Prévia do material em texto
<p>1</p><p>2</p><p>SUMÁRIO</p><p>2 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3</p><p>3 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE ....................................... 4</p><p>3.1 Saúde no período colonial .................................................................... 6</p><p>3.2 Santas Casas de Misericórdia .............................................................. 7</p><p>3.3 Institucionalização da medicina no Brasil imperial ............................... 8</p><p>3.4 Novas diretrizes para saúde: O governo Vargas (1930-1945) ........... 11</p><p>3.5 A criação dos Iaps .............................................................................. 13</p><p>4 ARTE DE CURAR NO SÉCULO XIX ........................................................ 14</p><p>4.1 Conflitos entre a medicina e outras práticas de cura .......................... 16</p><p>4.2 Curandeirismos .................................................................................. 17</p><p>4.3 Barbearias (sangradores) ................................................................... 18</p><p>5 SAÚDE PÚBLICA ..................................................................................... 20</p><p>5.1 A trajetória do médico dedicado à ciência .......................................... 22</p><p>5.2 Epidemias e Saúde pública no século XIX ......................................... 24</p><p>5.3 Saneando a cidade: Políticas sanitárias e controle urbano ................ 28</p><p>6 POLÍTICAS PÚBLICAS: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE PÚBLICA E</p><p>SAÚDE COLETIVA ................................................................................................... 29</p><p>6.1 Objetos de trabalho da saúde pública e da saúde coletiva ................ 31</p><p>7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 34</p><p>3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Prezado aluno!</p><p>O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante</p><p>ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -</p><p>um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma</p><p>pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é</p><p>que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a</p><p>resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas</p><p>poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em</p><p>tempo hábil.</p><p>Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa</p><p>disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das</p><p>avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que</p><p>lhe convier para isso.</p><p>A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser</p><p>seguida e prazos definidos para as atividades.</p><p>Bons estudos!</p><p>4</p><p>2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE</p><p>Fonte: bit.ly/3LvfMyY</p><p>A concepção de saúde é influenciada pelo contexto social, econômico, político</p><p>e cultural. Em outras palavras, o significado de saúde não é universal, pois é um</p><p>conceito que varia de acordo com a época, local e classe social. Além disso, também</p><p>depende de valores pessoais, científicos, religiosos e filosóficos. O mesmo ocorre ao</p><p>definir doença. O que é considerado uma doença pode ter várias interpretações e</p><p>variações (SCLIAR, 2007).</p><p>Estudos paleontológicos demonstram que as doenças, especialmente as</p><p>infecciosas, são companheiras antigas da humanidade. Mesmo as múmias egípcias</p><p>apresentam sinais de doenças, como no caso da varíola do Faraó Ramsés V. Desde</p><p>os primórdios, os seres humanos têm tentado enfrentar essa ameaça que foi</p><p>conceituada como doença. No contexto religioso, a origem do conceito se baseia no</p><p>princípio de que a doença resulta da ação de forças reguladoras no organismo devido</p><p>ao pecado ou maldição.</p><p>Para os antigos hebreus, a doença não era necessariamente causada por</p><p>demônios ou maus espíritos, mas, em qualquer caso, representava um sinal da ira</p><p>divina diante do pecado humano (SCLIAR, 2007).</p><p>5</p><p>A medicina grega desempenha um papel crucial no tratamento das doenças.</p><p>Na mitologia grega, há vários deuses relacionados à saúde. Além de adorarem</p><p>Asclépio ou Esculápio (uma figura histórica na Ilíada), deus da medicina, os gregos</p><p>também reverenciavam duas outras deusas: Hígia (Saúde) e Panacéia (Cura). Hígia</p><p>era uma manifestação de Atena, a deusa da razão. Como o nome sugere, sua ênfase</p><p>enfatizava a importância dos hábitos de higiene. Embora Panacéia tenha surgido com</p><p>a ideia de curar tudo (um conceito mágico ou religioso), é importante observar que,</p><p>para os gregos, a cura era alcançada através do uso de plantas e métodos naturais,</p><p>e não apenas por meio de rituais (NOVAES, 2016).</p><p>A palavra "saúde" em português deriva do latim "salus" (salutis), que significa</p><p>salvação, preservação da vida, cura e bem-estar. Em francês, "santé" (saúde) tem</p><p>origem em "sanitas" (sanitatis), que deriva do latim "sanus", significando "são" ou</p><p>"aquele que possui saúde". Como mencionado anteriormente, na concepção grega, a</p><p>higiene está relacionada à deusa Hígia, conhecida como Salus pelos romanos, a</p><p>deusa da Preservação da Saúde, Limpeza e Higiene.</p><p>Existe um plural idiomático para o termo saúde, o que reforça a ideia de que</p><p>ela representa a afirmação positiva da vida, o estado positivo de estar vivo. Portanto,</p><p>pode-se dizer que a saúde, em sua origem etimológica, é um "estado positivo de</p><p>viver", aplicável a todos os seres vivos, especialmente aos seres humanos</p><p>(PEREIRA,2018).</p><p>A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, evita definir o conceito de</p><p>saúde, porém afirma que "a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo</p><p>medidas políticas, sociais e respiratórias que visem à redução do risco de doenças e</p><p>outros agravos, além do acesso universal e igualitário às ações e serviços para</p><p>promoção, proteção e recuperação da saúde". Esse é o princípio que orienta o</p><p>Sistema Único de Saúde (SUS) e contribui para o desenvolvimento da conquista dos</p><p>brasileiros.</p><p>6</p><p>2.1 Saúde no período colonial</p><p>Fonte: shre.ink/HiaK</p><p>A escravidão e as matanças iniciadas com a apreensão ou desocupação de</p><p>terras e seu impacto na história, foi menor que o de doenças estrangeiras para o que</p><p>é chamado de desastre demográfico para a população indígena pela historiografia.</p><p>Os índios foram vítimas de diversas doenças, trazidas pelos colonos europeus,</p><p>doenças para as quais eles não tinham defesa genética, como, por exemplo, segundo</p><p>Pôrto (2006):</p><p> Sarampo;</p><p> Varíola;</p><p> Rubéola;</p><p> Escarlatina;</p><p> Tuberculose;</p><p> Febre tifoide;</p><p> Malária;</p><p> Disenteria e</p><p> Gripe.</p><p>7</p><p>A saúde da população negra também era extremamente precária. Os escravos</p><p>africanos enfrentaram diversas situações e atividades, assim como diferentes formas</p><p>de tratamento por parte dos senhores. Os cronistas do período colonial destacavam</p><p>que os negros que mantinham a agricultura praticamente não tinham descanso e eram</p><p>frequentemente castigados, além de serem geralmente mal alimentados. O sistema</p><p>de trabalho nas minas era completamente diferente daquele nos engenhos de açúcar</p><p>(EDLER, 2018).</p><p>Segundo o autor, em relação à saúde da população branca, não é possível</p><p>generalizar, pois havia uma variedade de situações naquele período. Sejam nobres</p><p>ou plebeus, aqueles que viviam nas grandes cidades ou refugiados em engenhos ou</p><p>fazendas, mercadores, médicos, advogados, membros do clero regular, vivendo em</p><p>mosteiros ou aldeias do interior, assentados em áreas de mineração ou liderando</p><p>tropas de gado, todos eles tiveram seus padrões de vida acolhedores em termos de</p><p>hábitos alimentares e condições de saúde, independentemente</p><p>da classe social a que</p><p>permanecem.</p><p>É evidente que as condições de vida dos Barnabés, vendedores ambulantes,</p><p>artesãos, trabalhadores mecânicos, capatazes, soldados de baixa patente, mendigos</p><p>e os mais pobres em geral não eram melhores do que algumas categorias de</p><p>escravos, e todos eles viviam distantes da elite branca.</p><p>De acordo com os ensinamentos de Edler, "A Igreja Católica era o pilar da vida</p><p>cultural da colônia, e as ordens religiosas desempenhavam um papel fundamental na</p><p>disseminação da fé e da cultura cristã" (EDLER, 2018).</p><p>Para os cristãos, o bem-estar físico era uma prioridade para a salvação</p><p>espiritual. A doença também era vista como uma manifestação do pecado ou da graça</p><p>de Deus. Os ensinamentos da Bíblia, com os exemplos de Jesus, indicavam que o</p><p>cuidado com os enfermos era uma bênção sagrada e não se limitava aos praticantes</p><p>treinados. A fé cristã enfatizava que cuidar e curar deveria ser uma vocação de todos,</p><p>como um ato consciente de humildade e, portanto, uma parte importante da Caritas</p><p>cristã.