolvimento e Desenvolvimento Comunitário</p><p>Este assunto ganha especial importância dentro das organizações que gerem a</p><p>informação, que são públicas e têm uma influência especial na comunidade, como é</p><p>o caso das bibliotecas públicas. A Norma baseia-se no conceito de comunidade como</p><p>um grupo de pessoas que compartilham as mesmas características dentro de um</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 155</p><p>ambiente virtual ou físico, e formula, como objetivo primordial do desenvolvimento</p><p>sustentável, a participação ativa de uma organização no desenvolvimento da</p><p>comunidade. Para o efeito, é necessário identificar os diferentes stakeholders, conhecer</p><p>as suas necessidades e expectativas e estabelecer canais de comunicação para a</p><p>concretização de uma conexão e saber o nível de satisfação ou insatisfação. Nesse</p><p>contexto, é interessante falar sobre a evolução do conceito de ação social (ALIGLERI,</p><p>ALIGLERI, e KRUGLIANSKAS, 2009). Tradicional era a abordagem filantrópica, praticada</p><p>pela gestão com o objetivo de devolver à sociedade o que ela havia recebido por meio</p><p>de doações.</p><p>Desde 2000, o conceito de marketing social tenta aproximar a organização do</p><p>público em geral com o objetivo de gerar publicidade positiva ou motivação interna.</p><p>Hoje em dia, a ênfase é colocada no impacto social para gerir uma mudança</p><p>e estabilidade de todos os ecossistemas. O meio ambiente</p><p>será entendido e avaliado como sujeito de coevolução, não como objeto de conquista.</p><p>A partir desse aspecto da ética ambiental, a essência da estratégia de desenvolvimento</p><p>sustentável coincide com o imperativo categórico de promover a “responsabilidade”</p><p>universal pela preservação e salvação da vida. Desde a conferência de Estocolmo, fica</p><p>evidente que a sustentabilidade está associada às ameaças causadas pela própria</p><p>humanidade, resultante do crescimento econômico sem limites baseado em valores</p><p>antropocêntricos e individualistas do liberalismo econômico que não são compatíveis</p><p>com a natureza, nem mesmo com a própria humanidade. A esfera físico-ambiental</p><p>tornou-se um domínio ilimitado de exploração, criando uma relação imperiosa entre</p><p>o homem e a natureza (HEINRICH e MARTENS, 2016).</p><p>Para prolongar o uso produtivo dos recursos ambientais, para manter sua integridade</p><p>e, assim, permitir a sua continuidade, a Terra exige um novo pensamento ideológico</p><p>para adotar valores priorizando manter o equilíbrio do sistema terrestre e respeitar</p><p>o sistema de suporte à vida da Terra. Esta passagem do sentido antropocêntrico ao</p><p>ecocentrismo envolve dar grande importância a valores como o amor, a confiança,</p><p>a fraternidade, a equidade e a justiça social, a solidariedade para com os pobres</p><p>ou vulneráveis, o futuro e os demais seres vivos. Para direcionar as metas para o</p><p>desenvolvimento sustentável, uma necessidade urgente é mudar os valores humanos.</p><p>Mas é na “Declaração do Milênio” que os valores que sustentam a sustentabilidade</p><p>desenvolvimento tornam-se específicos e declarados como fundamentais (HEINRICH</p><p>e MARTENS, 2016):</p><p>• Liberdade: todos os indivíduos (homens e mulheres) têm o direito de viver suas</p><p>vidas e criar seus filhos com dignidade, livres da fome e do medo da violência,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18</p><p>opressão e injustiça. A governança democrática e participativa baseada na</p><p>vontade do povo assegura esses direitos;</p><p>• Igualdade: nenhum indivíduo e nenhuma nação deve ter negada a oportunidade</p><p>de se beneficiar do desenvolvimento. A igualdade de direitos e oportunidades</p><p>de homens e mulheres deve ser assegurada;</p><p>• Solidariedade: os desafios globais devem ser gerenciados de forma a distribuir</p><p>os custos e encargos de forma justa, de acordo com os princípios básicos de</p><p>equidade e justiça social. Os que sofrem ou menos se beneficiam merecem a</p><p>ajuda dos que mais se beneficiam;</p><p>• Tolerância: os seres humanos devem respeitar uns aos outros, em toda a sua</p><p>diversidade de crenças, culturas e línguas. As diferenças dentro e entre as</p><p>sociedades não devem ser temidas nem reprimidas, mas valorizadas como</p><p>um bem precioso da humanidade. Uma cultura de paz e diálogo entre todas as</p><p>civilizações deve ser ativamente promovida;</p><p>• Respeito: a prudência deve ser demonstrada na gestão de todas as espécies</p><p>vivas da natureza e dos recursos naturais de acordo com as percepções do</p><p>desenvolvimento sustentável;</p><p>• Responsabilidade compartilhada: a responsabilidade de administrar o</p><p>desenvolvimento da responsabilidade econômica e social mundial, bem como</p><p>as ameaças à paz e à segurança internacionais, deve ser compartilhada entre</p><p>as nações do mundo e deve ser exercida multilateralmente.</p><p>Esses valores juntos formam uma nova ética indispensável, e é a condição básica</p><p>que cumpre o importante papel de moldar e formar a consciência das pessoas e</p><p>direcionar suas atitudes para o desenvolvimento sustentável.</p><p>1.5. Dimensão econômica, ambiental e social do desenvolvimento sustentável:</p><p>uma abordagem de modelagem integrada</p><p>O pensamento conceitual sobre o desenvolvimento sustentável começou a</p><p>atender à necessidade de políticas ambientais sólidas para fazer parte integrante</p><p>do desenvolvimento econômico. No contexto de crescente degradação do meio</p><p>ambiente, torna-se um modelo de desenvolvimento visando uma integração equilibrada</p><p>de crescimento econômico, proteção ambiental e justiça social. Os entendimentos</p><p>contemporâneos do desenvolvimento sustentável se cristalizaram como “Triple Bottom</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19</p><p>Line” (HEINRICH e MARTENS, 2016), referido como lucro, planeta e pessoas, que são</p><p>os três pilares da sustentabilidade.</p><p>Título: Modelo de Sustentabilidade</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sustentabilidade_dimens%C3%B5es.png</p><p>Os três pilares estão interconectados dinamicamente e afetam uns aos outros</p><p>através de causalidade mútua e feedback positivo. O desenvolvimento sustentável</p><p>está associado a três categorias de objetivos intimamente ligados ao desempenho</p><p>econômico, ambiental e social a serem alcançados de forma integrada e sistemática.</p><p>1.5.1 Componente econômico</p><p>Do ponto de vista econômico, o objetivo é maximizar a quantidade de bens e serviços</p><p>e maximizar a eficiência no uso dos recursos. A dimensão econômica da estratégia</p><p>de desenvolvimento sustentável é orientada para acelerar o crescimento econômico</p><p>e obter o máximo benefício, mantendo o estoque de capital constante ou crescente.</p><p>Ele deseja produzir um fluxo máximo de renda, maximizando o uso eficiente dos</p><p>recursos, consistindo em recursos naturais limitados, bem como recursos artificiais e</p><p>recursos humanos. O rápido crescimento econômico é desejável, mas não criará um</p><p>fardo pesado para o sistema de suporte de vida da Terra. A ideia central é garantir um</p><p>impacto ambiental negativo limitado. Essa abordagem exige um ambiente econômico</p><p>sustentável para lidar com um processo multidimensional que envolve um conjunto de</p><p>transformações quantitativas e qualitativas nas estruturas organizacionais e sociais,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20</p><p>bem como mudanças na atitude das pessoas em relação ao meio ambiente e ao uso</p><p>de recursos. As dimensões econômicas são os aspectos da organização que precisam</p><p>ser abordados para se manter competitiva no mercado a longo prazo. As dimensões</p><p>incluem vários componentes, como lucro e valor, investimentos, relacionamento</p><p>com investidores, inovação, tecnologia, colaboração, gestão do conhecimento e</p><p>desenvolvimento de processos e produtos.</p><p>1.5.2 Componente ambiental</p><p>Objetivo da componente ambiental orientado para um desenvolvimento harmonioso</p><p>entre o crescimento econômico e a qualidade do ambiente, suportando a possibilidade</p><p>de adaptação dos mecanismos de cumprimento da manutenção da biodiversidade</p><p>bem como dos tempos de ciclo natural da biosfera. A componente ambiente está</p><p>orientada para um desenvolvimento harmonioso. Esta dimensão visa aumentar a</p><p>capacidade de crescimento da economia, garantindo simultaneamente a capacidade</p><p>de manter as funções básicas do ambiente relacionadas com a função de poder dos</p><p>recursos, receptor de resíduos, função e a utilidade direta. A ideia central é proteger e</p><p>conservar os recursos naturais e o patrimônio ambiental mantendo a resiliência e a</p><p>estabilidade do sistema físico e biológico. De acordo com a curva de Kuznets tradicional,</p><p>a sustentabilidade cuidará de si mesma à medida que o crescimento econômico</p><p>prosseguir. Essa visão sugere que, à medida que a renda per capita cresce, a degradação</p><p>ambiental aumenta até certo ponto, além do qual a sustentabilidade ambiental pode</p><p>ser alcançada à medida que a situação ambiental melhora. O crescimento econômico</p><p>não deve afetar o equilíbrio ecológico, a integridade do ecossistema, a capacidade de</p><p>carga e a biodiversidade e os sistemas de suporte à vida. O bem-estar do ecossistema</p><p>por meio da redução do consumo de recursos, geração de resíduos, emissão para</p><p>o ar e biodiversidade constituem as dimensões ambientais. A maior ênfase do</p><p>desenvolvimento sustentável está na integração das dimensões econômica, social e</p><p>ambiental no processo de tomada de decisão e nas estratégias</p><p>social</p><p>que afeta a organização, colocando a sua estratégia em domínios relacionados com</p><p>o que mais afeta a sociedade, e contando com uma afetação de recursos específica.</p><p>Como consequência, um novo conceito chamado inovação social surgiu com base em</p><p>diretrizes como o programa Europa 2020 que consiste em satisfazer as necessidades</p><p>sociais não atendidas pelo Estado ou pela esfera privada a partir de relações de</p><p>colaboração com a cidadania. A comunidade é essencial para uma organização porque</p><p>torna a organização parte integrante dela, considera suas diferentes características e</p><p>reconhece o valor de trabalhar em parceria.</p><p>As questões relacionadas a este assunto são: (1) Envolvimento da comunidade,</p><p>(2) Educação e cultura, (3) Criação de emprego e desenvolvimento de habilidades, (4)</p><p>Desenvolvimento e acesso à tecnologia, (5) Geração de riqueza e renda, (6) Saúde</p><p>e (7) Investimento social. Em consonância com tudo isso, as ações são orientadas</p><p>pelas organizações para atender não só os grupos formais, mas também os informais</p><p>(associações, redes de internet e comunidades tradicionais) e respeitar os direitos</p><p>culturais, sociais e políticos dos grupos.</p><p>Estes devem ser consultados para estabelecer prioridades de gestão, participando</p><p>em associações locais, apoiando o voluntariado e contribuindo para programas de</p><p>cooperação e desenvolvimento. A educação deve ser promovida em todos os níveis</p><p>e o analfabetismo deve ser erradicado. A cultura tradicional deve ser promovida e o</p><p>patrimônio cultural e bibliográfico deve ser protegido. Da mesma forma, deve-se fomentar</p><p>a geração de empregos e o uso de novas tecnologias, respeitar o direito da comunidade</p><p>ao conhecimento e seu acesso, e a organização deve envolver-se em parcerias para</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 156</p><p>o desenvolvimento tecnológico. Deve-se considerar o impacto econômico e social</p><p>na comunidade, além de trabalhar com os fornecedores locais, fomentando o uso</p><p>eficiente e justo dos recursos e estabelecendo programas duradouros e parcerias com</p><p>grupos vulneráveis. Por fim, deve-se evitar a dependência da comunidade em atividades</p><p>filantrópicas da organização, bem como desenvolver iniciativas empreendedoras da</p><p>comunidade e informar a comunidade sobre suas iniciativas (ALIGLERI, ALIGLERI, e</p><p>KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>Assuntos</p><p>centrais</p><p>Etapa Ações Códigos de ética</p><p>Governança</p><p>• Processos e estruturas para a</p><p>tomada de decisão</p><p>• Planos estratégicos</p><p>• Níveis de autoridade</p><p>• Responsabilidade</p><p>• Partes interessadas da comunicação</p><p>• Ajustando processos</p><p>• Lealdade à instituição</p><p>• Transparência</p><p>• Obedecendo a lei</p><p>• Qualidade</p><p>• Sigilo profissional</p><p>• Integridade, honestidade, cortesia e</p><p>respeito</p><p>Direitos</p><p>humanos</p><p>• Due diligence</p><p>• Situações de risco</p><p>• Evitar a cumplicidade</p><p>• Resolvendo reclamações</p><p>• Discriminação e grupos vulneráveis</p><p>• Direitos civis e políticos</p><p>• Direitos econômicos, sociais e</p><p>culturais</p><p>• Direitos no trabalho</p><p>• Políticas e meios</p><p>• Parcerias</p><p>• Mecanismos de resolução</p><p>• Grupos vulneráveis</p><p>• Liberdade de expressão</p><p>• Luta contra a censura</p><p>• Direito de propriedade</p><p>• Educação</p><p>• Oportunidades iguais</p><p>• Proteção do meio ambiente</p><p>• Imparcialidade</p><p>• Liberdade intelectual</p><p>• Acesso à informação</p><p>• Propriedade intelectual</p><p>• Educação</p><p>• Profissionalismo</p><p>• Condições de trabalho</p><p>• Neutralidade</p><p>• Proteção infantil</p><p>• Igualdade de gênero</p><p>Práticas</p><p>trabalhistas</p><p>• Emprego e relações de trabalho</p><p>• Condições de trabalho e proteção</p><p>social</p><p>• Diálogo social</p><p>• Saúde e segurança</p><p>• Desenvolvimento e treinamento</p><p>• Oportunidades iguais</p><p>• Proteção de dados</p><p>• Práticas trabalhistas</p><p>• Condições justas</p><p>• Respeitando os trajes</p><p>• Conciliação da vida familiar</p><p>• Remuneração</p><p>• Horários</p><p>• Liberdade de associação</p><p>• Treinamento</p><p>• Profissionalismo</p><p>• Dados privados</p><p>• Condições de trabalho</p><p>• Fornecedores</p><p>• Associacionismo</p><p>• Formação e requalificação profissional</p><p>• Práticas arquivísticas</p><p>• Princípio da proveniência</p><p>• Conflitos de interesses</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 157</p><p>Ambiente • Prevenção da poluição</p><p>• Uso sustentável de recursos</p><p>• Mitigação das mudanças</p><p>climáticas</p><p>• Proteção ambiental</p><p>• Restauração do ambiente urbano</p><p>• Identificação e medidas de prevenção da</p><p>poluição</p><p>• Uso de produtos químicos</p><p>• Eficiência energética</p><p>• Uso de água e materiais</p><p>• Uso de energia e outros recursos</p><p>• Materiais recicláveis</p><p>• Aquisições sustentáveis</p><p>• Consumo sustentável</p><p>• Emissões</p><p>• Adaptação às mudanças climáticas</p><p>• Impacto</p><p>• Fornecedores sustentáveis</p><p>• Respeito ao meio ambiente</p><p>• Responsabilidade social</p><p>• Serviços, equipamentos e tecnologias</p><p>sustentáveis</p><p>Práticas</p><p>operacionais</p><p>justas</p><p>• Anticorrupção</p><p>• Envolvimento político responsável</p><p>• Competição justa</p><p>• Responsabilidade na cadeia de</p><p>valor</p><p>• Respeito pelos direitos de</p><p>propriedade</p><p>• Identificação de práticas anticorrupção em</p><p>funcionários e fornecedores</p><p>• Conscientização dos funcionários</p><p>• Transparência</p><p>• Influência dos políticos</p><p>• Obedecendo a lei</p><p>• Práticas de compra justas</p><p>• Contratos estáveis</p><p>• Práticas que respeitam a propriedade</p><p>• Práticas justas com fornecedores</p><p>• Direitos autorais e propriedade</p><p>intelectual</p><p>• Transparência</p><p>• Acesso à informação</p><p>• Benefício não pessoal</p><p>• Conflito de interesses</p><p>• Respeito por outras organizações</p><p>• Profissionalismo</p><p>Problemas do</p><p>consumidor</p><p>• Práticas contratuais justas</p><p>• Práticas justas de marketing</p><p>• Proteção da saúde</p><p>• Consumo sustentável</p><p>• Serviços de atendimento ao cliente</p><p>• Proteção de privacidade de dados</p><p>• Acesso a serviços essenciais</p><p>• Educação e conscientização</p><p>• Transparência</p><p>• Atividades de marketing legais</p><p>• Qualidade em produtos e serviços</p><p>• Acessibilidade</p><p>• Educação e treinamento</p><p>• Aquisições sustentáveis</p><p>• Informações verdadeiras e confiáveis</p><p>• Acesso</p><p>• Preços razoáveis</p><p>• Proteção de dados</p><p>• Qualidade dos serviços</p><p>• Propriedade intelectual</p><p>• Privacidade</p><p>• Confidencialidade</p><p>• Educação e treinamento</p><p>• Práticas justas de marketing</p><p>Envolvimento e</p><p>desenvolvimento</p><p>da comunidade</p><p>• Envolvimento ativo</p><p>• Educação e cultura</p><p>• Criação de emprego</p><p>• Desenvolvimento e acesso à</p><p>tecnologia</p><p>• Criação de riqueza e renda</p><p>• Investimento social</p><p>• Atenção aos grupos vulneráveis</p><p>• Participação em associações locais</p><p>• Relacionamento com o governo local</p><p>• Voluntariado</p><p>• Programas de desenvolvimento</p><p>• Atividades culturais</p><p>• Proteção do patrimônio cultural</p><p>• Impacto na seleção de tecnologias</p><p>• Emprego</p><p>• Aprendizado</p><p>• Parcerias</p><p>• Disseminação de tecnologia</p><p>• Impactos econômicos e sociais na comunidade</p><p>• Produtos e fornecedores locais</p><p>• Obedecendo a lei</p><p>• Projetos de investimento social</p><p>• Parcerias</p><p>• Preservação e conservação</p><p>• Treinamento</p><p>• Obedecendo a lei</p><p>• Cooperação</p><p>• Acesso à informação</p><p>• Imparcialidade</p><p>• Transparência</p><p>• Acesso livre</p><p>• Gratificação de serviços</p><p>• Respeito pela diversidade</p><p>• Multiculturalismo</p><p>• Integridade dos documentos</p><p>• Proteção da criatividade local</p><p>Tabela 1 – Relação Entre Elementos da Norma ISO 26000 e Códigos de Ética</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 158</p><p>10.4 Implementando a Responsabilidade Social</p><p>O último capítulo da Norma ISO 26000:2010 oferece algumas orientações sobre</p><p>a integração da RS em toda a organização. Como já foi referido, hoje em dia as</p><p>organizações praticam a RS como uma atividade pontual realizando inúmeras iniciativas</p><p>não sistematizadas, algumas consideram-na como uma linha estratégica ou eixo</p><p>transversal dos planos estratégicos, e outras incorporam um sistema de gestão de</p><p>RS através de sistemas autoconcedidos de ferramentas comerciais.