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<p>Módulo</p><p>O Federalismo Brasileiro3</p><p>Brasília - 2017</p><p>Curso Federalismo Fiscal no Brasil</p><p>Informações:</p><p>www.orcamentofederal.gov.br</p><p>Secretaria de Orçamento Federal</p><p>SEPN 516, Bloco “D”, Lote 8,</p><p>70770-524, Brasília – DF, Tel.: (61) 2020-2329</p><p>escolavirtualsof@planejamento.gov.br</p><p>Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão</p><p>Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão</p><p>Romero Jucá</p><p>Secretário-Executivo</p><p>Dyogo Henrique de Oliveira</p><p>Secretário de Orçamento Federal</p><p>Francisco Franco</p><p>Secretários-Adjuntos</p><p>Antonio Carlos Paiva Futuro</p><p>George Alberto Aguiar Soares</p><p>Cilair Rodrigues de Abreu</p><p>Diretores</p><p>Clayton Luiz Montes</p><p>Felipe Dariuch Neto</p><p>Marcos de Oliveira Ferreira</p><p>Zarak de Oliveira Ferreira</p><p>Coordenador-Geral de Inovação e Assuntos Orçamentários e Federativos</p><p>Girley Vieira Damasceno</p><p>Coordenadora de Educação e Difusão Orçamentária</p><p>Rosana Lôrdelo de Santana Siqueira</p><p>Organização do Conteúdo</p><p>Karina Rocha Martins Volpe</p><p>Munique Barros Carvalho</p><p>Revisão do Conteúdo</p><p>Karina Rocha Martins Volpe</p><p>Revisão Pedagógica</p><p>Janiele Cardoso Godinho</p><p>Revisão Gramatical e Ortográfica</p><p>Renata Carlos da Silva</p><p>Colaboração</p><p>Bruno Rodolfo Cupertino</p><p>Karen Evelyn Scaff</p><p>Nayara Gomes Lim</p><p>SUMÁRIO</p><p>Objetivo do Módulo .......................................................................................5</p><p>1. História do Federalismo no Brasil ................................................................5</p><p>1.1 O Federalismo na Constituição Brasileira de 1988 .........................................6</p><p>2. Repartição de Competências .......................................................................6</p><p>3. Competência Administrativa .......................................................................9</p><p>4.Competência Legislativa ............................................................................ 14</p><p>Revisão Do Módulo ...................................................................................... 17</p><p>Referências ................................................................................................... 18</p><p>5</p><p>Objetivo do Módulo</p><p>Apresentar a origem do federalismo no Brasil; a repartição de competências entre os entes</p><p>federados e suas responsabilidades administrativas e legislativas e, por fim, apresentar as</p><p>competências constitucionais outorgadas aos entes da federação e como elas são distribuídas.</p><p>1. História do Federalismo no Brasil</p><p>O Federalismo Brasileiro foi inspirado na experiência norte-americana, entretanto sua criação</p><p>ocorreu de maneira oposta. No Brasil não houve um pacto entre unidades autônomas, mas</p><p>um processo de descentralização de poder, pois naquela época tínhamos um poder bastante</p><p>centralizado.</p><p>Portanto, no Brasil houve uma descentralização do poder</p><p>do centro para os estados-membros. Esse processo ficou</p><p>conhecido como modelo centrífugo, conforme demonstrado</p><p>na imagem ao lado.</p><p>A imensidão territorial e as condições naturais do Brasil</p><p>favoreciam a descentralização que é a base do regime</p><p>federativo. O objetivo era manter a pluralidade das</p><p>condições regionais e o regionalismo de cada zona, tudo</p><p>integrado na unidade nacional do federalismo.</p><p>Durante a dominação portuguesa a centralização</p><p>administrativa excessiva era um perigo à própria unidade</p><p>nacional. Em razão disso, o Império foi concedendo</p><p>autonomia às províncias que com a Proclamação da</p><p>República em 1889 transformaram-se em estados-</p><p>membros.</p><p>A Constituição Federal de 1891 instituiu que cada estado-membro reger-se-ia pela Constituição</p><p>e pelas leis que adotassem, respeitados os princípios constitucionais da União. A Federação,</p><p>então, pressupunha a existência de várias ordens jurídicas autônomas e harmonicamente</p><p>independentes.