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<p>EDIR MACEDO</p><p>São Paulo</p><p>2019</p><p>M141c Macedo, Edir</p><p>Como vencer suas guerras pela fé / Edir Macedo.</p><p>São Paulo: Unipro Editora, 2019. 1ª ed.</p><p>244 p. ; 20 cm</p><p>ISBN 978-85-7140-937-8</p><p>1. Espírito Santo. 2. Cristão. I. Título.</p><p>CDD-231.3</p><p>Gráfica: Santa Marta | 1ª edição | 1ª impressão | tiragem: 300.000</p><p>Copyright ©2019 Unipro Editora</p><p>Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.02.1998.</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência da</p><p>editora. Este livro foi revisado segundo o Novo Acordo Ortográfico da</p><p>Língua Portuguesa. Os textos bíblicos citados estão na versão Almeida</p><p>Corrigida Fiel (ACF), da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, salvo</p><p>expressa menção. O autor faz alguns comentários em trechos bíblicos que</p><p>estão identificados entre parênteses e com formatação diferente.</p><p>DIREÇÃO EXECUTIVA: marcos xavier</p><p>EDIÇÃO E COORDENAÇÃO EDITORIAL: marla dedone</p><p>DIREÇÃO DE ARTE: paulo junior</p><p>PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: luiz felipe kessler</p><p>CAPA: willian souza</p><p>COAUTORA: núbia siqueira</p><p>PREPARAÇÃO DE TEXTO: jaqueline corrêa</p><p>REVISÃO DE TEXTO: juliana biggi, kaique ferreira e mateus gonçalves</p><p>ASSISTENTE EDITORIAL: ana letícia lima e adriana bonone</p><p>Rua João Boemer, 296 – Brás</p><p>CEP: 03018-000 – São Paulo – SP</p><p>Tel.: (11) 5555-1380</p><p>comercial@unipro.com.br</p><p>www.unipro.com.br</p><p>Sumário</p><p>Introdução ...........................................................................................09</p><p>Capítulo 1</p><p>A guerra no Céu .................................................................................. 13</p><p>Capítulo 2</p><p>A queda do homem ...........................................................................23</p><p>Capítulo 3</p><p>Como o diabo age hoje .....................................................................39</p><p>Capítulo 4</p><p>Quando o corpo se transforma em morada de demônios ....... 51</p><p>Capítulo 5</p><p>Como o diabo interfere na mente humana ................................... 71</p><p>Capítulo 6</p><p>Resistir ao diabo é rejeitar os maus pensamentos ....................89</p><p>Capítulo 7</p><p>Estratégias do diabo contra os cristãos ...................................... 105</p><p>Capítulo 8</p><p>O único sentimento da fé ...................................................................119</p><p>Capítulo 9</p><p>Filhos de Deus versus filhos do maligno .....................................135</p><p>Capítulo 10</p><p>Salvo-conduto para pecar? ........................................................... 147</p><p>Capítulo 11</p><p>O diabo e o púlpito .......................................................................... 163</p><p>Capítulo 12</p><p>As armas da nossa guerra ..............................................................181</p><p>Capítulo 13</p><p>Como Jesus venceu o diabo ...........................................................201</p><p>Capítulo 14</p><p>Seu pecado afeta a todos .............................................................. 217</p><p>Capítulo 15</p><p>Numa guerra, ninguém é poupado ............................................. 229</p><p>Capítulo 16</p><p>O prêmio da guerra ..........................................................................243</p><p>A guerra pela Salvação da alma é necessária, pois visa nos posi-</p><p>cionar diante da grande batalha espiritual que todos travam neste</p><p>mundo. Em outras palavras, ela tem por objetivo nos fazer escolher</p><p>de que lado queremos estar, do bem ou do mal, para que, a partir</p><p>dessa escolha, desfrutemos ou soframos com o resultado dessa peleja.</p><p>Estejamos conscientes ou não das realidades espirituais que vigoram</p><p>e determinam tudo o que acontece no nosso plano físico, a nossa</p><p>vida é completamente afetada por esse conflito interior.</p><p>O que está escrito neste livro não é destinado aos doutores</p><p>das Escrituras Sagradas, nem aos teólogos e grandes pregadores,</p><p>mas às pessoas simples que, com sinceridade, querem muito per-</p><p>manecer fiéis, guardando a sua fé até o fim. Contudo, para que</p><p>possamos um dia receber das Mãos do Senhor Jesus a coroa da</p><p>vida, por termos vencido essa guerra, precisamos lembrar, a todo</p><p>instante, que enfrentamos inimigos invisíveis, cruéis e hábeis na</p><p>dissimulação e no engano.</p><p>Enfrentamos a tentação do pecado, que tenazmente nos assedia,</p><p>do mesmo modo que lutamos contra a nossa própria natureza que,</p><p>por si mesma, não quer fazer a vontade de Deus. Então, se ignorar-</p><p>mos o fato de que vivemos em um conflito que exige embates diá-</p><p>rios e o revestimento das poderosas armas do Altíssimo, certamente</p><p>seremos prejudicados por toda a eternidade.</p><p>Introdução</p><p>10 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>O Espírito Santo tem me conduzido, nos últimos tempos, a aler-</p><p>tar a todos sobre os perigos que corremos de cair na apostasia, no</p><p>engano e nas corrupções da carne. Por isso, não tenho me cansado</p><p>de “tocar a trombeta” com respeito à blindagem da fé para nos man-</p><p>termos no Reino de Deus. Afinal, todos os dias temos a triste notícia</p><p>de alguém que começou sua caminhada cristã com boa vontade</p><p>e ótimas intenções, porém, devido à falta de vigilância espiritual,</p><p>acabou se esfriando e abandonando os princípios e os valores da fé</p><p>que outrora abraçou.</p><p>Nascemos em um mundo que já estava em guerra. Digo isso</p><p>porque, antes de Adão e Eva serem criados, Deus já tinha um arqui-</p><p>-inimigo que se opunha aos Seus propósitos. Não podemos, então,</p><p>desconsiderar esse fato e levar a vida espiritual de maneira superficial,</p><p>fria e indiferente. Até porque, assim como as guerras nesse mundo</p><p>são marcadas por um começo e um fim, a guerra entre a luz e as</p><p>trevas, o bem e o mal, tem um tempo determinado para acabar. No</p><p>entanto, não sabemos quando será, por isso, precisamos ter total</p><p>vigilância. O desfecho final dessa peleja será quando, finalmente,</p><p>Satanás for aprisionado no lago de fogo e enxofre para sempre. Mas,</p><p>caso não estejamos vivos até as Escrituras se cumprirem, o fim da</p><p>nossa guerra ocorrerá no momento da nossa morte. Assim, basta</p><p>que a nossa vida nesse mundo chegue ao fim, para que tenhamos o</p><p>veredito de Deus: vencedores ou perdedores desse grande conflito.</p><p>Reunimos, durante a nossa vida, uma coleção de batalhas que,</p><p>embora pareçam ser de cunho financeiro, sentimental ou familiar,</p><p>na verdade, é espiritual. Em determinados momentos, podemos ter</p><p>a impressão de que lutamos contra pessoas e situações exteriores</p><p>e terrenas; todavia, o que está em questão mesmo é a Salvação da</p><p>nossa alma.</p><p>E, para conquistarmos o Reino dos Céus, travamos três grandes</p><p>batalhas. A primeira e maior de todas é a luta entre a nossa carne</p><p>INTRODUÇÃO 11</p><p>e o nosso espírito. A segunda é a luta contra as forças espirituais</p><p>do mal, ou seja, contra o diabo e seus anjos caídos. E a terceira é a</p><p>luta contra o mundo, com seus padrões contrários a Deus, que vão</p><p>sempre impor aflições aos justos. Essas são as principais frentes da</p><p>guerra espiritual na qual o cristão está inserido.</p><p>A falta de entendimento e até de discernimento tem feito mui-</p><p>tos cristãos, que foram chamados para vencer, sucumbirem der-</p><p>rotados ante o império das trevas. Por que isso acontece? Penso</p><p>que as pessoas estão sendo impelidas a investir de modo excessivo</p><p>no corpo, com tratamentos estéticos infindáveis, principalmente os</p><p>que promovem o prolongamento da juventude. “Mas o que há de</p><p>errado nisso?”, você pode me perguntar. Em princípio, parece uma</p><p>preocupação legítima que todos podem ter, só que, enquanto se</p><p>investe tempo, dinheiro, energia e expectativas no cuidado do corpo,</p><p>esquece-se da alma. Outros estão empenhando todos os seus esforços</p><p>em conquistar bens, constituir família e tantos outros desejos lícitos;</p><p>porém, não têm o mesmo empenho na Salvação da sua alma. Isso</p><p>não é razoável nem inteligente.</p><p>Temos visto, nesta geração de evangélicos, bem poucos os que</p><p>têm realmente dado valor ao que é eterno. Como sabemos, o corpo</p><p>tem prazo de validade e, mesmo que o ser humano invista “rios de</p><p>dinheiro” em sua manutenção, chegará o dia em que ele se deparará</p><p>com a morte e a sepultura. Os bens, o casamento, os diplomas e a</p><p>boa reputação ficarão por aí. Mas, e a alma?</p><p>Pensando nisso, escrevi</p><p>imagine tê-lo em seu próprio corpo! No caso da filha dessa mulher,</p><p>o espírito imundo deve ter começado a agir de maneira discreta,</p><p>crescendo de tal forma que já possuía a sua mente e a deixava sem</p><p>o controle de seus atos. Quando uma pessoa chega a esse estágio de</p><p>possessão, precisa ser vigiada, pois, se estiver sozinha, corre o risco</p><p>de cometer grandes atos de loucura. Por isso, é provável que a mãe</p><p>54 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>dessa menina a tenha deixado sob os cuidados de alguém enquanto</p><p>ia buscar pelo socorro do Senhor Jesus.</p><p>Mas o que ela não imaginava é que iria precisar enfrentar alguns</p><p>obstáculos para alcançar a libertação de sua filha. Primeiro, ela teve a</p><p>sua fé testada. Embora Jesus tenha lhe ouvido, Ele não lhe respondeu</p><p>imediatamente. O Seu silêncio não era uma negativa à sua súplica,</p><p>mas sim o desejo de ver a sua perseverança na fé.</p><p>Segundo, ela teve de enfrentar a disposição pouco amistosa dos</p><p>discípulos de Jesus que, irritados com a insistência dela, expressavam,</p><p>em sua fisionomia, que ela estava importunando o Mestre. Esses</p><p>homens, que ainda não tinham sido batizados com o Espírito Santo,</p><p>não tinham complacência para com os aflitos; por isso, chegaram</p><p>a pedir que o Senhor Jesus a mandasse embora. Qualquer pessoa</p><p>com uma fé inconstante teria desistido diante dessas barreiras, mas</p><p>ela não desistiu.</p><p>Até que ela se dirigiu ao Salvador, O adorou e pediu o socorro de</p><p>que tanto precisava. Mas aí ela enfrentou a terceira e última barreira,</p><p>a resposta aparentemente dura do Senhor Jesus: “Não é bom pegar no</p><p>pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos”.</p><p>Ele quis dizer que o “pão”, ou seja, as bênçãos, deveria ser dado</p><p>primeiro aos judeus e só depois aos outros povos, como era o caso</p><p>dela, uma estrangeira de uma terra vizinha a Israel. Aquilo soava como</p><p>um sonoro “não” ao seu pedido, ainda mais com o termo empregado</p><p>para representá-la: “cachorrinhos”. Mas tudo isso serviu apenas para</p><p>estimular ainda mais a fé daquela mulher e revelar outra preciosa</p><p>qualidade dela, a humildade: “Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos</p><p>comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores”.</p><p>Que resposta admirável! Além de ela considerar Jesus como</p><p>Senhor e estar ajoelhada aos Seus pés (Marcos 7.25), ela se utilizou</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 55</p><p>da própria resposta dEle para se humilhar ainda mais. Infelizmente,</p><p>há pessoas que, por muito menos, sairiam chateadas e outras até</p><p>xingando o pastor, caso ouvissem algo parecido. Conheço algumas</p><p>assim. No entanto, essa mulher, com sua resposta sincera, mostrou</p><p>ser firme, determinada e ousada, por isso sua fé foi aprovada e elo-</p><p>giada pelo nosso Salvador: “Então Ele disse-lhe: Por essa palavra, vai; o</p><p>demônio já saiu de tua filha” (Marcos 7.29).</p><p>A mulher cananeia expressou tanta fé na capacidade e no poder</p><p>do Senhor Jesus que até mesmo Ele apreciou tamanha confiança. Ela</p><p>ultrapassou o Seu silêncio, argumentou em cima da Sua afirmação e</p><p>ainda considerou tanto a grandeza do Salvador que creu que as Suas</p><p>“migalhas” de poder já seriam suficientes para salvar a sua filhinha.</p><p>Os dramas de hoje</p><p>Quanta gente vive dramas como os desta mulher! Dramas que levam</p><p>as pessoas a um profundo e contínuo sofrimento físico, emocional</p><p>e espiritual. Os ataques malignos envolvem todas as áreas da vida</p><p>porque o diabo sabe que, em algum momento, o ser humano pode</p><p>sucumbir. Por isso, como já dissemos, ele provoca tanta dor no lar,</p><p>discórdias familiares, complexos, traumas, vícios e suicídio.</p><p>Contudo, o resultado de uma fé que prevalece, apesar das dificul-</p><p>dades e das dúvidas, traz a resposta da parte de Deus. O testemunho</p><p>da mulher cananeia é encorajador, especialmente aos pais que lutam</p><p>diante de Deus por seus filhos. O caráter de uma mãe é universal;</p><p>ela é a base que sustenta as necessidades da sua família; porém, nem</p><p>sempre sua vontade consegue prevalecer. A história dessa mãe cana-</p><p>neia mostra que, na maioria das vezes, não se pode ajudar os filhos</p><p>em tudo o que eles precisam. Por mais excelente que seja a educa-</p><p>ção, o acompanhamento, o zelo e a proteção, nada disso é suficiente</p><p>quando há um ataque do mal. Entender isso é essencial para nos</p><p>56 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>aproximarmos de Deus e clamarmos a Ele por socorro. Foi o que</p><p>essa mãe fez, ao perceber que os seus esforços físicos e emocionais</p><p>não trariam a libertação que sua filha necessitava.</p><p>Atentar-se à formação profissional dos filhos ou ao suprimento</p><p>material de que eles precisam é uma preocupação legítima dos pais;</p><p>no entanto, esses anseios de nada adiantam sem um legado espiritual.</p><p>O zelo pela Salvação da alma deve ser a principal herança deixada</p><p>aos filhos, pois, sem ela, não apenas os anos em que eles viverão sobre</p><p>a Terra estarão comprometidos, como também toda a eternidade.</p><p>Portanto, em prol da vida eterna dos filhos e também deles próprios,</p><p>os pais devem viver, ininterruptamente, de fé em fé. Mas não uma</p><p>fé fajuta e religiosa, e sim uma fé intrépida, porque somente ela é</p><p>capaz de expulsar Satanás de qualquer lugar e de qualquer pessoa.</p><p>Sabemos que quando os espíritos malignos passam a agir na vida</p><p>de alguém, ou mesmo tomam posse do seu corpo para atormentá-lo,</p><p>a intercessão espiritual dos mais próximos se torna vital. Por isso,</p><p>quem tem um familiar nessa condição precisa estar consciente de</p><p>que somente o uso da fé aguerrida pode libertá-lo do mal.</p><p>Ainda que essa pessoa não venha ao Senhor Jesus por si mesma, ela</p><p>pode ser agraciada, se você, que lê agora este livro, for à presença de</p><p>Deus para interceder por sua alma. Essa ação de fé já é suficiente</p><p>para que o milagre aconteça. A mulher cananeia creu que, mesmo</p><p>sem o Salvador ver ou tocar em sua filha, aquele demônio sairia, e</p><p>ele saiu! Sua fé era perfeita; ou seja, ela creu na autoridade soberana</p><p>de Jesus sobre todo o inferno, sobre a vida e sobre a morte, na Terra</p><p>e no Céu, por isso foi socorrida.</p><p>Infelizmente, quem vive com os olhos e com a mente voltados</p><p>apenas para o mundo visível, para as necessidades materiais e para o</p><p>que é tangível desconhece a grande realidade do mundo espiritual,</p><p>que prevalece no mundo aparente e determina o que acontece nele.</p><p>E para tornar claro aquilo que os nossos olhos físicos não veem,</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 57</p><p>precisamos nos atentar para a Palavra de Deus, pois é nela que temos</p><p>a revelação de como as forças do mal se organizam e interagem entre</p><p>si para destruir o ser humano.</p><p>Só para lembrar esse fato, ao se rebelarem contra Deus, Lúcifer</p><p>e os anjos que o seguiram tornaram-se seres completamente profa-</p><p>nos; quer dizer, perderam toda a pureza que tinham quando foram</p><p>criados. No lugar da santidade, passaram a existir somente trevas</p><p>e maldade. E a pequena fagulha de poder que conservaram serve</p><p>para causar todo tipo de dor e sofrimento nas pessoas e no mundo.</p><p>Por exemplo, os demônios têm a capacidade de entrar em corpos</p><p>de pessoas que não têm compromisso com Deus a fim de manipu-</p><p>lá-las, conforme a vontade deles. Para que isso ocorra, basta que elas</p><p>deem uma única brecha para o mal, que pode ser uma mágoa, um</p><p>desejo de vingança, uma praga rogada, maldições proferidas ou here-</p><p>ditárias, envolvimento com a bruxaria etc. Certamente, foi uma ou</p><p>mais dessas brechas que permitiu que espíritos malignos atormentas-</p><p>sem também a vida de outras pessoas relatadas nas Escrituras, como</p><p>o mudo endemoninhado (Mateus 9.32-33), o endemoninhado cego</p><p>e mudo (Mateus 12.22), o jovem possesso (Mateus 17.14-18), o</p><p>endemoninhado de Cafarnaum (Lucas 4.31-37), entre outras.</p><p>Como você pode ver, possessões demoníacas são comuns desde</p><p>os tempos bíblicos, mas muitas pessoas ainda insistem em tratar esse</p><p>assunto como um fenômeno raro de ocorrer. Ao contrário do que</p><p>elas pensam, as possessões estão presentes atualmente. Mas, assim como</p><p>naquele tempo o Senhor Jesus não poupava esforços para libertar as</p><p>pessoas que iam até Ele, hoje o Salvador</p><p>coloca o Seu poder à disposi-</p><p>ção de todos aqueles que Lhe clamam, não importando se pertencem</p><p>a uma religião ou não são membros de alguma igreja. Portanto, mesmo</p><p>que você se sinta um “estrangeiro” no Rebanho de Deus, mesmo que</p><p>sua fé seja frágil e pequena, ainda assim há esperança para você, há</p><p>solução para o seu problema!</p><p>58 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>O Senhor Jesus veio justamente para desfazer as muitas obras do</p><p>diabo e colocar em liberdade aqueles que vivem aprisionados pelo</p><p>mal. E hoje, por meio do Seu Nome, temos como missão continuar</p><p>a Sua Obra na Terra.</p><p>Aprendemos, no dia a dia do nosso ministério, que há questões</p><p>que parecem de difícil solução para algumas pessoas, mas, na verdade,</p><p>o que existe é um demônio travando a vida delas. Quando ele é</p><p>expulso, por meio do poder de Deus, nunca mais elas sofrem com</p><p>tais problemas.</p><p>Veja que, se a atuação de um espírito maligno na vida de uma</p><p>pessoa a deixa em um estado de sofrimento terrível, imagine se ela</p><p>possuir uma legião de demônios em seu corpo! O termo "legião"</p><p>simboliza um pelotão de soldados que poderia atingir até mais de</p><p>seis mil homens. Era essa a quantidade de demônios, no mínimo,</p><p>que estava atormentando a vida de um morador de Gadara,</p><p>região que ficava na costa oriental do mar da Galileia. Logo que</p><p>o Senhor Jesus chegou a essa cidade, o gadareno possesso lhe saiu</p><p>ao encontro:</p><p>E navegaram para a Terra dos gadarenos, que está defronte da</p><p>Galileia. E, quando desceu para Terra, saiu-Lhe ao encontro, vindo</p><p>da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso</p><p>de demônios, e não andava vestido, nem habitava em qualquer</p><p>casa, mas nos sepulcros. E, quando viu a Jesus, prostrou-se</p><p>diante dEle, exclamando, e dizendo com grande voz: Que tenho</p><p>eu Contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-Te que não me</p><p>atormentes. Porque tinha ordenado ao espírito imundo que saísse</p><p>daquele homem; pois já havia muito tempo que o arrebatava. E</p><p>guardavam-no preso, com grilhões e cadeias; mas, quebrando as</p><p>prisões, era impelido pelo demônio para os desertos. E perguntou-</p><p>lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque</p><p>tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-Lhe que os não</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 59</p><p>mandasse para o abismo. E andava ali pastando no monte uma vara</p><p>de muitos porcos; e rogaram-Lhe que lhes concedesse entrar neles;</p><p>e concedeu-Lho. E, tendo saído os demônios do homem, entraram</p><p>nos porcos, e a manada precipitou-se de um despenhadeiro no lago,</p><p>e afogou-se. E aqueles que os guardavam, vendo o que acontecera,</p><p>fugiram, e foram anunciá-lo na cidade e nos campos. E saíram a ver</p><p>o que tinha acontecido, e vieram ter com Jesus. Acharam então o</p><p>homem, de quem haviam saído os demônios, vestido, e em seu juízo,</p><p>assentado aos pés de Jesus; e temeram.</p><p>Lucas 8.26-35</p><p>Perceba que o homem já não habitava com sua família, mas em</p><p>um cemitério, junto aos sepulcros escavados nas rochas. Próximo aos</p><p>túmulos, sua alma era ainda mais atormentada com o pavor da morte,</p><p>com o cheiro dos cadáveres e com a solidão do lugar. Separado de</p><p>todos que amava, aquele homem estava como um morto-vivo, por-</p><p>que é assim que o diabo age na vida de quem é dominado por ele.</p><p>O gadareno vivia nu, porque rasgava todas as roupas que lhe</p><p>davam para usar. Além disso, ele se feria e se cortava com pedras. Para</p><p>protegê-lo de si mesmo, inicialmente, tentaram contê-lo com cordas</p><p>nas mãos e grilhões de ferro nos pés, mas nada disso era suficiente</p><p>para mantê-lo preso. Tamanha força só pode ser explicada pela ação</p><p>de algo sobrenatural que o dominava no corpo e na mente.</p><p>Em relação à sua mente, esse homem possuído pelos espíritos</p><p>malignos passou a agir de forma irracional. Logo, conselhos e apelos</p><p>à sensatez não adiantavam absolutamente nada. Era preciso uma</p><p>força, também sobrenatural e superior, para que o seu problema fosse</p><p>resolvido. Neste caso, apenas o poder de Deus poderia combater a</p><p>ação do mal. Somente a autoridade da fé poderia trazer o gadareno</p><p>novamente à lucidez.</p><p>60 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Foi o que aconteceu. Ao verem o Senhor Jesus, os demônios que</p><p>estavam no corpo daquele homem se puseram de joelhos diante</p><p>dEle, porque sabiam que ali, à sua frente, estava Aquele que tinha</p><p>TODO o poder sobre eles. Portanto, não lhes restavam alternativas</p><p>senão se submeterem à Sua autoridade.</p><p>O diabo sabe que o Senhor Jesus salva os homens de suas mazelas</p><p>e os atende, mesmo que seja o mais simples pedido de ajuda feito</p><p>com fé. No entanto, Satanás nunca será salvo da sua condenação já</p><p>decretada. Ele também sabe que, em qualquer embate contra Deus</p><p>ou contra os Seus filhos, sairá derrotado. E ainda que aja com a</p><p>máxima crueldade contra alguém, como fez com o gadareno, será</p><p>expulso por um poder infinitamente maior que o seu.</p><p>Após sua libertação, o gadareno sentou-se aos pés de Jesus. Agora,</p><p>ele estava vestido e seu comportamento era de um homem sereno,</p><p>ordeiro e são, no corpo e na alma. Sua posição, tão próxima ao Salvador,</p><p>revela o quanto a sua mente havia voltado ao pleno juízo, pois ele</p><p>estava como um discípulo, sedento para receber os Seus ensinamentos.</p><p>Que diferença! Dos túmulos para os pés de Jesus. Da loucura para</p><p>a sensatez. Da inutilidade para o serviço ao Evangelho. Da morte</p><p>para a vida. Essa é a poderosa transformação que acontece na vida</p><p>de quem se encontra com o Senhor Jesus! Ninguém precisa con-</p><p>tinuar sendo vítima do diabo, porque temos, no poder de Deus, a</p><p>oportunidade para ter a mudança do coração e da mente. Em Seu</p><p>poder, há eficácia absoluta para a cura do corpo e da alma. Para o</p><p>nosso Senhor, ninguém é um caso perdido, ninguém é insuportável,</p><p>desprezado ou está destinado a sofrer para sempre. Como Ele mesmo</p><p>diz: “(...) eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (João</p><p>10.10). E essa promessa é para todos os que manifestarem fé nEle.</p><p>Este foi o grande motivo de o Pai ter enviado o Seu Filho</p><p>ao mundo: esmagar a cabeça da serpente e dar armas espirituais</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 61</p><p>ao homem para que também faça o mesmo. O Senhor Jesus não</p><p>veio fundar uma religião, muito menos ensinar dogmas e rituais às</p><p>pessoas, mas veio dar vida, e vida com plenitude. Suas bênçãos são</p><p>sempre transbordantes e excedem a expectativa humana por causa</p><p>da Sua grandeza e bondade.</p><p>Enquanto os homens são impotentes diante do caos que o inferno</p><p>causa, o Altíssimo, do caos, traz o Céu para dentro de quem crê. Mas</p><p>vale ressaltar que somente quem tem a fé intrépida traz essa realidade</p><p>para si. Somente a fé arrojada proporciona um mundo onde os demô-</p><p>nios não mais reinam nem tripudiam em cima dos seres humanos.</p><p>Somente quem crê, de fato, no Senhor Jesus e vive em obediência a</p><p>Ele vence a guerra invisível que é travada no campo espiritual.</p><p>Obviamente, não podemos generalizar, dizendo que todas as situa-</p><p>ções ruins são causadas por demônios, como algumas enfermidades</p><p>provenientes de negligência com a saúde, certas dificuldades financei-</p><p>ras causadas pelo mau uso dos rendimentos, determinados problemas</p><p>de relacionamento devidos ao mau uso das palavras etc. Nesses casos,</p><p>é preciso usar a sabedoria para resolver tais imbróglios desnecessários.</p><p>No entanto, não podemos deixar de mencionar que há um</p><p>número enorme de pessoas internadas em clínicas médicas, que</p><p>estão há anos sendo medicadas sem ao menos terem um diag-</p><p>nóstico de sua enfermidade. Há quem esteja, também, por longo</p><p>tempo se submetendo a intermináveis tratamentos psiquiátricos</p><p>que sequer conseguem amenizar os sintomas que apresentam.</p><p>Outros, ainda, que vivem atormentados pelo forte desejo de suicí-</p><p>dio ou pela depressão, quando, na verdade, há um mal por trás disso.</p><p>Sem contar nos inúmeros distúrbios desconhecidos pela medicina</p><p>que são provenientes do campo espiritual, os quais levam seus</p><p>portadores a sofrer e morrer sem saber que estão sendo vítimas</p><p>de uma investida maligna!</p><p>62 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Essas são algumas das ações do diabo, e o seu objetivo é levar a</p><p>alma da pessoa que está longe de Deus ao tormento eterno. Antes,</p><p>porém, ele rouba a sua paz e mata o seu corpo (João 10.10). No</p><p>entanto, quem age a fé no Senhor Jesus tem o poder de aniquilar</p><p>todo o mal causado pelo inferno.</p><p>Tudo é possível ao que crê</p><p>Enquanto o Senhor Jesus caminhava de aldeia em aldeia, em Israel,</p><p>não somente os doentes eram curados, mas também as pessoas cativas</p><p>por espíritos imundos eram completamente libertas. Se havia dúvi-</p><p>das entre os judeus se Jesus era Quem dizia ser, Satanás sabia bem</p><p>que Ele era o Filho de Deus, e por isso se curvava; afinal, entendia</p><p>que não podia e não pode permanecer de pé diante dEle.</p><p>E os espíritos imundos vendo-O, prostravam-se diante dEle, e</p><p>clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus.</p><p>Marcos 3.11</p><p>Os discípulos, no desempenho da missão de evangelizar, expulsa-</p><p>ram também muitos demônios das pessoas, pois não bastava apenas</p><p>pregar as Boas-Novas para elas, era preciso mostrar-lhes os sinais do</p><p>poder de Deus. Aqueles que estavam afligidos pela ação dos espíritos</p><p>malignos eram libertos imediatamente, porque o Reino de Deus</p><p>é completo. Portanto, quando o Reino nos alcança, nos tornamos</p><p>favorecidos em todas as áreas da vida, principalmente naquelas onde</p><p>Satanás mais nos atingiu.</p><p>Os casos de possessão maligna eram e são abundantes, mas citare-</p><p>mos mais um para elucidar ainda mais a forma como o diabo pode</p><p>agir na vida das pessoas, até mesmo na de uma criança. As Escrituras</p><p>Sagradas revelam a possessão de um rapaz que começou a sofrer</p><p>ataques demoníacos desde a sua infância. Veja:</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 63</p><p>(...) Mestre, trouxe-Te o meu filho, que tem um espírito mudo; e</p><p>este, onde quer que o apanhe, despedaça-o, e ele espuma, e range</p><p>os dentes, e vai definhando; e eu disse aos Teus discípulos que o</p><p>expulsassem, e não puderam. E Ele, respondendo-lhes, disse: Ó</p><p>geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos</p><p>sofrerei ainda? Trazei-Mo. E trouxeram-Lho; e quando Ele o viu,</p><p>logo o espírito o agitou com violência, e, caindo o endemoninhado</p><p>por terra, revolvia-se, espumando. E perguntou ao pai dele: Quanto</p><p>tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-Lhe: Desde a infância.</p><p>E muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir;</p><p>mas, se Tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e</p><p>ajuda-nos. E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao</p><p>que crê. E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse:</p><p>Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade. E Jesus, vendo que</p><p>a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe:</p><p>Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais</p><p>nele. E ele, clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o</p><p>menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava</p><p>morto. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.</p><p>Marcos 9.17-27</p><p>Vemos aqui o desespero de um pai que estava impotente diante</p><p>de uma “doença” que, dia e noite, fazia o seu único filho definhar.</p><p>Além de interromper a fala e a audição do jovem, esse demônio</p><p>provocava convulsões e colocava a vida dele em risco, atirando-o</p><p>por vezes no fogo, por vezes na água, para matá-lo.</p><p>Depois de anos na luta para solucionar o problema, aquele pai</p><p>apelou à última instância: o Senhor Jesus. Quando o rapaz ficou</p><p>diante dEle, teve um novo e violento ataque porque, a partir daquele</p><p>momento, o mal sabia que se aproximava o fim do cativeiro em que</p><p>ele era o cruel algoz. Assim, reuniu todas as suas forças para tentar</p><p>matar aquele jovem.</p><p>64 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>A fúria desse espírito maligno se assemelha à ira que Satanás teve</p><p>quando desceu do Céu, ao ser expulso por Deus. Ele e todos os seus</p><p>demônios nutrem continuamente esse ódio; por isso, querem atingir</p><p>o ser humano, a razão do amor de Deus. Para isso, chegam cada vez</p><p>mais cedo na vida das pessoas, muitas vezes, desde o ventre de suas</p><p>mães, provocando destruição e pavor.</p><p>Diante desse quadro, penso na dor que o nosso Senhor sentiu ao</p><p>ver aquele rapaz, criado à imagem e semelhança de Deus, jogado</p><p>ao chão, em total estado de miséria, humilhação e dor. Mas todo</p><p>esse sofrimento teve um fim quando aquele espírito maligno, que</p><p>parecia ser tão resistente e dominador, perdeu a sua força perante</p><p>o Filho de Deus.</p><p>Veja como era algo completamente espiritual: o rapaz sofria de</p><p>surdez causada por um demônio, mas ele ouviu perfeitamente a</p><p>Voz do Senhor Jesus, que ordenou a saída completa do mal que</p><p>atormentava a sua vida: “Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: Sai dele,</p><p>e não entres mais nele.”</p><p>Assim como o Senhor Jesus ordenou, se fez, e aquele jovem se</p><p>levantou do chão completamente curado e liberto do mal. Então,</p><p>por mais que Satanás seja audacioso, sagaz e persistente, Jesus é infi-</p><p>nitamente maior para nos livrar de suas garras. Absolutamente nada</p><p>nem ninguém pode resistir ao Seu poder!</p><p>Aqueles que supõem que Satanás diminuiu sua ação, já não influen-</p><p>cia tanto as pessoas e não toma posse de seus corpos para destruí-las</p><p>têm muito a aprender com esses ensinamentos. Porque o diabo não</p><p>mudou, mas continua sendo o acusador, o difamador e o inimigo de</p><p>Deus e de nossas almas. Por isso, o Senhor Jesus Se empenhou em</p><p>mostrar não somente a existência de Satanás, mas, sobretudo, a forma</p><p>organizada como ele atua para atingir seus objetivos.</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 65</p><p>Reino dividido</p><p>Numa certa ocasião em que o Senhor libertava os endemoninhados,</p><p>os fariseus começaram a questioná-Lo acerca da Sua autoridade e</p><p>do Seu poder. Muitos O acusavam de mandar os espíritos imun-</p><p>dos embora pelo poder de Belzebu (Satanás), mas isso foi refutado</p><p>imediatamente pelo Mestre, ao afirmar que nenhum reino dividido</p><p>pode prevalecer. Em outras palavras, somente Alguém acima dos</p><p>demônios pode expulsá-los, e não outro espírito maligno. Partindo</p><p>desse princípio, o nosso Senhor disse que a chegada do Reino</p><p>de Deus é marcada pelo poder de subjugar o diabo e vencer o</p><p>seu reino por meio, unicamente, do “dedo de Deus”, ou seja, pelo</p><p>Seu Espírito. Repare no Texto:</p><p>(...) Todo o reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e uma</p><p>casa, dividida contra a própria casa, cairá. E, se também Satanás</p><p>está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois</p><p>dizeis que Eu expulso os demônios por Belzebu. E, se Eu expulso os</p><p>demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Eles,</p><p>pois, serão os vossos juízes. Mas, se Eu expulso os demônios pelo</p><p>dedo de Deus, certamente a vós é chegado o Reino de Deus.</p><p>Lucas 11.17-20</p><p>O Senhor Jesus continua o Seu ensino, mostrando que Satanás</p><p>trabalha muito bem armado e articulado em seus atos:</p><p>Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está</p><p>tudo quanto tem; mas, sobrevindo outro mais valente do que ele,</p><p>e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e</p><p>reparte os seus despojos.</p><p>Lucas 11.21-22</p><p>66 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Veja que o Senhor Jesus compara o diabo a esse valente, que</p><p>protege, armado, a sua casa. Podemos entender essa “casa” como as</p><p>pessoas que estão sob o seu poder e o mundo que ele usurpou de</p><p>Deus para dominar. Satanás trata como “seus bens” tudo aquilo que</p><p>rouba, como a paz, a saúde, a prosperidade, a alegria, o prazer de</p><p>viver e a alma das pessoas. Já as armas que o diabo e os seus demô-</p><p>nios usam nessa guerra espiritual contra o ser humano são os seus</p><p>dardos inflamados e as suas múltiplas artimanhas. Para vencer esse</p><p>“valente”, só há um jeito: alguém mais valente que ele. Nesse caso,</p><p>esse Valente é o Senhor Jesus, o Único capaz de desarmar Satanás,</p><p>quebrar todas as suas forças e colocar a salvo aqueles que vivem</p><p>aprisionados em suas mãos.</p><p>Esse poder extraordinário de combater as trevas e desfazer as</p><p>obras de Satanás nos foi concedido por intermédio</p><p>da autoridade</p><p>do Nome de JESUS. Isso significa que nenhum servo de Deus</p><p>precisa viver debaixo da tirania do mal, pois temos acesso a uma</p><p>arma espiritual infalível: o Nome de Jesus. Temos em Seu Nome</p><p>uma infinita possibilidade de bênçãos, além de poder, não apenas</p><p>para sermos salvos, mas também para sermos curados e libertos, e para</p><p>subjugarmos todo o inferno.</p><p>E, chegando-Se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-Me dado todo o poder</p><p>no Céu e na Terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,</p><p>batizando-os em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.</p><p>Mateus 28.18-19</p><p>E tudo quanto pedirdes em Meu Nome Eu o farei, para que o</p><p>Pai seja glorificado no Filho.</p><p>João 14.13</p><p>Cabe ao servo de Deus ser mais valente que Satanás, por inter-</p><p>médio do poder do Espírito Santo que habita nele. Quem tem Esse</p><p>Tesouro já foi devidamente habilitado para sobrepor o inferno e tirar</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 67</p><p>os sofridos das garras do diabo, exatamente como fez o Senhor Jesus.</p><p>Mas, para isso, tem de haver luta! Tem de batalhar! Tem de se dedicar</p><p>de corpo, alma e espírito! A vitória sobre o mal não é automática e</p><p>não se faz na base de mágica, mas do sacrifício da fé.</p><p>Fé e incredulidade</p><p>A incredulidade é a única barreira que pode impedir a ação de</p><p>Deus em nossa vida. Por isso, antes da libertação do jovem ende-</p><p>moninhado, Jesus falou sobre a fé. Depois de ser repreendido pelo</p><p>Senhor, aquele pai, que se mostrava vacilante em sua fé, foi sincero</p><p>em pedir ajuda para crer da forma como Deus determina.</p><p>(...) mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e</p><p>ajuda-nos. E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao</p><p>que crê. E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu</p><p>creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade.</p><p>Marcos 9.22-24</p><p>Por mais que o Altíssimo tenha todo o poder e queira nos aben-</p><p>çoar, Ele nada vai nos dar se não enxergar em nós uma fé firme e</p><p>um espírito disposto a crer.</p><p>A incredulidade estava ligada à geração daquela época. Por exem-</p><p>plo, os escribas e demais religiosos, além de zombarem da fé em</p><p>Jesus, ridicularizavam os discípulos, que não conseguiam expulsar</p><p>os espíritos. Já os discípulos, depois de muito tentarem, se viram</p><p>incapazes de libertar aquele jovem. E o pai deste, consequentemente,</p><p>demonstrava pouca confiança na capacidade de Jesus em resolver o</p><p>problema. Sua frase: “Se Tu podes fazer alguma coisa” já mostra o nível</p><p>de fé daquele homem.</p><p>68 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Imagine alguém chegar diante de Quem tem um inesgotável</p><p>poder, inclusive sobre a vida e a morte, e perguntar se Ele “pode”</p><p>fazer uma pequena coisa! Nisso, vemos que a raiz de todos os</p><p>problemas do ser humano está na incredulidade e, por causa dela,</p><p>o diabo tem conseguido agir e destruir muita gente. Há incre-</p><p>dulidade entre os descrentes confessos, mas há também muita</p><p>incredulidade entre cristãos que professam a fé no Evangelho. Por</p><p>isso, mesmo conhecendo tanto as numerosas promessas bíblicas,</p><p>vivem uma vida aquém do que Deus promete. Essa incredulidade</p><p>ofende a Deus na Sua essência, e o homem torna-se indesculpável</p><p>quando não dá crédito à Palavra dAquele que é fiel e justo.</p><p>Como não confiar em Quem não há variação de caráter, tempe-</p><p>ramento ou poder? Como você se sente quando diz alguma coisa,</p><p>e as pessoas que o ouvem não dão crédito às suas palavras? Sei que</p><p>isso não é uma experiência nada agradável, porque todos querem</p><p>ser levados a sério. Imagine então que afronta é para Deus ver o</p><p>homem duvidando dEle! Em contrapartida, quem crê honra o Pai,</p><p>o Filho e o Espírito Santo, pois confia que se fará exatamente aquilo</p><p>que está prometido em Sua Palavra.</p><p>Assim, a fé é uma virtude poderosa, capaz de trazer a onipotência</p><p>de Deus a nós. É ela que traz o Céu à Terra. Por esse motivo, o diabo</p><p>deseja miná-la da nossa vida. Todo mundo possui uma medida de</p><p>fé dentro de si, pois nascemos com essa capacidade de crer, mesmo</p><p>aqueles que dizem que não a possuem.</p><p>Ainda que você diga que a sua fé é frágil, ela é poderosa para</p><p>destruir as fortalezas do diabo e mudar o rumo de tudo o que tem</p><p>acontecido com você, basta decidir usá-la. Você pode testar sua fé</p><p>agora mesmo, invocando o Nome de Jesus a fim de receber resposta</p><p>para a sua maior necessidade. Se deixar essa pequena fé ser a fé que</p><p>Deus busca, Ele virá até você, mostrando que é o Todo-Poderoso</p><p>das Sagradas Escrituras que você, tantas vezes, já ouviu falar.</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 69</p><p>Assim como numa guerra física as nações não podem ser neutras,</p><p>mas precisam escolher um lado, no campo espiritual também não</p><p>há neutralidade. Deus não aceita indefinição. É a Sua Palavra que</p><p>mostra isso: luz ou trevas; vida ou morte; bem ou mal; santo ou</p><p>profano; quente ou frio; Céu ou inferno; justificação ou condenação</p><p>etc. Portanto, não há possibilidade de ficar na coluna do meio. Nin-</p><p>guém pode ser “meio-barro, meio-tijolo” na fé. Por isso, o Senhor</p><p>Jesus que, diga-se de passagem, nunca foi adepto ao politicamente</p><p>correto e à hipocrisia de ficar dando voltas para falar o que precisava</p><p>ser falado, disse veementemente: “Quem não é Comigo é contra Mim;</p><p>e quem Comigo não ajunta, espalha” (Lucas 11.23).</p><p>A nossa posição diante de Deus deve ser clara e patente: não</p><p>existe “meio-cristão” ou simpatizante de Jesus. Ou você pertence</p><p>a Ele ou pertence ao diabo. Ou você luta pela causa do Evangelho</p><p>ou está contra o Evangelho.</p><p>De que lado você está?</p><p>Como o diabo interfere</p><p>na mente humana</p><p>Trabalhamos com pessoas diariamente; por isso sabemos,</p><p>na prática, qual é a função do pastor. O ministério pastoral não é um</p><p>encargo solitário, como de quem vive num monastério meditando</p><p>todo o tempo, e sim um chamado de dedicação ao Reino de Deus.</p><p>Ouvimos, nos atendimentos pastorais, atrocidades que, para mim,</p><p>até então com 74 anos de idade, eram inimagináveis. Podemos dizer</p><p>que temos visto os “intestinos” da sociedade, pois a aparente alegria</p><p>que a modernidade vende ao ser humano traz embutida, em cada</p><p>escolha, um alto preço de sofrimento a se pagar. Primeiro o prazer,</p><p>mas, em seguida, vem a dor.</p><p>Já vimos milhares de famílias destruídas: de pais desesperados</p><p>porque perderam seus filhos para as drogas, para a promiscuidade</p><p>ou para o crime; até pessoas que sofreram abusos físicos, verbais ou</p><p>emocionais na própria casa. E podemos afirmar, categoricamente,</p><p>que todo esse mal tem origem na guerra espiritual iniciada no</p><p>Céu por Satanás, que se rebelou contra Deus. Temos um conflito</p><p>a travar; no entanto, não é contra carne ou sangue, ou seja, contra</p><p>pessoas, mas, sim, contra forças das trevas tremendamente cheias</p><p>de maldade e sagacidade.</p><p>72 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Ao olhar para as transformações radicais que o mundo tem pas-</p><p>sado, você pode pensar que tudo isso tem acontecido por mera</p><p>casualidade. Mas a verdade é que existe uma guerra de reinos sendo</p><p>travada. O reino das trevas tem se levantado com muito mais ímpeto,</p><p>especialmente nas últimas décadas, para arruinar tudo o que foi edi-</p><p>ficado por Deus para a sociedade. Porém, a maioria das pessoas não</p><p>consegue identificar o passo a passo do mal. Os espíritos imundos</p><p>causam doenças, brigas, acidentes e outros problemas para a vida das</p><p>pessoas, mas o maior objetivo deles é trabalhar para torná-las estúpi-</p><p>das, cegas e rebeldes, a fim de que a luz da Verdade não resplandeça</p><p>sobre elas. Nossa luta, portanto, é travada contra seres invisíveis,</p><p>mentirosos e extremamente hábeis na falsidade e no engano.</p><p>O retorno de Jesus se aproxima a passos largos, e graças ao</p><p>Senhor por isso! Então, Satanás tem pressa; afinal, ele sabe que</p><p>pouco tempo lhe resta para agir na Terra. Quanto mais os dias</p><p>passam, mais ele se enfurece por saber que sua condenação está</p><p>perto de acontecer. Diante disso, ele usa contra a nossa geração as</p><p>“armas” mais “letais” que possui, em especial aquelas que atingem</p><p>a nossa mente. Mudar a forma de as pessoas verem</p><p>o mundo, o</p><p>pecado e a Deus são maneiras que o diabo encontra de dominar</p><p>o maior número de pessoas de uma única vez.</p><p>Por esse motivo, temos observado um colapso na humanidade.</p><p>Não há um campo em que o diabo não esteja trabalhando com</p><p>crueldade. A degradação espiritual, moral e familiar é vista tanto nos</p><p>países de primeiro mundo como nos mais pobres. Exemplos disso</p><p>não faltam: avalanches de divórcios; inúmeros movimentos em prol</p><p>da “liberdade” sexual; atos de violência descomunal; apelo excessivo</p><p>ao consumismo; esfriamento do amor, em todos os sentidos; dissen-</p><p>sões entre irmãos da mesma fé etc.</p><p>Portanto, a pior guerra que enfrentamos não é a armada e</p><p>não envolve quartéis, mísseis ou carros blindados. Essa batalha,</p><p>CAPÍTULO 5 - Como o diabo interfere na mente humana 73</p><p>nitidamente declarada, trata-se da luta contra criaturas espirituais</p><p>das trevas que agem em oculto.</p><p>A pauta do inferno é enfraquecer os valores Divinos, morais e</p><p>éticos a fim de atingir a fé, a família e a Igreja. Por isso, há um ataque</p><p>maciço às virtudes e à decência. E engana-se quem pensa que vai parar</p><p>por aqui. O mal não sossegará até que grande parte das pessoas veja o</p><p>que é nocivo, perverso e imoral como algo bom, normal e aceitável.</p><p>Para dar voz a esse movimento de ridicularização a Deus e aos</p><p>Seus ensinamentos, o diabo usa o que for preciso, como a TV, o</p><p>cinema, a literatura, a internet, a música e os sistemas de ensino. Sua</p><p>tática é fazer com que um determinado comportamento, uma ideia</p><p>ou filosofia, oriundos dele, sejam aceitos por meio da repetição, até</p><p>que ninguém mais discorde. Então, ele faz com que o pensamento</p><p>que ele deseja implementar nas pessoas esteja dia e noite no ar, por</p><p>intermédio da mídia, das novelas, das propagandas, das discussões</p><p>acadêmicas, dos artistas ditos “progressistas” etc. Mas, na realidade,</p><p>tudo isso é instrumento do mal para a difusão de seus conceitos</p><p>para a humanidade.</p><p>Não é exatamente isso que temos visto acontecer com tantas novas</p><p>ideias e pensamentos que têm transformado o mundo no que está hoje?</p><p>As muitas ideologias que têm surgido e que são totalmente con-</p><p>trárias a Deus não são meras coincidências e não surgiram ao acaso</p><p>na mente humana. Antes, tratam de uma estratégia do inferno para</p><p>provocar uma mudança na mentalidade das pessoas. Assim, elas pas-</p><p>sam a ter os mesmos pensamentos do anticristo, sem que se deem</p><p>conta disso. Dessa forma, quando chegar o momento de se colocar</p><p>a marca da besta nas pessoas, elas não verão esse ato como algo ruim</p><p>ou estranho, pois suas mentes já estarão completamente obscurecidas</p><p>contra a Verdade.</p><p>74 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>A quem interessa a destruição da família?</p><p>Os valores que fundamentam a nossa sociedade foram firmados</p><p>sobre os princípios revelados no Antigo e no Novo Testamento das</p><p>Escrituras Sagradas. Nenhum povo pode ser bem-sucedido se não</p><p>considerar esses valores, principalmente, no que diz respeito à família.</p><p>Veja que, para formar a nação de Israel, o Todo-Poderoso tomou</p><p>Abraão e Sara, e disse que o Pacto da Salvação, firmado com eles,</p><p>proporcionaria bênção para todas as famílias da Terra:</p><p>(...) e em ti serão benditas todas as famílias da Terra.</p><p>Gênesis 12.3b</p><p>Isso quer dizer que o Senhor estabeleceu a família como fonte</p><p>de bênção e como uma instituição que preserva a fé, a segurança e</p><p>o desenvolvimento de tudo aquilo que o ser humano precisa para</p><p>crescer de forma correta e saudável.</p><p>Vemos a importância da família ao observamos que ela foi criada</p><p>na formação de Adão e Eva, pois o Senhor quer ser Deus não ape-</p><p>nas de uma pessoa, mas da família dela também, como Ele mesmo</p><p>disse em Jeremias:</p><p>Naquele tempo, diz o Senhor, serei o Deus de todas as famílias</p><p>de Israel, e elas serão o Meu povo.</p><p>Jeremias 31.1</p><p>Por isso, ao atacar a família e desestruturar os lares, o diabo</p><p>consegue abrir feridas na alma do homem que, dificilmente, serão</p><p>reparadas. Não são raros os casos de pessoas que viveram em lares</p><p>destruídos e, por conta disso, se degradaram moral e fisicamente</p><p>ao se envolverem na marginalidade ou nos vícios.</p><p>CAPÍTULO 5 - Como o diabo interfere na mente humana 75</p><p>Satanás sabe que o ser humano precisa de uma família, pois é</p><p>pouco provável que consiga se desenvolver de forma saudável sozi-</p><p>nho. Sem alguém que o auxilie, dificilmente aprenderá, por exem-</p><p>plo, os valores espirituais e morais que normalmente recebemos na</p><p>infância. Além disso, terá mais dificuldade de encontrar seu propósito</p><p>de vida e de enxergar todo o seu potencial.</p><p>Mas não é só a família que tem sofrido pesados e constantes</p><p>ataques do mal. A ação do diabo tem se estendido ainda às demais</p><p>áreas da vida humana a fim de que seus “argumentos”, contrários à</p><p>Palavra de Deus, se estabeleçam na mente das pessoas. Satanás vem</p><p>criando, ao longo dos anos, “antídotos” para neutralizar a fé nas</p><p>Escrituras e afastar, cada vez mais, o homem do Altíssimo.</p><p>Vamos listar alguns deles:</p><p>1. “Não foi Deus quem criou tudo o que existe.” Isso é o</p><p>que o diabo fala, mas o que a Bíblia registra sobre isso? As Sagradas</p><p>Escrituras revelam que Deus é o Autor da Criação. É por isso que</p><p>a nossa fé se apoia no criacionismo: “No princípio CRIOU Deus os</p><p>Céus e a Terra” (Gênesis 1.1).</p><p>Nesse pequeno trecho, a Bíblia já mostra a poderosa existência</p><p>do Altíssimo; logo, refuta o ateísmo. Ao mesmo tempo, declara que</p><p>o Todo-Poderoso é o Único Deus, o que exclui a possibilidade de</p><p>haver outros.</p><p>Só mesmo a mente brilhante do Senhor pode explicar que tudo</p><p>o que existe se originou a partir do nada. Contudo, o “antídoto”</p><p>criado para se opor a esta Verdade é o evolucionismo. Desde então,</p><p>a ideia de que o universo foi formado com o Big Bang e que tudo</p><p>o que é necessário para a sobrevivência na Terra, como a água, o</p><p>ar, a natureza etc., surgiu deste acaso, caiu no agrado do público.</p><p>Mas, como trocar a afirmação dada pelo próprio Criador por meras</p><p>76 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>teorias que não se sustentam? Isso só tem sido possível porque o</p><p>mal tem trabalhado fortemente na mente de crianças, adolescentes</p><p>e jovens, nas escolas e nas universidades, trazendo, com isso, grande</p><p>conflito, dúvida e afastamento do verdadeiro Criador.</p><p>2. “O ser humano evoluiu a partir do macaco.” Essa é outra</p><p>falácia diabólica. A cultura moderna prega, por meio dos seus agentes,</p><p>que o macaco e o homem surgiram de um ancestral comum, pois</p><p>fazem parte de uma evolução de espécie. Afirmações como essas são</p><p>baseadas apenas em teorias e não possuem evidências de que isso, de</p><p>fato, ocorreu. Poderíamos usar os mais inteligentes argumentos de</p><p>estudiosos, pesquisadores e cientistas que rechaçam essas ideias, mas,</p><p>como não é esse o nosso objetivo, deixaremos apenas duas simples</p><p>perguntas para a sua reflexão:</p><p>Se a vida humana, fascinante e complexa como é, surgiu de um</p><p>processo evolutivo ocorrido por milhões de anos, por que não há</p><p>um sinal sequer de que o nosso corpo continua evoluindo para</p><p>sabe-se lá mais o quê?</p><p>Qual é o animal, além do homem, que possui o senso de justiça</p><p>e juízo? Digo isto porque tais características não vieram do acaso, e</p><p>também não estão presentes somente no ser humano, por um acidente.</p><p>No Texto Sagrado, temos a descrição exata da criação do homem</p><p>e da mulher e a divisão dos seus respectivos papéis dentro da família:</p><p>E disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a</p><p>Nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as</p><p>aves dos Céus, e sobre o gado, e sobre toda a Terra, e sobre todo</p><p>o réptil que se move sobre a Terra. E criou Deus o homem à Sua</p><p>imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.</p><p>Gênesis 1.26-27</p><p>CAPÍTULO 5 - Como o diabo interfere na mente humana 77</p><p>Mais uma vez, portanto, somente a mente inteligente do Altíssimo</p><p>poderia criar um ser dotado de tão grande inteligência também.</p><p>Não faz sentido a vida ter surgido de alguma coisa sem que tenha</p><p>havido a intervenção de alguém superior para isso. Se até mesmo</p><p>os objetos que usamos no dia a dia foram</p><p>frutos da criação de um</p><p>desenvolvedor que se pôs a trabalhar, por que acreditar que o uni-</p><p>verso e a vida são frutos do acaso? Basta olhar agora para a compo-</p><p>sição extraordinária que o seu corpo possui para concluir que ele</p><p>só pode ser proveniente de um extraordinário Criador!</p><p>3. “O ser humano deve conquistar sua liberdade sexual.”</p><p>A mais nova mentira do diabo envolve a sexualidade humana. A</p><p>relativização do sexo, ou do amor, tem mudado o conceito de casa-</p><p>mento, e agora a prática sexual não tem se restringido somente a</p><p>homem e mulher, mas cada qual tem buscado o prazer na forma</p><p>como bem entende. A Bíblia, porém, revela que a instituição do</p><p>casamento é uma aliança sagrada entre homem e mulher:</p><p>Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.</p><p>Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua</p><p>mulher, e serão os dois uma carne; e assim já não serão dois, mas</p><p>uma carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.</p><p>Marcos 10.6-9</p><p>Contudo, têm sido cada vez mais recorrentes notícias de pessoas</p><p>que “se casam” com bonecas, robôs e até árvores! Este foi o caso</p><p>de um homem que se apaixonou por uma árvore e quis se unir</p><p>legalmente a ela. “Matrimônios” inexplicáveis como esse e outros</p><p>absurdos contrariam a inteligência humana, e o pior é que ninguém</p><p>pode, sequer, tentar ajudar as pessoas envolvidas nessas situações</p><p>porque serão tachadas de preconceituosas por não respeitarem as</p><p>escolhas alheias.</p><p>78 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Vemos, portanto, que descasar virou moda, a ponto de as pessoas</p><p>dizerem que casamento é só um papel sem valor. Leis foram criadas</p><p>em todo o mundo para facilitar o casamento e também o divórcio,</p><p>banalizando, assim, aquilo que Deus instituiu.</p><p>4. “Pai e mãe não devem se meter nas vontades dos filhos.”</p><p>Esse engano do mal tem levado muitos jovens a caminhos pratica-</p><p>mente irreversíveis. Além disso, contraria um dos Mandamentos mais</p><p>poderosos do Decálogo: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolon-</p><p>guem os teus dias na Terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êxodo 20.12).