</p><p>Em qualquer caso, a Norma ISO 26000:2010 pode ser implementada em qualquer</p><p>organização com foco em alguns fatores-chave especificados na própria Norma: (1) A</p><p>relação das características de uma organização com a RS, (2) A relevância e importância</p><p>dos assuntos e questões centrais e (3) O processo de planejamento</p><p>e implementação</p><p>de ações de RS como parte da gestão da organização. Esses três fatores conduzem</p><p>o processo de implementação em várias fases:</p><p>I. Informação e conscientização;</p><p>II. Compromissos, políticas, princípios, valores e código ético;</p><p>III. Identificação das partes interessadas;</p><p>IV. Análise da situação;</p><p>V. Planejamento e implementação das ações; e</p><p>VI. Avaliação e comunicação.</p><p>Os estudos de valores e ambiente de trabalho são fundamentais para conhecer a</p><p>taxa de penetração do comportamento ético na organização, ajudando a identificar</p><p>os valores que a organização deve reger, e a tornar público o código de conduta para</p><p>o alcance do seu cumprimento.</p><p>Como parte das características da organização, encontramos a identificação</p><p>dos stakeholders, suas relações e seu envolvimento com ela. Já mencionamos</p><p>anteriormente a importância de conhecer as relações entre organização, sociedade</p><p>e partes interessadas com o objetivo de conhecer as necessidades e expectativas de</p><p>todos os grupos, os impactos das atividades e decisões ou tensões que possam surgir</p><p>entre eles. Se uma organização já implementou um sistema de gestão da qualidade,</p><p>esse processo de identificação e conhecimento das partes interessadas é mais fácil</p><p>e apenas deve ser adicionado aqueles aspectos que, do ponto de vista da Norma, não</p><p>foram considerados.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 159</p><p>De qualquer forma, as áreas ou departamentos da organização podem ajudar a</p><p>estabelecer essa relação de grupos, internos ou externos, formais ou informais. Cada</p><p>parte interessada deve se misturar com alguns canais de comunicação identificados</p><p>para estabelecer uma comunicação bidirecional. Este processo de identificação e</p><p>comunicação com o stakeholder deve ser baseado em um relacionamento ético.</p><p>O reconhecimento da esfera de influência da organização parece igualmente</p><p>interessante para conhecer as relações estabelecidas com outras organizações; a</p><p>dependência de uma organização-mãe que determina os recursos econômicos e</p><p>as suas relações de autoridade política e legal; ou para determinar a influência da</p><p>opinião pública. Da mesma forma, esse exercício de influência deve ser pautado por</p><p>um comportamento ético e pelos princípios reconhecidos pela Norma.</p><p>Uma vez coletadas as informações iniciais, identificados os stakeholders e</p><p>reconhecida a esfera de influência da organização e conhecidos os núcleos fundamentais</p><p>e suas questões (constantes no Capítulo 6 da Norma), trata-se de estabelecer quais</p><p>assuntos devem ser trabalhados mais adiante e, como parte deles, quais questões</p><p>devem se focar para propor ações de RS. A participação dos stakeholders é importante</p><p>nesta parte para colaborar nesta decisão.</p><p>Ao diagrama de definição dos stakeholders, suas características e canais de</p><p>comunicação, podemos acrescentar os temas e questões centrais a serem considerados</p><p>e sua relação com os valores éticos. Por exemplo, se for uma biblioteca pública, o tema</p><p>Envolvimento e desenvolvimento da comunidade terá especial importância, sendo que</p><p>os temas educação e cultura ou desenvolvimento e acesso à tecnologia podem ser</p><p>os mais significativos, e eles se relacionam com os valores éticos de alfabetização e</p><p>acesso à informação. No entanto, devemos também levar em conta que a questão</p><p>dos direitos humanos em suas diferentes questões sempre estará presente, assim</p><p>como o ambiente sujeito ou as questões dos clientes.</p><p>Lembramos então, como mencionado anteriormente, que os assuntos estão inter-</p><p>relacionados e, por isso, a eleição ou priorização nunca terá como resultado apenas um</p><p>assunto, mas vários que provavelmente estarão interligados conforme a organização.</p><p>Com todas as informações coletadas até o momento, a organização poderá</p><p>priorizar os temas e questões centrais mais relevantes para a realização de ações</p><p>específicas. Como parte desse processo, trata de analisar os impactos das atividades</p><p>da organização em relação aos problemas e às partes envolvidas. Por esta razão, a</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 160</p><p>informação fornecida pelos diferentes stakeholders é importante. Essa priorização</p><p>pode ser baseada nos seguintes critérios (GARRIGES & AENOR, 2012):</p><p>• O grau de impacto nas partes interessadas e no desenvolvimento sustentável,</p><p>o risco, os efeitos potenciais de agir ou não, o nível de preocupação com o</p><p>assunto, sua relevância, as expectativas da sociedade ou o real interesse das</p><p>partes envolvidas;</p><p>• O cumprimento ou não da lei, o grau de coerência com o comportamento</p><p>internacional de conduta, as normas éticas e melhores práticas;</p><p>• O período para alcançar resultados, facilidade de implementação;</p><p>• Como se adaptar ao plano estratégico.</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Por exemplo, num dado contexto, uma biblioteca pública encontra prioridade</p><p>no envolvimento da comunidade através de uma ação literária internacional ou</p><p>de preservação do património cultural? Quais são as normas legais referentes a</p><p>cada uma das ações? Qual valor ético prevalece de acordo com o contexto? Qual</p><p>investimento de recursos e tempo é necessário? Há disponibilidade? Participa das</p><p>linhas e objetivos definidos no atual Plano Estratégico da organização? Participa das</p><p>linhas e objetivos do Plano Estratégico da organização matriz? Na verdade, o que se</p><p>deve alcançar é o reconhecimento dessas ações como parte do plano estratégico</p><p>da organização, de acordo com a missão, visão e valores e os objetivos formulados.</p><p>É a isso que o Padrão ISO 26000 se refere quando fala sobre a incorporação de RS</p><p>na governança, sistemas e processos de uma organização.</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>A última fase do processo de planejamento é o monitoramento e revisão das práticas</p><p>de RS. Esta medição é realizada a partir do feedback obtido da comunicação com as</p><p>partes interessadas, do grau de cumprimento dos objetivos, do uso de indicadores</p><p>quantitativos e qualitativos para medir esses objetivos e ações realizadas, das inspeções</p><p>regulares e da comparação com outras organizações que implementaram ações de</p><p>RS semelhantes às nossas.</p><p>A comunicação é um elemento importante na RS de uma organização. Ao definir as</p><p>partes interessadas, nós as colocamos em relação com alguns canais de comunicação</p><p>que permitem fornecer a cada momento informações bidirecionais. A comunicação</p><p>é considerada fundamental para estabelecer compromissos, acordos e conhecer o</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 161</p><p>andamento em todos os aspectos e, acima de tudo, é considerada essencial para</p><p>aumentar a credibilidade da organização. Este aspecto, importante quando se fala em</p><p>RS, pode ser potencializado a partir da participação da organização em associações,</p><p>ou outras organizações que promovam a RS, do estabelecimento de mecanismos de</p><p>resolução de conflitos (reclamações e sugestões, processos de mediação e modelos de</p><p>resolução ética de conflitos), ao elaborar o relatório final do RS ou adotar mecanismos</p><p>independentes de certificação.</p><p>O relatório final da RS, também conhecido como relatório de sustentabilidade, é um</p><p>relatório voluntário, mas é considerado um importante instrumento de comunicação</p><p>entre as partes interessadas e os compromissos adquiridos pela organização sobre</p><p>o desenvolvimento sustentável, pois os resultados sobre os três pilares básicos da</p><p>sustentabilidade aparecem detalhados.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 162</p><p>CAPÍTULO 11</p><p>CRESCIMENTO E MEIO</p><p>AMBIENTE NA ERA DA</p><p>GLOBALIZAÇÃO</p><p>Este capítulo examina a questão da sustentabilidade e sua compatibilidade com o</p><p>crescimento econômico, a partir de uma taxonomia de bens naturais. Enquanto os preços</p><p>sinalizam a escassez de recursos não renováveis e apropriáveis que podem levar os agentes</p><p>econômicos a substituí-los</p><p>por outros recursos, há um problema ainda mais grave com</p><p>os recursos não apropriáveis e minimamente renováveis, como o clima.</p><p>11.1 A importância do tema crescimento econômico no mundo atual</p><p>O crescimento econômico é provavelmente o tema mais analisado e debatido entre</p><p>os economistas. Nossa atual realidade econômica exibe enormes diferenças nos níveis</p><p>de bem-estar entre diferentes países ao redor do mundo, e a história das últimas</p><p>décadas tem mapeado uma variedade incrível no desempenho do crescimento da</p><p>renda per capita entre diferentes áreas geográficas e países.</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>Para dar apenas um exemplo, em 1970 Gana e Coreia do Sul tinham níveis</p><p>de renda per capita semelhantes (US$ 2.590 e US$ 2.660, respectivamente),</p><p>bem como taxas de mortalidade infantil semelhantes (183 por 1.000 e 135 por</p><p>1.000, respectivamente). Desde então, a Coreia do Sul alcançou um crescimento</p><p>espetacular, chegando a uma renda per capita de US$ 15.090 em 2001 e uma</p><p>taxa de mortalidade infantil de 5 por 1.000, enquanto Gana declinou a ponto de ser</p><p>hoje um dos países mais pobres do mundo. A pobreza de muitos países africanos</p><p>permaneceu constante ou diminuiu. Os chamados “tigres asiáticos”, os agentes</p><p>de um crescimento sem precedentes, também atingiram níveis muito elevados de</p><p>bem-estar econômico, e o desenvolvimento econômico da China e da Índia foram</p><p>extraordinário.</p><p>Fonte: Nonnenberg (2010)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 163</p><p>Estudar os determinantes do crescimento econômico é fundamental se quisermos</p><p>responder a três questões cruciais:</p><p>• Como é possível aumentar o nível de bem-estar material de um país?</p><p>• Por que o diferencial de crescimento foi tão grande entre os países – por exemplo,</p><p>entre Gana e Coreia do Sul – a ponto de aumentar incrivelmente a distância</p><p>entre eles?</p><p>• Quais são as fórmulas e os fatores-chave para tirar uma nação da pobreza e</p><p>fazê-la alcançar os países economicamente mais desenvolvidos?</p><p>Desde o início deste capítulo, é importante enfatizar que não será adotada uma abordagem</p><p>unidimensional focada apenas no aumento da renda; ao contrário, aprofundaremos a</p><p>relação entre crescimento econômico e qualidade de vida. Muitos afirmam, e não sem razão,</p><p>que o crescimento como meta não garante o alcance de metas mais amplas e geralmente</p><p>mais desejáveis, como o desenvolvimento sustentável, o bem-estar e o florescimento da</p><p>vida. Lembre-se, em particular, que estes dependem não apenas da riqueza individual,</p><p>mas também, e principalmente, de componentes não monetários.</p><p>Título: Economia oriental</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/bolsa-de-valores-crise-financeira-4877961/</p><p>O problema da relação entre desenvolvimento econômico e felicidade coletiva é resumido</p><p>de maneira simples e eficaz em um diagrama do Relatório do Banco Mundial de 2003, no</p><p>qual os canais tradicionais de produção, consumo e bem-estar (NONNENBERG, 2010) são</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 164</p><p>acompanhados e complementados por outros canais nos quais o aproveitamento direto</p><p>dos recursos humanos, sociais e ambientais contribua positivamente para o bem-estar</p><p>coletivo, independentemente de outras considerações de produção.</p><p>Título: Uma nova concepção de bem-estar.</p><p>Fonte: Adaptado de NONNENBERG (2010)</p><p>Uma análise mais aprofundada da estreita relação entre crescimento econômico</p><p>e essas dimensões que contribuem para a felicidade individual revela claramente</p><p>que a primeira, ou a criação de valor econômico agregado, é a fonte de recursos</p><p>passíveis de investimento para contribuir com o desenvolvimento da segunda, ou</p><p>investimento na educação, na saúde e na manutenção e preservação dos bens</p><p>ambientais. Consequentemente, o crescimento continua sendo um elemento crucial</p><p>para o desenvolvimento de outras dimensões não monetárias do bem-estar individual.</p><p>11.2 O papel da globalização no desenvolvimento</p><p>A reflexão que fizemos até aqui sobre os determinantes do desenvolvimento</p><p>econômico e as ferramentas necessárias para combater a pobreza deixou de lado</p><p>uma análise do papel da globalização. O que mudou com o advento dessa importante</p><p>nova fase da história econômica? O termo “globalização” é um dos mais usados e</p><p>abusados nos debates contemporâneos. O risco mais frequentemente observado é</p><p>que dois lados estão se formando, um a favor e outro contra a globalização, ao invés</p><p>de um aprofundamento do significado da própria palavra. A oportunidade e o dever dos</p><p>estudantes de economia que têm o privilégio de poder aprofundar esses problemas,</p><p>que todos querem entender melhor, é ir além dos slogans.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 165</p><p>Existem talvez três pontos de vista privilegiados para observar esse fenômeno:</p><p>tecnológico, econômico e sociológico.</p><p>11.2.1 tecnológico</p><p>No início do século XX, o mundo desenvolvido já era altamente integrado do ponto</p><p>de vista comercial, embora o processo de integração tenha sofrido retrocessos</p><p>abruptos durante as duas guerras mundiais. A retomada da liberalização comercial,</p><p>impulsionada por acordos alcançados nas grandes rodadas de negociações de</p><p>organizações comerciais multilaterais como o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio</p><p>e depois a Organização Mundial do Comércio, também sofreu uma desaceleração na</p><p>última década devido ao aumento do protecionismo em muitos países, bem como</p><p>ao impasse nas negociações entre os países mais industrializados e o grupo dos</p><p>emergentes em temas como agricultura e a liberalização dos serviços.</p><p>O problema é que, por trás do valor nominal das declarações a favor da liberalização,</p><p>cada bloco defende seus próprios interesses, reivindicando a abertura de mercados nos</p><p>setores em que é mais competitivo, na agricultura para os países emergentes e nos serviços</p><p>financeiros para os países mais desenvolvidos. Portanto, não é aqui que devemos procurar</p><p>a origem da revolução que transformou profundamente o mundo a partir dos anos 1990.</p><p>A tecnologia foi o fator desencadeante da globalização nas últimas décadas, devido</p><p>à onda de inovações nos setores de eletrônica e telecomunicações que permitiram</p><p>reduzir drasticamente o custo e o tempo de movimentação de todos os “bens sem</p><p>peso”, como imagens, músicas, dados, voz.</p><p>Título: Tecnologia</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/intelig%c3%aancia-artificial-c%c3%a9rebro-3382507/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 166</p><p>Deve-se notar que um elemento importante que reflete a globalização é a velocidade</p><p>diferente de progresso em inovações entre bens “pesados” e “leves”. O progresso no</p><p>transporte de bens intangíveis gerou uma série de inovações polivalentes, como iPods</p><p>e computadores pessoais, com conteúdo como correio eletrônico e CAD/CAM para</p><p>desenho industrial que podem ser utilizados horizontalmente em todos os outros</p><p>setores produtivos e reduzir drasticamente seus custos. Pode-se constatar facilmente</p><p>os aumentos de produtividade (definidos, como bem lembramos, como a capacidade</p><p>de realizar tarefas numa dada unidade de tempo), possibilitados por esta revolução</p><p>numa série de atividades comuns que vão desde a pesquisa bibliográfica sobre um</p><p>tema de interesse, a preparar um documento escrito e assim por diante.</p><p>11.2.2 Sociológico</p><p>Do ponto de vista sociológico, as transformações descritas acima trouxeram a</p><p>sensação de ter eliminado a distância geográfica e de fazer parte de uma única aldeia</p><p>global. A percepção psicológica da distância entre as várias regiões de uma nação,</p><p>típica da geração anterior, corresponde à percepção da geração atual sobre a distância</p><p>entre vários países do mundo. Hoje se pode viajar para países distantes ou destinos</p><p>exóticos com a mesma facilidade com que nossos pais viajavam dentro de seus</p><p>próprios países ou países</p><p>imediatamente adjacentes.