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<p>1</p><p>ORIGENS DA FILOSOFIA:</p><p>DA BUSCA PELA FELICIDADE</p><p>E A ARTE DE BEM VIVER</p><p>Prof. Dr. Alex Sander da Silva</p><p>4</p><p>A Filosofia nasce realizando uma transformação gradual sobre os antigos mitos gre-</p><p>gos ou por uma ruptura radical com os mitos.</p><p>EPISÓDIO I</p><p>O NASCIMENTO DA FILOSOFIA: DO MITO AO LOGOS1</p><p>Fúria de Titãs (Clash of the</p><p>Titans), de 2012, é um remake</p><p>do filme americano de 1981,</p><p>dirigido por Louis Leterrier. A</p><p>história tem como base o Mito</p><p>de Perseu. O filho de Zeus com</p><p>uma mulher humana encontra-se</p><p>em meio à batalha dos deuses.</p><p>Perseu lidera um grupo de</p><p>guerreiros numa perigosa missão</p><p>para prevenir que Hades, o</p><p>deus do submundo, cause uma</p><p>devastação na Terra e para salvar</p><p>sua família. Enfrenta monstros</p><p>com valentia e coragem e, para</p><p>derrotar o poderoso Kraken,</p><p>arranca a cabeça da Medusa,</p><p>salvando a princesa.</p><p>A palavra mito vem do grego μῠθος (Mithos) e deriva de dois verbos:</p><p>do verbo μῠθεύω (Mitheim) (contar, narrar, falar alguma coisa para os</p><p>outros) e do verbo μῠθεω (Mithem) (conversar, contar, anunciar, nomear,</p><p>designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou profe-</p><p>rido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque</p><p>confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada,</p><p>portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador (CHAUÍ,</p><p>2000, p. 28, grifos da autora).</p><p>A autoridade de quem narra o mito vem do fato, por um lado, de que ele testemunhou</p><p>diretamente o que está narrando, por outro, porque recebeu a narrativa de quem tes-</p><p>temunhou os acontecimentos narrados.</p><p>VAMOS REFLETIR</p><p>Mas o que é o mito?</p><p>5</p><p>A palavra do poeta-rapsodo – o mito – é sagrada porque vem de uma revelação divi-</p><p>na. O mito é, pois, incontestável e inquestionável. Como o mito narra a origem do</p><p>mundo e de tudo o que nele existe?” (CHAUÍ, 2000, p. 28, grifos da autora).</p><p>A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, a narrativa da geração dos</p><p>seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassa-</p><p>dos. Encontra-se uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir algu-</p><p>ma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre forças divinas ou</p><p>uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens.</p><p>Quem narra o mito?</p><p>O poeta-rapsodo.</p><p>Quem é ele? Por que tem autoridade?</p><p>Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os</p><p>acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres</p><p>e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes.</p><p>Ilíada: poema épico grego atribuído à figura de Homero, considerado o mais antigo da</p><p>literatura ocidental. São 15.693 versos em 24 cantos que narram os acontecimentos do</p><p>último ano da Guerra de Tróia (cidade chamada de Ilion pelos gregos). Homero não foi</p><p>testemunha dos fatos, pois viveu quatro séculos depois. Sem se preocupar com a verdade</p><p>histórica, transformou a história num poema. Na Ilíada, a bela Helena, filha de Priamo, rei</p><p>de Esparta, era desejada por monarcas e príncipes. Entre os séculos XIII e XII a. C., a Grécia</p><p>tinha diversos reinos. Menelau foi o escolhido e casaram-se com grande pompa em Esparta.</p><p>EXEMPLO</p><p>No dizer de Chauí (2000, p. 29), o mito narra a origem do mundo e de tudo que existe</p><p>nele. Outra importante narrativa mítica é:</p><p>Encontrando as recompensas ou os castigos que os deuses dão a</p><p>quem lhes obedece ou a quem lhes desobedece, respectivamente.