</p><p>Nas procissões organizadas pelas irmandades, nas igrejas ou nas casas, as</p><p>orações buscavam a intervenção dos santos, cada um representando sua</p><p>especialidade. São Sebastião era invocado para epidemias, Santa Lúcia contra dor</p><p>8</p><p>de dente, Santo Adrião contra peste e fraturas, Santo Alberto contra convulsões</p><p>(EDLER, 2018).</p><p>2.2 Santas Casas de Misericórdia</p><p>Devido às dificuldades e perigos da vida, a igreja sempre incentivou os fiéis</p><p>brasileiros a formarem irmandades, organizadas de acordo com as categorias sociais,</p><p>para buscar soluções e abrir as portas para a vida eterna.</p><p>No Brasil, a irmandade mais antiga é a da Misericórdia. Inspirada na promessa</p><p>do corpo, ela se dedicava a alimentar os presos e os famintos, resgatar os cativos,</p><p>cuidar dos enfermos, vestir os necessitados, acolher os peregrinos e sepultar os</p><p>mortos (EDLER, 2018).</p><p>Essas irmandades eram lideradas por figuras proeminentes de prestígio social</p><p>elevado, graças ao legado de seus membros e recursos diretos da Coroa. Por ordem</p><p>de São Francisco e do Carmo, foram mantidos no século XVIII quatro hospitais</p><p>destinados a atender os confrades. Desde o século XVI, os hospitais da Santa Casa</p><p>da Misericórdia encontravam-se, em sua maioria, em níveis médios e em uma</p><p>situação de pobreza contínua, e prestavam atendimento à população indigente e aos</p><p>moribundos em 15 cidades brasileiras.</p><p>Conforme afirmado por Edler (2018), os moradores das cidades e vilas</p><p>solicitavam aos governantes a presença de médicos durante todo o período colonial.</p><p>As cartas eram escritas ao rei expressando preocupação com a saúde dos súditos e</p><p>lamentando a escassez de recursos médicos e farmácias necessários para a cura de</p><p>suas doenças. No entanto, o desafio era encontrar médicos dispostos a viajar para a</p><p>colônia. A falta de uma clientela com recursos financeiros suficientes para justificar a</p><p>partida da metrópole fazia com que a permanência no Brasil dependesse da obtenção</p><p>de alguma carga, principalmente política ou relacionada à Câmara.</p><p>2.3 Institucionalização da medicina no Brasil imperial</p><p>Até a criação da Junta do Protomedicato no reinado de D. Maria I, em 1782, o</p><p>exercício da medicina no Brasil era restrito aos físicos e cirurgiões que possuíam</p><p>9</p><p>atestado de habilitação e certificados emitidos pelos comissários das duas</p><p>autoridades médicas dominantes: o remédio-mor e o físico-mor.</p><p>Inicialmente, os representantes diretos do poder real residiam apenas nas</p><p>maiores povoações, mas a partir do século XVIII, os regimentos sanitários passaram</p><p>a contar com a presença de comissários em um número maior de cidades e vilas, o</p><p>que resultou em um aumento nas observações realizadas (EDLER, 2018).</p><p>Os físicos atuavam como médicos da Coroa, da Câmara e das tropas nas</p><p>principais cidades e vilas, porém eram numericamente poucos. No século XVIII,</p><p>cidades como Recife, Salvador e Rio de Janeiro contavam apenas com três ou quatro</p><p>físicos em atividade. Eles eram responsáveis pelos exames, diagnósticos e instruções</p><p>de tratamento para os pacientes. Já os cirurgiões eram responsáveis pelos</p><p>procedimentos manuais e eram considerados socialmente inferiores aos que exigiam</p><p>o uso de instrumentos como lancetas, tesouras, escalpelos, cautérios e agulhas. As</p><p>atribuições dos cirurgiões eram limitadas a sangrias, tratamento de feridas e fraturas,</p><p>e aplicação de ventosas, sendo proibida a administração de medicamentos internos,</p><p>que era um privilégio dos médicos formados em Coimbra (EDLER, 2018).</p><p>Por volta de 1808, com o internamento das escolas de medicina, ocorreu um</p><p>rompimento com as restrições impostas pela metrópole, o que possibilitou a formação</p><p>de médicos no país. Entre os anos de 1707 e 1749, diversos boticários prestaram</p><p>exames no Brasil. Durante o período de D. Maria I, foram registrados exames de</p><p>catorze, e no período Joanino (1808-1821), cento e quarenta e oito boticários foram</p><p>examinados pela Fisicatura-mor.</p><p>Em 1808, com a criação da primeira organização nacional de saúde pública no</p><p>Brasil, foi estabelecido o cargo de chefe da saúde da corte e do estado, que serviu</p><p>como embrião para o Serviço de Saúde dos Portos, com delegados nos estados. O</p><p>Alvará sobre regimentos e jurisdição do Físico-Mor e Cirurgião-Mor e seus delegados</p><p>foi autorizado em 23/11/1808 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).</p><p>No ano de 1828, foi promulgada a lei de Municipalização dos Serviços de</p><p>Saúde em 30 de agosto. A partir desse momento, as Juntas Municipais passaram a</p><p>assumir as funções anteriormente exercidas pelo Físico-Mor, Cirurgião-Mor e seus</p><p>Delegados. Nessa mesma época, foi criada a Inspeção de Saúde Pública do Porto do</p><p>10</p><p>Rio de Janeiro, que ficava subordinada ao Senado da Câmara. Em 1833, o número</p><p>de integrantes dessa certificação foi duplicado.</p><p>A chegada da revolução industrial teve um impacto profundo na estrutura social</p><p>humana e na saúde pública. O deslocamento em massa da população de pequenas</p><p>comunidades rurais para os centros urbanos criou condições propícias para o</p><p>surgimento de graves surtos de epidemias.</p><p>Antes de 1850, as atividades de saúde pública se limitavam a delegar funções</p><p>de saúde ao conselho municipal e controlar a saúde de navios, portos e autoridades</p><p>de vacinação para prevenir a prevenção da varíola. A tuberculose, uma doença com</p><p>uma longa história, encontrou novas condições propícias para sua disseminação,</p><p>provocada em um aumento em sua ocorrência e mortalidade. Tornou-se uma das</p><p>principais causas de morte, afetando especialmente os jovens na idade produtiva.</p><p>O ano de 1851 foi marcado por uma série de eventos que desejava para a</p><p>saúde pública no país:</p><p> A regulamentação da lei que estabeleceu a Junta Central de Higiene</p><p>Pública, que ficava subordinada ao Ministro do Império.</p><p> A abertura de um crédito extraordinário ao Ministério do Império,</p><p>destinado a despesas com medidas sanitárias para impedir o avanço da</p><p>febre amarela e prevenir seu reaparecimento, além de fornecer</p><p>assistência aos enfermos necessitados, por meio do Decreto n. º 752, de</p><p>01/08/1851.</p><p> A força da execução do regulamento do registro de nascimentos e óbitos,</p><p>por meio do Decreto n. º 798, de 18/6/1851.</p><p> Foi aberto ao Ministério do Império um crédito extraordinário destinado às</p><p>despesas com epidemia de bexigas na província do Pará e em outras, por</p><p>meio do Decreto n. º 826, de 26/9/1851.</p><p> Foi estabelecido o regimento da Junta de Higiene Pública por meio do</p><p>Decreto n. º 828, de 29/9/1851.</p><p> Foi aberto ao Ministério do Império um crédito extraordinário destinado às</p><p>despesas com a Junta de Higiene Pública naquele exercício, conforme o</p><p>Decreto n. º 835, de 3/10/1851.</p><p>11</p><p>De acordo com o Ministério da Saúde, em 1878, por meio do Decreto n. º</p><p>7.027/78 e a confirmação das autoridades sanitárias, foi determinado que após as</p><p>mortes por doenças infecciosas, as casas e estabelecimentos, sejam eles públicos</p><p>ou</p><p>particulares, passassem por escrito terminal.</p><p>2.4 Novas diretrizes para saúde: O governo Vargas (1930-1945)</p><p>A primeira fase do governo Vargas foi formada pelo governo provisório criado</p><p>pela revolução de 1930, que introduziu importantes mudanças nos direitos civis em</p><p>geral e nas políticas sociais brasileiras em particular. As mais importantes foram: a</p><p>introdução do voto secreto e do sufrágio feminino em 1932 (FAUSTO, 2000); a criação</p><p>do Departamento de Educação e Saúde Pública (MESP) em 1930 (Decreto n. º</p><p>19.402, de 14 de novembro de 1930) e a criação do Instituto de Aposentadorias e</p><p>Pensões dos Marítimos (IAPM) em 1933.</p><p>A Criação do IAPM deu início a transformação das CAPS nos IAPS (CARVALHO,</p><p>2001), sob a tutela do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), depois do</p><p>Ministério do Trabalho e da Previdência Social (MTPS). Os IAPS foram criados de</p><p>acordo com o figurino típico do sistema e seguro social, ou seja, por categorias</p><p>profissionais ou econômicas. Ao longo dos anos 30 foram criados IAPS, como: IAPB</p><p>(bancários), IAPI (industriários), IAPTEC (transportes e cargas), IPASE (servidores do</p><p>Estado), IAPC (comerciários) e IAPFESP (Ferroviários e Empregados em Serviços</p><p>Públicos).</p><p>Os IAPS destinavam-se apenas aos trabalhadores do mercado formal de trabalho</p><p>das cidades. Assim, tanto os trabalhadores rurais quanto os informais das cidades</p><p>continuaram sem acesso aos benefícios previdenciários e de saúde. Ainda que</p><p>voltado para uma parcela da população, os IAPS tiveram um alcance social muito mais</p><p>amplo do que as CAPS, em função, principalmente, do aumento da urbanização e da</p><p>industrialização a partir dos anos 1930. Em 1945, o número de segurados dos IAPS</p><p>atingiu 2,8 milhões, um aumento aproximado de cerca de 20 vezes o número de 140</p><p>mil segurados de 1930 (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1989).