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<p>AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>BRASILEIRA</p><p>Alan Elias Silva</p><p>Universidade Estadual do Maranhão</p><p>alan_es@hotmail.comm</p><p>RESUMO</p><p>O processo de terceirização teve surgimento no Brasil no setor privado na década de 50, e ao longo</p><p>dos anos foi inserida na Administração Pública. Contudo, nos dias atuais, a aplicação desta</p><p>modalidade de contratação para prestação de serviços vem sendo realizada de maneira exacerbada</p><p>ocasionando problemáticas de precarização do trabalho, pouca eficiência na gestão pública e</p><p>erradicando garantias do trabalhador. O processo de terceirização se denota uma forma de</p><p>flexibilização empresarial por meio um contrato a transferência na execução de atividades acessórias</p><p>para uma organização prestadora de serviços. Assim, este estudo versa sobre as implicações do</p><p>processo da terceirização na Administração Pública brasileira, os impactos e seus respectivos efeitos</p><p>na dicotomia das vantagens e desvantagens na relação de trabalho considerando seus dispositivos</p><p>legais. Inicialmente, é apresentando um referencial teórico que apresenta conceitos, evolução da</p><p>temática da terceirização e suas formas de aplicabilidade. Posteriormente é apresentada que a nítida</p><p>relevância do tema suplanta na Administração Pública, pois tem efeitos colaterais no âmbito jurídico e</p><p>no âmbito social. Para o alcance dos resultados, o método de pesquisa é a exploratória, para fomentar</p><p>o entendimento sobre a prática da terceirização, que vem resultando em efeitos ou resultados</p><p>indesejáveis.</p><p>PALAVRAS CHAVES: Prestação de serviços, Precarização.</p><p>ABSTRACT</p><p>The outsourcing process was the emergence in Brazil in the private sector in the decade of 50, and</p><p>over the years has been inserted in the Public Administration. However, in the current days, the</p><p>application of this modality of contracting for the provision of services has been carried out in an</p><p>exacerbated way causing problems of precarious work, low efficiency in the public administration and</p><p>the eradication of the guarantees of the worker. The process of outsourcing if it denotes a way of</p><p>easing business through an agreement to transfer in the execution of ancillary activities for a service</p><p>organization. Thus, this study focuses on the implications of the process of outsourcing in the brazilian</p><p>Public Administration, the impacts and their respective effects on the dichotomy of the advantages and</p><p>disadvantages in the working relationship considering their legal devices. Initially, it is presented a</p><p>theoretical framework that introduces the concepts, evolution of the topic of outsourcing and its modes</p><p>of applicability. It is later shown that the clear relevance of the topic overweighs in the Public</p><p>Administration, since it has side effects in the sphere of law and in the social sphere. For the</p><p>achievement of results, the method of research is exploratory, to promote understanding about the</p><p>practice of outsourcing, which are resulting in the effects or undesirable results.</p><p>KEY WORDS: The provision of services. Casualization.</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>Com o propósito de concentrarem-se em suas atividades consideradas principais, as</p><p>organizações em consonância com as novas abordagens gerenciais da ciência social aplicada</p><p>110</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>da Administração, a qual têm ênfase nos indivíduos e suas interações nos grupos humanos,</p><p>encontrou na terceirização, a técnica de transferir partes de suas atividades que não são</p><p>específicas do seu negócio principal, para outras organizações empresariais especializadas na</p><p>realização das mesmas.</p><p>Com as transformações na economia de mercado, ou seja, o desenho de compra, a</p><p>venda e demais variantes que influenciam as distintas maneiras de se realizar e fazer</p><p>negócios, as organizações estabelecem estratégias que priorizam seus serviços e produtos da</p><p>sua principal atividade econômica. Assim eliminando necessidades e minimizando as grandes</p><p>responsabilidades com atividade que não constituem o objeto finalístico da atividade</p><p>empresarial, sobretudo aquelas que são configuradas atualmente como prestação de serviços</p><p>que a complementam.</p><p>O processo da terceirização ocasiona novas as relações de trabalho e imputa na</p><p>abertura de organizações especializadas em serviços de terceirização. Existe também a</p><p>condicionante do fomento de maior competitividade entre as organizações especializadas que</p><p>prestam determinados serviços com a perspectiva do oferecimento da melhor qualidade. Visto</p><p>que vislumbra agregar eficiência, elevação da competitividade e que os profissionais que</p><p>desempenham tais serviços sejam mais capacitados, logo, apresentem maior presteza na</p><p>realização dos mesmos.