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<p>INTRODUÇÃO À</p><p>AGRONOMIA E AO</p><p>AGRONEGÓCIO</p><p>Eduardo José</p><p>Haverroth</p><p>Uso de tecnologia para</p><p>aumentar o desempenho</p><p>do agronegócio</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Explicar a combinação dos eventos transgênicos que são, simulta-</p><p>neamente, resistentes a pragas e herbicidas.</p><p> Exemplificar o uso da biotecnologia no agronegócio.</p><p> Identificar novos sistemas de gerenciamento utilizados no agronegócio.</p><p>Introdução</p><p>Como em qualquer outra área do mercado, a tecnologia tem modi-</p><p>ficado a maneira de realizar a agricultura, tornando o setor cada vez</p><p>mais competitivo. Propriedades que deixam de investir em tecnologia</p><p>apresentam baixa competitividade no mercado e, consequentemente,</p><p>são menos lucrativas. Além disso, a previsão do aumento populacional</p><p>gera a necessidade de maiores produções ao longo dos anos. No entanto,</p><p>estresses bióticos e abióticos agem na contramão, dificultando a obtenção</p><p>de grandes rendimentos.</p><p>Nesse contexto, a biotecnologia surge como uma ferramenta muito</p><p>valiosa, atuando principalmente na resistência a pragas e herbicidas. O</p><p>conhecimento do funcionamento dos transgênicos explica a grande</p><p>adesão desses elementos na agricultura. Por sua vez, a organização ad-</p><p>ministrativa de uma propriedade facilita a percepção dos problemas</p><p>que, eventualmente, geram prejuízos ao agricultor. Nesse contexto, os</p><p>sistemas de gerenciamento de propriedades são utilizados na facilitação</p><p>da agregação de informações de forma clara e simples, possibilitando a</p><p>tomada de decisão do produtor.</p><p>Neste capítulo, você vai verificar algumas aplicações tecnológicas na</p><p>agricultura. Você vai estudar a combinação de eventos transgênicos que</p><p>são, simultaneamente, resistentes a pragas e herbicidas e vai identificar</p><p>o uso da biotecnologia e os novos sistemas de gerenciamento que são</p><p>utilizados no agronegócio.</p><p>Organismos geneticamente modificados</p><p>Todos os organismos possuem um conjunto de genes, que determinam as</p><p>características e defi nem as espécies. Organismos geneticamente modifi cados</p><p>são aqueles que possuem em seu genoma um ou mais genes não originais</p><p>daquele organismo, que tenham sido inseridos ou modifi cados por meio de</p><p>técnicas de engenharia genética. Esse gene inserido pode ser de outra espé-</p><p>cie ou da mesma, conforme lecionam Cruz et al. (2011). Então, por meio da</p><p>engenharia genética, é possível inserir artifi cialmente uma característica de</p><p>interesse técnico, acelerando o processo de melhoramento genético de uma</p><p>espécie. Mas qual é a diferença entre um organismo geneticamente modifi cado</p><p>e o genótipo crioulo que deu origem ao transgênico? A única diferença é a</p><p>característica expressa pelo gene, ou pelos genes, introduzidos por engenharia</p><p>genética, ainda de acordo com Cruz et al. (2011).</p><p>O conjunto de genes de um organismo reflete a sequência completa de DNA e pode</p><p>ser chamado simplesmente de genoma. Os genes determinam características da</p><p>planta, e simples modificações podem ter um grande efeito. A grande maioria das</p><p>diferenças de resistência de plantas a algum estresse é definida por apenas uma ou</p><p>por poucas mutações no gene.</p><p>O processo de melhoramento de uma espécie objetiva a produção de ge-</p><p>nótipos com melhores características produtivas. Esse processo pode ser</p><p>realizado de diversas maneiras, sendo a mais comum o cruzamento entre</p><p>diferentes genótipos, promovendo a diversidade genética e o agrupamento</p><p>de características de interesse para a agricultura.