</p><p>A consolidação da Federação do Brasil ocorreu com a primeira Constituição Republicana de</p><p>1891. A nação brasileira era formada pela união perpétua e indissolúvel de seus estados-</p><p>membros.</p><p>As Constituições posteriores mantiveram a forma federativa de Estado, e, em 1988, os</p><p>Municípios também ganharam autonomia tornando-se entes da Federação.</p><p>Módulo</p><p>O Federalismo Brasileiro3</p><p>6</p><p>Podemos encontrar algumas semelhanças entre o federalismo brasileiro e o modelo</p><p>Norte Americano como: a Constituição Federal escrita, o Senado Federal como espaço</p><p>de representação nacional dos estados e um Tribunal superior responsável por</p><p>julgar conflitos federativos e zelar pelo cumprimento do pacto fundante, ou seja, a</p><p>Constituição Federal.</p><p>1.1 O Federalismo na Constituição Brasileira de 1988</p><p>A Constituição em vigor é conhecida como “Constituição Cidadã”. É a sétima Constituição</p><p>adotada no país e tem como fundamentos dar maior liberdade e mais direitos ao cidadão.</p><p>Das sete Constituições adotadas no Brasil1, quatro foram promulgadas por assembleias</p><p>constituintes (consideradas Constituições democráticas); duas foram impostas (uma por D.</p><p>Pedro I e outra por Getúlio Vargas); e uma aprovada pelo Congresso Nacional por exigência do</p><p>regime militar. A Constituição Brasileira de 1988 estabeleceu a forma Federativa ao dispor que:</p><p>• A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e</p><p>Municípios e do Distrito Federal (Art. 1º).</p><p>• A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a</p><p>União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos</p><p>desta Constituição (Art. 18).</p><p>• Os entes da federação têm competências próprias, exemplos: arts. 22, 23, 25 e 27.</p><p>2. Repartição de Competências</p><p>Para iniciarmos os estudos sobre repartição de competências, convido você a fazer as seguintes</p><p>reflexões: Quando você vai ao hospital e não consegue atendimento, de quem você cobra? Da</p><p>União, do Estado ou do Município? Ao final desse módulo você compreenderá a importância</p><p>em conhecer a repartição de competências para aprender essas respostas. Vamos lá?</p><p>O modelo federado pressupõe a fragmentação do poder político em diferentes níveis de</p><p>governo (federal, estadual e municipal). Essa fragmentação implica uma distribuição de</p><p>responsabilidades entre os entes. Esse é um ponto muito importante no pacto federativo, pois</p><p>seu equilíbrio passa por uma adequada repartição de competências entre os entes Federados.</p><p>Portanto, a repartição de competências é o núcleo e a essência de um Estado federado, uma</p><p>vez que a autonomia dos entes federados está assegurada nas competências que lhes são</p><p>outorgadas pela Constituição. Essas competências são classificadas tradicionalmente em</p><p>Administrativa, Legislativa e Tributária.</p><p>Guarde essas classificações em sua memória com muita atenção, pois estudaremos</p><p>detalhadamente cada uma delas. Entretanto, a competência tributária, por se tratar de um</p><p>tema importante para o federalismo fiscal, será estudada no módulo a seguir.</p><p>1. Em razão de seu caráter revolucionário, muitos autores, como Pedro Lenza, consideram a EC n. 1/69 um novo poder</p><p>constituinte originário (uma nova constituição).</p><p>7</p><p>Agora, vamos dar continuidade à análise sobre a repartição de competências.</p><p>A repartição de competências é a técnica que a Constituição utiliza para partilhar atividades</p><p>entre os entes federados e, assim, garantir o equilíbrio da federação. É um ponto essencial do</p><p>federalismo já que a autonomia dos entes federativos depende das competências que lhes são</p><p>atribuídas como próprias.</p><p>Ela pode acentuar a centralização, consagrar a descentralização ou introduzir o equilíbrio.</p><p>Quer saber como isso é possível? Observe as informações apresentadas no quadro.</p><p>Note que o grau de retenção de poder local ou de concentração de poder central, em outras</p><p>palavras, o nível de flexibilização ou de centralização política, depende da história do país</p><p>estudado. Nas federações que se formaram pela desintegração de um Estado unitário, existe</p><p>uma propensão em se manter o poder centralizado.