Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

<p>Saída de Bloco: Articulação do joelho da perna dianteira Cap Art Paula he da or possuir uma importância treinamento, visando obter o máxi- P zer buracos na pista nos quais apoia- capital nas provas de velocida- mo de rendimento nesta ação que vam os pés. de intensa no atletismo, prin- pode representar a vitória numa Em 1934, apareceram os blocos de cipalmente na prova de corrida de competição. Esta é a proposta do pre- partida com a finalidade de propor- 100 metros rasos, a saída de bloco sente trabalho. cionar o apoio na saída sem que os vem merecendo cada vez mais aten- atletas necessitassem fazer buracos na ção por parte dos atletas e treinado- pista. res. Uma má saída pode comprome- Os blocos de partida consistem de ter seriamente a performance do atle- A articulação do joelho da dois apoios ajustáveis nos quais os pés ta, pois dificilmente ele terá tempo perna dianteira possui um dos atletas farão pressão na posição para recuperar-se, tendo em vista que papel preponderante na de saída. Esses apoios devem estar as distâncias são curtas. saída de bloco, pois é a adaptados a uma armação rígida, ser inclinados para possibilitar uma po- grande pelo sição de saída adequada ao participan- Para largar bem, o necessita impulso inicial do atleta. te da corrida, e podem ser planos ou ter um excelente tempo de reação ao tiro e uma grande potência, princi- Uma má saída pode ligeiramente curvos, desde que per- palmente nos membros inferiores. comprometer seriamente a mitam um apoio adequado aos pés (fig.1). Um atleta de elite inicia seus mo- performance do atleta, pois vimentos em um intervalo que, se- dificilmente ele terá tempo gundo Henry, varia de 0,12 seg. a 0,18 seg. Esta é uma qualidade inata para recuperar-se em que pouco pode ser trabalhada. A corridas de potência dos membros inferiores, no curtas distâncias. entanto, pode ser em muito melho- rada. A articulação do joelho da perna CONSIDERAÇÕES SOBRE A dianteira possui um papel de desta- SAÍDA DE BLOCO que na saída de bloco, pois é a grande O Bloco de Partida responsável pelo impulso inicial do Em 1888, atleta americano Sher- corredor. Conhecendo-se melhor ry utilizou pela primeira vez a parti- como a musculatura envolvida reali- da baixa em provas de velocidade. A za este movimento, bem como as partir os corredores buscando lesões as quais ela está sujeita, é pos- um maior apoio que proporcionasse sível ao técnico orientar melhor seu maior impulso inicial, passaram a fa- Fig. 1. Bloco de partida Revista de Educação Física .5</p><p>fig. 2 Posição de cinco apoios fig.3 Posição de quatro apoios fig.4 Ação no tiro Procedimentos do Atleta estendem brusca e violentamente O valor absoluto da força exerci- A saída bloco compreende perdendo o atleta o contato com os da pela perna traseira, apesar de uma fase de preparação antes dos co- apoios do bloco. Paralelamente ao maior, agia num intervalo de tempo mandos do árbitro de partida, e uma trabalho das pernas, os braços devem menor em relação à perna dianteira. fase de execução, ao comando deste. realizar um movimento de coordena- Isto leva à simples conclusão de que A fase de preparação diz respeito ção que consiste num soco de baixo a perna dianteira sustenta sozinha à colocação e ajustamento do bloco. para cima dado pelo braço do mesmo peso do na maior parte do Cabe ressaltar que o ajustamento do lado da perna dianteira e lançamen- tempo em que atleta permanece em bloco é individual, não existindo ne- to do cotovelo do outro braço viva- contato com o bloco de partida, sen- nhuma medida padrão. Durante os mente para Esse movimento dos do a principal responsável pela im- treinamentos, o atleta deverá procu- braços faz com que o corpo, no mo- pulsão inicial do atleta. rar junto com seu técnico aquela po- mento em que a perna traseira vem à Por estas razões é que a perna mais sição que melhor se adapte e ao frente, mantenha-se em equilíbrio no forte, dita de impulsão, é a utilizada mesmo tempo lhe traga maior impul- ar. Um bom velocista deve sair num no bloco dianteiro. so inicial. ângulo de 40° a 45° com o solo (fig. Na fase de execução, por ocasião 4). MOVIMENTO EXECUTADO NA do comando do árbitro de aos seus Importância da Perna Dianteira ARTICULAÇÃO DO JOELHO lugares, o atleta tomará a posição dita Através de estudos realizados Ao comando de PRONTOS, o de cinco apoios mãos, ponta dos pés com atletas de alto nível, Henry con- atleta eleva seu quadril permanecen- e joelho da perna traseira - apoiando cluiu que a perna traseira