</p><p>Entretanto, o que pode ser percebido com a abertura desregulamentada de</p><p>organizações prestadoras de serviços terceirizados, na verdade, são gargalos considerados</p><p>operacionais, decorrente, dos campos opostos que compõem essa situação. Em um polo se</p><p>encontra uma pessoa jurídica contratante e no outro a contratada, responsável pela realização</p><p>dos serviços.</p><p>Na Administração Pública essa prática de contratar organizações terceirizadas</p><p>acontece desde a década de 1966, através dos Decretos-Leis nº 1.212 e 1.216 que possibilitam</p><p>a prestação de serviços de segurança nas instituições bancárias, atualmente revogados. No</p><p>entanto, foi a partir da década de 1990, que terceirização foi “regulamentada” e dá-se com</p><p>mais ênfase em meados de 2000.</p><p>Contudo, a análise da aplicabilidade da terceirização na Administração Pública vem</p><p>se apresentando com errôneas frequências, ao passo que, nos dias atuais já é possível</p><p>encontrar profissionais de organizações de serviços terceirizados estarem desempenhando</p><p>atividades finalísticas de órgão público. Desse modo, tem-se provocado um descompasso de</p><p>111</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>âmbito da estrutura organizacional, além de afrontar o aspecto legal da relação contratual</p><p>existente.</p><p>A partir dessa construção, o referido trabalho, tem a pretensão de apresentar</p><p>considerações sobre a necessidade de o ordenamento jurídico trabalhista ser atualizando em</p><p>consonância com as novas relações de trabalho no mercado. O processo da terceirização</p><p>fomenta a existência de um conjunto de regras na perspectiva de estabelecer regulamentação</p><p>adequada no anseio de resolver conflitos legais e organizacionais que podem resultar dessa</p><p>relação.</p><p>Assim, o estudo, tem como objetivo geral a investigação do processo da terceirização</p><p>na Administração Pública e sua caracterização como uma ferramenta de descentralização da</p><p>gestão pública, considerando o aspecto administrativo e legal dentro da vertente da relação de</p><p>trabalho existente.</p><p>2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA</p><p>2.1 Contextualização acerca do processo da terceirização: conceito e evolução histórica</p><p>A ciência da Administração tem caráter dinâmico, cíclico e flexível. A mesma se</p><p>encontra em constante evolução em seus estudos organizacionais, os quais têm propósitos</p><p>mensuráveis, o alcance dos objetivos. Suas abordagens de gestão condicionam a</p><p>organizações, sejam elas da esfera pública ou privada, possibilidades do desempenho de</p><p>atividades que buscam a solidificação da racionalização eficiente, além de proporcionar o</p><p>surgimento de novos negócios.</p><p>Assim, na perspectiva de propiciar resultados satisfatórios às organizações, produção</p><p>e mais acesso aos serviços e bens de consumo às pessoas, e, por conseguinte, melhor</p><p>qualidade de vida, mantendo a competitividade, surge nos estudos da ciência da</p><p>Administração a técnica da terceirização. A finalidade da terceirização visava o equilíbrio das</p><p>condições que contribuíram à eficiência no mercado de bens e serviços, além das relações no</p><p>mercado de trabalho.</p><p>Castro (2008, p.98) ressalta que:</p><p>Antes da 2ª Guerra Mundial existiam atividades prestadas por terceiros, porém não</p><p>poderíamos conceituá-las como terceirização, pois somente a partir deste marco</p><p>histórico é que temos a terceirização interferindo na sociedade e na economia,</p><p>112</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>autorizando seu estudo pelo Direito Social, valendo lembrar que mesmo este</p><p>também sofre grande aprimoramento a partir de então.</p><p>Já de acordo com Reis (2015), a terceirização é uma técnica gerencial originária nos</p><p>Estados Unidos da América, posterior à Segunda Guerra Mundial. O pilar de sustentação da</p><p>referida técnica era a maximização do processo produtivo das indústrias bélicas que com a</p><p>necessidade de concentrem em seu processo de produção de armamentos, passaram a delegar</p><p>algumas atividades a terceiros, ou seja, portadoras de serviços mediante contratação.</p><p>A partir desse marco temporal, as organizações da época passaram a buscar no</p><p>mercado parceiros externos para contratação das atividades acessórias, no sentido de se</p><p>tornarem mais competitivos. E, consequentemente corrobando com os critérios econômicos</p><p>da racionalização dos custos operacionais, que posteriormente vinham apresentar reflexos</p><p>expressivos na sociedade e na economia, em decorrência da perspectiva gerencial de tornar os</p><p>produtos e serviços mais competitivos.</p><p>A terceirização ocorre quando uma operação interna da globalização é transferida</p><p>para outra organização que consiga fazê-la melhor e mais barato. As organizações</p><p>transferem para outras organizações atividades como malotes, limpeza e manutenção</p><p>de escritórios e fábricas, serviços de expedição, guarda e vigilância, refeitórios etc.