</p><p>Uma das características mais importantes dos IAPS, que os diferenciavam das</p><p>CAPS era a forte presença do Estado, que indicava o presidente dos seus colegiados</p><p>12</p><p>de gesto, os quais contavam, ainda, com representações dos empregadores e</p><p>trabalhadores. Quanto a estrutura das receitas, as contribuições das empresas e dos</p><p>colaboradores passaram a ser arrecadadas pelo governo federal, que as transferia</p><p>posteriormente para os IAPS.</p><p>A gestão financeira do sistema previdenciário era baseada no regime de</p><p>capitalização, havendo a obrigação de formação de reservas financeiras para garantir</p><p>as futuras aposentadorias e pensões (fundo de garantia) a gestão dessas reservas</p><p>nem sempre era criteriosa no início havia diretrizes específicas para a aplicação das</p><p>reservas. Muitas vezes a aplicação de recursos não tinha por meta maximizar os</p><p>ganhos financeiros das aplicações, servindo para financiar atividades cujo retorno</p><p>pecuniário era duvidoso.</p><p>De acordo com esses mesmos autores, em 1955, os montantes aplicados em</p><p>títulos e valores mobiliários, que obtinham rendimentos mais elevados, representaram</p><p>apenas 30% do Patrimonio total.</p><p>Esse montante foi reduzido para 13% em 1964, deteriorando as situações</p><p>econômicas dos IAPS. Os recursos dos IAPS teriam sido gastos em outros</p><p>investimentos de retorno duvidoso para o Estado, tais como a Companhia Siderúrgica</p><p>Nacional (CSN), a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), a Fábrica</p><p>Nacional de Motores (FNM) e a Viação Férrea Federal Leste Brasileiro. Tais recursos</p><p>nunca teriam retornado aos caixas dos institutos.</p><p>O centro da atenção dos IAPS era o financiamento das aposentadorias e pensões.</p><p>Nem todos os institutos ofereciam assistência médica aos seus segurados, apenas o</p><p>IAPM e o IAPB ofereceram desde o início este tipo de assistência. Os segurados do</p><p>IAPC, por exemplo, passaram a contar com essa proteção em 1940, e os do IAPI, em</p><p>1953. A unificação dos benefícios foi estabelecida em 1960, quando foi aprovada a</p><p>Lei Orgânica da Previdência Social (MATIJASCIC, 2002).</p><p>Assim como as CAPS, os IAPS ofereciam assistência médica principalmente</p><p>por meio de serviços terceirizados. As primeiras unidades de saúde dos institutos só</p><p>foram criadas no final da década de 1940 e já se limitavam a alguns grandes centros</p><p>urbanos, como Rio e São Paulo. A experiência do IAPS na área de assistência médica</p><p>ampliou a tendência iniciada pelos CAPS de fortalecer o mercado privado de serviços</p><p>de saúde no país.</p><p>13</p><p>Matisjacic (2002) aponta que uma das principais causas da deterioração</p><p>financeira do sistema previdenciário foi o forte aumento dos gastos com serviços</p><p>médicos.</p><p>As despesas médicas representavam, em 1940, 13,4% do total dos gastos dos</p><p>IAPS, enquanto em 1967, atingiram 29,6%. A dicotomia de saúde pública centrada,</p><p>de um lado, em áreas preventivas, imunização, saneamento e controle de vetores, e</p><p>de outro, na assistência médica de caráter curativo e especializado oferecida pelo</p><p>sistema previdenciário continuou durante todo o período. Enquanto o sistema</p><p>previdenciário financiava a assistência médica para uma parcela da população</p><p>urbana, o MESP financiava as áreas de saúde pública de caráter coletivo,</p><p>desenvolvidas, sobretudo, no interior do país (LIMA; FONSECA; HOCHMAN, 2005).</p><p>Em 1937, o antigo DNSP foi substituído pelo Departamento Nacional de saúde</p><p>(DNS). Em 1942, com apoio norte-americano, e em função do esforço de guerra dos</p><p>aliados, foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), uma autarquia pública</p><p>ligada ao MESP, ao qual o DNS era subordinado. O objetivo do SESP era inicialmente</p><p>a organização de instalações sanitárias e atenção integral à saúde da população das</p><p>áreas produtoras de borracha (Amazônia) e ferro (Minas Gerais).</p><p>2.5 A criação dos Iaps</p><p>A política de proteção ao trabalhador iniciada pelo governo Vargas marcou a</p><p>trajetória de expansão e consolidação dos direitos sociais. Algumas políticas são</p><p>importantes: carteira profissional obrigatória para trabalhadores urbanos, definição da</p><p>jornada de oito horas, direito a férias e leis de salário mínimo. Nessa fase, foi criado o</p><p>Instituto de Aposentados e Pensões (Iaps), ampliando a atuação dos Caps e</p><p>constituindo a primeira minuta do sistema previdenciário brasileiro.</p><p>O Iaps passou a reunir no mesmo órgão categorias profissionais inteiras, não</p><p>apenas empresas, Agências Marítimas (IAPM), Trabalhadores Comerciais (IAPC),</p><p>Industriais (IAPI) e outras, e dependia do envolvimento do Estado em sua gestão,</p><p>controle e financiamento. Com o Iaps, começa a montagem do sistema público de</p><p>previdência social, mantendo os trabalhadores na forma de títulos formais de</p><p>contribuição para garantir os benefícios.</p><p>14</p><p>O trabalhador que não contribuísse para os institutos era excluído do regime</p><p>de proteção. Eram eles: trabalhadores agrícolas, autônomos e qualquer trabalhador</p><p>que exercia uma função não reconhecida pelo Estado. A seguridade social era</p><p>privilégio de poucos presos, deixando grandes segmentos da população,</p><p>especialmente os mais vulneráveis, vítimas da injustiça social.</p><p>Outra particularidade deste modelo foi a desagregação dos benefícios por</p><p>grupo ocupacional. Cada IAP organizou e ofereceu a seus colaboradores uma lista de</p><p>benefícios condizentes com a capacidade contributiva e organizacional de cada</p><p>categoria, tornando algumas categorias profissionais mais privilegiadas que outras.</p><p>As categorias economicamente mais poderosas, como industriais, banqueiros, tinham</p><p>maior disponibilidade de recursos, e na saúde isso significou um melhor padrão de</p><p>atendimento médico-hospitalar, diferenciado por categoria, e a manutenção da</p><p>desigualdade social mesmo entre os trabalhadores pobres (BAPTISTA, 2007, p. 37-</p><p>38).</p><p>3 ARTE DE CURAR NO SÉCULO XIX</p><p>A saúde pública é um tema de culto mundial, que possui uma trajetória secular</p><p>marcada por contradições e frequentemente condenada por preconceitos. No</p><p>contexto do Brasil colonial, os problemas relacionados à medicina morreram devido à</p><p>escassez de profissionais nessa área, à falta de</p><p>interesse dos médicos portugueses</p><p>em migrar para o Brasil e à adesão da instalação de instituições de ensino superior</p><p>na Colônia. Esses fatores resultaram, em muitos casos, na preferência da população</p><p>por curandeiros e pajés como praticantes da arte de curar, em um momento histórico</p><p>complicado e diversificado, onde as fronteiras entre médicos letrados dedicados aos</p><p>estudos e cirurgiões práticos eram indistintos (MIRANDA, 2017).</p><p>A reorganização do espaço hospitalar no Brasil colonial ocorreu gradualmente,</p><p>especialmente nos hospitais militares no início do século XIX. Acreditávamos que</p><p>essas instituições eram péssimas devido às condições precárias de higiene e à falta</p><p>de comportamentos programados, provocada na superlotação dos pacientes nas</p><p>enfermarias e no descaso das autoridades públicas em melhorar as instalações</p><p>físicas. Esses fatores influenciaram para o atraso na organização do espaço</p><p>15</p><p>hospitalar. Somente na segunda metade do século XIX, iniciando pelo Hospital Pedro</p><p>II, houve uma reorganização efetiva desse espaço (MIRANDA, 2017).</p><p>Esses fatores influenciaram para o atraso na organização do espaço hospitalar.</p><p>Somente na segunda metade do século XIX, iniciando pelo Hospital Pedro II, houve</p><p>uma reorganização efetiva desse espaço (MIRANDA, 2017).</p><p>Esses fatores influenciaram para o atraso na organização do espaço hospitalar.</p><p>Somente na segunda metade do século XIX, iniciando pelo Hospital Pedro II, houve</p><p>uma reorganização efetiva desse espaço (MIRANDA, 2017).</p><p>George Stahl defende a teoria do vitalismo, segundo a qual a ação natural dos</p><p>órgãos foi resultado da regulação de uma alma sensível. Essa alma era responsável</p><p>por distribuir igualmente e de maneira ordenada o espírito vital presente no corpo. Por</p><p>outro lado, Friedrich Hoffmann adotou uma abordagem mecanicista chamada</p><p>solidismo. Para ele, o corpo humano era comparado a uma máquina, e o movimento</p><p>que decorava seu funcionamento era uma expressão da vida.</p><p>Hoffmann considerou que o corpo seguia as leis da hidráulica, com base no</p><p>sistema de movimentos circulatórios dos humores. Esses movimentos eram</p><p>impulsionados pelos alimentos que, uma vez assimilados pelo sangue, eram</p><p>direcionados ao cérebro. Lá, um fluido nervoso foi secretado para manter o movimento</p><p>e as contrações do coração.