</p><p>Esse é o primeiro Mandamento com promessa, mas as pessoas o</p><p>têm ignorado. Ao estabelecer o respeito entre filhos e pais, o Senhor</p><p>mostra que, na Terra, eles O representam, por isso a irreverência, a</p><p>desobediência e a grosseria contra os pais são consideradas pecados.</p><p>Quem se rebela contra aqueles que os criou, na verdade, se rebela</p><p>contra o próprio Deus. Mas não é isso que mostram os filmes e as</p><p>séries de TV.</p><p>Cada vez mais, na ficção, filhos bons e obedientes são tidos como</p><p>bobos e ultrapassados. Já os pais são vistos como autoritários, opres-</p><p>sores e retrógrados. E com a repetição constante dessa imagem dis-</p><p>torcida na TV, na internet e até nos livros, o diabo tem alcançado o</p><p>seu objetivo.</p><p>Em muitos países, esse pensamento está tão difundido que as</p><p>pessoas são incentivadas a denunciar os pais que tentam corrigir</p><p>seus filhos até mesmo com pequenos atos de correção. Portanto,</p><p>está havendo uma tentativa desenfreada, e talvez sem volta, de acabar</p><p>com a autoridade dos pais sobre os filhos e de transformar a família</p><p>numa grande confusão.</p><p>Está explícito que a cultura moderna trabalha para que a edu-</p><p>cação familiar seja cada vez mais liberal e gere uma relação de</p><p>CAPÍTULO 5 - Como o diabo interfere na mente humana 79</p><p>igualdade entre pais e filhos, opondo-se ao Mandamento Divino</p><p>de que os filhos devem honrar e obedecer aos seus pais. Quando se</p><p>remove a autoridade no seio familiar, se enfraquece a capacidade dos</p><p>pais de colocar limites, criando, com isso, uma geração debilitada,</p><p>que não sabe lidar com as frustrações. Um simples “não” ou uma</p><p>rejeição na escola tem sido suficiente para provocar traumas, fobias,</p><p>abandono escolar, rebeldia, vingança e até assassinatos em massa.</p><p>É claro que a obediência a que estamos nos referindo deve estar</p><p>dentro do que é correto, porque, se os pais ordenam que o filho</p><p>faça algo ruim, como mentir ou cometer outros erros, isso não deve</p><p>ser considerado.</p><p>5. “Você é livre para fazer o que quer e ninguém tem</p><p>nada a ver com isso!” Essa é uma típica frase que, embora soe</p><p>muito bem aos ouvidos e agrade ao coração, é totalmente ilusória.</p><p>Deus presenteou o ser humano com o livre-arbítrio, dando a ele</p><p>a perfeita liberdade; contudo, o ensinou a exercê-la com temor</p><p>e responsabilidade:</p><p>Não erreis: Deus não se deixa escarnecer (zombar); porque tudo</p><p>o que o homem semear, isso também ceifará (colherá). Porque o</p><p>que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que</p><p>semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.</p><p>Gálatas 6.7-9</p><p>O diabo, porém, prega a liberdade inconsequente, que não ava-</p><p>lia o que os atos humanos podem gerar ao próprio homem e ao</p><p>seu próximo. Quem já não ouviu a famosa filosofia da “felicidade</p><p>imediata”, tão difundida por pessoas influentes, que diz: “Viva o</p><p>agora e seja feliz!”? Em outras palavras, “Não importa o que você</p><p>esteja fazendo, se isso o(a) deixa satisfeito(a) ou feliz, vá em frente!”</p><p>Mas isso é um tremendo engano! Pois as pessoas estão indo em busca</p><p>do prazer usando a liberdade para viver na devassidão moral, nos</p><p>80 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>vícios, na promiscuidade, na mentira e em toda espécie de pecados,</p><p>sem pensar nas consequências futuras. Muitas tragédias têm acon-</p><p>tecido por causa disso, como os crimes passionais frequentemente</p><p>noticiados, culminando com o pior de todos os resultados: a perda</p><p>da Salvação da alma.</p><p>E o pior de tudo é que, mesmo cometendo muitas “burradas” e</p><p>sofrendo bastante, muitas pessoas ainda dizem com orgulho: “Eu não</p><p>me arrependo de nada, pois fiz tudo o que tive vontade!”. Pensa-</p><p>mentos diabólicos como esses não expressam qualquer inteligência</p><p>ou coerência, não fazem sentido, pois suscitam dor e conseguem</p><p>fazer com que o ser humano perca a visão do cuidado que se deve</p><p>ter com o destino da sua alma. Com suas mentes contaminadas pelo</p><p>ensino do diabo nestes últimos tempos, uma multidão caminha</p><p>como uma manada rumo ao sofrimento eterno.</p><p>6. “Todas as crenças agradam a Deus.” Com a mensagem de</p><p>que todos os caminhos levam a Deus, o diabo tem difundido a ideia</p><p>do pluralismo religioso, que é completamente antibíblica. A cada dia,</p><p>ele apresenta uma porta mais larga, enquanto a verdadeira “Porta”</p><p>para se chegar a Deus, que é Jesus, continua estreita (Mateus 7.13-</p><p>14). As Escrituras são claras ao anunciar que somente por meio da</p><p>fé no Filho de Deus há Salvação: “Disse-lhe Jesus: Eu Sou o Caminho,</p><p>e a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim” (João 14.6).</p><p>Esse pensamento de que todas as crenças ou todos os caminhos</p><p>levam a Deus converge em outro semelhante, que é o ecumenismo.</p><p>Em nome do respeito, da tolerância e da igualdade no campo da fé,</p><p>muitas pessoas têm se empenhado em unir crenças e religiões sob a</p><p>alegação de que devem possuir os mesmos princípios e propósitos.</p><p>A falácia é tão grande que em alguns lugares se torna ofensivo pregar</p><p>a Bíblia como ela é.</p><p>CAPÍTULO 5 - Como o diabo interfere na mente humana 81</p><p>O ecumenismo ganha força e agrada tanto à sociedade porque é</p><p>fundamentado no ideal da “paz mundial”. No entanto, Deus nunca</p><p>estabeleceu a paz e a união como meta ou recompensa para o cris-</p><p>tão, e muito menos estimulou a busca por esses objetivos a qualquer</p><p>preço. A verdadeira unidade consiste na Aliança do ser humano com</p><p>Deus. E o vínculo que sustenta essa união é o Espírito Santo, que nos</p><p>torna membros da Família Divina. Aqueles que vivem essa ligação</p><p>espiritual com o Senhor priorizam os princípios da fé, se mantêm</p><p>separados do pecado e são obedientes à Palavra de Deus. Além disso,</p><p>por terem a natureza do Alto, não vivem com hostilidades, mas,</p><p>naturalmente, transmitem a paz e a alegria que vêm do Pai.</p><p>7. “A igualdade econômica é a solução para a miséria.”</p><p>Esse é outro pensamento muito difundido por aí. No entanto, Deus</p><p>nunca estabeleceu o nivelamento econômico como princípio social.</p><p>Antes, deu autonomia para que cada um desenvolva seus</p><p>talentos por</p><p>meio do próprio trabalho. Isto é, cada pessoa deve plantar e colher os</p><p>frutos do seu esforço. Assim, a uniformidade entre as pessoas não passa</p><p>de uma grande injustiça. Não vemos na Bíblia esse tipo de princípio,</p><p>pelo contrário! Ao mostrar, em diferentes versículos, a existência</p><p>de pessoas de classes distintas, entendemos que a sociedade, desde</p><p>os tempos remotos, não é uniforme. Antes, cada um, desde sempre,</p><p>come o fruto do seu próprio suor. O apóstolo Paulo chegou a dizer</p><p>que aquele que não trabalhasse, por ociosidade, deveria perder o</p><p>privilégio de comer junto com os demais (2Tessalonicenses 3.8-12).</p><p>O que a Palavra de Deus nos estimula é a exercer misericórdia</p><p>e compaixão para com os que estão aflitos, não negando a quem</p><p>precisa o alívio do seu sofrimento (Deuteronômio 10.17-19; 24.10-</p><p>22; Tiago 1.27). Portanto, deve existir uma cooperação entre clas-</p><p>ses, e não uma divisão entre ricos e pobres, servos e estrangeiros,</p><p>viúvas e órfãos. Os registros mais antigos não apenas já mostra-</p><p>vam as diferentes camadas sociais, como também estimulavam o</p><p>82 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>desenvolvimento da comunidade e o progresso de todos por meio</p><p>do trabalho diligente.</p><p>Deus também nunca fomentou greves, rixas ou o apoderamento</p><p>do patrimônio dos outros, muito menos nos ensinou a olhar o outro</p><p>como “opressor” ou rival, pois isso produz separação e desordem.</p><p>Entretanto, não é isso que tem se propagado hoje? Em vez de o</p><p>trabalhador honrar o seu patrão e ver nele alguém que lhe possibilita</p><p>uma oportunidade de crescimento, passa a nutrir raiva dele. Há uma</p><p>proliferação de práticas no mundo que desestimulam o trabalho e o</p><p>desenvolvimento em nome de uma política assistencialista.</p><p>Pensamentos como esses geram pessoas fracas e vitimistas,</p><p>que culpam tudo e todos pelos seus fracassos e se comportam</p><p>como coitadas, em vez de terem ânimo e força para lutarem pelo</p><p>próprio crescimento.</p><p>Onde, na Bíblia, Deus insinua que o ser humano é um coitado</p><p>e que por isso precisa da comiseração dos outros? De Gênesis a</p><p>Apocalipse, recebemos uma injeção de fé para enfrentar qualquer</p><p>dificuldade e vencer! O próprio Criador ensina, na parábola dos</p><p>talentos, que a igualdade é uma injustiça grosseira, por isso, Ele</p><p>mesmo, nessa ilustração, distribuiu de forma diferente os Seus dons.</p><p>Veja essa narrativa do Senhor Jesus, em que Ele mostra a história de</p><p>um senhor que concedeu uma determinada quantidade de talentos</p><p>aos seus três servos (Mateus 25.14-30).</p><p>Esse senhor caracteriza o Todo-Poderoso. Os servos representam</p><p>as pessoas e os talentos são as habilidades, a força e a inteligência</p><p>que cada pessoa recebe para servir, crescer e se aperfeiçoar na vida.</p><p>Podemos ver, nesta parábola, virtudes como a justiça e a bon-</p><p>dade, pois Deus não deixa ninguém desprovido de talento. Ele dá</p><p>a todos, porém, não de acordo com o que querem, e sim conforme</p><p>CAPÍTULO 5 - Como o diabo interfere na mente humana 83</p><p>a “capacidade” de cada um. Embora haja diversidade na capaci-</p><p>dade dos servos, ainda assim todos têm condições para multiplicar</p><p>o que o Altíssimo deu. Se não fosse assim, os servos da parábola</p><p>não teriam recebido os talentos. Mas, ao contrário, vemos que</p><p>nenhum servo voltou de mãos vazias. Logo, não há razão para</p><p>haver complexos de inferioridade, pois não existe, neste mundo,</p><p>uma só pessoa incapaz e inútil.</p><p>Portanto, não há falha na partilha Divina, pois a sabedoria de</p><p>Deus é perfeita: cada servo recebeu de acordo com a sua capacidade,</p><p>sendo que nenhum deles ficou sobrecarregado ou de fora. Diante</p><p>disso, conforme a habilidade individual, o primeiro servo obteve</p><p>cinco talentos; o segundo, dois talentos; e o terceiro, um talento.</p><p>Para entender o que cada um deles recebeu, precisamos com-</p><p>preender o que significa um talento.</p><p>Nos dias do Novo Testamento, um talento era considerado uma</p><p>unidade de troca. Seu valor dependia do seu material. Quanto</p><p>mais nobre, mais valioso. O talento de ouro, por exemplo, era mais</p><p>nobre que o de prata ou o de cobre. A título de informação, no caso</p><p>dessa parábola, os talentos podem ter sido de prata, pois a palavra</p><p>grega “argyrion” (Mateus 25.18) pode significar “dinheiro” ou “prata”.</p><p>Originalmente, um talento era uma medida de peso entre 26</p><p>quilos, mas há tradutores e comentaristas que usam a quantia de</p><p>34 quilos como um preço razoável de trabalho. Com o tempo, o</p><p>talento se tornou uma moeda, que valia cerca de 6 mil denários.</p><p>Isso mostra que um talento adquirido equivalia a aproximadamente</p><p>16 anos e meio de trabalho para um operário ou um soldado de</p><p>infantaria. Portanto, podemos considerar que o valor dos talentos</p><p>confiados aos servos desta parábola era grande. Cinco talentos, neste</p><p>caso, podem representar muito mais que uma vida inteira de salário.</p><p>84 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Após dar os talentos e retornar “muito tempo depois” (Mateus</p><p>25.19), o senhor dos servos mostrou que ele iria prestar contas</p><p>com eles, mais cedo ou mais tarde. De igual modo, haverá o dia</p><p>da prestação de contas a Deus, quando Ele chamar cada um para</p><p>explicar como usou os dias da sua vida, a sua saúde, a sua inteligên-</p><p>cia, as suas habilidades particulares, os seus conhecimentos, a sua</p><p>memória e tudo o mais que recebeu em prol dEle e das pessoas.</p><p>Veja que o Senhor confia os Seus talentos a nós, mas também</p><p>nos convoca para um acerto de contas com Ele. O primeiro e o</p><p>segundo servos trabalharam e lutaram com ousadia, por isso conse-</p><p>guiram multiplicar o que receberam e foram recompensados. Já o</p><p>terceiro servo mostrou-se mau e negligente. Diferente dos demais,</p><p>ele recusou se empenhar e julgou seu senhor como um homem</p><p>cruel e falho. Diante disso, foi considerado mau. Aí está o peso</p><p>desta parábola. Este servo fracassou, porque não viu o seu talento</p><p>como um privilégio, assim como não viu o seu senhor como um</p><p>homem justo. Ele foi indolente e preguiçoso, preferindo enterrar</p><p>o presente que recebeu a se esforçar para multiplicá-lo. E no final</p><p>de tudo, ainda atribuiu seu fracasso ao seu senhor, e não a si. Sua</p><p>punição, então, foi perder tudo, e ainda ser condenado pelo seu</p><p>senhor. No sentido espiritual, esse servo foi indolente para com</p><p>os talentos dados por Deus e não O considerou como um Justo</p><p>Juiz. Assim, perdeu até mesmo a Salvação.</p><p>Muitos que pensam ter pouco se julgam insignificantes e se</p><p>omitem da responsabilidade de agir com diligência. Com isso,</p><p>passam a vida a reclamar e a culpar os outros por suas derrotas.</p><p>Contudo, essa parábola ensina que somos os únicos responsáveis</p><p>pelo uso dos dons que adquirimos. E o que proporcionará o nosso</p><p>sucesso ou fracasso é o esforço ou a indiferença mediante aquilo</p><p>que recebemos.</p><p>CAPÍTULO 5 - Como o diabo interfere na mente humana 85</p><p>A deturpação do sexo</p><p>Outra forma de destruição familiar, e até mesmo pessoal, provocada</p><p>pelo diabo é a deturpação do sexo. Recentemente, uma mãe chegou</p><p>aos prantos à Igreja porque havia descoberto algo chocante com</p><p>respeito à sua filha, uma adolescente de 12 anos. A menina, que havia</p><p>nascido em berço cristão e constantemente recebia ensinamentos</p><p>sobre temor e fé em Deus, lhe confessara que, há algum tempo,</p><p>estava viciada em pornografia e masturbação.</p><p>Tudo começou, segundo a adolescente, em uma aula surpresa na</p><p>escola cujo tema era educação sexual. Com a justificativa de que as</p><p>crianças deveriam ser ensinadas para que pudessem fazer suas pró-</p><p>prias escolhas nessa área, os professores as submeteram a um espetá-</p><p>culo de horror, a meu ver. Ali, em plena sala de aula, homossexuais,</p><p>um bissexual e um heterossexual explicaram, com gestos, objetos e</p><p>palavras, várias formas de se alcançar o prazer sexual.</p><p>Aquela menina saiu tão atordoada da escola que se sentiu curiosa</p><p>a procurar mais sobre aqueles assuntos na internet. Começou, então,</p><p>a trilhar uma vereda escura e perigosa, pois conheceu o sexo antes</p><p>da hora e de forma errada. Com isso, passou a ter culpa e alguns</p><p>traumas que exigirão cuidados por um longo período. Se esse tipo de</p><p>impacto</p><p>é difícil para um adulto superar, que dirá para uma criança!</p><p>Somente o Espírito Santo tem o poder para tratar as feridas feitas</p><p>na alma do ser humano e cicatrizá-las.</p><p>Isso que relatei não se trata de um caso isolado, quem dera fosse!</p><p>Nossas crianças estão sendo atacadas e erotizadas por meio de mate-</p><p>riais pedagógicos sutis nas escolas, literaturas aparentemente inocen-</p><p>tes e até programações infantis na TV e na internet.</p><p>86 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Dessa forma, nossas crianças estão perdendo sua inocência, sendo</p><p>abusadas e agredidas, e tudo isso sob o olhar pacífico de quase todos.</p><p>Uma criança, por exemplo, chegou a interagir com um homem nu</p><p>em um espetáculo patrocinado por uma grande empresa em São</p><p>Paulo. Ela era estimulada por outros adultos à sua volta a tocar no</p><p>corpo daquele homem, em nome da “arte”. Ficamos estarrecidos</p><p>com essa cultura pervertida e mais espantados ainda com o parecer</p><p>de um determinado juiz que disse que os protestos de algumas</p><p>pessoas indignadas com esse fato eram frutos de uma “histeria”.</p><p>Segundo ele, não havia nada de errado com aquela “expressão artís-</p><p>tica”. Resumindo, a ideia que se propagou desse acontecimento, e</p><p>de tantos outros, é que aqueles que chamam o mal de “mal” são</p><p>antiquados e atrasam a sociedade.</p><p>Em todo o mundo, conteúdos de caráter erótico têm sido difun-</p><p>didos desde a década de 1960, mas são muito mais intensos em</p><p>nossos dias. Cenas de nudez e de sexo se tornaram comuns para</p><p>praticamente todas as idades, pois a intenção é espalhar a ideia de que</p><p>o prazer sexual traz felicidade, independentemente se isso coloca a</p><p>pessoa em alto risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis,</p><p>ter uma gravidez indesejada ou múltiplas decepções amorosas.</p><p>Diante do pouco que expomos aqui, você consegue perceber</p><p>que estamos travando uma guerra contra o diabo em várias frentes?</p><p>Não estamos mostrando fatos desconectados do nosso dia a dia ou</p><p>tratando de assuntos passageiros, muito menos discursando contra</p><p>ou a favor do capitalismo ou do socialismo, da ciência ou da reli-</p><p>gião. Estamos lutando para abrir os olhos das pessoas em relação às</p><p>questões eternas, para a Salvação da alma.</p><p>Infelizmente, não temos como liquidar todos esses fatos que</p><p>gritam diante de nós e expõem o caos espiritual em que a socie-</p><p>dade está mergulhada, pois as pessoas, cada vez mais, têm se tornado</p><p>CAPÍTULO 5 - Como o diabo interfere na mente humana 87</p><p>marionetes nas mãos do arqui-inimigo do Altíssimo. O que podemos</p><p>fazer é orar e trabalhar para que elas abram os seus olhos.</p><p>Satanás tem promovido uma revolução de ideias que visam des-</p><p>construir o que o Senhor estabeleceu no Éden para o homem. E sua</p><p>revolução começa na mente das pessoas incautas. Sem ter consciên-</p><p>cia, elas participam do seu perigoso projeto, que tem como objetivo</p><p>desvincular completamente o ser humano da fé que o une a Deus.</p><p>Para finalizar, saiba que qualquer princípio, por mais domi-</p><p>nante, hegemônico e atraente que seja, que distancia o homem do</p><p>propósito para o qual foi criado, é fruto de uma ardilosa estratégia</p><p>maligna. Nunca tal princípio será inofensivo e bobo, como alguns</p><p>pressupõem, pois a finalidade é causar um dano irreversível à alma</p><p>do ser humano: a condenação eterna ao lago de fogo e enxofre.</p><p>Grande parte da população está esgotada, sobrecarregada</p><p>e ansiosa devido à falta de gerência sobre os seus próprios pensamen-</p><p>tos. Estudiosos da mente humana discorrem acerca da enorme capa-</p><p>cidade do cérebro de produzir milhares de pensamentos, variando</p><p>entre 10 e 70 mil diariamente. Isso quer dizer que, por hora, um</p><p>vastíssimo número de planos, intentos, ideias, reflexões, julgamentos</p><p>e muitas outras conjecturas pode passar dentro da nossa cabeça. O</p><p>que a maioria das pessoas desconhece é que, apesar de muitos pen-</p><p>samentos se originarem dentro de nós mesmos, outros são sugeridos</p><p>por espíritos imundos que perceberam na mente humana um campo</p><p>fértil para lançar seus dardos inflamáveis. Isto é, na guerra de Satanás</p><p>contra Deus e contra o homem, o seu ataque mais cruel começa ao</p><p>incitar maus pensamentos no intelecto das pessoas que, se aceitos,</p><p>darão origem ao medo, à inquietude, à inveja, à mágoa, à tristeza, à</p><p>impaciência, às brigas e a tantos outros males.</p><p>Inesperadamente, eles surgem como moscas que procuram onde</p><p>pousar para pôr seus ovos. Esses maus pensamentos vêm para com-</p><p>pelir o ser humano a ter atitudes erradas. Quem nunca viu aquelas</p><p>moscas insistentes, que ficam rondando por horas até atingir o seu</p><p>objetivo? Assim também são os demônios com as suas sugestões</p><p>malignas. Eles veem nas pessoas um terreno de cultivo. Ou seja,</p><p>Resistir ao diabo é rejeitar os</p><p>maus pensamentos</p><p>90 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>sabem que os pensamentos definem a vida de alguém, por isso,</p><p>tentam inspirar mentes para depositar suas sementes malignas que,</p><p>uma vez acolhidas e nutridas, darão maus frutos.</p><p>E não pense que os maus pensamentos vão embora por si mes-</p><p>mos. Tampouco ache que simples distrações o ajudarão a vencê-los.</p><p>É preciso confrontar o autor deste mal, repreendendo Satanás e</p><p>resistindo à sua investida. Combater os maus pensamentos exige</p><p>enfrentar o próprio diabo, tão logo ele sopre sugestões que contra-</p><p>riam a nossa fé.</p><p>Na guerra pela Salvação da alma, jamais devemos nos esquecer</p><p>de que os conflitos espirituais mais difíceis serão travados em nosso</p><p>interior. Desde o primeiro dia em que nos convertemos ao Senhor</p><p>Jesus até o último segundo da nossa vida neste mundo, teremos de</p><p>lutar constantemente contra as dúvidas, as incertezas, as preocupa-</p><p>ções, as lembranças ruins do passado e todo tipo de situação que</p><p>vem para roubar a nossa confiança em Deus ou nos fazer pecar.</p><p>Essa luta intensa, e por vezes até violenta, é bem descrita pelo</p><p>apóstolo Paulo, dias antes de ser executado, nas palavras finais ao seu</p><p>discípulo Timóteo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a</p><p>fé” (2Timóteo 4.7).</p><p>Para vencer os maus pensamentos, precisamos andar em Espírito,</p><p>ou seja, na fé. Sempre digo que viver em Espírito é o mesmo que</p><p>viver na dependência da fé todos os dias. Mas não pense que se pode</p><p>andar em Espírito e alimentar os pensamentos ruins simultanea-</p><p>mente. Não é possível um dia crer no cumprimento das promessas</p><p>bíblicas e no outro estar mergulhado em dúvidas sobre a existência</p><p>de Deus ou de Sua fidelidade. Só vive assim quem fica passivo diante</p><p>do assédio maligno ao seu intelecto, quem aceita a imundície do</p><p>diabo em sua mente.</p><p>CAPÍTULO 6 - Resistir ao diabo é rejeitar os maus pensamentos 91</p><p>A conquista da Salvação não é fácil. E o Senhor Jesus nunca disse</p><p>que seria fácil vencer essa guerra espiritual, não é mesmo? Costumo</p><p>dizer que “não vamos entrar no Céu tocando violino”, ou seja,</p><p>travaremos um conflito ininterrupto aqui antes de tomarmos posse</p><p>da vida eterna.</p><p>Para conservar a Salvação que recebemos de Deus, precisamos</p><p>estar conscientes de que fomos salvos, estamos salvos e seremos sal-</p><p>vos se nos mantivermos fiéis até o fim. Para tanto, um dos grandes</p><p>obstáculos que temos é, permanentemente, blindar a nossa mente</p><p>e nos livrar dos pensamentos intrusos que nada têm a ver com o</p><p>que cremos.</p><p>Ao lermos inicialmente as Palavras do Senhor Jesus nas analo-</p><p>gias da porta estreita e do caminho apertado (conforme Mateus</p><p>7.14), não temos ideia real do quão difícil é a Salvação. Somente</p><p>entendemos o peso dos Seus ensinamentos diante das tentações, dos</p><p>desertos e dos desafios que enfrentamos ao longo da nossa jornada</p><p>cristã. Portanto, um dos segredos para nos conservarmos no Reino</p><p>de Deus diz respeito à vigilância e à oração em espírito, principal-</p><p>mente, quando surgem os maus pensamentos.</p><p>Alimentar maus pensamentos é uma escolha</p><p>Diariamente, bispos, pastores e obreiros são procurados por pessoas</p><p>confusas, que atormentadas por pensamentos destrutivos, confessam</p><p>não saber como vencê-los.</p><p>Milhões de pessoas estão adoecidas por pensamentos que não são</p><p>seus, mas que foram gerados e soprados pelo diabo em seus</p><p>ouvidos.</p><p>92 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Em muitas ocasiões, pensamentos surgem conjugados na primeira</p><p>pessoa, ou seja, como se fossem elas mesmas que estivessem pensando;</p><p>porém, isso é uma estratégia diabólica para confundir e enganar.</p><p>Sem a pessoa perceber, vêm à cabeça perguntas intrigantes que</p><p>visam aniquilar a fé, como:</p><p>• Será que Deus existe mesmo?</p><p>• Será que Deus me ama?</p><p>• Será que recebi o perdão por aquele pecado?</p><p>• Por que você não se mata?</p><p>Alguns pensamentos surgem como afirmações fortes, parecendo</p><p>verdades, por exemplo:</p><p>• Sua vida não irá mudar.</p><p>• Não tente, você não é capaz.</p><p>• Você não tem Salvação.</p><p>• Você blasfemou contra o Espírito Santo.</p><p>• Você sofrerá um acidente agora.</p><p>• Você vai perder aquele familiar que tanto ama.</p><p>Tem gente tão atormentada e refém dos maus pensamentos que</p><p>basta um pequeno atraso do cônjuge para que uma grande con-</p><p>tenda se forme no lar. O marido que se atrasou por conta de um</p><p>contratempo, ao chegar em casa, encontra a sua mulher inflamada</p><p>de sugestões dadas pelo mal a respeito de uma suposta traição. Assim,</p><p>de forma sutil, surgem as desconfianças e os desentendimentos que</p><p>machucam, abalam e destroem os relacionamentos. Já vi inúmeras</p><p>famílias se desfazerem por problemas que sequer existiram realmente.</p><p>Não podemos deixar de mencionar tantos filhos que ficaram</p><p>ressentidos e saíram de casa por alimentarem pensamentos de que</p><p>os seus pais não os amavam, não se importavam com eles e não os</p><p>CAPÍTULO 6 - Resistir ao diabo é rejeitar os maus pensamentos 93</p><p>compreendiam. Essas concepções vieram do inferno e foram sus-</p><p>surradas nos ouvidos daqueles que se tornaram alvo da destruição.</p><p>Normalmente, os mais vulneráveis é que ficam na mira do diabo,</p><p>porque o mal sempre busca atacar pessoas mais suscetíveis à sua</p><p>investida, como fez com Eva, no Éden.</p><p>Diariamente, vemos nos noticiários crimes e tragédias que acon-</p><p>tecem por motivos banais, e eu não tenho dúvidas de que tudo isso é</p><p>causado pela ação dos espíritos malignos na mente das pessoas. Basta</p><p>refletir: se os bons pensamentos refrigeram a alma, trazem calma,</p><p>paz e união, os maus pensamentos são os responsáveis pela divisão,</p><p>raiva, contenda e agressividade de todo tipo.</p><p>Ainda com relação aos pensamentos, um outro ponto a se destacar</p><p>é que estamos vivendo dias em que o consumo da informação se</p><p>tornou um vício. O ser humano nunca teve tanto acesso a noticiá-</p><p>rios, vídeos, artigos, pesquisas, opiniões e todo tipo de conhecimento</p><p>útil e inútil. Estamos empanturrados com diversas vozes que trazem</p><p>conteúdos a todo instante.</p><p>Apesar de a maioria das pessoas no planeta ter acesso às múltiplas</p><p>redes sociais e aplicativos de mensagens, nunca houve tanta desin-</p><p>formação, engano e confusão.</p><p>O que seria para proporcionar a interação, o aprendizado e o</p><p>entendimento entre os usuários, tem causado mais divisões, desen-</p><p>contros e decepções. Justamente porque há pouca verdade em tudo</p><p>que chega à mente das pessoas. Por isso, não se pode ignorar que</p><p>aquilo que permitimos entrar em nosso interior é capaz de conduzir</p><p>nossas atitudes e nossos comportamentos, além de definir o rumo da</p><p>nossa vida. A ciência reconhece, inclusive, que o pensamento pode</p><p>produzir, no corpo, efeitos positivos ou negativos, dependendo da</p><p>forma como a pessoa reage a ele.</p><p>94 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>O excesso de informação cansa a mente das pessoas de tal forma</p><p>que o córtex cerebral pode ficar saturado, causando irritabilidade,</p><p>desânimo, intolerância, apatia e transtornos já reconhecidos como</p><p>enfermidades, tais como transtorno de ansiedade, síndrome do pen-</p><p>samento acelerado, depressão, entre outros. Sem falar no grande</p><p>número de pessoas que passam por crises de pânico, estresse ou</p><p>tentam o suicídio, devido à avassaladora invasão de maus pensa-</p><p>mentos que conseguiram penetrar em suas mentes. Ou seja, de</p><p>maneira consciente ou inconsciente, o que abrigamos em nossa</p><p>mente determina o nosso encorajamento ou a nossa prostração</p><p>diante dos desafios. É na mente que se constrói a nossa visão do</p><p>mundo e das pessoas, assim como nossos princípios, valores e juízos</p><p>sobre os fatos.</p><p>Então, podemos dizer que o diabo não imbui em nós seus pen-</p><p>samentos apenas por meio do sussurro de uma ideia, ele também</p><p>se utiliza da internet, com muita liberdade, para escravizar a mente</p><p>humana. Quanto mais conectadas e abertas as pessoas estão para</p><p>ouvirem e verem tudo que tem na mídia e nas plataformas digitais,</p><p>mais fácil é para Satanás difundir suas mentiras e desestabilizar a</p><p>saúde física, emocional e, sobretudo, espiritual delas.</p><p>Só escapam desse engano que aprisiona a alma aqueles que ouvem</p><p>a Voz de Deus e se atentam prudentemente para obedecê-La. Porque,</p><p>se dar ouvidos à voz do diabo e seguir suas sugestões resulta em</p><p>destruição, doença e perda, ouvir a Voz de Deus faz nascer dentro</p><p>de nós uma força incomparável, que nos guiará às decisões certas.</p><p>Essa orientação Divina nos encaminha desde as maiores escolhas,</p><p>como a melhor profissão a exercer e com quem devemos nos casar;</p><p>até as menores, tipo a escolha do que devemos vestir e a alimenta-</p><p>ção que devemos ter. Quando permitimos que a Voz do Altíssimo</p><p>penetre em nossa mente, passamos a ter os pensamentos dEle. E eu</p><p>duvido que a vida de alguém continue infeliz e fracassada depois</p><p>dessa experiência!</p><p>CAPÍTULO 6 - Resistir ao diabo é rejeitar os maus pensamentos 95</p><p>Em meio a uma multidão que está sem o controle da sua própria</p><p>mente, mas vive absorvida de cuidados e preocupações, sobressaem-</p><p>-se, de forma excepcional, aqueles que com sabedoria e discerni-</p><p>mento aprendem que uma vida vitoriosa começa no pensamento.</p><p>Minha experiência pessoal com maus pensamentos</p><p>Certo dia, alguém desesperado confessou estar sendo bombardeado</p><p>por pensamentos satânicos, que de tão sujos, não tinha nem coragem</p><p>de detalhá-los. Então, usei minha experiência pessoal para ajudar</p><p>de forma prática.</p><p>Logo no início da minha conversão, também fui atacado por</p><p>questionamentos relacionados a Deus e pensamentos lascivos. Nem</p><p>há necessidade de entrar em detalhes, porque quase todas as pessoas</p><p>na fase de conversão passam pelas mesmas experiências. Naquela</p><p>ocasião, por ser inexperiente na fé, aquilo me perturbou demais, a</p><p>ponto de pensar que pecava contra o Espírito Santo.</p><p>Ao conversar com o meu pastor sobre o assunto, ele orou por</p><p>mim e fiquei livre daquilo. Mas, como essa investida do diabo cos-</p><p>tuma ser recorrente, desenvolvi uma estratégia muito útil, e que</p><p>me deu autonomia, para não depender de ninguém quando fosse</p><p>surpreendido por uma sugestão maligna. Quando os maus pensa-</p><p>mentos aparecem, imediatamente, eu digo assim:</p><p>— Satanás, preste atenção: todas as vezes que você trouxer o seu lixo</p><p>em forma de maus pensamentos, vou glorificar ao meu Senhor Jesus.</p><p>Em seguida, eu começo a orar, porque sei que ele odeia nos ver</p><p>adorar a Deus. Se ele tenta de novo, eu começo a cantar louvores</p><p>ao meu amado Senhor. E, a cada tentativa, tenho uma reação de fé.</p><p>96 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Pronto. Assim, eu blindo a minha mente e venço qualquer investida</p><p>que ameace a minha comunhão com Deus.</p><p>Desde o dia em que passei a ter essa atitude, fiquei livre — não só</p><p>dos pensamentos ruins, mas também do medo de que eles me atinjam.</p><p>Percebo que esse tipo de problema tem sido muito comum, princi-</p><p>palmente, àqueles que estão prestes a se libertar ou a nascer de Deus.</p><p>Se você está vivenciando tal situação, não tenha medo nem se</p><p>preocupe. Antes, glorifique a Deus todas as vezes em que ela ocorrer.</p><p>Ser tentado não é pecado. Pecado é cair em tentação. Isso é sinal</p><p>de que você está no caminho certo! Lembre-se do que está escrito:</p><p>(…) mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que</p><p>podeis, antes com a tentação dará também o escape,</p><p>para que a possais suportar.</p><p>1Coríntios 10.13</p><p>Então, se esses maus pensamentos não combinam com o que</p><p>você crê — muito menos, com o que você quer, de fato, fazer —,</p><p>combata-os imediatamente. Esteja atento e vigilante</p><p>para responder</p><p>à altura, contando com o poder da fé que há em você. Assim, você</p><p>não sofrerá dano algum.</p><p>Dúvida, a maior armadilha do diabo</p><p>A estratégia preferida de Satanás é lançar maus pensamentos no</p><p>ser humano, justamente porque, na maioria das vezes, as sugestões</p><p>malignas vêm para causar a dúvida, que é a maior inimiga da fé. Essa</p><p>lógica é simples de entender, já que a fé é o poder de Deus dentro</p><p>de nós e a dúvida, a força do inferno usada para neutralizar essa fé.</p><p>CAPÍTULO 6 - Resistir ao diabo é rejeitar os maus pensamentos 97</p><p>Imagino que todos já passaram pela experiência de estarem ani-</p><p>mados e confiantes nas promessas de Deus quando, subitamente,</p><p>foram surpreendidos por um pensamento: “Será que vai dar certo?”</p><p>Essa dúvida, aparentemente inofensiva, é uma insinuação astuta do</p><p>mal em nossa mente. Ela funciona como uma espécie de antídoto a</p><p>fim de paralisar o poder de Deus em nosso interior. Então, se a fé é</p><p>a mãe da coragem, podemos dizer que a dúvida é a mãe do medo.</p><p>Deus oferece a fé e a segurança de que seremos bem-sucedidos.</p><p>Contudo, o diabo oferece a dúvida e, por meio dela, faz a nossa vida</p><p>retroceder até parar. A fé leva à conquista, sendo que a maior de</p><p>todas é o Céu. Já a dúvida leva à destruição, sendo o inferno a sua</p><p>pior forma. Se você estiver firme na fé, seus problemas caem diante</p><p>de si, mas, se estiver na dúvida, quem cai é você.</p><p>Para exemplificar isso, me recordo de um adolescente que contraiu</p><p>o vírus HIV. Depois de um tempo, ao chegar à igreja e colocar em</p><p>prática a sua fé (certeza), ficou completamente curado. Ele se tornou</p><p>um membro ativo, obreiro e depois pastor. Conheceu uma jovem</p><p>obreira, se casaram e, desse relacionamento, nasceu uma menina.</p><p>Ele foi trabalhar em uma cidade do interior de São Paulo, exer-</p><p>cendo sua função pastoral. Em um determinado dia, ao voltar de</p><p>um programa de rádio, ele e seu companheiro de trabalho foram</p><p>surpreendidos por um rapaz que bateu no vidro do carro pedindo</p><p>ajuda. Ele dizia ser soropositivo e que precisava de dinheiro para</p><p>comprar seus remédios. De pronto, o que dirigia o veículo indicou</p><p>uma Igreja Universal do Reino de Deus bem perto dali. Aquele</p><p>rapaz respondeu firmemente: “Você não tem AIDS, mas ele tem!”,</p><p>apontando o dedo para o pastor que fora curado há anos.</p><p>Apesar de um incrível testemunho, aquele pastor, ex-soropositivo,</p><p>foi dominado pelas palavras de dúvida de uma pessoa totalmente</p><p>98 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>desconhecida. Passados três dias após o ocorrido, seu cabelo começou</p><p>a cair, suas unhas enfraqueceram, sua pele começou a descamar, os</p><p>sintomas da doença invadiram o seu organismo. Os vômitos e a perda</p><p>dos sentidos o fizeram ser socorrido às pressas e levado ao hospital.</p><p>Conclusão: Poucos meses depois, ele morreu. Deixou esposa e</p><p>uma linda filha, de aproximadamente 6 anos, ambas saudáveis. Per-</p><p>cebemos com a história dele o quanto uma palavra de dúvida pode</p><p>arruinar a vida de alguém.</p><p>Diante disso, no conflito íntimo entre a Voz da fé e a voz da</p><p>dúvida, só há um jeito: duvidar das dúvidas! Ou seja, combater os</p><p>pensamentos do diabo com os Pensamentos do Altíssimo.</p><p>Quando Satanás diz: “Cuidado, isso pode dar errado. Não deu</p><p>certo com o fulano”, a resposta imediata deve ser: “Deus é comigo,</p><p>vou ver com os meus próprios olhos que Ele é comigo!”. E, então,</p><p>vá fundo, sem medo.</p><p>Essa batalha contra a dúvida é travada no íntimo, e é justamente</p><p>aí que se define a vitória ou a derrota, porque crer em Deus sig-</p><p>nifica muito mais do que acreditar na Sua existência. Quem tem a</p><p>verdadeira fé vive em guerra constante contra as dúvidas.</p><p>Portanto, todos nós temos uma escolha pessoal e intransferível</p><p>a fazer: ou nos mantemos na fé ou na dúvida. Ou vivemos de fé</p><p>em fé ou em todas as inquietudes que o “será” de Satanás provoca.</p><p>Deus e a mente humana</p><p>Satanás age de modo tão intenso na mente das pessoas primeiro,</p><p>porque é no intelecto do homem que o Espírito de Deus trabalha,</p><p>e ele tenta impedir Sua ação. Segundo, o diabo sabe que nossos</p><p>CAPÍTULO 6 - Resistir ao diabo é rejeitar os maus pensamentos 99</p><p>pensamentos determinam o que fazemos e, ao conseguir influen-</p><p>ciá-los, destruirá vidas.</p><p>Inclusive, a mente tem até mesmo o poder de gerar sentimentos.</p><p>Digo isso, porque há muitas pessoas que desconhecem o fato de</p><p>que os maus sentimentos vêm de pensamentos ruins, provenientes</p><p>da sugestão de um espírito imundo. Por exemplo: a mágoa não</p><p>começa no coração, mas nos pensamentos contra alguém que tenha</p><p>lhe ofendido ou injustiçado. De maneira que, todas as vezes que os</p><p>demônios promovem a lembrança da pessoa em questão ou o que ela</p><p>fez, a repulsa, a raiva, a revolta e, finalmente, o desejo de vingança são</p><p>estimulados no coração. Assim também acontece com o adultério,</p><p>que antes de ser cometido, começa com um olhar e é alimentado</p><p>por pensamentos de se querer estar com a pessoa cobiçada. A seguir,</p><p>surgem os sentimentos de paixão, as fantasias e a avidez por ter</p><p>momentos de prazer, sem medir as consequências do ato.</p><p>Da mesma forma, outros pecados, como a mentira, a gula e o</p><p>roubo, passaram pela mente como um simples pensamento, antes</p><p>de serem consumados. Depois, se tornaram um desejo e, por fim,</p><p>um ato. E não são poucos os que fazem do ato um comportamento</p><p>instalado, ou seja, os erros e os pecados se tornam hábitos, gerando</p><p>a vida deplorável que a pessoa passa a ter. Por isso a necessidade</p><p>de se estar repreendendo, a todo tempo, os pensamentos negativos</p><p>soprados na mente.</p><p>Não custa nada resistir às dúvidas com um “Está amarrado, em</p><p>Nome de Jesus!”.</p><p>Não é preciso falar alto, mas tem de se ter uma rápida reação de</p><p>fé no momento em que os maus pensamentos surgirem. Quando a</p><p>mente for atacada, resista na hora e recorra aos pensamentos de fé</p><p>na Palavra de Deus!</p><p>100 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Aprendemos isso com o Senhor Jesus que, durante um período de</p><p>jejum no deserto, recebeu propostas tentadoras de Satanás e resistiu</p><p>firme, citando as Escrituras Sagradas (conforme Mateus 4.1-11).</p><p>Noutra feita, ao receber do Seu discípulo uma sugestão maligna</p><p>de se poupar e fugir do sacrifício da cruz, o nosso Salvador foi firme</p><p>e direto com Pedro: “(...) Retira-te de diante de mim, Satanás; porque</p><p>não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens”</p><p>(Marcos 8.33).</p><p>Então, não podemos nos intimidar diante das afrontas, das pala-</p><p>vras e das insinuações malignas que tentam nos colocar para baixo</p><p>ou nos instigar a cometer qualquer erro. Deus tem nos suprido de</p><p>muitos argumentos sólidos e inquestionáveis em Sua Palavra para</p><p>rechaçar o mal, tornando a nossa resistência obrigatória. Afinal, está</p><p>determinado que devemos resistir ao diabo para que ele fuja de nós</p><p>(confira em Tiago 4.7).</p><p>Não adianta tentar simplesmente esquecer ou se distrair com</p><p>qualquer coisa para vencer o mal. Só os pensamentos do Bem supe-</p><p>ram os do mal. Só os de Deus vencem os do diabo. Por isso, a</p><p>necessidade da fé prática!</p><p>Pensamentos — bons ou maus — são inevitáveis. Não podemos</p><p>impedi-los de vir, mas temos poder para repreendê-los. Os bons (de</p><p>acordo com a Palavra de Deus) devem ser nutridos e os maus, banidos.</p><p>Se os maus pensamentos vêm e n��o resistimos a eles de imediato,</p><p>eles ganham força e podem causar riscos à boa consciência, con-</p><p>sequentemente, à Salvação. E quanto mais tempo permanecem na</p><p>mente, mais difícil reprimi-los. Se não há como impedir a chegada</p><p>deles, há como vomitá-los, impossibilitando que façam ninhos em</p><p>nossa cabeça.</p><p>CAPÍTULO 6 - Resistir ao diabo é rejeitar os maus pensamentos 101</p><p>Por isso, a reação tem de ser rápida, mesmo que seja por meio de</p><p>uma breve oração mental. Sempre que você for “visitado” por eles,</p><p>se puder, corra para um local reservado (ainda que seja o banheiro)</p><p>e faça dali seu altar.</p><p>Baixinho, mas com voz audível, agradeça a presença de Deus em</p><p>sua vida; louve ao Espírito Santo; mencione o Nome do Senhor Jesus;</p><p>enfim, diga palavras que neutralizem o mal. Os pensamentos infernais</p><p>não suportam</p><p>este livro para abrir os seus olhos; afinal,</p><p>nossa batalha pela Salvação é diária. Quem quiser curtir o mundo</p><p>e relaxar um pouquinho na fé perderá a sua maior guerra por falta</p><p>de vigilância.</p><p>O diabo não está brincando de ceifar vidas ou de enganar os</p><p>justos. Ele começou a agir no Éden; portanto, é astuto e bastante</p><p>12 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>sagaz nisso. Veja, então, que, antes mesmo de você nascer, o diabo já</p><p>trabalhava incansavelmente para derrubar os filhos de Deus. Satanás</p><p>não descansa, não dorme, mas se esforça para fazer o cristão cochilar</p><p>na fé e assim o apanhar.</p><p>Por isso, neste livro, vou expor os disfarces de Satanás, suas arti-</p><p>manhas de engano, bem como sua maior arma: a mentira. Faço isso</p><p>porque não há como combater inimigos que não conhecemos. Se</p><p>estamos no meio da batalha, precisamos saber bem contra quem</p><p>lutamos, além do seu modo de agir, das suas ideias e dos seus con-</p><p>ceitos. Porque, na guerra pela Salvação da alma, lutamos pelo nosso</p><p>destino eterno.</p><p>Se você anseia pela sua Salvação e quer triunfar sobre todos os</p><p>obstáculos que se interpõem a essa conquista, medite nesse livro, que</p><p>revelará como você poderá concluir a sua jornada. E, então, você</p><p>dirá com satisfação o mesmo que o apóstolo Paulo:</p><p>Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde</p><p>agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, Justo</p><p>Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a</p><p>todos os que amarem a Sua vinda.</p><p>2Timóteo 4.7-8</p><p>O grande prêmio não será dado somente a Paulo, Pedro e outras</p><p>personalidades bíblicas, mas a todos que, de igual modo, se manti-</p><p>verem na fé até o seu último suspiro de vida.</p><p>Bem-vindos à guerra!</p><p>A guerra no Céu</p><p>— Eu serei como Deus! Terei o meu trono, que estará</p><p>acima do trono do Altíssimo. Todos me adorarão, verão o meu poder,</p><p>minha inteligência e beleza. — bradou Lúcifer.</p><p>— Ninguém é e ninguém será como Deus! — respondeu</p><p>Miguel, que carrega em seu próprio nome essa verdade: “Quem é</p><p>como Deus?”</p><p>Para calar a boca insolente daquele que se levantava como arqui-</p><p>-inimigo do Altíssimo, Miguel disse:</p><p>— Viemos executar a sentença do Senhor. Não há mais lugar</p><p>para você e seus cúmplices neste Reino. Deus lhe deu tudo! Você</p><p>foi o maior de todos os anjos, a criatura mais esplêndida, dotada</p><p>das maiores bênçãos celestiais. Nenhum outro ser recebeu tanta luz</p><p>e confiança da parte do Altíssimo como você, ao ser eleito o res-</p><p>ponsável pelo exército de Deus. No entanto, o Todo-Poderoso viu</p><p>quando a iniquidade nasceu em seu coração. Secretamente você a</p><p>alimentou, cobiçando o poder e a honra que pertencem somente</p><p>a Ele. Você poderia ter desejado o Seu caráter, a Sua justiça, o Seu</p><p>amor, mas, não. Você escolheu abrigar dentro de si a ira, a inveja e</p><p>a maldade. O Senhor ouviu os seus pensamentos de revolta contra</p><p>14 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Ele. Viu fervilhar a perversidade e sorver, de tal forma, que extra-</p><p>vasou para todos os que estavam ao seu redor. O seu “comércio”, a</p><p>sua negociação com os anjos, foi a sua segunda traição ao Altíssimo.</p><p>Eles, que antes assistiam a Deus, vendo-O em toda a Sua glória e</p><p>majestade nos lugares celestiais, se corromperam como você. Veja!</p><p>A terça parte do grande exército do Senhor está em trevas agora.</p><p>Lúcifer interrompeu Miguel, com gritos de ódio e com blasfê-</p><p>mias sem igual. Palavras jamais ouvidas no Céu, mas que se origi-</p><p>naram do inferno que o querubim da guarda já trazia dentro de si,</p><p>eram expressadas com veemência contra o Senhor.</p><p>— No meu reino, eu serei senhor! Não precisarei obedecer e</p><p>não me ajoelharei para ninguém! Ouçam todos: nunca, e em tempo</p><p>algum, eu me curvarei a quem quer que seja!</p><p>Friamente, Lúcifer se dirigiu aos anjos leais e zombou deles.</p><p>— Vocês continuarão nessa entediante disciplina e organização</p><p>onde só há o dever de obedecer, servir e adorar? Podemos ser iguais</p><p>a Deus! Podemos ser servidos e adorados como Ele é. Se vocês</p><p>passarem para o meu lado, não precisarão se submeter a regras, mas</p><p>receberão homenagens, afagos e louvores que enchem o nosso ego</p><p>de alegria. E o melhor, vocês terão liberdade para fazer o que bem</p><p>quiserem e quando quiserem. Algo impossível aqui, pois Deus é</p><p>tirano, e o Seu Reino é opressor. Onde já se viu só podermos fazer</p><p>a vontade dEle? Prometo que vocês não sentirão a menor falta desse</p><p>lugar! Aqui vocês são escravos, mas comigo estarão livres!</p><p>Os anjos maus gritavam em alta voz, concordando com aquele</p><p>a quem haviam elegido como seu deus.</p><p>Lúcifer e Miguel eram anjos da mais alta hierarquia no Céu, e</p><p>suas posições, agora, estavam bem definidas, assim como o lado que</p><p>CAPÍTULO 1 - A guerra no Céu 15</p><p>os demais anjos escolheram. Nesse acontecimento emblemático,</p><p>era impossível ficar neutro: ou se decidia por Deus e Seu Reino, ou</p><p>por Lúcifer e suas “promessas”, as quais eram feitas com sutileza,</p><p>astúcia e habilidade, a fim de enganar e ter o maior número de seres</p><p>celestiais ao seu lado.</p><p>Então, miríades de anjos, que até aqui viviam em perfeita unidade,</p><p>harmonia e união desde que foram criados, deixaram, nesse mesmo</p><p>instante, de ter qualquer ligação com o Reino do Céu, pois passaram</p><p>a pertencer a mundos incompatíveis. Portanto, uma ruptura para</p><p>todo o sempre era fundamental.</p><p>Assim, de aliado de Deus, o querubim ungido da guarda se trans-</p><p>formou no Seu maior adversário. E “acusador”, “pai da mentira”,</p><p>“difamador” e “príncipe dos demônios” passaram não apenas a defi-</p><p>ni-lo, mas também a caracterizá-lo pelo seu caráter e modo de agir.</p><p>Dois exércitos em combate</p><p>Os dois exércitos, o do bem e o do mal, entraram em combate. A</p><p>batalha de Miguel e os anjos de Deus contra o diabo e os seus anjos</p><p>corrompidos foi a primeira peleja de toda a história.</p><p>A fidelidade e a sede de justiça dos anjos do Altíssimo, com suas</p><p>espadas de fogo, foram poderosas armas espirituais para empurrar</p><p>as trevas para fora do Reino da Luz.</p><p>Nunca mais deboches seriam feitos pelas costas de Deus. Nunca</p><p>mais, no Céu, haveria interrupção de paz, júbilo, reverência e temor</p><p>ao Senhor. Nunca mais, no Céu, haveria infidelidade, discórdia,</p><p>contenda, inveja, maledicência ou ciúmes, mas reinaria eternamente</p><p>o temor a Deus.</p><p>16 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Mesmo com sua resistência, Satanás foi banido do Céu e privado</p><p>de toda e qualquer forma de favor da parte de Deus. Esse rompi-</p><p>mento era final e decisivo, portanto, sem direito à reconciliação e</p><p>a um futuro retorno. No veredito Divino, ficou estabelecido que</p><p>jamais o diabo voltaria à habitação do Todo-Poderoso ou obteria</p><p>qualquer tipo de vitória sobre aqueles que andam na justiça do Alto.</p><p>Satanás e seus demônios (anjos caídos) foram, então, lançados</p><p>à Terra, e suas atividades malignas foram transferidas para este</p><p>pequeno planeta.</p><p>Esse episódio explica a fúria e o desejo de vingança que Satanás</p><p>mantém até os dias atuais, e manterá até o fim. Ele sabe que a sua</p><p>condenação e o seu destino no lago de fogo fazem parte de uma</p><p>decisão irreversível.</p><p>O Senhor Jesus Se lembrou dessa cena assim que Seus 70 discí-</p><p>pulos retornaram, eufóricos, de uma missão.</p><p>(...) Eu via Satanás, como raio, cair do Céu.</p><p>Lucas 10.18</p><p>O motivo da tamanha alegria dos discípulos era a manifestação do</p><p>poder que havia no Nome de Jesus. Quando eles saíram para levar</p><p>a Palavra de Salvação aos povoados vizinhos, receberam autoridade</p><p>para curar enfermidades e expulsar demônios. A experiência de ver</p><p>o mal se submeter ao comando deles e sair imediatamente da vida</p><p>das pessoas foi algo maravilhoso para aqueles homens simples, mas</p><p>que não era nenhuma novidade para o Filho de Deus. Afinal, Ele já</p><p>havia visto fato semelhante. A queda de Satanás do Céu foi súbita,</p><p>assim como um raio que, rapidamente, sai das nuvens e chega à Terra.</p><p>Isso mostra que, sob a ordem de Deus e de Seus filhos, não há</p><p>a menor chance de o diabo prevalecer. Quando o expulsamos de</p><p>CAPÍTULO 1 - A guerra no Céu 17</p><p>nossa vida e da vida das pessoas, ele revive o que lhe ocorreu, no</p><p>Céu, no passado.</p><p>quando falamos ou pronunciamos palavras celestiais.</p><p>Lembre-se: quando pronunciamos a Palavra, direcionamos os</p><p>nossos pensamentos diretamente ao Céu. O louvor ao Senhor Jesus</p><p>nos fortalece e assim os pensamentos mudam de foco. Experimente!</p><p>Tenho certeza de que eles irão desaparecer e o Espírito Santo</p><p>o socorrerá.</p><p>Em que devo pensar?</p><p>Muitas pessoas têm o hábito de deixar a mente à vontade para pensar</p><p>ou, como diz o ditado popular, “livre, leve e solta”. Quando isso</p><p>acontece, normalmente, os pensamentos perambulam nas questões</p><p>terrenas, como necessidades, ambições, prazeres passageiros, riquezas,</p><p>enfim, coisas que se quer conquistar e honras que se deseja receber.</p><p>Isso é contrário ao que ensina a Palavra de Deus, que diz enfa-</p><p>ticamente que devemos ter afeição pelas coisas espirituais, pois só</p><p>elas são dignas de ocupar o nosso pensamento. Nada mais merece</p><p>nossa total atenção.</p><p>Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da Terra.</p><p>Colossenses 3.2</p><p>102 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Isso não significa que não podemos traçar metas, pretender alcan-</p><p>çar a estabilidade profissional ou ter outros objetivos de realizações</p><p>neste mundo. Mas quer dizer que devemos, de forma intensa e</p><p>constante, pensar no que é eterno e ter a vida espiritual como</p><p>prioridade. Essa é, então, uma dica valiosa sobre que tipo de pensa-</p><p>mento devemos manter em nossa mente se, de fato, prezamos pela</p><p>nossa Salvação.</p><p>Quando trocamos os pensamentos terrenos pelos do Alto, joga-</p><p>mos fora a fértil imaginação que divaga pelas futilidades e se opõem</p><p>ao conhecimento das coisas de Deus; além de demolir ideias mun-</p><p>danas e diabólicas que tentam subjugar o nosso intelecto (veja em</p><p>2Coríntios 10.5).</p><p>A saúde da nossa mente é algo tão importante, que as Escrituras</p><p>Sagradas são específicas na orientação do que devemos pensar. Por</p><p>isso, o apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, em sua carta</p><p>aos filipenses, lista pensamentos dignos:</p><p>Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é</p><p>honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é</p><p>amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e</p><p>se há algum louvor, nisso pensai.</p><p>Filipenses 4.8</p><p>Repare bem na ordem “nisso pensai”, pois ela expressa a natureza</p><p>da urgência e da disciplina nos pensamentos para a manutenção da fé.</p><p>Então, assim como precisamos nos submeter a uma dieta alimentar</p><p>correta, a exercícios físicos regulares e a um adequado descanso para</p><p>termos uma boa saúde do corpo, a nossa mente também precisa estar</p><p>subordinada aos preceitos estabelecidos na Palavra de Deus.</p><p>Cada pensamento, antes de ser alimentado, deve passar no crivo</p><p>para ver se é: verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama</p><p>CAPÍTULO 6 - Resistir ao diabo é rejeitar os maus pensamentos 103</p><p>e se tem alguma virtude e louvor nele. Isto é, o pensamento, neces-</p><p>sariamente, deve ter qualidades morais justas e santas.</p><p>Fica claro que quem pensa corretamente irá também falar e agir</p><p>conforme o que pensa.</p><p>Concluímos que somos responsáveis absolutos pela nossa mente</p><p>e que, se priorizamos a Salvação, também consideramos que a San-</p><p>tidade ao Senhor começa no interior e transborda para o exterior.</p><p>Estratégias do diabo</p><p>contra os cristãos</p><p>Satanás tem agido abertamente no meio evangélico e</p><p>tido certo êxito sobre algumas pessoas, justamente num ponto que</p><p>considero ser o de maior vulnerabilidade para o ser humano: suas</p><p>emoções e seus sentimentos.</p><p>Temos visto uma geração de crentes que, em vez de estar vigi-</p><p>lante e munida para a guerra espiritual que precisa ser travada todos</p><p>os dias, está viciada em “sentir” isso ou aquilo para que possa crer</p><p>em Deus. Isso é um desvario porque a fé genuína despreza sensa-</p><p>ções, sentimentos, emoções ou qualquer tipo de apoio sensorial</p><p>para ser desenvolvida.