</p><p>Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? Para os</p><p>homens, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam dos animais,</p><p>porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na</p><p>noite, a se aquecer no inverno quanto podem fabricar instrumentos de</p><p>metal para o trabalho e para a guerra.</p><p>Na narrativa mítica, um titã chamado Prometeu, por sua amizade com os homens,</p><p>mais do que com os deuses, decidiu roubar uma centelha de fogo e deu de presente</p><p>para os humanos. Zeus, irado pela atitude de Prometeu, lhe deu um castigo: ficar</p><p>pendurado, amarrado a um rochedo para que aves de rapina devorassem seu fígado</p><p>eternamente.</p><p>6</p><p>Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e</p><p>relações sexuais, maldições, acordos e presentes entre forças sobrenaturais (particu-</p><p>larmente dos deuses) que governam o mundo e o destino dos homens (principalmen-</p><p>te heróis e figuras exemplares como Odisseu). Os mitos narram sobre a origem do</p><p>mundo, por meio de genealogias, que são divididas em: cosmogonias e teogonias.</p><p>Conforme Chauí (2000, p. 30),</p><p>a palavra gonia vem de duas palavras gregas: do verbo γεvvάω (genea)</p><p>(engendrar, produzir, gerar, fazer nascer e crescer) e do substantivo</p><p>γέvος (geneos) (nascimento, gênese, descendência, gênero, espécie).</p><p>Desse modo, Cosmogonia, se constitui a partir de duas palavras Gonia,</p><p>que quer dizer: geração, nascimento a partir da concepção sexual e do</p><p>parto e Cosmos, por sua vez, quer dizer mundo ordenado e organizado.</p><p>Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização</p><p>do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.</p><p>A Teogonia é uma palavra composta de gonia e θεός (Theos) que, em grego, significa:</p><p>as coisas divinas, os seres divinos, os deuses. A teogonia é, portanto, a narrativa da</p><p>origem dos deuses, a partir de seus pais e antepassados.</p><p>O NASCIMENTO DA FILOSOFIA1.1</p><p>A Filosofia, ao nascer, se configura numa cosmologia, ou seja, uma explicação ra-</p><p>cional sobre a origem do mundo e sobre as causas das transformações e repetições</p><p>das coisas. Para isso, ela nasce de uma transformação gradual dos mitos ou de uma</p><p>ruptura radical com os mitos? Continua ou rompe com a cosmogonia e a teogonia?</p><p>Duas foram as respostas dadas pelos estudiosos:</p><p>A primeira delas, no final do século XIX e começo do XX, quando reinava um</p><p>grande otimismo sobre os poderes científicos e as capacidades técnicas dos seres</p><p>humanos, diz que a Filosofia nasceu por uma ruptura radical com os mitos, sendo</p><p>a primeira explicação científica da realidade produzida pelo Ocidente.</p><p>A segunda resposta, a partir de meados do século XX, quando os estudos dos</p><p>antropólogos e dos historiadores mostraram a importância dos mitos na organização</p><p>social e cultural das sociedades e como os mitos estão profundamente entranhados</p><p>nos modos de pensar e de sentir de uma sociedade, diz que os gregos, como qual-</p><p>quer outro povo, acreditavam em seus mitos e que a Filosofia nasceu, vagarosa e</p><p>gradualmente, do interior dos próprios mitos, como uma racionalização deles.</p><p>Atualmente, consideram-se as duas respostas exageradas e afirma-se que a Filosofia,</p><p>percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando</p><p>as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteira-</p><p>mente nova e diferente.</p><p>Quais são, então, as diferenças entre Filosofia e mito?</p><p>7</p><p>Conforme Marilena Chauí (2000), em seu livro “Convite à Filosofia”, podemos apon-</p><p>tar três diferenças entre o mito e a Filosofia como as mais importantes:</p><p>Fonte: Egeu consultando o oráculo, c. 440–430. Pintura em um vaso etrusco de Vulci. Altes Museum, Berlim.</p><p>TRÊS DIFERENÇAS ENTRE O MITO E A FILOSOFIA</p><p>1. O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo</p><p>e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A</p><p>Filosofia, ao contrário, preocupa-se em explicar como e por que, no passado, no presente e no</p><p>futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são.