Buscar

Direito Penal VII - matéria

Prévia do material em texto

08/02/12
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
LEI 8.072/090 – CRIMES HEDIONDOS
	O primeiro crime a ser considerado hediondo é o homicídio. O homicídio simples não é considerado crime hediondo, só o será se for praticado por grupo de extermínio, mesmo se praticado por um só membro, agente. O homicídio qualificado também é considerado crime hediondo (art. 121, §2º, I a V) – este passou a ser considerado hediondo pela lei 8930/04, sendo a morte da Daniela Peres em 1992, não sendo os autores atingidos pelo crime hediondo. O “caput” do art. 121 não é hediondo.
	O latrocínio também é um crime hediondo (roubo seguido de morte). Importante ressaltar que este crime não vai a júri, pois é um crime contra o patrimônio e não um crime doloso contra a vida. É julgado pelo juiz singular. 
STF Súmula nº 610 - 17/10/1984 - DJ de 29/10/1984, p. 18114; DJ de 30/10/1984, p. 18202; DJ de 31/10/1984, p. 18286.
Crime de Latrocínio - Homicídio Consumado Sem Subtração de Bens
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima.
	Extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2º). Somente a extorsão não é crime hediondo, só o será se resultar morte. O sequestro relâmpago também não é considerado crime hediondo.
	Extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, §1º, §2º e §3º). Somente não será crime hediondo o inciso 4 (delação premiada).
	O Estupro é considerado hediondo tanto no caput como nos seus parágrafos.
	Estupro de vulnerável (art. 217, “a”...). 
	Epidemia
15/02/2012	
Art. 1º (cont.)
VII. Epidemia com resultado morte (art. 267, §1º): há dolo na epidemia e culpa na morte (préterdoloso). Para sua configuração basta a morte de uma única pessoa. No §2º deste mesmo artigo NÃO ESTÁ NO ROL DOS CRIMES HEDIONDOS.
VIIB. 273 caput + §1º + §1ºA + §1ºB: verificar se contém substâncias tóxicas não permitidas. Se houver, será considerado crime hediondo.
Parágrafo único: ver Lei 2.889/56 (Genocídio). O artigo 2º desta lei pune a formação de quadrilha para a realização de qualquer destes crimes desta lei. 
Art. 2º. Os crimes citados neste artigo (tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e também o terrorismo) são equiparados, assemelhados com o crime hediondo.
Terrorismo: baseia-se no artigo 20 da Lei 7.170/83. Não há outro dispositivo para tratar sobre terrorismo.
 indulto: é o que é concedido pelo presidente da república por determinados crimes – não é aquela saída temporária. O termo indulto é utilizado erroneamente, uma vez que têm significados diferentes (Art. 21 CF, XVII; Art. 84, XII CF; Lei 7.210/84, § 122).
 fiança: Processo Penal!
§1º. Cumprimento de pena inicialmente em regime fechado (redação nova da Lei 11.464/07) e depois ocorre a progressão de regimes.
§2º. Progressão de pena: primário à partir do cumprimento de 2/5 da pena e reincidente à partir de 3/5 da pena.
§3º. SOMENTE em caso de sentença condenatória: se já está em liberdade, recorre em liberdade; se está preso em regime fechado, recorre em regime fechado, com EXCEÇÃO do caso de sentença condenatória.
§4º. Prisão preventiva: por 5 dias prorrogável por mais 5 (comum); 30 dias prorrogável por mais 30 dias (crimes hediondos). Em tese, pode prorrogar por mais tempo, cabendo ao advogado do acusado impetrar HC.
Art. 3º. Estabelecimentos de segurança máxima: compete à União.
Art. 5º. Ver artigo 83, V CP.
Art. 6º. Todos os artigos citados aqui foram revogados do CP. 
Art. 7º. Foi acrescido o §4º do artigo 159 CP (Delação Premiada). Requisitos: prática de crime de extorsão mediante seqüestro cometido em concurso e a delação feita por um dos co-autores ou partícipes à autoridade e por último a eficácia da delação. Há necessidade de um liame subjetivo entre os agentes: para a aplicação desta diminuição de pena é necessário que o crime tenha sido cometido em concurso. Se a extorsão mediante seqüestro não tiver sido praticada em concurso por dois ou mais agentes, isto é, não havendo unidade de designo entre os autores e partícipes, ainda que haja a delação, a pena não sofrerá nenhuma redução. Na hipótese de autoria colateral, não há falar na aplicação do benefício, ante a inexistência da unidade de designo (matar e roubar, por exemplo. Ver art. 70 do CP – primeira parte crime formal próprio - quando fala-se em concurso de crime – artigo 69 é concurso material) entre os agentes.
** com designo: somam-se as penas; um ato e pratica mais de um crime.
** Autoria Colateral: é quando mais de um agente realiza cada qual sua conduta sem que exista liame (relação, vínculo) entre eles. 
.
29/02/2012
ART. 8º. Quadrilha ou Bando.
Art. 8º - Será de 3 (três) a 6 (seis) anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único - O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
	Diferente do art. 288 do CP, pois nos crimes hediondos a quadrilha ou bando é para crimes específicos (hediondos, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes, drogas afins, ou terrorismo).
	A nova quadrilha ou bando é composta dos seguintes elementos: 
Reunião permanente de 4 ou mais agentes;
Com a finalidade de praticar reiteradamente;
Os crimes de tortura, terrorismo, tráfico de drogas e hediondo.
Neste caso, o participante quer dizer coautor e não partícipe.
ART. 9º.
Art. 9º - As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de 30 (trinta) anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
	Este artigo é inócuo, pois os arts. 223 e 224 foram revogados.
ART. 10.
Art. 10 - O art. 35 da Lei n.º 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte redação:
"Art. 35. ................................................................
