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<p>PRISCILA</p><p>M</p><p>IQ</p><p>UELIN</p><p>O</p><p>SO</p><p>DRÉ</p><p>PRISCILA MIQUELINO SODRÉ</p><p>RELA</p><p>ÇÕ</p><p>ES IN</p><p>TERPESSO</p><p>A</p><p>IS</p><p>INTERPESSOAISINTERPESSOAIS</p><p>R E L A Ç Õ E S</p><p>Código Logístico</p><p>599259 786558 210764</p><p>ISBN 978-65-5821-076-4</p><p>Relações Interpessoais</p><p>Priscila Miquelino Sodré</p><p>IESDE BRASIL</p><p>2021</p><p>© 2021 – IESDE BRASIL S/A.</p><p>É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do</p><p>detentor dos direitos autorais.</p><p>Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Rabilbanimilbu/Shutterstock</p><p>Todos os direitos reservados.</p><p>IESDE BRASIL S/A.</p><p>Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200</p><p>Batel – Curitiba – PR</p><p>0800 708 88 88 – www.iesde.com.br</p><p>CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO</p><p>SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ</p><p>S663r</p><p>Sodré, Priscila Miquelino</p><p>Relações interpessoais / Priscila Miquelino Sodré. - 1. ed. - Curitiba</p><p>[PR] : Iesde, 2021</p><p>108 p. : il.</p><p>Inclui bibliografia</p><p>ISBN 978-65-5821-076-4</p><p>1. Comportamento humano. 2. Relações humanas. 3. Famílias - Aspec-</p><p>tos sociais. 4. Comportamento organizacional. 5. Conduta. I. Título.</p><p>21-73012 CDD: 302</p><p>CDU: 316.47</p><p>Priscila Miquelino</p><p>Sodré</p><p>Mestre em Psicologia pela Faculdade de Filosofia,</p><p>Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade</p><p>de São Paulo (USP). Especialista em Psicologia</p><p>Organizacional pela Faculdade Psicolog (Fapsi). Graduada</p><p>em Psicologia pela Universidade Paulista (Unip).</p><p>Professional Coaching pela Sociedade Brasileira de</p><p>Coaching (SBC). Analista Comportamental pelo Instituto</p><p>Brasileiro de Coaching (IBC). Atua como consultora</p><p>na área de gestão de pessoas nos subsistemas de</p><p>recrutamento e seleção, gestão do desempenho, plano</p><p>de carreira e treinamentos e como professora de cursos</p><p>de graduação e pós-graduação a distância.</p><p>SUMÁRIO</p><p>Agora é possível acessar os vídeos do livro por</p><p>meio de QR codes (códigos de barras) presentes</p><p>no início de cada seção de capítulo.</p><p>Acesse os vídeos automaticamente, direcionando</p><p>a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet</p><p>para o QR code.</p><p>Em alguns dispositivos é necessário ter instalado</p><p>um leitor de QR code, que pode ser adquirido</p><p>gratuitamente em lojas de aplicativos.</p><p>Vídeos</p><p>em QR code!</p><p>SUMÁRIO</p><p>Agora é possível acessar os vídeos do livro por</p><p>meio de QR codes (códigos de barras) presentes</p><p>no início de cada seção de capítulo.</p><p>Acesse os vídeos automaticamente, direcionando</p><p>a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet</p><p>para o QR code.</p><p>Em alguns dispositivos é necessário ter instalado</p><p>um leitor de QR code, que pode ser adquirido</p><p>gratuitamente em lojas de aplicativos.</p><p>Vídeos</p><p>em QR code!</p><p>1 Comportamento humano 9</p><p>1.1 Processos de aprendizagem 10</p><p>1.2 Motivação como influência do comportamento 14</p><p>1.3 Teorias da personalidade 20</p><p>1.4 Comportamento organizacional 23</p><p>1.5 Autoconhecimento e autodesenvolvimento 26</p><p>2 Processos de socialização 33</p><p>2.1 Sociologia e comportamento 34</p><p>2.2 Indivíduo e sociedade 37</p><p>2.3 Relações familiares e afetivas 40</p><p>2.4 Influência cultural no comportamento 45</p><p>3 Socialização organizacional 50</p><p>3.1 Indivíduo e relações organizacionais 51</p><p>3.2 Grupos e equipes 54</p><p>3.3 Processos de integração 58</p><p>3.4 Relações de hierarquia e liderança 62</p><p>4 Processos de comunicação 68</p><p>4.1 Definições de comunicação 69</p><p>4.2 Comunicação organizacional 73</p><p>4.3 Comunicação não violenta 76</p><p>4.4 Comunicação como ferramenta de auxílio nas relações</p><p>interpessoais 79</p><p>5 Habilidades de relacionamento interpessoal 85</p><p>5.1 Conflitos no ambiente de trabalho 86</p><p>5.2 Conflitos familiares 90</p><p>5.3 Conflitos étnicos e de gênero 94</p><p>5.4 Resolução e mediação de conflitos 97</p><p>6 Resolução das atividades 105</p><p>A habilidade de relacionamento interpessoal é de extrema</p><p>importância em todas as esferas sociais. Desde que nascemos</p><p>nos relacionamos, inicialmente com nossos pais, irmãos e outros</p><p>familiares, e isso ocorre a todo momento ao longo de nossa vida.</p><p>Na condição de seres humanos, necessitamos nos relacionar, seja</p><p>no âmbito familiar, no social ou no trabalho. Os relacionamentos</p><p>podem afetar positiva ou negativamente a nossa vida, por isso,</p><p>ao longo deste livro, iremos abordá-los em diversos contextos e</p><p>veremos como podemos desenvolver habilidades de modo que</p><p>possamos tirar proveito deles, melhorando o nosso ambiente em</p><p>todas as esferas.</p><p>O comportamento de um indivíduo pode ser definido</p><p>brevemente como um conjunto de reações em relação ao</p><p>ambiente em que ele está inserido, portanto, compreendê-lo é de</p><p>grande valia para as nossas relações interpessoais. Levando isso</p><p>em conta, no primeiro capítulo é abordado o comportamento</p><p>humano por meio do olhar da psicologia. Analisar atitudes,</p><p>percepções, formas de aprendizagem, motivação, emoções e</p><p>personalidade auxilia na compreensão do comportamento.</p><p>O segundo capítulo propõe diversas reflexões sobre o</p><p>indivíduo e suas relações na sociedade — relações familiares</p><p>e afetivas —, como se dá o processo de socialização e sobre a</p><p>influência cultural no comportamento humano.</p><p>O terceiro capítulo visa compreender o indivíduo em seu</p><p>processo de socialização nas organizações, tratando do processo</p><p>de integração, das relações intergrupais e com as equipes de</p><p>trabalho, dos processos de relação em hierarquia e da liderança</p><p>dos indivíduos nas organizações. Também aborda as vantagens</p><p>obtidas pelo indivíduo com relações saudáveis no trabalho, visto</p><p>que passamos a maior parte do dia na empresa, mais tempo do</p><p>que em nossas casas e com a nossa família.</p><p>A comunicação é um processo essencial para todas as relações</p><p>interpessoais, por meio dela são gerados opiniões, pensamentos,</p><p>conhecimento, ações e relacionamentos. O quarto capítulo tem</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Vídeo</p><p>por objetivo apresentar os processos de comunicação, a comunicação não</p><p>violenta e como essa ferramenta pode ajudar a minimizar os conflitos nas</p><p>relações e colaborar para a melhoria nas relações interpessoais.</p><p>É impossível o ser humano viver isento dos conflitos, pois cada indivíduo é</p><p>único, com experiências de vida e formas de ver o mundo diferentes, por isso,</p><p>é importante saber lidar com as situações conflituosas de maneira que não</p><p>prejudiquem as relações existentes. No quinto e último capítulo são discutidos</p><p>os conflitos nos âmbitos do trabalho, familiar e afetivo, os conflitos étnicos e</p><p>de gênero, além de cases e ferramentas de desenvolvimento das habilidades</p><p>de relacionamento interpessoal, mediação e resolução de conflitos.</p><p>Tendo em vista que o indivíduo possui a característica inata de se</p><p>relacionar com outras pessoas, esta obra busca dar enfoque às relações, que</p><p>são essenciais para a existência humana.</p><p>Bons estudos!</p><p>Comportamento humano 9</p><p>1</p><p>Comportamento humano</p><p>Várias formas de definir o comportamento são estudadas desde o sé-</p><p>culo XIX com o intuito de controlar o comportamento humano. Mas por</p><p>que estudar o comportamento humano, afinal? O que precisamos saber?</p><p>Quanto isso pode ajudar as nossas relações?</p><p>Quando estudamos o comportamento humano, começamos a enten-</p><p>der atitudes, pensamentos e percepções das pessoas. Isso faz com que</p><p>deixemos os rótulos de lado e adotemos uma postura mais aberta nos</p><p>relacionamentos, pois compreendemos que uma pessoa age por meio</p><p>das experiências de vida, da criação, da cultura em que está inserida e de</p><p>quais eventos ocorreram ao longo da sua vida.</p><p>Os estudos sobre o comportamento humano se deram inicialmente</p><p>pela filosofia, existindo grande afinidade entre ela e a psicologia. Nesta,</p><p>os estudos do comportamento são feitos por diversos estudiosos com</p><p>o objetivo de compreender melhor a mente humana por meio de suas</p><p>abordagens teóricas.</p><p>Neste capítulo, vamos abordar o comportamento pela ótica de diver-</p><p>sos autores, compreendendo como os processos de aprendizagem ocor-</p><p>rem, como estão ligados ao desenvolvimento pessoal, de competências,</p><p>conhecimentos e valores. Discutiremos a motivação, quais estímulos mo-</p><p>tivam e direcionam o indivíduo em suas ações e escolhas. Abordaremos</p><p>também a personalidade,</p><p>en-</p><p>xergamos ocorre em constante alteração, pois a rotina dos indivíduos</p><p>se modifica e os padrões sociais também. Além disso, Mead (2015) de-</p><p>fine que o processo de desenvolvimento da pessoa acontece em três</p><p>etapas, as quais veremos a seguir.</p><p>Lightspring/Shutterstock</p><p>38 Relações Interpessoais</p><p>A primeira é o estágio preparatório. Nesse estágio a com-</p><p>preensão do self é indiferente, pois é construída por ações</p><p>que outras pessoas expressam em relação a nós. No que</p><p>se refere à consciência, esta é desenvolvida de modo ágil,</p><p>e a resposta do indivíduo às demais pessoas é feita por</p><p>meio de características do grupo, que possibilitam a de-</p><p>finição da atuação no que se considera adequado para</p><p>a atual conjuntura.</p><p>Como a consciência de si é construída por meio das res-</p><p>postas dos outros, o self não é vivenciado abertamente, ape-</p><p>nas por essas respostas, porém, existe o início de um processo</p><p>que desenvolve a capacidade de julgamento do desempenho do</p><p>indivíduo na sua relação com os demais (MEAD, 2015).</p><p>Na segunda etapa, o estágio de atuação, é como se existissem di-</p><p>versos outros papéis, mas que não são relacionados e precisam ser</p><p>organizados. Nesse estágio, o aprendizado da linguagem e a relação</p><p>com os sentimentos da pessoa em cada papel são de grande importân-</p><p>cia. As respostas de outras pessoas também ganham destaque, pelo</p><p>entendimento do que são relevantes para a encenação (MEAD, 2015).</p><p>pa</p><p>th</p><p>do</p><p>c/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Pessoa com várias faces representando os diversos papéis caracterizados pela fase de atuação</p><p>e pelo processo de encenação.</p><p>Na terceira e última etapa, o estágio do jogo, é marcada pela es-</p><p>tabilização das ações do grupo. Nesse estágio, por meio da relação</p><p>existente com outras pessoas, com diversas personificações sendo</p><p>madeinitaly4k/Shutterstock</p><p>Pessoa consigo mesma, com</p><p>seu reflexo e olhar profundo,</p><p>observando e representando a</p><p>descoberta da consciência de si.</p><p>Processos de socialização 39</p><p>interpretadas e chamando a atenção, o caráter da pessoa é forma-</p><p>do pela tratativa do indivíduo como peças de suas próprias atitudes</p><p>(MEAD, 2015).</p><p>Ev</p><p>ge</p><p>ny</p><p>A</p><p>ta</p><p>m</p><p>an</p><p>en</p><p>ko</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Pessoa representando as diversas personificações que são interpretadas em sua relação com</p><p>outros indivíduos no estágio do jogo.</p><p>Segundo a teoria de Mead (2015) sobre o self, não se trata de pas-</p><p>sividade, mas da proatividade que define todos os envolvidos na inte-</p><p>ração. Nogueira (2001) também aborda a temática da evolução do self</p><p>pelas relações sociais expressivas, que proporcionam significado para</p><p>as vivências e dão segurança, além de serem importantes componen-</p><p>tes no processo adaptativo durante as fases da vida, mas destacando-</p><p>-se na mudança para a vida adulta.</p><p>A perspectiva da sociologia da experiência aborda a importância</p><p>de enxergar cada pessoa como um intelecto, um protagonista com a</p><p>capacidade de conter, de modo consciente, sua relação com o meio</p><p>em que vive e que não pode se reduzir a papéis ou objetivos, não se</p><p>apoiando completamente a eles. Como protagonista, possui a obriga-</p><p>ção de analisar ações diversas, por meio de reflexões e subjetividade</p><p>(SETTON, 2011).</p><p>Sobre o indivíduo no seu processo de relacionamentos,</p><p>Erbolato (2001) afirma que a interação ocorre em um processo no</p><p>qual são vivenciadas emoções positivas e negativas, compreensão</p><p>de si e do outro, diversos níveis de envolvimento afetivo e imensas</p><p>mudanças recorrentes.</p><p>No livro Amor líquido:</p><p>sobre a fragilidade dos</p><p>laços humanos, Bauman</p><p>cria uma expressão</p><p>chamada amor líquido</p><p>e aborda os tipos de</p><p>relações interpessoais na</p><p>pós-modernidade, assim</p><p>como a fragilidade dos</p><p>laços humanos.</p><p>BAUMAN, Z. Rio de Janeiro:</p><p>Zahar, 2004.</p><p>Livro</p><p>40 Relações Interpessoais</p><p>Martins (2008) aborda a questão do indivíduo como par-</p><p>ticipante no processo de construção social, capaz de</p><p>se expressar, perceber outras pessoas em uma</p><p>visão igualitária de seres pertencentes ao</p><p>mesmo mundo. Além disso, define o pro-</p><p>cesso de socialização embasado na ideia</p><p>de fato social em sua totalidade, um pro-</p><p>cesso recíproco e diversificado de valores</p><p>e crenças intrínsecas ao indivíduo e na</p><p>cultura em que está inserido. Para ele, não</p><p>existe um protagonista na relação entre o ser</p><p>humano e a sociedade, ambos fazem parte dos</p><p>contextos históricos e sociais.</p><p>O indivíduo em sua relação com a sociedade, em seu</p><p>processo de socialização, passa por etapas necessárias para o desen-</p><p>volvimento que possibilitam seu bem-estar, definindo as regras para</p><p>um bom convívio no ambiente em que está inserido e a construção</p><p>da sua própria identidade. O convívio com outras pessoas, além de</p><p>inevitável, é necessário para o indivíduo e para a sociedade.</p><p>As relações sociais são naturalmente dinâmicas e se alteram, são va-</p><p>riáveis de acordo com os indivíduos e com os acontecimentos, conforme</p><p>as interações ocorrem (DESSEN; BRAZ, 2000). Essas relações têm pesos</p><p>diversos de acordo com o momento de vida de cada um. Leva-se em con-</p><p>ta gênero, estado civil, se possui ou não filhos, cultura, contexto político,</p><p>personalidade da pessoa, formação da família, tudo isso faz parte de um</p><p>grande, complexo e mutável processo de interação (PAPALIA; OLDS, 2000).</p><p>2.3 Relações familiares e afetivas</p><p>Vídeo A família é formada por um grupo de pessoas, que se forma pelos</p><p>laços consanguíneos ou afetivos e é o primeiro contato que o indivíduo</p><p>tem relacionado a outras pessoas. É na relação familiar que se cons-</p><p>troem os primeiros vínculos afetivos e o comportamento social se inicia</p><p>dessas interações, sendo influenciado pelo ambiente no qual a família</p><p>está inserida, pela cultura, política e economia.</p><p>A família tradicional era composta de muitos membros. O casal ti-</p><p>nha muitos filhos, a mãe geralmente não trabalhava e se dedicava aos</p><p>Você já pensou como</p><p>foi seu processo de</p><p>socialização, como foi se</p><p>desenvolvendo para se</p><p>relacionar com outras</p><p>pessoas? Você compreen-</p><p>de o quanto suas relações</p><p>são importantes na sua</p><p>vida? Já refletiu sobre</p><p>essas questões?</p><p>Para refletir</p><p>Rawpixel.com/Shutterstock</p><p>Processos de socialização 41</p><p>filhos, que eram subordinados aos pais, e o pai era o chefe do lar, o</p><p>único responsável pelo sustento de todos os filhos, que geralmente co-</p><p>meçavam a trabalhar cedo, abdicando da escola, por isso muitos não</p><p>sabiam ler ou escrever – isso era privilégio de famílias que tinham me-</p><p>lhores condições financeiras.</p><p>Na família definida como um grupo de pessoas que estão juntas</p><p>pelo vínculo de parentesco que possuem e pela consanguinidade se</p><p>desenham identificadores próprios que compõem as faces dos relacio-</p><p>namentos, estabelecendo uma linguagem comum, por meio de uma</p><p>história de laços consanguíneos e morais, comuns a todos os compo-</p><p>nentes do grupo (BARROS, 2003).</p><p>Dias (2011) define um modelo que consiste em etapas da forma-</p><p>ção da família tradicional e coloca uma sequência esperada para a</p><p>configuração familiar (Figura 2).</p><p>Figura 2</p><p>Etapas da vida familiar</p><p>Anin</p><p>dy</p><p>an</p><p>Fi</p><p>tria</p><p>ti/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k</p><p>Formação do</p><p>casal</p><p>Família com filhos</p><p>pequenos</p><p>Família com</p><p>filhos na</p><p>escola</p><p>Família com filhos</p><p>adultos</p><p>Fonte: Adaptada de Dias, 2011.</p><p>42 Relações Interpessoais</p><p>Segundo esse modelo, a família se inicia com a união do casal,</p><p>se altera com o nascimento dos filhos, que vão se desenvolvendo,</p><p>iniciam os estudos e se tornam adultos, se casam e constroem uma</p><p>nova família e o ciclo se repete.</p><p>A sociedade contemporânea é caracterizada por grandes transforma-</p><p>ções na área econômica, política e cultural, e isso influenciou de maneira</p><p>expressiva a vida das pessoas. No Brasil, as mudanças ocorreram de modo</p><p>bastante acelerado, após a Segunda Guerra Mundial, proporcionando um</p><p>novo panorama social e cultural nas grandes cidades. São transformações</p><p>intensas e fixas, relacionadas aos processos organizacional e de trabalho,</p><p>educação e socialização das gerações que estão surgindo, bem como ao</p><p>mundo de valores que norteiam o comportamento no dia a dia.</p><p>El</p><p>en</p><p>a_</p><p>Fo</p><p>m</p><p>in</p><p>a/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Diversidade</p><p>encontrada nas famílias da contemporaneidade, que são ligadas pelos laços afetivos e</p><p>não apenas consanguíneos, sendo formadas por pessoas jovens, mais velhas, casadas, solteiras,</p><p>divorciadas, de diferentes gêneros e orientações sexuais.</p><p>Existe uma mudança nos valores que antes eram válidos e nos</p><p>modelos tradicionais não são mais aplicados. A família na contempo-</p><p>raneidade é caracterizada por diversos formatos que indicam formas</p><p>que documentam a discordância dos modelos tradicionais para a com-</p><p>preensão da família atual (SARACENO, 1997).</p><p>Segundo Freyre (1992), o modelo de família patriarcal, caracterizada</p><p>por viver em uma cultura rural, deixou de existir há bastante tempo.</p><p>O livro Autoridade e afeto:</p><p>avós, filhos e netos na</p><p>família brasileira aborda</p><p>as mudanças ocorridas</p><p>nas relações familiares e a</p><p>extinção desta instituição.</p><p>BARROS, M. L. de. Rio de Janeiro:</p><p>Zahar, 2003.</p><p>Livro</p><p>Processos de socialização 43</p><p>Antes havia formatos de comportamento que direcionavam as rela-</p><p>ções de parentescos, mas hoje foram deixados de lado, sendo vistos</p><p>somente em locais onde a sociedade com baixa escolaridade ou que</p><p>não vivenciou as mudanças culturais continua adotando valores e com-</p><p>portamentos antigos. Não é descartada a possibilidade de que sejam</p><p>alterados com as novas gerações que virão.</p><p>A família se tornou um espaço para os combates da tradição e</p><p>da modernidade, mas permanece como um símbolo para ambas</p><p>(GIDDENS, 2000). A convivência com a família mudou de um formato</p><p>objetivo para um mais subjetivo, em que existe mais instabilidade devi-</p><p>do às mudanças nas relações familiares atuais. Nesse ponto se descons-</p><p>trói a visão de família como uma realidade particular, importante apenas</p><p>para os membros que fazem parte dela, e se mantém o papel da família</p><p>como um grupo composto de afetividade, emoções e sentimentos.</p><p>Porém, encontra-se reduzida a visão de família como instituição,</p><p>enraizada nos vínculos familiares, em uma formatação jurídica. As</p><p>pessoas hoje em dia casam-se mais tarde, reduziu a quantidade de</p><p>casamentos, cresceu o número de divórcios, em comparação com as</p><p>décadas anteriores, e aumentaram as famílias reconstituídas, lidera-</p><p>das por mulheres (BERGUÓ, 1998). Muitas vezes a educação e a socia-</p><p>lização antes aprendidas em casa são compartilhadas com instituições</p><p>escolares e outras instituições (GOLDANI, 1994). Inicialmente, com</p><p>tantas mudanças ocorrendo na família, alguns autores afirmavam que</p><p>ela desapareceria, mas continua existindo, com formatos diferentes,</p><p>sendo diminuído o modelo tradicional e dando espaço para a família</p><p>contemporânea.</p><p>Atualmente existem numerosas variáveis que participam do proces-</p><p>so de definição de valores que fazem parte de nossas vidas, interferindo</p><p>nos padrões de comportamento, como escola, ambiente de trabalho,</p><p>comunidades religiosas que são diversas ou até mesmo cursos existen-</p><p>tes com objetivo de discutir questões familiares e conflitos da família.</p><p>Existem diferentes formatos de família, unidos pelo afeto ou inte-</p><p>resses coletivos que estabelecem a convivência por determinado pe-</p><p>ríodo de tempo, em que é construída uma vida singular dos indivíduos</p><p>(GIDDENS, 1999; 2004; AMARO, 2006; ALARCÃO; RELVAS, 2002).</p><p>A contemporaneidade nos trouxe diversos conceitos de família que</p><p>foram elaborados por Dias (2011), como mostra a figura a seguir.</p><p>O livro A morte da família</p><p>aborda as mudanças</p><p>ocorridas nas relações</p><p>familiares, faz críticas</p><p>com relação à família e</p><p>apresenta alternativas</p><p>para o formato conven-</p><p>cional, buscando evitar a</p><p>rejeição.</p><p>COOPER, D. E. São Paulo: WMF</p><p>Martins Fontes, 2019.</p><p>Livro</p><p>A série Modern family</p><p>(Família moderna) mostra</p><p>o cotidiano de uma família</p><p>superando seus proble-</p><p>mas e suas desavenças,</p><p>sempre se mantendo</p><p>unida, além de abordar</p><p>relações de divórcio, dife-</p><p>renças de idade e novas</p><p>constituições de família de</p><p>maneira leve e engraçada,</p><p>com episódios curtos, que</p><p>fazem da série uma boa</p><p>opção para quem busca</p><p>conhecer mais a dinâmica</p><p>das famílias modernas.</p><p>Série</p><p>44 Relações Interpessoais</p><p>Fonte: Adaptada de Dias, 2011, p. 143.</p><p>Vo</p><p>lo</p><p>no</p><p>ff/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>></p><p>Família nuclear: constituída de dois</p><p>adultos de sexo diferente e os respectivos</p><p>filhos biológicos ou adotados. Já não é para</p><p>muitos o modelo de referência, embora</p><p>continue a ser o mais presente.</p><p>União de facto: é semelhante ao</p><p>casamento, no entanto, não existe qualquer</p><p>contrato escrito.</p><p>Família homoafetiva: constituída de</p><p>duas pessoas do mesmo sexo com ou</p><p>sem filhos.</p><p>União livre: não é muito diferente das</p><p>uniões de facto, o que difere é a ideia de</p><p>formar família, mas sem qualquer intenção</p><p>em estabelecer contratos.</p><p>Família recomposta: constituída de laços</p><p>conjugais após o divórcio ou separações.</p><p>É frequente a existência de filhos de</p><p>casamentos ou ligações diferentes</p><p>ocasionando meio-irmãos.</p><p>Família monoparental: composta de</p><p>mãe ou pai e filhos. São famílias fruto de</p><p>divórcio, viuvez ou da própria opção dos</p><p>progenitores, mães solo, adoção por parte</p><p>das mulheres ou dos homens sós, recurso</p><p>a técnicas de reprodução.</p><p>Figura 3</p><p>Tipos de família</p><p>Os diversos tipos de família vêm crescendo cada vez mais, porém,</p><p>elas mantêm a dinâmica familiar, não perdendo a essência de “família</p><p>como grupo social em que os seus membros coabitam ligados por uma</p><p>ampla complexidade de relações interpessoais” (DIAS, 2000, p. 81).</p><p>Dessa forma, algumas valorizam os comportamentos tradicionais, já</p><p>outras seguem as tendências de família atuais, que valorizam as rela-</p><p>ções afetivas, deixando de lado o biológico (DIAS, 2011).</p><p>Processos de socialização 45</p><p>Independentemente do modelo familiar, ela continua sendo um</p><p>grupo de pessoas que formam uma integração social, constituindo</p><p>relações entre os membros internos e externos, além de contemplar</p><p>muitos subsistemas, com papéis relevantes na sociedade, no trabalho,</p><p>na educação, na socialização, na reprodução, na afetividade, ou seja,</p><p>faz parte de um sistema social amplo e contribui com ele (DIAS, 2011).</p><p>Cada família é composta de uma diversidade de papéis e formatos,</p><p>mas sua essência permanece. As famílias constituem uma parte da so-</p><p>ciedade e a influenciam diretamente.</p><p>2.4 Influência cultural no comportamento</p><p>Vídeo Nosso comportamento é construído por meio das nossas</p><p>experiências de vida e com base em nossas relações, sejam elas</p><p>parentais, de amizade ou de trabalho. Por isso, é possível afir-</p><p>mar que a cultura influencia diretamente nosso comportamen-</p><p>to, pois o homem necessita das relações sociais para viver e,</p><p>para que isso ocorra de maneira adequada, precisa se adequar</p><p>às regras sociais e aos valores da cultura em que está inserido.</p><p>Todo indivíduo quando nasce se depara a uma complexa</p><p>rede de costumes, formas de linguagem, relações. Esta é a pri-</p><p>meira coisa herdada pelo recém-nascido, denominada de cultu-</p><p>ra (MORAIS,1992).</p><p>Mesmo recebendo essa herança, o ser humano não precisa</p><p>seguir exatamente o que ficou de seus antepassados, com cria-</p><p>tividade é possível transformá-la e melhorá-la (MORAIS, 1992).</p><p>Por isso, ao longo das gerações ocorrem as mudanças culturais.</p><p>No senso comum existem diversas características referentes</p><p>às culturas dos povos, por exemplo, a alegria e o jeitinho do povo</p><p>brasileiro, a seriedade do americano, a organização e a dedicação</p><p>do japonês, a rigidez do árabe, dentre outros povos que ficam co-</p><p>nhecidos e marcados por essas características. Além disso, exis-</p><p>tem estudos referentes à influência biológica, racial ou cultural</p><p>dessas características (CUNHA, 2007).</p><p>A cultura, além de definir a forma de agir de determinada</p><p>sociedade e o comportamento do indivíduo, por meio de cren-</p><p>Quando tratamos da</p><p>cultura, o que ela remete</p><p>a você? Você já refletiu</p><p>sobre a importância que a</p><p>cultura possui na sua vida</p><p>e na sociedade?</p><p>Para refletir</p><p>46 Relações Interpessoais</p><p>ças e costumes, norteia as próximas gerações que virão. Quando nos</p><p>deparamos com pessoas de outros países, outros estados ou até cida-</p><p>des, podemos observar a diferença que</p><p>possuem em sua forma de se</p><p>comportar e interagir com outras pessoas.</p><p>A palavra cultura passou por diversas definições ao longo dos sécu-</p><p>los, mas o sentido mais importante se deu no século XVIII e repercute</p><p>até os dias de hoje, que é a cultura como um instrumento de educação</p><p>do espírito, responsável pela formação (CUNHA, 2007).</p><p>An</p><p>na</p><p>su</p><p>nn</p><p>y2</p><p>4/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Diversos povos, com diferentes características e vestimentas. Essa diversidade também pode ser</p><p>observada no comportamento das pessoas.</p><p>Para que compreender o comportamento humano, é preciso estu-</p><p>dar as interações existentes com o indivíduo e o ambiente em que vive,</p><p>que é constituído das atitudes de outras pessoas, ou seja, boa parte</p><p>do comportamento do ser humano é definido nessa relação com os</p><p>demais. Por isso o estudo do comportamento engloba os fenômenos</p><p>sociais (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2001).</p><p>Os fenômenos sociais ocorrem por meio do comportamento de di-</p><p>versas pessoas ou de mais de um indivíduo, como essas pessoas inte-</p><p>ragem e como são as suas ações conjuntas.</p><p>É definida a terminologia comportamento, abordando um contra-</p><p>ponto, que é o comportamento individual, estudando as atitudes das</p><p>pessoas, os pensamentos, as falas e os aprendizados e buscando a com-</p><p>preensão em situações sociais diversas e não sociais. Para a análise do</p><p>comportamento, o comportamento social possui características únicas,</p><p>Processos de socialização 47</p><p>mas pode ser definido com as mesmas fundamentações científicas con-</p><p>sideradas para todos os tipos de comportamento (ANDERY; SÉRIO, 2006).</p><p>A cultura se define como os diálogos comportamentais entre as</p><p>pessoas e reforça os comportamentos, sendo um objeto de estu-</p><p>do legítimo. É determinada como uma associação abstrata que tem</p><p>tempo indeterminado, mas que abrange práticas de comportamen-</p><p>tos e os resultados dessas ações, os fenômenos comportamentais</p><p>e ambientais, que são construídos pelas pessoas e suas gerações</p><p>futuras (GLENN, 2001).</p><p>Os ambientes sociais são demarcados por lugares geográficos defi-</p><p>nidos, constituídos de fenômenos comportamentais, no que se refere</p><p>às ações praticadas, ou seja, são as ações de um indivíduo que afetam</p><p>outro indivíduo. Mais especificamente, no que se refere aos comporta-</p><p>mentos individuais, são definidos como integrações das quais partem</p><p>essas práticas. As culturas existentes podem se explicar por</p><p>meio delas mesmas e de seus comportamentos (HARRIS,</p><p>1989; DIAMOND, 2005).</p><p>Para entender os fenômenos comportamentais,</p><p>é necessário compreender o indivíduo e a forma</p><p>como as pessoas interagem com o meio, não sen-</p><p>do possível separar ambos, pois desde sempre são</p><p>correlacionados, e a compreensão do comporta-</p><p>mento está vinculada à compreensão da cultura e</p><p>da interação entre as pessoas. Os fenômenos sociais</p><p>são focados nas ações conjuntas das pessoas, não só</p><p>do indivíduo e sua interação com o meio.</p><p>O livro Evolução, cultura e</p><p>comportamento humano</p><p>aborda, por meio do</p><p>olhar da psicologia, a</p><p>evolução da cultura, sua</p><p>influência no compor-</p><p>tamento humano e nas</p><p>relações interpessoais.</p><p>VIEIRA, M. L.; OLIVA, A. D. (org.).</p><p>Florianópolis: Edições do Bosque,</p><p>2017. (Série Saúde e Sociedade, v. 1).