</p><p>Título: Sociologia</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/indiv%c3%adduo-pessoas-lupa-exame-5131429/</p><p>https://pixabay.com/pt/illustrations/indiv%c3%adduo-pessoas-lupa-exame-5131429/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 167</p><p>Uma preocupação sociológica típica sobre a globalização é o desaparecimento da</p><p>diversidade cultural e a massificação e padronização de todas as culturas. A experiência</p><p>do encontro com culturas exóticas está ao alcance de quase todos. Esse cenário</p><p>repentinamente alterado parece colocar em jogo duas forças opostas. Por um lado,</p><p>a propagação dos mesmos modelos urbanos e estilos de vida em todas as cidades</p><p>do mundo caminha decididamente para a redução da diversidade. Por outro lado, a</p><p>consciência de que a diversidade é uma riqueza cultural, que também se traduz em</p><p>originalidade nos produtos comerciais, gera a tendência oposta, que leva a redescobrir</p><p>e valorizar a diversidade com o objetivo de satisfazer o gosto pela variedade dos</p><p>consumidores e turistas, além de aos desejos das comunidades locais de preservar</p><p>sua própria cultura e tradições.</p><p>11.2.3 Econômico</p><p>Do ponto de vista de um economista, essa enorme revolução tem o mérito de</p><p>transformar muitos mercados locais em globais. Como era de se esperar, o processo</p><p>foi muito mais rápido e profundo para produtos intangíveis ou para produtos tangíveis</p><p>com determinadas características. No que diz respeito a este último tipo de bens,</p><p>considere os produtos tangíveis que possuem um valor agregado muito alto, o que</p><p>pode compensar o custo do frete de onde eles são produzidos, no sentido de que,</p><p>ao deslocar a produção, eles perdem parte de seu valor. Estamos nos referindo à</p><p>Denominação de Origem Protegida, como a mozzarella de búfala da região italiana da</p><p>Campânia, para a qual todas as cozinhas do mundo são o seu mercado de referência.</p><p>Título: Economia</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/d%c3%b3lar-curso-taxa-de-d%c3%b3lar-tend%c3%aancia-544956/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 168</p><p>De qualquer forma, mais do que qualquer outra coisa, a globalização tem a ver</p><p>com bens intangíveis e, principalmente, com bens financeiros. O mercado financeiro é</p><p>definitivamente o mercado mais globalizado, no qual os bens trocados são atividades</p><p>financeiras que têm valor de mercado, mas não têm substância física. Desde que os</p><p>regulamentos do mercado não os impeçam, é possível comprar e vender tais produtos</p><p>em qualquer mercado do mundo com um clique no computador.</p><p>11.3 Matriz de Bens Ambientais</p><p>O primeiro passo para analisar a relação entre a economia e o meio ambiente é</p><p>definir os recursos ambientais. A taxonomia tradicional que mostramos é baseada</p><p>em duas coordenadas: renovabilidade e apropriabilidade.</p><p>A característica de renovabilidade diz respeito à capacidade de um recurso ser</p><p>regenerado pelo próprio ambiente depois de usado.  Isso destaca imediatamente</p><p>uma importante diferença entre bens ambientais e bens tradicionais produzidos pelo</p><p>mercado. No caso de não reprodutibilidade ou reprodutibilidade muito lenta, os bens</p><p>ambientais, ao contrário dos bens tradicionais, não podem ser regenerados à vontade</p><p>e em prazos razoavelmente rápidos por produção ou ciclos naturais.</p><p>A característica de apropriabilidade diz respeito à natureza pública/privada de um</p><p>bem ambiental, ou sua capacidade de ser privatizado.</p><p>Analisando as quatro combinações possíveis, podemos identificar uma primeira</p><p>categoria de bens reprodutíveis e apropriáveis; por exemplo, encontramos madeira</p><p>nesta categoria. No entanto, faríamos bem em lembrar que, apesar de ser reprodutível,</p><p>requer muito tempo para fazê-lo; considere os danos causados em parques naturais por</p><p>incêndios criminosos. O tempo necessário para produzir danos extensos é muito curto,</p><p>mas reproduzir a floresta requer décadas. Apesar dos problemas, a reprodutibilidade</p><p>significa que com políticas adequadas de investimento em reflorestamento é possível</p><p>aumentar a área global coberta por florestas. Nesta perspectiva, a atenção dada ao</p><p>ambiente nos últimos anos permitiu inverter a tendência, passar de um saldo deficitário</p><p>para um saldo positivo e começar a aumentar a superfície global coberta por florestas.</p><p>A situação dos recursos apropriáveis mas não reproduzíveis é mais complexa. Neste</p><p>caso estamos a falar de matérias-primas como o cobre e combustíveis fósseis, como</p><p>petróleo e carvão. Esses recursos são caracterizados por uma reprodutibilidade</p><p>extremamente lenta que ocorre ao longo do tempo geológico, portanto devem ser</p><p>classificados como não renováveis.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 169</p><p>Ano Renovável Não Renovável</p><p>Apropriável Madeira Matérias-primas (cobre, petróleo, carvão)</p><p>Não Apropriável Pesca, Qualidade do Ar Clima</p><p>Tabela 1 – Matriz de recursos ambientais.</p><p>Fonte: Adaptado de Mata e Cavalcanti (2002)</p><p>Então, o que acontece se neste caso a taxa de utilização for maior que a taxa de</p><p>extração em uma dinâmica que leva ao esgotamento do recurso ao longo do tempo?</p><p>O que pode ajudar nesse caso é a existência de substitutos e mercados que possam</p><p>sinalizar a relativa escassez do recurso por seu preço. Um aumento acentuado do</p><p>preço é um sinal de alarme, mas, ao mesmo tempo, também é um incentivo para</p><p>reequilibrar o uso do recurso, na medida em que motiva potenciais compradores do</p><p>recurso natural a procurar substitutos a um preço mais baixo. Também motiva os</p><p>produtores a implementar processos de extração anteriormente não utilizados, mas</p><p>mais caros, com investimentos que se tornam lucrativos com os novos preços mais</p><p>altos.</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>A Guerra na Ucrânia teve um impacto significativo, afetando tanto a economia</p><p>ucraniana quanto a economia global. A guerra resultou em danos materiais</p><p>significativos às infraestruturas do país, incluindo fábricas, usinas de energia, pontes</p><p>e estradas. Além disso, a instabilidade política e a incerteza econômica afetaram</p><p>negativamente os investimentos internos e externos na Ucrânia. A queda na</p><p>produção industrial e agrícola, juntamente com o aumento do desemprego, levou a</p><p>uma recessão econômica e dificuldades financeiras para muitos ucranianos.</p><p>Somado a isso, a Ucrânia é um importante ponto de trânsito para o fornecimento</p><p>de gás natural da Rússia para a Europa Ocidental. Durante o conflito, houve</p><p>interrupções no fornecimento de gás, tanto por questões logísticas quanto por</p><p>disputas políticas entre a Rússia e a Ucrânia. Essas interrupções levaram a um</p><p>aumento dos preços do gás na Europa e à busca por fontes alternativas de energia,</p><p>afetando a economia dos países dependentes do gás russo.</p><p>Saiba mais em: https://cnnportugal.iol.pt/guerra/ucrania/sancoes-crise-energetica-e-</p><p>precos-que-nao-vao-descer-qual-o-preco-de-um-ano-de-guerra-na-europa/20230221</p><p>/63ee4a4a0cf2665294d5dc0b</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 170</p><p>11.4 O dilema crescimento econômico-ambiente</p><p>Uma das questões centrais a abordar neste capítulo é a relação entre o meio ambiente</p><p>e a economia e o dilema entre crescimento econômico e sustentabilidade ambiental. A</p><p>concepção tradicional é que uma maior atenção ao meio ambiente torna necessárias</p><p>medidas que implicitamente desaceleram o desenvolvimento econômico. Se olharmos</p><p>apenas para os métodos tradicionais de controle sobre a quantidade de poluição</p><p>produzida, eles obviamente influenciam a produção e o consumo e reduzem ambos.</p><p>Os economistas geralmente são avessos a esse curso de ação. Uma estratégia tão</p><p>drástica acabaria conflitando com os objetivos tradicionais de criar o valor econômico</p><p>necessário para financiar sistemas previdenciários, proteções sociais e encargos da</p><p>dívida pública, e criar as bases para a redução da pobreza</p><p>(no caso em que a riqueza</p><p>criada fosse bem distribuída, ou em qualquer caso em que o sistema econômico</p><p>fosse capaz de reduzir as dificuldades de acesso a crédito e educação para os menos</p><p>abastados).</p><p>Por isso parece difícil aceitar o decrescimento, a não ser como uma provocação</p><p>paradoxal que talvez sirva para nos fazer pensar. No entanto, os proponentes desse</p><p>movimento têm o mérito de ter direcionado o debate para a atenção à sustentabilidade</p><p>ambiental, opondo-se à tradicional perspectiva unidimensional cujo único objetivo a</p><p>perseguir é o crescimento do bem-estar material medido por um PIB em expansão,</p><p>ou a soma de bens e serviços produzidos em um determinado país.</p><p>Título: Escolhas e Dilemas</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/ponto-de-interroga%c3%a7%c3%a3o-pergunta-marca-1722865/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 171</p><p>De acordo com os proponentes do decrescimento, o caminho que eles indicam seria</p><p>viável reduzindo o tamanho do mercado em favor de transações não mercantis, como</p><p>reciprocidade, troca de presentes, autoconsumo, autoprodução e trocas não monetárias</p><p>de produtos, com a consciência de que uma parte importante do bem-estar depende</p><p>de fatores não monetários. Essa afirmação destaca um elemento importante dos</p><p>sistemas econômicos atuais, que é que eles reduziram progressivamente as áreas de</p><p>informalidade, ou seja, a produção e troca de valor que não é transacionado no mercado.</p><p>Ter menos de um dólar por dia em um país desenvolvido onde tudo que se tem deve</p><p>ser comprado significa ser realmente pobre. Ter menos de um dólar por dia em uma</p><p>área rural fértil de um país em desenvolvimento não significa necessariamente não ser</p><p>capaz de satisfazer suas necessidades alimentares, pois a presença generalizada de</p><p>trocas informais e as oportunidades de autoconsumo e autoprodução podem permitir</p><p>uma sobrevivência digna.</p><p>Esses dois exemplos diferentes também destacam um problema estatístico: a renda</p><p>per capita não é capaz de capturar adequadamente as diferenças na qualidade de</p><p>vida. Para compará-los adequadamente, seria necessário avaliar o valor de mercado,</p><p>a autoprodução, o autoconsumo e as trocas informais utilizadas por pessoas que</p><p>vivem em áreas rurais de países em desenvolvimento para ter dados comparáveis</p><p>com as economias mais desenvolvidas.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Medir riqueza e pobreza é um problema importante demais para não questionarmos</p><p>se a unidade de medida que estamos usando está correta ou se requer ajustes. As</p><p>definições de pobreza e riqueza que os economistas usam são baseadas em uma</p><p>métrica muito precisa. De forma geral, as comparações de renda entre os países</p><p>com uma série de dados relativos à renda per capita se dá a partir da paridade</p><p>de poder de compra. O ponto de partida é, portanto, comparações de renda per</p><p>capita. Se formos das comparações gerais entre países para as comparações</p><p>entre indivíduos, a unidade de partida é a renda familiar. Neste caso, e em particular</p><p>para analisar a pobreza, devemos dividir o rendimento do agregado familiar por</p><p>um quociente que tenha em conta o número de membros do agregado familiar e</p><p>ponderar cada membro proporcionalmente às suas necessidades econômicas.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 172</p><p>Apesar de as considerações anteriores não serem insignificantes quando se</p><p>trabalha com estudos sobre a pobreza, e apesar de os sistemas econômicos dos</p><p>países avançados terem forçado de alguma forma a centralidade do consumo, com</p><p>consequências negativas do ponto de vista ambiental (considere como a economia</p><p>de mercado torna cada vez menos conveniente consertar algo em vez de comprar</p><p>um novo), é claro que reduzir o espaço das transações de mercado em relação às</p><p>transações informais certamente não pode compensar os danos que o objetivo do</p><p>decrescimento acarretaria, como reduzir o valor disponível para projetos assistenciais,</p><p>como saúde e educação, recursos insuficientes para pagar a dívida pública e assim por</p><p>diante. Concluindo, podemos afirmar que o ônus da prova recai sobre os proponentes</p><p>do decrescimento.</p><p>Tendo em vista todas essas considerações, e para conciliar as exigências de</p><p>economistas e ambientalistas, o melhor curso de ação continua sendo melhorar</p><p>a capacidade do sistema econômico de produzir valor econômico de forma</p><p>ambientalmente sustentável, por exemplo, aumentando a parcela de não ativos rivais</p><p>na produção geral.</p><p>11.5 Curva ambiental de Kuznets</p><p>Passando do extremo pessimismo dos proponentes do decrescimento para a atitude</p><p>oposta de alto otimismo sobre as consequências do crescimento em termos de impacto</p><p>ambiental, mencionamos brevemente outro importante fio da literatura que analisa</p><p>esse dilema. A referência analítica desse segmento é a chamada curva de Kuznets,</p><p>que é a relação inversa que se supõe existir entre a renda per capita e as emissões</p><p>de dióxido de carbono por pessoa.</p><p>De acordo com essa relação, o desenvolvimento econômico contribuiria para a</p><p>solução do problema, pois está correlacionado com a diminuição gradual do impacto</p><p>ambiental.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 173</p><p>Título: A curva de Kuznets. A intensidade da poluição aumenta no primeiro segmento do crescimento da renda per capita, atinge um ponto máximo e</p><p>posteriormente diminui com novos aumentos na renda.</p><p>Fonte: Adaptado de Ávila e Diniz (2015)</p><p>Causas da curva ambiental de Kuznets (adaptado de Ávila e Diniz, 2015):</p><p>• Evidências empíricas da diminuição dos níveis de poluição com o crescimento</p><p>econômico: Estudos descobriram que um maior crescimento econômico nos</p><p>EUA levou ao aumento do uso de carros, mas, ao mesmo tempo – devido à</p><p>regulamentação, os níveis de poluição do ar (em particular os níveis de dióxido</p><p>de enxofre) diminuíram;</p><p>• Renda de reposição com crescimento: Com taxas mais altas de crescimento</p><p>econômico, as pessoas têm mais renda discricionária depois de pagar pelas</p><p>necessidades básicas; portanto, elas são mais propensas a pagar preços mais</p><p>altos em troca de melhores padrões ambientais.</p><p>• Padrões de vida em oposição ao PIB real: A teoria econômica tradicional concentra-</p><p>se em aumentar o PIB real e as taxas de crescimento econômico. Mas há uma</p><p>consciência crescente de que a ligação entre o crescimento econômico e os</p><p>padrões de vida pode ser fraca. O foco nos padrões de vida pode se tornar</p><p>politicamente popular;</p><p>• Tecnologia melhorada: A principal força motriz por trás do crescimento econômico</p><p>de longo prazo é a tecnologia aprimorada e maior produtividade. Com maior</p><p>produtividade, podemos ver maior produção, com menos matérias-primas</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 174</p><p>utilizadas. Por exemplo, desde a década de 1950, a tecnologia de uso do carro</p><p>melhorou significativamente a eficiência do combustível. Na década de 1950,</p><p>muitos carros tinham poucas milhas por galão. Nos últimos anos, os fabricantes</p><p>de automóveis avançaram na redução do consumo de combustível e começaram</p><p>a desenvolver a tecnologia híbrida;</p><p>• Energia renovável: Um bom exemplo de como a tecnologia aprimorada reduziu o</p><p>potencial de dano ambiental é o progresso da tecnologia solar. Nos últimos anos,</p><p>o custo da energia solar caiu significativamente – aumentando a perspectiva</p><p>de tecnologia limpa;</p><p>• Desindustrialização: Inicialmente, o desenvolvimento econômico leva à mudança</p><p>da agricultura para a manufatura. Isso leva a uma maior degradação ambiental.</p><p>No entanto, o aumento da produtividade e o aumento da renda real representam</p><p>uma terceira mudança do setor industrial para o de serviços. O setor de serviços</p><p>geralmente tem um impacto ambiental menor do que a manufatura;</p><p>• Papel da regulação governamental: O crescimento e o desenvolvimento econômico</p><p>geralmente apresentam um crescimento no</p><p>tamanho do governo como parcela</p><p>do PIB. O governo é capaz de implementar impostos e regulamentações na</p><p>tentativa de resolver as externalidades ambientais que prejudicam a saúde e</p><p>os padrões de vida.</p><p>• Utilidade marginal decrescente da renda: O aumento da renda tem uma utilidade</p><p>marginal decrescente. Ter um salário muito alto é de pouco consolo se você</p><p>convive com a degradação ambiental (por exemplo, congestionamento, poluição</p><p>e problemas de saúde). Portanto, uma pessoa racional que está vendo rendas</p><p>crescentes começará a colocar maior ênfase na melhoria de outros aspectos</p><p>dos padrões de vida.</p><p>Vários estudos empíricos documentam a existência desta relação em várias</p><p>épocas históricas para várias amostras de países. Como costuma acontecer neste</p><p>tipo de investigação, a curva de Kuznets mistura processos “verticais” de natureza</p><p>intertemporal (a evolução da intensidade da poluição à medida que aumenta a renda</p><p>de um determinado país) com fenômenos “horizontais” observáveis, comparando as</p><p>situações em países em diferentes estágios de crescimento em um dado momento.</p><p>Existem basicamente três explicações para o fenômeno observado e para a relação</p><p>presumivelmente em forma de sino entre renda per capita e intensidade de emissões:</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 175</p><p>(a) pelo lado da oferta, o mix de produção evolui com o desenvolvimento econômico e</p><p>o crescimento da renda per capita, com uma transição de uma prevalência da atividade</p><p>agrícola e industrial mais poluente para uma economia de serviços, com mais bens</p><p>intangíveis e com maior concentração de bens não rivais; (b) existem economias</p><p>de escala na redução do custo da poluição, de modo que quando a economia e as</p><p>empresas crescem, elas se tornam mais eficientes em termos de impacto energético</p><p>e a quantidade de emissões é reduzida; (c) do lado do consumo, a ênfase é colocada</p><p>na qualidade do meio ambiente como um “bem de luxo” e, à medida que os cidadãos</p><p>se tornam mais ricos, uma atenção crescente é dada à qualidade do meio ambiente e,</p><p>com ela, à disposição de pagar por danos ambientais e votar em coligações políticas</p><p>mais atentas aos problemas ambientais.