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<p>Ilícito tributário:</p><p>conceito, espécies e</p><p>outros fins</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>SST</p><p>Ortigara, Janes Sandra Dinon</p><p>Ilícito tributário: conceito, espécies e outros fins / Janes</p><p>Sandra Dinon Ortigara</p><p>Ano: 2020</p><p>nº de p.:</p><p>Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.</p><p>10</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>3</p><p>Ilícito tributário: conceito,</p><p>espécies e outros fins</p><p>Apresentação</p><p>O sistema jurídico contém duas diretrizes principais: aquilo que é lícito e aquilo que</p><p>é ilícito, e o Direito Tributário se utiliza delas. Podemos encontrar, neste ramo do</p><p>Direito, a existência de normas que são dispositivas que consideram que, quando</p><p>ocorre no mundo real um fato que a lei considere como gerador, nascerá, em</p><p>consequência, o dever de tributar esta ação. Ao mesmo tempo nascerá o dever de</p><p>sancionar o não cumprimento da norma dispositiva.</p><p>Não cumprir a norma dispositiva e não cumprir a sanção imposta faz nascer o</p><p>que se chama de ilícito tributário. É disso que trata esta unidade. Sua importância</p><p>encontra-se no fato que ao operador jurídico cabe orientar seus clientes quanto as</p><p>obrigações existentes quando da realização de negócios jurídicos. Esperamos que</p><p>aproveite este conteúdo.</p><p>Conceito de ilícito tributário</p><p>O sistema jurídico pode ser separado em dois subconjuntos: o da licitude e o</p><p>da ilicitude. Licitude corresponde ao que está de acordo com a lei – lícito. Já o</p><p>procedimento ilícito é o que viola o ordenamento jurídico.</p><p>Assim, o ilícito tributário pode ser definido como aquilo que descumpre a legislação</p><p>tributária. O descumprimento ou a violação da obrigação principal ou acessória,</p><p>assim como todos os atos realizados em exercício ilegal, é classificado como ilícito.</p><p>O ilícito em discordância com a ordem tributária obteve relevância e passou a ter</p><p>peso maior a partir da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Essa lei destaca as</p><p>características normativas e as regras de conduta da ordem tributária, de forma que</p><p>evidencia o sistema de combate com o intuito de reduzir e inibir os malefícios que</p><p>tais práticas acarretam.</p><p>O ilícito tributário pode compreender três tipos de infração: tributária; tributária e</p><p>penal; e penal.</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>4</p><p>1. Infração tributária:</p><p>Infração caracterizada somente na lei fiscal. Por exemplo: o uso incorreto</p><p>de uma alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços</p><p>(ICMS). Nesse caso, aplica-se meramente uma sanção administrativo-</p><p>fiscal, calculada somente sobre a diferença não recolhida aos cofres</p><p>públicos estaduais. Trata-se da infração que ocorreu em decorrência do</p><p>descumprimento da legislação tributária, do pagamento incorreto do tributo.</p><p>2. Infração tributária e penal:</p><p>Ocorre quando o contribuinte decide fraudar a legislação e não quitar o</p><p>tributo. O Fisco irá averiguar o tributo e aplicar a penalidade cabível. Além</p><p>disso, haverá crime, como o de sonegação fiscal.</p><p>3. Infração penal:</p><p>Corresponde à violação da lei penal. Acontece quando uma pessoa realiza</p><p>qualquer procedimento proibido por lei e fica sujeita a cumprir uma pena.</p><p>Os ilícitos tributários caracterizados como sonegação estão sujeitos a pena</p><p>de dois a cinco anos de reclusão, além da multa, que pode atingir até 225%,</p><p>conforme art. 1º da Lei nº 8.137/1990 e art. 44 da Lei nº 9.430/1996.</p><p>Vamos aprofundar, a seguir, o estudo das espécies de ilícitos tributários.</p><p>Espécies de ilícito tributário</p><p>Entre as infrações cometidas contra a obrigação tributária e aquelas que</p><p>descumprem o simples dever formal, vamos explorar: apropriação indébita,</p><p>sonegação fiscal ou evasão fiscal, supressão de escrituração e livros e crimes</p><p>tributários eletrônicos.</p><p>Apropriação indébita</p><p>É o ato cometido por um indivíduo que toma posse de dinheiro ou bens que</p><p>pertencem a outro e obtém vantagem com isto. Para que seja considerada a</p><p>apropriação indébita em relação aos tributos, é necessário considerar uma série de</p><p>requisitos.