</p><p>Habitualmente, vejo pessoas desanimadas em sua fé porque dizem</p><p>que não “sentiram” a presença de Deus, não “choraram” na hora da</p><p>oração, ou não foram “tocadas” pelo Espírito Santo em um deter-</p><p>minado momento.</p><p>Outras, embora sejam evangélicas há tanto tempo, ainda se dei-</p><p>xam guiar pelo seu coração e não pelo que está escrito na Palavra de</p><p>Deus. Então, em alguns períodos, estão firmes, felizes e confiantes;</p><p>em outros, estão se arrastando espiritualmente, cheias de dúvidas e</p><p>tomadas pelo medo. O que é isso senão uma prova inequívoca de</p><p>106 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>que elas não andam pela fé, e sim pelo que o seu coração sente ou</p><p>deixa de sentir?</p><p>Essa gente tem como seu maior algoz o próprio coração, e por</p><p>ele é enganada. Aliás, o diabo e o coração têm dois adjetivos em</p><p>comum: ambos são enganadores e perversos. Veja:</p><p>Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e</p><p>perverso; quem o conhecerá?</p><p>Jeremias 17.9</p><p>Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de</p><p>vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na</p><p>Verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira,</p><p>fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.</p><p>João 8.44</p><p>Isso significa que, assim como é loucura confiar em Satanás, é</p><p>loucura confiar no coração, pois ele está suscetível a todo tipo de</p><p>instabilidade e corrupção.</p><p>As pessoas que vivem apoiadas no que sentem são inconstantes</p><p>porque nada muda mais que os sentimentos e as paixões humanas.</p><p>Por exemplo, em um único dia, alguém pode ter um turbilhão de</p><p>sentimentos, como alegria e tristeza, euforia e tédio, satisfação e</p><p>frustração, e por aí vai.</p><p>Imagine como seria se as mulheres convertidas fossem funda-</p><p>mentar suas vidas no que sentem, e não na fé! Todos sabem que,</p><p>durante o mês, as taxas hormonais do corpo feminino sofrem fortes</p><p>oscilações e, segundo a medicina, por causa disso, elas estão propen-</p><p>sas a sofrer as mais variadas mudanças físicas e emocionais. Em um</p><p>momento, a mulher pode estar animada e bem-humorada, mas, em</p><p>outros, pode estar predisposta a ter irritabilidade, cansaço ou estresse.</p><p>CAPÍTULO 7 - Estratégias do diabo contra os cristãos 107</p><p>Contudo, aquelas que descobrem a riqueza da vida pela fé não são</p><p>movidas pelas circunstâncias, mas transcendem a realidade do que o</p><p>seu próprio corpo determina. Elas alimentam a confiança nas pro-</p><p>messas do Todo-Poderoso, e não nas sensações que seus hormônios</p><p>as fazem sentir e conjecturar.</p><p>Portanto, qualquer milagre ou experiência com Deus se dá de</p><p>modo único e exclusivo pela fé. Não há outra maneira do ser</p><p>humano se aproximar dEle. Por isso, uma das ordenanças mais</p><p>importantes da Bíblia diz respeito à fé. Veja: “(...) mas o justo pela</p><p>sua fé viverá” (Habacuque 2.4).</p><p>Esse Mandamento, repetido no Novo Testamento mais três vezes,</p><p>nos foi dado para que tenhamos o claro entendimento de que a</p><p>inteligência (espírito) nos leva a crer, mas as emoções (carne) nos</p><p>levam a descrer.</p><p>Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé,</p><p>como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.</p><p>Romanos 1.17</p><p>E é evidente que pela lei ninguém será justificado</p><p>diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.</p><p>Gálatas 3.11</p><p>Mas o justo viverá pela fé; e, se alguém se retirar (recuar),</p><p>a Minha alma não tem prazer nele.</p><p>Hebreus 10.38</p><p>Ora, se é pela fé, não é pelo que a alma sente. Portanto, não é</p><p>preciso arrepio, comoção, gritos ou êxtase para se crer. Se é pela fé,</p><p>é pelo espírito, porque Deus é Espírito. Logo, Ele não Se manifesta</p><p>para nos causar boas sensações, mas para que vivamos o que cremos.</p><p>108 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Também não quer que tenhamos uma vida baseada nos sentidos e</p><p>nas impressões humanas, e sim na Sua Palavra.</p><p>O que eu sinto</p><p>Você pensa que todos os dias estou eufórico ou tendo uma sensa-</p><p>ção especial para fazer o que eu faço? Você acha que faço a Obra</p><p>de Deus porque a minha vida é tranquila e não tenho problemas?</p><p>Claro que não!</p><p>Há cerca de 50 anos tenho me dedicado a ajudar as pessoas,</p><p>e este é um trabalho árduo. Devido às necessidades daqueles que</p><p>chegam até nós, muitas vezes precisamos repetir os mesmos con-</p><p>selhos exaustivamente.</p><p>Por longos anos, a minha rotina é a mesma</p><p>todos os dias.</p><p>Perdi a conta de quantas vezes já fui para o culto ou para um</p><p>programa de rádio com a alma angustiada por causa de um problema.</p><p>Porém, nunca deixei que as minhas aflições comprometessem o</p><p>voto que fiz a Deus de salvar almas. O que me estimula a agir assim,</p><p>certamente, não são os meus sentimentos, mas a minha fé, porque,</p><p>na hora da adversidade, o coração nos manda fugir, nos esconder,</p><p>sumir, e só regressar quando a vida volta a ficar tranquila.</p><p>Da mesma forma, não saberia dizer quantas vezes já fui traído</p><p>por pessoas que julgava serem boas e de caráter, mas não eram.</p><p>Se eu fosse guiado pelo meu coração, ficaria desapontado com</p><p>elas e com aqueles que não entendem e não valorizam o meu</p><p>trabalho. Deixaria de confiar no ser humano, a matéria-prima da</p><p>Obra de Deus, e não daria novas oportunidades a mais ninguém</p><p>só para me proteger.</p><p>CAPÍTULO 7 - Estratégias do diabo contra os cristãos 109</p><p>Se ouvisse o meu coração, também criaria uma incontida e equi-</p><p>vocada expectativa de recompensa neste mundo. Daria pausas no</p><p>meu ministério para tirar férias ou para passear. No entanto, não</p><p>tenho nenhum desses pensamentos, porque a fé me faz enxergar</p><p>que estamos numa guerra e, por isso, não posso relaxar e dar regalos</p><p>para a minha alma se banquetear.</p><p>Você acha que todas as vezes que faço uma viagem missionária é</p><p>porque estou cheio de vontade de conhecer novos lugares e pessoas?</p><p>Não mesmo. Tenho uma personalidade reservada e aprecio ficar</p><p>dentro de casa, na quietude do meu lar. Se não fosse a vocação para</p><p>pregar o Evangelho, eu asseguro a você que Ester e eu moraríamos</p><p>no campo, longe de tudo.</p><p>Contudo, passei a minha vida viajando pelo mundo para ensinar</p><p>a Palavra de Deus, abrir novos campos missionários e visitar igrejas.</p><p>Além disso, me exponho e uso todos os meios de comunicação</p><p>possíveis para falar do meu Senhor. Se eu parasse para ouvir a minha</p><p>alma, ela me convenceria do contrário com respeito a muita coisa.</p><p>Inclusive, ela usaria o fato de eu ter 74 anos para me instigar a me</p><p>poupar e a parar de fazer o que faço. Afinal, diria ela: “Você já não</p><p>é mais um jovem. Merece descansar, tem o direito de curtir o que</p><p>resta da sua vida”.</p><p>Enquanto o meu coração diz para me reservar, diminuir o ritmo,</p><p>minha fé diz justamente o oposto. Minha fé me motiva a aproveitar</p><p>ao máximo o tempo que me resta para fazer para o Deus Altíssimo</p><p>mais do que fiz em todos os meus anos anteriores! Então, todos</p><p>os dias eu faço tudo aquilo que precisa ser feito, sentindo ou não</p><p>sentindo nada, porque sirvo ao meu Senhor pela fé nEle. Essa fé</p><p>está sempre aliada à inteligência e à convicção resoluta do que está</p><p>escrito nas Sagradas Escrituras.</p><p>110 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Minha sobrevivência na fé</p><p>No passado, houve dias em que enfrentei perseguições tão cruéis</p><p>e avassaladoras que, ao olhar pela janela e ver um cachorro, desejei</p><p>ter a vida dele, tamanha era a aflição da minha alma. Mas, porque</p><p>não me entreguei a esses sentimentos passageiros, consegui suportar</p><p>a dor, e assim não fraquejei nem desisti.</p><p>Sempre coloquei em minha mente aquilo que a Palavra de Deus</p><p>dizia sobre o que eu era para Ele, e não o que as pessoas pensavam</p><p>de mim. Decidi que não seriam os pensamentos alheios que deter-</p><p>minariam o meu valor diante de Deus, mas a minha fé. Por isso,</p><p>hoje, posso testemunhar a fidelidade dEle para comigo.</p><p>Sendo assim, não são minhas emoções que chamam à existência</p><p>aquilo que não existe, mas a fé. Não é o coração que me dá força</p><p>para ir à guerra lutar, mas a fé. Por isso, minha ênfase na pregação é</p><p>que a vida só pode ser vivida pela fé. Se em um só momento fugir</p><p>disso, seremos fracos, débeis e derrotados. Porque o problema do</p><p>fraco não é ser fraco, mas se render às fraquezas e se entregar aos</p><p>sentimentos ou às emoções do coração. Quando sucumbe a isso, ele</p><p>não pensa e, quando pensa, é para pesar as palavras de gente fraca</p><p>como ele. Se o fraco raciocinasse e conferisse o que o Todo-Poderoso</p><p>tem falado na Bíblia, com certeza pensaria como Deus pensa e rea-</p><p>giria contra as suas debilidades.</p><p>Somente quem é fraco busca sentir em vez de pensar. Isso o</p><p>debilita ainda mais, pois o coração humano (fonte de sentimentos) é</p><p>extremamente corrupto e enganador. Quem o segue, se arrebenta. Já</p><p>o mesmo não ocorre com quem despreza as sensações do coração e</p><p>obedece à Palavra de Deus. Essa pessoa pensa, avalia e conclui que o</p><p>que está escrito é argumento suficiente para fundamentar toda a sua</p><p>vida e vencer o diabo, as perseguições, os desertos e tudo mais que</p><p>surgir pela frente. Diante disso, a fé não sente, não chora e não busca</p><p>CAPÍTULO 7 - Estratégias do diabo contra os cristãos 111</p><p>meiguice, dó, pena, ternura ou piedade das demais pessoas. Antes, ela</p><p>depende da misericórdia do Altíssimo e se revolta, age e toma ati-</p><p>tude de coragem contra o que a enfraquece. A fé bíblica é racional,</p><p>inteligente e sobrenatural. Nada tem a ver com o coração, mas com</p><p>o que está escrito na Palavra de Deus. Essa fé bruta é que resolve!</p><p>Fé é convicção, é certeza</p><p>Quantas vezes, nas reuniões que fiz na igreja, as pessoas ficavam</p><p>chocadas porque me ouviam dizer que eu não estava sentindo a</p><p>presença de Deus! Aliás, até fazia questão de frisar isso, como ainda</p><p>faço hoje. Mas, em seguida, explicava minha declaração. Deixava</p><p>claro que sentir algo não significava nada, porque o que importava</p><p>era a minha certeza de que o Senhor Jesus estava ali. Se sentíssemos</p><p>ou não a Sua presença, Ele estava junto a nós. Eu reforço isso porque</p><p>é assim que creio. Foi o próprio Salvador que disse:</p><p>Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em</p><p>Meu Nome, aí estou Eu no meio deles.</p><p>Mateus 18.20</p><p>Ora, Deus é imutável, portanto, Suas promessas continuam as</p><p>mesmas. Se Ele disse que estaria conosco, Ele está e pronto! Então,</p><p>mesmo que eu não O tenha visto face a face ou não tenha tocado</p><p>em Suas Mãos, creio nEle. Mesmo que eu não tenha estado no Céu,</p><p>creio que Ele existe. Mesmo que eu nunca tenha visto um anjo, sei</p><p>que todos os dias eles nos assistem em nossas dificuldades. Porque a</p><p>Palavra de Deus me convence. A Palavra de Deus me basta! Agora,</p><p>quem vive à base de emoções e sentimentos, ficará acostumado</p><p>com essas sensações. No entanto, como elas são momentâneas, logo</p><p>a pessoa se esquecerá do que sentiu e precisará de uma nova “dose”</p><p>de efeitos para estar bem de novo.</p><p>112 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Infelizmente, esse condicionamento da fé ao coração, muitas</p><p>vezes, se dá a partir do púlpito, ou seja, são os pregadores os res-</p><p>ponsáveis por essa união tão nociva à vida espiritual. Essa atitude</p><p>entristece demais a Deus, bem como o fato de muitos pregadores</p><p>não prepararem as pessoas para a guerra contra o mundo, contra</p><p>o diabo e contra os sentimentos que elas travam todos os dias. Há</p><p>até mesmo aqueles que fazem o culto para se promover ou para</p><p>conquistar as pessoas para si, usando de invencionices mirabolantes</p><p>para causar boas sensações em seus ouvintes.</p><p>Nesse ponto, podemos dizer que a música tem sido um meio de</p><p>emocionar e “quebrantar” as pessoas. Por exemplo, não a título de</p><p>crítica, mas de reflexão, vejo que muitos cultos mais parecem espe-</p><p>táculos de artistas seculares, de tanto que usam de sensacionalismo e</p><p>de apelo ao coração. Isso foge do padrão bíblico, porque o único que</p><p>convence verdadeiramente o ser humano, o leva ao arrependimento</p><p>e à transformação de vida é o Espírito Santo. E, para fazer essa Obra,</p><p>Ele não precisa do coral ou da voz bonita de um cantor, ou ainda da</p><p>pregação eloquente e perfeita de um pastor. Tudo o que o Espírito</p><p>Santo quer é um coração disposto a atender ao Seu chamado.</p><p>Precisamos entender que estamos travando uma guerra espiritual</p><p>intensa que tem feito muitas vítimas no Reino de Deus, e isso acon-</p><p>tece porque, na maioria das vezes, essas pessoas não foram alertadas</p><p>sobre o perigo espiritual que corriam. Para vergonha nossa, temos,</p><p>no meio evangélico, pessoas tão imaturas que</p><p>só conseguem orar</p><p>com fundo musical ou só conseguem estar “bem” se receberem uma</p><p>“revelação pessoal” do irmão da igreja, porque o que está escrito</p><p>na Palavra de Deus não é suficiente. Não seria esse um dos motivos</p><p>de vermos se multiplicar o número dos desviados do Evangelho e</p><p>das igrejas, os chamados desigrejados? Em muitos cultos, as pessoas</p><p>estão sendo entretidas com boas sensações e, com isso, têm perdido</p><p>sua capacidade de raciocinar e de agir a fé.</p><p>CAPÍTULO 7 - Estratégias do diabo contra os cristãos 113</p><p>O coração leva ao fundo do poço</p><p>Recentemente, tomei conhecimento da história de uma moça que</p><p>serviu a Deus como obreira durante cinco anos. Porém, ela viu a sua</p><p>vida se transformar em um inferno por causa do seu próprio coração.</p><p>Era casada com um homem que também era obreiro da igreja, mas,</p><p>certa vez, chegou em casa e o flagrou na cama com outra mulher,</p><p>que também era obreira. Em choque, ela saiu de casa e ficou com</p><p>uma mágoa profunda dele e da sua amante. Esse sentimento foi o</p><p>início da sua queda.</p><p>Essa mulher, que tinha fé para mandar demônios embora, evan-</p><p>gelizar, orar pelas pessoas e frequentar assiduamente os cultos, não</p><p>teve a mesma fé para perdoar nem para passar por cima dos seus sen-</p><p>timentos de raiva e mágoa. Consequentemente, com a alma mergu-</p><p>lhada em ressentimentos, ela não conseguiu superar aquela situação.</p><p>As brigas com o ex-marido se tornaram cada vez mais frequentes e</p><p>ela, cada vez mais, caminhava para longe de Deus e dos Seus ensi-</p><p>namentos. Depois de algum tempo, com ambos desviados da fé e</p><p>completamente perdidos, aconteceu um fato que pôs fim à vida de</p><p>quem ela mais amava: sua criança.</p><p>Em um certo dia, seu ex-marido foi à sua casa. Completamente</p><p>alcoolizado e drogado, ele a agrediu com uma paulada; em seguida,</p><p>deu um tiro na cabeça do seu filho e depois se matou.</p><p>Ela conseguiu sobreviver a essa tragédia, mas ficou ainda mais</p><p>desorientada e perdida. Agora, além da mágoa do ex-marido e da</p><p>sua amante, passou a nutrir raiva de Deus. Assim, essa jovem mulher</p><p>perdeu sua família, sua preciosidade neste mundo, e viu o chão se</p><p>abrir debaixo dos seus pés.</p><p>Em um dos nossos movimentos evangelísticos para resgatar pessoas</p><p>desviadas da fé, a encontramos com uma corda no pescoço prestes</p><p>114 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>a se enforcar. Aquela era mais uma das muitas outras tentativas de</p><p>pôr fim à própria vida, tamanho o abismo em que ela se encontrava.</p><p>Essa ex-obreira perdeu a fé e o amor por Deus e viu sua vida</p><p>ficar devastada. Segundo o seu relato, ela não tinha mais forças para</p><p>dobrar os joelhos e orar, porque os demônios faziam da sua cabeça</p><p>uma “panela de pressão”, com tantos pensamentos horríveis. Além</p><p>disso, já não conseguia mais ler a Bíblia, pois ficou com sua mente</p><p>obscurecida e sem entendimento.</p><p>Por várias vezes, essa mulher passou à porta da igreja e tentou</p><p>entrar para pedir ajuda, mas, com o tempo, não conseguia sequer</p><p>dar esse simples passo em busca da Salvação da sua alma.</p><p>Em seu depoimento, sua voz carregava tanta dor que nos levou a</p><p>refletir sobre o quanto é importante guardar a nossa fé e nos blindar</p><p>dos enganos do coração. Pois o diabo, ao observar a sensibilidade</p><p>de alguém, cria situações e usa pessoas para trair, maltratar e causar</p><p>injustiças. Seu objetivo é fragilizar a fé dessa pessoa, como aconteceu</p><p>com essa ex-obreira. No caso dessa jovem mulher, Satanás encontrou</p><p>a brecha que queria quando ela deu vazão ao que sua alma sentiu</p><p>depois da traição, e não ao que a Palavra de Deus diz: ter bom ânimo</p><p>nas aflições e perdoar aqueles que nos fazem mal.</p><p>Os espíritos imundos sapatearam em sua vida e, se não fosse o</p><p>socorro do Senhor Jesus por meio dos Seus servos, ela teria morrido</p><p>e, pior, estaria com sua alma atormentada neste momento.</p><p>Esse exemplo retrata bem o que o Senhor Jesus falou a respeito</p><p>do coração, que é a fonte dos maus pensamentos e desejos: “Porque</p><p>do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos,</p><p>falsos testemunhos e blasfêmias” (Mateus 15.19).</p><p>CAPÍTULO 7 - Estratégias do diabo contra os cristãos 115</p><p>No Jardim do Getsêmani, aconteceu uma situação que ilustra a</p><p>constante luta do espírito (fé) contra a carne (alma). Pedro, Tiago e</p><p>João dormiam sufocados de cansaço enquanto o Senhor Jesus orava</p><p>para enfrentar o momento mais decisivo da Sua vida: a cruz. Em vez de</p><p>aqueles discípulos fazerem o que foram chamados para fazer, ou seja,</p><p>orar e ficar atentos ao Mestre e àquele momento, eles descansavam.</p><p>Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade,</p><p>o espírito está pronto, mas a carne é fraca.</p><p>Mateus 26.41</p><p>Essa fraqueza da carne (alma) nada mais é que a inclinação às</p><p>emoções e aos sentimentos, que deixam o ser humano débil, vaci-</p><p>lante e instável. Por outro lado, “o espírito está pronto” quer dizer</p><p>que ele nunca é surpreendido pelo mal, porque está conectado ao</p><p>Altíssimo; logo, é prudente e zeloso. Por isso, o espírito está sempre</p><p>disposto a cumprir a vontade de Deus e a vencer as tentações. Então,</p><p>se a inclinação da carne leva à morte espiritual, a inclinação que</p><p>procede do espírito conduz à vida, ao ânimo e aos bons objetivos.</p><p>Paulo trata as obras da carne como pensamentos oriundos do</p><p>coração. Veja:</p><p>Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério,</p><p>fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades,</p><p>contendas, ciúmes, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas,</p><p>homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas,</p><p>acerca das quais de antemão vos declaro, como também já antes vos</p><p>disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.</p><p>Gálatas 5.19-21</p><p>Repare bem que a maioria dos pecados listados aqui são cometidos</p><p>quando as emoções estão em alta. Por exemplo: somente uma pessoa</p><p>tomada de sentimentos e desejos impróprios tem a “coragem” de trair</p><p>116 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>seu cônjuge e destruir sua família. Somente alguém que cede à sua carne</p><p>dá espaço para que vícios, ódio e outros pecados entrem em sua vida.</p><p>Portanto, podemos entender que coração e carne são a mesma</p><p>coisa. Obras da carne e pensamentos do coração dão no mesmo.</p><p>Nascidos da carne e nascidos do coração são a mesma coisa. Os</p><p>nascidos do coração foram gerados na emoção, da mesma forma</p><p>que os nascidos da carne foram gerados pelos sentimentos.</p><p>Esse tipo de “cristão” gosta de mensagens com apelos fortes de</p><p>emoção. Gosta dos afagos do pastor. Gosta de aparecer e de receber</p><p>elogios, reconhecimento e louvor. Na falta disso, o coração fervo-</p><p>roso se entristece e até abandona a fé. Tudo isso porque os nascidos</p><p>da carne são pura emoção. Na igreja, sentem-se bem, mas, fora</p><p>dela, sentem-se frios. Afinal, vivem do que sentem ou deixam de</p><p>sentir. Por isso, não conseguem vencer a si mesmos e, muito menos,</p><p>o mundo. Foram enganados pela fé vinda do coração, e o tempo</p><p>acabou mostrando suas frustrações. O que norteia a fé deles são os</p><p>sentimentos e não a Bíblia, pois a fé que “sentem” nasceu no coração</p><p>e foi agasalhada pelos sentimentos. Ali ela se originou e continua se</p><p>alimentando com conselhos emotivos, músicas emotivas, reuniões</p><p>emotivas, louvores regados de emoções etc.</p><p>Portanto, essa fé é puro fruto de sentimentos. Só espuma. Nunca</p><p>está apta para obedecer à Palavra de Deus, enfrentar aflições, tribu-</p><p>lações e provações dos desertos. Esse tipo de fé não se sustenta na</p><p>guerra, porque não tem coragem para segurar a espada e defendê-la.</p><p>Antes, defende a denominação, o pastor, mas nunca sua crença. Sua</p><p>covardia aceita qualquer coisa, menos lutar. Aceita até a parceria com</p><p>o mal, só para não ter de confrontá-lo.</p><p>A fé do coração é como cosmético. Derrete diante do calor</p><p>da batalha. Tapa os ouvidos ao som da trombeta e foge do alarido</p><p>de guerra. Como o Espírito de Deus poderia contar com esse tipo</p><p>CAPÍTULO 7 - Estratégias do diabo contra os cristãos 117</p><p>de gente? Religiões e religiosos são assim. Consciente ou incons-</p><p>cientemente, trabalham em conluio</p><p>com o inferno. Muitas pessoas</p><p>sustentam a fé aquecida pelo cobertor da emoção; outras, pela frieza</p><p>da tradição. Mas há também os que não fedem nem cheiram: são os</p><p>mornos que, se não tomarem partido da fé, serão vomitados por Deus.</p><p>Uma mistura perigosa</p><p>Existem certas misturas que são altamente prejudiciais para nós.</p><p>Quando fazemos uma combinação não aconselhável de certos ali-</p><p>mentos com medicamentos, ou até mesmo entre produtos químicos,</p><p>o resultado é desastroso. Cada um desses elementos, em si, desde</p><p>que usados com moderação, não faz mal algum — pelo contrário,</p><p>alimentos, medicamentos e produtos químicos nos auxiliam de</p><p>diversas formas, e são essenciais em nossas vidas — mas o perigo</p><p>está na combinação entre eles.</p><p>Assim é a fé e o sentimento. Em sua essência, nenhum deles é</p><p>prejudicial. Que mal há em acreditarmos em algo que não vemos ou</p><p>em sentirmos algo bom? Mas o problema está na mistura desses dois</p><p>elementos. Quando eles se fundem dentro de alguém, os resultados</p><p>são os piores possíveis.</p><p>A fusão entre fé e sentimento leva as pessoas a agirem de forma</p><p>irracional, tomando más decisões que irão destruí-las com o passar</p><p>do tempo. O efeito destrutivo dessa mistura é a longo prazo.</p><p>Essa fusão é doce no paladar, mas corrói o estômago. No início,</p><p>assemelha-se a algo especial, santo e puro, mas, quando os resultados</p><p>começam a surgir mais tarde, mostram que é justamente o contrá-</p><p>rio. Na verdade, fé e sentimento, juntos, formam algo desprezível,</p><p>diabólico e altamente prejudicial.</p><p>118 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Na prática, essa mistura faz com que seus portadores dependam</p><p>de sentir ou de deixar de sentir algo para crer nas promessas de</p><p>Deus; ou seja, isso faz com que a fé deixe de ser fé. E, sem a fé pura,</p><p>é impossível ter qualquer ligação com Deus, conforme está escrito:</p><p>“(…) sem fé é impossível agradar-Lhe; porque é necessário que aquele que</p><p>se aproxima de Deus creia que Ele existe” (Hebreus 11.6).</p><p>Não podemos nos ligar a Deus nem Lhe agradar por meio do</p><p>nosso coração. Logo, quem tem a sua fé anulada pelos sentimentos</p><p>não tem nada a ver com Deus, tampouco Lhe agrada — por mais</p><p>que aparente ou pense o contrário.</p><p>As pessoas que se “embriagam” constantemente dessa mistura</p><p>perigosa tornam-se débeis, inconstantes e indefinidas. Esses são cris-</p><p>tãos apenas nas horas boas, porque nos momentos ruins se afastam</p><p>de Deus; são fortes quando tudo está a seu favor, e fracos nas adver-</p><p>sidades; fervorosos nos louvores, e frios na confiança e na obediência</p><p>a Deus. E, em todo o tempo — seja dentro ou fora da igreja — são</p><p>pessoas perdidas, pois não conseguem enxergar quem são nem para</p><p>onde estão indo.</p><p>Se você tem sido controlado pelos efeitos dessa mistura, ainda</p><p>há tempo para se livrar dela. E eis a oportunidade: a partir de agora,</p><p>ignore suas emoções e viva a fé genuína — a fé sem mistura, que</p><p>não depende de sensações para crer e estar bem.</p><p>Decida viver pelo que está escrito em vez de continuar vivendo</p><p>por aquilo que seus sentidos conseguem processar. Se você tem sido</p><p>atraído pela propaganda enganosa dessa mistura, sequer experimente</p><p>o primeiro gole. Ele é forte o suficiente para viciá-lo, e suave o</p><p>suficiente para conduzi-lo ao inferno, enquanto você pensa que está</p><p>trilhando o caminho para o Céu.</p><p>O único sentimento da fé</p><p>Como já vimos, a fé genuína não pode estar apoiada em</p><p>nenhuma emoção. Porém, se existe um sentimento relacionado à</p><p>fé que deve ser aceito e cultivado por nós é o de revolta contra o</p><p>pecado e contra as ameaças e as afrontas do inferno.</p><p>A revolta a que me refiro é a que nasce justamente de uma fé</p><p>inteligente, que toma conhecimento, por meio das Escrituras, da</p><p>grandeza de Deus, do Seu poder, da Sua fidelidade e da Sua dispo-</p><p>sição em agir por meio dos Seus servos e, por isso, não se conforma</p><p>com as injustiças que acontecem neste mundo causadas pelo diabo.</p><p>Desse modo, não é possível uma pessoa ter o mesmo Deus de</p><p>Abraão dentro de si e se acomodar diante da guerra entre o Reino</p><p>de Deus e o reino das trevas. É impossível uma pessoa ser batizada</p><p>com o Espírito Santo, possuir a mente de Cristo e, ainda assim, viver</p><p>recuada diante das investidas do diabo, que tem levado tanta gente</p><p>para o inferno!</p><p>Na maioria das vezes em que Deus Se revelou a alguém, esse</p><p>manifestou uma fé atrevida e revoltada com a situação. A fé gera</p><p>coragem e remove todo tipo de acomodação, conformismo e passi-</p><p>vidade. Portanto, essa fé aguerrida é o combustível que traz respostas,</p><p>120 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>mudanças e milagres. Quando há a revolta da fé, os Céus se movem</p><p>a nosso favor, pois a revolta nos leva ao desafio, ao tudo ou nada, à</p><p>vida ou à morte. A fé sem revolta é o mesmo que uma comida sem</p><p>sal, é o mesmo que um dia sem sol, uma noite sem estrelas e luar.</p><p>É preciso entender que ninguém consegue mudar de vida nem</p><p>vencer o inferno porque é bonzinho, porque é pastor, obreiro ou</p><p>membro de uma igreja, não! A mudança só vem quando existe uma</p><p>revolta verdadeira, aquela que nos leva ao trono do Todo-Poderoso</p><p>e nos faz partir para o sacrifício, para requerer uma mudança.</p><p>Arde dentro de mim o fato de crer em um Deus tão grande e ver</p><p>coisas tão insignificantes sendo feitas para Ele. Foi este sentimento de</p><p>revolta que me impulsionou a deixar tudo para pregar o Evangelho.</p><p>Eu creio que, se Deus é grande, coisas grandes têm de acontecer.</p><p>Podem me achar petulante, mas, se nessa guerra espiritual, o diabo</p><p>coloca toda a sua força para destruir as pessoas, eu também tenho</p><p>que dar tudo de mim para o Reino de Deus. Indubitavelmente, eu</p><p>tenho de fazer a diferença.</p><p>Que me hás de dar?</p><p>Tenho em Abraão uma grande referência de fé. Por isso, obedeço</p><p>ao que diz a Bíblia, que nos manda olhar para ele e tomar o seu</p><p>exemplo. O mesmo Deus que abençoou Abraão, sendo ele “um”,</p><p>sozinho, de uma Terra distante, de um povo idólatra e impossibili-</p><p>tado de gerar filhos por causa da esterilidade e da idade avançada</p><p>de Sara, sua esposa, foi capaz de fazer desse casal o ponto de partida</p><p>de uma nação poderosa, uma vasta multidão na Terra. Eu olho para</p><p>Abraão para jamais esquecer que Deus continua o mesmo. NEle</p><p>não há sombra de variação ou mudança.</p><p>CAPÍTULO 8 - O único sentimento da fé 121</p><p>Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque,</p><p>sendo ele só, o chamei, e o abençoei e o multipliquei.</p><p>Isaías 51.2</p><p>Contudo, quero comentar com vocês a respeito de um determi-</p><p>nado dia na vida de Abraão, em que Deus aparece a ele por meio</p><p>de uma visão. Nesta aparição, percebemos que, embora as promessas</p><p>Divinas fossem maravilhosas, o patriarca não ficou comovido ou</p><p>alentado com as Palavras do Todo-Poderoso:</p><p>Depois destas coisas veio a Palavra do Senhor a Abrão em visão,</p><p>dizendo: Não temas, Abrão, Eu Sou o teu escudo, o teu grandíssimo</p><p>galardão. Então disse Abrão: Senhor DEUS, que me hás de dar,</p><p>pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno</p><p>Eliézer? Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis</p><p>que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.</p><p>Gênesis 15.1-3</p><p>A fé aguerrida desse homem é vista na resposta que ele dá a</p><p>Deus. Sua revolta era tamanha que ele não deu muita atenção ao</p><p>que acabara de ouvir. Percebemos também que Abraão não tinha</p><p>receio de falar com o Senhor aquilo que se passava dentro dele.</p><p>Por isso, em outras palavras, essa resposta era o mesmo que falar</p><p>para o Altíssimo que aquela declaração não confortava o seu coração.</p><p>Isto é, na concepção de Abraão, ele estava prestes a morrer e ainda</p><p>não tinha recebido o cumprimento da promessa de uma posteridade</p><p>abençoada, pois ele sequer tinha um filho para ser o herdeiro do seu</p><p>legado e do seu patrimônio.</p><p>Algumas pessoas se veem apavoradas só de pensar em falar com</p><p>Deus dessa forma, mas Abraão não tinha esse medo. Pelo contrário,</p><p>sua confiança destemida vinha da qualidade da sua fé; afinal, depois</p><p>desse episódio, o veremos honrado nos registros sagrados como o</p><p>122 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>“pai da fé”.</p><p>Sendo assim, Abraão não importunou a Deus nem foi</p><p>repreendido por Ele ao reivindicar o cumprimento da promessa,</p><p>mas foi engrandecido por tamanha coragem.</p><p>Creio que o atrevimento da fé de Abraão agradou ao Todo-</p><p>-Poderoso, por isso Ele lhe deu a visão do Céu estrelado e o tão</p><p>sonhado filho com Sara, que é Isaque. E, deste, fez surgir Israel, assim</p><p>como nações e reis, incluindo o próprio Senhor Jesus.</p><p>As boas Palavras do Senhor não ficaram restritas a Abraão, mas se</p><p>cumprem até os dias de hoje, por nosso intermédio também, pois</p><p>somos considerados filhos de Abraão, seus descendentes espirituais,</p><p>o novo Israel de Deus. O Altíssimo, portanto, não fica desapontado</p><p>com a fé revoltada, mas a aprecia e a recompensa.</p><p>Veja que o mesmo Abraão de postura pacífica, quando recebeu a</p><p>notícia de que seu sobrinho Ló tinha sido levado cativo por povos</p><p>inimigos, reuniu todos os seus servos para ir resgatá-lo (conforme</p><p>Gênesis 14.12-16). Ao todo, ele tomou 318 homens nascidos em</p><p>sua casa, que eram pastores de rebanho, homens do campo que não</p><p>dominavam a arte da guerra, mas que foram armados por ele para</p><p>irem à batalha.</p><p>Por que Abraão tomou essa atitude? Porque a fé atrevida não</p><p>tem nada a perder. Ela violenta o inferno, arrasa as dúvidas e faz</p><p>manifestar a grandeza de Deus.</p><p>“Quem é este incircunciso filisteu?” ou “Quem Golias pensa que é”?</p><p>Foi isso que Davi perguntou ao ver que Israel estava sendo afrontada</p><p>pelos inimigos. Ele viveu uma experiência de revolta que vale a pena</p><p>ser lembrada para nos encorajar.</p><p>Davi era um adolescente, o menor da sua casa, por isso o rebanho</p><p>da família ficava aos seus cuidados. Enquanto ele recebia o encargo</p><p>CAPÍTULO 8 - O único sentimento da fé 123</p><p>dos serviços mais modestos e desprezados, seus irmãos mais velhos,</p><p>que eram fortes e hábeis com armas, serviam como guerreiros no</p><p>exército do rei Saul.</p><p>Davi era tão desacreditado que foi dada a ele a tarefa de levar</p><p>comida aos seus irmãos no campo de batalha. Mas, quando aquele</p><p>jovem franzino viu a afronta de Golias, ele se revoltou con-</p><p>tra aquela situação. Davi não olhou para o tamanho do gigante;</p><p>aliás, aquilo pouco importava, pois ele tinha em mente o tamanho</p><p>do seu Deus.</p><p>(...) Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar</p><p>os exércitos do Deus Vivo?</p><p>1Samuel 17.26</p><p>O que provocou indignação em Davi era pensar em como um</p><p>profano filisteu poderia ofender o exército do Deus Vivo e perma-</p><p>necer de pé. Veja que o raciocínio dele colocava a revolta no lugar</p><p>certo; ou seja, ele sabia que aquela afronta não era para os soldados</p><p>ou para Israel, mas para o Todo-Poderoso.</p><p>Isso mostra que quem desrespeita e desacata os da fé insulta o</p><p>próprio Deus e tenta tocar na Sua glória. Só quem O tem dentro de</p><p>si é inflamado pela revolta da fé e também pensa e age dessa forma.</p><p>Condições humanas Davi não tinha, mas sua santa indignação</p><p>tornou-o maior que o gigante Golias. Ao observá-lo, o guerreiro</p><p>filisteu desdenhou e riu do seu oponente que, além de ter baixa</p><p>estatura, era jovem e não tinha experiência em guerra. Golias só</p><p>conseguia ver o físico de um simples pastor de ovelhas, não a gran-</p><p>deza do seu interior nem da sua fé.</p><p>A Bíblia diz: “(...) apressou-se Davi, e correu ao combate, a encon-</p><p>trar-se com o filisteu” (1Samuel 17.48). Ele também prometeu dar</p><p>124 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>a carne daquele gigante “(...)às aves do Céu e às bestas do campo”</p><p>(1Samuel 17.46).</p><p>A fé aguerrida é assim: violenta, louca e sobrenatural. Só entende</p><p>quem a possui.</p><p>• Violenta porque quem crê que o Deus de Davi é o mesmo</p><p>hoje, jamais permite que os Golias prevaleçam sobre a sua vida;</p><p>• Violenta porque quem crê não se conforma em ler tudo o</p><p>que está escrito na Bíblia e não ver isso se cumprir na sua vida;</p><p>• Violenta porque quem crê se recusa a confiar no mesmo</p><p>Deus de Moisés e viver como escravo dos “egípcios”;</p><p>• Violenta porque quem crê rejeita o fato de crer no mesmo</p><p>Deus de Josué e não se apossar de Suas promessas;</p><p>• Violenta porque quem crê não se conforma em depositar</p><p>sua fé no Deus de Gideão, ser chamado de “irmão” e, ainda</p><p>assim, estar sujeito às humilhações dos inimigos;</p><p>• Violenta porque quem crê que o Filho de Deus já despojou</p><p>os principados e as potestades não admite que estes tenham</p><p>domínio sobre sua vida;</p><p>• Violenta porque quem crê violenta o seu ser por inteiro para</p><p>que possa se apoderar do Reino dos Céus;</p><p>• Violenta porque quem crê que o SENHOR é o Deus da</p><p>Paz sabe que Ele esmagará Satanás debaixo dos nossos pés</p><p>(Romanos 16.20);</p><p>CAPÍTULO 8 - O único sentimento da fé 125</p><p>• Violenta porque quem crê está permanentemente revoltado</p><p>e em guerra contra as forças das trevas.</p><p>Portanto, a violência da fé que raciocina é contra o mundo, e o</p><p>mundo é contra quem a possui. Por isso, quem a possui constitui-se</p><p>amigo de Deus e inimigo do diabo. Quem entende isso não gasta</p><p>seu tempo com futilidades.</p><p>Estamos em dias de tanto entretenimento que as pessoas têm</p><p>perdido a noção da própria realidade. Muitas passam horas e horas</p><p>do seu dia nas redes sociais, nos videogames ou assistindo a filmes e</p><p>séries na TV ou na internet e nem percebem que essas distrações</p><p>tornam impossível uma comunhão com Deus.</p><p>Essas pessoas ficam sobrecarregadas com o “vinho” deste mundo</p><p>e pensam que alguns minutos de leitura bíblica ou a presença em</p><p>um culto serão suficientes para estimular sua fé e deixá-la em alta</p><p>para vencer os problemas. Mas é claro que isso não é possível! A</p><p>vida cristã não é feita de mágica, e sim desenvolvida com renúncia</p><p>diária e sacrifício constante.</p><p>Vejo como uma grande estratégia do diabo essa facilidade para</p><p>o entretenimento, para as distrações e para o divertimento, porque</p><p>todas as vezes que se perde o foco, se perde a batalha.</p><p>Então, nessa guerra de todos os dias pela sobrevivência espiritual,</p><p>travamos uma luta entre o coração e a razão, entre a Voz de Deus</p><p>e a voz do diabo. Vencerá quem nutre dentro de si o único senti-</p><p>mento benéfico à fé: a revolta. Este sentimento ferve a nossa fé e</p><p>nos faz viver de fé em fé sempre e até o fim, se nos mantivermos</p><p>conectados a Ele.</p><p>126 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>A revolta do Senhor Jesus</p><p>Por conta de Sua natureza espiritual, Jesus era um “revoltado”. E não</p><p>poderia ser diferente; afinal de contas, por ser possuído pelo Espírito</p><p>da Justiça, Ele não Se inclinaria ao reinado do espírito da injustiça.</p><p>Listamos a seguir algumas situações em que Jesus Se revoltou contra</p><p>o reinado do diabo neste mundo:</p><p>1. Revoltou-Se contra os mercadores do Templo, derrubando as</p><p>mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas.</p><p>Confira em Mateus 21.12; Marcos 11.15.</p><p>2. Condenou os escribas e fariseus hipócritas. Confira em</p><p>Mateus 23.13-16.</p><p>3. Chamou o rei Herodes de raposa quando foi ameaçado de</p><p>morte. Confira em Lucas 13.32.</p><p>4. Curou num dia de sábado, contrariando a tradição religiosa.</p><p>Confira em Lucas 14.3-4 e João 9.14.</p><p>5. Sentou-Se à mesa com publicanos e pecadores. Confira em</p><p>Mateus 9.10.</p><p>6. Dialogou com a samaritana no poço de Jacó. Confira em</p><p>João 4.5-18.</p><p>7. Curou dez leprosos, mesmo sabendo que apenas um voltaria.</p><p>Confira em Lucas 17.11-19.</p><p>8. Criticou a timidez de fé dos Seus discípulos. Confira em</p><p>Mateus 8.26.</p><p>9. Chamou para segui-Lo um homem sincero, que coletava</p><p>impostos. Confira em Mateus 9.9.</p><p>10. Compadecia-Se das ovelhas (Mateus 9.36), porém, era duro</p><p>com os lobos (Mateus 7.15).</p><p>11. Avisou que não veio trazer paz à Terra, mas espada. Confira</p><p>em Mateus 10.34.</p><p>12. Aprovou que os discípulos colhessem espigas num sábado.</p><p>Confira em Mateus 12.1-8.</p><p>CAPÍTULO 8 - O único sentimento da fé 127</p><p>13. Aprovou Davi e seus companheiros por comerem os pães da</p><p>proposição por conta da fome, os quais eram apenas para os</p><p>sacerdotes. Confira em Mateus 12.3-8.</p><p>14. Ensinou a amarrar o valente (diabo) e a saquear sua casa</p><p>(ou seja, “roubar” os sofridos das suas garras). Confira em</p><p>Mateus 12.29.</p><p>15. Chamou religiosos hipócritas de raça de víboras. Confira</p><p>em Mateus</p><p>3.7.</p><p>16. Afirmou que Sua mãe e Seus irmãos são aqueles que fazem</p><p>a vontade de Deus. Confira em Mateus 12.50.</p><p>17. Quando Pedro ousou aconselhá-Lo, disse-lhe: “Para trás de</p><p>mim, Satanás...” Isto é, Jesus revoltou-Se contra a atitude</p><p>do Seu discípulo e não Se constrangeu com isso. Confira</p><p>em Mateus 16.23.</p><p>18. Amaldiçoou uma figueira porque não encontrou figos nela.</p><p>Confira em Mateus 21.19.</p><p>19. Era odiado por causa da Sua revolta contra as injustiças e</p><p>garantiu que seríamos também odiados. Isto é, não prometeu</p><p>moleza na fé. Antes, garantiu: “(...) sereis odiados de todas as</p><p>nações, por causa do Meu Nome”. Confira em Mateus 24.9.</p><p>20. Revoltou-Se contra a inutilidade do terceiro servo, que não</p><p>multiplicou seu talento e condenou-o às trevas onde há choro</p><p>e ranger de dentes. Confira em Mateus 25.30.</p><p>21. Revoltou-Se contra a Sua vontade para fazer a de Seu Pai.</p><p>Confira em Mateus 26.39.</p><p>Além desses fatos, Seus ensinamentos e discursos mostram toda</p><p>a Sua revolta.</p><p>Então, viver no Espírito é viver na fé da revolta para mudar</p><p>as situações impostas pelo mal. Todas as pessoas possuídas pelo</p><p>Espírito de Deus carregam em si a revolta contra os espíritos da</p><p>corrupção espiritual e moral. Para eles, é inadmissível ter o Espírito</p><p>128 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>de Deus e, ao mesmo tempo, estar sujeito às injustiças que, no</p><p>fundo, procedem do inferno.</p><p>A permissão Divina às injustiças não é sinal da Sua vontade. Ao</p><p>contrário, Deus tem permitido a ação dos inimigos da justiça para</p><p>que Seus filhos (filhos da justiça) se revoltem, lutem e prevaleçam</p><p>contra eles. Isso despertará a fé dos sinceros e os fará ver que há</p><p>Um Deus Vivo e Todo-Poderoso pronto para livrá-los.</p><p>Foi assim no passado</p><p>A Terra Prometida não foi um brinde. Apesar de sua promessa</p><p>garantida, ela teve de ser conquistada por meio da guerra. Isso</p><p>custou muitas vidas, custou esforço; afinal, a presença de Deus</p><p>com eles não significava que a jornada seria fácil ou que seriam</p><p>poupados de lutar, de gemer e de confrontar inimigos. Porém, à</p><p>medida que os filhos de Israel davam um passo adiante, mais se</p><p>apoderavam daquele espaço.</p><p>Hoje em dia, não é diferente. Comigo não tem sido diferente.</p><p>Tão certo como Deus existe, sei que Ele é comigo. Porém, nunca,</p><p>jamais e em tempo algum encontrei facilidades no meu caminho.</p><p>Você mesmo conhece pelo menos uma pessoa que me odeia de</p><p>graça, não é? Sofro hostilidades, sarcasmo e pressão de todos os</p><p>lados por causa da minha fé.</p><p>Contudo, há muitos anos, num belo dia, eu reclamei disso,</p><p>dizendo: “Senhor, tudo tem sido muito difícil para mim. Tu sabes</p><p>por quem luto e não estão ocultos a Ti os meus objetivos. Por que</p><p>tantas barreiras de injustiças?” Naquele mesmo instante, o Espírito</p><p>Santo respondeu: “A luta é grande, mas a vitória é certa”. Imedia-</p><p>tamente, recobrei as forças e parti para o tudo ou nada. Afinal de</p><p>contas, não tinha nem tenho nada a perder.</p><p>CAPÍTULO 8 - O único sentimento da fé 129</p><p>Portanto, vai aí um recadinho aos meus perseguidores: eu vou</p><p>arrebentar! E quaisquer que sejam os empecilhos para tentar me</p><p>impedir, eles servirão de apoio aos meus pés para subir mais alto</p><p>ainda. E, se o meu Senhor permitir que vocês me matem, saibam</p><p>que as sementes plantadas frutificarão muito mais do que quando</p><p>estava vivo!</p><p>O que não posso fazer é coxear entre a fé e as emoções, senão</p><p>perco não só meu ministério, como também a Salvação da minha</p><p>alma. Porque a fé aguerrida e intrépida conserva a vida eterna,</p><p>enquanto a fé acomodada conduz às derrotas, à queda e à morte.</p><p>Vejo essa fé como um escudo para nossa defesa neste mundo</p><p>de conflito espiritual. Antigamente, o escudo era um equipamento</p><p>obrigatório nas guerras, porque, quando o inimigo levantava sua</p><p>espada, o meio seguro de o soldado se defender era levantando o</p><p>seu escudo.</p><p>Agora imagine se, na hora H, aquele guerreiro descobrisse que</p><p>o seu escudo era de plástico ou papelão, como poderia se proteger?</p><p>A fé emocional, desenvolvida por muitos cristãos, tem sido como</p><p>esse escudo inútil que não os protege contra os ataques do diabo.</p><p>Ao menor sinal de problemas, essas pessoas descreem de Deus,</p><p>desanimam, fogem da luta e, consequentemente, se tornam um</p><p>triunfo para Satanás.</p><p>Os heróis da fé</p><p>Um dos capítulos mais memoráveis da Bíblia diz respeito a uma</p><p>galeria de homens e mulheres de Deus que alcançaram o bom</p><p>testemunho por um único motivo em comum: a sua fé. Por isso, a</p><p>expressão “pela fé” inicia os relatos, pois ela foi o segredo que os</p><p>capacitava a atos tão heroicos.</p><p>130 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Na relação de nomes, saltam aos nossos olhos os grandes feitos</p><p>desses heróis. Entre eles estão:</p><p>• Oferecer o melhor de si em sacrifício a Deus;</p><p>• Dedicar 100 anos da vida na construção de um “barco”, longe</p><p>do mar, crendo que um dia viria um dilúvio;</p><p>• Deixar tudo para trás sem saber aonde ir;</p><p>• Ter coragem de oferecer em sacrifício o próprio filho;</p><p>• Abandonar o luxo de um palácio para peregrinar no deserto;</p><p>• Fechar a boca de leões famintos;</p><p>• Sair ileso do fogo;</p><p>• Escapar do fio da espada;</p><p>• Colocar em fuga exércitos poderosos;</p><p>• Vencer a morte, e muito mais.</p><p>Esses heróis da fé, como são conhecidos popularmente por causa</p><p>da sua confiança no Altíssimo, se tornaram santificados por Ele. Por</p><p>isso, o mundo iníquo não era digno da honra de ter a sua presença</p><p>(Hebreus 11.38).</p><p>Que glória ter Deus como testemunha de alguém dessa forma! E</p><p>enquanto o Céu os exaltava, seus perseguidores na Terra os odiavam</p><p>e os perseguiam.</p><p>A fé que essas pessoas tinham dava forças para confrontar o</p><p>inferno e enfrentar as piores adversidades de sua época. Elas não</p><p>temiam as injúrias, as ameaças ou a morte porque criam que</p><p>o Altíssimo era suficientemente poderoso para guardá-las de</p><p>qualquer mal. Esses heróis não se refugiavam no conforto, não</p><p>se acomodavam nas facilidades, não mudavam seu caráter sob</p><p>pressão. Alguns foram até mesmo torturados e mortos da forma</p><p>mais cruel e, mesmo assim, não negaram seus princípios. A fé</p><p>aguerrida confia em Deus e O segue, ainda que o diabo faça</p><p>muito barulho por causa disso.</p><p>CAPÍTULO 8 - O único sentimento da fé 131</p><p>Quem de fato crê não vê pela frente um futuro incerto. Pelo con-</p><p>trário, sua fé lhe dá plena certeza da eternidade ao lado do seu Senhor.</p><p>Essa fé crê que Deus formou o mundo do nada; portanto, o justo</p><p>é capaz de confiar que o Céu permanece soberano sobre a Terra</p><p>e sobre qualquer circunstância. Até quando uma injustiça parece</p><p>prevalecer, ela não prevalece. Esse foi o caso de Abel, que era justo</p><p>e foi assassinado. Apesar disso, a morte, para ele, não foi o fim. A sua</p><p>fé deu voz ao seu sangue, que testemunha a sua fidelidade e prega</p><p>por todas as gerações até hoje.</p><p>Quando um homem ou uma mulher de Deus morre, nada morre</p><p>com eles, exceto o seu corpo. A fé que opera continuamente faz</p><p>seu legado espiritual permanecer, suas sementes germinarem e seus</p><p>frutos gerarem outras vidas para a eternidade. Quem vive pela fé</p><p>tem a sua história contada pelo próprio Deus, que honra essa pessoa</p><p>diante do mundo. Então, se “pela fé” temos uma porta aberta conti-</p><p>nuamente, pela qual podemos, com ousadia, entrar e nos aproximar</p><p>de Deus, “sem fé é impossível” que esse relacionamento ocorra.</p><p>Todas as portas do Céu se fecham para quem abriga dentro de si a</p><p>dúvida, o medo ou a incredulidade.</p><p>Penso que a melhor parte da descrição dessa passagem bíblica de</p><p>Hebreus esteja em uma pequena observação que diz que esses heróis</p><p>não só viveram na fé, como também morreram na fé (Hebreus</p><p>11.13). Ou seja, eles continuaram na guerra, lutando, confrontando o</p><p>diabo e crendo nas promessas de Deus até o último suspiro de vida.</p><p>Por isso, vale a pena lembrar dessas pessoas, contar suas histórias e</p><p>tomar suas memórias por referência.</p><p>Viver pela fé e morrer na fé são as mais esplêndidas de todas as</p><p>vitórias que alguém pode ter!</p><p>132 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Saiba, meu amigo (a), que nunca haverá uma convivência har-</p><p>mônica e pacífica com o reino das</p><p>trevas, pois luz e trevas foram,</p><p>são e serão, para todo o sempre, opostas entre si. Não há como</p><p>juntá-las numa concordância porque, lá na Criação, Deus já havia</p><p>determinado a separação:</p><p>E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação</p><p>entre a luz e as trevas.</p><p>Gênesis 1.4</p><p>Quero dizer com isso que, se você é de Deus, vai ter de lutar</p><p>contra as trevas. Quando veio ao mundo, o Senhor Jesus sabia</p><p>que tinha de enfrentar, confrontar e vencer Satanás. Por isso,</p><p>Ele disse:</p><p>O ladrão (diabo) não vem senão a roubar, a matar, e a destruir;</p><p>Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.</p><p>João 10.10</p><p>Embora as obras malignas fossem abundantes e visíveis na huma-</p><p>nidade, o propósito da encarnação do Filho de Deus foi despedaçar</p><p>completamente os grilhões que uniam a raça humana a Satanás</p><p>desde a queda de Adão e Eva, no Éden. O Senhor Jesus veio tornar</p><p>o homem livre do pecado e do maior de todos os pecadores: o diabo.</p><p>(...) Para isto o Filho de Deus Se manifestou: para</p><p>desfazer as obras do diabo.</p><p>1João 3.8b</p><p>O Senhor Jesus viveu e morreu para colocar todo o reino das trevas</p><p>no seu devido lugar, de derrota e vergonha. Então, não é aceitável que</p><p>os cristãos de hoje sejam de “cristal”, medrosos ou vivam acuados,</p><p>sob o domínio do mal.</p><p>CAPÍTULO 8 - O único sentimento da fé 133</p><p>No plano soberano do Deus Eterno, a própria criatura, usada</p><p>pelo diabo para desvirtuar e perverter todo o propósito Divino, é</p><p>a peça-chave que o destruirá. Ou seja, o Filho de Deus, que Se fez</p><p>Homem, viveu de modo perfeito, esmagou a cabeça da serpente e</p><p>hoje nos dá Seu poder para que, assim como Ele, venhamos triunfar</p><p>sobre Satanás todos os dias.</p><p>Não é glorioso isso?</p><p>O Senhor Jesus continua o Seu trabalho por meio de nós. Isso</p><p>significa que Ele continua a Se manifestar todos os dias para desfazer</p><p>as obras do diabo e para colocá-lo em fuga.</p><p>Para você que está vivendo este conflito espiritual e espera</p><p>que Deus resolva tudo, saiba que o Senhor Jesus não vai descer</p><p>do Seu Trono para vir à Terra fazer o que é da sua incumbência.</p><p>O nosso Senhor já lhe deu autoridade para vencer os ataques</p><p>do diabo nesta guerra. Você já tem o Seu poderoso Nome, a Sua</p><p>Palavra (espada) e o Seu Espírito. Sendo assim, já lhe foi conce-</p><p>dido tudo o que é necessário para prevalecer. Mas, se isso não</p><p>está acontecendo, é porque lhe sobra conformismo e lhe falta a</p><p>revolta da fé.</p><p>Filhos de Deus versus</p><p>filhos do maligno</p><p>Percebemos, desde a criação de Adão e Eva, que o mal</p><p>sempre busca maneiras de estar junto do bem. Foi assim no pas-</p><p>sado e será assim até a volta do Senhor Jesus. Um exemplo disso é</p><p>a parábola do joio e do trigo, em que Satanás, para se infiltrar na</p><p>Obra de Deus, finge ser um servo do Altíssimo, conseguindo, com</p><p>isso, enganar a muitos. Veja:</p><p>Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O Reino dos Céus é semelhante</p><p>ao homem que semeia a boa semente no seu campo; mas, dormindo</p><p>os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e</p><p>retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também</p><p>o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe:</p><p>Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem,</p><p>então, joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos</p><p>lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Ele, porém, lhes</p><p>disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo</p><p>com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da</p><p>ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos</p><p>para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.</p><p>Mateus 13.24-30</p><p>136 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Perceba como o diabo é audaz na batalha contra Deus. Ao mesmo</p><p>tempo em que o Altíssimo, incansavelmente, semeia a Sua Palavra</p><p>para ter a Sua colheita de salvos, Satanás, também de forma obstinada,</p><p>semeia palavras distorcidas e mentirosas que suscitam dúvida e morte.</p><p>Satanás faz esse “trabalho paralelo” ao de Deus porque quer mis-</p><p>turar a sua podridão ao que é puro, a fim de devastar a ceifa Divina.</p><p>Para isso, ele aproveita brechas para lançar suas sementes malignas</p><p>dentro do campo onde o próprio Deus está trabalhando.</p><p>Na parábola, Deus é o Dono do campo, que representa o mundo,</p><p>a Igreja e cada pessoa que, de alguma maneira, está recebendo o</p><p>Evangelho para a sua conversão e edificação espiritual. O trigo são</p><p>os verdadeiros convertidos que o próprio Senhor tem plantado para a</p><p>Sua glória. Já o joio são os falsos convertidos que se infiltram no meio</p><p>dos filhos de Deus com o propósito de influenciá-los para o mal.</p><p>E como o joio consegue realizar o seu intento? Com a sono-</p><p>lência espiritual dos cooperadores de Deus. Veja que o Dono do</p><p>campo, o Todo-Poderoso, não dorme, mas os servos que Ele cons-</p><p>titui para cuidar do Seu Rebanho, muitas vezes, relaxam espiri-</p><p>tualmente, facilitando, assim, o trabalho do diabo. É por isso que</p><p>encontramos joio onde menos esperamos e, normalmente, numa</p><p>quantidade avassaladora.</p><p>Vale ressaltar que quanto mais os servos forem negligentes e aco-</p><p>modados, mais o trabalho do diabo, feito na surdina, para não chamar</p><p>a atenção, será facilitado.</p><p>Por faltar pouco tempo para a vinda do Senhor Jesus Cristo,</p><p>o trabalho dos servos (plantação) precisa ser intensificado. Porém,</p><p>em nenhum momento, isso pode significar precipitação ou des-</p><p>cuido com a Obra de Deus, muito menos falta de discernimento</p><p>CAPÍTULO 9 - Filhos de Deus versus filhos do maligno 137</p><p>ou ingenuidade, pois o mal se aproveita dessas falhas para plantar</p><p>joios e causar danos à seara.</p><p>Por isso, fica o alerta aos pastores, aos homens que foram cons-</p><p>tituídos por Deus para serem os guardadores do Seu Rebanho: não</p><p>sejam lentos nesta missão, não permitam que o pecado se espalhe</p><p>como algo comum no meio do povo e não deixem que a mornidão</p><p>espiritual tome conta das pessoas, porque essas são apenas algumas</p><p>condições que propiciam a multiplicação do joio no meio do trigo.