</p><p>Hoffmann argumentava que as doenças surgiam devido a alterações nos</p><p>humores causadas por interrupção anormais, que perturbavam os espíritos sutis e</p><p>prejudicavam o fluxo circulatório do sangue. Embora Hoffmann tenha cometido erros</p><p>em sua doutrina, Miranda (2017) destaca que ele merece crédito por desempenhar</p><p>um papel significativo nas pesquisas sobre o sistema nervoso e suas funções para o</p><p>corpo.</p><p>As artes de cura são praticadas no Brasil desde os tempos coloniais e</p><p>transmitidas às gerações seguintes por quem as pratica. A cura era realizada por:</p><p> Curandeiros;</p><p> Boticários;</p><p> Barbeiros sangradores;</p><p> Parteiras; entre outros.</p><p>16</p><p>Já no século XIX, demonstrou-se que as práticas sociais e culturais</p><p>circunscritas foram preservadas, seja pela tradição popular, pelo desenvolvimento de</p><p>novos procedimentos administrativos de atenção à saúde, ou mesmo como forma de</p><p>prevenção alcançada pela chamada medicina acadêmica. (MIRANDA, 2017).</p><p>3.1 Conflitos entre a medicina e outras práticas de cura</p><p>Na década de 1880, nos últimos anos da abolição da escravidão e no início do</p><p>processo de Proclamação da República, um episódio interessante ocorreu na Paraíba,</p><p>conforme registrado na notável obra de Coriolano de Medeiros. Essa história envolve</p><p>o curandeiro Antônio Mão Santa, que era reconhecido como uma figura famosa e</p><p>próspera (MEDEIROS, 1994).</p><p>O caso "Mão Santa" como ficou conhecido o curandeiro, ajuda a compreender</p><p>melhor a posição da prática da cura quando se trata da medicina acadêmica, ao</p><p>mesmo tempo em que se percebe uma falta de confiança nos métodos de tratamento</p><p>médico. Conforme expõe o autor ao discutir o feito mais notável do renomado</p><p>curandeiro paraguaio: Alguns dias após sua chegada, Mão Santa foi solicitado para</p><p>tratar do filho do Capitão do Porto Queiroz, que não havia apresentado melhoras com</p><p>os tratamentos médicos e havia sido considerado sem esperanças. Os pais do jovem</p><p>depositaram suas esperanças no curandeiro, e o sucesso não tardou a chegar. Em</p><p>pouco tempo, toda a cidade ficou sabendo do milagre, e o Capitão do Porto não</p><p>apenas passou a admirar Mão Santa, como também o recomendou a várias famílias</p><p>respeitáveis. Assim, o prestígio de Mão Santa se firmou e consolidou na cidade da</p><p>Paraíba naquela época (MEDEIROS, 1994).</p><p>O autor afirma que, no caso de Mão Santa, houve uma mudança na hierarquia</p><p>dos cuidados médicos da época, o que tornou o curandeiro mais prestigiado do que o</p><p>médico devido ao tratamento dispensado ao capitão do filho de Porto. A situação neste</p><p>caso foi criada como resultado do sucesso do curandeiro no tratamento de uma</p><p>doença que a medicina não conseguiu tratar.</p><p>17</p><p>3.2 Curandeirismos</p><p>Ariosvaldo da Silva Diniz realizou um estudo em 2011 que foi citado por Silva e</p><p>Mariano (2020) e abordou questões relacionadas à epidemia de Cólera que eclodiu</p><p>na província de Pernambuco em 1856. Este estudo evidencia os inúmeros agentes da</p><p>cura que foram ao cenário insalubre do Recife para combater a doença, cuja natureza</p><p>etiológica e terapêutica era desconhecida na época.</p><p>Sem dúvida, a menção do "curandeirismo" no Império brasileiro faz refletir</p><p>sobre o significado do termo, não apenas para entendê-lo como uma noção voltada</p><p>para quem o pratica (especialmente o curandeiro), mas também para enfocar a sua</p><p>gradual ressignificação na história brasileira.</p><p>Silva; Mariano (2020) argumenta que termo cura que “abarca em si um</p><p>número de saberes populares e de agentes da cura filiados as mais diversas tradições</p><p>e culturas que tinham o seu espaço e sua validade junto aos doentes”. Portanto, a</p><p>partir dessa assertiva, o termo "curandeirismo" não é mais utilizado no singular, sendo</p><p>denominado no plural "curandeirismos", para abranger os diversos conhecimentos</p><p>tradicionais sobre os diferentes métodos de práticas de cura que eram exercidas.</p><p>A década de 1880 pode ser destacada como um período estratégico para tratar</p><p>do assunto, sobretudo, se considerarmos não somente o crescimento da medicina</p><p>acadêmica, mas também os chamados “práticos", que eram todas as pessoas que se</p><p>envolveram na arte da reabilitação e cura, mas não receberam nenhuma formação</p><p>acadêmica para tal.</p><p>Na sociedade em que o poder médico-higienista estava em ascensão, a</p><p>presença dos práticos certamente causaria desconforto. Isso se deve ao fato de eles</p><p>não possuírem formação acadêmica nem o reconhecimento das ciências, que eram</p><p>parte essencial do discurso médico. Em termos legais, sua atuação seria limitada,</p><p>quase insignificante.</p><p>Conforme aponta Tânia Salgado Pimenta, somente os práticos que</p><p>possuíssem licenças específicas poderiam exercer as artes e ofícios de curar. Essas</p><p>licenças eram concedidas mediante avaliação da antiga Real Junta do</p><p>Protomedicado, um órgão estabelecido por D. Maria I em 1782. Em 1808, a junta foi</p><p>substituída pela Fisicatura, que exerceu essa função até 1828. A partir desse ano, as</p><p>18</p><p>práticas de cura passaram a ser fiscalizadas pelas Câmaras Municipais locais</p><p>(PIMENTA, 2003).</p><p>Sabe-se pelos documentos oficiais das instituições médicas citadas que as</p><p>artes de cura dependiam da legalidade imperial, a maioria das atividades relacionadas</p><p>aos curandeirismos, continuaram sendo realizadas pelos curandeiros e seus colegas,</p><p>em larga escala, ainda que não possuíssem carta oficial ou autorização.</p><p>Esses agentes (curandeiros) continuavam gozando de grande popularidade e</p><p>prestígio entre a população, afinal, desde a época colonial era prática comum buscar</p><p>ajuda aos curandeiros, em casos de complicações de saúde. A busca era grande e o</p><p>exercício</p><p>era praticado atendendo as pessoas mais pobres até à elite. Esse fato gerou</p><p>uma verdadeira luta entre o saber médico-científico e os curandeirismos, cujas</p><p>atividades de mercado estavam beneficiando mais aos práticos do que os alopáticos</p><p>ou homeopáticos.</p><p>3.3 Barbearias (sangradores)</p><p>Observando o trabalho dos barbeiros sangrentos ao longo dos tempos</p><p>imperiais, percebe-se como a profissão estava fundamentalmente sujeita a condições</p><p>legais e raciais, em sua maioria livres ou escravizados. Parte disso também foi</p><p>delegado aos curandeiros, como foi o caso de Pai Manoel, que era escravizado e foi</p><p>a principal figura da epidemia de Cólera que eclodiu no Recife em 1856.</p><p>Diante da hierarquia da cura os barbeiros costumavam estar em posição de</p><p>baixa credibilidade em relação aos médicos ou outros agentes da cura. Sob a</p><p>manipulação das lâminas o processo alternava:</p><p> Sangrias;</p><p> Aplicação de ventosas;</p><p> Aplicação de sanguessugas;</p><p> Atuavam como dentistas; ou</p><p> Se tornando mais convencional, no campo da estética.</p><p>19</p><p>Em relação à má reputação, e, diante dos confrontos da medicina, os barbeiros</p><p>sangradores eram os menos hostis em relação às disputas por clientes, como mostra</p><p>o Jornal da época “O Popular” em 1883:</p><p>Na repartição de instrução pública, um médico ocupava o cargo principal.</p><p>Porém, ao se encontrar cercado por um louco e um idiota, decidiu chamar um dentista</p><p>barbeiro para auxiliá-lo. Com pouco tempo, aquela senhora estaria falecida, tendo seu</p><p>corpo preparado para o enterro pelo bedel, que também atua como mestre de tesoura</p><p>(SILVA; MARIANO, 2020).</p><p>Embora não houvessem estudado durante anos e lhes faltassem o</p><p>conhecimento básico na área da ciência, os barbeiros tinham uma certa influência</p><p>junto à população. Influência à qual os médicos levaram anos para adquirirem. Dessa</p><p>forma, os médicos cobraram das autoridades que providências fossem tomadas para</p><p>que eles pudessem exercer suas práticas de forma hegemônica. Para isso, foi</p><p>necessário criar a categoria charlatão, a qual envolvia todas as pessoas que</p><p>trabalham na medicina/cura de forma diferente da medicina científica. O termo era</p><p>hostil em oposição a identidade do médico detentor do conhecimento científico e único</p><p>profissional de confiança para tratar das questões de saúde (SAMPAIO, 2001).</p><p>As atividades de curas ilegais estavam preocupando cada vez mais os</p><p>doutores, por sentirem sua subsistência ameaçada, visto que essas atividades eram</p><p>procuradas por vários setores da população levando a uma grande concorrência no</p><p>campo de atuação na sociedade.</p><p>Os médicos não se contentavam em ser apenas mais uma opção respeitável e</p><p>confiável de cura, baseada em seu compromisso com a ciência. Seu objetivo era se</p><p>tornar a única opção disponível, a fim de conquistar definitivamente o poder e o</p><p>prestígio que acreditavam merecer como representantes da doutrina científica. Para</p><p>alcançar esse objetivo, eles dependiam do apoio do poder legislativo, pois sabiam que</p><p>apenas com seus próprios recursos não conseguiriam obter a legitimidade desejada.