</p><p>2. O mito narra a origem por meio de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas</p><p>sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural</p><p>das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O mito falava em Urano, Ponto e</p><p>Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros),</p><p>terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto.</p><p>A Filosofia explica o surgimento</p><p>desses seres por composição, combinação e separação dos</p><p>quatro elementos – úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.</p><p>3. O mito não se importa com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não apenas</p><p>porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, mas também porque a confiança e a</p><p>crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite</p><p>8</p><p>contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente,</p><p>lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da</p><p>razão, que é a mesma em todos os seres humanos.</p><p>Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000. p. 31.</p><p>Entre os mitos gregos antigos, havia um que procurava explicar a origem do mal.</p><p>Em um passado longínquo, Zeus, o principal deus do Olimpo, teria dado a Epimeteu</p><p>uma caixa que continha todos os males do mundo. Pandora, sua esposa e a primeira</p><p>mulher criada por Zeus, ao encontrar a caixa, resolve abri-la e liberta todos os males,</p><p>os quais se espalham pelo mundo. Para a Filosofia, a existência do mal também cons-</p><p>titui um problema a ser explicado: por que existem crimes entre os seres humanos,</p><p>calamidades e sofrimentos? A explicação para esses problemas resulta em debate e</p><p>somente são aceitas as respostas que se sustentam por meio de uma argumentação</p><p>racional persuasiva e consistente.</p><p>EXEMPLO DE EXPLICAÇÕES MÍTICAS E FILOSÓFICAS1.2</p><p>Que explicações você conhece sobre a origem do Universo?</p><p>Você consegue identificar o caráter mítico em algumas delas?</p><p>REFLITA</p><p>A Filosofia, ao longo dos séculos, teve um conjunto de preocupações, indagações e</p><p>interesses que surgiram do seu nascimento na Grécia Antiga. A divisão dos períodos</p><p>da Filosofia, segundo Chauí (2000, p. 34) são:</p><p>• Pré-socrático ou cosmológico (séc. VII ao fim V a.C.) – ocupa-se</p><p>com a origem do mundo e as causas das transformações na natureza;</p><p>• Socrático ou antropológico (fim do séc. V a todo o séc. IV a.C.) – a</p><p>filosofia ocupa-se com as questões humanas, isto é, a ética, a política</p><p>e as técnicas. Busca compreender o lugar do ser humano no mundo;</p><p>• Período Sistemático (fim do séc. IV a.C. ao fim do séc. III a.C.) –</p><p>quando a filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado</p><p>até o momento;</p><p>• Período helenístico ou greco-romano (final do séc. III a.C. ao séc.</p><p>VI d.C.) – a filosofia se ocupa com questões éticas, do conhecimento e</p><p>das relações entre o ser humano e a natureza, e de ambos com Deus.</p><p>EPISÓDIO II</p><p>PERÍODOS DA FILOSOFIA NA ANTIGUIDADE2</p><p>9</p><p>Vejamos o quadro que apresenta, em síntese, os principais filósofos gregos da an-</p><p>tiguidade. No centro, encontram-se Platão (à esquerda) e Aristóteles (à direita) que</p><p>vão protagonizar a principal divisão de interesses e indagações filosóficas no período</p><p>socrático ou antropológico.</p><p>Fonte: SANSIO, Raffaello de. A Escola de Atenas. Afresco. 