</p><p>Assim, seguindo a curva de Kuznets, movendo-se para a direita a partir dos níveis</p><p>de renda per capita mais baixos, a intensidade da poluição aumenta no início. O</p><p>problema do desenvolvimento econômico é de fato a preocupação dominante dos</p><p>cidadãos quando a economia é predominantemente nos setores agrícola e industrial.</p><p>Uma vez ultrapassado o ponto máximo da curva, quando a renda per capita continua</p><p>aumentando a partir de níveis mais altos, os cidadãos que já atingiram um nível</p><p>moderado de bem-estar passam a exigir qualidade de vida, limites de poluição e</p><p>espaços verdes quando a economia progressivamente evolui para a prevalência do</p><p>setor de serviços. A regulamentação tende a ficar mais rígida, e a expectativa de</p><p>novas restrições futuras também se torna um estímulo para que as empresas adotem</p><p>processos mais ecologicamente corretos.</p><p>Outro dado interessante sobre os estudos nessa área específica é a identificação da</p><p>relação entre a intensidade da poluição e outras variáveis de controle além da renda</p><p>per capita. Em estudos sobre a curva de Kuznets “ajustada”, destaca-se o papel de</p><p>diferentes fontes de energia nas emissões por sua contribuição a esses outros fatores,</p><p>por exemplo. Uma variável chave é a parcela de energia produzida por carvão, petróleo,</p><p>gás natural ou energia de fontes renováveis. Como sabem os especialistas em ciências</p><p>naturais, os países cuja composição da produção de energia é mais centrada no carvão</p><p>e no petróleo registram uma intensidade significativamente maior de poluição, o que</p><p>é consistente com as características técnicas da produção de energia dessas fontes</p><p>usando tecnologias tradicionais.</p><p>Um dos principais problemas na relação entre a economia e o meio ambiente diz</p><p>respeito aos recursos ambientais não apropriáveis e não renováveis, como o clima, que</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 176</p><p>é prejudicado por emissões de CO2 vinculadas ao consumo e à atividade econômica.</p><p>O impacto das emissões no aquecimento global é um problema de volume total</p><p>de emissões acumuladas ao longo dos anos, e não de fluxos. Em outras palavras,</p><p>a atmosfera leva muitos anos para se livrar da poluição acumulada por escolhas</p><p>passadas. Assim, mesmo que o fluxo de emissões caísse, uma vez ultrapassado</p><p>um certo acúmulo, um problema sério persistiria por muitos anos. Além disso, não</p><p>sabemos com certeza se há ou não um ponto sem retorno após a superação de um</p><p>determinado nível de poluição, com consequências para o planeta das quais seria difícil</p><p>recuperá-lo. Finalmente, uma tendência à redução da intensidade não nos garante</p><p>que o volume global de poluição produzida em um ano não continue aumentando.</p><p>Mais uma vez a economia se apresenta como uma área em que existem ferramentas</p><p>e oportunidades incríveis, como a hipótese da convergência condicional, os mecanismos</p><p>de reequilíbrio que muito lentamente corrigem as diferenças de renda por meio de</p><p>movimentos de trabalhadores, empresas e capitais (migração, investimento direto,</p><p>remessas e terceirização), oportunidades de desenvolvimento e inovação tecnológica.</p><p>Estes, no entanto, não produzem automaticamente os resultados desejados, exceto</p><p>por meio de orientação especializada e experiente que parte da consciência de nossas</p><p>responsabilidades e da sensibilidade para o bem dos outros.</p><p>Assim, o único otimismo possível é sugerido pelo fato de que a humanidade</p><p>tem o potencial e a oportunidade de responder com eficácia diante de situações de</p><p>emergência. A época em que vivemos é justamente quando os sinais de deterioração</p><p>do clima começam a produzir consequências visíveis, como aumento da temperatura</p><p>média do planeta, instabilidade climática e aumento de eventos climáticos extremos;</p><p>estes levaram a muitas iniciativas de instituições locais, nacionais e internacionais e</p><p>da sociedade civil para uma regulamentação ambiental mais rígida.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 177</p><p>CAPÍTULO 12</p><p>FUTURO DA SUSTENTABILIDADE</p><p>E GESTÃO DE RECURSOS</p><p>Este capítulo trata das prioridades da responsabilidade social - do ponto de vista da</p><p>sustentabilidade social, econômica e ambiental, depois a conexão entre desenvolvimento</p><p>sustentável e crescimento (crescimento ecológico e zero), economia circular, economia</p><p>de baixo carbono, responsabilidade social nas atividades da organização, indústria e</p><p>resíduos e implementação de tecnologias de inovação em energéticas.</p><p>12.1 Desenvolvimento e Crescimento Sustentável</p><p>O conceito de desenvolvimento sustentável estabelece um equilíbrio em que todos os</p><p>elementos do ecossistema global são consumidos na mesma medida. De alguma forma,</p><p>o desenvolvimento sustentável existe entre as pessoas desde o passado antigo. Lutando</p><p>para sobreviver, as pessoas precisam economizar racionalmente e, simultaneamente,</p><p>devem utilizar sua propriedade, meio ambiente e elementos agrícolas com muito cuidado.</p><p>Título: Sustentabilidade</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/natureza-terra-sustentabilidade-3294632/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 178</p><p>O papel do setor ambiental a longo prazo é focar a atenção nas seguintes áreas:</p><p>mudanças climáticas, abastecimento de água, proteção da biodiversidade, proteção e</p><p>uso sustentável dos recursos naturais, minimização da produção e gerenciamento de</p><p>resíduos, produção e consumo sustentáveis de produtos. Tudo isso deve ser estudado</p><p>em justaposição com a política de economia circular e crescimento verde.</p><p>Uma mudança fundamental na atitude do homem em relação à natureza ocorreu</p><p>na década de 1960, quando, após o auge do rápido desenvolvimento</p><p>econômico do</p><p>pós-guerra nos países industrializados, os problemas de poluição ambiental vieram à</p><p>tona. A produção industrial cresceu excepcionalmente rápido, aumentando não apenas</p><p>a quantidade de produção, mas também o desperdício do consumidor.</p><p>O passo básico para o desenvolvimento sustentável é construir e melhorar</p><p>continuamente instrumentos e instituições legais, incluindo mecanismos de controle</p><p>eficazes, servindo a todos os cidadãos e à sociedade como um todo para ajudar a</p><p>alcançar os objetivos traçados. A sua ação pode resultar numa melhoria gradual do</p><p>funcionamento das administrações públicas, de outras organizações e instituições</p><p>(as instituições educativas desempenham um papel fundamental) que, por sua vez,</p><p>influenciariam mudanças a longo prazo na orientação de valores e no comportamento</p><p>da população. A orientação de valores da população deve ser gradualmente alterada,</p><p>a produção sustentável e os padrões de consumo devem ser preferidos e, ao mesmo</p><p>tempo, os estilos de vida do consumidor devem ser econômica e moralmente</p><p>desvantajosos. Os indicadores da condição do meio ambiente (pesos e ameaças</p><p>ao meio rural) seriam melhorados como resultado da aplicação da nova filosofia de</p><p>desenvolvimento econômico e social da sociedade.</p><p>A gestão da qualidade e ambiental é um dos conceitos centrais no campo da</p><p>gestão. Qualidade Total e Gestão Ambiental são a vanguarda das abordagens na</p><p>implementação de estratégias de sustentabilidade multiprocesso. Consiste, portanto,</p><p>em uma abordagem de melhoria contínua da qualidade dos processos e produtos</p><p>intervindo no meio ambiente com a participação de todos os níveis e funções da</p><p>organização. O modelo provou ser uma das estruturas mais úteis e amplamente</p><p>implementadas para o estabelecimento de um sistema de gestão ambiental, pois</p><p>fornece às empresas uma estrutura para esclarecer o impacto ecológico de produtos</p><p>e processos. Ele ajuda a esclarecer vários equívocos sobre a relação entre qualidade</p><p>e proteção do meio ambiente (DAVIS, 2016):</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 179</p><p>• Desempenho ambiental dos produtos - além de preço e qualidade - está se</p><p>tornando o fator competitivo mais significativo;</p><p>• A opinião pública favorece cada vez mais as empresas que produzem seus</p><p>produtos ecologicamente corretos e, inversamente, discrimina as empresas que</p><p>negligenciam a proteção ambiental na forma de desinteresse do consumidor.</p><p>Isto tem impacto na criação da imagem da empresa, fazendo parte da sua</p><p>responsabilidade social;</p><p>• O setor de mercado de tecnologias ambientais está se expandindo cada vez</p><p>mais, o que também está relacionado com regras de proteção ambiental cada</p><p>vez mais rígidas. A demanda está crescendo, não apenas para instalações de</p><p>proteção do ar, tratamento de água, eliminação de resíduos, mas também para</p><p>tecnologias de baixo desperdício, fontes alternativas de produção de energia, etc.</p><p>Os negócios, se quiserem se estabelecer em mercados estrangeiros no futuro,</p><p>devem levar esses fatos em consideração no presente. Todos estes argumentos são</p><p>favoráveis à implementação de uma gestão empresarial orientada para o ambiente, cuja</p><p>essência é a integração da proteção ambiental no sistema de objetivos empresariais</p><p>e a adoção de uma estratégia adequada ao desenvolvimento de novos produtos para</p><p>a sua concretização (CALIJURI e CUNHA, 2013).</p><p>12.2 Crescimento Ecológico</p><p>Cientistas que defendem que o crescimento econômico em algum momento</p><p>começa a trazer mais efeitos negativos do que positivos estão propondo o chamado</p><p>“crescimento verde (ecológico)” como solução.</p><p>Segundo o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico</p><p>(OCDE), intitulado Rumo ao crescimento verde, o crescimento verde não apenas promove</p><p>o crescimento econômico e o desenvolvimento, mas também protege os recursos</p><p>naturais para que possamos continuar usando os recursos e serviços ambientais dos</p><p>quais nosso bem-estar social e qualidade de vida dependem (HEINRICHS, MARTENS,</p><p>e WIEK, 2016). É, assim, necessário promover o investimento e a inovação, que se</p><p>tornarão a base para um crescimento econômico sustentável e permitirão o surgimento</p><p>de novas oportunidades econômicas.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 180</p><p>Título: Rentabilidade e crescimento verde</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/dinheiro-lucro-finan%c3%a7a-o-neg%c3%b3cio-2696219/</p><p>O retorno ao modelo original não seria, de acordo com a OCDE, irracional e, em última</p><p>análise, insustentável, com riscos para o crescimento e desenvolvimento econômico</p><p>representados pelos custos e restrições associados ao capital humano. Isso pode</p><p>levar à escassez de água e outros recursos naturais, aumento da poluição do ar e da</p><p>água, mudanças climáticas e perda de biodiversidade. Essas consequências seriam</p><p>irreversíveis, por isso estratégias precisam ser adotadas para alcançar um crescimento</p><p>ecológico. De acordo com o relatório, o crescimento verde tem o potencial de resolver</p><p>problemas econômicos e ambientais e abrir o acesso a novas fontes de crescimento</p><p>por meio dos seguintes canais (HEINRICHS, MARTENS, e WIEK, 2016):</p><p>• Produtividade: incentivos para promover a eficiência no uso de reservas e recursos</p><p>naturais—aumentar a produtividade, reduzir o desperdício e o consumo de energia,</p><p>disponibilizar fontes alternativas para seu uso eficiente;</p><p>• Inovação: oportunidades de inovação estimuladas por medidas políticas e</p><p>condições estruturais que permitirão enfrentar os problemas ambientais de</p><p>novas formas;</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 181</p><p>• Novos mercados: criar novos mercados estimulando a demanda por tecnologias</p><p>e bens verdes e serviços, criando potencial para novos empregos;</p><p>• Confiança: aumentar a confiança do investidor por meio de melhor previsibilidade</p><p>e estabilidade das medidas pelas quais os governos abordarão os problemas</p><p>ambientais;</p><p>• Estabilidade: condições macroeconômicas estáveis — por exemplo, revisando</p><p>a composição e a eficiência, bem como os gastos públicos e aumentando as</p><p>receitas por meio de taxas de poluição. O risco dos seguintes efeitos negativos</p><p>sobre o crescimento pode diminuir:</p><p>• Falta de recursos que aumenta os custos de investimento, por exemplo,</p><p>quando uma infraestrutura de capital intensivo é necessária devido ao</p><p>esgotamento do abastecimento de água ou declínio na qualidade da água</p><p>(por exemplo, instalações de dessalinização). Nesse sentido, a perda de</p><p>capital natural pode ser superior aos ganhos da atividade econômica, o que</p><p>dificultaria a direção do crescimento sustentável;</p><p>• Desequilíbrios nos sistemas naturais que aumentam o risco de consequências</p><p>graves, repentinas e potencialmente irreversíveis, deixando grandes danos,</p><p>por exemplo, a algumas populações de peixes e podem também se refletir</p><p>na biodiversidade como resultado de mudanças climáticas persistentes. As</p><p>tentativas de identificação de um possível limite mostram que, em alguns</p><p>casos, como a mudança climática, o ciclo global do nitrogênio ou a perda</p><p>de biodiversidade, esse limite já foi ultrapassado.</p><p>Os defensores da ideologia do “crescimento verde” acreditam que, se removermos</p><p>o lado negativo do crescimento econômico (ou seja, aumentar o consumo de recursos</p><p>naturais não renováveis, aumentar o desmatamento, aumentar as emissões de CO2</p><p>etc.), gradualmente pararemos de sobrecarregar o meio ambiente, mas o “crescimento</p><p>tecnológico” será mantido. No entanto, essa abordagem de “crescimento verde” é uma</p><p>parte do problema e não uma solução para os desafios do crescimento econômico.</p><p>É também por isso que vários economistas e políticos veem o crescimento como a</p><p>única (ou mais simples) maneira de resolver os problemas causados pelo crescimento</p><p>(crescimento econômico, aumento das emissões, população, consumo de recursos</p><p>naturais, fontes</p><p>de energia, crescimento da dívida) (CALIJURI e CUNHA, 2013).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 182</p><p>12.3 Crescimento zero - estagnação econômica</p><p>Em 2001, o movimento “Degrowth” se estabeleceu na França, apoiando a teoria</p><p>ambiental de que a economia não precisa crescer. A primeira conferência sobre o</p><p>tema do decrescimento econômico foi realizada em 2008 em Paris, e a questão desse</p><p>caminho alternativo tornou-se atualmente um assunto de pesquisa acadêmica. Nesse</p><p>contexto, surgem novas noções – cultura de transição, vida simples, pós-crescimento</p><p>ou economia do colapso. Os defensores do movimento criticam especialmente o</p><p>sistema econômico baseado tanto no crescimento econômico estável quanto no</p><p>crescimento do PIB, que exige produção e consumo cada vez maiores. Tim Jackson,</p><p>economista ambiental britânico e professor de desenvolvimento sustentável, aponta</p><p>que o consumo geral de matérias-primas e energia continua crescendo, apesar da</p><p>produção eficiente e do progresso tecnológico. O consumo cresce mais rápido que</p><p>a eficiência. Os promotores do decrescimento buscam remover o vínculo entre os</p><p>sistemas político, tecnológico, educacional e de informação e os interesses econômicos</p><p>de curto prazo.</p><p>Um dos pioneiros do movimento é o francês François Schneider, pesquisador de</p><p>ecologia industrial que contribuiu para o estabelecimento do Instituto de Pesquisa para</p><p>uma Europa Sustentável em Viena (HEINRICHS, MARTENS, e WIEK, 2016). Os membros</p><p>do movimento defendem a diminuição da produção e do consumo porque, na visão</p><p>deles, o consumo excessivo é a base dos problemas ambientais e da desigualdade social</p><p>de longo prazo. Eles sustentam que a redução do consumo não precisa estar ligada</p><p>ao sofrimento dos indivíduos e à queda do padrão de vida (HEINRICHS, MARTENS, e</p><p>WIEK, 2016). Uma sensação de felicidade o contentamento pode ser percebida com</p><p>base na colaboração, menor consumo, maior interesse pela arte, música, família, cultura</p><p>e comunidade em que as pessoas vivem. No nível individual, o crescimento zero pode</p><p>ser alcançado pela simplificação voluntária da vida. Segundo Schneider, o objetivo é</p><p>uma “sociedade sustentável” que respeite os ecossistemas por meio da produção/</p><p>consumo/reciclagem adequados e uma sociedade que garanta a equidade entre as</p><p>pessoas no uso dos recursos naturais disponíveis.</p><p>12.4 Economia Circular</p><p>A economia circular é uma estratégia de desenvolvimento sustentável que estabelece</p><p>relações funcionais e saudáveis entre a natureza e a sociedade humana. Ao fechar</p><p>perfeitamente os fluxos de materiais em ciclos longos, contrapõe-se ao nosso atual</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 183</p><p>sistema linear, onde as matérias-primas são convertidas em produtos, vendidas e, ao</p><p>final de seus ciclos de vida, incineradas ou aterradas.