</p><p>Os interesses de ambas as partes eram alinhados: tanto os médicos quanto as</p><p>autoridades reconheciam a importância de buscar o bem-estar da população como</p><p>uma meta compartilhada (PIMENTA, 2003).</p><p>20</p><p>4 SAÚDE PÚBLICA</p><p>O início das ações de Saúde Pública relacionadas às questões sanitárias,</p><p>ocorreram na época da vinda da Família Real para o Brasil (1808), sendo</p><p>caracterizada pela importância em manter a manutenção da mão de obra saudável</p><p>que fosse capaz de manter os negócios da realeza. A preocupação com a Saúde</p><p>Pública residia nas práticas de higiene e na atenção médica básica, atendendo as</p><p>demandas expostas pela Família Real, bem como aos demais membros opulentos da</p><p>sociedade (FARIA, 1997).</p><p>Naquela época, fazia-se necessário controlar efetivamente as doenças</p><p>tropicais que acometiam a população do país, doenças essas que eram</p><p>desconhecidas pelos europeus como, por exemplo:</p><p>Algumas doenças que assolavam a população nos tempos do Brasil colônia</p><p>trazidas pelos próprios europeus, como:</p><p>Essas doenças levaram à situação que demandava da construção de um</p><p>sistema sanitário eficaz de controle baseado no conhecimento das formas de</p><p>transmissão e também no tratamento das mesmas.</p><p>Diante da situação e com o aumento da preocupação com as condições de vida</p><p>nas cidades, mais médicos vieram, instalando-se e dando início ao projeto de</p><p>institucionalização do setor saúde no Brasil e a regulação da prática médica</p><p>profissional. A primeira faculdade de medicina foi inaugurada no mesmo ano da</p><p>chegada da Família Real, a Escola Médico-cirúrgica, localizada em Salvador, Bahia,</p><p>visando institucionalizar os programas de ensino e normalizar a prática médica</p><p> Febre amarela; e</p><p> Malária.</p><p> Peste bubônica;</p><p> Cólera; e</p><p> Varíola.</p><p>21</p><p>conforme os modelos europeus. Com o tempo os médicos estrangeiros foram</p><p>substituídos por médicos brasileiros ou formados no Brasil.</p><p>Esse período foi marcado pelo interesse em regular o exercício da atividade</p><p>profissional e sanitária em relação ao interesse político e econômico do Estado em</p><p>garantir a sustentabilidade da produção da riqueza por meio do controle de mão de</p><p>obra e da qualidade dos produtos, com medidas voltadas para controle de doenças,</p><p>disciplina e normatização da prática profissional (LIMA; LEMOS, 2020).</p><p>As primeiras Políticas de Saúde Pública que surgiram no mundo e que, logo</p><p>seriam colocadas em prática no Brasil eram voltadas principalmente para:</p><p> Proteção e saneamento das cidades, principalmente as portuárias,</p><p>responsáveis pela comercialização e circulação dos produtos exportados;</p><p> Controle e observação das doenças e enfermos, inclusive e principalmente</p><p>dos ambientes;</p><p> Teorização acerca das doenças e construção de conhecimentos para</p><p>adoção de práticas mais eficazes no controle das moléstias.</p><p>Com a proclamação da República, em 1889, iniciou-se um novo ciclo na política</p><p>estadual que se caracterizou pela fortificação e consolidação econômica. Nesse</p><p>contexto, a política de saúde ganhou mais destaque, desempenhando um papel</p><p>significativo na formação da identidade do próprio estado e de sua autoridade sobre o</p><p>território e na conformação de uma ideologia de nacionalidade, configurando um</p><p>esforço civilizatório (LIMA; LEMOS, 2020).</p><p>Ainda segundo os autores, foi exatamente nesta ordem que os problemas de</p><p>saúde e saneamento foram marcantes ao longo da história da saúde no Brasil. A</p><p>agricultura era a base econômica do Brasil e tinha no café a vinculação do trabalho</p><p>assalariado que carecia cada vez de mão de obra e, as epidemias que se propagavam</p><p>entre os trabalhadores devido às péssimas condições de saneamento afetavam o</p><p>crescimento econômico.</p><p>22</p><p>4.1 A trajetória do médico dedicado à ciência</p><p>Fonte: bit.ly/3LzL9Zj</p><p>Oswaldo Cruz nasceu em agosto de 1872, na cidade de São Luís do Paraitinga,</p><p>sendo seus pais Bento Gonçalves Cruz e Amália Bulhões Cruz. Em 1877, sua família</p><p>se mudou para o Rio de Janeiro, onde Oswaldo estudou no Colégio Laure, no Colégio</p><p>São Pedro de Alcântara e no Externato Dom Pedro II.</p><p>Em 1892, concluiu sua graduação na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,</p><p>apresentando sua tese intitulada "A veiculação microbiana pelas águas". Antes</p><p>mesmo de concluir o curso, ele já havia publicado dois artigos na revista renomada</p><p>Brasil Médico (FIOCRUZ, 2017).</p><p>Seu interesse pela biologia levou Oswaldo Cruz a montar um pequeno</p><p>laboratório em seu próprio porão. No entanto, a morte de seu pai ocorreu no ano de</p><p>sua formação, o que interrompeu seus estudos por algum tempo.</p><p>Dois anos depois, recebeu um convite de Egydio Salles Guerra para trabalhar</p><p>na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, onde ficou responsável pela montagem e chefia</p><p>do laboratório de análises clínicas. Em 1897, permaneceu para Paris e passou dois</p><p>anos estudando</p><p>microbiologia, soroterapia e imunologia no Instituto Pasteur, além de</p><p>medicina legal no Instituto de Toxicologia.</p><p>Após retornar da capital francesa, Oswaldo Cruz reassumiu sua carga na</p><p>Policlínica Geral e integrou-se à comissão de Eduardo Chapot-Prévost para investigar</p><p>a mortalidade de ratos que causaram um surto de peste bubônica em Santos. No Rio</p><p>23</p><p>de Janeiro, ocupou a carga de direção técnica no Instituto Soroterápico Federal, que</p><p>estava em construção na Fazenda Manguinhos e foi fundado em 1900. Dois anos</p><p>depois, assumiu a direção do Instituto e trabalhou para expandir suas atividades além</p><p>da produção de soro antipestoso, incluindo pesquisa básica aplicada e formação de</p><p>recursos humanos. Em seguida, assumiu o comando da Diretoria-Geral de Saúde</p><p>Pública (DGSP) (FIOCRUZ, 2017).</p><p>Naquela época, Oswaldo Cruz sentiu o desafio do trabalho de conduzir uma</p><p>campanha sanitária para combater as principais doenças da capital federal, que eram</p><p>a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Para isso, foram adotados métodos</p><p>como o isolamento dos doentes e a notificação obrigatória dos casos positivos, além</p><p>da captura de mosquitos e ratos, que eram os vetores dessas doenças, e transmitidos</p><p>das residências nas áreas protegidas. Usando o Instituto Soroterápico Federal como</p><p>suporte técnico-científico, foram iniciadas campanhas de saneamento e, em poucos</p><p>meses, a incidência de peste bubônica ocorreu significativamente devido à</p><p>erradicação dos ratos que transmitiam a doença.</p><p>Durante a luta contra a febre amarela na mesma época, Oswaldo Cruz criou</p><p>diversos desafios. Muitos médicos e parte da população acreditavam que a doença</p><p>era transmitida pelo contato com roupas, suor, sangue e secreções de pessoas</p><p>doentes. No entanto, Oswaldo Cruz defendeu uma nova teoria: a de que a febre</p><p>amarela era transmitida por um mosquito. Suspendendo os métodos tradicionais de</p><p>combate à doença, como a aderente, ele implementou medidas sanitárias por meio</p><p>de brigadas que percorriam casas, jardins, quintais e ruas, eliminando focos de</p><p>insetos. Sua atuação provocou uma reação violenta popular (FIOCRUZ, 2017).</p><p>Com o ressurgimento dos surtos de varíola, Oswaldo Cruz registrou uma</p><p>vacinação em massa da população, mas causou resistência. Jornais iniciaram</p><p>campanhas contra a medida, e o Congresso protestou, originado na formação de uma</p><p>liga antivacinação. Em novembro, ocorreu uma rebelião popular e, no dia 14, a Escola</p><p>Militar da Praia Vermelha se rebelou. O governo conseguiu reprimir a rebelião após</p><p>uma semana, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina. Em 1907, a febre amarela</p><p>foi erradicada do Rio de Janeiro. No entanto, em 1908, surgiu uma nova epidemia de</p><p>varíola, e a própria população passou a procurar postos de vacinação.</p><p>24</p><p>Apesar da crise ocorrida entre 1905 e 1906, Oswaldo Cruz liderou uma</p><p>expedição a 30 portos marítimos e fluviais em todo o país, com o objetivo de</p><p>estabelecer um código sanitário seguindo as normas internacionais. Todo o empenho</p><p>de Cruz contra as doenças lhe rendeu reconhecimento internacional em 1907, quando</p><p>recebeu a medalha de ouro no 14º Congresso Internacional de Higiene e Demografia</p><p>em Berlim, Alemanha, por seu trabalho em prol do saneamento do Rio de Janeiro</p><p>(FIOCRUZ, 2017).