</p><p>Por essa razão, empresas de consultoria em contabilidade, auditoria, advocacia,</p><p>engenharia, relações públicas, propaganda etc., representam antigos departamentos</p><p>ou unidades organizacionais terceirizados para reduzir a estrutura organizacional e</p><p>dotar a organização de maior agilidade e flexibilidade. A terceirização representa</p><p>uma transformação de custos fixos em custos variáveis. Na prática, uma</p><p>simplificação da estrutura e do processo decisório das organizações em uma</p><p>focalização maior no core business e nos aspectos essenciais do negócio</p><p>(CHIAVENATO, 2008, p. 277).</p><p>Atualmente, o processo da terceirização versa em sentido prático e objetivo, a qual</p><p>singularmente somente considera a vertente mercadológica da relação custo e benefício da sua</p><p>aplicabilidade dentro de uma matriz organizacional, em tão alto grau na sua origem, isto é,</p><p>nas organizações privadas como de igual modo na Administração Pública. Visto que, o</p><p>patamar remuneratório dos trabalhadores terceirizados é expressivamente inferior aos dos</p><p>profissionais contratados diretamente pela organização para o exercício da mesma atividade</p><p>laboral.</p><p>2.2 A aplicabilidade da terceirização na administração pública</p><p>113</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>De acordo com Matias-Pereira (2010, p. 9-10)</p><p>A administração pública, num sentido amplo, deve ser entendida como todo o</p><p>sistema de governo, todos os conjuntos de ideias, atitudes, normas, processos,</p><p>instituições e outras formas de conduta humana, que determinam a forma de</p><p>distribuir e de exercer a autoridade política e como se atendem aos interesses</p><p>públicos.</p><p>O processo evolução da Administração Pública e quebra de paradigmas estruturais,</p><p>nessa percepção, provocou a descentralização da Administração Pública, a qual se caracteriza</p><p>como a distribuição de competência, atividade e responsabilidade unitária. É relevante</p><p>destacar que a descentralização, inicialmente, apenas era possível dentro da própria estrutura</p><p>pública.</p><p>No entanto, como a advento da modernização, a descentralização avançou, na qual, é</p><p>praticada indiretamente por meio da transferência de atribuições às organizações privadas, ou</p><p>seja, organismos externos da estrutura originária da Administração Pública.</p><p>A descentralização externa na Administração Pública se configura como a atribuir a</p><p>outrem a reponsabilidade de executar determinado serviço, na expectativa de uma melhor</p><p>qualidade, como o objetivo finalístico de satisfação das necessidades coletivas.</p><p>Nessa relação, a descentralização externa e terceirização são identificadas em três</p><p>modalidades para a sua realização.</p><p>a) Concessão que é a permissão legal de execução de serviços públicos a</p><p>competência de terceiros por meio de delegação contratual. Essa modalidade é</p><p>regida pela Lei nº 8.987/1995.</p><p>b) Parceria Pública Privada (PPP) é a transferência da execução de serviços</p><p>acessórios a terceiros que devem possuir capacidade técnica de realizá-los. Essa</p><p>modalidade é regida pela Lei nº 11.079/2004.</p><p>c) Permissão de Serviços Públicos que é a outorga para realizar a prestação de</p><p>serviços públicos com a presunção de satisfação da rentabilidade econômica. Essa</p><p>modalidade é regida pela Lei nº 8.987/1995.</p><p>No âmbito da Administração Pública, a terceirização é um modelo de gestão que se</p><p>caracteriza como uma espécie de descentralização. Muito embora, já é possível encontrar</p><p>entendimento doutrinário que a terceirização é singularmente uma prática da privatização,</p><p>ainda que temporária, na qual se visa uma parceria com o setor privado para a realização de</p><p>serviços públicos.</p><p>Nesse sentido, a privatização, de acordo com Rodriguez-Arana (1991, apud DI</p><p>PIETRO, p. 6) é:</p><p>114</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>“como um conjunto de decisões que compreendem, em sentido estrito quatro tipos</p><p>de atividades. Primeiro, a desregulação ou liberação de determinados setores</p><p>econômicos. Segundo, a transferência de propriedade de ativos, seja através de</p><p>ações, bens etc. Terceiro, promoção da prestação e gestão privada de serviços</p><p>públicos. E, quarto, a introdução de mecanismos e procedimentos de gestão privada</p><p>no marco das empresas e demais entidades púbicas”.</p><p>Para Chiavenato (2008), as privatizações refletem a incapacidade do Estado, pois</p><p>através da mesma, transfere-se para outrem a tarefa da realização de determinadas tarefas. E é</p><p>carente de uma linha evolutiva para o encontro do equilíbrio entre o Estado a iniciativa</p><p>privada.</p><p>Apresentar citações doutrinárias acerca da definição da privatização se faz necessário</p><p>para elucidar os seus aspectos empregados a fim de ser uma ferramenta utilizada pela</p><p>Administração Pública. Na redução da atividade pública, a produção e distribuição de bens,</p><p>principalmente os serviços, mediante a passagem dessa função ao setor de iniciativa privada.</p><p>O processo da terceirização na Administração Pública trata-se, portanto, de uma</p><p>forma de parceria contratual, regida pela Lei das Licitações nº 8.666/1993. Ou seja,</p><p>organizações do setor privado com o direito previsto em lei de assumir a responsabilidade de</p><p>execução de obras ou de serviços firmando mediante contratos.