</p><p>A economia circular e seus princípios básicos baseiam-se na ideia de que todos os</p><p>fluxos de produtos e materiais devem ser reenvolvidos em seus ciclos após seu uso,</p><p>onde se tornarão novamente recursos para novos produtos e serviços. Isso significa</p><p>que os resíduos como tais não existirão mais. Embora a substituição de materiais</p><p>primários por secundários possa oferecer parte da solução, a reciclagem não representa</p><p>uma solução definitiva ou atraente, pois seus processos são intensivos em energia</p><p>e geralmente significam a degradação de materiais – o que leva ao aumento da</p><p>demanda para materiais originais.</p><p>Título: Modelo de desenvolvimento de produtos voltado à economia circular</p><p>Fonte: Oliveira, França e Rangel (2019)</p><p>A economia circular vai além da reciclagem, pois se baseia em um sistema industrial</p><p>restaurador, levando ao fim do desperdício. A reciclagem pode ser pensada como a</p><p>capa exterior de toda a economia circular, exigindo um maior consumo de energia do</p><p>que a capa interior da economia circular, o que significa, acima de tudo, reparação/</p><p>modificação, reutilização ou tratamento.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 184</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>Em nossa economia atual, pegamos materiais da Terra, fabricamos produtos com</p><p>eles e, eventualmente, os jogamos fora como lixo – o processo é linear. Em uma</p><p>economia circular, por outro lado, paramos de produzir resíduos em primeiro lugar.</p><p>Devemos transformar todos os elementos do nosso sistema take-make-waste:</p><p>como gerimos os recursos, como fazemos e usamos os produtos e o que fazemos</p><p>com os materiais posteriormente. Só então poderemos criar uma economia circular</p><p>próspera que possa beneficiar a todos dentro dos limites do nosso planeta.</p><p>Saiba mais acessando este link: https://g1.globo.com/ap/amapa/</p><p>noticia/2023/05/29/economia-circular-conheca-os-beneficios-para-o-meio-ambiente-</p><p>e-o-desenvolvimento-sustentavel.ghtml</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>12.5 Economia de Baixo Carbono</p><p>A crise ambiental global decorre em grande parte de um sistema global de energia</p><p>baseado em fontes de energia fóssil (DAVIS, 2016). Cerca de 80% de toda a energia</p><p>primária do mundo vem do carvão, petróleo e gás (DAVIS, 2016). Quando esses recursos</p><p>estão sendo queimados, eles liberam CO2, que altera as condições climáticas da Terra,</p><p>a aquecendo gradualmente. As bases físicas desses processos são conhecidas há</p><p>mais de 100 anos. No entanto, várias empresas petrolíferas também gastam dinheiro</p><p>criando ambiguidades onde os cientistas já chegaram a um acordo claro: se queremos</p><p>salvar a Terra, garantir o bem-estar social e a qualidade de vida das gerações futuras,</p><p>devemos mudar nosso foco para um novo sistema de energia de baixo carbono.</p><p>Segundo HINRICHS (2009), essa transformação consiste em três partes:</p><p>1. Melhor eficiência energética – para alcançar o mesmo nível de bem-estar</p><p>consumindo menos energia do que antes (por exemplo, para construir edifícios</p><p>que aproveitarão a luz solar e a circulação natural do ar e exigirão menos energia</p><p>para aquecimento e ar condicionado);</p><p>2. Uso de energia solar, eólica, hídrica e geotérmica e outras formas que não sejam</p><p>baseadas em combustíveis fósseis tanto quanto possível e, quando necessário,</p><p>uso de combustíveis fósseis apenas de forma limitada. Existem tecnologias que</p><p>utilizam essas alternativas com segurança, a um preço acessível e em escala</p><p>suficiente para substituir quase todo o carvão e grande parte do petróleo que</p><p>consumimos hoje. Apenas o gás natural, o combustível fóssil de queima mais</p><p>pura, permaneceu uma importante fonte de energia;</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 185</p><p>3. Captação das emissões de CO2 das usinas antes que escapem para a atmosfera.</p><p>O CO2 aprisionado seria então bombeado para o subsolo ou abaixo do fundo do</p><p>mar, onde seria armazenado com segurança por um longo período. O método de</p><p>captura e armazenamento de carbono já é usado em pequena escala e, se for</p><p>apropriado para uso generalizado, países dependentes de carvão (China, Índia</p><p>e Estados Unidos) podem continuar explorando seus estoques.</p><p>As estratégias de energia de baixo carbono também podem incluir um aumento do</p><p>imposto sobre as emissões de CO2, esforços para pesquisar e desenvolver tecnologias</p><p>de baixo carbono, a transição para veículos elétricos e regulamentos que levem à</p><p>eliminação gradual de todas as usinas de queima de carvão, com exceção daqueles</p><p>que empregam captura e armazenamento de carbono. Davis (2016) vê um problema</p><p>no fato de que nos países onde grupos de lobby poderosos defendem os interesses</p><p>estabelecidos de carvão ou petróleo, os políticos em sua maioria não estão interessados</p><p>em promover a energia de baixo carbono.</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Uma economia de baixo carbono é uma nova abordagem que gradualmente</p><p>impulsiona o conceito de desenvolvimento sustentável até o momento. É uma</p><p>visão de economia em que as considerações de combate às mudanças climáticas,</p><p>economia, eficiência</p><p>e racionalidade no uso dos recursos naturais, bem como a</p><p>proteção do meio ambiente, são percebidas pela ótica da economia.</p><p>A economia de baixo carbono oferece soluções para combater as mudanças</p><p>climáticas e o declínio ambiental, e também pode ser uma ferramenta para a recuperação</p><p>econômica e a criação de novas oportunidades de negócios e empregos. Este conceito</p><p>se sobrepõe à economia do conhecimento e também inclui respostas a questões</p><p>relativas à estabilidade e independência de fontes de energia fósseis. A economia</p><p>de baixo carbono tornou-se tema da agenda política, da Estratégia Europa 2020 e</p><p>das políticas da União Europeia nas próximas décadas. A União estabelece metas</p><p>obrigatórias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, reduzir o consumo</p><p>de energia e substituir fontes de energia fósseis tradicionais por fontes renováveis.</p><p>A Comissão Europeia desenvolveu um “Roteiro para passar para uma economia</p><p>competitiva de baixo carbono em 2050” e incorporou as mesmas considerações nas</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 186</p><p>estratégias e planos de energia e transporte. A política regional incluirá a prioridade de</p><p>investimento “Transição para uma economia de baixo carbono em todos os setores” e</p><p>espera-se que cada estado membro aloque o dinheiro adequado dos fundos do euro</p><p>para ela (HEINRICHS, MARTENS e WIEK, 2016).</p><p>A primeira revolução industrial trouxe mudanças civilizacionais no século XIX. Como</p><p>resultado da introdução de tecnologias movidas a vapor (trem, máquinas de impressão),</p><p>surgiram os primeiros materiais impressos, livros e revistas, a alfabetização cresceu</p><p>e foram estabelecidas fábricas que produziam um grande número de mercadorias.</p><p>Na Segunda Revolução Industrial, as pessoas substituíram seus cavalos por carros, o</p><p>que logicamente estava relacionado a uma maior demanda por petróleo. Nos Estados</p><p>Unidos, que se tornaram o maior produtor mundial de petróleo, a rede de autoestradas</p><p>começou a se espalhar em poucos anos. Outra grande mudança foi provocada pela</p><p>invenção do telefone, do rádio e da televisão. Mudanças radicais semelhantes às</p><p>desencadeadas pela primeira e segunda revoluções industriais devem acompanhar</p><p>uma terceira revolução industrial.</p><p>Os oponentes da Terceira Revolução Industrial argumentam que as fontes alternativas</p><p>de energia não são suficientes para impulsionar a economia mundial e cobrir nosso</p><p>consumo atual de energia. A energia geotérmica representa um grande potencial de</p><p>energia verde quase não utilizada até agora. O futuro reside também nas pequenas</p><p>produções de energias alternativas que qualquer agregado familiar pode ter. Ao mesmo</p><p>tempo, terão de ser construídos repositórios de energias renováveis e, para já, os</p><p>repositórios de hidrogênio parecem ser uma opção adequada.</p><p>12.6 Implementação da responsabilidade social nas atividades da organização</p><p>Para fins de integração da responsabilidade social, as organizações podem ter</p><p>técnicas especiais, criadas para introduzir novos procedimentos em seus próprios</p><p>processos de tomada de decisão, bem como nas atividades, podem também ter</p><p>sistemas eficazes de comunicação ou avaliação interna. Por outro lado, as organizações</p><p>podem ter sistemas sofisticados de governança corporativa ou outros aspectos de</p><p>responsabilidade social.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 187</p><p>Título: Estratégia e Planejamento</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/financeiro-anal%c3%adtica-borr%c3%a3o-2860753/</p><p>A implementação da responsabilidade social na práxis decorre das estratégias</p><p>e sistemas existentes. Algumas atividades são realizadas de uma nova forma, ou</p><p>organizações/empresas criaram técnicas para implementar novos procedimentos.</p><p>Seguindo os procedimentos existentes ou recém-estabelecidos, é necessário</p><p>identificar vínculos e avaliações entre as características básicas da organização e a</p><p>responsabilidade social. Segue-se que é necessário identificar temas de responsabilidade</p><p>social dentro de cada área-chave. Dentro das possibilidades, a avaliação incluirá</p><p>(ALIGLERI, ALIGLERI, e KRUGLIANSKAS, 2009):</p><p>• Tipo e tamanho da organização, o propósito e a natureza de suas atividades:</p><p>• Locais em que a organização atua, incluindo avaliação, existência de marco</p><p>legal em relação à responsabilidade social, avaliação de características</p><p>sociais, ambientais e econômicas;</p><p>• Informações sobre as atividades de responsabilidade social da organização</p><p>em períodos anteriores;</p><p>• Características da força de trabalho ou funcionários;</p><p>• Condições de trabalho e proteção social:</p><p>• Diálogo social;</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 188</p><p>• Segurança e proteção da saúde no trabalho;</p><p>• Papéis, visões, valores, princípios e código de conduta.</p><p>• Interesses das partes interessadas internas e externas, incluindo responsabilidade</p><p>social:</p><p>• Estrutura e natureza da tomada de decisão na organização; e</p><p>• Desenvolvimento pessoal e treinamento no trabalho.</p><p>O objetivo da responsabilidade social é contribuir para o desenvolvimento sustentável,</p><p>a prosperidade social e a saúde. A responsabilidade social torna-se assim uma das</p><p>influências importantes no desempenho da organização. Mais do que nunca, o</p><p>desempenho de uma organização em relação ao ambiente social em que opera e seu</p><p>impacto na natureza do meio ambiente tornam-se uma parte crítica da avaliação de</p><p>seu desempenho geral e de sua capacidade de operar com eficácia. Reflete o crescente</p><p>reconhecimento da necessidade de garantir um ecossistema saudável, igualdade social</p><p>e governança na organização, contribuindo para a qualidade de vida. Com frequência</p><p>cada vez maior, as organizações estão sendo expostas a visões críticas das partes</p><p>interessadas, incluindo clientes e consumidores (prosumidor = produtor e consumidor),</p><p>trabalhadores, membros da comunidade, ONGs, financiadores, investidores, empresas</p><p>e outras entidades comerciais.</p><p>12.7 Indústria e Resíduos</p><p>No passado, a separação de resíduos era um termo desconhecido para as pessoas.</p><p>Vivemos tempos em que cada vez mais pessoas se conscientizam não só da necessidade</p><p>de minimizar a geração de resíduos, mas também do tratamento e valorização dos</p><p>resíduos que geram, que nos rodeiam. A separação de resíduos é importante no</p><p>processo de recuperação de materiais, e apresenta as seguintes vantagens:</p><p>• Menor taxa de falha do equipamento ou menores custos de manutenção;</p><p>• Melhor valor calórico de componentes queimáveis selecionados;</p><p>• Melhoria da qualidade do ambiente; e</p><p>• Taxas mais baixas para os residentes.</p><p>A indústria produz muitos resíduos industriais por meio de suas tecnologias. Esses</p><p>chamados subprodutos da produção poluem e desvalorizam o meio ambiente nos</p><p>arredores próximos e distantes. Por muitas razões, o termo “resíduos industriais” não</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 189</p><p>é considerado totalmente correto e apropriado. Em princípio, é uma matéria-prima</p><p>secundária que, mesmo nas condições atuais, já é utilizada ou é uma matéria-prima</p><p>secundária que, com os conhecimentos atuais de ciência e tecnologia, ainda não é</p><p>eficiente (considerando custos e utilidade) ou utilizável para a produção de novos</p><p>produtos.</p><p>Após os processos de produção, os insumos são processados em volumes</p><p>maiores e, subsequentemente, as quantidades de substâncias residuais do processo</p><p>de produção aumentam. Os tipos individuais de resíduos incluem produtos sólidos,</p><p>líquidos e gasosos de todas as indústrias, bem como resíduos de todos os tipos.</p><p>Uma utilização mais sofisticada e eficiente destes resíduos é acompanhada, por um</p><p>lado, por uma situação difícil no que diz respeito às matérias-primas, por outro, por</p><p>uma maior ameaça ao ambiente por parte dos diversos resíduos. Atualmente, uma</p><p>ênfase significativa é</p><p>colocada na gestão de resíduos, minimização de resíduos,</p><p>bem como na utilização de matérias-primas secundárias. Processos de produção</p><p>homogêneos e abordagens para sua gestão também podem afetar de maneira</p><p>significativa uma concepção de produção de resíduos. A produção de resíduos no</p><p>campo da tecnologia está atualmente em uma tendência crescente. A quantidade</p><p>de resíduos municipais e perigosos também tem apresentado uma tendência</p><p>ascendente nos últimos anos.</p><p>12.8 Progresso científico e tecnológico sustentável e implementação de tecnologias</p><p>de inovação em energéticas</p><p>Embora haja mudanças graduais na Europa em direção a um futuro “verde”</p><p>e sustentável, os Estados Unidos ainda acreditam no crescimento econômico</p><p>desenfreado, na produção ilimitada e no consumo de fontes tradicionais de energia,</p><p>Japão, Índia e Oriente Médio adotam uma postura semelhante à dos Estados</p><p>Unidos (DAVIS, 2016). Governos autoritários e oligarcas que enriqueceram com</p><p>petróleo ou controlaram países por décadas rejeitam a ideia de fontes alternativas</p><p>de energia. Isso ocorre porque o petróleo e o gás natural são as chamadas “fontes</p><p>de energia de elite” que não podem ser encontradas em todos os lugares e que</p><p>não são acessíveis a todos.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 190</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Oligarcas, xeiques, políticos e vários grupos de interesse não estão interessados em</p><p>mudanças nos recursos e no consumo de energia, porque adquiriram sua riqueza</p><p>e poder, graças à produção e consumo de fontes tradicionais de energia. Situação</p><p>semelhante existe na indústria nuclear. A maioria dos países interromperam seus</p><p>programas nucleares após o desastre de Chernobyl, mas a indústria nuclear</p><p>agora está se destacando como a melhor solução para a mudança climática, o</p><p>aquecimento global e a escassez de fontes de energia fóssil. Grupos de lobby</p><p>nuclear estão persuadindo governos de países individuais de que eles não precisam</p><p>introduzir mudanças em relação a fontes alternativas de energia renovável por</p><p>causa da energia nuclear relativamente acessível e limpa.</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>As estimativas da durabilidade dos estoques de recursos referem-se principalmente à</p><p>tendência atual de produção e consumo e à população atual da Terra. O tempo de vida</p><p>declarado se aplica apenas se a produção e o consumo do recurso permanecerem em</p><p>seu nível atual. No entanto, a tendência mundial no consumo de energia é caracterizada</p><p>pelo crescimento constante da produção e do consumo em todos os continentes.</p><p>Apesar das diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, os analistas</p><p>esperam um aumento no consumo de energia fóssil em todas as áreas do mundo. Isso</p><p>está relacionado não apenas ao crescimento da população da Terra, mas também ao</p><p>aumento do consumo e da renda da população e à taxa de crescimento da economia.</p><p>A durabilidade dos estoques de recursos é crucial para o desenvolvimento futuro do</p><p>consumo.</p><p>A implementação de tecnologias inovadoras no quadro do progresso científico e</p><p>tecnológico pode, em alguns casos, estar ligada aos efeitos do chamado feedback</p><p>macroeconômico, não abordando problemas relacionados com a preferência por um</p><p>crescimento econômico estável e o aumento do consumo associado de recursos</p><p>naturais e energéticos, aumento da população e consumo de materiais, bem como</p><p>problemas ambientais e outros relacionados. No entanto, existe também a chamada</p><p>“nova mudança de estilo de vida” que deve visar a redução do consumo injustificado</p><p>de forma a desenvolver outro tipo de economia (de preferência crescimento zero ou</p><p>verde) que reflita as necessidades reais e não as necessidades induzidas artificialmente</p><p>pelas ferramentas de comunicação de marketing.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 191</p><p>Título: Crescimento verde</p><p>Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/l%c3%a2mpada-el%c3%a9trica-reserva-natural-6798760/</p><p>É também necessário promover o aproveitamento eficiente e justificado do potencial</p><p>das fontes de energia renováveis nas regiões e aplicar os princípios do chamado “smart</p><p>energy”, que incluem a autossuficiência, o controle local, a sustentabilidade, o apoio</p><p>à economia local e eficiência.