</p><p>No federalismo deve-se considerar qual a melhor maneira de distribuir competências, ou seja,</p><p>estabelecer as áreas que ficarão sob a responsabilidade de cada ente federado e também</p><p>distribuir as receitas que serão arrecadas por cada um. Assim,</p><p>pode-se optar por um modelo</p><p>centralizado ou descentralizado.</p><p>8</p><p>Nos anos 80 o Brasil experimentou um processo de descentralização, com motivação política</p><p>muito forte. Um dos principais objetivos era o fortalecimento financeiro e político de estados</p><p>e municípios como forma de fortalecer a democracia então em vias de restabelecimento</p><p>(lembre-se de que vivíamos em um período de ditadura). A Constituição Federal de 1988,</p><p>movida por esses ideais, promoveu diversas mudanças no federalismo brasileiro.</p><p>Os municípios foram reconhecidos como membros da federação, em condição de igualdade</p><p>com os estados-membros em relação a direitos e deveres, passando a assumir também papel</p><p>de maior importância na prestação dos serviços de âmbito local e social.</p><p>A escolha entre centralizar e descentralizar a provisão de bens e serviços públicos, assim como</p><p>a arrecadação de tributos, passa pela questão da eficiência. Assim, deve-se identificar qual</p><p>esfera de governo possui as melhores condições para executar uma função pública.</p><p>Vamos conhecer os argumentos para centralização ou descentralização das políticas públicas?</p><p>Fatores Econômicos: Os governos locais, pela maior proximidade com a população, possuem</p><p>maior capacidade para identificar e atender as demandas locais para certos bens e serviços</p><p>públicos. Por outro lado, a provisão de bens e serviços públicos nacionais deveria ficar com</p><p>o governo central. Este é o caso da produção governamental que atende a todo o país ou</p><p>que exige economias de escala, como, por exemplo, segurança nacional e infraestrutura de</p><p>transportes.</p><p>Fatores Políticos e Institucionais: Estão relacionados com o processo democrático que pode</p><p>ser viabilizado por meio da descentralização. Neste contexto, a descentralização é vista como</p><p>favorável à integração e participação social na condução das políticas públicas, pois permite</p><p>o envolvimento da comunidade nas decisões de alocação de recursos, além de promover a</p><p>transparência.</p><p>Fatores Geográficos: Estão relacionados com a extensão territorial. Entende-se que quanto</p><p>maior for a área do território nacional, maiores tendem a ser os ganhos de eficiência com</p><p>a descentralização. No Brasil, as profundas disparidades econômico-sociais entre macro e</p><p>microrregiões geográficas são condicionantes fundamentais do processo de descentralização,</p><p>pois governos locais conhecem melhor as suas necessidades.</p><p>9</p><p>A repartição de competência foi feita pela Constituição Federal, adotando-se o Princípio</p><p>da Predominância do Interesse. De acordo com esse princípio caberá à União as matérias</p><p>e questões de interesse geral. Aos estados-membros as matérias em que prevalecerem o</p><p>interesse regional e aos municípios os assuntos de interesse local.</p><p>Já pensou como seria confuso se algumas matérias que precisam ser unificadas pudessem ser</p><p>definidas por cada estado-membro? Seriam 27 regras diferentes dentro do mesmo país sobre</p><p>um mesmo assunto!</p><p>Para ajudar você a refletir um pouco melhor acerca da importância em se ter um ente central</p><p>que estabeleça regras válidas em todo território, analise a charge a seguir.</p><p>3. Competência Administrativa</p><p>As competências administrativas ou materiais delineiam a atuação político-administrativa do</p><p>ente federado. Estão relacionadas à atuação efetiva doente.</p><p>Portanto, a competência administrativa é aquela relacionada ao desempenho de tarefas,</p><p>à tomada de providências, à prestação de serviços, enfim, à execução de toda e qualquer</p><p>atividade, com exceção das legislativas. Mas, você sabe o que significa o termo administração?</p><p>O termo administração vem do latim, ad (junto de) e ministratio (prestação de serviço).