</p><p>Essa premissa é encontrada expressamente no inciso XXI do art. 37 da Constituição</p><p>da República Federativa de 1988: “ressalvamos os casos especificados na legislação, as obras,</p><p>serviços, compras e alienações serão contados mediante o processo de licitação pública [...]”.</p><p>Portanto, a contratação de organizações prestadoras de serviços terceirizados é possível na</p><p>qualidade de respeito à regra e o princípio legalístico do dever de licitar.</p><p>Para a celebração contratual, há necessidade primária de considerar os aspectos</p><p>legais, que são as regras instrutivas as quais buscam a modernização da relação. Visa também</p><p>a padronização da Administração Pública em consonância com o seu modelo gerencial.</p><p>Os contratos da Administração Pública,</p><p>em seu sentido amplo, abrangem todos os</p><p>ajustes celebrados com pessoas físicas ou jurídicas, seja no regime de direito público ou ainda</p><p>de direito privado, com finalidade de consecução de fins públicos em consonância com o</p><p>regime doutrinário.</p><p>A submissão à forma prescrita em lei dos contratos celebrados pela Administração</p><p>Pública estabelece uma série de normas referentes ao aspecto formal, não só em benefício do</p><p>interessado, como da própria Administração Pública.</p><p>115</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>Caracteriza-se que os contratos administrativos do processo da terceirização a</p><p>Administração Pública age como figura singular de poder público sobre o particular, assim,</p><p>configurando relação jurídica de circunscrição da verticalidade (DI PIETRO, 2009).</p><p>Ainda em consonância com Di Pietro (2009), nessa relação à Administração ocupa</p><p>uma posição de supremacia em relação ao particular, pois a primeira somente faz aquilo que a</p><p>lei manda (princípio da legalidade). Conquanto o segundo submete-se a cláusulas que</p><p>regulamentam a prestação do serviço, em consonância com a obediência decorrente as normas</p><p>jurídicas, obrigatórias para todos, independentemente do consentimento individual.</p><p>Partindo do pressuposto da normativa, Lei nº 8.666/1993, a terceirização, é oriunda</p><p>da existência de uma oferta coletiva realizada por meio de um edital de licitação, dentro que</p><p>demonstraram interesse e a Administração Pública seleciona a proposta de condição mais</p><p>conveniente.</p><p>Se tratando de uma prestação de serviço, os interesses e fins visados pela</p><p>Administração Pública e o particular são divergentes, no sentido que, a primeira espera</p><p>eficiência do serviço contratado enquanto o particular visa a conquista do lucro.</p><p>Nessa relação de contraditório e oposto, se apresentam situações distorcidas da</p><p>aplicabilidade da terceirização no serviço da Administração Pública, pois o objetivo do</p><p>particular está se sobrepondo ao interesse coletivo. Consequentemente, o processo de</p><p>contratos administrativos da terceirização, apresentam gargalhos no objeto final que é a</p><p>eficiência dos serviços públicos.</p><p>Dentro da Administração Pública existe o rol de princípios que condicionam o modo</p><p>gerencial da mesma, e em especial o princípio da eficiência, o mais recente a partir da</p><p>Emenda Constitucional nº 19/1998. A finalidade deste é a presteza no desempenho</p><p>satisfatório para alcance dos resultados da administração, considerando ainda que atividade</p><p>administrativa seja desempenhada com perfeição, rendimento e qualidade funcional.</p><p>No campo da terceirização nos serviços públicos, é relevante considerar ainda a</p><p>penúria da fiscalização dos contratos gerados entre a Administração Pública e organizações</p><p>privadas contratadas mediante da a Lei nº 8.666/1993, e incumbidas pelo desempenho de</p><p>determinados serviços.</p><p>Trata-se de prerrogativa do poder público, também prevista no artigo 58, III, e</p><p>disciplinada mais especificamente no artigo 67, que exige seja a execução do</p><p>contrato acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração,</p><p>especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e</p><p>subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. A este fiscal caberá anotar</p><p>116</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,</p><p>determinado o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados</p><p>ou, se as decisões ultrapassam suas competências, solicitá-las a seus superiores (DI</p><p>PIETRO, 2006, p. 277).</p><p>A fiscalização dessa relação contratual, dita como contratos administrativos tem a</p><p>finalidade de evitar responsabilidades e penalidades à Administração Pública, caso exista</p><p>algum aspecto ou prática que venha caracterizar ilegalidade do ato e a utilização de terceirizar</p><p>as atividades não finalística dos serviços públicos.