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Profª. Ms. Michelle Falcão UNIME- União Metropolitana de Educação e Cultura Faculdade de Ciências Agrárias e da Saúde Curso de Odontologia Introdução às Ciências Odontológicas A saúde bucal segue os passos da medicina... Prática assistencialista Excludente Pouquíssimo resolutiva http://www.apcd.org.br/images/conteudo/453.jpg (NARVAI, 2002) http://inet.sitepac.pt/ForumIdosos01.jpg SÍMBOLOS h ttp ://y u z u ru .w o rd p re s s .c o m /2 0 0 7 /0 5 /2 3 /h in o -o rfic o -d e -m e rc u rio / CADUCEU ODONTOLOGIAMEDICINA A institucionalização da Saúde Bucal no Brasil Início do século XX Consolidação dos EUA como potência Influências do modelo norte-americano: no ensino odontológico nas práticas odontológicas (NARVAI, 2002) Modelo de educação e prática odontológica Norte-americano Cientificista ou Flexneriano Indivíduo: objeto de prática e responsável pela sua saúde (NARVAI, 2002) Elementos estruturais e ideológicos do modelo Norte-americano Biologismo – exclui a causa social Mecanicismo – compara o corpo com a máquina Centralização de recursos (hospitalocêntrica, urbanocêntrica...) Especialização – fracionamento do conhecimento (NARVAI, 2002) Tecnificação do ato – associa qualidade à tecnologia de alta sofisticação Ênfase na prática curativa – mais tecnologia e maior custo Exclusão de práticas alternativas (NARVAI, 2002) Elementos estruturais e ideológicos do modelo Norte-americano “Odontologia nas Escolas” uma influência norte-americana 1912 – 1952 na esfera pública: atendimento odontológico escolar Falta de planejamento Falta de avaliação do serviço Falta de preparo dos profissionais para as tarefas sanitárias (NARVAI, 2002) Incremental Dental Care Continuando nas escolas... SISTEMA INCREMENTAL 1ª experiência no Brasil: Aymorés-MG, 1952 Cobertura gradual e ascendente a partir das idades menores (atuar nos momentos de menor prevalência da doença) (NARVAI, 2002) Sistema Incremental (mais uma influência norte-americana) “justificativa” “prevenindo a cárie na infância, as pessoas estarão protegidas na fase adulta” Sistema Incremental A atenção odontológica se restringiu aos escolares do ensino fundamental (base populacional de maior facilidade administrativa...) Aos adultos: apenas os atendimentos de urgência! E foi assim...durante 40 anos! (NARVAI, 2002) Uma Odontologia “de costas” para a realidade social e epidemiológica do Brasil Ano 1940 Ano 1970 “Era de Ouro” (ZANETTI, 2000) Sistema Preventivista (anos 60-70) Fluoretação das águas: complô comunista para dominar a América Latina (Birchers) (NARVAI, 2002) “algo excêntrico (levadas à frente por poetas’), não lucrativas, de difícil aplicação (...) “coisa de comunistas para acabar com a Odontologia.’” Passou a ser mais “respeitada” quando do desenvolvimento da CARIOLOGIA e do êxito no controle da cárie nos países do Primeiro Mundo. (NARVAI, 2002) Sistema Preventivista (anos 60-70) asfadasdodente.com.br Alguns equívocos... As ações preventivas ainda com visão biológico- curativista Componente social não era visto com a devida importância... (NARVAI, 2002) Sistema Preventivista (anos 60-70) Alguns equívocos.. Tendência de se separar o curativo do preventivo... Para a prevenção: o serviço público Para o curativo: a clínica particular Sistema Preventivista (anos 60-70) Uma grande limitação... “A Odontologia Preventiva, ao estudar um método preventivo, não cogita saber se aquele método será utilizado em clínica particular ou em saúde pública.” (Chaves apud NARVAI 2002, p.31) Sistema Preventivista (anos 60-70) Odontologia