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<p>Doenças Respiratórias Prevalentes na Infância</p><p>São as doenças mais frequentes durante a infância, acometendo um número elevado de crianças, de todos os níveis sócio-econômicos e por diversas vezes. Nas classes sociais mais pobres, as infecções respiratórias agudas ainda se constituem como importante causa de morte de crianças pequenas, principalmente menores de 1 ano de idade. Os fatores de risco para morbidade e mortalidade são baixa idade, precárias condições sócio-econômicas, desnutrição, déficit no nível de escolaridade dos pais, poluição ambiental e assistência de saúde de má qualidade (SIGAUD, 1996).</p><p>A enfermagem precisa estar atenta e orientar a família da criança sobre alguns fatores:</p><p>· Preparar os alimentos sob a forma pastosa ou líquida, oferecendo em menores quatidades e em intervalos mais curtos, respeitando a falta de apetite e não forçando a alimentação;</p><p>· Aumentar a oferta de líquidos: água, chás e suco de frutas, levando em consideração a preferência da criança;</p><p>· Manter a criança em ambiente ventilado, tranquilo e agasalhada se estiver frio;</p><p>· Fluidificar e remover secreções e muco das vias aéreas superiores frequentemente;</p><p>· Evitar contato com outras crianças;</p><p>· Havendo febre: até 38,4ºC dar banho, de preferência de imersão, morno (por 15 minutos); aplicar compressa com água morna e álcool nas regiões inguinal e axilar; retirar excessos de roupa. Se ultrapassar este valor oferecer antitérmico recomendado pelo pediatra.</p><p>RESFRIADO</p><p>Inflamação catarral da mucosa rinofaríngea e formações linfóides anexas. Possui como causas predisponentes: convívio ou contágio ocasional com pessoas infectadas, desnutrição, clima frio ou úmido, condições da habitação e dormitório da criança, quedas bruscas e acentuadas da temperatura atmosférica, susceptibilidade individual, relacionada à capacidade imunológica (ALCÂNTARA, 1994).</p><p>Principais sinais e sintomas: febre de intensidade variável, corrimento nasal mucoso e fluido (coriza), obstrução parcial da respiração nasal tornando-se ruidosa (trazendo irritação, principalmente ao lactente que tem sua alimentação dificultada), tosse (não obrigatória), falta de apetite, alteração das fezes e vômitos (quando a criança é forçada a comer).</p><p>Não existindo contra-indicações recomenda-se a realização de exercícios respiratórios, tapotagem e dembulação. Se o estado for muito grave, sugerindo risco de vida para a criança se ela continuar em seu domicílio, recomenda-se a hospitalização.</p><p>PNEUMONIA</p><p>Inflamação das paredes da árvore respiratória causando aumento das secreções mucosas, respiração rápida ou difícil, dificuldade em ingerir alimentos sólidos ou líquidos; piora do estado geral, tosse, aumento da frequência respiratória (maior ou igual a 60 batimentos por minuto); tiragem (retração subcostal persistente), estridor, sibilância, gemido, períodos de apnéia ou guinchos (tosse da coqueluche), cianose, batimentos de asa de nariz, distensão abdominal, e febre ou hipotermia (podendo indicar infecção).</p><p>AMIGDALITES</p><p>Muito frequente na infância, principalmente na faixa etária de 3 a 6 anos (ALCÂNTARA, 1994). Seu quadro clínico assemelha-se a um resfriado comum. Principais sinais e sintomas: febre, mal estar, prostração ou agitação, anorexia em função da dificuldade de deglutição, presença de gânglios palpáveis, mau hálito, presença ou não de tosse seca, dor e presença de pus na amigdala.</p><p>Às orientações de enfermagem acrescentaria-se estimular a família a ofertar à criança uma alimentação mais semi-líquida, a base de sopas, papas ...</p><p>OTITE</p><p>Caracterizada por dor, febre, choro frequente, dificuldade para sugar e alimentar-se e irritabilidade, sendo o diagnóstico confirmado pelo otoscópio. Possui como fatores predisponentes:</p><p>· Alimentação em posição horizontal, pois propicia refluxo alimentar pela tuba, que é mais curta e horizontal na criança, levando à otite média;</p><p>· Crianças que vivem em ambiente úmido ou flhas de pais fumantes;</p><p>· Diminuição da umidade relativa do ar;</p><p>· Limpeza inadequada, com cotonetes, grampos e outros, prejudicando a saída permanente da cera pela formação de rolhas obstrutivas, ou retirando a proteção e facilitando a evolução de otites micóticas ou bacterianas, além de poder provocar acidentes.</p><p>Orientar sobre a limpeza que deve ser feita apenas com água, sabonete, toalha e dedo.