</p><p>Garcia (2015) apresenta o enfoque sobre análise à terceirização considerando a</p><p>mesma no serviço público independe da distinção entre atividade primária e secundária, pois</p><p>da maneira como são e foram apresentadas condições que caracterizam o profissional de</p><p>serviço terceirizado colabora por afrontar princípios da igualdade e moralidade presentes na</p><p>redação do art. 37 na Constituição Brasileira de 1988. Tais princípios que conduzem a</p><p>Administração Pública brasileira e se encontram consagrados pelo Direito Público.</p><p>De acordo com o autor, na terceirização mesmo sendo um serviço prestado, existe a</p><p>presunção caraterizado de serviço público na sua finalidade. Ressalta ainda que, os serviços</p><p>públicos, que são atividades prestadas na figura dos agentes públicos com a finalidade de</p><p>atender a coletividade, encontrando-se também em atividades continuados, permanentes e</p><p>temporárias de apoio como integrante dos serviços públicos, sejam na forma da administração</p><p>direta ou indireta.</p><p>2.3 A relação do profissional de serviços terceirizados no âmbito da administração</p><p>pública</p><p>Nas últimas décadas o setor público brasileiro cresceu de maneira extraordinária,</p><p>embora ainda apresente grandes deficiências. Nota-se ainda que o Estado não acompanha</p><p>satisfatoriamente com eficiência, eficácia</p><p>as diretrizes da gestão pública.</p><p>A falta de planejamento público ainda é notória, pois a ausência de estratégias</p><p>articuladas denota um Estado segregado no qual os seus respectivos entes não fazem parte de</p><p>um todo.</p><p>Tachizawa (et. al., 2006), constatação que qualquer intervenção voltada à</p><p>modernização do Estado, deve ser procedida da implementação de uma reconfiguração</p><p>institucional, na forma de reestruturação organizacional e do perfil de atuação da</p><p>117</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>administração direta (federal, estadual e municipal) e respectivos órgãos da administração</p><p>indireta (empresas públicas, sociedade de econômica mista, autarquias, fundações).</p><p>Considerando os aspectos apontados, é possível observar que nos dias atuais se</p><p>tornou comum encontrar profissionais de organizações contratadas para realizar determinados</p><p>serviços na Administração Pública, seja esta direta ou indireta.</p><p>Dessa forma, podendo ser considerado até uma estagnação da capacidade gerencial</p><p>de garantir os princípios fundamenteis descritos no art. 1º da Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil de 1988. Sobretudo aqueles que são relacionados à atividade profissional</p><p>do homem, que é princípio da dignidade da pessoa humana; e os valores sociais do trabalho,</p><p>que estão emanados na carta magna brasileira.</p><p>No Brasil, a possibilidade de contratar serviços de terceiros é crescente, sobretudo</p><p>levando em consideração singularmente o benefício do aspecto econômico, pois o montante</p><p>com os profissionais com vínculo direto com a Administração Pública, seja na condição de</p><p>servidor público ou empregado público, versus a relação contratual com uma organização</p><p>prestadora de serviço se torna mais branda financeiramente.</p><p>É sabido que, a forma habitual de ingresso no serviço público, seja para atividades</p><p>principais ou auxiliares requerem o procedimento específico de implementação operacional</p><p>de recrutamento (lançamento de edital), seleção (etapas de avaliações) e contratação do</p><p>candidato aprovado em todas as etapas, de acordo com a legislação vigente (TACHIZAWA,</p><p>et. al., 2006).</p><p>Considerando ainda, o posicionamento do autor, é inexequível possuir estratégias de</p><p>valorização de profissionais através de planos de carreiras assentados em progressão</p><p>horizontal e vertical para profissionais que não desempenham atividades principais de</p><p>determinado órgão a qual está lotado, seja na administração pública direta e indireta.</p><p>A Administração Pública recorreu à terceirização em decorrência da relação</p><p>comparativa do montante necessário para custear um servidor público e o valor despendido</p><p>para contratar uma organização especializada para prestar determinado serviço a partir do (s)</p><p>profissional (is) designado (s) pela mesma.</p><p>As organizações prestadoras de serviços terceirizados são caracterizadas como</p><p>fornecedores e consequentemente, é desejável que as mesmas quando contratadas para</p><p>prestação do serviço, façam um mapeamento operacional na perspectiva de proporcionar um</p><p>serviço de qualidade.</p><p>118</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>Essa necessidade é decorrente da apresentação de resultados e constantes melhorias</p><p>de desempenhos dos resultados dos processos, tarefas, atividades e apoio prestado aos órgãos</p><p>públicos que executa os serviços terceirizados. Afinal, como se trata de uma prestação de</p><p>serviços à Administração Pública, na figura de contratante, deve ter suas satisfações</p><p>atendidas.</p><p>A criação, desenvolvimento e aplicação dessa técnica de gestão empresarial tem</p><p>notoriedade na consonância de evitar a contratação direta de profissionais aptos a realizarem</p><p>atividades laborais não finalísticas da organização da esfera privada. Porém, já na esfera</p><p>pública, transferir para outra organização jurídica teoricamente de maior especialização na</p><p>atividade a qual foi contratada para prestarem serviços.