</p><p>Livro</p><p>Andrey_Popov/Shutterstock</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A socialização ocorre em um amplo processo que envolve diversas</p><p>variáveis a serem consideradas e acontece ao longo da vida do indiví-</p><p>duo. Seus comportamentos são construídos por meio de suas intera-</p><p>ções com o meio em que vive e com a cultura na qual está inserido. É</p><p>um processo de constante descoberta, em que o indivíduo passa por</p><p>diversas mudanças e vai assumindo papéis, nos estudos, na vida pro-</p><p>fissional e na família.</p><p>A família tem parte fundamental nesse processo, pois é a primeira que</p><p>interage com o bebê ao nascer, sendo uma referência aos valores, cos-</p><p>48 Relações Interpessoais</p><p>tumes e comportamentos. Já a cultura tem papel importante no que se</p><p>refere ao indivíduo em suas relações com o meio por meio de crenças, va-</p><p>lores e formas de se comportar adequadas para determinada sociedade.</p><p>Apesar de suas particularidades, todas essas variáveis se relacionam</p><p>e são de extrema importância para o indivíduo e para a sociedade, de</p><p>modo geral, trazendo um processo evolutivo para ambos.</p><p>ATIVIDADES</p><p>Atividade 1</p><p>O processo de evolução do ser humano e a transformação do</p><p>padrão de vida social se opõe à afirmação de que a mutação é a</p><p>principal qualidade dos seres humanos. Sendo assim, explique o</p><p>papel da mutação no que se refere ao sistema social.</p><p>Atividade 2</p><p>Na teoria do desenvolvimento do ser humano, por meio da inte-</p><p>ração social, existem três estágios de aprendizagem. Explique de</p><p>maneira resumida os estágios preparatório, de atuação e de jogo.</p><p>Atividade 3</p><p>A palavra cultura passou por diversas definições ao longo dos</p><p>séculos, mas uma definição que teve grande importância foi</p><p>apresentada no século XVIII. Qual é essa definição e por que foi</p><p>importante?</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALARCÃO, M.; RELVAS, A. P. Novas formas de família. Coimbra: Quarteto, 2002.</p><p>AMARO, F. Introdução à sociologia da família. Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais</p><p>e Políticas, 2006.</p><p>ANDERY, M. A.; SÉRIO, T. M. Comportamento social. In: GUILHARDI, H. J.; AGUIRRE, N. C.</p><p>(org.). Sobre comportamento e cognição: expondo a variabilidade. Santo André: ESETec,</p><p>2006. v. 18.</p><p>ASHTON, G. M. S. Uma introdução às ideias de Maffesoli: para uma sociologia</p><p>compreensiva. Revista Prâksis, v. 1, p. 83-87, jan./jun. 2008.</p><p>BARROS, M. L. Autoridade e afeto: avós, filhos e netos na família brasileira. Rio de Janeiro:</p><p>Zahar, 2003.</p><p>BAUMAN, Z.; MAY, T. Aprendendo a pensar com a sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.</p><p>BERGUÓ, E. Arranjos familiares no Brasil: uma visão demográfica. In: SCHAWRCZ, L. M.</p><p>(org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. 4.</p><p>CUNHA, R. Cultura e comportamento. Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, 2007.</p><p>DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: vivências para o</p><p>trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001.</p><p>Processos de socialização 49</p><p>DESSEN, M. A.; BRAZ, M. P. Rede social de apoio durante transições familiares decorrentes</p><p>do nascimento dos filhos. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 16, n. 3, p. 221-231, set./dez. 2000.</p><p>DIAMOND, J. M. Collapse: how societies choose to fail or succeed. Nova York: Viking</p><p>Penguin, 2005.</p><p>DIAS, M. O. A família numa sociedade em mudança problemas e influências. Gestão e</p><p>desenvolvimento, Viseu, UCP, n. 9, p. 81-10, 2000.</p><p>DIAS, M. O. Um olhar sobre a família na perspetiva sistémica – o processo de comunicação</p><p>no sistema familiar. Gestão e Desenvolvimento, Lisboa, v. 19, p. 139-156, 2011.</p><p>ELIAS, N. Introdução à sociologia. Braga: Pax Limitada, 1980.</p><p>ELLIOTT, S. N.; GRESHAM, F. M. Classwide intervention program: teachers’s guide. Mineápolis:</p><p>Pearson, 2008.</p><p>ERBOLATO, R. M. P. L. Contatos sociais: relação de amizade em três momentos da vida</p><p>adulta. 2011. Tese (Doutorado em Psicologia) – Centro de Ciências da Vida, PUCCAMP,</p><p>Campinas.</p><p>FREYRE, G. Casa grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia</p><p>patriarcal. 28. ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.</p><p>GIDDENS, A. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. 2. ed. Rio de</p><p>Janeiro: Record, 2000.</p><p>GIDDENS, A. O mundo na era da globalização. Lisboa: Presença, 1999.</p><p>GIDDENS, A. Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.</p><p>GLENN, S. S. Contingencies and metacontingencies: Relations among behavioral, cultural,</p><p>and biological evolution. In: LAMAL, P. A. Behavioral analysis of societies and cultural</p><p>practices. Nova York: Hemisphere, 2001.</p><p>GOLDANI, A. M. As famílias brasileiras: mudanças e perspectivas. Caderno de pesquisa,</p><p>v. 91, p. 7-22, 1994.</p><p>GRESHAM, F. M. Análise do comportamento aplicada às habilidades sociais. In: DEL</p><p>PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. (ed.). Psicologia das habilidades sociais: diversidade teórica</p><p>e suas implicações. Petrópolis: Vozes, 2009. p. 17-66.</p><p>HARRIS, M. Our</p><p>kind. Nova York: Harper Collins, 1989.</p><p>HOUAISS, A.; VILLAR, M. de. S.; FRANCO, F. M. de. M. Dicionário Houaiss da língua portuguesa.</p><p>Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.</p><p>MAFFESOLI, M. O conhecimento comum. São Paulo: Brasiliense, 1985.</p><p>MARTINS, P. H. De Levi-Strauss a Mauss: movimento antiutilitarista nas ciências sociais.</p><p>Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 23, n. 66, p. 105-130, 2008.</p><p>MEAD, G. H. Mind, self, and society: the definitive edition. Chicago: The University of Chicago</p><p>Press, 2015.</p><p>MORAIS, R. Estudos de filosofia da cultura. São Paulo: Edições Loyola, 1992.</p><p>NOGUEIRA, E. J. Rede de relações sociais: um estudo transversal com homens e mulheres</p><p>pertencentes a três grupos etários. 2001. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de</p><p>Educação, Unicamp, Campinas.</p><p>O’DONOHUE, W.; KRASNER, L. Psychological skills training. In: ’DONOHUE, W.; KRASNER, L.</p><p>Handbook of psychological skills training. Londres: Allyn and Bacon, 1995.</p><p>PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. Desenvolvimento humano. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas</p><p>Sul, 2000.</p><p>SARACENO, C. Sociologia da família. Rio de Janeiro: Estampa, 1997.</p><p>SETTON, M. G. J. Teorias da socialização: um estudo sobre as relações entre indivíduo e</p><p>sociedade. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 711-724, 2011.</p><p>TROWER, P. Adult social skills: state of the art and future directions. In: O’DONOHUE, W.;</p><p>KRASNER, L. Handbook of psychological skills training: clinical techniques and applications.</p><p>Nova Iorque: Allyn and Bacon, 1995.</p><p>50 Relações Interpessoais</p><p>3</p><p>Socialização organizacional</p><p>Para abordar o indivíduo em suas relações interpessoais e como</p><p>ocorre seu processo de socialização, é importante levar em considera-</p><p>ção seu processo de socialização no trabalho. Ao longo de sua vida, o</p><p>indivíduo assume diversos papéis na sociedade, sendo alguns deles os</p><p>de funcionários, colegas de trabalho, líderes de áreas e demais cargos</p><p>existentes nas organizações. Porém, se pararmos para analisar, ao en-</p><p>trar no mercado, o indivíduo permanece mais tempo trabalhando do</p><p>que em outros contextos sociais. No Brasil, em média, as pessoas se</p><p>aposentam depois de 30 a 35 anos de trabalho e passam oito horas por</p><p>dia trabalhando.</p><p>As relações interpessoais são cada vez mais valorizadas no contexto</p><p>organizacional, pois colaboram para que o trabalho em equipe ocorra</p><p>de maneira construtiva, além de contribuírem positivamente para o cli-</p><p>ma organizacional e para que as empresas e as pessoas atinjam seus</p><p>objetivos organizacionais e de carreira. Além disso, são competências</p><p>importantes para os processos de liderança. Por isso, faz-se necessário</p><p>compreender como essas relações ocorrem, quais são seus principais</p><p>desafios, os benefícios para o indivíduo, para as organizações e, natural-</p><p>mente, para a sociedade.</p><p>É importante compreender os processos de socialização, pois o</p><p>mundo do trabalho, assim como a sociedade de modo geral, está em</p><p>constante transformação e evolução. O campo de pesquisa de sociolo-</p><p>gia na área organizacional possui uma imensidão de temas e níveis de</p><p>análise a serem estudados com o objetivo de acompanhar como essas</p><p>mudanças ocorrem e a complexidade desses fenômenos.</p><p>Convidamos você a participar das discussões deste capítulo, procu-</p><p>rando compreender o indivíduo em seu processo de socialização nas</p><p>organizações, como ocorre seu processo de integração com a empresa</p><p>e com os demais membros das equipes, as relações de hierarquia exis-</p><p>tentes, as relações com os cargos ocupados, o trabalho em equipe, as</p><p>formações dos grupos na organização e a importância dessas relações</p><p>para os indivíduos, as organizações e a sociedade.</p><p>Socialização organizacional 51</p><p>3.1 Indivíduo e relações organizacionais</p><p>Vídeo Abordar a questão do indivíduo e suas relações nas organizações</p><p>nos leva a pensar no termo identidade profissional, que é muito associa-</p><p>do à pessoa em si. Repare que uma das primeiras coisas que fazemos</p><p>quando nos apresentamos a alguém é dizer nosso nome, idade, esta-</p><p>do civil e profissão, pois a identidade profissional faz parte do indivíduo.</p><p>A identidade possui diversos papéis e não tem uma característica fixa,</p><p>pode ser definida como um componente de caráter dinâmico, relacional</p><p>e situacional (AKKERMAN; MEIJER, 2011; BEAUCHAMP; THOMAS, 2009;</p><p>BEIJAARD; MEIJER; VERLOOP, 2004), que sugere a concepção de sentido e</p><p>nova interpretação dos valores intrínsecos e suas próprias experiências,</p><p>sendo um processo que está em constante mudança (GIDDENS, 1994).</p><p>Os autores Owens, Robinson e Smith-Lovin (2010) e Stets e Burke</p><p>(2000) tratam da definição de identidade na perspectiva individual, que</p><p>se refere ao processo de interiorização dos posicionamentos sociais</p><p>e dos seus sentidos. De modo geral, os indivíduos possuem diversas</p><p>identidades que são relacionadas entre si (AKKERMAN; MEIJER, 2011).</p><p>Dessa forma, a identidade profissional faz parte de uma das identida-</p><p>des sociais da pessoa, sendo aquela que é baseada em ideias, estilos</p><p>e conhecimentos profissionais e que necessita do cenário de atuação</p><p>profissional da pessoa (PIMENTA, 2005).</p><p>A socialização está ligada ao comportamento das pessoas nas mu-</p><p>danças que ocorrem no decorrer da vida. Existe uma expectativa do pa-</p><p>pel social e do papel profissional que faz parte da vida adulta (BERGER;</p><p>LUCKMANN, 2012).</p><p>De maneira geral, a socialização constitui um importante proces-</p><p>so relacionado às pessoas e ao mundo social em que vivem. Na so-</p><p>cialização organizacional é muito comum lidar com transferências de</p><p>funcionários para outras unidades da empresa em outras cidades ou</p><p>Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:</p><p>• compreender o indivíduo em seu processo de socialização</p><p>nas organizações, sua integração com os demais membros</p><p>das equipes e em relação aos cargos ocupados.</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>52 Relações Interpessoais</p><p>estados, mudanças departamentais, mudanças de cargos, hierarquias</p><p>etc. Com isso, surge a necessidade de que os funcionários internalizem</p><p>e busquem atingir as metas e os objetivos organizacionais, tornando-se</p><p>um desafio para a organização, que precisa traçar meios de monitorar</p><p>o processo e criar ferramentas para que os indivíduos se relacionem e</p><p>haja integração e adaptação entre eles.</p><p>Essas estratégias de socialização fazem com que a pessoa se torne</p><p>membro de um determinado grupo na organização, tornando-a, desse</p><p>modo, protagonista do processo. É importante levar em consideração</p><p>que o processo de socialização ocorre com o conformismo, pois o indi-</p><p>víduo é inserido em um grupo onde já existem costumes pré-definidos</p><p>por outros participantes; mesmo assim, é possível que o indivíduo se</p><p>sinta realizado e se identifique com a nova cultura, em um processo em</p><p>que influencia e é influenciado, colaborando para o atingimento dos</p><p>objetivos (BORGES; ALBUQUERQUE, 2014).</p><p>A socialização organizacional é o movimento em que uma pes-</p><p>soa passa por uma mudança, deixando de ser um membro externo à</p><p>organização e passando a ser membro interno, tornando-se parte da</p><p>empresa por meio de um cargo, sendo funcionário (BAUER; BODNER;</p><p>TRUCKER, 2007).</p><p>Existe também a socialização profissional, que se trata do prepa-</p><p>ro para o mercado de trabalho. Quando ingressa na faculdade ou em</p><p>cursos técnicos, a pessoa desenvolve a preparação para a inserção no</p><p>mercado de trabalho e para a sua profissão (como médico, contador,</p><p>psicólogo etc.), e é a socialização profissional que prepara para ocupa-</p><p>ções no mercado (como bancário, gerente etc.). São processos mais</p><p>amplos porque, inclusive, abrangem a interação do sujeito com várias</p><p>instituições por meio de relações de naturezas distintas. Por exemplo,</p><p>quando o indivíduo vai para a faculdade e se prepara para atuar em</p><p>uma organização, é uma socialização profissional que o prepara para a</p><p>socialização organizacional (BORGES; ALBUQUERQUE, 2014).</p><p>Pela perspectiva de Dubar (2012), a socialização profissional se defi-</p><p>ne como um procedimento amplo de conexão e crescimento constan-</p><p>te, diversidade de caminhos, trabalhos</p><p>a fazer e possibilidades a seguir,</p><p>relacionamento com outras pessoas e consigo mesmo. Por meio desse</p><p>processo social e de trabalho, constroem-se os universos profissionais</p><p>e se caracterizam as pessoas pelo seu trabalho.</p><p>No filme Os Estagiários,</p><p>dois vendedores expe-</p><p>rientes estão desempre-</p><p>gados e aceitam uma</p><p>oportunidade de estágio</p><p>na Google. O filme</p><p>aborda os esforços para</p><p>se manter e se adaptar</p><p>ao trabalho, as mudanças</p><p>que ocorrem na trajetória</p><p>profissional e a busca em</p><p>estabelecer uma relação</p><p>positiva com pessoas de</p><p>gerações diferentes.</p><p>Direção: Shawn Levy. EUA: 20th</p><p>Century Fox, 2013.</p><p>Filme</p><p>As profissões, muitas vezes, dão significado para a existência da pes-</p><p>soa e organizam a coletividade, deixando de lado a questão da troca do</p><p>trabalho pelo salário, possuindo um reconhecimento pessoal, profis-</p><p>sional e, naturalmente, social. Possuem uma nomenclatura coletiva e</p><p>possibilitam que as pessoas se identifiquem e sejam reconhecidas por</p><p>meio da sua profissão (DUBAR, 2012).</p><p>Já sobre as estratégias organizacionais que proporcionam a integra-</p><p>ção e a socialização, existem ações formais, como treinamentos e ou-</p><p>tras atividades com o objetivo de tornar o funcionário um membro da</p><p>organização (BORGES; ALBUQUERQUE, 2014).</p><p>Pode-se afirmar que a socialização organizacional é um feito hu-</p><p>mano e social. É um processo bastante complexo e diversificado, que</p><p>pode originar diversos estudos diferentes (CARVALHO; MARQUES; BRI-</p><p>TO, 2015).</p><p>Você se recorda de como foi a sua integração em seu primeiro em-</p><p>prego? Sentiu diferença quando ocorreu mudança de empresa ou de</p><p>área de atuação? Houve algum esforço do líder, da empresa ou equipe</p><p>para que você se sentisse integrado ao grupo? Quais foram seus esfor-</p><p>ços para fazer parte da empresa?</p><p>Quando nos fazemos esses questionamos, percebemos o quanto</p><p>esse processo é amplo e complexo e depende de esforços de todas as</p><p>partes envolvidas.</p><p>Processo de integração</p><p>organizacional, no qual</p><p>os colaboradores se</p><p>dividem em grupos e</p><p>trocam experiências,</p><p>conhecimentos. É um</p><p>processo de grande</p><p>importância para os</p><p>indivíduos e para as</p><p>organizações.</p><p>Socialização organizacionalSocialização organizacional 5353</p><p>Rawpixel.com/Shutterstock</p><p>3.2 Grupos e equipes</p><p>Vídeo No decorrer da vida do indivíduo, ele recebe diversas influências dos</p><p>grupos dos quais faz parte, e essas relações têm a capacidade de afetar</p><p>os seus comportamentos. Nas organizações não é diferente, uma vez</p><p>que o funcionário é influenciado por diversos grupos que as compõem,</p><p>em toda a sua vida laboral. Atualmente, as empresas entendem que as</p><p>equipes de trabalho são arranjos de desempenho, pois beneficiam a</p><p>atuação da organização.</p><p>O indivíduo já nasce pertencente a um grupo devido à convivência</p><p>com a família, com a qual aprende a se comportar. Por exemplo, quan-</p><p>do alguém tem um namorado ou namorada e essa pessoa vai conhecer</p><p>a família, são identificados comportamentos, formas de falar, crenças</p><p>muito parecidas que caracterizam aquele conjunto familiar. Isso tam-</p><p>bém acontece nas profissões: percebemos que elas possuem um estilo,</p><p>como uma forma de se comunicar mais dura, um jeito mais cuidadoso,</p><p>uma forte argumentação, um jeito analítico, um jeito mais paciente.</p><p>As pessoas possuem um comportamento próprio da sua individua-</p><p>lidade, que também sinaliza o grupo do qual faz parte, e isso faz com</p><p>que esses grupos se sintam unidos com apoio do comportamento</p><p>evidenciado.</p><p>Você já se viu em algum momento, ao conversar com alguém que</p><p>está conhecendo e falar sobre a sua profissão, e a pessoa comentar</p><p>algo do tipo: “Ah, pelo seu jeito pensei que era formado nesta área!”</p><p>Isso pode ocorrer porque nossos comportamentos refletem essas ca-</p><p>racterísticas presentes nos grupos das profissões nas quais atuamos.</p><p>No filme O Diabo Veste</p><p>Prada, uma jornalista</p><p>recém-formada vai traba-</p><p>lhar na conceituada revis-</p><p>ta de moda Runway, mas</p><p>não entende de moda,</p><p>tem um estilo simples e,</p><p>para se adaptar ao novo</p><p>emprego e ao meio com</p><p>o qual começa a conviver,</p><p>muda, além do visual, os</p><p>seus comportamentos,</p><p>enfrentando diversos</p><p>conflitos internos e</p><p>externos.</p><p>Direção: David Frankel. EUA: 20th</p><p>Century Fox, 2006.</p><p>Filme</p><p>Rawpixel.com/Shutterstock</p><p>Pessoas pertencentes</p><p>a grupos, trocando</p><p>informações em</p><p>busca de atingir seus</p><p>objetivos.</p><p>5454 Relações InterpessoaisRelações Interpessoais</p><p>Socialização organizacional 55</p><p>Robbins (2005) define os grupos como um conjunto de pessoas</p><p>cuja caracterização grupal acontece de maneira concreta quando</p><p>ocorrem quatro situações, conforme a figura a seguir explica.</p><p>Figura 1</p><p>Características dos grupos</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Robbins, 2005.</p><p>Quanto maior</p><p>for o número</p><p>de integrantes</p><p>maior for a</p><p>interação entre</p><p>seus membros</p><p>maior for a</p><p>sua história</p><p>mais claramente</p><p>será percebida</p><p>pelos membros</p><p>uma perspectiva</p><p>concreta de futuro</p><p>compartilhado.</p><p>De acordo com o autor, nos grupos há grande interação entre seus</p><p>membros e uma história longa, com uma perspectiva de futuramente</p><p>continuarem a partilha de informações e aprendizados. É importante</p><p>discutir, além da caracterização dada pelo autor, outras formas conti-</p><p>das nas relações existentes entre mais de uma pessoa, que podemos</p><p>chamar de duas formas: grupos ou equipes.</p><p>Agora que já definimos os grupos, é importante abordar as caracte-</p><p>rísticas e a importância das equipes para os indivíduos e para as organi-</p><p>zações. Equipes podem ser definidas como um grupo de pessoas que</p><p>unem esforços em prol de um objetivo em comum.</p><p>O tema de trabalho em equipe tem despertado o interesse das or-</p><p>ganizações. Diversos estudiosos afirmam que as organizações forma-</p><p>das pelas equipes serão o futuro do trabalho e das relações, nas quais</p><p>as pessoas terão objetivos e valores parecidos na constituição da iden-</p><p>tidade da organização (DAFT, 2010; JONES; GEORGE, 2008; ROBBINS,</p><p>2005; SENGE et al., 2009).</p><p>Ainda segundo os especialistas, o maior desafio enfrentado é a moti-</p><p>vação das pessoas para compartilhar suas ideias e seus conhecimentos</p><p>e disponibilizá-los para os demais membros da equipe (SENGE, 2000).</p><p>O trabalho em equipe é caracterizado por Senge (2000) como tare-</p><p>fas realizadas por duas ou mais pessoas com competências para ação</p><p>organizada, sendo que cada uma possui abertura para sugerir ideias e</p><p>fazer um planejamento comum, gerando uma sinergia. Para que isso</p><p>ocorra, muitas empresas precisam passar por uma mudança na cul-</p><p>tura, criando ações e estimulando as pessoas a compartilhar seus co-</p><p>nhecimentos – que muitas vezes guardam, perdendo a oportunidade</p><p>de partilhá-los, gerar crescimento para si e para os demais membros</p><p>da equipe, além de acabar não colaborando para que a organização</p><p>consiga atingir seus objetivos.</p><p>É importante ressaltar que esse compartilhamento de informações</p><p>e conhecimentos precisa estar em linha com os objetivos da organiza-</p><p>ção, por isso é necessária uma percepção na equipe de missão e que</p><p>ela seja compartilhada com todos e responsabilidade da coletividade.</p><p>Para que essa partilha seja relevante, deve estar alinhada às estraté-</p><p>gias organizacionais. Portanto, trabalhar em equipe implica um sen-</p><p>so de missão compartilhada e responsabilidade coletiva (DAFT, 2008;</p><p>VERGARA, 2009).</p><p>A Figura 2 ilustra as diferenças entre grupos e equipes. Os grupos</p><p>apenas compartilham as informações, enquanto a equipe foca no de-</p><p>sempenho coletivo. A sinergia dos grupos é neutra e, muitas vezes,</p><p>pode ser negativa; a equipe, por sua vez, trabalha com uma sinergia</p><p>positiva.</p><p>Nos grupos, a responsabilidade é individual; com as equipes, a res-</p><p>ponsabilidade também é coletiva. As habilidades dos membros dos</p><p>grupos são variadas, já nas equipes elas se complementam.</p><p>Rawpixel.com/Shutterstock</p><p>5656 Relações InterpessoaisRelações Interpessoais</p><p>Socialização organizacional 57</p><p>Figura 2</p><p>Diferenças entre equipes e grupos</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Robbins, 2005.</p><p>Grupos de trabalho Equipes de trabalho</p><p>Compartilhamento de</p><p>informações</p><p>Neutra (às vezes negativa)</p><p>Individual</p><p>Aleatórias e variadas</p><p>Desempenho coletivo</p><p>Positiva</p><p>Individual e mútua</p><p>Complementares</p><p>Objetivo</p><p>Sinergia</p><p>Habilidades</p><p>Responsabilidade</p><p>Sobre as diferenças entre grupos e equipes, Jones e George (2008) afir-</p><p>mam que um grupo é composto de duas ou mais pessoas em interação</p><p>com outras buscando atingir as metas para o atendimento de necessida-</p><p>des. Já a equipe é definida como um grupo em que membros atuam forte-</p><p>mente uns com os outros para atingir os objetivos comuns. Segundo os</p><p>autores, o que diferencia os grupos das equipes é a intensidade com que</p><p>os participantes da equipe trabalham juntos e os objetivos em comum,</p><p>que são prioridade para todos.</p><p>Existem desafios relacionados à convivência huma-</p><p>na, pois, com a velocidade da comunicação, é possí-</p><p>vel haver uma perda na interação entre as pessoas</p><p>( MATTOS, 2013). Dessa forma, é importante ter</p><p>empatia nas relações com as equipes de trabalho.</p><p>Essa vem sendo uma competência cada vez</p><p>mais valorizada nas empresas e nas relações entre</p><p>as pessoas, principalmente porque não se esco-</p><p>lhe com quem se trabalha; o processo de sele-</p><p>ção nos fornece um conhecimento básico sobre</p><p>a pessoa, mas não a conhecemos, não sabemos da</p><p>sua criação, nem da sua história de vida. Portanto, as</p><p>equipes são formadas por pessoas e pela diversida-</p><p>de comportamental e cultural, e a empatia atua como</p><p>facilitadora do trabalho em equipe.</p><p>O livro Psicologia, organi-</p><p>zações e trabalho no Brasil</p><p>aborda o trabalho no país</p><p>sob a ótica da psicologia</p><p>organizacional, faz impor-</p><p>tantes discussões sobre o</p><p>comportamento das pes-</p><p>soas nas organizações,</p><p>o trabalho em equipe e</p><p>a socialização organi-</p><p>zacional, além de tratar</p><p>de muitos outros temas</p><p>relevantes em organiza-</p><p>ções brasileiras que são</p><p>interessantes ao aluno</p><p>que busca se aprofundar</p><p>nesses estudos.</p><p>ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE,</p><p>J. E.; BASTOS, A. V. B. 2. ed. Porto</p><p>Alegre: Artmed, 2014.</p><p>Livro</p><p>Viktoria Kurpas/Shutterstock</p><p>Empatia é a capacidade de se colocar no lugar de outro, buscar</p><p>entender como o outro se sente nas situações que ocorrem,</p><p>melhorando a relação, deixando-a mais humanizada, trazendo</p><p>cooperação e satisfação entre as partes envolvidas.</p><p>O que dificilmente ocorre, para que haja uma boa relação, é uma</p><p>reflexão sobre a relação que será construída quando uma equipe se</p><p>forma. Trabalhar em equipe significa colaborar com os colegas, estar</p><p>em contato, interagir e se comunicar com eles, é um processo que pre-</p><p>cisa de ajustes constantes, porque, além de dividir o mesmo local de</p><p>trabalho, é necessário respeitar os espaços de cognição e emoções das</p><p>outras pessoas (MOSCOVICI, 2003; VERGARA, DAVEL, 2010). Assim, as</p><p>empresas têm buscado investir mais no bem-estar das pessoas, crian-</p><p>do estratégias de melhorias das relações interpessoais e de cuidados</p><p>com as questões emocionais dos colaboradores.</p><p>3.3 Processos de integração</p><p>Vídeo Os processos de integração entre pessoas na organização são ne-</p><p>cessários para que ocorra a cooperação entre equipes e áreas que de-</p><p>pendem umas das outras nos processos organizacionais. E, ainda, o ser</p><p>humano necessita se relacionar com os outros, e a integração colabora</p><p>para que as pessoas se sintam bem no ambiente da empresa, visto</p><p>que permanecem boa parte do tempo trabalhando em busca de atingir</p><p>seus objetivos pessoais e também colaborando para que a empresa</p><p>atinja seus objetivos organizacionais.</p><p>Porém, o processo de adaptação do novo colaborador com a orga-</p><p>nização pode envolver estresse, medo e ansiedade para e pessoa con-</p><p>tratada, pois trata-se de uma nova realidade e de um novo ambiente do</p><p>qual o indivíduo passa a fazer parte e ainda é desconhecido. Portanto,</p><p>fiz</p><p>ke</p><p>s/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Diversidade de pessoas presentes</p><p>na organização.</p><p>5858 Relações InterpessoaisRelações Interpessoais</p><p>Socialização organizacional 59</p><p>O que dificilmente ocorre, para que haja uma boa relação, é uma</p><p>reflexão sobre a relação que será construída quando uma equipe se</p><p>forma. Trabalhar em equipe significa colaborar com os colegas, estar</p><p>em contato, interagir e se comunicar com eles, é um processo que pre-</p><p>cisa de ajustes constantes, porque, além de dividir o mesmo local de</p><p>trabalho, é necessário respeitar os espaços de cognição e emoções das</p><p>outras pessoas (MOSCOVICI, 2003; VERGARA, DAVEL, 2010). Assim, as</p><p>empresas têm buscado investir mais no bem-estar das pessoas, crian-</p><p>do estratégias de melhorias das relações interpessoais e de cuidados</p><p>com as questões emocionais dos colaboradores.</p><p>3.3 Processos de integração</p><p>Vídeo Os processos de integração entre pessoas na organização são ne-</p><p>cessários para que ocorra a cooperação entre equipes e áreas que de-</p><p>pendem umas das outras nos processos organizacionais. E, ainda, o ser</p><p>humano necessita se relacionar com os outros, e a integração colabora</p><p>para que as pessoas se sintam bem no ambiente da empresa, visto</p><p>que permanecem boa parte do tempo trabalhando em busca de atingir</p><p>seus objetivos pessoais e também colaborando para que a empresa</p><p>atinja seus objetivos organizacionais.</p><p>Porém, o processo de adaptação do novo colaborador com a orga-</p><p>nização pode envolver estresse, medo e ansiedade para e pessoa con-</p><p>tratada, pois trata-se de uma nova realidade e de um novo ambiente do</p><p>qual o indivíduo passa a fazer parte e ainda é desconhecido. Portanto,</p><p>fiz</p><p>ke</p><p>s/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Diversidade de pessoas presentes</p><p>na organização.</p><p>5858 Relações InterpessoaisRelações Interpessoais</p><p>é necessário apresentar e acompanhar o novo colaborador nesse per-</p><p>curso (VAN MAANEN, 1996).</p><p>Os processos de integração podem ser formais ou informais, mas</p><p>estão sempre ocorrendo nas organizações. Os treinamentos iniciais,</p><p>nos quais o trabalhador conhece a cultura da empresa, seus valores,</p><p>sua missão e visão de futuro, são o momento em que ele tenta identifi-</p><p>car se os princípios da organização são compatíveis com os seus.</p><p>Mas o que é cultura organizacional? O que são missão, visão e</p><p>valores?</p><p>Ka</p><p>te</p><p>ry</p><p>na</p><p>F</p><p>ed</p><p>or</p><p>ov</p><p>a</p><p>Ar</p><p>t/</p><p>Gz</p><p>P_</p><p>De</p><p>si</p><p>gn</p><p>/2</p><p>3W</p><p>ay</p><p>sA</p><p>rt/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Crenças, comportamentos, valores praticados e hábitos presentes</p><p>na empresa. Em resumo, é formada pelas particularidades da</p><p>empresa e está muito relacionada ao comportamento dos donos,</p><p>no que acreditam e o que vivenciam e reflete em todos que nela</p><p>estão. Além disso, é a cultura que vai criar a direção aonde a empresa</p><p>busca chegar. Ela pode ser positiva, gerando motivação e engajamento</p><p>dos colaboradores; e pode ser negativa, gerando desmotivação, pouca</p><p>produtividade, turnover elevado, conflitos e até problemas trabalhistas.</p><p>Cultura organizacional</p><p>Propósito da existência da empresa. Por exemplo: uma empresa</p><p>de treinamentos pode ter como propósito desenvolver pessoas e</p><p>empresas por meio de treinamentos de qualidade.</p><p>Missão</p><p>Definida pelo futuro da empresa, onde ela quer estar em</p><p>determinado período de tempo. Por exemplo: em cinco anos,</p><p>nossa empresa de treinamentos quer ser considerada a melhor</p><p>empresa da cidade de São Paulo.