</p><p>Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio2</p><p>A Lei de Biossegurança exige que qualquer organismo geneticamente modificado</p><p>passe por uma criteriosa avaliação. Quem faz essa avaliação é a Comissão Técnica</p><p>Nacional de Biossegurança (CTNBio). Essa comissão envolve especialistas em várias</p><p>áreas do conhecimento científico, que se reúnem mensalmente para analisar todas</p><p>as propostas de pesquisas com organismos geneticamente modificados. Então, para</p><p>que ocorra a comercialização de organismos geneticamente modificados, é necessária</p><p>uma aprovação da CTNBio, informando que não há riscos ao meio ambiente, à saúde</p><p>humana e animal e à agricultura (RECH, 2018).</p><p>Um dos exemplos mais conhecidos do processo de melhoramento é a</p><p>obtenção da cultura do milho. O cruzamento do teosinto, que possuía diversos</p><p>perfilhos e espigas pequenas, deu origem ao milho, que possui nenhum ou</p><p>poucos perfilhos e espigas grandes (Figura 1). No entanto, a domesticação</p><p>da cultura do milho levou aproximadamente 10.000 anos, conforme apontam</p><p>García-Lara e Serna-Saldivar (2019). A produção de uma nova cultivar com</p><p>resistência a doenças e pragas ocorre mais rapidamente. No entanto, ainda</p><p>assim leva alguns anos, além de exigir grandes áreas experimentais — que,</p><p>consequentemente, envolvem grande uso de mão de obra e alto investimento</p><p>financeiro. Nesse contexto, as ferramentas de edição genética surgem para</p><p>encurtar o tempo desse processo.</p><p>Figura 1. Diferenças fenotípicas entre o teosinto e o milho moderno.</p><p>Fonte: Genetic Science Learning (2013, documento on-line).</p><p>3Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio</p><p>Na agricultura, organismos geneticamente modificados surgem com o</p><p>propósito de prover características que beneficiam a produção e a qualidade</p><p>do produto. A maioria destes são desenvolvidos para a resistência ao ataque</p><p>de insetos e a tolerância a diferentes herbicidas. No Brasil, as espécies que</p><p>possuem modificação genética que estão em escala comercial são soja, milho,</p><p>canola, batata e algodão, conforme apontam Cruz et al. (2011). Somando-se</p><p>a disponibilidade de organismos modificados e a importância da agricultura</p><p>para o país, pode-se explicar a grande área de cultivo de transgênicos no Brasil.</p><p>Em 2017 foram cultivados 50,2 milhões de hectares de culturas geneti-</p><p>camente modificadas no Brasil, sendo a segunda maior área de cultivo no</p><p>mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Nessa área, foram cultivados</p><p>33,7 milhões de hectares de soja, 15,6 milhões de milho e pouco menos de 1</p><p>milhão de hectares de algodão (CONSELHO DE INFORMAÇÃO SOBRE</p><p>BIOTECNOLOGIA, 2018) (Figura 2), conforme o Serviço Internacional para</p><p>Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia (ISAAA, do inglês Service</p><p>for the Acquisition of Agri-biotech Applications; 2017). Milho e soja são as</p><p>culturas que têm a maior adoção de organismos geneticamente modificados,</p><p>sendo transgênica 97% de toda a área plantada de soja no Brasil e 90% do</p><p>milho. Assim, percebe-se a relevância do cultivo de organismos geneticamente</p><p>modificados na agricultura brasileira e a importância de conhecer os eventos</p><p>transgênicos que ocorrem no Brasil.</p><p>Figura 2. Os cinco países com maior área de cultivo de transgênicos, com respectivo</p><p>percentual de cada cultura.</p><p>Fonte: CIB (2018, documento on-line).