</p><p>Esse processo é configurado como uma modalidade de descentralização das</p><p>atividades de responsabilidade da Administração Pública, que por alguma razão considera</p><p>mais propício. Vislumbra-se que na teoria a terceirização de serviços, sobretudo na</p><p>Administração Pública, tem implicação a partir da contração de organizações desse segmento</p><p>de negócios se busca contratar pessoal mais qualificado com menor custo.</p><p>Assim, com circunstâncias oriundas desse processo, a Administração Pública,</p><p>possibilitou o surgimento de lacunas operacionais que suplanta a estratégia econômica da</p><p>contração do serviço terceirizado.</p><p>No entanto, percebe-se que deve desenvolver e implementar estratégias que</p><p>minimizam o fenômeno do uso exacerbado da terceirização na administração direta e indireta,</p><p>pois a técnica utilizada que deveria trazer vantagens se tornou uma problemática, inclusive no</p><p>aspecto do ordenamento jurídico.</p><p>3 METODOLOGIA</p><p>Na construção desse estudo, se busca interpretar o fenômeno da técnica</p><p>organizacional da terceirização com ênfase na Administração Pública, exaltando as</p><p>consequências administrativas e legais na relação de trabalho. Assim, para atingir o objetivo</p><p>proposto neste trabalho, foi realizado o procedimento de pesquisa teórica de finalidade</p><p>exploratória bibliográfica pertinente à temática, através de livros e publicações em revistas e</p><p>periódicos.</p><p>Ainda, em conformidade com os objetivos, a pesquisa realizada é do tipo descritiva-</p><p>explicativa, pois tem a finalidade de caracterizar o fenômeno da prática gerencial da</p><p>119</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>terceirização dos serviços públicos. Busca-se identificar os fatores que condicional a relação e</p><p>interação entre o contratante, contratada e o profissional que se encontra no inserido nessa</p><p>relação trabalhista.</p><p>A pesquisa descritiva procura classificar, explicar e interpretar fatos que ocorrem,</p><p>permitindo o pesquisador apenas o registro e descrever os fatos observados sem interferência</p><p>direta ou indiretamente na mesma (PRODANOV, 2013).</p><p>De acordo com Prodanov (2013), a pesquisa adota o aspecto de uma abordagem</p><p>metodológica qualitativa, a qual se preocupa com um nível de realidade, no entanto, possui</p><p>limitadores a sua quantificação. A mesma se configura como estratégia metodológica</p><p>escolhida que melhor se adequar à finalidade do tipo de pesquisa explicativa. Porquanto se</p><p>pode descrever a situação do contexto e explicar as variáveis causais que comprometem a</p><p>técnica da terceirizarão na Administração Pública.</p><p>Com os procedimentos das abordagens metodológicas, estima-se conhecer as</p><p>perspectivas, as práticas e os fatos do processo que permitirá a extração de considerações e</p><p>análises científicas (PRODANOV, 2013). E, para realizar esse parâmetro se busca por meio</p><p>da pesquisa descrever as características do fenômeno da técnica gerencial da terceirização, o</p><p>que contribuirá para atingir os objetivos propostos nesse estudo.</p><p>Portanto, na conformidade de demostrar a relevância do presente estudo, além de</p><p>estabelecer a relação entre causa e efeito dos objetivos apresentados, através de parâmetros</p><p>não mensuráveis, procederá à sistematização da compreensão encontrada, com a finalidade de</p><p>evidenciar a terceirização na Administração Pública a partir de um caráter mais objetivo e</p><p>concreto.</p><p>4. ANÁLISE DE RESULTADO</p><p>Com o advento da globalização, ficou latente a necessidade das organizações se</p><p>tornarem mais competitivas, a partir da melhoria e aperfeiçoamento de seus processos</p><p>organizacionais. Dentro dessa vertente, e mencionando ainda o foco da qualidade dos bens e</p><p>serviços, que são os pilares da construção que baseiam o processo da terceirização.</p><p>Essa expansão ao longo dos tempos, decorrente da necessidade de um sistema</p><p>eficiente de trabalhos especializados com menor custo, tem descaracterizado o real processo</p><p>da terceirização. Essa situação tem implicação nos tipos de serviços procurados para serem</p><p>120</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>terceirizados, que estão sendo desde serviços secundários, aqueles que não são objetivo</p><p>principal da organização até mesmo alguns serviços fins.</p><p>Logo, fica notório perceber que em decorrência da má aplicabilidade da</p><p>terceirização, diversas organizações que adotam essa técnica dentro do seu modelo de gestão,</p><p>contribuem para a apresentação crescente de fatores que colaboram para desvantagens da</p><p>terceirização, sobretudo na Administração Pública.</p><p>Uma das desvantagens do processo de contratar organizações prestadoras de serviços</p><p>são o crescente aumento, e preocupante índice de inadimplência de verbas trabalhistas e</p><p>previdenciárias dos profissionais terceirizados. Circunstância decorrente devido ao não</p><p>cumprimento da obrigatoriedade prevista em contrato, que as organizações deixam de pagar</p><p>os profissionais, e estes por se sentirem lesados, afinal, não tivera seus direitos respeitados,</p><p>paralisa a realização das atividades, consequentemente afeta diretamente a prestação dos</p><p>serviços.