</p><p>Portanto, administração é uma ação de prestar um serviço. Essa área é relacionada a todas as</p><p>atividades que envolvem planejamento, organização, direção e controle.</p><p>Dessa forma, a tarefa da administração é a de interpretar os objetivos propostos pela</p><p>organização e transformá-los em ação organizacional. Para isso é necessária a realização de</p><p>gastos públicos com recursos arrecadados junto aos contribuintes.</p><p>A Constituição Federal (CF) de 1988 estabeleceu algumas competências administrativas,</p><p>sendo que nesse material destacaremos a competência exclusiva da União, as competências</p><p>privativas dos Municípios, as competências reservadas dos Estados e as competências comuns</p><p>dos entes federados.</p><p>10</p><p>Competência Administrativa Exclusiva (União), Privativa (Municípios) e Residual (Estados).</p><p>A competência exclusiva é a competência que a Constituição estabelece à União no artigo</p><p>21, e só cabe a ela realizar aquela tarefa, ou seja, é indelegável. Em regra, são matérias de</p><p>interesse nacional. Como exemplo, temos a emissão de moeda. Concluímos assim, que só a</p><p>União pode emitir moeda, pois a CF/88 lhe atribuiu especificamente essa tarefa.</p><p>Mas, pense o quão seria estranho cada estado-membro emitir sua moeda. Não faz qualquer</p><p>sentido essa situação, é preciso que o ente central realize essa tarefa para unificá-la em todo</p><p>território nacional. Por esse motivo, temos uma única moeda, o Real, que é válida em todo</p><p>território nacional.</p><p>Os Municípios ficam com as matérias de interesse local. Segundo Lenza (2014), as competências</p><p>materiais privativas do município estão enumeradas dos arts 30, III a IX da CF/88. São aquelas</p><p>tarefas específicas da localidade não cabe à União ou ao estado-membro realizar, mas sim ao</p><p>próprio Município.</p><p>Já os estados-membros têm a competência denominada remanescente, residual ou reservada,</p><p>de modo que são reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas</p><p>pela Constituição, ou a competência que sobrar, eventual resíduo, após a enumeração dos</p><p>outros entes federativos (art. 25, §1º). Significa dizer que aquilo que não estiver na esfera das</p><p>competências da União ou dos Municípios pertence aos Estados.</p><p>O Distrito Federal detém as competências tanto dos estados-membros quanto dos Municípios.</p><p>Competência Administrativa Exclusiva (União), Privativa (Municípios) e Residual (Estados)</p><p>A Constituição Federal de 1988, no art 23, também estabeleceu algumas competências que</p><p>são de responsabilidade de todos os entes (competência comum).</p><p>São matérias como saúde, educação, proteção do meio ambiente, do patrimônio histórico,</p><p>artístico e cultural, dentre outros, que dizem respeito às diferentes esferas federativas, no qual</p><p>todos devem atuar.</p><p>As competências comuns se relacionam ao processo de cooperação intergovernamental. É</p><p>a busca da cooperação entre a União e os entes federados, equilibrando a descentralização</p><p>federal com os imperativos da integração econômica nacional.</p><p>Segundo Lenza (2014), o art. 23, § único, estabelece que leis complementares fixarão normas</p><p>de cooperação entre os entes federados. Como exemplo, o autor cita a Lei Complementar</p><p>nº 140/2011 que fixou normas de cooperação entre os entes nas ações administrativas</p><p>decorrentes do exercício da competência comum relativas:</p><p>11</p><p>• à proteção das paisagens notáveis;</p><p>• à proteção do meio ambiente;</p><p>• ao combate à poluição em qualquer de suas formas;</p><p>• à preservação das florestas, da fauna e da flora.</p><p>É importante que algumas competências sejam exclusivas da União para que certas</p><p>matérias sejam tratadas de maneira uniforme dentro do território. Outros assuntos podem</p><p>ser tratados por cada ente, dentro de suas especificidades, como é o caso das matérias</p><p>locais que ficam a cargo dos Municípios. Há ainda aquelas matérias em que todos os entes</p><p>podem contribuir: é bom que todos os entes trabalhem para preservar o meio ambiente.