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<p>Neste capítulo, o foco é na importância dos relacionamentos como uma consequência natural da comunicação. Destaca-se que a comunicação é vital para interagir em diferentes ambientes e com diversas pessoas. O ser humano, sendo social por natureza, depende de outros para sobreviver e se desenvolver. O texto aborda a necessidade de estabelecer diferentes tipos de relações de acordo com o contexto e as pessoas envolvidas.</p><p>Além disso, há menção ao autoconhecimento como fundamental para o controle das emoções e para estabelecer boas relações interpessoais. A relação entre enfermeiros e clientes é brevemente mencionada, com a promessa de uma discussão mais aprofundada no próximo capítulo.</p><p>Os objetivos do capítulo incluem situar o ser humano como um ser social, discutir a humanização na saúde e na enfermagem, definir relacionamento intrapessoal/autoconhecimento e relacionamento interpessoal, além de discutir as implicações no estabelecimento desses relacionamentos.</p><p>Finalmente, o capítulo enfatiza a importância dos relacionamentos interpessoais, que são comuns entre os grupos humanos. O texto ressalta que o ser humano se percebe no mundo e compreende a si mesmo a partir das relações com os outros, algo que se desenvolve pela vivência ao longo do tempo.</p><p>O ser humano é eminentemente social, adaptando-se à natureza de forma coletiva para satisfazer suas necessidades vitais. Ele é um "ser com", em constante relação e dependência dos outros para se realizar e amadurecer. Distinto dos demais animais, possui alta hierarquização de suas estruturas, combinando tendências inatas e experiências vividas. Sua singularidade reside na capacidade de contemplar o passado e os eventos sociais, influenciado por fatores biológicos, sociais, econômicos, políticos e espirituais. Apesar das influências externas, é capaz de se autodeterminar através de escolhas. Sua compreensão como indivíduo está intrinsecamente ligada ao meio físico e à interação sociocultural. Para lidar com os desafios do convívio, utiliza a lógica e a razão como armas, pois as relações humanas são simultaneamente desafiadoras e enriquecedoras.</p><p>O texto aborda a necessidade de os seres humanos reconsiderarem constantemente seu relacionamento com o mundo, pois estão em constante movimento de adaptação e reformulação. Destaca que as metas e objetivos alcançados ao longo da vida refletem a filosofia de vida de cada pessoa. Isso inclui tanto aspectos biológicos e instintivos quanto valores sociais, culturais e espirituais. Por fim, menciona que a assistência de enfermagem se fundamenta nessa busca pela realização do "télos", que sustenta os conceitos sobre a vida.</p><p>O termo grego "télos" é mal interpretado muitas vezes como "fim" ou "finalidade", quando na verdade se refere à plenitude ou realização. Para compreender completamente o ser humano, é necessário analisá-lo em três planos: físico, psicossocial e existencial. As necessidades básicas são definidas pela falta ou deficiência de algo essencial para manter o equilíbrio, manifestando-se em sensações orgânicas específicas que impulsionam a busca por satisfação. O ser humano evolui individualmente ao longo do tempo, expandindo seu conhecimento e experiência, buscando constantemente melhorar e encontrar equilíbrio. Quando se sente incapaz de satisfazer suas necessidades humanas, perde esse equilíbrio.</p><p>O trecho discute a importância do corpo humano como o patrimônio mais básico e essencial do ser humano, enfatizando como qualquer disfunção afeta profundamente o indivíduo. Destaca-se também a visão de Fromm sobre a maturidade humana, que envolve uma conexão criativa com o mundo e com outros seres humanos. Além disso, são mencionados os impactos dos fatores físicos, psíquicos e socioculturais na sensibilidade à tensão e na vulnerabilidade à doença, questionando-se a distinção entre problemas emocionais e doenças mentais. A discussão culmina na necessidade de compreender o ser humano em sua totalidade, incluindo seus valores, tradições e cultura, com ênfase na visão antropológica na enfermagem. Por fim, aborda-se a importância da comunicação na assistência à saúde, especialmente para os enfermeiros, que estão constantemente envolvidos em interações com os pacientes.