</p><p>Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio4</p><p>Este artigo, disponível no site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Em-</p><p>brapa), apresenta informações sobre uma cultivar transgênica de algodão de fibra</p><p>longa com resistência ao herbicida glifosato e as principais espécies de lagartas que</p><p>atacam a cultura:</p><p>https://goo.gl/WxPsLm</p><p>No link a seguir, você pode conferir as modificações genéticas que possuem licença</p><p>comercial no Brasil:</p><p>https://goo.gl/NSsxY7</p><p>Os principais eventos transgênicos no Brasil</p><p>As plantas geneticamente modifi cadas, com introdução de genes específi cos</p><p>da bactéria Bacillus thuringienses (Bt), promovem o controle de determina-</p><p>dos grupos de insetos. Esses insetos são denominados insetos-alvo. Dentre</p><p>os insetos-alvo da tecnologia Bt, destacam-se a larva-alfi nete (Diabrotica</p><p>speciosa), a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), a falsa-medideira</p><p>(Chrysodexis includes) e os integrantes dos gêneros Helicoverpa e Heliothis.</p><p>Mas por que os genes de B. thuringienses, uma bactéria de solo, são capazes</p><p>de controlar essas pragas agrícolas? A ação inseticida é obtida pela produ-</p><p>ção de toxinas contra determinados tipos de insetos.</p><p>Portanto, o inseto deve</p><p>consumir a folha da cultura para que essa toxina faça seu controle, conforme</p><p>aponta Jezovsek (2008). O tipo mais comum de toxina é a proteína cristal,</p><p>mais conhecida como proteína Cry (da palavra em inglês crystal; portanto,</p><p>pronuncia-se “cri”).</p><p>Outro benefício da tecnologia Bt diz respeito ao seu tempo de ação. A</p><p>proteína é expressa constitutivamente; ou seja, desde que ocorre a germinação</p><p>da planta, há expressão de Cry. Com isso, ocorre o controle dos inseto-alvo</p><p>durante todo o ciclo da cultura. Por conta desses dois benefícios da tecnolo-</p><p>gia Bt, surgem reduções de custos de aplicação, preservação da qualidade e</p><p>manutenção da produtividade, conforme aponta Jezovsek (2008).</p><p>5Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio</p><p>A proposta do evento transgênico Bt é reduzir a aplicação de agrotóxicos nas culturas</p><p>que possuem a modificação genética. Isso é explicado pelo fato de os insetos-alvo</p><p>serem controlados pela expressão da proteína Cry. No entanto, para as pragas não alvo</p><p>de Bt, o controle químico é necessário. A modificação genética de plantas com Bt foi</p><p>lançada comercialmente em 1996 nos Estados Unidos e em 2007 no Brasil, sendo um dos</p><p>eventos transgênicos mais difundidos ao redor do mundo (ISAAA, 2017; CTNBio, 2015).</p><p>Apesar dos aparentes benefícios, esses organismos geneticamente modifica-</p><p>dos não são mágicos. O monitoramento de pragas deve ocorrer constantemente,</p><p>e, eventualmente, em grandes infestações, pode ser necessário o controle</p><p>químico complementar, conforme leciona Jezovsek (2008). Além disso, por</p><p>conta do mau uso da tecnologia, tem-se observado a menor efetividade desses</p><p>transgênicos. O manejo da resistência de insetos-alvo deve ser priorizado</p><p>para a manutenção dessa biotecnologia. No entanto, não é o que é observado</p><p>na maioria das propriedades. A facilidade de controle observada no início do</p><p>lançamento de cultivares com o evento e a falta de informação ou descaso</p><p>do agricultor podem ser elencadas como fontes da redução do controle. Para</p><p>contornar a perda de efetividade, as empresas aumentam a expressão das</p><p>proteínas e fazem a piramidização de dois ou mais tipos de proteínas Cry.</p><p>Em síntese, o evento Bt faz o controle específico de pragas, por meio da expressão</p><p>constitutiva de toxinas. O uso de cultivares com essa biotecnologia supostamente</p><p>deveria reduzir a aplicação de inseticidas para as pragas-alvo. Porém, o manejo precário</p><p>fez com que surgissem rapidamente pragas resistentes, reduzindo o efeito de controle</p><p>da biotecnologia. Agora, o aumento da expressão da proteína e o acúmulo de dois ou</p><p>mais tipos de Cry são necessários para elevar a eficiência do controle.