</p><p>É preciso entender que dormir espiritualmente na Obra de Deus</p><p>permite surgir joios que vão causar escândalos aos novos na fé e aos</p><p>incrédulos, porque são justamente estes que desconhecem as táticas</p><p>malignas. Diante disso, se assustarão ao ver maus testemunhos, con-</p><p>fusões, mentiras e tantas atrocidades cometidas por quem só parece</p><p>ser de Deus, mas, no fundo, não tem nada dEle. Esse é o joio. Por</p><p>fora, mostra ser luz, mas, por dentro, reinam as trevas. No entanto,</p><p>mesmo que o joio cresça junto com o trigo na igreja visível e ainda</p><p>que pareça ser o trigo e permaneça ao lado dele por muito tempo,</p><p>sempre será diferente no aspecto espiritual. Assim, cedo ou tarde,</p><p>manifestará os seus maus frutos.</p><p>Se o servo mau, preguiçoso e relaxado em seu serviço favorece o</p><p>diabo, o servo bom e fiel, por outro lado, jamais permite que Satanás</p><p>aja livremente. Antes, empenha todos os seus esforços para deter a</p><p>atuação maligna e colocar as pessoas, que foram confiadas em suas</p><p>mãos, em segurança diante do Altíssimo, por meio de ensinamentos</p><p>e alertas contra os enganos do diabo.</p><p>Entenda a diferença entre o trigo e o joio</p><p>O Senhor Jesus usa a parábola do trigo e do joio para explicar um</p><p>dos maiores estratagemas malignos, justamente porque o trigo é</p><p>138 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>um dos mais importantes cereais do planeta. Ele é produzido em</p><p>grande quantidade no mundo inteiro por ser o ingrediente principal</p><p>do pão, que é a base da alimentação da maioria dos povos.</p><p>Para entendermos melhor a parábola contada por Jesus, vamos</p><p>analisar algumas particularidades que diferenciam o trigo do joio, a</p><p>começar pelo aspecto biológico.</p><p>O trigo é da família das gramíneas, e seus grãos são ricos em</p><p>nutrientes para o corpo. Já o joio, do gênero Lolium, cresce mis-</p><p>turado aos trigais, infiltrando-se como erva daninha. Por conta da</p><p>sua semelhança com o trigo, é quase impossível separá-los antes</p><p>que as espigas amadureçam. Outra diferença é que o trigo dá fruto,</p><p>enquanto os grãos do joio são infestados por um fungo</p><p>que produz</p><p>uma substância tóxica (temulina), que causa prejuízos às plantações</p><p>e efeitos graves para a saúde, se forem ingeridos.</p><p>Veja então que se o trigo faz bem, porque fornece um pão saudá-</p><p>vel, o joio faz mal, porque dele pode ser produzido um pão tóxico.</p><p>Por isso, a Palavra de Deus faz alusão ao joio comparando-o aos</p><p>filhos das trevas, uma vez que são enganosos e perversos. O trigo,</p><p>por outro lado, representa os nascidos de Deus, os autênticos filhos</p><p>do Altíssimo, que têm em sua vida e em sua fé sinceridade e entrega.</p><p>Essa representação entre o trigo e o joio, na plantação, comu-</p><p>mente é vista dentro das igrejas, onde há falsos servos infiltrados</p><p>entre os verdadeiros. Assim como não existe uma plantação ape-</p><p>nas de trigo, não há uma comunidade apenas de salvos. Quem</p><p>dera tivéssemos!</p><p>E por que não temos essa comunidade? Porque onde há gente</p><p>sincera, há também os enganadores. Onde há convertidos, há também</p><p>os que não o são. Onde há quem fala a verdade, há também quem pro-</p><p>fere mentiras. Isso vale como aviso para aqueles que buscam encontrar</p><p>CAPÍTULO 9 - Filhos de Deus versus filhos do maligno 139</p><p>uma igreja “perfeita”, em que todos os membros são confiáveis, bons e</p><p>fiéis; onde não haja problemas e tudo corra às “mil maravilhas”. Saiba</p><p>que isso jamais será possível! Afinal, onde há trigo, há também joio. E,</p><p>quanto mais cresce a quantidade de trigo, mais aumenta a quantidade</p><p>de joio por causa da investida maligna. Portanto, devemos estar prepa-</p><p>rados para encontrar enganadores, mentirosos, adúlteros e pessoas sem</p><p>o caráter Divino dentro da Casa de Deus. Isso não é agradável, mas</p><p>é a realidade vista tanto nos tempos bíblicos quanto nos dias atuais.</p><p>Estamos na era do engano, em que o diabo, com cada vez mais</p><p>ânsia para destruir a Igreja, tem feito de tudo para levantar mais e</p><p>mais joios, ou seja, pessoas iníquas no meio daqueles que são de</p><p>Deus. E, por serem parecidos, só o tempo dirá quem é quem.</p><p>Entre as sete igrejas do Apocalipse, somente as igrejas de Esmirna</p><p>e de Filadélfia foram irrepreensíveis em sua fé. Contudo, no meio</p><p>delas nasceu a sinagoga de Satanás. Esse tipo de congregação costuma</p><p>surgir em meio à verdadeira congregação dos santos, e seu objetivo</p><p>não é outro senão enganar os imaturos na fé.</p><p>A sinagoga de Satanás surge com pessoas trasvestidas de “espi-</p><p>rituais”, que fazem questão de mostrar o que não são. Possuem</p><p>aparência espiritual, mas são hipócritas de carteirinha. São conhe-</p><p>cedoras das Escrituras e até impressionam por suas habilidades, mas</p><p>são dissimuladas. Por isso, e também por barrarem o caminho dos</p><p>que almejam a Salvação, já estão condenadas profeticamente, con-</p><p>forme Mateus 23.</p><p>O objetivo dessa gente é semear discórdias e rebeliões para ten-</p><p>tar implodir, destruir a congregação em que se encontram. Foi o</p><p>que aconteceu com Filadélfia e Esmirna, as duas igrejas impecáveis.</p><p>Observe que as demais igrejas corrompidas nem precisavam ter</p><p>uma sinagoga satânica entre elas, porque já estavam contaminadas</p><p>por outros pecados.</p><p>140 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico),</p><p>e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a</p><p>sinagoga de Satanás.</p><p>Apocalipse 2.9</p><p>Eis que Eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem</p><p>judeus, e não são, mas mentem: eis que Eu farei que venham, e</p><p>adorem prostrados a teus pés, e saibam que Eu te amo.</p><p>Apocalipse 3.9</p><p>Diante disso, não permita que em seu coração seja semeada a</p><p>má semente. Vigie seus olhos, sua mente, sua língua e seus ouvidos,</p><p>porque Satanás se aproveita dos pequenos descuidos que a pessoa</p><p>dá para minar a sua fé.</p><p>Características do Trigo</p><p>1 – Autêntico. Essa é a sua característica mais marcante. O</p><p>trigo é verdadeiro, sincero, de uma só palavra. Se é “sim”, é “sim”;</p><p>se é “não”, é “não”. Sua vida é um livro aberto, pois ele é trans-</p><p>parente em tudo; afinal, o Espírito de Deus é quem habita nele.</p><p>Além disso, sua luz brilha de tal modo diante dos homens que</p><p>glorifica o Pai celestial em suas atitudes e até ilumina quem está</p><p>ao seu redor (Mateus 5.14-16).</p><p>2 – Humilde. O peso dos frutos faz o trigo se curvar. Quanto</p><p>mais frutos do Espírito Santo há no trigo, mais ele se diminui</p><p>diante do Senhor e reconhece a grandeza de Deus em sua vida.</p><p>O trigo se enxerga tão somente como um bisturi, ou seja, um</p><p>instrumento nas Mãos de um cirurgião, que é o Altíssimo. Veja</p><p>que, numa cirurgia bem-sucedida, o paciente sempre dirige seus</p><p>elogios ao médico-cirurgião e nunca ao bisturi, ou à pinça, ou</p><p>à tesoura que foi usada. De igual modo, o trigo reconhece que</p><p>CAPÍTULO 9 - Filhos de Deus versus filhos do maligno 141</p><p>precisa estar sempre bem afiado e esterilizado para ser usado como</p><p>ferramenta pelo seu Criador.</p><p>3 – Perseguido. A exemplo do Senhor Jesus, o trigo foi, é e sem-</p><p>pre será perseguido, seja por aqueles que estão fora, seja por aqueles</p><p>que estão dentro das igrejas, pois ele segue firmemente as pegadas do</p><p>seu Senhor (João 15.18-21). Dentro das igrejas, o trigo é perseguido</p><p>pelo joio, que se morde de inveja ao ver os frutos do trigo enchendo</p><p>os celeiros do Reino de Deus. Por não aceitar ficar para trás, o joio</p><p>se torna um aliado do diabo para tentar prejudicar o trigo.</p><p>4 – Disciplinado. A partir do momento em que é incluído na</p><p>Videira Verdadeira, que é a Igreja ou o Corpo do Senhor, o trigo</p><p>passa a viver em perfeita harmonia com os demais membros e,</p><p>sobretudo, com o Cabeça, que é Jesus. O nascido de Deus considera</p><p>as correções como “óleo da justiça”, isto é, uma ajuda para si. Então,</p><p>aquilo que impulsiona o trigo a crescer e a seguir em frente são as</p><p>repreensões daqueles que querem o seu bem.</p><p>Fira-me o justo, será isso uma benignidade; e repreenda-me,</p><p>será um excelente óleo (...)</p><p>Salmos 141.5</p><p>Características do joio</p><p>1 – Hipócrita. Como já dissemos, o joio não é verdadeiro, não</p><p>é autêntico. As palavras que saem de sua boca não correspondem</p><p>ao que está no seu coração.</p><p>Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens,</p><p>mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.</p><p>Mateus 23.28</p><p>142 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>2 – Orgulhoso. Se há uma palavra inexistente no dicionário</p><p>do joio, essa palavra é humildade. O joio é ereto porque não</p><p>há fruto dentro dele que pese e o faça se curvar. Ele sempre se</p><p>considera melhor do que as demais pessoas, e nada do que os</p><p>outros façam tem valor. Além disso, tem um olhar altivo e uma</p><p>postura soberba, como na parábola do fariseu e do publicano</p><p>(Lucas 18.9-14).</p><p>3 – Mau. É muito comum o joio fazer de tudo para prejudicar</p><p>o trigo, com calúnias e difamações. E faz isso sempre pelas costas,</p><p>de forma sorrateira e camuflada, mostrando-se sereno e amigo por</p><p>fora, porém, venenoso por dentro. Esse foi o caso de Judas, que</p><p>durante três anos conviveu com Jesus e os discípulos, e nenhum</p><p>deles, exceto o nosso Senhor, percebeu sua verdadeira identidade</p><p>de traidor e hipócrita.</p><p>4 – Indisciplinado. O joio odeia ser corrigido. Além disso, ele</p><p>costuma reclamar de tudo, inclusive, vê “injustiça” em qualquer tipo</p><p>de direção dada pelas autoridades espirituais.</p><p>Estranhos no Corpo de Cristo</p><p>É preciso tomar muito cuidado com esses intrusos que se inserem</p><p>no meio dos puros para corrompê-los. Não podemos, de modo</p><p>algum, ignorar tal advertência porque, ao longo da história bíblica,</p><p>Satanás sempre infiltrou gente dele no meio do povo de Deus. Essa</p><p>é uma velha estratégia que ele usou no passado e continua usando</p><p>nos dias atuais. Vejamos a seguir como Satanás conseguiu corromper</p><p>soldados de Israel, empregando essa mesma tática.</p><p>Havia um homem chamado Balaão que ensinou Balaque, rei de</p><p>Moabe, a corromper a fé dos soldados de Israel. Ele disse que bastava</p><p>enviar mulheres moabitas para o acampamento do exército para</p><p>CAPÍTULO 9 - Filhos de Deus versus filhos do maligno 143</p><p>que aqueles homens caíssem em prostituição (Números 25.1-9).</p><p>As belas jovens foram até lá e, além de terem relações sexuais com</p><p>eles,</p><p>os induziram a fazer sacrifícios aos deuses cananeus e a comer</p><p>dessas oferendas. Diante de Deus, isso constituiu uma quebra de</p><p>Aliança, pois parte da nação estava se voltando para a idolatria e</p><p>para a prostituição.</p><p>Por causa dessa desobediência, o povo, que ficou sem a proteção de</p><p>Deus, sofreu com uma terrível maldição e 24 mil pessoas morreram</p><p>com uma praga que se abateu sobre Israel. Balaão soube bem como</p><p>ser uma pedra de tropeço para a nação israelita. Quem lhe deu essa</p><p>astúcia foi o próprio diabo, que também enche de audácia os joios</p><p>para conduzir os sinceros à sedução e à contaminação do pecado.</p><p>O engano que Satanás produziu por meio de Balaão é citado</p><p>várias vezes nas Escrituras para que ninguém mais caia nele, e man-</p><p>tenha seus olhos espirituais abertos. Afinal, as práticas do inferno</p><p>continuam as mesmas, e o diabo, dia após dia, tem enviado os “seus”</p><p>para desviar quem caminha na fé.</p><p>Tendo os olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar,</p><p>engodando (seduzindo) as almas inconstantes, tendo o coração</p><p>exercitado na avareza, filhos de maldição; os quais, deixando o</p><p>caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de</p><p>Beor, que amou o prêmio da injustiça.</p><p>2Pedro 2.14-16</p><p>Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá</p><p>os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava</p><p>Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel,</p><p>para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e</p><p>fornicassem (cometer imoralidades sexuais).</p><p>Apocalipse 2.14</p><p>144 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Deixe de ser joio</p><p>A pessoa que se vê sendo joio, mas é sincera, precisa assumir</p><p>sua condição de perdida para adquirir uma nova natureza e ser</p><p>salva. Essa é a única alternativa para deixar de ser joio. Não existe</p><p>recurso humano capaz de remover esse estado degenerado e tóxico</p><p>que há na alma do joio. Apenas com o arrependimento pode haver</p><p>verdadeira conversão.</p><p>Se você é joio, não adianta se esforçar para esconder suas ações</p><p>e as reações das outras pessoas, e muito menos pensar que o tempo</p><p>mudará o que você carrega dentro de si. Pois, cedo ou tarde, essa</p><p>impureza será manifestada a todos. Digo isso porque realmente me</p><p>importo com a sua condição espiritual!</p><p>O que está destinado ao joio (e nisso inclui o falso convertido e o</p><p>falso mestre) é a condenação eterna, porque ele só atrapalha a Seara de</p><p>Deus. Além disso, ignora o apelo Divino para seguir na incredulidade.</p><p>O resultado dessa desobediência é o fogo intenso e inextinguível,</p><p>ou seja, o lago de fogo e enxofre. Esse lugar é real, e ninguém falou</p><p>mais dele que o próprio Senhor Jesus. O lago de fogo e enxofre,</p><p>feito para o diabo e seus demônios, também terá outros moradores:</p><p>aqueles que desprezam a Deus (Jeremias 23.21-22; Ezequiel 13.4-10;</p><p>Mateus 25.41-46; 2Coríntios 11.13-15; Apocalipse 6.16-17).</p><p>Embora o Senhor Jesus tenha dito para deixar o joio crescer</p><p>junto do trigo, chegará o dia em que os anjos virão e separarão</p><p>os verdadeiros dos falsos. Haverá o dia da grande colheita! Isto é,</p><p>os fiéis (o trigo) irão para o celeiro de Deus, o Céu, enquanto os</p><p>falsos convertidos (o joio) para o fogo eterno (Mateus 13.30). Isso</p><p>significa que você permanecerá enganando as pessoas apenas até o</p><p>momento em que Deus permitir.</p><p>CAPÍTULO 9 - Filhos de Deus versus filhos do maligno 145</p><p>Diante disso, fica a reflexão: você é trigo ou é joio? Quem o</p><p>plantou no campo da fé? Se não foi Deus, o nosso Salvador está</p><p>pronto para recebê-lo como filho, caso você se arrependa. Mas você</p><p>está disposto a mudar?</p><p>Em Sua Mão (Deus) tem a pá, e limpará a Sua eira, e recolherá</p><p>no celeiro o Seu trigo, e queimará a palha com fogo que</p><p>nunca se apagará.</p><p>Mateus 3.12</p><p>Pense e mude, antes que chegue este dia.</p><p>Salvo-conduto para pecar?</p><p>Uma das táticas do diabo para enganar os filhos de Deus</p><p>é usar a mentira de diversas maneiras. Por exemplo, Satanás não ape-</p><p>nas cria uma informação falsa sobre algo ou alguém, mas também</p><p>faz com que a mentira seja exaustivamente repetida até o ponto de</p><p>pensarmos que é verdade. Outra maneira é disfarçar a mentira tão</p><p>bem que seja quase impossível detectá-la. Contudo, nenhuma dessas</p><p>estratégias é mais efetiva ao diabo do que misturar a mentira com a</p><p>verdade. Ao fazer isso, ele esconde, dentro de uma “meia verdade”,</p><p>uma “meia mentira” e, assim, acarreta um grande dano espiritual a</p><p>quem lhe dá ouvidos. E, ultimamente, um dos assuntos mais usados</p><p>pelo mal para enganar as pessoas de Deus é a má interpretação da</p><p>doutrina sobre a graça Divina.</p><p>A graça é definida como um favor imerecido, ou seja, é algo que</p><p>recebemos gratuitamente, sem merecermos. Alegoricamente, é como</p><p>um presente caríssimo que ganhamos de alguém que acabamos de</p><p>ofender. Quer dizer, não fizemos nada para receber tal oferta, mas a</p><p>pessoa que nos gratificou, simplesmente por amor, quis nos presentear.</p><p>Podemos dizer que a graça Divina é a misericórdia de Deus em ação.</p><p>Por amor, mesmo sem termos direito a nada, Ele nos proporciona</p><p>o acesso ao Seu perdão e à Salvação. Esse é o maior benefício que</p><p>podemos receber de Deus por intermédio do Senhor Jesus.</p><p>148 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>O objetivo dessa misericórdia Divina (graça) é conceder ao ser</p><p>humano condições de chegar à presença de Deus e viver em comu-</p><p>nhão com Ele. Somente assim os Seus propósitos poderão se cumprir</p><p>em sua vida. Mas a graça não fará isso sozinha; ela precisa estar junto</p><p>da Verdade, isto é, da obediência a Deus e aos Seus Mandamentos,</p><p>para que cumpra o seu papel na vida de quem crê (Salmos 85.10).</p><p>Isso significa que a graça e a Verdade estão sempre presentes na</p><p>vida daqueles que são fiéis a Deus. Eles honram sua Aliança com o</p><p>Senhor, cumprem os compromissos assumidos com o seu próximo</p><p>e perseveram na fé. Se a obediência a Deus não estiver presente na</p><p>vida de alguém, então, a graça sobre essa pessoa não terá efeito.</p><p>Na harmonia entre a graça e a Verdade, o resultado é a justiça e a</p><p>paz. É assim que se origina a autêntica espiritualidade e a segurança</p><p>que o justo desfruta. Por isso, Paulo, em sua carta aos cristãos em</p><p>Roma, refuta veementemente a alegação de que a graça Divina é</p><p>uma premissa para pecar.</p><p>Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça</p><p>abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado,</p><p>como viveremos ainda nele?</p><p>Romanos 6.1-2</p><p>Ao dizer “De modo nenhum”, o apóstolo está dizendo: “Longe de</p><p>nós tal loucura!”, porque o propósito de Cristo, para quem nasceu</p><p>do Alto, é viver na santificação, e não no pecado. Aqueles que uma</p><p>vez foram regenerados vivem em novidade de vida. Isto é, morreram</p><p>para o pecado, e agora vivem de acordo com a direção dada pelo</p><p>próprio Deus, pois têm consciência de que sua vida pertence a Ele.</p><p>Essa graça, porém, tem sido mal compreendida por muitos</p><p>cristãos, e até mesmo usada como um salvo-conduto para pecar.</p><p>CAPÍTULO 10 - Salvo-conduto para pecar? 149</p><p>Isso mesmo! Há muitos que estão se apoiando na graça de Deus</p><p>para cometerem seus erros!</p><p>Certo membro da igreja, por exemplo, que parecia fiel e temente,</p><p>procurou o pastor para perguntar se Deus iria perdoá-lo caso se</p><p>divorciasse. Depois de muita conversa a respeito da seriedade do</p><p>matrimônio e da importância da aliança feita no casamento, aquele</p><p>homem disse que tinha uma amante havia alguns anos e estava</p><p>decidido a se casar com ela. Então, para isso, ele teria de se divorciar</p><p>primeiro, por isso perguntou ao pastor sobre o perdão de Deus.</p><p>Mesmo depois de abrir a Bíblia e mostrar a Verdade a ele, o</p><p>pastor não conseguiu remover da cabeça daquele homem a ideia</p><p>do divórcio. Ele disse: “Pastor, estamos na época da graça, portanto,</p><p>mesmo que o senhor diga que é pecado, basta que eu me arrependa</p><p>depois e estará tudo certo com Deus.”</p><p>Conclusão: aquele homem seguiu a teimosia do seu coração,</p><p>se transferiu para outra igreja — já divorciado — e se casou</p><p>com a amante, legalizando assim um adultério, como se nada</p><p>tivesse acontecido.</p><p>O problema desse e de tantos outros casos</p><p>semelhantes é o</p><p>seguinte: como seria possível esse homem se arrepender se ele não</p><p>reconhecia que tinha cometido um erro contra sua ex-esposa e</p><p>contra Deus? Como ele poderia se arrepender se não sentia culpa</p><p>nem vergonha do seu pecado?</p><p>Outro caso aconteceu com um funcionário cristão que traba-</p><p>lhava em um banco. O diretor confiava nele por saber que ele era</p><p>evangélico, então, altas quantias de dinheiro ficavam sob a sua res-</p><p>ponsabilidade. Certo dia, ao passar por um aperto financeiro em</p><p>casa, veio a ideia de pegar aquele dinheiro para pagar sua dívida, e</p><p>depois devolveria. Só que essa prática se tornou algo frequente até ser</p><p>150 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>descoberto e entregue à justiça. Embora tivesse anos de Evangelho</p><p>e contínua assiduidade na igreja, aquele homem já tinha perdido o</p><p>temor a Deus e às consequências do pecado; com isso, foi parar atrás</p><p>das grades por fraude bancária.</p><p>Não cito esses exemplos para julgar, muito menos para condenar</p><p>quem quer que seja, e sim para ilustrar a desordem que temos visto</p><p>na igreja contemporânea.</p><p>Apesar dos pecados citados nesses exemplos serem cruéis e até</p><p>assustarem, muitas pessoas hoje pensam e agem de igual modo. São</p><p>batizadas nas águas, se dizem convertidas e até batizadas com o</p><p>Espírito Santo, mas, vez ou outra, dão uma escapulida para a carne.</p><p>Nisso, mentem, furtam, enganam, cometem pecados sexuais, traem</p><p>etc. e, no culto, pedem perdão e “se consertam”, para depois voltarem</p><p>a cometer tudo de novo. Assim, na igreja, continuam com a imagem</p><p>de “certinhos”, mas só Deus e o diabo sabem o que elas aprontam</p><p>e quem de fato são. Isso nada tem a ver com o verdadeiro arrepen-</p><p>dimento, e sim com um mero sentimento infrutífero de remorso.</p><p>Mas, por que essas pessoas não consideram o pecado como</p><p>pecado? Por que elas confundem a justiça com a injustiça? E por</p><p>que não creem no Juízo de Deus? Porque elas entenderam a graça</p><p>de Deus de maneira errada. Acham que a graça é uma licença para</p><p>cometerem seus pecados, e não um favor imerecido que só é con-</p><p>firmado e estabelecido por meio da obediência ao Altíssimo. No</p><p>fundo, elas não creem genuinamente na Palavra de Deus, por isso</p><p>o Espírito Santo não pode convencê-las do perigo que correm por</p><p>estarem ofendendo a Deus.</p><p>É justamente por causa da incredulidade que muitos frequen-</p><p>tadores de igrejas vivem na libertinagem, pensando que a graça de</p><p>Deus vai livrá-los do inferno. Pelo mesmo motivo, vários religiosos</p><p>pensam que Deus abrirá uma exceção para eles por exercerem algum</p><p>CAPÍTULO 10 - Salvo-conduto para pecar? 151</p><p>cargo ou terem algum título em certa denominação. É também por</p><p>não se deixar ser convencida do pecado que a sociedade vive como</p><p>se nunca fosse prestar contas de suas obras a Deus.</p><p>Não é pelo fato de o Espírito Santo não ter convencido essas</p><p>pessoas que a culpa pela perdição delas seja de Deus. O Senhor</p><p>tem todo o poder para convencer, mas somos nós que damos as</p><p>condições para que Ele o faça. Afinal, está escrito que Deus não</p><p>faz acepção de pessoas (Atos 10.34). É devido à dureza e à falta de</p><p>arrependimento que os incrédulos têm acumulado ira contra eles</p><p>mesmos (Romanos 2.5). O fato de não serem convencidos por Deus</p><p>é a maior prova de que falta o desejo sincero de querer conhecê-Lo.</p><p>É por isso que a ideia de que o arrependimento ocorre na hora</p><p>em que bem se entende é questionável. Arrependimento é um dom</p><p>de Deus operado pelo Espírito Santo, que é Quem convence o</p><p>ser humano de todo pecado. Portanto, não acontece num estalar</p><p>de dedos ou como em um passe de mágica, mas sim, quando há o</p><p>reconhecimento sincero da prática do erro.</p><p>Há três características fundamentais em uma pessoa que mostram</p><p>se ela está de fato arrependida:</p><p>Primeira: sente uma tristeza imensa por causa das transgressões</p><p>que cometeu.</p><p>Segunda: não tem nenhuma dificuldade de se humilhar nem de</p><p>admitir que errou diante de Deus e das pessoas envolvidas.</p><p>Terceira: tem nojo do seu pecado e, por isso, o abandona com-</p><p>pletamente e não volta mais a praticá-lo.</p><p>152 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Resistência para ouvir a Voz de Deus</p><p>É interessante notar que o ser humano é diariamente convencido</p><p>por pessoas, publicidades, programações de TV, internet e mídia para</p><p>mudar sua alimentação, seus gostos, hábitos e opiniões. Daí, compra</p><p>o que não precisa, come o que não gosta ou não lhe faz bem, deixa</p><p>de gostar ou não de alguém etc. Por outro lado, essa mesma facilidade</p><p>para se deixar convencer não ocorre quando se trata das coisas de</p><p>Deus. Isso só mostra que o ser humano é vulnerável aos estímulos</p><p>externos que recebe, mas, quanto a ouvir o Espírito Santo, ele é, na</p><p>maioria das vezes, teimoso e sisudo.</p><p>A Voz do Espírito de Deus não é alta, não é invasiva e não</p><p>violenta o nosso livre-arbítrio. Ao contrário, ela é branda, firme e</p><p>constante. Apesar disso, é fácil sufocar essa Voz com as propostas do</p><p>diabo, com as emoções, com os maus amigos, com as redes sociais</p><p>e com os demais apelos deste mundo. Por isso, não há pecado mais</p><p>terrível que ser resistente à Voz do Espírito Santo; afinal, a pessoa</p><p>deixa de ouvir a Voz do Criador para dar ouvidos a tudo o que a</p><p>afasta dEle. Quem faz isso é incrédulo, mesmo que tenha anos de</p><p>igreja ou ocupe um cargo eclesiástico. Além disso, se perde defini-</p><p>tivamente porque rejeita essa Voz que chama ao arrependimento.</p><p>Não me assusta o Espírito Santo não conseguir convencer o</p><p>mundo do seu pecado, mas me assusta, sim, ver que o Espírito</p><p>Santo não tem conseguido convencer pastores, esposas de pastores,</p><p>obreiros e pessoas tão conhecedoras do Evangelho de que estão</p><p>caminhando para a morte eterna por causa da sua desobediência</p><p>aos Mandamentos Divinos. E o pior é que fazem isso achando que,</p><p>no final das contas, a graça de Deus irá salvá-los. Isso é muito triste!</p><p>Se você convive com uma pessoa assim e já tentou convencê-la</p><p>da Verdade, provavelmente não obteve sucesso. E nunca obterá! Mas</p><p>não fique chateado com isso, porque esse papel não é seu, e sim do</p><p>CAPÍTULO 10 - Salvo-conduto para pecar? 153</p><p>Espírito Santo. Se ela não tem ouvido o próprio Deus, dificilmente</p><p>ouvirá você. E se por acaso você conseguiu fazer alguém mudar de</p><p>opinião, pode ter certeza de que ele não se converteu de fato, pois</p><p>foi convencido por um ser humano, e não por Deus. E o primeiro</p><p>que vier com um argumento melhor conseguirá convencê-lo do</p><p>contrário novamente.</p><p>Um tesouro de preço inestimável</p><p>Como já falamos, a graça é um tesouro de preço inestimável, pois</p><p>é um presente conquistado na cruz pelo sacrifício do Senhor Jesus.</p><p>No entanto, tem sido vendida como uma mercadoria barata em feira</p><p>livre, anunciada aos gritos pelos vendedores. Essa falta de entendi-</p><p>mento quanto a esse princípio tão fundamental à fé se transformou</p><p>em um câncer na Igreja atual, pois tem corroído o temor e a disci-</p><p>plina espiritual no Corpo de Cristo. E o pior é que, quanto mais o</p><p>fim dos tempos se aproxima, mais certos pregadores têm liquidado a</p><p>preciosa graça de Deus, porque encaixam na pregação de Efésios 2.5,</p><p>“pela graça sois salvos”, a ideia de complacência com os erros e a</p><p>facilidade para herdar o Reino dos Céus.</p><p>É como se a graça de Deus excluísse a obediência e a disciplina</p><p>(justiça) do Seu Reino. Como se eu cresse e confessasse: “Agora que</p><p>estou na graça, posso curtir o mundo sem medo de perder a minha</p><p>Salvação”. Como se a Salvação estivesse garantida para sempre, sem</p><p>exigir de mim a renúncia das minhas vontades.</p><p>Será que a graça de Deus permite viver a vida cristã livre da</p><p>justiça, da misericórdia e da fé do Reino de Deus? Claro que não!</p><p>O que era pecado no Antigo Testamento continua sendo pecado</p><p>no Novo Testamento, porque Deus não mudou o Seu caráter.</p><p>Quem usa a graça de Deus como desculpa para libertinagem,</p><p>na verdade, não nasceu dEle e não possui Sua natureza porque,</p><p>154 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>se a possuísse, entenderia o quanto custou para o Senhor Jesus o</p><p>perdão dos nossos pecados.</p><p>É por causa de entendimentos errôneos como</p><p>O combate que se iniciou no Céu continua na Terra</p><p>A inimizade do diabo com Deus é, portanto, de longa data, e é</p><p>impossível para nós identificarmos, no tempo, os acontecimentos</p><p>que foram narrados anteriormente.</p><p>Satanás queria a mais destacada posição e o mais alto trono, mas</p><p>sua rebeldia garantiu-lhe o mais desonroso dos títulos e o mais pro-</p><p>fundo abismo como destino final. É importante saber disso, pois os</p><p>contornos da queda e da expulsão do diabo do Céu mostram como</p><p>o Senhor lida com o pecado da rebeldia e do orgulho.</p><p>Como caíste desde o Céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado</p><p>por Terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu</p><p>subirei ao Céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e</p><p>no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei</p><p>sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E</p><p>contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.</p><p>Isaías 14.12-15</p><p>Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte</p><p>santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.</p><p>Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado,</p><p>até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio</p><p>encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei,</p><p>profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor,</p><p>do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por</p><p>causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa</p><p>do teu resplendor; por Terra te lancei (...). Pela multidão das tuas</p><p>iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus</p><p>18 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>santuários; Eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e</p><p>te tornei em cinza sobre a Terra, aos olhos de todos os que te veem.</p><p>Ezequiel 28.14-18</p><p>E houve batalha no Céu; Miguel e os seus anjos batalhavam</p><p>contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; mas não</p><p>prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos Céus. E foi</p><p>precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo,</p><p>e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na</p><p>Terra, e os seus anjos foram lançados com ele.</p><p>Apocalipse 12.7-9</p><p>Agora, quanto ao lugar de atuação do diabo, não há dúvida de que</p><p>é na Terra, justamente porque uma guerra continua a ser travada aqui.</p><p>Satanás é a fonte de todo o mal que vemos no mundo. Embora</p><p>as pessoas possam ver tanta destruição, muitas duvidam da sua exis-</p><p>tência e das suas ardilosas ações. Ao ignorar essa realidade, as pessoas</p><p>se tornam vítimas em potencial de suas armadilhas.</p><p>O que muita gente desconhece é que o diabo está na Terra desde</p><p>o princípio, como mostra o livro de Gênesis:</p><p>No princípio criou Deus os Céus e a Terra. E a Terra era sem</p><p>forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e</p><p>o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.</p><p>Gênesis 1.1-2</p><p>Essa passagem bíblica mostra Deus como o Autor de todas as</p><p>coisas. Dessa forma, o mundo não surgiu espontaneamente nem é</p><p>obra do acaso, mas se origina no Criador, que é a fonte de todo o</p><p>bem, perfeição, justiça, excelência, plenitude e amor. Seus primei-</p><p>ros atos criativos envolvem Céus e Terra feitos com uma precisão</p><p>singular, pois Sua natureza perfeita não forma nada imperfeito.</p><p>CAPÍTULO 1 - A guerra no Céu 19</p><p>Por que, então, vemos, no intervalo entre o versículo 1 e o ver-</p><p>sículo 2, algo que mostra uma ruptura nessa perfeição Divina?</p><p>Repare que, no segundo verso, os Céus continuam perfeitos, mas</p><p>a Terra é vista como desolada, vazia e sem forma, como se tivesse</p><p>passado por uma grande catástrofe. A escuridão, que é vista sobre a</p><p>face do abismo, denota que havia desordem e caos na Terra, fatores</p><p>predominantes em Satanás.</p><p>Essa ação do diabo exigiu do Altíssimo o anúncio que deu ori-</p><p>gem ao mundo conhecido por nós:</p><p>(...) Haja luz; e houve luz.</p><p>Gênesis 1.3</p><p>Nada pode ser concebido por Deus e para Deus em meio às</p><p>trevas, por isso Ele dissipa primeiro a escuridão. Essa luz não se</p><p>trata apenas da claridade, pois este é o primeiro dia da Criação, e os</p><p>luminares foram criados somente no quarto dia. Então, essa luz pode</p><p>ser compreendida como uma fonte de calor, de energia, pela qual</p><p>toda a vida vegetal, animal e humana passaria a se desenvolver. Mas,</p><p>também, pode ser luz no sentido espiritual, ao trazer à Sua futura</p><p>obra (o ser humano) o entendimento sobre todos os Seus feitos.</p><p>Vale mencionar que uma das características da luz é revelar todas</p><p>as coisas para que nada fique escondido e, assim, possamos andar</p><p>e agir com segurança. Em contrapartida, a escuridão é opressora,</p><p>causa medo, esconde perigos e distorce realidades. Por esse motivo,</p><p>foi dissipada pelo Senhor logo no início da Criação.</p><p>Tudo isso estava sendo feito sob o olhar atento de Satanás que,</p><p>à espreita, observava cada movimento novo ocorrendo na Terra.</p><p>20 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Ele via quando os decretos de Deus davam origem a milhões de</p><p>novas coisas. Porém, uma obra sem igual chamou sua atenção: Adão,</p><p>o primeiro ser humano criado à imagem e semelhança de Deus.</p><p>Agora, não era mais a Palavra do Altíssimo o Agente da Criação:</p><p>o próprio Senhor tomou em Suas Mãos o pó da Terra e começou</p><p>a trabalhar.</p><p>O Senhor modelava o barro conforme à Sua imagem e seme-</p><p>lhança, ou seja, Ele tomava a Si mesmo como modelo na criação</p><p>daquele novo ser. Adão seria o espelho do Seu Criador. Isto é, ele</p><p>seria plenamente dotado de capacidade moral para compartilhar</p><p>dos atributos Divinos, como justiça, bondade, amor, fidelidade,</p><p>entre tantos outros. Além disso, seria intelectualmente apto para</p><p>raciocinar, criar, fazer escolhas e decidir. E, socialmente, teria a</p><p>habilidade de se relacionar e manter comunhão com Deus e com</p><p>o seu semelhante. Por fim, o diabo ficou atônito quando viu Deus</p><p>soprar nas narinas daquela pequena criatura o Seu próprio fôlego.</p><p>Agora, o barro se tornou um corpo com alma e espírito, uma</p><p>composição primorosa como nunca havia sido vista.</p><p>Satanás se lembrou do dia em que foi criado como anjo de luz,</p><p>e que era, até então, a mais bela e radiante Obra do Altíssimo. Por</p><p>isso, ficou estarrecido ao ver uma nova criatura sendo feita, a qual o</p><p>superaria e seria alvo de um amor e dedicação ímpares.</p><p>Naquela minuciosa observação, Satanás viu que Adão, além de</p><p>ser inteligente e perfeito, havia recebido autoridade para dominar</p><p>sobre toda a Terra. O homem também foi presenteado com uma</p><p>companheira e, assim, ambos iriam povoar a Terra, que antes era</p><p>um lugar de trevas.</p><p>Outro ponto chamou atenção do ex-querubim: Deus apreciava</p><p>tanto ter um relacionamento com Adão e Eva que todas as tardes</p><p>CAPÍTULO 1 - A guerra no Céu 21</p><p>Ele descia para conversar com eles e para ajudá-los a desenvolver</p><p>seus talentos.</p><p>Com isso, o sentimento nefasto do diabo contra Deus passou</p><p>a crescer sobremaneira, e era esse sentimento que o motivava a</p><p>tentar feri-Lo de qualquer forma. Quando viu, então, que o ser</p><p>humano era muito amado pelo Altíssimo, ele definiu que agora</p><p>esse seria o seu maior alvo, pois acabava de encontrar uma maneira</p><p>de atingir o Criador.</p><p>— Minha primeira investida será justamente no ponto em que eu</p><p>mesmo caí — disse Satanás a um dos seus mais altos subordinados.</p><p>— O que quer dizer? — perguntou o anjo caído.</p><p>— Assim como nós, Adão e Eva foram criados com livre-arbítrio.</p><p>Eles têm liberdade tanto para obedecer quanto para desobedecer</p><p>a Deus.</p><p>— Mas eles estão cercados pelo poder e pela bondade do Cria-</p><p>dor. Não será fácil fazê-los se voltar contra Quem lhes proporciona</p><p>absolutamente tudo.</p><p>— Mesmo tendo recebido toda essa Terra de presente, há uma</p><p>árvore no jardim que eles não podem comer do seu fruto, porque</p><p>Deus determinou. E é nesse ponto que eu os atacarei. Eu sei o que</p><p>fazer para convencê-los a Lhe desobedecer e, assim, se tornarem</p><p>como nós.</p><p>A queda do homem</p><p>Uma vez expulso do Céu, o diabo poderia ter reconhecido</p><p>sua derrota, aceitado sua condenação e se recolhido ao lugar de</p><p>desventura que, por</p><p>esse da graça</p><p>barata, disseminados no meio evangélico, que temos visto tantos</p><p>cristãos indulgentes com o pecado. Eles vivem um estilo de vida</p><p>semelhante ao dos incrédulos e são igualmente apegados ao mundo</p><p>e à sua carne, assim como aquele que não pertence ao Reino de</p><p>Deus. Creem numa “hipergraça” que permite fazer tudo o que eles</p><p>têm vontade, pois a ideia enganosa é que “uma vez salvo, salvo está</p><p>para sempre”. Que ilusão terrível!</p><p>O Senhor que proporciona a graça e escreve o nosso nome no</p><p>Livro da Vida é o mesmo que, ao ver essa graça sendo rejeitada, pela</p><p>recusa de uma vida na disciplina da fé, pode remover nosso nome de</p><p>lá. Afinal, não existe comunhão com Deus sem arrependimento e</p><p>abandono do pecado, assim como não tem como permanecer salvo</p><p>sem viver na justiça e na disciplina da fé.</p><p>A graça só alcança quem se arrepende genuinamente. Se não fosse</p><p>assim, ela apagaria os pecados do mundo inteiro e todos estariam</p><p>salvos. No entanto, veja o que diz este ensinamento do Senhor Jesus:</p><p>Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o</p><p>para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do</p><p>que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E,</p><p>se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti;</p><p>melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos,</p><p>seres lançado no fogo do inferno.</p><p>Mateus 18.8-9</p><p>Se esse Texto não significa uma exigência ao sacrifício pessoal do</p><p>próprio querer, em nome da vida eterna, então o que ele quer dizer</p><p>para nós? É claro que não devemos considerar essa recomendação</p><p>CAPÍTULO 10 - Salvo-conduto para pecar? 155</p><p>como uma mutilação literal, mas uma entrega tão profunda das nossas</p><p>vontades a Deus, que perder, sofrer, chorar ou gemer passa a não</p><p>ter importância alguma. O que o verdadeiro cristão deve considerar</p><p>é o firme compromisso em ser fiel ao Senhor até a morte. Pois é</p><p>melhor sofrermos as maiores dores neste mundo, como a da morte,</p><p>do que pecarmos contra Deus.</p><p>O pecado é tão nocivo à Salvação da alma que a Bíblia nos</p><p>orienta a não apenas o evitarmos, como também a fugirmos dele</p><p>(1Coríntios 6.18; 2Timóteo 2.22-23). Perceba que as Escrituras</p><p>Sagradas não nos ordenam a fugir das lutas, dos desertos e, muito</p><p>menos, das perseguições, mas recomenda, firmemente, a nos man-</p><p>termos longe daquilo que é impróprio à fé. A Palavra de Deus é tão</p><p>enfática quanto a isso que revela, ainda, que devemos abster-nos até</p><p>mesmo daquilo que tem aparência do mal (1Tessalonicenses 5.22).</p><p>Isso quer dizer que, para que o cristão esteja com a Salvação segura,</p><p>ele precisa fazer um exercício diário de abrir mão de tudo o que é</p><p>pecaminoso e nocivo à sua fé.</p><p>Ou seja, na dúvida se está certo ou errado, não faça, para não cor-</p><p>rer o risco de ser licencioso, dando vazão aos seus instintos carnais.</p><p>Isso soa radical porque o pecado é sedutor e pode atrair, encantar</p><p>e conquistar qualquer um. Portanto, ninguém está livre do risco de</p><p>cair e, depois, de se tornar vítima do mal.</p><p>Diante disso, entendemos que a Salvação é pela graça, mas não é</p><p>de graça. Temos um preço a pagar, que se chama renúncia da própria</p><p>vontade. É essa obediência integral, que é o jugo do Senhor Jesus,</p><p>que precisamos tomar se, de fato, fomos salvos.</p><p>Se a graça de Deus eliminasse a responsabilidade do homem</p><p>em obedecer fielmente aos Mandamentos Divinos, então ela per-</p><p>mitiria viver a vida cristã livremente para curtir as obras da carne</p><p>(Gálatas 5.19-21).</p><p>156 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Também seríamos livres para negar dar a outra face (Mateus</p><p>5.39), para negar o perdão (Mateus 6.15), para negar a nós mesmos</p><p>(Mateus 16.24), para deixar de carregar a cruz (Mateus 16.24) e para</p><p>não aceitar injúrias, perseguições e mentiras (Mateus 5.11). Enfim,</p><p>seríamos livres para andar pelo caminho fácil e entrar pela porta</p><p>larga e espaçosa que leva ao inferno (Mateus 7.13).</p><p>Quem introduz essas falsas doutrinas de graça barata e liber-</p><p>tinagem são, na verdade, inimigos ocultos do Evangelho. Porque,</p><p>independentemente do título acadêmico ou da posição que tenham</p><p>no meio evangélico, não respeitam a Palavra de Deus, por isso, estão</p><p>a serviço do diabo.</p><p>Porque se introduziram furtivamente alguns, os quais já antes</p><p>estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que</p><p>convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único</p><p>dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.</p><p>Judas 1.4</p><p>Diante de Deus, esses falsos mestres serão réus pela dissolução</p><p>e pelo desvio espiritual dos fiéis, porque espalham que a graça de</p><p>Deus “cobre tudo”, por isso, podem pecar à vontade. Veja, então,</p><p>que os maiores inimigos do povo de Deus não estão do lado de</p><p>fora, mas dentro das igrejas, onde o diabo tem infiltrado homens</p><p>ímpios com aparência de piedade, assim como fez no passado.</p><p>Quem promove a falta de temor e de Santidade ao Senhor é um</p><p>aliado de Satanás.</p><p>Fé para pecar</p><p>Ora, essa falsa interpretação que tem persuadido muitos cristãos a</p><p>viverem fora da disciplina do Reino de Deus e do padrão do serviço</p><p>CAPÍTULO 10 - Salvo-conduto para pecar? 157</p><p>a Ele, em nome de uma liberdade mentirosa, foi um problema</p><p>enfrentado pelo apóstolo Paulo em seus dias.</p><p>Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou,</p><p>e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.</p><p>Gálatas 5.1</p><p>Naquela altura, os convertidos da região da Galácia estavam sendo</p><p>convencidos a voltar para os rituais judaicos, para as tradições huma-</p><p>nas e para as práticas que nada tinham a ver com o Evangelho. Eles</p><p>queriam o melhor dos dois mundos, ou seja, viver a nova fé do</p><p>Evangelho e, ao mesmo tempo, andar nos rudimentos da religiosi-</p><p>dade que, por tanto tempo, ficaram cativos.</p><p>Hoje, essa passagem bíblica tem sido pretexto para muitos faze-</p><p>rem o que bem entendem, inclusive, pecar à vontade. Por isso, há</p><p>cristãos que mergulharam numa libertinagem tão grande que não</p><p>conseguem mais enxergar os próprios erros. Dizem que têm “fé”</p><p>para namorar incrédulos, frequentar boates, voltar aos vícios, andar</p><p>na malícia e na maledicência e recusar repreensão. Porém, nada disso</p><p>tem a ver com liberdade, e sim com libertinagem, que são duas coisas</p><p>completamente diferentes.</p><p>A liberdade a que Cristo nos chamou tem como norma o res-</p><p>peito à Sua Palavra, o temor ao Seu Nome e a submissão aos prin-</p><p>cípios que Ele estabeleceu. Quando entendemos isso, somos capazes</p><p>de renunciar até mesmo àquilo que não é pecaminoso só para não</p><p>escandalizarmos ninguém. Há coisas que somos livres para praticar,</p><p>mas, em nome do zelo pela nossa Salvação e pela Salvação do outro,</p><p>nos recusamos a fazer. Porque não queremos que essa liberdade se</p><p>torne desenfreada para a carne e um empecilho ao desenvolvimento</p><p>da fé, nos privamos até do que é lícito.</p><p>158 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Como está escrito:</p><p>Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas</p><p>convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me</p><p>deixarei dominar por nenhuma.</p><p>1Coríntios 6.12</p><p>Contudo, somente quem anda em Espírito entende esse grau</p><p>de sacrifício.</p><p>Já a libertinagem, que Satanás propõe aos cristãos modernos para</p><p>enfraquecer o Corpo de Cristo e transformar um favor Divino em</p><p>pedra de tropeço, tem em sua origem o princípio da rebeldia. Por</p><p>isso, cada vez mais ouvimos a famosa frase: “Cada um faz o que</p><p>quiser e ninguém tem nada a ver com isso.”</p><p>Essas ideias estão deixando as pessoas com o coração endurecido</p><p>e com a mente cauterizada e insensível à ação do Espírito Santo.</p><p>Dessa forma, aqueles que fazem uso da graça de Deus para trans-</p><p>gredir não vivem na liberdade de Cristo, mas na libertinagem do</p><p>diabo. Afinal, não faz sentido recebermos a preciosa Salvação para</p><p>vivermos em prol da satisfação dos nossos desejos, como acontecia</p><p>antes de pertencermos ao Reino de Deus.</p><p>Aqueles, então, que foram libertos pela fé em Jesus devem viver</p><p>respeitando, servindo e temendo ainda mais a Ele. Até porque, o</p><p>abuso da graça de Deus e da liberdade espiritual é duramente com-</p><p>batido nas Escrituras:</p><p>Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis</p><p>então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos</p><p>uns aos outros pelo amor.</p><p>Gálatas 5.13</p><p>CAPÍTULO 10 - Salvo-conduto para pecar? 159</p><p>Por isso, cautela: fomos livres daquilo que antes nos oprimia,</p><p>do aprisionamento maligno, dos rudimentos do mundo, das regras</p><p>impostas pela religiosidade, mas não do compromisso de obedecer</p><p>a Deus em tudo. Liberdade sem submissão ao Senhor nada mais</p><p>é que ser escravo de Satanás. Não é à toa que muitas pessoas, que</p><p>antes foram tiradas das trevas para a luz, estão hoje novamente nas</p><p>garras do diabo porque contaminaram a sua fé. Quem foi livre e</p><p>valoriza essa liberdade não atende aos apelos do orgulho, do adul-</p><p>tério, da inveja, da cobiça e das demais obras que aprisionam a alma,</p><p>ao contrário! Pois sabe que o Senhor Jesus nos concedeu graça e</p><p>liberdade para que, com alegria e temor, sirvamos a Ele e à sua Igreja</p><p>em amor. Assim, quem quiser se manter livre não pode ignorar os</p><p>perigos das falsas doutrinas da graça libertina que, sorrateiramente,</p><p>penetram no seio evangélico.</p><p>É justamente para enganar pessoas sinceras e fiéis que o diabo</p><p>tem usado os “profetas velhos”, gente que um dia teve compromisso</p><p>com o verdadeiro Evangelho, mas hoje deixou de ter. “Profeta velho”</p><p>não é uma pessoa idosa que prega a Palavra de Deus, mas aquele que,</p><p>embora acumule títulos e cargos eclesiásticos, não tem comunhão</p><p>com Deus, não dá prioridade à Sua Voz.</p><p>Como você sabe, no relato de 1Reis 13, o falso profeta de Betel</p><p>usou de mentiras para enganar um homem de Deus de Judá, que</p><p>era fiel, levando-o a desobedecer à ordem que havia recebido do</p><p>Senhor. A sagacidade e o poder de convencimento do profeta velho</p><p>foram tão grandes que o homem de Deus caiu na mentira. Por causa</p><p>disso, perdeu tragicamente a sua vida ao ser morto por um leão. Além</p><p>disso, não foi permitido a ele ser sepultado com sua família, mas teve</p><p>seu corpo colocado no sepulcro do profeta velho, em sinal de desonra.</p><p>Veja que o diabo não usou um incrédulo para derrubar o homem</p><p>de Deus, mas um profeta igual a ele:</p><p>160 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>E ele lhe disse: Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou</p><p>por ordem do Senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo à tua casa,</p><p>para que coma pão e beba água (porém mentiu-lhe).</p><p>1Reis 13.18</p><p>Então, o principal instrumento de Satanás será sempre a mentira,</p><p>mas, para cada tipo de pessoa, ele usa um instrumento (uma pessoa)</p><p>diferente e também um argumento diferente. Essas mentiras são con-</p><p>tadas com tamanha convicção que os desavisados caem nela. Alguns</p><p>são enganados porque não vigiam; outros, porque são levados pela</p><p>curiosidade de ver se, de fato, aquilo é o que parece.</p><p>Por isso, cuidado, porque a qualquer momento você pode se</p><p>deparar com um “profeta velho” que julga saber de tudo e aparenta</p><p>santidade, temor e fidelidade; no entanto, tudo isso não passa de um</p><p>disfarce para a sua rebeldia.</p><p>Se a Salvação não exigisse um verdadeiro combate da fé e uma</p><p>vigilância constante contra o diabo, o mundo e as inclinações da</p><p>carne, por que o Senhor Jesus falaria tantas vezes sobre “vencer” e</p><p>“vencedor” no livro do Apocalipse?</p><p>Se existem vencedores, também existem os vencidos (como o</p><p>homem de Deus de 1Reis 13.18), que são seduzidos pelas mentiras</p><p>e pelo pecado e, por isso, sucumbem derrotados pelo mal. Portanto,</p><p>se a Salvação é pela fé, entendo que é pela guerra, porque, enquanto</p><p>estivermos aqui embaixo, estaremos lutando contra o mal para man-</p><p>termos a nossa Salvação.</p><p>A graça não dispensa o nosso sacrifício</p><p>“Eu vivo pela graça de Deus e não pelas obras da Lei”; “Jesus já sacri-</p><p>ficou por mim, então não tenho de sacrificar.” Esses e tantos outros</p><p>CAPÍTULO 10 - Salvo-conduto para pecar? 161</p><p>argumentos têm sido largamente usados pela maioria dos crentes.</p><p>Mas eu pergunto: se a fé não precisa ser acompanhada do sacrifício</p><p>das próprias vontades, por acaso a graça de Deus dá o direito de se</p><p>viver na carne e manter pecados escondidos por anos a fio?</p><p>A realidade é que aqueles que pregam esse tipo de “graça” não</p><p>têm a menor ideia do que ela, de fato, significa. Enganosamente,</p><p>ensinam que a graça é como um “cartão pré-pago ilimitado” que</p><p>Jesus já pagou por nós. Então, basta que O aceitemos e gastemos os</p><p>“créditos” daquele cartão por tempo indeterminado e tudo bem.</p><p>Se a pessoa pecar, é só pedir perdão, pois tem “créditos” infinitos</p><p>com Deus. Se amanhã cair no mesmo pecado, é só usar os “crédi-</p><p>tos” novamente, sem arrependimento genuíno e sem necessidade</p><p>de mudança de direção. Afinal, é só contar com boas intenções,</p><p>remorso e um pacote de desculpas do tipo “A carne é fraca”; “Não</p><p>consigo resistir” ou “É mais forte do que eu” para ser perdoado.</p><p>Quanto engano!</p><p>Por causa dessa ilusão, muita gente que acredita ter lugar garan-</p><p>tido no Céu tem ido para o inferno. Assim como a verdadeira fé</p><p>não tem nada a ver com religião, a verdadeira graça não tem nada</p><p>a ver com ausência de sacrifício. Pelo contrário! A graça dá ao ser</p><p>humano uma responsabilidade que ele não tinha antes. Se antes ele</p><p>estava preso ao pecado, agora não tem mais essa desculpa, pois já</p><p>recebeu a liberdade e o direito à Salvação.</p><p>Agora, o homem é responsável por se manter no caminho da</p><p>Salvação e, para isso, as regras da graça são bem claras: quem quiser</p><p>vir a Jesus tem de negar a si mesmo, tomar a sua cruz e segui-Lo.</p><p>O Senhor Jesus nos apresenta a Sua graça, isto é, o Seu favor,</p><p>o presente que não merecemos, como algo tão precioso que um</p><p>homem venderia tudo o que tem para comprá-lo. Isso significa que</p><p>vale o sacrifício da obediência; de negar a si mesmo; de perdoar a</p><p>162 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>quem nos ofende; de deixar a velha vida; de se desconectar de certas</p><p>pessoas, coisas e convicções. Em outras palavras, vale todo o sacrifício</p><p>que a verdadeira graça exige.</p><p>Por isso, nunca se esqueça de fazer do seu coração um lugar</p><p>propício à ação de Deus. Não permita que a humildade que você</p><p>manifestou no início se perca com o passar do tempo. Combata</p><p>diariamente toda a raiz de orgulho, egoísmo e autossuficiência. Esteja</p><p>vigilante às palavras que ouve, às amizades que cultiva, ao tempo que</p><p>gasta nas redes sociais etc. Enquanto você estiver atento e sóbrio, no</p><p>sentido espiritual, estará convencido pelo Espírito Santo acerca de</p><p>toda a Palavra do Altíssimo e trilhará o caminho da fé. Do contrário,</p><p>será convencido pelo diabo, porque o seu coração estará propício</p><p>à ação dele e, a passos largos, você correrá pelo caminho da morte.</p><p>O diabo e o púlpito</p><p>O amor, a paciência e a misericórdia de Deus são temas</p><p>predominantes nos púlpitos das igrejas, na literatura e nas músicas</p><p>cristãs. Dificilmente se vê alguém falar sobre a ira de Deus ou sobre</p><p>o inferno, porque os pregadores encontram mais facilidade em dis-</p><p>cursar sobre temas atraentes, satisfazendo a todos os públicos, do</p><p>que sobre assuntos que confrontam o pecado, trazendo reflexões</p><p>íntimas. Segundo o pensamento de alguns, não é agradável falar</p><p>de algo que possa promover tristeza e incômodo, uma vez que as</p><p>pessoas já enfrentam tantos problemas no dia a dia.</p><p>Então, vemos claramente a preocupação de alguns pregadores</p><p>em fazer com que as pessoas se sintam bem no culto para que vol-</p><p>tem à sua igreja. É por isso que certos cultos são centrados apenas</p><p>nas necessidades terrenas que o ser humano tem, pois assim elas</p><p>não somente são atraídas, mas também permanecem iludidas com</p><p>respeito à sua Salvação. Já que a maior preocupação do homem</p><p>gira em torno de si mesmo e do seu futuro neste mundo, fica fácil</p><p>abordar aquilo que prende o seu interesse. Mas um trabalho feito</p><p>dessa maneira negligencia a maior necessidade do ser humano: a</p><p>Salvação da sua alma. Porque, de acordo com as Escrituras Sagradas,</p><p>pela maneira com que o homem decide viver, ele pode ter uma</p><p>164 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>noção clara de como sua vida será, não daqui a 10, 20 ou 30 anos,</p><p>mas também na</p><p>eternidade na qual viveremos.