5,00 x 7,00 m. Palácio Apostólico, Vaticano, 1506-1510</p><p>A Escola de Atenas (“Scuola di Atenas” no original) é uma das mais famosas pinturas do</p><p>renascentista italiano Raffaello e representa a Academia de Platão. Foi pintada entre 1509</p><p>e 1510 na “Stanza della Segnatura” sob encomenda do Vaticano. A obra é um afresco em</p><p>que aparecem ao centro Platão e Aristóteles. Platão segura o Timeu e aponta para o alto,</p><p>sendo assim identificado com o ideal, o mundo inteligível. Aristóteles segura a Ética e tem a</p><p>mão na horizontal, representando o terrestre, o mundo sensível.</p><p>A imagem tem sido muitas vezes vista como uma perfeita encarnação do espírito da Alta</p><p>Renascença. Em “A Escola de Atenas”, Raffaello pintou os maiores estudiosos antigos como</p><p>se fossem amigos que discutiam e desenvolviam as formas de pensar e de refletir a filosofia</p><p>em si. Segundo o estudioso Fowler, o título do afresco era “Causarum Cognitio” e que</p><p>somente após o século XVII passou a ser conhecido como “A Escola de Atenas”.</p><p>Fonte: SANZIO, Raffaello. A Escola de Atenas. Saber Cultural: Obras Celebres [Template]. Disponível em: http://bit.ly/34sYko2. Acesso</p><p>em: 16 dez. 2019.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Podemos dizer que as raízes da Filosofia ocidental estão na atividade intelectual inten-</p><p>sa dos filósofos gregos, principalmente, no período entre os séculos V e VI a.C. Esses</p><p>filósofos tinham um grande objetivo: em vez de atribuir seus destinos – o destino da</p><p>humanidade aos deuses gregos – eles buscaram explicações racionais que pudes-</p><p>sem explicar o mundo, o universo e a existência.</p><p>10</p><p>A Filosofia grega nos deixa um legado que pode ser destacado da seguinte forma,</p><p>segundo Chauí (2000, p. 33):</p><p>• Tendência à racionalidade – significa que a razão humana ou o pensa-</p><p>mento é a condição de todo conhecimento verdadeiro, o pensamento</p><p>racional é o critério da explicação de alguma coisa;</p><p>• Tendência à argumentação e ao debate, isto é, colocado um pro-</p><p>blema, sua solução é submetida à analise, à crítica, à discussão e à</p><p>demonstração, nunca sendo aceita como uma verdade;</p><p>• Capacidade de generalização e diferenciação, isto é, significa mostrar</p><p>uma explicação tem validade para muitas coisas diferentes porque, sob</p><p>a variação percebida pelos nossos sentidos, o pensamento descobre</p><p>semelhanças e identidades.</p><p>Embora, para os gregos antigos, a Filosofia tenha tido um significado próprio, ainda</p><p>podemos tomá-la como referência para grandes reflexões a respeito da nossa própria</p><p>Veja o mapa mental abaixo:</p><p>A Filosofia não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a</p><p>explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem</p><p>da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos (CHAUÍ,</p><p>2000, p. 31).</p><p>REFLITA</p><p>EPISÓDIO III - O LEGADO DA FILOSOFIA</p><p>COMO BUSCA DA FELICIDADE E A ARTE DO BEM VIVER3</p><p>11</p><p>vida, nosso mundo, nossa sociedade atual. Afinal, não havíamos já definido a Filosofia</p><p>como um saber geral sobre diversas áreas da vida humana? Para entendermos um</p><p>pouco mais sobre a importância da Filosofia como busca da felicidade e arte do bem</p><p>viver, leia, a seguir, um trecho escrito por Ayn Rand, uma filósofa russa do século XX:</p><p>Para viver, o homem (ser humano) precisa agir; para agir, ele precisa</p><p>fazer escolhas; para fazer escolhas, ele deve definir um código de valo-</p><p>res; para definir um código de valores, ele precisa saber o que é e onde</p><p>está – isto é, ele precisa conhecer sua própria natureza (incluindo seus</p><p>meios de conhecimento) e a natureza do universo no qual ele age – isto</p><p>é, ele precisa de metafisica, epistemologia, ética, o que significa: filo-</p><p>sofia. Ele não pode escapar a essa necessidade; sua única alternativa</p><p>é se a filosofia que o guia é decisão sua ou resultado do acaso (RAND,</p><p>1971, p. 27 apud VASCONCELOS, 2016, p. 23).