</p><p>Visão</p><p>Comportamentos que levarão a empresa a atingir sua missão</p><p>e visão. Esses comportamentos devem estar presentes nos</p><p>colaboradores, nas relações com clientes, fornecedores e</p><p>parceiros da empresa.</p><p>Valores</p><p>Quanto aos processos formais de integração, pode ser feito o</p><p>treinamento para apresentação das áreas da empresa, mostrando</p><p>sua importância e seus papéis, a interdependência entre as áreas, de</p><p>modo que o colaborador conheça os setores existentes da empresa e</p><p>turnover: índice de</p><p>rotatividade nas empresas</p><p>ou número de demissões</p><p>que a empresa teve em</p><p>determinado período.</p><p>Glossário</p><p>60 Relações Interpessoais</p><p>as áreas nas quais irá atuar. Além disso, pode conhecer os demais pro-</p><p>fissionais com quem terá contato.</p><p>Pode ocorrer também o treinamento com as tarefas da área, mos-</p><p>trando quais serão as responsabilidades diárias que o colaborador</p><p>executará, para quem deve enviar suas atividades para que sigam uma</p><p>sequência da organização etc. Esses treinamentos são importantes para</p><p>a adaptação da pessoa na empresa, para que ela se sinta parte integran-</p><p>te da equipe e da organização como um todo. Sem esses processos,</p><p>é provável que a pessoa se encontre perdida ou, muitas vezes, não se</p><p>identifique com a empresa pela falta de clareza que ela transparece em</p><p>seu relacionamento com os colaboradores que a compõem.</p><p>Ainda sobre os processos formais, as reuniões periódicas com as</p><p>equipes, confraternizações e ações de treinamento para melhoria da co-</p><p>municação e cooperação entre as equipes são exemplos de processos pla-</p><p>nejados e acompanhados pelo setor de Recursos Humanos da empresa,</p><p>que atua como um facilitador da relação entre trabalhador e organização.</p><p>Já os processos informais de integração ocorrem nos momentos</p><p>de descanso, em confraternizações fora da empresa, e quando os co-</p><p>laboradores, de maneira informal, contam histórias sobre a empresa e</p><p>as áreas em que atuam. Esses processos podem ou não ser saudáveis,</p><p>pois a pessoa que leva as informações o faz por meio da sua visão de</p><p>mundo, que nem sempre é positiva e pode afetar a relação da pessoa</p><p>que está iniciando na empresa.</p><p>No Brasil, as relações de trabalho sofrem grandes mudanças desde</p><p>2020. Uma delas é o chamado home office, que já é uma prática adota-</p><p>da por muitos países e que se popularizou aqui devido à pandemia de</p><p>Covid-19.</p><p>A tradução literal para o termo home office é “escritório em casa”,</p><p>mas ele é utilizado para caracterizar o trabalho realizado em casa. Esse</p><p>tipo de trabalho teve início nos Estados Unidos com o avanço das ferra-</p><p>mentas digitais, como computadores e smartphones.</p><p>Um grande desafio para as empresas nesse contexto, com o dis-</p><p>tanciamento das atividades, é gerar integração entre os membros das</p><p>equipes, mesmo naquelas antigas. Também cabe ao RH, em conjun-</p><p>to com as lideranças, adotar estratégias que estimulem a integração</p><p>de todos, como reuniões on-line regularmente, sendo assim possível</p><p>manter maior contato com os colaboradores da empresa e acompa-</p><p>Robert Kneschke/Shutterstock</p><p>Socialização organizacional 61</p><p>as áreas nas quais irá atuar. Além disso, pode conhecer os demais pro-</p><p>fissionais com quem terá contato.</p><p>Pode ocorrer também o treinamento com as tarefas da área, mos-</p><p>trando quais serão as responsabilidades diárias que o colaborador</p><p>executará, para quem deve enviar suas atividades para que sigam uma</p><p>sequência da organização etc. Esses treinamentos são importantes para</p><p>a adaptação da pessoa na empresa, para que ela se sinta parte integran-</p><p>te da equipe e da organização como um todo. Sem esses processos,</p><p>é provável que a pessoa se encontre perdida ou, muitas vezes, não se</p><p>identifique com a empresa pela falta de clareza que ela transparece em</p><p>seu relacionamento com os colaboradores que a compõem.</p><p>Ainda sobre os processos formais, as reuniões periódicas com as</p><p>equipes, confraternizações e ações de treinamento para melhoria da co-</p><p>municação e cooperação entre as equipes são exemplos de processos pla-</p><p>nejados e acompanhados pelo setor de Recursos Humanos da empresa,</p><p>que atua como um facilitador da relação entre trabalhador e organização.</p><p>Já os processos informais de integração ocorrem nos momentos</p><p>de descanso, em confraternizações fora da empresa, e quando os co-</p><p>laboradores, de maneira informal, contam histórias sobre a empresa e</p><p>as áreas em que atuam. Esses processos podem ou não ser saudáveis,</p><p>pois a pessoa que leva as informações o faz por meio da sua visão de</p><p>mundo, que nem sempre é positiva e pode afetar a relação da pessoa</p><p>que está iniciando na empresa.</p><p>No Brasil, as relações de trabalho sofrem grandes mudanças desde</p><p>2020. Uma delas é o chamado home office, que já é uma prática adota-</p><p>da por muitos países e que se popularizou aqui devido à pandemia de</p><p>Covid-19.</p><p>A tradução literal para o termo home office é “escritório em casa”,</p><p>mas ele é utilizado para caracterizar o trabalho realizado em casa. Esse</p><p>tipo de trabalho teve início nos Estados Unidos com o avanço das ferra-</p><p>mentas digitais, como computadores e smartphones.</p><p>Um grande desafio para as empresas nesse contexto, com o dis-</p><p>tanciamento das atividades, é gerar integração entre os membros das</p><p>equipes, mesmo naquelas antigas. Também cabe ao RH, em conjun-</p><p>to com as lideranças, adotar estratégias que estimulem a integração</p><p>de todos, como reuniões on-line regularmente, sendo assim possível</p><p>manter maior contato com os colaboradores da empresa e acompa-</p><p>Robert Kneschke/Shutterstock</p><p>nhar sua motivação, seu enga-</p><p>jamento nas tarefas, bem como</p><p>manter o bom relacionamento</p><p>interpessoal.</p><p>Um tema importante a ser</p><p>discutido é o processo de inte-</p><p>gração nas empresas com fun-</p><p>cionário que são pessoas com</p><p>deficiência (PcD).</p><p>Existem diferentes tipos de</p><p>deficiência: física, auditiva, visual, inte-</p><p>lectual ou múltipla. A deficiência física pode se caracterizar pelo com-</p><p>prometimento de alguma função física da pessoa; a deficiência auditiva</p><p>se refere à perda parcial ou total da audição; a deficiência visual pode</p><p>ser pouca visão ou cegueira; a deficiência intelectual pode ser defini-</p><p>da como uma redução do funcionamento intelectual se comparado à</p><p>média; e a deficiência múltipla se refere à ocorrência de duas ou mais</p><p>deficiências simultâneas.</p><p>As organizações precisam estar preparadas para receber esses co-</p><p>laboradores, fazendo com que se sintam acolhidos e integrados nas</p><p>equipes de trabalho, tenham oportunidade de desenvolvimento e não</p><p>sofram preconceito. Assim, é importante a conscientização e a prepa-</p><p>ração de toda a empresa para que seja uma experiência positiva para</p><p>todos.</p><p>Os dados do Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de</p><p>Geografia e Estatística (IBGE), apontavam que 24% da população bra-</p><p>sileira que possuíam algum tipo de deficiência. Considerando a popu-</p><p>lação total do Brasil, a estimativa média de PcD é de 45 milhões de</p><p>pessoas. Isso explica a importância de incluir essas pessoas no am-</p><p>biente corporativo, no qual possam aproveitar suas habilidades e gerar</p><p>desenvolvimento para si e para as empresas (SALGUEIRO et al., 2014).</p><p>O trabalho é uma atividade do ser humano que oferece a oportuni-</p><p>dade de uma relação social entre as pessoas, e excluir o indivíduo do</p><p>trabalho o afasta da vida em sociedade (PINSKY, 2010). É importante</p><p>que as organizações tenham ferramentas que possibilitem um traba-</p><p>lho digno, inclusivo, desenvolvedor e distante de julgamentos.</p><p>A Lei n. 8.112/1990, no</p><p>artigo 5°, parágrafo 2°,</p><p>assegura uma reserva de</p><p>mercado exclusiva para</p><p>os órgãos civis da União,</p><p>autarquias e fundações</p><p>públicas federais, que</p><p>garante para as pessoas</p><p>com deficiência o direito</p><p>de se inscrever em con-</p><p>cursos públicos, sendo</p><p>20% das vagas oferecidas</p><p>destinadas para elas</p><p>(BRASIL, 1991a). A Lei</p><p>n. 8.213/1991, popular-</p><p>mente chamada de Lei das</p><p>Cotas, beneficia as PcD na</p><p>integração ao mercado</p><p>de trabalho, pois define,</p><p>no artigo 93, que as</p><p>empresas privadas com</p><p>mais de 100 empregados</p><p>precisam obedecer às co-</p><p>tas legais de contratação</p><p>de PcD habilitadas, sob</p><p>pena de multa. As cotas</p><p>seguem os critérios: de</p><p>100 a 200 empregados,</p><p>2%; de 201 a 500 empre-</p><p>gados, 3%; de 501 a 1.000</p><p>empregados, 4%; acima</p><p>de 1.000 empregados,</p><p>5% (BRASIL, 1991b). O</p><p>objetivo das cotas é que</p><p>todos tenham o direito</p><p>à dignidade, cidadania e</p><p>igualdade perante a lei</p><p>(BRASIL, 2007).</p><p>Saiba mais</p><p>62 Relações Interpessoais</p><p>3.4 Relações de hierarquia e liderança</p><p>Vídeo Ao longo dos anos, a liderança tem se tornado um tema cada vez</p><p>mais importante nas organizações, principalmente pela mudança nas</p><p>relações de trabalho, fruto do capitalismo e da concorrência cada vez</p><p>mais acirrada do mercado mundial. Isso faz com que seja necessário</p><p>investir nas pessoas, nas equipes e nas relações do indivíduo com a or-</p><p>ganização. No entanto, para que esse processo ocorra, a figura do líder</p><p>como elo entre a empresa e o indivíduo, e também como desenvolve-</p><p>dor da equipe, orientador de resultados, dando abertura para novas</p><p>ideias e críticas, faz a diferença para o clima e para os resultados das</p><p>equipes</p><p>e, consequentemente, da empresa.</p><p>A figura do líder autoritário já não se encaixa nas organizações</p><p>atuais, mas isso não significa que a hierarquia deixou de existir – o que</p><p>mudaram foram as relações. O líder, antes, era aquele que mandava,</p><p>e o liderado obedecia sem questionar, o que não gerava engajamen-</p><p>to da equipe, novas ideias e motivação; os resultados eram gerados</p><p>por medo de punição. Atualmente, o líder está no topo da hierarquia,</p><p>porém com uma postura diferente, com formas de atuação que mos-</p><p>tram o senso de justiça nos processos e ajudam o liderado a perceber</p><p>a importância do seu trabalho para a equipe e para a empresa, esti-</p><p>mulando-o a contribuir. O líder é condutor das pessoas na empresa, e</p><p>ao longo do tempo isso vem se tornando cada vez mais nítido para as</p><p>empresas e para as equipes de trabalho.</p><p>Imagine uma empresa no ramo de vendas de móveis planejados:</p><p>qual é o real papel de uma empresa nessa área? Realizar o desejo de</p><p>famílias que sonharam com a casa própria e com os móveis adequados</p><p>às suas necessidades diárias.</p><p>Imagine agora um líder que somente manda</p><p>os funcionários produzirem as peças, não leva em</p><p>consideração a missão da empresa, ameaça demi-</p><p>ti-los se não cumprirem as metas ou os prazos e</p><p>está o tempo todo cobrando a equipe. Esse líder</p><p>terá resultados? Pode até conseguir, por gerar</p><p>medo na equipe, que atinge os resultados para</p><p>evitar desligamento ou retaliação. Entretanto, se</p><p>analisarmos esse cenário, uma equipe assim pode SimpleB/Shuttestock</p><p>Socialização organizacional 63</p><p>ter alta rotatividade, pois, na primeira oportunidade de sair da empre-</p><p>sa, os funcionários pedem demissão. Com isso, geram-se gastos para</p><p>treinar os novos funcionários e com um novo processo de seleção,</p><p>além de desgastar a equipe com a desmotivação causada.</p><p>Agora, se pensamos nessa mesma empresa com um líder que se</p><p>preocupa inicialmente em passar para os colaboradores que eles não só</p><p>produzem móveis, mas também fabricam</p><p>sonhos realizados por pessoas que sempre</p><p>quiseram ter suas casas mobiliadas com</p><p>seu estilo, seu gosto, muitos sendo clientes</p><p>que conquistaram a primeira casa própria.</p><p>Isso pode despertar nos colaboradores um</p><p>senso de pertencimento, de importância na</p><p>vida dessas pessoas, de empatia.</p><p>Outro ponto diferente na postura desse líder é o fato de ele acompa-</p><p>nhar a equipe e, ao analisar a possibilidade de não cumprir os prazos,</p><p>se reunir com todos para entender o que está acontecendo (saber ou-</p><p>vir), perguntar sobre ideias que podem solucionar o problema (buscar</p><p>soluções), dar feedback sobre o que acredita que pode ser melhorado</p><p>(orientação para resultados), dizer que acredita no potencial da equipe</p><p>e que juntos irão conseguir os resultados (poder de influenciar positiva-</p><p>mente a equipe). Esse líder, além de conseguir resultados por meio do</p><p>engajamento positivo da equipe, terá muito mais chances de motivá-la</p><p>no trabalho, pois fará com que ela se sinta acolhida e saiba que pode</p><p>contar com o líder para o que precisar, estabelecendo-se uma relação</p><p>de confiança e transparência. O colaborador não terá pressa em pedir</p><p>demissão, pelo contrário: ele terá vontade de continuar na empresa</p><p>por muitos anos, com uma sensação de que a empresa contribui para</p><p>o seu desenvolvimento e que seu trabalho é de extrema importância</p><p>para a organização e para a vida das pessoas. Essa pode ser definida</p><p>como uma relação saudável entre líderes e liderados e na qual todos</p><p>os envolvidos – empresa, líder, liderados, clientes – saem ganhando.</p><p>Na atualidade, a liderança é peça essencial nas empresas em se tra-</p><p>tando de um grupo social, é por meio dela que se conquistam as metas</p><p>e os objetivos de maneira eficiente. Toda empresa possui uma cultura</p><p>organizacional, e o trabalho da liderança é importante para que essa</p><p>cultura seja praticada por todos e para que os processos da organi-</p><p>zação sejam realizados. O domínio do líder precisa ser verificado na</p><p>SimpleB/Shuttestock</p><p>64 Relações Interpessoais</p><p>conexão de autoridade e no poder de influência, que fazem parte das</p><p>relações de estruturas sociais.</p><p>Existem diversas definições para a liderança. Na de Krausz (1991)</p><p>está ligada à relação de poder que o líder possui, que se refere à for-</p><p>ma como o líder utiliza esse poder para influenciar o comportamento</p><p>das pessoas, bem como mostra que as organizações precisam criar as</p><p>estruturas favoráveis para que o líder conduza a equipe para o atingi-</p><p>mento dos objetivos. O líder possui o papel de fazer com que a equipe</p><p>alcance os objetivos traçados pela organização de uma forma que os</p><p>interesses do grupo também sejam atingidos.</p><p>A relação de liderança está totalmente ligada ao poder, mas não</p><p>somente a uma posição hierárquica na empresa: trata-se de uma rela-</p><p>ção que envolve o líder como influenciador da equipe e seus membros,</p><p>e os membros como seguidores dele (HALL, 2004). O poder está mais</p><p>relacionado ao status, a uma estrutura determinada e que possui hie-</p><p>rarquias; a liderança vai além no que se refere às relações sociais.</p><p>O poder e a liderança têm como característica comum a influência</p><p>de pessoas, mas o poder é mais objetivo, mais relacionado ao controle;</p><p>já a liderança é influenciada pela interação entre os líderes e seus lide-</p><p>rados (HALL, 2004).</p><p>Sobre as relações de liderança, é importante destacar que o líder</p><p>precisa ter um equilíbrio entre as relações com a equipe, a cobrança</p><p>quanto aos resultados dela, a justiça na tratativa com todos, a</p><p>abertura para receber críticas, a segurança para tomada de de-</p><p>cisões com risco calculado, e deve também admitir quando</p><p>erra e buscar melhorar sempre.</p><p>O líder que foca somente nos resultados organizacio-</p><p>nais e deixa de lado as relações consegue atingir os ob-</p><p>jetivos, mas sua equipe atua com medo, tensa,</p><p>desmotivada. Por outro lado, o líder que foca apenas</p><p>nas relações pode pecar pelo excesso: busca tanto agra-</p><p>dar à equipe que não percebe o fato de necessitar cha-</p><p>mar a atenção quando necessário, oferecer feedbacks de</p><p>melhoria para que sua gestão seja feita de maneira justa,</p><p>afinal todos têm pontos a desenvolver e a relação não é feita</p><p>somente de elogios, mas também de críticas construtivas.</p><p>O livro A Essência do Líder</p><p>trata das qualidades no</p><p>perfil de um líder e traça</p><p>estratégias para desen-</p><p>volver essas qualidades.</p><p>Além disso, são discuti-</p><p>dos os pontos fracos dos</p><p>líderes no mundo.</p><p>BENNIS, W. São Paulo: Elsevier,</p><p>2010.</p><p>Livro</p><p>Gorodenkoff/Shutterstock</p><p>Gorodenkoff/Shutterstock</p><p>O líder precisa ser um</p><p>influenciador de pessoas, com</p><p>uma postura positiva diante da</p><p>equipe.</p><p>Socialização organizacional 65</p><p>conexão de autoridade e no poder de influência, que fazem parte das</p><p>relações de estruturas sociais.</p><p>Existem diversas definições para a liderança. Na de Krausz (1991)</p><p>está ligada à relação de poder que o líder possui, que se refere à for-</p><p>ma como o líder utiliza esse poder para influenciar o comportamento</p><p>das pessoas, bem como mostra que as organizações precisam criar as</p><p>estruturas favoráveis para que o líder conduza a equipe para o atingi-</p><p>mento dos objetivos. O líder possui o papel de fazer com que a equipe</p><p>alcance os objetivos traçados pela organização de uma forma que os</p><p>interesses do grupo também sejam atingidos.</p><p>A relação de liderança está totalmente ligada ao poder, mas não</p><p>somente a uma posição hierárquica na empresa: trata-se de uma rela-</p><p>ção que envolve o líder como influenciador da equipe e seus membros,</p><p>e os membros como seguidores dele (HALL, 2004). O poder está mais</p><p>relacionado ao status, a uma estrutura determinada e que possui hie-</p><p>rarquias; a liderança vai além no que se refere às relações sociais.</p><p>O poder e a liderança têm como característica comum a influência</p><p>de pessoas, mas o poder é mais objetivo, mais relacionado ao controle;</p><p>já a liderança é influenciada pela interação entre os líderes e seus lide-</p><p>rados (HALL, 2004).</p><p>Sobre as relações de liderança, é importante destacar que o líder</p><p>precisa ter um equilíbrio entre as relações com a equipe, a cobrança</p><p>quanto aos resultados</p><p>dela, a justiça na tratativa com todos, a</p><p>abertura para receber críticas, a segurança para tomada de de-</p><p>cisões com risco calculado, e deve também admitir quando</p><p>erra e buscar melhorar sempre.</p><p>O líder que foca somente nos resultados organizacio-</p><p>nais e deixa de lado as relações consegue atingir os ob-</p><p>jetivos, mas sua equipe atua com medo, tensa,</p><p>desmotivada. Por outro lado, o líder que foca apenas</p><p>nas relações pode pecar pelo excesso: busca tanto agra-</p><p>dar à equipe que não percebe o fato de necessitar cha-</p><p>mar a atenção quando necessário, oferecer feedbacks de</p><p>melhoria para que sua gestão seja feita de maneira justa,</p><p>afinal todos têm pontos a desenvolver e a relação não é feita</p><p>somente de elogios, mas também de críticas construtivas.</p><p>O livro A Essência do Líder</p><p>trata das qualidades no</p><p>perfil de um líder e traça</p><p>estratégias para desen-</p><p>volver essas qualidades.</p><p>Além disso, são discuti-</p><p>dos os pontos fracos dos</p><p>líderes no mundo.</p><p>BENNIS, W. São Paulo: Elsevier,</p><p>2010.</p><p>Livro</p><p>Gorodenkoff/Shutterstock</p><p>Gorodenkoff/Shutterstock</p><p>O líder precisa ser um</p><p>influenciador de pessoas, com</p><p>uma postura positiva diante da</p><p>equipe.</p><p>Fala-se tanto de liderança como po-</p><p>der de influência que surge a dúvida: a</p><p>liderança é nata ou pode ser desenvolvi-</p><p>da? Há algum tempo, acreditava-se que</p><p>a liderança era algo que já nascia com a</p><p>pessoa, e, com base em suas atitudes na</p><p>vida, já se dizia que a pessoa era uma “lí-</p><p>der nata”. De fato, existem pessoas que já</p><p>nascem com características de liderança, e</p><p>observamos isso em seus comportamentos quando ainda são crianças,</p><p>na escola, ou ao liderar os trabalhos da faculdade – delegando funções</p><p>e acompanhando as atividades, dando feedbacks ao grupo e organi-</p><p>zando-o, por exemplo. Porém, é possível que uma pessoa, mesmo não</p><p>tendo essas características presentes, desenvolva-as ao longo da vida.</p><p>Nas empresas é possível identificar pessoas com potencial e ofe-</p><p>recer treinamentos para que elas possam aprimorar as habilidades</p><p>necessárias antes de assumirem a liderança de fato, assim como as</p><p>organizações podem desenvolver ações de treinamentos para forta-</p><p>lecer essas habilidades e fazer surgir o interesse do profissional em</p><p>se aperfeiçoar para futuras oportunidades ao longo da sua carreira. A</p><p>liderança pode ser uma escolha ou um estado, e, ao fazer a escolha, o</p><p>líder precisa estar preparado para os desafios que irá enfrentar.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Quando se aborda o indivíduo no contexto organizacional, há uma com-</p><p>plexidade de relações que fazem parte das relações de trabalho. O indivíduo</p><p>estabelece conexões desde a sua contratação, podendo passar por promo-</p><p>ções, mudanças de área, até o momento de seu desligamento da empresa.</p><p>Portanto, compreender como essa relação pode ser produtiva e positi-</p><p>va para toda as partes envolvidas é de grande importância, pois o trabalho</p><p>faz parte da vida em sociedade, é por meio dele que o indivíduo atinge</p><p>seus objetivos pessoais.</p><p>É importante ressaltar que uma pessoa sozinha não consegue atingir os</p><p>objetivos organizacionais. É necessário unir esforços grupais para que as</p><p>metas sejam atingidas, e essas relações necessitam de estudos que com-</p><p>preendam como podem ser mais bem aproveitadas de maneira positiva.</p><p>66 Relações Interpessoais</p><p>ATIVIDADES</p><p>Atividade 1</p><p>A missão, a visão e os valores organizacionais são aspectos muito</p><p>importantes para que a organização atinja seus objetivos e para</p><p>que o indivíduo se identifique com a empresa e a história dela.</p><p>Explique o que é a missão e sua importância na empresa.</p><p>Atividade 2</p><p>A liderança de uma empresa tem papel essencial para o sucesso</p><p>das relações de trabalho e para o atingimento das metas orga-</p><p>nizacionais e pessoais de todos que fazem parte dela. Como ela</p><p>pode ser positiva nas relações?</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AKKERMAN, S. F.; MEIJER, P. C. A Dialogical Approach to Conceptualizing Teacher Identity.</p><p>Teaching and Teacher Education: An International Journal of Research and Studies, v. 27 n. 2,</p><p>p. 308-319, 2011.</p><p>BAUER, T. N.; BODNER, T.; TRUCKER, J. S. Newcomer adjustment during organizational</p><p>socialization: a meta analytic review of antecedents, outcomes and methods. Journal of</p><p>Applied Psychology, v. 92, n. 3, p. 707-721, 2007.</p><p>BEAUCHAMP, C.; THOMAS, L. Understanding teacher identity: an overview of issues in the</p><p>literature and implications for teacher education. Cambridge Journal of Education , v. 39,</p><p>n. 2, p. 175-189, jun. 2009.</p><p>BEIJAARD, D.; MEIJER, P. C.; VERLOOP, N. Reconsidering research on teachers’ professional</p><p>identity. Teaching and Teacher Education, v. 20, n. 2, p. 107-128, 2004.</p><p>BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. Modernidade, pluralismo e crise de sentido: a orientação do</p><p>mundo moderno. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.</p><p>BORGES, L. de O.; ALBUQUERQUE, F. J. B. de Socialização organizacional. In: ZANELLI, J. C.;</p><p>BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. (org.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil.</p><p>São Paulo: Artmed, 2014. p. 350-385.</p><p>BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. A inclusão de pessoas com deficiência no mercado</p><p>de trabalho. 2. ed. Brasília: MTE; SIT, 2007. Disponível em: http://inclusao.coppetec.coppe.</p><p>ufrj.br/documentos/inclusao_pessoas_deficienia_mercado.pdf. Acesso em: 15 jul. 2021.</p><p>BRASIL. Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder Executivo,</p><p>Brasília, DF, 19 abr. 1991a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/</p><p>l8112cons.htm. Acesso em: 12 jul. 2021.</p><p>BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,</p><p>DF, 25 jul. 1991b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm.</p><p>Acesso em: 12 jul. 2021.</p><p>CARVALHO, F. A. P.; MARQUES A. L.; BRITO, M. J. Socialização organizacional como um</p><p>fenômeno humano social: uma contribuição ao debate. Revista Capital Científico – Eletrônica</p><p>(RCCe), vol. 13, n. 4, out./dez. 2015.</p><p>DAFT, R. L. Organizações: teorias e projetos. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008.</p><p>DAFT, R. L. Administração. São Paulo: Cengage Learning, 2010.</p><p>http://inclusao.coppetec.coppe.ufrj.br/documentos/inclusao_pessoas_deficienia_mercado.pdf</p><p>http://inclusao.coppetec.coppe.ufrj.br/documentos/inclusao_pessoas_deficienia_mercado.pdf</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm</p><p>Socialização organizacional 67</p><p>DUBAR, C. Construção de si pela Atividade de Trabalho: a socialização profissional.</p><p>Cadernos de Pesquisa, v. 42, n. 146, p. 351-367, maio/ago. 2012.</p><p>GIDDENS, A. Modernidade e Identidade pessoal. Oeiras: Celta. 1994.</p><p>HALL, R. H. Organizações: estruturas, processos e resultados. Trad. de Roberto Galman;</p><p>Rev. téc. de Guilherme Maximiano. São Paulo: Prentice Hall, 2004.</p><p>JONES, G. R.; GEORGE, J. M. Administração contemporânea. 4. ed. São Paulo: McGraw-Hill,</p><p>2008.</p><p>KRAUSZ, R. R. Compartilhando o poder nas organizações. São Paulo: Nobel, 1991.</p><p>MATTOS, A.N. Informação é prata, compreensão é ouro. Canadá: Smashword, 2013.</p><p>MOSCOVICI, F. A organização por trás do espelho: reflexos e reflexões. 2. ed. Rio de Janeiro:</p><p>José Olímpio, 2003.</p><p>OWENS, T. J.; ROBINSON D. T.; SMITH-LOVIN, L. Three Faces of Identity. Annual Review of</p><p>Sociology, vol. 36, p. 477-499, ago. 2010.</p><p>PIMENTA, S. G. (org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. 4. ed. São Paulo: Cortez,</p><p>2005. (Saberes da docência).</p><p>PINSKY, J. 12 faces do preconceito. 10. ed. São Paulo: Contexto, 2010.</p><p>ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. Trad. de Reynaldo Marcondes. 11. ed. São</p><p>Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.</p><p>SALGUEIRO, M. A. T. et al. O papel da gestão de pessoas na inserção e na manutenção de</p><p>pessoas com deficiência nas organizações, à luz da análise fílmica. Revista de Administração</p><p>UFSM, Santa Maria, v. 7, n. 4, p. 549-569, 2014.</p><p>SENGE, P. A quinta disciplina: caderno de campo: estratégias e ferramentas para construir</p><p>uma organização que aprende. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000.</p><p>SENGE, P. et al. A revolução</p><p>decisiva: como indivíduos e organizações trabalham em parceria</p><p>para criar um mundo sustentável. Trad. de Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: Elsevier,</p><p>2009.</p><p>STETS, J. E.; BURKE P. J. Identity theory and social identity theory. Social Psychology Quarterly,</p><p>v. 63, n. 3, p. 224-37, 2000.</p><p>VAN MAANEN, J. Processando as pessoas: estratégias de socialização organizacional. In:</p><p>FLEURY, M. T. L. et al. Cultura e poder nas organizações. São Paulo: Atlas, 1996.</p><p>VERGARA, S. C. Gestão de pessoas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>VERGARA, S. C.; DAVEL, E. Gestão com pessoas, subjetividade e objetividade nas</p><p>organizações. In: VERGARA, S. C.; DAVEL, E. (org.). Gestão com pessoas e subjetividade. São</p><p>Paulo: Atlas, 2010.</p><p>68 Relações Interpessoais</p><p>4</p><p>Processos de comunicação</p><p>A comunicação é um processo que envolve a troca de informações entre</p><p>dois ou mais indivíduos por meio de fala, gestos e escrita. Pode ser conside-</p><p>rada um processo social primário, que possibilita a criação de mensagens</p><p>e a interpretação das que possuem uma resposta ao que foi comunicado.</p><p>Ela ocorre desde o momento em que nascemos – o bebê usa o choro</p><p>como forma de comunicar que está com fome, dor ou algum incômodo,</p><p>por exemplo. Desde então, a comunicação ocorre ao longo de nossa vida,</p><p>e com o a aprendizagem da fala esse processo vai se tornando cada vez</p><p>mais complexo, pois existe o emissor, ou seja, a pessoa que está se comu-</p><p>nicando, e o receptor, que é quem está sendo comunicado.</p><p>A comunicação é um processo-chave para as relações interpessoais,</p><p>pois garante que as pessoas envolvidas compreendam a mensagem e</p><p>ajuda a manter uma boa relação da vida afetiva, no contato com ami-</p><p>gos, familiares e no trabalho. As falhas na comunicação podem acarretar</p><p>conflitos em todas as relações, prejudicando processos organizacionais e</p><p>relações afetivas entre familiares, amigos e colegas. É importante conhe-</p><p>cer como ocorrem os processos de comunicação, como podemos melho-</p><p>rá-los em todos os aspectos, visando manter relações mais saudáveis e</p><p>gerar aprendizado por meio da comunicação.</p><p>A comunicação sempre foi e ainda é um desafio para as relações inter-</p><p>pessoais, pois nem sempre ocorre de modo eficaz. Por isso, ao longo deste</p><p>capítulo vamos discutir os processos de comunicação verbal e não verbal</p><p>e como eles podem melhorar as relações interpessoais. Abordaremos os</p><p>processos de comunicação organizacional e sua importância para que</p><p>as empresas consigam atingir seus objetivos organizacionais e para a re-</p><p>lação entre as equipes. Também veremos a comunicação não violenta</p><p>(CNV), sua importância nas relações e o passo a passo para obter uma</p><p>melhor comunicação usando essa teoria.</p><p>Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:</p><p>• compreender os processos de comunicação e como essa</p><p>ferramenta pode ajudar a minimizar os conflitos e colaborar</p><p>para a melhoria nas relações interpessoais.