</p><p>Veja no quadro a seguir alguns exemplos das competências administrativas (materiais)</p><p>vistas até agora.</p><p>12</p><p>Observe agora quais são as competências exclusivas da União.</p><p>Analise com atenção as competências residuais dos Estados na CF/88.</p><p>13</p><p>Competências privativas dos Municípios.</p><p>Competências comuns da União, dos estados, municípios e Distrito Federal.</p><p>É importante ressaltar que não existe hierarquia entre os entes, mas coexistência de entes</p><p>autônomos tendo âmbitos de atuação diferenciados.</p><p>Deve haver uma coordenação entre eles,</p><p>a fim de cumprir as competências que lhe foram constitucionalmente atribuídas, de acordo</p><p>com o interesse nacional, regional ou local a ser garantido.</p><p>Então, o que ocorre se houver conflitos entre os entes federativos? Segundo Lenza (2014),</p><p>deverá se aplicar o critério da preponderância de interesses. Mesmo não havendo hierarquia</p><p>entre os entes da Federação, pode-se falar em hierarquia de interesses em que os mais amplos</p><p>(da União) devem preferir aos mais restritos (dos Estados).</p><p>14</p><p>Vamos ver se você compreendeu esse capítulo? A quem compete explorar os serviços de</p><p>transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros? Consulte a Constituição e</p><p>conheça todas as competências de cada ente da federação.</p><p>4.Competência Legislativa</p><p>A competência legislativa está relacionada ao poder para normatizar, ou seja, estabelecer</p><p>normas. Diferentemente da competência administrativa, a legislativa não diz respeito à atuação</p><p>em si ou à execução de uma atividade, mas sim à edição de leis que regularão determinada</p><p>atuação. Nessa tópico abordaremos as competências legislativas: privativa e concorrente.</p><p>Agora, analise as matérias de competência legislativa privativa da União (art. 22, CF/88).</p><p>15</p><p>Mas, quanto às competências legislativas dos Estados, Distrito Federal e Municípios, o que</p><p>devemos saber? Conheça essa resposta observando atentamente a imagem a seguir.</p><p>Agora vamos conhecer as matérias que são de competência concorrente, ou seja, aquelas em</p><p>que a União, os Estados e o Distrito Federal legislam de forma concomitante.</p><p>A competência é concorrente entre a União, os estados-membros e o Distrito Federal. Cabe à</p><p>União editar normas gerais, ao passo que aos Estados e Distrito Federal compete a edição de</p><p>normas suplementares a essas.</p><p>Isso ocorre porque se criou um sistema de repartição vertical, concedendo apenas à União o</p><p>poder de fixar normas gerais, cabendo aos estados-membros e Distrito Federal estabelecer</p><p>uma legislação complementar. Desse modo, pode-se afirmar que os estados-membros</p><p>possuem competência suplementar à federal.</p><p>Conforme já estudamos, a matéria orçamentária é de competência legislativa concorrente,</p><p>cabendo, portanto, à União estabelecer normas gerais. Dessa forma, todos os entes da</p><p>federação devem obedecer às normas gerais orçamentárias previstas na Constituição Federal,</p><p>embora em questões mais específicas (como prazo para leis orçamentárias) os estados-</p><p>membros possam editar suas próprias normas. Neste caso, um estado pode dispor sobre um</p><p>prazo diferente do previsto na Constituição Federal para aprovação das leis orçamentárias de</p><p>sua região.</p><p>É importante destacar que na competência legislativa concorrente,</p><p>embora o Município tenha sido excluído das matérias elencadas no</p><p>artigo 24 (ficando estabelecido que compete à União, aos Estados e</p><p>ao Distrito Federal legislar concorrentemente), há previsão legal, no</p><p>artigo 30 da Constituição Federal, para que o Município suplemente</p><p>a legislação federal e estadual no que couber.</p><p>Por esta razão, pode o Município legislar, por exemplo, sobre</p><p>proteção do meio ambiente, suplementando a legislação federal e</p><p>estadual, em âmbito estritamente local.</p><p>Mas, talvez você esteja se perguntando: Então a lei federal é</p><p>superior a uma lei estadual? Na verdade, não existe uma hierarquia</p><p>entre as leis, mas uma reserva de competência. Assim, temos duas situações: Competência</p><p>Privativa e Competência Concorrente.