</p><p>Outro evento transgênico de grande importância é o de resistência ao</p><p>herbicida glifosato. A primeira soja transgênica resistente ao glifosato foi</p><p>Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio6</p><p>feita nos Estados Unidos. Após anos de pesquisa e testes de segurança, foi</p><p>autorizado o plantio, em 1995. Em 1997, a Argentina liberou a produção desse</p><p>transgênico, e, em 1998, teve início o cultivo oficial no Brasil, conforme lecio-</p><p>nam Oliveira, Santos e Barbosa (2012). Esse evento transgênico é conhecido</p><p>como Roundup Ready (RR). O herbicida glifosato inibe a atividade da enzima</p><p>5-enolpiruvil-shiquimato-3-fosfato sintase, a famosa EPSPS, impedindo a</p><p>biossíntese de aminoácidos aromáticos e causando a morte da planta. As</p><p>cultivares RR apresentam a enzima EPSPS proveniente da bactéria Agrobac-</p><p>terium tumefaciens, que é resistente ao glifosato, conforme aponta Ferreira et</p><p>al. (2013). Então, a expressão da proteína EPSPS de outro organismo permite</p><p>a resistência ao herbicida. Esse evento marcou a agricultura, simplificando o</p><p>controle de plantas daninhas.</p><p>O herbicida glifosato apresenta amplo espectro de controle, sendo inclusive</p><p>utilizado como dessecante. Por esse motivo, esse herbicida permitiu a implan-</p><p>tação do sistema de plantio direto. Antes da existência de algodão, milho e</p><p>soja resistentes ao glifosato, o controle de plantas daninhas na pós-emergência</p><p>da cultura obviamente não podia ser realizado com glifosato. Então, outros</p><p>herbicidas eram utilizados para esse fim. Com o advento do RR tanto no</p><p>controle de pré-emergência da cultura quanto na pós-emergência, o glifosato</p><p>passou a poder ser utilizado.</p><p>A ideia era utilizar esse herbicida apenas uma vez na pós-emergência, e</p><p>somente quando realmente necessário. Portanto, seria uma ferramenta adi-</p><p>cional de controle de daninhas. Mas a facilidade de uso, o amplo espectro</p><p>de controle e o baixo custo do glifosato fizeram com que a maioria, se não</p><p>todos os controles de daninhas pós-emergência da cultura, fossem feitos</p><p>com glifosato. Isso problematizou o uso dessa biotecnologia, devido à rápida</p><p>seleção de plantas daninhas resistentes ao herbicida. Portanto, assim como a</p><p>biotecnologia Bt, o manejo não foi adequado.</p><p>Existem no mercado transgênicos que possuem resistência tanto ao glifosato</p><p>quanto à produção da toxina Bt. Um exemplo disso é a cultivar de algodão</p><p>BRS 433 FL B2RF desenvolvida pela Embrapa. Com essa cultivar, o Brasil</p><p>foi o primeiro a desenvolver um algodão transgênico de fibra longa. Além</p><p>disso, esse cultivar possui as tecnologias Bollgard II e Roundup Ready Flex,</p><p>que conferem resistência ao herbicida glifosato e às principais lagartas do</p><p>algodoeiro, conforme aponta Santos (2018). Portanto, essa cultivar, além de</p><p>apresentar fibra de maior qualidade, tem a produção de proteínas Cry de B.</p><p>thuringienses e da enzima EPSPS de A. tumefaciens. Você pode verificar a lista</p><p>de eventos transgênicos aprovados para comercialização no site da CTNBio:</p><p>http://ctnbio.mcti.gov.br/inicio.</p><p>7Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio</p><p>A biotecnologia é importante para o</p><p>agronegócio?</p><p>O que você entende por biotecnologia? A biotecnologia é o conjunto de téc-</p><p>nicas que envolvem a manipulação de organismos vivos para modifi cação</p><p>de produtos. Logo, a biotecnologia é muito mais do que apenas a resistência</p><p>de plantas ao herbicida glifosato e a insetos. A biotecnologia é aplicada nas</p><p>diversas áreas do conhecimento. Um exemplo relevante diz respeito à forma</p><p>de produção de insulina. Até a década de 1970, a insulina era obtida a partir</p><p>do pâncreas de bovinos e de suínos. A partir da década de 1980, começou-se</p><p>a utilizar a técnica de DNA recombinante para criar um organismo genetica-</p><p>mente modifi cado que produzisse insulina. Então, hoje, bactérias transgênicas</p><p>produzem insulina em grande escala, com alta pureza e efi ciência biológica,</p><p>conforme lecionam Nepomuceno, Dossa e Farias (2007). O benefício disso</p><p>são a facilidade de grande produção de insulina e a redução dos custos do</p><p>medicamento para o diabético.