Simplificada (anos 70) “uma prática profissional que permita, através da padronização, da diminuição de passos e elementos e eliminação do supérfluo, tornar mais simples e barata a Odontologia, sem alterar a qualidade dos trabalhos realizados. E que, ao tornar-se mais produtiva, torna viável os programas de extensão de cobertura.” (Mendes; Marcos 1984 apud NARVAI 2002, p.54) Não questiona o hegemônico, flexneriano, priorizando o curativo Funciona como odontologia “complementar” para as classes marginalizadas Simplificação em relação aos recursos humanos e equipamentos (Mendes; Marcos 1984 apud NARVAI 2002) Odontologia Simplificada (anos 70) Algumas distorções... A queda da qualidade! O dilema: qualidade X quantidade “...uma fantasia de que, necessariamente, um trabalho de alta produtividade exige o sacrifício da qualidade.” (Mendes; Marcos 1984 apud NARVAI 2002, p.55) Odontologia Simplificada (anos 70) Relatório Carnegie “desflexinerização” EUA, 1970 1. Integração docente-assistencial 2. Expansão da formação de auxiliares e técnicos 3. Integração de matérias básicas e profissionalizantes 4. Incremento de matrículas com prioridade para estudantes provenientes de baixa renda e grupos minoritários 5. Estruturação de um programa sanitário nacional (NARVAI, 2002) A Odontologia Integral (anos 80) Elementos ideológicos • Coletivismo (objeto coletivo da prática) • Ênfase na prevenção • Descentralização da atenção (hierarquização em níveis de atenção e universalização das ações básicas) • Tecnologia apropriada (adequação à realidade social e cultural, auto-suficiente e confiável) (NARVAI, 2002) Elementos ideológicos Inclusão de técnicas alternativas (construção de uma prática com alternativas da comunidade) Equipe de saúde (não centrada no profissional isolado nem na especialização universalizada) Participação comunitária (atenção não deve partir de cima para baixo, mas a partir de uma participação ativa da própria comunidade) (NARVAI, 2002) A Odontologia Integral (anos 80) Saindo da Escola... 1. Programação centrada nas Unidades Básicas de Saúde 2. Programa de Inversão (extensão da cobertura e estratégia de adequação) 3. Programação com ênfase promocional - Curitiba (no PSF – critérios de risco, organização do fluxo, ações preventivo-promocionais e curativas) 4. Fluoretação das águas Saúde Pública Representa o investimento político da medicina e a dimensão social das enfermidades funda-se no biologismo, perdendo a especificidade social das comunidades Saúde Coletiva Critica o naturalismo do saber médico: Introdução da ciências humanas no campo da saúde Assume caráter MULTIDISCIPLINAR A Saúde Bucal Coletiva mas... Problematiza “o normal” “o patológico”... Assistência Odontológica - Ações clínicas e cirúrgicas restritas, limitadas ao atendimento individual Atenção à Saúde Bucal - Serviços de assistência individual - Ações sobre as causas da doença (biológicas, sociais, econômicas, políticas,...) A Saúde Bucal Coletiva 1ª Conferência Nacional de Saúde Bucal (1986) Programa Nacional de Saúde Bucal 1. Municipal 2. Estadual 3. Federal (FRAZÃO; NARVAI, 2009) Inserção da Saúde Bucal no SUS (universalizado, hierarquizado, ...) Presidente José Sarney 1985 – 1989 Programa Nacional de Controle da Cárie Dental com Uso de Selantes e Flúor (PNCCSF, 1988) Programa Nacional de prevenção da Cárie Dental (PRECAD, 1989) 1ª CNSB (1986) ENATESPO (1984) (FRAZÃO; NARVAI, 2009) http://hostiliocaio.blog.uol.com.br/images/aaaasarney.jpg Presidente Fernando Affonso Collor de Mello 1989 Programa Nacional de Controle da Cárie Dental com Uso de