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<p>Direito Penal III</p><p>Artigo 121 até o 212.</p><p>Objeto jurídico: bem juridicamente tutelado.</p><p>Estrutura do tipo: infração penal (gênero)</p><p>a) Crimes;</p><p>b) Contravenções.</p><p>Sujeito:</p><p>a) Ativo – autor, quem pratica a ação (pessoa jurídica é aceita ;</p><p>b) Passivo – vítima (em regra pode ser pessoa jurídica).</p><p>Tipo:</p><p>a) Objetivo: própria conduta ilícita.</p><p>b) Subjetivo: é onde está o elemento objetivo – dolo (vontade e consciência)/culpa (imprudência/negligência e imperícia).</p><p>*Tipicidade: enquadramento do fato na norma.</p><p>Dolo:</p><p>a) Direto: dolo eventual, quando se assume o risco da ação e não se importa com a consequência.</p><p>Tentativa: é quando há uma interrupção do ato por circunstâncias alheias à vontade do agente (modalidade culposa não admite tentativa).</p><p>Quando tem número é causa (majorantes ou minorantes), quando tem aumento é circunstância (atenuantes).</p><p>HOMICÍDIO</p><p>Art. 121 – pena de 6 a 20 anos</p><p>O bem juridicamente tutelado é a vida humana.</p><p>A vida intrauterina começa na nidação (fixação do óvulo na parede do útero – ocorre crime de aborto) e a vida extrauterina começa com a primeira respiração.</p><p>O homicídio simples não é hediondo, porém o qualificado sim.</p><p>Sujeito ativo: qualquer pessoa</p><p>Sujeito passivo: qualquer pessoa que tenha vida extrauterina.</p><p>Tipo objetivo: é a conduta, que é matar alguém, podendo ser comissivo ou omissivo, a ação pode ser mecânica, química, patogênica, psicológica.</p><p>Tipo subjetivo: admite modalidade culposa e dolosa.</p><p>Tentativa: admite</p><p>HOMICÍDIO PRIVILEGIADO</p><p>Art. 121 - § 2° Se o homicídio é cometido:</p><p>I – mediante pagamento ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;</p><p>Motivo torpe: uma corrente indica que torpeza vem de um componente financeiro e outra indica que vem de um motivo fútil</p><p>II - por motivo fútil;</p><p>É um motivo desproporcional/insignificantes para matar alguém. Ex. matar por uma discussão banal.</p><p>III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;</p><p>IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;</p><p>V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:</p><p>Pena - reclusão, de doze a trinta anos.</p><p>FEMINICÍDIO</p><p>VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino;</p><p>VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;</p><p>VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido;</p><p>Pena - reclusão, de doze a trinta anos.</p><p>§2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve;</p><p>I - violência doméstica e familiar;</p><p>II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.</p><p>HOMICÍDIO CULPOSO</p><p>Tem que haver uma conduta voluntária com um resultado involuntário (fato ilícito). O resultado tem que ser não querido/não aceito; previsto ou previsível; evitável.</p><p>SUICÍDIO</p><p>Artigo 122. O suicídio por si só não configura ato ilícito penal, o que configura a conduta é instigar, induzir ou auxiliar alguma pessoa eu seu suicídio. É crime doloso contra a vida, portanto passível de tribunal do júri. É admissível tentativa.</p><p>INFANTICÍDIO</p><p>Artigo 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. O estado puerperal é uma alteração psíquica que altera o comportamento devido aos hormônios da gravidez (situação constatada por perícia médica). Admite tentativa.</p><p>ABORTO</p><p>· Em nenhuma hipótese se admite aborto culposo.</p><p>Provocado pela gestante: artigo 124. Também chamado de autoaborto, é quando a mulher provoca aborto em si ou consente que outro o faça. O agente ativo necessariamente é a mulher.</p><p>Provocar aborto com consentimento da gestante: Artigo 126. Cometido por quem pratica o aborto na mulher (agente ativo). Pena de um a quatro anos.</p><p>Provocar aborto sem o consentimento da gestante: Artigo 125. Realizar aborto sem que a gestante consinta com o fato.</p><p>Aborto qualificado: Artigo 127. A pena do crime de aborto será aumentada de um terço se, em consequência do aborto a gestante sofre lesão corporal de natureza grave, e serão duplicadas se delas a gestante morrer.</p><p>Aborto necessário: Artigo 128, inciso I. O aborto não será punido quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou em caso de feto anencefálico.</p><p>Aborto resultante de estupro:</p><p>INTEGRIDADE FÍSICA</p><p>Lesão corporal: artigo 129. A lesão admite a modalidade dolosa e culposa, não pode ser consentida, caso for, não há crime. Admite tentativa desde que ocorra uma circunstância alheia à vontade do agente que impeça. Existem as modalidades (aplicadas apenas em caso doloso): lesão leve, grave, gravíssima e seguida de morte, quem vai avaliar o grau da lesão será o médico legista da polícia científica (IGP) por meio de laudo médico. A pena é de 3 meses a 1 ano.</p><p>*Há uma contravenção penal chamada vias de fato (praticar vias de fato), que são provocações e agressões praticadas por alguém que não resulte em uma lesão corporal.</p><p>Lesão de natureza grave: §1º.</p><p>I- Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias.</p><p>II- Perigo de vida real.</p><p>III- debilidade permanente de membro, sentido ou função.