</p><p>Outro exemplo de emprego da biotecnologia, mais recente, é o uso de</p><p>mosquitos modificados geneticamente para o controle de Aedes aegypti,</p><p>transmissor da dengue. Ainda, outro transgênico que tem gerado polemica é</p><p>o salmão. Por meio de um gene de outro peixe, o salmão foi modificado para</p><p>produzir o hormônio do crescimento o ano todo, e não apenas em determinado</p><p>período, apresentando crescimento mais rápido que o salmão não transgênico.</p><p>E na agricultura, você consegue imaginar alguma aplicação além das</p><p>resistências já comentadas? Qualquer característica agronômica da planta</p><p>pode ser melhorada por meio da biotecnologia. A primeira liberação comercial</p><p>de planta transgênica foi na cultura do tomateiro. Em 1994, uma empresa</p><p>americana lançou a tecnologia Flavor-Savor®, que permitiu o maior tempo de</p><p>prateleira do fruto, conforme lecionam Nepomuceno, Dossa e Farias (2007).</p><p>No eucalipto, a expressão da proteína cell 1, de Arabdopsis thaliana, permite</p><p>o aumento volumétrico do tronco. No milho, a expressão de uma proteína de</p><p>choque de frio B, de uma bactéria, permite que esse transgênico apresente</p><p>maior resistência ao estresse hídrico, conforme apontam Adee et al. (2016).</p><p>Esse último evento transgênico ainda não é comercializado no Brasil.</p><p>Uso</p><p>de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio8</p><p>São diversas as aplicações de transgenias na agricultura. Busque mais exemplos no</p><p>site da CTNBio, disponível no link abaixo. Aproveite para verificar transgenias que</p><p>não ocorrem em plantas, mas que ainda assim estão relacionadas com a agricultura.</p><p>https://goo.gl/b5ggoa</p><p>O uso da biotecnologia na agricultura tem proporcionado a melhoria do</p><p>controle de doenças e a facilidade do manejo, possibilitando melhores produti-</p><p>vidades com menos usos de agrotóxicos, e tem contribuído para a produção de</p><p>alimentos mais nutritivos, como é o caso do arroz dourado, que possui alto teor</p><p>de vitamina A. Essa tecnologia permite, ainda, a geração de cultivares mais</p><p>adaptadas a condições adversas, resistentes a pragas, doenças e herbicidas.</p><p>Indiretamente, por meio do plantio direto, evita a degradação do solo e, por-</p><p>tanto, permite a redução dos custos de produção, com maior sustentabilidade</p><p>ambiental, conforme aponta Vialta (2018).</p><p>A rápida adoção das biotecnologias na agricultura reflete os substanciais</p><p>benefícios encontrados pelos agricultores (Figura 3). O cultivo de transgênicos,</p><p>que ocorre em 189,8 milhões de hectares ao redor do mundo, contribui signi-</p><p>ficantemente para a produção de alimentos, ração, fibra e combustível para</p><p>cerca de 7,6 bilhões de pessoas, a população mundial em 2018. No entanto,</p><p>a atual produção e o incremento na produtividade não são suficientes para</p><p>alimentar os preditos 10 bilhões de pessoas para o ano de 2050, conforme o</p><p>ISAAA (2017). Portanto, apesar dos benefícios observados pelo emprego de</p><p>transgênicos, eles não são a solução para alimentar o mundo. Precisa-se, mais</p><p>do que nunca, de conhecimento em agronomia e sua real aplicação nas lavouras.</p><p>9Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio</p><p>Figura 3. Área de cultivo de organismos geneticamente modificados ao longo dos anos.</p><p>Fonte: ISAAA (2017).