</p><p>Em 1908, Oswaldo Cruz foi recebido como um herói nacional, e no ano</p><p>seguinte, o instituto passou a ter seu nome. Com o apoio da equipe do Instituto</p><p>Oswaldo Cruz (IOC), foi realizado um levantamento das condições sanitárias no</p><p>interior do país</p><p>4.2 Epidemias e Saúde pública no século XIX</p><p>Tradicionalmente as doenças com variações espaciais (distribuição espacial</p><p>particular, relacionada a processos sociais ou ambientais específicos) são</p><p>classificadas como doenças endêmicas. Da mesma forma, doenças que mudam ao</p><p>longo do tempo são classificadas como epidemias, ou seja, apresentam concentração</p><p>de casos em um determinado período indicando que a estrutura epidemiológica possui</p><p>mudanças mais ou menos abruptas (BARATA, 2000).</p><p>Até a primeira metade do século XIX, as instituições médicas viam o Brasil</p><p>como um país que estava relativamente livre das epidemias que afligiam outras</p><p>nações. No entanto, tudo mudou com a chegada da febre amarela em 1849. A partir</p><p>desse momento, à medida que as relações comerciais do país se estreitaram,</p><p>ocorreram novas epidemias (KODAMA et al., 2012).</p><p>Em 1855 a epidemia de cólera foi registrada e considerada oficialmente a</p><p>primeira doença no Brasil que matou cerca de 200.000 pessoas (COOPER, 1987). A</p><p>doença surgiu pela primeira vez na província do Pará em maio de 1855 e depois</p><p>atingiu o Amazonas e a província do Maranhão. A doença se espalhou também da</p><p>Bahia para Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Rio de</p><p>Janeiro.</p><p>25</p><p>Os relatórios médicos sugeriam nas primeiras avaliações da epidemia que a</p><p>cólera, apesar de atingir todas as classes sociais, acometia principalmente os</p><p>escravos e a população mais pobre devido às condições sanitárias em que viviam.</p><p>Nesse sentido, era necessário proteger os escravos, pois estes eram legalmente</p><p>definidos como propriedade privada e moldados de acordo com as ambições dos</p><p>senhores. Portanto, eram essenciais à continuidade do sistema de plantação em</p><p>expansão no século XIX (GOMES; SILVA, 2020).</p><p>Alguns portugueses instalados no Brasil ao se verem diante do sofrimento dos</p><p>recém-chegados procuraram alertar o governo português, em relação às medidas</p><p>repressivas que deveriam ser tomadas para limitar as partidas, publicando então</p><p>cartas aos jornais portugueses. Como prática recorrente, muitas dessas cartas</p><p>explicavam os prós e os contras da emigração, destacavam os problemas de</p><p>saneamento básico no Brasil e da mortalidade dos jovens emigrantes portugueses ao</p><p>imigrarem para o país (ALVES, 2005).</p><p>Como cita o autor: “Um deles, publicado no Periódico dos Pobres do Porto em</p><p>30 de maio de 1853, apesar de repetidos avisos, lamentou a falta de medidas oficiais</p><p>de controle das partes e argumentou com veemência:</p><p>Não é surpreendente que o governo português tenha tolerado indiferentemente</p><p>ao abandono de milhares de cidadãos que poderiam ser úteis ao Estado e si próprios,</p><p>deixando suas casas para buscar uma fortuna ilusória em terras estrangeiras. O que</p><p>é realmente difícil de entender é o fato de que, mesmo tendo conhecimento de uma</p><p>epidemia nos principais portos do Império, o governo continua indiferente, permitindo</p><p>que a juventude portuguesa parta em busca de uma morte quase certa. A febre</p><p>amarela, como é conhecida em Portugal, tornou-se endêmica no Brasil. Desde 1849-</p><p>1850, ela sempre aparece na estação quente, causando vítimas, principalmente entre</p><p>os estrangeiros recém-chegados e, sobretudo, entre os portugueses, cujo número é</p><p>considerável.</p><p>O governo português, que estabelece quarentenas e lazaretos para aqueles</p><p>que retornam à pátria, não pode ignorar esses fatos, no entanto, parece não</p><p>ter compaixão pelos infelizes que, deixando sua terra natal, seus pais e</p><p>amigos, encontram a morte em terras estrangeiras! É aqui, na Bahia, e no Rio</p><p>de Janeiro, que a febre amarela continua a ceifar um grande número de vidas,</p><p>e, no entanto (parece inacreditável), são essas as duas cidades que os</p><p>emigrantes preferem buscar! É doloroso, mesmo para os corações menos</p><p>testemunhais, testemunhar jovens de 12 a 24 anos lutando contra uma</p><p>26</p><p>doença terrível que rapidamente apaga sua luz de inteligência e extingue</p><p>suas vidas (ALVES, 2005, p. 4-5).</p><p>Nos discursos em torno da emigração, das demandas das patologias e</p><p>principalmente das epidemias, Alves reitera que o argumento foi forte e relevante, de</p><p>modo que mesmo aqueles que defendiam a liberdade da emigração tiveram que</p><p>enfrentar o problema e buscar soluções arejadas para encontrar apoio no despertar e</p><p>a preocupação social. Não só a febre amarela criou uma imagem negativa da vida</p><p>cotidiana no Brasil, como outras epidemias eclodiram</p><p>repetidas vezes em, às quais a</p><p>correspondência jornalística atribuiu descrições sombrias e desamparo (ALVES,</p><p>2005).</p><p>Ainda segundo o autor: "Veja a informação de um correspondente sergipano,</p><p>datado de 24/03/1863, mas inserido em O Comércio do Porto em 20/05/1863:"</p><p>A cólera está se aproximando da capital, ou melhor, podemos dizer que já</p><p>está dentro de nossas portas! Por onde passa, causa uma devastação cruel.</p><p>À medida que se espalhou de norte a sul, a epidemia mostrou-se menos</p><p>severa, mas ao chegar à cidade de Maroim, tornou-se intensa e fez um</p><p>grande número de vítimas. Estima-se que apenas nos últimos dias cerca de</p><p>400 pessoas tenham sucumbido nesse local, cuja população não passa de</p><p>4.000 habitantes.</p><p>A vila do Rosário, com seus 2.000 habitantes, está aguardando! Quem não</p><p>morreu encontrou na fuga a única solução para salvar suas vidas. O infeliz</p><p>vigário, que permanecia em seu posto evangélico, acabou se tornando vítima</p><p>de sua própria dedicação! [...] recentemente, a cidade de Laranjeiras, uma</p><p>das mais importantes da província, foi invadida e os estragos foram enormes.</p><p>A mortalidade começou com 12 casos diários e, numa escalada contínua,</p><p>chegou aos 60, com um grande número de corpos enterrados ontem!</p><p>No entanto, o local onde a mortalidade é assombrosa em relação ao número</p><p>de habitantes é o povoado do Socorro, com pouco mais de 200 residências,</p><p>localizado a meia légua de Aracaju. A mortalidade nessa pequena</p><p>comunidade consumida 28 ontem, e pelas notícias que chegam hoje, é</p><p>possível acreditar que a infeliz paróquia de Socorro permanecerá</p><p>completamente deserta! Em Aracaju, a situação está começando a se</p><p>agravar, embora ainda não seja um estado sanitário aterrador.</p><p>[...] A escravatura é o grupo que mais sofre. Parece que o cólera tem um</p><p>gosto especial por ceifar vidas entre os "paisinhos", enquanto a febre amarela</p><p>se diverte com os brancos. Temos de tudo no Brasil, graças a Deus! [...] A</p><p>situação atual de Sergipe é extremamente triste. Estou com as malas prontas,</p><p>esperando o vapor do Sul para seguir para o Norte e tranquilizei minha mente,</p><p>que tem sofrido bastante com essa tristeza geral (ALVES, 2005, p. 6-7).</p><p>Como resultado, o Brasil pós-independência não era um destino desejável para</p><p>atrair europeus por causa de representações menos favoráveis, como o estado do</p><p>sistema de saúde.</p><p>27</p><p>As grandes cidades começaram a se transformar em lugares que ofereciam</p><p>novas oportunidades de vida, atraindo principalmente imigrantes estrangeiros</p><p>insatisfeitos com as condições de vida e emprego nas fazendas de café (BARATA,</p><p>2000).</p><p>Ainda segundo o autor, alguns desses trabalhadores migravam para escapar</p><p>das epidemias de febre amarela e varíola que atingiram avassaladoramente muitas</p><p>cidades do interior. A última década do século XIX e a primeira década do século XX</p><p>chamaram a atenção das autoridades sanitárias visando esclarecer o mecanismo de</p><p>transmissão e os métodos de controle dessas duas doenças.</p><p>A maneira como ocorriam as ocupações do espaço agrário e urbano também</p><p>contribuíram para determinar condições extremamente favoráveis para a ocorrência</p><p>de doenças de transmissão vetorial, hídrica e respiratória.</p><p>Dentre as doenças transmitidas por vetores, destacam-se:</p><p>Ao utilizar dados estatísticos como ferramenta para mensurar fenômenos</p><p>sociais surgiu o desenvolvimento da administração científica. A prevalência de</p><p>doenças infecciosas, principalmente a febre amarela e a malária causaram um grande</p><p>impacto de mortalidade nas cidades e principais canteiros de obras dos países</p><p>periféricos, prejudicando o comércio e dificultando o desenvolvimento do capitalismo.</p><p>A solução na época era fornecer incentivos públicos para a pesquisa</p><p>biomédica, especialmente a biomedicina voltada para as doenças tropicais e uma</p><p>equipe de trabalho de estilo militar que pudesse realizar intervenções disciplinares e</p><p>eficazes quando necessário.