</p><p>Existe ainda a prática desmoralizante para o profissional, que muitas organizações</p><p>contratam uma prestadora de serviços terceirizados somente com a visão economicista em</p><p>diminuir os custos organizacionais. Deste modo, e vislumbrando somente o aspecto</p><p>monetário, é mais vantajoso para organização, que aqueles profissionais demitidos pela</p><p>mesma e que desejam continuar trabalhando tem a condição imoral de ser recontratados,</p><p>porém pela organização terceirizada, que corriqueiramente oferece remuneração menor e</p><p>poucos benefícios de reconhecimento profissional.</p><p>Já considerando a Administração Pública, é possível verificar que a terceirização</p><p>venha sendo utilizada de má fé, visto que, não pode ser um instrumento praticado para colocar</p><p>na Administração Pública um profissional contratado por uma organização prestadora de</p><p>serviço. Quando, o justo e legal, deveria se encontrar na função um profissional na condição</p><p>de servidor ou empregado público, respeitando o artigo 37 da Constituição brasileira em</p><p>vigor, que determina o procedimento de seleção e aprovação mediante concurso público.</p><p>O fato é que no Brasil a terceirização instituiu nova dinâmica, degradando o trabalho,</p><p>desigualando e interferindo nas relações de cooperação</p><p>e contribuindo para fragmentar a</p><p>organização sindical. Realidade que aprofundará ao permitir a legalidade da terceirização em</p><p>todos os seus aspectos inclusive, perdas de garantias de igualdade de direitos e condições de</p><p>trabalho.</p><p>Estas são algumas das questões que clamam por urgentes respostas para que a</p><p>prestação de serviços especializados possa seguir sua vocação de alavanca na busca pela</p><p>121</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>ampliação do mercado de trabalho. E que o processo da terceirização ultrapasse o patamar</p><p>adverso da redução dos custos, seja na Administração Pública ou privada.</p><p>Nessa perspectiva, a terceirização deve ser aperfeiçoada daquele sentido da década</p><p>de 1990, em que as empresas fugiam de suas obrigações trabalhistas. Nos dias atuais, existe a</p><p>necessidade de busca por apoio em serviços específicos, assim como também condições</p><p>dignas dessa relação de trabalho.</p><p>Ademais a frenética aplicabilidade da terceirização na Administração Pública deve</p><p>ser repensando, pois o objetivo de diminuir custeio com o pessoal não necessariamente vai</p><p>resultar em ganho com a eficiência se determinado serviços passa a ser realizado pelo advento</p><p>da terceirização. Pois o que muito se percebe é que a pratica acaba sendo mais prejudicial.</p><p>5. CONCLUSÃO</p><p>O avanço da terceirização no Brasil é uma realidade inequívoca, no sentido que a</p><p>prestação de serviços terceirizados alcançou estado de imaturidade inquestionável. Desse</p><p>modo, se percebe a necessidade de corrigir distorções inadmissíveis frente aos fatos oriundas</p><p>de prática da terceirização. Visto que, o sistema jurídico que regulamentam está superado,</p><p>dando margens para interpretações equivocadas, assim como também condições ilegais na</p><p>Administração Pública.</p><p>È relevante ainda ponderar que, o surgimento da legislação trabalhista nos anos de</p><p>1950 tinha a ideia proteger o profissional. Também vislumbrava preservar a dignidade do</p><p>homem no ambiente de sua atividade laboral, difundido com o pensamento da justiça social</p><p>com garantias estabelecidas à proteção das necessidades básicas e a dignidade da pessoa</p><p>humana, afinal, o trabalho tem conotação de realização pessoal.</p><p>Entretanto, a necessidade de atualização da CLT é relevante para assegurar aqueles</p><p>que trabalham na forma de terceirizados sejam asseguradas suas garantias dos direitos</p><p>trabalhistas e previdenciárias. Uma legislação que combata a inadequação e exploração do</p><p>trabalho humano de prestação de serviços que os profissionais estão submetidos às novas</p><p>relações de trabalho.</p><p>Tais implicações devem ser ajustadas as novas circunstâncias, estendendo aos</p><p>profissionais de organizações terceirizadas a proteção jurídica. A necessidade da segurança</p><p>dos direitos trabalhistas e previdenciários iguais aos demais profissionais, em consonância</p><p>com os ditamos constitucionais dos direitos sociais. Decerto, a CLT de 80 anos atrás se</p><p>122</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>encontra muito obsoleta, uma vez que, as relações de trabalho nos dias atuais são muito</p><p>distintas.</p><p>Porém, a eficiente regulamentação do processo da prestação de serviços passa muito</p><p>longe do Projeto de Lei 4330/2004 que vislumbra a bandeira da modernidade, que seria</p><p>simplesmente terceirizar toda e qual serviço, em regra, profissionais ganhando salários</p><p>menores e em piores condições de trabalho do que aqueles contratados diretamente.