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo serão contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14."
	A lei 6368 é a do antigo trafico de entorpecentes.
LEI 11.343/06
	Quando se trata de usuários de droga é o art. 28.
	Não existe mais pena privativa de liberdade, mas sim uma pena para ressocializar o cidadão. Isso para o usuário.
	São vários verbos.
Objetividade jurídica: é a saúde pública e não o viciado. Ou seja, se quer evitar o perigo social.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: a coletividade.
	É possível a tentativa no caso do crime do art. 28, visto que iniciada a execução da aquisição da droga, esse ato vem a ser interrompido por circunstancias alheias a sua vontade.
	Na prática é difícil.
Elemento normativo do tipo: está descrito na expressão “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentada”.
	Sem autorização do Poder Público. 
	A lei não coíbe o uso da droga, mas sim o perigo social.
	De fato é irrelevante a quantidade de droga portada para caracterização do crime. O STF repeliu com firmeza algumas decisões que descriminavam a quantidade de menos de 1g de maconha.
Trata-se de perigo em abstrato, não precisa ser demonstrado. Daí a irrelevância da quantidade. O STJ também vem se posicionando nesse sentido, embora em que pese esse entendimento, atualmente cresce na doutrina a corrente que sustenta a inconstitucionalidade dos delitos de perigo em abstrato, em face do principio da presunção de inocência e da ofensividade. Defendem que não existe crime de perigo abstrato Luis Flavio Gomes e Damásio de Jesus. Já Fernando Capez entende que subsiste o crime de perigo em abstrato em nosso ordenamento legal.
É possível alegar o princípio da insignificância? NÃO.
	Caso não cumpra, poderá ser submetidoà admoestação verbal e multa.
07/03/2012
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos1, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
	É um crime de tipo misto alternativo, pois são condutas múltiplas de conteúdo variado. Desse modo, não há necessidade de praticar várias condutas para caracterizar o crime, mas apenas uma.
	No que tange ao conflito aparente de normas, aplica-se o princípio da alternatividade. Nada mais representa do que a aplicação do princípio da consunção com um nome diferente.
	(procurar princípio) e a prática de um fato definido como crime que absorve outro que funciona como meio de sua execução, consumação ou exaurimento.
	Ex. se o agente importa cocaína, transporta esta droga e depois a vende, ninguém põe em dúvida tratar-se de um só delito, ficando as condutas posteriores do transporte e da venda absorvidas pela importação, delito mais grave. Neste caso, foi a relação de causalidade entre o comportamento e a similitude dos contextos fáticos que caracterizou a absorção do transporte e venda pelo tráfico internacional (importação da droga). Isto é a incidência do fato posterior não punível, hipótese essa da consunção. Em contrapartida se o agente importa morfina, transporta cocaína e vende ópio, haverá 3 crimes diferentes em concurso, tendo em vista que um nada tem a ver com as demais. Neste caso não se opera o princípio da consunção, dada a diversidade de contextos.
	A objetividade jurídica do crime é a saúde publica. Trata-se de um crime de perigo em abstrato, bem como ainda é um crime de mera conduta, ou seja, aquele que decorre da mera realização do fato independentemente de este ter causado perigo concreto ou dano efetivo a interesse da sociedade. Portanto, é irrelevante a quantidade da droga.
	É um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar. Já o artigo 38 é crime específico na modalidade CULPOSA. 
	No caso de prescrição só o médico ou dentista podem prescrever. (art. 33)
	Admite-se o concurso de pessoas bem como de participação, em todas as condutas.
	Sujeito passivo: a coletividade.
	No caso da vítima, sujeito passivo, ser criança ou adolescente, convém distinguir: tratando-se de qualquer produto capaz de gerar dependência física ou psíquica, desde que não esteja relacionado pelo Ministério da Saúde como droga, estará tipificada a conduta prevista no art. 243 do ECA (Lei. 8.069), o qual considera crime o fornecimento ainda que gratuitamente ou a entrega de qualquer modo sem justa causa à criança ou ao adolescente do produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
	Quando se fala “se o fato não constituir crime mais grave”, está se falando do princípio da subsidiariedade.
	Caso a droga seja aquela catalogada pelo Ministério da Saúde, não se aplica o ECA e sim a lei em vigor (11.343, art. 33).
	A tentativa nesses crimes é de difícil configuração, mas em tese é admissível. Ex. caso de um traficante que está para atravessar a fronteira do Brasil, quando é efetuada a vistoria e encontra-se o produto. Neste caso, portanto, haverá tentativa. 
Ainda há de se falar que o crime de contrabando (art. 334) é absorvido pelo delito do art. 33 nas modalidades de importar ou exportar, em face do princípio da especialidade, ou seja, o art. 33 é especial em relação ao contrabando.
Contrabando ou descaminho
Art. 334 - Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º - Incorre na mesma pena quem.
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho;
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo.
	Com relação às condutas do tráfico, algumas são permanentes (se prolongam no tempo), como guardar, ter em depósito, trazer consigo e expor a venda. Já as demais modalidades são crimes instantâneos, ou seja, consuma-se em um momento determinado.
	A tentativa de uma conduta pode caracterizar crime consumado de outro crime. Ex.: a companheira de preso é surpreendida na revista do carcereiro, portando maconha sob suas vestes íntimas, tentou entregar a consumo, mas antes já trazia consigo a droga. É o caso, também, do flagrante preparado, a qual incide a exclusão do fato típico (Súmula 145 do STF).
STF Súmula nº 145 - 06/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 82.
Existência do Crime - Preparação do Flagrante pela Polícia que Torna a Consumação Impossível
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
	Ex. de flagrante preparado: caso de um policial, fazendo-se passar por usuário, compra cocaína de um traficante e em seguida o atua em flagrante. Essa conduta será atípica apenas à venda, provocada e estimulada artificialmente pelo agente provocador. A conduta anterior de manter a droga em depósito continua integra e autoriza a regular persecução penal.