perdia do apoiado no solo pelas mãos e pon- firme e seguramente os pés nos blo- contato com bloco de partida num ta dos pés. joelho da perna de partida (fig.2). tempo de 0,286 seg, enquanto que a dianteira encontra-se fletido a apro- A segunda parte da fase de execu- perna dianteira só o abandonava ximadamente 90° através de uma ção começa no comando de prontos, num tempo de 0,443 seg, apesar de contração isométrica do quadríceps quando o atleta levanta-se ligeira- ambas iniciarem seus movimentos femoral. Esta é a nossa posição inicial mente sobre as pernas, deixando o num intervalo de no máximo (Fig. 5). joelho de fazer contato com o solo. a chamada posição de qua- tro apoios - mãos e ponta dos pés. Levando quadril para cima e para frente o centro de gravidade do cor- po é deslocado para frente, e equilíbrio é mantido com auxílio dos braços bem estendidos. Para um melhor rendimento na par- tida, o atleta deverá buscar um ângulo de cerca de 90° entre a coxa e a perna dian- teira e de 120° entre a coxa e a.perna traseira (fig. 3). fig. 5 Posição inicial fig. 6 Posição final A terceira parte inicia-se no tiro, quando as pernas se Revista de Educação Física 6</p><p>No tiro, joelho da perna dian- MUSCULATURA ENVOLVIDA tração reta sobre a patela. É motor teira sofrerá uma forte extensão atra- Agonistas primário da extensão do joelho. vés de uma contração isotônica A extensão do joelho acontece Vasto Intermédio Localizado concêntrica do quadríceps femoral. por ação do grupo muscular quadrí- sob o reto femoral, é parcialmente Esta é a nossa posição final (Fig. 6). ceps femoral (Figura7) Os músculos fundido com os outros dois vastos. Nesta vigorosa extensão do joe- que compõe são os seguintes: Sua origem situa-se nas faces anterior lho, a patela aumenta o ângulo de Vasto Lateral É um músculo e lateral do fêmur, acima desde o inserção do ligamento patelar na tu- grande, localizado na metade inferior trocanter menor e posteriormente berosidade da tíbia, melhorando, des- da face lateral da coxa. Tem sua ori- até a linha áspera. Sua inserção está ta forma, a vantagem mecânica do gem nas faces lateral e posterior do localizada na borda superior da pate- quadríceps femoral. acima até o trocanter maior e la e, através do ligamento patelar, na Outro fator importante que gera posteriormente até a metade supe- tuberosidade da tíbia. Suas fibras uma maior potência ao movimento é rior da linha Sua inserção está musculares partem diretamente do a contribuição da elasticidade muscu- localizada nas bordas superior e la- osso e se dirigem para baixo e para frente, tracionando a patela direta- mente para cima. E motor primário da extensão do joelho. Reto Femoral um grande mús- culo bipenado localizado na face an- terior da coxa. Sua origem é constituída por dois tendões: o ten- dão anterior da espinha ilíaca ântero- inferior, entre sua ponta e a articulação do quadril, e o tendão posterior numa incisura acima da borda da acetábulo. Sua inserção está localizada na borda proximal da pa- tela e, através do ligamento patelar, na tuberosidade da tíbia. Possui um braço de potência muito curto e tra- Quadriceps femoral ciona, quase na mesma linha que o fêmur, favorecendo a velocidade, mas não a força. Fig. 7 Músculos do jarrete Fig. 8 Quadríceps femoral É um músculo biarticular, motor primário da flexão do quadril e da A contração muscular isométrica teral da patela e através do ligamento extensão do joelho. Sua ação isolada existente na posição inicial acarreta patelar, na tuberosidade da tíbia. Suas produz a flexão do quadril e a exten- uma produção de força maior. Isto fibras musculares se dirigem obliqua- são do joelho, com grande velocidade porque os componentes elásticos mente para baixo e para dentro. e potência, proporcionando o movi- ralelo e em série (CEP e CES) se motor primário da extensão do joe- mento que se emprega ao chutar uma estendem e exercem assim uma força bola. o único músculo que poderia restauradora semelhante a uma mola. Vasto Medial É um músculo bi- fazer isso sozinho, sendo por esta também armazena uma ener- penado localizado na face medial da razão denominado o músculo do chu- gia potencial que permite que o mús- coxa, um pouco mais abaixo do que te, Qualquer força que mantenha o culo se contraia mais rapidamente do o vasto lateral, e recoberto parcial- joelho em flexão, como na posição que conseguiria se dependesse apenas mente pelo reto femoral e pelo inicial, aumentará consideravelmen- do componente contrátil. rio. Sua origem encontra-se nas faces te a tensão no reto