</p><p>200</p><p>180</p><p>160</p><p>140</p><p>120</p><p>100</p><p>80</p><p>60</p><p>40</p><p>20</p><p>0</p><p>1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017</p><p>Total Países desenvolvidos</p><p>Ano</p><p>M</p><p>ilh</p><p>õe</p><p>s</p><p>de</p><p>h</p><p>ec</p><p>ta</p><p>re</p><p>s</p><p>Países em desenvolvimentos</p><p>Confira como o mosquito transgênico é utilizado no controle do Aedes aegypti:</p><p>https://goo.gl/KJ36rn</p><p>O primeiro animal transgênico utilizado na alimentação humana é o salmão. Saiba</p><p>mais no link a seguir:</p><p>https://goo.gl/nqfgmk</p><p>Tecnologia no gerenciamento da propriedade</p><p>O gerenciamento da propriedade é fundamental para o seu sucesso. O au-</p><p>mento da concorrência no setor agrícola tornou inevitável a modernização</p><p>da agricultura, trazendo consigo a ideia de efi ciência produtiva. A efi ciência</p><p>produtiva é atingida pela otimização no uso dos fatores de produção, a fi m de</p><p>obter maior produtividade com o menor custo possível.</p><p>Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio10</p><p>O conhecimento de tudo o que acontece na propriedade é extremamente</p><p>valioso para o planejamento de sua gestão. Quanto maior o volume de infor-</p><p>mações, dispostas de maneira que proporcione facilidade na análise, melhores</p><p>são as condições de planejamento. Porém, quais informações são necessárias?</p><p>Todas que estejam relacionadas com a produção e seus custos. Portanto, são</p><p>necessárias informações técnicas, como a produtividade de determinado talhão,</p><p>as condições de agricultura desse talhão, os insumos necessários para atingir</p><p>essa produtividade e, obviamente, seus custos. A localização dos refúgios</p><p>da tecnologia Bt também pode ser uma informação que necessita registro.</p><p>O agricultor, normalmente, não possui todas essas informações, conforme</p><p>apontam Silva, Dias e Lima (2011). Você consegue imaginar o motivo?</p><p>O agricultor só percebe o déficit no gerenciamento da propriedade quando</p><p>a lucratividade é baixa e, mesmo assim, tem dificuldade em identificar os</p><p>problemas que a ocasionam. Aqui, fica clara a importância da gestão admi-</p><p>nistrativa e financeira. Os acontecimentos de uma propriedade, tanto índices</p><p>técnicos quanto índices financeiros, normalmente são “armazenados” na</p><p>cabeça do produtor. Geralmente, a qualidade da informação acaba sendo</p><p>baixa, pois é praticamente impossível guardar todas as informações dessa</p><p>forma. Alguns produtores são um pouco mais organizados e fazem algumas</p><p>anotações em cadernos, mas com poucas informações e de difícil análise</p><p>posterior, conforme afirmam Silva, Dias e Lima (2011). Propriedades leiteiras</p><p>normalmente possuem esse tipo de anotação. Nesse caso, o produtor anota a</p><p>produção diária de leite.</p><p>O objetivo central dos registros de uma propriedade, do ponto de vista do</p><p>gerenciamento administrativo, é a avaliação de rentabilidade da propriedade.</p><p>A partir disso, é possível determinar eventuais prejuízos e obter informações</p><p>para diagnosticar a causa desse prejuízo, conforme lecionam Kay, Edwards e</p><p>Duffy (2014). Uma vez que o diagnóstico é feito, é possível traçar estratégias</p><p>para evitar que a fonte de prejuízo ocorra novamente. É diante dessa dificul-</p><p>dade que a tecnologia se insere — existem inúmeros softwares que auxiliam</p><p>na administração de propriedades rurais.</p><p>Os sistemas de gerenciamento de propriedades rurais são ferramentas</p><p>utilizadas para o arquivamento de toda e qualquer informação pertinente à</p><p>propriedade. Esse controle normalmente apresenta informações de forma</p><p>simplificada, utilizando, por exemplo, gráficos e tabelas prontas. A ideia</p><p>é que essa maior organização do produtor facilite sua tomada de decisão e</p><p>incremente a lucratividade da propriedade, conforme sugerem Kay, Edwards</p><p>e Duffy (2014). A empresa Emater, por exemplo, disponibiliza um sistema de</p><p>gerenciamento de propriedades com licença gratuita.