</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>5</p><p>Apropriação indébita</p><p>Precedentes</p><p>Não recolhimento de tributo</p><p>Tipo novo e prisão por</p><p>dívida</p><p>Contribuição previdenciária</p><p>e sistema de informações</p><p>Inexigibilidade de outra</p><p>conduta</p><p>• Art. 11 da Lei nº 4.357 de 1964</p><p>• Art. 168 do Código Penal</p><p>• Art. 2º, II da Lei nº 8.137 de 1990</p><p>• Art. 168 do Código Penal</p><p>• Art 2º, II da Lei nº 8.137 de 1990</p><p>• Art. 95 da Lei 8.212 de 1991</p><p>• Art. 95 da Lei nº 8.212 de 1991</p><p>• Arts. 168-A, 313-A, 313-B, 337-A da Lei nº 9.983 de 2000</p><p>• Lei 8.212 de 1990</p><p>• Lei 8.137 de 1990</p><p>Fonte: Elaborada pela autora (2014).</p><p>Sonegação fiscal ou evasão fiscal</p><p>Surgiu junto com a instituição de impostos: é um problema antigo e que traz</p><p>fortes impactos no sistema tributário e na economia do país. Os impostos já eram</p><p>cobrados no Egito antigo (3.000 a.C.), na Babilônia, na Pérsia e na Índia, para citar</p><p>somente alguns dos impérios mais conhecidos. Os fiscais percorriam os reinos</p><p>para registrar os bens, além da produção agrícola e pecuária, e, a partir daí, recolher</p><p>os valores devidos.</p><p>O excesso de recolhimentos, para custear não só a infraestrutura dos reinos, mas</p><p>também a segurança, a fim de manter os exércitos e as despesas das casas reais,</p><p>levou tanto a revoltas quanto a tentativas de sonegação.</p><p>Cassone (2005, p. 45) alega que:</p><p>A sonegação fiscal, também denominada de evasão fiscal, consiste em</p><p>toda ação consciente, espontânea, dolosa ou intencional do contribuinte</p><p>através de meios ilícitos para evitar, eliminar, reduzir ou retardar o</p><p>pagamento do tributo devido, não se configurando em hipótese alguma</p><p>com planejamento tributário lícito.</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>6</p><p>Sonegação fiscal: É uma fraude realizada depois da tributação.</p><p>Evasão fiscal: Consiste no uso de estratégias para evitar ou</p><p>retardar a tributação antes que esta ocorra.</p><p>Curiosidade</p><p>Tipos de sonegação e evasão fiscal</p><p>A sonegação e a evasão fiscal não são caracterizadas apenas pelo não pagamento</p><p>de um tributo devido. Existem várias formas em que esse pagamento pode ser</p><p>omitido. Para Gomes (2006, p. 79), algumas tipificações da sonegação e da evasão</p><p>fiscal são:</p><p>1. Venda sem nota; com “meia” nota; com “calçamento” de nota;</p><p>duplicidade de numeração de nota fiscal;</p><p>2. Compra de notas fiscais;</p><p>3. Passivo fictício ou saldo negativo de caixa;</p><p>4. Acréscimo patrimonial a descoberto (do sócio);</p><p>5. Deixar de recolher tributos descontados de terceiros;</p><p>6. Saldo de caixa elevado;</p><p>7. Distribuição disfarçada de lucros;</p><p>8. Alienação de bens ou direito ao sócio ou pessoa ligada por valor inferior</p><p>ou superior ao de mercado, entre outros.</p><p>A falta de registros nos livros fiscais e a falta de pagamento de</p><p>tributos são erros simples na escrituração contábil que podem ser</p><p>considerados sonegação fiscal. Fique atento às normas.</p><p>Atenção</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>7</p><p>Causas</p><p>Além do excesso de taxações, Gomes (2006, p. 77-78, grifo nosso) elenca outros</p><p>fatores que se encontram na raiz da sonegação e da evasão fiscal:</p><p>a) causas legais - constantes elevações de alíquotas, falhas na</p><p>aplicação de penalidades, interpretação restrita da legislação</p><p>sobre o sigilo de dados;</p><p>b) causas administrativas nos Poderes Executivo e Judiciário</p><p>- deficiência nas três esferas de poder; descontinuidade</p><p>administrativa; falta, desvio ou inadequação de recursos humanos,</p><p>materiais e tecnológicos; deficiência no setor de processamento</p><p>de dados; inconsistência dos cadastros de pessoas físicas e</p><p>jurídicas; entraves à fiscalização; insegurança dos agentes do</p><p>fisco; ineficácia da fiscalização, da cobrança e da aplicação de</p><p>penalidades; falta de defesa dos agentes do fisco pelo governo;</p><p>morosidade na solução dos processos administrativo fiscal e, por</p><p>último, o mais discutido do</p><p>momento, a corrupção;</p><p>c) causas econômicas - economia informal; concorrência entre as</p><p>empresas e recessão;</p><p>d) causas socioculturais - falta de educação e consciência</p><p>tributária dos contribuintes; falta de vontade política para combater</p><p>a sonegação e, falta de consenso na imposição tributária, de</p><p>credibilidade do governo e de transparência na aplicação do</p><p>produto da arrecadação.