</p><p>Esforçando-se para garantir o bem-estar social e a qualidade de vida da população,</p><p>cumprindo a aplicação das soluções propostas, a economia não tem de assentar</p><p>apenas no crescimento econômico estável e outras vertentes conexas (aumento do</p><p>consumo de recursos naturais e recursos energéticos) que podem ser a causa dos</p><p>problemas ambientais, econômicos, demográficos e sociais acima mencionados.</p><p>https://pixabay.com/pt/illustrations/l%c3%a2mpada-el%c3%a9trica-reserva-natural-6798760/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 192</p><p>CAPÍTULO 13</p><p>INDICADORES SOCIAIS DE</p><p>GESTÃO SUSTENTÁVEL</p><p>DE RECURSOS</p><p>É a Declaração do Rio em 1992 que coloca os seres humanos no centro das</p><p>preocupações de desenvolvimento sustentável, criando o conceito de desenvolvimento</p><p>humano sustentável e colocando metas importantes em termos de medição. O desafio</p><p>de medir o desenvolvimento humano sustentável está na criação de novos indicadores,</p><p>nos quais os sociais desempenham um papel cada vez mais importante e precisam ser</p><p>combinados por meio de estruturas contábeis, abordagens abrangentes e a construção</p><p>de índices compostos. Este capítulo abordará a importância e a evolução na medição</p><p>desses indicadores sociais para poder avaliar se o crescimento desejado é realmente</p><p>alcançado, equitativo e capacita as pessoas, amplia suas opções e permite que elas</p><p>participem das decisões que afetam suas vidas longas, livres e saudáveis (HINRICHS,</p><p>2009).</p><p>13.1 Introdução</p><p>A questão do desenvolvimento sustentável é muito ampla, englobando a</p><p>sustentabilidade ao longo do tempo de crescimento econômico, social e ambiental,</p><p>em um momento em que o domínio humano sobre o sistema terrestre tem levado</p><p>a uma série de problemas como perda de biodiversidade, mudança climática</p><p>global, superexploração de recursos naturais, degradação da qualidade ambiental e</p><p>desigualdade e instabilidade socioeconômica que precisam ser medidos e enfrentados.</p><p>Portanto, pode-se dizer que alcançar o desenvolvimento sustentável é a questão mais</p><p>premente de nosso tempo.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 193</p><p>Figura - Sustentabilidade</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-segurando-uma-planta-verde-1072824/</p><p>Ao se referir a desenvolvimento sustentável, é necessário partir da definição</p><p>apresentada no relatório Brundtland (HEINRICHS, MARTENS, e WIEK, 2016), elaborado</p><p>pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento sob o título “Nosso</p><p>Futuro Comum”. Este relatório enfoca os modelos de desenvolvimento e seu impacto</p><p>no funcionamento dos sistemas ecológicos, destacando que os problemas do</p><p>meio ambiente e, portanto, das possibilidades de um “modelo de desenvolvimento</p><p>sustentável”, estão diretamente relacionados aos problemas da pobreza, da satisfação</p><p>da alimentação básica, necessidades de saúde e habitação, de uma matriz energética</p><p>que privilegie as fontes renováveis e do processo de inovação tecnológica. Nesse quadro</p><p>de ideias, o Relatório Brundtland propõe a busca do “desenvolvimento sustentável”</p><p>como alternativa, deixando uma definição que opera em relação a um destino, o que</p><p>implica responsabilidade intergeracional.</p><p>Desde este relatório, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente promoveu</p><p>documentos, conferências, compromissos e recursos dos países para proteger e cuidar</p><p>do nosso planeta dos efeitos negativos do crescimento. A Declaração do Rio de 1992</p><p>é importante a esse respeito. Coloca o ser humano no centro das preocupações</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>de negócios.</p><p>1.5.1 Componente social</p><p>O componente social do modelo de desenvolvimento sustentável visa melhorar</p><p>a qualidade de vida e o bem-estar da sociedade, juntamente com o aumento da</p><p>eficiência econômica para acelerar a prosperidade material e o progresso econômico.</p><p>O objetivo básico é manter a estabilidade social, levando em conta as relações sociais,</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21</p><p>as interações sociais, o padrão de comportamento e os valores da humanidade. Esta</p><p>componente social sugere que é imperativo compreender e sanar as mazelas sociais</p><p>emergentes como manifestação do crescimento macroeconômico para manter e elevar</p><p>o bem-estar da sociedade presente e futura. O desenvolvimento sustentável envolve</p><p>um processo de mudança profunda na ordem política, social, econômica, institucional</p><p>e tecnológica, incluindo a redefinição das relações entre os países em desenvolvimento</p><p>e os mais desenvolvidos. A abordagem social requer distribuição equitativa de bens e</p><p>serviços para promover o desenvolvimento humano em todos os aspectos, abrangendo</p><p>subsistência, saúde e educação, promoção de educação adequada, treinamento de</p><p>todos os membros da sociedade, criação e adaptação de mecanismos e estruturas</p><p>políticas e institucionais para fornecer flexibilidade e autonomia e regulação do sistema</p><p>socioeconômico, proteção e promoção das unidades de saúde, redução e eliminação</p><p>da pobreza através do acesso dos pobres a meios de subsistência sustentáveis e</p><p>promoção do desenvolvimento humano.</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>Um trade-off na sustentabilidade corporativa ocorre quando as empresas</p><p>devem tomar decisões que podem beneficiá-las em uma área, mas impactar</p><p>negativamente em outra. Por exemplo, uma empresa pode optar por investir mais</p><p>em fontes de energia renováveis, o que pode reduzir suas emissões de carbono e</p><p>ajudar o meio ambiente.</p><p>No entanto, isso pode ser caro para a empresa e exigir que eles desviem recursos</p><p>de outras áreas, como salários de funcionários ou pesquisa e desenvolvimento.</p><p>Como outro exemplo, uma empresa pode decidir se concentrar na redução de</p><p>resíduos implementando programas de reciclagem em suas instalações. Embora</p><p>isso possa melhorar o desempenho ambiental, também pode aumentar os custos</p><p>operacionais e diminuir os lucros da empresa.</p><p>Os trade-offs são uma parte inevitável de qualquer processo de tomada de</p><p>decisão e apresentam desafios únicos para empresas que buscam metas</p><p>de sustentabilidade. As empresas devem avaliar cuidadosamente os riscos e</p><p>recompensas potenciais de qualquer decisão para garantir que estão fazendo uma</p><p>escolha responsável. É importante que as empresas considerem os impactos de</p><p>curto e longo prazo ao avaliar as compensações em sustentabilidade, bem como</p><p>suas próprias capacidades e recursos.</p><p>Saiba mais acessando este link: https://portal.fgv.br/noticias/estudo-propoe-</p><p>estrategias-gerenciar-sustentabilidade-corporativa</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22</p><p>A sustentabilidade é uma abordagem comum relacionada à gestão de projetos,</p><p>programas, instituições, organizações, pessoas e outras entidades que requerem</p><p>produção, marketing, distribuição e entrega de produtos e serviços eficazes e eficientes</p><p>(HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>Geralmente, para que os projetos sejam sustentados, certas métricas e padrões</p><p>precisam ser definidos a partir da identificação do projeto por meio de estudos</p><p>de viabilidade, formulação, desenho, avaliação, financiamento, implementação,</p><p>monitoramento e avaliação. É quase que uma verdade absoluta admitir que a causa de</p><p>muitos projetos fracassarem se dá à falta de um plano de sustentabilidade apropriado.</p><p>Portanto, é muito necessário para uma análise abrangente dos ambientes social,</p><p>econômico, legal, cultural, educacional e político para a implementação do projeto. A</p><p>filosofia do projeto, missão, visão, valores, objetivos, devem ser totalmente articulados</p><p>e declarados no plano. O envolvimento das partes interessadas e defensoras é de</p><p>suma importância, uma vez que facilita alguns preparativos logísticos. A avaliação</p><p>dos beneficiários, os estudos da estrutura legal e regulatória, a análise de marketing e</p><p>concorrência, o desenvolvimento de parcerias e a análise institucional abrem espaço</p><p>para uma implementação eficaz e eficiente (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>Figura – Parâmetros da Sustentabilidade</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23</p><p>Os parâmetros da sustentabilidade são formados a partir dos aspectos sociais,</p><p>econômicos e ambientais. Esses, por sua vez, se inter-relacionam, gerando novos</p><p>parâmetros que devem ser considerados no gerenciamento de projetos.</p><p>O parâmetro suportável refere-se às variáveis socioambientais que devem ser</p><p>observadas ao longo do gerenciamento do projeto. Alguns exemplos dessas variáveis</p><p>incluem: saúde e segurança; regulamentos e legislações; mudanças climáticas</p><p>(HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>O requisito viável se relaciona com a viabilidade de sua execução, considerando os</p><p>recursos econômicos e ambientais necessários. Alguns exemplos incluem a eficiência</p><p>energética; eficiência de recursos; índices de consumos e de gestão (pegada ecológica,</p><p>logística reversa etc.) (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>Por fim, o projeto equitável refere-se a sua capacidade em promover aspectos</p><p>socioeconômicos entre as partes interessadas. Alguns exemplos são: geração de</p><p>emprego e renda local; treinamento e desenvolvimento; participação da comunidade</p><p>em eventos internos e externos; etc. (HEINRICHS e MARTENS, 2016).</p><p>1.6. Tendências e Desafios Globais</p><p>As preocupações com a sustentabilidade estão cada vez mais incorporadas à</p><p>agenda e às políticas de desenvolvimento desde a segunda metade do século XX.</p><p>Com diversidade de sociedades humanas e ecossistemas ao redor do mundo, os</p><p>desafios do desenvolvimento sustentável são heterogêneos e complexos (DAVIS, 2016).</p><p>A percepção e o grau de comprometimento com a sustentabilidade evidenciaram o</p><p>papel das questões e desafios locais na preservação dos recursos ambientais com</p><p>eficiência econômica e equidade social.</p><p>Embora os ODS tenham uma dimensão global, suas ações implementadas são locais.</p><p>Os ODS a serem abordados em diferentes regiões dependem do nível de importância</p><p>que diferentes países atribuem a eles e de questões e desafios internos que surgem</p><p>no nível do país. Muitas estruturas de sustentabilidade foram desenvolvidas em nível</p><p>de país para entender o impacto das decisões locais em escala global e para melhor</p><p>gerenciar as ambições de desenvolvimento ambiental e econômico até 2030.</p><p>Alinhada com a implementação dos ODS da Agenda 2030, uma estrutura de</p><p>indicadores foi desenvolvida para monitorar o progresso e entender o estágio de aliança</p><p>entre o desenvolvimento sustentável e as políticas existentes, bem como para refletir</p><p>a responsabilidade das partes interessadas.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>O Brasil assumiu o compromisso com os 17 ODS. Os objetivos específicos que o</p><p>Brasil está focando incluem: Acabar com a pobreza em todas as suas formas em</p><p>todos os lugares; acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar</p><p>a nutrição e promover a agricultura sustentável; assegurar uma educação de</p><p>qualidade inclusiva e equitativa; e elaborar leis que sejam eficazes na proteção dos</p><p>ecossistemas contra a degradação dentro de suas fronteiras</p><p>Para atingir essas metas, o Brasil tomou várias medidas nos últimos anos, como</p><p>criar novos programas de proteção social como o Bolsa Família ou investir</p><p>pesadamente em energias renováveis como usinas de geração de energia eólica</p><p>ou parques de energia solar localizados em todo o vasto território do país. Além</p><p>disso, também</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 194</p><p>relacionadas ao desenvolvimento sustentável: “Ele tem direito a uma vida saudável e</p><p>produtiva em harmonia com a natureza” (Princípio 1).</p><p>É competência dos Estados garantir a proteção do meio ambiente e dos recursos</p><p>naturais para as gerações presentes e futuras. O meio ambiente é elemento integrante do</p><p>desenvolvimento e todos os Estados devem cooperar com a tarefa essencial de erradicar</p><p>a pobreza como requisito indispensável do desenvolvimento sustentável. Nesse sentido,</p><p>estabelece o novo conceito de Desenvolvimento Humano Sustentável, uma vez que não</p><p>se entende Desenvolvimento Humano sem sustentabilidade, nem sustentabilidade sem</p><p>Desenvolvimento Humano. É por isso que o diretor do Programa das Nações Unidas</p><p>para o Desenvolvimento o define assim: “Devemos unir o desenvolvimento sustentável e</p><p>o desenvolvimento humano e uni-los não apenas em palavras, mas em ações, todos os</p><p>dias, no terreno, em todo o mundo. O desenvolvimento humano sustentável não apenas</p><p>gera crescimento, mas também distribui seus benefícios de forma equitativa; regenera</p><p>o meio ambiente em vez de destruí-lo; capacita as pessoas em vez de marginalizá-</p><p>las; expande as escolhas e oportunidades das pessoas; e lhes permite participar das</p><p>decisões que afetam suas vidas. O desenvolvimento humano sustentável é pró-pobres,</p><p>pró-natureza, pró-emprego e pró-mulheres. Enfatiza o crescimento, mas crescimento</p><p>com empregos, crescimento com proteção ambiental, crescimento que capacita as</p><p>pessoas, crescimento com equidade” (CALIJURI e CUNHA, 2013).</p><p>A Agenda 21 (dentro da Declaração do Rio de 1992 sobre Meio Ambiente e</p><p>Desenvolvimento) convocou os países a desenvolver indicadores de desenvolvimento</p><p>sustentável de forma a “contribuir para a autorregulação da sustentabilidade, um plano</p><p>de ação endossado por mais de 170 governos nacionais”.</p><p>O desafio de medir o desenvolvimento humano sustentável reside no desenvolvimento</p><p>de novos indicadores, sendo necessário combiná-los por meio de estruturas contábeis,</p><p>abordagens globais e a criação de índices compostos. O principal objetivo deste capítulo</p><p>é analisar como a criação desses indicadores evoluiu e melhorou, especialmente os</p><p>indicadores sociais que estão se tornando cada vez mais importantes (DAVIS, 2016).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 195</p><p>Figura - Modelo pressão-estado-resposta</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>Os sistemas internacionais (OCDE, ONU, UE) têm surgido como uma referência</p><p>importante para a elaboração de sistemas nacionais e regionais, especialmente</p><p>em países desenvolvidos. Eles forneceram novas estruturas e diretrizes para</p><p>adaptá-los a outras escalas geográficas, bem como um grande número de</p><p>benchmarks e procedimentos técnicos para o cálculo de indicadores. Geralmente,</p><p>eles tomam como valores objetivos aqueles que foram elaborados nos diferentes</p><p>tratados, convenções ou objetivos em nível global (Protocolo de Kyoto, Objetivos</p><p>do Milênio, Agenda 21, até mesmo os atuais Objetivos de Desenvolvimento</p><p>Sustentável) e buscam que os países usam seus indicadores como um guia para a</p><p>implementação de Programas e Planos de Desenvolvimento Sustentável.</p><p>Saiba mais em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs</p><p>Fonte: Autor (2023)</p><p>13.2 Medição da Sustentabilidade</p><p>Os Sistemas de Indicadores de Sustentabilidade vêm passando por 30 anos de</p><p>contínua mudança e progresso em direção a modelos interdimensionais que permitem</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 196</p><p>uma avaliação fácil e confiável dos processos de desenvolvimento. Os primeiros</p><p>modelos de Sistemas de Indicadores de Sustentabilidade (SIS), principalmente de tipo</p><p>ambiental e de âmbito nacional ou supranacional, evoluíram para sistemas recentes</p><p>que contemplam de forma integrada a tríplice dimensão econômica, ambiental e social.</p><p>Assim, podemos identificar uma evolução dos índices em que poderíamos classificá-los.</p><p>13.2.1 Sistemas de primeira geração</p><p>Sua origem remonta à década de 1980, a partir das publicações coletadas pela</p><p>Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, e caracterizam-se</p><p>por serem muito teóricos e exclusivamente ambientais. Os principais “frameworks”</p><p>utilizados foram (DAVIS, 2016):</p><p>• Pressão-estado-resposta</p><p>• Força Motriz-Estado-Resposta</p><p>• Força Motriz-Pressão-Estado-Resposta</p><p>• Força Motriz-Pressão-Estado-Impacto-Resposta</p><p>13.2.2 Sistemas de segunda geração</p><p>Seu uso iniciou-se na década de 1990, por meio do desenvolvimento de sistemas</p><p>em nível nacional, destacando as iniciativas empreendidas pelo México, Chile, Estados</p><p>Unidos, Reino Unido, Espanha (DAVIS, 2016) etc.</p><p>A abordagem multidimensional (econômica, ambiental e social) do desenvolvimento</p><p>sustentável é incorporada. Nos últimos anos, uma quarta dimensão, a institucional,</p><p>ganhou força devido à relevância e influência das políticas ditadas pelos órgãos</p><p>de controle (governos locais e nacionais, organizações internacionais, etc.). O</p><p>desenvolvimento desses sistemas tem sido liderado pela Comissão de Desenvolvimento</p><p>Sustentável das Nações Unidas, com indicadores que estão incluídos em cada uma</p><p>das dimensões do desenvolvimento, mas sem estarem vinculados entre si.