</p><p>11Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio</p><p>Alguns sistemas de gerenciamento, mais sofisticados, possuem aplicativo</p><p>para smartphone. Estes são construídos de forma a serem autoexplicativos.</p><p>Por conta disso, o produtor pode dar acesso ao aplicativo para todos os seus</p><p>funcionários, para que estes alimentem o sistema com as informações rele-</p><p>vantes. Dessa forma, caso um funcionário faça a aplicação de um produto</p><p>em determinado talhão, ele poderá adicionar a informação ao aplicativo,</p><p>registrando a informação.</p><p>Esse tipo de aplicativo pode utilizar o sistema de posicionamento por</p><p>satélite (GPS) do celular, possibilitando diversas aplicações — por exemplo,</p><p>o monitoramento de pragas. Com isso, podem ser gerados mapas de calor</p><p>(Figura 4), que são utilizados para a tomada de decisão do controle de pragas.</p><p>Dependendo da distribuição e da incidência de pragas, podem ser realizadas</p><p>aplicações localizadas ou em taxa variável, conforme aponta Strider (2018).</p><p>Figura 4. Exemplo de sistema de gerenciamento aplicado na agricultura, gerando mapas</p><p>de calor.</p><p>Fonte: Adaptada de Strider (2018, documento on-line).</p><p>15 mar / Problema / Percevejo-marrom EXIBIR PONTOS CEGOS</p><p>2</p><p>2</p><p>Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio12</p><p>O melhor sistema de gerenciamento de uma propriedade depende de vários</p><p>fatores, incluindo o tamanho e a organização da propriedade, o capital de</p><p>investimento, os interesses e a facilidade do produtor em utilizar um programa</p><p>de computador, conforme apontam Kay, Edwards e Duffy (2014). Cada pro-</p><p>priedade demanda diferentes soluções tecnológicas nessa área, surgindo um</p><p>nicho de mercado. Por conta disso, são inúmeros os sistemas de gerenciamento</p><p>de propriedades disponíveis no mercado atualmente.</p><p>No link a seguir, você pode assistir a uma interessante videoaula sobre a tecnologia</p><p>Bt, apresentada pelo professor Aluízio Borém:</p><p>https://goo.gl/mJo2kN</p><p>O vídeo disponível no link a seguir apresenta o software de gerenciamento de</p><p>propriedades RuralPro, disponibilizado pela EMATER com licença gratuita:</p><p>https://goo.gl/aQcvnM</p><p>ADEE, E. et al. Drought-tolerant corn hybrids yield more in drought-stressed environ-</p><p>ments with no penalty in non-stressed environments. Frontiers in Plant Science, v. 7, p. 1–9,</p><p>2016. Disponível em: <https://doi.org/10.3389/fpls.2016.01534>.</p><p>Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>CONSELHO DE INFORMAÇÃO SOBRE BIOTECNOLOGIA (CIB). Brasil é responsável por 26%</p><p>da área plantada com transgênicos no mundo, aponta estudo inédito. Redação CIB, jun.</p><p>2018. <https://cib.org.br/isaaa-2018/>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>CRUZ, J. C. et al. Milho: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília, DF: Embrapa,</p><p>2011. (Coleção 500 perguntas, 500 respostas). Disponível em: <http://mais500p500r.sct.</p><p>embrapa.br/view/pdfs/90000022-ebook-pdf.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>FERREIRA, R. L. et al. Glyphosate em pós-emergência na soja Roundup Ready. Revista</p><p>Brasileira de Herbicidas, v. 12, n. 2; p. 151–161, maio/ago. 2013.</p><p>GARCÍA-LARA, S; SERNA-SALDIVAR, S. O. Corn history and culture. In: SERNA–SALDIVAR,</p><p>S. O. Corn: chemistry and technology. 3. ed. [S.l.]: Elsevier Inc., 2019. cap. 1, p. 1–18. Dispo-</p><p>13Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio</p><p>nível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B9780128119716000012>.</p><p>Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>GENETIC SCIENCE LEARNING. Evolution of corn. jul. 2013. Disponível em: <https://learn.