</p><p>Dessa forma, surgiram as campanhas sanitárias, e o sucesso dessas fora</p><p>enfatizado não somente pelos resultados alcançados no processo de controle das</p><p> Febre amarela;</p><p> Peste;</p><p> Malária;</p><p> Leishmanioses</p><p>cutaneomucosas; e</p><p> Doença de Chagas.</p><p>28</p><p>epidemias, mas também pela nítida conexão entre o conhecimento científico, a</p><p>capacidade técnica e a organização dos processos de trabalho em saúde. Com a</p><p>finalidade de fabricar soros e vacinas contra a peste, foi criado o Instituto Soroterápico</p><p>Federal, em 25 de maio de 1900 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).</p><p>4.3 Saneando a cidade: Políticas sanitárias e controle urbano</p><p>O Rio de Janeiro superou o estigma da febre amarela no início do século XX</p><p>graças ao trabalho do sanitarista Oswaldo Cruz, como diretor-geral de saúde pública,</p><p>criou e preparou uma campanha exclusiva contra a febre amarela e reorganizou a</p><p>autoridade sanitária definindo medidas rigorosas contra a insalubridade:</p><p>1. Ordenou à demolição e a reforma de edifícios;</p><p>2. Criou brigadas mata-mosquitos;</p><p>3. Saneou caixas de água e esgotos;</p><p>4. Expurgou casas, por meio da queima de soluções à base de enxofre,</p><p>como forma de acabar com os mosquitos e suas larvas (imitando a</p><p>campanha norte-americana desenvolvida em Havana com base na</p><p>teoria de Carlos Finlay de que o agente transmissor era um mosquito –</p><p>Stegomyia fasciata, Culex aegypti ou Aedes aegypti).</p><p>A febre amarela não foi a única campanha de Osvaldo Cruz. Outras também</p><p>foram desenvolvidas, por exemplo, contra a peste bubônica, como o extermínio de</p><p>ratos, e a campanha contra a varíola, que tornou a vacinação obrigatória (ALVES,</p><p>2005).</p><p>O trabalhador de saúde tinha muitos inimigos. Mas a imagem da campanha</p><p>pela transição sanitária foi decisiva para garantir melhores condições e contribuir para</p><p>a reputação internacional: naquela época, o Brasil lutava pelo direito a um país</p><p>saudável no conceito dos organismos internacionais de saúde e até ser como modelo</p><p>exemplar. Seus portos eram considerados limpos, em grande parte devido às novas</p><p>normas sanitárias internacionais que reduziram os critérios de classificação, e essas</p><p>novas representações, ditadas pela nova cultura médica, foram categóricas ao</p><p>29</p><p>advento da mitologia, predominante no início do século XX, colocando o Brasil como</p><p>uma futura potência mundial.</p><p>No entanto, a década de 1920 foi marcada pela crise do padrão exportador</p><p>capitalista, uma vez que os países importadores se tornavam mais exigentes com a</p><p>qualidade dos produtos, surgindo muitas represarias aos produtos brasileiros, onde</p><p>os navios e portos ainda mantinham níveis de higiene insalubres, exportando</p><p>doenças. Novas ações foram implementadas no controle das doenças na área da</p><p>saúde pública (COSTA, 1985).</p><p>Por outro lado, o Estado assume ativamente na década de 1930 o papel de</p><p>regulador através da elaboração de projeto econômico baseado na industrialização</p><p>em prol da implantação de infraestrutura produtiva o que propiciou o fortalecimento do</p><p>projeto político-ideológico nacional, onde foi criado o Mesp - Ministério da Educação</p><p>e Saúde Pública, e MTIC – Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, medidas que</p><p>fomentaram o crescimento e a mudança do sistema econômico e regem a “regulação</p><p>da cidadania” pela previsão de um “direito à saúde”.</p><p>5 POLÍTICAS PÚBLICAS: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE PÚBLICA E</p><p>SAÚDE COLETIVA</p><p>A Saúde Coletiva teve início no final da década de 1970 no período em que o</p><p>Brasil passava pela ditadura militar, vinculada à luta pela democracia e ao movimento</p><p>da Reforma Sanitária. A medicina social e o preventivismo também influenciaram para</p><p>sua constituição (OSMO; SCHRAIBER, 2015).</p><p>Os autores acrescentam que a Saúde Coletiva é caracterizada como um</p><p>“campo de conhecimento e âmbito próprio de práticas” sendo de natureza</p><p>interdisciplinar, cujas disciplinas básicas são a epidemiologia, o planejamento, a</p><p>administração de saúde, e as ciências sociais em saúde.</p><p>Em 1977 a Organização Mundial da</p><p>Saúde propôs a seguinte meta: “Saúde</p><p>para Todos no ano 2000”. Como decorrência, tanto o cenário brasileiro quanto o</p><p>mundial levaram a um debate sobre o conceito de saúde e doença e a estruturação</p><p>dos serviços de saúde"). Um dos aspectos centrais no encaminhamento dessa meta</p><p>era o detalhamento e a operacionalização do conceito de equidade, reconhecendo-se</p><p>30</p><p>como fundamental a superação das desigualdades sociais para a melhoria das</p><p>condições de saúde das populações (RABELLO, 2010).</p><p>A Saúde Coletiva é descrita a partir de uma perspectiva multidisciplinar a qual</p><p>atua em conjunto com as seguintes disciplinas:</p><p>É caracterizada pela história de lutas para mudar efetivamente a estrutura da</p><p>ciência e da política social da Saúde. Um exemplo foi a Reforma Sanitária e todo o</p><p>legado construtivista. Esta área é dividida em três subdivisões:</p><p>Diante desta situação vale ressaltar que ambas as áreas são importantes para</p><p>o planejamento de ações de saúde levando à contínua dependência em realizar</p><p>pesquisas destinadas a melhorar os seus métodos.</p><p>Devido às mudanças no perfil de morbidade da população, a diminuição da</p><p>ocorrência de doenças transmissíveis e ao envelhecimento progressivo da população,</p><p>a epidemiologia começou a focar suas pesquisas nas doenças não transmissíveis e</p><p>nem infecciosas, além da preocupação com fatos não exclusivamente relacionados</p><p>às doenças como é o caso dos estudos sobre violência, hábitos deletérios e peso ao</p><p>nascer. Com isso, a concepção de unicausalidade das doenças mudou gradualmente,</p><p> Biomedicina;</p><p> Estatística;</p><p> Biologia; e</p><p> Ciências Humanas.</p><p> Epidemiologia;</p><p> Planejamento / gestão e</p><p>Serviços de saúde; e</p><p> Ciências Humanas.</p><p>31</p><p>dando margem ao pensamento multicausal no qual a interação entre agente,</p><p>hospedeiro e meio ambiente é responsável pelo surgimento das doenças (SILVA et</p><p>al, 2020).</p><p>De acordo com os autores, a Epidemiologia e a Medicina têm uma raiz em</p><p>comum: Hipócrates associava o aparecimento de doenças à interação entre o</p><p>indivíduo e o ambiente, mas com o passar do tempo suas teorias foram abandonadas.</p><p>Foi quando surgiu a teoria dos Miasmas, onde se acreditavam que as epidemias eram</p><p>causadas devido à má qualidade do ar proveniente da emanação de decomposições</p><p>de animais, plantas e pacientes.</p><p>5.1 Objetos de trabalho da saúde pública e da saúde coletiva</p><p>Os problemas de saúde pública são definidos em termos de mortes, doenças,</p><p>agravos e riscos, tomando como objeto de trabalho os problemas de saúde seu</p><p>entendimento é a ausência de doenças.</p><p>Por sua vez, a saúde coletiva, toma como objeto necessidades de saúde, isto</p><p>é, como tudo o que necessário não apenas para prevenir doenças e prolongar a vida,</p><p>mas também para melhorar a sua qualidade e permitir o exercício da liberdade</p><p>humana em busca da felicidade. Como resultado, dois níveis de distinção se destacam</p><p>nessa comparação. O conceito de saúde pública menciona "ciência e arte” “campo de</p><p>conhecimentos" e "práticas de saúde " na concepção coletiva de saúde.</p><p>Essas menções distintas indicam, essencialmente, a adesão dos pensadores</p><p>da saúde pública, por um lado, e da saúde coletiva, de outro, a diferentes marcos</p><p>conceituais. A segunda ordem de diferenças significativas é observada quando se</p><p>consideram os momentos constituintes do processo de trabalho, o objeto, os</p><p>instrumentos e o trabalho propriamente dito de cada um dos movimentos.</p><p>Como ferramenta de trabalho, a saúde pública mobiliza a epidemiologia</p><p>tradicional, o planejamento normativo e a administração taylorista, em abordagens</p><p>caudatárias da clínica e, portanto, da concepção biologista da saúde. Na realidade,</p><p>são as ações isoladas da Vigilância Epidemiológica e da Vigilância Sanitária ou o</p><p>desenvolvimento de programas especiais, desarticulados das outras ações, como a</p><p>32</p><p>Saúde Materno-Infantil ou o Programa Nacional de Imunização, que estabelecem os</p><p>métodos de trabalho característicos da saúde pública.</p><p>Em contrapartida, a saúde coletiva propõe o uso da epidemiologia crítica ou</p><p>social como ferramentas de pesquisa, priorizando o estudo das causas sociais e das</p><p>desigualdades em saúde, bem como o planejamento estratégico e comunicativo e a</p><p>governança democrática. Além disso, abre-se às contribuições de todos os</p><p>conhecimentos científicos e populares que podem orientar a elevação da consciência</p><p>sanitária e realizar intervenções intersetoriais sobre os fatores estruturais da saúde.</p><p>Desse modo, iniciativas como a promoção da saúde, cidades saudáveis, políticas</p><p>públicas saudáveis, saúde em todas as políticas compõem as estratégias de saúde</p><p>coletiva.