</p><p>e) causas ilícitas - prevaricação e corrupção administrativa e de</p><p>agentes do fisco;</p><p>f) concorrência desleal - como o sonegador não recolhe aos</p><p>cofres públicos os tributos devidos, consequentemente, oferece as</p><p>mercadorias com o preço muito inferior ao de seus concorrentes,</p><p>causando assim a insolvência destes, caso não sejam tomadas</p><p>as providências por parte do poder tributante.</p><p>Reflita</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>8</p><p>Consequências</p><p>A evasão provoca grandes prejuízos, não somente ao mundo dos negócios e</p><p>ao governo, mas também à sociedade. Gomes (2006, p. 78) destaca que “[...] os</p><p>tributos sonegados deixam de ser aplicados em obras de importância para a</p><p>sociedade (hospitais, escolas)”.</p><p>Por conta de tal repercussão, a sonegação é duramente combatida em vários</p><p>países, e existem casos famosos, entre artistas, políticos e personalidades das mais</p><p>diversas áreas que, além de devolver aos cofres públicos somas vultuosas, também</p><p>foram presos.</p><p>A história de Al Capone foi contada em livros e filmes. Um deles</p><p>ganhou vários óscares: Os Intocáveis, que relata como o trabalho</p><p>de um contador levou à prisão do mafioso. Assista ao trailer aqui:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=XiFguTlYprA.</p><p>Saiba mais</p><p>Gomes (2006, p. 68-69) relata as perdas financeiras provocadas pela sonegação</p><p>fiscal para a sociedade:</p><p>Um estudo acerca da sonegação fiscal realizado atualmente pelo IBPT,</p><p>Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, relata que o quantitativo</p><p>de dinheiro acumulado pelo caixa 2 nas empresas brasileiras chega a</p><p>aproximadamente R$ 1trilhão no ano de 2004, volume financeiro este</p><p>formado pelo não pagamento de tributos que, segundo o instituto, já</p><p>atinge 29% das companhias instaladas no Brasil. Do total do faturamento</p><p>das empresas declarado, estimado em R$ 2,6 trilhões, 39,2%, ou R$ 1,028</p><p>trilhão, estão na chamada conta “por fora”.</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=XiFguTlYprA</p><p>9</p><p>Conclusão</p><p>O sistema tributário brasileiro é complexo e também um dos mais modernos do</p><p>mundo, prova disso é o constante investimento em informatização dos sistemas</p><p>da Receita Federal, que a cada dia apresenta novidades. Com a informatização a</p><p>fiscalização aumentou e tem dificultado a vida dos sonegadores de impostos.</p><p>A prática de sonegação fiscal, ou seja, aquele que burla o pagamento dos impostos,</p><p>tem ficado a cada dia mais difícil, e as sanções vem sendo aplicadas aos novos</p><p>casos. Eis a importância deste conteúdo como comentado na apresentação.</p><p>Preparar o estudante para que possa saber orientar seus clientes diante de um</p><p>mundo cada vez mais informatizado no qual as transações comerciais ocorrem</p><p>instantaneamente gerando obrigações tributárias que devem ser cumpridas para se</p><p>evitar o sancionamento de penalidades. Continue avançando.</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>10</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem</p><p>tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8137.htm. Acesso em: 14</p><p>out 2020.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação</p><p>tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo</p><p>administrativo de consulta e dá outras providências.</p><p>CASSONE, V. Direito Tributário. São Paulo: Atlas, 2005.</p><p>GOMES, A. H. T. Tributação e sonegação fiscal: um estudo do comportamento do</p><p>Estado ante a sonegação fiscal. [mestrado]. Direito Constitucional, Universidade</p><p>de Fortaleza, Fortaleza, 2006. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/</p><p>download/teste/arqs/cp041431.pdf. Acesso em: 14 out 2020.</p><p>Licensed to Jobenemar Carvalho dos Santos - jobenemarc@gmail.com - 360.645.723-53</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8137.htm</p><p>http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp041431.pdf</p><p>http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp041431.pdf</p>

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