	É um crime em que a modalidade é dolosa. Tanto o dolo direito, como o dolo eventual. Sendo este no que tange os riscos de que se trata de entorpecente.
14/03/2012Art. 33, §1º, III.
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
	Esse inciso é um crime próprio, personalíssimo, só podendo cometê-lo o proprietário ou quem de direito.
	Não se aplica o art. em evidência para o usuário, ou seja, houve abolitio criminis. Só se aplica esse dispositivo para o tráfico.
	A nova lei, no entanto, acabou descriminalizando a conduta daquele que utiliza o local ou bem, ou consente que outrem dele se utilize para o fim de uso indevido de drogas. Ex. o vigia de um estacionamento que consente que viciados fumem maconha durante a noite, no local, não responderá por essa figura equiparada ao tráfico, tendo se operado o abolitio criminis. 
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
	Aqui cabe a suspensão do processo, conforme a lei 9.099/95, art. 89.
	Induzir: colocar a ideia na cabeça da pessoa.
	Instigar: trabalhar uma ideia já existente.
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
	Oferecer droga + eventualmente + sem objetivo de lucro + à pessoa de seu relacionamento para juntos a consumirem.
	Veja que a lei não cuida de qualquer sessão gratuita e eventual de drogas, pois exige que a droga seja oferecida para pessoa do relacionamento do agente mais com a finalidade de junto a consumirem. 
	Aqui já cabe a transação penal – Art. 61 da lei 9.099/95.
	Caso contrário, encaixa-se no caput do art. 33.
	A multa, no par. 3º pode ser aplicada em concurso com art. 28.
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos1, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
Resolução nº 5 de 2012
	Suspende nos termos do art. 52, X da CF a execução de parte do par. 4º do art. 33 da lei 11.343/06. 
	O Senado Federal resolve: art. 1º. É suspensa a execução da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direito, do par. 4º, do art. 33”, declarando inconstitucional por decisão definitiva do STF nos autos de HC nº 97.256/RS. 
	Diante disso, não é mais vedada a conversão em as penas restritivas de direito.
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
	Elemento normativo: sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, tem que estar inserido na denúncia. Caso contrário, será inepta. Podendo, entretanto, regularizar-se tal denúncia em tempo hábil.
	Este tipo penal é parecido com o do art. 33, caput, que descreve o tráfico ilícito de drogas. Trata-se de um delito subsidiário, de maneira que o agente que pratica as condutas descritas nos arts. 33, caput e 34, responde só pelo 1º, ficando absorvido o delito do art. 34.
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
	Pode ser reiteradamente ou não. 
	A associação é uma quadrilha. A diferença é que nesta a união é sólida, estável e naquela é eventual.
	Associação de no mínimo, duas pessoas; já a quadrilha é de no mínimo 4.
	Se o outro for inimputável, acima de 12 anos, também enquadra. O que a lei exige é o número.
	A corrupção de menores está agora no ECA.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e
quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
21/03/2012
ARTIGO 35, LEI 11.343 – CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO
- neste crime há necessidade de uma união estável entre os participantes;
- este é específico para associação ao tráfico (2 ou mais pessoas) – não engloba a formação de quadrilha;
- somente oferecer drogas para uma pessoa não caracteriza este crime;
OBS. 
Para o STF, a parceria ocasional, transitória ou causal também configura concurso eventual de agentes e não crime de associação criminosa.
§ único: faz referência à indução ao uso de drogas
ARTIGO 36 – FINANCIAMENTO / CUSTEIO
OBS.
Na realidade, o ato de financiar ou custear deveria constituir participação no crime de tráfico punida de acordo com o artigo 29 CP. Entretanto, o legislador optando por adotar uma exceção pluralística (teoria de exceção) a teoria unitária ou monista, cuidou de criar um tipo autônomo fazendo com que o financiador e o custeador sejam considerados autores deste delito e não meros partícipes do tráfico, ficando assim, sujeitos à uma pena mais elevada. 
ARTIGO 37 – COLABORAR COMO INFORMANTE
ARTIGO 38 – PRESCREVER / MINISTRAR CULPOSAMENTE DROGAS
- trata-se de modalidade culposa;
- enquadra-se aqui (não no Brasil) o caso do Michael Jackson;
- quem pratica este crime: dentista, médico, etc;
- é crime personalíssimo, próprio (o sujeito não pode ser qualquer pessoa);
§ único: será informada a condenação à ordem a qual o sujeito pertence (processo administrativo).
ARTIGO 39 – CONDUZIR EMBARCAÇÃO/ AERONAVE APÓS CONSUMO DE DROGAS
- somente para conhecimento!
- crime formal (independe da produção do resultado);
ARTIGO 40 – AUMENTO DE PENA MTO IMPORTANTE!!!!!!!
- Transnacionalidade da droga: há necessidade de exame com relação à substancia para saber da origem com relação ao crime;
- Funcionário público;
- Infração tiver sido cometida nas imediações ou dependências de estabelecimentos prisionais, hospitalares, estudantis, sociais culturais, etc. 
ARTIGO 41 À 48 – PROCEDIMENTO PROCESSUAL PENAL
28/03/2012
	A maioria dos tribunais não permitem liberdade provisória para o tráfico.
	Lei 11..../07
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
Livramento Condicional – art. 83 do CP
	Art. 28.
	Art. 46. Aplica a pena, mas reduzida.
	Vide art. 26 desta lei.
PROCEDIMENTO CRIMINAL
LEP 7.210/84
	Enquadrado apenas no uso de droga, usa-sea lei 9099.