</p><p>Os pastores que omitem parte das Escrituras mutilam o caráter de</p><p>Deus em seus sermões, pois deixam de anunciar que, embora Deus</p><p>seja bom, Ele também é severo na aplicação da Sua justiça. Deus</p><p>é bom, mas também é extremamente zeloso no cumprimento da</p><p>Sua Palavra, tanto nas promessas de bênçãos quanto nas promessas</p><p>de juízo. O Senhor é bom para os que confiam em Suas Palavras e,</p><p>fielmente, andam em Seus caminhos, mas é severo com os que Lhe</p><p>desobedecem. E, nisso, não há acepção de pessoas, pois até mesmo</p><p>um servo que deixar essa vida de comunhão com Ele experimentará</p><p>a Sua severidade, como está escrito:</p><p>Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que</p><p>caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres</p><p>na Sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.</p><p>Romanos 11.22</p><p>Músicas, sermões e filmes que subtraem essa severidade e exal-</p><p>tam somente a bondade, a graça, o amor e a paciência do Altíssimo</p><p>sensibilizam e provocam emoção, criando nas pessoas a ideia de que</p><p>o “Deus-Papai do Céu”, no final das contas, vai escancarar a porta</p><p>e salvar a todos.</p><p>Particularmente, não entendo como um servo, chamado para</p><p>anunciar o Evangelho, pode ir ao púlpito da sua igreja e ter, diante</p><p>de si, pessoas que não estão salvas e não sofrer com isso. Não é pos-</p><p>sível que não sintam o peso da responsabilidade de falar contra o</p><p>pecado e sobre a urgência do arrependimento! Como ele pode não</p><p>gemer ou não chorar por aqueles que estão enganados e a caminho</p><p>da condenação eterna?</p><p>CAPÍTULO 11 - O diabo e o púlpito 165</p><p>Sei que esse assunto pode não ser agradável, mas tenho o com-</p><p>promisso de levar a mensagem que as pessoas precisam e não a que</p><p>elas querem ouvir. Não adianta eu massagear, com palavras suaves, o</p><p>ego daqueles que me ouvem porque sei que o efeito dessas palavras</p><p>passará, mas suas almas continuarão perdidas.</p><p>Sinto um peso não de tristeza ou de amargura, mas de responsabi-</p><p>lidade por cada um que o Todo-Poderoso tem confiado em minhas</p><p>mãos. Não quero que Ele venha requerer o sangue delas de mim por</p><p>ter sido omisso ou pregado um Evangelho de facilidades, mas quero</p><p>que as pessoas saibam, cada vez mais, da importância de viverem em</p><p>Santidade ao Senhor. Ainda que essas pessoas não voltem à igreja,</p><p>terei a consciência limpa de que preguei o que Ele mandou.</p><p>Quem prega para satisfazer a plateia ou a si mesmo não incomoda</p><p>ninguém, nem mesmo o diabo. Por isso, tenho certeza de que é por</p><p>influência de Satanás que mensagens tão essenciais à Salvação têm</p><p>desaparecido dos púlpitos.</p><p>O diabo tem trabalhado exaustivamente para ocultar concei-</p><p>tos como eternidade, inferno e lago de fogo. Já que ele não pode</p><p>apagar o fogo do inferno, tenta “apagar” o ensino que traz temor e</p><p>oportunidade para as pessoas se consertarem com Deus e escaparem</p><p>da condenação. Para o diabo, não há mais chance de perdão: sua</p><p>sentença e seu destino já foram decretados pelo Altíssimo quando</p><p>ele se rebelou, e agora quer fazer o mesmo com o ser humano.</p><p>Durante reuniões de libertação, já ouvi muitos demônios dizerem,</p><p>por meio de pessoas possessas, que gostariam de ter a chance que o</p><p>ser humano tem de se arrepender, de se voltar para Deus e mudar</p><p>o seu futuro. Os espíritos malignos não têm mais essa oportuni-</p><p>dade, pois, desde o dia em que pecaram, foram destituídos de toda</p><p>glória Divina, e isso é irreversível! O mesmo não aconteceu com</p><p>o homem. Ao pecar, Adão, Eva e toda a humanidade receberam do</p><p>166 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Altíssimo a dádiva de alcançarem o Seu perdão. Deus providenciou</p><p>nada mais nada menos que o Sangue do Seu único Filho para expiar</p><p>os nossos pecados.</p><p>O Senhor Jesus recebeu um corpo humano e entrou em nosso</p><p>mundo para que o Seu Sangue pudesse ser derramado na cruz.</p><p>Assim, Ele assinaria o Testamento da Nova e Eterna Aliança de Deus</p><p>com os seres humanos. Essa Aliança só poderia ser “com sangue”</p><p>(Hebreus 9.7 e 22), pois, desde o pecado no Éden, o homem não</p><p>poderia mais viver sem que outro ser viesse a morrer em seu lugar.</p><p>No princípio, isso aconteceu com animais até chegar o dia em que</p><p>Jesus, o Cordeiro de Deus, foi sacrificado. Então, o Deus-Filho, que</p><p>era imortal, abriu mão da imortalidade para passar pela morte ao</p><p>vir ao mundo em forma humana. Por causa dos nossos pecados, Ele</p><p>esteve separado do Pai e sofreu a maior pena imposta pelo pecado:</p><p>a morte. O Senhor Jesus sofreu tudo isso para que toda pessoa que</p><p>nEle crê não morra eternamente, isto é, não seja condenada ao lago</p><p>de fogo e enxofre.</p><p>Jesus, o Filho Amado que nunca cometeu transgressão, mas, por</p><p>toda a eternidade, amou e honrou ao Seu Pai, recebeu na cruz toda</p><p>a ira de Deus contra o pecado do mundo. No momento da Sua</p><p>morte, Ele Se fez maldito em nosso lugar para que nos tornásse-</p><p>mos justos como Ele, diante do Pai: “Àquele (Jesus) que não conheceu</p><p>pecado, O fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus”</p><p>(2Coríntios 5.21).</p><p>Essa gloriosa Obra de Redenção, feita para resgatar o ser humano,</p><p>faz Satanás odiar ainda mais a Deus e trabalhar com muito mais</p><p>ímpeto para anestesiar a mente humana. O objetivo disso é fazer</p><p>com que o homem desperdice a chance de Salvação até que não</p><p>tenha mais tempo para se arrepender. Por isso, não é compreensível</p><p>que servos não desejem falar da maior oferta que o universo já viu.</p><p>Se o que Deus mais deseja é salvar o ser humano, como um servo,</p><p>CAPÍTULO 11 - O diabo e o púlpito 167</p><p>que é conhecedor desse plano Divino, não se torna um cooperador</p><p>inflamado do Seu propósito? Como ele pode ver as pessoas per-</p><p>dendo a chance de passar a eternidade no Céu, enquanto caminham</p><p>rumo ao inferno, e não fazer nada para impedir? Como ele pode</p><p>permitir que as pessoas pelas quais é responsável continuem ansiosas</p><p>e sobrecarregadas, enquanto ele se importa apenas com os próprios</p><p>cuidados da sua vida neste mundo? Essa indiferença é inadmissível</p><p>para um verdadeiro servo de Deus!</p><p>Deus é só amor?</p><p>No meio evangélico, não existe uma frase mais cantada, divulgada</p><p>e estampada em adesivos e camisetas que “Deus é amor” ou “Jesus</p><p>ama você”. É que o conceito de que o amor é o principal atributo</p><p>de Deus foi introduzido nesse meio, e os demais são meros coad-</p><p>juvantes em Seu caráter. Mas isso não é verdade! Embora o amor</p><p>de Deus seja um atributo extraordinário, pelo qual se conhece a</p><p>Sua paciência, benignidade e fidelidade, não é a única característica</p><p>que define o Senhor. Portanto, deixar de anunciar todas as faces</p><p>do caráter Divino é deixar de pregar toda a Verdade sobre Ele. E</p><p>justamente aqueles que mais falam do amor de Deus são os que mais</p><p>ignoram a completude da Sua natureza e relaxam na fé.</p><p>Talvez achem que Deus é tão amável e bonzinho que será com-</p><p>placente para com a vida pecaminosa das pessoas. No entanto, se</p><p>esquecem de que há vários versículos que retratam Deus como Justo</p><p>Juiz. Não há como suavizar tais declarações que mostram como</p><p>Deus Se ofende e reage ao pecado; afinal, Ele é Santíssimo! Então,</p><p>o Senhor não pode ficar indiferente à ingratidão, à rebeldia e ao</p><p>coração perverso do ser humano.</p><p>A cólera de Deus pode Se inflamar contra quem quer que seja,</p><p>sem parcialidade. E não há possibilidade de justificativas, porque o</p><p>168 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Altíssimo não aceita meras desculpas, mas somente o arrependi-</p><p>mento, que é o que impede as consequências da Sua ira. Mesmo</p><p>que o pecado venha do povo que Ele tanto ama ou da nação que</p><p>cuidou com extremo zelo, Israel, o Senhor jamais deixará de agir</p><p>com justiça. Veja:</p><p>Lembra-te, e não te esqueças, de que muito provocaste à ira ao</p><p>Senhor teu Deus no deserto; desde o dia em que saístes da Terra</p><p>do Egito, até que chegastes a esse lugar, rebeldes fostes contra</p><p>o Senhor; pois em Horebe provocastes à ira o Senhor, tanto que o</p><p>Senhor Se indignou contra vós para vos destruir.</p><p>Deuteronômio 9.7-8</p><p>E serviu a Baal, e adorou-o, e provocou a ira do Senhor Deus de</p><p>Israel, conforme a tudo quanto fizera</p><p>seu pai.</p><p>1Reis 22.54</p><p>Não endureçais agora a vossa cerviz, como vossos pais; dai a mão</p><p>ao Senhor, e vinde ao Seu santuário que Ele santificou para sempre,</p><p>e servi ao Senhor vosso Deus, para que o ardor da Sua ira</p><p>se desvie de vós.</p><p>2Crônicas 30.8</p><p>Quando a ira de Deus desceu sobre eles, e matou os mais</p><p>robustos deles, e feriu os escolhidos de Israel.</p><p>Salmos 78.31</p><p>Então se acendeu a ira do Senhor contra o Seu povo, de modo que</p><p>abominou a Sua herança.</p><p>Salmos 106.40</p><p>Porém não Me destes ouvidos, diz o Senhor, mas Me provocastes</p><p>à ira com a obra de vossas mãos, para vosso mal.</p><p>Jeremias 25.7</p><p>CAPÍTULO 11 - O diabo e o púlpito 169</p><p>Como cobriu o Senhor de nuvens na Sua ira a filha de Sião!</p><p>Derrubou do Céu à Terra a glória de Israel, e não Se lembrou do</p><p>escabelo de Seus pés, no dia da Sua ira. Devorou o Senhor todas</p><p>as moradas de Jacó, e não Se apiedou; derrubou no Seu furor as</p><p>fortalezas da filha de Judá, e abateu-as até à Terra; profanou o</p><p>reino e os seus príncipes. No furor da Sua ira cortou toda a força</p><p>de Israel; retirou para trás a Sua destra de diante do inimigo;</p><p>e ardeu contra Jacó, como labareda de fogo que consome em</p><p>redor. Armou o Seu arco como inimigo, firmou a Sua destra como</p><p>adversário, e matou tudo o que era formoso à vista; derramou a Sua</p><p>indignação como fogo na tenda da filha de Sião. Tornou-Se o Senhor</p><p>como inimigo; devorou a Israel, devorou a todos os seus palácios,</p><p>destruiu as suas fortalezas; e multiplicou na filha de Judá a</p><p>lamentação e a tristeza.</p><p>Lamentações 2.1-5</p><p>Esses e outros eventos, como a queda da torre de Babel; o</p><p>dilúvio; a destruição de Sodoma e Gomorra; as pragas no Egito; a</p><p>aniquilação do exército de faraó no Mar Vermelho; as mortes de</p><p>Nadabe, Abiú, Datã, Corá e Abirão; a queda do império babilônico;</p><p>a destruição de povos, como os edomitas, são alguns exemplos</p><p>de que a indignação e a repulsa do Altíssimo pelo pecado são</p><p>incessantes e atemporais. Ou seja, faz parte da Sua essência estar</p><p>constantemente pronto a ser justo. Ele não está momentaneamente</p><p>como o Juiz da Terra, mas é, por toda a eternidade, esse Juiz. Por</p><p>isso, as Escrituras declaram que “todos os dias” Deus age, seja sendo</p><p>favorável à causa do justo, seja sendo contrário aos injustos.</p><p>Deus julga o justo, e Se ira com o ímpio todos os dias. Se o homem</p><p>não se converter, Deus afiará a Sua espada; já tem armado o Seu</p><p>arco, e está aparelhado.</p><p>Salmos 7.11-12</p><p>170 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Observe, então, que a ira Divina é imparcial; isto é, pode atingir</p><p>a qualquer pessoa que se rebelar contra a Palavra de Deus, não</p><p>importando se é cristão, judeu, gentil, ateu ou religioso de qualquer</p><p>natureza. Por isso, os que sobem aos púlpitos de nossas igrejas não</p><p>podem negligenciar o perfeito caráter de Deus!</p><p>Não negamos o amor de Deus</p><p>Não negamos o amor de Deus, longe de nós tal atitude! Mas não</p><p>considerar toda a natureza do Altíssimo é uma loucura. Se Deus não</p><p>fosse justo, todas as Suas demais qualidades perderiam a razão de</p><p>existir. Se Deus não fosse justo, Ele não seria Santo, porque falharia</p><p>ao tratar igual o justo e o perverso. Não nos revolta ver alguém</p><p>cometer um crime e ficar impune? Não nos indigna quando a justiça</p><p>terrena falha em punir criminosos? Sentiríamos o mesmo se bons</p><p>e maus fossem tratados da mesma forma pelo Todo-Poderoso por</p><p>não haver justiça por parte dEle.</p><p>Se o braço da lei terrena se corrompe e se torna incapaz de efe-</p><p>tuar a justiça, a Destra de Deus será sempre pura, reta, incorruptível,</p><p>sábia e perfeitamente poderosa para julgar e retribuir a quem quer</p><p>que seja. Não é porque Deus ama que Ele não vai aplicar Sua ira</p><p>ou derramar o Seu juízo. Não é porque Ele é bom e misericordioso</p><p>que não vai tratar de punir aqueles que não se arrependem.</p><p>Então, engana os membros de sua igreja aquele que prega uma</p><p>vida firmada num amor que não exige obediência nem sacrifício,</p><p>porque está expressamente registrado nas Escrituras que a ira de</p><p>Deus virá sobre os desobedientes a Ele, quer sejam cristãos, quer não.</p><p>Quem Lhe desobedece, torna-se alvo de sofrimento na eternidade.</p><p>São os desobedientes, e não os justos, que devem estar preparados</p><p>para suportar o peso da sentença de Deus, inflamada de furor, se</p><p>não se consertarem!</p><p>CAPÍTULO 11 - O diabo e o púlpito 171</p><p>Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.</p><p>Colossenses 3.6</p><p>Porque do Céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e</p><p>injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.</p><p>Romanos 1.18</p><p>Há tamanha severidade nessas declarações que eu temo e tremo</p><p>diante delas! Do Céu não vêm apenas dádivas e compaixão, como</p><p>muitos têm anunciado, mas também julgamentos justos e punição.</p><p>Veja que Deus nunca enganou o homem sobre o perigo de uma</p><p>vida de hipocrisia e incredulidade, mas revelou a toda humanidade,</p><p>por meio da Bíblia, o Seu caráter e o Seu modo de agir, para que</p><p>ninguém, ao ser condenado, possa dizer que não sabia.</p><p>Muitos que estão dentro das igrejas olham para os versículos</p><p>anteriores e imaginam que o público-alvo deles é o que está do</p><p>lado de fora, mas se enganam grandemente! Apesar de a maioria dos</p><p>cristãos dizerem que amam a Deus, o que será pesado é a obediência</p><p>à Sua Palavra, porque amor que não move a pessoa a se submeter</p><p>ao que Ele diz não é amor.</p><p>Já aqueles que verdadeiramente conhecem a Deus valorizam o</p><p>Seu amor e se tornam mais próximos dEle, pois aumentam o seu</p><p>nível de comunhão e a sua dependência dEle. São esses que, de fato,</p><p>conseguem ver no amor e na graça de Deus motivos para buscar</p><p>ainda mais crescer na fé e no temor.</p><p>Ninguém pode achar que o amor, a bondade e a paciência do</p><p>Altíssimo são empecilhos para Ele aplicar a Sua justiça, porque não</p><p>é! O amor de Deus envolve ações justas de Sua parte porque Ele</p><p>corrige a quem ama e faz com que cada um colha de acordo com</p><p>o que plantou.</p><p>172 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Jesus é a Justiça de Deus que Se tornou carne e osso para vir a</p><p>este mundo resgatar, salvar, justificar e libertar os injustos do espí-</p><p>rito da injustiça. Ele cumpriu Sua missão. Agora, é justo que os</p><p>salvos, deliberadamente, voltem à prisão da injustiça? É justo que a</p><p>misericórdia Divina tolere isso? É justo que os cristãos abusem da</p><p>compaixão Divina e, espontaneamente, voltem a viver no pecado?</p><p>Deus é amor, sim, mas será que esse amor suporta até as injustiças</p><p>voluntárias de quem conhece a Verdade? Seria esse amor semelhante</p><p>ao deste mundo, que não se importa com injustiças quando se trata</p><p>de laços familiares e paixões infames? De forma nenhuma!</p><p>Como está escrito, o amor de Deus “Não folga (não se alegra) com</p><p>a injustiça, mas folga com a Verdade” (1Coríntios 13.6). Esse versículo</p><p>mostra que Deus é tanto amor quanto justiça, por isso jamais tolera</p><p>injustiça ou pecado. Quem conhece e crê na Verdade, mas vive na</p><p>mentira, está brincando de fé. Portanto, que ninguém conte com</p><p>a benevolência e com a compaixão de Deus para se manter no</p><p>pecado, porque a Sua ira se revela sobre todos os rebeldes e filhos</p><p>da desobediência!</p><p>A diferença entre a ira humana e a ira Divina</p><p>A ira humana é inflamada por sentimentos, injustiça e descontrole.</p><p>Já a ira de Deus é santa e se opõe ao que é mau, impuro e injusto.</p><p>A santidade Divina exige que a justiça seja feita porque os próprios</p><p>atributos do Senhor O impelem a isso. Veja alguns deles:</p><p>Santíssimo: o Senhor é Santo, por isso abomina e repudia eter-</p><p>namente o pecado.</p><p>Onisciente: Ele conhece e vê intimamente a todos o tempo</p><p>todo. Por isso, detecta o pecado em sua fonte, ou seja, no desejo do</p><p>coração, antes mesmo de a transgressão ser cometida.</p><p>CAPÍTULO 11 - O diabo e o púlpito 173</p><p>Perfeito: Ele não aceita desvios de caráter. Por isso, jamais terá</p><p>o culpado por inocente.</p><p>Onipotente: todo o poder está nEle. Assim, ninguém escapará</p><p>da Sua poderosa mão!</p><p>Imutável: o Senhor não muda a Sua Palavra. Portanto, Sua dis-</p><p>posição em salvar os retos e condenar os perversos é perpétua.</p><p>Foi por</p><p>ter conhecimento desses atributos de Deus e também</p><p>da Sua ira, não só por teoria, mas também por experiência própria,</p><p>que Davi suplicou: “Ó Senhor, não me repreendas na Tua ira, nem me</p><p>castigues no Teu furor” (Salmos 38.1).</p><p>O pecado de Davi começou quando ele relaxou na sua fé por</p><p>um instante. Ele já estava estabelecido em seu reinado e tinha muitas</p><p>vitórias, mas, enquanto os reis estavam com suas tropas na guerra,</p><p>ele preferiu ficar no palácio e descansar. Com isso, o ócio deu à</p><p>luz o adultério e a gravidez da esposa de um dos seus mais fiéis</p><p>soldados: Urias.</p><p>Para ocultar o seu pecado, Davi mentiu, tramou e, por fim, man-</p><p>dou matar o marido da sua amante. Mais tarde, a vida de Urias lhe</p><p>custou a morte de quatro filhos. Essa pena foi semelhante à que o</p><p>rei sugeriu ao profeta Natã, quando este lhe perguntou que punição</p><p>deveria ter o “homem rico que tomou a ovelha do pobre” (confira</p><p>em 2Samuel 12.1-7).</p><p>Davi cedeu à tentação da carne e pecou. Embora o arrependi-</p><p>mento tenha lhe trazido o perdão, não o isentou de colher o mal</p><p>que plantou. Sofreu a vergonha de ser traído no mesmo terraço do</p><p>palácio em que começou seu adultério (2Samuel 16.22) e ainda viu</p><p>a espada da morte ceifar parte da sua família.</p><p>174 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Anos mais tarde, vivendo um momento de muitas realizações</p><p>pessoais, Davi passou a se engrandecer com suas conquistas. Vendo</p><p>isso, o diabo o incitou a conhecer o poder militar que possuía,</p><p>medindo o tamanho do seu exército (1Crônicas 21.1). Assim,</p><p>o homem que havia aprendido na prática as consequências da</p><p>desobediência falhou novamente. Davi ignorou as instruções da</p><p>Lei sobre o censo e decidiu realizá-lo com propósito vaidoso,</p><p>desagradando a Deus.</p><p>Orgulhoso, Davi desconsiderou que suas vitórias vinham do</p><p>Altíssimo e passou a considerar sua própria força militar. Agora,</p><p>com o pecado já instalado em seu espírito, as consequências seriam</p><p>nefastas. Das três punições impostas, ele teve a permissão de escolher</p><p>uma, e a escolhida caiu sobre todo o povo de Israel. Isso mesmo!</p><p>Toda a nação sofreu com a sua transgressão. Davi viu o Anjo do</p><p>Senhor matar, por meio de uma peste, 70 mil homens. Veja como o</p><p>pecado traz dores para a pessoa que pecou e para os outros! Daremos</p><p>mais detalhes sobre esse assunto a seguir.</p><p>Assim, o homem que tinha Deus como seu Aliado, agora O</p><p>tem como Sentenciador (1Crônicas 21.14). O Céu aberto que</p><p>derramava bênçãos passa agora a derramar morte.</p><p>Após tamanha devastação, Davi decidiu se voltar para o Altís-</p><p>simo com o seu espírito quebrantado e arrependido. Alcançou a</p><p>misericórdia e, ao erigir um Altar de sacrifício, a peste cessou. O</p><p>Altar que ele desconsiderou ao pecar agora era o único Lugar onde</p><p>encontraria a Salvação. Nas duas ocasiões, Davi encontrou o perdão</p><p>de Deus porque, de fato, se arrependeu. Embora as consequências</p><p>eternas dos seus atos tenham sido apagadas, as terrenas não foram.</p><p>A diferença entre esses dois pecados de Davi é que o primeiro</p><p>foi cometido por uma fraqueza carnal, quando cedeu à tentação do</p><p>adultério. O segundo foi espiritual, ao crer mais na força do próprio</p><p>CAPÍTULO 11 - O diabo e o púlpito 175</p><p>braço do que na Provisão Divina. Mas, nos dois momentos, ele não</p><p>deixou de colher o que plantou.</p><p>Em todo o tempo surgem oportunidades para pecar, e elas</p><p>vêm para todos, mas devemos lembrar que o pecado é uma rebelião</p><p>contra Deus, principalmente quando cometido por pessoas conhe-</p><p>cedoras das Escrituras Sagradas. Mesmo que os olhos humanos não</p><p>o vejam ou não o qualifiquem como grave, pecado é pecado, e atrai</p><p>a ira de Deus.</p><p>Deus não é politicamente correto</p><p>Em dias de “politicamente correto” e “politicamente incorreto”, a</p><p>Palavra de Deus tem encontrado obstáculos para passar pela apro-</p><p>vação da opinião pública. Hoje, as pessoas se ofendem com tudo e</p><p>há até quem dite o que as pessoas devem ou não dizer. Como diz</p><p>a linguagem corrente: estamos diante de uma “geração mimimi”.</p><p>Mas, Verdade é Verdade, sua força dispensa maquiagem! Se precisa</p><p>de uma intervenção para manipulá-la, então o seu conteúdo pode</p><p>estar sendo alterado. E não é no “ajeita aqui, ajeita ali” que muitos</p><p>argumentos têm perdido o sentido em nossa geração?</p><p>Não apoiamos discursos de ódio, maus-tratos verbais, grosserias,</p><p>preconceitos ou qualquer atitude parecida, mas também não pode-</p><p>mos concordar que a Verdade tenha de ser mudada só porque hoje</p><p>as pessoas se ofendem com ela.</p><p>Penso que esse conceito do “politicamente correto” esteja</p><p>influenciando até mesmo a pregação de alguns assuntos da Bíblia,</p><p>pois isso explica por que muitos têm evitado falar de certos trechos</p><p>das Escrituras. Pode ser que, no íntimo, alguns pregadores se sintam</p><p>desconfortáveis em falar do inferno, da condenação ou do abandono</p><p>176 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>do pecado como condição imprescindível para a Salvação. Temas</p><p>como esses não trazem popularidade e curtidas nas redes sociais.</p><p>Mas o que motiva o servo de Deus não é atender às expectativas</p><p>das pessoas, falando o que elas gostam de ouvir, e sim fazer a vontade</p><p>do seu Senhor, pregando o que as Escrituras dizem. Mesmo que</p><p>a vontade de Deus ou a Palavra pregada traga insultos, calúnias e</p><p>perseguições ao pregador, sua consciência tem paz, porque tanto a</p><p>aprovação quanto a recompensa vêm do Alto.</p><p>Quem realmente prega a Verdade num mundo de mentira</p><p>sofrerá por essa atitude porque não é habitual que, numa sociedade</p><p>corrompida, a Palavra de Deus seja aplaudida e Seus servos sejam</p><p>benquistos. Se isso ocorre, é porque a Palavra está sendo alterada</p><p>aos moldes do mundo.</p><p>Despreocupação com o inferno</p><p>Ninguém falou mais sobre o inferno que o Senhor Jesus. Ele sabia</p><p>que o inferno é um lugar cheio de almas que, em vida, eram bem-</p><p>-intencionadas, mas nunca temeram ao Criador ou nunca deram</p><p>crédito à Sua Palavra. Antes, viveram de pecado em pecado, e por isso</p><p>se perderam eternamente. Para evitar isso, o Filho de Deus alertou</p><p>que a chance de escapar do inferno só acontece em vida:</p><p>E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez,</p><p>vindo depois disso o Juízo (…)</p><p>Hebreus 9.27</p><p>Ele também chegou a chamar de louco todo aquele que não</p><p>percebe que a vida neste mundo é curta, e que buscar apenas o que</p><p>é temporário é uma insensatez: “(...) Louco! Esta noite te pedirão a tua</p><p>alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12.20).</p><p>CAPÍTULO 11 - O diabo e o púlpito 177</p><p>Em outras palavras, o que adianta correr atrás do conforto e da</p><p>segurança que o dinheiro pode dar se nada disso garante paz à alma?</p><p>De que adianta os inúmeros procedimentos médicos, o consumo de</p><p>complexos vitamínicos e o cuidado com a estética do corpo se o</p><p>homem não consegue evitar a morte eterna, caso não se arrependa?</p><p>Em um dado momento, todos, inevitavelmente, terão de com-</p><p>parecer diante de Deus. Por mais que tenham vivido no luxo e nos</p><p>prazeres que o mundo oferece, um dia terão de se deparar com o</p><p>Deus que desprezaram em vida.</p><p>O Senhor Jesus mostrou também a loucura de se levar a vida</p><p>alienado de Deus, por meio do exemplo do rico e do Lázaro: “(...) e</p><p>morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos estando em</p><p>tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio” (Lucas 16.22-23).</p><p>Aqui começa o tormento eterno do homem que, na Terra, gozava</p><p>esplendidamente de sua fortuna. Tinha o mundo a seus pés, serviçais</p><p>para tudo, até “para limpar-lhe o traseiro”. Mas, logo após a morte</p><p>bater à sua porta, ele foi parar num lugar de tormentos e desespero</p><p>geral, algo jamais visto aos olhos humanos. Gritos incessantes de</p><p>dor e o horror das almas ao seu redor faziam o ambiente se tornar</p><p>ainda pior. Era o inferno. Bilhões de almas, todas perfeitamente</p><p>conscientes do que estavam passando, agora lhe faziam companhia.</p><p>Mas ninguém, nem mesmo uma só daquelas que estavam ali, poderia</p><p>aliviar o seu próprio tormento.</p><p>E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda</p><p>a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a</p><p>língua,</p><p>porque estou atormentado nesta chama.</p><p>Lucas 16.24.</p><p>A parábola mostra que o rico pôde ver e reconhecer Abraão</p><p>e Lázaro. Também pôde comunicar-se e até suplicar por ajuda.</p><p>178 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Por conhecer a história de fé de Abraão e saber da sua proximidade</p><p>com Deus, o rico pensou que poderia lograr algum tipo de socorro.</p><p>Mas não. Nem Abraão nem mesmo o próprio Deus poderiam rever-</p><p>ter aquela situação, muito menos ajudá-lo com o mínimo, como</p><p>molhar o dedo em água para refrescar sua língua. Enquanto na</p><p>Terra seu coração era soberbo e suas atitudes eram arrogantes, nos</p><p>tormentos do inferno de nada lhe servia a humildade. Ele estava</p><p>irremediavelmente perdido!</p><p>Nessa pequena amostra do inferno, relatada pelo Senhor Jesus,</p><p>vemos que ali é um lugar de tormento e dor por toda a eternidade.</p><p>Lá não há possibilidade de receber auxílio, socorro ou consolo de</p><p>quem quer que seja. O inferno é uma prisão, de onde ninguém</p><p>jamais pode sair. No inferno, a memória das pessoas é preservada;</p><p>por isso, elas se lembram de todas as oportunidades de Salvação</p><p>que desprezaram enquanto estavam vivas. Isso, claro, se torna uma</p><p>tortura para elas. O Senhor Jesus mostra, ainda, que no inferno as</p><p>pessoas veem o gozo e a alegria daqueles que estão salvos e agora</p><p>desfrutam do Céu.</p><p>O rico também implorou a Abraão para enviar Lázaro aos seus</p><p>cinco irmãos, a fim de que fossem avisados sobre o inferno (Lucas</p><p>16.27-28). O mesmo se dá em relação aos que lá estão. Eles gostariam</p><p>de avisar seus filhos, pais, irmãos e demais entes queridos a respeito</p><p>da Salvação em Cristo Jesus para que não sejam lançados neste lugar,</p><p>mas não podem. Porque a Terra é o lugar da decisão entre a vida</p><p>eterna e a morte eterna. Aqui, as pessoas decidem seguir o caminho</p><p>da justiça ou da injustiça, da santidade ou do pecado. E aqui elas</p><p>tomam conhecimento de que as chances de se chegar ao Lugar da</p><p>Justiça são mínimas, por isso o sábio preza pela Salvação que recebeu.</p><p>(…) porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva</p><p>à vida, e poucos há que a encontrem.</p><p>Mateus 7.14</p><p>CAPÍTULO 11 - O diabo e o púlpito 179</p><p>Além de a porta ser estreita, a Bíblia mostra ainda que, de cada</p><p>100 ouvintes da Palavra de Deus, apenas 25 são obedientes, justi-</p><p>ficados e salvos (Mateus 13.3-23). Imagine então o número dos</p><p>desobedientes, somado ao dos demais que nem sequer querem Lhe</p><p>ouvir! É uma verdadeira multidão, o que mostra que, definitiva-</p><p>mente, o Céu não é para todos! Foi feito para todos, mas são poucos</p><p>os que querem pagar o preço (renúncia das próprias vontades) de</p><p>ir para lá. Por enquanto, justos e injustos se aturam na Terra, mas a</p><p>separação se dá com a morte de ambos. A partir daí, cada um vai</p><p>para um lado: justos para a direita; injustos para a esquerda; justos</p><p>para a vida eterna; injustos para a morte eterna. Porque a Justiça do</p><p>Justo Juiz clama pela alma dos justos e Seus anjos são enviados para</p><p>buscá-la e levá-la para o Lugar de Justiça (Céu). Por outro lado, o</p><p>diabo requer a alma daqueles que, consciente ou inconscientemente,</p><p>fizeram a sua vontade enquanto estavam vivos.</p><p>Assim, a pergunta que não se cala é: sua consciência está em per-</p><p>feita paz em relação à Salvação de sua alma? Se morrer hoje, você</p><p>sabe onde passará a eternidade? Jesus disse que muitos, no Juízo</p><p>Final, ouvirão dEle a seguinte declaração:</p><p>(…) Digo-vos que não vos conheço nem sei de onde vós sois;</p><p>apartai-vos de Mim, vós todos os que praticais a iniquidade. Ali</p><p>haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e</p><p>Jacó, e todos os profetas no Reino de Deus, e vós lançados fora.</p><p>Lucas 13.27-28</p><p>Portanto, o inferno não é invenção humana, mas uma realidade</p><p>para aqueles que não fazem caso do sacrifício do Senhor Jesus e até</p><p>debocham da Sua Palavra ao escolherem viver de qualquer maneira.</p><p>Deus, porém, não mudou. Ele é o mesmo do passado e o Seu cará-</p><p>ter permanece imutável. Ele pode retardar a Sua ira por um tempo,</p><p>dando oportunidade de arrependimento, mas não será por todo o</p><p>180 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>tempo. A misericórdia dEle só triunfará sobre o Seu juízo na vida</p><p>de quem, sinceramente, se voltar para Ele.</p><p>Então, se o próprio Senhor Jesus fez da Salvação e da condenação</p><p>eterna os principais assuntos das Suas pregações, por que nós, Seus</p><p>servos, iremos omitir essas Verdades da nossa geração?</p><p>O Espírito Santo tem nos presenteado com a oportunidade de</p><p>sermos portadores do Evangelho, anunciadores das Boas-Novas; mas,</p><p>como temos agido diante dessa dádiva?</p><p>De acordo com o que temos pregado, a consciência das pessoas</p><p>será despertada ou não para o caráter do Altíssimo. Elas verão a Deus</p><p>mediante o que recebem de nós. Por isso, somente a pregação correta</p><p>das Escrituras pode alertar a humanidade sobre o perigo que corre</p><p>de ir para o inferno.</p><p>Diante disso, que nenhum servo se torne um instrumento</p><p>de engano, com palavras brandas e macias que promovem um</p><p>Evangelho de portas largas; caso contrário seu ministério cairá</p><p>em ruínas, assim como sua alma: “Ninguém vos engane com palavras</p><p>vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobe-</p><p>diência” (Efésios 5.6).</p><p>A mesma Palavra que salva será usada na eternidade para con-</p><p>denar quem não a praticou, pois Deus não ficará indiferente ao</p><p>pecado: “Quem Me rejeitar a Mim, e não receber as Minhas palavras,</p><p>já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no</p><p>último dia” (João 12.48).</p><p>As armas da nossa guerra</p><p>Todos nós gostaríamos de viver sem precisar passar por</p><p>nenhuma dor, mas gozar, diariamente, de perfeita paz e tranquilidade.</p><p>Porém, isso não é possível, porque há um confronto invisível no</p><p>mundo espiritual que extravasa para o mundo físico e dá origem a</p><p>todo sofrimento que vemos na Terra. Somente a paz que o Senhor</p><p>Jesus nos deixou, e que habita em nosso interior, pode nos trazer a</p><p>tranquilidade que tanto almejamos, mesmo vivendo dias de lutas. E</p><p>essa quietude pode ser desfrutada em diferentes níveis, dependendo</p><p>da nossa entrega a Deus. Quer dizer, quanto mais obedecemos a</p><p>Ele e manifestamos a fé, mais a nossa confiança nEle aumenta e,</p><p>automaticamente, menos ansiedade, apreensão e medo passamos a</p><p>ter diante das lutas. Essa paz não significa ausência de problemas, de</p><p>tribulações ou de perigos; contudo, ela nos traz a segurança de que</p><p>prevaleceremos sobre os nossos problemas.</p><p>Vivemos num mundo dominado por ódio, enganos, guerras e</p><p>egoísmo, por isso as Escrituras nos recomendam a nos apossarmos</p><p>da armadura de Deus. Essa foi a advertência que o Espírito Santo</p><p>deu, por intermédio de Paulo: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos</p><p>no Senhor e na força do Seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de</p><p>Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”</p><p>(Efésios 6.10-11).</p><p>182 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Observe que os verbos “fortalecer” e “revestir” estão no presente</p><p>e no imperativo, indicando que, nessa guerra espiritual, nossa ação</p><p>de buscar o fortalecimento e o revestimento da armadura de Deus</p><p>deve ser contínua e ininterrupta, pois só assim permaneceremos</p><p>firmes na fé. O homem, por si mesmo, não pode se fortalecer, mas, se</p><p>obedecer à ordem Divina de estar o tempo todo se fortalecendo e se</p><p>revestindo da armadura de Deus, será por Ele sustentado e protegido.</p><p>Deus não omite de nós a biografia de Satanás nem nos deixa</p><p>desavisados quanto às suas maquinações perversas. As Escrituras</p><p>Sagradas revelam que os inimigos a serem enfrentados são nume-</p><p>rosos, sagazes e sutis. Isto é, Satanás e seus demônios usam diferen-</p><p>tes meios e planos para iludir o ser humano e conseguir arruinar</p><p>sua vida. Por isso, não podemos entrar nesse embate usando nossa</p><p>própria força.</p><p>Por si mesmo, o homem natural está completamente despreparado</p><p>para enfrentar o diabo. Por mais que se esforce, se lutar sozinho, sua</p><p>luta estará perdida. Afinal, Satanás não é humano. Por essa razão,</p><p>armas carnais, estratégias terrenas, boa vontade e boas intenções</p><p>não o derrotam,</p><p>ainda que estejam imbuídas de coragem. Contudo,</p><p>mesmo que não tenhamos habilidade e força em nós mesmos para</p><p>vencer o império das trevas, o mal não prevalecerá sobre a nossa vida.</p><p>Primeiro, porque a guerra não é nossa, e sim do Senhor. Segundo,</p><p>porque o poder e a força adequados para essa batalha vêm dEle.</p><p>Contra quem lutamos</p><p>Deus coloca à nossa disposição um verdadeiro arsenal espiritual</p><p>capaz de vencer todos os nossos inimigos. Mas, para isso, não</p><p>basta tomarmos apenas uma parte da armadura de Deus, é preciso</p><p>tomar “toda” a armadura: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus”.</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 183</p><p>Da mesma forma que, nas guerras do passado, apenas os soldados</p><p>fortemente armados e protegidos estavam aptos a lutar e a vencer,</p><p>na guerra contra o inferno, somente os servos revestidos com a</p><p>armadura espiritual completa estão prontos para atacar o mal e se</p><p>defender dele (confira em Efésios 6.11-13).</p><p>Na jornada cristã, quem se converte, de imediato já recebe um</p><p>chamado especial do Altíssimo para entrar nas fileiras do exército</p><p>dos valentes da fé. O Senhor, que é o nosso General de guerra,</p><p>convoca aqueles que se entregam a Ele para guerrear sob o Seu</p><p>comando. A partir daí, Deus o tira da condição de vítima dos espí-</p><p>ritos imundos para a condição de “mais que vencedor”, porque é</p><p>impossível que o Senhor dos Exércitos perca uma batalha! Mas</p><p>essa condição de vitória permanente só é possível se essa pessoa se</p><p>rendeu verdadeiramente a Ele. Caso ela ainda tenha os olhos no</p><p>mundo, considerando-o como um lugar de lazer e bem-estar, será</p><p>uma presa fácil ao seu oponente. Por esse motivo, o cristão tem de</p><p>ser vigilante, sóbrio e sensato em sua fé todo o tempo, para não ser</p><p>surpreendido pelo mal.</p><p>É indispensável ressaltar que a nossa luta não é contra as pessoas e,</p><p>sim, contra os espíritos das trevas que as usam para nos atacar: “Porque</p><p>não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados,</p><p>contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as</p><p>hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efésios 6.12).</p><p>Se os nossos inimigos fossem os seres humanos, nossa guerra</p><p>seria fácil de ser vencida, porque pessoas são vulneráveis e mortais.</p><p>Nossa luta também não é religiosa, política ou econômica, muito</p><p>embora o diabo aja nessas áreas e guie a maioria dos eventos que</p><p>acontece no mundo.</p><p>Lutamos, portanto, contra seres espirituais que se organizam de</p><p>forma hierárquica bastante inteligente. Os demônios são invisíveis</p><p>184 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>aos nossos olhos físicos, mas eles nos veem 24 horas por dia. Por</p><p>terem sido anjos de luz, conhecem a Deus face a face, bem como</p><p>o Céu e vários mistérios do mundo espiritual que nenhum de nós</p><p>conhece. Além disso, são portadores de vasto conhecimento bíblico,</p><p>mais do que qualquer ser humano, e não descansam até derrubarem</p><p>um filho de Deus.</p><p>Agora você entende porque o Espírito Santo nos mostra contra</p><p>quem, de fato, lutamos. Quem esquece que a sua peleja é contra</p><p>espíritos malignos e foca em combater a pessoa que está sendo</p><p>usada pelo mal, está agindo como alguém que culpa o bisturi</p><p>usado pelo médico que fez uma cirurgia ruim e não o próprio</p><p>médico que o usou.</p><p>Então, a nossa guerra é contra um adversário perspicaz, que tem</p><p>muitas faces e muitos nomes (Belzebu, Belial, príncipe deste mundo,</p><p>dragão, “deus deste mundo”, Satanás, diabo…), mas um só objetivo:</p><p>promover o pecado para afastar o ser humano de Deus. Para isso, ele</p><p>usa muitos disfarces, pois, se mostrar sua verdadeira face e intenção,</p><p>ninguém cairá em suas armadilhas.</p><p>Veja, agora, como esses espíritos malignos, divididos em principa-</p><p>dos, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais</p><p>da maldade agem, na prática:</p><p>Principados: como o próprio nome diz, são os príncipes do</p><p>inferno que estão diretamente ligados a Satanás e dele recebem</p><p>ordens para comandar outros demônios. Cada príncipe comanda</p><p>uma região a fim de oprimir, em maior ou menor grau, o povo que</p><p>ali vive. Somente as orações dos servos de Deus podem impedir</p><p>ou amenizar a ação desses espíritos. Daniel, por exemplo, precisou</p><p>enfrentar, em oração, a oposição de um principado por vários dias,</p><p>até que o socorro veio, por intermédio do arcanjo Miguel:</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 185</p><p>Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em</p><p>que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante</p><p>o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das</p><p>tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte</p><p>e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para</p><p>ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.</p><p>Daniel 10.12-13</p><p>Potestades: são os espíritos imundos que se sujeitam aos prin-</p><p>cipados. Eles agem, especificamente, dentro do mundo religioso. O</p><p>seu alvo predileto é a Igreja de Cristo, composta por pessoas que,</p><p>verdadeiramente, amam e obedecem ao Senhor Jesus. Para tentar</p><p>abalar a Igreja, essa classe de demônios cria novas religiões e novas</p><p>“igrejas” a cada dia, apenas com o objetivo de pulverizar a genuína</p><p>fé cristã. Por isso, encontramos “igrejas” para todos os gostos, como:</p><p>igreja para quem não concorda com o dízimo, igreja para quem quer</p><p>o casamento de pessoas do mesmo sexo etc.</p><p>Essa classe de demônios, também, semeia sentimentos negativos</p><p>no coração das pessoas, causando divisão nas denominações cristãs</p><p>e derrubando alguns dos seus líderes. Isso acontece, principalmente,</p><p>quando os espíritos encontram pouca vigilância e pouca oração no</p><p>meio do povo de Deus.</p><p>São as potestades que promovem, ainda, os falsos profetas e as</p><p>heresias disfarçadas de um cristianismo autêntico. Mas as pessoas</p><p>somente serão enganadas se desconhecerem a Palavra de Deus.</p><p>Quando divulgada com afinco, as potestades são desmascaradas.</p><p>E não adianta vestimenta religiosa e aparência humilde, porque</p><p>a Palavra da Verdade, cedo ou tarde, revela a mentira e o engano.</p><p>Príncipes das trevas: apesar do nome, não fazem parte da</p><p>classe dos principados. São conhecidos também como “domina-</p><p>dores deste mundo tenebroso”, porque agem na mente das pessoas</p><p>186 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>e as escravizam com todo o tipo de pensamentos contrários a</p><p>Deus. Ao tomarem a mente do ser humano, passam a controlar as</p><p>emoções, fazendo com que sua vítima aja sem considerar a razão.</p><p>São eles, também, os promotores de ideologias políticas e de toda</p><p>ideia que se opõe à Palavra de Deus, além de serem os causadores</p><p>de toda a sorte de fanatismo.</p><p>Hostes espirituais da maldade: são as classes de demônios</p><p>mais vulgares, ou seja, estão no nível mais baixo da hierarquia.</p><p>Quando se apossam de alguém, causam vários tipos de sofrimento,</p><p>pois o seu objetivo é destruir e matar. Alguns dos sintomas que,</p><p>geralmente, indicam a presença de uma hoste maligna na vida de</p><p>uma pessoa são: dores de cabeça persistentes, insônia, medo, ner-</p><p>vosismo, pensamentos de suicídio, dores no corpo cujas causas não</p><p>são detectadas pelos exames médicos, tonturas sem motivo aparente,</p><p>distúrbios emocionais, excesso de sono, opressão, depressão, visão de</p><p>vultos, audição de vozes estranhas, além de práticas como feitiçaria,</p><p>magias, sodomia, prostituição, adultério, roubos etc.</p><p>Esses problemas espirituais somente são resolvidos se a vítima</p><p>dos espíritos for liberta por meio da fé no Senhor Jesus. Os bons</p><p>conselhos de pessoas preparadas podem até amenizar o sofrimento,</p><p>mas a solução vem apenas com o exercício da genuína fé cristã.</p><p>O bom combate</p><p>Segundo estudiosos da Bíblia, o apóstolo Paulo foi doutor da Lei</p><p>judaica e exímio conhecedor da língua grega. Também foi escriba</p><p>e fariseu, o que indicava sua alta formação religiosa. Isso lhe dava a</p><p>capacidade de ser um rabino, um membro do Sinédrio ou de assumir</p><p>alguma outra função notável em sua religião.</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 187</p><p>Ele chegou a atuar, também, como uma espécie de “promotor</p><p>de</p><p>justiça” em favor dos interesses da religião judaica. Sua influência</p><p>era tão grande que o sumo sacerdote da época lhe deu autoridade</p><p>para açoitar e prender os cristãos, considerados “criminosos”, que</p><p>se refugiavam fora dos limites territoriais de Israel. Além disso, é</p><p>possível que Paulo tivesse formação militar, pois muitos nobres da</p><p>sua época, tal como ele, costumavam ser treinados para as guerras.</p><p>Isso pode explicar o motivo de o apóstolo usar, constantemente,</p><p>termos militares em seus escritos. Veja:</p><p>E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para</p><p>alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível.</p><p>Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato,</p><p>não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à</p><p>servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de</p><p>alguma maneira a ficar reprovado.</p><p>1Coríntios 9.25-27</p><p>Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque</p><p>as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas</p><p>em Deus para destruição das fortalezas; destruindo argumentos,</p><p>e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus,</p><p>e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo; e</p><p>estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for</p><p>cumprida a vossa obediência.</p><p>2Coríntios 10.3-6</p><p>Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo</p><p>sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes,</p><p>perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus.</p><p>Colossenses 4.12</p><p>188 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Este Mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as</p><p>profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia;</p><p>conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando,</p><p>fizeram naufrágio na fé.</p><p>1Timóteo 1.18-19</p><p>Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.</p><p>2Timóteo 4.7</p><p>Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que</p><p>espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma</p><p>e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os</p><p>pensamentos e intenções do coração.</p><p>Hebreus 4.12</p><p>Em dado momento, Paulo passou de alta autoridade e persegui-</p><p>dor do Evangelho a perseguido e, até mesmo, prisioneiro de Roma</p><p>por causa da sua fé. Esse foi o grande contraste da vida do apóstolo.</p><p>Sua conversão ao Senhor Jesus e sua entrega ao ministério lhe</p><p>renderam as maiores lutas de sua vida. Em um dos períodos de</p><p>detenção de dois anos, ele esteve preso a dois soldados 24 horas por</p><p>dia. Paulo ficou sob a custódia da chamada “guarda pretoriana”,</p><p>grupo de elite do exército romano, que se revezava em três turnos</p><p>para que algum guarda estivesse constantemente algemado junto</p><p>a ele. As epístolas às igrejas de Éfeso, Filipos e Colossos e ao servo</p><p>Filemom foram escritas na prisão. Nelas, o apóstolo, vivendo a dor</p><p>da perda da liberdade, ensinou a verdadeira espiritualidade, como a</p><p>alegria de servir a Deus, a responsabilidade da missão de pregar o</p><p>Evangelho, a oração, o aproveitamento do tempo e das oportunida-</p><p>des, entre muitos outros assuntos profundos da fé cristã. E, embora</p><p>sofrendo, só deixa transparecer sua condição quando se identifica</p><p>como “prisioneiro de Jesus Cristo” e “embaixador em cadeias”.</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 189</p><p>Seu testemunho de fé era tão verdadeiro que muitos desses sol-</p><p>dados, e também dos serviçais do palácio e até conhecidos próximos</p><p>ao imperador, se converteram, como está escrito: “Todos os santos vos</p><p>saúdam, mas principalmente os que são da casa de César” (Filipenses 4.22).</p><p>O imperador, nesse período, era Nero, um dos homens mais</p><p>cruéis da história. Porém, as pessoas que se renderam à Palavra pre-</p><p>gada por Paulo não só se converteram, como também mantiveram</p><p>sua fé, mesmo morando ou frequentando o local mais perigoso do</p><p>mundo para um cristão: a “casa de César”. Isso significa que o após-</p><p>tolo nunca se limitou às dificuldades em que vivia nem desprezou as</p><p>oportunidades que tinha; pelo contrário, fez da sua prisão – ora mas-</p><p>morra, ora prisão domiciliar – uma base do evangelismo, chegando a</p><p>pregar para soldados da mais alta patente, além de judeus, romanos e</p><p>até mesmo familiares do imperador. Suas mãos, então, podiam estar</p><p>presas, mas sua boca estava livre para servir ao Evangelho.</p><p>Por esta causa vos chamei, para vos ver e falar; porque pela</p><p>esperança de Israel estou com esta cadeia. Então eles lhe disseram:</p><p>Nós não recebemos acerca de ti carta alguma da Judeia, nem</p><p>veio aqui algum dos irmãos, que nos anunciasse ou dissesse de ti</p><p>mal algum. No entanto bem quiséramos ouvir de ti o que sentes;</p><p>porque, quanto a esta seita, notório nos é que em toda a parte se</p><p>fala contra ela. E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram</p><p>ter com ele à pousada, aos quais declarava com bom testemunho o</p><p>Reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela</p><p>lei de Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde. E</p><p>alguns criam no que se dizia; mas outros não criam.</p><p>Atos 28.20-24</p><p>E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram</p><p>contribuíram para maior proveito do Evangelho; de maneira que</p><p>as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda</p><p>pretoriana, e por todos os demais lugares; e muitos dos irmãos no</p><p>190 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a</p><p>palavra mais confiadamente, sem temor.</p><p>Filipenses 1.12-14</p><p>Então, tudo o que registramos aqui explica o motivo de Paulo</p><p>ver o mundo não como um lugar de prazer e delícias, mas como um</p><p>campo de batalha diária a ser vencida. Ele sabia que há dias em que</p><p>as lutas são mais intensas, cheias de dores e pressões quase insupor-</p><p>táveis, e outros em que os problemas são mais amenos; mas, inevi-</p><p>tavelmente, todos os dias temos uma guerra para travar. Essa guerra</p><p>pode vir em forma de tentações, injustiças, maus pensamentos, más</p><p>notícias, acontecimentos ruins etc.</p><p>Por esse motivo, inspirado pelo Espírito Santo, ele usou, figura-</p><p>tivamente, as armas bélicas, as estratégias de guerra e o fardamento</p><p>militar para mostrar como devemos nos preparar para vencer essa</p><p>guerra espiritual diária. Em Efésios, ele chega a comparar cada peça</p><p>da armadura de um soldado romano com a armadura de Deus:</p><p>Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a Verdade,</p><p>e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação</p><p>do Evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o</p><p>qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai</p><p>também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a</p><p>Palavra de Deus.</p><p>Efésios 6.14-17</p><p>São listados acima seis itens principais de uma armadura de</p><p>guerra: cinto, couraça, sandálias, escudo, capacete e espada. Vejamos,</p><p>agora, o contexto espiritual por trás das palavras de Paulo.</p><p>1. Cinto da Verdade. O soldado usava um cinto, confec-</p><p>cionado em couro, que era fundamental não somente para</p><p>firmar sua túnica, mas, também, para segurar sua espada.</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 191</p><p>Uma vez o cinto afivelado, o soldado tinha liberdade e segu-</p><p>rança para se movimentar, pois sabia que sua espada e sua</p><p>roupa estavam bem firmes em seu corpo. De igual modo, a</p><p>vida firmada na obediência à Palavra é o testemunho de quem</p><p>anda na Verdade. Quantos cristãos, hoje em dia, ignoram essa</p><p>Palavra, pois, mesmo sendo assíduos frequentadores de cultos</p><p>e conhecedores das Escrituras, são trapaceiros, mentirosos e</p><p>infiéis? Quem age assim segue o caráter enganador do diabo</p><p>e, cedo ou tarde, a ruína chegará em sua vida.</p><p>2. Couraça da justiça. Essa era a peça principal para um com-</p><p>batente de guerra, pois o protegia, principalmente, de apunha-</p><p>ladas em órgãos vitais do seu corpo, como coração, fígado e</p><p>pulmões. No sentido espiritual, a couraça da justiça é a justifi-</p><p>cação dos nossos pecados por meio da Obra redentora de Jesus</p><p>na cruz. Somente por meio do Sangue de Jesus somos lavados,</p><p>justificados e salvos. Aqueles que vivem</p><p>a sua fé no Salvador</p><p>e andam na santidade, retidão e integridade não podem ser</p><p>atingidos por nenhuma acusação do diabo, porque suas vidas</p><p>passam a ser protegidas pelo Senhor Jesus. Já quem diz professar</p><p>a fé nEle, mas não vive na sinceridade e na pureza de inten-</p><p>ções, não possui essa parte essencial da armadura de Deus em</p><p>si. Com isso, todas as áreas da sua vida ficam completamente</p><p>expostas aos ataques do diabo.</p><p>3. Pés calçados com o Evangelho. Era comum aos soldados</p><p>caminharem longos trechos a pé ou acamparem em lugares</p><p>remotos e perigosos. Por isso, seus pés precisavam estar bem</p><p>protegidos; afinal, qualquer ferimento impossibilitaria ou atra-</p><p>palharia a sua locomoção. Embora o calçado da época fosse</p><p>parecido com uma sandália por deixar os dedos à mostra,</p><p>todo o restante da peça era fechado e bem preso ao tornozelo.</p><p>Firme também deve ser todo aquele que crê. A pessoa que</p><p>firma os pés no Evangelho está sempre pronta para enfrentar</p><p>192 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>suas lutas e para falar do poder que há nessa Palavra. Ela não</p><p>sofre embaraços, pois seus pés, fincados no poder da Palavra</p><p>de Deus, estão constantemente preparados para lutar contra o</p><p>reino das trevas. O apóstolo Paulo já havia revelado o poder</p><p>do Evangelho na carta aos Romanos</p><p>Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder</p><p>de Deus para Salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu,</p><p>e também do grego.</p><p>Romanos 1.16</p><p>Veja que o Evangelho tem poder para desconstruir sofismas,</p><p>medos e dúvidas, bem como para construir uma fé sólida para man-</p><p>termos comunhão com o Altíssimo. Por isso, formosos são os pés dos</p><p>que têm prontidão e rapidez para levar as Boas-Novas da Salvação</p><p>aos que sofrem (confira em Isaías 52.7).