</p><p>Em 2006, o Grupo de Especialistas em Indicadores de Sustentabilidade reuniu-se</p><p>para revisar a lista publicada em 2001, resultando em 14 questões, que agrupam os</p><p>96 indicadores desenvolvidos (HEINRICHS, MARTENS, e WIEK, 2016). Os indicadores,</p><p>aplicados em âmbito geográfico nacional, foram classificados em básicos (relevantes</p><p>para a maioria dos países) e não essenciais (ou complementares que fornecem</p><p>informações adicionais ou referem-se a problemas relevantes em alguns países). Os</p><p>14 tópicos acordados são Pobreza, Governança, Saúde, Educação, Demografia, Riscos</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 197</p><p>Naturais, Atmosfera, Terra, Oceanos, Mares e Costas; Água Potável, Biodiversidade,</p><p>Desenvolvimento Econômico, Cooperação Econômica Mundial e Padrões de Consumo</p><p>e Produção (HEINRICHS, MARTENS, e WIEK, 2016).</p><p>Outros sistemas que se destacam nesta segunda geração são (HEINRICHS,</p><p>MARTENS, e WIEK, 2016):</p><p>a) Estruturas de capital tentam calcular a riqueza de uma nação ou região com</p><p>base em diferentes tipos de capital. A abordagem do capital toma emprestado</p><p>o conceito de capital da economia e o expande para incluir vários tipos de</p><p>capital: capital manufaturado ou construído (todos os ativos produzidos que</p><p>compõem a economia humana em um sentido tradicional), capital natural (o</p><p>meio ambiente e os recursos naturais), capital humano (capacidades das pessoas</p><p>para trabalhar, incluindo conhecimento, habilidades e saúde) e capital social (o</p><p>estoque de redes sociais, confiança e arranjos institucionais).</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Um exemplo de estrutura baseada em capital é o sistema Daly Triangle defendido</p><p>pelo Balaton Group, uma rede internacional de pesquisadores e profissionais no</p><p>campo do desenvolvimento sustentável, que identifica o capital natural, construído,</p><p>humano e social.</p><p>As diferentes formas de capital são geralmente expressas nos mesmos termos</p><p>monetários, para que possam ser agregadas. O desenvolvimento sustentável, neste</p><p>contexto, pode ser interpretado de forma diferente dependendo se uma perspectiva</p><p>de sustentabilidade forte ou fraca é adotada. O capital natural pode ser substituído</p><p>por outros tipos de capital? Quais recursos naturais e serviços ecossistêmicos são</p><p>substituíveis? Quais são os limites de tais substituições? Estas são algumas das</p><p>questões críticas que precisam ser abordadas ao usar estruturas de capital. Outros</p><p>desafios do uso de uma estrutura de capital incluem problemas de monetização de</p><p>diferentes formas de capital, disputas sobre substituibilidade e questões de equidade</p><p>intrageracional.</p><p>b) Quadros contabilísticos integrados: referem-se</p><p>implementou medidas que visam promover uma maior igualdade de</p><p>gênero na sociedade, além de incentivar o gerenciamento mais eficiente de recursos</p><p>naturais como florestas ou rios em diferentes regiões do próprio Brasil.</p><p>Fonte: CRUEZ et al. (2022)</p><p>Em 6 de julho de 2017, um quadro de indicadores globais foi aceito pela Assembleia</p><p>Geral, e é mantido na Resolução tomada pela Assembleia Geral sobre o Trabalho da</p><p>Comissão de Estatística referente à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.</p><p>Dois relatórios foram publicados refletindo os ganhos e desafios enfrentados pela</p><p>comunidade internacional, enquanto caminhamos para a plena realização dos princípios</p><p>contidos na Agenda 2030 e é mantido na Resolução tomada pela Assembleia Geral sobre</p><p>o Trabalho da Comissão de Estatística referente à Agenda 2030 para o Desenvolvimento</p><p>Sustentável.</p><p>Grandes desafios permanecem na parceria para os 17 ODS devido à contribuição</p><p>financeira insuficiente para o sigilo bancário, a cooperação internacional para o</p><p>desenvolvimento e a concorrência fiscal desleal. O México apresenta desempenho</p><p>diferenciado, tendo grandes desafios no cumprimento das metas relacionadas à</p><p>educação de qualidade (ODS4), Fome Zero (ODS2), energia limpa (ODS7), trabalho</p><p>decente e crescimento econômico (ODS8), infraestrutura resiliente (ODS9), cidades</p><p>sustentáveis ( ODS11), redução das desigualdades (ODS10), vida na Terra (ODS15) e</p><p>justiça e instituições fortes (ODS16) (BANK, 2020).</p><p>O continente africano, com população de 1,2 bilhão e PIB de US$ 2,2 trilhões,</p><p>apresenta um avanço diferenciado entre as regiões. A África Subsaariana enfrentou</p><p>desafios gerais para alcançar os ODS. Grandes desafios são observados para acabar</p><p>com a pobreza, fome, boa saúde, educação, água potável e saneamento, energia</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25</p><p>limpa, trabalho decente e infraestrutura básica (ODS 1–4 e ODS 6–9). Há um desafio</p><p>significativo no ODS16 e também em alcançar a segurança alimentar, o crescimento</p><p>sustentável na agricultura e o acesso à água potável no norte da África, enquanto</p><p>alguns países enfrentam desafios na igualdade de gênero (ODS5). Com 4,5 bilhões de</p><p>pessoas e PIB de US$ 28,2 trilhões, os países asiáticos apresentam bom desempenho</p><p>na garantia de serviço social, redução da pobreza e melhoria da infraestrutura, água</p><p>e saneamento e acesso à energia (BANK, 2020).</p><p>Nos Estados da América Latina e Caribe, com população de 516 milhões e PIB de US$</p><p>5 trilhões, observam-se grandes desafios para atingir as metas relacionadas à saúde,</p><p>educação e nutrição em meio à violência e à insegurança. A sustentabilidade ambiental</p><p>enfrenta desafios críticos nesta região (ODS 12, 13, 14 e 15). O país tem adotado</p><p>esforços positivos no combate à pobreza e na melhoria do acesso à energia, mas a</p><p>desigualdade na distribuição de renda ainda é um grande desafio. Os investimentos</p><p>são necessários para atingir as metas de fomento à inovação e oportunidades de</p><p>emprego (BANK, 2020).</p><p>Finalmente, na Oceania, com população de 40 milhões e PIB de US$ 1,5 trilhão,</p><p>apresenta bom progresso no combate à pobreza, desnutrição, sistema de saúde,</p><p>cidades resilientes, seguras e sustentáveis e gestão sustentável da água. No entanto,</p><p>o país está atrasado em relação às metas de agricultura sustentável, lixo eletrônico e</p><p>emissão de CO2 , índice de saúde dos oceanos e gestão de recursos florestais (BANK,</p><p>2020).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26</p><p>CAPÍTULO 2</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL:</p><p>CONCEITOS E APLICAÇÃO</p><p>Para persuadir empresas tradicionalmente focadas na maximização do lucro a</p><p>aumentarem o foco nas externalidades socioambientais de suas ações, é preciso</p><p>mostrar que maior responsabilidade social não as tira do mercado. Neste capítulo</p><p>explicaremos que dar maior atenção aos stakeholders com interesses diferentes dos</p><p>acionistas acarreta certos custos e cinco benefícios potenciais que podem compensá-</p><p>los. Uma aliança entre consumidores de orientação social e empreendimentos sociais</p><p>pioneiros pode fornecer um impulso decisivo em direção a uma maior responsabilidade</p><p>social do sistema industrial. Quando tal aliança cria quotas de mercado positivas, torna-</p><p>se generativa, uma vez que provoca a imitação por parte dos produtores tradicionais.</p><p>2.1 Visão tradicional do negócio</p><p>A abordagem tradicional dos economistas à teoria da empresa é de que existe</p><p>essencialmente apenas um tipo de organização produtiva, que segue o critério da</p><p>maximização do lucro; com base nisso, ele toma suas decisões sobre a escolha</p><p>dos insumos de produção (capital, trabalho, matérias-primas, energia, produtos</p><p>semiacabados) e o nível de produção (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009).</p><p>O princípio da maximização do lucro tem uma implicação importante: o objetivo</p><p>principal é o tamanho da fatia do valor que a empresa cria que é recebida por quem</p><p>organiza a produção (o proprietário-gerente na versão simplificada). O empresário (ou</p><p>os acionistas em grandes empresas públicas) é o reclamante residual, ou aquele que</p><p>tem direito ao que sobrar do valor criado após o pagamento de todos os fatores de</p><p>produção. O fato de um stakeholder ser privilegiado em relação aos outros tem sua</p><p>lógica na natureza particular desse stakeholder.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27</p><p>ANOTE ISSO</p><p>Stakeholders, cujo a tradução para o português significa parte interessada, refere-</p><p>se a uma parte que tem interesse em uma empresa e pode afetar ou ser afetada</p><p>pelo negócio. As principais partes interessadas em uma corporação típica são seus</p><p>investidores, funcionários, clientes e fornecedores. No entanto, com a crescente</p><p>atenção dada à responsabilidade social corporativa, o conceito foi estendido para</p><p>incluir comunidades, governos e associações comerciais.</p><p>Um elemento básico na criação de uma empresa é a decisão de assumir o risco</p><p>empresarial, fornecendo recursos financeiros que serão perdidos se o negócio falhar.</p><p>Em certo sentido, o direito ao residual é a recompensa e o incentivo que motiva um</p><p>empresário a arriscar seus próprios recursos. No entanto, os acionistas não são os</p><p>únicos em risco em um negócio. De certa forma, os trabalhadores arriscam muito mais</p><p>porque suas habilidades são menos diversificáveis do que o dinheiro dos acionistas,</p><p>pois os acionistas podem diversificar suas carteiras entre vários investimentos (ASHLEY</p><p>et al., 2003). Assim, se um negócio falhar, pode prejudicar mais os trabalhadores do</p><p>que os acionistas.</p><p>Título: Partes interessadas</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-de-pessoas-fazendo-apertos-de-mao-3183197/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-de-pessoas-fazendo-apertos-de-mao-3183197/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28</p><p>Além disso, a produção é muito mais complexa do que o modelo simplificado</p><p>adotado nos livros didáticos, pois envolve e influencia uma ampla gama de stakeholders</p><p>dentro e fora da empresa. De fato, a empresa não produz apenas bens e/ou serviços</p><p>como saídas que podem ser vendidas no mercado; ao mesmo tempo, também cria</p><p>culturas e relacionamentos, modificando as condições sociais e o ambiente em que</p><p>atua. Não é possível nem conveniente, ao iniciar um negócio ou administrar uma</p><p>empresa, separar o primeiro e mais visível aspecto da produção do segundo (BARBIERI</p><p>e CAJAZEIRA, 2009).</p><p>Um problema fundamental para uma empresa modelada de acordo com a abordagem</p><p>tradicional é que a meta de maximização do lucro, que satisfaça plenamente os desejos</p><p>dos acionistas, pode entrar em conflito com as demandas de outras partes interessadas.</p><p>Para dar apenas um exemplo, o progresso tecnológico ou uma crise em seu setor de</p><p>negócios podem tornar redundantes os funcionários de uma empresa. Em tal situação,</p><p>reestruturar a empresa</p><p>com pessoal reduzido, embora prejudique o bem-estar dos</p><p>trabalhadores demitidos, pode ser mais curto e menos custoso do que o processo</p><p>de requalificação da força de trabalho para aumentar os lucros.</p><p>Os conflitos entre os acionistas de uma empresa e seus clientes são mais sutis, mas</p><p>igualmente abrangentes. Em um contexto em que a empresa tem poder de mercado,</p><p>pode ser vantajoso aumentar os preços, reduzindo o excedente dos consumidores,</p><p>aumentando seus lucros. Se considerar que a maioria das relações entre empresas e</p><p>clientes se desenvolve em um contexto de informação assimétrica, o conflito torna-</p><p>se ainda mais acirrado porque os clientes não conseguem verificar se uma empresa</p><p>está reduzindo seu superávit e aumentando o seu lucro.</p><p>Em um mercado globalmente integrado, se a licitação ocorrer em países emergentes</p><p>ou em desenvolvimento e a empresa não se preocupar em verificar se os fornecedores</p><p>respeitam as condições relativas à dignidade do trabalho ou à proteção ambiental,</p><p>é muito provável que os fornecedores sejam levados a violar esses princípios para</p><p>ganhar o contrato de fornecimento. Além disso, os fornecedores podem ser levados a</p><p>investir para se especializar em uma tecnologia muito específica, que é necessária para</p><p>produzir componentes para a empresa-mãe, sem garantia de que o relacionamento não</p><p>terminará e seu investimento especializado será perdido porque era muito específico</p><p>para esse relacionamento (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009).</p><p>Neste contexto, as empresas não precisam se preocupar em conciliar criação de</p><p>valor econômico e bem-estar social, mas simplesmente se dedicar a maximizar lucros</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29</p><p>e satisfazer os acionistas. Outros atores devem ser defendidos e representados por</p><p>instituições e organizações políticas (por exemplo, sindicatos dos trabalhadores) e, em</p><p>última instância, por políticas redistributivas. De acordo com a abordagem tradicional,</p><p>um sistema socioeconômico com fortes instituições representativas e políticas é capaz</p><p>de criar os freios e contrapesos necessários, na forma de leis e regulamentos, que</p><p>podem aproveitar o espírito das empresas e direcioná-las para um caminho da criação</p><p>de um valor econômico que não gere efeitos colaterais negativos (externalidades) em</p><p>outros stakeholders, mas que indiretamente redirecione a riqueza gerada de volta para</p><p>as instituições (ASHLEY et al., 2003).</p><p>2.2 Conceito de Responsabilidade Social Empresarial</p><p>Uma definição resumida de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) pode ser</p><p>compreendida em termos de uma mudança parcial na “função objetivo” de uma</p><p>empresa, com uma transição de maximizar a riqueza do acionista para maximizar</p><p>o bem-estar de um grupo de stakeholders que inclui, além dos investidores, seus</p><p>colaboradores, fornecedores, comunidades locais, consumidores e gerações futuras</p><p>(ALIGLERI; ALIGLERI e KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>Assim, a responsabilidade social empresarial é uma abordagem que visa reduzir</p><p>o papel dos acionistas ao afirmar que sua satisfação deve ser conciliada com a de</p><p>uma série de outros stakeholders. É claro que esta abordagem não necessariamente</p><p>se concilia com a maximização do lucro. Este último implica que o único objetivo</p><p>de uma empresa (ou pelo menos o objetivo ao qual todas as outras devem estar</p><p>subordinadas) é satisfazer os acionistas e compensá-los por seu capital de risco</p><p>(NASCIMENTO; LEMOS e MELLO, 2014).</p><p>Em princípio, em um mundo em que existem instituições e regras fortes que podem</p><p>eliminar as externalidades ambientais e sociais negativas decorrentes dos negócios</p><p>de uma empresa, a maximização do lucro pode não estar tão longe do critério de</p><p>responsabilidade corporativa. Para dar um exemplo mais específico, se existem regras</p><p>estritas para proteger a dignidade do trabalho e do meio ambiente, simplesmente</p><p>respeitar a lei pode permitir que uma empresa que visa maximizar o lucro aja dentro</p><p>dos limites da sustentabilidade ambiental e social. Como estamos muito longe de tal</p><p>mundo, há uma profunda diferença entre uma empresa tradicional e uma que adota</p><p>critérios de responsabilidade social corporativa.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30</p><p>Para entender completamente como essa diferente hierarquia de prioridades</p><p>pode realmente funcionar, pode ser apropriado começar pelos critérios da Kinder,</p><p>Lydenberg, Domini (KLD) – uma das principais agências mundiais que avaliam o grau</p><p>de responsabilidade social corporativa para empresas listadas nas bolsas de valores</p><p>dos Estados Unidos (ALIGLERI, ALIGLERI, e KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>A determinação desses critérios inclui duas etapas (ALIGLERI, ALIGLERI, e</p><p>KRUGLIANSKAS, 2009):</p><p>• Etapa A: selecionar uma série de áreas de implementação;</p><p>• Etapa B: definir comportamentos particulares que tornam uma empresa mais</p><p>ou menos responsável em cada área. Na classificação, são consideradas as</p><p>seguintes áreas:</p><p>1. Relacionamento com as comunidades locais;</p><p>2. Relacionamento com funcionários;</p><p>3. Meio Ambiente;</p><p>4. Qualidade do produto;</p><p>5. Governança corporativa;</p><p>6. Direitos humanos;</p><p>7. Proteção da diversidade;</p><p>8. Atividades empresariais em setores controversos.</p><p>A partir desta classificação de áreas já é possível entender os grupos de interesse aos</p><p>quais o princípio da responsabilidade social corporativa é direcionado, principalmente:</p><p>trabalhadores, consumidores, comunidades locais, fornecedores e, de forma mais</p><p>geral, a comunidade e as gerações futuras através da atenção ao meio ambiente.</p><p>Título: Áreas da RSE</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/lampada-transparente-355948/</p><p>https://www.pexels.com/pt-br/foto/lampada-transparente-355948/</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31</p><p>Uma primeira área clássica de atuação é o relacionamento com as comunidades</p><p>locais. Uma empresa socialmente responsável que opera em um determinado território</p><p>tem como meta transferir parte do valor econômico que gera para o apoio a iniciativas</p><p>filantrópicas locais. Uma forma de interpretar essa forma de trabalhar é que a capacidade</p><p>de criação de valor de uma empresa é possibilitada e facilitada pelo território em que</p><p>ela atua. É por isso que a empresa sente a necessidade de retribuir ao território que</p><p>está instalada. Deve-se também ter em mente que em uma economia global em</p><p>que os recursos intangíveis são cada vez mais importantes, e a reputação de uma</p><p>empresa se torna uma ferramenta estratégica crucial de publicidade, a comunidade</p><p>de referência de uma empresa socialmente responsável para iniciativas sociais se</p><p>expande geograficamente e acaba incluindo populações em países distantes.