	Caso haja concurso de crimes entre art. 28 e crimes de tráfico (art. 33 e ss), não cabe o JECRIM, aplica-se a lei de drogas.
	
	Art. 48 de lei drogas
	Esse procedimento criminal rege-se por essa lei e subsidiariamente pelas disposições do CPP e LEP.
	Com relação as condutas do art. 28 será regida pela lei 9.099/95 (JECRIM). Caso haja concurso de crimes entre o tráfico e o art. 28, aplica-se a lei especial, que é a lei de drogas.
	No caso de usuário não se lavrará prisão em flagrante.
	Com relação ao parágrafo 4º, do art. 48, concluídos os procedimentos de que trata o parágrafo 2º, o agente será submetido a exame de corpo e de delito.
	Parágrafo 5º. Para os fins do disposto no art. 76 da lei 9.099/95, que dispõe sobre os juizados especiais criminais, o MP poderá propor a aplicação imediata da pena prevista no art. 28 a ser especificada na proposta.
	Art. 49.
	Refere-se que aquelas pessoas que estão enquadradas nos arts. 33, caput e §1º e 34 a 37, o juiz sempre que as circunstância o recomendem empregará os instrumentos protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na lei 9.807/99 (lei de proteção a testemunhas).
	Art. 50
	Caso haja prisão em flagrante, a polícia judiciária fará imediatamente comunicação ao juiz competente, remetendo-se cópia do auto lavrado, da qual será dada vista ao MP em 24 horas.
	§1º para efeito da lavratura do auto da prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito é suficiente o laudo de constatação da natureza e da quantidade da droga. Tudo isso é firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
	No rito da lei de drogas ouve-se primeiro o acusado, ou seja, é o primeiro a ser interrogado. Posteriormente, vítimas, testemunhas e etc.
	Art. 56. Audiência de instrução e julgamento – citação pessoal do acusado, intimação do MP e assistente.
25/04/2012
LEI 11.340/06 - LEI MARIA DA PENHA
ART. 7º e ss. Formas de violência domésticas.
	Inciso I tem correspondência com o art. 129 do CP.
	Inciso II é a violência psicológica. Não tem correspondência nas leis penais. Ex. dano emocional, a diminuição de autoestima, insulto, chantagem, perseguição etc.
	Muitos desses dispositivos não têm correspondência penal.
	Inciso III fala da violência sexual, ou seja, aquelas não desejadas, como o estupro em que há correspondência penal; com impedimento de contraceptivo; forçar o matrimônio e gravidez, cometer aborto ou forçar a prostituição.
	Inciso V: violência moral que diz respeito a calúnia, injúria e difamação. Também tem correspondência com o código.
	Art. 181 do CP.
	Art. 61 do CP.
	Ocorrendo crime pela lei Maria da penha, já está específico no art. 129, então não há necessidade de aplicar o agravante do art. 61. No que tange a outras modalidades, ai aplica-se as outras agravantes do art. 61.
ART. 11 E 12: procedimento especial.
ART. 22 A 24: Medidas protetivas de urgência.
	Essa lei não tem pena, são só os tipos de violência.
	É necessário que se conviva com a pessoa ou que tenha convivido (art. 5º da lei). Assim, não há necessidade que morem juntos.
	Não se aplica, para essa lei, o JECRIM, do mesmo modo que, no tange à pena, não é permitido a cesta básica (art. 17).
	O STF diz que é ação pública incondicionada, apesar do que consta no art. 16. Os promotores não estão adotando isso.
TC DA LEI MARIA DA PENHA
IV.2. RESUMO (1 página)
A presente pesquisa tem por finalidade abordar o tema de "violência doméstica" ou familiar contra a mulher. Durante o período de cinco anos da existência da Lei n. 11.340, de 07.08.2006, pretende-se mensurar os resultados obtidos com a aplicação da referida lei. A lei Maria da Penha, além de inovar no conceito de família, também representa um marco na proteção da família e um resgate da cidadania feminina, na medida em que a mulher ficará a salvo do agressor e, assim, poderá denunciar as agressões sem temer que encontre com o agressor no dia seguinte e poderá sofrer consequências ainda piores. Mencionada Lei "cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências". (SANTANA, Maria de Fátima Santos de. A Lei Maria da Penha e o novo conceito de família. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 43, 31/07/2007). A denominação "Maria da Penha" foi empregada como forma de homenagear a mulher, Maria da Penha Fernandes, símbolo da luta contra a violência familiar e doméstica. Nesse sentido, esse trabalho visa analisar o comportamento (por meio de pesquisa jurisprudencial e doutrinária) da família à luz da Lei em epígrafe, a qual assegura direitos específicos à mulher. O estudo abrangerá de modo peculiar a questão da violência doméstica contra a mulher. Pretende-se avaliar referido tema por meio de estudos doutrinários, visando atingir uma conclusão real e específica, utilizando materiais com livros, revistas, jurisprudências, códigos, súmulas e artigos de internet, por intermédio dos métodos fenomenológico e dedutivo. A Lei Maria da Penha, lei número 11.340 decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, dentre as várias mudanças promovidas pela lei está o aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006. A lei recebeu esse nome por causa da farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, ela foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la, tamanho o ciúme doentio que ele sentia. Na primeira vez, com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e afogamento. Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público. Em razão desse fato, o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), juntamente com a vítima, formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que é um órgão internacional responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação desses acordos internacionais. Essa lei foi criada com os objetivos de impedir que os homens assassinem ou batam nas suas esposas, e proteger os direitos da mulher. Lei é lei, da mesma forma que decisão judicial não se discute e se cumpre, essa lei é para que a gente levante um estandarte dizendo: Cumpra-se! A Lei Maria da Penha é para ser cumprida. Ela não é uma lei que responde por crimes de menor potencial ofensivo. Não é uma lei que se restringe a uma agressão física. Ela é muito mais abrangente e por isso, hoje, vemos que vários tipos de violência são denunciados e as respostas da Justiça têm sido mais ágeis. A lei alterou o Código Penal Brasileiro e possibilitou que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada, estes agressores também não poderão mais ser punidos com penas alternativas, a legislação também aumenta o tempo máximo de detenção previsto de um para três anos, a nova lei ainda prevê medidas que vão desde a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da mulher agredida.