</p><p>16</p><p>Na Competência Privativa, se a Constituição atribuiu à União a competência para legislar sobre</p><p>determinado assunto, como por exemplo, sistema de consórcios e sorteios, a sua lei é superior</p><p>a qualquer outra, ou melhor, nenhum outro ente pode legislar sobre este assunto a menos</p><p>que a União autorize os estados-membros a legislarem. Portanto, a lei federal é superior a</p><p>qualquer outra, mas porque aquele assunto é de sua competência.</p><p>Caso seja uma matéria de competência concorrente, em questões gerais a lei federal é superior,</p><p>mas em questões específicas cada estado-membro legisla da forma mais apropriada para seu</p><p>território.</p><p>Exemplo: Determinada lei federal dispõe sobre desporto. As normas gerais valem para</p><p>todos, mas um estado pode suplementar a legislação e tratar de questões específicas, que</p><p>valerão apenas para o território de seu Estado. Caso o Estado trate ainda de questões gerais</p><p>que vão contra ao que a União estabeleceu, esta lei não valerá porque a lei federal é que tem</p><p>competência para tratar desse assunto.</p><p>Por outro lado, em questões específicas ainda que a União tenha tratado, vai valer aquilo que</p><p>foi estabelecido pelo estado-membro, já que é de sua competência.</p><p>Lembre-se do exemplo da matéria orçamentária que é de competência concorrente. Ainda</p><p>que a Constituição Federal estabeleça prazo para tramitação das leis orçamentárias, o estado-</p><p>membro pode estabelecer seus próprios prazos.</p><p>Neste caso, para União vale os prazos estabelecidos por ela; para o estado-membro vale o</p><p>prazo estabelecido em sua própria Constituição.</p><p>Veja que interessante: Uma lei Estadual de Pernambuco, que disciplinava a exploração</p><p>da atividade lotérica, foi declarada inconstitucional 2por tratar de assunto de</p><p>competência privativa da União. Que tal conhecer um pouco mais sobre essa história?</p><p>Leia o texto a seguir.</p><p>Ação Direta de inconstitucionalidade nº 2.995 - Diário da Justiça – 28/09/2007</p><p>Lei Estadual que disponha sobre sorteios viola a Constituição Federal que determina ser da</p><p>competência da União a lei que regulamenta esta matéria.</p><p>O Procurador-Geral da República propôs ação direta de inconstitucionalidade em face da Lei</p><p>nº 12.343/2003 e do Decreto nº 24.446/2002 ambos do Estado de Pernambuco.</p><p>A lei estadual disciplinava a exploração de atividade lotérica no Estado e o decreto</p><p>regulamentava a exploração do jogo de bingo.</p><p>Alegou a Procuradoria-Geral da República que a norma estadual violava o disposto no artigo</p><p>22 da Constituição, que determina ser da competência privativa da União legislar sobre</p><p>sistemas de consórcios e sorteios, uma vez que o assunto “loterias” estaria incluído no alcance</p><p>da expressão “sorteios”.</p><p>2. Inconstitucional: Em linhas gerais temos inconstitucionalidade quando há um conflito entre uma lei e a Constituição, ou</p><p>seja, as leis não estão em conformidade com os ditames constitucionais. Toda a lei que, no todo ou em parte, contrarie ou</p><p>transgrida um preceito da Constituição, diz-se inconstitucional.</p><p>17</p><p>A Suprema Corte, por maioria, julgou que os atos normativos impugnados ofendiam o artigo</p><p>22, inciso XX da Constituição, que prevê a competência privativa da União para legislar sobre</p><p>serviços lotéricos, jogos, apostas, bingos e sorteios, e não reconheceu a competência do</p><p>Estado de Pernambuco para legislar sobre esse assunto.</p><p>Em consequência, declarou a inconstitucionalidade formal da Lei 12.343, de 29 de janeiro de</p><p>2003, e do Decreto 24.446, de 21 de junho de 2002, ambos do Estado de Pernambuco.</p><p>Revisão Do Módulo</p><p>Vamos recordar juntos algumas informações essenciais que vimos nesse módulo? No tópico 1</p><p>aprendemos que o Federalismo é uma forma de Estado que tem se desenvolvido nos últimos</p><p>séculos, sendo adotado por vários países de grandes dimensões territoriais, como é o caso do</p><p>Brasil. Aprendemos que para conhecer melhor o federalismo é importante aprender também a</p><p>organização e estrutura do estado, que se divide em: Formas de Governo, Sistemas de Governo</p><p>e Formas de Estado. No Brasil, a Forma de Governo é a República, o Sistema de Governo é o</p><p>Presidencialismo e a Forma de Estado é a Federação.