</p><p>SINUSITE</p><p>"Desencadeada pela obstrução dos óstios de drenagem dos seios da face, favorecendo a retenção de secreção e a infecção bacteriana secundária" (LEÃO, 1989). Caracteriza-se por tosse noturna, secreção nasal e com presença ou não de febre, sendo que raramente há cefaléia na infância (SAMPAIO, 1994). Casos recidivantes são geralmente causados por alergia respiratória. Possui como fatores predisponentes:</p><p>· Episódios muito frequentes de resfriado;</p><p>· Crianças que vivem em ambiente úmido ou flhas de pais fumantes;</p><p>· Diminuição da umidade relativa do ar.</p><p>RINITE</p><p>Apresenta como manifestações clínicas a obstrução nasal ou coriza, prurido e espirros em salva; a face apresenta "olheiras"; dupla prega infra-orbitária; e sulco transversal no nariz, sugerindo prurido intenso. Pode ser causada por alergia respiratória, neste caso faz-se necessário afastar as substâncias que possam causar alergia.</p><p>BRONQUITE</p><p>Inflamação nos brônquios, caracterizada por tosse e aumento da secreção mucosa dos brônquios, acompanhada ou não de febre, predominando em idades menores. Quando apresentam grande quntidade de secreção pode-se perceber ruído respiratório ("chiado" ou "ronqueira") (RIBEIRO, 1994).</p><p>Propicia que as crianças portadoras tenham infecções com maior frequência do que outras. Pode se tornar crônica, levando a anorexia a uma perda da progressão de peso e estatura (RIBEIRO, 1994). Recomenda-se afastar substâncias que possam causar alergias.</p><p>ASMA</p><p>Doença crônica do trato respiratório, sendo uma infecção muito frequente na infância. A crise é causada por uma obstrução, devido a contração da musculatura lisa, edema da parede brônquica e infiltração de leucócitos polimorfonucleares, eosinófilos e linfócitos (GRUMACH, 1994).</p><p>Manifesta-se através de crises de broncoespasmo, com dispnéia, acessos de tosse e sibilos presentes à ausculta pulmonar. São episódios auto-limitados podendo ser controlados por medicamentos com retorno normal das funções na maioria das crianças.</p><p>Em metade dos casos, os primeiros sintomas da doença surgem até o terceiro ano de vida e, em muitos pacientes, desaparecem com a puberdade. Porém a persistência na idade adulta leva a um agravo da doença.</p><p>Fatores desencadeantes: alérgenos (irritantes alimentares), infecções, agentes irritantes, poluentes atmosféricos e mudanças climáticas, fatores emocionais, exercícios e algumas drogas (ácido acetil salicílico e similares).</p><p>É importante que haja:</p><p>· Estabelecimento de vínculo entre paciente/ família e equipe de saúde;</p><p>· Controle ambiental, procurando afastar elementos alergênicos;</p><p>· Higiene alimentar;</p><p>· Suspensão de alimentos só deverá ocorrer quando existir uma nítida relação com a sintomatologia apresentada;</p><p>· Fisioterapia respiratória a fim de melhorar a dinâmica respiratória, corrigir deformidades torácicas e vícios posturais, aumentando a resistência física.</p><p>Durante uma crise o paciente precisa de um respaldo medicamentoso para interferir na sintomatologia e de uma pessoa segura e tranquila ao seu lado. Para tanto a família precisa ser muito bem esclarecida e em alguns casos faz-se necessário encaminhamento psicológico.</p><p>Infecções do trato respiratório inferior (ITRi) compreendem doenças das vias aéreas inferiores, tais como bronquite aguda, bronquiolites, infecções em pacientes com bronquiectasias e infecções que comprometem os espaços aéreos como as pneumonias, dentre outras. Entre essas afecções incluem-se pneumonias adquiridas na comunidade (PAC) e pneumonias adquiridas no hospital ou em instituições de saúde. As PAC constituem a principal causa de morte no mundo, sendo a etiologia pneumocócica a de maior incidência</p><p>Doenças do trato respiratório superior</p><p>Otite Média Aguda</p><p>A otite média aguda (OMA) é uma doença comum</p><p>na primeira infância (com pico de incidência entre 6 meses e 2 anos), mas também afeta crianças maiores e, menos comumente, adolescentes e adultos.</p><p>Para o diagnóstico, deve-se considerar que hiperemia , diminuição da translucidez da membrana timpânica ou presença isolada de líquido retrofaríngeo, sem abaulamento ou otorreia , não são sinais que diferenciam a OMA. O abaulamento da membrana timpânica é o achado mais confiável. OMA causada por pneumococo está mais associada a alterações importantes da membrana timpânica (principalmente abaulamento), febre e otalgia, enquanto a causada por H. influenzae está mais associada a sintomas oculares (conjuntivite purulenta).