</p><p>4. Escudo da fé. Uma das táticas de guerra daquela época era</p><p>atirar sobre os inimigos lanças cujas pontas continham um</p><p>chumaço de estopa embebida em material combustível: os cha-</p><p>mados “dardos inflamados”. No arremesso, a estopa era acesa e,</p><p>ao ser lançada, a flecha incendiava navios e acampamentos, cau-</p><p>sando inúmeras mortes. Havia, ainda, dardos envenenados que</p><p>causavam ferimentos mortais. Para não ser atingido, o soldado</p><p>precisava estar protegido com o seu escudo. Assim também é a</p><p>fé na vida do cristão: ela o protege contra os dardos inflamados</p><p>do maligno, que podem ser maus pensamentos, incitação ao</p><p>pecado, mentiras, difamações e outras ofensivas por parte do</p><p>diabo. Somente a fé é capaz de nos blindar dessas investidas e</p><p>nos pôr em um refúgio seguro. Ao mesmo tempo que a fé nos</p><p>protege, ela traz à existência aquilo que não existe, pois nos</p><p>torna arrojados para tomarmos posse das promessas de Deus.</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 193</p><p>5. Capacete da Salvação. O capacete de um soldado era espe-</p><p>cialmente confeccionado para ele a fim de que ficasse bem</p><p>ajustado à sua cabeça. Era feito de material resistente, como</p><p>latão, e revestido de pele por dentro, tornando-o eficaz contra</p><p>pancadas e outras agressões. O capacete simboliza a Salvação,</p><p>que é uma fortaleza dentro de nós, capaz de repelir qualquer</p><p>medo e dúvida quanto ao futuro. É na mente que guardamos</p><p>a firme convicção da vida eterna, por isso, também devemos</p><p>guardá-la dos maus pensamentos. A certeza da Salvação não é</p><p>só uma esperança para o amanhã, mas uma realidade que traz</p><p>segurança e abençoa o tempo presente. Por isso, quem é salvo</p><p>enfrenta qualquer tribulação porque tem ciência do eterno</p><p>“peso de glória” que lhe está reservado. Sendo assim, essa pessoa</p><p>não troca sua preciosa herança pelos prazeres desse mundo.</p><p>6. Espada. Nenhum soldado ousava lutar sem ter em punho essa</p><p>arma. A espada representa a Palavra de Deus. Nela, temos a</p><p>garantia de que, ao ser vivida e anunciada, jamais voltará vazia,</p><p>mas cumprirá perfeitamente o propósito para o qual foi desig-</p><p>nada (Isaías 55.11). A Palavra é como o seu Autor: viva e pode-</p><p>rosa, por isso é invencível (Hebreus 4.12). Ela é mais cortante</p><p>que qualquer espada de dois gumes porque atua onde nenhuma</p><p>outra arma é capaz de penetrar. Ela vai até a alma, discernindo</p><p>pensamentos e pesando todos os desejos do coração. A Palavra</p><p>também destrói as fortalezas do diabo, bem como todas as suas</p><p>obras. Se o ser humano lhe obedecer, ela cortará todas as amar-</p><p>ras que o prende ao pecado, aos vícios e à sua natureza carnal</p><p>e corrompida.</p><p>Orando em todo o tempo</p><p>Paulo concluiu que a armadura de Deus deve ser “selada” com a</p><p>oração, que precisa ser constante e perseverante no Espírito:</p><p>194 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito,</p><p>e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os</p><p>santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a</p><p>palavra com confiança, para fazer notório o mistério do Evangelho,</p><p>pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele</p><p>livremente, como me convém falar.</p><p>Efésios 6.18-20</p><p>Isso mostra que a armadura não estará completa se não mantiver-</p><p>mos uma vida de oração. É impossível um cristão sobreviver na fé</p><p>sem orar. Não importa o quanto ele conheça a Palavra, o quanto ele</p><p>seja habilidoso com seus dons e quanto tempo tenha de conversão.</p><p>Se ele não orar, não conseguirá resistir às tentações, aos apelos do</p><p>mundo e às ofertas do pecado. E assim, cedo ou tarde, cairá.</p><p>Nenhum cristão está livre de cumprir o Mandamento de orar</p><p>em todo o tempo, pois é vivendo em Espírito que protegemos</p><p>nossa mente de pensar em pecar. É também por meio da oração</p><p>que há intrepidez na pregação do Evangelho e frutos verdadeiros</p><p>de conversão.</p><p>Contudo, ser constante na oração não é uma tarefa tão fácil,</p><p>pois, normalmente, as pessoas são vencidas pelo cansaço e pela</p><p>preguiça. Embora saibam que a oração é uma arma de efeitos</p><p>poderosos, tanto para manter a comunhão com Deus, quanto para</p><p>combater o diabo, muitos não oram devidamente. Essa frustração</p><p>com a prática da oração surgiu com os discípulos. Em um deter-</p><p>minado momento da convivência com o Senhor Jesus, eles des-</p><p>cobriram que não sabiam orar. Mas, como podiam dizer que não</p><p>sabiam orar se a oração fazia parte das atividades da religião judaica</p><p>e sempre esteve presente nas narrativas do Antigo Testamento?</p><p>Isso só pode ter uma explicação: o modo como os discípulos</p><p>oravam, provavelmente, era religioso, ou seja, sem fé, igual ao dos</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 195</p><p>demais homens da época, por isso não viam resultado. No entanto,</p><p>quando viram o Messias orar, pediram para que Ele os ensinasse.</p><p>E o Senhor Jesus, maravilhoso como é, os ensinou (Mateus 6.5-8).</p><p>Veja que, apesar de os discípulos terem visto o Salvador curar</p><p>de forma prodigiosa e até ressuscitar Lázaro, eles não pediram para</p><p>aprender a fazer o mesmo ou a expulsar demônios, e sim para orar</p><p>como Ele orava (Lucas 11.1).</p><p>Assim como eles, na maioria das vezes, também não sabemos</p><p>bem como orar e permanecer nesse espírito de oração. Orar não</p><p>é um dom que um tem e outro não. A oração é, para a nossa alma,</p><p>como o oxigênio é para o nosso corpo, ou seja, fundamental! Ela</p><p>é parte do nosso relacionamento com Deus, o meio pelo qual nos</p><p>comunicamos com Ele. Portanto, ou oramos e nos mantemos vivos</p><p>espiritualmente, ou deixamos de orar e morremos, pois é impossível</p><p>nos mantermos vivos na fé sem oração.</p><p>Triste é ver algumas pessoas acreditarem que não têm uma vida</p><p>de oração porque não têm tempo de orar. Entretanto, para comer,</p><p>dormir e se divertir, rapidamente encontram tempo. Para satisfazer</p><p>sua vida terrena, empenham todos os esforços, mas, para preser-</p><p>var a vida eterna, não estão nem aí. Há, ainda, aqueles que usam</p><p>a própria Obra de Deus para justificar a falta de tempo para orar.</p><p>Que autoengano é esse! O Senhor Jesus fez muito mais que todos</p><p>nós e tinha uma vida ativa de comunhão com Deus em oração.</p><p>A verdade é que ninguém deixa de orar porque não tem tempo,</p><p>mas porque não quer orar, não tem prazer de estar na companhia do</p><p>Senhor. Se fosse um prazer manter intimidade com Ele, se esforçaria;</p><p>afinal, sempre arrumamos tempo para aquilo que gostamos ou que</p><p>é prioridade para nós.</p><p>É claro que a recomendação bíblica de “orar sem cessar”</p><p>(1Tessalonicenses 5.17) em “todo tempo” não quer dizer ficar de</p><p>196 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>joelhos o dia inteiro, mas se manter constantemente conectado com</p><p>Deus em espírito e com o pensamento nEle.</p><p>Portanto, vemos que a armadura de Deus é perfeita. Nela não</p><p>há um “calcanhar de Aquiles” que nos deixa vulneráveis ao mal em</p><p>alguma área. Mas, para que prevaleçamos, devemos estar devidamente</p><p>revestidos com toda a armadura de Deus, desde a couraça da justiça</p><p>até a oração constante, senão, daremos brechas para os ataques de</p><p>Satanás.</p><p>O cristão que espera nessa vida “sombra e água fresca” ainda não</p><p>entendeu a nossa guerra de cada dia. Volto a dizer que é impossível</p><p>vivermos dias de calmaria porque, nesse conflito espiritual, ora temos</p><p>de nos defender dos ataques dos espíritos malignos que tentam minar</p><p>nossa fé, ora temos de atacá-los com toda a fé.</p><p>Todos que caíram</p><p>Todos os exemplos bíblicos de pessoas que naufragaram na fé têm</p><p>algo em comum: elas caíram porque, em algum momento, negligen-</p><p>ciaram esse revestimento de poder que Deus nos oferece. Se Adão</p><p>tivesse vigiado e guardado as Palavras que Deus lhe tinha dado, não</p><p>teria sido vencido pelo pecado no Éden. O mesmo podemos dizer</p><p>de Davi, que, se estivesse em Espírito, não teria deixado de ir à guerra</p><p>com seus companheiros para folgar em seu palácio.</p><p>Assim como a guerra física deixa muitos mortos e feridos, a</p><p>guerra espiritual mata ou enfraquece muitos soldados da fé. O Salmo</p><p>91 fala de números alegóricos para mostrar a quantidade daqueles</p><p>que caem por não possuírem a proteção de Deus: “Mil cairão ao teu</p><p>lado, e dez mil à tua direita, mas (o mal) não chegará a ti” (versículo 7).</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 197</p><p>Quando a Bíblia fala em “mil” e “dez mil”, mostra, metaforica-</p><p>mente, que muitas são as vítimas, direta ou indiretamente, do mal.</p><p>Inúmeras pessoas são atingidas por doenças, desavenças familiares,</p><p>desastres, violência e coisas desse tipo. Mas há outras que, devido ao</p><p>orgulho, perdem a sua fé, sua pureza e sua boa consciência. Para esses</p><p>casos, a recuperação espiritual, muitas vezes, é quase impossível, por</p><p>isso não são poucos os ex-membros de igrejas evangélicas, ex-obrei-</p><p>ros, ex-pastores e ex-bispos que não conseguem mais se reerguer.</p><p>Então, para não sermos atingidos pelo terror da noite, pelas</p><p>pestes, pelas mortandades e pelas setas (malignas e espirituais) que</p><p>voam de dia (ver Salmos 91.5-6), a armadura de Deus deve ser</p><p>usada dia e noite, seja no trabalho, em casa ou na rua. Ela não pode</p><p>ser algo que você tira, coloca no cabide e vai dar uma volta no</p><p>mundo, esquecendo seus princípios de fé. Quem age assim encon-</p><p>tra um adversário cruel, pronto a lhe derrubar, como disse Pedro:</p><p>Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em</p><p>derredor, como leão bramando, buscando a quem possa tragar; ao</p><p>qual resisti firmes na fé (...)</p><p>1Pedro 5.8-9</p><p>Esse estado de vigilância deve ser constante porque, quase sem-</p><p>pre, o diabo surge inesperadamente para atacar. Algumas vezes, a sua</p><p>ânsia de enganar é tão grande que ele simula ser um “anjo de luz”.</p><p>Ou seja, ele se disfarça, usando “conselhos” de uma “boa pessoa”</p><p>ou uma ideia aparentemente excelente, só para afastar alguém de</p><p>Deus. Satanás sabe que a maioria das pessoas preza pela luz, então</p><p>ele a imita, a fim de iludi-las. Por exemplo:</p><p>• Ele faz as pessoas acreditarem que o “amor vence tudo”,</p><p>que todos devem seguir o “amor” e ouvir “a voz do cora-</p><p>ção”. Com isso, ele distorce o real sentido do amor, que é o</p><p>198 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>sacrifício. Quem ama se sacrifica pela pessoa amada, e quem</p><p>ama a Deus sacrifica as suas vontades por Ele.</p><p>• Ele promete conceder “paz” ao mundo e às pessoas por meio</p><p>de tratados, acordos políticos e riquezas. No entanto, essa sua</p><p>“paz” é falsa e ilusória.</p><p>• Ele se camufla de forma quase perfeita na religião, usando</p><p>argumentos aparentemente piedosos, para perseguir, provocar</p><p>guerras e mortes em todo o mundo, como aconteceu no</p><p>passado, na Inquisição.</p><p>Diante disso, o Espírito Santo nos adverte que não podemos</p><p>ignorar nem nos admirar com a maneira sagaz que as trevas traba-</p><p>lham para colocar ciladas no caminho do ser humano. É próprio</p><p>do mal ter um caráter ambíguo, além de assumir uma postura e</p><p>um discurso conforme lhe convém. Esse caráter maligno tem sido</p><p>promovido à revelia em nossa sociedade, a ponto de hoje termos</p><p>dificuldade de encontrar uma pessoa realmente transparente, sin-</p><p>cera e sem duplo comportamento. Dessa forma, cabe a cada um ter</p><p>discernimento para distinguir que nem tudo é o que parece, assim</p><p>como nem todas as palavras “agradáveis” são realmente boas e nem</p><p>todos os que se dizem de Deus realmente são dEle.</p><p>Ora, se Satanás tem esse tipo de caráter enganoso, seus filhos</p><p>também são semelhantes a ele. Desse modo, somente quem estiver</p><p>revestido da armadura de Deus conseguirá discernir quando ficar</p><p>diante de máscaras, isto é, de espíritos enganadores.</p><p>E não é maravilha (de se admirar), porque o próprio Satanás se</p><p>transfigura (finja ser) em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus</p><p>ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais</p><p>será conforme as suas obras.</p><p>2Coríntios 11.14-15</p><p>CAPÍTULO 12 - As armas da nossa guerra 199</p><p>Agora, sendo o diabo este ser astuto, que arde em ódio, fúria e</p><p>engano, você acha que ele desprezaria uma brecha dada por um</p><p>servo de Deus quando esse relaxa espiritualmente?</p><p>Como Jesus venceu o diabo</p><p>Para entendermos este capítulo, vamos relembrar</p><p>rapidamente o que aconteceu ao primeiro casal do mundo, cuja</p><p>queda reflete em nós até hoje.</p><p>Após desobedecerem, Adão e Eva perderam o seu estado de per-</p><p>feição e pureza, passando a viver contaminados pelo pecado. A partir</p><p>de então, a capacidade que eles e toda a humanidade tinham de</p><p>refletir, discernir e fazer suas escolhas de forma correta foi afetada</p><p>drasticamente. Porque o ser humano, por si mesmo, corrompido com</p><p>o pecado, só consegue alcançar o entendimento da vontade de Deus</p><p>por meio do Espírito Santo. Além do mais, a criatura antes forte,</p><p>destemida e segura passou a ficar vulnerável e facilmente consumida</p><p>pela culpa, pelo medo, pelas dúvidas e por tantas outras mazelas. Não</p><p>é à toa que o ser humano, a exemplo de Adão e Eva, prefira fugir de</p><p>Deus a ir até Ele para ser restaurado. Não é à toa que a maioria das</p><p>pessoas só procura por Deus ou se entrega em Suas Mãos quando</p><p>está no fundo do poço.</p><p>Mas não foi só a humanidade que teve de enfrentar as conse-</p><p>quências do pecado. A serpente, o réptil que foi usado pelo diabo</p><p>como instrumento de tentação e convencimento para levar a mulher</p><p>à transgressão, também não deixou de ter a sua sentença. O animal,</p><p>202 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>que antes do pecado entrar no mundo provavelmente tinha uma</p><p>postura ereta e imponente, destacando-se entre toda a fauna, agora</p><p>caíra em vexame. A maldição dada à serpente indica que, outrora,</p><p>ela tinha uma estrutura física diferente, e isso, possivelmente, lhe</p><p>proporcionava uma alimentação superior. Mas, ao receber a punição</p><p>de Deus para rastejar sobre o próprio ventre e comer o pó da Terra,</p><p>o réptil ficou humilhado.</p><p>Sabemos que a serpente não come Terra, porém, ao se arrastar</p><p>pelo chão, por não ter patas, é obrigada a engolir seu alimento com</p><p>sujeira e pó: “Então o Senhor DeuS disse à serpente: Porquanto fizeste isto,</p><p>maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre</p><p>o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida” (Gênesis 3.14).</p><p>A degradação da serpente mostra a degradação do próprio tenta-</p><p>dor. Ou seja, a maldição não era somente para o animal usado para</p><p>promover o pecado, mas também para quem se utilizou dele: o diabo.</p><p>No primeiro momento, Satanás, aparentemente, alcançou a vitó-</p><p>ria que queria: separar o ser humano de</p><p>suas próprias atitudes, escolheu para si. Mas,</p><p>não. Satanás decidiu continuar a guerra que começou no Céu. E, já</p><p>sabemos de antemão que, por livre e espontânea vontade, ele jamais</p><p>se retirará da batalha. Será o nosso Senhor Jesus que, no final dos</p><p>tempos, porá um fim a este conflito, conforme mostra o livro do</p><p>Apocalipse (20.10).</p><p>O diabo não se rende voluntariamente porque a sua natureza é</p><p>orgulhosa demais para admitir que errou e perdeu. Antes, ele esco-</p><p>lhe enfrentar a Deus de forma indireta na Terra. Assim, instigado</p><p>pelo seu ódio, ele passou a ocupar todo o seu tempo em represália</p><p>ao Senhor pela punição que sofreu. Faz isso tentando atingir o ser</p><p>humano, que é a imagem de Deus. Os primeiros a experimentarem</p><p>sua crueldade foram Adão e Eva.</p><p>O arqui-inimigo do Altíssimo viu que tanto homem quanto</p><p>mulher desfrutavam de uma intimidade com Ele, algo jamais expe-</p><p>rimentado por outra criatura. Por isso, investiu, de forma implacável,</p><p>para destruí-los.</p><p>24 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Satanás estudou cada passo do dia a dia desse casal no jardim.</p><p>Ele viu quando Adão recebeu a ordem de Deus para que nem ele</p><p>nem Eva comessem do fruto de uma determinada árvore, sob pena</p><p>de sofrerem as consequências dessa transgressão. Perspicaz, o diabo</p><p>projetou o seu ataque insidioso justamente neste ponto, porque,</p><p>ao desobedecerem, Adão e Eva estariam se rebelando contra um</p><p>Mandamento de Deus.</p><p>E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore</p><p>do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento</p><p>do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela</p><p>comeres, certamente morrerás.</p><p>Gênesis 2.16-17</p><p>É importante ressaltar que no jardim do Éden havia uma flora</p><p>extraordinária, com árvores de todas as espécies, para o deleite de</p><p>Adão e Eva. No entanto, a presença de uma árvore em especial,</p><p>chamada por Deus de “árvore do conhecimento do bem e do mal”,</p><p>tinha o objetivo específico de provar a obediência voluntária do</p><p>primeiro casal terreno.</p><p>O Criador havia sido extremamente generoso ao criar o ser</p><p>humano, dando a ele o melhor de Si. Como vimos, no início, Ele</p><p>preparou a Terra com todas as suas maravilhas, plantou o jardim do</p><p>Éden, e só depois criou Adão. Isso mostra que Deus agiu como um</p><p>pai que, com carinho e zelo, preparou o ambiente para a chegada do</p><p>seu filho. Diante disso, nada mais justo que essas criaturas ofereçam</p><p>seu amor e sua lealdade, e aceitem de bom grado a autoridade de</p><p>Quem as criou.</p><p>Satanás, que havia vivido no Céu, conhecia o modo de agir</p><p>do Altíssimo. Por isso, ele sabia que, devido ao Seu caráter e à Sua</p><p>Natureza Santa, Deus jamais obrigaria as pessoas a se submeterem</p><p>CAPÍTULO 2 - A queda do homem 25</p><p>a Ele, e sim, esperaria que elas, de forma espontânea e prazerosa, se</p><p>rendessem à Sua vontade.</p><p>Assim aconteceu com os anjos. Como nós, eles nunca foram</p><p>programados para obedecer e servir, mas tinham o privilégio de</p><p>escolher o que fazer com a liberdade que lhes foi dada: amar a Deus</p><p>ou se rebelar contra Ele.</p><p>Com isso, vemos que dar liberdade e espaço às Suas criaturas,</p><p>para que elas manifestem suas vontades, é algo que o Senhor preza</p><p>muito. Ele faz isso porque busca por relacionamentos verdadeiros e</p><p>por expressões de amor que sejam realmente sinceras.</p><p>Então, no caso de Adão e Eva, o Altíssimo não cerceou a liberdade</p><p>deles, não os reprimiu nem fez marcação cerrada em cima do casal,</p><p>pelo contrário! Ele deixou a árvore do “conhecimento do bem e do</p><p>mal”, precisamente, no meio do jardim, para que homem e mulher</p><p>pudessem, por conta própria, decidir entre obedecer ou desobedecer;</p><p>honrar ou desonrar ao Seu Criador. Essa árvore poderia estar fora</p><p>dos limites do jardim, para tornar difícil o acesso a ela, mas não. Deus</p><p>a deixou ao alcance de Adão e Eva para que eles, voluntariamente,</p><p>obedecessem à Sua ordem ou não.</p><p>Do mesmo modo continua sendo hoje. O Altíssimo mostra o Seu</p><p>amor e a Sua justiça ao nos dar a liberdade para escolhermos nossos</p><p>próprios caminhos. Inclusive, Ele respeita se decidirmos seguir o que</p><p>é mau. Somos livres para fazer nossas escolhas, mas não poderemos</p><p>evitar as más consequências dessas atitudes.</p><p>Um novo rumo na história</p><p>Os três primeiros capítulos da Bíblia descortinam toda a história do</p><p>mundo e o porquê de a humanidade estar em ruína. Com clareza,</p><p>26 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>vemos o início de tudo, o propósito da Criação, o primeiro estado</p><p>perfeito do homem e, a seguir, como se deu a sua queda e a sua degra-</p><p>dação. Os versículos iniciais do capítulo três de Gênesis têm a narrativa</p><p>mais triste e, ao mesmo tempo, mais reveladora das Escrituras, uma</p><p>vez que mostra como o diabo age para enganar e derrubar alguém.</p><p>O primeiro ponto a se destacar é que, se Deus havia ordenado</p><p>para não comer daquela árvore, porque ela iria causar morte, então</p><p>Adão e Eva deveriam passar bem longe dela, não se colocando em</p><p>risco de pecar ou de brincar com o perigo. Contudo, não foi isso</p><p>que a mulher fez. Levada por sua curiosidade, Eva se expôs à ten-</p><p>tação quando decidiu observar a árvore e os seus frutos. Ela estava</p><p>sozinha e, por isso, mais vulnerável ao ataque do mal. Sem Adão</p><p>por perto, seria muito mais fácil convencê-la a se desencaminhar</p><p>do propósito Divino. O diabo, então, sem perder tempo, decidiu se</p><p>aproximar para enganá-la.</p><p>Muitas vezes, agimos por impulso e, de repente, num rompante,</p><p>tomamos uma decisão. Mas Satanás, diferentemente de nós, age com</p><p>precisão, porque não tem pressa. Tudo que ele faz é estritamente</p><p>planejado. Antes de atacar uma pessoa, ele a examina para saber seus</p><p>gostos, suas inclinações e seus pontos fracos. Faz isso para oferecer</p><p>à sua vítima uma proposta que seja “irrecusável” aos olhos dela, de</p><p>acordo com as suas preferências.</p><p>Para ilustrar isso, podemos comparar o modus operandi do diabo</p><p>com a tática de se apanhar um simples rato ou um peixe, por exem-</p><p>plo. Na ratoeira, não se coloca um pedaço de chocolate, mas de</p><p>queijo, justamente porque o rato aprecia essa iguaria. Assim também</p><p>faz o pescador, que coloca uma atraente isca no seu anzol, de acordo</p><p>com o peixe que pretende pegar.</p><p>Satanás, de igual modo, usa diferentes estratégias para alcançar o</p><p>êxito que pretende. Isto é, ele mente e usa pessoas, das mais variadas</p><p>CAPÍTULO 2 - A queda do homem 27</p><p>maneiras, para atrair quem deseja. No caso da tentação de Eva, o</p><p>diabo não se mostrou como de fato era, mas tomou o corpo de</p><p>uma serpente, fazendo com que a mulher se maravilhasse com o que</p><p>via. A serpente estava à frente dos outros animais tanto em beleza</p><p>quanto em vivacidade e inteligência, por isso o diabo a escolheu</p><p>para atingir o seu objetivo.</p><p>Em seus planos malignos, o diabo estava pronto para oferecer as</p><p>melhores vantagens — nunca desvantagens —, assim como fez em</p><p>sua rebelião no Céu. Seu poder de convencimento é tão grande</p><p>que ele é capaz de fazer até o fel parecer mel.</p><p>Para envolver uma pessoa e levá-la a pecar, Satanás dirá tudo o</p><p>que ela gosta de ouvir e jamais falará das consequências daquele</p><p>pecado e do quanto ela irá sofrer se cair em sua lábia. O diabo é</p><p>mestre em disfarçar e esconder suas verdadeiras intenções, e tam-</p><p>bém os efeitos da desobediência a Deus. Por exemplo, ele nunca</p><p>vai mostrar que a falsa liberdade oferecida por ele vai tornar o ser</p><p>humano espiritualmente escravo e no caminho da morte eterna,</p><p>até o dia em que este decidir se entregar a Deus. Se depender de</p><p>Satanás, o homem nunca saberá de versículos como estes a seguir:</p><p>Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito</p><p>de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.</p><p>Romanos 6.23</p><p>Depois, havendo a concupiscência (desejo da carne) concebido,</p><p>dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.</p><p>Tiago 1.15</p><p>E se, por acaso, alguém tomar conhecimento, Satanás tentará</p><p>cegar seu entendimento para que não compreenda o que o Texto</p><p>Sagrado realmente diz.</p><p>28 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>O passo a passo da queda</p><p>Vejamos, então, o passo a passo</p><p>Deus, quebrando assim a</p><p>comunhão perfeita que ele desfrutava com o Criador. Mas o que ele</p><p>não sabia era que aquele mal, que acabara de cometer contra a raça</p><p>humana, se transformaria em um bem extraordinário. Quer dizer,</p><p>o ser humano, sujo com o pecado e distante de Deus, seria limpo,</p><p>lavado e purificado no Sangue dAquele que morreria pelas nossas</p><p>iniquidades. Com isso, o diabo colaborou para nos unir pelos séculos</p><p>dos séculos ao Criador, como era no princípio de tudo.</p><p>Veja o quanto o Altíssimo é sábio e infinitamente poderoso! Ele</p><p>transforma a perversidade do diabo contra os Seus filhos em bem, de</p><p>alguma forma. E assim, o mal, neste sentido, passa a ser cooperador</p><p>dos propósitos Divinos, sem desejar.</p><p>CAPÍTULO 13 - Como Jesus venceu o diabo 203</p><p>Constatamos isso várias vezes nas Escrituras. José, por exemplo,</p><p>ao ser vendido pelos irmãos como escravo a uma caravana egípcia,</p><p>anos depois, se tornou o segundo homem mais poderoso do Egito.</p><p>Nessa posição, ele livrou a maior nação do mundo da fome. Sua fé</p><p>e seu caráter, até hoje, servem de testemunhos para nós. Veja o que</p><p>ele disse acerca das injustiças cometidas por seus irmãos:</p><p>Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou</p><p>para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar</p><p>muita gente com vida.</p><p>Gênesis 50.20</p><p>José entendeu os desígnios de Deus ao resumir que o mal se</p><p>transformou em bem. Em outras palavras: até o que era para dar</p><p>errado deu certo.</p><p>Então, mesmo quando o diabo parece vencer, ele perde. Porque,</p><p>na verdade, ele aumenta ainda mais a sua condenação na eternidade</p><p>e acaba por trabalhar para a construção da história do Altíssimo na</p><p>vida dos Seus filhos. Enquanto ainda tem tempo, ele age de forma</p><p>soberba e pomposa para esconder sua condição humilhante de der-</p><p>rota. Contudo, ele “lambe o pó” do fracasso que sofreu no Céu e</p><p>no Gólgota. O problema é que, mesmo caído e sem chance de se</p><p>levantar, Satanás age sorrateiramente, igual a uma serpente que anda</p><p>à procura dos desprevenidos para, de maneira traiçoeira, os atacar.</p><p>Uma festa que durou pouco</p><p>Enquanto o inferno comemorava seu triunfo sobre Adão e Eva, Deus</p><p>determinava sua enfática derrocada ao anunciar o Evangelho, pela</p><p>primeira vez, ainda no Éden: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e</p><p>entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o</p><p>calcanhar” (Gênesis 3.15).</p><p>204 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Portanto, o pecado não pegou Deus de surpresa, exigindo de</p><p>Sua parte um rearranjo em Seus planos ou uma mudança na Sua</p><p>vontade. Pelo contrário! Em Sua infinita onisciência, o Altíssimo,</p><p>antes mesmo de criar Adão e Eva, já sabia que tudo aquilo iria</p><p>acontecer. Desde a eternidade, o Pai preparou o Seu Filho para o</p><p>sacrifício em favor dos homens (ver Apocalipse 13.8), mas isso não</p><p>era do conhecimento do diabo.</p><p>Quando repreendeu Satanás, o Todo-Poderoso revelou que da</p><p>mulher viria uma Semente Divina que esmagaria a sua cabeça. Assim,</p><p>haveria redenção até mesmo para a figura da mulher, porque de</p><p>humilhada, por causa do engano que sofreu, ela passaria a ser ins-</p><p>trumento de Deus. Ou seja, de uma mulher nasceria Alguém que</p><p>destruiria a autoridade e o poder que Satanás havia acabado de rece-</p><p>ber de Adão. Esse anúncio se referia ao nascimento do Senhor Jesus,</p><p>gerado pelo Espírito Santo em Maria. Pelas Escrituras, podemos ver</p><p>todo o plano de Salvação que foi delineado ainda no jardim:</p><p>1. Deus-Filho Se torna homem (Isaías 9.6; Lucas 2.7; João 1.45);</p><p>2. Ele nasce de uma virgem (Isaías 7.14; Mateus 1.23; Lucas</p><p>1.31-33; Gálatas 4.4);</p><p>3. Sua morte no madeiro traz redenção (Isaías 53.5-9; João 1.29;</p><p>3.16; Romanos 3.23-26; 2Coríntios 5.21; Gálatas 3.13);</p><p>4. O diabo é derrotado (João 5.28-29; 12.31; 1Coríntios 15.55-</p><p>57; Colossenses 1.13-14; 1Pedro 1.18-21; Apocalipse 12.10);</p><p>5. Os que creem em Jesus, como o Enviado de Deus, têm a</p><p>garantia de Salvação (João 3.36; 5.24; Atos 16.30-31; Romanos</p><p>10.9-10; 1João 5.10-13).</p><p>Ainda no Éden, o Deus-Pai revelou que o Deus-Filho viria como</p><p>um homem comum e que a Sua vida e morte tirariam o ser humano</p><p>das trevas e o levariam para a luz. Com isso, ninguém mais precisaria</p><p>viver preso às garras do diabo, e sim, por meio do precioso Sangue</p><p>CAPÍTULO 13 - Como Jesus venceu o diabo 205</p><p>vertido na cruz, qualquer pessoa, em qualquer geração, cultura ou</p><p>povo, poderia viver completamente livre do mal.</p><p>A vinda do Salvador foi “para lhes abrires os olhos (dos seres huma-</p><p>nos), e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim</p><p>de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados</p><p>pela fé em mim” (Atos 26.18).</p><p>O Messias era o “descendente da mulher” que seria ferido na cruz</p><p>em Seu calcanhar por causa do pecado – uma referência aos pregos</p><p>da crucificação em Seus pés – mas esse ferimento era, na verdade,</p><p>Ele esmagando a cabeça da serpente, Satanás. Jesus foi machucado,</p><p>ferido (Isaías 53.4) pelos nossos pecados sim, mas isso expunha o</p><p>golpe fatal naquele que se tornou o arqui-inimigo de Deus.</p><p>O intento do diabo sempre foi fazer com que os seres humanos</p><p>se unissem a ele para que assim ficassem escravizados para sempre,</p><p>como fez com os anjos que lhe seguiram na rebelião no Céu. Con-</p><p>tudo, Deus não permitiu que isso acontecesse com os homens. Por</p><p>isso vemos, durante todo o desenrolar da história narrada na Bíblia,</p><p>o Todo-Poderoso agindo para executar o Seu plano de redenção</p><p>depois da queda de Adão e Eva. A Sua vontade em ter outros filhos</p><p>como Jesus não seria frustrada. Afinal, o homem foi criado para</p><p>louvor da Sua glória (Efésios 1.12), e assim será com os que creem</p><p>no Seu Enviado, os quais foram chamados de eleitos antes mesmo</p><p>da fundação do mundo.</p><p>Satanás não se cansa e não desiste</p><p>Depois de alguns anos vivendo as dores da colheita do pecado,</p><p>Adão e Eva sentiram a terrível investida do diabo em suas vidas</p><p>novamente. Satanás atacou a Deus atingindo a família de Adão, ao</p><p>206 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>instigar o primeiro homicídio da história. Caim, movido por inveja</p><p>e raiva, matou o seu irmão, Abel.</p><p>Veja, então, que matar, roubar e destruir são características do</p><p>diabo desde o início. Dentro dele há o desejo de “assassinar” a alma</p><p>do homem, separando-o de Deus e destruindo tudo que é bom e</p><p>que foi criado pelo Altíssimo. Ele persuadiu o ser humano ao pecado,</p><p>promovendo a ruína e a entrada da morte na Terra. Por isso, o diabo</p><p>foi chamado, pelo Senhor Jesus, de “homicida desde o princípio” e de</p><p>um ser que nunca “se firmou na Verdade”.</p><p>(...) Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na Verdade,</p><p>porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do</p><p>que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.</p><p>João 8.44</p><p>Isso quer dizer que não há a menor chance de reconciliação</p><p>entre Deus e o diabo, assim como não há afinidades entre o Céu e</p><p>o inferno ou entre o justo e o ímpio.</p><p>O Todo-Poderoso não Se deteve no Seu propósito de salvar a</p><p>humanidade, pois, imediatamente após a morte do justo Abel, Ele</p><p>levantou Sete, seu irmão, no seu lugar. Depois disso, Deus fez aliança</p><p>com Noé, Abraão, Isaque e Jacó. Dos filhos deste, procederam as</p><p>doze tribos da nação de Israel até chegar o momento de enviar o</p><p>Seu Filho, Aquele que travaria a guerra frente a frente com Satanás</p><p>e pisaria em sua cabeça para, finalmente, redimir o Seu povo.</p><p>O nascimento de Jesus</p><p>A responsabilidade que foi atribuída pelo Pai ao Filho foi abraçada</p><p>por Ele com amor e voluntariedade. O Senhor Jesus Se apresentou</p><p>espontaneamente ao sacrifício da encarnação e morte para salvar</p><p>CAPÍTULO 13 - Como Jesus venceu o diabo 207</p><p>os pecadores. Por isso Ele desceu do Céu, dando oportunidade de</p><p>Salvação àqueles que se perderam do propósito de Deus.</p><p>Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os</p><p>pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não</p><p>quiseste, mas corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo</p><p>pecado não te agradaram. Então disse:</p><p>Eis aqui venho (no princípio</p><p>do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a Tua vontade.</p><p>Hebreus 10.4-7</p><p>A vida do Senhor Jesus neste mundo foi um constante combate</p><p>contra Satanás. Mesmo sendo o Deus-Filho, Ele enfrentou, desde a</p><p>mais tenra infância, as dores das perseguições. É comum ao diabo</p><p>usar seus muitos filhos para fazer “guerra aos santos”, como está</p><p>escrito nos capítulos 12 e 13 de Apocalipse. Por isso, Abel foi assas-</p><p>sinado; os descendentes de Abraão foram odiados e escravizados no</p><p>Egito; Israel sofre com todo tipo de rejeição e hostilidade até hoje;</p><p>e a Igreja do Senhor Jesus, em todas as gerações, é perseguida. Esse</p><p>é o motivo de continuarmos em guerra.</p><p>Logo em Seu nascimento, o Messias viu a face cruel das trevas se</p><p>apresentar a Ele por meio do rei Herodes, que pelejou para matá-Lo</p><p>ainda bebê (confira em Mateus 2.13-16). A fuga de José e Maria,</p><p>levando consigo Jesus para o Egito, visava preservar a Sua vida.</p><p>Vemos, então, na ira de um governante, o retrato da ira do diabo.</p><p>A personalidade de Satanás mostra que ele lutará para matar e des-</p><p>truir, em todo o tempo, principalmente aqueles que pertencem a</p><p>Deus. Por isso temos de ter consciência de que, quanto mais amigos</p><p>de Deus, mais tementes e fiéis a Ele formos, mais Satanás se oporá</p><p>a nós e se fará nosso inimigo, promovendo lutas, calúnias e aflições.</p><p>A ira de Satanás contra o Filho de Deus continuou quando O</p><p>tentou no deserto após o Seu batismo. Mas, ao contrário de Adão</p><p>208 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>e Eva que, cercados de conforto e fartura, não resistiram às palavras</p><p>sedutoras de Satanás no jardim, o nosso Senhor, com fome e sozinho,</p><p>venceu todas as propostas malignas no meio do deserto.</p><p>Veja como a maldade flui do caráter do diabo, pois, se ele não se</p><p>intimidou em tentar o próprio Filho de Deus, imagine o que ele</p><p>faz ao ser humano! No entanto, sua ação só fez revelar ainda mais a</p><p>beleza do temor, da santidade e da obediência do Senhor Jesus, ao</p><p>negar todas as ofertas do mal. Repare que o Salvador veio ao mundo</p><p>para lutar contra todo o inferno igual a todos os seres humanos, isto</p><p>é, em carne e osso, mostrando assim que, tal como Ele, podemos</p><p>vencer o diabo também.</p><p>E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também</p><p>Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse</p><p>o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os</p><p>que, com medo da morte, estavam por toda a vida</p><p>sujeitos à servidão (ao diabo).</p><p>Hebreus 2.14-15.</p><p>Após vencer no deserto, Jesus sofreu outras investidas por parte</p><p>de Satanás. Ao anunciar a mensagem escrita em Isaías 61, na sinagoga</p><p>de Nazaré, cidade em que foi criado, Ele foi ofendido, perseguido</p><p>e ameaçado de morte, uma vez que tentaram lançá-Lo de um pre-</p><p>cipício (Lucas 4.28-30).</p><p>A Bíblia ainda relata que os religiosos procuraram matar o nosso</p><p>Senhor muitas outras vezes. Além disso, conspiraram contra Ele e O</p><p>acusaram de ser possuído pelo diabo, de expulsar demônios e fazer</p><p>milagres por meio de Belzebu, o maioral dos demônios (Marcos 3.22).</p><p>Durante os três anos em que ensinou, libertou e curou, o Senhor</p><p>Jesus mostrou como se lida com o diabo. Em momento algum,</p><p>CAPÍTULO 13 - Como Jesus venceu o diabo 209</p><p>Ele ignorou seus ardis nem lhe deu ocasião. Antes, exortou sobre a</p><p>vigilância espiritual constante para não cair nas armadilhas do mal.</p><p>A vitória final do Filho de Deus foi na cruz. Lá, Satanás foi des-</p><p>pojado completamente e teve exposta, de forma pública para toda a</p><p>Criação, a sua derrota (ver Colossenses 2.15). Ou seja, o Senhor Jesus</p><p>triunfou sobre todos os demônios e os desarmou. Mesmo assim, ao</p><p>voltar ao Céu, Ele rogou ao Pai para que nos desse do Seu próprio</p><p>Espírito, que é a armadura perfeita para nos protegermos e vencer-</p><p>mos, como Ele venceu. Dessa forma, cada filho cheio do Espírito</p><p>Santo, da Palavra e do Nome de Jesus tem a mesma autoridade do</p><p>Salvador para subjugar o império das trevas.</p><p>Isso quer dizer que, apesar de os espíritos malignos serem incon-</p><p>fundíveis quando se trata de maldade, disfarce e astúcia, não pre-</p><p>cisamos temê-los, pois temos em Deus um poder infinitamente</p><p>superior ao deles.</p><p>Mas, embora o golpe de Jesus contra o mal tenha sido decisivo,</p><p>sabemos que até Satanás ser lançado no lago de fogo e enxofre ele</p><p>continuará a lutar, ainda que esteja derrotado, pois a persistência é</p><p>uma das suas características (Apocalipse 13.1). O diabo sabe que</p><p>perdeu e que o seu destino está selado, mas ele age como uma ser-</p><p>pente que, embora tenha a sua cabeça esmagada, tenta ferir homens</p><p>e mulheres usando de mentiras, para levá-los ao mesmo fim que</p><p>está reservado a ele.</p><p>Jesus, o Mediador dos homens</p><p>Nos Evangelhos, vemos tudo o que o Senhor Jesus fez para resgatar</p><p>o ser humano e levá-lo ao Altíssimo. No entanto, o mais glorioso é</p><p>saber que, quando pensamos que Ele já fez tudo pela nossa Salvação,</p><p>descobrimos que a Sua Obra ainda não terminou.</p><p>210 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>O livro de Hebreus revela que o Filho de Deus não penetrou</p><p>o véu de um santuário terrestre, mas penetrou o Céu com o Seu</p><p>Sangue para que, na condição de Sumo Sacerdote, Ele possa inter-</p><p>ceder por nós. Isso significa que, mesmo no trono e honrado pelo</p><p>Pai, o Senhor Jesus continua servindo em nosso favor. Isto é, Ele</p><p>continua a nos ajudar na nossa guerra aqui na Terra.</p><p>E o interessante é notar que o passado já projetava a vinda e a</p><p>atuação do Filho de Deus no mundo. Podemos entender isso ao</p><p>analisarmos alguns elementos determinados pelo próprio Senhor.</p><p>1. O Tabernáculo. Nada foi por acaso na construção dessa</p><p>Tenda Sagrada. Desde os tecidos usados para cobri-la, passando pelo</p><p>mobiliário e pelas cerimônias até o serviço sacerdotal, isso tudo era</p><p>“sombra” das realidades celestiais. Ou seja, cada detalhe que envolvia</p><p>o serviço sagrado simbolizava a Obra de Redenção que o Cordeiro</p><p>de Deus iria realizar na Sua descida à Terra.</p><p>2. O modelo das vestes sacerdotais. Isso inclui as cores, as</p><p>pedras, a mitra (uma espécie de turbante), a lâmina de ouro colocada</p><p>na testa, o cinto e as demais especificidades descritas nos capítulos</p><p>28 e 29 do livro de Êxodo. Tudo isso representava as funções e os</p><p>atributos do Senhor Jesus. Por exemplo, a nação de Israel, repre-</p><p>sentada pelas pedras preciosas que simbolizavam as doze tribos, era</p><p>levada no peito e nos ombros do sumo sacerdote.</p><p>Vestido com todas as peças do traje sacerdotal, o sumo sacerdote,</p><p>uma vez ao ano, entrava na Tenda, mais especificamente no Santo</p><p>dos Santos, onde ficava a Arca da Aliança, para que a nação inteira</p><p>recebesse o perdão, a proteção e o cuidado de Deus. No Santo dos</p><p>Santos, o Altíssimo Se fazia presente.</p><p>CAPÍTULO 13 - Como Jesus venceu o diabo 211</p><p>Simbolicamente, o sumo sacerdote era o Sumo Sacerdote Jesus, que</p><p>leva o Seu povo no peito e nos ombros e que o ama com um amor</p><p>incondicional.Por isso, intercede junto ao Pai continuamente por ele.</p><p>Já a lâmina de ouro com a inscrição SANTIDADE AO SENHOR</p><p>era uma espécie de tiara colocada na testa. Era uma marca visível para</p><p>fazer tanto o sumo sacerdote quanto o povo, que via a inscrição, ter</p><p>temor. Isto é, se eles serviam a um Deus Santo, deveriam manter-se</p><p>também na justiça e na santidade. A santidade é uma espécie de coroa</p><p>que repousa sobre a cabeça de Jesus, porque Ele é, ao mesmo tempo,</p><p>Senhor, Rei e Sumo Sacerdote eterno.</p><p>3. Os sacerdotes. Estes eram escolhidos da tribo de Levi, mas</p><p>o sumo sacerdote, além de ser dessa tribo, deveria vir da linhagem</p><p>de Arão, irmão de Moisés e o primeiro sumo sacerdote de Israel.</p><p>Quando Arão entrava no Santo dos Santos, primeiro ele tinha de</p><p>oferecer sacrifício pelos seus próprios pecados e implorar por perdão</p><p>(Hebreus 5.2), pois, mesmo levando uma vida de santificação, era</p><p>rodeado de fraquezas devido à sua condição humana. Depois, ele</p><p>fazia o mesmo pelo povo.</p><p>Ali, Arão se colocava na presença do Senhor, e qualquer pecado</p><p>cometido por ele poderia levá-lo à morte (Êxodo 28.35). Isso</p><p>mostra o quão</p><p>indigno, frágil e débil o sumo sacerdote terreno era</p><p>para servir de elo e mediador entre Deus e os homens.</p><p>Contudo, o ofício sagrado do sumo sacerdote na Antiga Aliança</p><p>era transitório porque apenas indicava que, na Nova Aliança, tería-</p><p>mos um sacerdócio infinitamente superior e eterno. Naquela altura,</p><p>quando foram determinadas tais ordenanças a Moisés, nada disso</p><p>era compreendido por Israel. Mas hoje podemos entender o que</p><p>cada detalhe simbolizava, porque não vemos mais as “sombras” do</p><p>que havia de ser, mas temos a revelação do que aconteceu. A Palavra</p><p>trouxe à luz os mistérios passados, nos mostrando toda a perfeição</p><p>212 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>do plano de Deus desde Gênesis, na promessa da vinda do Messias,</p><p>até Apocalipse, quando o Filho tem em Suas Mãos o Livro com o</p><p>nome dos salvos, aqueles que foram comprados pelo Seu sacrifício.</p><p>Vencendo a guerra no Altar, como Jesus</p><p>Mas o que o Senhor Jesus fez para vencer a Si mesmo e a Sua natu-</p><p>reza humana ao entrar no mundo? O que o nosso Salvador fez para</p><p>vencer todo o inferno, se pairava sobre os ombros dEle o peso da</p><p>responsabilidade de pagar sozinho pelo pecado de todos? A resposta</p><p>para essas perguntas é: Ele fez a vontade de Deus.</p><p>Se, por um momento, o nosso Senhor tivesse cometido uma falha,</p><p>um único pecado ou um pequeno deslize carnal, não haveria chance</p><p>alguma de Salvação para a humanidade. Ninguém seria salvo, pois,</p><p>desde Adão, o pecado era apenas coberto pelo sangue dos animais,</p><p>e não apagado. Logo, o sacrifício estabelecido na Lei, por Deus, era</p><p>uma espécie de nota promissória assinada para que, futuramente, o</p><p>Sangue do Deus que Se fez homem viesse a pagar essa conta.</p><p>Ao Se vestir da natureza humana, Sua obediência e Sua humil-</p><p>dade foram postas à prova diante dos mais profundos sofrimentos a</p><p>que foi submetido. Em um mundo pecaminoso, hostil e rebelde, o</p><p>Salvador foi humilhado, desprezado e caluniado, mas andou firme-</p><p>mente na retidão. Como homem, de carne e osso, conseguiu viver</p><p>de modo santo, da mesma forma que vivia com a Sua Natureza</p><p>Divina junto a Deus, por isso foi aprovado por Ele.</p><p>Em momento algum Ele deixou de fazer a vontade do Pai em</p><p>prol da Sua vontade. Antes, clamava: “Seja feita a Tua Vontade, assim</p><p>na Terra como no Céu” (Mateus 6.10).</p><p>CAPÍTULO 13 - Como Jesus venceu o diabo 213</p><p>Para o Senhor Jesus, não bastava que a vontade de Deus fosse feita</p><p>na Terra, ela deveria ser feita de modo perfeito como acontece no</p><p>Céu. Por isso, o Filho de Deus não desprezou o Altar (o Gólgota)</p><p>que o Pai separou para Ele. Não fugiu do sacrifício que a fé exige.</p><p>Essa vida de renúncia é também a marca de todos os que querem</p><p>honrar e servir ao Deus Altíssimo.</p><p>Por esse motivo, vemos o Altar presente na história dos grandes</p><p>homens de Deus do passado. No caso de Abraão, geralmente ele</p><p>erigia um Altar onde quer que fosse (Gênesis 12.7; 13.4; 22.9). Além</p><p>dele, Jacó (Gênesis 35.3), Noé (Gênesis 8.20), Moisés (Êxodo 24.4-</p><p>11), Josué (Josué 8.30-31), Gideão (Juízes 6.26-27), Elias (1Reis</p><p>18.32-38), Ezequias e Davi também erguiam altares ao Senhor.</p><p>O Senhor Jesus venceu a Sua guerra no Altar do Gólgota e,</p><p>hoje, ainda intercede por nós, para que nós vençamos as nossas</p><p>batalhas diárias!</p><p>Mas, mesmo tendo a Palavra, o Nome de Jesus, a fé, a armadura</p><p>de Deus e o Espírito Santo à nossa disposição para vencer, é possí-</p><p>vel que alguém saia derrotado de sua luta. Sabe por quê? Porque o</p><p>poder de Satanás ainda tem eficácia sobre quem vive no pecado, o</p><p>ama e não quer abandoná-lo. Para essa pessoa, nem mesmo a morte</p><p>ou a intercessão do Filho de Deus tem algum valor!</p><p>O sacrifício da fé é fundamental</p><p>Quando Deus, por meio de Paulo, ordenou que o cristão deve ser</p><p>revestido de toda a armadura de Deus, como falamos no capítulo</p><p>anterior, Ele usou o verbo “tomar”.</p><p>214 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Entendo que “tomar” significa apoderar-se de alguém ou de</p><p>alguma coisa. Aí vem a pergunta: por que o Espírito Santo manda</p><p>nos apoderarmos de algo dEle? Porque para ser revestido e se apos-</p><p>sar de TODA a armadura Divina, o discípulo tem de manifestar a</p><p>sua fé – acompanhada de sacrifício – que precisa comprovar 100%</p><p>a sua disposição de querer tomar posse dessa promessa. Afinal, o</p><p>sacrifício da fé mostra o querer de uma pessoa.</p><p>Duvido que a armadura de Deus ou a vitória sobre os problemas</p><p>descerão do Céu como chuva! Duvido que Deus cobrirá a pessoa</p><p>com toda a Sua armadura e derramará todas as Suas bênçãos só</p><p>porque ela se diz cristã ou que é fiel na igreja! Não! Mil vezes, não!</p><p>Todas as promessas de Deus estão sujeitas a condições. Leia o capí-</p><p>tulo 28 de Deuteronômio, no qual Deus condiciona Suas bênçãos</p><p>ao sacrifício da obediência. Veja também este texto:</p><p>(...) O Senhor está convosco, enquanto vós estais com ele, e, se o</p><p>buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará.</p><p>2Crônicas 15.2</p><p>Não tem jeito. Ninguém pode impor as suas próprias regras</p><p>àquilo que o Senhor determinou. Portanto, em vez de aceitar a Jesus</p><p>nos cultos, você deve se entregar a Ele por inteiro. Afinal de contas,</p><p>quantas vezes você já aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador e</p><p>não viu mudança nenhuma em sua vida?</p><p>O problema é que você O aceitou, mas não se rendeu a Ele.</p><p>Neste caso, aceitá-Lo não fará nenhuma diferença enquanto não</p><p>houver entrega total. Como alguém pode aceitar Jesus sem entregar</p><p>a sua vida e, ainda assim, esperar por nova vida? É impossível receber</p><p>vida nova sem renunciar à vida atual. É impossível ter duas vidas ao</p><p>mesmo tempo!</p><p>CAPÍTULO 13 - Como Jesus venceu o diabo 215</p><p>O revestimento do Espírito de Deus, as orações de Jesus por nós</p><p>e o poder do Seu Sangue sobre a nossa vida estão sujeitos à nossa</p><p>entrega total e incondicional a Ele, e não à sua aceitação!</p><p>O Espírito de Deus é o Espírito da fé. A fé que faz nascer do</p><p>Espírito, andar em espírito e incomodar a carne; que faz do mau-</p><p>-caráter uma nova criatura; a fé que faz alguém partir para cima do</p><p>diabo e vencê-lo. Contudo, essa fé exige o sacrifício da vida atual</p><p>em troca da vida nova oferecida pelo Senhor.</p><p>Então, “tomar” o revestimento de Deus e o Seu Reino não é suges-</p><p>tão, é ordem. Cabe a nós buscarmos ser revestidos de poder, vivermos</p><p>na obediência e nos dispormos ao sacrifício das nossas vontades.</p><p>Se fracassarmos na luta contra o diabo, a responsabilidade não</p><p>será do Deus-Pai, nem do Deus-Filho, nem do Deus-Espírito Santo,</p><p>e sim nossa, por negligenciarmos a Sua ordem.</p><p>Seu pecado afeta a todos</p><p>Muitos pensam que as escolhas que fazem são um</p><p>problema exclusivamente deles e que ninguém tem nada a ver com</p><p>isso. Em parte, isso é verdade. No entanto, tem que se levar em con-</p><p>sideração que não somos como uma ilha isolada que não interage</p><p>com as demais pessoas. Pelo contrário! Estamos todos, de alguma</p><p>maneira, ligados uns aos outros, e nossas atitudes influenciam, e</p><p>muito, a vida dos que nos rodeiam.</p><p>A forma como Corá, Datã, Abirão e os seus familiares morre-</p><p>ram é um exemplo disso. Um grupo liderado por Corá se levantou</p><p>contra a autoridade de Moisés, lá no deserto, rumo à conquista da</p><p>Terra Prometida. No íntimo, a motivação do cabeça da rebelião era</p><p>usufruir dos privilégios e dos benefícios que o cargo sacerdotal de</p><p>Arão proporcionava. Aquele bando não queria servir ao povo de</p><p>Israel, mas a si mesmo, obtendo vantagens que, supostamente, se</p><p>tinha direito numa posição de liderança. A ira de Deus Se acendeu</p><p>contra todos, inclusive, o Texto Sagrado diz que tanto eles como</p><p>suas casas foram engolidos pela Terra e desceram vivos ao abismo</p><p>(Números 16.24-35).</p><p>Outro caso ocorreu em Jericó, quando um só homem pecou ao</p><p>tomar, deliberadamente, os despojos dessa cidade conquistada por</p><p>218 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Israel. Acã desobedeceu à ordem do Altíssimo e, secretamente, levou</p><p>uma capa babilônica e moedas de ouro e de prata para o acampa-</p><p>mento de Israel. Por causa desse seu delito, vários soldados que foram</p><p>guerrear em outra cidade, chamada de Ai, morreram. Isso trouxe</p><p>dor e humilhação</p><p>para o povo diante das demais nações (Josué 7).</p><p>Assim também aconteceu com Davi devido ao seu adultério.</p><p>Ao desposar Bate-Seba, esposa de Urias, e ordenar a morte deste, o</p><p>rei padeceu junto com toda a sua família, pois seus filhos colheram</p><p>as consequências da sua má conduta. Perceba, então, que o ato do</p><p>marido que decide adulterar afeta a vida da sua mulher, dos seus</p><p>filhos e, muitas vezes, até dos seus pais.</p><p>Trazendo esses fatos para os nossos dias, percebemos que o</p><p>mesmo acontece nas famílias atuais. Em uma casa, todos podem ser</p><p>honestos e de caráter, mas, se existir um membro viciado ou de má</p><p>índole, por exemplo, toda a família sofrerá com as consequências</p><p>dos seus atos. Da mesma forma, se um pastor cair, ao relaxar em</p><p>sua fé e se deixar enredar pelo pecado, provavelmente, arrastará</p><p>um grande número de pessoas consigo devido ao escândalo e à</p><p>descrença que provocará. Com isso, toda a multidão, que foi levada</p><p>à conversão por ele, não será nada perto da quantidade daqueles</p><p>que caíram por causa da sua má conduta.</p><p>Vivemos uma época de grande vergonha no meio evangélico,</p><p>vinda, justamente, daqueles que deveriam servir de modelo para</p><p>o Rebanho de Deus. Temos visto, por parte de bispos, pastores,</p><p>missionários e obreiros, uma longa lista de pecados já banalizados,</p><p>como adultério, roubo, mentira, trapaças, vaidade, disputas por</p><p>posições, entre outros. Contudo, nada disso surgiu de uma hora</p><p>para outra, mas começou com uma pequena semente plantada</p><p>no coração, que germinou com a vontade de transgredir e deu</p><p>fruto ao pecado.</p><p>CAPÍTULO 14 - Seu pecado afeta a todos 219</p><p>Na epístola de Tiago, temos uma abordagem que descreve bem o</p><p>curso do pecado quando está sendo gerado na alma do ser humano:</p><p>Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus</p><p>não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é</p><p>tentado, quando atraído e engodado (seduzido e arrastado) pela sua</p><p>própria concupiscência (desejo). Depois, havendo a concupiscência</p><p>(desejo) concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo</p><p>consumado, gera a morte.</p><p>Tiago 1.13-15</p><p>Satanás não faz o homem pecar, pois ele não tem esse poder.</p><p>Entretanto, ele lança a semente de acordo com a inclinação que vê</p><p>em cada pessoa. As armadilhas do diabo visam atrair, mas o pecado</p><p>só se concretiza se a pessoa ceder à tentação, e isso ocorre de acordo</p><p>com o caráter e com a vontade de cada um.</p><p>A fonte da tentação está na própria natureza humana; por isso</p><p>,ninguém está livre do risco de cair na fé, pois todos sofrem algum</p><p>tipo de sugestão diabólica. Seja homem, mulher, pobre, rico, alta-</p><p>mente instruído, analfabeto, jovem, idoso etc. Qualquer pessoa que</p><p>não estiver, constantemente, vigiando a si mesma será induzida pela</p><p>própria carne a transgredir a Palavra de Deus na área da vida em</p><p>que é mais vulnerável.</p><p>Aqueles que são permissivos e condescendentes quanto aos pró-</p><p>prios desejos buscam agradar ao seu ego. O problema é que o ego</p><p>quer sempre mais, até chegar o momento em que o pecado preva-</p><p>lece e faz a pessoa ficar completamente afastada de Deus. Então, se</p><p>há algo que deve fazer parte da vida cristã é a renúncia constante</p><p>do “eu”, porque pensamentos, desejos e inclinações, mesmo que</p><p>aparentemente pequenos e inofensivos, se forem alimentados, cer-</p><p>tamente provocarão a queda espiritual amanhã.</p><p>220 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Podemos dizer que a concupiscência, ou seja, o desejo carnal,</p><p>é a “mãe” de todas as iniquidades, pois é ela que faz o ser humano</p><p>engravidar do pecado. E uma vez que o pecado se instala e se</p><p>desenvolve na vida de uma pessoa, possui sua mente, seu coração</p><p>e seu corpo, provocando a sua morte espiritual.</p><p>Um exemplo disso aconteceu com Davi, novamente, quando</p><p>decidiu realizar o censo de Israel. Satanás fez sua parte ao jogar a</p><p>isca da vaidade no coração do guerreiro, quando ele voltou de uma</p><p>batalha e foi exaltado pelas mulheres da nação:</p><p>E as mulheres dançando e cantando se respondiam umas às outras,</p><p>dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém, Davi os seus dez</p><p>milhares. Então Saul se indignou muito, e aquela palavra pareceu</p><p>mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares deram a Davi, e a mim</p><p>somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão só o reino?