</p><p>O texto aborda a importância da abordagem biopsicossocial na assistência à saúde, destacando que a saúde total engloba aspectos físicos, mentais e sociais. Aponta que a abordagem exclusivamente física da doença, aliada à estrutura hierárquica e à sobrecarga de trabalho, limita a consideração dos profissionais sobre os impactos emocionais e terapêuticos do atendimento. Destaca que o objetivo primordial das unidades de saúde é proporcionar bem-estar biopsicossocial, enfatizando a importância da ética, moral e humanização no cuidado ao ser humano. O texto ainda faz referência à Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, destacando o direito à saúde como fundamental, inclusive para maternidade e infância, e enfatizando a necessidade de assistência especial para esses grupos.</p><p>O texto aborda a interconexão entre saúde física, mental e social, destacando como a doença não apenas afeta o corpo, mas também o bem-estar emocional e social do indivíduo. Na saúde física, a ansiedade resultante da doença pode comprometer a segurança emocional, autoimagem e autoconceito, enquanto na saúde mental, o choque emocional, rompimento das defesas pessoais, afastamento da comunidade, abandono de atividades normais, afastamento da família e dor podem desequilibrar a psiquê, causar angústias e sensação de impotência. Isso pode agravar o quadro orgânico, pois as alterações emocionais podem influenciar a saúde física. Quanto à saúde social, o indivíduo busca retornar ao equilíbrio junto a pessoas e instituições que promovem a saúde, mas pode haver um impacto entre seus valores e os encontrados na sociedade.</p><p>O texto discute como as instituições de saúde, especialmente os hospitais, afetam a percepção e a experiência dos pacientes. As instituições são vistas como despersonalizantes, pois modificam sistematicamente a concepção que o indivíduo tem de si mesmo, colocando uma barreira entre ele e o mundo externo. O hospital, por definição, não está preparado para atender às necessidades psicológicas dos pacientes, o que pode levar a uma sensação de fracasso na vida e à dureza da morte quando ocorre em um ambiente hospitalar. Apesar disso, as instituições de saúde são consideradas espaços terapêuticos onde os pacientes buscam reencontrar o equilíbrio, e as situações adversas podem acelerar o crescimento pessoal. No entanto, o distanciamento entre os profissionais de saúde e os pacientes pode dificultar a resposta às necessidades dos pacientes, levando a um atendimento mais impessoal. O texto destaca a importância da humanização na enfermagem, onde os pacientes esperam que os profissionais, especialmente os enfermeiros, atendam a todas as suas necessidades, mas o afastamento entre eles torna isso difícil de alcançar.</p><p>O texto discute o papel fundamental do enfermeiro na prestação de cuidados de saúde, destacando sua responsabilidade em criar um ambiente terapêutico positivo para os clientes. Isso envolve acolhimento, integração e aceitação, permitindo que os clientes lidem com suas dificuldades emocionais e físicas. O enfermeiro deve ajudar os clientes a entender a conexão entre seus estados emocionais e seus sintomas físicos, mesmo quando a queixa inicial não parece ser emocional. A comunicação eficaz é essencial para identificar problemas subjacentes. Além disso, o texto enfatiza que, embora as instituições de saúde ofereçam tecnologia avançada e terapias modernas, a atenção humana e o cuidado personalizado são igualmente cruciais. O enfermeiro é visto como o líder da equipe de saúde, desafiado a equilibrar o uso de tecnologia com a compaixão e a compreensão das necessidades individuais dos clientes.</p><p>O texto aborda a importância da humanização nas instituições de saúde, começando pela humanização das equipes de enfermagem. Destaca que é fundamental reconhecer e educar os profissionais</p><p>de saúde sobre as necessidades emocionais dos pacientes, garantindo apoio e segurança para lidar com suas ansiedades e sofrimentos. Além disso, ressalta a importância do autoconhecimento (relacionamento intrapessoal) para os profissionais, permitindo que compreendam seus próprios sentimentos e ajam de forma mais eficaz no cuidado com os pacientes. Em resumo, o texto enfatiza que a humanização nas instituições de saúde começa com o cuidado e a atenção às necessidades emocionais tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde.</p><p>O autoconhecimento é a capacidade de compreender e lidar eficientemente com os próprios sentimentos, monitorando o diálogo interno para identificar rapidamente mensagens negativas, como autocríticas, e compreender a origem de sentimentos, como a mágoa por trás da raiva. Essa habilidade envolve também encontrar formas de lidar com medo, ansiedade, raiva e tristeza. Desenvolver o autoconhecimento permite entender e guiar o próprio comportamento, sendo conhecido como inteligência intrapessoal, um dos tipos de inteligência definidos por Gardner na teoria das inteligências múltiplas. A inteligência intrapessoal envolve conhecer os aspectos internos de si mesmo e é essencial para traçar um modelo eficaz de si mesmo. A frase "conhece-te a ti mesmo", presente no oráculo de Delfos na Grécia antiga, reflete a importância ancestral do autoconhecimento.</p><p>O autoconhecimento, conforme descrito por Goleman, abrange três principais componentes:</p><p>Autoconsciência: é a capacidade de estar atento aos próprios sentimentos e experiências internas, incluindo a habilidade de observar-se, nomear emoções e entender a relação entre pensamentos, sentimentos e ações.</p><p>Autoconsciência emocional: refere-se à melhoria na identificação e nomeação das próprias emoções, compreendendo melhor suas causas e diferenciando entre sentimentos e comportamentos.</p><p>Autoaceitação: envolve aceitar-se a si mesmo como é, reconhecendo tanto suas forças quanto suas fraquezas e sendo capaz de encarar-se de forma positiva, incluindo a capacidade de rir de si mesmo.</p><p>Além disso, Moscovici destaca a importância do feedback recebido das outras pessoas para a reflexão e aperfeiçoamento do eu, enfatizando que o equilíbrio interior e a autoaceitação são fundamentais para interações positivas com os outros e o mundo.</p><p>Por sua vez, Gardner propôs o conceito de "inteligências múltiplas", reconhecendo diferentes capacidades humanas, que incluem: inteligência linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, intrapessoal e interpessoal. Essas inteligências abrangem desde habilidades mais tradicionais, como linguagem e matemática, até habilidades mais relacionadas ao autoconhecimento e relacionamento consigo mesmo e com os outros.</p><p>Gardner (1995) propôs duas formas de inteligência pessoal: a inteligência interpessoal, que é a capacidade de compreender outras pessoas e trabalhar com elas, e a inteligência intrapessoal, que é a capacidade de compreender a si mesmo e trabalhar consigo mesmo. Ambas são importantes e estão relacionadas à formação de um modelo preciso de si mesmo e à capacidade de operar efetivamente na vida. O senso de eu de um indivíduo é uma fusão de componentes interpessoais e intrapessoais, sendo uma construção individual que representa diversas informações sobre a pessoa. A Janela de Johari, desenvolvida por Luft e Ingham, é um modelo que ajuda a explicar o processo de dar e receber feedback entre duas pessoas. Ele se assemelha a uma janela de uma casa dividida em quatro quadrantes e destaca a importância da consciência das fontes de informação de cada pessoa envolvida na interação. Durante a comunicação, cada ação gera uma reação, refletindo nas relações interpessoais através do processo de feedback.</p><p>O conceito de "Eu Cego", "Eu Aberto" e "Eu Desconhecido" descreve diferentes áreas da personalidade de um indivíduo:</p><p>Eu Cego: Esta área representa as características de comportamento que uma pessoa esconde de si mesma, mas que são evidentes para os outros. Por exemplo, um enfermeiro pode não perceber seu potencial para assumir uma posição de liderança, embora os gestores reconheçam isso e o convidem para a função. Outro exemplo é quando alguém não admite sua ansiedade, mas os outros percebem isso e notam como isso afeta sua eficiência.</p><p>Eu Aberto: Aqui estão as facetas da personalidade conhecidas pela própria pessoa e compartilhadas com os outros. É a área consciente e óbvia da personalidade, limitada a amigos e familiares próximos. Por exemplo, um enfermeiro que se prepara bem para uma seleção de emprego e é reconhecido por sua dedicação pelos colegas. Se ele for aprovado, todos concordam que ele estava preparado; se não, todos ficam surpresos, pois o consideravam qualificado.