</p><p>Quanto ao trabalho propriamente dito, o agente da saúde pública exerce as</p><p>atribuições da vigilância tradicional (epidemiológica e sanitária), aplica os modelos de</p><p>transmissão de doenças (controle de riscos), realiza ações de educação sanitária e</p><p>fiscaliza a produção e a distribuição de bens e serviços considerados de interesse da</p><p>saúde na perspectiva reducionista do risco sanitário, definido pela clínica biomédica.</p><p>Além disso, esse agente é aquele que assume as tarefas do planejamento normativo,</p><p>define objetivos e metas considerando apenas o ponto de vista estatal, sem levar em</p><p>conta a distribuição do poder na sociedade. Também assume funções relacionadas à</p><p>administração sanitária, pautadas pelas tentativas dos trabalhadores subalternos.</p><p>Por outro lado, o agente da saúde coletiva tem um papel amplo e estratégico:</p><p>a responsabilidade pela direção do processo coletivo de trabalho, seja na dimensão</p><p>epidemiológica e social de apreensão e compreensão das necessidades de saúde,</p><p>bem como na dimensão organizacional e gerencial de seleção e operação de</p><p>tecnologias para o atendimento dessas necessidades. Onde o profissional da saúde</p><p>coletiva é, portanto, um militante sociopolítico da emancipação humana.</p><p>Em prol da saúde pública, o Estado é o ator político por excelência, capaz por</p><p>si só de garantir a prevenção das doenças. De acordo com a saúde coletiva, além do</p><p>Estado, há outros atores e poderes na sociedade civil que devem atuar para promover</p><p>a democratização da saúde. Essa comparação mostra que as articulações desses</p><p>dois movimentos ideológicos com a atual estrutura da sociedade, são distintos. A</p><p>saúde pública encontra-se institucionalizada nas atividades cotidianas dos serviços</p><p>33</p><p>do SUS. A saúde coletiva inspirou o projeto da Reforma Sanitária que deu origem ao</p><p>SUS, mas persiste como alternativa contra-hegemônica.</p><p>Por fim, a saúde pública, em seu atual formato institucionalizado, tenderia a</p><p>ficar dialeticamente superada, aproveitando seus elementos técnicos de modo a</p><p>integrá-los nas estratégias da atenção integral à saúde. E, em um cenário otimista em</p><p>que o SUS constitucional encontrasse um ambiente propício para sua conversão em</p><p>realidade concreta, ela teria um papel político a cumprir, especialmente na definição</p><p>de rumos condizentes com as propostas preconizadas pela Reforma Sanitária</p><p>brasileira. Em termos mais concretos, haveria um ambiente propício à multiplicação</p><p>de centros de produção e reprodução de conhecimento, tecnologias e inovações,</p><p>visando o aprimoramento do SUS e ao avanço da democratização da saúde.</p><p>34</p><p>6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ALVES, J. F. – Emigração e sanitarismo – Porto e Brasil no século XIX. Pág. 141-</p><p>156, 2005.</p><p>BAPTISTA, T. W. F. História das políticas de saúde no Brasil: a trajetória do direito</p><p>à saúde. In: MATTA, G. C.; MOURA, A. L. (Orgs.). Políticas de saúde: organização e</p><p>operacionalização do sistema único de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007.</p><p>BARATA, R. B. Cem anos de endemias e epidemias. Ciência & Saúde Coletiva, São</p><p>Paulo, SP, v. 5, ed. 2ª, p. 333-345, 20 ago. 2020.</p><p>Cooper, D. B. “The New Black Death”: Cholera in Brazil, 1855-1856”.</p><p>In: KIPLE,</p><p>Kenneth (ed.) The African Exchange. Toward a Biological History of Black People.</p><p>(1).Durham London: Duke University Press, 1987.</p><p>COSTA, N. R. Lutas Urbanas e Controle Sanitário: origens das políticas de saúde</p><p>no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 1985.</p><p>EDLER, F. C. Saúde e Higiene Pública na Ordem Colonial e Joanina. O Arquivo</p><p>Nacional e a História Luso-Brasileira, Brasil, 2018.</p><p>FARIA, T.W. Dilemas e Consensos: a seguridade social brasileira na Assembleia</p><p>Nacional Constituinte de 1987/88 – um estudo das micro-relações político-</p><p>institucionais entre saúde e previdência social no Brasil, 1997. Dissertação de</p><p>Mestrado. Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio</p><p>de Janeiro.</p><p>FARIAS, R. G. Pai Manoel, o curandeiro africano, e a medicina no Pernambuco</p><p>imperial. História, Ciências, Saúde – Revista de Manguinhos, Rio de Janeiro, v.19,</p><p>supl., dez. 2012.</p><p>FELIPE, J. M. A. Doença (s) e mortalidade de escravos em Victoria, Província do</p><p>Espírito Santo (1849 a 1880). Tese (Doutorado em História) − Universidade Federal</p><p>do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais. 2019.</p><p>35</p><p>FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ FIOCRUZ. A trajetória do médico dedicado à ciência,</p><p>[s. l.], 2017. Texto adaptado da edição nº 37 da Revista de Manguinhos, publicada</p><p>em maio de 2017.</p><p>Kodama, K. Pimenta, T. Salgado, B., F. I., & Bellido, J. G. Mortalidade escrava</p><p>durante a epidemia de cólera no Rio de Janeiro (1855-1856): uma análise</p><p>preliminar. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 2012.</p><p>LIMA, J. de C. P; LEMOS F. de C. Políticas públicas de saúde e seu núcleo</p><p>deontológico: da Reserva do possível ao mínimo existencial no estado Democrático</p><p>de Direito Brasileiro. Revista Interface – Integrando Fonoaudiologia e Odontologia,</p><p>v.1, n. 1, jan. /jul. 2020.</p><p>LIMA, N. T; FONSECA, C. O; HOCHMAN, G. A saúde na construção do Estado</p><p>Nacional no Brasil: a reforma sanitária em perspectiva histórica. In: Lima, Nísia</p><p>Trindade et al. (Org.). Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de</p><p>Janeiro: Editora Fiocruz, 2005.</p><p>LIRA, T. A; GOMES, Francisco Patrik Carvalho; SILVA, Adriana Rodrigues.</p><p>Gerenciamento de riscos associados à mão de obra escrava durante a epidemia</p><p>de Cólera no século XIX. International Conference In Accounting, São Paulo,</p><p>SP,2020.</p><p>MATIJASCIC, M. Crise e reformas do complexo previdenciário no Brasil. Tese</p><p>(Doutorado)-Campinas, IE, UNICAMP, 2002.</p><p>MEDEIROS, C. de. O Tambiá da minha infância – Sampaio. Paraíba: A União</p><p>Editora, 1994.</p><p>MENICUCCI, T. M. G. História da reforma sanitária brasileira e do Sistema Único de</p><p>Saúde: mudanças, continuidades e a agenda atual. História, Ciências, Saúde-</p><p>Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 77-92, jan./mar. 2014.</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE (BRASIL). FUNASA - Fundação Nacional de Saúde.</p><p>Cronologia Histórica da Saúde Pública. Uma Visão Histórica da Saúde Brasileira,</p><p>[S. l.], p. 1-1, 7 ago 2017.</p><p>36</p><p>MIRANDA, C. A. C. A arte de curar nos tempos da colônia: limites e espaços da cura.</p><p>3. ed. rev. ampl. e atual. – Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2017.</p><p>NOVAES, P. E. R. S. Mitologia, Medicina e Saúde. Revista Cientifica de saúde,</p><p>UNIMES, Vol. 0. Número 1. jul, 2016.</p><p>OLIVEIRA, J. A; TEIXEIRA, S. M. F. Previdência social: 60 anos de história da</p><p>previdência no Brasil. 2ª ed. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: ABRASCO, 1989.</p><p>OSMO, A.; SCHRAIBER, L. B. O campo da Saúde Coletiva no Brasil: definições e</p><p>debates em sua constituição. Rev. Saúde Soc. São Paulo, v. 24, p. 205-218, 2015.</p><p>PAIM, J. et al. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. The Lancet,</p><p>Londres, n. especial série Brasil, p. 11-31, maio 2011.</p><p>PEREIRA, I. B. LIMA, J. C. F. Dicionário da Educação profissional em Saúde. 2ª. ed.</p><p>rev., e aum. Rio de Janeiro: EPSJV, 2008. 478 p. ISBN 978-85-987-36-6.</p><p>PIMENTA, T. S. O exercício das Artes de Curar no Rio de Janeiro (1828 a</p><p>1855). Tese de Doutorado em História, UNICAMP, 2003.</p><p>PÔRTO, A. O sistema de saúde do escravo no Brasil do século XIX: doenças,</p><p>instituições e práticas terapêuticas. Hist. cienc. Saúde. Revista</p><p>Manguinhos, vol.13 no.4 Rio de Janeiro Oct. /Dec. 2006.</p><p>RABELLO, L. S. Promoção da saúde a construção social de um conceito em</p><p>perspectiva comparada. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2010.</p><p>SAMPAIO, G. dos R. Nas trincheiras da cura. Campinas: Unicamp. 2001.</p><p>SCLIAR, M. História do conceito de saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio</p><p>de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 1-1, Jan./Apr. 2007.</p><p>SILVA, D. T. Eugenia, saúde e trabalho durante a Era Vargas. Em Tempos de</p><p>História, Brasília/DF, v. 1, n. 33, p. 190-2013, Ago – Dez 2018.</p><p>SILVA, G. C. B; NETO, O. M. M; NÓBREGA, W. F. S. Epidemiologia e Saúde Coletiva:</p><p>aspectos históricos e evolução da produção científica, Refacs., v. 8, ed. 3.4129, 1 jul.</p><p>2020.</p><p>37</p><p>SILVA, W. F. MARIANO, S. R. C. ARTES DE CURAR EM COMBATE: MEDICINA E</p><p>CURANDEIRISMOS NA PARAÍBA IMPERIAL (1880-1889), [s. l.], p. 1-12, 22 ago.</p><p>2020.</p><p>SOLHA, T. R. D. Saúde coletiva para iniciantes: políticas e práticas profissionais.</p><p>2. ed. São Paulo: Érica, 2014.</p>