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<p>BPC da LOAS</p><p>Teses Práticas</p><p>Nome do(a) Professor(a)Alexandre</p><p>Schumacher Triches</p><p>Fundamento Constitucional</p><p>� Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,</p><p>independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:</p><p>� I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;</p><p>� II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;</p><p>� III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;</p><p>� IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a</p><p>promoção de sua integração à vida comunitária;</p><p>� V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à</p><p>pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem</p><p>não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-</p><p>la provida por sua família, conforme dispuser a lei.</p><p>Fundamento Constitucional</p><p>� Art. 6º São direitos sociais a educação, a</p><p>saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,</p><p>o transporte, o lazer, a segurança, a</p><p>previdência social, a proteção à maternidade</p><p>e à infância, a assistência aos</p><p>desamparados, na forma desta</p><p>Constituição. (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 90, de 2015)</p><p>Fundamento Constitucional</p><p>�Art. 5º Todos são iguais perante a</p><p>lei, sem distinção de qualquer</p><p>natureza, garantindo-se aos</p><p>brasileiros e aos estrangeiros</p><p>residentes no País a inviolabilidade</p><p>do direito à vida, à liberdade, à</p><p>igualdade, à segurança e à</p><p>propriedade, nos termos seguintes:</p><p>Fontes normativas</p><p>infraconstitucionais</p><p>� Lei n. 8.742/93 – Lei Orgânica da Assistência Social.</p><p>� Decreto n. 6.214/07 – Regulamento da Assistência</p><p>Social.</p><p>� Portaria Conjunta INSS n. 3/2018 – Regra</p><p>administrativa.</p><p>� Decreto 6.135/2007 – Regulamenta o cadúnico.</p><p>� Portaria conjunta INSS n. 7/2020.</p><p>� Lei n. 13.146/2015.</p><p>� Lei n. 13.982/2020.</p><p>� Portaria n. 374/2020.</p><p>Fundamento infraconstitucional</p><p>� Art. 20. O benefício de prestação continuada é a</p><p>garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa</p><p>com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e</p><p>cinco) anos ou mais que comprovem não possuir</p><p>meios de prover a própria manutenção nem de</p><p>tê-la provida por sua</p><p>família. (Redação dada pela Lei nº</p><p>12.435, de 2011) (Vide Lei nº 13.985, de</p><p>2020)</p><p>Deficiência não é incapacidade</p><p>� Art. 20, (...)</p><p>� § 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação</p><p>continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela</p><p>que tem impedimento de longo prazo de natureza física,</p><p>mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com</p><p>uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação</p><p>plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições</p><p>com as demais pessoas. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)</p><p>� (...)</p><p>� § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os</p><p>fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo</p><p>prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei</p><p>nº 12.470, de 2011)</p><p>Quais são as barreiras – Lei n.</p><p>13.146/15</p><p>� IV- barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que</p><p>limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a</p><p>fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de</p><p>movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à</p><p>compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:</p><p>� a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e</p><p>privados abertos ao público ou de uso coletivo;</p><p>� b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;</p><p>� c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de</p><p>transportes;</p><p>� d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave,</p><p>obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a</p><p>expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio</p><p>de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;</p><p>� e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou</p><p>prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade</p><p>de condições e oportunidades com as demais pessoas;</p><p>� f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa</p><p>com deficiência às tecnologias.</p><p>Alteração da súmula 48 TNU</p><p>� Para fins de concessão do benefício</p><p>assistencial de prestação continuada, o</p><p>conceito de pessoa com deficiência, que</p><p>não se confunde necessariamente com</p><p>situação de incapacidade laborativa, exige</p><p>a configuração de impedimento de longo</p><p>prazo com duração mínima de 2 (dois)</p><p>anos, a ser aferido no caso concreto,</p><p>desde o início do impedimento até a data</p><p>prevista para a sua cessação.