Avaliação da Vulnerabilidade da Água Subterrânea

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<p>II ENCONTRO LUSO-AFRO-AMERICANO DE GEOGRAFIA FÍSICA E AMBIENTE</p><p>Avaliação da Vulnerabilidade Natural e o Risco de Contaminação da Água Subterrânea no Distrito de Dondo, com Base no Método DRASTIC</p><p>P. Januário(a), A. Charrua(b), U. Gemusse(c), J. Dias (d)</p><p>(a) Universidade Pedagógica -Beira. Departamento de Ciências de Terra e Ambiente. januario.pedro21@gmail.com</p><p>(b) Universidade Pedagógica -Beira. Departamento de Ciências de Terra e Ambiente. albecharrua@gmail.com</p><p>(c) Universidade do Porto. Faculdade de Ciências do Porto. ugemusse@gmail.com</p><p>(d) Direção Provincial dos Recursos Minerais e Energia de Sofala, Moçambique. diasjose.uem@gmail.com</p><p>Resumo</p><p>A presente pesquisa pretende avaliar a vulnerabilidade natural e o risco de contaminação da água subterrânea no distrito de Dondo. Para elaboração do trabalho usou-se o método DRASTIC que se baseia em sete (7) parâmetros que são: a profundidade do lençol freático (D), recarga da água subterrânea (R), material do aquífero (A), tipo de solo (S), Topografia (T), Impacto da zona Vadosa (I) e Condutividade hidráulica (C), que por sua vez culminou com elaboração do mapa final de contaminação das águas subterrâneas. Contudo da pesquisa, observou-se que as áreas mais vulneráveis se encontram na direção Este-Oeste, apresentando vulnerabilidade alta e muito alta devido à topografia e o tipo de solo existente. E na direcção Norte-Sul apresenta vulnerabilidade baixa e moderada, influenciada pela geologia local onde se assenta a Formação de Mazamba.</p><p>Palavras-chave: Vulnerabilidade, Água subterrânea, Risco de contaminação, Método DRASTIC.</p><p>1. Introdução</p><p>A contaminação da água em geral é um problema que afecta todo mundo, desde países desenvolvidos aos menos desenvolvidos. As águas superficiais (rios, lagos) e as subterrâneas em particular são vulneráveis à contaminação. No entanto, a falta de pesquisas prévias sobre a contaminação das águas subterrâneas em Moçambique trás consigo várias implicações negativas, visto que são assentes infra-estruturas em locais com alto potencial em recursos hídricos, podendo contaminar as águas subterrâneas existentes no subsolo.</p><p>A presente pesquisa visa levar a cabo um estudo geocientífico preliminar que procura avaliar a vulnerabilidade natural e o risco de contaminação da água subterrânea no distrito de Dondo, cuja maior parte da população é abastecida por essas águas.</p><p>Estudos indicam que a avaliação da vulnerabilidade de contaminação das águas subterrâneas pode ser feita usando os seguintes métodos: GOD, SINTACS, EKv e DRASTIC (ALLER et al, 1987 & SOUZA, 2009).</p><p>Para a pesquisa usou-se o método DRASTIC, este pode ser implementado em qualquer tipo de aquífero, o mesmo baseia-se em sete (7) parâmetros que são: a profundidade da água subterrânea (D), recarga da água subterrânea (R), material do Aquífero (A), Tipo de solo (S), Topografia (T), Impacto da zona Vadosa (I) e condutividade hidráulica (C), que por sua vez culminaram com elaboração de sete (7) mapas.</p><p>2. Objectivos</p><p>2.1. Geral</p><p>· Avaliar a vulnerabilidade natural e o risco de contaminação das águas subterrânea no distrito de Dondo com base no método DRASTIC.</p><p>2.2. Específicos</p><p>· Produzir o mapa de vulnerabilidade natural e do risco à contaminação da água subterrânea no distrito de Dondo;</p><p>· Identificar as possíveis fontes de contaminação das águas subterrâneas na área de estudo.