</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Processos de comunicação 69</p><p>4.1 Definições de comunicação</p><p>Vídeo A comunicação não é um tema recente, porém é desafiador para</p><p>as relações em todos os âmbitos, seja familiar, afetivo, profissional. Ela</p><p>não envolve somente o falar, mas também a compreensão do outro</p><p>quanto à mensagem que queremos emitir, as ações e reações que se-</p><p>rão despertadas no ouvinte, que tornam o processo complexo, pois o</p><p>outro pode possuir uma forma diferente de ver o mundo. Por isso, a</p><p>análise de como esses processos ocorrem se faz necessária para rela-</p><p>ções saudáveis e duradouras.</p><p>Ao longo da vida, na família e na escola, não é ensinado como se co-</p><p>municar. Na escola a comunicação se baseia em perguntas e respostas;</p><p>sendo assim, o aluno é acostumado a dar respostas decoradas. Isso</p><p>ocorre por anos, pois o indivíduo é ensinado a responder de acordo</p><p>com a expectativa de outras pessoas e, quando percebe essa dificulda-</p><p>de, precisa reaprender e compreender melhor o outro, o que pode ser</p><p>um processo longo (SALOMÉ; GALLAND, 1999).</p><p>Segundo Salomé e Galland (1999), é simples falar sobre a comuni-</p><p>cação e seus princípios, mas a aplicação é difícil. Com isso, as autoras</p><p>apresentam atitudes consideradas importantes para que ela ocorra de</p><p>modo real e que estão apresentadas na figura a seguir.</p><p>Figura 1</p><p>Processo de comunicação real</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Salomé; Galland, 1999, p. 21.</p><p>Princípios da</p><p>base</p><p>Atitudes</p><p>Reconheço e confirmo a expressão do outro como dele, seus</p><p>sentimentos e opiniões como dele.</p><p>Expresso-me falando de mim, posicionando-me.</p><p>Não deixo o outro falar sobre mim.</p><p>Incito-o a falar de si.</p><p>Desejo que seu ponto de vista e o meu sejam confrontados</p><p>para, a partir daí, surgir uma partilha, uma troca.</p><p>Admito que “entender-se com o outro” não significa ter a</p><p>mesma opinião, os mesmos sentimentos, o mesmo ponto de</p><p>vista que ele.</p><p>Diferencio o que vem do outro (e lhe pertence)</p><p>do que sinto (e me pertence).</p><p>Consequências</p><p>imediatas</p><p>70 Relações Interpessoais</p><p>Um processo importante para a comunicação é a percepção. Ela</p><p>passa pelo processo de comunicação e, muitas vezes, aparecem de-</p><p>safios. Lopes (2002) faz alguns questionamentos: como interagimos</p><p>no meio externo como emissores e receptores? Quando conversamos</p><p>com outras pessoas, como seria o entendimento mútuo? O que aconte-</p><p>ce em nossa mente quando estamos assistindo à TV ou lendo um livro?</p><p>O que sentimos quando olhamos para uma paisagem? A percepção faz</p><p>com que cada um tenha uma experiência diferente, mas como saber</p><p>que o outro compreendeu o que tentei comunicar?</p><p>A percepção e a emissão podem ser individuais ou coletivas. Pes-</p><p>soas com a mesma cultura e faixa etária geralmente tendem a perce-</p><p>ber algumas questões de maneira parecida, mas isso não garante que</p><p>terão as mesmas percepções sempre.</p><p>As figuras a seguir demonstram como a percepção de cada um pode</p><p>ser diferente, apesar de, em algumas situações, ser parecida.</p><p>O que você vê?</p><p>im</p><p>ag</p><p>ew</p><p>rit</p><p>er</p><p>/to</p><p>ny</p><p>4u</p><p>rb</p><p>an</p><p>/P</p><p>et</p><p>er</p><p>i/f</p><p>ra</p><p>n_</p><p>ki</p><p>e/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>O livro O segredo da</p><p>comunicação interpessoal</p><p>aborda os processos de</p><p>comunicação pelo olhar</p><p>da psicologia, auxiliando</p><p>a se conhecer melhor e,</p><p>assim, melhorar a forma</p><p>de se expressar.</p><p>SALOMÉ, J.; GALLAND, S. São Paulo:</p><p>Loyola, 1999.</p><p>Livro</p><p>Processos de comunicação 71</p><p>O que cada um vê nessas figuras pode mudar de acordo com a per-</p><p>cepção da pessoa. A percepção é influenciada pela história de vida de</p><p>cada um – suas experiências influenciam a forma de ver o mundo e de</p><p>percebê-lo.</p><p>Lopes (2002) afirma que é equivocado pensar que a percepção</p><p>ocorre de modo igual para todos. As diferenças de percepções das</p><p>pessoas mostram características específicas de cada um, biológicas e</p><p>psicológicas.</p><p>Já as diferenças sociais e culturais determinam padrões coletivos de</p><p>percepção, determinando como as pessoas devem entender a si pró-</p><p>prias e o seu meio externo. É importante levar em consideração essas</p><p>diferenças, pois os indivíduos possuem vontade própria (LOPES, 2002).</p><p>A definição da comunicação não verbal engloba todos os compor-</p><p>tamentos manifestados sem expressão de palavras, o significado é re-</p><p>lacionado ao ambiente em que ocorrem. As manifestações não verbais</p><p>podem ser empregadas como complemento, substituição ou contra-</p><p>dição da comunicação verbal e são uma forma de demonstrar o que</p><p>alguém está sentindo (ARAÚJO; SILVA; PUGGINA, 2007).</p><p>A figura a seguir mostra o quanto os sinais não verbais impactam o</p><p>processo de comunicação, ou seja, possuem grande importância nesse</p><p>processo.</p><p>Figura 2</p><p>Impactos da comunicação</p><p>g</p><p>re</p><p>en</p><p>pi</p><p>c.</p><p>st</p><p>ud</p><p>io</p><p>/M</p><p>ad</p><p>ua</p><p>/P</p><p>ro</p><p>St</p><p>oc</p><p>kS</p><p>tu</p><p>di</p><p>o/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>As palavras valem 7%.</p><p>O tom de voz vale 38%.</p><p>Os sinais não verbais valem 55%.</p><p>Fonte: Adaptada de Pease; Pease, 2005.</p><p>https://scholar.google.com.br/citations?user=2dodVY0AAAAJ&hl=pt-BR&oi=sra</p><p>72 Relações Interpessoais</p><p>A comunicação não verbal classifica a relação humana, demons-</p><p>trando emoções e sentimentos, auxiliando a pessoa com a percepção</p><p>e compreensão dos sentimentos de quem está emitindo a mensagem.</p><p>A linguagem</p><p>os padrões de pensamento, as atitudes e os</p><p>sentimentos do indivíduo. Além disso, vamos tratar do comportamento</p><p>nas organizações, apresentando fatores determinantes do comporta-</p><p>mento organizacional, do indivíduo e dos grupos de que faz parte.</p><p>Finalizaremos o capítulo com uma reflexão sobre o processo cons-</p><p>tante de olhar para si, para suas qualidades e seus pontos de melhoria,</p><p>um processo de busca pelo desenvolvimento de novos conhecimentos,</p><p>comportamentos, pensamentos e habilidades. Trabalharemos conceitos</p><p>como inteligência emocional, autoconhecimento e autodesenvolvimento.</p><p>Este capítulo busca apresentar discussões sobre o comportamento huma-</p><p>no e sua compreensão, sendo o ponto-chave das relações interpessoais.</p><p>10 Relações Interpessoais</p><p>1.1 Processos de aprendizagem</p><p>Vídeo</p><p>Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:</p><p>• refletir sobre o comportamento humano por meio do olhar</p><p>da Psicologia;</p><p>• analisar atitudes, percepções, formas de aprendizagem e</p><p>motivação, emoções e personalidade para a compreensão</p><p>do comportamento.</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>O processo de aprendizagem inicia-se no nascimento do indivíduo.</p><p>Assim, podemos afirmar que o saber inicial do homem pode ser adqui-</p><p>rido pelos conhecimentos deixados de seus antepassados. Dessa for-</p><p>ma, as interações sociais que ocorrem na escola são complementares</p><p>ao processo de aprendizagem, tornando o processo mais produtivo e</p><p>impactante na vida do aluno. Em seus estudos, Jean Piaget constatou</p><p>que o funcionamento mental infantil é diferente do adulto, por isso</p><p>aprofundou suas pesquisas no processo em que ocorre essa mudança</p><p>(PALANGANA, 2015). A Figura 1 mostra os quatro estágios da teoria pia-</p><p>getiana sobre o desenvolvimento cognitivo da criança.</p><p>Figura 1</p><p>Estágios de desenvolvimento cognitivo infantil</p><p>Sensório-motor</p><p>Do nascimento</p><p>até 2 anos</p><p>Pré-</p><p>-operacional</p><p>De 2 a 7 anos</p><p>Estágio das</p><p>operações</p><p>concretas</p><p>De 7 a 12 anos</p><p>Estágio das</p><p>operações</p><p>formais</p><p>A partir dos 12</p><p>anos (início da</p><p>adolescência)</p><p>iM</p><p>Ai</p><p>in</p><p>fo</p><p>gr</p><p>ap</p><p>hi</p><p>c/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Piaget, 1986.</p><p>O primeiro estágio do desenvolvimento cognitivo da criança é cha-</p><p>mado de sensório-motor, uma vez que é uma fase na qual a criança</p><p>tem reflexos básicos que são alterados conforme o sistema nervoso vai</p><p>amadurecendo e a interação dela com o ambiente vai modificando os</p><p>comportamentos. Nessa fase, a criança não consegue apresentar pen-</p><p>Comportamento humano 11</p><p>samentos e afetividade. Ao longo dos dois primeiros anos, ela constitui</p><p>a noção de espaço, tempo, causalidade, entende a diferença do que é</p><p>dela ou do ambiente à sua volta, apresentando um raciocínio prático.</p><p>No estágio pré-operacional a criança já desenvolve a linguagem e a</p><p>imitação, além de distinguir imagens, símbolos e seus significados. No</p><p>estágio das operações concretas ela se torna mais sociável e menos</p><p>individualista, busca apresentar seu próprio modo de pensar e que sua</p><p>declaração seja aceita pelas pessoas.</p><p>No último estágio, o das operações formais, a característica mais</p><p>eminente é a diferenciação entre o que é verdadeiro e o que é possível.</p><p>A criança tem a capacidade de pensar de maneira abstrata, formular</p><p>suposições e experimentá-las. Na fase adolescente é concluída a cons-</p><p>trução dos mecanismos cognitivos, porém o processo de aprendizagem</p><p>não se encerra com isso, visto que estamos sempre adquirindo novos</p><p>conhecimentos (PIAGET, 1986; PALANGANA, 2015). Desde o nascimen-</p><p>to o indivíduo está sempre em constante aprendizado, e o processo de</p><p>aprendizagem só é encerrado com a sua morte.</p><p>Ih</p><p>na</p><p>to</p><p>vic</p><p>h</p><p>M</p><p>ar</p><p>yia</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Estágios de desenvolvimento humano da infância até a velhice.</p><p>Piaget (1972), ao falar sobre o processo de desenvolvimento do co-</p><p>nhecimento, afirma que é um processo voluntário, que está relacionado</p><p>a um processo geral, ao qual deu o nome de embriogênese. A embriogê-</p><p>nese, além de se referir ao progresso corporal, aborda o progresso do</p><p>sistema nervoso e das funções mentais. No caso do desenvolvimento</p><p>do conhecimento, a embriogênese só termina na vida adulta. Quando</p><p>o estudioso se refere ao processo de aprendizagem, afirma ocorrer por</p><p>meio de situações ao longo da vida, seja na escola, com auxílio dos</p><p>professores, seja em processo terapêutico – geralmente em situações</p><p>externas. Essas situações não são voluntárias, como no caso anterior,</p><p>sendo parte de um processo menos complexo.</p><p>Como discutimos o</p><p>desenvolvimento e a</p><p>aprendizagem humana,</p><p>sugerimos o documen-</p><p>tário O começo da vida,</p><p>que aborda de modo ins-</p><p>tigante os primeiros mil</p><p>dias do recém-nascido,</p><p>período muito importan-</p><p>te para o crescimento</p><p>saudável da criança até a</p><p>vida adulta.</p><p>Direção: Estela Renner. São Paulo:</p><p>Maria Farinha Filmes, 2016.</p><p>Filme</p><p>12 Relações Interpessoais</p><p>Cada fase de nossa vida é marcada por uma série de mudanças fí-</p><p>sicas e mentais, no entanto o processo de aprendizagem é contínuo.</p><p>Nessa linha podemos entender o ser humano como alguém que está</p><p>em processo de desenvolvimento e que, por isso, não é completo</p><p>nem acabado. Em razão disso, a educação é algo que precisa ocorrer</p><p>continuamente na vida do ser humano. Ainda segundo Piaget (1972),</p><p>discordando de diversos autores, o desenvolvimento é o processo fun-</p><p>damental e cada componente da aprendizagem acontece como uma</p><p>funcionalidade do desenvolvimento global.</p><p>Lev Vygotsky, outro importante estudioso, trouxe grande contribuição</p><p>para o entendimento do tema, com objetivo de compreender o desenvol-</p><p>vimento dos processos psicológicos no decorrer da vivência do indivíduo,</p><p>sempre levando em consideração a individualidade de cada um, que faz</p><p>parte de uma cultura que o influencia. Ele afirma que o ser humano é for-</p><p>mado como um ser social que precisa de outras pessoas para aprender e</p><p>se desenvolver.</p><p>Para o autor a infância e o brincar favorecem a estrutura e o funciona-</p><p>mento psíquico da criança. A brincadeira está diretamente relacionada</p><p>com a aprendizagem, pois no ato de brincar se estabelece a base do</p><p>que no futuro trará possibilidade de aprender temas mais complexos.</p><p>Por isso as brincadeiras são muito utilizadas em processos educacio-</p><p>nais onde ocorrem dificuldades de aprendizagem.</p><p>No desenvolvimento humano existe um caminho natural, no qual</p><p>ocorre o amadurecimento. Sua relação com o ambiente cultural em</p><p>que vive possibilita que o aprendizado ocorra e, assim, dão-se os pro-</p><p>cessos psicológicos internos.</p><p>1.1.1 Aprendizagem adulta</p><p>Após abordarmos a aprendizagem e os processos de desenvolvimen-</p><p>to do bebê até a adolescência, vamos discutir a aprendizagem adulta,</p><p>que ocorre de modo diferente, pois o adulto tem maior autonomia e ma-</p><p>turidade. Portanto a aprendizagem pode ocorrer de diversas formas, de</p><p>acordo com a preferência de cada um. Podemos citar exemplos de diver-</p><p>sas pessoas que fizeram história inovando, como Albert Einstein (criador</p><p>da Teoria da Relatividade e ganhador do prêmio Nobel de Física pela sua</p><p>teoria quântica, que apresentava esclarecimentos sobre o efeito fotoelé-</p><p>trico; até hoje seu nome é lembrado devido às descobertas no ramo da</p><p>No livro Desenvolvimento</p><p>e aprendizagem em Piaget</p><p>e Vigotski: a relevância do</p><p>social a autora faz uma</p><p>análise dos processos de</p><p>aprendizagem e desen-</p><p>volvimento humano com</p><p>base na teoria desses</p><p>autores, que são referên-</p><p>cias no desenvolvimento</p><p>infantil.</p><p>PALANGANA, I. C. São Paulo:</p><p>Summus Editorial, 2015.</p><p>Livro</p><p>física), Bill Gates (hoje um dos homens mais ricos do mundo, fundador</p><p>da Microsoft) e Santos Dumont (brasileiro conhecido como pai da avia-</p><p>ção, foi o primeiro homem a pilotar um avião estimulado por um motor</p><p>à gasolina). O que todos eles têm em comum? Não fizeram faculdade,</p><p>estudavam sozinhos sobre os temas de interesse e criaram inovações</p><p>importantes para a história.</p><p>Quando falamos de aprendizagem, há pessoas que, como eles,</p><p>aprendem por meio de leitura, outras precisam criar esquemas escritos</p><p>ou desenhados para que o processo de aprendizagem ocorra, outras</p><p>aprendem</p><p>não verbal ocorre por meio do tom de voz e da forma</p><p>como se fala, pela forma de olhar e pelas expressões na face, por si-</p><p>nais que acompanham a fala, pela postura do corpo, pela forma como</p><p>as pessoas se vestem e pela distância que ficam em uma conversa.</p><p>Mesmo o silêncio pode significar algo, transmitir diversas mensagens</p><p>(ARAÚJO; SILVA; PUGGINA, 2007).</p><p>pa</p><p>th</p><p>do</p><p>c/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Nas imagens observamos a mesma pessoa e diversas expressões. Se você as visse, o que</p><p>interpretaria de cada uma? Qual seria a mensagem que a linguagem corporal passaria?</p><p>Muitas vezes não observamos que a nossa comunicação não verbal</p><p>se opõe às nossas falas, por isso Araújo, Silva e Puggina (2007) afirmam</p><p>que é importante haver uma relação entre a comunicação verbal e a não</p><p>verbal para melhorar a qualidade dos relacionamentos interpessoais.</p><p>https://scholar.google.com.br/citations?user=2dodVY0AAAAJ&hl=pt-BR&oi=sra</p><p>Processos de comunicação 73</p><p>4.2 Comunicação organizacional</p><p>Vídeo A comunicação dentro da organização auxilia tanto as relações en-</p><p>tre os membros das equipes como os processos. Se a comunicação</p><p>se der de maneira positiva, certamente beneficiará as relações, bem</p><p>como fará com que os processos ocorram com menos erros, evitando</p><p>retrabalho e conflitos que afetam a organização. Além disso, a comuni-</p><p>cação ajuda a organização a se posicionar no mercado: por meio dela</p><p>ocorrem as ações de marketing e divulgação da marca e é possível ex-</p><p>plorar a comunicação no sentido do papel que possui na sociedade e</p><p>das contribuições que proporciona.</p><p>Para Thayer (1976), comunicar-se é fazer com que uma ideia ou in-</p><p>formação seja corriqueira em uma circunstância. Existe um conjunto</p><p>de coisas que compõem o todo, que são emissor, receptor, mensagem,</p><p>código, canal, situação/circunstância, necessidade e propósito.</p><p>A comunicação envolve todo o processo entre emissor (aquele que</p><p>está emitindo a mensagem por meio de um código) e receptor (aquele</p><p>que recebe a mensagem e a interpreta). Com base na mensagem recebi-</p><p>da, o receptor tem uma reação. Esse é um processo complexo que envolve</p><p>também a percepção de mundo do outro.</p><p>O emissor é quem inicia o processo de comunicação. Seu papel é pen-</p><p>sar na mensagem e alterá-la de acordo com o que espera que o receptor</p><p>capte, por meio de uma codificação que possibilite ao ouvinte um signi-</p><p>ficado. O ouvinte, ou receptor, está no lado oposto desse processo, pois</p><p>ele recebe a mensagem, e o entendimento da mensagem define o suces-</p><p>so da comunicação (THAYER, 1976). É possível dizer que a comunicação</p><p>é um processo complexo e um dos maiores desafios organizacionais. O</p><p>canal é o meio de circulação da mensagem, assegurando a comunicação</p><p>entre emissor e receptor. A transmissão da mensagem ocorre em uma</p><p>situação ou circunstância que relaciona o emissor e o receptor, visa aten-</p><p>der a uma necessidade e possui um propósito para ocorrer.</p><p>Quando falamos de organizações, é natural que tratemos de comu-</p><p>nicação por ser um processo que faz parte delas e possui um papel</p><p>de relevância. A comunicação existe antes mesmo da organização e a</p><p>acompanha ao longo de toda a sua existência – a todo momento estão</p><p>sendo compartilhados conhecimento, informações, ideias, formas de</p><p>pensar (KREPS, 1990).</p><p>74 Relações Interpessoais</p><p>Figura 3</p><p>Comunicação organizacional integrada</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Kunsch, 2016.</p><p>MARKETING</p><p>Comunicação mercadológica</p><p>• Publicidade</p><p>• Promoção de vendas</p><p>• Feiras e exposições</p><p>• Marketing direto</p><p>• Merchandising</p><p>• Venda pessoal</p><p>RELAÇÕES PÚBLICAS</p><p>Comunicação institucional</p><p>• Marketing social</p><p>• Marketing cultural</p><p>• Jornalismo empresarial</p><p>• Assessoria de imprensa</p><p>• Identidade corporativa</p><p>• Editoração multimídia</p><p>• Publicidade institucional</p><p>COMUNICAÇÃO INTERNA</p><p>Comunicação administrativa</p><p>• Processo comunicativo</p><p>• Fluxos informativos</p><p>• Redes formais e</p><p>informais</p><p>• Barreiras</p><p>• Mídias internas</p><p>MIX DA</p><p>COMUNICAÇÃO</p><p>NAS</p><p>ORGANIZAÇÕES</p><p>Kunsch (2016) aborda três tipos de comunicação utilizados pelas or-</p><p>ganizações na atualidade, denominando-os comunicação organizacional</p><p>integrada, ou mix de comunicação nas organizações, conforme a Figura 3.</p><p>Em sua teoria, afirma que a comunicação mercadológica atua na área</p><p>de marketing responsável pela publicidade e relações externas à em-</p><p>presa, como na promoção de vendas, participação de feiras e exposi-</p><p>ções, marketing direto, merchandising e venda pessoal. A comunicação</p><p>institucional são as relações públicas nas quais se encaixam as comu-</p><p>nicações voltadas para a empresa e seu papel na sociedade, cultura e</p><p>identidade, como o marketing social, o marketing cultural, o jornalismo</p><p>empresarial, a assessoria de imprensa, a identidade corporativa, a edi-</p><p>toração multimídia e a publicidade institucional. Por fim, a comunica-</p><p>ção administrativa é composta de comunicação interna, que faz parte</p><p>dos processos de comunicação dentro da empresa e sua relação com</p><p>os colaboradores, e de processo comunicativo, fluxos informativos, re-</p><p>des formais e informais, barreiras e mídias internas.</p><p>Com o objetivo de explicar melhor os tipos de comunicação, a figura</p><p>a seguir apresenta três exemplos.</p><p>Figura 4</p><p>Tipos da comunicação organizacional integrada</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>MARKETING</p><p>SOCIAL</p><p>MERCHAN-</p><p>DISING</p><p>FLUXO IN-</p><p>FORMATIVO</p><p>São ações de uma</p><p>empresa que visam ao</p><p>bem-estar social.</p><p>É o conjunto de</p><p>estratégias de</p><p>valorização do</p><p>produto e de incentivo</p><p>à compra.</p><p>Tem o objetivo</p><p>de transmitir as</p><p>informações com</p><p>valor agregado para</p><p>diversos públicos.</p><p>Faz parte da</p><p>comunicação</p><p>institucional das</p><p>empresas.</p><p>Faz parte da</p><p>comunicação</p><p>mercadológica das</p><p>empresas.</p><p>Faz parte da</p><p>comunicação</p><p>administrativa das</p><p>empresas.</p><p>No que se refere à comunicação, pode-se afirmar que se trata de</p><p>um instrumento de potenciais estratégicos na empresa e de cresci-</p><p>mento da integração estrutural das organizações. Por meio dos ins-</p><p>trumentos de comunicação, as empresas conseguem definir suas</p><p>funções, além de eles ajudarem a tomar decisões e manter contatos</p><p>com clientes, fornecedores e parceiros. Devido à extrema importân-</p><p>cia que a temática possui, faz-se necessário que as organizações invis-</p><p>tam em estratégias considerando os processos de comunicação como</p><p>apoio para seu dia a dia. A comunicação, com o passar do tempo, vem</p><p>construindo seu espaço e se apropriando de um papel diferenciado no</p><p>mundo globalizado, possibili-</p><p>tando que as empresas apri-</p><p>morem suas estratégias de</p><p>negócios (DANIELS; SPIKER;</p><p>PAPA, 1997; FOSSÁ, 1993;</p><p>KUNSCH, 1997; SCHULER,</p><p>2004; SCROFERNEKER, 1999;</p><p>TOMPKINS; WANCA-THIBAULT,</p><p>2001; REGO, 1986).</p><p>Vadym Pastukh/Shuttertock</p><p>Processos de comunicaçãoProcessos de comunicação 7575</p><p>O livro Comunicação</p><p>organizacional estraté-</p><p>gica: aportes conceituais</p><p>e aplicados discute o</p><p>papel da comunicação</p><p>em diferentes âmbitos</p><p>e a sua importância. A</p><p>comunicação é abordada</p><p>como instrumento estra-</p><p>tégico para as empresas,</p><p>a sociedade e as relações</p><p>públicas.</p><p>UNSCH, M. M. K. (org.). São Paulo:</p><p>Summus, 2016.</p><p>Livro</p><p>76 Relações Interpessoais</p><p>A comunicação organizacional pode ser definida como o processo em</p><p>que os indivíduos que fazem parte da organização acumulam informa-</p><p>ções referentes à empresa e suas transformações e as distribuem para</p><p>que todos tenham conhecimento. As pessoas podem disseminar essas</p><p>informações, o que lhes permite cooperar e se organizar (KREPS, 1990).</p><p>De modo geral, a comunicação se baseia nas atividades em equipe</p><p>e na colaboração entre os seres humanos. A informação é um resulta-</p><p>do da comunicação, sendo de grande importância para a colaboração</p><p>entre os membros da organização e para a interpretação das suas ati-</p><p>vidades diárias (KREPS, 1990).</p><p>Mas como garantir que todos irão compreender a mensagem que</p><p>cada um pretende passar? Como já visto, a percepção influencia a</p><p>forma com que é recebida a informação, e nas organizações existem</p><p>muitas pessoas. Como fazer com que elas se comuniquem da melhor</p><p>forma? Aí está o grande desafio organizacional, e cabe às empresas</p><p>desenvolver</p><p>as formas de comunicação por meio de ações, explorar as</p><p>informações para que todos tenham acesso e estimular atividades que</p><p>desenvolvam o processo para que a comunicação ocorra de maneira</p><p>assertiva.</p><p>Quando a comunicação ocorre positivamente, melhora as relações,</p><p>reduz conflitos, aumenta a satisfação dos colaboradores, aprimora a</p><p>estratégia organizacional da empresa e reduz os erros nos processos.</p><p>4.3 Comunicação não violenta</p><p>Vídeo A comunicação não violenta (CNV) auxilia a forma como o indivíduo</p><p>se expressa e ouve as outras pessoas. Em vez de utilizar as palavras</p><p>como manifestações automáticas, transformam-se reações conscien-</p><p>tes com base na consciência que sentimos, percebemos e desejamos.</p><p>A expressão é feita com clareza e transparência, além de ser mantida a</p><p>atenção com o outro. Existe uma troca em que ocorre uma escuta das</p><p>necessidades internas do indivíduo e das outras pessoas.</p><p>A CNV faz com que o indivíduo aprenda a observar com cuidado e</p><p>conseguir reconhecer os comportamentos que afetam os demais e a</p><p>si mesmo. Ela ensina a pessoa a conhecer e a entender o que busca</p><p>em cada situação de maneira pouco complexa, mas que transforma o</p><p>indivíduo (ROSENBERG, 2006).</p><p>Processos de comunicação 77</p><p>Essa abordagem também busca a resolução dos conflitos por</p><p>meio de atitudes que focam na compaixão e empatia, desconstruin-</p><p>do padrões antigos de defesa e ataque e substituindo-os por uma</p><p>nova visão das coisas e um novo foco, minimizando a postura de-</p><p>fensiva e as atitudes violentas. O foco passa a ser na observação do</p><p>sentimento, na necessidade do outro e no lugar do julgamento, por</p><p>isso temos a compaixão pelo outro, exercitando uma escuta ativa e</p><p>profunda do indivíduo aos demais, promovendo respeito e empatia</p><p>(ROSENBERG, 2006).</p><p>A CNV é considerada um processo de se comunicar com o outro e</p><p>conhecida como uma linguagem da compaixão, mas vai além de um</p><p>processo de linguagem, é uma busca por encontrar o nosso interior.</p><p>É interessante que na escola e na educação dos pais se aprende a</p><p>falar, ler, escrever, mas raramente é ensinado como se explicar as pró-</p><p>prias emoções. Já como adulto, o indivíduo sente falta dessa compreen-</p><p>são e frequentemente tem dificuldade de reconhecer os sentimentos e</p><p>as emoções (ROSENBERG, 2006).</p><p>Como é de grande importância nas relações e interações com gru-</p><p>pos, com outras pessoas e consigo mesmo devido ao autoconhecimen-</p><p>to, ela se aplica a diversas situações, conforme demonstra a figura a</p><p>seguir.</p><p>Figura 5</p><p>Contextos de aplicação da comunicação não violenta</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Rosenberg, 2006.</p><p>Contextos em que a comunicação não violenta se aplica</p><p>Relacionamentos</p><p>íntimos</p><p>Concorrência ou</p><p>conflitos de qualquer</p><p>natureza</p><p>Família</p><p>Escola Terapia</p><p>Negociações</p><p>Organizações e</p><p>instituições</p><p>78 Relações Interpessoais</p><p>A Figura 5 mostra em quais contextos a CNV pode melhorar os re-</p><p>lacionamentos do indivíduo. Porém, para que ela ocorra de maneira</p><p>positiva, é importante seguir alguns passos, para que todos se benefi-</p><p>ciarão do processo de comunicação. Na figura a seguir são apresenta-</p><p>dos os passos para que ela ocorra com um exemplo comum ao dia a</p><p>dia de todos.</p><p>Si</p><p>lve</p><p>rC</p><p>irc</p><p>le</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Figura 6</p><p>Comunicação não violenta</p><p>OBSERVAÇÃO SENTIMENTO</p><p>PEDIDO</p><p>NECESSIDADE</p><p>Roberto, quando</p><p>eu vejo duas</p><p>bolas de meias</p><p>sujas debaixo da</p><p>mesinha e mais</p><p>três perto da TV,</p><p>fico irritada,</p><p>porque preciso</p><p>de mais ordem</p><p>no espaço que</p><p>usamos em</p><p>comum.</p><p>Você poderia colocar suas</p><p>meias no seu quarto ou na</p><p>lavadora?</p><p>Fonte: Adaptada de Rosenberg, 2006.</p><p>Primeiro acontece a observação do que ocorreu em determina-</p><p>da situação, sem o julgamento desta, uma descrição do que o outro</p><p>fez, se é produtivo ou não para a vida do indivíduo e se nos agrada</p><p>ou não; na sequência, é preciso observar os sentimentos que foram</p><p>desencadeados, como mágoa, tristeza, alegria; em seguida, identificar</p><p>as necessidades que estão relacionadas aos sentimentos que foram</p><p>desencadeados naquela ocasião. Com essas três etapas identificadas,</p><p>a pessoa expressa como está naquele momento (ROSENBERG, 2006).</p><p>Mas o que são necessidades e sentimentos para a CNV?</p><p>Necessidade não é o que falta, mas sim palavras que traduzem o</p><p>bem-estar da pessoa nos níveis físico, mental, emocional, espiritual e</p><p>social. Já os sentimentos podem ser definidos como aqueles que carre-</p><p>Processos de comunicação 79</p><p>gam a mensagem de que as necessidades humanas estão sendo satis-</p><p>feitas ou não. Não se julga se os sentimentos são bons ou ruins, apenas</p><p>se as necessidades estão sendo atendidas ou não (ROSENBERG, 2006).</p><p>A comunicação não violenta tem um desafio de fazer com que a</p><p>pessoa comece a observar melhor os comportamentos que ela tem em</p><p>relação às outras pessoas e como ela pode substituir esses velhos pa-</p><p>drões por novos comportamentos, facilitando a sua interação com as</p><p>pessoas e aproximando-se delas (ROSENBERG, 2006).</p><p>“Por que eu reagi assim?” é uma das perguntas que fazemos quan-</p><p>do passamos por uma situação em que damos uma resposta mais rís-</p><p>pida. Às vezes é necessário pensar mais para não se arrepender das</p><p>palavras ditas, pois elas não podem ser apagadas. É importante se per-</p><p>guntar quais foram os sentimentos vivenciados para identificar se na-</p><p>quele momento estava se sentindo triste, irritado, com raiva e, assim,</p><p>começar o trabalho de auto-observação.</p><p>É muito comum vivenciar o julgamento de outras pessoas, mas o</p><p>fato de olhar para si é muito necessário. A auto-observação é uma ati-</p><p>tude fundamental nesse processo e pode se iniciar pela sua rotina diá-</p><p>ria, questionando-se: como lidar com as pessoas? Qual imagem passo</p><p>ao me comunicar? Considero o passo a passo de cada situação para</p><p>me expressar?</p><p>Todas as emoções são importantes, mas é preciso conhecê-las e bus-</p><p>car sempre compreendê-las. Retirar o julgamento, tentar compreender</p><p>o porquê do comportamento das outras pessoas, melhorar a forma de</p><p>fazer o pedido quando precisar de algo e tentar entender a realidade</p><p>da outra pessoa são atitudes para lidar melhor com as emoções.</p><p>Esse é o exercício da empatia e da compaixão, que precisa estar</p><p>presente em toda a comunicação e na relação com o outro.