Selantes e Flúor (PNCCSF, 1988) Programa Nacional de Prevenção da Cárie Dental (PRECAD, 1989) (FRAZÃO; NARVAI, 2009) http://www.reporterdiario.com.br/blogs/ocorvo/wp-content/uploads/2007/10/presidente-collor.jpg Plano Quinquenal de Saúde 1990-1995: a saúde do Brasil Novo Presidente Itamar Franco 1992-1994 http://www.alerj.rj.gov.br/livro/imagens/inpeachment/pag_180.gif 1993 - 2ª CNSB “Saúde bucal é direito de cidadania” Governo Itamar: mantém a baixa prioridade para a Política Nacional de Saúde Bucal (FRAZÃO; NARVAI, 2009)Presidente Itamar Franco 1992-1994 http://flitparalisante.files.wordpress.com/2009/07/180px-itamarfranco.jpg Presidente Fernando Henrique Cardoso 1994-2002 Avanço no processo de descentralização; Piso da Atenção Básica Gestão Local Expansão da Atenção Básica Ano 2000: a Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família (PSF) Portaria 1.444 de 28/12/2000 do MS http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/14/Fhc-color.jpg/250px-Fhc-color.jpg (FRAZÃO; NARVAI, 2009) Presidente Luís Inácio Lula da Silva 2002-2005 Política Nacional de Saúde Bucal 2004 Lançamento do BRASIL SORRIDENTE Março de 2004 em Sobral/CE O início da elaboração da PNSB Era preciso construir uma Política de Saúde Bucal condizente com os princípios constitucionais do SUS: Universalização do acesso Integralidade Equidade Controle Social (BRASIL, 2006) Política Nacional de Saúde Bucal Diretrizes para a reorientação do modelo de atenção em saúde bucal, em todos os níveis de atenção “Assistência ao doente” •Promoção da qualidade de vida •Intervenção nos fatores de risco •Ações programáticas •Ações intersetoriais PNSB – Princípios Norteadores 1. Gestão participativa 2. Ética 3. Acesso 4. Acolhimento (receber, escutar, atender, encaminhar e acompanhar) 5. Vínculo 6. Responsabilidade profissional (garantir respostas resolutivas, co-responsável no enfrentamento dos fatores associados ao processo saúde-doença no seu território) PNSB – Ações Ações de Promoção e Proteção de saúde 1. Fluoretação das águas de abastecimento 2. Educação em saúde 3. Higiene bucal supervisionada 4. Aplicação Tópica de Flúor Ações de recuperação Ações de reabilitação Ações de proteção: no individual e no coletivo na USF e na COMUNIDADE Grupo de idosos, adolescentes, diabéticos, hipertensos, gestantes, planejamento familiar,sala de espera Domicílios, escolas, creches, associações, clubes de mães, etc... Garantir acesso a escovas e cremes dentais e ações CONTÍNUAS Ação de educação em saúde numa escola da área de abrangência da USF Pq São Paulo, Lauro de Freitas - BA Ação de educação em saúde numa rua da área de abrangência da USF Pq São Paulo - Lauro de Freitas - BA Quadro da Saúde Bucal no Brasil Como era SB BRASIL 2003 Como estava SB BRASIL 2010 Média de dentes afetados pela cárie aos 5 anos 2,8 2,3 CPO-D de 15 a 19 anos 6,1 4,2 Necessidade de Prótese Dentária de 15 a 19 anos 27% 13% CPO-D de 35 a 44 anos 20,1 16,3 Média de dentes perdidos de 35 a 44 anos 13,2 7,3 Média de dentes tratados de 35 a 44 anos 4,2 7,1 Necessidade de Prótese Dentária superior e inferior de 65 a 74 anos 16% 15% Brasil Sorridente Fortalecimento da Odontologia no SUS Reorganização da Atenção Básica • Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família Estruturação da Atenção Especializada • Centros de Especialidades Odontológicas – CEO • Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias – LRPD Doação de Equipamentos Kits Odontológicos (Escova e creme dental) Unidades Móveis Odontológicas – UOM Equipe de Saúde Bucal Hospital Atenção em domicilio Centro de