</p><p>3. Metodologias</p><p>A metodologia iniciou pelo levantamento bibliográfico, e trabalho de campo, e por fim o trabalho de gabinete, que foi dividido em duas partes, que são:</p><p>· Método DRASTIC: O método de avaliação da vulnerabilidade de águas subterrâneas DRASTIC foi desenvolvido por ALLER et al (1987) para a Agência de protecção Ambiental Norte Americana. (CARDOSO, 2010).</p><p>O índice DRASTIC é o somatório de sete parâmetros hidrogeológicos que são: D – Profundidade do lençol freático; R – Recarga da água subterrânea; A – Tipo de material da água subterrânea; S – Tipo de solo; T – Topografia; I – Impacto da zona não saturada (vadosa); C – Condutividade hidráulica.</p><p>Índice DRASTIC = Dp*Di+Rp*Ri+Ap*Ai+Sp*Si+Tp*Ti+Ip*Ii+Cp*Ci</p><p>Onde: p: Peso relativo de cada parâmetro; i: Índice de cada elemento.</p><p>· Geoprocessamento: os dados de furos foram fornecidos pela DPOPHRHS, foram plotados, digitalizados e espacializados em ambiente SIG, no software Qgis2.14.1.</p><p>4. Localização geográfica do distrito de Dondo</p><p>O distrito de Dondo localiza-se na região Centro de Moçambique, a Centro- Este da província de Sofala, é limitado a Norte pelo distrito de Muanza através do rio Sanguzi, a Oeste pelo distrito de Nhamatanda através do rio Púnguè, a Sul pelo distrito de Búzi e Cidade da Beira e a Este pelo Oceano Índico. O mapa 1 apresenta a localização geográfica do distrito de Dondo, com os principais rios e postos administrativos.</p><p>Mapa 1: Localização do distrito de Dondo. Fonte: DPTADR, adaptado pelos autores, 2017.</p><p>5. Mapa final da vulnerabilidade e do risco de contaminação das águas subterrâneas</p><p>A vulnerabilidade obtida no mapa final varia de 136 à 184, permitindo o agrupamento de 4 classes de vulnerabilidades: baixa, moderada, alta e muito alta.</p><p>Para SANTOS (2011), a classe de vulnerabilidade baixa varia de (136-144), de tal forma que o risco de contaminação foi minimiza-se devido à formação Mazamba que influencia na declividade do terreno.</p><p>Para a classe de vulnerabilidade moderada (144-152), o risco de poluição foi médio, principalmente por ser zona intermédia da declividade e o solo ser argilo- arenoso.</p><p>As classes de vulnerabilidade alta (160-176) e muito alta (176-184) encontram-se na região este e oeste do mapa onde o nível freatico está próximo da superfície e a declividade mais baixas. Como ilustra o mapa 2.</p><p>Mapa 2:Mapa da vulnerabilidade à contaminação da água subterrânea no distrito de Dondo. Fonte: Autores, 2017.</p><p>6. Possíveis fontes de contaminação das águas subterrâneas na área de estudo</p><p>O distrito apresenta quatro (4) principais fontes de contaminação das águas subterrâneas que são:</p><p>Intensificações das actividades agrícolas: devido ao plantio de Saccharum officinarum (cana-de-açúcar) que usa insecticidas que fornecem risco de contaminação da água na área de estudo.</p><p>Deposição de resíduos sólidos: o aterro municipal de Dondo junta os resíduos sólidos indústrias, domésticos e hospitalares que podem produzir gases (metano e sulfídrico) e chorume.</p><p>Cemitérios: O acúmulo de cadáveres em tumbas (caixões) que não usam impermeabilizantes especiais na região aumenta o risco de contaminação das águas subterrâneas pelo aumento de sais minerais (cloreto, sódio e cálcio), de metais (ferro, alumínio e zinco), e bactérias (heterotróficas).</p><p>Mineração auxiliada ao vazamento de substâncias tóxicas: a exploração de areia por se só, não pode ser vista como uma fonte de contaminação das águas subterrâneas, mas sim como uma ponte para a contaminação, pois a extracção de areia expõe o lençol freático das águas subterrâneas deixando vulneráveis a contaminantes como o derrame de óleos e combustíveis dos automóveis que transportam a areia. Como apresenta o mapa 3.