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<p>CBI of Miami</p><p>1</p><p>CBI of Miami</p><p>2</p><p>DIREITOS AUTORAIS</p><p>Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos</p><p>sobre ele estão reservados.</p><p>Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar</p><p>e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou</p><p>quaisquer veículos de distribuição e mídia.</p><p>Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações</p><p>legais.</p><p>CBI of Miami</p><p>3</p><p>Reforço Não-Contingente – NCR</p><p>Lucelmo Lacerda</p><p>Vocês se lembram do que é “reforço”? É uma consequência a certa</p><p>resposta cuja probabilidade de ocorrer no futuro aumenta. Mas é preciso que</p><p>esta consequência seja contingente à resposta, isto é, seja produzida pela</p><p>resposta, que haja uma relação necessária entre resposta e consequência.</p><p>Assim, é absurdo que haja um reforçamento que seja “não contingente”,</p><p>porque, se algo é entregue ao sujeito, mas “não contingente” a uma resposta,</p><p>este algo pode ser muitas coisas, mas não “reforçamento”.</p><p>Dito isso, ainda assim, este é o nome deste procedimento, que é</p><p>bastante simples e prático. Trata-se de identificar reforçadores para uma certa</p><p>pessoa e entregá-los, simplesmente, em decorrência de certa passagem de</p><p>tempo, independentemente do que o sujeito fizer ou deixar de fazer.</p><p>A grande vantagem deste procedimento é que ele pode ser feito,</p><p>normalmente, mesmo sem uma Análise Funcional do comportamento-</p><p>problema. Ou seja, eu tenho um comportamento que desejo eliminar, ele é</p><p>meu comportamento-alvo e eu NÃO fiz a Análise Funcional de sua ocorrência,</p><p>não sei se ele é mantido por atenção, acesso a itens, fuga, enfim, não sei qual</p><p>é a função, mas, ainda assim, eu posso formular um procedimento de Reforço</p><p>Não-Contingente.</p><p>A questão é bem simples: eu tenho uma pessoa cujo reforçador eu</p><p>conheço e lhe entrego este reforçador de tempos em tempos, a depender de</p><p>meu planejamento. O comportamento-alvo tende a cair, mesmo em casos em</p><p>que o reforçador que eu entreguei não seja o mesmo que controla o</p><p>comportamento problemático.</p><p>No campo teórico, há uma enorme discussão sobre a necessidade de</p><p>Análise Funcional para comportamento-problema; esta é a posição de Brian</p><p>Iwatta, com evidências mais sólidas acumuladas em três décadas de pesquisa,</p><p>e por Hanley, o maior defensor do esquema de Reforço Não Contingente,</p><p>também com farta pesquisa.</p><p>CBI of Miami</p><p>4</p><p>Imaginemos o menino Rafinha, que chora para ter acesso a algum</p><p>reforçador, digamos que ao celular da mãe e, sempre que ele chora muito, a</p><p>mãe entrega- lhe o celular. Se ela verificar que ele faz isso a cada certo tempo</p><p>e lhe entregar de tempo em tempo o celular, mesmo que ele tenha feito o</p><p>choro no intervalo, ele parará de chorar para isso. Mas, neste caso, trata-se</p><p>de entregar o mesmo reforçador. Nesta situação, foi bem simples identificar o</p><p>reforçador que mantinha o comportamento, mas, normalmente, isto irá</p><p>requerer uma Análise Funcional, às vezes muito difícil de se realizar. Por isso,</p><p>a mãe poderia entregar algum reforçador de alta preferência para o menino,</p><p>regularmente, e, ainda assim, há uma tendência de o comportamento</p><p>problemático ser reduzido.</p><p>Continuemos neste exemplo e vamos pensar no procedimento. A mãe</p><p>do Rafinha definiu o comportamento dele como: “chorar, em tom audível à</p><p>mãe” e decidiu medir este comportamento. Diferentemente dos demais</p><p>comportamentos trabalhados neste curso, o comportamento de chorar, se for</p><p>estendido no tempo, é melhor mensurado por meio de um registro de duração</p><p>e não por um registro de eventos.</p><p>A Mãe do Rafinha mediu seu comportamento e avaliou que o choro era,</p><p>em média, 4 vezes ao dia (quando acordava às 8h; 12h30, quando ia para a</p><p>escola; quando chegava, às 17h30 e quando ia dormir, às 22h), com uma</p><p>duração média de 15 minutos até ela ceder. O acesso ao celular tinha o tempo</p><p>exato de assistir a um episódio pequeno de 10 minutos da Galinha Pintadinha.</p><p>Por motivos pessoais, a mãe não desejava estabelecer “assistir à Galinha</p><p>Pintadinha” como consequência reforçadora de outros comportamentos.</p><p>A média de acesso ao reforçador, por sua vez, era com 2 horas e 25</p><p>minutos de intervalo. Determinou-se, então, a entrega do celular à criança, na</p><p>metade deste tempo, sem ser contingente a nenhum comportamento</p><p>específico, somente ao tempo, daí que alguns prefiram chamar o</p><p>procedimento de esquema de reforçamento por tempo.</p><p>Este tempo é, então, estendido gradativamente até aquele que seja</p><p>sustentável.</p>