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<p>Quando os monstros dão lugar para problemas reais</p><p>MARQUEZINI, Felipe Rodrigues¹</p><p>NESS, Patrick. “Sete Minutos Depois da Meia-noite. Novo Conceito; 1ª edição (7 novembro 2016). Tradução por: Paulo Polzonoff Junior.</p><p>Relançamento do livro de 2011, “O Chamado do Monstro”, também escrito por Patrick Ness, o romance/drama “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” nos apresenta a vida conturbada de Connor O'Malley, um garoto de 13 anos que vive sozinho com sua mãe, que se encontra em estado terminal de câncer, passando por árduos tratamentos. Seu pai os deixou cedo para viver junto de sua nova família em outro país, criando assim a necessidade de Connor amadurecer prematuramente para conseguir auxiliar sua mãe. Na escola, as outras crianças frequentemente são maldosas com Connor, sendo tratado com certa “invisibilidade” pelos colegas e professores, por conta da doença de sua mãe. Além dos problemas vividos, após o adoecimento de sua mãe, Connor vem sofrendo com pesadelos em quase todas as noites de sono. Em certa noite de mais um pesadelo, a árvore que antes havia na colina próxima a casa de Connor dá forma para um monstro gigantesco, que passa a visita-lo todas as noites sempre no mesmo horário, 00:07 (explicando o nome escolhido para o relançamento do primeiro livro). O monstro propõe uma contação de histórias para o garoto, totalizando três, com Connor sendo quem vai contar a quarta e última história. O monstro estabelece que esta última história deve ser a “verdade”, não qualquer verdade, mas a verdade de Connor, desenvolvendo assim a história mais profundamente.</p><p>Ness nasceu em 1971, nos Estados unidos, mais especificamente no Estado da Virgínia. Sua família se mudou cedo para o Havaí, onde viveu até completar seis anos. Em seguida, mudaram-se para o Estado de Washington, onde manteve-se por mais dez anos antes de se mudar para Los Angeles. Estudou Literatura Inglesa na Universidade do Sul da Califórnia (USC). Em 1999, Ness se mudou para Londres, onde permanece até hoje. Em 2005, conseguiu cidadania britânica. Em sua carreira, escreveu nove livros ao total, focalizando o público adulto e juvenil. Ness venceu a Medalha Carnegie em 2011 e em 2012 pelos livros “A Guerra” e pelo próprio “O Chamado do Monstros”. O escritor está na seleta lista dos sete escritores que conquistaram duas Medalhas Carnegie, sendo apenas o segundo a conquistar o prémio em anos seguidos.</p><p>“Sete Minutos Depois da Meia-noite” não é uma criação totalmente original do autor, que logo nas considerações do livro deixa explícito a inspiração nas ideias de Siobhan Dowd, uma escritora que trabalhava com a mesma editora de Ness, falecida em agosto de 2007. Após sua morte, a editora britânica Walker Books contatou o escritor para colocar as ideias de Dowd no papel.</p><p>A obra começa quando Connor é acordado no meio da noite pelo estranho monstro, que desce a colina até sua casa. Apesar da assustadora aparência do monstro, o garoto não se mostra assustar pela situação, mostrando desde já como o pesadelo – que até o momento não é evidenciado ao leitor – afeta o personagem. A escolha do enfoque em um espaço fechado, o quarto, é um acerto do autor, quando este auxilia a construção do imaginário para o leitor, nos colocando em dúvida quanto à existência do monstro quando os encontros entre Connor e o monstro afetam o ambiente.</p><p>Apesar da narrativa partir para um ponto fantasioso ao introduzir o monstro, o autor edifica com êxito a empatia do leitor com o protagonista, construindo verossimilhança acerca dos acontecimentos e sentimentos que envolvem Connor, evitando que a parte fantasiosa tome a importância dos problemas “reais” do garoto.</p><p>Os sentimentos do protagonista a respeito do câncer de sua mãe aqui se mostram mais profundos, “frios” e reais quando comparamos com outros livros que utilizam da mesma narrativa de forma apelativa, como “A Culpa é das Estrelas”. Connor se mostra como exemplo de personagem redondo, quando sua dramaticidade e medos se desenvolvem de forma que faz o personagem amadurecer, entendendo e aceitando o seu verdadeiro monstro, a aceitação da situação de sua mãe. Embora o drama seja o foco principal da história, Ness mescla de forma satisfatória a fantasia com os problemas reais de Connor. O narrador, aqui heterodiegético, mesmo com olhar estabelecido em terceira pessoa, nos traz para dentro dos sentimentos da criança, colocando nas costas do leitor o mesmo peso que o protagonista carrega.</p><p>A edição da Novo Conceito é agradável ao leitor. Por ser um livro relativamente curto, se torna apta para uma leitura infantil, tratando medos reais sem perder a mística que esse público espera de uma história.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>GREEN, John. A Culpa é das Estrelas. 1. ed. Intrínseca; 2014.</p><p>NESS, Patrick. About me. Disponível em: https://patrickness.com/about-me/.</p><p>LondonBookFairVideo. Interview with Patrick Ness. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6n89WeRz3es.</p><p>Graduando do 1º ano de Letras; FCL – UNESP/Assis: Período noturno. R.A.: 231241674</p>

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