</p><p>Ao ampliar a terceirização para qualquer tipo atividade, independentemente da</p><p>distinção entre atividade meio e atividade fim, abre a possibilidade de que todos os</p><p>trabalhadores brasileiros sejam terceirizados. Sem considerar, ainda, as categorias e finalidade</p><p>de serviços prestados na Administração Pública.</p><p>Além do mais o PL 4330/2004 é uma afronta a Constituição, desrespeitando os</p><p>princípios da igualdade e segurança. Ressaltando ainda as formas legais de inserção de</p><p>profissional no serviço públicos, seja por meio do concurso, nomeação em cargo de comissão</p><p>ou a contração por tempo determinado a partir de uma necessidade esporádica.</p><p>Levando em consideração ainda a premissa da Constituição brasileira todo</p><p>profissional deverá ter respeitado a segurança perante a lei dos seus direitos na qual o Estado</p><p>tem a responsabilidade de garantir através dos seus agentes públicos responsáveis pela</p><p>fiscalização do cumprimento legal dos direitos trabalhistas e previdenciárias das organizações</p><p>prestadoras de serviços. No entanto, se deve levar em consideração se os agentes públicos</p><p>estão realmente qualificados no sentido de fiscalizar os gargalos práticos e operacionais, além</p><p>das dificuldades jurídicas dos serviços terceirizados.</p><p>A terceirização sendo uma realidade presente se figura como os novos pares da</p><p>relação de trabalho no Brasil. A mesma deve ser uma técnica de viabilização as condições</p><p>objetivas e equiparadas aos profissionais tradicionais, pois todo profissional deve possuir</p><p>segurança e igualdade quanto aos seus direitos, perante a lei.</p><p>Portanto, a terceirização deve haver a viabilização as condições objetivas e</p><p>equiparadas aos profissionais tradicionais. E será a partir de uma legislação sobre a matéria se</p><p>instituirá a condição de sanar as deficiências legais sobre a temática, como também possuir</p><p>uma perspectiva de inibir a contração de trabalho desumano e indigno com o desrespeito aos</p><p>direitos trabalhistas e previdenciários. É real a necessidade garantir os pilares da terceirização</p><p>com proteção aos profissionais contratados para desempenharem serviços e apresentar</p><p>segurança jurídica daquela quem contrata uma prestadora de serviço.</p><p>123</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de</p><p>1988.</p><p>_______. Emenda constitucional nº 19 de 04 de junho de 1998. Modifica o regime e dispõe</p><p>sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle</p><p>de despesas e finanças públicas e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal, e dá outras</p><p>providências.</p><p>_______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da</p><p>Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e</p><p>dá outras providências.</p><p>_______. Lei n</p><p>o</p><p>11.079, de 30 de novembro de 2004. Dispõe sobre o regime de concessão e</p><p>permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá</p><p>outras providências.</p><p>_______. Projeto de Lei 4330/2004. Dispõe sobre o contrato de prestação de serviço a</p><p>terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes. Disponível em:</p><p><http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=246979>. Acesso</p><p>em: 04 de abr. 2016.</p><p>CASTRO, R. F. de. A terceirização no Direito do Trabalho. São Paulo: Malheiros, 2008.</p><p>CHIAVENATO, I. Administração pública. 2º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.</p><p>DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 19º ed. São Paulo: Atlas, 2006.</p><p>_________________. Parceria na administração pública: concessão, permissão, franquia,</p><p>terceirização, parceria pública-privada e outras formas. 7º ed. São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>GARCIA, M. Terceirização, uma nova classe de trabalhares? Aspectos constitucionais da</p><p>súmula nº 331 do TST. Revista Síntese Direito Administrativo – v. 10, n° 117, setembro</p><p>2015. São Paulo: IOB, 2006.</p><p>MATIAS-PEREIRA, J. Manual de gestão pública contemporânea. 3º ed. São Paulo: Atlas,</p><p>2010.</p><p>PRODANOV, C. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e</p><p>do trabalho acadêmico. 2º ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013.</p><p>REIS, L. E. . Terceirização na Administração</p><p>Pública: Breves Reflexões Críticas. Revista</p><p>Síntese de Direito Administrativo. Abril 2015</p><p>RODRIGUEZ-ARANA, J. La privatización de la empresa pública. Madri: Montecorvo,</p><p>1993.</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/emc%2019-1998?OpenDocument</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.666-1993?OpenDocument</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/dec%202.271-1997?OpenDocument</p><p>124</p><p>SILVA, Alan E. – AS IMPLICAÇÕES DA TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...</p><p>Revista Conbrad Maringá, v.2, n.1, p. 109-124, 2017</p><p>TACHIZAWA, T. CRUZ JUNIOR, J. B; OLIVEIRA ROCHA, J. A. Gestão de negócios:</p><p>visões e dimensões empresariais da organização. 3. ed. – São Paulo: Atlas, 2006.</p>

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