</p><p>IV - Aceleração de parto</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>Lesão de natureza gravíssima (§2º.):</p><p>I - Incapacidade permanente para o trabalho;</p><p>II - Enfermidade incurável;</p><p>III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;</p><p>IV - Deformidade permanente;</p><p>V – Aborto.</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos.</p><p>Lesão seguida de morte: §3º. Caso de preterdolo, havendo dolo antecedente e culpa no consequente. O autor do fato não queria matar (culpa), apenas lesar (dolo). Pena de 4 a 12 anos.</p><p>Violência doméstica: §9º. Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade a pena será de detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.</p><p>DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO</p><p>FURTO</p><p>Art. 155 – Subtrair para si ou para outrem, coisa alheia móvel (furto simples).</p><p>· É admissível tentativa;</p><p>· Há possibilidade de se aplicar a teoria da insignificância, sendo o autor do fato absolvido conforme cada caso concreto.</p><p>· É um crime comum (pode ser cometido por qualquer pessoa).</p><p>· O sujeito passivo é o dono do bem (proprietário) ou possuidor legítimo da coisa móvel.</p><p>· A consumação, de acordo com o STF, se dá pela saída, ainda que breve, do bem da vigilância da vítima.</p><p>Elemento subjetivo: o objetivo do agente é o assenhoramento definitivo do bem, para si ou outrem – há dolo e animus furandi. Não há modalidade culposa (pode ocorrer o erro de tipo, mas haverá absolvição).</p><p>Bem jurídico protegido: o patrimônio - consentimento do ofendido torna fato atípico - depois da subtração o consentimento é ineficaz.</p><p>Coisa móvel ou objeto material: é a própria coisa furtada. Ex. carro, celular...</p><p>Furto famélico: é o furto cometido em estado de necessidade, conforme o art. 24 do CP, ou seja, quem subtrai alimentos para saciar a própria fome ou a fome de um filho/terceiro, quando estiver sem condições para comprar. Aplica-se a excludente de ilicitude do estado de necessidade.</p><p>FURTO DURANTE O REPOUSO NOTURNO</p><p>§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.</p><p>É causa majorante da pena (1/3). O repouso noturno se considera, via de regra, entre às 18h e 6h.</p><p>FURTO PRIVILEGIADO</p><p>§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.</p><p>· Coisa de pequeno valor não se confunde com coisa insignificante. No furto, o pequeno valor atenua a pena.</p><p>FURTO QUALIFICADO</p><p>Art. 155, §4º, 5º e 6º.</p><p>§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:</p><p>I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;</p><p>Ex. Quebrar vidro para furtar algo dentro de uma casa.</p><p>II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;</p><p>Ex. empregado de confiança da empresa.</p><p>III - com emprego de chave falsa;</p><p>IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.</p><p>ROUBO</p><p>Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>· Consumação: inversão da posse do bem, com dolo de assenhoramento, sendo necessária a posse mansa a pacífica.</p><p>· Admite tentativa.</p><p>ROUBO SIMPLES IMPRÓPRIO</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.</p><p>· Essa modalidade não admite tentativa.</p><p>ROUBO CIRCUNSTANCIADO COM PENA AUMENTADA DE 1/3 A METADE</p><p>§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:</p><p>II - se há o concurso de duas ou mais pessoas - para esse fim consideram que a participação de um menor computa concurso;</p><p>III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.</p><p>IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;</p><p>V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.</p><p>VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.</p><p>VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;</p><p>PENA AUMENTADA DE 2/3</p><p>§2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):</p><p>I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;</p><p>II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.</p><p>ROUBO COM DOBRO DA PENA</p><p>§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.</p><p>ROUBO QUALIFICADO</p><p>§ 3º Se da violência resulta:</p><p>I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;</p><p>II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. – Latrocínio.</p><p>EXTORSÃO SIMPLES</p><p>Art. 158 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.</p><p>EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO</p><p>Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:</p><p>Pena - reclusão, de oito a quinze anos.</p><p>· É um crime complexo, pois resulta da fusão de dois delitos.</p><p>· O bem jurídico protegido é o patrimônio, a liberdade, a integridade física e a vida humana.</p><p>· Objeto material: é a privação da liberdade que também atinge o patrimônio.</p><p>Há possibilidade de aplicar o crime de extorsão em caso de sequestro de animal de estimação.</p><p>IMUNIDADES</p><p>Imunidade absoluta: art. 181. Nesse caso, a autoridade sequer pode instaurar inquérito policial, quando cumpridos os requisitos da imunidade.</p><p>Imunidade relativa: art. 182, transforma um crime que é de ação pública incondicionada para ação pública condicionada.</p>