</p><p>Com base na teoria de</p><p>comunicação não violenta</p><p>foi criado o GROK, uma</p><p>forma de conhecer a</p><p>comunicação não violeta</p><p>brincando. É um jogo de</p><p>comunicação que se en-</p><p>caixa em todas as idades</p><p>e busca ensinar o que são</p><p>sentimentos, necessida-</p><p>des e como melhorar e</p><p>praticar a comunicação</p><p>não violenta em todos os</p><p>contextos da vida para</p><p>melhorar as relações</p><p>e o poder de escuta.</p><p>Acesse o link a seguir para</p><p>conhecê-lo.</p><p>Disponível em: https://jogogrok.</p><p>com/. Acesso em: 9 ago. 2021.</p><p>Saiba mais</p><p>4.4 Comunicação como ferramenta de</p><p>auxílio nas relações interpessoais Vídeo</p><p>A comunicação é uma importante aliada das relações interpes-</p><p>soais e contribui para fortalecê-las, pois o tempo todo estamos nos</p><p>comunicando.</p><p>https://jogogrok.com/</p><p>https://jogogrok.com/</p><p>Assim como toda competência pode ser desenvolvida, para melho-</p><p>rar a comunicação são necessários alguns pontos de atenção, como:</p><p>utilizar uma linguagem clara e objetiva, respeitar o tempo do outro,</p><p>tentar entender qual é a melhor forma de se comunicar com o outro,</p><p>passar informações completas, evitar os ruídos da comunicação, não</p><p>interromper até que o outro conclua a informação, estimular não só a</p><p>audição, mas a visão e até o tato dependendo da situação.</p><p>Existem alguns fatores que podem atrapalhar o processo de comu-</p><p>nicação, por exemplo: interpretações pessoais, preconceitos existen-</p><p>tes, excesso de pressa nas rotinas diárias, falta de interesse no assunto</p><p>que está sendo abordado, estado emocional afetado, conflitos entre</p><p>as pessoas da família, escola ou equipe de trabalho, inabilidade de se</p><p>expressar ou dificuldade na fala.</p><p>Um tema importante que faz parte da comunicação é a negociação.</p><p>Podemos não perceber, mas o tempo todo estamos negociando: com a</p><p>família, com os amigos, no trabalho, no supermercado; seja o prazo de</p><p>entrega de um trabalho</p><p>na escola, faculdade, trabalho, seja dividindo</p><p>as atividades domésticas, ou em uma negociação comercial, com pra-</p><p>zos de pagamento. A negociação é um processo de comunicação que</p><p>pode ser usado para resolver conflitos, firmar acordos ou realizar ven-</p><p>das. Para uma boa negociação, é essencial ter bons argumentos.</p><p>A argumentação pode ser definida como um grupo de hipóteses,</p><p>alegações e pressuposições que tem como objetivo defender um ponto</p><p>de vista e convencer alguém sobre algo. Ressaltamos que a argumenta-</p><p>ção não é atacar ou criticar outra pessoa, mas sim utilizar os argumen-</p><p>tos como apoio aos nossos pontos de vista e de outras pessoas.</p><p>Exercícios de argumen-</p><p>tação é um livro em</p><p>formato de caixa com 50</p><p>cartas que propõem dife-</p><p>rentes situações com as</p><p>quais podemos exercitar</p><p>a nossa argumentação,</p><p>em contextos diversos.</p><p>É uma forma prática e</p><p>divertida de desenvolver</p><p>a argumentação.</p><p>BARROS, D. M. São Paulo: Matrix,</p><p>2018.</p><p>Livro</p><p>Pessoas no ambiente</p><p>de trabalho realizando</p><p>uma negociação. É</p><p>possível perceber</p><p>pelas expressões</p><p>que todos estão</p><p>satisfeitos.</p><p>fiz</p><p>ke</p><p>s/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>8080 Relações InterpessoaisRelações Interpessoais</p><p>Processos de comunicação 81</p><p>A escuta ativa é um ponto muito importante na comunicação. Não</p><p>basta só falar, é preciso saber ouvir, pois o emissor da mensagem</p><p>pode utilizar todas as estratégias para que o receptor compreenda sua</p><p>mensagem, mas, se ele não estiver aberto, não conseguirá compreen-</p><p>dê-la. Para desenvolver a escuta ativa, é importante sempre mostrar</p><p>interesse no que a outra pessoa está comunicando. Além disso, para</p><p>compreender a mensagem, é preciso escutá-la completamente, sem in-</p><p>terrupções. Ouvir é a capacidade que a audição tem de ouvir sons, mas</p><p>isso por si só não significa que a pessoa compreendeu a mensagem. A</p><p>escuta ocorre quando a pessoa capta a informação que está sendo pas-</p><p>sada. A empatia também é importante para esse entendimento, além</p><p>de repassar a informação ao emissor, é preciso se certificar de que ele</p><p>compreendeu a mensagem.</p><p>Observe o diálogo a seguir.</p><p>João, que é gerente de uma rede varejista, enviou uma mensagem de texto</p><p>para sua secretária, Sílvia, e fez um pedido:</p><p>AI</p><p>ex</p><p>Ve</p><p>ct</p><p>or</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Sílvia, preciso que verifique, por</p><p>gentileza, se recebi um e-mail da</p><p>Associação Comercial da Cidade</p><p>de Flores do Sul em nome</p><p>de Fábio Luís Arruda. Se sim,</p><p>responda que estou em viagem</p><p>e que retorno na sexta-feira</p><p>para a reunião sobre parceria</p><p>que está marcada com ele.</p><p>(Continua)</p><p>82 Relações Interpessoais</p><p>Sílvia, que estava com outras atividades no momento, parou tudo para aten-</p><p>der ao pedido e anotou todas as informações. Para não restarem dúvidas,</p><p>ela perguntou:</p><p>E finalizaram a conversa.</p><p>Sílvia, preciso que verifique, por</p><p>gentileza, se recebi um e-mail da</p><p>Associação Comercial da Cidade</p><p>de Flores do Sul em nome de Fábio</p><p>Luís Arruda. Se sim, responda que</p><p>estou em viagem e que retorno</p><p>na sexta-feira para a reunião</p><p>sobre parceria que está marcada</p><p>com ele.</p><p>Então vou acessar seu e-mail</p><p>e procurar pela Associação</p><p>Comercial da Cidade de Flores do</p><p>Sul em nome de Fábio Luís Arruda.</p><p>Se estiver na caixa de e-mails,</p><p>vou responder que você está em</p><p>viagem e que retorna na sexta-feira</p><p>para a reunião sobre a pauta de</p><p>parceria, correto?</p><p>Isso mesmo, obrigado!</p><p>Nesse exemplo podemos observar que muitas informações foram</p><p>passadas e existiu uma escuta ativa, pois foi dado o foco para as infor-</p><p>mações passadas e elas foram repassadas para evitar possíveis falhas</p><p>de entendimento. A escuta ativa, bem como o processo de comuni-</p><p>car-se, possibilita que as relações interpessoais ocorram de maneira</p><p>positiva, evitando conflitos, melhorando o networking, criando relações</p><p>afetivas sadias nas relações familiares e sociais como um todo. Por-</p><p>tanto, investir em seu desenvolvimento trará muitos ganhos para as</p><p>pessoas.</p><p>AI</p><p>ex</p><p>Ve</p><p>ct</p><p>or</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Processos de comunicação 83</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Como vimos, a comunicação é um processo complexo, que faz parte</p><p>da vida dos seres humanos desde o nascimento e se mantém por toda</p><p>a vida. Não é possível não se comunicar, mesmo que não verbalmente –</p><p>estamos sempre nos comunicando por meio da fala, das expressões e da</p><p>linguagem corporal.</p><p>Esse processo possui grandes desafios, pois somente falar não é su-</p><p>ficiente. É preciso fazer o outro compreender a mensagem transmitida,</p><p>ouvir e, por meio dessa compreensão, gerar ações na vida pessoal, no</p><p>trabalho e no contexto social. A comunicação é algo que sempre necessi-</p><p>tamos observar e buscar desenvolvê-la para manter relações saudáveis e</p><p>reduzir os conflitos.</p><p>ATIVIDADES</p><p>Atividade 1</p><p>O que é linguagem não verbal?</p><p>Atividade 2</p><p>Discorra brevemente sobre os três tipos de comunicação utiliza-</p><p>dos pelas organizações na atualidade, denominados comunicação</p><p>organizacional integrada ou mix de comunicação.</p><p>Atividade 3</p><p>Explique por que a comunicação não violenta tem sido cada vez</p><p>mais importante para as relações interpessoais.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARAÚJO, M. M. T.; SILVA, M. J. P.; PUGGINA, A. C. G. A comunicação não verbal enquanto fator</p><p>iatrogênico. Revista de Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 41, n. 3, p. 419-425, 2007.</p><p>Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/gN58Rh93dWb9tTMDFYX5CNN/?lang=pt.</p><p>Acesso em: 9 ago. 2021.</p><p>DANIELS, T. D.; SPIKER, B.; PAPA, M. Perspectives on organizational communication. Dubuque:</p><p>Brown & Benchamark, 1997.</p><p>FOSSÁ, M. I. T. Os desafios da comunicação empresarial na era da qualidade: o caso Xerox.</p><p>https://www.scielo.br/j/reeusp/a/gN58Rh93dWb9tTMDFYX5CNN/?lang=pt</p><p>84 Relações Interpessoais</p><p>1993. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Programa de Pós-Graduação em</p><p>Comunicação, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 1993.</p><p>KREPS, G. Organizational Communication: theory and practice. 2. ed. New York: Longman,</p><p>1990.</p><p>KUNSCH, M. M. K. Relações públicas e modernidade: novos paradigmas na comunicação</p><p>organizacional. São Paulo: Summus, 1997.</p><p>KUNSCH, M. M. K. Comunicação organizacional estratégica: aportes conceituais e aplicados.</p><p>São Paulo: Summus, 2016.</p><p>LOPES, L. C. Percepção e comunicação: mitos e problemas contemporâneos. Hiper-textos,</p><p>Departamento de Ciencias de la Comunicación, ITESM-Campus Monterrey, v. 5, 2002.</p><p>PEASE, A.; PEASE, B. Desvendando os segredos da linguagem corporal. Rio de Janeiro:</p><p>Sextante, 2005.</p><p>REGO, F. G. T. Comunicação empresarial, comunicação institucional. São Paulo: Summus,</p><p>1986.</p><p>ROSENBERG, M. B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos</p><p>pessoais e profissionais. Trad. de Mário Vilela. São Paulo: Ágora, 2006.</p><p>SALOMÉ, J.; GALLAND, S. O segredo da comunicação interpessoal. São Paulo: Loyola, 1999.</p><p>SCHULER, M. (org.). Comunicação estratégica. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>SCROFERNEKER, C. M. A. Perspectivas teóricas da comunicação organizacional. In: 6º FÓRUM</p><p>IBERO-AMERICANO DE RELAÇÕES PÚBLICAS. Anais [...] Porto Alegre, RS, out. 1999. Disponível</p><p>em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/8246b4fdf73b3a9827ad27378a2c1de0.</p><p>pdf. Acesso em: 9 ago. 2021.</p><p>THAYER, L. Comunicação: fundamentos e sistemas. São Paulo: Atlas, 1976.</p><p>TOMPKINS, P. K.; WANCA-THIBAULT, M. Organizational communication: prelude and</p><p>prospects. In: JABLIN, F. M.; PUTNAM, L. L. (ed.). The new handbook of organizational</p><p>communication: advances in theory, research and methods. Thousand Oaks: Sage, 2001.</p><p>p. 17-31.</p><p>http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/8246b4fdf73b3a9827ad27378a2c1de0.pdf</p><p>http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/8246b4fdf73b3a9827ad27378a2c1de0.pdf</p><p>Habilidades de relacionamento interpessoal 85</p><p>5</p><p>Habilidades de relacionamento</p><p>interpessoal</p><p>Os conflitos são inerentes às relações interpessoais. Não é possível</p><p>pensar em uma relação em que não exista conflito. Somos seres huma-</p><p>nos – acertamos, erramos e fazemos escolhas nos relacionamos a todo</p><p>momento. Temos crenças diferentes, experiências de vida distintas e dife-</p><p>rentes formas de ver o mundo. Isso faz com que nem sempre estejamos</p><p>de acordo com o que o outro pensa ou com o modo como se comporta</p><p>ou fala. Por isso, é impossível que os conflitos sejam eliminados da vida</p><p>do ser humano. Em algum momento iremos divergir de outras pessoas, e</p><p>isso não é negativo; depende da forma com que lidamos com os conflitos</p><p>quando ocorrem.</p><p>Conflitos de ordem de trabalho podem ocorrer pelo fato de as pes-</p><p>soas que compõem a organização terem experiências diferentes de vida</p><p>e formas de pensar distintas. Essa diversidade pode ser muito positiva,</p><p>pois pessoas com pensamentos diferentes podem se complementar, mas</p><p>cabe aos líderes a tarefa de conduzir suas equipes e fazer a mediação</p><p>dos conflitos gerados pela diversidade, aproveitando-os da melhor forma.</p><p>Cabem às organizações as ações para desenvolver as habilidades dos co-</p><p>laboradores de lidar com os conflitos de maneira positiva.</p><p>Já os conflitos de família ocorrem muitas vezes quando duas pessoas</p><p>escolhem conviver juntas e, com isso, precisam aprender a lidar com</p><p>as suas diferenças e a ceder em muitos momentos em busca de uma</p><p>relação mais harmoniosa com a outra pessoa. Além disso, existem os</p><p>desafios financeiros, as divisões dos afazeres de casa, os momentos de</p><p>lazer, o nascimento e a criação dos filhos, a convivência entre ambos e o</p><p>relacionamento com familiares e amigos.</p><p>Existem também os conflitos étnicos e de gênero, definidos como os</p><p>desacordos relacionados a crenças religiosas, cultura, raça, política, dispu-</p><p>tas territoriais, orientação sexual e identidade de gênero.</p><p>86 Relações Interpessoais</p><p>Todo conflito pode ser positivo desde que se entenda como lidar com</p><p>ele, por isso ao longo deste capítulo vamos discutir os tipos de conflito</p><p>existentes e como lidar com eles de modo que não prejudiquem as rela-</p><p>ções interpessoais em diversos contextos da vida.</p><p>Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:</p><p>• conhecer os tipos existentes de conflitos em diversos con-</p><p>textos e as ferramentas de desenvolvimento das habilida-</p><p>des de relacionamento interpessoal, mediação e resolução</p><p>de conflitos.</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>5.1 Conflitos no ambiente de trabalho</p><p>Vídeo O conflito é, para Nascimento e El Sayed (2002), uma mina de no-</p><p>vas ideias e conceitos. Por meio dele, é possível conversar abertamente</p><p>sobre temáticas diversas, e quando isso ocorre, é de grande valia, pois</p><p>é possível observar os assuntos por diversos pontos de vista. Ainda</p><p>segundo as autoras, os conflitos podem ser necessários, mas isso de-</p><p>pende do nível e da situação em que ocorrem, e podem estimular o</p><p>movimento e impedir o processo de estagnação.</p><p>O que torna os conflitos negativos é a forma de lidar com eles. Por</p><p>isso existem os estudos sobre a administração dos conflitos, para bus-</p><p>car estratégias que possibilitem lidar com as situações de maneira mais</p><p>adequada, evitando o sentimento de frustração de todos os envolvi-</p><p>dos, trazendo a satisfação para todos e conseguindo atingir as metas</p><p>(NASCIMENTO; EL SAYED, 2002).</p><p>As autoras falam da importância da identificação do conflito para</p><p>traçar as melhores estratégias de mediá-lo. A figura a seguir mostra os</p><p>tipos de conflito.</p><p>Figura 1</p><p>Tipos de conflito</p><p>zm</p><p>ic</p><p>ie</p><p>r k</p><p>av</p><p>ab</p><p>at</p><p>a/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Nascimento; El Sayed, 2002, p. 50.</p><p>Conflito</p><p>latente</p><p>Conflito</p><p>percebido</p><p>Conflito</p><p>sentido</p><p>Conflito</p><p>manifesto</p><p>• Não é declarado e não há,</p><p>mesmo por parte dos elementos</p><p>envolvidos, uma clara consciência</p><p>de sua existência.</p><p>• Eventualmente não</p><p>precisa ser</p><p>trabalhado.</p><p>• É aquele que já atinge ambas as</p><p>partes e em que há emoção e</p><p>forma consciente.</p><p>• Os elemento envolvidos</p><p>percebem, racionalmente, a</p><p>existência do conflito, embora não</p><p>haja ainda manifestações abertas.</p><p>• Trata-se do conflito que já atingiu</p><p>ambas as partes, já é percebido</p><p>por terceiros e pode interferir na</p><p>dinâmica da organização.</p><p>Em uma situação em que profissionais estejam frustrados uns com</p><p>os outros, cabe ao líder o papel de mediador da relação, buscando uma</p><p>resolução satisfatória para ambos. Quando há uma troca de ideias,</p><p>com os profissionais auxiliando uns aos outros e utilizan-</p><p>do as opiniões diferentes como forma de comple-</p><p>mentar o trabalho, com certeza eles terão</p><p>mais chances de atingir as metas e se sen-</p><p>tirem satisfeitos.</p><p>Nascimento e El Sayed (2002) afir-</p><p>mam que as fases dos conflitos se agra-</p><p>vam quando não existem ações para</p><p>minimizá-los. Essas fases são apresen-</p><p>tadas na figura a seguir.</p><p>OKEH STOCK/Shutterstock</p><p>8787Habilidades de relacionamento interpessoalHabilidades de relacionamento interpessoal</p><p>88 Relações Interpessoais</p><p>Figura 2</p><p>Fases do conflito</p><p>Vo</p><p>lo</p><p>no</p><p>ff/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Nascimento; El Sayed, 2002, p. 49.</p><p>Nível 1</p><p>Discussão</p><p>Nível 3</p><p>Façanhas</p><p>Nível 5</p><p>Loss of face</p><p>Nível 7</p><p>Falta de</p><p>humanidade</p><p>Nível 2</p><p>Debate</p><p>Nível 4</p><p>Imagens fixas</p><p>Nível 6</p><p>Estratégias</p><p>Nível 8</p><p>Ataque de</p><p>nervos</p><p>Nível 9</p><p>Ataques</p><p>generalizados</p><p>É o estágio inicial do conflito; caracteriza-se</p><p>normalmente por ser racional, aberto e objetivo.</p><p>Nesse estágio as pessoas fazem generalizações</p><p>e buscam demonstrar alguns padrões de</p><p>comportamento. O grau de objetividade existente</p><p>no nível 1 começa a diminuir.</p><p>As partes envolvidas no conflito começam a</p><p>mostrar grande falta de confiança no caminho ou</p><p>alternativa escolhida pela outra parte envolvida.</p><p>São estabelecidas imagens preconcebidas em</p><p>relação à outra parte, fruto de experiências</p><p>anteriores ou de preconceitos, fazendo com que</p><p>as pessoas assumam posições fixas e rígidas</p><p>Significa “ficar com a cara no chão”. Trata-se da</p><p>postura “continuo neste conflito custe o que custar e</p><p>lutarei até o fim”, o que acaba por gerar dificuldades</p><p>para que uma das partes envolvidas se retire.</p><p>Nesse nível começam a surgir ameaças e as</p><p>punições ficam mais evidentes. O processo de</p><p>comunicação, uma das peças fundamentais para a</p><p>solução de conflitos, fica cada vez mais restrito.</p><p>No nível anterior ficaram evidentes as ameaças</p><p>e punições. Neste nível aparecem com muita</p><p>frequência os primeiros comportamentos</p><p>destrutivos e as pessoas passam a se sentir cada</p><p>vez mais desprovidas de sentimentos.</p><p>Nessa fase a necessidade de se autopreservar</p><p>e se proteger passa a ser a única preocupação.</p><p>A principal motivação é a preparação para atacar</p><p>e ser atacado.</p><p>Nesse nível chega-se às vias de fato e não há outra</p><p>alternativa a não ser a retirada de um dos dois</p><p>lados envolvidos ou a derrota de um deles.</p><p>Habilidades de relacionamento interpessoal 89</p><p>Os conflitos mais comuns em empresas são relacionados aos objeti-</p><p>vos das áreas, mas também podem existir conflitos de gerações (quando</p><p>um gestor mais jovem lidera uma equipe mais velha), conflitos de hierar-</p><p>quia (quando o gestor não possui uma preparação para o cargo de líder</p><p>que exerce) ou até mesmo conflitos em que o contato entre as pessoas</p><p>não gera uma afinidade e ambas as partes levam as questões para o</p><p>lado pessoal. Podem surgir também por diferenças de personalidade.</p><p>No exemplo a seguir foi criada uma empresa fictícia para mostrar os</p><p>conflitos de áreas. O livro Gestão de conflitos:</p><p>desafio do mundo corpo-</p><p>rativo traz importantes</p><p>discussões sobre os con-</p><p>flitos no mundo corpora-</p><p>tivo diante dos desafios</p><p>do século XXI, auxiliando</p><p>os profissionais de todas</p><p>as áreas a compreender</p><p>e lidar da melhor forma</p><p>com os conflitos.</p><p>BURBRIDGE, A.; BURBRIDGE, R. M.</p><p>São José dos Campos: Saraiva, 2012.</p><p>Livro</p><p>Case HS Peças Ltda.</p><p>HS é uma distribuidora de peças que possui uma equipe de vendas, RH, finan-</p><p>ceiro e logística.</p><p>A empresa apresenta em sua missão e visão a satisfação e fidelização do</p><p>cliente e o crescimento no mercado. Isso é comunicado para todos os colabo-</p><p>radores em eventos e quadros de aviso e reforçado nas ações do RH e pelos</p><p>gestores das áreas.</p><p>A área de vendas tem uma meta de vender R$ 500 mil por mês de produtos.</p><p>Para alcançar as metas, os vendedores estão sempre buscando atender às</p><p>necessidades dos clientes, e na maioria das vezes os clientes têm pressa para</p><p>receber</p><p>os produtos e necessitam de maior prazo de pagamento ou excedem</p><p>o limite mensal para fazer compras no prazo.</p><p>Nesses casos, a área de vendas precisa consultar a área financeira para anali-</p><p>sar a viabilidade de aumentar o limite de compra a prazo sem correr o risco de</p><p>inadimplência para a empresa, o que prejudica a saúde financeira. O processo</p><p>envolve a logística, que precisa fazer antes a entrega dos pedidos que foram</p><p>realizados, para que não ocorra atraso de outros clientes, e analisar as rotas e</p><p>trajetos mais viáveis para as entregas.</p><p>O vendedor, no anseio de fechar as metas, espera que as outras áreas façam</p><p>as análises o quanto antes, porém elas possuem objetivos internos que as</p><p>obrigam a ser criteriosas, não atendendo ao vendedor com a urgência espera-</p><p>da. O financeiro tem o objetivo de minimizar o risco de inadimplência e manter</p><p>a saúde financeira da empresa para que haja crescimento sustentável e a lo-</p><p>gística, de entregar todas as encomendas no prazo de acordo com a ordem de</p><p>chegada dos pedidos e com a rota que tenha menos custo. Isso faz com que a</p><p>área de vendas crie um conflito por acreditar que as demais áreas não coope-</p><p>ram para que atinja a meta, mas na verdade todas as áreas estão preocupadas</p><p>em atingir os objetivos de acordo com a missão e a visão da empresa, porém</p><p>falta entendimento do papel de cada área.</p><p>Compreendendo esse desafio, a área de RH desenvolveu um programa de job</p><p>rotation, em que os colaboradores de cada área passam um tempo determina-</p><p>do do dia, em períodos de menor movimento, acompanhando a rotina e as difi-</p><p>(Continua)</p><p>90 Relações Interpessoais</p><p>culdades de cada área. Isso proporciona uma visão de como são os desafios</p><p>de cada área e desenvolve empatia pelo profissional da outra área. Outra me-</p><p>dida tomada pelo RH foi planejar reuniões mensais com os gestores e diretores</p><p>de todas as áreas, buscando discutir as melhorias nos processos e estabele-</p><p>cendo um prazo para que as melhorias ocorram.</p><p>Assim, as dificuldades são discutidas positivamente, o que gera a compreensão</p><p>de que podem existir divergências de ideias, mas elas podem se complementar</p><p>e trazer riqueza nas discussões e aprendizado para as partes, resultando na</p><p>satisfação de todos, bem como no atingimento dos objetivos.</p><p>Na HS Peças os colaboradores</p><p>retornaram para as suas fun-</p><p>ções logo após a compreensão</p><p>das tarefas das demais áreas</p><p>e esse processo foi incorpo-</p><p>rado na integração de novos</p><p>colaboradores para que, ao ini-</p><p>ciarem as atividades, possam</p><p>ter uma visão mais ampla da</p><p>organização e para minimizar</p><p>os conflitos negativos.</p><p>Bo</p><p>Ba</p><p>a2</p><p>2/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>É importante que as empresas observem e busquem estratégias</p><p>para mediar os conflitos existentes, pois assim conseguirão utilizar as</p><p>ideias que poderão surgir diante de conflitos construtivos.</p><p>5.2 Conflitos familiares</p><p>Vídeo Sobre os conflitos de família, podemos citar os conflitos de casais,</p><p>por exemplo, na fase inicial do casamento, fase de adaptação em que</p><p>ambos estão de fato se conhecendo e as diferenças podem se tornar</p><p>grandes desafios de adaptação à nova rotina. Com o tempo, as expe-</p><p>riências de vida naturalmente vão fazendo com que as pessoas mu-</p><p>dem, e o tempo pode levar ao desgaste e a conflitos no casamento</p><p>devido à rotina, à educação dos filhos, às fases da vida dos filhos desde</p><p>a infância até a vida adulta e a questões financeiras e de excesso ou</p><p>falta de trabalho, além das questões de saúde enfrentadas ao longo</p><p>da vida.</p><p>Quando os conflitos não se resolvem e causam desgaste ao ponto</p><p>da decisão de divórcio, mais conflitos são gerados pela separação, pela</p><p>guarda de filhos e pela divisão de bens, e a convivência com novos rela-</p><p>cionamentos também é pauta para a discussão aqui apresentada.</p><p>O job rotation é um</p><p>processo em que os cola-</p><p>boradores de uma empre-</p><p>sa têm a oportunidade</p><p>de passar por diversos</p><p>setores, não se mantendo</p><p>fixos em um único lugar.</p><p>Isso ajuda o colaborador a</p><p>compreender as dificulda-</p><p>des de cada área, gerando</p><p>empatia e aprendizado</p><p>dos processos, além de</p><p>estimular a visão sistêmi-</p><p>ca do negócio e auxiliar</p><p>no trabalho em equipe.</p><p>Por isso, é muito positivo</p><p>para todos.</p><p>Saiba mais</p><p>Cummings e Davies (2002) afirmam que nos primeiros</p><p>períodos do casamento existem conflitos devido a mu-</p><p>danças em comparação com a fase do namoro, des-</p><p>tacadas por características pessoais, grupos em</p><p>comum, experiência de relacionamentos an-</p><p>teriores e família de origem. Na primeira fase</p><p>do casamento surgem conflitos relacionados</p><p>à vida profissional e sexual. Quando se trata</p><p>de resolver esses conflitos, o casal não pode</p><p>se afastar fisicamente, como na situação do na-</p><p>moro, que é positiva devido ao momento que se</p><p>tem de olhar para a situação de diferentes formas,</p><p>“esfriar a cabeça” e refletir sobre o acontecido, pois cada</p><p>um se recolhe para sua casa.</p><p>Mesmo com os conflitos, no casamento a convivência é necessária,</p><p>e é preciso manter a comunicação. Os conflitos fazem parte da adapta-</p><p>ção dos casais e ocorrem de modo natural; o fato de existirem não</p><p>significa que a relação está em crise ou que há problemas na relação</p><p>(BERTONI; BODENMANN, 2010).</p><p>O conflito do casal precisa ser bem gerenciado para ocorrer de</p><p>maneira construtiva e positiva para os parceiros (VERHOFSTADT et al.,</p><p>2005). O conflito conjugal possui a definição de uma ocorrência em</p><p>que o casal discorda. O que determina sua gravidade é a frequência</p><p>com que ocorre e a forma de sua intensidade, além da forma como se</p><p>lida com as situações e como é resolvido (MOSMANN; FALCKE, 2011;</p><p>REHMAN et al., 2011).</p><p>Os conflitos são devastadores quando avançam para</p><p>agressões físicas ou verbais, ameaças de término da</p><p>relação, discussões exaltadas e rigidez ou falta de dis-</p><p>ponibilidade para a resolução dos problemas. São</p><p>considerados benéficos quando são abertos para</p><p>a escuta de sugestões e opiniões de ambas as</p><p>partes, respeitando as diferenças e</p><p>entendendo que os problemas le-</p><p>vam tempo para serem resolvidos</p><p>e que nem sempre isso ocor-</p><p>re na primeira experiência</p><p>(CUMMINGS; DAVIES, 2002).</p><p>Um conflito entre o casal, por</p><p>exemplo, quando não tratado,</p><p>atinge níveis elevados de</p><p>estresse e afeta a relação com</p><p>os filhos.</p><p>fi zkes/Shutterstock</p><p>Habilidades de relacionamento interpessoalHabilidades de relacionamento interpessoal 9191</p><p>Ol</p><p>en</p><p>a</p><p>Ch</p><p>uk</p><p>hi</p><p>l/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Casal explorando a</p><p>comunicação, aberto a falar</p><p>sobre seus sentimentos e</p><p>opiniões, ter empatia pelo</p><p>outro e chegar à</p><p>resolução</p><p>do conflito.</p><p>92 Relações Interpessoais</p><p>Existem estudos sobre conflitos que afirmam que eles estão rela-</p><p>cionados justamente à maneira como os casais se comunicam e ao</p><p>que se fala para o outro (KARAHAN, 2009; SILVA; VANDENBERGHE,</p><p>2009; TOROSSIAN; HELENO; VIZZOTTO, 2009). Os estudiosos abordam</p><p>a importância da negociação, da empatia, de não se focar nos aspec-</p><p>tos negativos do outro e de com otimismo valorizar as características</p><p>positivas do parceiro e do relacionamento, evitando o individualismo,</p><p>o pessimismo, a racionalização e a culpa (CUNDIFF; SMITH; FRANDSEN,</p><p>2012; IVENIUK et al., 2014; PAZO; AGUIAR, 2012; VELDORALE-BROGAN</p><p>et al., 2013).</p><p>Algumas situações causadoras de conflitos conjugais são as divisões</p><p>das tarefas domésticas e a percepção de que existe uma injustiça re-</p><p>lacionada a isso. Outras causas são: excesso de gastos com questões</p><p>pessoais e não da família, equidade na relação, grande ou pequena</p><p>influência dos fatores externos, tomada de decisão somente por um</p><p>parceiro e não pelos dois, tempo para dedicação à família e para passa-</p><p>rem juntos, sexo, questões financeiras, bens materiais e contratos que</p><p>são divididos entre os casais (FAULKNER; DAVEY; DAVEY, 2007; GIUDICI;</p><p>WIDMER; GHISLETTA, 2011; MOSMANN; FALCKE 2011; STIEGLITZ et al.,</p><p>2012).</p><p>Alguns estudos apontam que as vivências ruins com a família de</p><p>origem podem gerar memórias negativas e influenciar negativamente</p><p>a relação conjugal (CURRAN et al., 2011). As experiências das esposas</p><p>são mais significativas devido ao fato de se manterem mais</p><p>conectadas</p><p>com sua família de origem durante o casamento, tornando mais pro-</p><p>fundas as influências que esse contato tem sobre elas. É possível citar</p><p>também as expectativas de cada parceiro no casamento, muitas ve-</p><p>zes influenciando o relacionamento (MILLER; REMPEL, 2004; SANFORD,</p><p>2006). Com o tempo, as perspectivas e sentimentos podem sofrer alte-</p><p>rações devido à mudança na forma de ver os conflitos e os motivos que</p><p>os desencadeiam.</p><p>Além disso, os casais enfrentam desafios na educação dos filhos,</p><p>e esse é um motivo que gera conflitos. Os conflitos nas relações de pais</p><p>e filhos acontecem principalmente na mudança da infância para a ado-</p><p>lescência, muitas vezes não compreendida pelos pais. O adolescente</p><p>passa por diversas mudanças no corpo, hormonais e de amadureci-</p><p>No filme O Juiz, um advo-</p><p>gado de muito sucesso</p><p>volta para a sua cidade</p><p>natal após perder a mãe,</p><p>mas não tem uma boa</p><p>relação com a família,</p><p>principalmente com o</p><p>pai, devido à ausência</p><p>paterna na infância. Ele</p><p>descobre que o pai é o</p><p>principal suspeito de um</p><p>atropelamento que ter-</p><p>minou na morte da vítima</p><p>e decide defendê-lo no</p><p>tribunal.</p><p>Direção: David Dobkin. EUA: Warner</p><p>Bros. Pictures, 2014.</p><p>Filme</p><p>mento físico e psicológico, sendo um processo bastante complexo em</p><p>que ele já tem idade para realizar muitas coisas e ao mesmo tempo não</p><p>tem maturidade suficiente para fazer tudo que deseja (PINHEIRO, 2013).