</p><p>Em segundo lugar, na área de relacionamento com os trabalhadores, a atenção não</p><p>está apenas em seus salários, mas também em uma série de fatores não monetários</p><p>que podem contribuir significativamente para a qualidade de vida na empresa. Em</p><p>particular, esta área inclui critérios relativos à participação nos lucros e decisões da</p><p>empresa, iniciativas para conciliar vida familiar e profissional, condições de segurança</p><p>no trabalho e proteção da saúde dos funcionários.</p><p>Em terceiro lugar, um dos temas centrais da responsabilidade social corporativa</p><p>é obviamente a sustentabilidade ambiental da atividade produtiva. Além de produzir</p><p>bens e serviços, as empresas geram emissões e resíduos nocivos que impactam</p><p>negativamente o meio ambiente. Coerente com esta observação sobre a produção,</p><p>os temas fundamentais de RSE nesta área são a gestão de resíduos de produção, a</p><p>qualidade ambiental dos processos de produção, controle de emissões e envolvimento</p><p>ativo em políticas ambientais inovadoras.</p><p>Em quarto lugar, a área de qualidade do produto remete à ideia de que a RSE não deve</p><p>ser confundida com uma atitude filantrópica genérica. Uma vez que os consumidores</p><p>estão incluídos entre os stakeholders,</p><p>ser socialmente responsável também significa</p><p>fornecer produtos de qualidade que atendam às suas expectativas. Como se sabe, num</p><p>contexto de perfeita informação do consumidor sobre as características do produto,</p><p>o único critério de valoração passa a ser a relação entre preço e qualidade. Em uma</p><p>situação mais realista de informação assimétrica, um preço baixo pode se tornar</p><p>suspeito, e os consumidores precisam ter certeza de que os produtos da empresa</p><p>são de boa qualidade ou, pelo menos, de que têm o preço adequado. Isso se torna</p><p>ainda mais importante à medida que as consequências de comprar um produto de má</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32</p><p>qualidade se tornam mais graves; considere as repercussões sobre os consumidores</p><p>da compra de produtos farmacêuticos, alimentos ou serviços financeiros de baixa</p><p>qualidade, também a médio e longo prazo. Assim, a responsabilidade social nesta</p><p>área torna-se um importante sinal para os consumidores sobre o compromisso de</p><p>uma empresa com a qualidade, o que pode ter efeitos positivos significativos na saúde</p><p>dos consumidores e na demanda por seus produtos.</p><p>Em seguida, a área de governança corporativa diz respeito às boas práticas</p><p>estabelecidas dentro da gestão da organização. Basicamente, remete ao conjunto</p><p>de regras e instituições que regulam a vida corporativa, na resolução de conflitos</p><p>de interesse entre administração, acionistas, detentores de títulos, trabalhadores, e</p><p>assim por diante.</p><p>Em sexto lugar, a área de direitos humanos aborda as possíveis consequências</p><p>sociais para as comunidades locais da realocação das instalações de produção de</p><p>uma empresa. Avaliar o respeito aos direitos dos trabalhadores é central nesse aspecto,</p><p>não só no país de origem da empresa, mas também e principalmente nos países para</p><p>onde ela transfere parte de sua produção, bem como nas empresas estrangeiras que</p><p>fornecem insumos intermediários ou às quais parte da produção é terceirizada.</p><p>Em sétimo lugar, o tema da proteção da diversidade verifica se uma empresa garante</p><p>oportunidades iguais para todos, com atenção especial para a inclusão de mulheres,</p><p>minorias étnicas, deficientes e assim por diante.</p><p>A oitava e última área são as possíveis atividades de negócios de uma empresa em</p><p>setores considerados de total contraste com os princípios de responsabilidade social.</p><p>Partindo precisamente da última área de avaliação, fica claro que a definição de</p><p>critérios de RSE depende de julgamentos de valor de uma determinada cultura. Para</p><p>dar alguns exemplos, os fundos islâmicos de investimento ético adicionam a produção</p><p>de álcool e suínos à lista de setores polêmicos. A abordagem americana é muito</p><p>mais dura com a indústria do tabaco do que a Europa, enquanto os britânicos estão</p><p>particularmente atentos aos direitos dos animais e os católicos incluem a proteção</p><p>da vida antes do nascimento como critério fundamental (ALIGLERI, ALIGLERI, e</p><p>KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33</p><p>ISTO ESTÁ NA REDE</p><p>A Responsabilidade Social Empresarial é uma prática empresarial que envolve</p><p>assumir a responsabilidade pelas ações da empresa e seu impacto na sociedade,</p><p>incluindo todas as partes interessadas. Ao se engajar em atividades benéficas tanto</p><p>para o meio ambiente quanto para a sociedade, as empresas podem promover</p><p>mudanças positivas na sociedade, bem como agregar valor às suas marcas.</p><p>Uma maneira pela qual uma empresa pode contribuir para a mudança social</p><p>é trabalhando ativamente para reduzir sua pegada ambiental. As empresas</p><p>também podem se concentrar em oferecer oportunidades de educação para</p><p>as comunidades locais ou desenvolver produtos inovadores com materiais</p><p>ecologicamente corretos. Esses esforços não apenas ajudarão a reduzir emissões</p><p>e resíduos, mas também demonstrarão um compromisso com a sustentabilidade,</p><p>o que pode melhorar a percepção pública da marca e atrair mais clientes que</p><p>compartilham valores semelhantes.</p><p>Saiba mais neste link: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/</p><p>falando-de-sustentabilidade/noticia/2019/01/07/responsabilidade-social-</p><p>empresarial-promove-mudancas-na-sociedade-e-agregam-valor-a-marcas.ghtml</p><p>É importante entender que a RSE não se baseia em critérios totalmente objetivos</p><p>e que parte dela inevitavelmente reflete as diferenças culturais entre religiões (como</p><p>cristianismo, islamismo e hinduísmo) e abordagens culturais (como dar prioridade à</p><p>saúde, direitos dos animais, etc.). No entanto, alguns critérios básicos, como meio</p><p>ambiente, proteção da dignidade do trabalho, direitos humanos, engajamento em causas</p><p>sociais e proteção do consumidor já parecem ser universalmente compartilhados e</p><p>representam o núcleo e o menor denominador comum da responsabilidade social</p><p>corporativa (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009)</p><p>.</p><p>2.3 Efeitos da entrada de empresas no mercado social: a RSE torna-se um fator</p><p>competitivo</p><p>O instinto de sobrevivência é um dos principais determinantes das ações de qualquer</p><p>organismo natural ou social. Quando falamos de responsabilidade social corporativa,</p><p>devemos primeiro nos perguntar se a escolha permite que uma empresa sobreviva</p><p>e compita no mercado. De fato, diante dessa nova situação, as reações de muitos</p><p>empresários são principalmente defensivas.</p><p>A RSE parece uma quimera diante da dura lei da concorrência em uma economia</p><p>global, com concorrentes ferozes que se beneficiam produzindo onde a mão-de-obra</p><p>https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/falando-de-sustentabilidade/noticia/2019/01/07/responsabilidade-social-empresarial-promove-mudancas-na-sociedade-e-agregam-valor-a-marcas.ghtml</p><p>https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/falando-de-sustentabilidade/noticia/2019/01/07/responsabilidade-social-empresarial-promove-mudancas-na-sociedade-e-agregam-valor-a-marcas.ghtml</p><p>https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/falando-de-sustentabilidade/noticia/2019/01/07/responsabilidade-social-empresarial-promove-mudancas-na-sociedade-e-agregam-valor-a-marcas.ghtml</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34</p><p>custa menos e as regulamentações ambientais são menos severas. A questão da</p><p>“rentabilidade” da RSE, ou os resultados líquidos dos seus efeitos entre custos e</p><p>benefícios, torna-se assim central. Usando uma metáfora biológica, é como se um</p><p>novo tipo de organismo – uma empresa socialmente responsável – estivesse sendo</p><p>introduzido em um ecossistema.</p><p>A questão aqui colocada refere-se a como modificar o equilíbrio do sistema. Pode-se</p><p>imaginar três ordens diferentes de resultados: o novo organismo sucumbe, sobrevive</p><p>com sucesso ou realmente contribui para modificar as características dos organismos</p><p>existentes.</p><p>Para ser capaz de identificar o resultado final desta “experiência”, devemos reexaminar</p><p>cuidadosamente as áreas de RSE e suas características específicas conforme descrito</p><p>na Seção 2.2 e examinar seu impacto nos custos ou receitas de uma empresa. Deste</p><p>exame conclui-se que a RSE implica certos custos face a pelo menos cinco benefícios</p><p>potenciais (NASCIMENTO, LEMOS, e MELLO, 2014).</p><p>Em quase todas as áreas consideradas, a maior atenção aos stakeholders acarreta</p><p>maiores custos para a empresa. No relacionamento com os trabalhadores, todas</p><p>as iniciativas consideradas relacionadas à melhoria dos aspectos econômicos e</p><p>não econômicos de seus colaboradores envolvem desembolsos monetários. Os</p><p>processos relacionados com a introdução ou melhoria de processos de produção</p><p>mais amigos do ambiente, concebidos para reduzir as emissões ou resíduos poluentes,</p><p>são dispendiosos. Outro custo está relacionado ao atendimento às comunidades</p><p>locais por meio de iniciativas filantrópicas. Por fim, na área de direitos humanos,</p><p>uma maior atenção às condições de trabalho nas empresas que fornecem</p><p>insumos</p><p>intermediários de produção implica em maiores custos, pois implica na opção de</p><p>não aceitar sempre ou necessariamente o fornecedor de menor preço, mas sim o</p><p>fornecedor mais vantajoso que respeite os critérios da dignidade do trabalho e da</p><p>proteção do ambiente (NASCIMENTO, LEMOS, e MELLO, 2014).</p><p>As duas únicas características que podem gerar ganhos para uma empresa são</p><p>a atenção à qualidade do produto, quando é recompensada pelos consumidores no</p><p>mercado, e o estabelecimento de um limite máximo para a diferença de remuneração</p><p>entre administradores e funcionários, quando aplicada com os salários dos</p><p>administradores.</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35</p><p>Título: Estratégias</p><p>Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/as-pessoas-discutem-sobre-graficos-e-taxas-3184292/</p><p>Assim, diante desses certos custos, é possível observar alguns benefícios potenciais</p><p>mais do que capazes de compensá-los.</p><p>2.3.1 Qualidade do Produto</p><p>Os consumidores são uma das categorias de stakeholders às quais uma empresa</p><p>socialmente responsável dá maior atenção, e que a qualidade do produto é uma das</p><p>áreas de atuação dos padrões de responsabilidade social. Mesmo para os consumidores</p><p>que não estão particularmente interessados nos outros aspectos da responsabilidade</p><p>social, como filantropia, a responsabilidade social é um sinal importante sobre a</p><p>qualidade dos produtos de uma empresa.</p><p>Assim, a informação perfeita, que é uma das principais suposições iniciais sobre as</p><p>quais o modelo de concorrência perfeita é construído, é constantemente violada, pois</p><p>produtores e vendedores de bens e serviços têm informações muito mais precisas e</p><p>detalhadas do que os consumidores sobre a qualidade do que oferecem. Em um mundo</p><p>em que a informação é imperfeita, muitos dos dogmas da competição perfeita são,</p><p>na verdade, derrubados. Se o preço mais baixo é a bússola que orienta as escolhas</p><p>dos consumidores em perfeita informação (aqueles que não estão particularmente</p><p>atentos a questões de responsabilidade social), quando a informação é imperfeita o</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36</p><p>preço torna-se um sinal de qualidade, e um preço mais baixo é visto como suspeito</p><p>porque cria o medo de que um produto seja menos confiável.</p><p>Diante dessa barreira de informação, a escolha da responsabilidade social por parte</p><p>de uma empresa pode ser lida como um sinal de que ela dá maior atenção aos seus</p><p>clientes, o que pode aumentar a confiança dos consumidores na empresa e em seus</p><p>produtos. Não é por acaso que hoje a RSE é mais difundida nos setores em que há</p><p>maiores riscos para os consumidores de produtos de baixa qualidade, como bancos</p><p>e alimentos.</p><p>2.3.2 Minimização dos custos de transação das partes interessadas</p><p>Além dos riscos econômicos e financeiros tradicionais, no mundo atual, é necessário</p><p>que as Organizações avaliem e incluam o chamado “risco ético” em seus cursos de</p><p>gestão de risco, ou riscos decorrentes de possíveis disputas legais com diversos</p><p>stakeholders. Nessa perspectiva, a responsabilidade social de uma empresa pode</p><p>reduzir os comportamentos de risco e melhorar significativamente as relações com</p><p>os stakeholders, limitando de forma marcante o risco ético e suas consequências</p><p>em termos de custos esperados para a empresa. Esse benefício potencial coincide</p><p>essencialmente com os argumentos de que a RSE seria como uma escolha ideal para</p><p>minimizar o atrito ou maximizar a qualidade relacional com as partes interessadas</p><p>(ALIGLERI, ALIGLERI, e KRUGLIANSKAS, 2009).</p><p>2.3.3 Inovação Ambiental</p><p>Um terceiro benefício surge dos possíveis efeitos da aplicação de processos de</p><p>produção ecologicamente corretos. As empresas que há muito seguem esse rumo e que,</p><p>portanto, estão à frente em inovar e aprender com a experiência produtiva, podem hoje</p><p>se beneficiar de uma significativa economia de energia, pois uma das estratégias para</p><p>adotar a sustentabilidade ambiental é aumentar a eficiência energética da produção,</p><p>que reduz o consumo de energia para igualar o valor econômico criado. Além disso,</p><p>em um cenário em que as preocupações com a sustentabilidade ambiental devido ao</p><p>aquecimento global estão cada vez mais prementes, é legítimo esperar regulamentações</p><p>ambientais cada vez mais rígidas sobre o comportamento empresarial. Estar na</p><p>vanguarda nesta área pode ser a fonte de uma importante vantagem competitiva.</p><p>Para dar apenas um exemplo bem conhecido, a montadora japonesa Toyota começou</p><p>a investir em motores híbridos ou totalmente elétricos há muito tempo; agora colhe</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37</p><p>os frutos dessa estratégia de estar na vanguarda da indústria automobilística, que</p><p>caminha nessa direção (DIAS, 2011).</p><p>ISTO ACONTECE NA PRÁTICA</p><p>O capitalismo consciente é uma abordagem de negócios que busca priorizar</p><p>a responsabilidade social e ambiental e, ao mesmo tempo, buscar o sucesso</p><p>econômico. Ele incentiva as empresas a buscar um propósito maior além de</p><p>simplesmente obter lucros e se concentrar em melhorar a sociedade como um todo</p><p>por meio de suas operações. Os princípios centrais incluem a valorização de todas</p><p>as partes interessadas no processo de tomada de decisão da empresa; reconhecer</p><p>a dignidade, o valor e a contribuição dos funcionários; incorporando a liderança ética</p><p>em todos os níveis; buscar a sustentabilidade de longo prazo; usar os recursos com</p><p>responsabilidade; abraçar a diversidade e a inclusão no local de trabalho; promover</p><p>a colaboração entre diferentes departamentos dentro da organização; fornecer</p><p>salários e benefícios justos aos trabalhadores; investir nas comunidades onde</p><p>operam; e tomar medidas proativas para lidar com questões sociais, como pobreza</p><p>ou mudança climática.</p><p>Fonte: Severo et al. (2019)</p><p>2.3.4 Aumento de Produtividade</p><p>Um dos benefícios mais interessantes e parcialmente inexplorados da RSE é seu</p><p>impacto na produtividade do trabalhador.</p><p>Primeiro, aumentar os benefícios econômicos dos trabalhadores pode ter efeitos</p><p>significativos em sua produtividade. A literatura econômica costuma considerar a</p><p>relação causal que vai da produtividade à remuneração, mas não a relação inversa</p><p>em que a produtividade pode ser influenciada pela remuneração. Com o advento da</p><p>teoria do salário de eficiência e da teoria da troca de presentes, a abordagem muda</p><p>radicalmente.</p><p>A Teoria do salário de eficiência ilustra que os trabalhadores mais bem pagos são</p><p>mais relutantes em se envolver em comportamentos de baixa produtividade e estão</p><p>mais inclinados a uma maior colaboração com o empregador, porque o custo de ser</p><p>demitido é maior quando os salários são mais altos. Além disso, os trabalhadores</p><p>mais bem pagos têm menos incentivos para deixar voluntariamente o empregador</p><p>para encontrar trabalho em outro lugar, o que reduz o risco de uma empresa investir</p><p>em treinamento de funcionários de graça (DIAS, 2011).</p><p>SUSTENTABILIDADE E</p><p>RESPONSABILIDADE SOCIAL</p><p>PROF. JOÃO VITOR RODRIGUES DE SOUZA</p><p>FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38</p><p>Obviamente, as explicações oferecidas em relação aos salários de eficiência são</p><p>particularmente válidas em cenários nos quais as empresas podem demitir trabalhadores</p><p>sem incorrer em altos custos. Para dar um exemplo específico, uma das áreas em que</p><p>é vantajoso seguir as sugestões da teoria do salário de eficiência é com cuidadores</p><p>ou trabalhadores domésticos. Trata-se de uma área em que as condições são muito</p><p>próximas das de um mercado livre, e um empregador que não garante condições</p><p>dignas de trabalho corre o risco diário de perder um trabalhador atraído por melhores</p><p>condições de trabalho. É melhor pagar um pouco mais do que correr o risco de ter</p><p>que arcar repetidamente com o custo de procurar pessoas para contratar. Além da</p><p>relação entre condições de trabalho, motivações extrínsecas e produtividade, existe</p>

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