femoral. medial e posterior do fêmur, acima até a linha trocantérica e posterior- Antagonistas Na posição inicial, o quadríceps mente até a linha áspera. Sua inserção Exercem a função de antagonistas femoral encontra-se estirado pouca encontra-se na borda medial da pate- do movimento QS músculos do jarre- coisa além da sua posição de repouso. la e, através do ligamento patelar, na te (fig. 7) que são os seguintes: Este estiramento permite uma me- tuberosidade da tíbia. Sua tração, em Biceps Femoral um músculo lhor contribuição das forças elásticas, diagonal interna, contrabalança a tra- fusiforme localizado na região poste- resultando numa ótima relação com- ção em diagonal externa realizada rior da coxa, que possui duas por- primento tensão, o que possibilita pelo vasto lateral, fazendo assim com ções: longa e curta. A porção longa uma saída mais potente. que os dois músculos exerçam uma se origina na faceta medial da tubero- Revista de Educação Física 7</p><p>sidade isquiática, possuindo um ten- ticulação em se mover além de seu dão comum com o semi tendinoso. limite de extensão (hiperextensão). A porção curta se origina no lábio Arqueado Localizado lateral da linha áspera. Sua inserção na face posterior do joelho, se dirige encontra-se no côndilo lateral da tí- para baixo, desde o côndilo lateral do bia e cabeça da fíbula. um músculo fêmur até a superfície posterior da biarticular, sendo que somente a por- cápsula articular e, através de dois ção longa atua na articulação do qua- feixes convergentes, até a cabeça da dril. fíbula. Atua juntamente com o Semitendíneo É um músculo teo unipenado, assim chamado pelo seu Cruzado Posterior Dirige-se a longo tendão de inserção que alcança partir da área intercondilar posterior até a metade da coxa. Situa-se medial- da tíbia, para cima e para frente, até mente à cabeça longa do femo- a fossa intercondilar da tíbia. ral na região posterior da coxa. Sua Cruzado Anterior Estende-se origem está localizada na faceta me- desde a área intercondilar anterior da dial da tuberosidade isquiática atra- tíbia, para cima e para trás, até a fossa de um tendão comum com a intercondilar do porção longa do femoral, e sua AÇÃO DOS MÚSCULOS duz movimento na outra. resulta- inserção na parte superior da superfí- BIARTICULARES cie medial da tíbia. É um músculo do é que as relações favoráveis de biarticular. Os músculos reto femoral, semi- comprimento-tensão são mantidas. Semimembranáceo É um mús- semitendíneo e a por- Ao assumir a posição de quatro culo unipenado situado na face pos- ção longa do femoral cruzam apoios, posição inicial, joelho en- terior e medial da coxa. assim tanto o quadril quanto o joelho. As- contra-se fletido, bem como a articu- chamado devido ao seu tendão de sim, os movimentos ou posições do lação do quadril. origem membranosa. Sua origem si- quadril influenciam a amplitude do A extensão do joelho da perna dianteira será combinada com uma tua-se na face lateral da tuberosidade movimento que pode ocorrer no joe- e sua inserção na face me- lho, bem como as forças que os mús- extensão do quadril, numa ótima re- dial posterior do côndilo medial da culos podem gerar. Para uma melhor lação. Os músculos do jarrete agem tíbia. Sua massa muscular encontra- compreensão do movimento em es- como extensores do quadril, alon- se mais abaixo em relação ao semiten- tudo, torna-se necessária uma análise gando o reto femoral sobre o quadril, díneo. Também é um músculo da musculatura envolvida na articu- enquanto que o reto femoral, junta- biarticular. lação do quadril. Sob condições nor- mente com os músculos vastos, age mais de uso, os músculos como extensor do joelho, alongando ESTRUTURAS LIGAMENTARES biarticulares são usados exclusiva- os músculos do jarrete sobre o joe- lho. IMITADORAS DE MOVIMENTO mente para mover as duas articula- ções simultaneamente. Mas, Isto acontece, pois o torque exten- Alguns ligamentos existentes no a ação destes múscu- sor no quadril pelos músculos do joelho limitam a poderosa extensão los é impedida em uma das articula- jarrete é maior que o torque flexor que ocorre nesta articulação, além ções pela resistência da gravidade ou no quadril pelo reto femoral. Da das estruturas ósseas e da própria pela contração de outros músculos. mesma forma, no joelho, o torque musculatura envolvida. Se os músculos fossem encurtar-se extensor do quadríceps sobrepuja o Os principais ligamentos respon- sobre as duas articulações simulta- torque flexor do jarrete. sáveis por esta limitação são: neamente e completar a amplitude de Outra combinação