</p><p>1Samuel 18.7-8</p><p>A semente da vaidade pode ter sido instalada no coração de</p><p>Davi devido a muitos dos seus feitos e aos privilégios que recebeu.</p><p>O principal deles foi ser escolhido e ungido por Deus para ser o</p><p>futuro rei de Israel quando ainda era um simples pastor de ovelhas.</p><p>No seu “currículo”, havia ainda a vitória sobre um leão e um urso</p><p>e o triunfo sobre Golias com apenas dezesseis anos de idade, apro-</p><p>ximadamente. Ele também conseguiu amenizar, por várias vezes, a</p><p>tribulação da alma do rei Saul com sua habilidade na música e foi</p><p>o responsável por inúmeras conquistas de Israel nas batalhas. Cer-</p><p>tamente, ao longo de sua trajetória como guerreiro, Davi foi muito</p><p>enaltecido por todas as suas realizações. O Texto Sagrado registrou</p><p>uma das muitas exaltações que ele recebeu para compreendermos</p><p>como o pecado da vaidade foi concebido anos mais tarde, quando</p><p>decidiu realizar o censo da nação.</p><p>CAPÍTULO 14 - Seu pecado afeta a todos 221</p><p>Não despreze o poder de uma semente</p><p>Um agricultor sabe que nenhuma lavoura pode ser cultivada se não</p><p>houver boas sementes. Muitas delas parecem insignificantes, como a</p><p>da mostarda, mas elas carregam em si todas as informações genéticas</p><p>necessárias para se tornarem a exata planta que devem ser. A semente</p><p>é tão importante, que o Senhor Jesus Se utilizou delas para ilustrar</p><p>Seus ensinamentos.</p><p>Na parábola do Semeador, por exemplo, Deus usa a Sua Palavra</p><p>como a Divina Semente para despertar a fé no ser humano. O Salvador</p><p>também disse que, assim como o pequeno grão de mostarda se trans-</p><p>forma numa grande árvore, uma fé pura, mesmo que minúscula, pode</p><p>produzir obras extraordinárias.</p><p>Temos também o exemplo de uma semente ruim, o joio, que</p><p>causa tanto malefício à Obra de Deus. Veja então que, mesmo não</p><p>tendo beleza, não fazendo barulho e, normalmente, não tendo</p><p>cheiro, a semente é uma geradora de alto poder.</p><p>Basta ver que todas as plantas que existem no mundo só atraves-</p><p>saram milênios por causa das sementes que elas produziram. Mesmo</p><p>que a geração que cultivou determinado vegetal tenha morrido,</p><p>as sementes se perpetuaram e continuaram a frutificar. Em alguns</p><p>casos, sementes que estavam encobertas em alguma construção, ao</p><p>brotarem, arrebentaram pisos e pedras ao longo do tempo, causando</p><p>grandes prejuízos à edificação.</p><p>Dessa forma, no caso de Davi, de uma pequena semente de vai-</p><p>dade, com o passar dos anos, veio a sensação de autoconfiança que,</p><p>aos poucos, foi entorpecendo os seus sentidos espirituais. O louvor</p><p>entusiasmado das mulheres, que saíram ao seu encontro dando-lhe</p><p>glórias, fez com que a generosidade de Saul para com Davi se</p><p>transformasse em inveja. O rei teve ciúmes e passou a vê-lo como</p><p>222 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>um rival. A partir desse dia, enquanto Saul reinou em Israel, Davi</p><p>deixou de viver em paz com ele. Mesmo tendo o coração segundo</p><p>o coração de Deus e sendo ungido para ser o novo monarca de</p><p>Israel, Davi viveu como fugitivo nos desertos durante anos, até que</p><p>chegou o dia em que Saul morreu. Somente após tudo isso, ele, do</p><p>aprisco e detrás das malhadas, foi conduzido ao trono e ao primeiro</p><p>lugar da nação.</p><p>Davi reinou sobre todo Israel com a aprovação do povo; no</p><p>entanto, a semente da vaidade ainda estava plantada no seu coração.</p><p>Penso assim porque não é possível que, de uma hora para outra,</p><p>Satanás tenha conseguido incitá-lo a numerar o seu exército a fim</p><p>de constatar sua força bélica. Não é compreensível que, “do nada”,</p><p>surgisse em Davi o desejo de cometer este terrível ato. Até mesmo</p><p>Joabe, o seu comandante, via que aquilo era uma transgressão aberta</p><p>contra o Deus Todo-Poderoso. Todos estavam percebendo a serie-</p><p>dade do erro que Davi estava prestes a cometer, menos ele, porque</p><p>estava embevecido</p><p>pelo próprio ego.</p><p>A cegueira espiritual que acometeu um homem outrora tão</p><p>temente reflete bem o estado de quem não vigia o seu coração e</p><p>permite que maus desejos se instalem dentro de si. O perigo de</p><p>sermos enganados com respeito à vida espiritual é tão grande que o</p><p>Senhor Jesus foi enfático em nos alertar acerca do coração humano:</p><p>Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes,</p><p>adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.</p><p>Mateus 15.19</p><p>No Antigo Testamento também já existia esse aviso contra a</p><p>corrupção e o engano: “Enganoso é o coração, mais do que todas as</p><p>coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17.9).</p><p>CAPÍTULO 14 - Seu pecado afeta a todos 223</p><p>Por que Satanás incitou Davi?</p><p>Davi não percebeu que havia “engravidado” de uma vaidade até que</p><p>concebeu o pecado que trouxe a morte de 70 mil homens de Israel.</p><p>A causa da queda já estava dentro dele porque, se não houvesse essa</p><p>inclinação à presunção e à prepotência, o diabo jamais conseguiria</p><p>incitá-lo ao pecado, como está escrito: “Então Satanás se levantou contra</p><p>Israel, e incitou Davi a numerar a Israel” (1Crônicas 21.1).</p><p>Veja que, durante o tempo em que Davi vivia perseguido por</p><p>Saul, Deus o guardava e o protegia. Então, por que ele, na posição</p><p>privilegiada de rei, se deixou corromper pela voz do diabo? Por que</p><p>Satanás teve êxito ao tentar Davi?</p><p>Como já disse, creio que todas as honras recebidas ao longo das</p><p>suas conquistas foram se acumulando no seu coração, até que um</p><p>dia a vaidade extravasou, gerando o pecado. Como Davi não tinha</p><p>tempo para curtir as vitórias e as exaltações que recebia, devido às</p><p>perseguições de Saul, ele deixou tudo aquilo encubado dentro de</p><p>si. Sabendo disso, Satanás apenas esperou, com paciência, o dia em</p><p>que o rei, livre de batalhas e vivendo em tempos de paz, começasse</p><p>a contar as glórias do passado.</p><p>Ele incitou o rei a enumerar seus soldados, o que seria um grave</p><p>erro para com Aquele que havia lhe dado vitórias desde o início.</p><p>Saber o número exato de homens com quem ele podia contar</p><p>mostrava que a confiança de Davi, agora, estava em si mesmo e</p><p>na força do seu exército e não mais no Senhor. Naquela altura, o</p><p>homem conhecido por ter uma fé admirável, não cria mais como</p><p>antes nas promessas do Altíssimo. O coração humilde de Davi havia</p><p>se tornado autossuficiente. Portanto, ele se bastava como rei e já não</p><p>dependia mais de ajuda do Alto.</p><p>224 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Por conta disso, o Senhor o puniu ao permitir a morte dos 70</p><p>mil homens de Israel. Veja, novamente, como o pecado cometido</p><p>por uma única pessoa tem o poder de afetar muitas outras! O que</p><p>ocorreu com Davi, tanto na sua família quanto no seu exército, é</p><p>prova disso. Satanás sabe dessa realidade, por isso o Texto Sagrado</p><p>diz que ele se levantou “contra Israel”. Ou seja, de antemão, o diabo</p><p>já imaginava que as consequências viriam não só para Davi, mas</p><p>também para toda a nação.</p><p>Então, qualquer que seja a ambição pessoal e por menor que</p><p>seja a vaidade, são contrários à vontade de Deus. E, se não forem</p><p>removidos do coração, cedo ou tarde, causarão danos que podem</p><p>até colocar em risco a Salvação da alma.</p><p>O processo do pecado acontece de maneira tão íntima e sutil que,</p><p>muitas vezes, nem a própria pessoa se dá conta dele. É a mente que</p><p>germina a semente maligna quando decide acolher e pensar mais a</p><p>respeito da sugestão do diabo. Uma vez o pecado consumado, ele</p><p>tende a aumentar se não for confessado e tratado. Quem quebra um</p><p>Mandamento e não se arrepende quebrará muitos outros, porque</p><p>esse é o enredo de morte que o pecado gera. Ninguém que peca</p><p>vislumbra a morte, mas é isso que está reservado para o pecador, se</p><p>não se arrepender e abandonar definitivamente o seu erro.</p><p>Talvez você já tenha feito a si mesmo a seguinte pergunta: como</p><p>uma pessoa, que antes era fiel a Deus, pôde cair em pecado e come-</p><p>ter atrocidades inimagináveis? Diante do que foi exposto agora, você</p><p>já sabe a resposta.</p><p>Quem cai em pecado primeiro acalentou um pensamento e um</p><p>desejo por muito tempo antes de cometê-lo. Nutriu em sua mente</p><p>uma pequena ideia, até o dia em que não conseguiu mais resistir e</p><p>se entregou completamente à sua vontade.</p><p>CAPÍTULO 14 - Seu pecado afeta a todos 225</p><p>Quando você estiver sendo tentado, não se esqueça dos seus entes</p><p>queridos, dos seus amigos, dos seus filhos espirituais pelos quais você</p><p>lutou para conduzir à fé, porque eles também poderão sofrer as dores</p><p>da sua desobediência. E, sobretudo, pense em sua alma, que é eterna</p><p>e sofrerá o dano da segunda morte (a condenação ao lago de fogo e</p><p>enxofre, conforme está escrito em Apocalipse 20.14). E, no caminho</p><p>da queda, jamais lance a culpa em Deus, nas outras pessoas ou nas</p><p>circunstâncias, pois as tentações que o ser humano sofre derivam</p><p>dos desejos que ele próprio abriga em seu coração.</p><p>Toda cobiça tende a se tornar uma ação; por isso, cabe a cada um</p><p>rejeitá-la veementemente, se quiser se manter na fé e não se tornar</p><p>um escravo do pecado: “(…) o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu</p><p>desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gênesis 4.7b).</p><p>A guerra que se passa dentro de nós</p><p>Temos uma guerra declarada contra o diabo do lado de fora do</p><p>nosso corpo: problemas externos, perseguições, calúnias e tudo o</p><p>mais que ele provoca. Mas combatemos também outra guerra, que</p><p>se passa dentro de nós. A carne tenta nos arrastar para a direção do</p><p>pecado, enquanto o Espírito quer nos conduzir à obediência a Deus.</p><p>Nessa batalha, o homem pode, se quiser, vencer suas inclinações e</p><p>seus maus desejos. Está em seu poder se entregar ao pecado ou ao</p><p>Espírito Santo, que lhe dá forças para resistir a qualquer tentação</p><p>do mal.</p><p>Ninguém é poupado desse conflito, mas aqueles que nasceram</p><p>de Deus são os que vivem essa guerra de forma mais intensa, pois</p><p>possuem as duas naturezas dentro de si: a espiritual versus a carnal.</p><p>Isso quer dizer que a nova natureza, regenerada e santificada, faz</p><p>oposição à natureza humana que quer agradar aos impulsos carnais.</p><p>É uma luta que dura a vida inteira, por isso, enquanto estivermos</p><p>226 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>aqui, teremos de pelejar para mantermos acesa a chama da fé, do</p><p>temor e da obediência ao Altíssimo. Até mesmo o apóstolo Paulo,</p><p>um dos homens que mais comunhão teve com Deus, a ponto de</p><p>conhecer o “terceiro Céu”, nos revelou que tinha dentro de si um</p><p>grande conflito contra a sua carne (Romanos 7. 22-25).</p><p>O segredo fundamental para vencer a guerra contra a carne é</p><p>ser guiado pelo Espírito porque, desse modo, jamais satisfaremos aos</p><p>desejos da nossa carne nem seremos enganados pelo nosso coração</p><p>e por sentimentos mentirosos. Essa é a regra de ouro para, dia a dia,</p><p>vencermos a nós mesmos.</p><p>Então, para nos mantermos dentro do Reino de Deus, é pre-</p><p>ciso uma constante vigilância. Penso que é como andar no fio de</p><p>uma navalha: qualquer inclinação contrária à vontade de Deus pode</p><p>resultar em morte e, no sentido espiritual, em morte eterna. Paulo</p><p>mostra justamente isso aos gálatas:</p><p>Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra</p><p>a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não</p><p>façais as coisas que quereis.</p><p>Gálatas 5.17</p><p>A Salvação é conquistada pela graça sim, mas exige da nossa parte</p><p>a manutenção da vida espiritual. Porque a Salvação não foi conquis-</p><p>tada de graça pelo Senhor Jesus, mas custou Seu próprio Sangue.</p><p>O velho e o novo homem estão em choque todos os dias, mas</p><p>o cristão só consegue atender à Voz de Deus se andar no Espírito e</p><p>se deixar ser controlado por Ele.</p><p>Deus nunca quis ter filhos marionetes; por isso, desde o início,</p><p>prezou por ter comunhão com seres que O amam e O buscam com</p><p>sinceridade. Por não ser um ditador, Deus nos concedeu a liberdade</p><p>CAPÍTULO 14 - Seu pecado afeta a todos 227</p><p>de escolher entre gratificar a carne ou o Espírito, conforme a nossa</p><p>própria vontade. Mas, depois disso, vem a consequência dessa escolha,</p><p>pois não há como manter o Espírito Santo em nós se não quisermos</p><p>viver conforme</p><p>Ele quer.</p><p>A geração de crentes carnais que vivem, pensam e se compor-</p><p>tam como os incrédulos revela que, mesmo sendo conhecedores</p><p>da Palavra, são escravos do pecado. Eles não sabem, ou não querem</p><p>atender ao princípio de que a vida com Deus é muito bem defi-</p><p>nida, e nela não há dualidade. Afinal, ninguém pode servir a dois</p><p>senhores, assim como ninguém pode andar na carne e no Espírito</p><p>ao mesmo tempo.</p><p>Somos luz ou trevas; bondosos ou maldosos; autênticos ou hipó-</p><p>critas; agradecidos ou murmuradores; fiéis ou infiéis; e colheremos</p><p>vida eterna ou morte eterna. Isso significa que, de uma mesma fonte,</p><p>não pode jorrar água boa e amarga.</p><p>Na batalha contra o pecado, só vence quem vive na justiça. Quem</p><p>vive no pecado é escravo do pecado e perde a vida por causa do</p><p>pecado. Afinal, está escrito: “(…) o salário do pecado é a morte, mas</p><p>o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”</p><p>(Romanos 6.23).</p><p>Quem se mantém no pecado é fraco, porque a carne é fraca. Essa</p><p>pessoa é indefinida, além de ser uma forte candidata ao inferno. Para</p><p>se tornar forte, precisa sacrificar sua vida pelo Senhor Jesus Cristo</p><p>e receber o Espírito Santo, a fim de se tornar justa e, então, vencer</p><p>o pecado (injustiça).</p><p>Reflitamos juntos: se homens como Davi e Paulo não estavam</p><p>imunes a inclinações pecaminosas, nós também não estamos. Por-</p><p>tanto, cada um tem que lutar contra si mesmo se quiser combater</p><p>o bom combate da fé até o fim.</p><p>228 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Na guerra pela Salvação da nossa alma e pela coroa da vida, não</p><p>se pode vacilar nem um minuto sequer, pois só receberemos o galar-</p><p>dão, que é estar para sempre com o nosso Senhor na eternidade, se</p><p>permanecermos firmes e fiéis a Ele até o fim da nossa vida.</p><p>Apesar de a maioria amar o pecado, há alguns poucos que têm</p><p>conservado a fé viva no Deus Justo e Santo. Por isso, não se curvam</p><p>ao pecado nem se associam com os que nele vivem.</p><p>Sabemos que apenas uma pequena parte dos cristãos vence os</p><p>seus desejos, o diabo, o mundo e todas as tribulações que cercam a</p><p>nossa jornada aqui. Para esses, que não abrem mão do alto privilégio</p><p>do Céu nem trocam por nada sua Salvação, há o encorajamento</p><p>diário do Senhor Jesus com promessas tão sublimes como esta:</p><p>E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a</p><p>cada um segundo a sua Obra. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio</p><p>e o fim, o primeiro e o derradeiro. Bem-aventurados aqueles que</p><p>guardam os seus Mandamentos, para que tenham direito à árvore</p><p>da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Mas, ficarão de</p><p>fora os cães e os feiticeiros, e os fornicadores, e os homicidas, e os</p><p>idólatras, e qualquer que ama e comete mentira.</p><p>Apocalipse 22.12-15</p><p>Numa guerra, ninguém é poupado</p><p>Conforme já vimos, os espíritos imundos, um dia, foram</p><p>anjos puros, santos e fiéis ao Criador. Foram trazidos à existência</p><p>para servirem como mensageiros do Altíssimo e obedecer aos Seus</p><p>desígnios. Além disso, viviam na presença do Eterno, provaram da</p><p>Sua Luz e também eram luz no Reino dos Céus, como o próprio</p><p>Lúcifer, que trazia em seu nome essa característica: “portador de luz”.</p><p>Hoje, fadados à condição de demônios por toda a eternidade,</p><p>lutam ferozmente para desviar aqueles que querem herdar o Reino</p><p>que um dia eles perderam. E o que fizeram para perder a natureza</p><p>angelical em que foram criados originalmente? Pecaram. Tornaram-</p><p>-se rebeldes à disciplina do Reino de Deus. Por conta disso, a justiça</p><p>Divina não os poupou, mas os lançou ao inferno e os entregou a</p><p>abismos de trevas, reservando-os para o Juízo Final. Então, se Deus</p><p>não poupou os anjos rebeldes, será que poupará as pessoas rebeldes</p><p>à Sua Palavra hoje?</p><p>Depois, nos dias de Noé, o Senhor viu que os seres humanos</p><p>haviam corrompido o seu caminho. Por isso, resolveu dar cabo</p><p>de toda a vida na Terra por meio do dilúvio. Entre as milhares</p><p>de pessoas, apenas oito (Noé e sua família) foram salvas. Se essa</p><p>230 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>geração corrupta não foi poupada, será que Ele poupará a geração</p><p>corrupta de hoje?</p><p>Em seguida, veio a destruição de Sodoma e Gomorra nos dias</p><p>de Abraão: “Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e</p><p>Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado</p><p>muito” (Gênesis 18.20).</p><p>Ao ver que os habitantes dessas duas cidades seguiam a liberti-</p><p>nagem, ou seja, andavam em suas imundas paixões carnais, a ponto</p><p>de fazerem do sexo objeto de culto e cometerem muitas outras</p><p>perversidades, o Senhor fez descer fogo e enxofre sobre eles. Não</p><p>havia ali crianças inocentes, recém-nascidos e animais? Sim, havia,</p><p>mas ninguém escapou daquele juízo Divino, a não ser Ló e sua</p><p>família. Será que Deus, da mesma forma, poupará os que vivem em</p><p>situação semelhante, e até pior, nos dias atuais?</p><p>Porque, se Deus não poupou aos anjos que pecaram, mas, havendo-</p><p>os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando</p><p>reservados para o juízo; e não perdoou ao mundo antigo, mas</p><p>guardou a Noé, a oitava pessoa, o pregador da justiça, ao trazer</p><p>o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; e condenou à destruição as</p><p>cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as</p><p>para exemplo aos que vivessem impiamente.</p><p>2Pedro 2.4-6</p><p>As Escrituras Sagradas mostram que se nem mesmo os anjos,</p><p>que tinham uma condição superior (já que habitavam no Céu e</p><p>viviam em um estado de santidade, honra e pureza) foram poupados</p><p>das consequências da sua insurreição contra Deus, imagine o ser</p><p>humano, que já nasce com uma natureza pecadora! O castigo aos</p><p>anjos caídos, a morte dos habitantes do mundo na época de Noé e</p><p>a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra mostram que não</p><p>CAPÍTULO 15 - Numa guerra, ninguém é poupado 231</p><p>há possibilidade de alguém se rebelar contra Deus e não colher os</p><p>resultados dessa rebeldia. Essas três situações servem, ainda, para cha-</p><p>mar a atenção dos que deixam prevalecer a vontade da carne sobre</p><p>o Espírito, por confiarem, insensatamente, que a graça e a bondade</p><p>de Deus irão cobrir seus pecados.</p><p>A repulsa que o Todo-Poderoso sentia pelo pecado, no passado,</p><p>continua a ser sentida por Ele hoje. O caráter e o modo de agir de</p><p>Deus continuam o mesmo, pois Ele não mudou.</p><p>O Senhor deixou registrado em Sua Palavra esses exemplos para</p><p>que vigiemos, a fim de que a nossa história não se torne semelhante</p><p>a deles. Temos de lembrar que as Leis Divinas são justas e aplicadas</p><p>de maneira imparcial, pois Deus não tem filhos preferidos nem</p><p>mima os que Lhe servem. O Altíssimo também não faz acepção de</p><p>pessoas, porque isso iria contra o Seu próprio caráter justo (Tiago</p><p>2.9). Ele não julga segundo a aparência, mas vê o interior da pes-</p><p>soa e a abençoa, ou deixa de abençoar, de acordo com o que ela</p><p>traz dentro de si (1Samuel 16.7). Além disso, o Todo-Poderoso não</p><p>aceita suborno para determinar uma sentença, nem mesmo admite</p><p>barganha para torcer a Sua justiça e a Sua vontade (2Crônicas 19.7).</p><p>A guerra interior para fazer a vontade de Deus</p><p>Deus conhece bem os conflitos íntimos do ser humano. O próprio</p><p>Senhor Jesus os enfrentou quando esteve no mundo. Por isso, Sua ati-</p><p>tude, antes de receber sobre Si todos os pecados da humanidade, foi:</p><p>E, indo um pouco mais para diante, prostrou-Se sobre o Seu rosto,</p><p>orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice;</p><p>todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.</p><p>Mateus 26.39</p><p>232 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Para entendermos melhor tudo o que se passou na noite que</p><p>antecedeu a crucificação, precisamos observar o contexto judaico</p><p>da época. Era costume, naquele tempo, que a festa da Páscoa durasse</p><p>quase a noite toda. As famílias comiam, conversavam, recordavam a</p><p>história da nação, cantavam, se alegravam e, a cada duas ou três horas,</p><p>bebiam um cálice de vinho. Cada judeu ingeria cerca de quatro</p><p>cálices. Nas famílias judaicas mais tradicionais, esse ritual acontece</p><p>até hoje, pois existe um significado espiritual nesse ato.</p><p>O primeiro cálice, chamado “cálice</p><p>da escravidão”, rememora o</p><p>tempo em que o povo foi escravo no Egito. O segundo, chamado</p><p>“cálice da libertação”, comemora a libertação do povo do jugo no</p><p>Egito. O terceiro, chamado “cálice da promessa”, desperta a mente</p><p>para todas as bênçãos prometidas por Deus. Ele é o Senhor que não</p><p>somente resgata e liberta o ser humano, mas também o redime e</p><p>lhe concede dádivas preciosas. O quarto e último, chamado “cálice</p><p>do sofrimento”, mostra que a vida neste mundo não é indolor, mas</p><p>repleta de adversidades. Embora seja duro suportá-las, é preciso</p><p>mantê-las vivas na memória.</p><p>Como o Senhor Jesus comemorou a Páscoa com os Seus discí-</p><p>pulos na Sua última noite com eles, certamente tomou esses cálices</p><p>antes de ir para o Getsêmani, no Monte das Oliveiras. Contudo, o</p><p>sofrimento, representado pelo quarto e último cálice, não seria ape-</p><p>nas simbólico, mas literal, pois, dentro de algumas horas, o martírio</p><p>do Salvador se iniciaria.</p><p>A taça que seria colocada nas Mãos do Filho pelo próprio Pai</p><p>era o cálice amargo que cada ser humano teria de beber por conta</p><p>de seus delitos e pecados. Agora veja que, se as transgressões de uma</p><p>única pessoa durante sua vida já são terríveis, imagine de todas as</p><p>gerações! Quer dizer, todos os crimes, todos os maus pensamentos,</p><p>todo ódio, todo desejo de vingança, todo adultério, todas as mentiras,</p><p>toda prostituição, toda impureza e demais pecados que já haviam</p><p>CAPÍTULO 15 - Numa guerra, ninguém é poupado 233</p><p>sido praticados e ainda seriam cometidos recairiam sobre Aquele que</p><p>nunca pecou. Como mostram as Escrituras, o Senhor Jesus provou</p><p>a “morte por todos” os homens (Hebreus 2.9). Ele foi considerado</p><p>culpado para que nós fôssemos absolvidos. Ele foi separado do Pai</p><p>para que nós jamais vivêssemos longe dEle.</p><p>O Senhor Jesus padeceu o maior martírio para levar muitos filhos</p><p>a conhecerem a glória de Deus que somente Ele conhecia. Aprouve</p><p>a Deus glorificar Jesus por meio do sacrifício da cruz. E, por prio-</p><p>rizar a vontade do Pai, o Filho obedeceu e, por isso, Se tornou o</p><p>Príncipe da nossa Salvação (Hebreus 2.10). Fica nítido, portanto, que,</p><p>no Getsêmani, o Senhor Jesus travou a maior de todas as batalhas.</p><p>Não foi fácil para o Filho obedecer ao que o Pai Lhe pediu. Por</p><p>isso, quando orou no Getsêmani, que era o local onde ocorria a</p><p>prensa do azeite, o Senhor Jesus Se prostrou com a cabeça entre os</p><p>Seus joelhos e, com a Sua face em Terra, fez forte súplica com suor</p><p>e lágrimas (Hebreus 5.7). Era um momento extremamente doloroso,</p><p>como se uma espada transpassasse a Sua alma. Afinal, Ele sabia das</p><p>muitas dores que viriam pela frente, como a traição de um dos Seus</p><p>discípulos, a zombaria de escarnecedores, as cusparadas, o desprezo, a</p><p>tortura física, entre tantas outras maldades. Mas nada se comparava à</p><p>dor de ter de tomar o cálice da ira de Deus, que incluía a maldição</p><p>do pecado e o afastamento do Pai.</p><p>Ele, que em toda a eternidade nunca sentiu a Sua ausência, pois</p><p>ambos sempre foram UM, tamanha a união e a intimidade que com-</p><p>partilhavam, agora teria o Seu Pai como o Seu Juiz, que O julgaria</p><p>em nosso lugar. Assim, como nosso Substituto, Jesus provou a nossa</p><p>condenação e morte espiritual.</p><p>Quando perguntou, na cruz, por que Deus O havia desampa-</p><p>rado, Ele Se referia a esse distanciamento do Pai. Isso foi necessário</p><p>porque, sendo o Senhor Santo, como Ele estaria junto de Alguém</p><p>234 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>que carregava todos os pecados do mundo em Seu ser? Naquele</p><p>momento, o Filho sequer ousou chamar o Pai de Pai, e sim de Deus:</p><p>“(...) Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Mateus 27.46).</p><p>O Senhor Jesus tinha consciência do que isso representava, por</p><p>isso disse que Sua alma estava profundamente entristecida e angus-</p><p>tiada. O Seu gemido de dor era tão grande que precisou Se distanciar</p><p>dos discípulos para orar. Afinal, mais do que a morte física, Ele rece-</p><p>beria, em Seu corpo, a culpa e a condenação de toda a humanidade</p><p>de uma só vez. Seria algo impossível para qualquer ser humano</p><p>suportar, mas Aquele que Se fez homem e manteve Sua santidade</p><p>conseguiu, ainda que com muito sofrimento. Assim, mesmo diante</p><p>de toda a maldição que recairia sobre Si, o Senhor Jesus não fugiu</p><p>da Sua missão (confira em Gálatas 3.13).</p><p>Apesar da angústia de ver o Seu Filho padecer, Deus fez o que</p><p>precisava ser feito e colocou na conta dEle todas as transgressões do</p><p>mundo e suas consequências, inclusive, as enfermidades. Ele tinha</p><p>consciência de que o sacrifício iria feri-Lo, castigá-Lo e oprimi-Lo,</p><p>mas, para resgatar a humanidade, seguiu com o Seu plano. O Texto</p><p>Sagrado nos revela que “(...) ao Senhor agradou moê-Lo, fazendo-O</p><p>enfermar; quando a Sua alma se puser por expiação do pecado (...)” (Isaías</p><p>53.10a). Portanto, cabia ao Senhor Jesus permanecer firme para</p><p>vencer a Sua guerra.</p><p>Durante toda a vida do Salvador neste mundo, e também na</p><p>oração do Getsêmani, vemos a submissão, a humildade e o desejo</p><p>ardente em obedecer ao Pai, mesmo que isso Lhe custasse muito. A</p><p>intensidade da dor a que Ele foi submetido O fez transpirar sangue,</p><p>conforme é registrado por Lucas: “E, posto em agonia, orava mais inten-</p><p>samente. E o Seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam</p><p>até ao chão” (Lucas 22.44).</p><p>CAPÍTULO 15 - Numa guerra, ninguém é poupado 235</p><p>A pressão emocional, a amargura e o sofrimento eram tão gran-</p><p>des que, segundo estudiosos, os vasos sanguíneos do Senhor Jesus</p><p>se romperam e os poros se dilataram, dando origem a esse fenô-</p><p>meno, considerado pela Medicina como algo raro. O suor do nosso</p><p>Salvador se converteu em grandes gotas de sangue que escorriam</p><p>até o chão. Lucas, que era médico, sabia bem que aquilo era algo</p><p>incomum; por isso, ao ouvir o relato do que havia acontecido com</p><p>o Salvador, foi diligente em registrá-lo, para que pudéssemos tentar</p><p>mensurar o que se passou na alma do Filho de Deus naquele instante.</p><p>O Senhor Jesus lutou intensamente e não permitiu que os Seus</p><p>desejos ou as Suas emoções governassem a Sua vida, como acontece</p><p>com a maioria das pessoas. Mesmo gemendo, Ele orou: “(...) todavia,</p><p>não seja como Eu quero, mas como Tu queres” (Mateus 26.39).</p><p>Aquele cálice era extremamente difícil de beber devido ao penoso</p><p>sacrifício que teria de fazer; no entanto, não o rejeitou.</p><p>A oração feita por Jesus, momentos antes da Sua morte, é prati-</p><p>camente ignorada pela maioria dos cristãos. Muitos não gostam de</p><p>fazê-la, porque, se há algo presente na natureza humana desde a tenra</p><p>infância, é o desejo de fazer a sua própria vontade e decidir tudo</p><p>por si mesmo. Pelo fato de a insubordinação ser uma característica</p><p>espontânea em nós desde pequenos, Deus precisou estabelecer um</p><p>Mandamento para os filhos obedecerem aos seus pais. Portanto,</p><p>quem de fato não se entrega ao Altíssimo passa a vida inteira idola-</p><p>trando seu próprio ego e fazendo tudo à sua própria maneira.</p><p>Percebemos, então, que, para fazer a vontade de Deus, temos de</p><p>nos libertar de nossa própria vontade, e nada é mais difícil para o ser</p><p>humano do que isso. Por esse motivo, a primeira atitude do Senhor</p><p>Jesus, ao vir a este mundo, foi Se esvaziar de Si mesmo. Ou seja,</p><p>para fazer a vontade do Pai, o Filho teve de abrir mão de qualquer</p><p>desejo próprio, senão Ele não conseguiria obedecer a Deus. Isso</p><p>236 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>mostra que não há como nos sujeitarmos à vontade de Deus sem</p><p>contrariarmos a nós mesmos. Essa é a nossa maior luta, e ela se passa</p><p>no nosso interior.</p><p>Abrir mão do que achamos, pensamos ou queremos em prol da</p><p>vontade de Deus é a mais eficiente forma de revelar o tamanho da</p><p>nossa disposição e fé.</p><p>O Getsêmani de cada um</p><p>Cada um tem o seu próprio Getsêmani, ou seja, momentos na vida</p><p>em que nossas intenções e sentimentos são prensados. Se a nossa</p><p>alma não se ajoelhar diante de Deus, como fez o Senhor Jesus, não</p><p>conseguiremos obedecer ao Pai. E só pode ser considerado um</p><p>vencedor aquele que é capaz de verdadeiramente dizer: seja feita a</p><p>Tua vontade!</p><p>Portanto, a experiência do Senhor</p><p>Jesus no Getsêmani também</p><p>é a nossa, pois sempre temos um cálice nas mãos que implica fazer</p><p>ou não a vontade de Deus.</p><p>Muitas vezes, nem está em questão um ato pecaminoso, mas</p><p>pequenas decisões que fazemos sem consultarmos a vontade de</p><p>Deus. Não é à toa que temos tantos cristãos mal casados, tantos</p><p>negócios malsucedidos, tantas sociedades desfeitas e tantos outros</p><p>imbróglios. No afã de fazerem o que bem entendem, as pessoas</p><p>não dão a mínima para o que Deus pensa, mas correm para Ele</p><p>quando tudo vai mal.</p><p>Para evitar problemas desnecessários, ore todos os dias bus-</p><p>cando conhecer a vontade de Deus. Mas diga com sinceridade,</p><p>principalmente nos momentos mais difíceis da sua vida: “Seja</p><p>CAPÍTULO 15 - Numa guerra, ninguém é poupado 237</p><p>feita a Tua vontade!” Essa é a única maneira de vencermos nossa</p><p>guerra interior.</p><p>Esse ensinamento é importante porque, na luta pela Salvação da</p><p>alma, temos guerras entre o exterior e o interior, a alma e o espírito,</p><p>o coração e a razão, a carne e o Espírito. E é o vencedor quem decide</p><p>o destino final da alma. Temos de reconhecer que, embora Deus seja</p><p>o Todo-Poderoso, nem sempre o Seu Espírito vence a carne. Isso</p><p>porque a carne, o exterior, a alma ou o coração não se sujeitam à</p><p>lei, que é a vontade de Deus (Romanos 8.7). Isso só acontece se a</p><p>pessoa assim quiser.</p><p>Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais</p><p>debaixo da lei, mas debaixo da graça.</p><p>Romanos 6.14</p><p>Por isso, podemos afirmar que as corrupções do homem exte-</p><p>rior, ou seja, as obras da carne, não têm poder para anular os valores</p><p>espirituais do homem interior sem a permissão da própria pessoa.</p><p>Porque o homem interior dispõe de muitos recursos para neutralizar</p><p>o homem exterior, como a confissão de pecados, o arrependimento,</p><p>a oração, o jejum, a humilhação etc. Meios para se levantar do pecado</p><p>e da frieza espiritual não faltam.</p><p>No caso de quem caiu em pecado, o diabo começa a acusá-lo</p><p>com insistência. Com isso, sua consciência dói, pois sabe que está</p><p>errado. O que fazer então? Deixar-se levar pelo desânimo ou usar as</p><p>ferramentas da fé para se reerguer? Se sua confissão a Deus for sin-</p><p>cera, imediatamente receberá o perdão pela fé. A partir daí, retornará</p><p>ao estado original de paz com Deus, porque abandonou o pecado</p><p>e o passado de insubmissão à Sua vontade. E, assim, é resgatado por</p><p>meio de uma fé prática, que nada tem a ver com sentimentos, apenas</p><p>com obediência.</p><p>238 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Essa é a fé passada por Paulo, quando nos estimula a não desani-</p><p>marmos por causa de uma fraqueza da carne: “Por isso não desfalecemos;</p><p>mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se</p><p>renova de dia em dia” (2Coríntios 4.16).</p><p>Por mais pesado que seja o nosso fardo de cada dia, ainda assim</p><p>é infinitamente inferior quando assumimos o jugo do Senhor Jesus.</p><p>Se alguém lamenta a dor do Getsêmani ou o peso da cruz ou o</p><p>jugo de Jesus, é porque não quer se submeter à vontade de Deus.</p><p>E aí vem o grande problema! Por causa das más escolhas, as pessoas</p><p>colhem maus frutos, e ninguém que colhe o que é mau pode culpar</p><p>o nosso Senhor.</p><p>Muitas vezes, desprezamos, ignoramos e até rejeitamos fazer a Sua</p><p>vontade. Mas, no momento da colheita amarga da carne, reclamamos</p><p>com Ele. É justo isso? Tenho aprendido que, por maior que seja a</p><p>minha fé, jamais posso usá-la para fazer prevalecer a minha vontade.</p><p>Quem quiser evitar o mal, que fuja dele. Ou seja, quem não</p><p>quiser ser vítima da violência e dos males deste mundo, fique</p><p>longe de suas ofertas diabólicas. Fuja das más companhias, das fes-</p><p>tas regadas a drogas e álcool e de vídeos, filmes, músicas, reuniões</p><p>públicas ou privadas que estimulem a pornografia, a maledicência</p><p>e outros desejos da carne. Se o cristão observar as desvantagens</p><p>do pecado, certamente entenderá que o jugo do Senhor Jesus</p><p>realmente é suave e o Seu fardo é leve, e conseguirá se submeter</p><p>à vontade de Deus.</p><p>Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, porque Sou manso</p><p>e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas</p><p>almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve.</p><p>Mateus 11.29-30</p><p>CAPÍTULO 15 - Numa guerra, ninguém é poupado 239</p><p>As duas figuras: o primeiro Adão e o último Adão</p><p>As Escrituras nos mostram que nascer de novo não isenta uma pes-</p><p>soa de cair no pecado; afinal de contas, moramos num corpo físico</p><p>e, durante todo o tempo de nossa vida neste mundo, corremos esse</p><p>risco. Por isso, temos de lutar contra as vontades da carne: “Qual-</p><p>quer que é nascido de Deus não permanece em pecado; porque a sua semente</p><p>permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus” (1João 3.9).</p><p>Essa Divina Semente nasce com o novo interior do filho de</p><p>Deus, cuja natureza é espiritual. Essa nova natureza vê o pecado</p><p>como um corpo estranho e o rejeita dentro de si. Dessa forma,</p><p>o conflito entre o pecado e o interior espiritual corresponde ao</p><p>tormento da alma daquele que cometeu o erro. A única forma de</p><p>vencer essa guerra é confessando a transgressão. Só assim o peso</p><p>do pecado e da consciência pode sair, para entrar a leveza de uma</p><p>consciência sã, junto com uma fé saudável, capaz de remover mon-</p><p>tanhas novamente.</p><p>Por outro lado, aquele que ainda não nasceu de Deus recebe o</p><p>pecado de forma pacífica e harmoniosa no seu interior carnal, pois</p><p>os dois vivem em plena comunhão: “Qualquer que permanece nEle</p><p>(Deus) não pratica o pecado; qualquer que permanece em pecado não O</p><p>viu nem O conheceu” (1João 3.6).</p><p>Agora podemos entender o motivo de muitos bispos, pastores,</p><p>obreiros(as) e membros viverem no pecado e não confessarem:</p><p>porque, por não terem nascido de Deus, o pecado é muito bem</p><p>recebido em seu interior. Já os que pecam, mas logo confessam e</p><p>abandonam seus erros, por possuírem uma natureza espiritual, não</p><p>conseguem conviver com o que é nocivo e abominável ao Espírito</p><p>Santo que habita em seu ser.</p><p>240 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>O que há em seu interior: uma natureza carnal ou espiritual? Se</p><p>você está convivendo de forma harmoniosa com o pecado e não</p><p>o confessa, é porque você ainda é alma vivente, filho(a) de Adão.</p><p>A Bíblia cita duas figuras para ilustrar as duas naturezas que o</p><p>homem pode ter: a de Adão e a do Senhor Jesus. Há uma enorme</p><p>diferença entre os dois, pois o primeiro homem, Adão, era alma</p><p>vivente; ou seja, ao pecar, recebeu a morte para si e a repassou para</p><p>a raça humana (1Coríntios 15.45). Adão representa aqueles que</p><p>não se inclinam à vontade de Deus porque vivem de forma carnal</p><p>para atender aos seus próprios desejos. Já o Último Adão, o Senhor</p><p>Jesus, por ser espírito vivificante, traz em Si a Natureza Divina que</p><p>Se rende a Deus e tem prazer em Lhe obedecer. Se Adão trouxe</p><p>morte por meio da desobediência, a vida do Salvador trouxe vida</p><p>abundante pela obediência.</p><p>Essas duas naturezas são antagônicas em seus desejos e inclinações.</p><p>Diante disso, ninguém pode alternar viver em Adão e em Jesus. Cada</p><p>pessoa se encaixa em um ou em outro; não tem dualidade, muito</p><p>menos, neutralidade.</p><p>Portanto, se você pecou e, por causa disso, ficou atormentado,</p><p>viveu um grande conflito interior e, por não aguentar mais a situa-</p><p>ção, confessou seu erro, é porque você é espírito vivificante, filho</p><p>do último Adão (Jesus).</p><p>Mas, se você pecou e tem ignorado a instrução Divina, esconde</p><p>a sua iniquidade e despreza a oportunidade de confessar sua trans-</p><p>gressão, é porque você é apenas alma vivente. Nessa condição, você</p><p>não vencerá a guerra pela Salvação da sua alma.</p><p>CAPÍTULO 15 - Numa guerra, ninguém é poupado 241</p><p>Vale ressaltar que, quando falamos sobre confissão, ela diz res-</p><p>peito a pecados com alguém ou contra alguém, como adultério,</p><p>prostituição, roubo, homicídio etc. Caso você ocupe uma posição</p><p>dentro da Obra de Deus, isso também deve ser confessado à direção</p><p>da igreja. Essa disciplina é fundamental para que você seja ajudado</p><p>e fique bem novamente para servir. Afinal, o povo que foi confiado</p><p>em suas mãos não merece ser enganado.</p><p>Logo, se você se</p><p>conserva no pecado, mesmo diante de tantos</p><p>apelos ao arrependimento, para onde você pensa que irá a sua alma</p><p>quando chegar o momento da sua partida deste mundo? Insistir</p><p>em viver no pecado e não se submeter à vontade de Deus significa</p><p>perder a maior e mais importante batalha da sua vida: a luta pela</p><p>Salvação da sua alma.</p><p>O prêmio da guerra</p><p>Este livro jamais poderia terminar sem revelar o prêmio</p><p>dessa guerra que enfrentamos todos os dias. Digamos que, num certo</p><p>sentido, um “troféu” será dado aos vencedores, enquanto os perde-</p><p>dores sofrerão consequências ruins e eternas. Todo esse desfecho já</p><p>está exposto nas últimas páginas da Bíblia:</p><p>Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus Lhe deu, para mostrar aos</p><p>Seus servos as coisas que brevemente devem acontecer (...)</p><p>Apocalipse 1.1a</p><p>Normalmente, só tomamos conhecimento do epílogo de uma</p><p>história quando ela termina. Contudo, na história de Deus e da</p><p>humanidade, já temos de antemão o desenlace dos principais fatos</p><p>que irão acontecer no final. Penso que o conhecimento desses even-</p><p>tos seja um bálsamo para a alma dos que gemem com perseguições</p><p>por causa da sua fé e uma maneira de encorajar os fiéis a permane-</p><p>cerem firmes, apesar de toda dor que enfrentam hoje. Deveria ser</p><p>um hábito de todo cristão, diariamente, reler as Promessas Divinas</p><p>tanto de juízo quanto de recompensa que cada pessoa receberá</p><p>conforme as suas ações, pois isso estimula a fidelidade, a força e o</p><p>temor a Deus e à Sua Palavra.</p><p>244 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>No decorrer desta caminhada, falamos do sacrifício que precisa-</p><p>mos fazer para nos mantermos no Reino de Deus. Alertamos para</p><p>a árdua vigilância espiritual, para o risco de cairmos nas ciladas do</p><p>diabo e para o perigo das inclinações da carne, como vaidade e</p><p>orgulho, entre outras. Mas o que poderia ser melhor para encorajar</p><p>alguém do que saber, pelo próprio Deus, o que Ele tem reservado</p><p>àqueles que vivem uma jornada de confiança e obediência nEle?</p><p>Como Pai, o Altíssimo empenha a Sua Palavra e Se compromete</p><p>em honrar sobremaneira aqueles que vencem a guerra pela Salvação</p><p>da sua alma.</p><p>Em toda a Bíblia, temos promessas que fazem referência à herança</p><p>eterna de Deus para os Seus filhos, mas nenhum livro das Escrituras</p><p>faz mais promessas aos salvos do que o Apocalipse. O próprio nome</p><p>do livro, que significa “Revelação”, já mostra o teor das suas mensa-</p><p>gens; isto é, desvenda a realidade de um futuro não muito distante</p><p>que antes estava oculto e preservado apenas na mente do Senhor.</p><p>Mas, uma vez exposta aos servos, cabe a eles abraçá-la e viverem de</p><p>modo digno do Evangelho revelado.</p><p>O Autor da revelação é o Deus-Filho. Portanto, nenhuma Pala-</p><p>vra escrita em Apocalipse, bem como em toda Escritura Sagrada,</p><p>tem origem humana, mas vem do Santo, do Verdadeiro, da Teste-</p><p>munha Fiel: o Senhor Jesus Cristo. Ele mostrou os eventos futuros</p><p>ao apóstolo João, em Patmos, para nos oferecer a possibilidade de</p><p>vislumbrar um pouco da gloriosa recompensa que os justos terão</p><p>no seu lar celestial.</p><p>Outro fato importante a observar é que, antes de escrever uma</p><p>carta, primeiro, o remetente precisa saber a quem vai direcionar a</p><p>sua mensagem. Por esse motivo, o Apocalipse traz logo no seu início</p><p>uma dedicatória às pessoas que receberão as suas preciosas revelações:</p><p>os servos do Altíssimo que permanecerão fiéis, mesmo enfrentando</p><p>todas as tribulações.</p><p>CAPÍTULO 16 - O prêmio da guerra 245</p><p>Muitos são os privilégios de servir ao Todo-Poderoso; entre eles,</p><p>está a consideração Divina de não manter em segredo os planos e os</p><p>propósitos do Céu (confira em Amós 3.7). Por exemplo, Deus avisou</p><p>o justo Noé a respeito do dilúvio e foi leal a Abraão, ao anunciar</p><p>a destruição de Sodoma e Gomorra, onde estava seu sobrinho Ló</p><p>e sua família.</p><p>Sendo Quem é, Deus não precisava nos deixar a par dos Seus</p><p>planos, mas faz isso porque Seu caráter é fiel e generoso. Aqueles que</p><p>não O servem não desfrutam dessa intimidade e sequer entendem</p><p>a Sua vontade, porque a Sua Palavra só pode ser discernida espiri-</p><p>tualmente e não por sabedoria humana (1Coríntios 2.14).</p><p>A visão de quem quer vencer</p><p>Durante todo o livro de Apocalipse vemos repreensões, censuras</p><p>e juízos Divinos sobre a Terra e seus habitantes. Contudo, a partir</p><p>do capítulo 21, podemos nos deliciar com o novo Céu e com</p><p>a nova Terra. Assim, não conheceremos o Céu onde o diabo, o</p><p>arqui-inimigo de Deus, esteve e se rebelou com a terça parte dos</p><p>anjos, pois o nosso Senhor fez tudo novo para a chegada dos Seus</p><p>filhos. No novo Céu, não sofreremos com o juízo por meio dos</p><p>selos, das trombetas e das taças da ira de Deus e nem mesmo veremos</p><p>o Seu grande Trono como emblema de julgamento e condenação,</p><p>pois estaremos gozando da recompensa da nossa fé. Além disso, não</p><p>vamos experimentar nenhuma dor, lágrima ou sofrimento, porque</p><p>somente desfrutaremos da posse da Salvação da alma, que é o nosso</p><p>tesouro de valor incalculável.</p><p>As revelações de Apocalipse mostram que os salvos viverão num</p><p>estado pleno de perfeição, pois nunca mais haverá pecado ou incli-</p><p>nação para o mal. Portanto, não terão mais de travar um conflito</p><p>contra si, contra o diabo ou contra o mundo, mas entraremos no</p><p>246 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>descanso de Deus. Satanás e seus demônios estarão para sempre</p><p>presos no lago de fogo e enxofre; já os salvos estarão debaixo do</p><p>governo espiritual e justo do Cordeiro de Deus, que reinará pelos</p><p>séculos dos séculos.</p><p>Aqueles que permanecerem fiéis terão a mais extraordiná-</p><p>ria de todas as recompensas: ver a face do Criador, Deus, Pai e</p><p>Senhor pelo qual viveram. Eles não apenas O contemplarão, mas</p><p>também O servirão por toda a eternidade de um modo pleno.</p><p>Na Terra, ficamos frustrados por não conseguirmos servir a Deus</p><p>de maneira completa e perfeita por causa da nossa humanidade.</p><p>Por mais que nos esforcemos, nosso serviço ainda é insuficiente</p><p>e nossas palavras de louvor não são nada comparadas à grandeza</p><p>e à sublimidade do nosso Senhor. Mas no Céu não será assim,</p><p>justamente porque tudo se fará novo; isto é, por lá não haverá a</p><p>maldição do pecado, não apresentaremos mais falhas nem desa-</p><p>pontamentos. Enquanto muitos vencidos na guerra sucumbirão</p><p>à marca do anticristo, os salvos terão em suas frontes o Nome</p><p>do Filho de Deus. Ou seja, por eles O terem assumido e profes-</p><p>sarem a sua fé na Terra, pertencerão a Ele para todo o sempre.</p><p>Que segurança!</p><p>Os salvos habitarão na mais esplêndida de todas as cidades, a</p><p>Nova Jerusalém. Ela está firmada sobre o Fundamento eterno e</p><p>tem o Todo-Poderoso como seu Arquiteto e Construtor. Os milio-</p><p>nários deste mundo, os acadêmicos, os governantes, os generais ou</p><p>as celebridades não têm garantia alguma de que passarão pelos seus</p><p>portões, simplesmente porque as posses, a fama e os títulos terrenos</p><p>não servem para conquistá-la. Mas são os ricos de fé, de coragem</p><p>e de temor a Deus que terão o prazer de morar nela. Somente</p><p>os que conseguirem, por meio do Espírito Santo, se regozijar nas</p><p>aflições e nas adversidades, por causa do Nome de Jesus, poderão</p><p>ver sua grande recompensa na eternidade. Estes ouvirão a mais</p><p>especial saudação:</p><p>CAPÍTULO 16 - O prêmio da guerra 247</p><p>(...) Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o Reino que</p><p>vos está preparado desde a fundação do mundo.</p><p>Mateus 25.34</p><p>Ter os olhos espirituais voltados para o que é incorruptível, em</p><p>vez do que é temporal, proporciona ao ser humano a visão Divina</p><p>da vida e o Céu como seu destino final. Além disso, faz com que</p><p>ele tenha forças para renunciar aos prazeres transitórios do pecado</p><p>em prol da segurança e da perpetuidade do Céu. Quem vencer essa</p><p>guerra da fé e pela fé desfrutará de um prêmio ímpar, que é viver em</p><p>um lugar de paz e harmonia e descansará de todas as adversidades</p><p>que enfrentou. Já os que perderem viverão eternamente num lugar</p><p>de tormento, agonia, discórdia e todo tipo de perturbação. Quem</p><p>perder a guerra pela vida eterna não terá um segundo de paz na sua</p><p>alma, e isso será irreversível.</p><p>Por ter uma</p><p>visão espiritual da vida, Abraão, pela fé, se fez estran-</p><p>geiro neste mundo, pois buscava para si uma pátria superior. O</p><p>patriarca ansiou pela morada de Deus enquanto peregrinava e acam-</p><p>pava, em obediência, em sua tenda simples rumo à Terra Prometida.</p><p>Mesmo que não tenhamos registro de que o Altíssimo lhe tenha</p><p>prometido a Nova Jerusalém, a intimidade de Abraão com Deus era</p><p>tão grande que ele tinha certeza de que havia uma cidade celestial</p><p>para os da fé. Veja:</p><p>Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual</p><p>o artífice e construtor é Deus.</p><p>Hebreus 11.10</p><p>Por isso, não escolheu as campinas do Jordão, a exemplo de Ló,</p><p>que buscava facilidades. Antes enfrentou, de modo submisso, o longo</p><p>período de caminhada pelo deserto e pelas regiões desconhecidas.</p><p>Teve, também, coragem para lutar contra os perigos, contra as impos-</p><p>sibilidades terrenas, e ainda dizer “Eis-me aqui!” todas as vezes que o</p><p>248 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Todo-Poderoso lhe pedia algo. Seus olhos viam além, por isso Abraão</p><p>pôde avistar um lar que não fora feito por mãos humanas. Enquanto</p><p>ele salvaguardava sua fé nos desertos, seu sobrinho Ló se estabelecia</p><p>em uma aconchegante casa em Sodoma, fazia bons negócios e curtia</p><p>o melhor que o lugar podia oferecer; porém, tudo isso em meio</p><p>aos homens mais corrompidos daquela época (Gênesis 13.11-13).</p><p>Com isso, percebemos que, enquanto o homem carnal tem os</p><p>seus olhos fixos no “aqui e agora”, o homem espiritual sabe que</p><p>tudo que é terreno desvanece e acaba. O espiritual reúne todos os</p><p>seus esforços pela busca daquilo que permanece e tem fundamento</p><p>para a alma.</p><p>A visão de Abraão ilustra o quanto a fé nos coloca na vanguarda.</p><p>O apóstolo Paulo afirmou isso, ao registrar que o Evangelho, isto é,</p><p>as Boas-Novas que anunciam a Obra Redentora do Senhor Jesus,</p><p>já havia sido revelado ao patriarca naquela época (Gálatas 3.8). Isso</p><p>significa que muito tempo antes de a Lei ser dada a Moisés, Abraão</p><p>já vivia a bênção da vida e da Salvação pela fé, pois ele entendeu</p><p>que a fé era preciosa e trazia justificação para a eternidade. Por isso,</p><p>o Senhor Jesus usou o testemunho de Abraão quando disse aos</p><p>religiosos judeus que o patriarca esteve à frente do seu tempo, ao</p><p>ver e se alegrar com a vinda dEle e da Sua Obra.</p><p>Abraão, vosso pai, exultou por ver o Meu dia, e viu-o, e alegrou-se.</p><p>João 8.56</p><p>Depois da conversão, Abraão viveu e morreu estando sempre na</p><p>fé. Ele fixou seus olhos em algo que vai muito além da vida neste</p><p>mundo e em momento algum baixou seu olhar. Mesmo nas cir-</p><p>cunstâncias mais desfavoráveis, conseguiu manter-se confiante nas</p><p>promessas feitas pelo Todo-Poderoso. Diante dos demais homens,</p><p>o patriarca, certamente, era um sonhador; mas, na verdade, a sua</p><p>fé lhe dava forças e poder para enxergar uma realidade que nunca</p><p>CAPÍTULO 16 - O prêmio da guerra 249</p><p>havia sido apresentada a ninguém. Abraão não se ateve aos peque-</p><p>nos favores terrenos que podia receber de Deus, mas se agigantou</p><p>na fé de tal maneira que ele não somente foi salvo, como também</p><p>teve, em deferência ao seu legado, o seu nome usado para nomear</p><p>o Paraíso: Seio de Abraão. Além disso, conseguiu se alegrar por ver,</p><p>ainda em uma época distante, as maiores bênçãos do Altíssimo a</p><p>todos os que creem nEle: a encarnação do Senhor Jesus como o</p><p>Messias, a Sua Obra de Redenção e a Nova Jerusalém.</p><p>Tenhamos, portanto, Abraão como exemplo para permanecer-</p><p>mos de pé até tomarmos posse da eternidade que nos está sendo</p><p>revelada. Que possamos viver esse nível de confiança que levanta</p><p>os olhos para o futuro e exulta, como fez o pai da fé! Porque se um</p><p>homem que viveu quase 2 mil anos antes da vinda do Senhor Jesus</p><p>pôde se alegrar tanto com tal promessa, o que se pode esperar de</p><p>nós, que vivemos os últimos dias antes da Sua segunda vinda? O</p><p>que se pode esperar de nós, que temos, bem diante de nossas mãos,</p><p>a revelação do passado, do presente e do futuro na Palavra de Deus?</p><p>Mas, se o que chama a atenção dos nossos olhos é algo passageiro</p><p>e mundano; se o que a nossa alma contempla e anseia ter não é a</p><p>Salvação; se ouvir ou ler sobre o Céu não traz deleite para o nosso</p><p>ser; ou se não é a comunhão com o Espírito Santo o que mais nos</p><p>dá prazer, é sinal de que estamos muito longe de termos uma fé</p><p>semelhante à fé de Abraão.</p><p>Saiba que não é possível que aqueles que se dizem “filhos de</p><p>Abraão” na fé não sejam como seu “pai”, que teve como seu</p><p>maior patrimônio não uma Terra ou outros bens, apesar de ter</p><p>sido um homem riquíssimo, mas sim o Senhor, que era o “teu</p><p>grandíssimo galardão” (Gênesis 15.1). Neste caso, não deveriam seus</p><p>descendentes desejarem e suspirarem pela eternidade com Deus</p><p>assim como o patriarca?</p><p>250 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Então, eleve os seus olhos e veja a glória das Palavras do Altíssimo</p><p>que anunciam que tudo está pronto, à espera dos Seus filhos: “Está</p><p>cumprido” (Apocalipse 21.6). Que ninguém esmoreça no meio do</p><p>percurso, mas se fortaleça no combate contra os inimigos da fé e</p><p>contra tudo o que ameace a sua felicidade eterna.</p><p>A herança daquele que vencer</p><p>Duvido que exista um livro que narre fatos mais gloriosos que</p><p>o Apocalipse. Esta é uma obra indispensável para nutrir a fé dos</p><p>servos, pois mostra o maior contraste da humanidade quanto ao seu</p><p>destino. Quer dizer, enquanto os salvos serão honrados e felizes, os</p><p>derrotados pelo pecado e pelo diabo serão julgados e condenados</p><p>ao sofrimento eterno. Além disso, revela um paralelo entre o Céu</p><p>e o inferno; entre o Filho de Deus e o filho da perdição; entre</p><p>Aquele que desceu do Céu para fazer a vontade de Deus e aquele</p><p>que foi expulso do Céu por querer fazer a própria vontade. Vemos</p><p>também o fim de quem andou no Espírito e de quem satisfez a</p><p>sua carne; a diferença entre os que conservaram suas vestes limpas</p><p>na pureza dos Mandamentos Divinos e os que se contaminaram</p><p>com este mundo sujo. E, semelhantemente, a comparação entre</p><p>o brilho insuperável e permanente de quem andou na Luz e a</p><p>escuridão de quem foi enganado pelo anjo caído que se transfigura</p><p>em anjo de luz.