</p><p>Modelo do Judiciário: Súmula 80 -</p><p>TNU</p><p>� Nos pedidos de benefício de prestação</p><p>continuada (LOAS), tendo em vista o advento da</p><p>Lei 12.470/11, para adequada valoração dos</p><p>fatores ambientais, sociais, econômicos e</p><p>pessoais que impactam na participação da</p><p>pessoa com deficiência na sociedade, é</p><p>necessária a realização de avaliação social por</p><p>assistente social ou outras providências aptas a</p><p>revelar a efetiva condição vivida no meio social</p><p>pelo requerente.</p><p>Modelo do INSS: Portaria n. 1 do</p><p>INSS</p><p>� PORTARIA INTERMINISTERIAL AGU/MPS/MF/SEDH/MP Nº 1 DE</p><p>27.01.2014</p><p>� D.O.U.: 30.01.2014</p><p>� Aprova o instrumento destinado à avaliação do</p><p>segurado da Previdência Social e à identificação dos</p><p>graus de deficiência, bem como define impedimento de</p><p>longo prazo, para os efeitos do Decreto n° 3.048, de 6</p><p>de maio de 1999.</p><p>Um caso concreto</p><p>� Processo n. 50572483620144047100.</p><p>� 20. Vara Federal de Porto Alegre.</p><p>� Perícia biopsicossocial postulada na via judicial,</p><p>para ser realizada na via administrativa e</p><p>subsidiar decisão judicial.</p><p>Conceito de Família</p><p>� Art 20 (...)</p><p>� § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a</p><p>família é composta pelo requerente, o cônjuge ou</p><p>companheiro, os pais e, na ausência de um</p><p>deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos</p><p>solteiros, os filhos e enteados solteiros e os</p><p>menores tutelados, desde que vivam sob o</p><p>mesmo teto. (Redação dada pela Lei</p><p>nº 12.435, de 2011)</p><p>interpretação restritiva destes dispositivos,</p><p>de modo que apenas aqueles expressamente</p><p>indicados são considerados para fins de</p><p>definição do grupo familiar.</p><p>Não compõem o grupo familiar, para efeitos do cálculo da renda mensal</p><p>familiar per capita</p><p>IMPORTANCIA DA PORTARIA CONJUNTA INSS N. 3/2018</p><p>� o internado ou acolhido em instituições de longa permanência como</p><p>abrigo, hospital ou instituição congênere;</p><p>� o filho ou o enteado que tenha constituído união estável, ainda que</p><p>resida sob o mesmo teto;</p><p>� o irmão, o filho ou o enteado que seja divorciado, viúvo ou separado de</p><p>fato, ainda que vivam sob o mesmo teto do requerente; e</p><p>� o tutor ou curador, desde não seja um dos elencados no rol do § 1º do</p><p>art. 20 da Lei nº 8.742, de 1993.</p><p>� A coabitação do requerente com algum membro de sua família em uma</p><p>mesma instituição hospitalar, de abrigamento ou congênere,</p><p>� rendimentos não regulares decorrentes de atividades eventuais</p><p>exercidas em caráter informal, não serão computadas na renda</p><p>bruta familiar desde que o valor anual declarado dividido por</p><p>doze meses seja inferior a um quarto do salário mínimo.</p><p>Cadunico</p><p>� Com a publicação do Decreto nº 8.805/2016, a</p><p>inscrição no Cadastro Único de Programas</p><p>Sociais do Governo Federal – CadÚnico –</p><p>passou a ser requisito obrigatório para a</p><p>concessão do benefício. O cadastramento deve</p><p>ser realizado antes da apresentação de</p><p>requerimento à unidade do INSS para a</p><p>concessão do benefício.</p><p>Caso da Jane</p><p>� No caso em tela, houve, em juízo, produção de laudo médico pericial (eventos 14 e 30), realizado por médica do</p><p>trabalho, o qual atesta que a parte autora é portadora de defeitos de campo visual (CID H 53.4), neoplasia maligna de ovário (CID</p><p>C56) e ansiedade generalizada (CID F 411), havendo incapacidade laboral parcial e permanente.</p><p>� Dessa forma, atendido ao requisito da incapacidade, a controvérsia dos autos está cingida ao preenchimento do</p><p>requisito de miserabilidade.</p><p>� Para aferição das condições socioeconômicas do grupo familiar, houve, em juízo, produção de prova pericial</p><p>socioeconômica, da qual se afere que o grupo familiar é formado</p><p>pela parte autora, Jaine da Rocha Bernardoni, 62 anos, arquiteta;</p><p>por Jaime Correa da Rocha, seu irmão, 53 anos, realiza biscates de mecânica; e por Carlos Aita, seu cunhado, 78 anos,</p><p>aposentador (evento 34 - LAUDO1).</p><p>� Destaco, inicialmente, que, diante da interpretação restritiva que deve ser dada ao §1º do art. 20 da Lei 8.742/93, o</p><p>cunhado da parte autora não integra seu grupo familiar. Assim, o grupo familiar a ser considerado é formado apenas pela parte</p><p>autora e seu irmão, o qual aufere, eventualmente, renda no valor de R$20,00 realizando biscates de mecânico, de forma que a</p><p>renda per capita do grupo familiar é inferior ao critério legal, o que gera uma presunção absoluta de miserabilidade.</p><p>� Consoante consta no laudo, além das despesas mensais ordinárias, a parte autora possui gastos com medicamentos</p><p>e transporte que são custeados por seu filho.