IV.7. RESULTADOS E DISCUSSÃO OBTIDOS DURANTE O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA 
 (15 páginas)
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.
	 
	Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal,da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte 
Lei:
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1o  Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Art. 2o  Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
Art. 3o  Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
§ 1o  O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 2o  Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.
Art. 4o  Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 5o  Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Art. 6o  A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
CAPÍTULO II
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER
Art. 7o  São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
Art. 8o  A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.
CAPÍTULO II
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
Art. 9o  A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
§ 1o  O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2o  O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica:
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
§ 3o  A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
CAPÍTULO III
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
Art. 10.  Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.
Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
Art. 11.  No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.
Art. 12.  Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; 
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1o  O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
§ 2o  A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.
§ 3o  Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
TÍTULO IV
DOS PROCEDIMENTOS
 CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 13.  Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
Art. 14.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único.  Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.
Art. 15.  É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor.
Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.
CAPÍTULO II
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
 Seção I
Disposições Gerais
Art. 18.  Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
Art. 19.  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
§ 1o  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.
§ 2o  As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
§ 3o  Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.
Parágrafo único.  O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Art. 21.  A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público.
Parágrafo único.  A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.
Seção II
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor
Art. 22.  Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição dedeterminadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
§ 1o  As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2o  Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
§ 3o  Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.
§ 4o  Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
Seção III
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Art. 23.  Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
Art. 24.  Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único.  Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
CAPÍTULO III
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 25.  O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 26.  Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
CAPÍTULO IV
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Art. 27.  Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.
Art. 28.  É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
TÍTULO V
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
Art. 29.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
Art. 30.  Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
Art. 31.  Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.
Art. 32.  O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 33.  Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único.  Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.
TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 34.  A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
Art. 35.  A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas competências:
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar;
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situação de violência doméstica e familiar;
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.
Art. 36.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.
Art. 37.  A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de atuação na área, regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.
Parágrafo único.  O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva.
Art. 38.  As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único.  As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informações criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.
Art. 39.  A União, os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios, no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei.
Art. 40.  As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 41.  Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Art. 42.  O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
“Art. 313.  ...
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.” (NR)
Art. 43.  A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 61.  ...
II - ... 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
... ” (NR)
Art. 44.  O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 129.  ... 
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
...
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.” (NR)
Art. 45.  O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 152.  ...
Parágrafo único.  Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)
Art. 46.  Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após sua publicação.
A presente Lei, promulgada festivamente sob o intenso foco dos holofotes da mídia, foi publicada no Diário Oficial da União do dia 8 de agosto de 2006.
ANÁLISE INTERPRETATIVA DA LEI ACIMA COLACIONADA
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DA LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
Em 6 meses da Lei Maria da Penha, o número de denúncias cai 18,8% - O Estado de S. Paulo 28/05/07 Sérgio Duran O número de denúncias por lesão corporal nas Delegacias da Mulher do Estado de São Paulo caiu 18,8% durante os seis primeiros meses da Lei Maria da Penha. Segundo especialistas em violência doméstica, a explicação para o fenômeno está na história da mulher que emprestou o nome à nova legislação, promulgada em setembro de 2006, com medidas mais duras aos agressores.
Medo e esperança de que o marido mudasse eram as razões citadas pela professora universitária cearense Maria da Penha Maia para resistir em denunciar o ex-marido, Marco Antônio Herredia. Em 1983, ela escapou duas vezes de ser morta. Na primeira, com um tiro. Na segunda, com choques elétricos e afogamento. Maria ficou paraplégica. O caso ganhou repercussão internacional.
“A divulgação de que a lei ficou mais rígida - agora o agressor pode ser preso – acabou surtindo efeito negativo”, pondera a delegada Márcia Buccelli Salgado, responsável pela Coordenadoria das Delegacias de Defesa da Mulher do Estado de São Paulo. “Não posso afiançar pesquisas, mas a impressão é de que a possibilidade de prender o marido fez a vítima pensar duas vezes antes de registrar a queixa”, afirma.
A queda no número de denúncias foi registrada no período de outubro de 2006, ano passado, a março de 2007, quando foram registrados 132.649 boletins de ocorrência. Entre outubro de 2005 e março de 2006, foram 163.441. Das 307 Delegacias da Mulher criadas até o início deste ano no País, 125 (ou 40,7%) ficam no
Estado de São Paulo.
Na primeira Delegacia da Mulher do Brasil, de 1985, localizada no Parque d. Pedro 2º, centro de São Paulo, a vendedora Vanessa (nome fictício), de 30 anos, decidiu, na sexta-feira passada, denunciar o marido. Em dez anos de casamento, Vanessa conta ter suportado tudo: traições, mentiras, noitadas, ciúme doentio. Há dois anos, após uma discussão rotineira, ele a esbofeteou e chutou a sua canela. Vanessa não o denunciou.
Ela morava de favor com a sogra por causa da filha de nove anos. “É tanta coisa que pesa na hora de tomar uma decisão dessas”, disse Vanessa, enquanto esperava atendimento. O marido trabalha como segurança e, contou, toma injeções periódicas de anabolizantes. Ela acha que isso fez aumentar a agressividade dele.
Na terça-feira passada, o marido tentou agredi-la na porta da empresa onde trabalha, no Brás, zona leste de São Paulo. “O escândalo foi a gota d’água.” O segurança a acusava de manter um caso com o cunhado, marido da irmã. “Ele parou a rua.”