</p><p>Aprendemos no tópico que o Estado pode se organizar sob a forma unitária ou por sociedade</p><p>de Estados. Na forma unitária não há divisão territorial de poder político, ou seja, há um único</p><p>poder central. Já na Sociedade de Estados, temos um Estado soberano, formado por uma</p><p>pluralidade de estados-membros, no qual o poder do Estado emana dos estados-membros,</p><p>ligados em uma unidade estatal. A Sociedade de Estados pode ser de</p><p>dois tipos:</p><p>• Confederativa: a transferência de poder ao Ente Central é mínima;</p><p>• Federativa: cada estado-membro cede parcela de sua soberania para um ente central,</p><p>responsável pela centralização e unificação do Estado. Essas unidades passam a ser</p><p>autônomas entre si, dentro do pacto federativo.</p><p>No tópico vimos que as competências administrativas estão relacionadas à atuação efetiva, ou</p><p>seja, à execução de tarefas. As competências administrativas ou materiais podem ser exclusiva</p><p>(União), privativa (município) e residual (Estado) ou comuns (responsabilidade de todos os</p><p>entes). Vimos que os Municípios são incumbidos das tarefas de interesse local e os Estados</p><p>detém a chamada competência residual, ou seja, tudo aquilo que não seja da competência da</p><p>União ou do Município. A União recebeu prioritariamente matérias de interesse nacional, que</p><p>estão discriminadas no art. 21 da CF/88.</p><p>Por fim, vimos no tópico que a competência legislativa está relacionada ao poder para</p><p>normatizar, destacamos a competências privativa e concorrente. Na Competência Legislativa</p><p>privativa a União pode, por meio de Lei Complementar, autorizar os Estados e DF a legislarem</p><p>sobre questões específicas de sua competência privativa.</p><p>Na competência Legislativa concorrente, a União legisla sobre normas gerais e os estados-</p><p>membros e distrito federal sobre questões específicas, suplementando a legislação federal.</p><p>Assim, não existe uma hierarquia entre as leis, mas uma reserva de competência.</p><p>18</p><p>Referências</p><p>AFONSO, José Roberto Rodrigues; LOBO, Thereza: Descentralização Fiscal e participação em</p><p>experiências democráticas retardatárias. Disponível em: <https://ipea.gov.br/ppp/index.php/</p><p>PPP/article/viewFile/128/130>. Acesso em: 16/01/2013.</p><p>DOMINGUES, José Marques: Federalismo fiscal brasileiro. Disponível em: <http://www.idtl.</p><p>com.br/artigos/186.pdf>. Acesso em: 20/01/2014.</p><p>FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 6ª edição. Editora</p><p>Juspodium. 2014.</p><p>GASPARINI, Carlos Eduardo; GUEDES, Kelly Pereira: Descentralização fiscal e tamanho</p><p>do governo no Brasil. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_</p><p>arttext&pid=S1413-80502007000200007>. Acesso em: 17/01/2014.</p><p>LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18ª edição. Editora Saraiva. 2014</p><p>LOPES, José Domingos Rodrigues: A distribuição de competências administrativas na</p><p>Constituição de 1988, o federalismo cooperativo e a possibilidade de conflitos em razão</p><p>da sobreposição de competências. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/24838/a-</p><p>distribuicao-de-competencias-administrativas-na-constituicao-de-1988-o-federalismo-</p><p>cooperativo-e-a-possibilidade-de-conflitos-em-razao-da-sobreposicao-de-competencias>.</p><p>Acesso em: 18/05/2016.</p><p>PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 9ª edição.</p><p>Editora Método. 2012</p><p>SILVA, Daniel Cavalcante: O contraponto entre o federalismo brasileiro e norte-americano:</p><p>uma correlação entre a obra Coronelismo, Enxada e Voto, de Victor Nunes Leal, e a obra</p><p>Democracia na América, de Alexis de Tocqueville. Disponível em <http://www.webjur.com.br/</p><p>doutrina/Direito_Constitucional/Organiza__o_do_Estado.htm>. Acesso em 11/04/2016.</p>

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