funcional bas- Colateral Tibial Situado na face movimento nas duas, eles teriam que tante útil ao movimento, é que con- medial do joelho, une os côndilos se encurtarem uma distância muito forme o quadríceps estende o joelho, mediais do fêmur e da tíbia. grande, e perderiam tensão rapida- o gastrocnêmio torna-se alongado, e Colateral Fibular Situado na face mente conforme progredisse en- disto resultam condições ótimas para lateral do joelho, une o côndilo late- curtamento. Nos movimentos a flexão plantar. ral do fêmur com a cabeça da fíbula. naturais, entretanto, os músculos ra- PRINCIPAL LESÃO Oblíquo Localizado na ramente, ou nunca, são solicitados a Para realizar uma boa saída de face posterior do joelho, une as mar- percorrer este percurso extremo. bloco, quadríceps femoral contrai- gens articulares do fêmur e da tíbia. Usualmente as duas articulações se brusca e violentamente. Os Reforça o joelho atrás, juntamente movem-se em direções tais, que o cios para melhorar a força e a com o poplíteo arqueado, ajudando músculo é alongado gradualmente velocidade de execução do movimen- a resistir a qualquer tendência da ar- sobre uma articulação enquanto pro- to são indispensáveis para isso. No Revista de Educação Física 8</p><p>a b Exercícios de Fortalecimento Quadríceps femoral C OBS: Os exercícios e d são mais indicados para o vasto medial, visto Músculos do que a ação deste músculo é maior na jarrete fase final da extensão do joelho. o d Exercícios de Flexibilidade Quadríceps femoral Músculos do jarrete 9 vista de Educação Física</p><p>entanto, ao realizar esta poderosa guns exercícios utilizados tanto na perna dianteira é possível melhorar contração, a musculatura agonista preparação da musculatura agonista em muito a largada de um competi- exige que a antagonista no caso os e sinergistas quanto na preparação da dor, pois pode-s trabalhar mais espe- músculos do jarrete estirem-se con- antagonista. As cargas de trabalho cificamente em cima da musculatura venientemente. A falha dos antago- dos exercícios propostos não encon- envolvida no movimento, ciente de nistas de se relaxarem de forma tram-se discriminadas no presente suas limitações e riscos de lesão. suficiente, pode resultar em ruptu- trabalho em virtude de variarem de ras, estiramentos ou distensões, dos acordo com as fases do treinamento músculos do jarrete, principalmente e com a individualidade do atleta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS dos semitendíneo ou do semimem- branáceo. CONCLUSÃO Giam, Teh, K.C. Medici- o movimento de extensão da ar- Esportiva, Exercícios para Todos, ticulação do joelho da perna diantei- São Paulo, Livraria e Editora Santos, ra não é o único executado na saída 1989. Exercícios de e de bloco, mas sem sombra de dúvida Lehmkuml, L. Don e Smith, Exercícios de Flexibilidade ver anterior é o mais importante para uma saída Laura K. Cinesiologia Clínica, São eficiente. Apesar de outros músculos Paulo, Marrole, 1987. na ação executada pelo Hay, James G. Biomecânica das Técnicas Esportivas, Rio de Janeiro, Para evitar este tipo de lesão, é atleta na saída de bloco, preferimos abordar somente os músculos que Interamericana, 1981. preciso dar durante os treina- mentos não somente aos exercícios atuam na articulação do joelho em Manual de Atletismo, EsEFEx, função dos motivos já anteriormente Rio de Janeiro, 1991. de força, mas também aos exercícios mencionados no presente trabalho. Rach, Philip J. Cinesiologia e de flexibilidade. Outra medida im- Numa prova de velocidade inten- Anatomia Aplicada, Rio de Janeiro, portante que deve ser tomada é de nunca realizar um trabalho de saída sa, principalmente a prova de 100 Guanabara Koogan, 1991. metros rasos, centésimos de segundo Rasch, Philip J. E Burke, Roger de bloco sem antes executar um cor- podem significar a diferença entre os K. Cinesiologia e Anatomia Aplicada, reto aquecimento. louros da vitória e a frustração da Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, EXERCÍCIOS RECOMENDADOS derrota. treinamento da saída de 1987. Para um melhor rendimento sem bloco deve constituir-se sempre Schmolinsky, Gerhardt. Atletis- riscos de lesão, é necessário que os numa preocupação por parte de téc- mo, Lisboa, Estampa, 1982. músculos empregados na saída de blo- nicos e atletas. Wolf-Neidegger, G. Atlas de co estejam bem trabalhados. Na pág. Conhecendo-se melhor a ação Anatomia Humana, Rio de Janeiro, anterior, encontram-se indicados al- executada na articulação do joelhoda Guanabara Koogan, 1974.</p>

Mais conteúdos dessa disciplina