Atrás da vendedora, a costureira boliviana Benedita, de 37 anos, exibe caroços na cabeça e um hematoma perto do olho, frutos da agressão do marido. Ela também decidiu denunciá-lo e sairia de lá direto para um abrigo de mulheres vítimas de violência doméstica.
Benedita não sabe falar direito português nem espanhol. Conta ter vivido fechada, nos últimos seis anos, em uma confecção no Brás, falando em aimará, uma das línguas indígenas oficiais da Bolívia. O marido, de 25 anos, chefiava a equipe de costureiras. É ele quem negocia com os proprietários da indústria, coreanos. “Ele não me deixava falar com eles, com medo que eu contasse a verdade. Dizia para eu ir embora porque tinha mulheres mais bonitas do que eu para ficar com ele”, contou a costureira, com um filho de 1 ano nos braços, fruto da união. O marido, porém, considerava-se casado também com as outras companheiras de trabalho.
“Ele me batia de soco, chutava a minha cabeça”, disse Benedita, pedindo que conferisse os caroços escondidos sob o cabelo grosso. Ela contou estar esperançosa com o abrigo e com a oferta de emprego que recebeu, para ser auxiliar de cozinha.
Recém-empossada, a delegada-titular da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher, Celi Paulino Carvalho, ironiza a queda dos números de denúncia. “Quem vê pensa que a violência diminuiu. Mas a verdade é que piorou. A possibilidade de não poder retirar mais a denúncia e o risco de ter até de pagar a fiança do próprio bolso - afinal, muitos maridos não têm outro parente a não ser suas vítimas - podem ter influenciado nisso”, concluiu.
Lei prevê prisão de até 3 anos para agressores O advogado Guilherme Amorim, sócio de um escritório de São Paulo especializado no assunto, acredita que a Lei Maria da Penha ainda não foi devidamente compreendida pela população. “Houve até dúvida de que a legislação seria inconstitucional, por desrespeitar o princípio da igualdade, do que discordo frontalmente”, afirma.
De forma pioneira, a lei tipifica a violência doméstica contra a mulher em física, sexual, patrimonial e moral. Antes, as mulheres procuravam delegacias especializadas, mas a legislação era genérica, tratando a lesão corporal como qualquer outra, fruto de uma briga de rua entre dois moleques ou um bate-boca de vizinhos. “O agressor poderia pagar até com o fornecimento de cestas básicas.”
Agora, explica Amorim, a lei possibilita a prisão em flagrante do agressor ou ainda a detenção preventiva caso a agressão psicológica, por exemplo, seja comprovadamente reiterada. “Uma vez feita a denúncia não há mais como parar o processo, e isso talvez assuste algumas mulheres”, diz.
Em escritórios como o de Amorim, circulam mulheres de poder aquisitivo elevado, porém as histórias de agressão não diferem muito das ouvidas em um plantão da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher.
A advogada Fernanda Hesketh defende, atualmente, a esposa de um alto executivo de São Paulo. “Mesmo com hematomas pelo corpo, foi difícil convencê-la de que deveria denunciá-lo”, conta.“A denúncia detona um processo que deixa ainda mais complicada a separação do casal, a partilha, principalmente quando o marido é intimado na delegacia.”
A advogada acredita que a dependência financeira pesa menos do que a sensação de humilhação da mulher ao admitir ter sido agredida. “É sempre uma exposição pública disso, não? Denunciar a faz se sentir rebaixada, fraca. É preciso estimulá-la”, explica.
Entre as medidas mais duras instituídas, a Lei Maria da Penha prevê pena de três meses a três anos de detenção do marido agressor. Nos casos de violência contra a mulher portadora de deficiência, o tempo é acrescido de um terço.
Para as vítimas que correm risco de morte ou que sofrem ameaças, a legislação prevê que o juiz determine as medidas em até 48 horas, como, por exemplo, proibir o agressor de entrar em casa ou de ver os filhos. “Ao prestar atenção na história de Maria da Penha percebe-se a situação: ela precisou ser quase assassinada duas vezes para denunciar”, diz Amorim.
Na delegacia, a atriz no papel de psicóloga Aos 50, Rosa Gorbman é estagiária de Sérgio Duran, SÃO PAULO Sem uma boa conversa, atividade na qual é notável, a atriz Rosa Gorbman passaria despercebida. A mesa simples, em um salão no prédio de fundos da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher de São Paulo, no centro, é o que ela tem para desempenhar o novo papel ao qual se propôs: estagiária de psicologia. Aos 50 anos, ela cursa o último ano da faculdade.
“Sempre quis trabalhar em Delegacia da Mulher”, conta Rosa, que, entre outras produções do Grupo Tapa, atuou em Rastro Atrás (1995), de Jorge Andrade, dirigido por Eduardo Tolentino. Na delegacia, ela não conta histórias, mas ouve muitas. Diz sentir vontade de levantar e aplaudir mulheres que após décadas de agressão decidem denunciar seus maridos. A decisão, geralmente, é precedida de uma conversa com a semiprofissional para levar a vítima a ter certeza do passo que dará.
“A dependência emocional fala alto. É dura essa realidade do príncipe que virou sapo”, considera Rosa, que mantém união estável de 27 anos com o ator Zé Carlos Machado, conhecido no teatro e pelas novelas de Manoel Carlos. “A mulher agredida tem medo do desconhecido. Ela sabe que sobrevive às agressões.
Aquela realidade é bem conhecida dela. Mas e o que vem depois da separação?“, analisa.
O departamento onde a atriz trabalha ainda não foi totalmente estabelecido. Já existiu no passado, porém acabou desativado. A delegada-titular Celi Paulino Carvalho aposta na reativação do trabalho das psicólogas não apenas para humanizar as delegacias, mas também para tentar cuidar das famílias.