</p><p>genetics.utah.edu/content/selection/corn/>. 14 dez. 2018.</p><p>ISAAA. Global status of commercialized biotech/GM crops in 2017: biotech crop adoption</p><p>surges as economic benefits accumulate in 22 years. ISAAA Brief, Ithaca, NY, n. 53. 2017.</p><p>Disponível em: <http://www.isaaa.org/resources/publications/briefs/53/download/</p><p>isaaa-brief-53-2017.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>JEZOVSEK, G. K. Milho Bt: o milho geneticamente modificado para o controle de insetos.</p><p>10 jan. 2008. Disponível em: <http://www.pioneersementes.com.br/media-center/</p><p>artigos/76/milho-bt-o-milho-geneticamente-modificado-para-o-controle-de-insetos>.</p><p>Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>KAY, R. D.; EDWARDS, W.; DUFFY, P. Gestão de propriedades rurais. 7. ed. Porto Alegre:</p><p>Bookman, 2014.</p><p>NEPOMUCENO, A. L; DOSSA, D.; FARIAS, J. R. B. Biotecnologia na agricultura: qual caminho</p><p>o brasil deve seguir? Revista de Política Agrícola, v. 16, n. 4, p. 114–120, out./nov. 2007. Dispo-</p><p>nível em: <https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/444495/1/28231115121.</p><p>pdf>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>OLIVEIRA, A. M. X.; SANTOS, R. S.; BARBOSA, M. S. A biotecnologia aplicada ao melho-</p><p>ramento genético vegetal: controvérsias e discussões. Revista da Universidade Vale do</p><p>Rio Verde, Três Corações, v. 10, n. 1, p. 339–361, 2012.</p><p>RECH, E. O que é CTNBio? set. 2018. Disponível em: <https://cib.org.br/faq/o-que-e-</p><p>-ctnbio/>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>SANTOS, E. Dia de campo na TV: Brasil desenvolve primeiro algodão transgênico de</p><p>fibra longa. Notícia: Embrapa, 23 ago. 2018. Disponível em: <https://www.embrapa.</p><p>br/busca-de-noticias/-/noticia/36868809/dia-de-campo-na-tv--brasil-desenvolve-</p><p>-primeiro-algodao-transgenico-de-fibra-longa>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>SILVA, E. C.; DIAS, R. L; LIMA, M. M. Manual do software RuralPro 2010: gestão de pro-</p><p>priedades rurais. Brasília: Emater, 2011. Disponível em: <http://otca.info/gef/uploads/</p><p>e7ccb-EMATER.pdf>. Acesso em 19 dez. 2018.</p><p>STRIDER. 5 Motivos para investir em um software para monitoramento de pragas. Belo</p><p>Horizonte, 30 jul. 2018. Disponível em: <http://pordentrodoagro.strider.ag/software-</p><p>-para-monitoramento-de-pragas/>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>VIALTA, A. Quais são as aplicações da biotecnologia na agricultura? 1 nov. 2018. Disponível</p><p>em: <https://cib.org.br/faq/como-a-biotecnologia-pode-ser-aplicada-a-agricultura/>.</p><p>Acesso em: 14 nov. 2018.</p><p>Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio14</p><p>Leituras recomendadas</p><p>EMBRAPA. Manejo da resistência de insetos em lavouras de milho Bt. [2018]. Disponível em:</p><p><https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/152172/1/Manejo-resistencia.</p><p>pdf>. Acesso em: 14 nov. 2018.</p><p>SEIXAS, M. A.; CONTINI, E. Tendências de uso de culturas geneticamente modifica-</p><p>das na Europa e Américas. Diálogos Estratégicos, Brasília, DF, fev. 2018. Disponível em:</p><p><https://www.embrapa.br/documents/10180/26187851/Resumo+-+Tend%C3%AA</p><p>ncias+de+Uso+de+Culturas+Geneticamente+Modificadas+na+Europa+e+Am%</p><p>C3%A9ricas+-+Elisio+Contini+e+M%C3%A1rio+Seixas/713dc18c-ba14-58f1-a664-</p><p>a36a46170cb5?download=true>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>WAEUIL, J. M. et al. Manejo de milho transgênico. In: CRUZ, J. C. et al. Milho: o produtor</p><p>pergunta, a Embrapa responde. Brasília, DF: Embrapa, 2011. Disponível em: <http://</p><p>www.cnpms.embrapa.br/mipmilho/arquivos/500PRMT.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2018.</p><p>15Uso de tecnologia para aumentar o desempenho do agronegócio</p><p>Conteúdo:</p>