Especialidades Odontológica Laboratório de Prótese Dentária Serviços de Diagnóstico Resultado: estruturação da Rede de Atenção à Saúde Bucal no SUS Brasil Sorridente Fortalecimento da Odontologia no SUS Estruturação da Alta Complexidade Atendimento Hospitalar – Pessoas com Necessidades Especiais Câncer Bucal 5º lugar entre os tipos de câncer mais incidentes no sexo masculino e 6º no sexo feminino CACON E UNACON Fluoretação das Águas de Abastecimento Público 2003 2009 53% 65% População com acesso a água fluoretada 603 novos sistemas em parceria com a FUNASA Resultados Fonte: SIA-SUS Procedimentos clínicos em odontologia: In íc io B ra si l S o rr id e n te 75.000.000 85.000.000 95.000.000 105.000.000 115.000.000 125.000.000 135.000.000 145.000.000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 86 MILHÕES 136,5 MILHÕES Procedimentos especializados em odontologia: 2002 2009 6 milhões 25 milhões Aumento de 316% Resultados Fonte: SIA-SUS 2002 2010 Porcentagem de procedimentos de extração em comparação ao total de procedimentos realizados. Evolução de 2002 a 2010 - Brasil Resultados Fonte: SIA-SUS In íc io B ra si l S o rr id e n te 11,4% 11,0% 10,8% 9,8% 9,2% 8,6% 7,9% 6,3% 5,2% 5,2% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Como era em 2002 Como está atualmente População com acesso ao dentista 147,9 milhões 165,5 milhões População com acesso ao flúor 43% 65% Cobertura populacional por ESB 7% 35% CEO 0 853 LRPD 0 664 Kits de prevenção 0 72,6 milhões Equipamentos doados 0 5.500 Nº de procedimentos especializados 6 milhões 25 milhões Investimentos R$ 58 milhões R$ 658 milhões Quadro da Saúde Bucal no Brasil Brasil Sorridente Investimentos 2002 2003 - 2006 2007 - 2010 58 milhões 1,2 bilhão 2,7 bilhões Metas para 2011: Alcançar 1.050 CEO; Implantar 500 novos sistemas de abastecimento de água; Alcançar 24.000 mil Equipes de Saúde Bucal da ESF implantadas. O Futuro da Saúde Bucal no SUS “dependerá da forma como for equacionado, nos próximos anos, o desafio fundamental de fortalecer a sociedade civil, respeitar os movimentos sociais populares e consolidar a democracia. [...] Superar o ideário liberal-privatista e, levando em conta o interesse público, robustecer a capacidade de gestão das políticas públicas, da política de saúde e da PNSB.” (FRAZÃO; NARVAI 2009, p. 70) Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. A Política Nacional de Saúde Bucal no Brasil: registro de uma conquista histórica. Brasília. 2006 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasil Sorridente. Disponível em: ‹ http://dtr2004.saude.gov.br/dab/cnsb/cidades_atendidas.php ›. Acesso em: 06 maio 2009. COSTA, José Filipini Riani. CHAGAS, Luciana de Deus. SILVESTRE, Rosa Maria. A política Nacional de saúde bucal no Brasil: registro de uma conquista histórica. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2006.67p. (Série técnica desenvolvimento de sistemas de serviços de saúde, 11). FRAZÃO, P.; NARVAI, P.C. Saúde bucal no Sistema Único de Saúde: 20 anos de lutas por uma política pública. Saúde em debate, v.33, n.81, p.64-71, 2009. NARVAI, Paulo Capel. Odontologia e Saúde Bucal Coletiva. São Paulo: Santos, 2002. SCLIAR, Moacyr. Do mágico ao social: trajetória da Saúde Pública.São Paulo: SENAC, 2002. ZANETTI, C.H.G. A Crise da odontologia brasileira: as mudanças estruturais do mercado de serviços e o esgotamento do modo de regulação curativo de massa, 2000. Disponível em: <http://www.saudebucalcoletiva.unb.br/zanetti/doutorado_projeto.DOC>. Acesso em: 28 fev.2008.
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