“Em muitos casos, é possível reverter até a separação. Tratar da violência doméstica é uma forma de prevenir a violência das ruas”, considera a delegada. A atriz é mais comedida nas análises. “Sei apenas que nenhuma mulher quer estar aqui. Para algumas, é uma espécie de atestado de incompetência de cuidar da própria vida, de dar conta dos obstáculos”, diz Rosa.
SENADO REFORÇA APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA
Mário Coelho
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (27), em caráter terminativo, o Projeto de Lei 49/11, que estabelece o fim da suspensão condicional do processo em casos de violência doméstica contra a mulher. Caso a matéria seja confirmada na Câmara, o inquérito contra agressores continuará tramitando na Justiça mesmo que a vítima desista da acusação. A proposta explicita na Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95) uma previsão que já existe na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), mas que não vinha sendo aplicada por juízes nos últimos anos.
A suspensão condicional de processo - ou sursis processual - pode ser proposta em crime com pena mínima de até um ano, quando o acusado não tenha praticado outro crime e atenda requisitos previstos no artigo 7º do Código Penal. Por conta de decisões recentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que aplicou a Lei dos Juizados Especiais em crimes de violência doméstica, a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) decidiu apresentar o projeto. "Crimes de violência doméstica não podem ser considerados de menor potencial ofensivo. Infelizmente, a Lei Maria da Penha começou a ser 'aguada' por juízes", disse a relatora da matéria na CCJ, senadora Marta Suplicy (PT-SP).
Como foi aprovada em caráter terminativo, a proposta não vai passar pelo plenário do Senado, indo diretamente para a Câmara. Os senadores também aprovaram emenda apresentada pela relatora, que acrescenta à Lei dos Juizados Especiais outra previsão da Maria da Penha: a abertura de processo contra acusado de violência doméstica pode ocorrer sem a representação da vítima, podendo ser motivada pelo Ministério Público. "A lei é uma grande conquista das mulheres. A emenda é um complemento para que juízes machistas não interpretem a lei de acordo com seu machismo", disparou a petista.
Aprovada de forma unânime, a matéria rendeu elogios de outros parlamentares. "É um projeto extraordinário, corrige duas distorções feitas pelo poder Judiciário e volta ao espírito da Lei Maria da Penha", afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Já o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), também favorável à matéria, lamentou o fato de o Senado ter de elaborar outro projeto tratando do mesmo tema. "Dá um desânimo ter que escrever a mesma coisa duas vezes", reclamou, ressaltando as mudanças de interpretação feitas por integrantes do Judiciário.
A Lei Maria da Penha faz cinco anos
A Lei que completou no ano de 2011, cinco anos que entrou em vigor .Para a delegada da mulher, Érika Farias Fonseca Magalhães, a publicidade da lei e o trabalho realizado na Delegacia de Proteção a Mulher tem feito com que as denúncias aumentem. “A mulher passou a observar que a lei funciona e passou a procurar mais a delegacia. A mentalidade da mulher tem mudado e para melhor, o homem foi que parou no tempo. A mulher hoje em dia trabalha, tem sua independência financeira, a cabeça dela mudou e o homem não esta preparado para isso. A lei veio em um bom momento porque nunca tivemos uma lei que desse tantos poderes a polícia”, ressalta.					Os registros na delegacia mostram o aumento no número de inquérito, em relação ao ano passado de 60%. A expectativa é que até o final do ano sejam alcançados 900 inquéritos. encaminhados a Justiça 102.
“Antes da Lei Maria da Penha era confeccionado apenas um Termo de Ocorrência Circunstanciado (TOC). Uma ameaça de um marido para com a sua esposa era tratada da mesma forma que uma briga de duas vizinhas, um problema de menos importância. Então com a Lei, nós lavramos o ato de prisão em flagrante delito, podendo representar as medidas protetivas de urgência a Justiça, representamos a prisão preventiva. Em Aracaju foi criada a 11ª Vara Criminal no Fórum Gumercindo Bessa o que tem nos ajudado muito. Temos na capital tanto o judiciário como o Ministério Público andando ao nosso lado”.
	Vejamos mais informações sobre a lei:
Em 1983, a biofarmaceutica cearense Maria da Penha Fernandes levou um tiro nas costas enquanto dormia. Meses depois o autor do disparo, o próprio marido de Maria da Penha, o professor Marco Antonio Herredia Viveros, tentou novamente assassinar a mulher eletrocutada. Ela ficou tetraplégica e demorou 20 anos para ver o ex-companheiro condenado pelas tentativas de homicídio. Essa é uma das muitas histórias de mulheres que viveram situações de violência em seu cotidiano. 	 O movimento de mulheres e o movimento feminista sempre reivindicaram do Estado ações para prevenir a violência e punir os agressores. Para a elaboração da Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, a SPM e representantes de várias ONGs construíram esse processo a partir do acúmulo dos anos de luta das mulheres brasileiras. 	O que mudou nesses cinco anos de Lei Maria da Penha? Muita coisa. Mulheresvítimas de violência passaram a acreditar na Justiça e a denunciar os agressores, a maioria deles companheiros e namorados. Boa parte da sociedade começou a entender que briga de marido e mulher não é coisa de casal. É humilhação, crime e fere os direitos das mulheres. Por isso, todo mundo tem que “meter a colher” mesmo e denunciar a violência. É obrigação de todas as pessoas.									Dados do Ligue 180, mantido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, revelam que pelo menos 59% das vítimas de violência têm renda suficiente para deixar para trás um casamento infeliz. O problema é a dependência emocional que leva essas mulheres a um processo de baixa auto-estima, a acreditar que o marido, o cônjuge, o namorado podem mudar de comportamento. As informações do Ligue 180 infelizmente desmentem. Cerca de 40% das vítimas sofrem a agressão por mais de 10 anos, todos os dias. E, pior, na frente dos filhos. É bom saber que 65% dessas crianças e adolescentes assistem a suas mães serem espancadas e outras 20% viram também alvo dos agressores.	Muita coisa mudou nesses cinco anos de Lei Maria da Penha. A sociedade está mais atenta à violência praticada contra a mulher. Pesquisa da Avon/Ipsos, feita em 2011, revela que “seis em cada 10 entrevistados alegaram conhecer alguma mulher que sofreu violência. Desse total, 63% afirmaram ter tomado algum tipo de providência para ajudar”. Isso significa que há uma mobilização social, principalmente das mulheres (72%), de apoiar as vítimas de agressão.									Ainda estamos longe de ver o Brasil livre da violência contra a mulher, mas é inegável o avanço nessa luta que deve ser de mulheres e homens. Para que um dia alcancemos um país em que todas e todos sejam tratados de forma igualitária, dividam as atribuições da casa, a responsabilidade com os filhos e idosos e os salários e as oportunidades de estudo e emprego sejam equivalentes, temos que começar a mudar nossa atitude. E ela começa em nosso cotidiano.