</p><p>Essas distinções tão sublinhadas em Apocalipse cumprem bem o</p><p>seu propósito, porque é impossível para aquele que lê com temor</p><p>não entender que não se pode relaxar na fé enquanto a guerra</p><p>espiritual em que vivemos existir. Apesar de haver inúmeras pro-</p><p>messas grandiosas de consolo e poder, tomo agora uma que serve</p><p>de alento para os que vivem a batalha pela sua Salvação:</p><p>CAPÍTULO 16 - O prêmio da guerra 251</p><p>Quem vencer, herdará todas as coisas; e Eu serei seu Deus,</p><p>e ele será Meu filho.</p><p>Apocalipse 21.7</p><p>Não precisamos de muito discernimento para entender que, pela</p><p>miserabilidade da natureza humana, não mereceríamos nem mesmo</p><p>a atenção de Deus. Contudo, Ele não só nos recebeu como Seus</p><p>filhos, como também nos fez herdeiros de todo o Seu Reino. “Todas</p><p>as coisas” dispensa explicação. A própria expressão já traz em si a</p><p>completude dessa promessa, porque Deus, como Criador e Dono</p><p>de tudo o que existe, decidiu nos dar todas as Suas riquezas. Isso</p><p>mesmo! Nós, que antes do Senhor Jesus não tínhamos nada, nem</p><p>mesmo a vida, porque se respiramos e existimos é porque Ele nos</p><p>concede tais dádivas, agora passamos a ser os mais bem-aventurados</p><p>entre os homens. E não podemos pensar que a maior glória desta</p><p>herança está em herdar a Terra ou o Céu, mas em ter o próprio Deus</p><p>como nossa porção bendita, como nosso maior presente! Essa é a</p><p>grandeza do servo, que foi revelada a Arão e aos levitas no passado,</p><p>quando foram escolhidos para o serviço sagrado:</p><p>Disse também o Senhor a Arão: Na sua Terra herança nenhuma</p><p>terás, e no meio deles, nenhuma parte terás; Eu Sou a tua parte e a</p><p>tua herança no meio dos filhos de Israel.</p><p>Números 18.20</p><p>Por isso Levi não tem parte nem herança com seus irmãos;</p><p>o Senhor é a sua herança, como o Senhor teu Deus lhe tem falado.</p><p>Deuteronômio 10.9</p><p>Quando o Senhor é a nossa porção e o deleite da nossa alma,</p><p>nEle e por Ele possuímos todas as coisas. Tudo nos é suficiente, por-</p><p>das estratégias usadas por Satanás</p><p>para enganar Eva:</p><p>1. Ao se dirigir à mulher, ele fez uma pergunta: “(...) É assim</p><p>que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gênesis 3.1).</p><p>Seu objetivo, ao questionar Eva, era saber o que ela havia</p><p>compreendido a respeito do Mandamento de Deus e, ao mesmo</p><p>tempo, criar um mal-entendido com a sua própria resposta, fazen-</p><p>do-a se confundir. Ele conhecia bem o que Deus tinha falado,</p><p>assim como conhece a Bíblia de cor, para adulterá-la conforme</p><p>lhe é conveniente.</p><p>Você já deve ter visto alguém arquitetar um grande problema</p><p>com uma meia verdade, não é mesmo? Isso acontece porque</p><p>misturar verdade com mentira é uma ferramenta do inferno</p><p>na prática do engano. Quem ouve esse tipo de conversa detur-</p><p>pada, sem discernimento espiritual, certamente será envolvido</p><p>numa confusão.</p><p>Foi o que aconteceu com Eva. Sem se dar conta, ela estava</p><p>tendo um diálogo extremamente perigoso com Satanás. Ela ouviu,</p><p>da boca da serpente, a Palavra de Deus completamente distorcida,</p><p>pois, como mostram as Escrituras, o diabo tem o seu “ensino” e</p><p>ele visa levar o ser humano a se desviar da fé (1Timóteo 4.1).</p><p>Porém, isso é feito com muita sutileza para que aquele que é alvo</p><p>do mal não perceba que caminha a passos largos em direção à sua</p><p>própria ruína.</p><p>Eva não notou o quanto estava vulnerável e envolvida naquelas</p><p>circunstâncias, e respondeu o seguinte à serpente:</p><p>CAPÍTULO 2 - A queda do homem 29</p><p>(...) Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da</p><p>árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele,</p><p>nem nele tocareis para que não morrais.</p><p>Gênesis 3.2-3</p><p>Com sua afirmação, Eva mostrou que sabia que era livre para</p><p>comer de todos os frutos das árvores, com exceção de uma. Ela</p><p>acrescentou, inclusive, o que Deus não tinha dito: “não tocar”. Ou</p><p>seja, ela havia sido muito bem instruída; portanto, não poderia haver</p><p>desculpas para o erro que cometeria.</p><p>2. O próximo passo do diabo foi mais ousado: “Então a</p><p>serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que</p><p>no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus,</p><p>sabendo o bem e o mal” (Gênesis 3.4-5).</p><p>Veja a estratégia do mal. Aquele que é o enganador acusa O que é</p><p>Santo e Perfeito de enganar Adão e Eva. Em outras palavras, o diabo</p><p>disse que Deus mentiu ao esconder deles o verdadeiro motivo de não</p><p>comer aquele fruto. Além disso, afirmou que o limite estabelecido</p><p>pelo Senhor ao ser humano “mostrava” que Ele não era tão bom</p><p>quanto Suas criaturas pensavam.</p><p>Ao fazer falsas promessas e acusações, a serpente eliminou com-</p><p>pletamente as consequências do pecado. Satanás disse que Adão e Eva</p><p>não morreriam, e sim teriam um entendimento muito maior, pois</p><p>seus olhos se abririam para conhecer outras realidades e, portanto,</p><p>se tornariam como Deus. Satanás só faltou dizer o quanto era bom</p><p>em revelar para eles “toda a verdade” — afinal, ninguém merece</p><p>viver “enganado”.</p><p>3. A tática seguinte do diabo foi dissimulação pura:</p><p>A expressão “Deus sabe”, no início da sua resposta à mulher, sugere</p><p>que Deus compreende tudo e fecha os olhos para o que as pessoas</p><p>30 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>fazem. Foi uma maneira que a serpente encontrou de minimizar a</p><p>desobediência ao Altíssimo. “Deus sabe” também não é amplamente</p><p>usado, na atualidade, para justificar fraquezas, quedas ao pecado, entre</p><p>outros erros? Não esqueça que quem primeiro usou o termo “Deus</p><p>sabe” foi o diabo, no Éden!</p><p>A partir daí, vemos que, em tão pouco tempo e num diálogo tão</p><p>curto, o diabo conseguiu suscitar as piores dúvidas em Eva sobre</p><p>o caráter e a integridade de Deus, pois ele colocou em xeque a</p><p>Sua Palavra.</p><p>Sabemos que a dúvida gera perturbação, obscurecimento do</p><p>entendimento e perda da confiança no Senhor, e foi isso que acon-</p><p>teceu com Eva. Ao crer nas mentiras do diabo, ela deixou de crer</p><p>na Palavra de Deus e duvidou dEle. Com isso, mostrou ter fé na</p><p>palavra do diabo e incredulidade na Palavra de Deus.</p><p>Infelizmente, isso acontece todos os dias. Por exemplo, quantos</p><p>filhos foram orientados pelos pais sobre o perigo das drogas, mas</p><p>a conversa habilidosa e convincente de um “amigo” os fez ignorar</p><p>os bons conselhos, e assim acabam por se enveredar pelo caminho</p><p>dos vícios? Isso mostra que esses filhos deram mais crédito à palavra</p><p>atraente do amigo do que à palavra dos pais, que podia ser dura, mas</p><p>era a que eles precisavam ouvir.</p><p>4. Outra promessa mentirosa do diabo foi que Adão e</p><p>Eva seriam como Deus: “(...) e sereis como Deus, sabendo o bem e</p><p>o mal” (Gênesis 3.5).</p><p>Veja bem, na Criação, Adão e Eva já tinham a imagem e a seme-</p><p>lhança do Criador. Contudo, esse privilégio sofreria distorção se</p><p>pecassem. E foi o que aconteceu. Afinal de contas, como um homem</p><p>caído, degradado em iniquidades, iria refletir a santidade e a justiça</p><p>do seu Criador?</p><p>CAPÍTULO 2 - A queda do homem 31</p><p>Eu sei que, neste momento, existem muitas pessoas envolvidas em</p><p>situações de perigo. Elas estão ouvindo a mesma voz do mal, que</p><p>diz: “Você fará só hoje!”; “Ninguém vai descobrir o que você fez!”;</p><p>“Todo mundo faz isso!”; “Não há ninguém vendo” etc. Mas todas</p><p>essas sugestões se resumem no que a serpente falou a Eva: “Certa-</p><p>mente não morrereis!”. E isso as tem incitado a se prostituir, adulterar,</p><p>roubar, mentir, fingir e cometer outros atos que desagradam a Deus.</p><p>Se Eva soubesse, pelo menos um pouquinho, o que verdadei-</p><p>ramente iria acontecer a si, ao seu marido, à sua família e à toda</p><p>humanidade, jamais comeria do fruto. Se a mulher pudesse, em uma</p><p>fração de segundos, vislumbrar algumas consequências do seu ato,</p><p>ela veria que:</p><p>• Haveria separação entre o ser humano e Deus, pois o Senhor</p><p>não poderia mais ter a mesma comunhão com eles, como</p><p>tinha todas as tardes;</p><p>• Tanto ela quanto Adão seriam expulsos do Paraíso;</p><p>• Somente com muito suor e dificuldade eles conseguiriam</p><p>obter o próprio alimento;</p><p>• A morte física, oriunda da vulnerabilidade do corpo, viria por</p><p>meio de enfermidades, violência, tragédias e outras formas</p><p>de sofrimento;</p><p>• Eles passariam a conviver com a culpa e com a tortura da</p><p>própria consciência, por causa da desobediência;</p><p>• Eles teriam em si o aguilhão do pecado, ou seja, uma incli-</p><p>nação constante para fazer o que é mal;</p><p>• O ser humano, na condição de pecador, estaria condenado a</p><p>viver eternamente separado de Deus (Efésios 2.1);</p><p>• O parto para as mulheres passaria a ser com dor e sofrimento;</p><p>• Eles enfrentariam problemas familiares gravíssimos, como</p><p>o assassinato de um filho pelas mãos do próprio irmão.</p><p>32 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Se tivesse conhecimento de todo esse mal, com certeza Eva não</p><p>pecaria. Se tivesse apenas confiado na instrução do Altíssimo, ela não</p><p>experimentaria a dor. Mas, como não foi obediente, só lhe restou</p><p>esperar para ver tudo isso acontecer em sua vida.</p><p>Por onde entrou o pecado</p><p>E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável</p><p>aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu</p><p>fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.</p><p>Gênesis 3.6</p><p>Eva foi convencida pela palavra do diabo e acreditou que o fruto</p><p>era bom, então seus olhos o cobiçaram até lançar mão dele para</p><p>prová-lo. Satanás “acertou nas palavras”. Isto é, como já vimos, ele</p><p>estudou Eva e disse a ela exatamente o que desejava ouvir: vocês</p><p>terão os olhos abertos de tal forma que vocês serão muito mais</p><p>do que são agora e conhecerão muito mais do que já conhecem!</p><p>Com isso, ela desejou ter mais conhecimento, mais poder e mais</p><p>sabedoria, sendo que Deus, ao criá-los perfeitos, já tinha dado tudo</p><p>isso a eles. As promessas satânicas eram, então, mentirosas. Basta</p><p>pensar: como alguém se tornará melhor experimentando o que é</p><p>mau? De que forma alguém vai ser semelhante a Deus agindo de</p><p>maneira errada e injusta?</p><p>O pior é que Eva estava tão convicta de que agia bem que,</p><p>não satisfeita em comer do fruto sozinha, levou o mesmo “ali-</p><p>mento envenenado” para o marido. Se somente</p><p>que Deus é inteiramente suficiente. Tudo é perfeito, porque Deus é</p><p>perfeito. Quanto àqueles que têm tudo neste mundo, mas não têm</p><p>Deus, são desafortunados e infelizes. Podem ser milionários, mas</p><p>252 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>seus muitos bens tornam-se em nada se não possuírem a garantia da</p><p>Salvação. Pois, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se</p><p>perder a sua alma? (Marcos 8.36). Essa pergunta feita pelo Senhor</p><p>Jesus aponta o valor incomparável da alma. Mesmo que todos os</p><p>tesouros do mundo fossem reunidos de uma única vez, ainda assim</p><p>nenhuma soma, por maior que fosse, poderia pagar o preço de uma</p><p>vida. Por isso, quão insensatos são aqueles que correm atrás da gló-</p><p>ria deste mundo e esquecem que, se perderem a vida eterna, nada</p><p>compensará essa derrota irreversível.</p><p>O salmista Asafe, ao ter sua fé restabelecida, pôde exclamar sua</p><p>gratidão por esse privilégio distinto:</p><p>Guiar-me-ás com o Teu conselho, e depois me receberás na glória.</p><p>Quem tenho eu no Céu senão a Ti? E na Terra não há quem</p><p>eu deseje além de Ti.</p><p>Salmos 73.24-25</p><p>É bom lembrar que o livro de Apocalipse foi escrito para uma</p><p>Igreja perseguida e atribulada, que enfrentava a mais feroz batalha</p><p>pela fé. Para aqueles homens e mulheres, estava em questão não ape-</p><p>nas uma luta diária para vencer os problemas cotidianos, mas também</p><p>o perigo do martírio por confessar Jesus como seu Senhor. Cristãos</p><p>eram torturados e mortos das formas mais cruéis; portanto, tomar</p><p>conhecimento do que lhes aguardava na eternidade dava forças</p><p>para suportar qualquer dor, perda ou humilhação. Ter em mente o</p><p>“eterno peso de glória” (2Coríntios 4.16-18), que um servo fiel tem</p><p>junto ao seu Salvador, encoraja a não desistir no meio do caminho.</p><p>Embora as perseguições ao Evangelho nos países ocidentais não</p><p>sejam iguais às perseguições do passado, apesar de continuarem nos</p><p>países do Oriente, da Ásia e da África, a corrupção da carne e as</p><p>tentações do pecado continuam as mesmas em qualquer parte do</p><p>mundo. Então, tomar e guardar na memória as Palavras do livro</p><p>CAPÍTULO 16 - O prêmio da guerra 253</p><p>do Apocalipse, inclusive as promessas preciosas de recompensa aos</p><p>salvos, promove temor e ânimo. E, para os que estão com vontade</p><p>de desistir da fé, isso serve como um freio para impedir que tomem</p><p>essa terrível atitude.</p><p>Não podemos seguir o mesmo caminho de Satanás e seus anjos,</p><p>que perderam o Céu por rebeldia, muito menos seguir Adão e</p><p>Eva, que perderam o Paraíso por desobediência a Deus. À nossa</p><p>frente temos uma herança infinita para desfrutar, como então trocá-la</p><p>por prazeres deste mundo?</p><p>O Senhor Jesus tem um caráter inteiramente fiel e justo; por-</p><p>tanto, é impossível que Ele fique devendo algo a quem quer que</p><p>seja. Se você sofrer por amor a Ele, Lhe servir com sinceridade e</p><p>for perseverante na fé até o fim, certamente terá a sua recompensa.</p><p>Neste mundo, quem é filho é herdeiro naturalmente, e na vida</p><p>espiritual não é diferente. Quem nasceu de Deus O tem como</p><p>seu Senhor, e Ele o tem como Seu filho. Para os filhos, o Pai tem</p><p>um Reino preparado desde a eternidade. Ou seja, muito antes do</p><p>mundo e do homem serem criados, o Altíssimo já havia preparado a</p><p>Casa para receber Seus filhos. O Céu é chamado de Lar (Casa) pelo</p><p>próprio Senhor Jesus (João 14.2-3). Esse registro prova o quanto</p><p>os filhos são queridos (benditos) pelo Pai, que foi capaz de dar a</p><p>eles o Seu tudo: o Seu Unigênito, o Seu próprio Espírito e todo</p><p>o Seu Reino.</p><p>Para provar que assim será, o Pai já deixou registrado o direito</p><p>dos filhos em Testamento (a Palavra irrevogável). Isso mesmo! O</p><p>Altíssimo deixou descrito nas Escrituras – que não podem ser invali-</p><p>dadas – que os vencedores da guerra contra a carne, contra o pecado</p><p>e contra o diabo são os Seus co-herdeiros juntamente com o Senhor</p><p>Jesus, o Primogênito dos Seus filhos.</p><p>254 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Eis que faço nova todas as coisas</p><p>E ouvi uma grande Voz do Céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo</p><p>de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão</p><p>o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.</p><p>E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais</p><p>morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as</p><p>primeiras coisas são passadas.</p><p>Apocalipse 21.3-4</p><p>No passado, para habitar entre os homens, o Altíssimo estabele-</p><p>ceu o Tabernáculo, uma tenda erguida no deserto para que a Sua</p><p>presença repousasse no acampamento dos hebreus que se dirigiam</p><p>à Terra Prometida (Êxodo 25.8). Mesmo sendo Deus Santíssimo, Se</p><p>sujeitou a caminhar com um povo pecador, além de Se manifestar</p><p>dentro de um pequeno recinto na tenda, chamado de Santo dos</p><p>Santos. Por mais que aquela tenda fosse confeccionada com cores</p><p>e materiais diferenciados e contasse com elementos singulares, ela,</p><p>em nada, comparava-se à gloriosa morada do Altíssimo no Céu. Isso</p><p>mostra o quanto o Todo-Poderoso é humilde e Se compadece do ser</p><p>humano, a ponto de Ele mesmo “Se apequenar”, assim como o pai</p><p>que se abaixa para ouvir sua criança pequena. Digo isso, num certo</p><p>sentido, porque vemos, na história da humanidade, o homem pecar</p><p>e se afastar de Deus, ao passo que Ele vai em busca do ser humano</p><p>a fim de resgatá-lo. Aconteceu com Adão e Eva, que estavam escon-</p><p>didos e malvestidos com folhas de figueira para ocultar o erro e a</p><p>culpa que sentiam; porém, o Altíssimo “Se inclinou” e foi até eles.</p><p>O casal sofreu perdas por causa do pecado; apesar disso, Deus teve</p><p>um diálogo de reconciliação com eles e os vestiu para começar a</p><p>nova vida fora do Éden.</p><p>Na destruição dos habitantes do mundo com o dilúvio, Deus</p><p>elegeu Noé e sua família, e fez, por meio deles, um novo começo.</p><p>Mas, novamente, houve um distanciamento entre o homem e a fé</p><p>CAPÍTULO 16 - O prêmio da guerra 255</p><p>genuína devido ao empreendimento da Torre de Babel (Gênesis</p><p>11). No entanto, logo a seguir, vemos o Senhor chamando Abraão.</p><p>O mesmo se deu com Moisés, Gideão, Elias, Davi e outros, que</p><p>foram usados em seu tempo para promover a reaproximação entre</p><p>o povo e Deus.</p><p>O ápice dessa busca é vista no ato do Senhor Jesus, ao descer</p><p>a este mundo para viver entre os homens: “E o Verbo Se fez carne, e</p><p>habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do unigênito do Pai,</p><p>cheio de graça e de Verdade” (João 1.14).</p><p>Nesta frase, o termo “habitou” é descrito nos originais gregos</p><p>como “tabernaculou”; ou seja, o Senhor Jesus não veio como um</p><p>espírito ou como um anjo, mas Se vestiu de humanidade, de carne</p><p>e osso e de fragilidade, numa espécie de “tabernáculo” de Deus no</p><p>meio de pecadores, como citamos acima.</p><p>A encarnação do Senhor Jesus foi a Palavra tomando corpo e uma</p><p>natureza igual à nossa, para unir a Terra ao Céu. O propósito de Deus</p><p>foi e será eternamente habitar conosco até o dia em que nós habi-</p><p>taremos com Ele. Hoje, esse desejo se mostra por meio do batismo</p><p>com o Seu Espírito, de forma que os que O possuem “se assentam</p><p>nos lugares celestiais”, mesmo vivendo neste mundo (Efésios 2.6).</p><p>Então, como cidadãos do Reino de Deus, já gozamos, em parte,</p><p>das ricas bênçãos espirituais reservada aos filhos, mas chegará o dia</p><p>em que isso não mais será pela fé e sim um fato. Tomaremos posse</p><p>definitivamente, e com toda a plenitude da vida eterna, como nos</p><p>foi prometida. Nesse momento, os salvos viverão de um modo tão</p><p>superior que não se lembrarão da vida neste mundo, que é tão mar-</p><p>cada por dores e sofrimentos. É impossível encontrar alguém que</p><p>não tenha se entristecido e chorado ao enfrentar seus dissabores.</p><p>Por isso, não teremos essas lembranças no Céu. Receberemos um</p><p>novo nome, um novo corpo e uma nova memória, de modo que</p><p>256 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>nada que vivemos aqui nos causará angústia lá. Ali, ninguém terá</p><p>recordações dolorosas dos erros que cometeu ou dos entes queridos</p><p>e amigos que não foram salvos, pois isso geraria sofrimento no Céu.</p><p>Essa promessa revela o quanto a vida eterna será incomparável: sem</p><p>lágrimas, sem morte, sem pranto, sem clamor e sem</p><p>ela tivesse inge-</p><p>rido, só ela morreria. Mas, normalmente, quem peca leva outros</p><p>também a pecar.</p><p>CAPÍTULO 2 - A queda do homem 33</p><p>Quando Adão, passivamente, aceitou o fruto da mulher, o pecado</p><p>alcançou toda a raça humana. Ambos não guardaram a Palavra</p><p>de Deus, não protegeram seus olhos e seus ouvidos e, por isso,</p><p>ocorreu a queda.</p><p>Todos os demônios se juntaram para assistir ao diabo em ação</p><p>no Éden, pois aquele era um momento decisivo para o exército</p><p>do mal. Satanás sabia que, se levasse Adão e Eva a pecar, iria ganhar</p><p>parte da guerra que havia declarado contra Deus. Quando ele</p><p>conseguiu, todos os anjos caídos se reuniram rapidamente para</p><p>comemorar. Isso foi motivo de festa no reino das trevas; afinal, eles</p><p>já não seriam os únicos condenados à morte eterna. Não estariam</p><p>mais sozinhos no inferno.</p><p>Satanás e seus demônios aguardavam eufóricos pelo momento</p><p>da repreensão de Deus ao casal. Eles apostavam que Adão e Eva</p><p>seriam expulsos do Paraíso, assim como eles foram expulsos do</p><p>Céu no passado.</p><p>No entanto, o que eles não sabiam é que o reino das trevas</p><p>sempre perde, até mesmo quando parece vencer. Sabe por quê?</p><p>Porque o Todo-Poderoso, em Sua infinita soberania, providenciou</p><p>não apenas a solução para o pecado que entrou na humanidade,</p><p>como também a derrota de Satanás aqui na Terra. O diabo, que já</p><p>havia sido vencido no Céu, seria esmagado no cumprimento do</p><p>plano de redenção para o homem, com a vinda do Senhor Jesus ao</p><p>mundo. Satanás e seus demônios, embora não aceitassem, já haviam</p><p>sido derrotados no dia em que se tornaram inimigos de Deus, e não</p><p>era possível reverter isso!</p><p>Mas o diabo ignorava essa realidade enquanto era ovacionado</p><p>pelos seus demônios no inferno. Ele e sua corja riam e comentavam</p><p>as táticas do seu golpe, ao mesmo tempo em que, na Terra, Adão e</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>34 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Eva descobriam que foram enganados e que passariam a colher os</p><p>frutos do pecado.</p><p>As consequências da queda foram muitas, e entre elas está o fato</p><p>de o homem ter se tornado o oposto do que, originalmente, ele</p><p>havia sido formado. Na condição de perfeitos, antes do pecado, nem</p><p>Adão nem Eva experimentariam a morte, seja física, seja espiritual.</p><p>Porém, por causa da desobediência, seus corpos passaram a ter prazo</p><p>de validade. Assim, um lento processo de deterioração começou no</p><p>momento em que morderam aquele fruto. Já no plano espiritual,</p><p>se o sacrifício na cruz não tivesse sido oferecido pelo Senhor Jesus,</p><p>ninguém teria acesso à vida eterna.</p><p>A partir daí, espírito, alma e corpo, que antes viviam de forma</p><p>harmoniosa, passaram a viver divididos. A alma, antes criada para</p><p>ser guiada somente por Deus, passou a ser conduzida e altamente</p><p>influenciada pelas emoções, pelo diabo e pelo mundo. Por causa</p><p>disso, o ser humano, sendo apenas alma vivente, sem a direção do</p><p>Espírito do Criador, está destinado à perdição.</p><p>Estamos em uma guerra</p><p>Diante dos ensinamentos sobre a origem de Satanás, sua expulsão</p><p>do Céu e a queda de Adão e Eva, creio que ficou bem claro para</p><p>você que estamos todos envolvidos em uma guerra, na qual devemos</p><p>nos posicionar. E uma das principais estratégias de guerra é ajuntar</p><p>o máximo de informações sobre o seu inimigo. Qualquer soldado</p><p>tem consciência de que corre sério risco de morrer ao ir para um</p><p>campo de batalha sem saber contra quem ou contra o que luta. Por-</p><p>tanto, é fundamental compreender como o diabo age, trama, ataca e</p><p>se organiza. Mas, sobre isso, falaremos mais nos capítulos seguintes.</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>CAPÍTULO 2 - A queda do homem 35</p><p>Por ora, temos de entender que não podemos subestimar a astú-</p><p>cia de Satanás. Lembre-se: ele conseguiu seduzir um terço de anjos</p><p>no Céu a se rebelar contra o próprio Deus. Se ele convenceu seres</p><p>perfeitos, que viviam diante da excelsa glória do Eterno, a trair</p><p>o seu próprio Criador, o que ele pode fazer com seres humanos</p><p>imperfeitos que nunca viram ao Altíssimo?</p><p>Para que ninguém caia no engodo maligno, o Espírito Santo</p><p>nos advertiu, por meio de Paulo, a não ignorar os ardis do diabo,</p><p>que são os seus muitos artifícios, planos e meios utilizados para</p><p>nos fazer o mal. Portanto, não podemos ser ingênuos, distraídos ou</p><p>ignorantes, porque estamos em meio a um intenso conflito espiri-</p><p>tual, e somente estando vigilantes impediremos que ele nos vença</p><p>(2Coríntios 2.10b-11). Seu alvo não é somente nos causar tristeza</p><p>ou pequenas perdas e aborrecimentos, mas acabar com a nossa vida</p><p>e atingir a nossa alma.</p><p>Assim como Eva caiu pela curiosidade, muitos cristãos também</p><p>têm sido fisgados por essa isca. Conheci um pastor que estava assis-</p><p>tindo ao futebol pela internet. Na lateral do seu dispositivo eletrônico,</p><p>começaram a surgir anúncios de publicidade com belas mulheres.</p><p>Ele clicou em uma daquelas imagens e viu que era conteúdo por-</p><p>nográfico. Em vez de desligar, um clique levou a outro, e assim, por</p><p>meses, ele ficou preso à imoralidade e à devassidão. Por causa da</p><p>falta de vigilância e de temor, seu ato culminou numa vida espi-</p><p>ritual arrasada. Aquele homem, que era fiel até então, perdeu seu</p><p>ministério e quase perdeu seu casamento. Infelizmente, conheço</p><p>centenas e centenas de casos como esse. Essas pessoas não estavam</p><p>determinadas a pecar, mas foram envolvidas em uma situação quase</p><p>sem volta por não se atentarem às ciladas do diabo.</p><p>Satanás, portanto, age como um vírus preparado por um hacker,</p><p>enviado por meio de um link com um título bastante chamativo.</p><p>Uma vez que a pessoa clica, seu computador é infectado, seus dados</p><p>36 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>são roubados, sua conta bancária é invadida e uma bagunça acontece</p><p>em sua vida.</p><p>Queremos desmascarar as trevas e alertar a todos que estamos</p><p>numa guerra espiritual. É importante deixar bem claro que não</p><p>se trata de uma guerra física, mas de uma guerra da fé, e pela fé!</p><p>Raciocine comigo, essa guerra só existe porque há algo precioso a</p><p>se conquistar.</p><p>Veja, se há guerra neste mundo para a conquista de um poder</p><p>momentâneo, imagine em se tratando de um poder eterno, como</p><p>o Reino dos Céus!</p><p>Por isso, todos os dias, Satanás se oporá à nossa fé. Ele fará de</p><p>tudo para nos enganar e impedir que permaneçamos fiéis ao nosso</p><p>Senhor, assim como fez com Eva. Corremos, então, os mesmos</p><p>riscos que os pais da raça humana correram:</p><p>Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua</p><p>astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos</p><p>os vossos sentidos...</p><p>2Coríntios 11.3</p><p>Muitos caem como vítimas do diabo, porque, em algum momento,</p><p>não agiram como um soldado do Reino de Deus. Não se vestiram</p><p>com a Sua armadura. Não estiveram atentos ao combate. Antes,</p><p>viviam na base da fé emotiva, dos sentimentos do coração, e não</p><p>se pode guerrear pela Salvação eterna da alma agindo desse modo.</p><p>A alma aspira por emoções, sensações, aplausos e tudo o mais</p><p>que satisfaz a carne. Contudo, para se conquistar a vida eterna ou o</p><p>Reino dos Céus, não há como usar os sentimentos, e sim a razão, a</p><p>fé com inteligência e o discernimento espiritual.</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>CAPÍTULO 2 - A queda do homem 37</p><p>O Senhor Jesus disse: “E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz</p><p>violência ao Reino dos Céus, e pela força se apoderam dEle” (Mateus 11.12).</p><p>Como é possível se apoderar do Reino dos Céus sem violentar</p><p>a própria vontade? Como é possível salvar a alma pela fé usando as</p><p>emoções? Como é possível vencer uma guerra com sentimentos?</p><p>Se é pela fé, então tem de se guerrear contra os desejos do próprio</p><p>coração. Se é pela fé, então é pela guerra! Guerra contra as trevas</p><p>das dúvidas. Guerra contra as propostas de facilidades do mundo.</p><p>Guerra contra as inclinações da carne.</p><p>Sentimentos, emoções e sensações são ferramentas do coração</p><p>corrupto e enganador. Por outro lado, fé é certeza absoluta. Quem</p><p>usa a fé como arma de ataque e defesa, jamais pode contar com a</p><p>colaboração do coração. Pelo contrário: na guerra contra o reino</p><p>do mal, o coração</p><p>se torna aliado do diabo ao suscitar as dúvidas.</p><p>Porque as armas da nossa milícia não são carnais (emoções e</p><p>sentimentos do coração), mas sim poderosas em Deus</p><p>(fé racional) para destruição das fortalezas.</p><p>2Coríntios 10.4</p><p>Como o diabo age hoje</p><p>Creio que, com tudo o que já vimos até aqui, todos estão</p><p>conscientes da existência do diabo, bem como da sua origem e dos</p><p>motivos da sua queda. E não vamos parar por aí. Trataremos ainda</p><p>mais sobre a sua personalidade, suas vontades, seu caráter, seus planos</p><p>e suas fraquezas, a fim de lançar o máximo de luz sobre as trevas e</p><p>subjugar o mal com a fé inteligente que o Espírito Santo nos tem</p><p>revelado. Pois, se o diabo age em oculto e com mentiras, nós, às</p><p>claras, iremos desmascarar suas obras e promover um conhecimento</p><p>que traz a libertação, como está escrito:</p><p>E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.</p><p>João 8.32</p><p>O nosso interesse, com isso, é que cada pessoa entenda que vive-</p><p>mos em meio a uma guerra espiritual acirrada e sem trégua. Por</p><p>isso, não podemos desconhecer as estratégias e as armadilhas do</p><p>mal, uma vez que corremos o risco de nos tornarmos um troféu</p><p>nas mãos desse inimigo.</p><p>Adão e Eva foram os primeiros. Ao serem tentados, caíram diante</p><p>da serpente, e ainda hoje ela continua em ação, fazendo, em todo</p><p>o tempo, propostas aparentemente “fascinantes” para enganar o ser</p><p>40 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>humano. E o pior é que até pessoas sinceras têm se tornado suas</p><p>vítimas, ao longo de todas as gerações e culturas, independentemente</p><p>de idade, gênero ou classe social. Por esse motivo, a Bíblia pode</p><p>ser considerada o livro que mais fala sobre guerra, pois nela estão</p><p>registradas não apenas as guerras físicas e literais enfrentadas por reis</p><p>e guerreiros, mas também as espirituais, combatidas diariamente no</p><p>interior de cada pessoa. A Palavra de Deus nos alerta e nos habilita</p><p>a vencermos nossas batalhas diárias pela manutenção da fé e pela</p><p>conquista do Reino dos Céus.</p><p>Para isso, devemos entender que, antes de essa guerra ser nossa,</p><p>ela é do Senhor, pois começou com Ele, no Céu. Por essa razão, o</p><p>Altíssimo, prontamente, nos oferece todos os recursos espirituais para</p><p>que saiamos vitoriosos e arruinemos os planos do diabo.</p><p>Veja isso no livro de Isaías:</p><p>Não temas, porque Eu Sou contigo; não te assombres, porque Eu</p><p>Sou teu Deus; Eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a</p><p>destra da Minha justiça. Eis que, envergonhados e confundidos</p><p>serão todos os que se indignaram contra ti; tornar-se-ão em nada,</p><p>e os que contenderem contigo, perecerão. Buscá-los-ás, porém não</p><p>os acharás; os que pelejarem contigo, tornar-se-ão em nada, e como</p><p>coisa que não é nada, os que guerrearem contigo. Porque Eu, o</p><p>Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo:</p><p>Não temas, Eu te ajudo.</p><p>Isaías 41.10-13</p><p>Deus é conhecido, em Sua Palavra, como “o Senhor da Guerra”.</p><p>E vemos, pela história de Israel, que Ele aprecia derrotar os Seus</p><p>inimigos por meio dos Seus servos. Não é à toa que a identidade</p><p>do Altíssimo esteja associada à guerra, pois Seus atos são poderosos</p><p>feitos à frente de um grande exército.</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>CAPÍTULO 3 - Como o diabo age hoje 41</p><p>O Senhor é Homem de guerra; o Senhor é o Seu Nome.</p><p>Êxodo 15.3</p><p>O SENHOR dos Exércitos</p><p>Não é incrível encontrar, em um único versículo, três vezes o título</p><p>de “Senhor dos Exércitos”? Para mim, isso significa dizer que Deus</p><p>quer despertar os valentes e suscitar a coragem em Seu povo para</p><p>enfrentar todas as hostes do diabo.</p><p>Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Tornai-vos</p><p>para Mim, diz o Senhor dos Exércitos, e Eu Me tornarei para vós,</p><p>diz o Senhor dos Exércitos.</p><p>Zacarias 1.3</p><p>Deus é Senhor do exército de anjos no Céu, do exército de</p><p>estrelas no firmamento e do exército de homens e mulheres que</p><p>Lhe servem na Terra. O Seu poder é infinito, os Seus recursos são</p><p>ilimitados, portanto, não pode haver desculpas para o fracasso.</p><p>A repetição do título “Senhor dos Exércitos” deve estar vívida</p><p>em nossa mente para nos lembrar que, se nascemos do Alto, faze-</p><p>mos parte de um exército que triunfa sempre, não importando o</p><p>tamanho da batalha, o grau de dificuldade ou as armas do inimigo.</p><p>Povos de todas as nações conheciam bem a importância de um</p><p>exército naquela altura, pois viviam em constantes conflitos. As guer-</p><p>ras aconteciam para se tomar o território do outro, para saquear</p><p>seus bens ou, ainda, para se impor pesados impostos. Havia também</p><p>guerras por motivos religiosos ou para se apoderar dos recursos</p><p>naturais de uma determinada região, como a água, por exemplo.</p><p>Por isso, quando Deus Se identificou para o Seu povo como</p><p>“Senhor dos Exércitos”, Ele sabia que Israel entenderia bem essa</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>42 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>linguagem, já que a nação vivia tendo de se defender de ameaças,</p><p>construir fortes e altas muralhas ao redor das suas cidades e se manter</p><p>em vigilância 24h para não ser pega de surpresa pelos inimigos. Essa</p><p>foi a maneira que o Todo-Poderoso usou para que Israel se atentasse</p><p>para a Sua Palavra e entendesse o propósito Divino para as suas vidas.</p><p>“Assim diz o Senhor dos Exércitos”, quer dizer que Ele é o Senhor</p><p>da vitória. Ele é o Senhor que nos garante prevalecer na fé, na</p><p>vida, prevalecer sobre o inferno e permanecer dentro do Reino</p><p>de Deus. Portanto, é o Senhor dos Exércitos Quem tem todos os</p><p>armamentos da guerra espiritual, ou seja, todo o poder e toda a</p><p>autoridade para conduzir em triunfo os Seus servos.</p><p>Penso que, ao repetir que Ele é o Senhor dos Exércitos, Deus</p><p>queira mostrar que muitas pessoas, apesar de ouvirem ou lerem a</p><p>respeito do Seu poder, não entendem que esse poder está à dispo-</p><p>sição delas. Mesmo que a explicação bíblica seja clara, grande parte</p><p>dos cristãos não vive a Palavra de Deus. Diante disso, as promessas</p><p>gloriosas das Sagradas Escrituras não passam de informações para</p><p>eles. Essa é a razão de muitos estarem fracos espiritualmente e cole-</p><p>cionarem derrotas.</p><p>O Altíssimo faz questão de frisar por três vezes Quem Ele é para</p><p>que você, que está abatido, fracassado ou vive uma fé fajuta e emo-</p><p>tiva, venha finalmente a se despertar. E, principalmente, para você</p><p>que diz que o “Senhor é meu Pastor e nada me faltará”, mas, na</p><p>prática, lhe falta de tudo: felicidade no casamento, dinheiro, saúde,</p><p>trabalho e o pão nosso de cada dia.</p><p>Mas por que isso acontece? Na minha opinião, o Senhor não tem</p><p>sido de fato o seu Pastor, porque você resiste a ouvir a Sua Voz e a</p><p>obedecê-la. Por conta disso, Ele não o guia aos pastos verdejantes.</p><p>Você conhece a Bíblia e sabe o que tem de fazer, mas não faz.</p><p>CAPÍTULO 3 - Como o diabo age hoje 43</p><p>Talvez você tente servir ao Senhor à sua maneira; porém, não há</p><p>servos que sirvam a seus senhores segundo as suas próprias vontades.</p><p>A pessoa que se coloca como servo do Senhor Jesus, por exemplo,</p><p>tem de servi-Lo do jeito dEle, e não do seu próprio jeito. Da mesma</p><p>forma, se a pessoa serve ao diabo, ela não tem escapatória ou escolha,</p><p>pois tem de servir do jeito que ele quer e gosta; caso contrário, o</p><p>mal a castigará.</p><p>Conheci pessoas que serviram a espíritos, guias e entidades na</p><p>bruxaria e que foram ameaçadas de terem suas pernas quebradas se</p><p>não fizessem determinado ritual da forma exata como lhes foi pedido.</p><p>Estranho é que há pessoas que têm medo do diabo e, por isso, o ser-</p><p>vem com todas as suas forças; no entanto, há cristãos que agem sem</p><p>temor para com o Deus Eterno. O motivo disso é que Lhe servem</p><p>com relaxamento, porque não O têm como Senhor e grande Rei.</p><p>Venho pregando e falando sobre o Senhor dos Exércitos há déca-</p><p>das e enfrentado as piores oposições do inferno. Se o Senhor dos</p><p>Exércitos não estivesse comigo, você acha que eu estaria aqui? Você</p><p>não acha que as entidades, os encostos e toda a sorte de espíritos</p><p>imundos já não teriam me destruído? Não teriam me sobrepujado?</p><p>Então, por que permaneço de pé? Apesar de toda a inveja, de toda a</p><p>polêmica que criam em torno do</p><p>meu nome, de todas as acusações e</p><p>de todo o inferno, continuo aqui, porque é ao Senhor dos Exércitos</p><p>que eu sirvo e é pelo Senhor dos Exércitos que eu, todos os dias,</p><p>desafio o engano e os deuses deste mundo.</p><p>Essa é a minha fé e a fé que prego na Igreja Universal do Reino de</p><p>Deus. E quem crê assim convido a vir comigo para arrebentarmos o</p><p>inferno! Mas a quem não crê, não posso ajudar, não posso fazer nada.</p><p>Nossa pregação é intrépida porque não há como ignorar a</p><p>guerra espiritual instaurada nesse mundo. Essa guerra está implan-</p><p>tada até em nós mesmos, pois, para que obedeçamos à Palavra,</p><p>44 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>precisamos vencer a nossa própria carne que, em todo o tempo,</p><p>milita em oposição à vontade de Deus (ver Gálatas 5.17).</p><p>É somente pela guerra espiritual que homens e mulheres, com-</p><p>prometidos com o Evangelho, levam a Luz para onde há trevas, a</p><p>fim de que almas sejam conduzidas ao Senhor Jesus e fiquem livres</p><p>da escravidão espiritual e da morte eterna.</p><p>Então, quem ignorar a realidade da peleja entre o bem e o mal,</p><p>entre o Reino de Deus e o reino do diabo, tombará nesse conflito,</p><p>independentemente de título eclesiástico, diploma acadêmico, boas</p><p>intenções, conhecimento bíblico ou tempo de igreja.</p><p>As estratégias</p><p>Sabemos que uma guerra terrena envolve serviços de inteligência,</p><p>estratégias e custos. Na guerra espiritual não é diferente. É neces-</p><p>sário que, além de estratégias sábias contra o mal, haja também fé</p><p>inteligente. Essa é a fé que pensa, analisa, pesa, avalia e “faz as contas”</p><p>para se antecipar aos ataques do maligno. Os custos são os sacrifícios</p><p>que a fé impõe para nos manter em vigilância constante. Somente</p><p>quem se atenta a isso não se deixa levar pela aparência das coisas e,</p><p>consequentemente, não toma decisões movido pelos olhos ou pelo</p><p>coração, pois não quer arriscar a própria Salvação. Afinal, em toda</p><p>guerra há os que morrem e os que sobrevivem.</p><p>A fé inteligente e a estratégia sábia nos levam a fazer exatamente</p><p>o que disse o Senhor Jesus:</p><p>Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta</p><p>primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que</p><p>a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os</p><p>CAPÍTULO 3 - Como o diabo age hoje 45</p><p>alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a</p><p>escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar</p><p>e não pôde acabar.</p><p>Lucas 14.28-30</p><p>A palavra “estratégia” deriva do grego antigo strategos, cujo sig-</p><p>nificado primário está ligado à arte de pensar, de agir de forma</p><p>articulada e de liderar um grupo para atingir determinado objetivo.</p><p>Por isso, esse termo é muito usado em operações militares e policiais.</p><p>Se o Senhor Jesus nos admoesta a sermos prudentes na condução</p><p>de nossas vidas, certamente Ele tem conhecimento dos estratagemas</p><p>do mal para enganar o ser humano. Satanás, como ser inteligente</p><p>que é, age a partir de estratégias — vale lembrar que ele foi criado</p><p>cheio de sabedoria; porém, qualquer tipo de sabedoria sem temor</p><p>a Deus é vazia, inútil e diabólica (Tiago 3.15).</p><p>A primeira tática do diabo é nos atrair ao pecado. A segunda é</p><p>tentar nos convencer de que a iniquidade é algo agradável e ino-</p><p>fensivo. Foi assim que ele enganou Eva. E ele faz tudo isso de uma</p><p>maneira extremamente sedutora, como se quisesse nos dizer que</p><p>estamos perdendo o nosso tempo no Reino de Deus, pois tudo o</p><p>que ele tem a oferecer é muito mais interessante. Se as propostas</p><p>dele não fossem atraentes, ninguém cairia nelas. Portanto, o pecado</p><p>sempre se aproxima por meio de algo vantajoso, bom e belo, para</p><p>que possamos nos sentir seduzidos e tentados a praticá-lo.</p><p>Sabendo das múltiplas e astutas investidas do diabo para nos</p><p>levar a desobedecer a Deus, o Espírito Santo nos orienta, por meio</p><p>do apóstolo Pedro, a sermos sóbrios e vigilantes. Se assim não</p><p>for, teremos nossa alma “tragada” pelo diabo, o qual é retratado</p><p>como um leão que está constantemente à nossa volta, rugindo</p><p>cheio de ódio.</p><p>46 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em</p><p>derredor, como leão bramando, buscando a quem possa tragar.</p><p>1Pedro 5.8</p><p>Imagine-se rodeado por um leão faminto e feroz! O que você</p><p>faria? Certamente, não daria as costas a ele, não é mesmo? Antes,</p><p>procuraria uma maneira de se proteger e de se manter vivo, pois</p><p>esse é o nosso instinto de vida mais primitivo. No sentido espiritual,</p><p>Deus nos apresenta Satanás como um ser implacável que está sempre</p><p>ao derredor do ser humano para fazer oposição a ele.</p><p>É interessante notar que, ao fazer analogias quanto à ação do</p><p>diabo, a Bíblia não faz menção a animais frágeis, mansos e amistosos,</p><p>como uma tartaruga, uma calopsita ou um gatinho, e sim a uma peri-</p><p>gosa fera, pronta para atacar. Diante disso, para não sermos derrotados</p><p>por Satanás, precisamos ser sóbrios em nossos sentidos. A sobriedade,</p><p>no sentido bíblico, não significa fugir apenas da embriaguez que o</p><p>álcool provoca, mas de tudo o que entorpece, tira o discernimento</p><p>espiritual e desvia o foco da fé genuína.</p><p>Em nossos dias, temos visto pessoas completamente “embria-</p><p>gadas” com os cuidados desse mundo e “consumidas” pelas vai-</p><p>dades e aspirações inúteis. Além disso, uma multidão, em todos os</p><p>continentes da Terra, tem se inebriado com uma “bebida forte”</p><p>chamada entretenimento. Com essa “bebida”, o diabo tem estimu-</p><p>lado a humanidade a conhecer e a praticar todo tipo de violência,</p><p>dissolução, pornografia, corrupção, mentiras e promiscuidade. O</p><p>resultado disso tem sido a depravação moral e a perda da capaci-</p><p>dade de discernir o que é certo e o que é errado.</p><p>Portanto, com esse “vinho”, o deus da cegueira (confira em</p><p>2Coríntios 4.4) tem embotado o entendimento de incrédulos e</p><p>crentes. O estado de letargia, ou seja, de sonolência e prostração</p><p>espiritual tem alcançado níveis tão assustadores que as pessoas não</p><p>CAPÍTULO 3 - Como o diabo age hoje 47</p><p>percebem que estão sendo influenciadas a fazerem, pensarem e</p><p>dizerem coisas abomináveis, as quais, outrora, jamais seriam aceitas</p><p>por elas.</p><p>Muitos cristãos se esqueceram do perigo espiritual que estão</p><p>correndo, pois negligenciaram que estão em meio a uma guerra.</p><p>Estão brincando com a fé e com a obediência a Deus, enquanto o</p><p>diabo, em nenhum momento, brinca em serviço. Ao contrário, ele</p><p>trabalha incansavelmente para “roubar, matar e destruir” o maior</p><p>número de pessoas (João 10.10).</p><p>Então, para vencermos essa batalha espiritual, é imprescindível</p><p>que sejamos como um soldado da fé: sempre vigilantes para não</p><p>sermos pegos de surpresa pelo adversário. Esse mundo não é um</p><p>lugar de paz e descanso, mas um palco de combate e enfrentamento</p><p>do mal, porque, como está escrito, vivemos em um território que</p><p>jaz no maligno. Ou seja, a maioria das pessoas vive sob a influência</p><p>do mal e é governada pela vontade tirana de Satanás.</p><p>Ser vigilante também significa andar atento, manter-se acordado,</p><p>porque temos um inimigo sutil e invisível aos olhos físicos, mas</p><p>extremamente implacável no combate. A todo momento, Satanás</p><p>quer “devorar” alguém. Para isso, ele se disfarça de amigo, acaricia</p><p>egos, promove vaidades e até se passa por um “cavalheiro” para os</p><p>mais desatentos.</p><p>Isso quer dizer que ele não aparece para o ser humano como</p><p>alguém imerso nas trevas, ou como os livros de histórias de fantasias</p><p>o retratam: um ser vermelho, de chifres, patas de vaca e tridente</p><p>nas mãos. Ao contrário, ele parece fascinante, falando de forma</p><p>suave, convincente e articulada. Além disso, pode se “apresentar” por</p><p>meio de alguém que, aparentemente, é amigo, dá presentes, elogia</p><p>bastante e curte todas as suas fotos nas redes sociais. Mas, no fundo,</p><p>isso tudo é pura dissimulação, pois o caráter de Satanás não muda</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>Alexandre Teixeira</p><p>48 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>nunca. Dentro dele sempre haverá a intenção de acusar, caluniar e</p><p>difamar a Deus e a Seus filhos.</p><p>Dessa feita, a fé inteligente é a arma mais poderosa para</p><p>resistir às</p><p>investidas do diabo. E não há outra maneira de a mantermos acesa</p><p>dentro de nós senão andando em retidão na presença de Deus. Quem</p><p>está com a fé em alta não dá lugar ao diabo, não cede ao pecado</p><p>e não cai em suas armadilhas; afinal, possui poder suficiente para</p><p>resistir a ele. Satanás amarga derrotas torturantes quando guerreia</p><p>com alguém que vive na justiça, na misericórdia e na fé.</p><p>Eu vou te derrubar!</p><p>Ao longo dos anos de serviço ao Senhor Jesus, vi, inúmeras vezes,</p><p>Satanás ameaçar pastores e obreiros nos cultos, durante as orações</p><p>de libertação.</p><p>Certa vez, um jovem pastor foi ameaçado por um espírito. Aos</p><p>gritos, um demônio disse que ia derrubá-lo, levando-o ao pecado</p><p>da prostituição. Em vez de amarrar aquelas palavras do espírito</p><p>imundo e se precaver, o pastor agiu de forma imatura, debochando</p><p>da ameaça. Ele disse o seguinte para aquele demônio: “Se você for</p><p>mandar alguém, então que seja um 'violão'. E esteja certo de que eu</p><p>não vou cair!” Rindo, o jovem pregador expulsou aquele demônio</p><p>e continuou a zombar daquelas ameaças, dizendo ao povo que o</p><p>diabo era “bravateiro”.</p><p>O tempo passou, aquele pastor mudou de igreja, mas continuava</p><p>infantil na sua fé. Até que uma jovem muito bonita chegou à igreja</p><p>e, depois de alguns meses, foi levantada à obreira. Essa moça era a</p><p>melhor obreira da igreja, simpática, prestativa e muito trabalhadora.</p><p>Além disso, era exatamente o tipo físico de mulher que atraía aquele</p><p>rapaz. Ela começou a gostar do pastor e foi até ele para se declarar.</p><p>CAPÍTULO 3 - Como o diabo age hoje 49</p><p>Então, eles começaram a namorar, mas aquele era um relaciona-</p><p>mento preparado no inferno para levar o pastor a cair.</p><p>Do abrasamento no namoro veio o ato sexual e, no momento</p><p>em que estava na cama com aquela jovem, aquele mesmo demônio,</p><p>de anos atrás, manifestou-se na moça, dando gargalhadas e dizendo:</p><p>“Eu não disse que ia te derrubar? Desgracei a tua vida! Não era uma</p><p>mulher ‘violão’ que você queria? Então eu te dei uma.”</p><p>Como esse ex-pastor, temos muitos outros membros, obreiros</p><p>e pregadores, famosos e anônimos, que foram feridos nesta guerra</p><p>espiritual. Eles confiaram em suas próprias forças em vez de se</p><p>revestirem da armadura de Deus e agirem com vigilância contra o</p><p>adversário de nossas almas.</p><p>Se você é um frequentador da Igreja Universal do Reino de</p><p>Deus, certamente já viu muitas pessoas possessas por demônios.</p><p>Essas entidades malignas, quando falam, revelam os horrores que</p><p>são feitos nas vidas dominadas por elas. Por isso o nosso empenho</p><p>em mostrar quem de fato é o nosso inimigo e as estratégias que ele</p><p>usa para tentar nos derrubar. Embora para muitos o estudo desse</p><p>tema pareça um pouco assustador, é extremamente necessário para</p><p>se vencer essa guerra espiritual.</p><p>Do Éden até os dias atuais, Satanás e seus demônios têm atuado</p><p>em todo o mundo. Ele age de formas diferentes na África, na</p><p>Europa, na Ásia, nas Américas e na Oceania, porém, mesmo em</p><p>conjunturas diferentes, o objetivo de desviar as pessoas de Deus</p><p>continua o mesmo. E, de forma velada ou aberta, interfere na cul-</p><p>tura, na política, nas religiões, na internet, na ciência, na educação</p><p>e em todas as áreas que regem a vida do ser humano. Mas suas</p><p>estratégias são diferentes para atacar cristãos e incrédulos. Sobre</p><p>isso, falaremos nos próximos capítulos.</p><p>Quando o corpo se transforma em</p><p>morada de demônios</p><p>A guerra espiritual contra o inferno é contínua, pois,</p><p>mesmo depois de liberta, uma pessoa pode ser influenciada pelo mal</p><p>para desobedecer a Deus, abandonar sua fé e voltar ao seu antigo</p><p>estado de caos espiritual. Quando isso acontece, os demônios entram</p><p>no corpo humano e causam todo tipo de violência, desordem e per-</p><p>turbação, provocando crimes hediondos, atos de crueldade, injustiças,</p><p>falta de amor e de respeito e até suicídio. Aliás, uma avalanche de</p><p>suicídio tem atingido especialmente aqueles que dizem conhecer</p><p>a Deus, o que mostra que o diabo não respeita títulos eclesiásticos,</p><p>mas somente uma vida de Santidade ao Senhor.</p><p>Não pense que esse assunto é sensacionalismo religioso ou misti-</p><p>cismo. Longe disso! Satanás é um ser real que está em plena atividade</p><p>no mundo, pronto para exercer poder sobre mentes e corações em</p><p>prol dos seus objetivos. Os próprios Evangelhos mostram inúmeros</p><p>casos de pessoas possessas por espíritos malignos que sofriam os</p><p>mais variados tipos de problemas, mas que, ao serem libertas pelo</p><p>Senhor Jesus, tiveram a vida completamente mudada. Falaremos</p><p>sobre algumas dessas pessoas, mas, antes, vamos entender como um</p><p>demônio age na vida de alguém.</p><p>52 Como vencer suas guerras pela fé</p><p>Quando os demônios atuam na mente de um indivíduo, a pri-</p><p>meira característica a ser notada é que os pensamentos dele são</p><p>destrutivos, ou seja, de alguma forma causam mal a ele mesmo e a</p><p>outros. Além disso, o diabo rouba a vitalidade, o ânimo e a alegria</p><p>dessa pessoa. Ela até pode, no estágio inicial da ação dos demônios,</p><p>apresentar uma aparente realização pessoal ou satisfação passageira,</p><p>mas, aos poucos, isso vai se esvaindo, a ponto de cair num estado de</p><p>apatia interior, insatisfação, angústia e esgotamento físico, emocional</p><p>e espiritual. Por isso, não são poucas as pessoas que, por causa de</p><p>uma opressão maligna, se desgostam daquilo que antes apreciavam</p><p>tanto e chegam até mesmo a perder a vontade de viver. Outras</p><p>avançam do estado de opressão maligna para a possessão e, neste</p><p>ponto, perdem completamente o controle de suas vidas. A partir</p><p>de então, mergulham nos vícios, na depressão e nas imoralidades,</p><p>até chegarem ao fundo do poço, como andarilhos solitários e sem</p><p>rumo, por exemplo.</p><p>Quando analisamos a história da mulher cananeia (ou siro-fenícia),</p><p>que foi ao encontro do Senhor Jesus em busca da libertação da filha</p><p>possessa por demônios, vemos bem a degradação e o sofrimento</p><p>que os espíritos malignos provocam na vida de uma pessoa e em</p><p>sua família. Veja o relato bíblico:</p><p>E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. E eis</p><p>que uma mulher cananeia, que saíra daquelas cercanias, clamou,</p><p>dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que</p><p>minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas Ele não lhe</p><p>respondeu palavra. E os Seus discípulos, chegando a Ele, rogaram-</p><p>Lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E Ele,</p><p>respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas</p><p>da casa de Israel. Então chegou ela, e adorou-O, dizendo: Senhor,</p><p>socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no</p><p>pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor,</p><p>mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da</p><p>CAPÍTULO 4 - Quando o corpo se transforma em morada de demônios 53</p><p>mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó</p><p>mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu</p><p>desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.</p><p>Mateus 15.21-28</p><p>Certamente, essa mulher já tinha ouvido falar da fama de Jesus</p><p>como Messias e Salvador, por isso ela foi ao Seu encontro em um</p><p>momento em que Ele passava pelas regiões próximas de onde morava.</p><p>Além dessas informações, não sabemos mais nada acerca dessa</p><p>mulher, mas aprendemos com ela que, contra a ação dos demônios,</p><p>não há medicamentos, terapias, conselhos ou sentimentos. Por mais</p><p>que ela amasse sua filhinha, o seu amor de mãe não poderia salvá-la</p><p>das garras do diabo, pois somente a fé é eficaz na guerra contra o mal.</p><p>Miseravelmente endemoninhada</p><p>Ao ir até Jesus, a mulher cananeia não foi tímida ou medrosa. O Texto</p><p>Sagrado diz que ela clamou; isto é, chamou pelo Senhor com uma</p><p>voz tão alta que despertou a atenção dos discípulos. A veemência de</p><p>sua súplica mostrava a urgência da sua necessidade: “miseravelmente</p><p>endemoninhada”, ela disse, descrevendo a condição da sua filha. Essas</p><p>palavras mostram o quanto Satanás espezinha o ser humano, causando</p><p>todo tipo de miséria, vergonha e dor.</p><p>Se um demônio instigando e persuadindo ao mal já é terrível,</p>

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