</p><p>Nesse breve trecho da filósofa russa Ayn Rand, podemos compreender a Filosofia</p><p>como um caminho apropriado que nos auxilia em nossas escolhas de vida. Ela é</p><p>apresentada como domínio essencialmente especulativo, mas que não perde de vista</p><p>sua relação com a ação, com as questões práticas da vida humana na busca pelas</p><p>principais metas de existência: a felicidade e a arte do bem viver.</p><p>EPISÓDIO FINAL</p><p>CONCLUSÃO4</p><p>A origem da Filosofia na Grécia antiga é uma importante ruptura em relação à visão</p><p>mitológica ou mítica do mundo. Foi a busca dos primeiros filósofos por uma explica-</p><p>ção racional do mundo, das coisas e da vida humana. Como vimos, no mito, a origem</p><p>do mundo e de tudo que existe é resultado da ação dos deuses. Para a Filosofia, tudo</p><p>que existe e nossa existência têm uma explicação baseada em nosso modo de pen-</p><p>sá-la com o exercício de nossa racionalidade.</p><p>Por tudo o que vimos até o momento, poderíamos ser tentados a imaginar o filósofo</p><p>como alguém perdido em seus pensamentos, em seus devaneios e alheio ao que se</p><p>passa a sua volta, contemplando questões sem utilidade prática. Muito embora isso</p><p>seja uma ideia recorrente, podemos defender que essa maneira de pensar a postura</p><p>do filósofo está</p><p>errada.</p><p>Na realidade, o entendimento da Filosofia, preocupada com questões práticas da</p><p>vida, tem a ver com a ideia de que a compreensão da existência humana para a Fi-</p><p>losofia é uma meta. Para Severino (2007, p. 24), “todo o esforço da consciência filo-</p><p>sófica na busca do sentido das coisas tem, na verdade, a finalidade de compreender</p><p>de maneira integrada o próprio sentido da existência humana”. E isso significa que o</p><p>filósofo é um pensador preocupado com a própria existência humana como algo mais</p><p>importante que suas reflexões, indagações e compreensões.</p><p>Questões como “O que devo ser?”, “Como devo agir?”, “O que devo pensar?” nos</p><p>remetem não apenas à realização individual, mas trazem consigo a dimensão de cole-</p><p>tividade, da necessidade de reconhecimento do outro, em suas dimensões humanas</p><p>12</p><p>e sociais. Assim como nos chama para a abertura ao mundo, à natureza e ao meio</p><p>ambiente em que vivemos. A Filosofia nos convoca ao protagonismo na sociedade em</p><p>que vivemos, não apenas como espectadores passivos, mas também como agentes</p><p>de transformação.</p><p>Como busca pela felicidade e pela arte de bem viver, a Filosofia pode ser um bom</p><p>caminho para colocar nossas ideias em prática. Isso exige que questionemos e es-</p><p>tranhemos as relações sociais preestabelecidas as regras ditadas autoritariamente,</p><p>o estado das coisas nas diversas dimensões e identifiquemos os problemas, como</p><p>aquilo que mais incomoda ou aflige nossa comunidade. Eis a dimensão atuante da</p><p>Filosofia em nosso dia a dia.</p><p>CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.</p><p>SEVERINO, Antonio Joaquim. Filosofia. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2007.</p><p>VASCONCELOS, José Antonio. Reflexões: filosofia e cotidiano. São Paulo: Edições</p><p>SM, 2016.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>13</p><p>PRODUÇÃO DO MATERIAL</p><p>Autor</p><p>Prof. Dr. Alex Sander da Silva</p><p>Assessoria Pedagógica</p><p>Caroline Jacques</p><p>Cibele Beirith Figueiredo Freitas</p><p>Cristina Adriana Rodrigues Kern</p><p>Graziela Fátima Giacomazzo</p><p>Revisão</p><p>Angélica Manenti</p><p>Katiana Possamai Costa</p><p>Projeto gráfico e Diagramação</p><p>Suamy Fujita</p><p>Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC</p><p>Reitora Luciane Bisognin Ceretta</p><p>Vice-reitor Daniel Ribeiro Préve</p><p>Pró-Reitora Acadêmica:</p><p>Indianara Reynaud Toreti</p><p>Setor de Educação a Distância</p><p>Mariesa Toldo</p>

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