</p><p>Na infância, a criança tem a realidade de viver na proteção de seus</p><p>pais, que buscam satisfazer as suas necessidades. Ao passar para a</p><p>adolescência, buscam fazer suas escolhas e necessitam se afastar dos</p><p>pais, apropriando-se de seu novo mundo, gerando um sofrimento para</p><p>os pais com a sensação de perda de controle e dificuldade de aceitação</p><p>das mudanças. Existe então um processo de “luto” dos filhos, que per-</p><p>dem os pais da infância, e dos pais, que perdem a criança que ficava</p><p>sob seus cuidados, sua dependência, suas escolhas e decisões. É um</p><p>processo de desapego da criança e adaptação do novo adulto, sendo</p><p>muitas vezes doloroso (ABERASTURY; KNOBEL, 1988).</p><p>É necessário um aprendizado dos pais para perceber que estão en-</p><p>velhecendo e compreender que seu filho está se tornando capaz de</p><p>fazer escolhas, tomar decisões, conquistar seu espaço no mundo como</p><p>adulto e obter suas conquistas (ABERASTURY; KNOBEL, 1988).</p><p>Os conflitos familiares muitas vezes são superados com boa comu-</p><p>nicação, empatia e busca pelo conhecimento das fases do casamen-</p><p>to e do desenvolvimento dos filhos. O autoconhecimento também</p><p>se faz necessário, e o processo de terapia auxilia a passar por todas</p><p>as fases de uma forma mais saudável, assim como possibilita esse</p><p>autoconhecimento.</p><p>Em casos mais avançados do conflito, a terapia de casal ou familiar é</p><p>indicada. É importante ter a consciência de que os conflitos sempre irão</p><p>existir; basta saber qual cami-</p><p>nho escolher para lidar com</p><p>eles de uma forma satisfatória</p><p>para todos os envolvidos.</p><p>Habilidades de relacionamento interpessoalHabilidades de relacionamento interpessoal 9393</p><p>Prostock-studio/Shutterstock</p><p>94 Relações Interpessoais</p><p>5.3 Conflitos étnicos e de gênero</p><p>Vídeo Os conflitos étnicos podem ser definidos como desentendimentos</p><p>entre pessoas, grupos e sociedades gerados por diferenças políticas,</p><p>religiosas, culturais e raciais e por disputa de territórios.</p><p>Segundo Santos (2019), esses conflitos fazem</p><p>parte da história dos seres humanos e das</p><p>lutas pela sobrevivência dos povos, sen-</p><p>do que muitos foram extintos devido</p><p>a diversas razões, como busca de</p><p>riquezas e domínio de territórios.</p><p>Esse tipo de conflito é origina-</p><p>do por disputas para a conquista</p><p>de algo, muitas vezes ocorrendo</p><p>ações violentas, com a morte de</p><p>muitos, e fazendo com que muitos</p><p>povos deixem seus países em busca</p><p>de paz.</p><p>Um dos conflitos mais conhecidos é en-</p><p>tre Israel e Palestina, que existe há mais de 70</p><p>anos. O conflito, que se dá pela disputa da ci-</p><p>dade de Jerusalém, já matou mais de 400 mil</p><p>pessoas, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), e</p><p>muitos já se refugiaram pelo mundo (SANTOS, 2019).</p><p>No Brasil, os conflitos étnicos se iniciaram no período colonial, com a</p><p>chegada dos europeus que conflitaram com a cultura indígena. Os colo-</p><p>nizadores passaram a escravizar os povos indígenas e a doutriná-los em</p><p>sua religião. Desse contato, originaram-se diversas epidemias, e muitas</p><p>tribos foram extintas. Hoje os povos que sobreviveram lutam pelas de-</p><p>marcações de terras com os grandes latifundiários (SANTOS, 2019).</p><p>Atualmente no Brasil, os conflitos constantes são relacionados a</p><p>questões raciais. Apesar de ter se passado mais de um século desde</p><p>o fim da escravidão, pessoas negras ainda lutam por igualdade social,</p><p>sofrem discriminações e não possuem as mesmas oportunidades pro-</p><p>fissionais e de educação (SANTOS, 2019).</p><p>Jesuiseduardo/Wikimedia Commons</p><p>Símbolo da ONU, instituição</p><p>responsável pelos acordos de</p><p>paz entre diversos povos.</p><p>A luta dos indígenas para</p><p>se manter em suas terras</p><p>permanece até hoje, pois</p><p>ainda há muito interesse</p><p>em explorar essas terras</p><p>em busca de riquezas.</p><p>Mesmo com os atentados</p><p>sofridos pelos seus líderes,</p><p>eles se mantêm firmes na</p><p>luta. O texto de Tamíris</p><p>Almeida, publicado no site</p><p>do Canal Futura, aborda</p><p>as principais lutas desses</p><p>povos, a participação e</p><p>união de jovens indígenas</p><p>na luta por sobrevivência,</p><p>a demarcação de terras</p><p>indígenas, a educação</p><p>da população indígena</p><p>e os dados relacionados</p><p>às mortes de lideranças</p><p>indígenas.</p><p>Disponível em: https://www.</p><p>futura.org.br/direitos-povos-</p><p>indigenas-2020/. Acesso em: 30</p><p>ago. 2021.</p><p>Leitura</p><p>A ONU é uma instituição</p><p>internacional formada por</p><p>193 países-membros, sen-</p><p>do o Brasil um deles. Foi</p><p>fundada no ano de 1945,</p><p>substituindo a Liga das Na-</p><p>ções. Tem como principal</p><p>missão estabelecer a paz</p><p>entre as nações, cuidando</p><p>também das questões de</p><p>segurança, diplomacia e</p><p>cooperação internacionais,</p><p>atuando com negociações</p><p>de paz em qualquer parte</p><p>do mundo.</p><p>Saiba mais</p><p>https://www.futura.org.br/direitos-povos-indigenas-2020/</p><p>https://www.futura.org.br/direitos-povos-indigenas-2020/</p><p>https://www.futura.org.br/direitos-povos-indigenas-2020/</p><p>Habilidades de relacionamento interpessoal 95</p><p>As duas pinturas, de Jean-Baptiste Debret, retratam o trabalho escravo no Brasil. A luta pelo fim da escravidão durou três séculos.</p><p>Pi</p><p>xe</p><p>l8</p><p>to</p><p>r/</p><p>W</p><p>ik</p><p>im</p><p>ed</p><p>ia</p><p>C</p><p>om</p><p>m</p><p>on</p><p>s</p><p>W</p><p>ilf</p><p>re</p><p>do</p><p>r/</p><p>W</p><p>ik</p><p>im</p><p>ed</p><p>ia</p><p>C</p><p>om</p><p>m</p><p>on</p><p>s</p><p>Hoje existem políticas educacionais focadas na diversidade cultural</p><p>e nas relações étnico-raciais nas escolas. Segundo a Lei n. 10.639/2003</p><p>e as Diretrizes Curriculares de Gênero e Diversidade Sexual, elas de-</p><p>senvolvem na formação escolar uma inclusão social e reafirmam os</p><p>valores humanistas dos grupos étnico-sociais e suas diversas formas</p><p>de personificação representadas pelos seus respectivos fenótipos e</p><p>estereótipos (SEDUC-MT, 2021). Além de políticas educacionais, é de</p><p>extrema importância a conscientização dos pais e responsáveis, pois</p><p>as crianças se baseiam na educação que é dada no ambiente familiar.</p><p>Muitos pais terceirizam a educação de filhos para a escola, que possui</p><p>papel importante, mas não único na educação das crianças. Com base</p><p>na educação recebida em casa, as crianças serão conscientes da igual-</p><p>dade, o que possibilita uma sociedade mais justa (SANTOS, 2019).</p><p>A luta das mulheres, antes vistas como submissas, pela igualdade</p><p>em relação aos homens é um ponto importante a ser citado. Com o</p><p>passar dos anos, a mulher vem conquistando seu espaço no ambiente</p><p>de trabalho, assumindo cargos de liderança e atuando em grandes cor-</p><p>porações (com muitas delas criando seus filhos sozinhas), e no esporte,</p><p>conquistando títulos e medalhas, a exemplo do futebol e das Olimpía-</p><p>das realizadas em Tóquio em 2021.</p><p>Ainda assim, existe desigualdade salarial e na distribuição dos car-</p><p>gos de chefia, nos quais elas ainda são minoria. Além disso, os casos</p><p>de violência física e psicológica contra a mulher crescem a cada ano, e</p><p>com eles, crescem também</p><p>as campanhas sobre a importância de de-</p><p>núncia. As agressões quase sempre partem de ex ou atuais parceiros.</p><p>Os casos de violência e feminicídio no Brasil são de em média cinco</p><p>por dia (JUCÁ, 2021).</p><p>Nas Olimpíadas de</p><p>Tóquio 2020 as mulheres</p><p>brasileiras tiveram o</p><p>melhor desempenho da</p><p>história do Brasil nesse</p><p>evento. A reportagem de</p><p>Juliana Gragnani, da BBC</p><p>News Brasil em Londres,</p><p>faz um comparativo do</p><p>desempenho feminino</p><p>em Olimpíadas anterio-</p><p>res, além de destacar as</p><p>atletas Rebeca Andrade</p><p>(ouro e prata na ginástica</p><p>artística), Kahena Kunze</p><p>e Martine Grael (ouro na</p><p>classe 49er FX da vela),</p><p>Ana Marcela Cunha (ouro</p><p>na maratona aquática),</p><p>Rayssa Leal (prata no</p><p>skate street), Mayra Aguiar</p><p>(bronze no judô), Luisa</p><p>Stefani e Laura Pigossi</p><p>(bronze no tênis), Beatriz</p><p>Ferreira (prata na catego-</p><p>ria peso leve do boxe) e a</p><p>seleção brasileira de vôlei</p><p>feminino (prata).</p><p>Disponível em: https://www.bbc.</p><p>com/portuguese/brasil-58116702.</p><p>Acesso em: 31 ago. 2021.</p><p>Leitura</p><p>https://www.bbc.com/portuguese/brasil-58116702</p><p>https://www.bbc.com/portuguese/brasil-58116702</p><p>Os números da violência contra a mulher tiveram um aumento no</p><p>último ano, sendo diversos os tipos de violência sofridos por mulheres</p><p>brasileiras diariamente. Dados de uma pesquisa do Instituto Datafolha</p><p>encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) ex-</p><p>põem que durante a Pandemia de Covid-19 uma em cada quatro mu-</p><p>lheres acima de 16 anos (cerca de 17 milhões) sofreu violência física,</p><p>psicológica ou sexual (PAULO, 2021).</p><p>Hoje, com as campanhas de conscientização e apoio às mulheres,</p><p>observamos um número cada vez maior de denúncias da violência so-</p><p>frida, que podem evitar a morte dessas mulheres.</p><p>É importante também citar o movimento LGBTQIA+, cuja luta vem</p><p>ganhado força com o passar dos anos. No dia 28 de junho se come-</p><p>mora o dia do orgulho LGBTQIA+, e no mês de junho várias empresas</p><p>vêm fazendo campanhas de inclusão e conscientização da igualdade e</p><p>do respeito a essa comunidade, além de as escolas incluírem as discus-</p><p>sões sobre o tema. Mesmo com todas as ações e campanhas de cons-</p><p>cientização, o número de casos de violência e homicídios com pessoas</p><p>LGBTQIA+ é grande.</p><p>É muito importante a conscientização e a educação desde a infância</p><p>e em todas as fazes do desenvolvimento do indivíduo. Somente assim</p><p>os conflitos étnicos e de gênero se manifestarão de maneira menos</p><p>negativa entre as pessoas.</p><p>O infográfico do site do</p><p>Instituto Maria da Penha</p><p>explicita os cinco tipos</p><p>de violência domésti-</p><p>ca e familiar contra a</p><p>mulher previstos na</p><p>Lei n. 11.340/2006 (Lei</p><p>Maria da Penha): física,</p><p>psicológica, moral, sexual</p><p>e patrimonial.</p><p>Disponível em: https://www.</p><p>institutomariadapenha.org.br/</p><p>lei-11340/tipos-de-violencia.html.</p><p>Acesso em: 30 ago. 2021.</p><p>Leitura</p><p>O Ligue 180, como é</p><p>conhecida a Central de</p><p>Atendimento à Mulher, é</p><p>um serviço de enfrenta-</p><p>mento à violência contra</p><p>a mulher que recebe</p><p>denúncias de violações e</p><p>presta informações sobre</p><p>leis e campanhas, além</p><p>de servir para orientação,</p><p>atendimento e acolhi-</p><p>mento a mulheres em</p><p>situação de violência ou</p><p>de vulnerabilidade. Não se</p><p>cale, denuncie!</p><p>Saiba mais</p><p>9696 Relações InterpessoaisRelações Interpessoais</p><p>Hy</p><p>ej</p><p>in</p><p>K</p><p>an</p><p>g/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Lésbica Gay Bissexual Travesti,</p><p>transexual e</p><p>transgênero</p><p>Queer Intersexo Assexual</p><p>Significado da sigla LGBTQIA. É</p><p>usado também o símbolo + na sigla,</p><p>representando a inclusão de outras</p><p>orientações sexuais, identidades e</p><p>expressões de gênero.</p><p>5.4 Resolução e mediação de conflitos</p><p>Vídeo Como já visto anteriormente, os conflitos ocorrem em todos os con-</p><p>textos da vida do ser humano, mas é importante refletir sobre como é</p><p>possível mediá-los e resolvê-los de uma forma positiva para todas as</p><p>partes envolvidas. Por isso, serão apresentados nesta seção cases, para</p><p>que essa reflexão ocorra.</p><p>Conflito 1 Tempo para o trabalho x família</p><p>DuanpryAS/Shutterstock</p><p>Francisco trabalha como gerente comercial em uma distribuidora</p><p>de peças para caminhões. Iniciou o trabalho, há dez anos, como esta-</p><p>giário na área de estoque, quando se graduava em Administração de</p><p>Empresas, foi promovido a assistente de vendas e a vendedor, chegou</p><p>ao cargo de liderança como coordenador e hoje atua como gerente.</p><p>Suas promoções vieram como resultado de grande esforço no trabalho</p><p>associado ao empenho nos estudos, pois nesse período participou de</p><p>treinamentos de liderança e vendas e concluiu a graduação e uma pós-</p><p>-graduação na área comercial.</p><p>Ele se casou com Natália assim que concluiu a graduação e no mes-</p><p>mo ano teve sua primeira promoção para um cargo de liderança.</p><p>A oportunidade que foi dada o motivou e, por isso, ele abiu mão de</p><p>suas férias, em que faria a lua de mel sonhada pelo casal. Anos se pas-</p><p>saram e Francisco fica até tarde na empresa ou leva trabalho para casa,</p><p>muitas vezes chegando cansado e estressado. Nos finais de semana,</p><p>está sempre com o celular da empresa para ser acionado caso algum</p><p>problema ocorra.</p><p>Isso ocasionou um grande conflito em seu</p><p>casamento, visto que Natália, agora grávida,</p><p>sente-se sozinha pela ausência do marido.</p><p>Francisco pensa que com a gravidez é ne-</p><p>cessário que ele melhore ainda mais seu</p><p>desempenho no trabalho, pois pretende</p><p>dar o melhor para a sua família.</p><p>Natália acredita que Francisco precisa fi-</p><p>car mais com a família e focar menos no tra-</p><p>ONYXprj/Shutterstock></p><p>Conflito entre estar</p><p>presente na família e</p><p>conciliar as atividades</p><p>profissionais e a</p><p>dedicação ao trabalho.</p><p>https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html</p><p>https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html</p><p>https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html</p><p>Habilidades de relacionamento interpessoal 97</p><p>5.4 Resolução e mediação de conflitos</p><p>Vídeo Como já visto anteriormente, os conflitos ocorrem em todos os con-</p><p>textos da vida do ser humano, mas é importante refletir sobre como é</p><p>possível mediá-los e resolvê-los de uma forma positiva para todas as</p><p>partes envolvidas. Por isso, serão apresentados nesta seção cases, para</p><p>que essa reflexão ocorra.</p><p>Conflito 1 Tempo para o trabalho x família</p><p>DuanpryAS/Shutterstock</p><p>Francisco trabalha como gerente comercial em uma distribuidora</p><p>de peças para caminhões. Iniciou o trabalho, há dez anos, como esta-</p><p>giário na área de estoque, quando se graduava em Administração de</p><p>Empresas, foi promovido a assistente de vendas e a vendedor, chegou</p><p>ao cargo de liderança como coordenador e hoje atua como gerente.</p><p>Suas promoções vieram como resultado de grande esforço no trabalho</p><p>associado ao empenho nos estudos, pois nesse período participou de</p><p>treinamentos de liderança e vendas e concluiu a graduação e uma pós-</p><p>-graduação na área comercial.</p><p>Ele se casou com Natália assim que concluiu a graduação e no mes-</p><p>mo ano teve sua primeira promoção para um cargo de liderança.</p><p>A oportunidade que foi dada o motivou e, por isso, ele abiu mão de</p><p>suas férias, em que faria a lua de mel sonhada pelo casal. Anos se pas-</p><p>saram e Francisco fica até tarde na empresa ou leva trabalho para casa,</p><p>muitas vezes chegando cansado e estressado. Nos finais de semana,</p><p>está sempre com o celular da empresa para ser acionado caso algum</p><p>problema ocorra.</p><p>Isso ocasionou um grande conflito em seu</p><p>casamento, visto que Natália, agora grávida,</p><p>sente-se sozinha pela ausência do marido.</p><p>Francisco pensa que com a gravidez é ne-</p><p>cessário que ele melhore ainda mais seu</p><p>desempenho no trabalho, pois pretende</p><p>dar o melhor para a sua família.</p><p>Natália acredita que Francisco precisa fi-</p><p>car mais com a família e focar menos no tra-</p><p>ONYXprj/Shutterstock></p><p>Conflito entre estar</p><p>presente na família e</p><p>conciliar as atividades</p><p>profissionais e a</p><p>dedicação ao trabalho.</p><p>98 Relações Interpessoais</p><p>balho e que ele não a enxerga como prioridade, por isso as brigas e</p><p>discussões aumentaram.</p><p>Em determinado dia, Natália pediu para que Francisco chegasse</p><p>mais cedo do trabalho, pois</p><p>precisava conversar com ele. Quando ele</p><p>chegou, ela expôs o que estava sentindo, explicando a situação e suas</p><p>expectativas sobre a gravidez. Francisco então explicou que o excesso</p><p>de trabalho se deve à preocupação com a família, pois ele quer ofere-</p><p>cer o melhor para eles. Com isso, Natália pontuou a necessidade de ele</p><p>estar mais presente, não sendo importante só a ajuda com questões</p><p>financeiras e materiais. Combinaram então de fazer uma viagem para</p><p>descanso e Francisco se propôs a chegar mais cedo em casa e acompa-</p><p>nhar Natália nas consultas.</p><p>Nesse caso, ambos estavam pensando no melhor para viver essa</p><p>nova fase do relacionamento, o nascimento de um filho, porém ambos</p><p>tinham expectativas diferentes, e a exposição dos pontos de vista e dos</p><p>sentimentos fez com que ambos compreendessem suas necessidades</p><p>e alinhassem como poderia ser dali para frente, utilizando a comunica-</p><p>ção não violenta para a resolução do conflito.</p><p>Conflito 2 Disputa de áreas na empresa</p><p>Em uma instituição de educação a distância existem diversas áreas</p><p>responsáveis pela gravação das aulas, pelo material didático e pela se-</p><p>cretaria dos alunos.</p><p>As áreas são antigas e os gestores da área de material didático e da</p><p>secretaria são distantes. Com isso, começaram a surgir divergências</p><p>entre as equipes, acreditando-se que uma não gostava de ajudar a ou-</p><p>tra. Quando um novo membro entrou na equipe de material didático,</p><p>participou, além da integração realizada pela empresa, de uma integra-</p><p>ção “extraoficial” feita pelos novos colegas de área, que já plantaram o</p><p>conflito, fazendo com que o novo colaborador já chegasse com receio</p><p>de falar com a outra área.</p><p>As conversas sobre ambas as áreas eram constantes, assim como</p><p>piadas, reclamações de e-mails e apelidos, e nada era feito entre os</p><p>gestores para que aquela rivalidade se encerrasse.</p><p>DuanpryAS/Shutterstock</p><p>Habilidades de relacionamento interpessoal 99</p><p>O setor de RH então propôs um job rotation entre as áreas, mas</p><p>percebeu que não houve aderência por parte dos gestores, que não se</p><p>esforçaram para compreender o papel do outro, chegando a trocar</p><p>e-mails em letra maiúscula, e o conflito começou a atrapalhar as ativi-</p><p>dades das áreas.</p><p>Então, por uma mudança interna, o gestor da área de material didá-</p><p>tico foi transferido de unidade. Ao assumir a nova função, a gestora foi</p><p>recebida com as mesmas reclamações e imediatamente marcou uma</p><p>reunião com o gestor da secretaria de alunos. Na conversa, o gestor ex-</p><p>plicou o histórico de conflitos e foi acordado que ambos iriam orientar</p><p>seus colaboradores e mediar os conflitos, buscando uma boa convivên-</p><p>cia entre as áreas.</p><p>Ao retornarem para suas respectivas áreas, os gestores conversa-</p><p>ram com as equipes e explicaram que haviam entendido que as duas</p><p>áreas precisavam ter uma boa convivência e que se surgisse algum</p><p>problema, os colaboradores poderiam passá-los para os gestores, que</p><p>buscariam soluções.</p><p>Os gestores se aproximaram e os membros das equipes percebe-</p><p>ram, além disso, que todo conflito era tratado logo que surgia. Com o</p><p>tempo, as áreas começaram a ter um relacionamento mais produtivo e</p><p>os conflitos se tornaram quase inexistentes.</p><p>Nesse caso, observamos que os conflitos não eram mediados pelos</p><p>gestores e que a chegada de um nova gestora trouxe uma iniciativa de</p><p>mudança que foi observada pela equipe e gerou resultados positivos.</p><p>Conflito 3 Caso George Floyd</p><p>Um caso que repercutiu bastante, principalmente nos EUA, foi o de</p><p>George Floyd, um segurança negro de 46 anos morto por um policial</p><p>branco na cidade de Minneapolis no dia 25 de maio de 2020. Ele era co-</p><p>nhecido pelo jeito amável de ser, muito querido por amigos e familiares</p><p>(GEORGE..., 2020).</p><p>Vídeos publicados na internet mostram que o policial Derek Chauvin</p><p>imobilizou Floyd, não atendendo às suas reclamações e das testemu-</p><p>nhas sobre sua violência excessiva. Outros três policiais estavam com</p><p>Chauvin, Thomas Lane, J. Kueng e Tou Thao (MARS, 2021).</p><p>Nos conflitos nas empresas,</p><p>muitas vezes as pessoas se</p><p>preparam para uma briga,</p><p>quando na verdade tudo pode</p><p>ser resolvido com comunicação,</p><p>exposição dos pontos de vista</p><p>e busca por uma solução que</p><p>beneficie ambos os lados.</p><p>G-Stock Studio/Shutterstock</p><p>DuanpryAS/Shutterstock</p><p>100 Relações Interpessoais</p><p>Os vídeos de testemunhas foram compartilhados nas redes sociais</p><p>e visualizados milhões de vezes. Várias manifestações ocorreram na</p><p>cidade e no país, em que as pessoas carregavam cartazes com a frase</p><p>“Eu não consigo respirar”, que Floyd disse ao policial quando estava</p><p>imobilizado no chão (GEORGE..., 2020).</p><p>Chauvin foi condenado a 22 anos e meio de prisão. Como conse-</p><p>quência, o Congresso dos Estados Unidos colocou em pauta um proje-</p><p>to de reforma da polícia, que leva o nome de Floyd (MARS, 2021). Esse</p><p>caso deixa evidente tanto a violência policial quanto o racismo vivencia-</p><p>do por pessoas negras ainda hoje nos EUA.</p><p>tre</p><p>vo</p><p>rw</p><p>k/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>O assassinato de George Floyd acarretou uma onda de protestos em apoio ao movimento Black</p><p>Lives Matter (vidas negras importam) e contra a brutalidade policial e o racismo nos Estados</p><p>Unidos.</p><p>Esse é um exemplo de conflito étnico que envolve a luta dos negros</p><p>por justiça e por igualdade racial. Não podemos ignorar que o racismo</p><p>é causador de constantes violências no Brasil e em outros países.</p><p>São necessárias leis justas que consigam amparar as pessoas que</p><p>sofrem racismo, além de ações de conscientização nas escolas. O papel</p><p>das famílias também é fundamental para que haja respeito e igualdade</p><p>nas relações.</p><p>Resolução de conflitos</p><p>Segundo Nascimento e El Sayed (2002, p. 54), para se resolver con-</p><p>flitos, devem ser seguidos alguns padrões:</p><p>O racismo ainda ocorre</p><p>em outros países, e no</p><p>Brasil são recorrentes os</p><p>casos em que negros são</p><p>acusados injustamente e</p><p>tratados com diferenças.</p><p>É urgente e necessária a</p><p>conscientização da socie-</p><p>dade de um modo geral,</p><p>para que haja igualdade</p><p>para todos. No texto 5</p><p>fatos que comprovam que</p><p>ainda há racismo no Brasil,</p><p>do blog da Universidade</p><p>São Judas Tadeu, são</p><p>apresentadas situações</p><p>que confirmam não só a</p><p>existência, mas também</p><p>a persistência do racismo</p><p>no nosso país.</p><p>Disponível em: https://www.usjt.</p><p>br/blog/5-fatos-que-comprovam-</p><p>que-ainda-ha-racismo-no-brasil/.</p><p>Acesso em: 30 ago. 2021.</p><p>Leitura</p><p>DuanpryAS/Shutterstock</p><p>Habilidades de relacionamento interpessoal 101</p><p>Volonoff/Shutterstock</p><p>criar uma atmosfera afetiva;</p><p>focalizar em necessidades individuais e</p><p>compartilhadas;</p><p>gerar opções de ganhos mútuos;</p><p>estabelecer acordos de benefícios mútuos.</p><p>esclarecer as percepções;</p><p>olhar para o futuro e, em seguida,</p><p>aprender com o passado;</p><p>desenvolver passos para a ação a ser</p><p>efetivada;</p><p>Ainda de acordo com os autores, é preciso que ambas as partes</p><p>saibam comunicar-se, tendo em vista que sem diálogo não há solução</p><p>possível para os problemas e que “a maioria dos erros, omissões, irri-</p><p>tações, atrasos e conflitos é causada por uma comunicação inadequa-</p><p>da” (NASCIMENTO; EL SAYED, 2002, p. 55). Também é necessário que</p><p>saibam ouvir, demonstrando interesse genuíno pela pessoa que está</p><p>falando e pelo assunto, evitando criticar ou tentar dirigir a conversa,</p><p>adotando uma posição afirmativa e mostrando respeito pela outra pes-</p><p>soa. As partes que conflitam também devem saber perguntar, “pois</p><p>quem pergunta conduz a conversa” (NASCIMENTO; EL SAYED, 2002, p.</p><p>55).</p><p>Os conflitos sempre irão ocorrer, mas a forma como se lida com eles</p><p>faz toda a diferença para que sejam construtivos ou destrutivos nas</p><p>relações humanas.</p><p>102 Relações Interpessoais</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Existem diversos tipos de conflitos com pessoas presentes em todos</p><p>os contextos, seja em família, no trabalho, nos relacionamentos ou em</p><p>grupos e equipes. Os conflitos podem ser extremamente negativos, mas</p><p>tudo depende da forma como lidamos com eles; se forem mediados e</p><p>soubermos como solucioná-los, é possível tirar muito proveito deles, tor-</p><p>nando as relações mais positivas, mais saudáveis, gerando</p><p>novas ideias e</p><p>conhecimento.</p><p>ATIVIDADES</p><p>Atividade 1</p><p>Os conflitos podem incitar movimentação e impedir o processo de</p><p>estagnação, mas dependem muito de cada situação. Explique quais</p><p>são os principais objetivos da administração dos conflitos.</p><p>Atividade 2</p><p>Nos primeiros anos do casamento existem conflitos, pois é um</p><p>período de adaptação em que ocorrem muitas mudanças e a</p><p>descoberta de características pessoais não percebidas durante o</p><p>namoro. Cite outros conflitos decorrentes das fases do casamento.</p><p>Atividade 3</p><p>Nos conflitos que ocorrem no trabalho, pontos de vista diferentes</p><p>podem trazer inúmeras discussões e são necessários para a inova-</p><p>ção e transformação das organizações. Explique as consequências</p><p>dos conflitos negativos nas empresas.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABERASTURY, A.; KNOBEL. M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.</p><p>BERTONI, A.; BODENMANN, G. Satisfied and dissatisfied couples: positive and negative</p><p>dimensions, conflict styles, and relationships with family of origin. European Psychologist, v.</p><p>15, n. 3, p. 175-184, 2010.</p><p>CUMMINGS, E. M.; DAVIES, P. T. Effects of marital conflict on children: recent advances and</p><p>emerging themes in process-oriented research. Journal of Child Psychology and Psychiatry,</p><p>v. 43, n. 1, p. 31-63, 2002.</p><p>CUNDIFF, J. M.; SMITH, T. W.; FRANDSEN, C. A. 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Ex-policial que matou George Floyd é condenado a 22 anos e meio de prisão.</p><p>El País, 25 jun. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-06-25/</p><p>ex-policial-que-matou-george-floyd-e-condenado-a-22-anos-e-meio-de-prisao.html.</p><p>Acesso em: 30 ago. 2021.</p><p>MILLER, P. J.; REMPEL, J. K. Trust and partner-enhancing attributions in close relationships.</p><p>Personality and Social Psychology Bulletin, v. 30, n. 6, p. 695-705, 2004.</p><p>MOSMANN, C.; FALCKE, D. Conflitos conjugais: motivos e frequência. Revista da SPAGESP,</p><p>v. 12, n. 2, p. 5-16, 2011. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_</p><p>arttext&pid=S1677-29702011000200002. Acesso em: 30 ago. 2021.</p><p>NASCIMENTO, E. M.; EL SAYED, K. M. Administração de conflitos. In: FACULDADES BOM</p><p>JESUS. Capital humano. Curitiba: Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, 2002.</p><p>p. 47-54. 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The virtue of problem-solving: perceived partner virtues as</p><p>predictors of problem-solving efficacy. Personal Relationships, v. 20, n. 3, p. 511-523, 2013.</p><p>VERHOFSTADT, L. L. et al. Conflict and support interactions in marriage: an analysis of</p><p>couples’ interactive behavior and on-line cognition. Personal Relationships, v. 12, n. 1,</p><p>p. 23-42, 2005.</p><p>Resolução das atividades 105</p><p>Resolução das atividades</p><p>1 Comportamento humano</p><p>1. Piaget foi um pioneiro nos estudos do desenvolvimento das fases</p><p>da criança. Discorra brevemente sobre essas fases de acordo com</p><p>a teoria piagetiana.</p><p>O primeiro estágio é denominado sensório-motor, uma vez que é</p><p>marcado pelos reflexos básicos da criança, que vão se alterando</p><p>conforme ela vai crescendo e amadurecendo. Esse estágio tem duração</p><p>de dois anos, e seus comportamentos se alteram por meio da relação</p><p>com o ambiente. No segundo estágio, chamado de pré-operacional, a</p><p>criança já desenvolve a fala e imita outras pessoas, animais e coisas.</p><p>No terceiro, conhecido como operações concretas, a criança se torna</p><p>mais agradável e generosa, consegue ter suas opiniões e espera que</p><p>sejam aceitas pelas demais pessoas. O quarto e último estágio é</p><p>denominado de operações formais; nele, a criança consegue diferenciar</p><p>o que é verdadeiro e possível, já formula opiniões. Os mecanismos de</p><p>cognição são encerrados na adolescência, no entanto, ao longo da</p><p>vida, o indivíduo está sempre aprendendo.</p><p>2. A motivação é um tema muito estudado na atualidade,</p><p>principalmente por estar relacionada ao comportamento humano.</p><p>Explique</p><p>por que ela é intrínseca.</p><p>A motivação tem relação com o comportamento do indivíduo, cada</p><p>ser humano tem suas motivações únicas. Em muitas definições, a</p><p>motivação é tida como algo intrínseco, ou seja, de dentro para fora.</p><p>3. O comportamento organizacional é o estudo da interação das</p><p>pessoas com as organizações. Quais são os benefícios das empresas</p><p>que investem em ações de comportamento organizacional?</p><p>Conhecer o comportamento das organizações pode colaborar para</p><p>os processos de liderança, melhorar os relacionamentos das equipes</p><p>e a mediação de conflitos, auxiliar a tomada de decisões e conhecer</p><p>o perfil das pessoas que compõem as equipes. Com todos esses</p><p>benefícios, a empresa alcança alta produtividade, lucratividade e</p><p>melhor qualidade de vida no trabalho, desenvolvimento pessoal e</p><p>profissional dos colaboradores, bem como melhor desempenho de</p><p>suas atividades.</p><p>106 Relações Interpessoais</p><p>2 Processos de socialização</p><p>1. O processo de evolução do ser humano e a transformação do</p><p>padrão de vida social se opõe à afirmação de que a mutação é a</p><p>principal qualidade dos seres humanos. Sendo assim, explique o</p><p>papel da mutação no que se refere ao sistema social.</p><p>Nesse processo a mutação é definida como algo que possui o papel</p><p>de atrapalhar a estabilização do sistema social, porém, faz parte da</p><p>vida dos seres humanos e da sociedade.</p><p>2. Na teoria do desenvolvimento do ser humano, por meio da</p><p>interação social, existem três estágios de aprendizagem. Explique</p><p>de maneira resumida os estágios preparatório, de atuação e de</p><p>jogo.