</p><p>Tratamento</p><p>O uso de analgésicos e antipiréticos deve ser imediato, pois os antibióticos demoram até 48 horas para aliviar o quadro de febre e otalgia. Entre os analgésicos mais comumente usados estão dipirona , paracetamol (paracetamol) e ibuprofeno</p><p>Rinossinusite Aguda</p><p>A rinossinusite aguda (RSA) é uma inflamação da mucosa nasal e seios paranasais que geralmente se apresenta com dois ou mais dos seguintes sintomas, como rinorreia e / ou obstrução nasal (sendo um deles obrigatório), dor facial e alterações olfatórias. Em pacientes pediátricos, a tosse é um sintoma bastante comum, mais comum do que as alterações olfatórias</p><p>Sintomas principais</p><p>Sintomas associados</p><p>Rinorreia</p><p>Dor facial</p><p>Obstrucao nasal</p><p>Alterações no olfato</p><p>Tosse (crianças)</p><p>As diretrizes americanas para rinossinusite (2015) apontam que a rinorreia purulenta é o sintoma mais confiável para o seu diagnóstico. Assim, considera-se a presença de dois ou mais sintomas para o diagnóstico de RSA, sendo mandatória a presença de rinorreia purulenta, associada a congestão nasal e / ou dor facial.</p><p>Os casos de ARS geralmente começam como uma infecção viral. A maioria desses casos apresenta resolução espontânea em 7 a 10 dias, com nítida melhora após 5 dias de evolução. Apenas 0,5–2% dos casos mostram evolução para ARS bacteriana em adultos e 5–13% dos casos em crianças.</p><p>De acordo com as diretrizes americanas para rinossinusite (2015), devemos considerar o diagnóstico de rinossinusite bacteriana aguda (RSAB) quando os sintomas cardinais persistem por mais de 10 dias, sem evidência de melhora em curto prazo, ou mesmo piora dos sintomas após um período de melhora inicial, denominado piora dupla.</p><p>Tratamento</p><p>O tratamento sintomático é extremamente importante para a melhora da qualidade de vida e pode ser instituído em todos os casos de RSA. O medicamento deve ser escolhido de acordo com os sintomas mais intensos do paciente. Assim, o médico deve personalizar o tratamento para cada paciente, evitando o uso de “prescrições padronizadas”</p><p>A lavagem nasal com solução salina ou hipertônica é indicada para o tratamento da RSA, seja ela viral ou bacteriana, pois contribui para a redução dos sintomas e resolução mais rápida da doença. Atualmente, existem dados conflitantes sobre o uso da solução hipertônica, além de ser mais desconfortável para o paciente, pois pode causar sensação de queimação e menor adesão ao tratamento. Assim, a lavagem nasal com soluções isotônicas tem sido mais recomendada para esse fim</p><p>Faringotonsilite Aguda</p><p>A faringotonsilite aguda é uma doença caracterizada por sinais e sintomas relacionados à inflamação da faringe e das estruturas do anel linfático de Waldeyer e pode estar associada a uma ampla gama de sintomas regionais e / ou sistêmicos.</p><p>A maioria dos casos de faringotonsilite é causada por vírus (70% dos casos), geralmente com odinofagia difusa e leve , febre baixa ou nenhuma, tosse, rouquidão, congestão nasal, rinorreia , presença de lesões ulceradas ou vesiculares na mucosa oral , evolução insidiosa, entre outros</p><p>Já os casos bacterianos, que correspondem a um percentual menor em todas as faixas etárias (menos de 30% dos casos), costumam apresentar odinofagia mais grave, febre alta (> 38,5 ° C), linfonodos maiores que 1 cm, tonsilares e edema e exsudato faríngeo, petéquias palatinas , erupção cutânea escarlatiniforme, dor abdominal isolada e início abrupto dos sintomas. Dentre os principais agentes bacterianos envolvidos na faringotonsilite aguda, o S. pyogenes (estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield) se destaca por sua alta prevalência na faixa etária de 3 a 15 anos (até 2/3 casos), formas mais invasivas com efeitos sistêmicos e, principalmente, seu risco de desenvolver febre reumática .</p><p>Referencias</p><p>Carga de doença por infecções do trato respiratório inferior no Brasil, 1990 a 2015: estimativas do estudo Global Burden of Disease 2015</p><p>https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28658381/</p><p>Como evitar o uso de antibióticos nas infecções de vias aéreas superiores? Posição de um painel de especialistas</p><p>https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29588108/</p><p>Doenças Respiratórias Prevalentes na Infância</p><p>http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/infrespi.htm</p><p>REBES REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE http://www.gvaa.com.br/revista/index.php/REBES REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As principais afecções respiratórias no neonato.</p>