Educação
A delegada Érika Farias trata da importância da educação dos filhos menores e frisa que o papel dos pais na construção de um mundo sem violência contra a mulher. “Penso que essa violência não vai acabar a curto prazo, enquanto nós não mudarmos a educação dos nossos filhos. Porque as próprias mães são as primeiras a colocar o machismo na cabeça dos meninos. A filha mulher já pela manhã arruma a cama, ajuda nas tarefas domésticas, a mulher tem horário para chegar em casa. Acho que um dia, não digo acabar mais tentar amenizar, tentar diminuir essa violência a partir do momento que existir a educação, que é a base de tudo”, lembra a delegada que aponta fatores como alcoolismo e uso de entorpecentes como causas da violência doméstica.
	
Medidas protetivas
As medidas protetivas estão dispostas no art. 22 da Lei 11.340/06, tal rol é apenas exemplificativo, não obstando ao magistrado a adoção de outras medias que entender cabíveis analisando cada caso concreto, em suas particularidades.
A delegada da mulher diz que com base na Lei Maria da Penha, a autoridade policial pode exigir o cumprimento das medidas protetivas como o afastamento do agressor, impedindo que o mesmo chegue perto da vítima. “Em caso de descumprimento nós representamos pela prisão preventiva. Graças a Deus a minoria dos nossos inquéritos leva a prisão. Agora o que a mulher não pode é se acovardar temos casos de representação de prisão em que a mulher chega após a prisão do agressor, chega a delegacia arrependida querendo retirar a queixa. A mulher iniciou tem que ir até o fim, doa a quem doer. A mulher precisa entender que foi o agressor quem procurou a situação”, alerta.
Não satisfeito com as medidas de proteção já mencionadas, o legislador da Lei Maria da Penha buscou proporcionar também medidas protetivas de urgência relativas diretamente à pessoa da vítima.
Referidas medidas estão elencadas no rol exemplificativo dos arts. 23 e 24 da Lei Maria da penha que já foi citado neste trabalho.
Casas Abrigos 
Mesmo reconhecendo a importância da Lei Maria da Penha a delegada diz que é preciso a criação de Casas Abrigos. Érika Farias lembra que no Estado existe somente um abrigo, localizado na capital. “Acho que deveria haver a criação de mais casas abrigos, inclusive no interior. Acho que está faltando isso para a mulher, nós só temos uma casa abrigo no Estado todo que fica na capital. Essa casa abrigo é mantida pela prefeitura, que sempre esta de portas abertas. O abriga mento é feito para Delegacia da Mulher”, explica.
“Mas posso dizer que a Lei Maria da Penha foi bastante positiva para o nosso país e nossa sociedade, temos casos que mulheres estão vivas graças a Lei. Graças a possibilidades que tivemos de naquele momento representar uma prisão preventiva”, comemora.
Formas de violência doméstica e familiar
	Elas estão dispostas no art. 7º e seus incisos, da lei citada: 	
 I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
A Violência física constitui qualquer agressão ao corpo da mulher, independentemente se as investidas deixem marcas ou não, bastando o uso da força bruta para que seja consumada.
Quanto à violência psicológica, descrita no inciso ll, é a forma mais freqüente e mais subjetiva das violências, até pela dificuldade de atentar-se que ela se configure como tal. A vítima, muitas vezes, nem se dá conta que agressões verbais, silêncios prolongados, tensões, manipulação de atos e desejos, são violência e deve ser denunciado.
Tocante à violência sexual, é caracterizada como uma forma de violência física de gênero, atentória à liberdade sexual da mulher originada das diferenças de gênero, sob a forma de desigualdade já referida. A violência sexual masculina nada mais é do que mais uma forma de controle das mulheres, de caráter pessoal.
Já a violência patrimonial, prevista no inciso lV, tem supedâneo no capítulo dos crimes contra o patrimônio do Código Penal vigente.
Finalmente, tem-se a violência moral, prevista o inciso V, que são amparados pelo Código Penal brasileiro nos artigos 138, 139 e 140, quais sejam, calúnia, difamação e injúria, respectivamente.
Considerações finais
Mencionados delitos são tidos como sendo atentados contra a honra, mas sua ocorrência em âmbito familiar configura-se como violência doméstica ou familiar de ordem moral.
Esta lei precisa ser aperfeiçoada para possibilitar e assegurar a inclusão da vítima na sociedade de maneira que ela possa retornar de maneira digna ao convívio com seus entes queridos.
Mencionamos o princípio da dignidade humana (princípio dos princípios),

Continue navegando