</p><p>No estágio preparatório a compreensão do self é indiferente, pois é</p><p>construída pelas ações que outras pessoas expressam com relação à</p><p>pessoa, mas desenvolve a consciência de modo rápido, respondendo</p><p>por meio das características do grupo no qual faz parte. O estágio de</p><p>atuação é como se existissem diversos outros papéis, mas que não são</p><p>relacionados e necessitam ser organizados. São muito importantes</p><p>nesse estágio a aprendizagem da linguagem e sua relação com os</p><p>sentimentos do indivíduo. O estágio do jogo se caracteriza pela</p><p>estabilização das ações do grupo e, com diversas personificações, o</p><p>caráter da pessoa é desenvolvido pela tratativa do indivíduo como</p><p>peças de suas próprias ações.</p><p>3. A palavra cultura passou por diversas definições ao longo dos</p><p>séculos, mas uma definição que teve grande importância foi</p><p>apresentada no século XVIII. Qual é essa definição e por que foi</p><p>importante?</p><p>Essa definição faz tanto sentido que é considerada até os dias atuais.</p><p>Nela, a cultura é considerada instrumento que educa o espírito e</p><p>possui responsabilidade pela formação, dessa forma, é importante</p><p>para o desenvolvimento do indivíduo e para a sociedade.</p><p>3 Socialização organizacional</p><p>1. A missão, a visão e os valores organizacionais são aspectos muito</p><p>importantes para que a organização atinja seus objetivos e para</p><p>que o indivíduo se identifique com a empresa e a história dela.</p><p>Explique o que é a missão e sua importância na empresa.</p><p>Resolução das atividades 107</p><p>A missão aborda o propósito da empresa, o significado que ela possui</p><p>ao existir e a importância dela para os colaboradores e para sociedade</p><p>de modo geral. Ela é importante porque indica o posicionamento</p><p>da empresa perante a sociedade e seus colaboradores, além</p><p>de proporcionar a identificação dos colaboradores com o papel</p><p>da empresa por meio do que acredita, auxiliando no senso de</p><p>pertencimento.</p><p>2. A liderança de uma empresa tem papel essencial para o sucesso</p><p>das relações de trabalho e para o atingimento das metas</p><p>organizacionais e pessoais de todos que fazem parte dela. Como</p><p>ela pode ser positiva nas relações?</p><p>A liderança pode ser positiva para as relações, pois o líder tem</p><p>um papel de mediador dos conflitos entre as equipes, estimula os</p><p>membros das equipes a cooperarem uns com os outros, criando</p><p>um ambiente profissional mais leve e colaborativo e desenvolvendo</p><p>melhor a comunicação entre as áreas.</p><p>4 Processos de comunicação</p><p>1. O que é linguagem não verbal?</p><p>A linguagem não verbal é aquilo que não é comunicado pela fala.</p><p>Geralmente expressa os sentimentos da pessoa; são as expressões</p><p>faciais, a postura, os movimentos corporais que indicam o que a</p><p>pessoa está sentindo naquele momento.</p><p>2. Discorra brevemente sobre os três tipos de comunicação utilizados</p><p>pelas organizações na atualidade, denominados comunicação</p><p>organizacional integrada ou mix de comunicação.</p><p>O marketing nas empresas é importante, pois dá a elas visibilidade,</p><p>faz a comunicação com o consumidor. As relações públicas fazem a</p><p>comunicação com a sociedade de um modo geral, mostrando como</p><p>a empresa impacta positivamente os âmbitos social, empresarial,</p><p>cultural. Já a comunicação interna é responsável por manter a</p><p>comunicação com os colaboradores, mantendo-os informados sobre</p><p>as mudanças e expectativas organizacionais.</p><p>3. Explique por que a comunicação não violenta tem sido cada vez</p><p>mais importante para as relações interpessoais.</p><p>108 Relações Interpessoais</p><p>A comunicação não violenta trata do exercício da empatia, de</p><p>como a comunicação pode melhorar as relações quando a pessoa</p><p>compreende as próprias necessidades e sentimentos, expondo as</p><p>situações de maneira positiva para as partes envolvidas.</p><p>5 Habilidades de relacionamento interpessoal</p><p>1. Os conflitos podem incitar movimentação e impedir o processo</p><p>de estagnação, mas dependem muito de cada situação. Explique</p><p>quais são os principais objetivos da administração dos conflitos.</p><p>O tema de administração dos conflitos estuda estratégias importantes</p><p>para a compreensão e mediação dos conflitos. Seus principais</p><p>objetivos são buscar a satisfação de ambas as partes envolvidas</p><p>e minimizar ou evitar o sentimento de frustração causado pelos</p><p>conflitos.</p><p>2. Nos primeiros anos do casamento existem conflitos, pois é um</p><p>período de adaptação em que ocorrem muitas mudanças e a</p><p>descoberta de características pessoais não percebidas durante o</p><p>namoro. Cite outros conflitos decorrentes das fases do casamento.</p><p>Outros conflitos que ocorrem nas fases do casamento são</p><p>relacionados à educação dos filhos, ao modo como o casal lida com</p><p>filhos adolescentes, à administração do tempo para o trabalho e para</p><p>a família, ao desgaste causado pelo tempo e pela rotina, a questões</p><p>financeiras e de saúde.</p><p>3. Nos conflitos que ocorrem no trabalho, pontos de vista diferentes</p><p>podem trazer inúmeras discussões e são necessários para</p><p>a inovação e transformação das organizações. Explique as</p><p>consequências dos conflitos negativos nas empresas.</p><p>Quando negativos, os conflitos nas empresas podem causar perdas de</p><p>conhecimento na organização, falta de cooperação entre as equipes</p><p>de trabalho, falta de motivação, devido ao clima negativo, e falta de</p><p>inovação, pois as pessoas não realizam discussões construtivas.</p><p>PRISCILA</p><p>M</p><p>IQ</p><p>UELIN</p><p>O</p><p>SO</p><p>DRÉ</p><p>PRISCILA MIQUELINO SODRÉ</p><p>RELA</p><p>ÇÕ</p><p>ES IN</p><p>TERPESSO</p><p>A</p><p>IS</p><p>INTERPESSOAISINTERPESSOAIS</p><p>R E L A Ç Õ E S</p><p>Código Logístico</p><p>599259 786558 210764</p><p>ISBN 978-65-5821-076-4</p><p>Página em branco</p><p>Página em branco</p><p>vendo vídeos, outras preferem o processo formal de assistir</p><p>a uma aula e manter atenção total ao que o professor apresenta, ou</p><p>seja, a aprendizagem adulta ocorre de maneira variada, de acordo com</p><p>o perfil do aluno.</p><p>Existem os processos de aprendizagem formais, vivenciados em</p><p>cursos, palestras, no ensino básico (fundamental e médio), em cursos</p><p>técnicos, de graduação e pós-graduação, e existem os processos infor-</p><p>mais de aprendizagem, que são aqueles apreendidos em nossas vivên-</p><p>cias com colegas de trabalho, da escola, pais e familiares que</p><p>compartilham seus conhecimentos, o que é certo e errado com base na</p><p>cultura onde vivemos.</p><p>Knowles (1970) é uma referência nos estudos da andragogia, defi-</p><p>nida como ciência que estuda a educação para adultos, com o objetivo</p><p>principal de apresentar um processo de aprendizagem eficaz para o</p><p>conhecimento e o desenvolvimento dos adultos. Segundo o estudioso,</p><p>sem a autonomia a aprendizagem do adulto será reduzida ao recebi-</p><p>mento de informações pelo aluno, que ouve passivamente. Por isso</p><p>a andragogia define processos que ofe-</p><p>recem condições para que o indi-</p><p>víduo possa interagir por meio</p><p>de conversas, incentivando a</p><p>sugestão de mudanças e o</p><p>levantamento de questões</p><p>ao que lhe foi apresentado,</p><p>estimulando a sua criati-</p><p>vidade. O adulto aprende</p><p>mais e melhor quando tem</p><p>a percepção de que lhe con-</p><p>A andragogia constitui</p><p>um modelo de educação</p><p>de adultos que deve ser</p><p>considerado na prática</p><p>educativa. A aplicabilidade</p><p>a contextos educativos</p><p>diversificados e a flexibi-</p><p>lidade, que caracterizam</p><p>esse modelo, permitem a</p><p>sua utilização com popu-</p><p>lações de diversos níveis</p><p>socioculturais, de idades</p><p>diferentes e tendo como</p><p>conteúdos referenciais as</p><p>ciências naturais e huma-</p><p>nas (NOGUEIRA, 2004).</p><p>Saiba mais</p><p>Monkey Business Images/Shutterstock</p><p>Comportamento humanoComportamento humano 1313</p><p>14 Relações Interpessoais</p><p>ferem autonomia para seu desenvolvimento, tanto no âmbito pessoal</p><p>quanto no profissional.</p><p>O pensamento sobre como podem ser resolvidos os problemas é</p><p>importante no processo de aprendizagem, pois colabora para a cogni-</p><p>ção, que é o processo de alcançar um conhecimento, e com o processo</p><p>de metacognição – conhecimento que o indivíduo tem do seu próprio</p><p>conhecimento e de como pode utilizá-lo para a resolução de problemas</p><p>reais, que fazem parte da sua vida em diversos aspectos.</p><p>Com isso, a aprendizagem faz sentido para o adulto, uma vez que</p><p>ele consegue fazer uma conexão do que é aprendido com a sua reali-</p><p>dade e, assim, o conhecimento não se tornará algo raso e sem sentido.</p><p>Não é possível obter uma interação se o adulto não tiver o estímulo da</p><p>dúvida sobre o que lhe foi apresentado, seja algo teórico, seja voltado</p><p>para a realidade.</p><p>1.2 Motivação como influência</p><p>do comportamento Vídeo</p><p>O termo motivação é estudado por diversos autores por ser um</p><p>tema de grande influência no comportamento humano. Todorov e</p><p>Moreira (2005), ao analisarem a motivação pelo viés do senso comum,</p><p>afirmam que é algo sentido internamente e que não pode ser observa-</p><p>do. Também citam a motivação como algo que estimula a ação. Porém,</p><p>quando analisada pelo viés científico, pode ter outras concepções. Bir-</p><p>ney e Teevan (1962) afirmam que inicialmente a busca por compreen-</p><p>der a motivação partiu das áreas de psicoterapia, psicometria e teoria</p><p>da aprendizagem. Por serem áreas diferentes, suas pesquisas apresen-</p><p>tam diferentes definições e metodologias utilizadas. Isso torna o estu-</p><p>do do tema de grande valia, visto que podemos estudá-lo sob diversas</p><p>perspectivas diferentes, buscando a melhor compreensão da temática.</p><p>Vamos incluir alguns conceitos em nossa discussão. Observe-os</p><p>a seguir.</p><p>Comportamento humano 15</p><p>“A propriedade básica</p><p>dos motivos é a energiza-</p><p>ção do comportamento”.</p><p>(KIMBLE; GARMEZY,</p><p>1963, p. 405)</p><p>“Pode-se falar em uma teoria</p><p>da motivação e significar</p><p>uma concepção coerente dos</p><p>determinantes contempo-</p><p>râneos da direção, do vigor</p><p>e da persistência da ação”.</p><p>(ATKINSON, 1964, p. 274)</p><p>“Os motivos são conce-</p><p>bidos [...] como forças</p><p>que são moldadas pela</p><p>experiência”. (DWECK,</p><p>1999, p. 134)</p><p>“Motivação, como muitos outros conceitos na psicolo-</p><p>gia, não é facilmente delimitado... Inferimos que ‘uma</p><p>pessoa está motivada’ com base em comportamentos</p><p>específicos que a pessoa manifesta ou com base em</p><p>eventos específicos que observamos estarem ocorren-</p><p>do”. (FERGUSON, 1976, p. 3)</p><p>“A motivação tem sido en-</p><p>tendida ora como um fator</p><p>psicológico, ou conjunto</p><p>de fatores, ora como um</p><p>processo. Existe um con-</p><p>senso generalizado entre os</p><p>autores quanto à dinâmica</p><p>desses fatores psicológi-</p><p>cos ou do processo, em</p><p>qualquer atividade humana.</p><p>Eles levam a uma escolha,</p><p>instigam, fazem iniciar um</p><p>comportamento direcionado</p><p>a um objetivo...”. (BZUNECK,</p><p>2004, p. 9)</p><p>“Entendemos por algo</p><p>que incita o organismo à</p><p>ação ou que sustenta ou</p><p>dá direção à ação quando</p><p>o organismo foi ativado”.</p><p>(HILGARD; ATKINSON,</p><p>1967, p. 118)</p><p>“Um motivo é uma</p><p>necessidade ou desejo</p><p>acoplado com a intenção</p><p>de atingir um objetivo</p><p>apropriado”. (KRENCH;</p><p>CRUTCHFIELD, 1959, p.</p><p>272)</p><p>Como podemos observar, a motivação é um tema estudado há</p><p>muito tempo e apresenta diversas definições. Cada definição conta</p><p>com novos estudos, o que demonstra que ela passou por uma evolu-</p><p>ção ao longo do tempo.</p><p>A motivação pode ser relacionada ao comportamento do indivíduo,</p><p>ao fator psicológico, a ações, ao atingimento de objetivos, à relação com</p><p>externos, mas grande parte das definições apresentadas se refere à mo-</p><p>tivação como algo intrínseco, íntimo ao indivíduo e único. Cada ser hu-</p><p>mano, com sua experiência única, tem formas de se motivar únicas.</p><p>rz</p><p>ar</p><p>ek</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>16 Relações Interpessoais</p><p>Para Todorov e Moreira (2005) é complexo definir algumas questões</p><p>do ser humano, visto que cada ser é único e que a psicologia tem como</p><p>objetivo compreender como a essência do ser humano e a subjetivi-</p><p>dade são construídas de maneira adequada, compreendendo a moti-</p><p>vação, os impulsos, os desejos e as necessidades que determinam os</p><p>comportamentos.</p><p>Todavia, como entender o que motiva um atleta profissional a obter</p><p>constantes resultados? Como entender a motivação de um estudante</p><p>para obter boas notas? Como entender o que motiva as pessoas a agi-</p><p>rem de determinadas formas?</p><p>A psicologia estuda a motivação buscando compreender os motivos</p><p>em sua particularidade. Os psicólogos que investigam a motivação bus-</p><p>cam descobrir os objetivos particulares implícitos aos comportamentos</p><p>e analisam desde comportamentos simples, como as necessidades bá-</p><p>sicas de saciedade e a prática de exercícios físicos. Os psicólogos que</p><p>estudam a temática afirmam que são os motivos implícitos que nor-</p><p>teiam o processo de escolha do ser humano (FELDMAN, 2015).</p><p>Em sua obra, Feldman (2015) cita a motivação como algo relacio-</p><p>nado ao fator biológico, cognitivo e social. Por esse motivo existem di-</p><p>versas abordagens que têm o intuito de compreender o que norteia o</p><p>comportamento dos indivíduos para caminhos diferentes.</p><p>Abraham Maslow ficou famoso pela sua teoria da Hierarquia das</p><p>Necessidades Humanas, hoje conhecida como pirâmide de Maslow. Até</p><p>hoje sua teoria é apresentada quando se fala sobre motivação. O mo-</p><p>delo desse autor situa as carências motivacionais em uma ordem e in-</p><p>dica que, antes que carências mais aperfeiçoadas em uma hierarquia</p><p>elevada sejam supridas, as necessidades básicas precisam ser supridas</p><p>(MASLOW, 1970). De maneira simples, utilizando uma pirâmide, ele in-</p><p>cluiu as carências por ordem de importância. Dessa forma, cada neces-</p><p>sidade particular direciona o comportamento do indivíduo, tendo que</p><p>primeiro atender às suas carências mais básicas.</p><p>Maslow (1970) aponta a necessidade de água, alimento e sono, por</p><p>exemplo, como carências primárias, incluídas na parte inferior da pirâ-</p><p>mide. Assim que o ser humano tem suas necessidades primárias aten-</p><p>didas, vai subindo a pirâmide, sendo que a carência por segurança é a</p><p>O filme Um sonho possível</p><p>tem</p><p>como base a história</p><p>de Michael Lewis, famoso</p><p>jogador de futebol</p><p>americano. Sem teto, sem</p><p>família e com dificuldades</p><p>de aprendizagem, ele foi</p><p>acolhido por uma família</p><p>que o ajudou a descobrir</p><p>a motivação para os</p><p>estudos e para o esporte,</p><p>conquistando sucesso</p><p>posteriormente.</p><p>Direção: John Lee Hancock. EUA:</p><p>Alcon Entertainment, 2009.</p><p>Filme</p><p>Comportamento humano 17</p><p>próxima, já que o ser humano tem a necessidade de se sentir protegido</p><p>e seguro no ambiente onde vive. A Figura 2 representa a hierarquia das</p><p>necessidades.</p><p>Segundo Maslow (1970), apenas</p><p>conseguimos suprir nossas carências</p><p>de nível superior após termos as ne-</p><p>cessidades inferiores atendidas. Por</p><p>exemplo, após ter suas necessidades re-</p><p>lacionadas a amor, sentimentos de au-</p><p>torrealização e afeto – que contemplam</p><p>as relações com a sociedade, estar inse-</p><p>rido em grupos e a troca existente nes-</p><p>sas relações – atendidas, o ser humano</p><p>busca a estima, o senso de valorização,</p><p>no qual as demais pessoas percebem</p><p>suas competências e qualidades e ele se</p><p>sente valorizado por isso. Após o percur-</p><p>so de realização das necessidades, que</p><p>Maslow afirma serem difíceis de con-</p><p>quistar, no nível mais alto da pirâmide</p><p>fica a autorrealização. Esse é o estágio</p><p>mais elevado da sua teoria, no qual o ser</p><p>se sente realizado, feliz ao ter suas carências atendidas. Maslow cita</p><p>como exemplos pessoas famosas e reconhecidas pelos seus talentos,</p><p>profissionais que por meio do seu trabalho obtêm resultados positi-</p><p>vos, pessoas que conseguem proporcionar educação e conforto a suas</p><p>famílias.</p><p>Apresentaremos agora as abordagens de redução do impulso da</p><p>motivação, as quais afirmam que a carência das necessidades básicas,</p><p>denominadas necessidades biológicas ou impulsos primários, como a fal-</p><p>ta de alimento, água, sono e sexo, faz com que a pessoa busque saciar</p><p>aquela necessidade, por exemplo, saindo em busca do alimento e da</p><p>água. Além disso, afirmam que isso se trata de um impulso, definindo-</p><p>-o como uma tensão motivacional, o que direciona o comportamento</p><p>em busca de saciar a sua carência ou necessidade. Já os impulsos se-</p><p>cundários são comportamentos que não buscam saciar uma carência</p><p>Figura 2</p><p>Pirâmide de Maslow</p><p>Autorrealização</p><p>Estado de satisfação</p><p>Estima</p><p>Necessidade de desenvolver um</p><p>sentimento de autovalorização</p><p>Amor e pertencimento</p><p>Necessidade de receber e dar afeição</p><p>Segurança</p><p>Necessidade de um ambiente seguro e</p><p>protegido</p><p>Fisiológicas</p><p>Impulsos primários, necessidades de</p><p>água, alimento e sono</p><p>Fonte: Feldman, 2015, p. 293.</p><p>18 Relações Interpessoais</p><p>biológica básica, por exemplo, a necessidade de realização profissional,</p><p>a motivação para que essa realização aconteça (MCKINLEY et al., 2004;</p><p>SELI, 2007).</p><p>Outras abordagens que estudam a temática da motivação são as</p><p>de incentivo da motivação. Esses estudos apresentam a motivação</p><p>por meio do interesse de conquistar objetivos exteriores reconheci-</p><p>dos. Eles acreditam que impulsos externos, como dinheiro, alimen-</p><p>tação, sexo e afeto, são os causadores da motivação do ser humano</p><p>(FESTINGER et al., 2009). Essa abordagem não se aprofunda nas ques-</p><p>tões relacionadas à motivação quando os impulsos estão implícitos,</p><p>mas consegue explicar como podemos desejar algo sem necessitar</p><p>de que uma carência básica seja atendida, por exemplo, ter vontade</p><p>de comer algo sem sentir fome e salivar pensando em determinado</p><p>alimento. Existem profissionais da psicologia que acreditam na junção</p><p>das teorias de redução do impulso com a teoria do incentivo, devido à</p><p>atração e ao impulso correspondente de ambas, sendo possível com</p><p>isso compreendermos alguns comportamentos.</p><p>Há também abordagens de excitação, elas acreditam que o foco do</p><p>comportamento é preservar e elevar a excitação. Essas teorias afirmam</p><p>que cada ser humano é impulsionado pela preservação dos graus de</p><p>estímulo. Além disso, acreditam que se os graus de estimulação estive-</p><p>rem muito altos o ser humano inicia um processo de tentativa de re-</p><p>dução. Existe também o inverso da redução do estímulo, ou seja, se os</p><p>graus de estimulação estiverem baixos, o ser humano busca elevá-los,</p><p>nesse caso existe a busca pelo estímulo. Os estudiosos ainda afirmam</p><p>que existe uma variação quanto aos graus de excitação de pessoa para</p><p>pessoa, cada uma de acordo com a sua necessidade específica, haven-</p><p>do pessoas que necessitam de graus mais elevados de excitação e ou-</p><p>tras de graus menos elevados, isso define os níveis de busca de cada</p><p>um (FELDMAN, 2015).</p><p>Por fim, temos as teorias cognitivas da motivação, que definem</p><p>a motivação como um resultado de pensamentos, perspectivas e pro-</p><p>pósitos dos indivíduos por meio de seu processo de conhecimento e</p><p>aprendizagem. Ou seja, o quanto iremos nos dedicar ao trabalho está</p><p>ligado à nossa expectativa de obter reconhecimento e crescimento na</p><p>empresa na qual trabalhamos.</p><p>Comportamento humano 19</p><p>Outras formas de apresentar a motivação são:</p><p>Para Goleman (1996), a motivação está relacionada com as emoções e exis-</p><p>te uma série de fenômenos emocionais, referentes ao aparelho psicológico</p><p>humano, por isso ele buscou compreender as características da subjetivida-</p><p>de do indivíduo, para assim conhecer a fundo os comportamentos dentro de</p><p>uma perspectiva de automotivação do ser humano. Nessa perspectiva, con-</p><p>sidera-se a importância do fisiológico, do subjetivo e dos comportamentos</p><p>das emoções do indivíduo que se utiliza destes para se motivar.</p><p>Automotivação</p><p>A palavra emoção é constantemente utilizada, no senso comum, quando</p><p>alguém relata ficar emocionado com um filme, uma viagem, uma decla-</p><p>ração de um ente querido. Mas na ciência as emoções possuem diversas</p><p>definições, uma delas pode ser o estado mental e físico manifestado por</p><p>sentimentos, atos e pensamentos.</p><p>O que são emoções</p><p>As teorias das emoções e as teorias neofisiológicas e cognitivistas em seus</p><p>estudos apontam as emoções como definidoras das ações, sendo assim,</p><p>são motivadoras de comportamento do indivíduo. Desta forma as teorias</p><p>classificam as emoções como motivação. McClelland (1961) ainda aborda</p><p>o fato de o indivíduo estar satisfeito emocionalmente gerar algo prazeroso</p><p>ao conquistar um propósito, portanto, as emoções são os fundamentos e</p><p>a base da motivação. Por exemplo, quando observamos algo desagradável</p><p>nos motivamos a evitar a situação; quando observamos algo agradável, nos</p><p>motivamos em busca daquilo.</p><p>Como manifesto as emoções</p><p>Damásio (2012) e LeDoux (2000) apresentaram resultados positi-</p><p>vos nos estudos da neurofisiologia, com a temática da relação entre as</p><p>emoções e as motivações. No estudo os resultados mostraram que as</p><p>estruturas dos neurônios e os sistemas funcionais incumbidos da mo-</p><p>tivação e da emoção são parecidos de diversas formas, denominando</p><p>de sistema límbico o sistema que se refere às emoções e à motivação.</p><p>Damásio (2012) ainda afirma que não existe razão pura, nosso corpo</p><p>e nossas emoções são resumidos aos nossos pensamentos, ou seja,</p><p>nossos pensamentos são intrínsecos, mas a força de nossas emoções</p><p>faz com que externalizemos em forma de atitudes de acordo com a</p><p>intensidade da emoção. Lazarus (1995), ao abordar o que resulta da</p><p>motivação, aponta que pode haver prejuízos, pois é possível que não</p><p>Falando em emoções, su-</p><p>gerimos o filme Divertida</p><p>Mente, que aborda as mu-</p><p>danças decorrentes da</p><p>vida que desencadeiam</p><p>as emoções e influenciam</p><p>o nosso comportamento</p><p>e nossas motivações.</p><p>Direção: Pete Docter. EUA: Walt</p><p>Disney Pictures; Pixar Animation</p><p>Studios, 2015.</p><p>Filme</p><p>20 Relações Interpessoais</p><p>se atinjam os propósitos – em alguns momentos podem ser atingidos –,</p><p>contudo em todos esses processos as emoções são vivenciadas.</p><p>1.3 Teorias da personalidade</p><p>Vídeo Os estudos sobre os seres humanos, buscando compreender com-</p><p>portamentos, motivação, emoções e personalidade, são muito antigos</p><p>e tiveram como base o estudo de grandes filósofos que deram o pri-</p><p>meiro passo nessa intensa e curiosa temática. Nesta seção, abordare-</p><p>mos algumas definições de personalidade fundamentadas em estudos</p><p>da psicologia, com suas principais características e discussões, citando</p><p>algumas obras de grandes estudiosos da área que contribuíram para</p><p>que hoje tenhamos uma diversidade de definições sobre o tema.</p><p>Trataremos da personalidade apresentando a abordagem biológica</p><p>e evolucionista, a qual afirma que a personalidade é definida por ele-</p><p>mentos hereditários, ou seja, existe uma herança genética 1 , segundo</p><p>a qual somos parecidos com nossos ancestrais (BUSS; HAWLEY, 2011).</p><p>Hall, Lindzey e Campbell (2000) abordam o fato de sermos ob-</p><p>servados por outras pessoas em diversos contextos, causando uma</p><p>impressão a elas que pode ser considerada adequada ou não, como a</p><p>habilidade de socializar com colegas na escola ou no trabalho. Assim,</p><p>podemos criar uma definição global do indivíduo que foi observado,</p><p>identificando e rotulando sua personalidade, podendo ser boa ou má.</p><p>Allport (1937) discute essa observação em duas abordagens:</p><p>biossocial e biofísica. A definição biossocial iguala a personalidade da</p><p>pessoa à impressão causada por ela, e a relação com outras pessoas</p><p>determina a sua personalidade, sendo que somente essa é a personali-</p><p>dade presente no indivíduo. Podemos inclusive afirmar que o indivíduo</p><p>não tem nenhuma personalidade a não ser aquela proporcionada pela</p><p>resposta dos outros. Discordando dessa afirmação, o estudioso relata</p><p>ter preferência pela abordagem biofísica, que acredita nos atributos</p><p>do sujeito em si e afirma que a personalidade tem um lado orgânico,</p><p>assim como um lado aparente, podendo ser vinculada a qualidades es-</p><p>pecíficas do indivíduo.</p><p>Outra definição interessante para a personalidade representa o cen-</p><p>tro da condição de ser humano, ou seja, características específicas da</p><p>pessoa, que definem a sua personalidade apenas porque ela verdadei-</p><p>Herança genética é o</p><p>mecanismo biológico</p><p>por meio do qual as</p><p>características de cada ser</p><p>vivo são passadas de uma</p><p>geração para outra.</p><p>1</p><p>Aprofunde seu conhe-</p><p>cimento sobre perso-</p><p>nalidade com o livro A</p><p>Sabedoria do eneagrama:</p><p>guia completo para o</p><p>crescimento psicológico e</p><p>espiritual dos nove tipos de</p><p>personalidade. Eneagrama</p><p>é um estudo interessante</p><p>sobre a personalidade,</p><p>definindo-a em nove</p><p>tipos. Existem inclusive</p><p>jogos com base nessa</p><p>teoria que ajudam a com-</p><p>preender a temática de</p><p>maneira leve e divertida.</p><p>RISO, D. N.; HUSDON, R. São Paulo:</p><p>Cultrix, 1999.</p><p>Livro</p><p>Comportamento humano 21</p><p>ramente é de determinada forma (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000). Os</p><p>autores ainda alertam sobre a generalização das definições de perso-</p><p>nalidade, cada teoria apresenta suas características e singularidades,</p><p>podemos acreditar em determinada teoria e, a partir daí, empregá-la</p><p>em nossas observações, em variáveis particulares e diversas extensões.</p><p>Citando grandes nomes que contribuíram para as teorias de per-</p><p>sonalidades, um dos mais conhecidos, inclusive considerado rebelde e</p><p>muito criticado na época que fundou a psicanálise, o médico Sigmund</p><p>Freud afirmava que existiam três elementos para definir a persona-</p><p>lidade – o id, o ego e o superego – e os relacionou ao consciente e</p><p>inconsciente interagindo e motivando o comportamento, porém essa</p><p>teoria leva em consideração apenas os desejos primitivos. O id está</p><p>ligado aos instintos do ser humano e é completamente inconsciente, é</p><p>formado por impulsos, instintos e desejos. Já o ego é racional, por isso</p><p>ele controla os instintos do ser humano. O superego, por sua vez, está</p><p>relacionado à moral e aos valores do indivíduo (FELDMAN, 2015).</p><p>Outra teoria sobre a personalidade é de Carl Gustav Jung, que apre-</p><p>sentou o inconsciente coletivo, fundamentando-se na teoria freudiana,</p><p>mas estudando de maneira mais profunda, entendendo as lacunas exis-</p><p>tentes e muito criticadas da teoria de Freud. Jung aponta que diversas</p><p>ideias e símbolos corriqueiros herdamos de nossa família inconscien-</p><p>temente e denomina de coletivo por ser algo compartilhado e comum</p><p>nas mesmas culturas. Dentro do inconsciente coletivo, o psiquiatra</p><p>afirmava que existem arquétipos nas figuras femininas e masculinas,</p><p>por exemplo, a figura da mãe e do pai, e crenças que determinam os</p><p>nossos comportamentos (DROB, 2005; HAUKE, 2006; FINN, 2011).</p><p>B. F. Skinner foi um psicólogo que estudou o condicionamento ope-</p><p>rante, em que apontava a personalidade como uma compilação de pa-</p><p>drões de comportamento que são aprendidos (SKINNER, 1975). Desse</p><p>modo, se tivemos uma situação no passado, ela desencadeará padrões</p><p>de reforço, fazendo com que nos comportemos de modo similar con-</p><p>forme vivenciamos outras situações. Ou seja, uma pessoa sociável não</p><p>apresenta esse comportamento para satisfazer a um desejo inconscien-</p><p>te, mas sim por ter um traço intrínseco de sociabilidade, de alguma forma</p><p>obteve reforço para se comportar de maneira sociável (FELDMAN, 2015).</p><p>A teoria dos traços de personalidade foi desenvolvida por meio de</p><p>questionamentos de psicólogos acerca das qualidades mais relevantes</p><p>para entender o comportamento de um indivíduo. Essa teoria tem por</p><p>22 Relações Interpessoais</p><p>objetivo compreender e esclarecer as estabilidades comportamentais</p><p>da pessoa em contextos diversos e afirma que traços pertencentes a al-</p><p>gumas pessoas podem ser encontrados em outras, umas têm e outras</p><p>não têm determinados traços, ou alguns têm os traços mais elevados</p><p>e outros mais baixos (SCHMITT; ALLIK; McCRAE, 2007; CAPRARA et al.,</p><p>2011).</p><p>Por fim, após muitos estudos, dos resultados das pesquisas da teo-</p><p>ria dos traços surgiu uma teoria bastante utilizada, a teoria dos cinco</p><p>traços, mais conhecida como big five, uma técnica que utiliza estatísti-</p><p>cas para estudar os fatores implícitos na personalidade. Os estudiosos</p><p>Robert McCrae e Paul Costa deram início ao programa de pesquisas</p><p>que identificou os cinco grandes fatores.</p><p>Essa teoria leva em consideração populações diversas e com di-</p><p>ferentes faixas etárias, culturas e línguas (SCHMITT; ALLIK; MCCRAE,</p><p>2007; CAPRARA et al., 2011). Os fatores são:</p><p>Abertura para a experiência</p><p>Escrupulosidade</p><p>Extroversão</p><p>Pessoas com pontuações altas neste item gostam de novidades e tendem a ser mais</p><p>criativas.</p><p>Avalia o grau de concentração.</p><p>Mede a sensação de bem-estar, o nível de energia e a habilidade nas relações</p><p>interpessoais.