</p><p>� Acerca das condições físicas da residência onde reside a parte autora, informou a assistente social que se trata de</p><p>imóvel próprio (em nome do pai da parte autora), misto (parte em madeira e parte em alvenaria), sem apresentar organização,</p><p>alguns pontos denotam poucas condições de higiene, manutenção e até em situação com característica de insalubridade</p><p>� Desse modo, verifico que a parte demandante comprovou, além da condição de deficiência, não possuir</p><p>disponibilidade econômica, própria ou do grupo familiar, para prover suas necessidades básicas.</p><p>� Assim, voto pela reforma da sentença para que seja julgado procedente o pedido de modo a conceder o benefício</p><p>assistencial de prestação continuada NB 702.701.969-9 à parte autora desde a DER, em 14/10/2016, bem como condenar a</p><p>autarquia ao pagamento das parcelas vencidas e vincendas, devidamente corrigidas e acrescidas de juros, nos termos da</p><p>fundamentação.</p><p>� Processo n. RECURSO CÍVEL Nº 5037344-25.2017.4.04.7100/RS</p><p>Critério socioeconômico</p><p>� Art. 20 (...)</p><p>� § 3º Considera-se incapaz de prover a</p><p>manutenção da pessoa com deficiência ou idosa</p><p>a família cuja renda mensal per capita seja:</p><p>(Redação dada pela Lei nº 13.982, de 2020)</p><p>� I - inferior a um quarto do salário mínimo;</p><p>(Redação dada pela Medida Provisória nº 1.023,</p><p>de 2020) Vigência</p><p>Inconstitucionalidade STF?</p><p>� STF – Tema 27 (Repercussão Geral) – É</p><p>inconstitucional o § 3º do artigo 20 da Lei 8.742/1993,</p><p>que estabelece a renda familiar mensal per capita</p><p>inferior a um quarto do salário mínimo como requisito</p><p>obrigatório para concessão do benefício assistencial</p><p>de prestação continuada previsto no artigo 203, V, da</p><p>Constituição.[-] (RE 567985, Relator(a): Min.</p><p>MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.</p><p>GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em</p><p>18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194</p><p>DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013)</p><p>Superior Tribunal de Justiça</p><p>� STJ – Tema 185 (Recursos Repetitivos) – A</p><p>limitação do valor da renda per capita familiar</p><p>não deve ser considerada a única forma de se</p><p>comprovar que a pessoa não possui outros</p><p>meios para prover a própria manutenção ou de</p><p>tê-la provida por sua família, pois é apenas um</p><p>elemento objetivo para se aferir a necessidade,</p><p>ou seja, presume-se absolutamente a</p><p>miserabilidade quando comprovada a renda per</p><p>capita inferior a 1/4 do salário mínimo.</p><p>IRDR n. 12 – TRF4</p><p>� O limite mínimo previsto no art. 20, § 3º, da Lei</p><p>8.742/93 ('considera-se incapaz de prover a</p><p>manutenção da pessoa com deficiência ou idosa</p><p>a família cuja renda mensal per capita seja</p><p>inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo')</p><p>gera, para a concessão do benefício assistencial,</p><p>uma presunção absoluta de miserabilidade.</p><p>Aguarda julgamento no STJ – Não foi recepcionado como</p><p>representativo de controvérsia no STJ.</p><p>Portaria Conjunta n. 7/2020</p><p>� "Art. 8º, (...)</p><p>� Inciso III -</p><p>.....................................................................................</p><p>� f) nos termos da Ação Civil Pública nº 50444874-</p><p>222013.404.7100-RS, será deduzido da renda</p><p>mensal bruta familiar o valor mensal gasto com</p><p>medicamentos, alimentação especial, fraldas</p><p>descartáveis e consultas na área da saúde, desde</p><p>que comprovada a prescrição médica desses</p><p>elementos e a negativa de seu fornecimento por</p><p>órgão da rede pública de saúde com essa atribuição</p><p>em seu município de domicílio.</p><p>Lei n. 13.982/2020 na LOAS</p><p>� Art. 20(...)</p><p>� § 14. O benefício de prestação continuada ou o</p><p>benefício previdenciário no valor de até 1 (um)</p><p>salário-mínimo concedido a idoso acima de 65</p><p>(sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa com</p><p>deficiência não será computado, para fins de</p><p>concessão do benefício de prestação continuada</p><p>a outro idoso ou pessoa com deficiência da</p><p>mesma família, no cálculo da renda a que se</p><p>refere o § 3º deste artigo.</p><p>Para terminar:</p><p>A deficiência encontra-se conceituada no preâmbulo</p><p>Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas</p><p>com Deficiência, aprovada e ratificada pelo Brasil, que</p><p>afirma na alínea "e": "reconhecendo que a deficiência é um</p><p>conceito em evolução e que a deficiência resulta da</p><p>interação entre pessoas com deficiência e as</p><p>barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que</p><p>impedem a plena e efetiva participação dessas</p><p>pessoas na sociedade em igualdade de</p><p>oportunidades com as demais pessoas".</p>