</p><p>Eu Desconhecido: Esta área representa aspectos da personalidade que nem a pessoa nem os outros conhecem ou percebem. Nem o indivíduo nem os outros estão conscientes das limitações ou potencialidades presentes. A conscientização desses aspectos pode ser alcançada através do diálogo aberto e do feedback. Por exemplo, um cliente com diabetes pode seguir todas as recomendações médicas, mas sua glicemia permanece no limite da normalidade. Isso pode ser um aspecto do "Eu Desconhecido" que pode ser explorado e compreendido melhor através do diálogo e feedback com os profissionais de saúde.</p><p>O texto descreve duas facetas da personalidade humana relacionadas à dinâmica intrapessoal: o Eu Desconhecido e o Eu Oculto. O Eu Desconhecido refere-se a aspectos inconscientes ou pouco explorados da personalidade, como sentimentos reprimidos, habilidades não reconhecidas e potenciais latentes. Um exemplo dado é o de um enfermeiro que, em uma situação de emergência fora de sua rotina, age com eficácia para salvar uma vida, surpreendendo a si mesmo e aos outros com suas habilidades não reconhecidas.</p><p>Por outro lado, o Eu Oculto envolve aspectos conhecidos conscientemente, mas deliberadamente escondidos dos outros, muitas vezes por medo de censura ou repreensão. Um exemplo fornecido é o de um enfermeiro que comete um erro na administração de medicamento durante o trabalho, mas opta por não revelar o ocorrido, mesmo sem graves consequências.</p><p>Ambos os conceitos destacam a complexidade da psique humana e como diferentes aspectos podem influenciar o comportamento e as interações sociais, seja revelando-se de forma inesperada (Eu Desconhecido) ou sendo conscientemente ocultados (Eu Oculto).</p><p>O texto aborda a importância da relação enfermeiro-cliente como uma conexão genuína entre seres humanos, destacando que os enfermeiros, apesar de sua função profissional, continuam sendo pessoas. A decisão de se tornar enfermeiro implica em estar disposto a lidar com o sofrimento e a morte, buscando compreender e cuidar dos sentimentos dos pacientes como uma forma de cuidar de si mesmos. Além disso, discute-se sobre a habilidade do relacionamento interpessoal, que permite aos indivíduos se conectarem com os outros, compreendendo suas emoções, intenções e estados de ânimo. Essa habilidade possibilita a descentralização do sujeito, saindo de si mesmo para se conectar com o outro. No entanto, reconhece-se que nem sempre essa sintonia interpessoal é alcançada, pois existem diferenças individuais que podem dificultar a compreensão mútua.</p><p>Algumas dessas orientações para interagir com os outros inclui:</p><p>Cumprimentar: Iniciar interações com saudações corteses como "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite".</p><p>Sorrir: Transmitir uma expressão facial leve e amigável durante as interações.</p><p>Conhecer os nomes: Demonstrar respeito ao aprender e usar o nome das pessoas.</p><p>Manter contato visual: Mostrar interesse e respeito ao fazer contato visual durante uma conversa.</p><p>Ser sincero: Agir e falar com honestidade para estabelecer confiança e conexão.</p><p>Ouvir atentamente: Demonstrar interesse genuíno ao ouvir o que os outros têm a dizer.</p><p>Evitar interrupções: Permitir que os outros terminem de falar antes de responder, mesmo em discordância.</p><p>Mostrar interesse: Demonstrar interesse genuíno nas vidas e preocupações</p><p>dos outros.</p><p>Ser empático: Tentar compreender os sentimentos e perspectivas dos outros.</p><p>Respeitar opiniões diferentes: Reconhecer que todos têm perspectivas diferentes e estar aberto ao diálogo.</p><p>Entender completamente: Certificar-se de compreender completamente o que está sendo comunicado.</p><p>Reconhecer múltiplas perspectivas: Reconhecer que cada pessoa tem sua própria verdade.</p><p>Valorizar relacionamentos: Reconhecer a importância das interações interpessoais para o desenvolvimento pessoal e o bem-estar emocional.</p><p>Cuidar dos outros: Entender que cuidar envolve atitudes, respeito, e disposição pessoal para interagir e se relacionar com os outros.</p><p>O relacionamento interpessoal positivo entre enfermeiro e cliente é fundamental para o cuidado terapêutico. Envolve confronto de experiências, empatia e reciprocidade. O enfermeiro deve considerar as expectativas do cliente de honestidade e interesse genuíno. A forma como o enfermeiro cuida, comunica e age demonstra seu comprometimento em suprir as necessidades e expectativas do cliente, determinando se o cuidado é terapêutico. No Capítulo 4, o relacionamento terapêutico é abordado como uma relação de ajuda, onde o enfermeiro auxilia o cliente em seu crescimento pessoal por meio da interação.</p>