</p><p>Pessoas com pontuações baixas preferem rotina e têm um senso maior do que é</p><p>certo ou errado.</p><p>Pessoas com elevadas pontuações demonstram alta motivação, disciplina, compro-</p><p>metimento e são confiáveis. Pessoas com pontuações baixas demonstram indiscipli-</p><p>na e facilidade de distração.</p><p>Pontuações altas demostram sociabilidade e capacidade de se impor nas situações</p><p>cotidianas.</p><p>Pontuações baixas indicam pessoas introvertidas, submissas e reservadas.</p><p>(Continua)</p><p>Capacidade de interagir com outras pessoas e de alegrar-se.</p><p>Comportamento humano 23</p><p>Neuroticismo</p><p>Sociabilidade</p><p>Avalia a instabilidade emocional.</p><p>Aborda os relacionamentos com outras pessoas.</p><p>Pessoas com pontuações altas neste item podem apresentar ansiedade e baixa</p><p>autoestima.</p><p>Pontos altos indicam que a pessoa é amistosa e calorosa.</p><p>Pessoas com pontuações baixas geralmente são mais otimistas e têm adequada</p><p>autoestima.</p><p>Baixa pontuação indica pessoas egocêntricas, críticas e retraídas.</p><p>De modo geral, o big five vem crescendo bastante, porém é impor-</p><p>tante destacarmos que todo estudo apresenta suas limitações. No caso</p><p>dessa teoria, persiste uma crítica relacionada à quantidade de traços</p><p>existentes. Devemos considerar as críticas como base para outros estu-</p><p>dos, buscando sempre o aprimoramento e a melhor compreensão do</p><p>ser humano em sua complexidade.</p><p>1.4 Comportamento organizacional</p><p>Vídeo Iniciaremos nossa discussão abordando o que é o comportamento</p><p>organizacional. Em resumo, é o estudo do comportamento do indiví-</p><p>duo inserido em um ambiente organizacional, ou seja, o estudo do in-</p><p>divíduo nas empresas.</p><p>Como já discutimos anteriormente, cada indivíduo é único, com</p><p>personalidades distintas e comportamentos distintos. As histórias de</p><p>vida de cada um também são diferentes e quando</p><p>nos referimos ao</p><p>indivíduo inserido nas organizações é importante levarmos todas essas</p><p>questões em consideração para que os colaboradores estejam satisfei-</p><p>tos e integrados com as equipes e as empresas atinjam seus objetivos</p><p>organizacionais. Justamente pela diversidade de perfis das pessoas, en-</p><p>contramos grandes desafios em alinhá-las aos propósitos da empresa.</p><p>Referência nos estudos da interação indivíduo e organizações,</p><p>Chiavenato (2014) afirma que as empresas são os sistemas compostos</p><p>de pessoas que se dedicam e se esforçam conjuntamente em busca de</p><p>atingir objetivos comuns, obtendo sucesso e resultados. Logo, conhe-</p><p>cer a interação dessas pessoas e dos grupos dentro das organizações é</p><p>decisivo para o comportamento organizacional.</p><p>Robbins (2005) aponta a dificuldade de os executivos entenderem a</p><p>importância do comportamento organizacional e das pessoas nas em-</p><p>presas. No passado, o foco existia na área financeira, na contabilidade,</p><p>e não havia preocupação sobre formas de gerir as pessoas.</p><p>Cintra (2016) aborda a importância de conhecermos o comporta-</p><p>mento das organizações para auxiliar o processo de liderança, melhorar</p><p>os relacionamentos das equipes e das pessoas que compõem a organi-</p><p>zação, aprimorar as práticas de motivação das equipes, mediar confli-</p><p>tos, tomar decisões assertivas e entender as características das pessoas</p><p>e das equipes da qual fazem parte. Evidentemente, tudo isso retorna</p><p>para a empresa em forma de lucros, alta produtividade, qualidade dos</p><p>serviços prestados ou produtos, inovação e ideias, maior competitivida-</p><p>de, além de possibilitar melhor qualidade de vida no ambiente de traba-</p><p>lho, sensação de confiança nas relações entre funcionários e empresa,</p><p>aprendizado e desenvolvimento pessoal e profissional para os colabo-</p><p>radores, aumentando o desempenho e gerando satisfação.</p><p>Os pontos positivos de estudar e compreender o comportamento</p><p>organizacional são muitos, tendo em vista a perspectiva do colabora-</p><p>dor e da empresa, por isso a temática tem sido estudada e aprofunda-</p><p>he</p><p>ro</p><p>m</p><p>en</p><p>30</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>2424 Relações InterpessoaisRelações Interpessoais</p><p>O livro Comportamento</p><p>organizacional: teoria</p><p>e prática no contexto</p><p>brasileiro aborda de</p><p>modo mais profundo o</p><p>comportamento humano</p><p>nas organizações e sua</p><p>importância para as em-</p><p>presas e para as pessoas.</p><p>ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL,</p><p>F. 14. ed. São Paulo: Pearson</p><p>Prentice Hall, 2010.</p><p>Livro</p><p>Comportamento humano 25</p><p>da não só no âmbito da psicologia organizacional e do trabalho, mas</p><p>também em outras áreas, como a educacional e a corporativa.</p><p>O comportamento das pessoas é fator que garante o sucesso ou</p><p>não da organização. Um colaborador que apresentou um comporta-</p><p>mento individualista, por exemplo, trabalhando em uma equipe espe-</p><p>cífica tem grandes chances de ser um gerador de conflitos, visto que</p><p>por meio de suas ações não levará em consideração as necessidades</p><p>da equipe, somente as suas e, nesse caso, irá afetar o clima da equipe,</p><p>gerar descontentamento, comportamentos negativos dos outros mem-</p><p>bros da equipe, como exclusão e rejeição. Consequentemente, isso</p><p>pode afetar a produtividade, gerando descontentamento por parte de</p><p>toda a equipe, pode haver desligamentos e, com isso, haverá um desa-</p><p>fio que é lidar com os custos de verbas rescisórias, novas contratações</p><p>e treinamentos.</p><p>O papel da área de gestão de pessoas é fundamental para que</p><p>ações voltadas para os desafios relacionados às pessoas sejam realiza-</p><p>das buscando, assim, manter os líderes mais preparados para gerir as</p><p>pessoas, conhecer os perfis de suas equipes, bem como compreender</p><p>o comportamento das pessoas, a história de cada um, suas motivações</p><p>dentro da empresa e suas expectativas para melhor abordá-las nas ro-</p><p>tinas de trabalho. Tudo isso colabora para o comportamento organiza-</p><p>cional, uma vez que pode utilizar a diversidade de pessoas como algo</p><p>positivo para a empresa, cada uma com a sua experiência única pode</p><p>trazer contribuições para a empresa e para a equipe, porém é preciso</p><p>buscar formas para que isso ocorra de maneira positiva para ambas as</p><p>partes, organização e pessoas.</p><p>Robbins (2005) ainda aborda a questão da cultura organizacio-</p><p>nal, que pode ser definida como a forma que as pessoas se com-</p><p>portam na organização, seus costumes, suas tradições, o “jeito” da</p><p>empresa. Esse processo é comum de ser iniciado com os fundadores</p><p>desta, para que a forma de pensar se mantenha. É comum que bus-</p><p>quem trabalhadores com valores parecidos, assim têm mais chances</p><p>de manter a cultura da empresa viva. Assim que são contratados, os</p><p>funcionários são apresentados à forma de pensar dos donos e, após</p><p>isso, são incentivados a manter os comportamentos e se identificar</p><p>com eles.</p><p>26 Relações Interpessoais</p><p>A figura a seguir mostra os três principais agentes que compõem as</p><p>organizações. A interação entre o indivíduo, os grupos e as organiza-</p><p>ções formam o comportamento organizacional.</p><p>Figura 3</p><p>Comportamento organizacional</p><p>Indivíduo</p><p>Integração</p><p>Grupos Organização</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>É importante que os valores do funcionário estejam alinhados aos</p><p>valores organizacionais para que as ações tomadas pela empresa real-</p><p>mente façam sentido para o colaborador. Com isso ele terá compor-</p><p>tamentos parecidos com os da organização, por acreditar no que a</p><p>empresa acredita, e isso se dará de maneira positiva na relação entre</p><p>ambos. Também é papel da área de gestão de pessoas e da liderança</p><p>criar práticas para que a cultura perdure por muito tempo.</p><p>1.5 Autoconhecimento e autodesenvolvimento</p><p>Vídeo O autoconhecimento é uma competência muito valorizada atual-</p><p>mente. É um processo constante de se auto-observar em busca de co-</p><p>nhecer qualidades, pontos fracos, dores e alegrias. Quando uma</p><p>pessoa se abre para se conhecer, consegue lidar melhor com as situa-</p><p>ções que ocorrem ao longo da vida.</p><p>De acordo com Resende (2019), o autoconhecimento é a</p><p>percepção da vida tal como realmente é, das vivências, sem</p><p>levar em conta julgamentos e críticas. Quando isso ocorre,</p><p>se encontra a verdade. O autor ainda relata os pensamen-</p><p>tos nesse processo, que têm a função de questionamento,</p><p>incentivo para que ocorra a reflexão. A auto-observação</p><p>é a ferramenta-chave para que o autoconhecimento</p><p>ocorra, visto que ao nos observarmos analisamos nos-</p><p>sas emoções, nossos pensamentos e nosso corpo.</p><p>Stmool/Shutterstock</p><p>Comportamento humano 27</p><p>No processo de autoconhecimento é importante levar em consi-</p><p>deração sua história de vida, fazer uma análise de sua trajetória, das</p><p>experiências marcantes, do que influenciou a sua forma de ver a vida</p><p>hoje, positiva e negativamente, dos comportamentos mais comuns, de</p><p>quais pontos da sua vida estão em equilíbrio e de quais pontos preci-</p><p>sam de atenção.</p><p>Skinner (2004) questionou e estudou o tema do autoconhecimento,</p><p>sob a ótica da pessoa conhecer seus próprios comportamentos, pes-</p><p>quisando incertezas que produzem tanto um eu consciente quanto um</p><p>eu conhecido. Ainda sobre as afirmações do estudioso, o autoconheci-</p><p>mento está relacionado ao social, consequência de incertezas específi-</p><p>cas constituídas pela comunidade da qual o ser humano faz parte. Ele</p><p>fala do autorrelato, que é o comportamento verbal da pessoa, contro-</p><p>lado pelo comportamento não verbal, sendo assim do eu consciente.</p><p>Quando as incertezas são descobertas, elas definem o comportamento</p><p>não verbal quanto à descrição desse comportamento e, dessa forma, o</p><p>indivíduo consegue compreender a origem do autoconhecimento.</p><p>O ser humano têm relações sociais em diversos aspectos – com a</p><p>família, amigos, no trabalho, nos estudos etc. –, sendo estimulado a</p><p>relatar seus comportamentos, autorrelatos, permitindo a outras</p><p>pessoas terem acesso aos seus sentimentos, anseios, ideias e pensa-</p><p>mentos. Esse conhecimento sobre si mesmo pode ser importante para</p><p>a pessoa, colaborando para a criação de comportamentos mais efica-</p><p>zes (SKINNER, 2004). O autoconhecimento abrange diferentes compor-</p><p>tamentos, saber discernir se fizemos algo,</p><p>se estamos fazendo ou se</p><p>pretendemos fazer algo.</p><p>O processo de autodesenvolvimento</p><p>está relacionado à forma como nós bus-</p><p>camos desenvolver nossos pontos defici-</p><p>tários e manter nossos pontos fortes. Já</p><p>compreendendo seus comportamentos</p><p>e formas de ver o mundo, agora o ser hu-</p><p>mano entra em um processo em busca de</p><p>evolução que traga bem-estar para si, me-</p><p>lhorando seus relacionamentos pessoais e</p><p>de trabalho.</p><p>O filme À Procura da</p><p>Felicidade retrata a</p><p>importância de buscar o</p><p>autoconhecimento. Des-</p><p>cobrindo suas habilida-</p><p>des, Chris Gardner con-</p><p>seguiu chegar ao sucesso</p><p>profissional e pessoal. A</p><p>história é inspirada em</p><p>uma pessoa real.</p><p>Direção: Gabriele Muccino. EUA:</p><p>Columbia Pictures, 2006.</p><p>Filme</p><p>in</p><p>im</p><p>al</p><p>Gr</p><p>ap</p><p>hi</p><p>c/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>></p><p>28 Relações Interpessoais</p><p>Esse processo colabora para que as pessoas fiquem mais adaptáveis</p><p>às mudanças que ocorrem em seu meio, criando mecanismos que aju-</p><p>dem a passar pelas suas vivências. É um processo de aprendizado cons-</p><p>tante que ocorre na vida do ser humano, que desperta a curiosidade</p><p>para o novo, para mudanças internas e externas.</p><p>Sobre o processo de autodesenvolvimento, aqui vamos abordar um</p><p>tema mais recente, que é a inteligência emocional (IE). Esta tem o ob-</p><p>jetivo de expandir as definições de inteligência, levando em conta as</p><p>emoções e os sentimentos do indivíduo. A capacidade de relacionar a</p><p>cognição com as emoções pode capacitar o indivíduo a vivenciar seu</p><p>mundo emocional de maneira inteligente e de acordo com seus objeti-</p><p>vos de vida.</p><p>A IE constitui um campo em expansão que engloba várias áreas de</p><p>pesquisa. Ela começou a ser considerada uma habilidade em estudos</p><p>que se iniciaram em 1990 (MAYER; DIPAOLO; SALOVEY, 1990; SALOVEY;</p><p>MAYER, 1990), utilizando instrumentos psicométricos de inteligência</p><p>(MAYER; SALOVEY; CARUSO, 2002). Salovey e Mayer (1990) definiram</p><p>inicialmente a IE como uma habilidade de monitoramento das emo-</p><p>ções, sentimentos de si e de outras pessoas, o que auxilia na orientação</p><p>das ações do ser.</p><p>Os estudos sobre o tema ficaram conhecidos no mundo por meio</p><p>do psicólogo Daniel Goleman, da Universidade de Harvard, que escre-</p><p>veu um livro no qual apresentava a inteligência emocional como algo</p><p>importante para o sucesso na carreira das pessoas.</p><p>O livro de Goleman (1996), intitulado Inteligência emocional, ampliou</p><p>a visibilidade do tema e a IE passou por uma mudança, ocasionando</p><p>a ampliação e a alteração de sua definição (em especial na mídia e li-</p><p>teratura popular), que a partir de então passou a incluir aspectos da</p><p>personalidade.</p><p>De acordo com Mayer, Salovey e Caruso (2002), a forma que os</p><p>elementos emocionais se explicam se dá por meio de um padrão de</p><p>quatro níveis. Esse padrão sugere o entendimento melhorado das</p><p>emoções e a utilização dessas emoções para gerar pensamentos, ino-</p><p>vação e resolver as situações difíceis, além de compreender as emo-</p><p>ções e controlá-las. Os quatro níveis estão descritos na figura a seguir.</p><p>Leia o livro Inteligência</p><p>emocional: a teoria</p><p>revolucionária que redefine</p><p>o que é ser inteligente</p><p>para entender melhor o</p><p>processo para adquirir</p><p>a inteligência emocional</p><p>e lidar da melhor forma</p><p>com as situações de vida,</p><p>pessoais e profissionais.</p><p>GOLEMAN, D. São Paulo: Objetiva,</p><p>2012.</p><p>Livro</p><p>Comportamento humano 29</p><p>Figura 4</p><p>Elementos emocionais da inteligência emocional</p><p>Entendimento</p><p>aperfeiçoado das</p><p>emoções</p><p>Utilização da emoção para</p><p>prover pensamento, resolver</p><p>dificuldades e inovar</p><p>Gerenciar as emoçõesEntender as emoções</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Mayer; Salovey; Caruso, 2002.</p><p>Mayer, Salovey e Caruso (2002) relatam que existe uma percepção</p><p>emocional (PE), caracterizada por ser a mais importante das aptidões</p><p>da IE, que é a possibilidade de reconhecer diferentes emoções de si e</p><p>de outras pessoas de maneira aprimorada e manifestá-la em diferen-</p><p>tes situações em que se insere. A PE está relacionada ao sentimento de</p><p>conseguir lidar com situações diversas e diferentes pessoas, uma vez</p><p>que as emoções têm um papel relevante como modo de informação.</p><p>A IE importa porque uma pessoa que busca se autoconhecer e li-</p><p>dar com as suas emoções de maneira positiva está em um constante</p><p>processo de autodesenvolvimento, buscando se adaptar a mudanças,</p><p>novas perspectivas de vida. A inteligência emocional promove melhor</p><p>qualidade de vida, nos âmbitos pessoal e profissional, bem-estar e de-</p><p>senvolvimento cognitivo e emocional.</p><p>Para Schowarz (1990), a emoção é um instrumento que facilita os</p><p>pensamentos, pois estes são geradores de emoções, e as emoções in-</p><p>fluenciam os processos de cognição. A pessoas que utilizam as emoções,</p><p>portanto, utilizam menos esforço da cognição para conseguir resolver</p><p>dificuldades emocionais enfrentadas e compreender as informações.</p><p>Compreender as emoções e sua relação com os pensamentos faz</p><p>com que a pessoa tenha melhor percepção das situações enfrentadas,</p><p>desenvolvendo suas capacidades de resolução de problemas.</p><p>Em seus estudos, Mayer, Salovey e Caruso (2002, 2004b) abordam</p><p>a capacidade de compreensão emocional (CE), que se refere à capaci-</p><p>dade de identificação e codificação das emoções quando sentidas e ao</p><p>entendimento do que elas significam para a pessoa, suas relações entre</p><p>si, além da compreensão das causas e consequências de suas emoções.</p><p>Para melhor explicar esse termo, os autores o categorizaram em três</p><p>habilidades, apresentadas na figura a seguir.</p><p>30 Relações Interpessoais</p><p>Figura 5</p><p>Habilidades de compreensão emocional</p><p>Capacidade de</p><p>identificar emoções e</p><p>codificá-las</p><p>Entender os seus</p><p>significados, curso</p><p>e a maneira como</p><p>se constituem e se</p><p>correlacionam</p><p>Conhecer</p><p>suas causas e</p><p>consequências</p><p>Fonte: Elaborada pela autora com base em Mayer; Salovey; Caruso, 2002.</p><p>É com a habilidade de compreensão emocional que a pessoa con-</p><p>segue entender as circunstâncias emocionais, utilizando a memória e a</p><p>compilação emocional (MAYER; SALOVEY; CARUSO, 2004a). Por fim, em</p><p>sua teoria, os autores tratam do gerenciamento emocional (GE), que</p><p>se define como a capacidade de regular emoções em si e nos outros,</p><p>sendo gerador de emoções boas e diminuindo as negativas, além de</p><p>gerar autocontrole. Quando a pessoa tem GE, desenvolve a habilidade</p><p>de harmonizar as emoções, promovendo satisfação, bem-estar e de-</p><p>senvolvimento emocional e cognitivo.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O comportamento humano pode ser estudado de maneiras variadas</p><p>e com diversas óticas devido à sua complexidade. Os estudos sobre a</p><p>temática são antigos, porém não existe uma definição exata, correta ou</p><p>incorreta, e ainda na atualidade há estudos sendo realizados buscando</p><p>melhor compreensão dos fenômenos do comportamento. Existem abor-</p><p>dagens que o estudam e caracterizam por suas definições, e cabe ao leitor</p><p>e estudioso definir qual das teorias faz sentido para se aprofundar no</p><p>tema, que sem dúvida é um desafio para todos que se aventuram em</p><p>compreender a temática.</p><p>Neste capítulo, discorremos sobre algumas das principais teorias exis-</p><p>tentes, com o objetivo de apresentar o desenvolvimento e a aprendiza-</p><p>gem do ser humano, desde o nascimento até a vida adulta, os processos</p><p>que motivam as pessoas em seu comportamento e o que influencia o</p><p>comportamento do ser humano. Discutimos ainda as diversas definições</p><p>e características da personalidade, bem como a dinâmica que ocorre com</p><p>o indivíduo inserido nos grupos e nas organizações e a complexidade en-</p><p>volvida nessas relações. Por fim, abordamos o processo do indivíduo de</p><p>se autoconhecer, autodesenvolver-se e estar preparado para as diferen-</p><p>tes situações de vida, mantendo o bem-estar emocional.</p><p>Comportamento humano 31</p><p>ATIVIDADES</p><p>Atividade 1</p><p>Piaget foi um pioneiro nos estudos do desenvolvimento das fases</p><p>da criança. Discorra brevemente sobre essas fases de acordo</p><p>com a teoria piagetiana.</p><p>Atividade 2</p><p>A motivação é um tema muito estudado na atualidade, princi-</p><p>palmente por estar relacionada ao comportamento humano.</p><p>Explique por que ela é intrínseca.</p><p>Atividade 3</p><p>O comportamento organizacional</p><p>é o estudo da interação</p><p>das pessoas com as organizações. Quais são os benefícios</p><p>das empresas que investem em ações de comportamento</p><p>organizacional?</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALLPORT, G. W. Personality: a psychological interpretation. Nova York: Henry Holt & Co., 1937.</p><p>ATKINSON, J. W. 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Os processos de socialização, então, ocorrem em uma</p><p>extensa rede de relações sociais e têm o objetivo de ensinar o indivíduo a</p><p>conviver em sociedade.</p><p>São incontáveis as possibilidades que a pessoa tem de socializar e</p><p>cada processo se dá em momentos distintos e muitas vezes desafiadores.</p><p>É possível afirmar que o indivíduo pertence a diversos grupos sociais e</p><p>o processo de socialização possui grande influência na cultura em que</p><p>ele está inserido, pois são aprendidas as regras e os valores de cada so-</p><p>ciedade. Portanto, abordar como os processos de socialização ocorrem</p><p>ao longo da vida é importante para refletir sobre as relações familiares e</p><p>afetivas, compreender como se inicia esse processo e como a cultura na</p><p>qual a pessoa está inserida pode influenciar a sua forma de se comportar</p><p>ao longo de sua vida.</p><p>O processo de socialização é necessário para o indivíduo, pois ele</p><p>necessita ter contato com o meio social, conviver com outras pessoas,</p><p>para desenvolver seus conhecimentos e suas habilidades. Além disso, a</p><p>sociedade, por meio dos processos de socialização, tem a possibilidade</p><p>de evoluir e avançar nos aspectos culturais e tecnológicos.</p><p>Neste capítulo iremos discutir como esses processos ocorrem, a im-</p><p>portância deles na vida do indivíduo, os grupos aos quais ele pertence</p><p>e a sociedade, e quais são os benefícios e desafios proporcionados por</p><p>essas relações.</p><p>34 Relações Interpessoais</p><p>2.1 Sociologia e comportamento</p><p>Vídeo A sociologia é a ciência que estuda a interação dos seres hu-</p><p>manos. Somos seres</p><p>que possuem liberdade de escolha e nos-</p><p>sas escolhas são demonstradas pelos nossos comportamentos.</p><p>A forma que nos comportamos está ligada à sociedade da qual</p><p>fazemos parte e nossas relações influenciam nossa maneira de</p><p>pensar e agir ao longo de nossa vida.</p><p>A sociologia trata de categorias de práticas que for-</p><p>mam um grupo de conhecimento reunido no decorrer</p><p>da história, além de ser um ambiente com atividades</p><p>constantes, novos conhecimentos e novas expe-</p><p>riências que passam por alterações nos assuntos</p><p>e na temática (BAUMAN; MAY, 2010).</p><p>Sobre a sociologia e sua relação com o com-</p><p>portamento, o estudioso Elias (1980) afirma</p><p>que para entender a sociologia é necessário ser</p><p>consciente de que, na condição de seres huma-</p><p>nos que somos, vivemos com outros seres humanos. Ele ainda</p><p>aponta que os indivíduos afetam as estruturas sociais, pois não</p><p>as humanizam, possuindo uma postura egoísta, e necessitam se</p><p>conectar socialmente de maneira sólida para que ocorra uma mu-</p><p>dança na percepção na história da civilização.</p><p>Em seu estudo, Elias (1980) exercita a análise das temáticas</p><p>relevantes na abordagem sociológica, que são formadas por cinco</p><p>elementos e está em busca de novos. A figura a seguir apresenta</p><p>esses temas que são necessários para que o estudo da sociolo-</p><p>gia ocorra de maneira assertiva. Na sociologia é importante se</p><p>considerar o papel do indivíduo que está inserido em grupos so-</p><p>ciais, nos quais existem as relações de poder. Todas as relações</p><p>são conectadas e as conexões existentes nessas variáveis são de</p><p>extrema importância para o saber da sociologia.</p><p>Lars Poyansky/Shutterstock</p><p>Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:</p><p>• refletir sobre o indivíduo e sua relação com a sociedade,</p><p>seu processo de socialização e a influência cultural em seu</p><p>comportamento.</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Processos de socialização 35</p><p>Saber da ciênciaIndivíduo</p><p>Grupos</p><p>Relações de poder</p><p>Interconectividade</p><p>social</p><p>To</p><p>ka</p><p>rc</p><p>hu</p><p>k</p><p>An</p><p>dr</p><p>ii/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Figura 1</p><p>Temas estudados pela sociologia</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>Além disso, Elias (1980) coloca a sociologia em um patamar de ciên-</p><p>cia independente, afirmando que não é possível limitá-la a regras da</p><p>fisiologia e muito menos biológicas. No que se refere às relações de</p><p>poder, ao longo do tempo elas podem ser alteradas com novas caracte-</p><p>rísticas, novas classificações sociais a cada novo espaço de tempo e</p><p>grupos sociais. As relações de interdependência aumentam e adqui-</p><p>rem características diferentes, dificultando seu controle.</p><p>Sobre o comportamento em diferentes sociedades, é necessário com-</p><p>preender as relações de interdependência existentes nos indivíduos, como</p><p>se constroem e se organizam, como essas relações vão se formando.</p><p>O processo de evolução do ser humano e automaticamente a trans-</p><p>formação do padrão de vida social se opõem ao entendimento de que</p><p>a mutação é a principal qualidade dos seres humanos. Sendo assim, a</p><p>mutação possui o papel de atrapalhar a estabilização do sistema social,</p><p>mas faz parte da vida dos seres humanos e da sociedade (ELIAS, 1980).</p><p>Bauman e May (2010) fazem uma interessante reflexão sobre a li-</p><p>berdade de escolha do ser humano e sua convivência em sociedade.</p><p>Vivemos em interação com outras pessoas e temos a liberdade de es-</p><p>colher e vivenciar nossas escolhas. Somos livres para tomar decisões de</p><p>modo consciente e, por isso, praticamos a liberdade. Podemos escolher</p><p>mudar o rumo de nossas vidas, tomando a decisão de iniciar um novo</p><p>projeto ou encerrar um que já havíamos começado. Podemos escolher</p><p>mudar de cidade, mudar de emprego, mudar de casa. O poder da esco-</p><p>lha e a liberdade para fazê-la fazem parte da vida do ser humano.</p><p>36 Relações Interpessoais</p><p>A sociologia compreensiva, que contraria o que a maior parte</p><p>dos estudos aborda, oferece a oportunidade de pensamento sobre</p><p>o processo de evolução da sociedade, de maneira aprofundada, por</p><p>meio de informações baseadas nas situações comuns do dia a dia e</p><p>na subjetividade destas, aparentemente sem qualidade para as aná-</p><p>lises dos comportamentos humanos na formação da sociedade. Essa</p><p>teoria afirma que a análise do todo é relevante para todos os estudos</p><p>em sociologia, descartando a separação do que é bom ou ruim, pois</p><p>os dois fazem parte da sociedade (MAFFESOLI, 1985; ASTHON, 2008).</p><p>O comportamento do ser humano de se relacionar com as ou-</p><p>tras pessoas, de maneira positiva, é considerado por O’Donohue e</p><p>Krasner (1995) como habilidades sociais, que são definidas como a</p><p>mais importante evolução no que se refere aos padrões de compor-</p><p>tamentos. Segundo os estudiosos, as habilidades sociais são compor-</p><p>tamentos adaptáveis e possuem o poder de mudar o ambiente social.</p><p>Nessa abordagem, a interação ocorre de modo diferente dos proces-</p><p>sos de troca entre a pessoa e o ambiente em que está inserido, sendo</p><p>incluída a nomenclatura social.</p><p>Além disso, a habilidade social se compara às habilidades motoras,</p><p>como andar ou correr, mas, como todo comportamento, é produto</p><p>da relação entre duas pessoas ou mais, na qual existe um processo</p><p>de interação com causas e consequências que vão se alternado nesse</p><p>processo.</p><p>Segundo Del Prette e Del Prette (2001), o comportamento social</p><p>se define como habilidade social quando agrega algo para a intera-</p><p>ção social. Já Trower (1995) considera as habilidades sociais como</p><p>a alvenaria estrutural que constrói a competência social. Dessa for-</p><p>ma, diferencia o termo habilidades sociais de competência social, ou</p><p>seja, possuir as habilidades sociais não necessariamente significa</p><p>ter a competência social. Esta pode ser definida por um grupo de</p><p>comportamentos prósperos de acordo com critérios específicos e</p><p>funcionais presentes na interação social (ELLIOTT; GRESHAM, 2008;</p><p>GRESHAM, 2009).</p><p>Nas fases da vida adulta ocorrem pressões sociais que influenciam</p><p>o indivíduo, que são os comportamentos socialmente convencionais,</p><p>papéis convencionais e esperados para determinadas idades, que vão</p><p>além do de idade, gênero, estado civil, profissão (ERBOLATO, 2001).</p><p>O filme Melhor é impossível</p><p>aborda o tema da empa-</p><p>tia, que é a capacidade</p><p>de se colocar no lugar do</p><p>outro em determinadas</p><p>situações, habilidade</p><p>importante para os rela-</p><p>cionamentos sociais.</p><p>Direção: James L. Brooks. EUA:</p><p>Gracie Films; TriStar Pictures, 1997.</p><p>Filme</p><p>Processos de socialização 37</p><p>Ao longo da vida, o indivíduo vai assumindo papéis e são esperados</p><p>determinados comportamentos de acordo com cada fase. Esses com-</p><p>portamentos são induzidos pela sociedade na qual a pessoa está in-</p><p>serida e possuem papel determinante na formação do “eu” do sujeito.</p><p>2.2 Indivíduo e sociedade</p><p>Vídeo O indivíduo é um ser único que está inserido em determinada</p><p>sociedade. A compreensão dessa dinâmica se faz necessária des-</p><p>de o nascer, por ser complexa e importante tanto para o indivíduo</p><p>como para a sociedade.</p><p>Sobre o indivíduo no processo de compreensão do grupo,</p><p>Mead (2015) o define como seu próprio self (eu), que ao longo</p><p>da vida e ao longo do contato com o meio é desenvolvi-</p><p>do. Esse processo é explicado por meio de uma divisão</p><p>feita pelo psicólogo social, que é definida por dois</p><p>componentes: eu e mim, afirmando que a mente</p><p>da pessoa procura se relacionar ajustando-se com</p><p>o ambiente no qual é inserida.</p><p>Dessa forma, não apenas existe uma reflexão</p><p>sobre as expectativas do grupo do qual ela faz par-</p><p>te, mas é possível também atuar nesse ambiente.</p><p>Por meio de uma comunicação simbólica, é possível</p><p>compreender o próprio self, e a locução não se refe-</p><p>re somente à fala, mas ao processo de ouvir e analisar</p><p>seus atos e falas por meio das respostas de outras pessoas, ou</p><p>seja, o eu pode-se definir por uma conversa intrínseca, interna, consigo</p><p>mesmo, na qual a linguagem possibilita que isso ocorra e nos faça pen-</p><p>sar de uma maneira global.</p><p>O mim, diferentemente do eu, é definido como a forma que são</p><p>elaboradas as expectativas da pessoa em relação ao grupo por meio de</p><p>suas atitudes. A resposta às outras pessoas pela forma como nos</p>

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