</p><p>Mapa 3: Possíveis fontes de contaminação da água subterrânea no distrito de Dondo. Fonte: Autores, 2017.</p><p>7. Considerações Finais</p><p>A pesquisa mostra que é possível fazer um estudo da vulnerabilidade da água subterrânea usando softwares, assim sendo, conclui se que: na direcção Este-Oeste, apresentando vulnerabilidade alta e muito alta devido a topografia e o tipo de solo existente. E na direcção Norte-Sul apresenta vulnerabilidade baixa a moderada, influenciada pela geologia local onde se assenta a Formação de Mazamba.</p><p>A cidade de Dondo apresenta vulnerabilidade moderada, e alguns contaminantes como aterros de resíduos sólidos, agricultura e cemitérios. Nos postos administrativos de Mafambisse e Savane apresentam vulnerabilidade alta e muito alta, com tudo não apresenta contaminantes suficientes para afectar as águas.</p><p>Com vista a minimizar a contaminação das águas subterrâneas, no distrito de Dondo propõe-se que durante a realização dos planos de estrutura urbana, deve-se fazer estudos sobre</p><p>a localização e disposição dos aquíferos para evitar a construção de infra-estruturas contaminantes em locais que apresentam quantidades significativas de águas subterrâneas.</p><p>Referências bibliográficas</p><p>1. ALLER, Linda. LEHR, Jay. PETTY, Rebeca. (1987). DRASTIC: A standardized system to evaluate ground water pollution potential using hidrogeologic settings. Disponível na internet via: http://rdn.bc.ca/cms/wpattachments/wpID3175atID5999.pdf. Arquivo capturado em 28 de Novembro de 2016.</p><p>2. CARDOSO, Leila Vanessa Rodrigues Queirós. (2010). Estudo comparativo dos métodos DRASTIC e GOD na avaliação da vulnerabilidade das águas subterrâneas à poluição da Bacia hidrográfica do Rio Cabril. Vila Real. Disponível na internet via: https://repositorio.utad.pt/bitstream/10348/1446/1/MsC_lvrqcardoso.pdf. Arquivo capturado em 8 de Novembro de 2016.</p><p>3. Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental de Sofala (DPCAS). (2012). Plano distrital do uso do solo do Dondo (2012- 2022). Volume I, II, III.</p><p>4. GTK CONSORTIUM. (2006). Notícia Explicativa da Carta Geológica. Escala 1:250.000. Direcção Nacional de Geologia. Volume 1 & 2. Maputo.</p><p>5. HIPOLITO, J. Reis. VAZ, A. Carmo. (2011). Hidrologia e recursos hídricos. IST Press.</p><p>6. JUNIOR, Homero Reis de Melo. (2008). Método DRASTIC: Uma proposta de escala para normalização dos índices finais de vulnerabilidade. Disponível na internet via: https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/download/23781/15846 . Arquivo capturado em 18 de Novembro de 2016.</p><p>7. SANTOS, Maurício Moreira. KIANG, Chang Hung. CELLIGOI, André. (2011). Índice DRASTIC: Método De Apoio A Avaliação Da Vulnerabilidade Natural De Um Aquífero Local Na Área Urbana De Londrina-Pr. Disponível na internet via: https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/download/23503/15588. Arquivo capturado em 16 de Novembro de 2016.</p><p>8. SOUZA, Natália, Assunção. (2009). Vulnerabilidade à poluição das águas subterrâneas – Um estudo do aquífero Bauru na zona urbana de Araguari, MG. Uberlandia. Disponível na internet via: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/14133/1/Vulnerabilidade PoluicaoAguas.pdf . Arquivo capturado em 15 de Dezembro de 2016.</p><p>II ENCONTRO LUSO-AFRO-AMERICANO DE GEOGRAFIA FÍSICA E AMBIENTE</p><p>Anexos:</p><p>Mapa 4,5 & 6: Mapa dos parametros D, R & A. Fonte: Autores, 2017</p><p>Mapa 7, 8, 9 & 10: Mapa dos parametros S, T, I & C. Fonte: Autores, 2017</p><p>image1.png</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p><p>image5.png</p><p>image6.png</p><p>image7.png</p><p>image8.png</p><p>image9.png</p><p>image10.png</p>